UNIDADE 5  A hora e a vez do perigo

Faça as atividades no caderno.

Ilustração digital. Predominam tons de azul na parte superior, de verde na parte central e de azul e marrom na parte inferior. Na parte inferior central da imagem há um homem de costas com os pés dentro da água, próximo à faixa de areia de uma praia. Ao fundo há uma montanha e uma floresta. No céu, há pássaros brancos.
luatông, títhi. Náufrago ao acordar em uma ilha. 2017. Ilustração digital.
  1. Observe a imagem para responder:
    1. O que é possível identificar nela?
    2. Em que ela faz você pensar? Converse com os colegas e o professor.
  2. Você sabe o que é uma narrativa de aventura? Já leu histórias empolgantes de aventura ou assistiu a algum filme desse gênero? Compartilhe com seus colegas.
  3. Quem será a personagem que aparece na imagem? Crie hipóteses ao dialogar com sua turma.

Saiba +

Narrativas de aventura

A palavra aventura vem do latim adivêntura, que significa “o que vai acontecer a alguém”. Assim, quando falamos em narrativas de aventura, pensamos em protagonistas que se veem envolvidos com o desconhecido ou o perigo em uma jornada repleta de desafios. Algumas das narrativas de aventura clássicas são Vinte mil léguas submarinas, Viagem ao centro da Terra e A volta ao mundo em 80 dias, do escritor francês Júlio Verne (1828‑1905); A Ilha do Tesouro, do escocês róbert luís istívensãn (1850-1894); Robinson Crusoé, do inglês Daniel defou (1660-1731); e As viagens de Gulliver, do irlandês djônatãn suífiti (1667-1745). Muitas dessas narrativas foram adaptadas para o cinema, o teatro e games.

Leitura 1

Faça as atividades no caderno.

Contexto

Leia a seguir o sexto capítulo de uma narrativa de aventura escrita pela brasileira Maria José duprê, em 1973. A história gira em torno das personagens Henrique e Eduardo, dois irmãos que vão curtir as férias na fazenda de seu padrinho, em Taubaté, onde passa o rio Paraíba. Do morro mais alto da fazenda, é possível ver uma ilha chamada pelos habitantes locais de Ilha Perdida. Esse nome também dá título ao livro porque os dois irmãos, curiosos, decidem pegar uma canoa e ver o que há naquele lugar misterioso. O que acaba acontecendo, no entanto, é que eles se perdem, o dia anoitece e a enchente do rio os impede de voltar para a casa onde estavam. E agora? O que será que vai acontecer?

Maria José duprê

AUTORIA

A autora, que também assinava suas obras como Sra. Leandro duprê (1898-1984), foi professora do ensino básico e escritora de diversos livros infantis e infantojuvenis, entre os quais se destaca a série Cachorrinho Samba, da qual faz parte o volume Cachorrinho Samba na Rússia, que venceu o Prêmio Jabuti. A autora também recebeu notoriedade entre o público adulto com o romance Éramos seis, premiado pela Academia Brasileira de Letras.

Observe, a seguir, a capa do livro. Crie hipóteses do que ocorre nessa narrativa. Compartilhe com seus colegas as suas ideias.

Capa de livro. Capa composta da ilustração de um menino com cabelos curtos pretos, camisa branca e calça marrom, de frente para outro menino, de cabelos curtos loiros, blusa azul e calça branca, que aparece de costas segurando um remo. Eles estão dentro de uma canoa, sobre um rio. Ao centro da capa, sobre fundo azul, está o título do livro: A Ilha Perdida. Logo abaixo, há o nome da autora: Maria José Dupré.
DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2021. (Coleção Vaga-lume). Capa de livro.

Antes de ler

  • Antes de ler a história, considerando o título desse capítulo, o que você supõe que tenha ocorrido com Henrique e Eduardo?
  • Nessa história, você acha que o cenário é um elemento importante para o enredo? Como você imagina que seja a misteriosa Ilha Perdida?

A ilha tinha habitantes

De vez em quando Henrique assobiava para disfarçar a solidão. Arrependia-se de haver deixado o irmão ir só; desde que haviam desembarcado na ilha, só haviam cometido erros. E se Eduardo se perdesse? Quando sentiu a fome apertar, comeu outra banana e deitou-se para descansar. Sentia-se cansadíssimo. Fechou os olhos um instante, depois abriu-os novamente e, deitado de costas, ficou olhando o céu. De repente percebeu uma sombra que se aproximava; voltou-se de lado pensando que era o irmão e já ia perguntar: “Já voltou?”, quando viu um homem desconhecido diante dele; tinha barbas compridas, cabelos pelos ombros, estava quase nu. Sobre seu ombro esquerdo carregava um lindo papagaio que olhava fixamente para Henrique.

O homem também olhava Henrique sem dizer nada. Espantadíssimo, Henrique também não falava, parecia mudo. De súbito, o homem perguntou:

— O que está fazendo aqui? Não sabe que esta ilha é minha?

Henrique levantou-se um pouco amedrontado:

— Não sabia, não senhor.

O homem deu uma volta examinando o menino, depois continuou a falar:

— Vivo nesta ilha há muitos anos e não gosto de ser importunado; todos os que vêm aqui, vêm por maldade: para caçar os bichos que são meus amigos. Eu não gosto disso.

— Eu não vim para caçar, disse Henrique. Viemos passear aqui e a nossa canoa rodou rio abaixo. Agora não podemos voltar, estamos fazendo uma jangada para voltarmos. Eu e meu irmão Eduardo. O senhor pode nos ajudar?

O homem sacudiu a cabeça:

— Não acredito em nada do que você está dizendo. Vocês vieram aqui para me espiar, para descobrir minha vida. Pois não terão esse gosto; quem vem por curiosidade fica meu prisioneiro. Acompanhe-me.

Um pouco assustado, Henrique ficou parado na frente dele; depois murmurou:

— Nós não viemos por curiosidade; nenhum de nós acreditava que a ilha fosse habitada. Pode acreditar no que estou dizendo. Meu irmão e eu viemos passear aqui e pretendíamos voltar no mesmo dia quando veio a enchente. Não pudemos voltar e ficamos esperando a enchente passar; nossa canoa rodou, não pudemos voltar. O senhor desculpe, mas precisamos ir embora para nossa casa.

O homem sorriu e coçou a barba comprida. O papagaio gritou:

— Vamos embora, Simão!

O homem passou a mão nas penas do papagaio:

— Quieto, Boni.

Depois falou para Henrique:

— Voltar de que jeito? Você pensa que quem chega até aqui consegue voltar? Está muito enganado, quem vem parar aqui fica. Acompanhe-me.

Henrique hesitou:

— E o meu irmão Eduardo? O senhor não pode esperar um pouquinho? Ele foi ao outro lado da ilha buscar umas coisas que deixamos lá... Se ele não me encontrar aqui, ficará assustado.

A voz de Henrique estava trêmula; o homem respondeu, meio zangado:

— Deixe de lamúrias e venha comigo. Por que vieram? Isto aqui é meu e ninguém tem direito de tomar o que é meu. Venha.

O homem bateu no peito; Henrique resolveu insistir para mostrar que não tinha medo:

— Faça o favor de esperar Eduardo. Ele não demora, disse que vinha logoreticências

O homem não deixou Henrique continuar; zangou-se e respondeu:

— Menino teimoso e desobediente. Cale-se. Não diga uma palavra mais. E acompanhe-me bem direitinho, se não vai se arrepender.

O homem começou a andar pela areia; humildemente, Henrique acompanhou-o; sentia dor nos pés e na cabeça. Foi mancando atrás do homem que andava depressa; olhou para trás com pena de deixar a jangada já começada. Entraram pela mata adentro. Henrique teve a ideia de deixar algum sinal para Eduardo saber o que acontecera, mas não havia nada que pudesse fazer. Então espetou o canivete numa árvore pequena na entrada da mata. Eduardo havia de descobrir o canivete enterrado ali e havia de desconfiar, quem sabe até seguiria o mesmo caminho. O papagaio começou a cantarolar sobre o ombro do homem; de vez em quando olhava para trás para ver se Henrique vinha seguindo. Andaram em silêncio durante algum tempo; os galhos das árvores batiam no rosto de Henrique e ele nem sentia; percebeu que estava escurecendo e logo seria noite fechada.

Com surpresa Henrique viu de repente um caminho sem arbustos, sem cipós, sem árvores; era uma pequena estrada bem limpa, sem nada que atrapalhasse os caminhantes. Pensou que Eduardo e ele haviam andado tanto através da ilha e não tinham descoberto aquela bonita estrada. O homem caminhava na frente, sem olhar para os lados e sem falar; dava passos largos como se estivesse muito acostumado a andar por ali. Nesse momento Henrique reparou que ele carregava uma machadinha na cintura.

Chegaram ao fim da estrada; com surpresa, Henrique viu na frente deles uma escadinha de pedra, mas tão escondida entre a folhagem que seria difícil ou quase impossível descobri-la. O homem levantou a folhagem com os braços compridos e, depois que Henrique começou a subir, deixou cair a folhagem novamente e nada mais se viu da escada. Subiram uns degraus até chegar à outra parte da ilha, muito mais elevada que a primeira. Ali devia ser a habitação do homem barbudo; havia árvores pequenas cheias de flores azuis e roxas, papagaios, periquitos, macacos. Era bem a ilha que Henrique imaginara. A bicharada começou a fazer barulho ao ver o homem, mas ele levantou um braço pedindo que ficassem quietos e tudo se aquietou.

Então Henrique viu uma espécie de gruta de pedra em cima de um barranco; ao lado do barranco, duas árvores gigantes. Uma outra escada de quatro degraus, feita de cipós e tábuas, conduzia à porta da caverna. Quando Henrique levantou os olhos para a morada do homem, ficou branco de susto: deitada na entrada da gruta, uma oncinha pintada lambia as patas. Era pequena, mais parecia um gato enorme; tinha olhos amarelados, o pelo brilhante todo cheio de pintas amarelas e bigodes de fios compridos e pretos. Quando viu Henrique passar ao lado, ela levantou-se com o pelo eriçado e assoprou como um gato quando está bravo: uf ufreticências Mas o homem falou umas palavras que Henrique não compreendeu e ela acalmou-se. Tornou a deitar-se e a lamber as patas.

* * *

Entraram na caverna. Era bem grande e forrada de areia clara; sobre a areia havia peles de animais e folhas secas; de um lado estava a cama do homem; era feita de tiras de couro trançadas e presas nos paus da cama. Sobre as tiras, estavam estendidas peles de animais servindo de colchão e uma espécie de manta feita de penas coloridas de aves.

Nas paredes da gruta, viam-se penas, plantas, armas feitas de pedra. Henrique olhava tudo, mudo de admiração. A oncinha deu umas voltas pela gruta, depois deitou-se na entrada como se fora um cão de guarda. O homem disse a Henrique que se deitasse sobre um colchão de penas de aves; não era propriamente um colchão, mais parecia uma colcha multicor. Henrique estava tão cansado que obedeceu imediatamente; deitou-se e sentiu-se melhor. O homem ofereceu-lhe uma bebida numa caneca feita de madeira; Henrique tomou uns goles e sentiu um gosto amargo. Devia ser feita de frutas ou folhas fermentadas; mas sentiu um grande bem-estar e cerrou os olhos.

Quando os abriu, viu o homem andando de um lado para outro, preparando o jantar; só então Henrique percebeu que já era noite e havia uma lanterna no canto mais escuro da caverna. Era uma luzinha fraca, mas iluminava tudo muito bem. Vendo a chama avermelhada numa vasilha de ferro, Henrique não pôde deixar de perguntar:

— Que espécie de óleo o senhor usa na lâmpada?

— Óleo de capivara, respondeu o homem mexendo a comida no fogãozinho.

— E o senhor mora nesta ilha desde moço?

— Desde que eu tinha vinte e poucos anos.

Henrique queria conversar mais e saber uma porção de coisas, mas o homem barbudo não queria conversa. Henrique ficou meio deitado, olhando a luz que o vento fazia oscilar; um ventinho fraco penetrava pela porta da gruta. Depois Henrique perguntou:

— E mora sozinho aqui?

— Tenho vários companheiros, não está vendo? Estão sempre comigo.

Só então Henrique reparou nos outros animais que estavam na caverna: uma tartaruga, uma coruja com olhos muito abertos e redondos e um morcego que começou a andar de um lado para outro arrastando as asas enormes. A coruja e o morcego estavam se preparando para sair; dormiam durante o dia e, à noite, enquanto os outros animais dormiam, eles saíam para percorrer a ilha.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 50-55.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Retome as hipóteses que levantou antes da leitura e converse com seus colegas sobre as questões a seguir.
    1. Depois de ler o capítulo, houve relação entre o que você imaginou que iria acontecer com as personagens e os eventos que realmente ocorreram?
    2. Suas hipóteses sobre como seria a Ilha Perdida se confirmaram depois da leitura? Explique.
    3. Na sua opinião, a capa do livro combina com as características das personagens da narrativa? Apresente suas ideias.
  2. Releia o trecho:

— Nós não viemos por curiosidade; nenhum de nós acreditava que a ilha fosse habitada. Pode acreditar no que estou dizendo. Meu irmão e eu viemos passear aqui e pretendíamos voltar no mesmo dia quando veio a enchente. Não pudemos voltar e ficamos esperando a enchente passar; nossa canoa rodou, não pudemos voltar. O senhor desculpe, mas precisamos ir embora para nossa casa.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 51-52.

