UNIDADE 4  Imagens poéticas

Faça as atividades no caderno.

Xilogravura. Quatro mulheres usando vestidos estampados e coloridos equilibram vasilhames de água e trouxa de roupa sobre a cabeça. Elas estão de perfil e caminham para a direita, em fila. Uma delas carrega um bebê no colo. Há três crianças ao lado delas. Ao redor delas há cactos e árvores espinhentas. No céu estrelado há uma lua. Na parte inferior da obra há o texto: MULHERES DO SERTÃO. J. BORGES.
BORGES, José Francisco. Mulheres do Sertão. cêrca de 1990. Xilogravura, 48 centímetros por 66 centímetros. Memorial jota Borges & Museu da Xilogravura, Bezerros (Pernambuco).
  1. Observe a imagem. Trata-se de uma xilogravura de J. Borges intitulada Paisagem sertaneja. A xilogravura é uma técnica artística de entalhe e pintura em madeira. O relevo entalhado é molhado com tinta e reproduzido no papel.
    1. O que você sabe sobre a região do Sertão nordestino? Converse com os colegas e o professor.
    2. Depois dessa conversa, identifique na imagem elementos próprios de uma paisagem sertaneja.
  2. As imagens de xilogravura são muito recorrentes em capas de literatura de cordel. O que você sabe sobre esse tipo de literatura? Compartilhe com os colegas e o professor.

Saiba +

jota Borges e a xilogravura

José Francisco Borges – ou mestre jota Borges –, pernambucano nascido em 1935, é um dos maiores artistas de xilogravura de cordel do Brasil. Ele começou a trabalhar com madeira muito cedo, fazendo brinquedos artesanais e colheres de pau, que vendia em feiras. Aos 21 anos, criou seu primeiro cordel (O encontro de dois vaqueiros no Sertão de Petrolina), cuja ilustração de capa foi feita em xilogravura por Mestre Dila, outro grande artista.

A partir de seu segundo cordel (O verdadeiro aviso de Frei Damião), sem dinheiro para pagar um xilogravurista, jota Borges começou a fazer suas matrizes de xilogravura para as capas de seus cordéis. Elas fizeram tanto sucesso que, além de ilustrar suas capas, o artista começou a fazer xilogravuras autônomas, que ganharam o mundo.

Respostas e comentários

1. a) Resposta pessoal.

1. b) Aparecem na imagem cactos e árvores espinhentas, e mulheres e crianças que retratam a vida no sertão nordestino. Elas carregam vasilhames de água e trouxas de roupas.

2. Deixe que exponham seus conhecimentos sobre o gênero e os autores. Comente a variação linguística, destacando a representação cultural que ela tem.

Competências gerais da Bê êne cê cê: 3, 4, 9 e 10.

Competência específica de Linguagens para o Ensino Fundamental: 5.

Competências específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 9.

Objetos de conhecimento

Leitura: efeitos de sentido; reconstrução das condições de produção, circulação e recepção; apreciação e réplica; reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e multissemióticos; adesão às práticas de leitura; relação entre textos; estratégias de leitura.

Oralidade: produção de textos orais; oralização.

Produção de textos: consideração das condições de produção; estratégias de produção: planejamento, textualização e revisão/edição; construção da textualidade; relação entre textos.

Análise linguística/semiótica: recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos pertencentes aos gêneros literários; variação linguística; fono-ortografia; elementos notacionais da escrita; léxico/morfologia; morfossintaxe; figuras de linguagem.

Sobre esta Unidade

Esta Unidade tem como foco os gêneros textuais cordel e poema narrativo. Articulado a isso, emerge o trabalho com a diferença entre sentido literal e figurado, bem como com duas figuras de linguagem: personificação e ironia. Também são estudados os adjetivos (e seus processos de flexão) e o predicado nominal, especialmente o predicativo do sujeito. A derivação e os prefixos como formadores de antônimos complementam os conhecimentos linguísticos e gramaticais e servem de mote para a reflexão sobre o uso do hífen. O texto produzido (um poema narrativo) será musicado, em uma atividade que promove a interação com a multimodalidade.

Sugestão

Se possível, apresente aos estudantes alguns folhetos de cordel e explore com eles a imagem de abertura da Unidade.

