UNIDADE 1  No início era assim

Faça as atividades no caderno.

Pintura. A tela retrata personagens da mitologia romana. À esquerda, um leão e uma leoa estão sobre uma rocha. Acima deles, uma mulher está flutuando entre as nuvens, com sua mão esquerda estendida para frente. Ela está de perfil e usa capacete com penas e tecido azul ao redor do corpo.  Ao lado, um homem com cabelos ondulados está usando uma capa vermelha, segurando uma tocha com a mão direita. Ele está olhando para a mulher, o braço esquerdo estendido na direção de um homem nu, que está de pé, olhando para a mulher com os olhos arregalados. À direita, vegetação.
SILVESTRE, luí de. A criação do homem por Prometeu com a ajuda de Minerva. 1702. Óleo sobre tela, 1,44 por 1,82 métros. Museu Fabre, Montpellier, França.
  1. O título dessa obra é A criação do homem por Prometeu com a ajuda de Minerva. Quantas pessoas há na cena? Levando em consideração o título da obra, quem você imagina que essas pessoas representam?
  2. A tela retrata personagens da mitologia romana. Converse com os colegas e o professor:
    1. Você sabe o que é mitologia? E o que é um mito?
    2. Que mitos você conhece? Como você os conheceu?
  3. Há ainda dois aspectos importantes na imagem:
    1. O homem que está no centro da cena carrega uma tocha com uma chama. Você sabe alguma coisa sobre o mito da criação do homem e do roubo do fogo?
    2. Por que você imagina que a mulher está sobre uma nuvem?

Saiba +

Minerva e Palas Atena

A mitologia grega e a mitologia romana têm muitas semelhanças, e uma delas diz respeito à associação dos deuses gregos aos deuses romanos. Minerva, que aparece na tela, é a deusa romana da sabedoria, associada à deusa grega Palas Atena.

Respostas e comentários

Competências gerais da Bê êne cê cê: 1, 3, 4, 9 e 10.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 5 e 6.

Competências específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 5, 7, 8, 9 e 10.

Objetos de conhecimento

Leitura: efeitos de sentido; reconstrução das condições de produção, circulação e recepção; apreciação e réplica; reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos; adesão às práticas de leitura; relação entre textos; estratégias de leitura.

Oralidade: discussão oral; produção de textos orais; oralização.

Produção de textos: revisão/edição de texto informativo e opinativo, consideração das condições de produção; estratégias de produção: planejamento, textualização e revisão/edição; estratégias de produção: planejamento de textos argumentativos e apreciativos; textualização de textos argumentativos e apreciativos; construção da textualidade; relação entre textos.

Análise linguística/semiótica: efeito de sentido; construção composicional; elementos paralinguísticos e cinésicos; apresentações orais; léxico/morfologia; morfossintaxe; semântica; coesão; modalização.

Sobre esta Unidade

Nesta Unidade, os estudos visam aprimorar os conhecimentos dos estudantes sobre o gênero mito. É importante que eles reconheçam que esse gênero tem uma organização narrativa e que, nas culturas de que faz parte, é considerado sagrado. Chame a atenção para o fato de as personagens dos mitos serem sempre deuses ou semideuses que se assemelham aos humanos, criando identificação desses povos com as histórias, reconhecendo-se nos ideais de perfeição e coragem que as permeiam. As leituras apresentam aos estudantes um mito grego e um indígena, e eles serão motivados a pesquisar narrativas mitológicas de outras origens.

1. Resposta pessoal. Há três pessoas. Espera-se que os estudantes digam que a mulher (que tem um capacete na cabeça) é Minerva; um dos homens, Prometeu; e o outro, a sua criação – o homem mortal.

2. a) Resposta pessoal.

2. b) Resposta pessoal.

3. a) Resposta pessoal.

3. b) Resposta pessoal.

Respostas

2. a) É provável que alguns estudantes tenham conhecimentos sobre mitologia ou noção das características de algum mito. De modo simplificado, pode-se considerar que a mitologia refere-se à origem do mundo e dos seres do Universo.

3. a) O texto da seção Leitura 1 trata da criação do homem e do roubo do fogo por Prometeu. Se algum estudante não conhecer esse mito, antecipe a leitura.

b) Provavelmente foi o modo que o pintor encontrou de separar uma deusa das demais personagens da cena.

Leitura 1

Faça as atividades no caderno.

Contexto

Segundo a mitologia grega, no princípio havia apenas o Caos, um abismo no qual tudo se confundia. Até que uma força divina ordenou tudo, separando céu, terra e água. Em seguida, gerou um casal de divindades, Urano (o Céu) e Gaia (a Terra), de cuja união nasceram inicialmente seis meninos, os titãs, e seis meninas, as titânides.

Como senhor do Universo, Urano mostrou-se muito autoritário, para decepção de Gaia, que recorreu a seus filhos para tirar o marido do poder. Mas apenas o titã mais novo, Cronos, aceitou o pedido da mãe e conseguiu derrotar o pai. Ao chegar ao poder, porém, Cronos mostrou-se tão autoritário quanto Urano, semelhança que levou a uma nova coincidência, pois também teve de enfrentar a ira de um filho, Zeus. Para defender-se, Cronos uniu-se aos demais titãs, mas não foi o bastante para impedir que Zeus e os irmãos tomassem o poder e iniciassem uma nova era no Universo, na qual surgiram os mortais, como você verá.

Você vai ler o trecho de um mito grego sobre a origem dos mortais, recontado por Ílan Brênmam.

Ílan Brênmam

AUTORIA

Nasceu em Israel em 1973, mas vive no Brasil desde 1979. Autor de mais de 60 livros infantis e juvenis, muitos deles traduzidos para outras línguas, ganhou os prêmios de Melhor livro para crianças, em 2011, e de Melhor livro de reconto, em 2009, ambos concedidos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (éfe êne éle í jóta).

Antes de ler

Pela mitologia grega, o deus Prometeu, filho do titã Jápeto, é o criador dos primeiros mortais.

  • Será que os mortais terão os mesmos privilégios que os deuses?
  • Como os deuses reagirão à criação de Prometeu?

O criador e protetor dos homens

Depois de milhares de anos de lutas extraordinárias, Zeus e seus irmãos, finalmente, venceram os gigantes e poderosos titãs. Eles foram aprisionados nas profundezas da Terra, e dizia-se que toda vez que um vulcão entrava em erupção, ou um terremoto sacudia o mundo, na verdade, eram os titãs tentando voltar à superfície. Agora, quem mandava na Terra era o deus dos deuses, Zeus, ao lado de seus irmãos e filhos. E onde os mortais entram nessa história? É que um dos filhos de Jápeto, um titã derrotado, chamado Prometeu (que em grego significa “precavido”, “aquele que pensa antes de agir”), decidiu criar os homens à semelhança dos deuses.

Respostas e comentários

Sobre Contexto

Para introduzir o mito aos estudantes, conte a eles o que está exposto na seção Contexto, de fórma expressiva, com ênfases. Se possível, mostre obras de arte que retratem as personagens, as quais podem ser pesquisadas previamente em sites de busca.

Sobre Antes de ler

Converse sobre as semelhanças físicas entre os deuses e os mortais e como se distingue, então, deuses de mortais, abordando a questão referente aos privilégios de modo que os estudantes possam levantar hipóteses sobre essas relações entre deuses e humanos, sobretudo em relação à aceitação mútua entre eles.

Orientação

Conceda um tempo para a leitura silenciosa do mito pelos estudantes. Depois, proponha uma leitura coletiva, solicitando a cada estudante que, aleatoriamente, leia um parágrafo de modo expressivo.

Habilidades trabalhadas nesta seção e suas subseções (Estudo do texto e O gênero em foco)

(ê éfe seis nove éle pê dois quatro) Discutir casos, reais ou simulações, submetidos a juízo, que envolvam (supostos) desrespeitos a artigos, do Estatuto da Criança e do Adolescente, do Código de Defesa do Consumidor, do Código Nacional de Trânsito, de regulamentações do mercado publicitário etcétera como fórma de criar familiaridade com textos legais – seu vocabulário, fórmas de organização, marcas de estilo etcétera –, de maneira a facilitar a compreensão de leis, fortalecer a defesa de direitos, fomentar a escrita de textos normativos (se e quando isso for necessário) e possibilitar a compreen­são do caráter interpretativo das leis e as várias perspectivas que podem estar em jogo.

(ê éfe seis nove éle pê quatro quatro) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos fórmas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.

(ê éfe seis nove éle pê quatro seis) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etcétera), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando fórmas de expressão das culturas juvenis, tais como vlogs e podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs.

(ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes fórmas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.

(ê éfe seis nove éle pê quatro nove) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.

(ê éfe seis sete éle pê dois sete) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema, teatro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas, personagens e recursos literários e semióticos.

(ê éfe seis sete éle pê dois oito) Ler, de fórma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infantojuvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de fórma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

Prometeu, assim como um artesão, pegou a argila, molhou com a água do rio e começou a moldá-la com muito cuidado e carinho. Quando o primeiro molde ficou pronto, ele adorou o resultado e decidiu fazer milhares de outras réplicas, sempre mudando aqui e acolá as características físicas da sua criação.

Quando sentiu que o trabalho estava pronto, Prometeu parou, observou e percebeu que todas as suas criaturas estavam inertes, sem vida. Nesse instante, Palas Atena, a deusa da sabedoria, que acompanhava curiosíssima a linha de produção do filho de Jápeto, disse:

— Meu amigo Prometeu, estou impressionada com a beleza do seu trabalho, mas vejo que tais criaturas não se mexem. Você quer uma ajuda?

— Querida deusa, que bom que está aqui! O que você pode fazer para animar essa multidão de seres? — perguntou Prometeu.

A deusa da sabedoria olhou para Prometeu e, em seguida, agachou-se para olhar de perto o primeiro homem que ele havia moldado. Palas Atena foi tomada por um sentimento de amor intenso, levantou a cabeça da criatura e soprou o hálito divino em direção ao rosto dela.

Prometeu ficou comovido ao ver o primeiro homem se levantar da terra. Palas Atena, então, começou a percorrer, rápida como o vento, todos os lugares onde os outros seres estavam. Ela soprava e soprava, sem parar, dia e noite, até todos os homens se erguerem.

O filho de Jápeto sorria; sua criação estava pronta! Acontece que, rapidamente, ele percebeu que os homens eram como bebês, não sabiam fazer nada, absolutamente nada. Eles vagavam como zumbis pela Terra. O trabalho ainda não estava completo.

O criador dos homens decidiu que seria o professor deles e começou a ensiná-los a falar e a ouvir, a contar histórias, a fabricar ferramentas, a cultivar o campo, a conhecer os medicamentos e ensinou-lhes a ver o futuro nas estrelas. Enfim, deu as melhores aulas do Universo para a humanidade.

Quando viram o resultado de todo aquele trabalho de Prometeu, os deuses decidiram convocá-lo para uma reunião emergencial no Olimpo.

— Todos estão admirados com sua criação, Prometeu. Porém, nunca podemos nos esquecer de quem é que manda aqui, não é? — perguntou o deus dos deuses, Zeus.

— Tenho uma ideia – disse Prometeu. — Vamos marcar um encontro entre os deuses e os mortais em Mecona. Lá, estabeleceremos os direitos e as obrigações dos homens perante vocês, deuses poderosos.

— Gostei da proposta, Prometeu. Pode marcar a reunião para amanhã mesmo disse Zeus, contente com a proposta do filho do titã.

— Sim! Pode deixar que amanhã tudo estará pronto — disse Prometeu, despedindo-se dos deuses.

Na assembleia de Mecona, todas as regras das relações entre os mortais e os deuses foram acordadas, sendo esta a principal: sacrifícios animais feitos pelos homens para honrar os deuses do Olimpo e pedir sua proteção.

Zeus queria testar se as regras haviam sido bem assimiladas pelos homens e pediu o sacrifício de um touro em seu nome. Depois, o animal seria dividido para ser comido. A ordem era sempre deixar para os deuses a melhor parte do animal.

Prometeu não tinha gostado dessa parte da regra. Por que sua criação deveria sempre ficar com a pior parte? Então, decidiu interferir bem no primeiro sacrifício feito a Zeus.

— Deus dos deuses, os homens já sacrificaram um touro em seu nome. Agora fizeram dois montes, um com carne e outro com ossos e gordura. Pode escolher um dos dois.

Zeus já sabia o que Prometeu havia aprontado: ele tinha colocado em cima do monte de carne uma camada fina de gordura e no monte de gordura e ossos uma fina camada de carne.

— Quem você pensa que é, Japetonida? Quer me enganar? Obedeça às regras que criamos! – urrou Zeus.

— Por que os homens sempre devem ficar com a pior parte do sacrifício? — perguntou com coragem Prometeu.

— Porque somos os deuses do Olimpo! — bradou Zeus. — E por sua insolência e trapaça, tirarei dos homens sua principal ferramenta de sobrevivência: o fogo!

Prometeu ficou furioso, mas não demonstrou nada para Zeus. Em vez disso, saiu furtivamente e foi até Hélio, o deus-Sol. Lá, ele pegou um caule de uma planta muito resistente e encostou-o na carruagem de fogo pertencente ao deus.

Agora, com o caule acolhendo a chama da vida, Prometeu desceu para presentear sua criação com o fogo. Ele foi recebido com festa e, em sua homenagem, pipocaram fogueiras por todos os cantos do mundo.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 4-8.

Ilustração. A imagem destaca o personagem Prometeu, representado por um homem com cabelos ruivos e usando um tecido ao redor do corpo. Ele está flutuando entre as nuvens, segurando, com a mão esquerda, uma tocha acesa. Atrás dele, o sol ilumina tudo.
Respostas e comentários

Sugestão

Comente com os estudantes como os mitos estão relacionados à religiosidade de alguns povos e à manutenção de sua tradição, uma vez que remontam sempre à criação do mundo ou à origem de algo, com o objetivo de explicar o fenômeno. Destaque a importância de respeitarem essas narrativas, independentemente de acreditar nelas, já que são patrimônios culturais e proporcionam novas aprendizagens.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Antes da leitura, você levantou hipóteses sobre os desdobramentos da criação dos mortais, feita pelo deus Prometeu.
    1. Os mortais tiveram os mesmos privilégios que os deuses?
    2. Como os deuses reagiram à criação de Prometeu?
    3. Suas hipóteses se confirmaram? Explique.
  2. Toda narrativa é contada com base em um ponto de vista. Releia o texto para responder às questões.
    1. O texto “O criador e protetor dos homens” é narrado em 1ª ou 3ªpessoa? Identifique no texto uma parte que exemplifique esse ponto de vista da narrativa.
    2. Esse ponto de vista indica participação ou distanciamento do narrador em relação às ações contadas?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Discursos direto e indireto

O discurso direto é o registro integral da fala da personagem, ou seja, sem a interferência do narrador. Já o discurso indireto é o registro da fala da personagem feito por meio das palavras do narrador.


Ícone pontos de atenção e noções complementares

O tempo em narrativas

O tempo cronológico é contado a partir das horas, dos dias, das semanas, dos meses, dos anos etcétera Ainda que não seja específico, apresenta uma linearidade dos fatos narrados.

O tempo psicológico é compartilhado a partir das percepções do passado (lembranças e vivências), dos sonhos e planos para o futuro e do que se passa na mente das personagens ou do narrador.

  1. Há vários diálogos no texto.
    1. As falas das personagens estão em discurso direto ou indireto? Explique sua resposta com base no texto.
    2. Esse tipo de discurso indicado na resposta anterior evidencia maior ou menor participação do narrador? Por quê?
  2. Preste atenção ao tempo em que se passa a narrativa.
    1. As ações são narradas de maneira cronológica, ou seja, são encadeadas em uma sequência com início, meio e fim? Explique.
    2. Localize no texto e transcreva em seu caderno uma expressão que se refere ao tempo narrativo.
    3. Essa expressão permite situar a narrativa com precisão? Explique.
  3. Releia o primeiro parágrafo:

reticências Zeus e seus irmãos, finalmente, venceram os gigantes e poderosos titãs. Eles foram aprisionados nas profundezas da Terra, e dizia-se que toda vez que um vulcão entrava em erupção, ou um terremoto sacudia o mundo, na verdade, eram os titãs tentando voltar à superfície.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 5.

Ilustração. Um vulcão em erupção. No topo dele sai muita fumaça e lava.

A situação descrita poderia acontecer no mundo real? Por quê? As narrativas podem apresentar um universo próprio, em que nem sempre a realidade da história corresponde à lógica do mundo real.

6. Quais são as ações sobrenaturais que esses deuses fizeram? Copie no caderno o quadro a seguir e complete-o.

Deuses

Ações sobrenaturais

Zeus

Prometeu

Palas Atena

Versão adaptada acessível

6. Quais são as ações sobrenaturais que esses deuses fizeram? Faça esse registro separadamente para cada um dos deuses: Zeus; Prometeu e Palas Atena.

Respostas e comentários

1. a) Não.

1. c) Resposta pessoal.

2. b) Indica distanciamento do narrador em relação às ações.

4. b) A passagem é: “Depois de milhares de anos”.

6. Zeus: priva a humanidade do fogo

Prometeu: cria os mortais usando argila

Palas Atena: dá vida aos mortais por meio de um sopro

Respostas

1. a) A partir das respostas dos estudantes, promova uma discussão, enfatizando o diálogo, a resolução de conflitos e os direitos humanos.

b) Palas Atena e os deuses do Olimpo admiraram a criação de Prometeu.

2. a) Em 3ª pessoa, como neste trecho “Prometeu ficou comovido ao ver o primeiro homem se levantar da terra”.

3. a) Estão em discurso direto, pois estão indicadas com travessões, isto é, registradas tal como faladas pelas personagens (“– Porque somos os deuses do Olimpo!”).

b) O discurso direto indica menor participação do narrador, pois este registra integralmente as falas das personagens, não usando, portanto, suas próprias palavras para isso.

4. a) Sim. Há uma nítida progressão cronológica de ações. Prometeu cria os mortais e essa criação traz uma série de consequências, que culminam na doação do fogo feita por Prometeu aos homens.

c) Não, pois nela não há nenhum ano ou período histórico específico que permita situar precisamente os acontecimentos.

5. Considerando o universo da narrativa, é plausível que os titãs causem terremotos. Como são seres gigantescos que foram aprisionados nas profundezas da Terra, o movimento deles na tentativa de escapar dessa prisão também será de grandes proporções, causando tremores ou erupções.

Vale comentar com os estudantes que, para os povos que os criaram, os mitos são relatos de histórias verdadeiras ambientadas em um tempo primordial e protagonizadas por entes divinos. Para essas sociedades, tudo o que somos, pensamos e sentimos, de onde viemos, onde estamos e para onde vamos é explicado por essas narrativas. Podem ser citados mitos africanos, cristãos, indianos, muçulmanos, entre outros.

