UNIDADE cinco  O MUNDO BIPOLAR

Fotografia. Em lugar aberto, vê-se um muro em primeiro plano, na parte inferior da imagem, cheio de inscrições. Do outro lado do muro, ao fundo, um enorme portão, com seis colunas e cobertura superior, com uma estátua acima e a bandeira da Alemanha. Trata-se do Portão de Brandenburg, na cidade de Berlim. No alto, céu claro com nuvens esparsas.
Um extenso muro dividiu por mais de 25 anos a cidade de Berlim, na Alemanha, tornando-se um dos símbolos mais contundentes da polarização do mundo durante a Guerra Fria. De um lado, ficava a parte da cidade pertencente a um país socialista. Do outro, a parte pertencente a um país capitalista. Fotografia de 1987.

Você estudará nesta Unidade:

A disputa ideológica, militar e econômica entre Estados Unidos e União Soviética

A divisão do mundo em blocos de influência

Reformas e revoluções no mundo capitalista e no mundo comunista

Os conflitos armados durante a Guerra Fria

O conflito entre árabes e judeus

Respostas e comentários

Apresentação

Esta Unidade, intitulada “O mundo bipolar”, relaciona-se às seguintes Unidades Temáticas da Bê êne cê cê do 9º ano: Totalitarismos e conflitos mundiais e A história recente.

Os conteúdos da Unidade estão em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 2, número 9 e número 10, levando os estudantes a exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade reticências (2); exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos reticências (9); e agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação reticências (10).

Também em consonância com as Competências Específicas do Componente Curricular História número1 e número 4, os conteúdos trabalhados nesta Unidade pretendem levar os estudantes a compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços reticências (1); e identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente reticências (4).

Objetos de conhecimento trabalhados na Unidade

A questão da Palestina.

A Guerra Fria: confrontos de dois modelos políticos.

A Revolução Chinesa e as tensões entre China e Rússia.

A Revolução Cubana e as tensões entre Estados Unidos da América e Cuba.

Pluralidades e diversidades identitárias na atualidade.

Fotografia. Vista em local aberto. À esquerda, um muro de cor cinza feito com blocos de cimento. Do lado direito da imagem, pessoas em trajes civis, caminham e observam o muro. Do outro lado, à esquerda do muro, dois soldados armados observam as pessoas com atenção. Ao fundo, árvores de folhas verdes e prédios vistos parcialmente em tons de bege.
Alemães diante do Muro de Berlim recém-erguido. Fotografia de 1961.

Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, em 1945, grande parte da humanidade atingida pelo conflito respirava aliviada. A derrota da intolerância nazista prometia um mundo de paz e de convívio harmonioso entre os povos. A estruturação da Organização das Nações Unidas (ônu), que tinha como objetivo evitar todo e qualquer conflito internacional, parecia tentar concretizar essa promessa.

Contudo, não demorou muito para que os otimistas percebessem que um período de conflitos localizados e de disputas ideológicas, que influenciariam todo o planeta, estava prestes a se iniciar. Uma das marcas principais desse período, chamado Guerra Fria, foi a produção e o armazenamento de armas nucleares. Outra característica foi a tensão permanente entre duas superpotências que emergiram do pós-Segunda Guerra Mundial: Estados Unidos e União Soviética.

O que você sabe sobre a Guerra Fria? Quando, exatamente, teve início esse período? De onde vem o nome “guerra fria”?

Respostas e comentários

Nesta Unidade

Esta Unidade trata do cenário mundial após o término da Segunda Guerra Mundial, abordando os principais acontecimentos da segunda metade do século vinte. A Guerra Fria, a construção do Muro de Berlim, os principais movimentos de contestação ao capitalismo, a revolução socialista na China, a Guerra do Vietnã, a Guerra da Coreia, a Revolução Cubana e os conflitos no Oriente Médio são alguns dos eventos estudados ao longo dos Capítulos que compõem a Unidade.

É importante notar que todos esses acontecimentos, em alguma medida, expressam o contexto da Guerra Fria, as rivalidades ideológicas entre comunistas e capitalistas e a disputa por áreas de influência que formavam cada um dos blocos.

Se julgar oportuno, converse com os estudantes sobre o simbolismo do Muro de Berlim. Incentive-os a pensar sobre o significado dessa divisão para as populações que viviam tanto na Berlim Ocidental como na Berlim Oriental. Há diversos casos de parentes que ficaram separados e que foram impedidos de transitar livremente entre os territórios. Oriente os estudantes a refletir sobre o contexto histórico da divisão do mundo em dois blocos (socialista e capitalista) e a defesa extremada de cada uma das posições.

CAPÍTULO 10  A GUERRA FRIA

A Segunda Guerra Mundial destruiu a ordem internacional existente até então. As antigas potências europeias haviam sofrido danos imensos com a guerra e, em seu lugar, o mundo observou a ascensão dos Estados Unidos e da União Soviética. Assim, quando a derrota alemã na Segunda Guerra já se tornava evidente em 1944, os projetos dessas duas grandes potências para o pós-guerra começavam a se afirmar.

Em 1945, os principais líderes aliados reunidos nas conferências de Ialta (fevereiro) e Potsdam (julho-agosto) definiram a partilha do mundo em áreas de influência dos Estados Unidos e da União Soviética. Eles também estabeleceram a divisão da Alemanha e de sua capital, Berlim, em quatro zonas internacionais: francesa, britânica, soviética e estadunidense.

A aliança circunstancial que aproximou as duas potências rivais durante a Segunda Guerra se desfez e se transformou em disputa aberta após 1945, período que ficou conhecido como Guerra Fria. O conflito recebeu esse nome porque a tensão entre essas superpotências nunca se concretizou em um enfrentamento direto entre elas.

Durante os tempos da Guerra Fria, o planeta era encarado como uma espécie de enorme tabuleiro reticências. A partida era disputada por dois jogadores, Estados Unidos e União Soviética, empenhados em manter as posições que já haviam conquistado reticências e, tanto quanto possível, tomar novas áreas do adversário. Nenhum país ou região do globo era considerado fóra dos limites do jogo: cada casa do tabuleiro estaria, forçosamente, sob domínio de um ou de outro competidor. reticências

DIAS JÚNIOR, José Augusto; rubicéc, Rafael. Guerra Fria: a era do medo. São Paulo: Ática, 1999. página 37.

Ilustração. Um urso e uma águia disputam o domínio do globo terrestre. O urso é marrom e peludo, usa um chapéu verde com bandeira da União Soviética. Ele morde e puxa o globo com as garras das patas. Do outro lado, à direita, uma águia de penas marrons, de penas brancas na cabeça e bico amarelo, prende suas garras no globo e o puxa para si. Sobre o pescoço dela, a bandeira dos Estados Unidos.
Ilustração que satiriza a disputa entre Estados Unidos (simbolizados pela águia Sam) e União Soviética (simbolizada pelo urso mísha) por áreas de influência durante a Guerra Fria.
Respostas e comentários

Sobre o Capítulo

Este Capítulo aborda a Guerra Fria, tratando, com detalhes, da disputa ideológica entre os blocos socialista e capitalista, liderados, respectivamente, pela União Soviética e pelos Estados Unidos.

Informe aos estudantes que a ilustração inserida nesta página, representando a águia estadunidense e o urso soviético, símbolos de cada uma das potências, reproduz a metáfora do texto de que a Guerra Fria significou a transformação de todo o planeta em objeto de disputa, como em um jogo de tabuleiro.

Vale lembrar que o urso foi o símbolo das Olimpíadas de Moscou (1980), boicotadas pelos Estados Unidos e por outros países do bloco capitalista. A águia, por sua vez, foi o símbolo das Olimpíadas de Los Angeles (1984), boicotadas pela União Soviética e por países do Leste Europeu. Nessa oportunidade, comente que a rivalidade entre as superpotências não se limitou ao campo geopolítico. Ela também se estendeu à disputa por medalhas em Jogos Olímpicos, ao cinema, ao campo científico e à corrida espacial.

Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo

ê éfe zero nove agá ih dois oito: Identificar e analisar aspectos da Guerra Fria, seus principais conflitos e as tensões geopolíticas no interior dos blocos liderados por soviéticos e estadunidenses.

Observação

O conteúdo desta página, ao apresentar o significado geral da Guerra Fria, constitui uma oportunidade para dar início ao trabalho com a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Capitalistas × comunistas

Os Estados Unidos saíram da Segunda Guerra fortalecidos: suas perdas humanas eram bem menores do que as dos países europeus, sua economia cresceu e o país tinha o monopólio das armas nucleares. Esse cenário favorável ajudou os estadunidenses a se sentirem confiantes para se voltarem contra aquele que consideravam seu verdadeiro inimigo: a União Soviética.

Em 1947, o então presidente dos Estados Unidos, Réui Trúman, fez um pronunciamento em que se comprometia a prestar assistência a qualquer país que precisasse conter o avanço do comunismo no território. Esse discurso lançou as bases da Doutrina Trúman, uma ofensiva contra a expansão comunista no mundo. Nesse mesmo ano, o governo estadunidense pôs em prática o

Plano Marshall. Por meio dele, os Estados Unidos concediam empréstimos a juros baixos aos governos europeus ocidentais para auxiliá-los a reconstruir suas economias, seriamente devastadas pela guerra.

A última etapa da ofensiva estadunidense no início da Guerra Fria ocorreu em 1949, com a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm), reunindo os países da Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá em uma aliança militar permanente. O objetivo da organização era assegurar a defesa de seus membros contra a ameaça do avanço soviético.

De um lado, Estados Unidos; de outro, União Soviética

Por seu lado, a União Soviética havia cumprido um papel decisivo na derrota nazista na Europa e chegou ao final do conflito devastada pelos combates travados contra os alemães na frente oriental. Em um primeiro momento, portanto, o governo soviético precisou dedicar prioridade absoluta à reconstrução do país.

Temendo que a aceitação dos recursos do Plano Marshall ameaçasse seus interesses na Europa Oriental, o governo da União Soviética pressionou as democracias popularesglossário da região a recusarem a ajuda. Assim, como uma resposta ao avanço estadunidense, foi criado, em setembro de 1947, o Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (cominfórm), com a finalidade de coordenar e controlar ideologicamente as ações dos partidos comunistas da Europa Oriental.

Selo. Imagem vertical com bordas em preto e fundo em lilás. Ao centro, ilustração de um pombo de penas brancas e lilás, carregando uma âncora com as patas. Na parte superior, texto onde se lê: OTAN. Na parte inferior, texto em branco: PORTUGAL. À esquerda, texto em preto: DÉCIMO ANO.
Selo português comemorativo do décimo aniversário da fundação da otâm, cêrca de 1960.
Ícone. Sugestão de livro.

MONTEIRO, Guilherme Hiancki. Guerra Fria: um guia para entender tudo sobre o conflito mais tenso do século vinte. Curitiba: Conversas com a História, 2020. A obra apresenta um panorama da Guerra Fria e dos conflitos ideológicos, econômicos e militares entre as duas superpotências, procurando compreender como o mundo de hoje foi influenciado por essas disputas.

Respostas e comentários

Orientações

Para a compreensão da Guerra Fria é importante que os estudantes tenham clareza dos campos em que se travou essa disputa e das estratégias desenvolvidas pelos Estados Unidos e pela União Soviética para suplantar seu oponente. Se, por um lado, as superpotências não se enfrentaram diretamente nos campos de batalha, ambas se lançaram na corrida armamentista e apoiaram lados opostos em litígios regionais. Alguns exemplos são a Guerra do Vietnã, a Guerra da Coreia e a Guerra do Afeganistão. Contudo, os campos de disputa privilegiados nos tempos da Guerra Fria eram outros: a disputa por áreas de influência e a guerra ideológica.

Neste momento, destacamos a Doutrina Truman e o Plano Marshall, que objetivava a manutenção da Europa Ocidental sob a esfera de influência estadunidense. Destacamos, também, a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm), reunindo os países da Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá, com o objetivo de garantir a defesa de seus membros contra o “perigo” soviético. Como resposta a essas medidas estadunidenses, em 1947 foi criado o Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (cominfórm).

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestão para o professor:

NAPOLITANO, Marcos. História contemporânea 2: do entreguerras à nova ordem mundial. São Paulo: Contexto, 2020.

A obra apresenta uma análise dos processos e eventos ligados à história mundial, dos anos 1930 ao fim da segunda década do século vinte e um. Traz interpretações historiográficas consagradas, debates consolidados e as principais questões em aberto a respeito da história contemporânea.

Observação

Muitos estudiosos tendem a definir o ano de 1947 como o marco inicial da Guerra Fria. Não existe, no entanto, consenso quanto à data do início do evento. A rigor, alguns especialistas falam de uma lenta construção de rivalidades entre o ocidente capitalista e a Rússia desde o triunfo da Revolução Bolchevique, em 1917, quando esta aparecia como uma espécie de “corpo estranho” no cenário internacional do pós-Primeira Guerra. O conteúdo desta página incentiva a reflexão sobre essa temática e complementa o trabalho com a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Alemanha dividida

A divisão da Alemanha e sua capital, Berlim, em quatro zonas internacionais, definidas na Conferência de Ialta, criou uma situação singular. Uma parte de Berlim ficava na região da Alemanha controlada pelos soviéticos, enquanto os setores da cidade monitorados pelas potências capitalistas ficaram isolados, ligados ao restante do território apenas por uma estrada e uma via férrea.

Em junho de 1948, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França anunciaram o desejo de reforçar a integração alemã à Europa Ocidental e unificaram as três zonas de ocupação em uma zona econômica única, originando Berlim Ocidental. A União Soviética, temendo a ameaça da unificação de Berlim capitalista na zona de ocupação soviética, bloqueou as duas vias de comunicação entre Berlim e a Alemanha Ocidental, impedindo a circulação de bens e alimentos à população.

Como resposta, o governo dos Estados Unidos estabeleceu uma ponte aérea contínua com voos entre a cidade alemã de Frankfurt e o aeroporto localizado em Berlim Ocidental. Essa ponte aérea e o trânsito de aviões decorrente de sua implantação conseguiu abastecer por quase um ano uma população de cêrca de 2 milhões de habitantes. Em maio de 1949, considerando que o bloqueio não tinha efeito, o governo soviético o suspendeu.