Respostas

1. a) Comente com os estudantes que o Sertão nordestino é uma região de clima tropical semiárido (quente e seco), com temperaturas elevadas. A Caatinga é preponderante, com vegetação rasteira, arbustos espinhentos e árvores de pequeno porte e troncos retorcidos, como se pode observar na xilogravura. Se for possível, convide para essa discussão os professores de Geografia e de Ciências.

Leitura 1

Faça as atividades no caderno.

Contexto

Você lerá, a seguir, um cordel de autoria de Gonçalo Ferreira da Silva.

Uma das características da literatura de cordel é sua composição em versos. Você se lembra do que são versos? Que outros gêneros você conhece que também são compostos de versos?

Gonçalo Ferreira da Silva

AUTORIA

Ensaísta, contista, poeta e cordelista brasileiro, Gonçalo Ferreira da Silva (1937-) nasceu na cidade de Ipu, no Ceará. Publicou seu primeiro livro, Um resto de razão, uma coletânea de contos, aos 14 anos. Começou a escrever cordéis em 1978 e tornou-se famoso ao lançar, por ocasião da morte do pesquisador e amigo Sebastião Nunes Batista, o folheto A lamentação dos poetas na morte de Sebastião Nunes Batista, editado pela Casa de Rui Barbosa, em parceria com outros poetas, em 1982. Além disso, elaborou um folheto biográfico em homenagem a Marrátma Gândi que lhe rendeu uma homenagem da Embaixada e do Consulado da Índia, sendo também traduzido para o alemão e para o inglês. Publicou ainda, pela , três livros sobre literatura de cordel: Vertentes e evolução da literatura de cordel (1999), O fenômeno Ataíde e outros ensaios (2004) e Lampião: a força de um líder (2005).

Antes de ler

  • Com base no título e nas imagens que ilustram este cordel, o que você acha que encontrará nele?
  • Levante hipóteses sobre o que pode acontecer com as personagens ao longo dos versos.

A galinha inteligente

O galo cantou três vezes

no início da madrugada

e uma linda galinha

que se chamava Pintada

cacarejou avisando

que já estava acordada.


Uma confusão de vozes

fez-se ouvir no terreiro

de frangas retardatárias

descendo o pau do poleiro

o Sol brilhou na manhã

daquele mês de janeiro.


Pintada se afastando

do burburinho local

saiu dali passeando

em direção ao curral

avistando uns grãos de milho

nos limites do quintal.

Respostas e comentários

Sobre Contexto

Relembre com os estudantes o que são versos. Espera-se que eles reconheçam o uso dos versos em poemas, letras de canção, quadrinhas populares etcétera Resgate com os estudantes os cordéis que eles já estudaram ou leram. Se possível, traga alguns para eles manusearem e comentarem.

Habilidades trabalhadas nesta seção e suas subseções (Estudo do texto e O gênero em foco)

(ê éfe seis nove éle pê quatro quatro) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos fórmas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.

(ê éfe seis nove éle pê quatro cinco) Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes a gêneros como quarta capa, programa (de tea­tro, dança, exposição etcétera), sinopse, resenha crítica, comentário em blogvlog cultural etcétera para selecionar obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, cedê dêvedêésse etcétera), diferenciando as sequências descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do livro ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer escolhas, quando for o caso.

(ê éfe seis nove éle pê quatro seis) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams canais de booktubers redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etcétera), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando fórmas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e pódikests culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs.

(ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes fórmas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.

(ê éfe seis nove éle pê quatro oito) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso de recursos expressivos sonoros (estrofação, rimas, aliterações etcétera), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráfico-espacial (distribuição da mancha gráfica no papel), imagens e sua relação com o texto verbal.

(ê éfe seis nove éle pê quatro nove) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.

(ê éfe seis sete éle pê dois sete) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema, teatro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas, personagens e recursos literários e semióticos.

(ê éfe seis sete éle pê dois oito) Ler, de fórma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infantojuvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de fórma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

Nos olhos da nobre ave

viu-se luminoso brilho

com a ideia que teve

e sem qualquer empecilho

chamou os amigos para

semear os grãos de milho.


Porém todos os amigos

que Pintada convidou

não lhe deram ouvidos e

o primeiro que falou

foi o elegante Galo

que assim se justificou.