Faça as atividades no caderno.

  1. Ao longo do texto, os deuses convivem entre si.
    1. Descreva a convivência entre os deuses.
    2. Essa convivência se assemelha à convivência entre humanos? Explique.
  2. Nesse mito, o processo de criação dos mortais é comparado a uma atividade humana.
    1. Qual é essa atividade?
    2. Como Prometeu diferencia os mortais entre si?
  3. Transcreva em seu caderno a alternativa correta e, em seguida, justifique sua resposta.
    1. Prometeu é filho de um inimigo de Zeus.
    2. Palas Atena ajudou Prometeu a moldar os mortais.
    3. Prometeu abre mão de sua divindade para se tornar um mortal.
    4. Os deuses do Olimpo ficam descontentes com a criação de Prometeu.
  4. O texto faz referência ao “Olimpo”. Com base na leitura do texto, o que é o “Olimpo”?
  5. Prometeu é convocado para uma reunião emergencial no Olimpo.
    1. Qual foi o motivo dessa convocação?
    2. O que isso revela sobre as relações de poder entre os deuses?
    3. O que ficou acordado nessa reunião?
    4. Esse acordo foi cumprido?
    5. Por que Prometeu trapaceou?
    6. Com base na resposta anterior, explique a relação entre essa atitude de Prometeu e o título do texto.
  6. Zeus consegue descobrir com antecedência a trapaça de Prometeu.
    1. O texto não menciona, mas é possível entender como ele fez isso ao considerar suas características. Apresente uma hipótese.
    2. De que maneira Zeus castiga Prometeu por essa trapaça?
  7. Opine a respeito do acordo apresentado no texto: foi justo ou injusto? Como os acordos e as regras são organizados no mundo real?

Saiba +

Jogos Olímpicos

Para reverenciar Zeus, na segunda metade do século oito antes de Cristo, os gregos antigos criaram competições esportivas de diversas modalidades, como corridas a pé, hipismo, lançamento de disco e dardo. Essas competições eram realizadas de cinco em cinco anos na cidade de Olímpia, razão pela qual eram chamadas de Jogos Olímpicos. Muito tempo depois, no século dezenove Depois de Cristo, o francês piérr de frêdí, também conhecido como Barão de Coubertin, resgatou essa tradição ao criar os Jogos Olímpicos da Era Moderna, cuja primeira edição foi realizada em 1896, em Atenas.

Pintura. O quadro retrata pessoas em competições esportivas. À esquerda, dois homens com tecido em volta do corpo, em cima de bigas, carruagens puxadas por cavalo. Eles estão lado a lado. Atrás, dois homens com tecido ao redor do corpo, um deles está com o braço estendido para frente, na direção de um disco. À direita, dois homens nus, um de frente para o outro, com as mãos fechadas em posição de luta. Atrás deles, pessoas sentadas olhando para eles. Ao fundo, uma escultura de um homem sentado e algumas construções.
JOGOS Olímpicos, como eram na antiga Atenas: a corrida das bigas, o lançamento do disco e o boxe. 1819. Aquarela impressa em metal. Coleção particular.
Respostas e comentários

7. b) Sim, pois as relações humanas também alternam momentos de paz e conflito.

8. a) A criação de objetos esculpidos em argila.

8. b) Prometeu dá acabamento diferente a cada uma das réplicas de seu primeiro molde em argila; desse modo diferencia os mortais entre si.

12. b) Como castigo, Zeus decide impedir que os mortais tenham o fogo.

Respostas (continuação)

7. a) A relação entre os deuses alterna momentos de harmonia (como quando Palas Atena ajuda Prometeu) e de conflito (quando Prometeu desafia Zeus).

9. Alternativa correta: a. Para chegar ao poder, Zeus combateu os titãs. Prometeu é filho de um titã (Jápeto), portanto, de um adversário de Zeus.

10. A expressão “deuses do Olimpo” aparece duas vezes e Prometeu é convocado para uma reunião no Olimpo. Com base nisso, é possível inferir que o Olimpo é a morada dos deuses.

11. a) Prometeu é convocado para que saiba que, embora tenha criado os mortais, ele não é o senhor absoluto deles, pois está subordinado a Zeus, o deus dos deuses.

b) Essa motivação revela a hierarquia entre os deuses, já que Prometeu está subordinado a Zeus.

c) Ficou acordado que os mortais fariam sacrifícios de animais para honrar os deuses do Olimpo e pedir proteção a eles. Os deuses ficariam sempre com a melhor parte do sacrifício.

d) O acordo não foi cumprido. No primeiro sacrifício, de um touro, Prometeu cobriu o monte de ossos e gordura com uma fina camada de carne e o monte de carne com uma fina camada de gordura, induzindo Zeus a escolher a pior parte do animal sacrificado, quebrando a regra de que a melhor parte ficaria com os deuses.

e) Prometeu trapaceou pois discordava do fato de que os mortais, suas criaturas, ficassem sempre com a pior parte dos sacrifícios.

Proponha aos estudantes uma atividade ou roda de conversa para discutirem o conceito de trapaça, enfatizando a tomada de decisões com base em princípios éticos.

f) Essa atitude de Prometeu mostra como ele protegia os mortais, algo sugerido no título: “O criador e protetor dos homens”.

12. a) Zeus é o deus dos deuses, portanto é plausível que tenha o poder de descobrir a trapaça com antecedência.

13. Amplie a discussão com os estudantes, utilizando os seguintes questionamentos: Será que a regra mencionada no texto sobre as relações entre os mortais e os deuses foi justa? Qual parte foi beneficiada com esse acordo? No mundo real, você sabe como são celebrados os acordos?

Com base nessas reflexões, leve para a sala de aula diferentes textos do campo da vida pública, tais como convenções de condomínio, Declaração dos Direitos Humanos, Estatuto do Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente etcétera Promova um diálogo a respeito dos deveres e direitos das partes envolvidas, expressos em tais textos.

Sobre Saiba+

Comente que os Jogos Olímpicos da Antiguidade aconteceram na Grécia entre os séculos oito antes de Cristo e cinco Depois de Cristo O declínio dos jogos ocorreu por causa dos muitos conflitos ocorridos na região. O primeiro foi a Guerra do Peloponeso, conflito armado entre Atenas (centro político e cultural) e Esparta (centro militar), que durou 27 anos, entre 431 antes de Cristo e 404 antes de Cristo Depois, sucederam-se o domínio macedônio e o romano sobre a Grécia, o que tornou os jogos irrelevantes devido à ascensão do cristianismo. Se julgar oportuno, em parceria com o professor de História, proponha aos estudantes uma pesquisa orientada e uma exposição ilustrada, com linha do tempo, evidenciando as mudanças dos jogos ao longo de milênios.

Também é possível desenvolver uma pesquisa interdisciplinar com o componente Educação Física para explorar os Jogos Olímpicos na atualidade.

Faça as atividades no caderno.

14. Releia o trecho:

Prometeu ficou furioso, mas não demonstrou nada para Zeus. Em vez disso, saiu furtivamente e foi até Hélio, o deus-Sol. Lá, ele pegou um caule de uma planta muito resistente e encostou-o na carruagem de fogo pertencente ao deus.

Agora, com o caule acolhendo a chama da vida, Prometeu desceu para presentear sua criação com o fogo. Ele foi recebido com festa e, em sua homenagem, pipocaram fogueiras por todos os cantos do mundo.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 8.

  1. As ações narradas nesse trecho se passam em ambientes diferentes. Quais são eles?
  2. De que maneira o verbo descer auxilia na diferenciação dos ambientes?
  3. O que esse mesmo verbo sugere em relação aos lugares onde vivem os deuses e os mortais?
  4. Prometeu desce para levar o fogo aos mortais. Considerando o contexto, apresente hipóteses que justifiquem a importância do fogo para os mortais.

15. Ao longo do tempo, vários artistas ilustraram episódios da mitologia grega. Um dos exemplos é a pintura reproduzida a seguir.

Pintura. O quadro retrata dois homens em um ambiente externo. À esquerda, um homem nu está sentado com os olhos fechados e a cabeça caída para frente. Atrás, um homem ruivo e grande está usando um tecido alaranjado ao redor do corpo. Ele está segurando uma tocha com a mão esquerda e olhando para cima.
, Frídric . Prometeu levando o fogo para a humanidade. 1817. Óleo sobre tela, 55 por 41 centímetros. Neue Galerie, Kassel, Alemanha.
  1. Essa obra ilustra uma ação narrada no mito que você acabou de ler. Que ação é essa?
  2. Quem são as personagens representadas?
  3. Descreva essas personagens considerando os seguintes elementos: tamanho, posição no quadro, posição corporal, expressão facial e luminosidade.
  4. Considerando a leitura do mito, o que sugerem as diferenças na representação das personagens nessa obra?

Saiba +

Mitos na literatura atual

A mitologia grega inspirou a criação da série de livros juvenis Percy Jackson e os Olimpianos, de autoria do estadunidense Wrík Raiórdn . No primeiro volume da série, o adolescente Percy, de 12 anos, é subitamente atacado por uma criatura mitológica enquanto visita um museu, primeiro dos acontecimentos estranhos que vão levá-lo a perceber que sua ligação com a mitologia grega é muito maior do que parece, pois pessoas a seu redor podem ser deuses e monstros disfarçados. Tudo porque Percy é, na verdade, filho do deus dos mares, Posêidon, com uma mortal, séli Djéksôn, condição que o envolverá em grandiosas batalhas, entre elas contra o poderoso Cronos.

Capa de livro. A imagem, que ocupa toda a capa, mostra um menino de costas sobre a cabeça gigante de um homem, que emerge das águas segurando um tridente. Ao fundo, silhueta de uma cidade. Na parte superior da capa, o nome do autor: RICK RIORDAN. Logo abaixo, o título do livro: PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS.
, . O ladrão de raios. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2005. (Série Percy Jackson e os Olimpianos, volume um). Capa de livro.
Respostas e comentários

14. a) No céu, entre os deuses, e depois na Terra.

Sobre Saiba+

Se possível, leve trechos do livro sugerido para os estudantes conhecerem e compare com os mitos da Antiguidade que eles já conhecem. Amplie a abordagem sugerindo uma comparação com outros gêneros textuais contemporâneos que apresentem mitos, como os quadrinhos. É provável que os estudantes conheçam o deus Thor, da mitologia nórdica, na versão dos heróis contemporâneos da série Marvel. Chame a atenção deles para as origens desses mitos, as mudanças por que passaram para abarcar a realidade contemporânea e o que mantêm de suas histórias originais.

Proponha uma atividade interdisciplinar com o componente Arte para explorar outras manifestações artísticas que tragam o mito, como cinema, teatro, quadrinhos, filmes. Pode-se propor uma pesquisa sobre a relação entre os heróis míticos e os super-heróis modernos.

Respostas (continuação)

14. b) O verbo descer em “Prometeu desceu para presentear” evidencia a mudança de ambientes.

c) Esse verbo sugere que os deuses estão em cima (no céu) e os mortais abaixo do céu (na Terra).

d) O fogo é fundamental à sobrevivência dos mortais pois serve para os aquecer, cozinhar e forjar utensílios e armas.

15. a) Essa obra ilustra a descida de Prometeu à Terra para levar fogo aos mortais.

b) As personagens são um mortal (à esquerda, sentado) e o deus Prometeu (ao centro, em pé).

c) Prometeu é a figura maior e domina a cena, compondo o centro dela. Ele olha para cima e está segurando o fogo ao alto, em uma pose que mostra amplo movimento e feições de bravura. Sua pele é clara, iluminada e vívida. Já o mortal é menor, está embaixo e à esquerda, sentado, com postura cabisbaixa, em um ambiente de pouca luz, o que torna sua pele acinzentada, com pouca variação de cor. Suas feições são de desolação.

d) Essas diferenças sugerem a grandeza e a divindade de Prometeu e a tristeza e a inferioridade do mortal, que está privado do fogo, fundamental para sua sobrevivência. Prometeu vem salvá-lo e, consequentemente, a todos os mortais.

O gênero em foco

Mito

O mito é uma narrativa que se constituiu oralmente, na Antiguidade clássica, para explicar de fórma mágica fenômenos para os quais não havia resposta lógica. Para os gregos, a criação de mitos estava associada à necessidade de harmonização entre mente e corpo, entre o humano e o sobrenatural. Atendia a uma necessidade de compreender a vida, oferecendo explicações sobre a origem do Universo e dos seres vivos, os comportamentos humanos, a morte, fenômenos da natureza, entre outras questões que inquietavam – e ainda inquietam – a humanidade.

Ao longo do tempo, na tentativa de perpetuar tradições e culturas de diversos povos, os mitos foram sendo registrados por escrito.

Com base na leitura do texto “O criador e protetor dos homens”, é possível destacar algumas características dos mitos:

  • narrativas protagonizadas por criaturas sobre-humanas (deuses, gigantes, monstros etcétera);
  • personagens com poderes extraordinários que se relacionam com forças e elementos da natureza;
  • os mitos originais não possuem autoria definida;
  • revelam a cultura, as crenças, os valores, os costumes e a identidade de determinado povo;
  • geralmente, são contados em terceira pessoa, ou seja, o narrador não participa dos acontecimentos.

Saiba +

Mitologias grega e romana

Nas mitologias grega e romana, as narrativas dos conflitos entre humanos e deuses são semelhantes. Entretanto, os nomes deles são diferentes. Conheça alguns:

Deus grego

Deus romano

Zeus

Júpiter

Posêidon

Netuno

Afrodite

Vênus

Palas Atena

Minerva

Aspectos formais

Procure fazer uma releitura do mito “O criador e protetor dos homens”, prestando atenção na fórma como se apresentam o tempo e o espaço na narrativa. Duas características bastante representativas dos mitos, em geral, são representarem uma visão coletiva de mundo e serem transmitidos oralmente.

Respostas e comentários

Indicação de capítulo de livro

Acerca do gênero mito, consulte este capítulo de livro, no qual as autoras tratam de mitos, lendas e superstições por meio de estudos de textos desses gêneros e do levantamento das características comuns a eles e dos diferenciais de cada um:

JESUS, Luciana Maria de; BRANDÃO, Helena Nagamine. Mito e tradição indígena. In: BRANDÃO, Helena Nagamine coordenação.Gêneros do discurso na escola. São Paulo: Cortez, 2011. página47-83.

Orientação

Ao abordar as características formais do gênero mito, procure fazer uma identificação prévia de como essas partes se apresentam no texto lido, solicitando aos estudantes que as reconheçam e as apresentem oralmente. Sistematize na lousa essas características, orientando-os a registrá-las por escrito no caderno.

Tudo isso confere aos mitos algumas características semelhantes:

Esquema. Em destaque no primeiro bloco os itens: Tipo de narrador. 3ª pessoa ou onisciente. Sabe tudo sobre a história, mas não participa dos acontecimentos, pois expressa um ponto de vista coletivo e não de uma só personagem.
Em destaque no segundo bloco os itens: Tempo e espaço. Abstratos. Verbos no passado e marcadores temporais vagos. Ex.: “No princípio”, “Há muito tempo”, “Num tempo muito antigo”. Ações ambientadas em locais abstratos. Ex.: céu, inferno, profundezas da Terra, reinos submarinos. Essa abstração contribui para atingir um público ouvinte diversificado e atemporal.
Em destaque no terceiro bloco os itens: Linguagem. Tradição oral. Vocabulário simples, frases curtas e em ordem direta, pois facilitam a memorização.
No caso dos mitos gregos, porém, as histórias apresentam um registro elevado, pois os gregos antigos acreditavam que narrativas de divindades deveriam ser contadas com uma linguagem rebuscada.

Para as sociedades que os criaram, os mitos são relatos de ações verdadeiras ocorridas antes de a Terra e o Universo existirem como tais. Em outras palavras, são eventos ocorridos em um tempo primordial que resultaram em tudo o que somos, pensamos e sentimos.

De um ponto de vista mais amplo, veremos ainda que esses elementos dialogam e muito com a nossa realidade. Embora a descida de Prometeu à Terra levando fogo aos mortais seja impossível na vida real, ela simboliza o zelo do criador por suas criaturas.

Leia a visão dos gregos antigos sobre a criação do Universo:

Antes de serem criados o mar, a terra e o céu, todas as coisas apresentavam um aspecto a que se dava o nome de Caos – uma informe e confusa massa, mero peso morto, no qual, contudo, jaziam latentes as sementes das coisas. A terra, o mar e o ar estavam todos misturados; assim, a terra não era sólida, o mar não era líquido e o ar não era transparente.

Búlfinqui, Tômas. O livro de ouro da Mitologia: histórias de deuses e heróis. tradução David Jardim. trigésima quarta edição Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. página 23.

Agora leia os trechos iniciais de um mito japonês e um chinês sobre o mesmo tema:

No princípio existia uma massa oleosa em meio à escuridão. Naquele tempo, não havia divisão entre céu e a terra.

obeid, César. Quando tudo começou: mitos da criação universal. São Paulo: Panda Books, 2015. página 27.

Há muito, muito tempo, quando o tempo não existia, todo o Universo era somente uma grande névoa.

obeid, César. Quando tudo começou: mitos da criação universal. São Paulo: Panda Books, 2015. página 14.

Note que eles contam que, no princípio de tudo, havia apenas algo indefinido: “uma informe e confusa massa”, “uma massa oleosa”, “uma grande névoa”, o que se assemelha à ideia de Caos, o abismo nebuloso de que fala o mito grego da criação.

Diversas civilizações têm mitos em suas culturas. No Brasil, existem muitos mitos indígenas, que acabaram sendo pouco transmitidos devido ao processo colonizatório, que os reprimiu.

Respostas e comentários

Sobre mito

Talvez seja oportuno comentar com os estudantes que os mitos podem ser vistos como uma fórma inaugural de literatura, uma vez que são narrativas orais muito anteriores aos primeiros registros escritos. Isso oferece subsídio aos estudantes para entender que narrativas não são necessariamente escritas, desfazendo uma perspectiva grafocêntrica da literatura. Cite, por exemplo, que obras-primas da literatura universal como a Ilíada e a Odisseia são de origem oral.

Orientação

Disponha um tempo para os estudantes pesquisarem alguns mitos indígenas brasileiros, de modo que possa haver um resgate dessa cultura e para que eles comecem a ambientar-se para a segunda leitura desta Unidade.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 1

Formas nominais do verbo

As fórmas nominais do verbo são três: gerúndio, infinitivo e particípio.

Retome este trecho do mito que você leu:

Quando o primeiro molde ficou pronto, ele adorou o resultado e decidiu fazer milhares de outras réplicas, sempre mudando aqui e acolá as características físicas da sua criação.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 5.

O verbo mudar foi usado no gerúndio para trazer a ideia de uma ação contínua. O gerúndio também pode exercer a função de advérbio. Observe:

Decidiu fazer, sorrindo, milhares de outras réplicas de sua criação.