Em setembro desse mesmo ano foi criada a República Federal da Alemanha (érre éfe a), alinhada às potências capitalistas, cuja capital era Bonn. No mês seguinte, foi fundada a República Democrática Alemã (érre dê a), de orientação socialista, com capital em Berlim Oriental. Assim, em um espaço de tempo muito curto, a Alemanha deixou de ser um só país, tornando-se uma nação dividida.

É importante notar que a divisão da poderosa nação alemã em dois Estados diferentes marcava, de modo concreto, a divisão do mundo em dois sistemas socioeconômicos antagônicos (ou seja, opostos, contrários ou incompatíveis).

A EUROPA DEPOIS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Três Mapas. Estão reunidos sob o mesmo título: A Europa depois da Segunda Guerra Mundial. À direita, o mapa maior, e à esquerda, dois mapas menores, na vertical, um sobre o outro. O que está acima e à esquerda, refere-se à Alemanha. O que está abaixo, à Berlim. No mapa maior, legenda: Verde: Países capitalistas Laranja: Países socialistas Países capitalistas: Portugal, Espanha, França, Luxemburgo, Suíça, Bélgica, Irlanda, Grã-Bretanha, Dinamarca, Países Baixos, República Federativa da Alemanha, Áustria, Itália, Grécia, Turquia, Noruega, Suécia, Islândia e Finlândia. Países socialistas: União Soviética, Polônia, República Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Iugoslávia, Albânia e Bulgária. Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 520 quilômetros. No mapa da Alemanha, sem legenda: Com destaque em verde escuro, o setor britânico, com capital em Hamburgo. Com destaque em amarelo, os setores franceses, com capitais em Mayence e Friburgo. Com destaque em verde claro, o setor estadunidense, com capital em Munique. Com destaque em laranja, o setor soviético, com capital em Berlim. A divisão entre a Alemanha oriental e a ocidental é feita por uma linha vermelha. Na parte inferior direita, escala de 0 a 190 quilômetros. No mapa de Berlim, sem legenda: Com destaque em amarelo, o setor francês. Em verde escuro, o  setor britânico. Em verde claro, o setor estadunidense. Em laranja, o setor soviético. A divisão entre a Berlim oriental e a ocidental é feita por uma linha vermelha. Na parte inferior direita, escala de 0 a 11 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: Chalhán, Gerrár; Rajô, Jan Piérre. Atlas stratégique. Paris: Complexe, 1988. página 40, 97.

Respostas e comentários

Orientações

Se julgar oportuno, peça aos estudantes que observem com atenção o mapa “A Europa depois da Segunda Guerra Mundial”. Eles devem se atentar para a localização de Berlim (tanto a ocidental quanto a oriental) na zona de influência soviética. Ou seja, Berlim Ocidental, capitalista, era um enclave em zona soviética e, depois de 1949, em território alemão oriental.

É interessante conversar com os estudantes sobre a divisão da Alemanha em dois Estados; é possível dizer que essa divisão marcava, de modo concreto, a divisão do mundo em dois sistemas socioeconômicos antagônicos. Segundo o historiador Eric róbisbáum:

Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética não formam um período homogêneo único reticências. Apesar disso, a história desse período foi reunida sob um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas: o constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial na chamada “Guerra Fria”.

róbisbáum, Eric. Era dos extremos: o breve século vinte (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 223.

Observação

O conteúdo desta página constitui, mais uma vez, uma oportunidade para desenvolver o trabalho com a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

O endurecimento no bloco socialista

As rivalidades e as disputas ideológicas, militares e econômicas entre Estados Unidos e União Soviética intensificaram-se após a divisão formal da Alemanha. Em janeiro de 1949, a União Soviética criou o Conselho de Assistência Econômica Mútua (comecôn) como uma resposta ao Plano Marshall. O Conselho tinha por objetivo integrar as economias do bloco socialista, criando bases para um mercado comum entre as economias planificadasglossário da Europa.

Em agosto desse mesmo ano, djôuzef istálin (então governante da União Soviética) anunciava que os soviéticos também possuíam armas nucleares. Em 1955, como resposta à criação da Otan, o governo da União Soviética e dos países da Europa Oriental formaram o Pacto de Varsóvia, a aliança militar do bloco soviético.

O período que se seguiu à divisão da Alemanha em dois Estados foi marcado pela chamada estalinização da Europa Oriental. O projeto era reproduzir nesses países o modelo soviético de economia centralizada e partido único, além de sua organização militar e policial.

O Muro de Berlim

Na década de 1950, Berlim Ocidental passava por um processo de crescimento econômico, possibilitado pelos recursos recebidos por meio do Plano Marshall. Já a parte oriental da cidade não recebia a mesma ajuda financeira da União Soviética, absorvida, no período, pelos custos de reconstrução do país. As dificuldades encontradas pelos habitantes da parte leste de Berlim faziam com que muitos deles emigrassem para a parte ocidental da cidade.

Em agosto de 1961, visando conter esse afluxo de pessoas que deixavam Berlim Oriental, o governo da Alemanha Oriental construiu o Muro de Berlim, separando fisicamente as duas partes da cidade. Chamado por muitos de “muro da vergonha”, ele foi um símbolo da divisão do mundo em dois blocos: capitalista e socialista.

Fotografia. Vista parcial de muro, sobre o qual dois soldados instalam cerca de arame farpado. Ao fundo, vista parcial de prédio em construção.
Construção do Muro de Berlim, em 13 de agosto de 1961. O muro chegou a ter 155 quilômetros de extensão, 302 torres de observação e 127 quilômetros de redes eletrificadas com alarmes.
Ícone. Sugestão de site.

MURO de Berlim. Disponível em: https://oeds.link/acfhpr. Acesso em: 7 março 2022. Infográfico sobre o Muro de Berlim, com fotografias, textos e mapas.

Respostas e comentários

Orientações

A primeira “barreira” do Muro de Berlim foi construída durante a noite de 12 de agosto de 1961. Muitos dos habitantes da cidade acordaram no dia 13 de agosto e, com a barreira construída, se viram separados dos amigos, do trabalho, da família e até mesmo de suas casas. Ao longo das próximas semanas e meses, a barreira foi reforçada com muros de concreto e torres de vigia.

O muro, de fórma geral, não atravessava somente o centro da cidade de Berlim: ele cercava completamente toda a Berlim Ocidental.

Observação

No total, estima-se que cêrca de 5 000 pessoas tenham tentado “escapar” da Alemanha Oriental atravessando o Muro de Berlim. Segundo estimativas variadas, cêrca de duzentas pessoas perderam suas vidas tentando atravessar o muro. Muitas delas morreram na chamada “faixa da morte”, equipada com arame farpado e trincheiras antiveículos. Ao abordar essas e outras questões sobre o Muro de Berlim e sobre o endurecimento do bloco socialista, o conteúdo desta página constitui uma oportunidade para desenvolver o trabalho com a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Atividade complementar

Se desejar, você pode pedir aos estudantes que façam uma pequena pesquisa na internet sobre uma das primeiras pessoas a morrer na tentativa de atravessar o Muro de Berlim: o jovem gunter lítfintinha apenas 24 anos quando foi baleado tentando passar de Berlim Oriental para Berlim Ocidental, no dia 24 de agosto de 1961. Cada estudante pode ser incentivado a realizar a pesquisa e escrever um pequeno relatório, elencando os motivos que fizeram com que gunter morresse em sua tentativa de atravessar o muro.

Conhecer e refletir sobre as experiências de outros jovens, em outros espaços, períodos e contextos, podem constituir uma oportunidade interessante para os estudantes de hoje, na medida em que incentiva a empatia e o olhar para as motivações e os problemas do outro. Esta atividade complementar incentiva, entre os estudantes, a análise de mídias sociais como prática de pesquisa.

A histeria anticomunista

Nos Estados Unidos, o processo de intensificação da Guerra Fria também ocorreu a partir da década de 1950. Nesse período, a campanha anticomunista atingiu o auge no país, como podemos notar no discurso proferido pelo senador estadunidense djôuzef macárti:

Como uma das nossas proeminentes figuras históricas uma vez disse: “quando uma grande democracia é destruída, não será em razão dos inimigos de fóra, mas sim por causa dos inimigos de dentro.” reticências A razão pela qual nós nos encontramos em uma posição de impotência não é porque o nosso único inimigo poderoso potencial enviou homens para invadir nossas costas, mas sim por causa das ações traidoras daqueles que foram muito bem tratados por esta nação. […] Isso é uma verdade evidente no Departamento de Estado. reticências Em minha opinião, o Departamento de Estado, que é um dos departamentos governamentais mais importantes, está completamente infestado de comunistas.

macárti djôuzef apud BYRD, Robert C. (organizador). The Senate 1789-1989. Washington, DC: United States Govt Printing Office, 1991. página 611. Tradução nossa.

O discurso do senador teve enorme repercussão, espalhando certa histeria na sociedade estadunidense. Em 1953 e 1954, macárti presidiu o Comitê de Atividades Antiamericanas no Congresso, período em que conduziu um verdadeiro processo de “caça às bruxas”, que ficou conhecido como macarthismo. Cidadãos foram perseguidos por suspeita de serem socialistas, comunistas ou mesmo liberais críticos à política dos Estados Unidos. Pessoas eram presas, demitidas, proibidas de trabalhar, além de passarem por interrogatórios, muitos dos quais transmitidos pela televisão para todo o país.

Cartaz. Imagem horizontal com fundo azul-claro composto por recortes de jornal. Ao centro, à esquerda, uma jovem mulher vista de costas ao lado de um rapaz, visto de lado. Ambos olham para o observador, com ar de medo e mistério. Próximo a eles um texto escrito em inglês que diz: tão chocante que foi filmado em estúdio a portas fechadas. Sobre eles, em letras vermelhas garrafais, o título do filme escrito em inglês:  a ameaça vermelha. Na parte inferior, oito fotos de rostos de pessoas diferentes. Acima, texto em preto em inglês: o drama mais falado de nosso tempo.
Cartaz do filme estadunidense The red menace (A ameaça vermelha, no Brasil), lançado em 1949. O filme conta a história de um jovem ligado ao partido comunista nos Estados Unidos que passa a ser perseguido por membros do partido. Hoje, esse filme é analisado criticamente por historiadores e outros estudiosos e é interpretado como uma espécie de propaganda contra o comunismo, já que retrata os membros do partido de fórma caricata.

Ler a pintura

• No cartaz do filme A ameaça vermelha, vemos o personagem principal da trama. Quais impressões a representação do personagem na imagem e no estilo do cartaz podem causar nos espectadores? Por quê? O que isso tem a ver com a Guerra Fria?

Ícone. Sugestão de livro.

FARIA, Ricardo de Moura; MIRANDA, Mônica Liz. Da Guerra Fria à nova ordem mundial. São Paulo: Contexto, 2003. Este livro traz uma análise da Guerra Fria, abordando seus impactos na vida dos cidadãos comuns e suas heranças nos dias de hoje.

Respostas e comentários

Orientações

Informe aos estudantes que o cinema foi um dos meios de expressão mais utilizados como propaganda ideológica durante a Guerra Fria. Os Estados Unidos, por meio de intensa campanha anticomunista da “luta do bem contra o mal”, produziram também histórias em quadrinhos, desenhos animados e seriados explorando a oposição entre liberdade, representada pelo american way of life, e opressão, representada pelo dirigismo estatal soviético.

Por sua vez, a propaganda soviética denunciava os problemas sociais de muitos países capitalistas, como a pobreza, a fome, a violência e a mortalidade infantil, apresentados como sinais da decadência da sociedade dividida em classes sociais e do caráter anti-humano do capitalismo.

Além disso, o cinema se aproveitou da rivalidade entre as duas maiores agências de espionagem do mundo, a cá gê bê soviética e a cía estadunidense, e fez da espionagem um dos temas mais explorados durante a Guerra Fria. Um dos personagens mais conhecidos é o agente secreto britânico Diêimis Bond, da série 007, que luta contra vilões terroristas e soviéticos.

A rivalidade entre os dois países também inspirou filmes de ficção científica renomados, como o soviético Solaris, de Andrei Tarkovski, de 1971.

Observação

O conteúdo desta página aborda as questões da Guerra Fria no campo cultural e constitui, mais uma vez, uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Resposta

Ler o cartaz: É possível dizer que o cartaz, que traz o título do filme em uma fonte vermelha, de estilo impactante, foi feito para “assustar” os espectadores dos Estados Unidos. Tanto a fotografia do personagem principal (o jovem, à direita) como a da jovem à esquerda (que interpreta a namorada do rapaz) procuram mostrar que ambos eram “perseguidos” pelos comunistas e estavam com medo.

Ícone. Ilustração de um círculo de quatro cores, montado como um quebra-cabeça, sobre uma mão, indicando a seção Integrar conhecimentos.

Integrar conhecimentos

História e Ciências

Ciência e Tecnologia.

A Guerra Fria e a ciência

Se por um lado a disputa entre a União Soviética e os Estados Unidos, durante a Guerra Fria, expôs o planeta ao risco de uma guerra nuclear, por outro também trouxe grande impulso para a ciência e a tecnologia, como mostra o texto a seguir.

Na década de 50, a disputa ganha o espaço sideral com os soviéticos saindo na frente. Em agosto de 1957, eles lançam seu primeiro míssil balístico intercontinental, o érre sete. reticências Com a mesma tecnologia já eram capazes de colocar um objeto em órbita e foi o que fizeram dois meses depois. Em outubro daquele ano, o mesmo foguete levou o Sputnik, uma esfera pouco maior que uma bola de basquete que entrou em órbita espalhando um sinal intermitente pelo espaço, tornando-se o primeiro satélite artificial do mundo. reticências

Completando a primeira década da era espacial, uma das principais contribuições científicas da Guerra Fria viria em outubro de 1958 com a criação de uma das mais ilustres filhas do conflito: a Nasa, a agência espacial norte-americana. reticências Foi ela a responsável pelo projeto Apolo que levou o homem à Lua, em 1969; a resposta americana ao passeio, em 1961, de Yuri Gagárin, o primeiro homem a orbitar a Terra. reticências

Em 1960, os Estados Unidos da América lançaram o Corona, um satélite espião que retornou com fotos do território soviético tiradas de 160 mil metros de altura. reticências Os satélites atuais utilizados na agricultura, meteorologia e em diversas outras áreas devem muito à Guerra Fria que, investindo na espionagem, foi a maior incentivadora das tecnologias de sensoriamento remoto.