— Eu vivo para conquistas

e não para trabalhar

já canto na alvorada

para você despertar

se quiser plante sozinha

que o meu negócio é cantar.


Pintada não concordou

mas respeitou o argumento

porém nada se afastou

do nobre planejamento

e convidou o Peru

para o empreendimento.


O Peru foi mais irônico

no seu modo de falar;

— Eu estou com o papo cheio

sem precisar de plantar

vem você com este papo

que tenho que trabalhar.


Para ajudar no plantio

restava somente o Pato;

quando Pintada o chamou

naquele momento exato

considerou o convite

verdadeiro desacato.


O Pato retrucou logo;

— Cara amiguinha Pintada

me chamar pra trabalhar

é me dar uma patada

meus donos são meus amigos

não me deixam faltar nada.


O Pato acrescentou mais:

— Normalmente eu sou pacato

trato todo mundo bem

não gosto de desacato

mas se vier com patada

você vai pagar o pato.


Pintada disse amiguinho,

não se trata de patada

mas de iniciativa

que se bem aproveitada

trará benefícios a todos

e não somente à Pintada.


Os amigos preguiçosos

gostaram do trocadilho

mas não viram no argumento

de Pintada o menor brilho

que só e resignada

tratou de plantar milho.


Pintada plantou o milho

e trabalhou sem parar

sozinha e com muito esforço

começou a capinar

até nascerem as espigas

e finalmente granarglossário .

Respostas e comentários

Sugestão

Considerando a importância da leitura expressiva, seria interessante que os estudantes lessem o poema sozinhos, em silêncio, preparando-se para a leitura em voz alta, e depois o relessem com a sua mediação. Você pode sugerir que façam também a leitura expressiva em duplas, ou mesmo escolher um estudante, aleatoriamente, para ler cada estrofe, de modo que todos possam se manter atentos ao ponto da leitura e treinem a expressividade.

E assim trabalhou com muita

obstinação e fé

do nascimento do milho

e do crescimento até

nasceram lindas espigas

até duas em cada pé.


Pintada muito orgulhosa

e feliz com o resultado

do esforço galináceo

por ela realizado

já podia até pensar

em ampliar o roçado.


Para o momento, entretanto,

o que fez já bastaria

quando as espigas granassem

muito feliz colheria

e planos para o futuro

somente o tempo diria.


Realmente agora o seu

pensamento imediato

era colher as espigas

para no momento exato

dar o exemplo aos amigos

o Galo, o Peru e o Pato.


Precisava de um cenário

muito bom apropriado

porque em dado momento

era preciso ser dado

um exemplo que ficasse

por muito tempo lembrado.


Quem as leis da natureza

obediente respeita

é comparado ao que faz

uma plantação bem feita

porque será premiado

no momento da colheita.


Quando os três se acercaram

do milho, cheios de fome

Pintada se antecipou

citando-os nome por nome:

— Afastem-se, preguiçosos,

quem não trabalha não come.


A vida é competição

muitas vezes acirrada

portanto devemos sempre

da vida na longa estrada

dar o grandioso exemplo

que nos deu dona Pintada.


Pintada pôde mostrar

para o trio ali presente

de modo definitivo

e de maneira eloquente

que não é só poedeira

mas também inteligente.

SILVA, Gonçalo Ferreira da. A galinha inteligente. Academia Brasileira de Literatura de Cordel, 2015.página1-8.