O verbo sorrir foi usado no gerúndio para trazer a ideia de modo, informando de que maneira foi executada a criação: sorrindo.

Nesse exemplo foi usada a locução verbal decidir fazer. O verbo fazer está no infinitivo impessoal, tendo como função expressar uma ação não conjugada (modo, tempo, número ou pessoa). O verbo decidir, auxiliar na locução verbal, está conjugado na 3ª pessoa do singular do passado no modo indicativo, permitindo que o leitor entenda quem fez tal ação: ele.

Considere este outro exemplo:

Deixar para os deuses a melhor parte do animal era a ordem.

O verbo deixar está no infinitivo impessoal e não compõe locução verbal. Nesse caso a fórma nominal mostra que a ação não é executada por um sujeito específico, mas é um comportamento que se espera de todos. No entanto, o infinitivo tem a sua fórma pessoal, ou seja, ele pode ser conjugado nas diferentes pessoas do discurso:

Deixarmos para os deuses a melhor parte do animal era a ordem.

No exemplo, o verbo deixar foi conjugado na 1ª pessoa do plural. O uso do infinitivo pessoal, nesse caso, é para explicitar quem deve realizar a ação: nós.

Agora observe a frase a seguir:

Um dos filhos de Jápeto, um titã derrotado chamado Prometeu, decidiu criar os homens à semelhança dos deuses.

O verbo derrotar está no particípio, usado quando se quer produzir a ideia de um resultado da ação verbal. No caso, o titã já sofreu a derrota, por isso o verbo no particípio.

Respostas e comentários

Habilidades trabalhadas nesta seção

(ê éfe zero sete éle pê zero quatro) Reconhecer, em textos, o verbo como o núcleo das orações.

(ê éfe zero sete éle pê zero cinco) Identificar, em orações de textos lidos ou de produção própria, verbos de predicação completa e incompleta: intransitivos e transitivos.

(ê éfe zero sete éle pê zero sete) Identificar, em textos lidos ou de produção própria, a estrutura básica da oração: sujeito, predicado, complemento (objetos direto e indireto).

(ê éfe zero sete éle pê um um) Identificar, em textos lidos ou de produção própria, períodos compostos nos quais duas orações são conectadas por vírgula, ou por conjunções que expressem soma de sentido (conjunção “e”) ou oposição de sentidos (conjunções “mas”, “porém”).

(ê éfe zero sete éle pê um quatro) Identificar, em textos, os efeitos de sentido do uso de estratégias de modalização e argumentatividade.

Sugestão

Explore os conhecimentos prévios dos estudantes sobre as três fórmas nominais do verbo. Apresente a nomenclatura. Provavelmente, eles conhecem o infinitivo. Em seguida, localize, no texto lido, ocorrências das fórmas nominais (mudando, sorrindo, deixar, derrotado). Peça que expliquem com suas palavras o sentido que elas expressam no texto. Finalmente, introduza as explicações desenvolvidas no livro.

Sobre fórmasnominais do verbo

Ao iniciar o tema, diga aos estudantes que as fórmas nominais dos verbos exercem funções que são próprias de nomes (substantivo ou adjetivo), por isso essa nomenclatura. Um exemplo possível é a oração “recordar é viver”, em que os verbos no infinitivo funcionam como substantivos, visto que podem ser compreendidos como equivalentes a “recordação é vida”.

Sobre gerúndio

Coloque na lousa que o gerúndio tem como particularidade a desinência . Escreva que ele não especifica uma pessoa do discurso como os outros modos verbais.

Apresente outros exemplos em que o gerúndio exerce a função de advérbio, variando as suas circunstâncias (modo, tempo, lugar etcétera). Alguns exemplos: Chegando a Recife, foi logo conhecer a praia: expressão da circunstância de tempo; Falava mascando chiclete: circunstância de modo. Com base nesses exemplos, é possível que os estudantes possam dar seus próprios exemplos, ampliando o uso e a compreensão do gerúndio em situações de comunicação.

Sobre particípio

Mostre aos estudantes que o particípio tem o valor equivalente ao de um adjetivo.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Observe a imagem e responda às questões.

Cartaz. A imagem mostra a fotografia de um tronco de árvore. Sobreposto ao tronco, há o desenho de uma linha branca pontilhada, dividindo o tronco ao meio. Acima da linha, uma tesoura branca em movimento de corte. Abaixo da linha, o texto: É MAIS FÁCIL CORTAR O DESPERDÍCIO DE PAPEL.
Intervenção em árvore do parque Ibirapuera, em São Paulo, durante uma ação promovida pela Fundação ésse ó ésse Mata Atlântica, em fevereiro de 2010.
  1. Considerando que a imagem foi reproduzida em árvores reais, explique o objetivo da campanha.
  2. Cite em que lugares é mais típica a presença do desenho de uma tesoura sobre um tracejado.
  3. Explique a relação entre o desenho da tesoura e o objetivo da campanha.
  1. Considerando o que você aprendeu a respeito dos verbos:
    1. Copie os verbos presentes na mensagem sobre a árvore.
    2. Copie, em seu caderno, o verbo que está no infinitivo impessoal e, em seguida, explique a função dele.
Versão adaptada acessível
  1. Registre quais são os verbos presentes na mensagem sobre a árvore.
  2. Registre o verbo que está no infinitivo impessoal e, em seguida, explique a função dele.

3. Leia a tirinha:

Tirinha. Em duas cenas. Personagens: Hagar, um homem robusto e barbudo usando capacete com chifres e roupa de pele de animal. Eddie, um homem magro usando macacão e um funil sobre a cabeça. Cena 1. Eddie está segurando um arco e flecha, olhando para trás, na direção de Hagar. Ele diz: HAGAR! ESTÃO ACABANDO AS FLECHAS! Atrás de Eddie, Hagar está segurando um escudo. Ele diz: NÃO SE PREOCUPE... Cena 2. Eddie está abaixado atrás do escudo. Hagar, atrás de Eddie, está segurando outro escudo. Ele diz: AS DO INIMIDO TAMBÉM! Sobre eles estão caindo flechas, trompete, cenoura, gaita e um repolho, que acerta a cabeça de um homem que está atrás de Hagar, também segurando um escudo.

bráun, . O livro de ouro do Agás, o horrível. Rio de Janeiro: Ediouro, 2015. página 19.

  1. O que está acontecendo com as personagens nos quadrinhos?
  2. Como Agás sabe que as flechas dos inimigos estavam acabando?
  3. Como é construído o humor nessa tirinha?
  1. Os verbos são fundamentais para a construção de uma oração e de seu sentido. No entanto, frases sem verbo às vezes são a melhor opção.
    1. Explique por que, no último quadrinho, Agás não precisou usar verbo em sua fala.
    2. Reescreva a frase do último quadrinho empregando a locução verbal omitida. Faça as alterações necessárias para que o sentido original permaneça.
    3. Copie o verbo e a locução verbal presentes no primeiro quadrinho. Em seguida, indique o modo verbal em que foram empregados.
    4. Explique por que o uso de tais modos verbais é fundamental para a construção do sentido da tirinha.
Versão adaptada acessível
  1. Explique por que, no último quadrinho, Hagar não precisou usar verbo em sua fala.
  2. Reescreva a frase do último quadrinho empregando a locução verbal omitida. Faça as alterações necessárias para que o sentido original permaneça.
  3. Registre o verbo e a locução verbal presentes no primeiro quadrinho. Em seguida, indique o modo verbal em que foram empregados.
  4. Explique por que o uso de tais modos verbais é fundamental para a construção do sentido da tirinha.
Respostas e comentários

1. a) O objetivo da campanha era conscientizar as pessoas sobre a origem do papel que utilizamos todos os dias.

2. a) É, cortar.

2. b) O verbo cortar. A ôngui optou por esse modo verbal como uma fórma de incitar o leitor a refletir sobre as consequências do consumo exagerado de papel sobre o meio ambiente.

4. b) As flechas do inimigo também estão acabando.

Respostas

1. b) É típica em atividades escolares, em embalagens etcétera

É importante que os estudantes percebam que o desenho da tesoura é um símbolo típico de atividades que envolvem o córte de papel.

c) O desenho da tesoura é típico de atividades que envolvem o córte de papel. A campanha, ao colocá-lo em uma árvore, relaciona a produção de papel ao desmatamento.

3. a) No primeiro quadrinho, édi Sortudo diz, com preocupação, que as flechas estão acabando. No segundo quadrinho, Agás constata que as do inimigo também estão acabando.

b) Agás sabe que as flechas do inimigo estavam acabando, porque, além de flechas, alimentos e objetos estavam sendo lançados sobre eles.

c) O humor é construído pela articulação entre a linguagem verbal e as imagens (linguagem não verbal).

4. a) No último quadrinho, o autor optou por não usar um verbo explicitamente porque é possível recuperar o sentido completo da frase pelo contexto da tirinha.

c) Estão acabando é uma locução verbal. O verbo estar está no presente do indicativo e o verbo acabar está no gerúndio. Preocupe é um verbo e foi empregado usando-se o modo imperativo negativo.

d) A locução verbal empregada é fundamental para trazer a ideia de que a ação de acabar está em processo. Essa ideia de processo é trazida pelo uso do gerúndio (acabando). No caso do verbo preocupar, o uso do modo imperativo é importante, porque mostra a orientação de Agás a édi.

Ressalte que o emprego do gerúndio é fundamental para a compreensão do último quadrinho. Destaque que, além dos objetos lançados contra as personagens, há flechas indicando que o ataque do inimigo não acabou, mas está em processo.

Sugestão de atividade

Retome o desafio de identificação dos verbos no mito lido. Se possível, transcreva na lousa ou em cartolina parágrafos do texto para realização de uma prática coletiva de localização desses verbos e reflexão dos efeitos de sentido deles.

Faça as atividades no caderno.

Verbo como núcleo da oração

1. O mito que você leu é uma narrativa que tem como personagem principal Prometeu, o criador dos seres humanos. Releia este trecho do mito “O criador e protetor dos homens”.

Prometeu, assim como um artesão, pegou a argila, molhou com a água do rio e começou a moldá-la com muito cuidado e carinho. Quando o primeiro molde ficou pronto, ele adorou o resultado e decidiu fazer milhares de outras réplicas, sempre mudando aqui e acolá as características físicas da sua criação.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 5.

  1. Que classe de palavra expressa as ações que ocorrem na narrativa?
  2. Como, por meio dessa classe de palavras, o leitor consegue saber quando os fatos narrados ocorrem?
  3. Quantos verbos há nesse trecho? Indique-os.
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Orações

Você já sabe que toda narrativa tem um enredo que se desenvolve apresentando ações, estados, fenômenos da natureza e processos relacionados às suas personagens e aos acontecimentos narrados, ou seja, enunciados de sentido completo.

Você já sabe também que as frases que se organizam em torno de nomes são as frases nominais e as que se organizam em torno de verbos são as frases verbais. As frases que se organizam em torno de verbos são também chamadas de orações.

2. Para reconhecer a importância dos verbos em uma narrativa, releia este trecho do mito:

— Todos estão admirados com sua criação, Prometeu. Porém, nunca podemos nos esquecer de quem é que manda aqui, não é? — perguntou o deus dos deuses, Zeus.

Tenho uma ideia disse Prometeu. Vamos marcar um encontro entre os deuses e os mortais em Mecona. Lá, estabeleceremos os direitos e as obrigações dos homens perante vocês, deuses poderosos.

Gostei da proposta, Prometeu. Pode marcar a reunião para amanhã mesmo disse Zeus, contente com a proposta do filho do titã.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 7.

  1. Identifique as orações verbais presentes no diálogo do trecho destacado.
  2. As ações das personagens expressam três tempos verbais, presente, passado e futuro. Transcreva do texto um exemplo de cada um deles.
  3. Qual é o sentido dos verbos usados no texto? Por quais outros verbos eles poderiam ser alterados?
Respostas e comentários

1. a) A classe dos verbos.

1. c) Há sete verbos/locuções verbais: pegou, molhou, começou a moldá-la, ficou, adorou, decidiu fazer, mudando.

Respostas

1. b) Por meio das desinências temporais dos verbos.

Se considerar pertinente, retome com os estudantes os conhecimentos prévios que possuem sobre as desinências verbais: tempo, modo, número e pessoa. Ressalte as desinências de modo e tempo dos verbos: -ando (mudando) indica um estado contínuo na ação expressa, característica do modo gerúndio; -ou (pegou) indica o tempo pretérito perfeito, que constrói a ideia de uma ação acabada no passado. Chame a atenção para como esses tempos verbais constroem a intencionalidade narrativa.

2. a) As orações centradas em verbos, ou seja, com organização em torno do verbo, são: “Vamos marcar um encontro entre os deuses e os mortais em Mecona”, “estabeleceremos os direitos e as obrigações dos homens perante vocês, deuses poderosos” e “Pode marcar a reunião para amanhã mesmo”.

b) Presente: estão, podemos esquecer, é, manda, tenho. Passado: perguntou, disse, gostei. Futuro: estabeleceremos.

c) Ao longo da atividade, conduza as reflexões enquanto acompanha as identificações dos verbos e essas substituições por outros. Questione se esses ajustes mudariam o tom ou não da narrativa. Motive a pesquisa em dicionário para análise das acepções mais próximas desse verbo perante o contexto de uso no trecho. Por meio de perguntas como “no lugar de ‘vamos marcar’ qual verbo poderíamos usar, mantendo-se o sentido?”, é possível estabelecer, com a turma, uma análise semântica dos trechos.

Orientação

Para a progressiva compreensão da turma, analise os verbos usados e o que aconteceria se mudássemos para outro verbo, questionando-os se causariam o mesmo efeito de sentido. Dessa fórma, é possível compreender o caráter nuclear do verbo também em termos semânticos. Esse procedimento permite também contemplar o objeto de conhecimento modalização.

Sobre fórmas imperativas

As fórmas imperativas podem aparecer como exemplo de tempo presente: vamos marcar, pode marcar. Cabe lembrar aos estudantes que esse modo verbal não apresenta flexão de tempo, embora sua ocorrência só se dê no momento presente do discurso.

Sobre frase nominal, verbal e oração

Os conceitos de frase nominal, frase verbal e oração foram introduzidos na Unidade 3 do volume 6. Portanto, seria possível começar investigando quais conhecimentos prévios os estudantes têm sobre esses conceitos.

Sugestão

Peça aos estudantes que observem os turnos de fala do trecho destacado na página anterior, ou seja, de que maneira o diálogo entre Prometeu e Zeus se organiza e como as falas de cada um são introduzidas. A pergunta “Como podemos saber quem está falando?” levará os estudantes a observar que, além do uso do travessão, os verbos de dizer (focalizados na Unidade 4 do volume 6) e o vocativo (a ser detalhado na Unidade 7 deste volume) têm uma função importante e esclarecedora no diálogo estudado.

Faça as atividades no caderno.

Períodos simples e composto

As respostas às questões anteriores mostram que o verbo é a palavra em torno da qual organizamos uma oração.

O verbo também indica as pessoas do discurso, as personagens e os narradores:

  • quem fala, 1ª pessoa: gostei da proposta (Zeus);
  • com quem se fala, 2ª pessoa: pode marcar (Prometeu/você);
  • de quem se fala, 3ª pessoa: estão admirados (Todos).

O verbo indica ainda:

  • as ações e os estados das personagens: manda, estão (admirados);
  • o tempo/modo e espaço em que ocorrem as ações e eventos: presente, passado e futuro.
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Locução verbal

Locução verbal é a expressão formada por verbo auxiliar seguido de verbo principal, mas que equivale a um só verbo, uma só ideia.

Exemplos:

Esquema. Em destaque no primeiro bloco: Vou sair! VOU: verbo auxiliar. SAIR: verbo principal no infinitivo. Em destaque no segundo bloco: Estou saindo! ESTOU: verbo auxiliar. SAINDO: verbo principal no gerúndio. Em destaque no terceiro bloco: Tenho saído muito! TENHO: verbo auxiliar. SAÍDO: verbo principal no particípio.

Na locução verbal, conjuga-se apenas o verbo auxiliar, uma vez que o principal aparece sempre em uma das fórmas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Os verbos auxiliares de uso mais frequente são: ser, estar, ter, haver e ir.

1. Releia este trecho:

reticências Palas Atena foi tomada por um sentimento de amor intenso, levantou a cabeça da criatura e soprou o hálito divino em direção ao rosto dela.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 6.

  1. Que verbos e locuções verbais formam orações nesse período?
  2. Quantas orações há na frase?

Um período pode apresentar uma ou mais orações.

O período que apresenta apenas uma oração é chamado de período simples.

Exemplo:

Depois de milhares de anos de lutas extraordinárias, Zeus e seus irmãos, finalmente, venceram os gigantes e poderosos titãs.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 5.

O período que apresenta duas ou mais orações é chamado de período composto.

Exemplo:

Quando sentiu que o trabalho estava pronto, Prometeu parou, observou e percebeu que todas as suas criaturas estavam inertes, sem vida.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 5.

Respostas e comentários

1. a) Foi tomada, levantou, soprou.

Respostas (continuação)

1. b) Há três orações: “Palas Atena foi tomada por um sentimento de amor intenso / levantou a cabeça da criatura / e soprou o hálito divino em direção ao rosto dela”.

Sobre período composto

É comum, em textos narrativos, uma sequência de orações com verbos que apresentam o mesmo sujeito, como no exemplo: “Prometeu parou, observou e percebeu que reticências”.

Sugestão

Uma atividade a ser proposta para trabalhar períodos simples e composto é fornecer aos estudantes períodos simples que deverão se tornar compostos com o emprego de conectivos. Assim, por exemplo, “Chovia/Pedro saiu” pode se transformar em: “Chovia, mas mesmo assim Pedro saiu”, ou ainda: “Quando Pedro saiu, chovia”. Essa atividade trabalha também relações de coesão, que os estudantes terão de estabelecer para formar períodos compostos.

Sobre o verbo como núcleo da oração

A retomada do estudo da função do verbo em um texto narrativo é importante para voltar a tratar dos conceitos de oração e período (focalizados nas Unidades 3 e 4 do volume 6). Assim, a revisão dos tempos e modos verbais e das pessoas do discurso (também presentes no volume 6) que os verbos introduzem é tarefa relevante para chegar a esses novos conceitos.

As noções de período simples e composto devem ser compreendidas e fixadas, para estudo posterior da estrutura interna dos sintagmas nominal e verbal que compõem uma oração (sujeito e predicado).

Faça as atividades no caderno.

2. Releia este trecho:

Prometeu ficou furioso, mas não demonstrou nada para Zeus.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 8.