Até mesmo na revolução eletrônica reticências houve o dedo da desavença entre capitalistas e comunistas. Já em 1948, as enormes válvulas utilizadas nos computadores foram substituídas pelos transístores. reticências Por volta de 1970, a fôrça Aérea Americana já contava com chips em seus mísseis e o mundo com a base tecnológica para o surgimento do microcomputador pessoal que conhecemos hoje. reticências Também é graças ao espaço que os ortodontistas contam hoje com o Nitinol, uma liga que, por ser maleável e resistente, é muito empregada na fabricação de satélites e que agora também compõe os “araminhos” de muitos aparelhos ortodônticos. reticências

REYNOL, Fábio. A corrida tecnológica: como a Guerra Fria impulsionou a ciência. Revista ComCiência, São Paulo, 10 junho 2002. Disponível em: https://oeds.link/D3tSRy. Acesso em: 7 março 2022.

Que tecnologias desenvolvidas durante a Guerra Fria foram úteis para setores não bélicos?

Fotografia em preto e branco. Um objeto em formato esférico e cor metálica está apoiado sobre três suportes de aço, exposto sobre uma mesa. Na parte inferior, um placa com texto escrito em russo, com o ano 1957 em destaque. Ao fundo, grande imagem com ilustração similar a um mapa.
Sputnik, primeiro satélite artificial lançado pelos russos em 1957. Fotografia de 1959.
Titulo do carrossel
Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

Respostas e comentários

Orientações

A ideia central do texto desta seção é falar sobre a contribuição da Guerra Fria para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Dispostos a conquistar a liderança na corrida armamentista e espacial, Estados Unidos e União Soviética fizeram vultosos investimentos em pesquisas científicas e tecnológicas, que geraram inventos e descobertas. Dessa fórma, as conquistas obtidas pelas duas potências na corrida pela hegemonia mundial seriam apropriadas, mais tarde, pela medicina, pela indústria de bens de consumo, pelo setor das comunicações e por outros setores.

É importante destacar aos estudantes que, nesse período, apesar de a ciência e a tecnologia terem sido usadas em favor da guerra, por exemplo, com a construção de bombas nucleares e de hidrogênio muito mais potentes que as utilizadas na Segunda Guerra Mundial, elas também contribuíram para avanços significativos no que se refere às explorações espaciais, à criação de satélites que captavam imagens detalhadas da Terra, à comunicação, à eletrônica e a diversos outros campos do conhecimento. Esses avanços foram essenciais para o aprimoramento científico-tecnológico nos dias atuais.

Considerando essas questões, destacamos, ainda, que o conteúdo desta página constitui um momento propício para o trabalho com o tema contemporâneo Ciência e Tecnologia.

Resposta

A mesma tecnologia de foguete que possibilitou levar o Sputnik ao espaço e o ser humano à Lua é hoje utilizada, por exemplo, em satélites, tanto na agricultura como na meteorologia, e nas comunicações; os microcomputadores pessoais foram desenvolvidos com um chip utilizado em mísseis; uma liga utilizada na fabricação de satélites hoje é empregada nos arames dos aparelhos ortodônticos, entre outros exemplos.

Observação

O conteúdo desta página aborda as questões da Guerra Fria nos campos da ciência e da tecnologia e constitui, mais uma vez, uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestão complementar referente ao Capítulo:

MUNHOZ, Sidnei José. Guerra Fria: história e historiografia. Curitiba: Appris, 2020.

A obra apresenta um importante resgate da produção historiográfica recente a respeito da Guerra Fria.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Observe a charge a seguir.

Charge. Em um fundo verde e sobre uma grande folha amarela, vê-se seis personagens. Cinco deles estão deitados, amontoados uns sobre os outros, e o sexto está sentado sobre todos eles. O que está sentado possui óculos e barbicha, em referência ao personagem Tio Sam, e está vestido de fraque. Ele traz uma bomba miniatura debaixo do braço esquerdo e, na mão direita, segura uma comprida caneta, que é também tocada pelas mãos dos personagens esmagados sobre a folha. A caneta solta fogo e fumaça pela parte de trás. No papel amarelo os personagens escrevem texto escrito em língua russa. Nos chapéus, meias e camisas dos personagens é possível ler os nomes de países europeus e do Japão, escrito em russo. Os três personagens que estão com o rosto colado na folha amarela estão com seus rostos avermelhados, devido à pressão exercida sobre eles.
Tio Sam forçando as nações da Europa Ocidental a assinarem o Tratado do Atlântico Norte. 1949. Charge publicada na revista russa Krokodil.
  1. Em que consistia a Organização do Tratado do Atlântico Norte e que países fizeram parte dela, logo na época de sua fundação?
  2. Considerando que esta é uma charge soviética, explique que tipo de crítica ao governo dos Estados Unidos está representado nela.

2. Leia o texto para responder às questões.

A eclosão da guerra entre os blocos era improvável, mas a paz era impossível, sintetizava o cientista político francês Raymond Aron. A paz era impossível porque não havia maneira de conciliar os interesses em disputa. Um sistema só poderia sobreviver à custa da destruição total do outro. E a guerra era improvável porque os dois blocos tinham acumulado tamanho poder de destruição que, se acontecesse um conflito generalizado, seria, com certeza, o último. reticências

Nem paz nem guerra, e sim um equilíbrio de forças entre os blocos, baseado no poder de mútua destruição. Desaparecia a política como interlocução. reticências É precisamente isso que aconteceu: a arma da lógica foi substituída pela lógica das armas.

ARBEX JÚNIOR, José. Guerra Fria: o Estado terrorista. segunda editora São Paulo: Moderna, 2005. página 10.

  1. Quais são os blocos a que o texto se refere?
  2. Por que, segundo reimond éron, a guerra entre os blocos era improvável, mas a paz era impossível?
  3. Como se garantia o equilíbrio de fôrças que caracterizou a Guerra Fria?

3. Observe a charge e, com um colega, respondam à pergunta.

Litogravura. Em um ambiente desértico com solo marrom, três homens, um sobre o outro, formam uma figura única vertical. Na parte inferior, um homem de pele clara, de casaco e calça em azul, olhando para frente com os olhos bem arregalados. Em sua camisa está escrito em inglês: trabalhador. Sobre os ombros ele leva um homem três vez maior com o rosto vermelho, barriga grande, blusa com desenho da bandeira da Grã-Bretanha, onde está escrito: monopólio capitalista britânico. Ele usa um chapéu preto e segura um chicote na mão direita. Sobre os ombros, por sua vez, ele suporta outro homem, ainda maior. Este tem chapéu grande nas cores da bandeira dos Estados Unidos, cabelos castanhos, barbicha e uma cigarrilha na boca. Ele representa Tio Sam e segura um chicote na mão esquerda. Em seu colete está escrito em inglês: imperialismo belicista americano.
Visão soviética sobre o sistema capitalista. 1951. Litogravura colorizada. Na roupa dos personagens constam as frases em inglês: Imperialismo belicista americano; Monopólio capitalista britânico; Trabalhador.

A ilustração apresenta que visão do sistema capitalista? Justifiquem a resposta.

Respostas e comentários

Seção Atividades

Objeto de conhecimento

A Guerra Fria: confrontos de dois modelos políticos.

Habilidade

São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:

ê éfe zero nove agá ih dois oito (atividades 1, 2, 3)

Respostas

1. a) A Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm), criada em 1949, reunia os países da Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá em uma aliança militar permanente.

b) A charge é uma crítica soviética ao papel desempenhado pelos Estados Unidos na Europa Ocidental. O Tio Sam, que representa os Estados Unidos, segura na mão direita uma espécie de caneta-tinteiro, usada para a assinatura do acordo que cria a otâm. Da ponta da caneta saem chamas que evocam a destruição que os Estados Unidos, agora com o auxílio militar dos seus aliados ocidentais, podem causar aos seus adversários. Tio Sam está montado sobre os líderes europeus ocidentais, que apresentam feições de dor por estarem sendo pisoteados pelo capitalismo estadunidense. A explicação para a submissão dos países ocidentais à política dos Estados Unidos estaria no poderio nuclear estadunidense.

2. a) O texto refere-se aos blocos capitalista e socialista, que protagonizaram a intensa disputa política e ideológica que marcou os anos da Guerra Fria.

b) A eclosão da guerra era improvável porque o poder de destruição das potências era tão grande que uma guerra generalizada levaria o planeta à destruição total. A paz era impossível porque os interesses e os projetos em disputa eram inconciliáveis, e a vitória de um significaria necessariamente a destruição do outro.

c) O equilíbrio de fôrças se baseava no terror nuclear.

3. A charge faz uma crítica ao bloco capitalista e à exploração dos países mais poderosos (imperialistas) sobre os países considerados mais fracos. Os Estados Unidos foram representados pelo Tio Sam, montado sobre a Grã-Bretanha, representada por um homem vestido com a bandeira do Reino Unido. Nas vestes do Tio Sam, é possível identificar os dizeres “imperialismo belicista americano” e, nas vestes do Reino Unido, “monopólio capitalista britânico”. Os dois personagens portam chicote e se apoiam sobre uma figura humana pequena e frágil, com o dizer “trabalhador” em suas vestes, representando, nesse contexto, os outros países do bloco capitalista.

CAPÍTULO 11  REFORMAS E REVOLUÇÕES

A polarização entre Estados Unidos e União Soviética envolveu praticamente todo o planeta. Os governos dos países se alinhavam a uma ou a outra potência, configurando as chamadas zonas de influência.

Além dos interesses econômicos e políticos, estavam em jogo as ideologias que sustentavam cada sistema socioeconômico. Assim, a disputa se dava também no campo das ideias: buscava-se provar que um sistema era melhor do que o outro para a sociedade.

O alinhamento dos governos de cada país, contudo, não significava que a população daquele local também estivesse alinhada, de fórma homogênea, a uma ou a outra potência. Desse modo, muitos governos de países capitalistas e socialistas enfrentaram, internamente, contestações e resistências.

Outro campo em que a Guerra Fria se deu foi o do enfrentamento militar indireto. Apesar de não haver enfrentamento militar direto entre Estados Unidos e União Soviética, essas duas superpotências apoiavam grupos opostos em conflitos internos que ocorriam em outros países. Esse apoio podia ser financeiro, político, de inteligência, de fornecimento de armas ou de exércitos, por exemplo.

Fotografia. Uma mulher de joelhos diante de uma placa com milhares de nomes escritos. À sua frente, no chão, algumas folhas brancas e três pequenas bandeiras dos Estados Unidos. Entre as bandeiras, um buquê com flores em vermelho, branco e folhas verdes.
Memorial itinerante, no estado de Indiana, nos Estados Unidos, erguido em homenagem aos soldados estadunidenses mortos ou desaparecidos durante a Guerra do Vietnã. Fotografia de 2019.
Respostas e comentários

Sobre o Capítulo

Este Capítulo apresenta conteúdos sobre a Europa durante a Guerra Fria. Trata de assuntos como Estado de bem-estar social (Welfare State) e dos movimentos organizados por jovens em diversos países, em 1968, que contestaram o capitalismo. Aborda também as mobilizações do bloco comunista em defesa da democracia, em 1956, que culminou com a Revolução Húngara.

O Capítulo trabalha, ainda, a importância das lutas de mulheres e de negros por direitos civis para a organização e a difusão do movimento feminista e do movimento negro nos Estados Unidos e em diversos países, resultando na conquista de direitos fundamentais para a consolidação da cidadania destas populações. Além disso, traz informações e propõe reflexões sobre a revolução socialista na China, a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã e a Revolução Cubana.

Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo

ê éfe zero nove agá ih dois oito: Identificar e analisar aspectos da Guerra Fria, seus principais conflitos e as tensões geopolíticas no interior dos blocos liderados por soviéticos e estadunidenses.

Observação

O conteúdo desta página constitui, mais uma vez, uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

A Europa na Guerra Fria

Após o término da Segunda Guerra Mundial, o cenário na Europa era desolador. Muitas das grandes cidades foram seriamente danificadas pelas invasões e pelos bombardeios. O parque industrial dos países dos dois blocos envolvidos no conflito estava praticamente destruído. Temia-se, na época, que essa situação de pobreza generalizada pudesse favorecer o avanço do comunismo na Europa Ocidental.

É nesse contexto que podemos entender a ajuda financeira do governo dos Estados Unidos aos países da Europa Ocidental, por meio do Plano Marshall, e a formação, nesses países, de um modelo de governo preocupado com a educação, a saúde e os direitos sociais dos trabalhadores, o chamado Estado de bem-estar social (Welfare State).

Estado regulamentador e forte

Essa política econômica e social pregava um modelo de Estado mais regulamentador, que impulsionasse investimentos na produção e programas de desenvolvimento social.

A intervenção do Estado na promoção de benefícios sociais combinava-se com uma política de contrôle da economia, centrada em programas de estatização de setores estratégicos de cada país, como os meios de transporte, a produção de energia etcétera

No entanto, mesmo garantindo a permanência da democracia e do capitalismo, as reformas promovidas pelos governos social-democratas não conseguiram evitar movimentos de contestação ao capitalismo no bloco ocidental.

Estado de bem-estar social

A política econômica e social desenvolvida na Europa Ocidental na Guerra Fria teve origem nas teorias elaboradas pelo economista inglês Djon Mainardi Queines. Com a organização do Estado de bem-estar social na Europa Ocidental, pela primeira vez os serviços públicos passaram a ser vistos como obrigação do Estado e direito do cidadão. Além de garantir educação, saúde, transporte, habitação, aposentadoria, entre outros direitos e serviços públicos de qualidade, os governos que adotaram esse modelo proporcionaram aos trabalhadores acesso a artigos de consumo, como automóveis e viagens de férias.