Respostas e comentários

Sugestão

Ao finalizar a leitura, peça aos estudantes que voltem ao texto e selecionem as palavras que não conhecem, propondo que as busquem no dicionário. Espera-se que tenham proficiência no uso desse recurso, mas, se necessário, oriente-os para a prática dessa busca. Se notar que existem referências desconhecidas no texto, peça também que pesquisem e anotem no caderno.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Você viu que o cordel conta em versos a história de uma galinha. Se analisarmos seu texto, encontraremos nele os elementos de uma narrativa, tais como ação, tempo, espaço e personagens.
    1. O que acontece nesse cordel? As hipóteses que você levantou se confirmaram ou não?
    2. Em que local se passa a narrativa? Em qual estrofe encontramos essa informação?
    3. É possível identificar quando se desenrola a narrativa? Quanto tempo ela dura?
    4. Quais são as personagens? Há alguma diferença entre a maneira como os nomes das personagens foram escritos e o modo como escrevemos os nomes desses animais no cotidiano?
  2. Essa história contada em cordel apresenta uma moral. Que moral é essa? Transcreva os versos que se referem a ela e explique-a.
  3. Que diferença você notou entre essa fórma de contar uma história e a prosa que estudamos em contos e crônicas?
  4. Outra marca desse texto é o trabalho com ritmo e musicalidade. Que recurso o poeta usou para tornar esse cordel mais musical?
  5. Trocadilhos são jogos de sentido que brincam com o som das palavras ou a maneira como as escrevemos. O autor do cordel faz trocadilhos entre características dos bichos, seus nomes e a maneira como eles dão satisfação para a galinha. Como isso acontece?
  6. Chamamos de rimas os sons coincidentes entre um verso e outro. Retire do cordel três rimas utilizadas pelo autor.
  7. Qual parte do cordel você mais apreciou? Explique o motivo de sua escolha por escrito.
  8. O que acontece no desfecho desse cordel? Como esse final pode se alinhar com o título do texto?

Saiba +

Métrica

Os cordéis e os poemas em geral podem se organizar por uma métrica: conjunto de regras que ajuda a organizar e dar ritmo à leitura. Dessa fórma, podem ter versos regulares e irregulares. Os versos irregulares, ou livres, são aqueles que não seguem um padrão de métrica definido. Os versos regulares têm sempre a mesma medida.

9. Leia agora outro cordel de um de nossos maiores poetas populares:

O boi zebu e as formiga

Um boi zebu certa vez

Moiadinho de suó

Querem saber o que ele fez?

Temendo o calor do só

Entendeu de demorá

E uns minutos cuchilá

Na sombra de um juazêro

Que havia dentro da mata

E firmou as quatro pata

Em riba de um formiguêro.


Já se sabe que a formiga

Cumpre a sua obrigação,

Uma com outra não briga

Veve em perfeita união

Paciente trabaiando

Suas fôia carregando

Um grande inzempro revela

Naquele seu vai e vem

E não mexe com ninguém

Sem ninguém mexê com ela.

Respostas e comentários

3. Resposta pessoal.

6. Exemplos: feita/colheita; imediado/exato; terreiro/poleiro etcétera

Respostas 

1. a) Incentive, primeiramente, os estudantes a falarem das hipóteses e expectativas que criaram sobre o cordel. Depois, retome os saberes já trabalhados para a síntese de ideias. Peça aos estudantes que construam essa síntese oralmente e, depois, por escrito no caderno.

Sugestão de resumo dos acontecimentos narrados: uma galinha decide fazer uma plantação de milho e convida seus amigos, o Galo, o Peru e o Pato, para ajudá-la; no entanto, cada um deles, por diferentes motivos, nega a ajuda; então, ela conclui o trabalho sozinha. Quando as espigas finalmente começam a granar, seus colegas se aproximam querendo comê-las, mas a Galinha não permite por não a terem ajudado a cultivá-las.

b) A narrativa se passa em um terreiro, e esse espaço é identificado pela segunda estrofe: “Uma confusão de vozes / fez-se ouvir no terreiro / de frangas retardatárias / descendo o pau do poleiro / o Sol brilhou na manhã / daquele mês de janeiro”.

c) Na mesma estrofe, a segunda, como se vê, também encontramos a referência de tempo: “daquele mês de janeiro”.

Comente que a duração da narrativa se dá em dois momentos: durante a conversa entre as aves, que acontece em um dia e quando o milho começa a granar.

d) As personagens da narrativa são a galinha, o Peru, o Pato e o Galo. Eles são identificados apenas pelo substantivo comum escritos com a letra inicial maiúscula (transformando-se, assim, em substantivos próprios, nomeando cada personagem especificamente), exceto a galinha, que se destaca dos demais e é chamada de Pintada.

2. O autor, metaforicamente, cria um conflito para falar sobre força de vontade, trabalho e preguiça.

A moral da história é que o trabalho e o esforço trazem recompensa, enquanto a preguiça nada traz. Está expressa nas últimas duas estrofes do poema: “A vida é competição / muitas vezes acirrada / portanto devemos sempre / da vida na longa estrada / dar o grandioso exemplo / que nos deu dona Pintada. // Pintada pode mostrar / para o trio ali presente / de modo definitivo / e de maneira eloquente / que não é só poedeira / mas também inteligente”.