  1. Que verbo no período destacado expressa ação da personagem?
  2. Que verbo expressa estado ou mudança de estado das personagens?
  3. Como podemos alterar esse período composto para dois períodos simples? Há mudança de sentido com essa alteração?
  1. Perceba que os verbos podem ter funções diferentes em uma narrativa; no mito que você leu, verbos de ação e de estado cumprem papéis diferentes. Considerando essa explicação, responda:
    1. Que tipo de verbo geralmente é utilizado para caracterizar personagens, lugares, cenários, situações e elementos da natureza?
    2. Que tipo de verbo narra os fatos, acontecimentos e processos, contribuindo para que o enredo se desenvolva e progrida no tempo e no espaço?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Verbo

O verbo pode expressar:

ação:

Zeus e seus irmãos mataram Cronos.

acontecimento:

Relampejou muito na noite da luta entre os deuses.

estado:

Cronos era um deus cruel.

mudança de estado:

Prometeu ficou furioso./Zeus tornou-se poderoso.

continuidade de estado:

Os deuses gregos permaneceram felizes no Olimpo.

Oração: sujeito e predicado

1. Releia este período com duas orações:

O filho de Jápeto sorria; sua criação estava pronta!

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 6.

  1. Em torno de que verbo a primeira oração está construída?
  2. A que personagem o verbo se refere?
  3. O que se fala sobre essa personagem?

Ao responder ao item b, você está identificando o sujeito da oração, ou seja, aquele termo da oração de quem o verbo fala: O filho de Jápeto.

E, ao responder ao item c, você está identificando o predicado da oração, ou seja, o que se fala sobre o sujeito: sorria.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Sujeito e predicado

Sujeito e predicado são os termos principais ou essenciais de uma oração.

Sujeito é o termo com o qual o verbo concorda e sobre o qual o predicado declara algo.

Predicado é o que se declara sobre o sujeito da oração. Ele pode expressar ação, característica ou estado do sujeito. Às vezes, pode expressar um fenômeno ou acontecimento sem presença de um sujeito na oração.

Exemplo: Chove muito no verão tropical.

O verbo nos indica quem é o sujeito da oração, pois concorda com ele em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª).

Respostas e comentários

1. b) Ao filho de Jápeto.

1. c) Que ele sorria.

2. b) Ficou.

2. c) "Prometeu ficou furioso. Não demonstrou nada para Zeus."

3. b) Espera-se que os estudantes cheguem à conclusão de que verbos de ação têm a função primordial de narrar.

Respostas (continuação)

2. a) Demonstrou.

c) Ao alterar o período de composto para dois períodos simples é possível também contemplar as habilidades referentes ao efeito de sentido. Avalie com os estudantes como a progressão das ideias em uma narrativa pode ser beneficiada com a organização de períodos compostos ou simples.

3. a) Verbos que expressam estado (mudança ou continuidade de estado) geralmente descrevem, caracterizam os seres ou lhes atribuem qualidades.

Explique aos estudantes que a presença dos verbos de estado ocorre em diferentes textos e não apenas no mito lido.

Sobre oração: sujeito e predicado

Aqui já se introduz, embora sem nomenclatura, a diferença entre predicado verbal e nominal. Verbos que na narrativa indicam ação ou acontecimento constituem predicados verbais, cujo núcleo é o próprio verbo. Já os verbos de estado constituem predicados nominais, cujo núcleo é um nome (substantivo, adjetivo, pronome etcétera do predicado. Na segunda oração do período composto “O filho de Jápeto sorria; sua criação estava pronta!”, temos um predicado nominal cujo núcleo é pronta, característica do sujeito sua criação. O verbo estava (de ligação) apenas liga o sujeito ao núcleo do predicado (predicativo do sujeito).

Respostas

1. a) Em torno do verbo sorrir.

Faça as atividades no caderno.

2. No mito, encontramos também verbos que expressam estado da personagem. Note como o verbo caracteriza a personagem, explicando seu modo de estar no mundo. Releia a oração a seguir:

Prometeu ficou furioso reticências

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 8.

  1. A quem o verbo se refere?
  2. Que estado ou modo de ser o verbo indica para essa personagem?

Observe a importância do verbo como organizador de uma oração: identificando o verbo, conseguimos chegar ao sujeito da oração. Identificando o sujeito, encontramos o predicado, a parte da oração que faz uma declaração ou diz algo sobre o sujeito.

A transitividade verbal

1. Leia um mito que pertence a um grupo étnico da Amazônia, os cachináua.

A noite

O sol não deixava nunca de iluminar e os índios cachináua não conheciam a doçura do descanso.

Muito necessitados de paz, exaustos de tanta luz, pediram ao rato que emprestasse a noite.

Fez-se a escuridão, mas a noite do rato bastou apenas para comer reticências em frente do fogo. O amanhecer chegou e os índios mal haviam deitado em suas redes.

Provaram então a noite do tapir. Com a noite do tapir, puderam dormir um sono solto e desfrutaram o sonho tão esperado. Mas quando despertaram, tinha passado tanto tempo que as ervas do monte haviam invadido seus cultivos e esmagado suas casas.

Depois de muito buscar, ficaram com a noite do tatu. Pediram essa noite emprestada e não a devolveram jamais.

O tatu, despojado da noite, dorme durante o dia.

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo um: Os nascimentos. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2010. página 29-30.

  1. Qual fenômeno da natureza essa narrativa procura explicar? Justifique sua resposta.
  2. O mito é narrado com verbos no passado, mas a última frase apresenta verbo no presente. Que explicação você daria para essa única ocorrência?

2. Releia a seguinte oração:

O amanhecer chegoureticências

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo um: Os nascimentos. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2010. página 29.

  1. Qual é o verbo da oração?
  2. Esse verbo que compõe o predicado tem sentido completo ou precisa de um complemento?

3. Releia outra oração do mito:

Provaram então a noite do tapir.

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo um: Os nascimentos. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2010. página 30.

Respostas e comentários

2. a) A Prometeu.

2. b) Ficar furioso.

2. a) Chegou.

2. b) O verbo tem sentido completo.

Respostas

1. a) A narrativa explica a origem da noite entre os cachináua.

b) A frase final do mito é a explicação de uma característica do tatu. O mito, como narrativa de origem, usa o passado e explica o presente: o tatu, hoje, dorme durante o dia porque lhe levaram a noite. Assim, o uso do presente é decorrente da intenção do gênero em questão.

Sobre transitividade verbal

A noção de transitividade ou intransitividade do verbo é um fenômeno lexical, sintático e também discursivo. Isso quer dizer que o contexto discursivo determina muitas vezes que um mesmo verbo pode ser considerado transitivo ou intransitivo. Podemos dizer “Pedro só pensa na namorada”, em um contexto em que o verbo pensar é transitivo indireto, ou dizer “Pedro é um rapaz que pensa”, em que o verbo pensar é intransitivo, pois toda a ação verbal está contida no verbo, ao contrário da primeira, em que a ação verbal transita e se completa com na namorada. Mostre aos estudantes essas possibilidades de variação para que reflitam sobre a importância do contexto de produção no tratamento da predicação verbal. Uma maneira possível de explicar a questão para os estudantes de fórma simples é a proposta por Mário Perini (2007): Os verbos não são transitivos ou intransitivos, mas exigem, recusam ou aceitam complementos, dependendo do contexto de produção (­PERINI, Mário. Gramática descritiva do português. quarta edição São Paulo: Ática, 2007).

Sugestão

Se considerar oportuno, antes da leitura do texto, aborde a diferença entre mitos e lendas. Uma matéria digital divulgada no site da Universidade da Amazônia (Unama) faz a seguinte distinção, com base na obra de Januária Cristina Alves, jornalista, escritora e pesquisadora da cultura popular brasileira, Abecedário de personagens do folclore brasileiro: mitos são histórias que descrevem as origens de determinados povos, com base em eventos sobrenaturais, mágicos, sobre-humanos e integrando rituais de determinada cultura; já as lendas são narrativas escritas ou da tradição oral em que fatos históricos, que podem ter acontecido, são moldados a partir da imaginação popular ou para revelar e valorizar as tradições e raízes desses povos.

SARGA, Bruna. O que faz uma lenda virar folclore. Unama, 31 outubro 2017. Disponível em: https://oeds.link/KO2y97. Acesso em: 8 fevereiro 2022.

Faça as atividades no caderno.

  1. O verbo provaram possui sentido completo ou você perguntaria “provaram o quê”?
  2. Que expressão do predicado completa o sentido do verbo?

Os verbos que têm sentido completo são chamados de intransitivos.

Os verbos que precisam de um complemento para fazerem sentido completo são os transitivos.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Verbos e ação

Como você pôde observar, verbos transitivos e intransitivos expressam geralmente ideia de ação e acontecimento, por isso são verbos carregados de significação.

O que as palavras transitivo, trânsito e transitar têm de parecido? E de diferente?

O radical dessas palavras é o mesmo, indicando que o sentido da transitividade de um verbo precisa ter um complemento verbal para uma significação completa.

Leia agora esta tirinha:

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Hagar, homem robusto e barbudo usando chapéu com chifres e roupa de pele de animal. Esposa de Hagar, mulher robusta usando chapéu com chifres e roupa preta. Cena 1. À esquerda, Hagar está de pé, próximo à porta, olhando para na direção da esposa. O braço direito está levemente levantado e o dedo indicador apontado para cima. Ele diz: DEVO CHEGAR UM POUCO TARDE. DEIXE UMA LUZ ACESA PARA MIM. À direita, a mulher de Hagar está sentada em uma poltrona e diz: AONDE VOCÊ VAI? Cena 2. Hagar, olhando para o lado, diz: NA FESTA SÓ PARA HOMENS DO ALF. Cena 3. À esquerda, uma vela acesa. À direita, uma casa. No céu, a lua.

bráun, Cris. O melhor de Agás, o horrível. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2009. página 115.

O verbo deixar nessa tirinha apresenta dois complementos: uma luz acesa e pra mim. São duas ideias que completam o sentido do verbo deixar.

Esquema. Em destaque: Deixe uma luz acesa para mim. UMA LUZ ACESA: complemento 1. PARA MIM: complemento 2.

Verbos transitivos podem apresentar mais de um complemento.

4. Compare os predicados das orações a seguir:

um O tatu dorme durante o dia.

dois O tatu é um animal notívago, solitário e onívoro.

  1. Qual é o núcleo do predicado da oração um?
  2. Qual é o núcleo do predicado da oração dois?
  3. Que parte de cada uma das orações informa mais sobre o sujeito tatu?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Núcleo do predicado

A expressão do predicado que traz mais informação sobre o sujeito da oração é chamada de núcleo.

Quando o núcleo do predicado é um verbo, nós o denominamos predicado verbal.

Quando o núcleo do predicado é um nome ou expressão nominal – substantivo, adjetivo, pronome, numeral –, temos um predicado nominal.

O predicado nominal, geralmente, expressa estado, característica, qualidade do sujeito da oração.

Respostas e comentários

4. a) O núcleo é o verbo dorme.

Respostas (continuação)

3. a) Perguntaria “Provaram o quê?”, porque falta a esse verbo um complemento.

b) A expressão a noite do tapir.

Observe com os estudantes que a palavra então não faz parte do complemento.

Comente com os estudantes que, ao olhar mais de perto os sentidos e comportamentos dos verbos, percebe-se que alguns têm sentido completo (como amanhecer), enquanto outros precisam ou “pedem” para ser complementados por mais uma ideia (como provaram).

4. b) O núcleo é a expressão um animal notívago, solitário e onívoro.

c) Em um, o verbo informa mais sobre o sujeito, porque é o núcleo do predicado. Em dois, o verbo apenas liga as características do sujeito – um animal notívago, solitário e onívoro – ao sujeito tatu, e o núcleo do predicado é composto, portanto, de nomes, substantivo + adjetivos. Explique aos estudantes que os verbos, no predicado nominal, têm apenas a função de ligar o núcleo (nominal) ao sujeito. Por terem essa característica, eles são chamados de verbos de ligação. Então, o verbo de ligação informa pouco sobre o sujeito.

Sobre noção de núcleo

É importante fixar a noção de núcleo, tanto do sujeito quanto do predicado, como o termo do sintagma nominal ou verbal que concentra a informação mais importante. No caso do sujeito, é o termo que centraliza a carga significativa e com o qual o verbo concorda em gênero e número: “Muitas máquinas de grande porte da indústria brasileira são exportadas”. No caso do núcleo do predicado, trata-se de buscar a informação que faz a declaração mais importante sobre o sujeito, verbo ou nome: “Os estudantes preocupam-se com as provas” (núcleo verbal). “Os estudantes parecem preocupados com as provas” (núcleo nominal).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Leia o cartum.
    1. Quantas orações há no cartum? Quais são os verbos que as identificam?
    2. Transcreva em seu caderno a oração que apresenta um predicado nominal.
    3. Com que intenção o autor utilizou um predicado nominal nessa oração?
    4. Em que tipo de período essa oração está: simples ou composto? Justifique sua resposta.
Cartum. Na parte superior, o texto: MITOLOGIA GREGA: A CRUEL MEDUSA ERA UMA MULHER COM SERPENTES NO LUGAR DOS CABELOS. Abaixo, ilustração de uma mulher com cabelos de serpentes. Ela está segurando com uma das mãos uma chapinha alisadora de cabelos. A mulher diz: VOCÊS SE COMPORTEM OU EU FAÇO UM CHAPINHA EM VOCÊS!

BUENO, Rubens. Mitologia grega. Ivo viu a uva. Disponível em: https://oeds.link/FH14sG. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

  1. Observe a figura da Medusa no cartum. Ela corresponde ao que foi descrito sobre essa figura mitológica na legenda do narrador? Por quê?
  2. Medusa conversa com suas serpentes utilizando em sua fala um período composto.
    1. Que oração expressa uma ordem?
    2. Que oração expressa uma ameaça?
  3. Como o humor foi construído no cartum? Explique sua interpretação.

Saiba +

Medusa

A Medusa, na mitologia grega, era um monstro do sexo feminino, uma das três Górgonas. Ao contrário de suas irmãs, Esteno e Euríale, Medusa era mortal e foi decapitada pelo herói Perseu, que utilizou posteriormente sua cabeça como arma. Em uma versão do poeta romano Ovídio, a Medusa teria sido uma bela donzela do templo de Atena, deusa da sabedoria. Por ter se deitado com Posêidon no próprio templo da deusa, Atena transformou os cabelos da donzela em serpentes e deixou seu rosto com feição tão monstruosa, com a maldição de que quem o contemplasse seria transformado em pedra.

Pintura. Quadro em tons escuros, com predominância para o verde. Ele mostra um escudo redondo, com fundo verde claro. Sobre ele, a cabeça de uma mulher com cabelos de serpentes. Ela está com os olhos arregalados e a boca aberta. Seu pescoço está cortado e jorra sangue.

caravádio, Miquelângelo Merisi da. Medusa. Óleo sobre tela montada sobre madeira, 60 pôr 55 centímetros. Galeria dos Ofícios, Florença, Itália. caravádio é um dos mais notáveis pintores italianos do século dezesseis.

Respostas e comentários

1. d) Período simples: um verbo, uma oração.

2. Sim, ela realmente tem cabelos de serpentes e uma fisionomia ameaçadora.

3. a) “Vocês se comportem”.

3. b) “ou eu faço uma chapinha em vocês.”.

Sobre predicado verbal e nominal

Os conceitos de predicado verbal e nominal foram aqui introduzidos, mas serão aprofundados na Unidade 4 deste volume. Voltaremos a este tema na Unidade 1 do volume 8, quando será focalizado o predicado verbo-nominal.

Respostas

1. a) Há três orações. Os verbos são: era, comportem, faço.

b) “A cruel medusa era uma mulher com serpentes no lugar dos cabelos.”

c) Com a intenção de apresentar e descrever a personagem ao leitor.

4. Podemos dizer que o humor no cartum é resultado da presença de um artefato da moderna tecnologia usado por uma personagem da antiga mitologia grega: há uma Medusa moderna, atualizada, que conhece a chapinha – que serve para alisar os cabelos. Mesmo atualizada, permanece com suas características mitológicas, cruel e ameaçadora com suas serpentes.

Faça as atividades no caderno.

5. Releia:

Vocês se comportem /ou eu faço uma chapinha em vocês!

BUENO, Rubens. Mitologia Grega. Ivo viu a uva. Disponível em: https://oeds.link/FH14sG. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

  1. Analise as duas orações do período e classifique seu predicado em verbal ou nominal.
  2. Classifique os dois verbos do período em transitivo ou intransitivo.
  3. O pronome vocês aparece duas vezes no período. Na primeira oração, é seu sujeito. Qual é a função desse pronome na segunda oração?
  4. Qual é o sujeito da segunda oração?
  1. Medusa tinha cobras na cabeça. Existe uma expressão popular que é ter minhocas na cabeça.
    1. Procure descobrir o sentido dessa expressão e explique se ela tem relação com a Medusa.
    2. Escreva em seu caderno uma frase que utilize essa expressão no sentido que ela apresenta.
  2. Releia este trecho do texto “O criador e protetor dos homens”:

O criador dos homens decidiu que seria o professor deles e começou a ensiná-los a falar e a ouvir, a contar histórias, a fabricar ferramentas, a cultivar o campo, a conhecer os medicamentos e ensinou-lhes a ver o futuro nas estrelas.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 6.

  1. Analise os verbos destacados. Eles precisam de complemento ou possuem um sentido completo?
  2. Escreva ao lado de cada verbo seu complemento verbal.

8. Agora releia uma passagem do mito indígena “A noite”:

Depois de muito buscar, ficaram com a noite do tatu. Pediram essa noite emprestada e não a devolveram jamais.

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo um: Os nascimentos. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2010. página 30.

  1. Quantos períodos há nesse parágrafo?
  2. Em seu caderno, copie as orações de cada período, separando-as com barras.
  3. As orações apresentam sujeito explícito?
  4. Volte ao texto e analise se é possível saber a quem os verbos se referem.
  5. Levante uma hipótese para explicar por que o autor do mito deixou implícito o sujeito dos verbos nesse parágrafo.
Versão adaptada acessível
  1. Quantos períodos há nesse parágrafo?
  2. Registre quais são as orações de cada período.
  3. As orações apresentam sujeito explícito?
  4. Volte ao texto e analise se é possível saber a quem os verbos se referem.
  5. Levante uma hipótese para explicar por que o autor do mito deixou implícito o sujeito dos verbos nesse parágrafo.

9. Considerando os acontecimentos narrados no mito “A noite”, dê sua opinião sobre o comportamento dos cachináua e sobre o tatu. Para isso, escreva dois ou mais períodos, descrevendo-os com verbos de estado.

Respostas e comentários

5. c) Função de completar o sentido do verbo: uma chapinha (direto); em vocês (indireto).

5. d) Eu.

6. b) Resposta pessoal. Sugestão: “Esse menino tem tantas minhocas na cabeça!”.

7. b) Contar: histórias; fabricar: ferramentas; cultivar: o campo; conhecer: os medicamentos.