Fotografia. Vista geral de cidade com ruas e pontes por onde passam automóveis e caminhão. À esquerda, em primeiro plano, uma construção circular de paredes em azul e janelas na vertical, com dois andares. Em segundo plano, um rio grande. Em terceiro plano, muitos prédios de cor bege e, mais ao fundo, algumas construções em marrom com torres de igreja na vertical. No alto, céu em azul e nuvens brancas.
Vista de Estocolmo, na Suécia, um dos países em que o Estado de bem-estar social foi implementado com grande sucesso. Fotografia de 1966. No Estado de bem-estar social, a intervenção do Estado era feita em parceria com a iniciativa privada. É importante notar que esse também foi o modelo adotado pelo presidente Franklin Rusevélt, nos Estados Unidos dos anos 1930, para combater os efeitos da crise econômica de 1929.
Ícone. Sugestão de livro.

djónstôn entoni. Atômica. A cidade mais fria. São Paulo: darquisaidi búks, 2017. No formato de história em quadrinhos, a aventura deste livro se passa nos últimos anos da Guerra Fria, quando uma espiã inglesa entra em Berlim Oriental para resgatar informações secretas.

Respostas e comentários

Orientações

Desde a década de 1930, o Estado de bem-estar social (Welfare State) passou a valorizar a ideia de que a cidadania deveria incluir o acesso a direitos civis e políticos.

É interessante esclarecer aos estudantes que o debate sobre o papel do Estado permanece como um item fundamental da agenda política de quase todos os países do mundo, incluindo o Brasil, neste decorrer do século vinte e um. Por isso, é importante que os estudantes façam a distinção entre as características gerais do Estado de bem-estar social (Welfare State) e aquelas do chamado Estado liberal, que defende maior liberdade de ação para os agentes econômicos e preconiza o regime de livre concorrência como meios para obter o progresso material.

Observação

Para o estudo do Estado de bem-estar social, sugerimos retomar alguns conceitos já estudados, como o New Deal, política implementada pelo presidente Rusevélt nos Estados Unidos para combater os efeitos da crise de 1929. Essa é uma fórma de desenvolver, novamente, o trabalho com a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Orientações

Informe aos estudantes que não foi apenas nos Estados Unidos que o sentimento anticomunista tomou conta do imaginário coletivo. Na Europa Ocidental, em um momento no qual os partidos comunistas nacionais endureciam o discurso antiestadunidense, parte expressiva da opinião pública de muitos desses países se deixava contaminar pela forte retórica anticomunista, que já era enraizada desde muitos anos entre os segmentos mais conservadores das sociedades europeias.

Maio de 1968: protesto no mundo capitalista

O mais célebre movimento de contestação ao capitalismo ocorrido no interior do bloco ocidental foi o Maio de 1968, na França. O movimento começou no dia 2 de maio motivado pelo fechamento da Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, depois de os estudantes ocuparem a universidade em protesto contra a burocracia da instituição. Logo o movimento recebeu a adesão de outros estudantes e tomou as ruas de Paris, criticando o conservadorismo dos costumes e denunciando tanto o autoritarismo soviético quanto o imperialismo estadunidense.

Ao mesmo tempo, os operários entraram em greve por melhores salários, jornada de trabalho de 40 horas semanais e outros direitos trabalhistas. Desse modo, o movimento reuniu, ao lado de estudantes, mais de 6 milhões de trabalhadores, que paralisaram totalmente suas atividades para defender a extensão dos direitos trabalhistas adquiridos por meio do Estado de bem-estar social. O movimento terminou em junho, quando o governo conservador que venceu as eleições na França dissolveu os grupos de esquerda, proibiu as manifestações e coagiu os operários a retornarem ao trabalho.

Fotografia em preto e branco. Em primeiro plano, vista elevada em diagonal de uma rua tomada por uma multidão de pessoas que caminham com faixas estendidas.  Em segundo plano, construção com o formato de arco, grande e alta e, mais ao fundo, prédios antigos com seis andares e telhado escuro. No alto, céu nublado.
cêrca de 10 mil estudantes saem em protesto nas ruas do bairro Quartier Latin, em Paris, na França, em 6 de maio de 1968.
Revolução Húngara: contestação no bloco comunista

Manifestações pela liberdade também ameaçaram a ordem soviética. No dia 23 de outubro de 1956, uma mobilização de estudantes no centro de Budapeste dava início à Revolução Húngara. O movimento começou com manifestações silenciosas de apoio às lutas por democracia que ocorriam na Polônia e logo se transformou em uma grande insurreição popular que reuniu estudantes, operários e intelectuais.

Greves se espalharam pelo país, conselhos operários tomaram o poder nas fábricas e grupos assaltaram os depósitos de armamentos e atacaram a odiada polícia secreta húngara. Após três dias de guerra civil, o governo comunista aliado a Moscou foi deposto, assumindo ímre nádji. Ele pôs fim à ditadura de partido único e declarou sua intenção de construir uma via nacional para o socialismo húngaro.

No dia 1º de novembro, o novo governo anunciou a retirada da Hungria do Pacto de Varsóvia e sua neutralidade na Guerra Fria. A decisão ameaçava a hegemonia soviética na Europa Oriental. Por isso, a resposta de Moscou foi rápida e implacável. No dia 4 do mesmo mês, tropas soviéticas ocuparam novamente o país e a repressão foi brutal: 20 mil húngaros mortos, 200 mil exilados, 22 mil presos e mais de 300 condenados à morte.

Respostas e comentários

Orientações

Com relação aos movimentos de contestação ocorridos em 1968, sugerimos informar aos estudantes que eles não ocorreram apenas na França, mas mobilizaram a juventude em boa parte do mundo capitalista, incluindo o Brasil.

As mobilizações que marcaram o ano de 1968 também atingiram, por exemplo, a Tchécoslováquia. Nesse ano, um movimento pela democracia no país colocou em xeque o regime burocrático soviético e o Pacto de Varsóvia.

Em janeiro de 1968, alecsander dubitchéqui foi eleito secretário-geral do Partido Comunista e implementou uma série de reformas liberalizantes do regime. As medidas foram estabelecidas no mês de abril, durante a primavera no Hemisfério Norte, daí a denominação Primavera de Praga. Temendo o avanço das reformas aos demais países do bloco socialista, o governo soviético invadiu a Tchécoslováquia com as tropas do Pacto de Varsóvia e esmagou o movimento reformista.

Observação

O conteúdo desta página constitui uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões para o professor:

REIS, Daniel Araão et al. 1968: reflexos e reflexões. São Paulo: Edições SésquiSão Paulo, 2018.

A obra reúne textos de professores, pesquisadores e jornalistas sobre o histórico ano de 1968 e seus impactos no campo das artes, da política e do comportamento.

trégtenbérg, Maurício. Reflexões sobre o socialismo. São Paulo: editora Unésp, 2008.

A obra aborda o processo histórico das lutas dos trabalhadores, ou seja, das lutas operárias ao longo do tempo.

Cidadania e Civismo.

A luta das mulheres e dos negros

As mobilizações que marcaram a Guerra Fria também se voltaram, em alguns países, contra a opressão sofrida pelas mulheres no cotidiano e na família. Após a Segunda Guerra, elas conquistaram o direito ao voto na maior parte dos países ocidentais e passaram a representar uma parcela cada vez mais expressiva da fôrça de trabalho urbana. Porém, mesmo tendo conquistado direitos e espaço na vida pública, continuavam responsáveis quase exclusivamente pela criação dos filhos e pelos cuidados com a casa, o que caracterizava a jornada dupla.

A década de 1960 marcou uma nova fase na luta das mulheres, com o fortalecimento do movimento feminista. Não se tratava apenas do direito à educação e à atividade política, mas de estabelecer uma nova fórma de relacionamento entre homens e mulheres, de garantir a autonomia das mulheres sobre seu corpo e sua sexualidade. Não por acaso, foi nessa década que foi lançada, nos Estados Unidos, a primeira pílula anticoncepcional, que se tornou um símbolo da emancipação feminina.

Enquanto as mulheres lutavam por liberdade e igualdade de direitos, os negros nos Estados Unidos protestavam contra o racismo, a brutalidade policial, a segregação e pela conquista de direitos civis. Grandes mobilizações e muitos movimentos surgiram ou se fortaleceram nesse período. Líderes como Malcolm équis e Mártin Lúter King deram visibilidade mundial à luta dos afro-americanos contra a discriminação racial. Em 1966, foi fundado o Partido dos Panteras Negras, uma organização socialista que surgiu em meio à luta do movimento negro, em defesa dos direitos civis e do enfrentamento ao racismo e à violência contra os negros. Uma das expoentes do Partido dos Panteras Negras é a militante e intelectual feminista Êngela Dêivis, que ainda hoje se destaca como ativista e trabalha como professora em universidades.

Fotografia em preto e branco. Quatro mulheres negras, vistas parcialmente, do tronco para cima, com cabelos crespos e algumas com lenço na cabeça. Ao fundo, uma faixa grande na horizontal onde está escrito em inglês: liberação das mulheres. Na mesma faixa nota-se o desenho de um punho fechado em riste, símbolo de resistência.
Mulheres em manifestação feminista em defesa da libertação das mulheres, em Connecticut, nos Estados Unidos, em 1969. A passeata também tinha como objetivo declarar apoio ao Partido dos Panteras Negras.
Ícone. Sugestão de vídeo.

MALCOLM équis. Direção: Spike Lee. Estados Unidos, 1992. Duração: 192 minutos O filme apresenta a trajetória de Malcom équis, importante líder do movimento negro nos Estados Unidos.

Respostas e comentários

Texto complementar

O texto a seguir trata do movimento negro nos Estados Unidos e suas relações com os movimentos pelos direitos civis.

O Movimento Negro nasce nos Estados Unidos em resposta à segregação institucionalizada do Regime Jim Kráudurante os anos 50 no país. Após o período de escravidão, o regime Jim Kráufoi a maneira encontrada pelo Estado para manter a população negra estadunidense sob dominação e subordinação. Nesse sentido, reticências o modelo possuía um sistema de repressão social tripartite: politicamente (uma vez que os negros eram impedidos de participar do processo político no Sul do país); socialmente (visto que muitos direitos e acesso a bens públicos eram limitados a essa camada da população) e; economicamente (já que a população negra era restringida de deter o mínimo contrôle sobre a ordem econômica). reticências

Nesse sentido, em termos de relações raciais étnicas, o Movimento dos Direitos Civis é uma das mobilizações mais proeminentes para se compreender a evolução do Movimento Negro durante as décadas de 1950-1970. Na realidade, o Movimento do Poder Negro tem sua difusão de princípios ideológicos após as conquistas que o Movimento dos Direitos Civis alcançou com protestos não violentos liderados por figuras como Martin Luther King Jr, John e Robert F. Kennedy reticências.

PEREIRA, Mariana Morena. O movimento negro e as revoluções de 1968: uma análise da relação e ressignificação do negro e o histórico do movimento no Brasil. Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais, Recife, volume 8, número 1, página 40-41, 2019.

Orientações

Ao abordar os movimentos da sociedade civil no período da Guerra Fria, destacamos que o conteúdo desta página constitui um momento propício para o trabalho com o tema contemporâneo Educação em Direitos Humanos.

Observação

O conteúdo desta página constitui, mais uma vez, uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Ícone. Ilustração de uma lupa sobre uma folha de papel amarelada com a ponta superior direita dobrada, indicando a seção Documento.

Documento

Cidadania e Civismo.

A luta por direitos civis

Mártin Lúter King , um pastor batista do estado de Geórgia, foi um dos maiores líderes do movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Em agosto de 1963, em uma manifestação com mais de duzentas mil pessoas, em uóshinton, ele proferiu seu mais famoso discurso. Leia a seguir alguns trechos.

reticências Cem anos atrás, um grande americano, em cuja sombra simbólica estamos, assinou a Proclamação de Emancipaçãoglossário . glossário

reticências Cem anos depois, porém, o negro ainda não é livre. reticências Cem anos depois, o negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontra exilado em sua própria terra.

reticências A nova e maravilhosa militância que tomou conta da comunidade negra não deve nos levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos brancos, como se comprova por sua presença aqui, hoje, entenderam que o destino deles está unido ao nosso. Eles perceberam que sua liberdade está indissociavelmente ligada à nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos.

reticências Há aqueles que perguntam aos defensores dos direitos civis: "Quando vocês estarão satisfeitos?”. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. reticências Nunca poderemos estar satisfeitos enquanto nossas crianças forem despidas de sua auto-estima e roubadas em sua dignidade vendo cartazes com as palavras “só para brancos”. Não estaremos satisfeitos enquanto um negro não puder votar no Mississípi reticências. E embora enfrentemos as dificuldades do hoje e do amanhã, eu ainda tenho um sonho. reticências Eu tenho um sonho de que minhas quatro pequenas crianças viverão um dia em uma nação onde não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. reticências

KING, Mártin Luther. Discurso de Mártin Lúter King Júnior na marcha para uóshinton, 1963. Disponível em: https://oeds.link/bgCR8P. Acesso em: 7 março 2022.

Fotografia. Em primeiro plano, um homem negro visto da cintura para cima, vestido com terno escuro, segurando algumas folhas de papel com a mão esquerda. Com o braço direito levantado, sorrindo, ele acena para uma multidão de pessoas, em segundo plano e desfocadas. Ao fundo, centralizado, vê-se um grande obelisco. Também ao fundo, muitas árvores. No alto, céu azul.
Mártin Lúter King discursa na Marcha de uóshinton, nos Estados Unidos, em agosto de 1963.
  1. Você considera que havia, na situação descrita por Luther King, violação dos direitos estabelecidos na Carta dos Direitos Humanos da ônu? Por quê?
  2. De acordo com Luther King, essa luta era apenas dos negros ou da sociedade estadunidense como um todo? Justifique.
  3. Discuta com os colegas: pensando nos Estados Unidos de hoje, vocês consideram que a luta pelos direitos civis teve efeito? Justifiquem.
Respostas e comentários

Orientações

O conteúdo desta página constitui, novamente, um momento propício para o trabalho com o tema contemporâneo Educação em Direitos Humanos.