3. Espera-se que os estudantes percebam que as imagens poéticas utilizadas nos poemas e sua musicalidade podem mudar nossa interpretação da narrativa.

4. O poeta usou versos e os compôs com sete sílabas poéticas.

5. A galinha se chama Pintada. O nome faz referência, portanto, a uma característica do animal. Quando o Peru responde para a galinha, diz “Eu estou com o papo cheio reticências vem você com este papo”. Há um trocadilho, portanto, com a parte do corpo do Peru e a palavra papo. Por fim, o Pato reclama de estar levando uma patada da galinha e ainda diz que “vai pagar o pato”.

7. Converse com os estudantes a respeito da apreciação estética dos versos do cordel, que ora descrevem personagens ora dinamizam as ações da história. Questione quais partes chamam mais a atenção do leitor, ouvindo da turma as diferentes possibilidades e olhares. Ao propor a escrita da justificativa para a escolha, explique como podemos expor e argumentar nosso ponto de vista com base em fundamentação, exemplificação etcétera

8. A galinha dá uma lição de moral nos demais animais, que não se dispuseram a ajudá-la no trabalho e, em virtude disso, não poderiam usufruir do milho. Título e texto combinam entre si visto que a galinha age com inteligência ao esclarecer essa situação às personagens.

Proponha aos estudantes uma roda de conversa ou atividade sobre o exercício do agir pessoal e coletivamente, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos e solidários.

Por isto com a chegada

Daquele grande animá

Todas ficaro zangada,

Começaro a se açanhá

E fôro se reunindo

Nas pernas do boi subindo,

Constantimente a subi,

Mas tão devagá andava

Que no começo não dava

Pra ele nada senti.


Mas porém como a formiga

Em todo canto se soca,

Dos cascos até na barriga

Começou a frivioca

E no corpo se espaiando

O zebu foi se zangando

E os casco no chão batia

Mas porém não miorava,

Quanto mais coice ele dava

Mais formiga aparecia.


Com esta formigaria

Tudo picando sem dó

O lombo do boi ardia

Mais do que na luz do só

E ele zangado as patada,

Mais a força encorporada

O valentão não aguenta,

O zebu não tava bem,

Quando ele matava cem

Chegava mais de quenhenta.


Com a feição de guerrêra

Uma formiga animada

Gritou para as companhêra:

Vamo minhas camaradas

Acabá com o capricho

Deste ignorante bicho


Com nossa força comum

Defendendo o formiguêro

Nós samo muntos miêro

E este zebu é um só.


Tanta formiga chegô

Que a terra ali ficou cheia

Formiga de toda cô

Preta, amarela e vremêa

No boi zebu se espaiando

Aqui e ali tinho um móio

E ele com grande fadiga

Pruquê já tinha formiga

Até por dentro dos óio.


Com o lombo todo ardendo

Daquele grande aperreio

O zebu saiu correndo

Fungando e berrando feio

E as formiguinha inocente

Mostraro pra toda gente

Esta lição de morá

Contra a farta de respeito

Cada um tem seu dereito

Até nas lei naturá.


As formiga a defendê

Sua casa, o formiguêro,

Botando o boi pra corrê

Da sombra do juazêro,

Mostraro nesta lição

Quanto pode a união;

Neste meu poema novo

O boi zebu qué dizê

Que é os mandão do pudê

E estas formiga é o povo.

ASSARÉ, Patativa do. O boi zebu e as formiga. In: ASSARÉ, Patativa do. Ispinho e Fulô. Ceará: Universidade Estadual do Ceará/Prefeitura Municipal de Assaré, 2001. página 49-51.

Respostas e comentários

Orientação

O cordel da atividade 9 é de autoria de Patativa do Assaré, um dos maiores cordelistas brasileiros. O boxe Saiba+, na página 131, traz a biografia desse autor. Contextualize aos estudantes a autoria, para que possam compreender o porquê do registro oralizado das palavras no poema, de modo a não criar ruído de compreensão em relação a esse fato.