8. a) Há dois períodos.

8. c) Não.

8. e) Resposta pessoal.

9. Resposta pessoal.

Respostas (continuação)

5. a) Ambas têm predicado verbal.

b) Se comportem: intransitivo; faço: transitivo – complementos verbais: uma chapinha, em vocês.

6. a) Sentido de ter ideias tolas, absurdas; crenças sem bases científicas. Não há relação com o mito da Medusa.

7. a) Todos são transitivos, isto é, apresentam um complemento verbal que lhes completa a significação.

8. b) 1º período: Depois de muito buscar/ficaram com a noite do tatu.

2º período: Pediram essa noite emprestada/e não a devolveram jamais.

c) Espera-se que os estudantes percebam que não há necessidade de repetir o sujeito que está subentendido no enunciado e que pode ser identificado pela terminação verbal. A repetição tornaria o texto redundante.

d) Espera-se que os estudantes percebam a importância do contexto para a identificação do sujeito das orações. Todos os verbos referem-se ao sujeito índios cachináua, que está explícito em outro período e pode ser retomado por meio das desinências dos verbos.

Se perguntarem por que o verbo buscar não está flexionado no plural, explique-lhes que nesse contexto é desnecessário repetir em uma fórma infinitiva a marca de plural presente no verbo que segue.

9. Espera-se que os estudantes interajam com o mito, manifestando opinião e utilizando predicados nominais, com verbos de estado para caracterizar as personagens. Mesmo que empreguem verbos de ação, o importante é ressaltar que os verbos de estado têm a função de descrever e caracterizar ações e comportamentos, diferentemente dos verbos de ação. Oriente-os a usar verbos que expressem estado, como ser, estar, parecer, tornar-se, ficar, de modo a construir orações com predicado nominal.

Leitura 2

Contexto

Você vai ler um mito dos Kayapó, povo indígena que vive nos estados do Pará e Mato Grosso. Recontado pelo escritor indígena Daniel Munduruku, esse mito enfatiza poeticamente a importância da natureza para a identidade cultural desse povo, pois, como você verá, fauna e flora, mais do que elementos de um belo cenário, são fundamentais para explicar as origens dos Kayapó.

Daniel Munduruku

AUTORIA

Nascido em Belém, Daniel traz em seu sobrenome a etnia indígena a que pertence, os Munduruku, que vivem entre os estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas. Autor de mais de 50 livros para jovens e crianças, recebeu diversos prêmios, entre eles o Jabuti, na categoria Juvenil, e o da Academia Brasileira de Letras, com o livro Vozes ancestrais.

Antes de ler

Agora que você já conhece mais sobre a estrutura e a linguagem do mito, pense sobre as seguintes questões referentes ao mito dos Kayapó que você vai ler:

  • Em se tratando de um mito indígena, que elementos mágicos se espera que estejam presentes?
  • Leia o título do mito. O que você espera encontrar nessa narrativa?

O buraco no céu de onde saíram os Kayapó

Contam que, num tempo muito antigo, os Kayapó moravam no céu. Lá, muito acima do teto do céu, havia tudo o que se pode imaginar. Tinha batata-doce, macaxeira, inhame, mandioca, milho, inajáglossário , banana, caça das mais diversas e tartarugas da terra. Enfim, era um lugar com muita fartura.

Um dia, um experiente guerreiro da classe dos Mebengetglossário descobriu no mato a cova de um tatu. Ele ficou muito curioso e com vontade de caçar o animal. Então começou a cavar. Passou o dia inteiro caçando e mesmo de noite não parou de cavar. Assim se passaram muitos dias até que viu o tatu-gigante. Ficou animado com isso e cavou com mais empenho ainda até furar a abóbadaglossário celeste. O tatu despencou lá de cima, arrastando consigo o velho guerreiro. No entanto, quando já estavam para chegar no chão, um forte vento de tempestade pegou o guerreiro e o atirou novamente para cima. Assim, ele pôde voltar para o céu, de onde olhou a terra e viu que lá tinha uma pequena floresta de buriti, um rio e vastos campos.

Respostas e comentários

Habilidades trabalhadas nesta seção e sua subseção (Estudo do texto)

(ê éfe seis nove éle pê três um) Utilizar pistas linguísticas – tais como “em primeiro/segundo/terceiro lugar”, “por outro lado”, “dito de outro modo”, “isto é”, “por exemplo” – para compreender a hierarquização das proposições, sintetizando o conteúdo dos textos.

(ê éfe seis nove éle pê quatro quatro) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos fórmas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.

(ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes fórmas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.

(ê éfe seis nove éle pê quatro nove) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.

(ê éfe seis sete éle pê dois sete) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema, tea­tro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas, personagens e recursos literários e semióticos.

(ê éfe seis sete éle pê dois oito) Ler, de fórma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infantojuvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de fórma livre e fixa (como sonetos e cordéis), videopoemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

Admirando a terra lá embaixo, o homem sentiu uma saudade tão grande, um aperto tão profundo no coração, que não se conteve e deixou rolar duas lágrimas pelo rosto. Depois, apressou-se em voltar para sua aldeia a fim de contar o que havia visto.

— Cavei um buraco na abóboda celeste — contou o guerreiro.

— E como isso aconteceu? — perguntaram os homens reunidos na casa especialmente preparada para suas reuniões.

— Eu vi um tatu-gigante e o persegui até ele desabar do céu.

— E onde ele está agora?

— Ele caiu sobre uma floresta de buritis.

Os chefes dos Kayapó ficaram muito pensativos após ouvirem o relato do guerreiro e conversaram para decidir o que fazer.

— O que devemos fazer agora? — perguntou um chefe.

— Será que devemos deixar o céu e descer para a Terra?

No entanto, não conseguiam decidir nada e permaneceram longo tempo conversando e pensando sobre o que iam fazer, até que decidiram que o povo deveria emigrar para a Terra.

— Como iremos fazer isso, já que é uma descida muito grande? — indagou outro chefe.

— Vamos fazer uma corda muito comprida usando nossos cipós, braceletes e cintos. Cada um de nós terá de ir em sua casa e trazer tudo o que puder ser tecido para fazermos uma corda bem forte e resistente.

E assim foi feito. Os homens teceram uma longa corda que foi lançada daquele buraco do céu. Imediatamente começaram a descer. A corda, no entanto, não era longa o bastante para atingir o chão e todos tiveram de retornar ao céu. Mas não desistiram. Foram trazendo mais coisas para aumentar a corda até o comprimento necessário.

O primeiro a descer foi um homem da classe dos mébengêt que não tinha medo de altura. Ele foi o primeiro Kayapó a pisar a Terra. Logo que chegou, amarrou a extremidade da corda no tronco de uma árvore gigante, o que facilitou muito a descida das outras pessoas. Os primeiros a descer foram os jovens; depois, as mulheres com as crianças agarradas em suas costas; em seguida, os homens e, finalmente, os anciãos.

Aconteceu, porém, que alguns Kayapó ficaram com medo de descer pela corda e resolveram não acompanhar os outros. Nessa expectativa, nesse desce-não-desce, apareceu um estranho menino que, vendo a corda esticada, passou por ela e a cortou. Fez isso zombando de todos e disse:

— Estou cortando a corda para que eles fiquem morando no céu eternamente.

Diante disso, os que já tinham descido procuraram rapidamente um lugar nos campos onde pudessem construir sua morada. Os mais jovens iam na frente para abrir caminho enquanto eram seguidos pelos demais.

É por esse motivo, contam os antigos Kayapó, que uma parte desse povo continua morando no céu enquanto os demais se fixaram na Terra e a dominaram, tornando-se grandes conhecedores da floresta.

MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do Universo. São Paulo: Global, 2008. página 31-36.

Respostas e comentários

Observação

Comente com os estudantes que Daniel Munduruku passou a infância entre a cidade de Belém do Pará e a aldeia onde seu pai nasceu, o que o fez circular entre a cultura citadina e a indígena. Como ele sempre gostou de ouvir as histórias dos idosos de sua aldeia e de contá-las por onde quer que passasse, procurou estudar para disseminar esse conhecimento. Comente como essa fusão cultural pode ser importante para a representação indígena na sociedade brasileira.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Retome suas hipóteses sobre o texto. Elas se confirmaram ou não?
    1. Que elementos mágicos da narrativa você atribui exclusivamente à mitologia indígena?
    2. Com base nas pistas do título, alguma parte do texto foi imaginada por você antes da leitura? Qual?
    3. Que fenômeno o mito busca explicar?
  2. Sobre o início da narrativa, responda em seu caderno:
    1. Quem é o protagonista?
    2. Onde vive essa personagem?
    3. Transcreva em seu caderno uma passagem que caracteriza esse lugar.
    4. Com base nessa descrição, o que se pode deduzir sobre a relação dos primeiros Kayapó com esse ambiente?
  3. A personagem principal faz uma descoberta que motiva o restante da narrativa.
    1. Que descoberta essa personagem fez?
    2. Que atitude essa descoberta motivou a personagem a tomar?
    3. Qual foi a consequência dessa atitude?
    4. Como os Kayapó reagiram a esse acontecimento?
  4. Em seu caderno, anote o que você descobriu dos seguintes elementos presentes nesse mito:
    1. Lugar
    2. Tempo
    3. Personagens
    4. Conflito
    5. Desfecho
  1. Os Kayapó descem à Terra após decisão dos chefes do povo.
    1. O que havia na Terra que motivou os chefes a tomarem essa decisão?
    2. O que essa motivação indica sobre os costumes do povo Kayapó?
  2. Releia os parágrafos 13 a 15.
    1. Você aprendeu que mitos são narrativas cheias de simbologia, isto é, apresentam componentes cujos sentidos dialogam com elementos exteriores ao texto por uma relação de semelhança. No trecho destacado, é narrada a produção de uma corda. De que modo ela é produzida?
    2. O que essa produção pode simbolizar em relação à vida em sociedade entre os antigos Kayapó? Justifique.
  3. Na narrativa, é citada a classe dos mébengêt. Com base na leitura desse mito, qual o papel dessa classe na sociedade Kayapó? Justifique sua resposta com elementos do texto.
  4. Você aprendeu características da narração de mitos. Com base na leitura do mito Kayapó, responda:
    1. Qual é o tipo de narrador do texto? Justifique sua resposta citando ao menos uma passagem do texto.
    2. Que efeito de sentido o emprego desse tipo de narrador produz no texto?
  5. O tempo em que se passa uma narrativa é um de seus principais elementos, pois, entre outras funções, permite situar o leitor na história contada.
    1. É possível precisar a época em que se passa a narrativa contada no mito Kayapó? Justifique com um trecho do texto.
    2. Que efeito de sentido causa essa ambientação temporal no texto?
  6. Quais acontecimentos narrados no mito não poderiam acontecer no mundo real? Explique sua resposta destacando, pelo menos, três ações e aproveite para relacioná-las com a função delas na história contada.
  7. Como você resumiria esse mito? Em seu caderno, reescreva essa história com suas palavras. Lembre-se de organizar as ações apresentadas, demonstrando o que ocorre em cada parte do mito.
Respostas e comentários

1. Respostas pessoais.

2. b) No céu.

4. a) Céu e Terra.

5. a) Foi a beleza natural que motivou os Kayapó a descerem à Terra.

5. b) Indica que os Kayapó são um povo profundamente ligado à natureza.

6. b) Essa construção coletiva permite simbolizar a união, a cooperação entre os antigos Kayapó.

Respostas

1. a) Tatu-gigante, índios mo­ra­rem originalmente no céu, tatu-gigante desabar do céu, chefes Kayapó descerem para a Terra, corda comprida usando cipós, braceletes e cintos para descer do céu.

b) Ouça e valorize as percepções dos estudantes quanto a situações imaginadas antes da leitura. Peça que recontem com suas palavras esses trechos que foram supostos nessa etapa prévia.

c) Busca explicar a origem dos povos Kayapó e sua importância para a floresta, além da existência de parte desse povo no céu.

2. a) Um experiente guerreiro da classe dos mébengêt.

c) “Lá, muito acima do teto do céu, havia tudo o que se pode imaginar. Tinha batata-doce, macaxeira, inhame, mandioca, milho, inajá, banana, caça das mais diversas e tartarugas da terra. Enfim, era um lugar com muita fartura.”

d) Com base na descrição do ambiente, infere-se que a relação dos Kayapó com a natureza é de subsistência, pois a fartura local (“batata-doce, macaxeira, inhame, mandioca, milho, inajá, banana, caça das mais diversas”) dá sustento a esse grupo social.

3. a) O guerreiro descobriu no mato a cova de um tatu.

b) Despertou a curiosidade, o que levou o guerreiro a caçar o animal, cavando esse buraco dia e noite.

c) A escavação furou a abóbada celeste e o guerreiro caiu.

d) Gerou uma discussão entre os chefes Kayapó sobre a possibilidade de o povo deixar o céu e descer para a Terra.

4. b) Tempo: impreciso. “Contam que, num tempo muito antigo, os Kayapó moravam no céu”.

c) Personagens: povo Kayapó, um experiente guerreiro da classe dos mébengêt, tatu, chefe, um estranho menino.

d) Conflito: o guerreiro relata ao povo a queda do tatu na floresta de buritis e o povo reflete (e precisa tomar uma decisão) se ficarão no céu ou descerão à ­Terra. Diante disso, alguns tomam a decisão de descer, até que um menino corta a corda que estava ligando esses espaços.

e) Desfecho: o povo Kayapó é separado. Alguns permanecem no céu, já que a corda que ligava os espaços foi cortada, e outros saem para construir suas moradas na Terra.

6. Aproveite a oportunidade para contar com a turma os parágrafos, evidenciando a paragrafação (onde começa e termina um parágrafo e quais aspectos linguísticos e notacionais são identificados,como: recuo, letra maiúscula e ponto final).

a) Ela é produzida com itens do povo Kayapó (cipós, braceletes, cintos etcétera).

7. É possível depreender que os mébengêt são uma classe de destaque, porque é composta de guerreiros. É um guerreiro mébengêt que decide caçar o tatu-gigante e é também um deles que chega primeiro à Terra pois “não tinha medo de altura”.

8. a) O narrador é observador, está em 3ª pessoa, não participa dos fatos, narra do seu ponto de vista. “Contam que, num tempo muito antigo, os Kayapó moravam no céu.”

b) Nesse caso, o narrador em 3ª pessoa representa uma voz coletiva que simboliza a voz da cultura Kayapó.

9. a) Não. Sabe-se apenas que a história se passa “num tempo muito antigo”, o que não oferece indicações precisas de tempo.

b) Isso dá ao texto um aspecto atemporal, como se as ações estivessem desvinculadas do tempo presente da humanidade.

10. Vários são os exemplos. Entre eles: a criação do buraco na abóboda celeste, que estabelece o elo entre céu e Terra; o vento que traz o guerreiro de volta ao céu, o que lhe permite observar a beleza da Terra, instigando a von­tade­ de ir para lá; a produção da corda gigante cuja função é ligar o céu e a Terra e permitir o trânsito dos Kayapó.

11. Oriente os estudantes na utilização de pistas linguísticas (por exemplo, primeiro, segundo, em seguida, ou seja etcétera para sumarizar as ações do mito e, assim, resumi-lo evidenciando a ideia de continuidade, de progressão das ideias do texto.

Faça as atividades no caderno.

  1. No ambiente em que viviam os primeiros Kayapó, havia macaxeira e mandioca. Os termos se referem a diferentes espécies de uma planta cuja raiz é um importante ingrediente da culinária indígena. Como essa raiz é chamada onde você mora? Aproveite para fazer uma breve pesquisa e responda em seu caderno:
    1. Em que regiões brasileiras o termo macaxeira usualmente é empregado?
    2. E o termo mandioca?
    3. Cite outro nome usado no Brasil para se referir a esse mesmo ingrediente.
  2. Antes do mito Kayapó, você leu um mito grego. Faça uma releitura comparando esses mitos.
    1. O que eles têm de parecido?
    2. E de diferente?
    3. Analise, com seus colegas, as linguagens usadas, indicando em que outros contextos da vida podemos encontrar linguagens assim.
  3. Embora pertencentes a culturas de raízes muito distintas, alguns mitos podem apresentar semelhanças entre si. Leia a seguir o trecho de um mito do povo africano iorubá:

Antes de haver vida na terra, toda a vida estava no céu. Obatalá era o orixá descontente, pois, além do céu, só havia água e névoa. Então, Olorum, o deus supremo, o enviou para dar início à criação do Universo.

Antes de partir, ele foi se encontrar com Orunmila, o orixá que tinha poderes de prever o futuro, e perguntou a ele o que precisaria para criar um lugar onde existisse raiz e sangue.

— Você vai precisar de uma longa corrente e areia, que deve colocar dentro de uma concha. Não se esqueça de levar sementes de palmeira e uma galinha branca — disse Orunmila.

Depois de tudo pronto, Obatalá desceu e desceu. Ele atravessou névoas e rodamoinhos até alcançar o final da corrente. Então retirou a concha da sacola e despejou toda a areia, que, ao tocar a água, transformou-se em terra firme.

obeid, César. Quando tudo começou: mitos da criação universal. São Paulo: Panda Books, 2015. página 40.

  1. Que semelhanças há entre esse mito e o Kayapó? Justifique.
  2. E o que há de diferente? Justifique.
Respostas e comentários

12. c) Aipim.

12. a) Em geral, nas regiões Norte e Nordeste.

b) Mais frequentemente usado nas regiões Sul e Sudeste.

13. Apesar de abordarem aspectos culturais de povos diferentes, o gênero textual mito mantém uma regularidade em relação aos elementos composicionais da narrativa e a presença de situações mágicas para explicar fenômenos da humanidade para os quais não temos respostas concretas. Quanto à linguagem, promova uma discussão a respeito de outros gêneros e contextos da vida em que usamos uma linguagem mais cotidiana e quando precisamos usar uma variedade da língua mais formal.

14. a) Para ambos os mitos, no princípio, os primeiros membros de um grupo social estavam todos no céu e, para descer à Terra, era preciso um instrumento – uma corrente (mito iorubá) e uma corda (mito Kayapó).

b) Algumas diferenças: 1 – para o mito iorubá, abaixo do céu, havia somente água e névoa; para o Kayapó, havia uma pequena floresta de buriti, um rio e vastos campos; 2 – no mito iorubá, desce apenas um orixá, Obatalá; no mito Kayapó, descem membros de vários estratos da sociedade: crianças, mulheres, anciãos.

Oralidade

Resgatando a tradição

Como você aprendeu nesta Unidade, os mitos são de origem oral, ou seja, durante milênios foram transmitidos de geração em geração graças à memória coletiva dos povos e suas práticas de contação de histórias. As narrativas tomavam corpo não apenas por meio de palavras, mas também das modulações de voz, do ritmo da fala, dos gestos e de outros tantos recursos expressivos usados pelos contadores para cativar seus ouvintes. Quando os mitos são transcritos, passados para a linguagem escrita, toda essa performance oral se perde.