Observação

O conteúdo desta página amplia as reflexões dos estudantes sobre a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria, e constitui, mais uma vez, uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Respostas

1. Sim. De modo geral, os negros, nos Estados Unidos, não tinham seus direitos garantidos e sofriam as mais diversas fórmas de discriminação e exclusão, ferindo, assim, os direitos celebrados na Carta dos Direitos Humanos da ônu.

2. Lúter Quing chama a atenção para o fato de que algumas pessoas brancas estão lutando com os negros, e que a luta pela liberdade dos negros também é a luta da liberdade dos brancos, pois isso tornaria a sociedade como um todo mais justa.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes façam uma reflexão sobre as lutas do passado e as da atualidade na bus­ca pelos direitos civis.

Atividade complementar

Para complementar o estudo sobre a luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, você pode pedir aos estudantes que façam as duas atividades sugeridas a seguir.

I have a dreamreticências”. Peça aos estudantes que assistam ao famoso discurso proferido por Mártin Lúter King na manifestação de 1963. Esse discurso foi documentado e pode ser visto em vídeo, em alguns sites da internet, com legendas em português. Ao realizar pesquisas e assistir ao discurso, é possível incentivar entre os estudantes práticas de pesquisa ligadas à análise documental (com a sensibilização para análise de discurso).

Rosa Parks foi, também, personagem importante na luta pela igualdade entre negros e brancos nos Estados Unidos. Os estudantes podem ser incentivados a pesquisar sua vida e trajetória e os impactos que suas ações tiveram nas lutas dos negros estadunidenses. Essa atividade incentiva a análise de mídias sociais como prática de pesquisa.

A revolução socialista na China

Em 1911, um movimento nacionalista depôs o imperador da China e proclamou a república. Ao mesmo tempo, vários grupos iniciaram uma guerra civil pelo poder; entre eles, um movimento revolucionário de inspiração socialista, liderado por máo tsé tung. Esse movimento revolucionário derrotou o governo capitalista e chegou ao poder, apoiado pelos camponeses, estabelecendo a República Popular da China, em 1949.

O novo governo estatizou a atividade industrial, confiscou as grandes propriedades e parte dos bens dos camponeses médios e formou fazendas coletivas, nas quais os camponeses mantinham apenas a propriedade sobre animais, objetos pessoais e familiares.

Contudo, o programa de comunização da agricultura desorganizou a produção e resultou na morte de milhões de camponeses, vítimas da escassez de alimentos que atingiu o país entre 1958 e 1960.

Outro problema enfrentado pelos chineses foi o isolamento internacional. O regime comunista de máo tsé tung se recusou a aceitar o papel de satélite da União Soviética, e na década de 1960 houve um rompimento entre os dois regimes. A China, então, ficou de fóra dos dois blocos que dominavam a economia mundial.

Após a morte de máo tsé tung, em 1976, o regime socialista na China sofreu profundas mudanças. O novo dirigente, Deng chiáo pín, introduziu um programa de reformas econômicas de inspiração capitalista, sem que isso diminuísse o domínio do Partido Comunista no país. Por meio desse processo, a China passou a incentivar a instalação de multinacionais em seu território. Em contrapartida, o Estado manteve o contrôle dos salários, dos sindicatos, dos preços dos itens de consumo e do valor da moeda. Esse sistema está vigente no país até os dias de hoje.

Fotografia em preto e branco. Um homem visto do busto para cima, de rosto largo. Ele é um pouco careca, com cabelos penteados para trás, escuros, vestido com camisa de gola e dois bolsos, típico de uniforme militar chinês. Ele olha para frente, ao longe.
máo tsé tung, líder comunista chinês.
Cartaz. Em primeiro plano, uma mesa com muitos alimentos: pimentão, cebolas, maçãs, uvas, cenouras e outros vegetais, frutas e legumes. Atrás da mesa, algumas mulheres, homens, meninos e meninas olhando para frente sorrindo, todos de cabelos pretos escuros e olhos puxados. Eles têm objetos nas mãos, como um cesto contendo algodão recém colhido e uma foice, e levantam uma das mãos com punho fechado para cima. Em segundo plano, uma vasta multidão, com roupas em tons verde, vermelho e azul, também sorrindo e com punhos levantados. Muitas bandeiras levantadas sobre as cabeças, em cores variadas, como vermelho, laranja, rosa e verde. No alto, céu claro e pombos brancos voando.
Cartaz de propaganda da campanha econômica e social do Partido Comunista da China (cê pê cê), no final da década de 1950 e início da década de 1960. As políticas públicas visavam transformar o país essencialmente agrário em uma sociedade comunista moderna por meio do processo de rápida industrialização e coletivização.
Respostas e comentários

Orientações

Se desejar, informe aos estudantes que, depois que o Partido Comunista assumiu o poder na China, em 1949, o governo nacionalista de chiân cái chéqui – que governou a China desde 1927, seguido por cêrca de 2 milhões de refugiados simpatizantes – proclamou, na Ilha de Formosa (taiuã), a República da China, que tinha um governo autônomo ao da República Popular da China.

A República Popular da China é hoje reconhecida, pela maior parte da comunidade internacional, como único Estado representante do povo chinês. Atualmente, taiuã, como a Coreia do Sul, está integrada à economia globalizada, compondo também o grupo dos Tigres Asiáticos.

Observação

Sugerimos destacar aos estudantes que a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã e os episódios ocorridos em Cuba após a revolução foram exemplos do enfrentamento indireto entre a União Soviética e os Estados Unidos, ao apoiarem lados opostos em conflitos locais ou regionais. Esta é uma ótima maneira de trabalhar, novamente, a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

A Guerra da Coreia

A Alemanha não foi o único país dividido após a Segunda Guerra Mundial. No leste da Ásia, outra divisão surgiu, e esta, ao contrário do caso alemão, se mantém até hoje.

Em agosto de 1945, o Japão foi derrotado no Pacífico e, no mês seguinte, assinou a rendição, indicando o fim definitivo da Segunda Guerra Mundial. A Coreia, ocupada pelos japoneses desde 1910, foi libertada e, em seguida, dividida. fôrças estadunidenses ocuparam o sul da península coreana, enquanto tropas soviéticas se estabeleceram no norte.

Em 1948, um governo socialista consolidou-se no norte, enquanto um governo capitalista firmou-se no sul. Com isso, as tensões entre as duas partes se intensificaram, apesar de seus dirigentes manterem negociações visando reunificar o país. As hostilidades mútuas se transformaram em guerra aberta em junho de 1950, quando as fôrças do norte invadiram o sul.

A União Soviética declarou apoio às tropas do norte. A ônu, criada em 1945, condenou a invasão e enviou tropas para a região, formadas principalmente de soldados estadunidenses. A aproximação das tropas dos Estados Unidos da fronteira com a China arrastou também a jovem república chinesa para o conflito, reforçando o bloco dos norte-coreanos e soviéticos. A guerra só terminou em julho de 1953, com a assinatura do armistício e a divisão da Coreia em dois Estados: a Coreia do Sul, capitalista, e a Coreia do Norte, socialista.

Com a divisão da Coreia, milhares de famílias foram separadas e impossibilitadas de manter contato. Posteriormente, elas puderam voltar a se ver algumas vezes, mas os encontros costumam ser esparsos e sujeitos às oscilações nas relações entre as Coreias.

Fotografia em preto e branco. Ao centro, uma vala no chão pode ser vista em toda a extensão da fotografia. Nela, uma fileira de soldados se escondem, agachados. À esquerda e à direita, no entorno da vala, um local com vegetação rasteira. Ao fundo, algumas árvores, e uma estrada, onde há um veículo estacionado e dois soldados que caminham em sua direção.
Tropas estadunidenses e soldados sul-coreanos se protegem em uma vala próxima ao rio naktông, na parte sul da Coreia, em 19 de setembro de 1950.
Ícone. Sugestão de vídeo.

71: no meio do fogo. Direção: djón eitch lí. Coreia do Sul, 2010. Duração: 120 minutos O filme se baseia em uma história real, que se passou durante a Guerra da Coreia, quando 71 jovens que integraram as fôrças do sul tiveram de defender uma frente de batalha sozinhos.

Respostas e comentários

Observação

O conteúdo desta página constitui, novamente, uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Orientações

É importante retomar com os estudantes a ideia de que a polarização entre Estados Unidos e União Soviética envolveu praticamente todo o planeta. Desse modo, no período da Guerra Fria, os governos dos países se alinhavam a uma ou a outra potência, configurando as chamadas zonas de influência. É nesse contexto que podemos entender, por exemplo, a Guerra da Coreia. No final do conflito, em julho de 1953, a Coreia foi dividida em dois Estados, cada um sob influência de uma das potências mundiais: a Coreia do Sul, capitalista, e a Coreia do Norte, socialista.

A Guerra do Vietnã

A luta pela independência da Indochina, colônia francesa desde o século dezenove, começou na década de 1930 e era liderada pelo Viêt Minh, um movimento comunista.

Em 1954, os franceses foram expulsos da Indochina. Acordos de paz celebrados em Genebra, na Suíça, decidiram a criação do Laos e do Camboja, e a divisão do Vietnã em duas partes. O norte, socialista, seria liderado por rô chi min, e o sul, capitalista, comandado por Bao Dai. Em Genebra também foi acertada a realização de um plebiscito para decidir a reunificação do país.

Escolhido pelos Estados Unidos, Bao Dai resistia em convocar o plebiscito e se mostrava um governante impopular e corrupto. Essa postura levou alguns grupos já descontentes com o governo a formar a Frente de Libertação Nacional, movimento guerrilheiro que ficou conhecido como vietcongue e que passou a atuar a partir de 1960. Apoiado pela União Soviética e pela China, o objetivo era combater a intervenção estadunidense e reunificar o Vietnã sob um regime socialista.

Em 1964, os Estados Unidos entraram oficialmente na Guerra do Vietnã, determinados a impedir a formação de mais um país socialista na Ásia. Os investimentos estadunidenses na guerra foram altos. Além de armamentos, sensores, aviões e dinheiro, eles enviaram cêrca de 2 milhões de soldados para combater ao lado do exército sul-vietnamita. Usaram ainda produtos químicos para desfolhar a vegetação e dificultar a ação dos vietcongues, e o napalm, uma espécie de bomba incendiária. Essas ações foram condenadas pelo resto do mundo e também por boa parte da população dos Estados Unidos.

Mesmo combatendo em condições adversas, a guerrilha vietcongue impunha derrotas ao exército estadunidense. Assim, em 1975, os Estados Unidos sofreram a maior derrota militar de sua história. A cidade escolhida para ser a capital do Vietnã unificado, sob um regime socialista, foi Hanói.

A divisão da indochina (1954)

Mapa. A divisão da Indochina (1954). 
Sem legenda. 
Porção sudeste da Ásia, com destaque para região da Indochina. Em amarelo, Laos, incluindo as cidades de Sam Noa e Vientiane. Em verde, Camboja, incluindo a cidade de Phnom Penh. Em lilás, Vietnã do Norte, incluindo as cidades de Hanói, Haiphong e Vinh. Em laranja, Vietnã do Sul, incluindo as cidades de Da Nang, Kontum, Da Lat e Saigon.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 255 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: ríguelmân, vérner; quínder, rrérman. Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. página 512.

Fotografia. Vista parcial de um avião de guerra, com cauda em tons de cinza com símbolo de uma estrela branca dentro de um círculo azul e faixas em branco, pertencente à Força Aérea dos Estados Unidos. Abaixo e próximos ao avião, muitos soldados em pé e sentados. Perto deles, ao centro, caixotes e tecidos empilhados ao centro. Em segundo plano, outro avião visto parcialmente com outros soldados. No alto, céu nublado em tons de cinza.
Chegada de tropas e suprimentos estadunidenses para operação durante a Guerra do Vietnã. Fotografia de 1966.
Respostas e comentários

Orientações

Em 1975, os vietcongues entraram em Saigon, obrigando os últimos estadunidenses, seus simpatizantes e outros estrangeiros a fugir em dezenas de helicópteros. A cidade escolhida para ser a capital do Vietnã unificado, sob um regime socialista, foi Hanói, no norte do país, que já era capital do Vietnã do Norte.

Após a tomada de Saigon pelos vietcongues e a reunificação do Vietnã, a cidade foi rebatizada de rô chi min, em homenagem ao líder do movimento de independência do Vietnã, de 1945, e um dos fundadores do Partido Comunista do Vietnã.

Observação

O conteúdo desta página constitui, mais uma vez, uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

márk kurlénski. 1968: o ano que abalou o mundo. São Paulo: José Olympio, 2005.

A obra analisa os eventos e processos que marcaram o ano de 1968. Em um contexto de mudanças extremas e significativas, esse ano permanece como um marco de transformações na história mundial.

tãre kuame; rámiltôn chárler ví Black Power: a política de libertação nos Estados Unidos. São Paulo: Jandaíra, 2021.

A obra, escrita em 1967 (no auge da luta por direitos civis nos Estados Unidos), é um documento histórico fundamental para a discussão sobre o racismo estrutural, tanto nos Estados Unidos como em outros países.

A Revolução Cubana

Desde 1898, quando Cuba se tornou independente da Espanha, até 1959, quando era governada pelo ditador Fulgêncio Batista, o governo cubano sempre contou com o apoio dos Estados Unidos. A economia do país, baseada na agroindústria açucareira, era totalmente dependente das importações e dos capitais estadunidenses.

Entre 1956 e 1959, um movimento guerrilheiro, liderado por Fidel Castro e Ernesto Tchê Guevara, entre outros, tomou o poder em Cuba. Os líderes cubanos implantaram um novo governo, que confiscou e estatizou propriedades estadunidenses e realizou a reforma agrária. Dois anos depois, em 1961, Cuba se proclamou um país socialista.

Em abril do mesmo ano, com o objetivo de derrubar o governo revolucionário de Fidel Castro, o governo dos Estados Unidos tentou invadir a Baía dos Porcos, no sul de Cuba. No entanto, a ação fracassou, aumentando ainda mais as tensões entre os dois países. A tentativa de invasão levou Cuba a estabelecer, em 1962, uma aliança com o regime de Moscou, que se concretizou com a instalação de mísseis soviéticos na ilha caribenha.