  • Considerando que Henrique é um adolescente e o diálogo entre ele e o homem se passa em uma situação informal, você considera que, se estivesse no lugar de Henrique, iria falar da mesma fórma que ele? Explique.
  1. A maneira de falar de Henrique, uma personagem adolescente, é diferente do modo como falam os adolescentes hoje. Você observou essa diferença? Por que ela acontece? Encontre marcas na linguagem dos adolescentes da história que revelam esse aspecto.
  2. A história lida é contada por qual tipo de narrador? Explique e exemplifique com um trecho do texto.
  3. Uma característica das narrativas de aventura também é o modo como o narrador explica o que as personagens estão sentindo. Que expressão é utilizada, no começo da história, para descrever o estado de Henrique? O que revela essa expressão?
  4. Em alguns momentos, o narrador descreve o estado das personagens utilizando adjetivos. Cite os trechos em que isso ocorre e explique o efeito de sentido produzido por essa construção.
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Tipos de narrador

Uma história pode ser contada por diferentes tipos de narrador:

Narrador per­sonagem: conta a história em 1ª pessoa, como se fosse um de seus participantes.

Narrador observador: conta a história em 3ª pessoa, narrando os eventos apenas pelo seu ponto de vista, sem se envolver com eles.

Narrador oniscien­te: também conta a história em 3ª pessoa, sendo capaz de transmitir o que sentem e pensam as personagens.

Faça as atividades no caderno.

  1. No trecho lido, Henrique encontra uma personagem que habita a ilha.
    1. Qual é o nome dessa personagem e como é possível identificar essa informação?
    2. Por que o homem parece ficar incomodado com a presença de Henrique na ilha? Apresente trechos do texto que justifiquem sua resposta.
  2. Nas narrativas de aventura, como vários eventos acontecem em sequência por problemas que são resolvidos pelas personagens para dar origem a novos conflitos ao longo da história, um recurso utilizado são os trechos que retomam o que ocorreu nos capítulos anteriores e ajudam a situar o leitor e lembrá-lo dos eventos que já leu.
    1. Identifique e copie em seu caderno um trecho em que isso ocorre.
    2. Explique quais informações são retomadas nesse trecho.
Versão adaptada acessível
  1. Identifique e registre um trecho em que isso ocorre.
  2. Explique quais informações são retomadas nesse trecho.
  1. Há um momento da narrativa em que Henrique segue Simão e finca “o canivete numa árvore pequena”. Por que ele faz isso?
  2. Os animais que aparecem no capítulo não são meramente parte do cenário da história. Que função eles têm?
  3. Ao chegar à casa de Simão, Henrique se assusta com um animal que estava à porta.
    1. Que animal é esse?
    2. Como o narrador descreve esse animal?
    3. Qual foi a intenção do narrador ao descrever o animal dessa
  4. Há um trecho da narrativa em que encontramos um sinal gráfico marcado por três asteriscos (* * *). Com que função foi utilizado esse sinal?
  5. Uma característica importante das narrativas de aventura é o modo como as personagens vão se modificando no desenrolar do enredo.
    1. No capítulo lido, que personagem apresenta uma discreta transformação?
    2. Explique essa transformação apresentada pela personagem.
  6. Outro recurso utilizado nas narrativas de aventura são os parágrafos que contêm longas e detalhadas descrições dos cenários, muitas vezes marcados por diversos adjetivos, com o objetivo de ajudar o leitor a imaginar o ambiente em que estão as personagens. Releia um trecho em que isso ocorre:

O homem levantou a folhagem com os braços compridos e, depois que Henrique começou a subir, deixou cair a folhagem novamente e nada mais se viu da escada. Subiram uns degraus até chegar à outra parte da ilha, muito mais elevada que a primeira. Ali devia ser a habitação do homem barbudo; havia árvores pequenas cheias de flores azuis e roxas, papagaios, periquitos, macacos. Era bem a ilha que Henrique imaginara.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 53.

  1. De que maneira a descrição ajuda o leitor a imaginar a história?
  2. Que adjetivos foram utilizados para ajudar a compor a caracterização das personagens e do cenário nesse trecho?
  3. Que funções os adjetivos assumem nessa descrição detalhada?

Faça as atividades no caderno.

  1. A narrativa de aventura organiza-se a partir de pequenos obstáculos que provocam uma tensão na história, os quais são resolvidos pelas personagens e dão origem a outros novos obstáculos. Esse é um dos recursos utilizados pelos autores para comover o leitor e prender a atenção dele na história. Qual obstáculo nessa narrativa fez com que Henrique e seu irmão ficassem presos na ilha?
  2. A estrutura de uma narrativa de aventura assemelha-se muito a alguns tipos de jogos narrativos. Entre eles destaca-se o érre pê ge, sigla inglesa para role-playing games, que corresponde a uma modalidade em que os participantes assumem o papel de personagem para jogar. Um estilo muito popular de érre pê ge é o jogado com cards (cartas, em português) que contêm informações diversas sobre as personagens, suas habilidades e, às vezes, seus pontos fracos. Observe este modelo criado com base na personagem Simão, do livro A Ilha Perdida:
Esquema. Exemplificando um card. Na parte superior, o texto: SIMÃO, ligado por um fio a uma caixa com o texto: Nome da personagem. À direita, o número 1 e um círculo vermelho com uma cara brava desenhada, ligado por um fio a uma caixa com o texto: Quantidade e tipo de mana necessários para usar a carta. Centralizada no card, uma ilustração de Simão, um homem com cabelos e barba longos, sem camisa, usando um tecido em volta da cintura em meio à floresta. A ilustração está ligada por um fio à uma caixa com o texto: Desenho da personagem. Abaixo da ilustração há o texto: CRIATURA PROTETORA – HUMANO VALENTE, ligado por um fio a uma caixa com o texto: Tipo de personagem. Na parte inferior do card há o texto: Proteção 4 (Se você conjurar este card pagando seu custo de proteção, ele protegerá a ilha em conjunto com outras personagens. Se não estiver anexado a uma personagem, voltará a defender seu território de todos. Simão ataca sozinho invasores. Os invasores atacados perdem -3/-2. O texto está ligado por um fio a uma caixa com o texto: Trecho de texto com a descrição das habilidades da personagem.
  1. Com base nesse modelo, crie em seu caderno uma carta para caracterizar a personagem Henrique. Comece planejando o que irá escrever em cada parte e, em seguida, faça uma arte criativa para sua carta.
  2. Escolha um animal citado na história e crie uma carta também para ele. Caso o texto não traga muitas informações, crie as partes da carta com suas hipóteses sobre como esses animais poderiam ser importantes na narrativa.
  1. Você participa de jogos eletrônicos? Algum jogo tem semelhança com A Ilha Perdida? Quais? Compartilhe com seus colegas as narrativas que seu jogo preferido apresenta.
  2. Após conhecer mais sobre os jogos, por meio dessa conversa com seus colegas, é possível identificar a principal diferença entre as narrativas de jogos e as narrativas de textos impressos. Que diferença é essa?

Saiba +

Mana

Nas cartas de érre pê ge, a mana é uma espécie de energia proveniente de cada tipo de cenário, que permite acionar ou não alguma personagem do jogo. O termo deriva de algumas religiões polinésias para as quais há uma espécie de energia mágica que mobiliza e movimenta os seres vivos e o mundo. Também pode representar os poderes e a fórça que cada personagem tem.

O gênero em foco

Narrativa de aventura

Os mitos da Grécia Antiga e suas representações em artefatos, bem como as novelas de cavalaria na Idade Média, podem ser considerados precursores das narrativas de aventura, ao lado de suas variações, como os relatos de viagem.

O formato das narrativas de aventura como conhecemos hoje se consolidou entre os séculos dezoito e dezenove, em decorrência da necessidade de criação de uma prosa de ficção adequada ao ensino da literatura e da literatura de entretenimento para crianças e adolescentes. Por isso, muitas narrativas de aventura apresentam histórias de jovens que saem de casa para enfrentar desafios e provas de coragem, geralmente em espaços adversos como alto-mar e ilhas desertas, que proporcionam, como desfecho, o fortalecimento do caráter desses jovens e sua iniciação no universo adulto.

Então, uma marca bastante característica desse gênero é aguçar no leitor apreensão, medo, impotência e ansiedade diante de um obstáculo, sentimentos que serão, na sequência, aliviados por um desfecho que reforça mensagens de esperança e superação dos heróis protagonistas.

Esses obstáculos naturais que caracterizam o espaço das narrativas de aventura também são marcas de uma época, tendo em vista que, no século dezenove, em razão da Revolução Industrial e da urbanização crescente, predominava uma sensação de que o ser humano podia dominar a natureza.

Os textos narrativos, de modo geral, apresentam uma organização que envolve a sequência que você já estudou na Unidade 3:

Esquema. Composto de caixas de texto e setas na vertical. Os textos estão na seguinte ordem: Situação inicial; Conflito; Clímax; Desfecho.

Geralmente, a narrativa de aventura apresenta um protagonista que enfrenta essas reviravoltas.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

A inspiração dos desafios das narrativas de aventura

Observe que os desafios apresentados nas narrativas de aventura são inspirados no contexto social, econômico e político que a sociedade enfrentava em determinada época. De certa fórma, essas narrativas ajudavam a criar uma atmosfera de expectativas positivas e esperança em relação a desfechos bem-sucedidos para esses desafios.

Quando você for escrever uma narrativa de aventura, precisa se preocupar em caracterizar esses momentos. Observe, por exemplo, o terceiro parágrafo da narrativa:

De repente percebeu uma sombra que se aproximava; voltou-se de lado pensando que era o irmão e já ia perguntar: “Já voltou?”, quando viu um homem desconhecido diante dele; tinha barbas compridas, cabelos pelos ombros, estava quase nu.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 50-51.

Repare como o narrador vai descrevendo a imagem como se estivesse com uma câmera cinematográfica em mãos. Nós, leitores-espectadores, vamos percebendo o clima de ansiedade e suspense vivido por Henrique até o momento em que Simão aparece na história.

São esses elementos que nos atraem na leitura de uma narrativa de aventura e que nos fazem passar, com as personagens, por uma série de desafios e medos que, de certa vivemos junto com elas enquanto lemos o livro.

E, além da leitura, vale destacar quanto as narrativas de aventura se consolidaram nos jogos eletrônicos, desde seu surgimento, em 1976, com o jogo de texto Colossal cave adventure, cuja narrativa solicitava aos jogadores comandos simples para que transitassem entre os ambientes inspirados nas cavernas do Parque Nacional de Mammoth Cave, no Estado do Kentucky, interior leste dos Estados Unidos.

Desde então, a tecnologia e os métodos de interação nos jogos eletrônicos vêm se aprimorando. Em jogos mais recentes, o jogador é considerado coautor das narrativas e influencia diretamente os rumos que ela toma. E muitos outros formatos interativos tomam conta da cena dos games, com participação e importância ainda maior atribuídas aos jogadores em relação ao desenvolvimento das narrativas, tais como as vivências quase reais possibilitadas pelos óculos de realidade virtual, que permitem ao jogador experimentar o papel do herói em 1ª pessoa.

Fotografia. Uma menina com cabelos lisos e camiseta branca. Ela usa óculos de realidade virtual e headphones, e segura um controle em cada mão.  Ao redor dela há cubos brancos flutuando.
Adolescente usando óculos de realidade virtual.

Saiba +

As narrativas de aventura no cinema

A indústria cinematográfica emerge com fórça no final do século dezenove e início do século vinte e revoluciona a arte de contar histórias. As narrativas de aventura, a partir desse momento, sempre figuram entre os enredos mais adaptados dos livros para o cinema, pois permitem levar ao espectador toda a tensão e as provações dos heróis em aventuras por lugares inexplorados. Destacam-se os filmes Os três mosqueteiros, que embasaram pelo menos cinco versões oficiais do livro de Alexandre Dumas, de 1844; Vinte mil léguas submarinas (1954), baseado na obra de Júlio Verne; e muitos outros, entre os quais, mais atualmente, a série Harry Potter, com seus livros adaptados para o cinema.