Sugestão

Encaminhe novamente uma leitura expressiva do cordel, para que a métrica fique clara aos estudantes. Nesse cordel há muitas palavras registradas conforme a oralidade, portanto desviadas da norma-padrão da língua. Oriente os estudantes a reconhecê-las previamente e respeitá-las como variação.

Faça as atividades no caderno.

  1. No cordel de Patativa do Assaré, encontramos diversas palavras grafadas de modo diferente da norma-padrão. Identifique e transcreva dez delas em seu caderno.
  2. Por que você acredita que no cordel encontramos essa variedade da língua?
  1. Em relação ao tema, ao assunto e à fórma, quais são as semelhanças entre os cordéis “A galinha inteligente” e “O boi zebu e as formiga”?
  2. Em relação ao cordel “O boi zebu e as formiga”, responda:
    1. Em qual parte está expressa a moral?
    2. Qual é sua opinião sobre a moral dessa história? Você concorda com ela? Por quê?
  3. Outro recurso utilizado por Patativa do Assaré são as sílabas poéticas. Além de tornar a leitura mais ritmada, esse recurso também auxilia o poeta na hora de criar seu texto. Para contarmos as sílabas poéticas, devemos separar as sílabas de um verso e contar os sons que elas produzem, desprezando a contagem do último verso (quando ele não for composto de uma sílaba tônica) e das vogais que ligam um som a outro. Observe a divisão feita na estrofe:
Esquema. Destaque para sequência de números do 1 ao 7, cada um indicando uma sílaba das seguintes, com exceção da última: Nes (1) te (2) meu (3) po (4) e (5) ma 96) no (7) vo

Agora, escolha mais dois versos do cordel “O boi zebu e as formiga” e conte suas sílabas poéticas. Depois, anote em seu caderno quantas sílabas poéticas cada verso escolhido tem.

Saiba +

Patativa do Assaré

Antônio Gonçalves da Silva (1909-2002), conhecido como Patativa do Assaré, foi um grande poeta popular, compositor, improvisador e cantor. De origem pobre, ainda criança ficou cego do olho direito por causa de uma doença e, com apenas 8 anos de idade, ficou órfão de pai e teve de trabalhar na roça, cultivando terras. Aos 12 anos, foi alfabetizado; nessa época, já fazia repentes (cantorias com versos improvisados característicos no Nordeste), destacando-se por seu talento. Era convidado para declamar cordéis e improvisos em festas. Recebeu o apelido Patativa aos 20 anos, uma homenagem que o comparava a uma ave cujo canto é tão belo quanto a poesia que declamava. Foi nomeado doutor honóris causa por duas vezes. A parte mais expressiva de sua obra reside em cordéis declamados por ele, que foram transcritos posteriormente, porém perderam muito de sua expressividade corporal, uma vez que o poeta os declamava com o corpo, por meio de gestos, acentos na voz, pigarro e uma linguagem impossível de registrar em versos transcritos.

Fotografia. Destaque para o busto de Patativa do Assaré, homem com cabelos curtos brancos. Ele sorri e usa chapéu preto, óculos escuros e camisa estampada.
Patativa do Assaré, em 2000.
Respostas e comentários

11. b) Resposta pessoal.

Respostas (continuação)

9. a) Inúmeros vocábulos no poe­ma foram escritos de acordo com variantes regionais. São eles: moiadinho, suó, , demora, cuchilá, juazêro, riba, veve, trabaiando, fôia, inzempro, mexê, animá, ficaro, começaro, açanhá, fôro, constantimente, subi, devagá, senti, frivioca, espaiando, miorava, formigaria, encorporada, quenhenta, guerrêra, companhêra, vamo, acabá, formiguêro, samo, muntos, miêro, chegô, , vremêa, espaiando, tinho, móio, pruquê, óio, mostraro, morá, farta, dereito, naturá, defendê, corrê, qué, dizê e pudê.

Explique aos estudantes que, embora esses vocábulos estejam grafados de fórma diferente da norma-padrão, eles não devem ser considerados incorretos. Algumas escolhas lexicais ajudam a manter a rima, o ritmo e a sonoridade do poema, além de trazer um rico registro dos modos de falar do português.

b) Reflita com os estudantes que o cordel apresenta vivências ricas da cultura popular, sobretudo nordestina. Ao partir da variedade linguística mais cotidiana e menos formal, os versos de Patativa estão envoltos em uma cadência e jeito mais fluido e natural da fala, da conversa do dia a dia. Além disso, a literatura de cordel, ainda que seja transcrita na modalidade escrita, é originária da modalidade oral, o que também explica as marcas linguísticas dessa variedade cotidiana.