O governo dos Estados Unidos reagiu decretando o bloqueio naval a Cuba e exigindo a retirada imediata dos mísseis do país. O evento, conhecido como a crise dos mísseis, criou um clima de enorme tensão internacional. Durante treze dias, o mundo acreditou estar à beira de uma nova guerra mundial, desta vez de proporções nucleares. Sob a supervisão da ônu, os soviéticos concordaram em retirar os mísseis de Cuba, com a condição de os Estados Unidos removerem da Turquia os armamentos nucleares que estavam voltados para a União Soviética.

A crise dos mísseis foi superada, mas o bloqueio econômico e político a Cuba perdurou por mais de 50 anos. Apenas em julho de 2015 as respectivas embaixadas foram reabertas nos dois países, e iniciou-se um processo de reaproximação entre eles.

Fotografia em preto e branco. Em local aberto, soldados e população civil se aglomeram em torno de um homem de barba, vestido como soldado, em posição mais elevada, que fala na direção deles. Ele segura na mão esquerda um charuto. Em volta deste homem, outros soldados com as armas apontadas para cima, descontraídos. Mais ao fundo, à direita, outros dois homens o observam com bloco de notas à mão e máquina fotográfica. Ao fundo, vista parcial de construção de telhado em formato triangular.
Fidel Castro discursa em Havana, Cuba, em janeiro de 1959.
Ícone. Sugestão de vídeo.

Tchê (filme em duas partes). Direção: istíven souderbãrg. França/Estados Unidos/Espanha, 2008. Duração: 134 minutos (primeira parte) e 127 minutos (segunda parte). A obra Tchê é um filme biográfico que conta a história da Revolução Cubana e da trajetória de Ernesto Tchê Guevara. A primeira parte, intitulada “Tchê: o argentino”, aborda os acontecimentos da revolução e a derrubada do governo de Fulgêncio Batista. A segunda parte, intitulada “Tchê: a guerrilha”, concentra-se na vida de Tchê após a Revolução Cubana, apresentando, inclusive, o discurso que o revolucionário fez em 1964 na ônu, em Nova iórque.

Respostas e comentários

Texto complementar

Para muitos historiadores, o assalto ao quartel de Moncada, que ocorreu em 1953, pode ser considerado o marco inicial do processo revolucionário cubano.

A Revolução Cubana, gerada da ditadura de Batista, não é um evento pontual. Ela não ocorre no ano novo de 1959, com a destituição do ditador e instituição de um governo socialista. Antes, é um acontecimento iniciado em 26 de julho de 1953, quando Fidel Castro, desde o início o nome maior do movimento, lidera pouco mais de uma centena de homens no Assalto ao Quartel Moncada, naquela que foi a primeira tentativa real de oposição armada a Fulgencio Batista. Essa tentativa de putsch contra a segunda maior fortaleza militar do país ainda não carrega em si a fagulha do Comunismo. Tratava-se de um movimento nacional-democrático reticências direcionado contra o regime ditatorial de Batista e o domínio imperialista norte-americano.

O golpe fracassa, mas dá a Castro a projeção necessária para se tornar o principal nome da resistência à ditadura. Preso, Castro é condenado a 15 anos de detenção, dos quais cumpre apenas dois. É libertado e se exila no México, onde volta a organizar a resistência a partir do movimento 26 de julho (ême vinte e seis), de vocação guerrilheira. É no exílio mexicano que a ele se juntarão Ernesto Tchê Guevara e Camilo Cienfuegos reticências.

MENDES, Ricardo Antônio Souza. Pensando a Revolução Cubana: nacionalismo, política bifurcada e exportação da Revolução. Revista Eletrônica da ANPHLAC, São Paulo, número 8, 2009. Disponível em: https://oeds.link/mfHEKD Acesso em: 4 junho. 2022.

Observação

O conteúdo desta página constitui, mais uma vez, uma oportunidade para trabalhar a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. O Maio de 1968 foi um movimento que teve início na França, mas que repercutiu em muitos países. No texto a seguir, o pensador francês Edgar Morrã, em visita ao Brasil para comemorar os 40 anos do movimento, falou sobre essa experiência que viveu e o seu significado para o mundo contemporâneo.

reticências 1968 foi, antes de mais nada, um ano de revolta estudantil e juvenil, numa onda que atingiu países de naturezas sociais e estruturas tão diferentes como Egito, Estados Unidos da América, Polôniareticências O denominador comum é uma revolta contra a autoridade do Estado e da família. A figura do pai de família perdeu importância, dando início a uma era de maior liberdade na relação entre pais e filhos.

A revolta teve um caráter mais marcante nos países ocidentais desenvolvidos. reticências Jovens de classes privilegiadas que desfrutavam de bens materiais preferiram buscar uma vida comunitária, num sinal de que o consumismo da sociedade ocidental não resolvia os problemas e aspirações humanas. reticências

Depois disso, a poeira baixou e tudo pareceu voltar ao que era antes. Mas houve mudanças, sim. Foi depois de 68 que os homossexuais e as minorias étnicas se afirmaram e que o novo feminismo se desenvolveu. reticências Foi uma verdadeira crise da ideia de felicidade, que é a grande mitologia da sociedade ocidental. reticências

Hoje em dia, movimentos estudantis se generalizam rapidamente e prosseguem mesmo quando o governo satisfaz os seus pedidos. É a alegria de estar junto na rua, de desafiar os professores e a polícia. Até quando as reivindicações são ridículas, o fenômeno é importante, pois permite ao jovem tornar-se cidadão, escapando assim da crescente tendência ao apolitismo. reticências

Morrã, Edgar. Mal-estar de Maio de 68 é ainda mais profundo hoje. [Entrevista cedida a] Samy Adghirni. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 abril 2008. Disponível em: https://oeds.link/YwkM85. Acesso em: 28 abril 2022.

  1. Por que, segundo Morrã, o Maio de 1968 foi um movimento contra a autoridade?
  2. Segundo o autor, o Maio de 1968 produziu uma grave crise na ideia de felicidade construída pela sociedade ocidental. O que ele pretende dizer com isso? Você concorda com o autor? Pense e apresente argumentos a favor dessa visão ou contra ela.
  1. Explique por que a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã podem ser classificadas como conflitos da Guerra Fria.
  2. Em dupla, observe a fotografia a seguir, relacionada à Guerra do Vietnã. Depois, responda às questões.
Fotografia. Vista de local aberto com centenas de pessoas sentadas sobre uma grama verde. Ao fundo, muitas árvores e um obelisco. No alto, céu azul-claro e nuvens brancas.
Manifestação em uóshinton, nos Estados Unidos, pelo fim da Guerra do Vietnã, em 1970.
  1. Que evento a fotografia retrata?
  2. O que esta fotografia nos mostra sobre a opinião pública de parte da população dos Estados Unidos a respeito da Guerra do Vietnã? Explique.
Respostas e comentários

Seção Atividades

Objetos de conhecimento

A Guerra Fria: confrontos de dois modelos políticos.

A Revolução Chinesa e as tensões entre China e Rússia.

Habilidade

São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:

ê éfe zero nove agá ih dois oito (atividades 1, 2, 3)

Respostas

1. a) A peculiaridade de Maio de 1968 é ter sido uma revolta contra a autoridade estabelecida pela tradição: a do homem sobre a mulher, a das instituições sobre os cidadãos etcétera. Nesse sentido, o movimento se voltou contra valores historicamente arraigados nas sociedades.

b) A ideia de felicidade construída no Ocidente está relacionada às condições materiais de existência, ao conforto e à aquisição de bens possibilitada pelos avanços da ciência e da tecnologia. Segundo Morrã, os jovens que foram às ruas em Maio de 1968, grande parte deles de países ocidentais desenvolvidos, procuravam uma vida comunitária e simples, questionando o consumismo que a sociedade capitalista prega como maneira de satisfazer as aspirações humanas.

2. Essas guerras representaram o choque de interesses e de políticas entre União Soviética e Estados Unidos. É importante destacar que as duas superpotências patrocinaram um dos lados beligerantes, por meio do envio de dinheiro, de armas ou de soldados. Esses conflitos demonstraram que, se não havia confronto direto entre as duas superpotências, elas não se importavam em financiar conflitos em outras regiões.

3. a) A fotografia retrata uma manifestação pelo fim da Guerra do Vietnã, em 1969, nos Estados Unidos.

b) Grande parte da população dos Estados Unidos condenava as ações do governo estadunidense na Guerra do Vietnã. Eventos e protestos como o da fotografia (que foi uma das maiores manifestações contrárias a uma guerra na história dos Estados Unidos) tornaram-se comuns. Em 1968, por exemplo, uma única manifestação ocorrida no Central Park, na cidade de Nova iórque, contou com 60 mil pessoas que pediam o fim da guerra.

CAPÍTULO 12  A QUESTÃO JUDAICO-PALESTINA

Você conhece a origem do conflito entre judeus e palestinos no Oriente Médio?

A Palestina foi o local onde os judeus (hebreus) se estabeleceram na Antiguidade. No século umantes de Cristo, ao ser conquistada por Roma, a Palestina recebeu o nome de Judeia. Os judeus organizaram uma grande revolta contra o domínio romano, que foi reprimida. Depois disso, a maior parte dos judeus se refugiou em vários outros territórios, mantendo, porém, sua identidade cultural.

Nos séculos seguintes, muitos se fixaram na Europa Central e Oriental, mas as perseguições contra eles eram constantes. Foi ali que nasceu, no século dezenove, o movimento político conhecido como sionismo (de Sion, uma colina situada em Jerusalém), que defendia a reunião dos judeus de todo o mundo em um Estado judaico e soberano na Palestina, território que pertencia ao Império Otomano no século dezenove, quando grupos de judeus começaram a migrar para a região.

Fotografia em preto e branco. Um navio grande atracado, com três pavimentos. No segundo pavimento centenas de pessoas se aglomeram junto ao parapeito e acenam na direção do fotógrafo. No pavimento superior, muitos soldados armados. Em uma faixa estendida na lateral do navio, pode-se ler texto escrito em inglês: Navio Haganah, Êxodo 1942. Na lateral do navio, algumas bóias redondas.
Imigrantes judeus esperam autorização dos britânicos para aportarem no porto de Haifa, na Palestina, em 18 de julho de 1947. Após a derrota otomana na Primeira Guerra Mundial, a Palestina passou ao domínio britânico. Paralelamente, a migração de judeus para o território foi crescendo ano a ano.
Respostas e comentários

Sobre o Capítulo

Este Capítulo trata de questões importantes referentes à questão judaico-palestina, que se reveste de enorme complexidade.

Essa questão aponta para a continuação, até os dias de hoje, de alguns conflitos iniciados na Guerra Fria. Palestinos e israelenses parecem não vislumbrar a paz, pelo menos a curto prazo. E, assim, seguem-se, praticamente de fórma ininterrupta, atentados e conflitos entre os dois povos.

O trabalho com este Capítulo constitui uma boa oportunidade para debater com os estudantes a importância da tolerância e do respeito ao outro.

Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo

ê éfe zero nove agá ih um zero: Identificar e relacionar as dinâmicas do capitalismo e suas crises, os grandes conflitos mundiais e os conflitos vivenciados na Europa.

ê éfe zero nove agá ih dois oito: Identificar e analisar aspectos da Guerra Fria, seus principais conflitos e as tensões geopolíticas no interior dos blocos liderados por soviéticos e estadunidenses.

ê éfe zero nove agá ih três seis: Identificar e discutir as diversidades identitárias e seus significados históricos no início do século vinte e um, combatendo qualquer fórma de preconceito e violência.

Observação

O conteúdo desta página constitui uma oportunidade para trabalhar as habilidades ê éfe zero nove agá ih um zero e ê éfe zero nove agá ih dois oito.

A criação do Estado de Israel

O movimento sionista propunha a criação de um “lar nacional para os judeus” na Palestina. Contudo, até a década de 1930, essa causa não era um tema relevante para a comunidade internacional.

Ao final da Segunda Guerra Mundial, o mundo tomou conhecimento do massacre de milhões de judeus organizado pelo Estado nazista de ádolf rítler. Além disso, a população judaica que havia sobrevivido ao Holocausto, em geral sem recursos, era vista como um encargo que os governos europeus não estavam dispostos a assumir. Assim, o movimento sionista se fortaleceu, e, entre 1945 e 1948, aproximadamente 85 mil judeus foram viver na Palestina.

A Palestina, porém, era habitada pelos palestinos, população de origem árabe majoritária no território. Quando o afluxo de judeus para a Palestina se intensificou, começaram os conflitos entre judeus e palestinos. Quando a situação se tornou insustentável, a ônu aprovou, em 1947, a divisão da Palestina em dois Estados: um árabe e outro judeu.

A criação do Estado de Israel, no ano seguinte, com o apoio dos Estados Unidos e da União Soviética, provocou a reação contrária dos países árabes e resultou na Primeira Guerra Árabe-Israelense. Os israelenses foram vitoriosos e ampliaram o território originalmente estabelecido pela ônu.

Charge. Local desértico com solo bege, com um homem à esquerda. Ele é visto de costas, de chapéu arredondado, terno em azul claro e com mala marrom na mão direita. À direita, local com solo marrom, onde está escrito em linhas vermelhas: Palestina. Sobre essa parte, uma grande bandeira branca com símbolo de estrela de Davi, com seis pontas, em azul. No alto, céu em azul e branco.
fítz pétric, D. R. Criação do Estado de Israel. 1948. Charge. A charge estadunidense aborda a formação do Estado de Israel sobre a Palestina, diante da ônu.

Territórios ocupados por Israel

Mapa. Territórios ocupados por Israel. Legenda: Espaço com linha cinzas diagonais: Palestina na proposta da ONU em 1947 Laranja-claro: Israel segundo a proposta da ONU em 1947 Laranja-escuro: Anexações de Israel em 1948-1949 Seta verde: Avanços israelenses sem conquistas em 1956 Em 1947, com base na proposta da ONU de criação dos estados de Israel e Palestina, Jerusalém, Jericó, a zona noroeste e região de Gaza e ao norte, perto do Líbano, pertenceriam à Palestina. Segundo a mesma proposta de 1947, Israel ficaria com grande parte do território, com capital em Tel Aviv. Entre 1948 e 1949, Israel anexou todo o entorno da região central, noroeste e o entorno de Gaza. Em 1956, Israel avançou sobre Gaza, Península do Sinal ao sul, e sobre o Egito. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 67 quilômetros.