Capa de livro. Capa composta da ilustração de um menino de cabelos curtos pretos, usando blusa amarela, calça azul, uma capa vermelha e óculos; ele está sobre uma vassoura, voando, entre dois pilares de uma construção antiga. Ao fundo há um unicórnio branco, vegetação de pinheiros e um castelo. Na parte superior há o título do livro: HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL. Na parte inferior há o nome da autora: J. K. Rowling.
Roulin, J. K. Harry Potter e a pedra filosofal. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. Capa de livro.

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A jornada do herói

Djôusef Quémbol, um dos maiores especialistas em mitologia do mundo, propôs, em seu livro O herói de mil faces, que todo herói tem uma jornada e que ela se apresenta nas narrativas de fórma cíclica. Observe, no esquema a seguir, uma representação de como o autor compreendeu a jornada do herói e como ela se encaixa no livro A Ilha Perdida:

Esquema. Composto de caixas de textos laranja e setas que se conectam.
Status quo: É a fase do começo da história. Tudo está em equilíbrio.
Seta para:  
Chamado para aventura: Algo desperta a curiosidade das personagens e elas se sentem chamadas, impelidas a desbravar a aventura. (No livro A Ilha Perdida: Henrique e Eduardo abandonam a tranquilidade da casa de seu padrinho para conhecer uma misteriosa ilha.)
Seta para:  
Ajuda: As personagens recebem ajuda de alguém para seguir em sua jornada. (No livro A Ilha Perdida: Os moradores de Taubaté explicam como é a ilha e que só é possível chegar a ela em uma canoa.)
Seta para:
Partida: As personagens decidem partir rumo à aventura. (No livro A Ilha Perdida: Henrique e Eduardo constroem a canoa e se organizam para chegar à ilha. Esse é o momento em que eles entram em um mundo especial: a ilha.)
Seta para: 
Testes: Logo que encontram o mundo especial, as personagens são desafiadas a resolver um obstáculo, um teste. (No livro A Ilha Perdida: Os adolescentes encontram dificuldade para levar a canoa ao rio e, quando chegam à ilha, eles a perdem.)
Seta para:
Provação: Nessa parte da história, as personagens acabam encontrando uma provação. É a parte de maior medo enfrentada pelo herói. (No livro A Ilha Perdida: Após a perda da canoa, percebem que o rio encheu, impedindo seu retorno, e têm de enfrentar a noite em um lugar completamente selvagem e desconhecido.)
Seta para: 
Crise: é comum que as personagens não passem na primeira provação, assim criando uma expectativa de quase derrota. (No livro A Ilha Perdida: Henrique e Eduardo se desesperam e se separam para encontrar comida e objetos que sirvam para construir uma nova canoa e voltar para casa.)
Seta para: 
Recompensa: O momento de crise é superado por uma recompensa, um tesouro. (No livro A Ilha Perdida: É aqui que se localiza o capítulo lido. Um homem aparentemente rude e selvagem aborda Henrique, que está fraco e angustiado.)
Seta para:
Desfecho: É o final do ciclo. (No livro A Ilha Perdida: Henrique se alia a Simão, encontra o irmão perdido e, juntos, constroem uma jangada.)
Seta para: 
Retorno: O herói retorna a seu mundo ordinário. (No livro A Ilha Perdida: Com a ajuda de Simão, os meninos retornam para a casa de seu padrinho.)
Seta para: 
Nova vida: A missão transforma o herói. 
Seta para:
Resolução: todas as tramas do enredo são resolvidas. 
Seta para:
Retorno ao status quo: Agora ele está em outro momento, porque se consolida como herói.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 1

Faça as atividades no caderno.

Verbos (Revisão)

1. Leia a tirinha:

Tirinha. Em 3 cenas. Personagens: Dois pinguins em uma praia. Cena 1. Os pinguins estão frente a frente conversando. O primeiro diz: TENHO UM PRIMO QUE VIVE NO ZOOLÓGICO. O segundo diz: AH, É? Cena 2. Os pinguins caminham pela praia. O primeiro pinguim diz: DISSE QUE NÃO É RUIM... Cena 3. Os pinguins continuam andando na praia. O primeiro diz: ...MAS QUE GOSTAVA MAIS QUANDO O MAR NÃO TINHA PAREDES.

. Macanudo número 1. Tradução de Claudio R. Martini. Campinas: Zarabatana Books, 2008. página 27.

  1. Qual é a crítica presente na conversa entre as personagens?
  2. Você já aprendeu que o verbo é a classe de palavra que pode expressar ação, estado ou mudança de estado, processo ou manifestação de um fenômeno da natureza. Anote em seu caderno os verbos presentes na tirinha.
  3. Todos os verbos estão no mesmo tempo (presente, passado ou futuro)? Por que isso ocorre?

Você já estudou que os verbos podem ser flexionados em número (singular, plural), em pessoa (1ª, 2ª e 3ª), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo) e tempo (presente, passado e futuro).

Os verbos, portanto, resultam da junção de um radical a uma vogal temática e a desinência modo-temporal e desinência número-pessoal. Observe como isso ocorre com o verbo cantar.

Esquema. A palavra CANTÁVAMOS centralizada na linha. 'CANT' está ligado por uma seta ao seguinte texto: O radical é o núcleo da palavra. Ele expressa seu significado básico. 'Á' está ligado por uma seta ao seguinte texto: A vogal temática indica que o verbo pertence à primeira conjugação; 'VA' está ligado por uma seta ao seguinte texto: Desinência modo-temporal indica que o verbo está flexionado no passado imperfeito do indicativo. 'MOS' está ligado por uma seta ao seguinte texto: Desinência número-pessoal indica que o verbo está flexionado na primeira pessoa do plural.

Então, quando dizemos que vamos conjugar verbos, o que vamos fazer? Apresentar todas as fórmas que um verbo pode ter ao ser flexionado. Acrescentamos ao radical a vogal temática da conjugação a que o verbo pertence e os sufixos de modo-tempo e de número-pessoa.

Faça as atividades no caderno.

Tempos verbais: passado

1. A narrativa de aventura apresenta os acontecimentos vividos por uma personagem comum que de repente se vê em uma situação incomum ou conflituosa e passa a ser representada como um herói.

Vamos reler o início do capítulo 6 do livro A Ilha Perdida:

De vez em quando Henrique assobiava para disfarçar a solidão. Arrependia-se de haver deixado o irmão ir só; desde que haviam desembarcado na ilha, só haviam cometido erros. E se Eduardo se perdesse? Quando sentiu a fome apertar, comeu outra banana e deitou-se para descansar. Sentia-se cansadíssimo. Fechou os olhos um instante, depois abriu-os novamente e, deitado de costas, ficou olhando o céu. De repente percebeu uma sombra que se aproximava; voltou-se de lado pensando que era o irmão e já ia perguntar: “Já voltou?”, quando viu um homem desconhecido diante dele; tinha barbas compridas, cabelos pelos ombros, estava quase nu. Sobre seu ombro esquerdo carregava um lindo papagaio que olhava fixamente para Henrique.

O homem também olhava Henrique sem dizer nada. Espantadíssimo, Henrique também não falava, parecia mudo. De súbito, o homem perguntou:

— O que está fazendo aqui? Não sabe que esta ilha é minha?

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 50-51.

  1. Que atividades Henrique realizou enquanto esperava o irmão retornar?
  2. Tais atividades foram realizadas antes ou depois de aparecer o homem?
  3. Os verbos do trecho narrado e do diálogo aparecem no mesmo tempo verbal? Justifique.
  4. Como você resumiria os momentos da narrativa? Quais marcas linguísticas poderíamos usar para organizar essa síntese do trecho?

A maioria dos verbos que estão no trecho indica ações ou estados que aconteceram antes do momento em que a história é contada. Por isso, eles estão no passado, uma vez que os fatos narrados aconteceram antes de serem enunciados. Denominamos esse tempo verbal de passado (ou pretérito).

Quando observamos os verbos na fala do homem, eles estão no presente. É como se as falas das personagens acontecessem no mesmo momento da enunciação da história.

2. Volte ao trecho. Identifique todos os verbos ou locuções verbais que estão no passado e anote-os em seu caderno.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Locução verbal

Lembre-se de que locução verbal é a expressão formada por verbo auxiliar seguido de verbo principal, por exemplo: Eu vou fazer um bolo. O verbo auxiliar aparece como vou (do verbo ir) e indica que a ação será realizada no futuro. Já fazer é o verbo principal e indica a ação que será feita. Como podemos notar, o verbo auxiliar sempre virá conjugado, enquanto o principal virá em sua fórma nominal: infinitivo, gerúndio ou particípio. Observe: Eu estou fazendo um bolo; Eu tenho feito bolo ultimamente.

Faça as atividades no caderno.

3. Observe as orações a seguir:

Henrique assobiava para disfarçar a solidão.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 50.

Henrique assobiou para disfarçar a solidão.

Que diferença de sentido existe entre as orações?

Observe as fórmas que os verbos no passado podem assumir.

Passado imperfeito do indicativo

4. Leia a tirinha a seguir:

Tirinha. Uma cena. Da esquerda para a direita da imagem há uma minhoca verde que sorri e caminha sobre a terra, que também sorri; sobre a terra, há uma flor vermelha, que sorri; próximo à flor há uma borboleta preta e cor-de-rosa, que sorri; próximo à borboleta, há uma nuvem branca, que sorri; próximo à nuvem, há um céu azul, que sorri; no céu, há um pássaro azul voando. Ao longo da tirinha, da esquerda para a direita, há o texto: a minhoca que a adorava a terra, que venerava a flor, que admirava a borboleta, que idolatrava a nuvem, que amava o céu, que olhava o pássaro, que desejava. Ao final do texto, debaixo do termo 'que desejava', há uma linha tracejada que percorre a base da tirinha e termina em uma seta que aponta para o início do texto.

GOMES, Clara. Bichinhos de jardim. O Globo, Rio de Janeiro, 26 agosto 2017. Segundo Caderno, página 6.

  1. Ao final da leitura da tirinha, uma linha tracejada indica que devemos voltar ao começo, em uma espécie de ciclo que se repete. Responda: quem desejava o quê? Qual é o sujeito e qual é o objeto direto do verbo desejar?
  2. Os verbos da tirinha estão no passado. Eles indicam que as ações foram realizadas e finalizadas ao mesmo tempo ou continuaram a acontecer depois que foram realizadas?

Os verbos presentes na tirinha – adorava, venerava, admirava, idolatrava, amava, olhava, desejava – indicam uma ação com certa duração no tempo. Denominamos esse tempo verbal de passado imperfeito do indicativo.

Passado perfeito do indicativo

5. Leia a história em quadrinhos, em que Batu, um garoto, está contando a Tútum, seu animal de estimação, sobre o jantar na casa de Boris, seu amigo.

História em quadrinhos. Em 6 quadros. Personagens: Batu, um menino com cabelos laranja usando pijama amarelo. Tútum, um cachorro com rosto comprido que anda sobre duas pernas; ele segura um copo com canudo e ao lado dele há uma garrafa. Eles estão em um quarto; Batu está sentado de perfil em sua cama e Tútum está diante dele. Cena 1. Batu diz: HOJE JANTEI NA CASA DO BORIS. Cena 2. Batu continua a dizer: COMEM ASSISTINDO AO JORNAL. Cena 3. Batu continua a dizer: NINGUÉM FALA... Cena 4. Batu continua a dizer: SÓ A TELEVISÃO. Tútum pega a garrafa e despeja o líquido no copo. Cena 5. Tútum leva o copo na direção de Batu, que estende o braço para pegá-lo. Cena 6. Batu está com o copo na mão, com o canudo próximo à boca, e diz: SE PERCEBE QUE LHES INTERESSA MAIS O QUE ACONTECE COM OUTRAS PESSOAS.

TUTE. Batu 1. Tradução de Claudio Roberto Martini. Campinas: Zarabatana Books: 2010. página 69.

Faça as atividades no caderno.

  1. O que mais incomodou Batu nessa visita?
  2. Há, na história em quadrinhos, verbos e locuções verbais que indicam as ações feitas por Batu. Anote-os em seu caderno, separando-os em presente e passado.

Para contar a Tútum o que havia feito, Batu usa o verbo jantei, no primeiro quadro. Esse verbo indica que a ação foi realizada no passado e já foi finalizada. Denominamos esse tempo verbal de passado perfeito do indicativo.

Passado mais-que-perfeito do indicativo

6. Releia um trecho do texto de abertura da Leitura 1:

O homem começou a andar pela areia; humildemente, Henrique acompanhou-o; sentia dor nos pés e na cabeça. Foi mancando atrás do homem que andava depressa; olhou para trás com pena de deixar a jangada já começada. Entraram pela mata adentro. Henrique teve a ideia de deixar algum sinal para Eduardo saber o que acontecera, mas não havia nada que pudesse fazer. Então espetou o canivete numa árvore pequena na entrada da mata. Eduardo havia de descobrir o canivete enterrado ali e havia de desconfiar, quem sabe até seguiria o mesmo caminho.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 52-53.