10. Os dois poemas carregam características narrativas e contam histórias com animais com feições humanas, antropomórficos, como personagens. Quanto à fórma, ambos têm versos heptassílabos, e ambos também apresentam uma moral ao final da história.

11. a) A moral da história está expressa nas últimas duas estrofes do poema: “Esta lição de morá / Contra a farta de respeito / Cada um tem seu dereito /Até nas lei naturá. // As formiga a defendê / Sua casa, o formiguêro, / Botando o boi pra corrê / Da sombra do juazêro, / Mostraro nesta lição / Quanto pode a união; / Neste meu poe­ma novo / O boi zebu qué dizê / Que é os mandão do pudê / E estas formiga é o povo”.

b) Promova uma conversa sobre a lição de moral que destaca que todos temos nossos direitos e devemos lutar contra qual­quer falta de respeito.

12. O objetivo desta atividade é fazer os estudantes assimilarem a noção de sílabas poéticas. Todos os versos do poema são heptassílabos, portanto têm sete sílabas poéticas.

O gênero em foco

Faça as atividades no caderno.

Ícone. Tema contemporâneo transversal Multiculturalismo.

Literatura de cordel

Contar histórias por meio da linguagem poética é uma das práticas mais antigas da humanidade. Por muito tempo, um dos principais registros literários relacionava-se a narrar histórias por meio de versos. Na Grécia Antiga, por exemplo, havia os aedos, artistas que contavam as histórias dos deuses por meio de poemas cantados com o acompanhamento de um instrumento musical chamado fórminix.

Você leu um cordel de Patativa do Assaré, que declamava sua poesia com o corpo todo. Em muitos lugares do Brasil e do mundo, a prática de narrar se manteve associada às linguagens oral e corporal, bem como à poesia.

Em algumas tradições culturais africanas, encontramos, por exemplo, os griôs. Eles são responsáveis por preservar e difundir oralmente uma série de tradições, que é transmitida dos mestres para seus discípulos.

O cordel de Patativa narra, em versos, a aventura das formigas para proteger o formigueiro de um boi-zebu enorme, mas não se trata apenas de uma história que tem bichos como personagens. De certa maneira, essa narrativa também ilustra o embate entre forças antagônicas que sempre estarão presentes na humanidade. O cordel “A galinha inteligente” recupera o confronto entre o trabalho e a preguiça, de modo geral, passando uma lição de moral que reforça o valor do primeiro. Além dos cordéis narrativos, há também os que registram repentes (versos improvisados que resultam de uma espécie de duelo verbal entre dois cantadores) e os históricos, que recuperam eventos significativos de um determinado povo ou cultura. Podemos perceber nos dois cordéis uma situação inicial, um conflito, o clímax e o desfecho.

A literatura de cordel tem esse nome porque os poemas, geralmente de origem oral, eram reproduzidos em folhetos, ilustrados por xilogravuras e vendidos em feiras populares pendurados por cordões (ou “cordel”, no português europeu). Como antigamente os cordéis muitas vezes narravam as obras literárias clássicas de maneira resumida, esse tipo de literatura consolidou-se, por um tempo, como uma fórma mais acessível de literatura.

Nessas fórmas de narrar por meio da poesia, predominam versos em redondilha maior ou menor (sete e cinco sílabas poéticas, respectivamente), geralmente rimados e ritmados, que ajudam seus cantadores e improvisadores a memorizar o texto que será declamado. É como se a métrica dos versos e a rima fossem ferramentas para contar histórias usando o corpo e a poesia.

Fotografia. Fórminx, instrumento feito de madeira com 7 cordas.
fórminix, instrumento musical da Antiguidade grega.
Respostas e comentários

Sobre O gênero em foco

Esta subseção apresenta as características históricas e formais do cordel. Pode ser compreendida como a sistematização dos conceitos que foram abordados de maneira indutiva por meio das atividades da subseção Estudo do texto. Assim, procure fazer a leitura com os estudantes e registrar na lousa os conceitos que considerar relevantes.