Por outro lado, o reconto de mitos em linguagem escrita cumpre o papel fundamental de manter registradas essas histórias mágicas e, consequentemente, as raízes culturais dos povos a que pertencem. Não fosse, por exemplo, o trabalho de muitos antropólogos que há décadas recontam em livros mitos indígenas ouvidos por eles diretamente de membros das mais diversas etnias, muito da cultura desses povos não seria conhecido em outras localidades.

Que tal, então, você e seus colegas participarem de uma oficina de escuta de mitos para resgatarem essa tradição?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

 >> [LOCUTOR]: Um mito africano

>> [Narrador]: [Tom de contação de história] Há muito, muito tempo, a Lua, o Sol e a Água viviam na Terra.

>> [Narrador]: Formavam um belo trio de amigos: o Sol, com todo o seu calor e energia. A Água, límpida, fluida, com seus habitantes aquáticos. E a Lua, por sua vez, resplandecente, prateada e brilhante.

>> [Narrador]: O Sol e a Lua moravam juntos e a Água recebia com frequência as visitas do Sol, mas o contrário não acontecia. [Tom enfático] A Água nunca os visitava. 

>> [Narrador]: Um dia, o Sol, aquecido com o calor das emoções, conversou com a Água:

>> [Sol]: [Tom de cobrança] − Por que você nunca nos foi visitar?

>> [Narrador]: A Água, surpresa por ser questionada de uma maneira tão enérgica, respondeu da forma mais plácida que pôde:

>> [Água]: − Não fui porque sou muito espaçosa. Além do meu volume há também todo o universo de seres aquáticos que habitam em mim. Nós não caberíamos no lugar onde vocês moram! 

>> [Narrador]: O Sol voltou para casa e, triste, explicou para a Lua o motivo que impedia a Água de visitá-los: a falta de espaço. A Lua quis animar o amigo e propôs que fizessem uma grande reforma na moradia, para que, enfim, a visita pudesse acontecer, já que isso era tão importante para o Sol.

>> [Narrador]: Os dois trabalharam arduamente, com esforço e determinação por [Tom enfático] bastante tempo. Quando um deles achava que a casa estava suficientemente grande, o outro falava:

>> [Sol]: − Ainda não está grandiosa, [Tom enfático] vamos expandi-la ainda mais!

>> [Narrador]: Quando, enfim, os dois concordaram que não havia mais como aumentar aquele espaço, decidiram convidar a Água para visitá-los. Novamente, a Água se mostrou apreensiva, pois tinha consciência da sua grandiosidade. Mas o Sol, raiando de felicidade, disse que tinham se preparado. 

[Água] − Já que vocês insistem, eu irei. Ou melhor, nós iremos!

>> [Narrador]: No dia marcado, Lua e Sol já aguardavam ansiosos pela Água. No momento em que ela chegou, ficaram tão animados que logo foram convidando a amiga para entrar.

>> [Narrador]: A Água não teve escolha e começou a se infiltrar na casa. Quase que imediatamente, porém, vendo o seu volume imenso e os seres aquáticos se espalharem, ressabiada, ela parou. Perguntou aos amigos se estavam realmente seguros em relação à visita, pois ela poderia facilmente inundar aquele espaço e acabar com tudo.

>> [Narrador]: A Lua, brilhando, acalmou-a muito educadamente, dizendo que ela e o Sol haviam se preparado muito para isso e que a Água e todo o resto poderiam entrar e se sentir à vontade na casa deles. 

>> [Narrador]: A Água conhecia o seu próprio volume, por isso foi se derramando devagar para dentro da morada com a esperança de que os amigos a detivessem em algum momento. Mas eles não fizeram isso... estavam sendo muito cordiais. Afinal, foram eles que insistiram tanto para essa visita acontecer. 

>> [Narrador]: Aos poucos, a Água e sua população aquática foram preenchendo, preenchendo, preenchendo todos os metros cúbicos da casa.

>> [Narrador]: O Sol e a Lua se entreolharam, já cientes do que estava por vir. Mas, ao invés de impedir que a Água se derramasse ainda mais, eles começaram a procurar um lugar seguro, onde aquela abundância de água não os deixasse submersos.

>> [Narrador]: Foram subindo, subindo, subindo... até que chegaram ao céu e, [Tom de contentamento] por esse motivo, estão lá em cima até os dias de hoje.

Etapa 1: Pesquisa

  1. A turma deve ser dividida em grupos de até seis integrantes. Cada grupo ficará encarregado de selecionar um mito que será ouvido por toda a turma no dia da oficina.
  2. Na companhia de seus colegas, pesquise, na internet ou em bibliotecas, Cê dês ou outras mídias de áudio com registros de leituras de mitos.

Algumas sugestões:

  • Mitos ao redor do mundo. Espaço de Leitura. São Paulo, 2010. (cedê)
  • Para gostar de ler: Mitos indígenas. Betty Mindlin. São Paulo: Ática, 2006.

3. É importante anotar informações sobre o mito escolhido (origem e tema) e escrever uma breve justificativa para a escolha do texto.

Etapa 2: Escuta atenta

  1. No dia marcado, a turma escutará os áudios ou a leitura dos mitos em voz alta. Antes de cada audição, um membro de cada grupo introduz o mito escolhido com base nas anotações feitas para o item 3 da etapa anterior, além de escolher um integrante para realizar a leitura.
  2. Na primeira escuta, procure se concentrar apenas no enredo, ou seja, no que está sendo contado no mito. Caso ele seja recitado, não é interessante acompanhar a leitura com o texto em mãos, pois a ideia é estimular a percepção auditiva.
Respostas e comentários

Habilidade trabalhada nesta seção

(ê éfe seis nove éle pê cinco três) Ler em voz alta textos literários diversos – como contos de amor, de humor, de suspense, de terror; crônicas líricas, humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o professor) de livros de maior extensão, como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura, literatura infantojuvenil, – contar/recontar histórias tanto da tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais, contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) quanto da tradição literária escrita, expressando a compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que respeite o ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela pontuação quanto por outros recursos gráfico-edi­toriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações etcétera gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos literários diversos ou de podcasts de leituras dramáticas com ou sem efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de fórma livre quanto de fórma fixa (como quadras, sonetos, liras, raicáis etcétera.), empregando os recursos linguísticos, paralinguísticos e cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos de gestualidade e pantomima que convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em questão.

Orientações

Na Etapa 1, oriente os estudantes com as palavras-chave para as buscas on-line, de modo que estejam adequadas ao gênero em foco. Em sites de hospedagem de vídeos, podem ser encontradas narrativas mitológicas dramatizadas. Explique que o registro de informações sobre o mito e a justificativa para sua escolha objetiva, nas apresentações, contextualizam os ouvintes sobre a leitura que será realizada.

No item 2 da Etapa 2, antes da escuta, peça aos estudantes que prestem atenção aos aspectos da oralidade que podem ser notados quando se conta ou recita uma história, tais como: ritmo da fala, volume de voz, aspectos usados para evidenciar entonações como surpresa, medo, suspense, grito, sussurro etcétera Os estudantes podem ouvir e avaliar como esses aspectos colaboram para a construção da narrativa, ampliando-se os sentidos dados às personagens, ações e progressão das ideias.

Faça as atividades no caderno.

  1. Após essa escuta, a turma responde às seguintes questões:
    • O que o mito explica?
    • Que elementos mágicos são usados para criar essa explicação?
    • Quem são as personagens principais?
    • Qual a condição deles: deuses, mortais, monstros?
  2. Respondidas essas questões, a próxima escuta é dedicada à fórma como a história é contada, ou seja, à sua dramatização. Nessa etapa, se necessário, tome nota durante a escuta, atentando para os seguintes aspectos:
    • Ritmo da leitura: o contador varia muito o ritmo da leitura? Se sim, em que momentos da história? Se não, qual é o ritmo predominante: lento, rápido? Há muitas ou poucas pausas?
    • Dicção: o contador articula as palavras do mesmo modo em toda a história ou há variações? Se há, em que momentos elas ocorrem?
    • Tom: qual o tom predominante da narração: sentimental, eufórico, de suspense, de mistério? Há variações de tom? Se sim, em que momentos e quais tons são utilizados em cada um deles?
    • Fluência: a narração é fluente o bastante para dar espontaneidade à leitura?
    • Volume: qual é o tom predominante da narração: baixo, moderado ou alto? Há variações de volume? Se sim, em que momentos e qual o volume usado em cada um deles?

Etapa 3: Expressividade

1. Analise em conjunto as respostas para as questões das etapas 2 e 3, de modo a perceber se os elementos de expressão oral contribuíram ou não para a expressividade da história contada no mito. Para tanto, copie o quadro a seguir em seu caderno e preencha-o conforme sua análise:

Recurso

Contribuiu para dar expressividade ao mito?

Por quê?

Ritmo

Dicção

Tom

Fluência

Volume

Versão adaptada acessível

1. Analise em conjunto as respostas para as questões das etapas 2 e 3, de modo a perceber se os elementos de expressão oral contribuíram ou não para a expressividade da história contada no mito. Pensando nos recursos de "Ritmo", "Dicção", "Tom", "Fluência" e "Volume", registre para cada um deles um comentário dizendo se o recurso em questão contribuiu para dar expressividade ao mito e por quê.

Etapa 4: Circulação

  1. Vamos produzir um audiobook com os mitos recontados nesta atividade?
    • Com seus colegas, definam como podem divulgar esse material em plataformas, grupos escolares e comunidades.

Etapa 5: Avaliação

  1. Após a apresentação, avalie a atividade, com orientação do professor, de acordo com os seguintes critérios:
    • Compreendi os principais elementos da narrativa do mito com base apenas na escuta?
    • Identifiquei corretamente variações de ritmo, dicção, tom, fluência e volume?
    • Soube avaliar se essas variações contribuíram ou não para dar mais expressividade ao mito?
    • A atividade contribuiu para o aprimoramento da percepção auditiva de leitura?
Respostas e comentários

No item 4, é importante que os estudantes sejam bem orientados quanto à expressividade da leitura, de modo que ela não fique em mesmo tom ou sem emoção nas partes estratégicas. Aproveite a oportunidade para chamar a atenção deles para os aspectos composicionais da narrativa em relação à expressividade que possuem; por exemplo, dar mais ênfase tonal ao momento de tensão, impostar a voz no clímax, entre outras estratégias.

Ainda sobre o item 4, uma atividade bastante usual para melhorar a dicção é colocar uma caneta transversalmente na boca e ler alguns parágrafos segurando-a dessa fórma, para que haja privação da articulação plena. Após a retirada da caneta, é possível sentir livres os pontos de articulação – boca, dentes, língua, palatos –, o que estimula a articulação dos sons.

Em relação ao volume, explique aos estudantes como o diafragma – músculo abdominal que sustenta o pulmão – influencia na saída de ar e no volume da voz. Se houver tempo, faça alguns exercícios respiratórios com os estudantes, para que eles compreendam como a força com que o diafragma empurra o ar dos pulmões para a saída de ar é diferente de quando o ar sai diretamente dos pulmões. Explique que se trata de treino.

Na Etapa 4, discuta com os estudantes meios para a divulgação dos áudios dos mitos narrados, seja em fórma de audiobook ou podcasts individuais.

Sugestão

A avaliação da Etapa 5 pode ser realizada oralmente com os estudantes, de modo que todos possam expor sua experiência como intérprete do mito e também como ouvinte.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 2

Faça as atividades no caderno.

Advérbio

1. Releia o seguinte trecho do mito “O buraco no céu de onde saíram os Kayapó”:

Contam que, num tempo muito antigo, os Kayapó moravam no céu. Lá, muito acima do teto do céu, havia tudo o que se pode imaginar. reticências

Um dia, um experiente guerreiro da classe dos mébengêt descobriu no mato a cova de um tatu.

MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do Universo. São Paulo: Global, 2008. página 34.

  1. Que palavras e expressões, além do verbo e das locuções verbais, situam os fatos no tempo e no espaço?
  2. O tempo dos acontecimentos narrados no mito é determinado ou indeterminado? Que palavras justificam sua conclusão?
  3. Você considera que as informações sobre o lugar onde os fatos ocorrem são precisas ou imprecisas? Justifique.

Leia este outro trecho do mesmo mito e analise, com seus colegas, o efeito de sentido das palavras em destaque.

Admirando a terra lá embaixo, o homem sentiu uma saudade tão grande, um aperto tão profundo no coração, que não se conteve e deixou rolar duas lágrimas pelo rosto. Depois, apressou-se em voltar para sua aldeia a fim de contar o que havia visto.

MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do Universo. São Paulo: Global, 2008. página 34.

Ao narrar esse mito, situamos os eventos no tempo e no espaço. E, como já vimos, o verbo tem importante função nos processos narrativos. Mas, além do verbo, outra classe de palavras acrescenta informações, às vezes precisas, às vezes imprecisas, relacionadas ao tempo, ao espaço e a outras particularidades ou circunstâncias em que os fatos acontecem: os advérbios.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Locuções adverbiais

As expressões que remetem a circunstâncias são chamadas de locuções adverbiais. São expressões formadas, no mínimo, por preposição + substantivo, com valor de advérbio.

Assim, no rosto (em + o + rosto); para sua aldeia (para + sua aldeia); pelo rosto (por + o + rosto) são locuções adverbiais.

Respostas e comentários

1. a) Num tempo muito antigo/um dia: tempo; no céu/, muito acima do teto do céu/no mato: espaço.

1. b) O tempo em que o mito é narrado é indeterminado. Num tempo muito antigo e um dia.

Habilidades trabalhadas nesta seção e sua subseção (Questões da língua)

(ê éfe seis nove éle pê zero cinco) Inferir e justificar, em textos multissemióticos – ti­ri­nhas, charges, memes, gifs etcétera –, o efeito de humor, ironia e/ou crítica pelo uso ambíguo de palavras, expressões ou imagens ambíguas, de clichês, de recursos iconográficos, de pontuação etcétera

(ê éfe seis sete éle pê três quatro) Formar antônimos com acréscimo de prefixos que expressam noção de negação.

(ê éfe seis sete éle pê três seis) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão referencial (léxica e pronominal) e sequencial e outros recursos expressivos adequados ao gênero textual.

(ê éfe zero sete éle pê zero nove) Identificar, em textos lidos ou de produção própria, advérbios e locuções adverbiais que ampliam o sentido do verbo núcleo da oração.

(ê éfe zero sete éle pê um dois) Reconhecer recursos de coesão referencial: substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos).

(ê éfe zero sete éle pê um três) Estabelecer relações entre partes do texto, identificando substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos), que contribuem para a continuidade do texto.

Respostas

1. c) As informações sobre o lugar onde acontecem os fatos são bem precisas e contribuem para compreendermos a sequência da narrativa.

Sobre advérbios e locuções adverbiais

Na definição dessa classe de palavras, sempre empregamos a palavra circunstância, que, embora adequada, é de difícil compreensão por parte dos estudantes. Explique-lhes que elas são particularidades que acompanham um fato, um acontecimento, uma situação. Assim, circunstâncias de tempo, por exemplo, são aquelas que nos informam sobre quando aconteceu, acontece ou acontecerá (ontem, hoje, amanhã) determinado fato, qual foi ou será sua duração (por vinte dias, durante um mês), em que sequência temporal esse fato se localiza (antes, depois, ao mesmo tempo). Desse modo, a exemplificação dos tipos de circunstâncias que advérbios e locuções adverbiais expressam é o recurso mais facilitador para que eles compreendam a função dessa classe gramatical em um texto. Saber identificar as diferentes circunstâncias é habilidade importante na leitura e na compreensão de uma narrativa, uma vez que por meio delas situamos no tempo e no espaço, por exemplo, as ações narradas. Por outro lado, outras circunstâncias podem funcionar como recurso modalizador, como é o caso dos advérbios de dúvida (provavelmente, talvez) e os de modo (felizmente, furtivamente). Esses modalizadores permitem ao leitor identificar a posição do enunciador a respeito do que ele está transmitindo. Sintaticamente, os advérbios e locuções adverbiais assumem a função de adjuntos adverbiais.

Faça as atividades no caderno.

Advérbios são palavras que se relacionam geralmente ao verbo, indicando as diferentes circunstâncias em que a ação ocorreu, como tempo, lugar, negação, afirmação, modo, causa, dúvida, entre outras.

Observe as palavras e expressões destacadas no exemplo anterior. Cada uma delas acrescenta uma informação sobre o fato narrado: o tempo em que ocorreu, o lugar, a intensidade e outras particularidades ou circunstâncias.

2. Agora releia esta frase do mito “O criador e protetor dos homens”:

Em vez disso, saiu furtivamente e foi até Hélio, o deus-Sol.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 8.

  1. Que circunstância o advérbio em destaque expressa? Que função sintática ele tem?
  2. Que palavra poderia ser usada com essa circunstância, para intensificá-la?
  3. A que classe de palavras pertence a palavra acrescentada?

3. Leia outro exemplo:

Lá ele pegou um caule de uma planta muito resistente e encostou-o na carruagem de fogo pertencente ao deus.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 8.

  1. Que característica tem o caule da planta para acolher o fogo?
  2. Que advérbio intensifica essa característica?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Advérbios e adjetivos

Por vezes, os advérbios podem também acrescentar circunstâncias a um adjetivo, a outro advérbio e a uma frase inteira, modificando-os.

No trecho “muito resistente”, observe a relação entre advérbio e adjetivo:

Em destaque: muito resistente. MUITO: advérbio (de intensidade). RESISTENTE: adjetivo
Respostas e comentários

2. a) Circunstância de modo.

2. b) Muito.

2. c) Também aos advérbios.

3. a) Resistente.

3. b) Muito.

Sobre advérbios e sua relação com outras classes de palavras

Além de sua relação mais frequente com o verbo, advérbios de intensidade podem relacionar-se com o adjetivo ou ainda com outro advérbio. Nos exemplos vistos, temos: “Admirando a terra lá embaixo, o homem sentiu uma saudade tão grande, um aperto tão profundo no coração reticências”, em que o advérbio tão intensifica os adjetivos grande e profundo. Na frase: “Provavelmente, ele virá”, temos o advérbio de dúvida modificando a frase toda. E em: “Ele come muito rápido”, temos o advérbio muito intensificando outro advérbio, rápido, que expressa circunstância de modo.

Pode ser oportuno neste momento trabalhar com a diferenciação entre adjetivo e advérbio, pois é muito comum que os estudantes comecem a confundir um e outro no texto. Lembrar que a função do adjetivo é modificar o substantivo, diferentemente do advérbio. Assim, temos: “O atleta é rápido”, em que rápido é característica do atleta, portanto adjetivo, e é advérbio na frase: “Ele come muito rápido”, em que rápido expressa circunstância de modo do verbo comer. Muitas palavras, como rápido, podem ser empregadas como advérbio ou adjetivo, dependendo do contexto em que aparecem: “Ricardo é o melhor estudante” (adjetivo)/”Ricardo escreve melhor (advérbio) atualmente”.