  1. No trecho, os verbos estão no passado. Por quê?
  2. Todos os verbos estão conjugados no mesmo tempo verbal? Justifique.

O narrador da história está contando como os fatos ocorreram durante a caminhada de Henrique e do homem desconhecido pela floresta. Os verbos estão no passado, pois tais fatos aconteceram antes do momento da enunciação, ou seja, antes do momento em que o narrador está contando a história. Você deve ter reparado que há um verbo diferente entre os demais: acontecera. Usamos um tempo verbal específico quando queremos indicar uma ação que aconteceu antes de outra ação que também ocorreu no passado. Ou seja, o sinal na árvore indicará ao irmão de Henrique algo que aconteceu em um tempo anterior ao que o narrador usa para contar a história. Denominamos esse tempo verbal de passado mais-que-perfeito.

Faça as atividades no caderno.

Passado imperfeito do subjuntivo

7. Leia a tirinha:

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Jon, um homem com cabelos castanhos e ondulados e olhos grandes. Garfield, um gato robusto, alaranjado, com listras pretas e olhos grandes. Eles estão frente a frente.  Cena 1. À esquerda está Jon. Ele olha para Garfield e diz: SABE, GARFIELD... Garfield olha para ele. Cena 2. Olhando para Garfield, Jon diz: SERIA UMA PENA SE EU FOSSE ALÉRGICO A PELO DE GATO. Garfield olha para ele e pensa: POIS É. Cena 3. Jon continua olhando para Garfield. Garfield pensa: EU IA TER QUE ME LIVRAR DE VOCÊ.

dêivis, djim. Garfield. Folha de São Paulo, São Paulo, 6 fevereiro 2015. Ilustrada, página E7.

  1. Por que os balões da personagem Garfield são desenhados de fórma diferente?
  2. No segundo quadrinho, o segundo verbo da fala de Dion indica uma certeza? Por quê?
  3. Quais fórmas verbais há no segundo quadrinho?
  4. Elas pertencem ao mesmo modo verbal? Justifique.
  5. Em qual tempo elas estão?

Você observou que Jon apresenta uma possibilidade a Garfield: caso ele fosse alérgico a pelo de gato, seria uma pena, pois provavelmente ele não poderia ter o gato como seu animal de estimação. Quando apresentamos possibilidades, usamos o modo subjuntivo.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Tempos compostos: passado

fórmas verbais que são compostas de dois verbos, denominadas tempos compostos. No pretérito, em vez do mais-que-perfeito simples, é comum utilizarmos as fórmas compostas. Observe:

De vez em quando Henrique assobiava para disfarçar a solidão. Arrependia-se de haver deixado o irmão ir só; desde que haviam desembarcado na ilha, só haviam cometido erros. E se Eduardo se perdesse?

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 50.

Observe as fórmas verbais haviam desembarcado e haviam cometido. Elas são fórmas verbais do passado mais-que-perfeito composto do modo indicativo. A fórma simples seria: desembarcaram e cometeram.

Os outros tempos verbais do passado também têm fórmas compostas.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia o trecho inicial do livro O lar da senhorita. Peregrine para crianças peculiares e responda às questões propostas:

Eu tinha acabado de aceitar que minha vida seria banal quando eventos extraordinários começaram a acontecer. O primeiro deles me causou um choque tremendo e, como tudo que nos transforma para sempre, dividiu minha vida em duas partes: o Antes e o Depois. Do mesmo modo que muitos dos outros eventos extraor­dinários que estavam por vir, esse primeiro envolvia meu avô, Abraham Portman.

Durante toda a minha infância, vovô Portman foi a pessoa mais fascinante do meu mundo. Ele tinha morado num orfanato, lutado em guerras, atravesssado oceanos em navios a vapor, cruzado desertos a cavalo e trabalhado como artista de circo. Ele sabia tudo sobre reticências defesa pessoal e sobrevivência na natureza, além de falar pelo menos três idiomas. Tudo parecia inexplicavelmente exótico para uma criança que sequer tinha saído da Flórida. Sempre que o via, eu insistia para que me brindasse com mais histórias, e ele sempre cedia, contando-as como se fossem segredos que só podia confiar a mim.

Aos seis anos, concluí que precisava me tornar explorador caso quisesse ter uma vida emocionante como a que meu avô tivera, ou ao menos o mais próximo disso. E ele me encorajou a isso. Passava tardes examinando mapas-múndi comigo, imaginando expedições cujo trajeto marcava com alfinetes de cabeça vermelha no atlas e descrevendo os lugares fantásticos que um dia eu descobriria. Em casa, eu expressava minhas ambições andando de lá para cá com um binóculo de papelão e gritando “Terra à vista!”, ou “Preparar para desembarque!”, até meus pais me enxotarem para o quintal. Acho que eles temiam que meu avô me infectasse com seus devaneios incuráveis e que essas fantasias atuassem como uma vacina danosa, anulando ambições mais práticas. Minha mãe um dia se sentou comigo e me explicou que eu não podia me tornar explorador porque todos os cantos do mundo já haviam sido descobertos. Eu nascera no século errado, e me senti traído.

ríguis, rênsón. O lar da senhorita. Peregrine para crianças peculiares. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. página 8.

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O lar da senhorita. Peregrine para crianças peculiares

De autoria de , escritor e cineasta estadunidense, o livro começa contando a história de Jacob­ Portman, um garoto de 16 anos, investigando a morte misteriosa de seu avô. No meio da aventura, ele é levado a um casarão abandonado em uma afastada ilha do País de Gales. Esse casarão abrigava crianças com dons especiais, protegidas pela diretora do local, a Peregrine.

Capa de livro. Capa composta de uma fotografia em preto e branco de uma menina com cabelos claros e compridos, usando um vestido branco na altura dos joelhos, meia-calça e sapatos. Ela está em pé e flutua, a uma curta distância do chão. Debaixo dela há um chão de terra e pedras. Ao fundo, há galhos secos e pedras. Na parte superior da capa há o nome do autor:  RANSOM RIGGS. Na parte inferior há o título do livro: O LAR DA SENHORITA PEREGRINE PARA CRIANÇAS PECULIARES.
ríguis, rênsón. O lar da senhorita. Peregrine para crianças peculiares. São Paulo: Intrínseca, 2016. Capa de livro.

Faça as atividades no caderno.

  1. No texto, o que o garoto está relatando?
  2. Observe os verbos desse texto. A maioria está em qual tempo?
  3. Você considera esse tempo verbal apropriado para esse gênero textual? Por quê?
  4. Considerando o modo verbal, qual é o predominante no texto?
  5. Identifique as fórmas verbais compostas do texto e transcreva-as.
  6. Você viu que os verbos no passado não são todos iguais; eles assumem um tempo específico conforme a necessidade. Releia o trecho a seguir e observe as fórmas no passado.

Ele sabia tudo sobre reticências defesa pessoal e sobrevivência na natureza, além de falar pelo menos três idiomas. Tudo parecia inexplicavelmente exótico para uma criança que sequer tinha saído da Flórida. Sempre que o via, eu insistia para que me brindasse com mais histórias, e ele sempre cedia, contando-as como se fossem segredos que só podia confiar a mim.

ríguis, rênsón. O lar da senhorita. Peregrine para crianças peculiares. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. página 8.

  • A maioria pertence a qual tempo verbal?
  • Qual efeito o uso desse tempo verbal traz à história?

2. Leia a tirinha:

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Armandinho, um menino de cabelos azuis usando blusa laranja e short azul. Mulher idosa, destaque para as pernas de uma mulher de vestido estampado, meia-calça e sapatos, usando uma bengala. Pai de Armandinho, destaque para as pernas de um homem usando calça e sapatos. Cena 1. Armandinho está de perfil olhando para cima; atrás dele há um sapo. A mulher, fora do quadro, diz: NAQUELA ÉPOCA, O MUNDO ERA MUITO DIFERENTE... Cena 2. A mulher aparece à esquerda do quadro e continua a dizer: ...NÃO EXISTIA TELEFONE, RÁDIO, NEM TEVÊ... Armandinho continua a olhar para ela, junto ao sapo. Cena 3. Olhando para ela, Armandinho diz: VOCÊS SÓ USAVAM A INTERNET? Atrás dele estão o sapo e o pai de Armandinho.

béc, Alexandre. Armandinho oito. Florianópolis: á cê béc, 2016. página 79.

  1. Armandinho está conversando com uma pessoa mais velha que está narrando um pouco de como era viver antigamente. Você já pensou em viver em um mundo sem as tecnologias de hoje? Como você imagina que seria?
  2. Identifique as palavras na tirinha que indicam uma recordação.
  3. Observe os verbos do texto. Eles estão em qual modo? Em qual tempo verbal? Por quê?
  4. Converse com alguém mais velho. Pode ser alguém da sua família, algum funcionário da escola ou alguém de seu bairro. Pergunte sobre as diferenças que ele ou ela vê nos jovens de hoje comparando-as com as do passado. Depois, escreva em seu caderno o que ele ou ela apontou como principais diferenças. Use verbos no passado.

Faça as atividades no caderno.

Palavras homônimas e parônimas

1. Releia este trecho de A Ilha Perdida:

Com surpresa Henrique viu de repente um caminho sem arbustos, sem cipós, sem árvores; era uma pequena estrada bem limpa, sem nada que atrapalhasse os caminhantes.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 53.

Nesse trecho, a palavra caminho significa estrada. No entanto, também é possível que caminho tenha outro significado em outra situação de uso da língua. Por exemplo:

Eu caminho 5 quilômetros todos os dias.

  1. Dê um sinônimo para a palavra caminho na última oração.
  2. A que classe de palavras pertence a palavra caminho no trecho de A Ilha Perdida?
  3. E na segunda situação de uso?

2. Você conhece outras palavras que tenham significados diferentes dependendo do contexto em que estejam inseridas? Pesquise, converse com seus colegas e faça uma lista de palavras desse tipo.

Você notou que uma mesma palavra pode ter vários significados de acordo com o contexto em que é usada. Denominamos essas palavras de homônimas.

Há diferentes tipos de palavras homônimas:

  • homônimas perfeitas: são palavras pronunciadas e escritas de maneira idêntica. Exemplo: caminho, do verbo caminhar e do substantivo caminho;
  • homônimas homófonas: palavras que possuem o mesmo som, mas são escritas de maneira diferente. Exemplo: assento e acento;
  • homônimas homógrafas: palavras escritas de fórma igual, mas com sons diferentes. Exemplo:

– Você conhece o jogo érre pê ge?

– Sim, eu jogo sempre!

Há também palavras que são diferentes, mas são pronunciadas e escritas de fórma parecida. Observe:

Qual é o comprimento dessa mesa?

Eu cumprimento sempre meus colegas na entrada.

Comprimento e cumprimento possuem grafia e sons parecidos, mas não têm o mesmo significado, são palavras diferentes. Enquanto comprimento é um substantivo e indica a extensão de um objeto, cumprimento pode ser um substantivo (o cumprimento) ou uma fórma verbal do verbo cumprimentar, no presente (eu cumprimento), que indica a saudação a alguém. Essas palavras são parônimas.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia a tirinha:

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Armandinho, um menino com cabelos azuis. Pai de Armandinho, destaque para as pernas de um homem usando calça e sapatos. Cena 1. Armandinho está com um sapo dentro de uma cesta grande. Na parte superior do quadrinho há o texto: Adoramos cestas... Cena 2. Armandinho e o sapo estão deitados no sofá de barriga para cima, sorrindo. Na parte superior do quadrinho há o texto: ADORAMOS SESTAS... Cena 3. Armandinho está usando óculos de natação, boia na cintura e calção de banho; sobre sua cabeça está o sapo, sorrindo e usando um chapéu, e diante dele, de costas para ele, está seu pai. Na parte superior do quadrinho há o texto: ...ADORAMOS SEXTAS!

béc, Alexandre. Armandinho cinco. Florianópolis: á cê béc, 2015. página 19.

  1. O que causa o humor na tirinha?
  2. As palavras usadas por Armandinho são homônimas ou parônimas? Por quê?

2. Leia outra tirinha:

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Armandinho, menino com cabelos azuis, usando camiseta branca e short azul. Amigo de Armandinho, menino de cabelos pretos espetados, usando camiseta amarela e short azul. Entre os dois personagens, há um sapo. Cena 1. Armandinho segura um livro e, olhando para o livro, diz: SÃO AS MATAS QUE PROTEGEM OS RIOS! O amigo de Armandinho olha para ele. Cena 2. Com uma expressão de desconfiança, o amigo de Armandinho diz: AH TÁ! EU QUERO A FONTE! Armandinho olha para ele, segurando o livro aberto. Cena 3. Olhando para o amigo, com o livro fechado debaixo do braço, Armandinho diz: EU TAMBÉM! E ELAS ESTÃO SECANDO POR CAUSA DO DESMATAMENTO!

béc, Alexandre. Armandinho nove. Florianópolis: á cê béc, 2016. página 41.