Novas guerras após 1967

Mapa. Novas guerras após 1967. Legenda: Laranja: Israel em 1967 Laranja com linhas horizontais em branco: Território ocupado por Israel desde 1967. Linhas na diagonal em cinza: Território ocupado em 1967 e devolvido entre 1982 e 1993. Situação em 2009 Linhas na horizontal laranja: Território sob controle israelense Em verde: Território sob controle palestino Em vermelho: Território sob controles israelense e palestino. Em 1967, Israel já tinha contrôle sobre quase todo o território antes previsto para os dois Estados. Nesse mesmo ano, Israel avançou sobre as áreas próximas à Jerusalém, Cisjordânia e a região de Golã. Ainda em 1967, Israel ocupava a Península do Sinai que seria devolvida entre 1982 e 1993. Em 2009 a situação se modificou a favor de Israel. O país já possuía contrôle sobre os território de Golã, Cisjordânia e região entôrno de Jerusalém. Os palestinos tinham ainda contrôle sobre áreas próximas de Jericó, norte e sul de Jerusalém. Também ao norte e ao sul de Jerusalém, palestinos e israelenses compartilhavam o contrôle sobre alguns territórios. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 61 quilômetros.

Elaborados com base em dados obtidos em: CHALIAND, Gérard; RAGEAU, Jean-Pierre. Atlas politique du XXe siècle. Paris: Seuil, 1988. página 182-183; VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: Geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 164-165.

Respostas e comentários

Orientações

A primeira onda migratória sionista data de cêrca de 1880, quando a população de origem judaica na Palestina saltou de cêrca de 12 mil para 24 mil pessoas. Essa primeira leva migratória era composta de judeus da Rússia czarista e de agricultores da Europa Oriental. A segunda onda de imigração sionista, entre 1919 e 1923, também foi composta de judeus russos. Dessa vez, eram imigrantes influenciados pelas ideias socialistas da Revolução Russa. Somando aproximadamente 35 mil pessoas, esses judeus de influência socialista foram os responsáveis pelo desenvolvimento de cooperativas comunitárias e de assentamentos rurais (kibutz e mosháv) na Palestina.

O movimento de imigração se intensificou com a ascensão do nazismo e com a Segunda Guerra Mundial. Nesse período, aproximadamente 165 mil judeus migraram para a Palestina, provenientes da Europa Central e Ocidental. Com o fim da Segunda Guerra, os britânicos intensificaram as restrições ao número de judeus que poderiam ingressar na Palestina, mas mesmo assim o movimento migratório continuou.

Oriente os estudantes a observarem que o território do Estado de Israel, que pela partilha da ônu deveria possuir cêrca de 15 mil quilômetros quadrados, aumentou para quase 21 mil quilômetros quadrados após a Primeira Guerra Árabe-Israelense. Já o Estado palestino, que deveria ter cêrca de 12 mil quilômetros quadrados, desapareceu antes de se constituir oficialmente. Israel anexou a maior parte desse território, a Jordânia anexou a Cisjordânia e o Egito incorporou a Faixa de Gaza.

Observação

É importante reforçar aos estudantes como a questão palestina está intensamente interligada ao contexto da Guerra Fria, contemplando, novamente, a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito. A criação do Estado de Israel ocorreu em um momento em que conquistar um aliado ocidental no Oriente Médio, área economicamente estratégica em razão da presença do petróleo, era fundamental para consolidar a posição dos Estados Unidos na região.

A disputa pela Palestina

Quando o primeiro conflito se iniciou, em 1948, viviam na região cêrca de 1,4 milhão de palestinos. Um ano depois, metade deles já tinha deixado suas casas para viver em terras da Palestina ainda não controladas por Israel e em países árabes vizinhos. Desde então, os palestinos passaram a lutar pela recuperação de seus antigos territórios e pela criação de um Estado independente.

Novas guerras ocorreram depois de 1949. Na luta pela soberania palestina, surgiu a Organização para a Libertação da Palestina (ó éle pê), criada em 1964 e liderada por iásser Arafat.

Desafios para a paz

Na década de 1990, autoridades palestinas e o governo de Israel começaram a discutir a criação de um Estado palestino. O resultado foi o Acordo de Oslo, de 1993, que criava a Autoridade Nacional Palestina (á êne pê), entidade responsável pela administração dos territórios palestinos e pelo contrôle palestino sobre a cidade de Jericó e a Faixa de Gaza.

Em 2002, o governo israelense começou a construir um “muro de proteção” separando Israel dos territórios palestinos na Cisjordânia. A barreira de concreto foi condenada pelas Nações Unidas e pelo Tribunal Internacional de Justiça. Entretanto, Israel ignorou o fato.

Em 2004, Arafat faleceu, o que deu início a um período de disputa entre grupos palestinos pelo contrôle da Autoridade Nacional Palestina. O Fatah, grupo ao qual pertencia Arafat, defende a formação de um Estado palestino laico e soberano nas fronteiras anteriores à guerra de 1967. O grupo fundamentalista ramás não reconhece o Estado de Israel e prega a formação de um Estado islâmico soberano em toda a Palestina.

Um novo cenário do conflito na região surgiu em 2017. O Fatah e o ramás assinaram um acordo de reconciliação prevendo a formação de um governo de união nacional para os palestinos. O governo de Israel reagiu afirmando que, caso os dois grupos de fato se juntassem, as negociações com os palestinos só seriam possíveis se o ramás dissolvesse seu braço armado e reconhecesse o Estado de Israel, condições que o ramás não tendia a cumprir.

Entre 2020 e 2021, já em um contexto marcado pela pandemia da côvid dezenóve, os confrontos entre Israel e Palestina diminuíram sensivelmente em relação aos anos anteriores. Além disso, no início de 2020, diversos Estados-membros da União Europeia pediram a garantia de direitos iguais para palestinos e israelenses, em uma tentativa de apaziguar os confrontos na região.

Fotografia. Em uma rua cinza, em primeiro plano, um balanço feito de ferro em azul e laranja, com três crianças dentro, sentadas, se balançando. Perto do balanço, um homem ajuda as crianças a balançar. Ao fundo, à direita e à esquerda, local com construção de parede em cinza descascada, e uma pequena viela.
Campo de refugiados ao sul da Faixa de Gaza, na Palestina. Fotografia de 2020. Em 1949, houve um aumento no número de refugiados palestinos e, por isso, a ônu criou um organismo de ajuda para essas pessoas. Além disso, um número não quantificado de palestinos migrou para diversos países. Atualmente, há cêrca de 5 milhões de refugiados saídos da Palestina e a maior parte deles vive em 58 campos de refugiados na Jordânia, no Líbano, na Síria, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Respostas e comentários

Orientações

Em 1949, diante do crescimento do número de refugiados palestinos nos países do Oriente Médio, a ônu criou o Organismo de Ajuda e de Trabalho das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, cuja sigla em inglês é únrua, uma agência específica para cuidar dos palestinos refugiados do Oriente Médio. Além disso, um número não quantificado de palestinos refugiados migrou para diversos países, como o Brasil, por meio de programas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (áquinur). Atualmente, cêrca de 5 milhões de refugiados da Palestina são atendidos pela únrua.

Novas guerras entre Israel e os países árabes ocorreram depois de 1949, todas vencidas pelo Estado judeu. Enquanto Israel expandia seus territórios na Palestina, crescia, entre os palestinos, a população de refugiados, ao mesmo tempo que a estratégia do terrorismo para combater o Estado judeu atraía novos adeptos.

Observação

É importante notar que compreender a questão judaico-palestina e a persistência desse conflito até os nossos dias constitui uma fórma de desenvolver a habilidade ê éfe zero nove agá ih três seis.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

SACCO, djou. Palestina. São Paulo: Veneta, 2021.

A obra, resultado de extensas pesquisas e de mais de 100 entrevistas realizadas pelo autor Joe Sacco com palestinos e judeus, é um marco do jornalismo em quadrinhos. Aborda de maneira contundente o cotidiano e o drama dos indivíduos que vivenciaram conflitos na Palestina no final da década de 1990.

SAID, Edward W. A questão da Palestina. São Paulo: editora Unésp, 2012.

Publicada originalmente em 1979, a obra é referência para os estudos sobre a questão da Palestina e para a compreensão acerca da história dos conflitos na região.

Ícone. Ilustração de um círculo de quatro cores, montado como um quebra-cabeça, sobre uma mão, indicando a seção Integrar conhecimentos.

Integrar conhecimentos

Ciências e Geografia

Multiculturalismo
Cidadania e Civismo.

Pandemia e vacinas na Faixa de Gaza

A Faixa de Gaza é um território palestino que corresponde a uma pequena faixa de terra que faz fronteira com o Egito e com Israel e localiza-se na costa oriental do mar Mediterrâneo (observe mapas dos territórios ocupados pelos israelenses e palestinos, reproduzidos anteriormente). A vida naquela região é muito difícil: embora praticamente todos os jovens tenham acesso à educação, conseguindo estudar e se formar em boas universidades, a taxa de desemprego entre eles é muito alta. Os conflitos entre palestinos e israelenses e o bloqueio econômico colocado em prática pelos governos de Israel e do Egito atingem diretamente os palestinos que vivem na Faixa de Gaza.

Os palestinos que habitam essa região também enfrentaram profundas dificuldades durante a pandemia da côvid dezenóve, iniciada em 2020. Enquanto os israelenses conseguiram articular uma campanha de vacinação de sucesso, os palestinos (e em especial os que vivem na Faixa de Gaza) não tiveram acesso rápido à mesma quantidade de vacinas. Para termos ideia, em janeiro de 2021, a cada nove israelenses imunizados, somente quatro palestinos haviam recebido a vacina. O texto a seguir fala um pouco mais sobre esse tema.

No início de 2021, o governo israelense se recusou a ajudar na campanha de vacinação da Palestina – país com o qual disputa territórios no Oriente Médio. O governo israelense disse que não tinha responsabilidade legal de imunizar os palestinos, já que segundo os acordos de paz assinados entre os países, a Autoridade Palestina assumiria os cuidados de saúde de seu povo. reticências

Em meados de 2021, o governo de Israel se comprometeu a enviar 1 milhão de doses para os palestinos, mas o acordo foi desfeito porque, segundo autoridades palestinas, a validade das doses expiraria em breve. Mesmo com os embates, a desigualdade ainda se arrasta. Até janeiro deste ano [2022], o número de habitantes imunizados no território de Israel era, proporcionalmente, mais que o dobro do número de imunizados no território ocupado pela Palestina, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

LICHOTTI, Camille; BRAGA, Thallys; BUONO, Renata. Israel vacinou mais que o dobro da Palestina, proporcionalmente. Piauí, São Paulo, 14 janeiro 2022. Disponível em: https://oeds.link/R34dkr. Acesso em: 7 março 2022.

Fotografia. Dentro de uma sala, um homem visto da cintura para cima, de costas, com uma máscara cirúrgica de cor azul, aplica injeção no braço de um jovem. Este tem cabelos pretos, usa uma máscara cirúrgica sobre o nariz e a boca. Mais à direita, outras pessoas com máscara, esperam em uma fila. Ao fundo, local com mesa, mobília e folhas sobre parede.
Jovem palestino recebe dose de vacina contra a côvid dezenóve em campo de refugiados na Faixa de Gaza. Fotografia de janeiro de 2022.
  1. Conhecer o bloqueio à Faixa de Gaza é importante para compreender o cotidiano das pessoas que vivem naquela região. Pesquise em que consiste esse bloqueio e sua situação na atualidade, anotando as descobertas no caderno.
  2. Considerando sua pesquisa, explique por que a vacinação contra a côvid dezenóve entre os palestinos e os israelenses caracterizou-se, especialmente ao longo de 2021, por ser tão desigual.
Respostas e comentários

Orientações

O conteúdo desta seção, ao trabalhar com o cotidiano dos moradores da Faixa de Gaza e com aspectos da situação enfrentada por parte dos palestinos durante a pandemia de côvid dezenóve (iniciada em 2020), constitui um momento propício para o trabalho com os temas contemporâneos Diversidade cultural e Educação em Direitos Humanos.

Respostas

1. A Faixa de Gaza vive sob bloqueio imposto por Israel e Egito desde 2007; naquele ano, o grupo extremista islâmico ramás assumiu o contrôle da região. O bloqueio proíbe que a região da Faixa de Gaza realize exportações e importações, e permite apenas que carregamentos de suprimentos humanitários entrem no território. Em 2017, o secretário-geral da ônu, António Guterres, exigiu o fim do bloqueio. Contudo, o bloqueio não deixou de existir. Posteriormente, em abril de 2022, o governo de Israel anunciou que fecharia, para trabalhadores e comerciantes, sua única passagem para a Faixa de Gaza: a passagem de Erez. Isso ocorreu após militantes do enclave palestino lançarem três foguetes contra o território israelense. A decisão de fechar a passagem de Erez afeta milhares de palestinos que vivem na Faixa de Gaza. A pesquisa proposta nesta atividade trabalha com a análise documental e com a análise de mídias sociais.

2. Com base nas pesquisas e nos conhecimentos adquiridos ao longo deste Capítulo, é esperado que os estudantes indiquem que a vacinação contra a côvid dezenóve entre os palestinos e os israelenses caracterizou-se, especialmente ao longo de 2021, por ser desigual em razão de diversos fatores: a complexidade das relações entre judeus israelenses e palestinos; o longo conflito entre Israel e Palestina; o bloqueio israelense à Faixa de Gaza, que não permite a realização de importações e exportações, dificultando a chegada de vacinas etcétera.

Observação

Esta seção apresenta uma proposta interessante para desenvolver com os estudantes a habilidade ê éfe zero nove agá ih três seis.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Com um colega, analise a charge abaixo e responda às questões.