Faça as atividades no caderno.

Coesão textual: as conexões entre as ideias do texto

1. Leia a tirinha a seguir:

Tirinha. Em três cenas. Personagens: um inseto e um homem. Cena 1. Um inseto pequeno, com um olho maior que o outro, está sobre um livro aberto. Ele diz: QUE LIVRO INTERESSANTE! Cena 2. Um homem careca, de óculos, blusa preta e calça azul. Ele está segurando com as duas mãos o livro que foi fechado com o inseto dentro, fazendo o som de BLAM. Cena 3. À direita, o homem está caminhando, dando as costas para uma estante de livros. O inseto, de dentro do livro fechado e guardado na estante, diz: É UM LIVRO QUE PRENDE O LEITOR!

gonçales, Fernando. Níquel Náusea. Níquel Náusea. Disponível em: https://oeds.link/vtT7Xk. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

  1. Sobre o que trata essa tirinha? Como o humor é construído nos quadrinhos?
  2. Em que quadrinhos encontramos linguagem verbal?
  3. O que acontece no segundo quadrinho? Como podemos relacionar imagem, parte escrita e recursos gráficos para construir o sentido dessa tirinha?
  4. Qual objeto aparece nos três quadrinhos e garante a compreensão do sentido geral do texto?
  5. A fala da personagem no primeiro quadrinho relaciona-se com seu pensamento no último. Explique essa relação.
  6. O que acontece no segundo quadrinho também se relaciona com o último, o que faz surgir um duplo sentido no balão de pensamento. Explique essa ambiguidade.

É o duplo sentido presente no último quadrinho que garante o sentido completo da tirinha e nos faz rir. O fato de ter sentido completo nos permite reconhecer a sequência dos quadrinhos como um texto.

Ao ler a tirinha, vamos tecendo uma rede de sentidos, “costurando” um quadrinho no outro. O autor Fernando gonçales soube conectar um quadrinho ao outro, garantindo uma sequência lógica e de sentido. Podemos dizer que o desenho do livro que se repete nos três quadrinhos garante a unidade e a coesão do texto.

Já em um texto exclusivamente verbal, para garantir sua coesão e unidade, temos de utilizar várias palavras e expressões que têm essa função de conectar as partes de um texto, sejam elas palavras, frases, sejam parágrafos.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Texto e coesão textual

O texto é um conjunto de enunciados e, para existir, precisa de um espaço de interação para a linguagem verbal.

A palavra texto vem do latim textus, que significa "tecido". Assim como um tecido é feito pelo entrelaçamento de vários fios, os textos são construídos pelas conexões entre ideias ou partes de modo a se tornar um todo unido, “amarrado”, coeso.

Coesão textual é a ligação harmônica entre as partes de um texto. Trata-se das conexões existentes entre as palavras, as orações, as frases e os parágrafos, para garantir a sequência lógica e a unidade de um texto.

Respostas e comentários

1. b) Nos três quadrinhos há ocorrência de texto verbal.

Respostas

1. a) O humor resulta justamente dessa possibilidade de fazermos duas leituras do pensamento da barata.

c) O movimento de fechar o livro com a barata dentro. O leitor se dá conta do livro sendo fechado pelo desenho acompanhado da onomato­peia que representa o ruído do livro sendo fechado.

d) O livro, que aparece aberto, depois sendo fechado e, por último, fechado na estante.

e) No primeiro, a barata diz que o livro é interessante, por isso no final podemos enten­der que a expressão “prende o leitor” significa “atrai a aten­ção do leitor”.

f) No segundo quadrinho, o homem fecha o livro com a barata dentro, o que permi­te entender que, no último, a fala da barata pode também significar que ela, leitora, es­tá presa dentro do livro. Daí, o duplo sentido da frase: é um livro que prende o leitor literalmente (dentro do livro) e no sentido de prender sua atenção à leitura.

Sobre coesão em textos multimodais

O exemplo escolhido para tratar coesão foi um texto multimodal, em que as linguagens visual e verbal articulam-se para garantir a unidade e a coesão textual. A tirinha é um gênero bastante consumido pelos estudantes, cuja análise poderá facilitar a compreensão do conceito de coesão. Procure explorar com os estudantes, antes da leitura das questões, os elementos que observam e que se repetem nos quadrinhos, como a cor verde do livro e o próprio livro (aberto, fechado na mão do homem, fechado na estante), recurso que garante a compreensão e a unidade do texto.

Faça as atividades no caderno.

2. Releia este trecho do mito Kayapó:

reticências Assim se passaram muitos dias até que viu o tatu-gigante. Ficou animado com isso e cavou com mais empenho ainda até furar a abóbada celeste. O tatu despencou lá de cima, arrastando consigo o velho guerreiro. No entanto, quando já estavam para chegar no chão, um forte vento de tempestade pegou o velho guerreiro e o atirou novamente para cima.

MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do Universo. São Paulo: Global, 2008. página 34.

As palavras e expressões destacadas em negrito fazem referência a algo dito anteriormente, estabelecendo relações entre as partes do texto. Em seu caderno, relacione os elementos das duas colunas, procurando identificar a que se referem as expressões da primeira.

isso

visão do tatu-gigante

lá de cima

guerreiro

o (atirou)

abóbada celeste


3. Agora releia este excerto do mito “O criador e protetor dos homens” e responda às questões:

Quando sentiu que o trabalho estava pronto, Prometeu parou, observou e percebeu que todas as suas criaturas estavam inertes, sem vida. Nesse instante, Palas Atena, a deusa da sabedoria, que acompanhava curiosíssima a linha de produção do filho de Jápeto, disse:

— Meu amigo Prometeu, estou impressionada com a beleza do seu trabalho, mas vejo que tais criaturas não se mexem. Você quer uma ajuda?

— Querida deusa, que bom que está aqui! O que você pode fazer para animar essa multidão de seres? — perguntou Prometeu.

A deusa da sabedoria olhou para Prometeu e, em seguida, agachou-se para olhar de perto o primeiro homem que ele havia moldado. Palas Atena foi tomada por um sentimento de amor intenso, levantou a cabeça da criatura e soprou o hálito divino em direção ao rosto dela.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 5-6.

a. A que ou a quem se refere o narrador quando diz:

filho de Jápeto?

linha de produção?

deusa da sabedoria?


  1. Que outra expressão o autor utilizou, no terceiro parágrafo, para se referir à “linha de produção”?
  2. Que outras palavras poderiam ser usadas no lugar dessas?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Alguns outros elementos de coesão

Além de pronomes, advérbios e locuções adverbiais, palavras e expressões sinônimas podem ser elementos de coesão em um texto verbal.

Respostas e comentários

2. Isso: visão do tatu-gigante; lá de cima: abóbada celeste; o: guerreiro.

3. a) Filho de Jápeto: Prometeu. / Linha de produção: as criaturas inertes. / Deusa da sabedoria: Palas Atena.

3. b) Multidão de seres.

Respostas (continuação)

3. c) Peça aos estudantes que avaliem e criem outras possibilidades para substituir os termos em destaque, explorando sinonímia e coesão textual. Solicite que anotem no caderno e depois oportunize a troca de ideias, com releituras ao trecho, para conferir como ele ficou.

Sobre coesão

São muitos os elementos em um texto que têm a função de estabelecer coesão. Além de conjunções, preposições, pronomes e advérbios, elementos fundamentais de coesão, ela pode ser garantida quando algumas palavras são substituídas por outras com que estabelecem alguma relação de sentido, seja por sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia. São exemplos os elementos de coesão do texto da atividade 3.

Na atividade 2, temos exemplos de elementos coesivos anafóricos, isto é, elementos cujo referente é uma palavra ou expressão já mencionada (Prometeu/filho de Jápeto). Se um elemento coesivo anuncia outro que ainda vai ser mencionado, temos um exemplo de elemento coesivo catafórico: “Com estes ingredientes, você faz uma boa salada: folhas verdes, tomates, pepinos, sal e muito azeite de oliva”. Essa nomenclatura não precisa ser passada para os estudantes, eles apenas devem saber que o referente pode estar antes ou depois do elemento coesivo.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia esta outra tirinha do autor Fernando gonçales:

Tirinha. Em três cenas. Personagens: um morcego roxo e um rato azul. Cena 1. O morcego está voando sobre o rato e diz: PROVEI UM SANGUE DELICIOSO! Cena 2. O morcego, que está de olhos fechados e sorrindo com os dentes para fora, diz: BEM VERMELHO, DENSO, ADOCICADO! Cena 3. O rato está olhando para a esquerda, na direção do morcego, e diz: BAH! VOCÊ MORDEU UM TUBO DE CATCHUP!!!

gonçales, Fernando. Níquel Náusea. Níquel Náusea. Disponível em: https://oeds.link/SfQAgf. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

  1. Em que momento encontramos o humor nessa tirinha? Explique sua resposta.
  2. No segundo quadrinho, encontramos um advérbio associado a adjetivos. Classifique esse advérbio e cite os adjetivos presentes na frase.
  3. Observe a expressão do morcego no último quadrinho: você acha que ele concordou com o Níquel? Por quê?

2. Releia este trecho do mito de Prometeu:

Na assembleia de Mecona, todas as regras das relações entre os mortais e os deuses foram acordadas, sendo esta a principal: sacrifícios animais feitos pelos homens para honrar os deuses do Olimpo e pedir sua proteção.

Zeus queria testar se as regras haviam sido bem assimiladas pelos homens e pediu o sacrifício de um touro em seu nome. Depois, o animal seria dividido para ser comido.

Brênmam, Ílan. As 14 pérolas da mitologia grega. São Paulo: Escarlate, 2014. página 7.

  1. Identifique as circunstâncias dos advérbios e das locuções adverbiais destacados.
  2. A que expressão o pronome esta, na primeira frase, se refere?
  3. Como ficaria o primeiro parágrafo se desejássemos expressar ideias contrárias, antônimas?
Respostas e comentários

2. a) Lugar: Na assembleia de Mecona. Tempo: depois. Intensidade: bem.

2. b) O pronome esta refere-se a uma das regras das relações entre os mortais e os deuses.

Respostas

1. a) Explore com os estudantes a progressão das ideias evidenciada pelas imagens, recursos gráficos e nos diálogos entre as personagens. O humor consiste na quebra de expectativa do morcego que, diferente do que pensava, descobre que não provou “um sangue delicioso”, mas “mordeu um tubo de catchup”. Essa situação de desenlace com humor se encontra no último quadrinho.

b) Bem: advérbio de intensidade. Adjetivos: vermelho, denso e adocicado.

c) A expressão do morcego talvez expresse certo desapontamento por ter se enganado, concordando então com o rato.

Considere outras respostas, desde que justificadas e baseadas em elementos que o texto apresenta.

2. c) Analise com os estudantes as possibilidades de reescrita do trecho, avaliando a formação de palavras antônimas como “desacordadas” e “desonrar” para expressar ideias contrárias.

Sobre advérbio e coesão

Em “Depois, o animal seria dividido para ser comido”, no texto da atividade 2, temos um exemplo de advérbio que modifica a frase inteira e também de advérbio com função coesiva. Os advérbios de tempo, em especial, podem desempenhar a importante função de garantir a coesão sequencial de um texto narrativo.

Em “Na assembleia de Mecona, todas as regras das relações entre os mortais e os deuses foram acordadas, sendo esta a principal: sacrifícios animais feitos pelos homens para honrar os deuses do Olimpo e pedir sua proteção”, temos um exemplo de catáfora: o pronome esta anuncia seu referente, que vem a seguir.

Se julgar oportuno, complete as atividades com essas informações aos estudantes.

Faça as atividades no caderno.

3. Ao escrever um texto, podemos garantir a coesão entre palavras, frases e parágrafos, utilizando sinônimos a fim de não repetir palavras. Assim, por exemplo, podemos nos referir a Prometeu como “o filho de Jápeto”, “o criador dos homens”.

Escreva em seu caderno que expressões você usaria para se referir a:

  1. Zeus;
  2. Medusa;
  3. Brasil;
  4. Pelé;
  5. Palas Atena.
  1. Com base nos seus conhecimentos a respeito dos mitos, crie uma história que tenha como protagonista Zeus ou Medusa. Lembre-se de usar sinônimos para retomar quem é a personagem, evitando repetições. Grave essa história em áudio ou vídeo para apresentar aos seus colegas.
  2. Muitos advérbios de modo têm em sua terminação o sufixo -mente. Exemplos:

calmamente, apressadamente, nervosamente.

  1. Escolha um advérbio de modo para redigir uma frase expressando uma ação que você faz rotineiramente.
  2. Nos trechos a seguir do mito Kayapó, todos os advérbios destacados acrescentam circunstância de modo às ações verbais? Justifique sua resposta.
Versão adaptada acessível
  1. Escolha um advérbio de modo para redigir uma frase expressando uma ação que você faz rotineiramente.
  2. Nos trechos a seguir do mito Kayapó, os advérbios "novamente", "imediatamente", "eternamente" e "rapidamente" acrescentam circunstância de modo às ações verbais? Justifique sua resposta.

reticências um forte vento de tempestade pegou o guerreiro e o atirou novamente para cima.

MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do Universo. São Paulo: Global, 2008. página 34.

reticências Imediatamente começaram a descer.

MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do Universo. São Paulo: Global, 2008. página 35.

– Estou cortando a corda para que eles fiquem morando no céu eternamente.

Diante disso, os que já tinham descido procuraram rapidamente um lugar nos campos onde pudessem construir sua morada.

MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do Universo. São Paulo: Global, 2008. página 36.

Respostas e comentários

3. Respostas possíveis: Zeus, deus dos deuses. Medusa, filha de Fórcis e Ceto; uma das três Górgonas; monstro feminino com cabelos de serpentes. Brasil: o maior país da América do Sul; o país com mais falantes da língua portuguesa; meu país. Pelé: o rei do futebol; atleta do século (vinte). Palas Atena: a deusa da sabedoria.

5. a) Resposta pessoal.

Respostas (continuação)

4. O importante é que as expressões sejam empregadas com coesão, evitando a repetição dos nomes.

5. a) Sugestões: “Acordei calmamente”; “Comi apressadamente”; “Nervosamente, preparei-me para fazer as provas finais”.

b) Não. Imediatamente e eternamente expressam circunstâncias de tempo; já rapidamente pode ser considerado advérbio de tempo ou de modo, dependendo do contexto.

Sobre coesão por sinonímia

A atividade 3 exige o emprego de elementos coesivos por sinonímia ou outra relação de sentido. Exemplo: Brasil, país da América do Sul (Brasil é um hipônimo em relação a país da América do Sul); país de língua portuguesa na América do Sul (sinonímia); ex-colônia portuguesa na América.

Questões da língua

Faça as atividades no caderno.

Acentuação (Revisão)

1. A palavra mito, utilizada no senso comum, adquire outro significado: valor social ou moral questionável; afirmação ou narrativa inverídica, inventada. Por essa razão, encontramos, frequentemente, nos meios de comunicação, matérias sobre mitos e verdades, procurando esclarecer a opinião pública sobre algum assunto.

Você conhece algum mito sobre a adolescência que considera questionável ou até inverídico?

Leia esta reportagem e confira a opinião de um especialista no assunto.

Atividade física e adolescentes: professor esclarece mitos e verdades

Especialista desconstrói mitos e fala dos benefícios da atividade física para os adolescentes

O programa Nacional Jovem conversou com o professor de Fisiologia do Exercício da Unieuro e pesquisador da ú êne bê, Carlos Janssen, que respondeu às dúvidas que a população tem em relação às atividades físicas e aos adolescentes.

Segundo o fisiologista, praticar atividade física regular na adolescência é recomendado, pois contribui com a saúde física e emocional do adolescente. “Hoje temos dados científicos que mostram que pessoas que praticam atividade física regular na infância ou na adolescência têm uma maior probabilidade de serem adultos fisicamente ativos. Se a gente considerar que hoje o sedentarismo responde por uma das principais causas de doenças cardiovasculares que são, consequentemente, a principal causa de morte no mundo, isso é algo extremamente relevante”, observou o professor.

De acordo com o professor, o exercício mais recomendado é o que o adolescente goste de fazer, respeitando suas particularidades: “uma determinada modalidade, como, por exemplo, a musculação, pode ser interessante para o desenvolvimento da massa muscular e para o desenvolvimento ósseo, contudo, muitas pessoas detestam a musculação, então a chance dessa pessoa ingressar em um programa de treinamento com peso e desistir, se tornando futuramente uma pessoa fisicamente inativa e sedentária, é muito grande, e quando a pessoa realiza a prática de uma modalidade esportiva porque gosta, a chance de ela se manter fisicamente ativa por um período prolongado, ou pela vida toda, é muito maior. A nossa briga hoje, na área da saúde, não é pelo melhor tipo de treinamento para alcançar um determinado objetivo, como, por exemplo, o emagrecimento ou a melhora da densidade mineral óssea, e sim fazer as pessoas se tornarem fisicamente ativas”, afirmou o fisiologista e pesquisador Carlos ianssen.

NACIONAL Jovem. Atividade física e adolescentes: professor esclarece mitos e verdades. ê bê cê, Brasília, Distrito Federal, 13 abril 2018. Disponível em: https://oeds.link/ynx1Vk. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

Respostas e comentários

1. Resposta pessoal.

Sugestão

A palavra mito aqui alude a outra acepção, não ao gênero discursivo narrativo. Para fazer um contraponto com mito, motive a pesquisa dos estudantes por verbetes enciclopédicos para essa palavra. Pesquise, ainda, artigos ou reportagens de divulgação científica, que tragam uma explicação científica para algum mito da atualidade.

Faça as atividades no caderno.

  1. O autor da reportagem consultou um fisiologista para esclarecer os leitores.
    1. No segundo parágrafo, podemos dizer que o discurso do especialista apresenta uma verdade sobre a prática da atividade física? Justifique sua resposta.
    2. No terceiro parágrafo, ele expõe o que seria um mito em relação ao assunto. Releia a fala de Janssen e escreva com suas palavras o que ele considera um mito.
  2. Retome o texto que você leu e responda: a maioria das palavras apresenta ou não acento gráfico?
  3. Como ficaria a pronúncia das palavras que possuem acento se o autor se esquecesse de acentuá-las?
  4. Identifique no texto e transcreva para seu caderno cinco palavras paroxítonas sem acento gráfico.
  5. Fale a palavra gabiroba. Em que sílaba você pronunciou a tônica?
Fotografia. Imagem colorida, formato paisagem. Destaque para as palmas das mãos de uma pessoa. Elas estão unidas em formato de concha e segurando um punhado de gabiroba, uma frutinha redonda e verde.
Gabiroba é uma fruta nativa do Brasil encontrada no Cerrado das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Ícone pontos de atenção e noções complementares

As paroxítonas

A maioria das palavras da língua portuguesa é paroxítona e não é acentuada graficamente. Quando lemos em voz alta uma palavra desconhecida, nossa tendência é, portanto, considerá-la paroxítona. Essa é uma regularidade da nossa língua.