  1. Sobre o que Armandinho e seu colega estão conversando?
  2. O que o garoto quer saber com “Ah tá! Eu quero a fonte!” no segundo quadrinho?
  3. Armandinho compreende da mesma fórma o que o colega diz? Por quê?
  4. Qual palavra causa o desencontro de informação entre os dois?
  5. Qual é a crítica presente na tirinha?
  1. Em duplas, verifiquem quais palavras vocês conhecem que são homônimas e parônimas.
    1. Escrevam essas palavras no caderno, separando-as em homônimas e parônimas.
    2. Comparem as respostas com outras duplas e encenem situações cotidianas em que essas palavras podem ser empregadas, aplicando os diferentes efeitos de sentido produzidos nos contextos de uso.

Leitura 2

Contexto

Você vai ler agora outra narrativa de aventura. Nessa história, você conhecerá Renato, um adolescente de 13 anos que adora jogar videogame e, quando vai passar as férias na casa de seu avô, leva escondido um jogo portátil. Tudo vai bem até que, durante um passeio, o avô e ele acabam sendo rendidos por um grupo de bandidos. Renato consegue escapar e passa a fazer de tudo para salvar o avô, mas logo percebe algo estranho: está em um universo paralelo, dentro de seu jogo. Será que tudo realmente aconteceu ou não passou de sua imaginação?

Afonso Machado

AUTORIA

Nascido em Minas Gerais, Afonso Machado escreveu O mestre dos games, seu primeiro livro infantojuvenil, em Embu Guaçu (Minas Gerais), onde vive atualmente. Machado é também publicitário e já escreveu contos e romances para adultos.

Antes de ler

Agora que você conhece algumas características das narrativas de aventura, utilize o que você já sabe para responder às questões, antes de ler o texto.

  • Pela leitura do título do capítulo, com qual acaso você acha que Renato vai se deparar?
  • O que você acha que aconteceu dentro do jogo que Renato estava jogando?
  • Será que o game poderá ajudá-lo no resgate de seu avô?

O acaso

Renato se viu, então, diante de uma clareira.

Depois que decidiu seguir pelo lado leste da encruzilhada, depois do que pareceu ter sido um arco-íris sobre a sua cabeça, chegou à clareira.

Imediatamente pensou que sua decisão tinha sido acertada, pois estava num lugar muito diferente de tudo que havia visto antes. Por um momento, enquanto caminhava apressado por entre as flores que cresciam baixas colorindo a trilha, teve a impressão de que estava sendo vigiado. Parou de repente e olhou ao redor; os dedos no controle do game, prontos para um movimento rápido. Deu mais alguns passos, parou e olhou subitamente para trás, como fazem os detetives nos filmes: não, ninguém por ali o espreitava, era apenas impressão.

Nada além das flores ao redor, balançando suavemente com o soprar do vento, para lá e para cá. Nada além das cores delicadas e ondulantes, como num balé mágico a implorar audiên­cia. Ah, como gostaria de estar naquela clareira ao lado do avô e desfrutar com ele a beleza da paisagem. Como o avô iria gostar de ver todas aquelas flores juntas, sentir o perfume, ver os pássaros sobrevoá-las. Como gostaria de mostrar ao avô o local mágico que encontrara. Mas não havia tempo. Não podia permanecer ali ou em qualquer lugar que fosse por mais de um segundo. Precisava, antes, encontrar o avô. Precisava caminhar o mais rápido possível.

Seguiu pela trilha que atravessava a relva em toda a sua extensão. De repente, a sensação de que estava sendo observado voltou a se intensificar. Olhos que o vigiavam desde a mata. Mas, por mais que tentasse, não conseguia localizá-los. Com todo o cuidado do mundo, com firmeza, continuou a cruzar a clareira, quando começou a sentir um cheiro diferente, que não parecia ser só o do perfume das flores. Talvez um cheiro de comida. Comida sendo preparada, pensou consigo mesmo. Sim, sim, poderia ser! Um cheirinho bom de feijão no fogo. Um aroma tão inebriante que o fez lembrar de sua casa e até ouvir o barulho ritmado da panela de pressão. Porém, a fome era tanta que poderia estar apenas imaginando, tal como acontece com as miragens no deserto, pensou. Há quanto tempo não comia nada além de bananas que amarelavam nos cachos e uma ou outra fruta que ia encontrando pelo caminho? Ninguém era capaz de imaginar a fome que sentia!

Renato tentou se deixar conduzir pelo cheiro. Mais à frente a clareira terminava e voltava a dar lugar ao mato denso. Procurou por um local onde fosse mais fácil penetrar na mata. Com muito cuidado, decidia onde colocar os pés para que um espinho ou, pior, uma cobra, uma aranha, ou o que quer que fosse não o surpreendesse. Perdera um pé do tênis ao se livrar do ninja, e tivera que se desfazer do pé que restara para facilitar o equilíbrio. Agora, porém, o tanto que correra, o tanto que já caminhara descalço, fizera que desse passos mais decididos. As solas dos pés já não doíam como antes.

O cheiro parecia cada vez mais intenso. Foi então que uma cor vermelha começou a se destacar entre o verde-escuro da mata. Renato localizou o telhado não muito longe de onde estava, num declive, na encosta de um morro que se descortinava bem à frente. Apressou o passo esperançoso, mas, ao mesmo tempo, com cautela. Tudo parecia calmo. Chegou a pensar que jamais alguém escolheria um lugar assim para morar, longe de tudo. Aguçou ainda mais os sentidos, os dedos nas teclas do game, atento para qualquer emergência.

Sim, era uma construção pequena, inacabada, cercada de mato por todos os lados. E era tudo. Como alguém poderia viver num lugar daqueles?

Renato podia ver a chaminé e a rala cortina de fumaça subindo em mechas e se desfazendo no céu. E que se desprendia (a fome aguçou sua imaginação) do feijão que cozinhava lentamente num fogão a lenha. Era a prova que faltava para se certificar de que realmente morava alguém ali, mas ele precisava ser cuidadoso. Por isso continuou na espreita, agachado entre os arbustos, sem saber como agir.

Foi quando concluiu que aquele era um esconderijo perfeito.

De repente, a porta se abriu. Em seguida, Renato viu surgir um cão, um enorme cão rajado. Tinha a cabeça tão grande, tão grande, que parecia duas. O cão atravessou a soleira da porta e parou, atento. Levantou as orelhas, que em seguida se aprumaram em linha, e começou a farejar o ar em sua direção.

* * *

Enquanto o cão se aproximava perigosamente, Renato continuou quieto, em seu canto. Paralisado.

Por alguns segundos, prendeu a respiração para não fazer nenhum barulho. E, quando o cão já estava a poucos metros, farejando o ar, fuçando o chão aqui e ali à procura de algo, Renato ajeitou melhor o controle e pensou que tudo que tinha a fazer, o que lhe restava fazer naquele momento, era simplesmente deixar que acontecesse o que tinha de acontecer.

Lembrou-se de ter aprendido com um samurai, num dos poucos livros que lera até o fim (pois gostara muito dele), que tomar a iniciativa num combate, surpreendendo o adversário, quase sempre é a melhor tática. Por outro lado, saber esperar o momento certo para agir é também um modo eficiente de lutar. O importante é ter o domínio da situação e fazer a escolha certa. Quem dita se esta ou aquela conduta é a melhor para um determinado combate não deve ser ninguém mais do que o próprio lutador — o seu coração, a sua intuição. “É preciso aprender a confiar na intuição como sendo um Deus, um Deus interior”, lembrou-se do ensinamento do samurai. E o coração de Renato pedia que ele continuasse quieto, esperando, para ver no que daria aquilo tudo.

O cão continuava a farejar bem à sua frente. Embora ele fosse chegando cada vez mais perto, a ponto de eliminar qualquer chance de fuga, Renato manteve-se imóvel. Nada de sair correndo, decidira.

Então o acaso veio em seu socorro.

Logo acima da cabeça de Renato, entre os galhos da árvore alta, ouviu-se um estrondo. Em seguida, o som de folhagem se agitando como se uma ventania forte soprasse somente ali, na ponta daquele galho. Ele instintivamente olhou para cima: de onde vinha o barulho?

Viu pousar a ave gigantesca.

Percebeu, nitidamente, que era uma estranha fórma de ave, como nunca havia visto.

Com todo aquele tamanho, o de uma pessoa, ou quase, como conseguia voar?

Sua plumagem era multicolorida. A cauda longa, prateada, e em torno do pescoço, como um colar de várias voltas, a penugem de um vermelho vivo. Um penacho amarelo, como um topete despenteado, caía sobre a sua cabeça. Os olhos redondos, inquisidores, contornados por uma auréola branca.

Ainda que fosse uma ave enorme, muito maior do que um galo, um peru, uma avestruz ou um condor, tinha uma agilidade incrível para seu tamanho. As pernas compridas, como as das cegonhas, equilibrando-se sobre o galho que cedia ao seu peso, como se fosse partir.

Assim que Renato avistou a ave no alto, reflexo contínuo, a ave também o localizou no chão, escondido entre os arbustos. Num instante: olhos nos olhos! Um instante que pareceu durar uma eternidade.

Então se lembrou da presença do cão: a baba a escorrer da boca escancarada, os olhos vermelhos, o pelo eriçado — e o cão também olhava para cima, na direção da ave.

Renato pensou que a ave que pousara na árvore — ou o que quer que aquilo fosse —, naquele momento, dava a ele a chance de se livrar do cão. Porque, naquela confusão de olhares e de galhos se agitando, ele poderia fugir, correr, e pressentia que jamais seria alcançado. Porém, uma confiança cega, uma vontade inexplicável de se deixar ali, apesar do risco e do medo, foi aos poucos invadindo o seu coração. Uma simples e inconfundível vontade de ficar, uma calma infinitamente maior do que a vontade de fugir.

Olhou novamente para o cão, que agora emitia uivos estranhos para o alto e parecia ter se esquecido dele, ali, escondido. Então presenciou algo que jamais iria esquecer no resto de seus dias: o cão, aos poucos, foi mudando de fisionomia. Foi se desenhando um largo sorriso onde antes era a boca enorme, que, em vez de latidos ou uivos, exprimia uma espécie de ruído, de canto, num ritmo lento que parecia dizer:

Oh!, Fênix Celestial. Sinto-me honrado com a sua visita.

Não! Não podia acreditar no que estava vendo e, muito menos, ouvindo! Renato piscou os olhos várias vezes. Como? Um cão, que já não é mais cão, falar com uma ave? Será que, sem perceber, havia acionado o controle do game por engano?

Ficou mais surpreso ainda ao ouvir a estranha ave dizer:

— Olá, Guia das Trevas. Há quantas eras não nos vemos!

Quando falava, o penacho amarelo movimentava-se no ritmo das palavras que sibilavam numa espécie de gorjeio:

— Você bem sabe, Guia das Trevas... De longe, muito longe, sente-se o aroma de sua comida, que é o seu talento. Ele atrai, é convidativo. Posso sentir que não perdeu, com o passar do tempo, sua habilidade essencial.

Enquanto ouvia aquele diálogo absurdo, Renato pensou estar sonhando. A ave continuou:

— Desta vez vim com uma missão secreta e temos que ser rápidos. O Mestre dos Jogos pede a nossa ajuda.

— Por que o Mestre escolheu a nós?

— Porque aquele que necessita de nossos préstimos ama os meus irmãos alados, como também ama os seus irmãos canídeos. Onde mora, cuida deles como verdadeiros filhos. Mas ele é um velho e corre perigo mortal. É chegada a hora de retribuir o carinho e a consideração que tem para com todos nós.

— Estamos sós nesta missão, Fênix Celestial?

— O Mestre, se for preciso, irá convocar a ajuda de outros membros da confraria. Fomos escolhidos também porque nós, as aves, acordamos cantando todas as manhãs, e voamos alto fazendo a união da terra com o céu. Essa é a esperança do Mestre para com o velho e, de resto, para com os homens. E você, Guia das Trevas, o melhor amigo do homem, por ter por ele um amor que não exige nada em troca. Talvez consiga guiar um jovem através da sorte e dos azares do destino, para que cresça também nos jogos da vida, aprendendo a fazer as escolhas certas e se transformar em Mestre. Por tudo isso, fomos escolhidos. Vamos, o que está esperando? Convide-me logo a descer desta árvore e a sentar à mesa em sua companhia, para que eu possa responder às perguntas sobre a nossa missão e colocá-lo a par dos acontecimentos.