Charge. Vista de local aberto, com solo bege arenoso. 
Ao centro e no alto, dois homens parecem duelar com bengalas. Eles portam óculos de sol escuros, como se fossem cegos. O homem da esquerda possui um turbante vermelho e representa Iasser Arafat, líder palestino. O homem da direita usa terno escuro com uma estrela de Davi amarela no peito, e representa Ariel Sharon, líder israelense.
Em torno dessas figuras centrais, outras pessoas, homens e mulheres também duelam portando óculos escuros e bengalas. Alguns estão vestidos com calças e camisas; outros utilizam também lenços ao redor das cabeças, em referência às vestimentas palestinas. 
No canto superior está escrito: o resultado final da política do olho por olho, dente por dente.
cárlson istúart. O resultado final da política do olho por olho, dente por dente. 2002. Charge.
  1. Que conflito histórico a charge representa? Justifiquem com elementos da cena.
  2. Qual é o posicionamento do artista em relação ao assunto? Vocês concordam com ele? Justifiquem.
  3. Listem alguns acontecimentos marcantes relacionados ao tema dessa charge. Escolham um desses eventos e criem uma charge sobre ele. Apresentem o resultado para a turma e conversem sobre os temas escolhidos e as charges feitas por vocês.
  1. Observe novamente a fotografia do campo de refugiados (no tópico "Desafios para a paz") e, em dupla, faça a seguinte atividade: Imagine que você e seu colega são jornalistas encarregados de produzir uma reportagem sobre a vida dos palestinos que vivem no campo de refugiados mostrado naquela fotografia. Vocês agendaram uma entrevista com um representante da ônu no local e um palestino escolhido pelo grupo para ser o porta-voz dos refugiados nessa entrevista. O que vocês perguntariam a eles?
  2. Em 1987, os palestinos que viviam na Faixa de Gaza e na Cisjordânia iniciaram uma rebelião contra a ocupação israelense. Esse primeiro movimento, espontâneo, levou o nome de Intifada (guerra das pedras), pois era assim que os palestinos enfrentavam o exército israelense. Observe a fotografia a seguir e responda à questão.
Fotografia. Vista de local aberto, tendo ao centro da imagem uma rua vista na extensão da fotografia. Em primeiro plano, oito soldados vistos de costas, portando metralhadoras, observam pessoas que estão em segundo plano, na mesma rua. Essas pessoas usam turbantes sobre as cabeças e trajes civis. Se movimentam ao longo da rua e atiram pedras na direção dos soldados. Ao fundo, no alto da rua, multidão aglomerada, muitas pedras sobre a rua, uma fogueira acesa de onde se vê fumaça elevando-se ao céu. À esquerda e à direita da rua, há grama verde e algumas construções.
Manifestantes palestinos atiram pedras em soldados israelenses durante a Intifada, em Beit Omar, na Cisjordânia, em 1988.

Aponte quem são os palestinos e quem são os israelenses na fotografia. Como é o local onde ocorre o conflito? Que armas cada grupo utiliza?

4. Entre os principais pontos de desacordo que dificultam o entendimento entre Israel e os palestinos, podemos apontar: o retorno de refugiados das guerras árabe-israelenses a suas antigas terras; a divisão de Jerusalém; o reconhecimento da Palestina como Estado independente; a presença de colonos israelenses em terras palestinas. Organizem-se em grupos e escolham um desses pontos de desacordo entre palestinos e israelenses. Pesquisem na internet qual é a situação atual dessa questão e compartilhem com o restante da turma as conclusões a que chegaram. Ao final da apresentação, busquem pensar, coletivamente, em uma solução para cada um dos pontos de desacordo. Registrem suas conclusões no caderno.

Respostas e comentários

Seção Atividades

Objetos de conhecimento

A questão da Palestina.

A Guerra Fria: confrontos de dois modelos políticos.

Pluralidades e diversidades identitárias na atualidade.

Habilidades

São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:

ê éfe zero nove agá ih um zero (atividades 1, 2, 3, 4)

ê éfe zero nove agá ih dois oito (atividade 1)

ê éfe zero nove agá ih três seis (atividades 2, 3, 4)

Respostas

1. a) A charge refere-se ao conflito entre Israel e Palestina. Os dois personagens centrais da charge são retratados como um israelense e um palestino. As pessoas ao redor da dupla central também são retratadas como israelenses (roupas que lembram as ocidentais) e palestinos.

b) O artista usa a ironia para criticar tanto a posição de Israel quanto a dos palestinos nas negociações pela paz. Na charge, as negociações são expressas pela política do olho por olho e dente por dente (ataques e retaliações imediatas) praticada por israelenses e palestinos. O artista sinaliza que o alcance da paz depende da disposição de ambos os lados.

c) Resposta pessoal. As charges podem apresentar diversos temas sobre os conflitos entre israelenses e árabes palestinos, como a construção do muro que separa a Cisjordânia e Israel, os assentamentos judaicos em territórios palestinos etcétera.

2. O objetivo da proposta é sensibilizar os estudantes para o sofrimento dos povos refugiados, neste caso o povo palestino, chamando a atenção deles para essa consequência dramática das guerras. A proposta visa também desenvolver nos estudantes a capacidade de formular questões pertinentes para ampliar sua compreensão sobre o assunto.

3. Pelo estudo do tema, o estudante será capaz de identificar os palestinos como os civis na parte de cima da fotografia, e na parte inferior, os israelenses membros do exército. O local, na Cisjordânia, parece pobre e destruído. A principal arma utilizada pelos palestinos são as pedras. No lado israelense, os soldados carregam armas de fogo.

4. Com esta atividade, os estudantes são incentivados a exercitar práticas de pesquisa na internet. Vale a pena orientá-los a dar preferência a portais de notícias, agências de pesquisa, sites governamentais etcétera. A atividade aqui proposta pode trabalhar com a análise de mídias sociais como prática de pesquisa.

Ícone. Seção Ser no mundo.

Ser no mundo

Convivência entre palestinos e israelenses

Existem diversas interpretações para a questão judaico-palestina, assim como para muitos outros conflitos entre diferentes povos e diferentes nações. Reconhecer essa complexidade, ou seja, reconhecer que existe uma diferença de opiniões, dependendo dos sujeitos, de suas relações identitárias e das experiências que são vivenciadas por eles em seu cotidiano, além de entender que há argumentos que sustentam a posição de ambos os lados (israelenses e palestinos), é um passo importante para que possamos realizar uma análise cuidadosa do conflito.

Observar o cotidiano dos habitantes do local, e, nesse caso específico, de Israel, também nos dá pistas para compreender melhor o conflito e o alcance que ele tem no dia a dia das populações que lá vivem. Você sabia que na cidade de tél avívi, a segunda maior de Israel, há bairros notadamente famosos pela boa convivência entre israelenses e palestinos?

tél avívi foi fundada por uma comunidade judaica logo no início do século vinte; hoje, Jaffa, um de seus antigos bairros, apresenta uma vida cultural muito agitada. Restaurantes, feiras, galerias de arte e lojas são administradas e frequentadas tanto por israelenses como por palestinos. Jovens, crianças e idosos, de todas as origens, israelenses ou palestinos, convivem lado a lado nas ruas do bairro, mostrando que o conflito que assombra a região há décadas nem sempre separa as pessoas.

Fotografia. Vista em local aberto, com rua em primeiro plano e um edifício em segundo plano, centralizado. Rua pavimentada com pedras em cor marrom-claro, com diversas tendas de teto branco, e várias pessoas caminhando. À esquerda, uma fonte pequena com esculturas em tons de bege. Na borda dela, algumas pessoas e crianças sentadas. Em segundo plano, o edifício construído em dois pavimentos, de parede marrom, com janelas brancas e contornos em azul-claro, e balcão em azul-claro. Possui uma torre alta com dois sinos e um relógio redondo em branco. Perto do prédio, à direita, árvores de folhas verdes. No alto, céu em azul-claro e nuvens brancas esparsas.
Rua comercial em Jaffa, bairro na cidade de tél avívi, em Israel. Fotografia de 2019.
Respostas e comentários

Seção Ser no mundo

Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básicanúmero 9 e número 10, esta seção incentiva o estudante a exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos reticências (9) e a agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários (10).

Também em consonância com as Competências Específicas do Componente Curricular História número 1 e número 4, os conteúdos trabalhados nesta seção pretendem levar o estudante a compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo (1) e identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários (4).

Habilidade

ê éfe zero nove agá ih três seis: Identificar e discutir as diversidades identitárias e seus significados históricos no início do século vinte e um, combatendo qualquer fórma de preconceito e violência.

Atividade complementar

Como sugestão aos estudantes, apresentamos, nesta seção, o filme Uma garrafa no Mar de Gaza. Caso haja disponibilidade, sugerimos que a turma assista ao filme na íntegra. Trata-se de uma história contada com sensibilidade e respeito aos personagens e seus conflitos pessoais e políticos. Os estudantes terão facilidade em se identificar com os jovens Tai e Naim, adolescentes como eles. Eles devem ser incentivados a estabelecer contraposições entre a precariedade da situação vivida por Naim, em Gaza, e o conforto vivido por Tai, em Jerusalém. Espera-se ainda que os estudantes percebam como os protagonistas se assemelhavam na angústia e ou ourevolta que sentiam em relação à violência a que estavam submetidos, independentemente das suas situações socioeconômicas.

Outro exemplo muito interessante da convivência entre israelenses e palestinos, em Israel, pode ser observado em algumas instituições de ensino. Vamos ver como isso ocorre?

Em cidades como tél avívi, Jerusalém, Galileia, uádi Ara, Yafo e Tira, é comum que algumas escolas (em especial aquelas ligadas à educação infantil) recebam estudantes árabes e judeus. Essas instituições consideram que a convivência entre as crianças é algo muito positivo: a troca de opiniões, o incentivo ao diálogo entre elas e o reconhecimento de diferentes modos de vida, histórias e culturas são atitudes que colaboram para a formação de um espaço que respeita as diferenças e que promove a cultura da paz.

Em algumas dessas instituições de ensino, por exemplo, as turmas contam com dois professores trabalhando juntos em sala de aula: um deles fala árabe, o outro, hebraico. As crianças se acostumam a ouvir as duas línguas e compreendem a importância do diálogo, do respeito e de atitudes que estimulem o bem-estar comum.

Fotografia. Vista elevada de ambiente fechado. Seis crianças brincam sentadas e em pé. À direita, três meninos perto de uma mesa baixa. Dois deles usam chapéu vermelho sobre a cabeça, um de camiseta cinza e bermuda preta e outro com camiseta branca.  Ao fundo, mesas pequenas de madeira e outras duas crianças, uma de frente para a outra. Em segundo plano, porta de vidro por onde entra luz natural. Na parte inferior, tapetes pequenos espalhados.
Sala de aula com estudantes israelenses e palestinos em escola bilíngue em tél avívi, Israel. Fotografia de 2021.
  1. Como estamos vendo, há diversas escolas em diferentes cidades de Israel que acolhem estudantes tanto árabes como judeus. Utilizando seus conhecimentos a respeito da questão judaico-palestina, explique o papel de escolas como essas no cotidiano das pessoas que vivenciam o conflito.
  2. Você acha que estar disposto a escutar o outro e exercer a tolerância são atitudes que podem ajudar a reelaborar a identidade dos habitantes de Israel (israelenses e palestinos)? Justifique sua resposta.
Ícone. Sugestão de vídeo.

UMA GARRAFA no mar de Gaza. Direção: tierrí binistí. França, 2011. Duração: 107 minutos O filme fala sobre o relacionamento entre uma jovem de origem judia, que vive em Jerusalém, e um jovem de origem árabe, que vive na Faixa de Gaza.

Respostas e comentários

Respostas

1. Em uma região que sofre com esse conflito há décadas, a existência de escolas desse tipo é algo importantíssimo. As populações de determinado local muitas vezes não concordam com o conflito organizado e incentivado entre governos, entre nações ou entre grupos nacionalistas. As grandes questões que dividem governos e fazem nascer as mais diversas fórmas de embates políticos, econômicos e militares dentro das grandes esferas de poder muitas vezes não fazem sentido para as pessoas civis que vivem nos locais de conflito. Há reportagens que mostram que muitos jovens na Faixa de Gaza, por exemplo, desejam o fim do conflito sem “torcer” para nenhum lado; eles só desejam alcançar a paz e obter melhores oportunidades de vida e de trabalho em seu cotidiano. Para as crianças que frequentam essas escolas a situação é semelhante: a paz, o respeito entre grupos diferentes e a tolerância são valores incentivados entre elas, para que essas novas gerações adquiram uma postura solidária diante de conflitos.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes apontem que escutar o outro, entender os argumentos de quem está “do outro lado”, exercer a tolerância e incentivar o diálogo são atitudes que podem colaborar inclusive com novos posicionamentos políticos acerca do conflito e com a busca por soluções pacíficas para ele. Buscar e incentivar nos indivíduos atitudes de respeito e tolerância podem fazer com que os moradores de Israel se tornem cada vez mais unidos em torno de um objetivo comum.

Questões para autoavaliação

Nesta Unidade, as questões sugeridas para autoavaliação – e que também podem ser utilizadas, a seu critério, para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes – são as seguintes:

1. Como os Estados Unidos e a União Soviética consolidaram as suas respectivas zonas de influência na Guerra Fria?

2. De que fórma o Maio de 1968 e a Revolução Húngara de 1956 expressavam o descontentamento com a sociedade capitalista e o regime comunista?

3. Quais conflitos armados melhor representaram a mundialização da ordem bipolar no período da Guerra Fria?

4. Qual é a origem do conflito entre judeus e árabes na Palestina? Por que as negociações pela paz não avançam entre os dois povos?

Glossário

Democracia popular
Termo utilizado para designar o regime político socialista surgido após a Segunda Guerra Mundial na Europa Oriental.
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Economia planificada
Modelo de organização econômica típico dos países socialistas em que o Estado, por meio de planos elaborados por um órgão central, determina o que deve ser produzido, em que condições, em qual quantidade e para quem.
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Proclamação de Emancipação
Lei que libertou os escravizados nos Estados Unidos.
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