Ícone pontos de atenção e noções complementares

Sílaba tônica e classificação das palavras

Na classificação das palavras quanto à posição da sílaba tônica, as palavras oxítonas têm como sílaba tônica a última; as paroxítonas apresentam a penúltima sílaba como tônica; e as proparoxítonas apresentam a antepenúltima sílaba como tônica.

7. Releia este trecho da matéria:

O programa Nacional Jovem conversou com o professor de Fisiologia do Exercício da Unieuro e pesquisador da ú êne bê, Carlos Janssen, que respondeu às dúvidas que a população tem em relação às atividades físicas e aos adolescentes.

NACIONAL Jovem. Atividade física e adolescentes: professor esclarece mitos e verdades. ê bê cê, Brasília, Distrito Federal, 13 abril 2018. Disponível em: https://oeds.link/ynx1Vk. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

  1. Como são classificadas as palavras em destaque, de acordo com a posição de sua sílaba tônica? Explique.
  2. Em seu caderno, faça uma lista de cinco palavras que recebem acento gráfico na antepenúltima sílaba e sejam extraídas dos textos lidos nesta Unidade.
  3. Por que precisamos acentuar graficamente todas as palavras proparoxítonas?
Versão adaptada acessível
  1. Como são classificadas as palavras "dúvidas" e "físicas", que estão no texto, de acordo com a posição de sua sílaba tônica? Explique.
  2. Registre, em um suporte de sua preferência, uma lista de cinco palavras que recebem acento gráfico na antepenúltima sílaba e sejam extraídas dos textos apresentados nesta Unidade.
  3. Por que precisamos acentuar graficamente todas as palavras proparoxítonas?
Respostas e comentários

3. A maioria das palavras não é acentuada graficamente.

5. Resposta pessoal.

7. c) Se não as acentuarmos graficamente, elas serão lidas como paroxítonas, que é a tendência da língua.

Respostas (continuação)

2. a) Sim, pois ele justifica essa verdade – as pessoas que praticam atividade física regular na infância ou na adolescência têm uma maior probabilidade de serem adultos fisicamente ativos – dizendo que dados científicos a comprovam.

b) Segundo o professor, mito seria considerar que é importante fazer qualquer modalidade de exercício físico, mesmo sem gostar. Isso não é verdade, porque, ao optar por algo de que não gosta, o adolescente pode não se tornar um adulto fisicamente ativo, objetivo a ser alcançado.

4. A ausência de acentuação em uma palavra pode prejudicar a compreensão do contexto, em virtude da mudança de tonicidade. Algumas palavras podem inclusive ter alteração em sua função gramatical, como é o caso de “dúvida” (substantivo) e “duvida” (verbo). Instigue o levantamento de outros exemplos que revelam a importância de acentuarmos corretamente as palavras. Para uma leitura mais fluente, a acentuação gráfica colabora para uma tonicidade adequada, favorecendo a percepção do sentido da palavra diante do contexto de uso.

5. Possibilidades: atividade, adolescentes, mito, especialista, fisiologista.

6. Provavelmente, os estudantes responderão que a tônica está na penúltima sílaba, uma paroxítona.

7. a) Proparoxítonas, porque a sílaba tônica está na antepenúltima sílaba.

b) Tônica, Jápeto, prática, parágrafo, étnico, entre outras.

Sobre acentuação

Podemos considerar outro mito entre os estudantes a ideia de que muitas palavras do português brasileiro são acentuadas graficamente. As atividades 3 e 4 têm como objetivo mostrar que a maioria das palavras não é acentuada graficamente, que a maioria das palavras da língua portuguesa é paroxítona e, também, em sua maioria, não é acentuada.

É recomendável mostrar aos estudantes que o princípio de irregularidade é o que determina a presença da acentuação gráfica. Em outras palavras, é para marcar alguma irregularidade no padrão da língua portuguesa que utilizamos acento gráfico. Esse é o motivo de a maioria das palavras paroxítonas não ser acentuada graficamente.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Muitas palavras do português, de origem indígena, são oxítonas terminadas em , , , por exemplo: Apiacás, ubá, cipó, Tatuapé. Faça uma pesquisa oral ou em dicionários e escreva mais cinco palavras do mesmo tipo que são acentuadas graficamente.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Acentuação de oxítonas

As palavras oxítonas terminadas em: ; ; ; em; e ens devem ser sempre acentuadas. Exemplos: crachá, ipê, cipó, também, parabéns.


Ícone pontos de atenção e noções complementares

Acento diferencial

Alguns acentos gráficos da língua portuguesa deixaram de ser usados quando o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 entrou em vigor no Brasil, em 2016. Esse Acordo, feito com outros países lusófonos, eliminou a maioria do que chamamos de acento diferencial.

As únicas palavras que continuam recebendo acento diferencial após o Acordo Ortográfico são pôde e pôr.

2. Leia estas fórmas verbais em destaque, acentuadas graficamente:

Versão adaptada acessível

2. Atente-se às formas verbais "Cantávamos", "estudávamos" e "fôssemos", presentes no texto a seguir, e responda as perguntas:

Cantávamos e estudávamos ao mesmo tempo! Se fôssemos à festa, poderíamos chegar mais tarde.

  1. Por que esses verbos recebem acento gráfico?
  2. Escreva outras cinco fórmas verbais acentuadas que seguem a mesma regra.
  1. Outras fórmas verbais, sempre acentuadas graficamente, são as conjugadas no futuro do indicativo, na 3ª pessoa do singular.
    1. Comprove essa afirmação, conjugando nesse tempo e nessa pessoa os seguintes verbos: vir, ver, trazer, pôr, sair, andar.
    2. Você observou algo em comum na terminação dessas palavras? Explique.
    3. Que regra justifica a acentuação gráfica dessas palavras?
    4. Na língua portuguesa, em manifestações informais, há uma preferência por expressar o tempo futuro utilizando locuções verbais, flexionando no presente o verbo auxiliar + verbo principal no infinitivo: em vez da fórma simples “Ela partirá”, dizemos “Ela vai partir”. Em seu caderno, reescreva os verbos do item a, empregando locuções verbais para expressar o futuro na 3ª pessoa do singular.
  2. Observe estas frases e diferencie o substantivo pelo de pelo, que é a combinação da preposição por + artigo o: Ainda não tinha um só pelo no rosto! Passava as mãos pelo rosto suado e suspirava.
  3. No trecho a seguir, encontramos um acento diferencial no verbo poder.

reticências Assim, ele pôde voltar para o céu, de onde olhou a terra e viu que lá tinha uma pequena floresta de buriti, um rio e vastos campos.

MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do Universo. São Paulo: Global, 2008. página 34.

  1. Levante uma hipótese para explicar por que o acento nessa fórma verbal não foi eliminado com o acordo.
  2. O verbo pôr, fórma infinitiva, também ainda recebe um acento diferencial. Procure uma explicação para essa ocorrência.
Respostas e comentários

1. Sugestões: aimoré, ipê, cajá, boitatá, igarapé, jacaré, mocotó.

2. b) Sugestões: brincávamos, trouxéssemos, falávamos, partíamos, corríamos.

3. b) Palavras terminadas em vogais acentuadas graficamente.

4. O primeiro é substantivo e o segundo, preposição + artigo.

5. b) Trata-se de diferenciar o verbo pôr da preposição por. O contexto não permite a diferenciação.

Respostas

2. a) Porque são palavras proparoxítonas.

3. a) virá, verá, trará, porá, sairá, andará.

c) Oxítonas terminadas em -a recebem acento gráfico.

d) Ela vai vir, vai ver, vai trazer, vai pôr, vai sair, vai andar.

5. a) O acento se manteve para diferenciar pôde, no passado, de pode, no presente, uma vez que o contexto não permite a diferenciação.

Orientação

O objetivo não é ressaltar as mudanças ocorridas, mas os aspectos político e cultural envolvidos no Acordo.

Sobre o Acordo Ortográfico

Se achar oportuno, converse com os estudantes sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, seus objetivos, alterações, abrangência etcétera Para consulta às informações, visite o site: https://oeds.link/AIPofR. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

Produção de texto

Ícone. Tema contemporâneo transversal Multiculturalismo.

Mito

O que você vai produzir

Após ler mitos de culturas diferentes e conhecer as principais características desse gênero textual, chegou a sua vez de recontar um mito oralmente, como faziam e ainda fazem os porta-vozes dessa tradição tão importante para a afirmação da identidade dos povos mundo afora. Antes, porém, será preciso pesquisar um mito, lê-lo primeiro em silêncio e depois em voz alta até se familiarizar com ele. Isso permitirá criar a estratégia ideal para que seu reconto seja fiel ao texto e cative os ouvintes! Sua contação poderá ser gravada em vídeo para, posteriormente, fazer parte de um videoblog.

Planejamento

Para desenvolver a primeira etapa, você vai pesquisar novamente um mito escrito.

  1. Primeiro, anote a que povo pertence o mito escolhido. Isso será importante para apresentar o texto a seus ouvintes. Faça uma breve pesquisa sobre esse povo.
  2. Mitos explicam de maneira mágica fenômenos para os quais não há explicação lógica. Em poucas palavras, anote o que esse mito explica e principalmente a explicação apresentada por ele (quais elementos mágicos contribuem para a explicação?).
  3. Todo mito é uma narrativa, então naturalmente apresenta elementos desse tipo de texto. Fique atento a eles.
    • Conflito: qual o conflito ou quais os conflitos que desencadeia ou desencadeiam a história?
    • Personagens: quem são as personagens?
    • Características: quais são suas características físicas e comportamentais?
    • Função: qual é a função delas na história?
    • Ações: qual é a sequência das ações?
    • Desfecho: qual é o desfecho da história contada?
  4. Leia o texto em voz alta articulando bem as palavras, respeitando o ritmo das frases e a entonação indicada pela pontuação. Grave sua leitura, ouça a gravação e anote acertos e problemas.
  5. Com base nos estudos sobre oralidade trabalhados nesta Unidade, pense em estratégias de expressão oral que possam dar mais expressividade ao texto: que tom, volume e gestos ideais utilizar para caracterizar as personagens, descrever o cenário e os elementos mágicos? Como narrar conflitos, diálogos e o desfecho?

Produção

  1. Você recontará o mito para seus colegas. Seja criativo. Se desejar, leve objetos que representem a sua história, vestimentas etcétera
  2. A turma toda formará um círculo dentro do qual ficará quem contará a história.
  3. Peça ao professor que grave seu reconto em vídeo, pois isso será importante para uma autoavaliação.
  4. Durante a contação:
Respostas e comentários

Habilidades trabalhadas nesta seção

(ê éfe seis nove éle pê zero oito) Revisar/editar o texto produzido – notícia, reportagem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –, tendo em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, características do gênero, aspectos relativos à textualidade, a relação entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado das ferramentas de edição (de texto, foto, áudio e vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta.

(ê éfe seis nove éle pê um nove) Analisar, em gêneros orais que envolvam argumentação, os efeitos de sentido de elementos típicos da modalidade falada, como a pausa, a entonação, o ritmo, a gestualidade e expressão facial, as hesitações etcétera

(ê éfe seis nove éle pê quatro zero) Analisar, em gravações de seminários, conferências rápidas, trechos de palestras, dentre outros, a construção composicional dos gêneros de apresentação – abertura/saudação, introdução ao tema, apresentação do plano de exposição, desenvolvimento dos conteúdos, por meio do encadeamento de temas e subtemas (coesão temática), síntese final e/ou conclusão, encerramento –, os elementos paralinguísticos (tais como: tom e volume da voz, pausas e hesitações – que, em geral, devem ser minimizadas –, modulação de voz e entonação, ritmo, respiração etcétera) e cinésicos (tais como: postura corporal, movimentos e gestualidade significativa, expressão facial, contato de olho com plateia, modulação de voz e entonação, sincronia da fala com ferramenta de apoio etcétera), para melhor performar apresentações orais no campo da divulgação do conhecimento.

(ê éfe seis nove éle pê cinco um) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etcétera – e considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário.

(ê éfe seis sete éle pê um um) Planejar resenhas, vlogs, vídeos e podcasts variados, e textos e vídeos de apresentação e apreciação próprios das culturas juvenis (algumas possibilidades: fanzines, fanclipes, e-zines, gameplay, detonado etcétera), dentre outros, tendo em vista as condições de produção do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etcétera –, a partir da escolha de uma produção ou evento cultural para analisar – livro, filme, série, game, canção, videoclipe, fanclipe, show, saraus, slams etcétera – da busca de informação sobre a produção ou evento escolhido, da síntese de informações sobre a obra/evento e do elenco/seleção de aspectos, elementos ou recursos que possam ser destacados positiva ou negativamente ou da roteirização do passo a passo do game para posterior gravação dos vídeos.

(ê éfe seis sete éle pê um dois) Produzir resenhas críticas, vlogs, vídeos, podcasts variados e produções e gêneros próprios das culturas juvenis (algumas possibilidades: fanzines, fanclipes, e-zines, gameplay, detonado etcétera), que apresentem/descrevam e/ou avaliem produções culturais (livro, filme, série, game, canção, disco, videoclipe etcétera) ou evento (show, sarau, slam etcétera), tendo em vista o contexto de produção dado, as características do gênero, os recursos das mídias envolvidas e a textualização adequada dos textos e/ou produções.

(ê éfe seis sete éle pê três zero) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares, contos de suspense, mistério, terror, humor, narrativas de enigma, crônicas, histórias em quadrinhos, dentre outros, que utilizem cenários e personagens realistas ou de fantasia, observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais adequados à narração de fatos passados, empregando conhecimentos sobre diferentes modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos direto e indireto.

Orientação

Ao propor essa atividade, reserve um momento para promover uma roda de conversa sobre o tema ­transversal Multiculturalismo (subtemas: Diversidade cultural e Educação para a valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras), resgatando os exemplos dos mitos estudados nesta Unidade, favorecendo o reconhecimento da literatura como fonte da nossa pluralidade cultural, bem como evidenciar a importância desses elementos originários como fundantes de importantes manifestações literárias brasileiras, o que favorece a compreensão da diversidade cultural e a valorização das matrizes históricas e culturais do nosso país.

Para o desenvolvimento desta proposta, é importante deixar claro aos estudantes que ela se diferencia da proposta na seção Oralidade por não ser leitura expressiva, e sim interpretação por meio de contação.

Planejamento

Oriente-os a gravar os ensaios de contação para que possam ouvir a si mesmos e reconhecer se sua própria voz, ritmo, dicção e expressividade poderão despertar a atenção e a emoção do público.

Verifique se a contação de alguns mitos pode ser acompanhada de objetos típicos ou representativos de personagens ou momentos relevantes do enredo.

Produção

Oriente ao contador que caminhe pelo espaço, com movimentos interpretativos, pois, caso contrário, não será ouvido por todos. Se houver inibição por parte de algum estudante, posicione-o como parte do círculo, de modo a diminuir o destaque e garantir que todos possam ouvi-lo.

  • fique atento ao enredo do mito: Está ambientando a história, caracterizando as personagens, narrando as ações na ordem correta?
  • caso se esqueça de algo ou se lembre de uma informação que já deveria ter dado, não se preocupe, pois hesitações e correções são próprias da linguagem oral;
  • concentre-se na estratégia de expressão oral que você planejou para o texto: você está colocando em prática? Que efeitos ela está provocando? Algo precisa ser mudado “no calor da hora”?
  • caso esteja à vontade, interaja com os colegas, pois isso aproxima o público da história, contribuindo para que a memorizem com mais facilidade.

Faça as atividades no caderno.

Revisão

1. Com base nas suas impressões durante o reconto e no vídeo gravado pelo professor, avalie sua apresentação oral, respondendo em seu caderno às perguntas da tabela a seguir.

Em relação à proposta e ao sentido do texto

Em relação à oralidade

1. Soube ambientar a história?

1. Houve diferenças entre o vocabulário do reconto e o vocabulário do texto escrito? Se sim, quais chamaram sua atenção?

2. Caracterizou as personagens?

2. A dicção (pronúncia das palavras), a entonação e o volume de voz foram adequados para garantir uma boa escuta?

3. As ações foram contadas na ordem correta?

3. Explorou a linguagem corporal (gestos com as mãos, expressões faciais, interação com os ouvintes) para dar mais expressividade ao reconto?

4. Narrou e descreveu os elementos mágicos da explicação dada pelo mito?

4. Conseguiu manter o público atento?


2. A partir dessa revisão, você vai recontar o mito novamente, atento às alterações que forem necessárias. Nesse momento, passada a tensão inicial e feita a autoavaliação, você possivelmente estará mais relaxado, o que melhorará seu desempenho. É importante gravar novamente em vídeo, dessa vez para circular o material em uma plataforma digital.

Circulação

  1. Com o auxílio do professor, os vídeos das apresentações finais de todos serão publicados em um videoblog.
  2. Em conjunto, decidam um nome para o videoblog e criem um breve texto de apresentação.
  3. Cada vídeo deve vir acompanhado de um texto breve que indique os nomes do estudante e do mito recontado. Quem se sentir à vontade pode fazer um vídeo de si mesmo respondendo por que escolheu o mito e contando como foi a experiência de recontá-lo.
  4. Compartilhe a novidade com familiares e amigos e peça que publiquem comentários.

Avaliação

  1. Pesquisar mitos permitiu a você conhecer outras culturas?
  2. Do que você mais gostou: ler, ouvir ou recontar um mito? Por quê?
  3. A maneira mágica como os mitos explicam o mundo e a vida o agradou? Por quê?
  4. Posteriormente, analise as gravações, dialogando com seus colegas a respeito da performance de vocês e dos saberes culturais aprendidos por meio dessa prática.
Respostas e comentários

Revisão

Você pode avaliar as produções utilizando os mesmos critérios apresentados na ficha, estabelecendo uma pontuação para cada item.

Circulação

Verifique a possibilidade de criar um videoblog para a escola, assim outras produções dos estudantes e eventos escolares poderão ser divulgados para toda a rede.

Avaliação

Retome posteriormente as gravações para que os estudantes avaliem a performance deles quanto a gestualidade, expressões, coesão textual, recursos linguísticos usados e saberes culturais mobilizados.

Glossário

abóbada
: teto curvilíneo.
Voltar para o texto
inajá
: palmeira nativa da Amazônia cujos frutos têm polpa comestível.
Voltar para o texto
Mebenget
: classe dos Kayapó composta de anciãos.
Voltar para o texto