Aquilo era demais! Muito mais do que incrível. Renato nunca presenciara nada igual antes e duvidou de que estivesse realmente acontecendo. Quem, com exceção do avô, iria acreditar quando contasse? Nem mesmo seu tio André, que gostava de jogos e sempre falava com ele sobre a existência de coisas estranhas, iria acreditar. Em meio a tanta incredulidade e dúvidas, Renato lembrou-se do game em suas mãos. Ah, sim! Era isso. O jogo, supôs. Uma nova fase que havia começado! Conferiu o mostrador:

FASE

PONTOS

3/7

3.816


Ora! Bastava então apertar uma das teclas, qualquer que fosse, para a direita ou para a esquerda, e provocar uma mudança no ambiente, no cenário, em tudo. Apertar uma das teclas e, com certeza, reverter o rumo dos acontecimentos. Fazer a ave desaparecer, ou a ave não ser mais ave. Fazer o cão voltar a ser cão de verdade, e não umreticências um o quê? Algo que conversa com umareticências ave?!

Renato estava prestes a usar o controle, havia mesmo se decidido. O dedo já estava sobre a seta para cima, mas, sem compreender bem o motivo, desistiu.

Afinal, para quê? Por que não se deixar embarcar naquela história maluca? Além de que, por enquanto, não existia nenhum motivo para usar o controle. Não! Não se sentia ameaçado por ninguém, por nada. Ao contrário, desconfiava, tinha quase certeza, de que tanto o cão como a ave sabiam da sua presença ali, e pouco se importaram com ele.

E assim, mesmo que não soubesse o melhor a fazer, ou se estava se arriscando demais, decidiu continuar quieto, escondido entre os arbustos, simplesmente esperando como seu coração mandava. O que tivesse de acontecer, que acontecesse.

MACHADO, Afonso. O mestre dos games. São Paulo: Ática, 2008. página 40-46.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Após a leitura, explique como você compreendeu o acaso a que o título se refere.
  2. Antes de ler o texto, você levantou hipóteses sobre a função do jogo na história. Depois de ler, suas hipóteses se confirmaram?
  3. Renato encontra dois aliados no jogo, que, aparentemente, o ajudarão a resgatar seu avô. Quais são os epítetos dessas personagens?

Saiba +

Epítetos

São palavras ou expressões que dão nome a algumas personagens, representando suas características positivas ou negativas. É uma espécie de apelido.

  1. Relembre com seus colegas a função da tensão em uma narrativa de aventura e, em seguida, responda em seu caderno:
    1. Que tensão marca o início da história que você leu?
    2. Como essa tensão se desenvolve na sequência da narrativa?
  2. O que orienta Renato a encontrar a morada do cão? Explique com elementos do texto.
  3. Explique com suas palavras o que teria motivado o autor a construir a orientação da personagem desse modo.
  4. Como os cenários são descritos nessa narrativa de aventura? O olhar dessa descrição é do narrador ou de alguma personagem?
  5. Diferentemente do que vimos no trecho de A Ilha Perdida, a narrativa de aventura no livro O mestre dos games assume características mágicas. Você notou diferenças entre as narrativas? Em que momento encontramos em “O acaso” esse elemento mágico?
  6. Quando a Fênix Celestial e o Guia das Trevas conversam, eles se referem a um “jovem a ser guiado” por eles.
    1. Quem seria esse jovem?
    2. O que se pode inferir sobre o que ocorrerá no restante da narrativa a partir desse diálogo?
  7. Observe a imagem retirada do texto lido, reproduzida a seguir.

FASE

PONTOS

3/7

3.816


  1. O que ela representa?
  2. Como é possível interpretar essa imagem em relação à narrativa?

11. Leia as afirmações e copie no caderno apenas aquela que está correta ou aquelas que estão corretas em relação aos tipos de discurso presentes no texto:

Versão adaptada acessível

11. Leia as afirmações e registre apenas aquela(s) que está(ão) correta(s) em relação aos tipos de discurso presentes no texto:

um Há apenas discurso direto.

dois Há apenas discurso indireto.

três Predomina o discurso indireto livre.

quatro Há discurso direto e indireto livre, apenas.

Há discurso direto e indireto, apenas.

Há discurso direto, indireto e indireto livre.

  1. Quais trechos da narrativa comprovam o tipo de discurso usado ou os tipos de discurso usados? Transcreva esses trechos no caderno e analise as marcas linguísticas presentes neles.
  2. A leitura do capítulo “O acaso” faz você se lembrar de algum jogo de videogame, érre pê ge ou outra narrativa de aventura? Converse com seus colegas a respeito.
  3. Há um momento no capítulo em que o narrador conta o que Renato aprendeu com um samurai “num dos poucos livros que lera até o fim”. Você tem o hábito de ler? Qual foi o último livro que leu e o que aprendeu com ele?
  4. Assim como Renato, você já participou de um jogo de aventura que tivesse uma história emocionante como base? Recomende esse jogo de aventura para sua turma de uma fórma diferente: faça um videominuto ou quadrinhos para realizar essa indicação.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 2

Faça as atividades no caderno.

Parágrafo

1. Observe o início do capítulo “O acaso”:

Renato se viu, então, diante de uma clareira.

Depois que decidiu seguir pelo lado leste da encruzilhada, depois do que pareceu ter sido um arco-íris sobre a sua cabeça, chegou à clareira.

Imediatamente pensou que sua decisão tinha sido acertada, pois estava num lugar muito diferente de tudo que havia visto antes. Por um momento, enquanto caminhava apressado por entre as flores que cresciam baixas colorindo a trilha, teve a impressão de que estava sendo vigiado. Parou de repente e olhou ao redor; os dedos no controle do game, prontos para um movimento rápido. Deu mais alguns passos, parou e olhou subitamente para trás, como fazem os detetives nos filmes: não, ninguém por ali o espreitava, era apenas impressão.

MACHADO, Afonso. O mestre dos games. São Paulo: Ática, 2008. página 40.

Levante uma hipótese com um colega: que critério é utilizado para mudar de linha nesse trecho?

Para que um texto faça sentido e siga uma progressão de ideias, é preciso que ele esteja bem organizado e dividido em parágrafos. E o que é parágrafo?

Parágrafo é a combinação de um ou mais períodos, em que determinada ideia central se agrega a outras, tidas como secundárias, e que estão relacionadas pelo sentido que elas têm. Dessa fórma, cada parágrafo carrega consigo uma ideia, representa uma unidade.

Para iniciarmos um parágrafo, tanto manuscrito quanto digitado, devemos dar um pequeno espaço do lado esquerdo para que o leitor consiga identificá-lo.

Parágrafo narrativo

No texto narrativo, como os que você leu nesta Unidade, há um narrador contando uma história; esse narrador pode ou não estar participando dos fatos.

Na construção de parágrafos narrativos, a ideia central será o incidente, ou seja, um episódio curto ou um fragmento de episódio. O relato de um episódio, fictício ou real, demanda que alguns elementos estejam presentes, como você já estudou.

Vamos retomar:

O quê – o fato, a ação (enredo)

Quem – personagens (protagonistas e antagonistas)

Como – o modo como aconteceu o fato ou a ação

Onde – o lugar do episódio

Por quê – a causa, a razão ou o motivo do acontecimento

Quando – o momento ou a época em que ocorreu o fato

Por isso – o resultado ou a consequência da ação

Ainda que nem todos esses elementos estejam presentes, é essencial que apareçam quem e o quê, pois sem eles não é possível haver narração. Normalmente, todos esses elementos aparecerão em narrativas completas, como contos e romances.

Vamos ver um exemplo em outro trecho do capítulo “O acaso”:

Esquema. Texto: Enquanto o cão se aproximava perigosamente, Renato continuou quieto, em seu canto. Paralisado. Por alguns segundos, prendeu a respiração para não fazer nenhum barulho. E, quando o cão já estava a poucos metros, farejando o ar, fuçando o chão aqui e ali à procura de algo, Renato ajeitou melhor o controle e pensou que tudo que tinha a fazer, o que lhe restava fazer naquele momento, era simplesmente deixar que acontecesse o que tinha de acontecer. 
No texto, é destacado em azul o trecho "Enquanto se aproximava perigosamente", ligado por um fio ao termo "Quando"; é destacado em laranja o trecho "o cão", ligado por um fio ao termo "Quem antagonista"; é destacado em verde o nome Renato, ligado por um fio ao termo "Quem protagonista"; é destacado em rosa o trecho "prendeu a respiração para não fazer nenhum barulho", ligado por um fio ao termo "O quê".

MACHADO, Afonso. O mestre dos games. São Paulo: Ática, 2008. página 40.

Observe que, nesse caso, o cão é uma das personagens, fazendo o papel de antagonista. O episódio acontece quando o animal começa a se aproximar de Renato, que é o protagonista. Ele fica paralisado, enquanto o cão fareja à procura de alguma coisa.

Volte ao texto e observe qual parágrafo aparece logo na sequência a esse. Ele dá continuidade ao que estava sendo narrado? Como é feita essa progressão de ideias e acontecimentos?

A ordem dos parágrafos no texto narrativo pode ser cronológica, apresentando os fatos conforme eles forem ocorrendo, ou, dependendo da intenção do autor, os parágrafos podem ser organizados de outra maneira, dando originalidade ao texto.

Certamente você já vivenciou alguma situação inusitada e/ou de aventura. Como você organizaria um texto narrativo para compartilhar essa situação? Use parágrafos.

Faça as atividades no caderno.

Parágrafo descritivo

2. Leia um trecho retirado da Leitura 1 desta Unidade:

Entraram na caverna. Era bem grande e forrada de areia clara; sobre a areia havia peles de animais e folhas secas; de um lado estava a cama do homem; era feita de tiras de couro trançadas e presas nos paus da cama. Sobre as tiras, estavam estendidas peles de animais servindo de colchão e uma espécie de manta feita de penas coloridas de aves.

Nas paredes da gruta, viam-se penas, plantas, armas feitas de pedra. Henrique olhava tudo, mudo de admiração.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 54.

  1. Sobre o que esses parágrafos tratam?
  2. Como eles são construídos?
  3. Qual é a função dos adjetivos nesse trecho?

Esses parágrafos têm a preocupação de descrever um ambiente, por isso o narrador nos apresenta diversos elementos para que possamos identificar esse espaço, entender de que fórma ele se constitui e o que pode ser visto nele. Dessa ao narrarmos uma história, também é necessário descrever as personagens, as paisagens, os ambientes etcétera para que o leitor consiga captar as emoções que estamos apresentando. Para descrições, normalmente usamos verbos de ligação, pois indicam o estado do sujeito, e adjetivos.

Você costuma usar descrições em seus textos? Com qual finalidade? Troque ideias com seus colegas para empregar a descrição no texto que você construiu anteriormente, que compartilha uma situação de aventura vivenciada por você.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Descrições

Costumamos usar três tipos de descrição ao narrar uma história: descrição de personagens, de paisagem e de ambiente. Vamos ver cada uma delas:

Descrição de personagens: ao construirmos a descrição de uma personagem, utilizamos tanto características físicas quanto psicológicas. Para isso, usamos adjetivos para apontar a cor dos olhos (ele tinha olhos castanhos), dos cabelos (seus cabelos pareciam sedosos), a estatura (ele era muito alto para a idade), a idade (aparentava ter cinquenta anos) etcétera Também marcamos como ele estava se sentindo naquele momento, quais sentimentos expressava e de que fórma se comportava (Ela estava apavorada com aquela situação. O garoto aparentava muita alegria em estar ali.). É possível também apontar características psicológicas inerentes às personagens.

Descrição da paisagem: a história que contamos sempre está ambientada em algum lugar; dessa é necessário descrevermos essa paisagem que envolve a cena retratada. Observe um exemplo retirado do texto O mestre dos games:

As flores que cresciam baixas colorindo a trilha reticências.

MACHADO, Afonso. O mestre dos games. São Paulo: Ática, 2008. página 40.

Descrição de ambiente: nem toda história se passa em um lugar exterior; há momentos em que descrevemos espaços interiores, como um quarto, uma sala, uma cozinha etcétera Devemos dar todos os detalhes necessários para que o leitor consiga entender como esse lugar é constituído. Observe:

Era uma construção pequena, inacabada, cercada de mato por todos os lados.

MACHADO, Afonso. O mestre dos games. São Paulo: Ática, 2008. página 40.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. O texto a seguir teve seus parágrafos embaralhados. Leia-o:

Como um filho querido

(1) Assim, durante 40 anos, a sobremesa louvada compôs sobre a mesa o almoço de domingo, e celebrou toda data em que o júbilo se fizesse necessário.

(2) Pronto o bolo, saíram juntos para levá-lo ao tabelião, a fim de que se lavrasse ato de adoção, tornando-se ele legalmente incorporado à família, com direito ao prestigioso sobrenome Silva, e nome Hermógenes, que havia sido do avô.

(3) Tendo agradado ao marido nas primeiras semanas de casados, nunca quis ela se separar da receita daquele bolo.

(4) Por fim, achando ser chegada a hora, convocou ela o marido para o conciliábulo apartado no quarto. E tendo decidido ambos, comovidos, pelo ato solene, foi a esposa mais uma vez à cozinha assar a massa açucarada, confeitar a superfície.

COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. página 57.

a. Em seu caderno, anote a ordem correta dos parágrafos. Observe a sequência das ideias para criar um texto coerente.

b. Compare sua organização com a dos colegas. Houve diferença?

c. Quais critérios você usou para estabelecer a ordem dos parágrafos?

d. O que provoca o humor e/ou a reflexão do texto?

e. Qual é o gênero textual de Como um filho querido”? Quais pistas no texto colaboram para esse reconhecimento?

2. Releia este trecho da Leitura 1:

Entraram na caverna. Era bem grande e forrada de areia clara; sobre a areia havia peles de animais e folhas secas; de um lado estava a cama do homem; era feita de tiras de couro trançadas e presas nos paus da cama. Sobre as tiras, estavam estendidas peles de animais servindo de colchão e uma espécie de manta feita de penas coloridas de aves.

DUPRÉ, Maria José. A Ilha Perdida. São Paulo: Ática, 2014. página 54.

Observe os substantivos, os verbos e os adjetivos nesse trecho. Qual seria a intenção do autor ao utilizá-los?

3. Converse com um colega e peça a ele que lhe conte algum fato inusitado de sua infância. Depois, conte a ele algo inusitado que tenha acontecido com você. Na sequência, organize em seu caderno a história que o colega lhe contou, observando os momentos e parágrafos de descrição e de narração.

Faça as atividades no caderno.

Período composto por subordinação (1)

1. Leia a tirinha:

Tirinha. À esquerda, há um homem com pouco cabelo usando óculos, sentado de perfil em uma poltrona. À direita há um homem calvo, usando óculos, também sentado de perfil em uma poltrona. Eles estão de frente um para o outro, separados por uma mesa de centro. O homem da esquerda diz: ACHO QUE VOCÊ É MUITO... O homem da direita diz: ANSIOSO?!

dãmer, André. O corpo é o porto. O Globo, Rio de Janeiro, 30 janeiro 2018. Segundo Caderno, página 4.

  1. O humor na tirinha se constrói pela fórma como uma das personagens completa a frase da outra. O que isso indica?
  2. Observe o primeiro balão: quantas orações há na fala da personagem?
  3. As orações identificadas no item anterior dependem uma da outra para fazer sentido? Por quê?

Você já aprendeu o que é uma oração. Aprendeu também que um período (também chamado de frase verbal) pode apresentar uma ou mais orações. O período que apresenta apenas uma oração é chamado de período simples. Já o período que apresenta duas ou mais orações é chamado de período composto.

No caso dos períodos compostos, há duas fórmas de serem organizados: por coordenação ou por subordinação. Nos períodos compostos por coordenação, as orações são independentes sintática e semanticamente. Considere, por exemplo:

A viagem é amanhã, mas eu não estou ansioso.

Há duas orações:

Esquema. Em destaque: A viagem é amanhã, mas eu não estou ansioso.
A palavra MAS está em bold. Há dois quadros, em cada quadro há um trecho Primeiro quadro: A VIAGEM É AMANHÃ. Segundo quadro: EU NÃO ESTOU ANSIOSO.

Elas estão sendo coordenadas pela conjunção mas. Se considerarmos apenas a primeira oração, ela faz sentido. O mesmo acontece com a segunda oração. Dizemos, então, que esse é um período composto por coordenação.

Já o período composto por subordinação é um período constituído por uma oração principal à qual se subordinam as demais orações, ou seja, há uma relação de dependência sintática e de sentido entre elas. Observe:

Esquema. Composto da frase: Acho que você é muito ansioso!
'Acho' está destacado em vermelho e está ligado por uma seta ao termo Oração principal. 
'que você é muito ansioso!' está destacado em azul e está ligado por uma seta ao termo Oração subordinada.

Nesse caso, a oração subordinada complementa sintaticamente a primeira oração. E é do conjunto de ambas que temos o sentido do período.

As orações subordinadas podem ser classificadas em adverbiais, adjetivas e substantivas. Vamos ver com mais atenção as orações adverbiais.

Faça as atividades no caderno.

Orações subordinadas adverbiais (1)

As orações subordinadas adverbiais exercem a função de adjuntos adverbiais e são introduzidas por conjunções subordinativas.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Adjunto adverbial

É o termo (advérbio ou locução adverbial) que vem associado a verbos, adjetivos ou outros advérbios intensificando seu sentido. No caso dos verbos, acrescenta a eles circunstâncias específicas.

Como veremos, há diversos tipos de orações adverbiais e elas são classificadas de acordo com critérios semânticos, por meio da circunstância que acrescentam à oração principal.

Observe alguns tipos.

Orações subordinadas adverbiais finais

1. Leia a tirinha:

Tirinha. Em quatro cenas. Personagens: Um rapaz com cabelos loiros e curtos. Uma garota com cabelos pretos na altura dos ombros. Cena 1. A garota usa blusa azul e saia verde; ela está de frente para o rapaz, segurando fones de ouvido, e diz: EU COMPREI ESTES FONES DE OUVIDOS PARA QUE VOCÊ POSSA ASSISTIR AOS SEUS FILMES DE TERROR SEM ME ACORDAR. O rapaz usa casaco bege e calça amarela, e diz: QUE ÓTIMA IDEIA. Cena 2. O rapaz está sentado na cama usando os fones de ouvidos, com uma expressão de medo. Ao lado dele, deitada com a cabeça apoiada no travesseiro, a garota dorme. Cena 3. O rapaz continua sentado na cama com uma expressão de medo, e a garota continua dormindo. Cena 4. O rapaz, com os olhos arregalados e uma expressão de pavor, grita: AAAAAAAAAAAH! Ao seu lado, a garota está de olhos arregalados, a boca aberta, os cabelos em pé e as mãos espalmadas.

. Macanudo número primeira tradução Claudio Martini. Campinas: Zarabatana Books, 2008. página 9.

  1. Por que o presente oferecido pela garota parecia uma ótima ideia?
  2. No final das contas, foi mesmo uma boa ideia? Por quê?
  3. Observe os verbos presentes na fala da garota: quantas orações há nela?
  4. Qual palavra estabelece ou Quais palavras estabelecem a relação entre as orações?
  5. Que ideia essa palavra expressa ou essas palavras expressam?

Observe que a fala da garota poderia ser dividida em três períodos simples:

  1. Eu comprei esses fones de ouvido.
  2. Você poderá assistir aos seus filmes de terror.
  3. Você não vai me acordar.

Para produzir um período composto utilizando esses períodos simples, foi necessário usar conjunções que estabelecessem uma relação e um sentido entre as ideias.

Qual conjunção é usada na tirinha e com qual objetivo?

As orações subordinadas são introduzidas com o auxílio de conjunções ou locuções conjuntivas subordinativas.

Faça as atividades no caderno.

Orações subordinadas adverbiais comparativas

2. Leia um trecho da Leitura 2:

Deu mais alguns passos, parou e olhou subitamente para trás, como fazem os detetives nos filmes: não, ninguém por ali o espreitava, era apenas impressão.

MACHADO, Afonso. O mestre dos games. São Paulo: Ática, 2008. página 40.

  1. No trecho, há diversas orações. Separe-as em seu caderno.
  2. Identifique, nas orações separadas do item anterior, qual delas é a oração subordinada.
  3. Qual é a conjunção subordinativa que há na oração? Que tipo de relação ela apresenta?

Você observou que no período analisado há diversas orações, a maioria delas é coordenada, sendo apenas uma subordinada. A oração “como fazem os detetives nos filmes” indica uma relação de comparação.

As orações subordinadas adverbiais comparativas são as que expressam um sentido de comparação (de igualdade, de superioridade ou de inferioridade) com um dos elementos da oração principal.

Nesse caso, a conjunção como é a mais usada, mas também podemos usar tãoreticênciascomo (quanto), mais que ou mais do que, menos que ou menos do que.

Saiba +

Como estrelas na Terra – toda criança é especial

O menino Ishaan vai estudar em um internato. Lá encontra um professor de Arte que tenta ajudá-lo a descobrir sua verdadeira identidade e, principalmente, seu potencial para a criatividade. Assista a esse filme e compreenda um pouco mais do título, que usa uma comparação entre crianças e estrelas.

Reprodução de cena de filme. À esquerda há um aquário redondo sobre uma mesa e, dentro dele, um peixe laranja. À direita há o rosto de um menino com cabelos curtos pretos, de perfil; ele está com o queixo encostado na mesa, a testa encostada no aquário, e olha atentamente para o peixe.
COMO estrelas na Terra – toda criança é especial. Direção: ámir cán e amolê gutê. Índia, 2007. 1 dêvedê (165 minutos).

Orações subordinadas adverbiais temporais

3. Leia a tirinha:

Tirinha. Em duas cenas. Personagens: Hagar, homem robusto e barbudo, usando capacete com chifres e roupa de pele de animal. Helga, esposa de Hagar, mulher robusta, com cabelos loiros, usando capacete com chifres e roupa preta. Cena 1. Hagar, de olhos fechados, abraça Helga e diz: HELGA, QUANDO VOCÊ TIVER PROBLEMAS... LEMBRE-SE DE QUEM ESTÁ COM VOCÊ! Helga olha para baixo e diz: BOA IDEIA... Cena 2. Helga, de perfil, olha para Hagar e diz: OS PROBLEMAS PARECERÃO NADA DIANTE DISSO. Hagar olha para Helga com olhar sério e a boca aberta.

bráun, Dik. Agás. Folha de São Paulo, São Paulo, 27 dezembro 2014. Ilustrada, página .

  1. O que Agás diz e como Helga interpreta são a mesma coisa? Por quê?
  2. Qual palavra, na fala de Agás, estabelece a ideia de tempo?

Observe que Agás estipula um momento específico para que Helga se lembre de que pode contar com ele: quando ela tiver problemas. Assim, Quando você tiver problemas é a oração subordinada temporal que indica o tempo da oração principal.

Quando, enquanto, assim que, desde que, logo que, depois que, antes que, sempre que são conjunções e locuções conjuntivas temporais.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia a tirinha:

Tirinha. Em três cenas. Personagem: Terêncio Horto, um homem com cabelos na altura dos ombros, penteados para trás, usando terno. Ele está de perfil e digita em uma máquina de escrever. À esquerda da tirinha, há o texto: vida e obra terêncio horto. Cena 1. Terêncio Horto digita olhando para a máquina. Na parte superior do quadrinho há o texto: Quando eu era jovem, havia apenas seis canais de tevê horrorosos. Cena 2. Terêncio Horto digita olhando para a frente. Na parte superior do quadrinho há o texto:  Hoje, não. A garotada pode ver mais de quinhentos canais de tevê... Cena 3. Terêncio Horto digita olhando para cima. Na parte superior do quadrinho há o texto:  ...horrorosos.

dãmer, André. A cabeça é a ilha. O Globo, Rio de Janeiro, 17 janeiro 2015. Segundo Caderno, página 9.

  1. Terêncio Horto, personagem da tirinha, está escrevendo um texto. Sobre o que ele está escrevendo?
  2. Há uma quebra de expectativa na tirinha. Qual é?
  3. Há uma oração subordinada que marca a distância entre os dias atuais e antigamente. Qual é essa oração? Como ela pode ser classificada?

2. Observe a tirinha:

Tirinha. Em duas cenas. Personagens: Um general, homem parcialmente calvo, com cabelos e bigode brancos, usando farda verde. A esposa do general, uma mulher com cabelos brancos encaracolados e curtos, robusta, usando óculos e vestido florido. Cena 1. O general e sua esposa dançam em uma festa, sorrindo. Os pés do general estão próximos dos pés da esposa, e um dos pés dele está erguido. Ao fundo há silhueta de pessoas dançando, notas musicais e balões coloridos. Cena 2. O general, de mãos dadas com a esposa e sorrindo, diz: ENTÃO, SEU GAROTÃO AINDA MANDA VER, NÃO É? Sua esposa, cabisbaixa, diz: É, VOCÊ AINDA PISA NO MEU PÉ COMO ANTIGAMENTE. Ao lado de cada um dos pés dela há uma estrelinha amarela.

uólquer, Grégui; uólquer, mort. Recruta Zero. O Estado de São Paulo, São Paulo, 2 dezembro 2014. Caderno 2, página cê quatro.

  1. O que o general quer dizer com a sua fala?
  2. Como o humor é construído na tirinha? A esposa concorda com a fala do general?
  3. Qual elemento na fala da esposa indica a oração subordinada? Qual é a relação estabelecida por ele?
  4. Na fala da esposa, embora não haja o verbo após a conjunção como, é possível compreender a ação que ela menciona? Por quê?
  1. Como vimos, nos períodos compostos por subordinação, sempre há uma oração principal e uma oração subordinada. Lembre-se de alguma situação engraçada e escreva um texto sobre isso. Considere as seguintes dicas para sua escrita:
    1. Organize o texto em parágrafos.
    2. Use pontuação adequada para expressar suas ideias.
    3. Avalie o uso de verbos que indiquem ações no passado.
    4. Empregue orações subordinadas para diferentes propósitos do seu texto e use conjunções adequadas.
    5. Crie o humor de modo a alcançar seu leitor (seus colegas de turma).

Questões da língua

Faça as atividades no caderno.

Pontuação (2)

1. Releia o trecho a seguir:

Aquilo era demais! Muito mais do que incrível. Renato nunca presenciara nada igual antes e duvidou de que estivesse realmente acontecendo. Quem, com exceção do avô, iria acreditar quando contasse? Nem mesmo seu tio André, que gostava de jogos e sempre falava com ele sobre a existência de coisas estranhas, iria acreditar. Em meio a tanta incredulidade e dúvidas, Renato lembrou-se do game em suas mãos. Ah, sim! Era isso. O jogo, supôs. Uma nova fase que havia começado!

MACHADO, Afonso. O mestre dos games. São Paulo: Ática, 2008. página 46.

  1. Por que há sinais de pontuação diferentes ao final dos períodos?
  2. O que esses sinais indicam?
Ponto de exclamação

O ponto de exclamação deve ser usado ao final dos enunciados exclamativos, os quais apontam espanto, alegria, admiração, ênfase, surpresa, apelo.

2. Observe a tirinha:

Versão adaptada acessível

2. Ouça a descrição da tirinha a seguir e depois responda:

Tirinha. Em quatro cenas. Calvin, um menino usando casaco, touca e luvas. Cena 1. À esquerda de Calvin, há um amontoado de bolas de neve. Calvin está de pé, com uma das mãos na cintura e a outra apontando para as bolas de neve; olhando para alguém fora do quadrinho, ele grita: TENHO DUZENTAS BOLAS DE NEVE! SOU LITERALMENTE INVENCÍVEL! Cena 2. Calvin, com um braço estendido para cima e o outro flexionado na altura do peito, continua gritando: EU TENHO IMPUNIDADE TOTAL! POSSO FAZER O QUE EU QUISER! Cena 3. Calvin está de braços cruzados, pensativo. Cena 4. Olhando para alguém fora do quadrinho, Calvin grita: GUENTA AÍ ENQUANTO EU PENSO NO QUE EU QUERO FAZER!

uáterson, . O melhor de Calvin. O Estado de São Paulo, São Paulo, 28 dezembro 2015. Caderno 2, página cê quatro.

  1. O que acontece na tirinha?
  2. Como Calvin está se sentindo?
  3. A pontuação empregada combina com as reações e expressões da personagem? Explique sua resposta.

O ponto de exclamação é empregado também:

em interjeições ou locuções interjetivas:

Ai! Esqueci o livro em casa de novo.

Ora, bolas! A resposta só podia ser essa.

Faça as atividades no caderno.

em frases imperativas que expressam uma ordem:

Entre agora! Nós vamos sair daqui a cinco minutos.

Não mexa aí! Eu não vou falar outra vez.

em vocativos, em substituição a outro sinal de pontuação, como a vírgula:

Rita! Estamos te esperando.

Meu filho! Chorar não vai resolver nada.

Ícone. Retomada de tópicos.

Vocativo

É o termo ou a expressão usada para chamar ou invocar um interlocutor. O vocativo pode vir no início, no meio ou no fim de uma oração e sempre é marcado por sinal de pontuação.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Interjeição e locução interjetiva

As palavras que exprimem sensações, emoções ou sentimentos são chamadas de interjeições. Na escrita, costumam ser marcadas pelo ponto de exclamação. Exemplo: Nossa! Essa artista é muito talentosa.

Já o conjunto de duas ou mais palavras que formam uma expressão com valor de interjeição recebe o nome de locução interjetiva. Exemplo: Muito bem! Você acertou todas as questões.

Ponto de interrogação

O ponto de interrogação deve ser usado ao final de enunciados interrogativos.

3. Observe a tirinha:

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Armandinho, um menino com cabelos azuis, usando blusa laranja e calça azul. Pai de Armandinho, destaque para as pernas de um homem usando calça e sapatos. Entre os dois personagens, há um sapo. Cena 1. Armandinho segura um livro e o lê em voz alta: 'AS ABELHAS NOS DÃO MEL...'. Em seguida, Armandinho diz: COMO ASSIM? Cena 2. Armandinho continua olhando para o livro. Seu pai aparece diante dele e diz: COMO ASSIM, 'COMO ASSIM'? Cena 3. Olhando para o pai, Armandinho diz: ELAS FALAM TIPO... 'EI, CARA, PEGA O MEU MEL..'...'QUE PENEI TANTO PARA FAZER'?

béc, Alexandre. Armandinho oito. Florianópolis: á cê béc, 2016. página 21.

  1. O que Armandinho está fazendo?
  2. Qual é a pergunta que ele faz?
  3. Como essa pergunta revela uma crítica?

É importante destacar que, na escrita, o ponto de interrogação é um sinal obrigatório apenas no fim de perguntas diretas, isto é, aquelas iniciadas por palavras ou expressões interrogativas (como, onde, por quê, quem etcétera). Nas perguntas indiretas, a interrogação é substituída pelo ponto-final. Compare:


Será que as abelhas estão contentes em nos dar o mel que elas demoram tanto tempo para fazer?

pergunta direta (ponto de interrogação)


Gostaria de saber se as abelhas estão contentes em nos dar o mel que elas demoram tanto tempo para fazer.

pergunta indireta (ponto-final)

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Imagine a seguinte situação: seu animal de estimação está desaparecido e você vai procurá-lo pelo bairro.
    1. Quais são as perguntas que você fará para quem encontrar pelo caminho?
    2. Ao encontrar o animalzinho perdido, qual seria sua reação?
  2. Leia a tirinha:
Tirinha. Em três cenas. Personagens: Armandinho, um menino com cabelos azuis, usando blusa branca e short azul. Pai de Armandinho, destaque para as pernas de um homem usando calça e sapatos. Cena 1. À esquerda está o pai de Armandinho. À direita, olhando para as costas do pai, Armandinho diz: PAI, EU SOU UM ANIMAL SILVESTRE? Cena 2. De frente para Armandinho, o pai diz: CLARO QUE NÃO, FILHO! Armandinho olha para ele. Cena 3. Com a boca bem aberta, Armandinho diz: ENTÃO VOCÊ PODE ME ALIMENTAR!

béc, Alexandre. Armandinho nove. Florianópolis: á cê béc, 2016. página 43.

  1. Observe o primeiro quadrinho. Por que Armandinho fez essa pergunta ao pai?
  2. O que leva Armandinho a fazer essa pergunta?
  3. Por que não se deve alimentar os animais silvestres?
  4. Há dois enunciados exclamativos na tirinha. Eles apresentam a mesma ideia?

3. O trecho a seguir foi retirado do livro O lar da senhorita. Peregrine para crianças peculiares. Os sinais de exclamação e de interrogação foram suprimidos. Pelo contexto da narrativa, qual seria a pontuação adequada? Reescreva o trecho, complementando-o.

Meu avô me entregou outra foto e esperou enquanto eu a observava por alguns instantes.

— E então* O que está vendo aí*

— Uma menina.

— Ereticências*

— Uma menina com uma coroa.

— E quanto aos pés dela* — perguntou ele, batendo com o dedo na parte inferior do retrato.

Aproximei a foto do rosto e vi: os pés da menina não tocavam o chão. Mas ela não estava pulando... Parecia flutuar.

Fiquei boquiaberto.

— Ela está voando*

— Quase isso. Está levitando. O problema era que ela não conseguia se controlar muito bem, então às vezes tínhamos que amarrar uma corda na cintura dessa menina para ela não sair voando*

ríguis, rênsón. O lar da senhorita. Peregrine para crianças peculiares. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016. página 10-11.

Produção de texto

Faça as atividades no caderno.

Ícone. Tema contemporâneo transversal Multiculturalismo.

Narrativa de aventura

O que você vai produzir

Nesta Unidade, você leu dois capítulos de livros diferentes que apresentam narrativas de aventura. Retome o que aprendeu e elabore uma narrativa de aventura de fórma criativa, misteriosa e envolvente! Ao final da produção, a turma organizará audiolivros com essas narrativas, que serão divulgados para toda a comunidade escolar.

Planejamento

  1. Defina o enredo de sua narrativa: em um parágrafo, estabeleça, resumidamente, as personagens, os espaços, o tempo em que a história vai se passar e a ação, o que acontecerá.
  2. Defina o tipo de narrador e o tipo de discurso que vão predominar no texto, de acordo com sua intencionalidade narrativa.
  3. Use a imaginação e componha uma localidade para ambientar sua história onde seja possível criar obstáculos para as personagens.
  4. A fim de contribuir para a construção da sua narrativa de aventura, organize no caderno a jornada de seu herói ou heroína, utilizando o esquema de Djôusef Quémbol.

Produção

  1. Escreva o rascunho da narrativa em seu caderno.
  2. Pense em um título criativo para ela.
  3. Lembre-se de que essas narrativas são organizadas em diversos capítulos. Para esse trabalho, prepare uma narrativa curta, subdividida em torno de três capítulos.

Revisão

  1. Depois de criar a história, releia o que escreveu e responda a algumas questões.
    • Você planejou a sequência narrativa nos moldes da jornada do herói?
    • Você foi capaz de criar uma narrativa envolvente, com tensão?
    • O desfecho de sua narrativa resolve o conflito estabelecido?
    • A linguagem utilizada caracteriza com detalhes a descrição dos espaços?
    • O tipo de narrador condiz com sua intenção em relação ao texto?
    • Você pensou no tipo de discurso predominante no texto?
    • Você deu um título criativo e chamativo para sua narrativa?
    • Usou pontuação expressiva para cada situação narrada?

Avaliação

  1. Troque seu texto com um colega e retome os pontos de revisão da etapa anterior.
  2. Faça apontamentos por escrito no texto de seu colega, para que ele possa analisar a necessi­dade de ajustes.
  3. Pondere as anotações feitas pelo seu colega para verificar a necessidade de alterações.

Circulação

  1. Reúna-se com os demais estudantes de sua turma e, juntos, leiam as narrativas produzidas.
  2. Analise as narrativas e faça observações sobre elas, de maneira construtiva, para ajudar os colegas a aprimorá-las.
  3. Faça uma última revisão apurada de seu texto.
  4. Após a revisão, escreva ou digite a versão final de sua narrativa, para tê-la completa e usá-la como roteiro na gravação do audiolivro.

Oralidade

Narrativa de aventura em audiolivro

Você vai transformar sua narrativa de aventura em um audiolivro.

Planejamento

  1. Reúna-se com um colega. Leia para ele a narrativa que você criou. Ele lerá a narrativa dele para você.
  2. Se o colega quiser participar de sua gravação, ele pode fazer algumas vozes, e você, outras. Com uma caneta hidrográfica, marque os trechos que ficarão com você e os que ficarão com ele. Ele fará o mesmo na narrativa que ele produziu, caso você queira participar da gravação dele.
  3. Juntos, testem entonações diferentes para as falas do narrador e das personagens de cada narrativa, para definirem como cada uma fica melhor. Marquem nos respectivos textos, próximo a cada trecho, as entonações mais adequadas com uma caneta hidrográfica de outra cor.
  4. Leiam novamente os dois textos para avaliar em quais trechos recursos sonoros poderiam ajudar (música de fundo ou algum som específico – batida de porta, chuva etcétera). Marquem isso também nos respectivos textos, com uma caneta hidrográfica de outra cor.
  5. Preparem os sons que escolheram, gravando-os em um gravador ou celular e deixando-os prontos para usá-los.
  6. Ensaiem a narração de cada texto, utilizando também as gravações de músicas e outros sons escolhidos.

Gravação

Com seu colega, grave sua narrativa, também usando gravador ou celular. Depois, ele gravará a dele com você. Ouçam e avaliem se as gravações precisam de ajustes. Observem: tom de voz, entonações, fluência, pausas em momentos de suspense, articulação com a música e os sons preparados.

Circulação

  1. Em um dia específico, você e sua turma se reunirão para ouvir todos os audiolivros.
  2. Decida com os colegas onde compartilharão os audiolivros. Pode ser no site da escola ou em um aparelho multimídia.
  3. Quando tiverem reunido todos os audiolivros, divulguem na escola: façam um cartaz para pendurar em local visível e publiquem um aviso no site da escola, caso tenham disponibilizado os trabalhos nele.
  4. Agendem um dia para o lançamento dos audiolivros, momento em que vocês podem se apresentar aos leitores/ouvintes, transmitir alguns trechos e divulgar onde encontrar os audiolivros completos.

Avaliação

Com o professor e os colegas, converse sobre estas questões:

  1. Como foi a experiência de produzir a narrativa de aventura escrita e depois transformá-la em um audiolivro?
  2. Quais foram as melhores partes? E as dificuldades?
  3. O que vocês podem melhorar em uma próxima vez?