Proponha aos estudantes uma pesquisa interdisciplinar com Arte sobre repente e outras manifestações nordestinas que se aproximam do universo do cordel.

Sobre literatura de cordel

Como gênero textual, o cordel insere-se entre a oralidade e a escrita e tem na variação linguística regional a representatividade social. É importante que os estudantes compreendam que os cordéis contam histórias escritas em versos de modo que possam ser recitadas.

O trabalho com a literatura de cordel pode se articular a diferentes temáticas transversais dada a sua imensa variabilidade temática, no entanto, como elemento particular da nossa cultura, favorece a exploração do tema transversal Multiculturalismo, com enfoque, sobretudo, na fórma plural de expressão artístico-literária brasileira, o que pode contribuir para o trabalho de valorização das matrizes culturais e histórias brasileiras.

Indicação de livro

Para trabalhar o cordel com os estudantes, recomendamos consultar o capítulo “O cordel na sala de aula”, de Marcela Cristina Evaristo, no livro:

brandão, Helena êne ponto (coordenação) Gêneros do discurso na escola. edição São Paulo: Cortez, 2011.

Se quiser se aprofundar sobre o estudo da literatura de cordel, leia:

ABREU, Márcia. Histórias de cordel e folhetos. Campinas, São Paulodois pontos Mercado de Letras, 2009.

Observação

A associação da xilogravura ao cordel remonta ao início do século vinte e tem relação com os poetas e editores dos folhetos de poemas populares, sobretudo nordestinos, que tinham dificuldade para arcar com os altos valores da autotipia para fotogravuras (pranchas em relevo, para a reprodução de imagens, ilustrações, desenhos etcétera). Esses artistas, então, usavam madeiras locais para a confecção das chapas, desenvolvendo localmente a técnica da xilogravura. Originalmente chinesa e milenar, no Ocidente essa técnica remonta à Idade Média, quando era usada para reproduzir iluminuras e baralhos, e somente séculos mais tarde ela começa a ser reconhecida como arte. Se considerar pertinente, comente esse histórico com os estudantes.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 1

Faça as atividades no caderno.

Adjetivos

  1. Quando vamos descrever uma situação ou uma pessoa, usamos várias palavras para apontar as características que ela possui. Você leu no início desta Unidade o cordel “A galinha inteligente”, uma narrativa que se desenvolve em torno da vontade da Galinha Pintada de semear os grãos de milho encontrados no quintal.
    1. Quais palavras do texto você destacaria para descrever Pintada?
    2. Como você descreveria os amigos de Pintada? Por quê?

Ao narrarmos uma história, normalmente apresentamos as características das personagens, pois é com base nelas que conseguimos traçar seus perfis. Além das personagens, também descrevemos os cenários em que as histórias se passam, entre outros elementos que são fundamentais para a compreensão de nosso texto. Você já sabe que essas palavras usadas para caracterizar são chamadas adjetivos. Os adjetivos estão ligados àquilo que caracterizam.

Esquema. Palavras em destaque: GALINHA em preto. INTELIGENTE em amarelo com uma seta ligando INTELIGENTE a GALINHA.

2. Localize no texto outros três exemplos de adjetivos e copie-os.

Versão adaptada acessível

2. Localize no texto outros três exemplos de adjetivos e registre-os.

O adjetivo pode referir-se a:

Esquema. Três blocos. Bloco 1: UMA QUALIDADE. De QUALIDADE sai uma seta para NOBRE AVE. A palavra NOBRE está destacada. Bloco 2: UM ESTADO. De ESTADO sai uma seta para PINTADA ORGULHOSA. A palavra ORGULHOSA está destacada. Bloco 3: UM ASPECTO OU APARÊNCIA. De ASPECTO sai uma seta para LINDA GALINHA. A palavra LINDA está destacada.

Observe que os termos nobre, orgulhosa e linda desempenham o papel de caracterizar, respectivamente, os substantivos ave, Pintada e galinha.

Ícone. Retomada de tópicos.

Classe de palavras

É o nome que damos a cada um dos agrupamentos gramaticais das palavras no português brasileiro, com a finalidade de organizar a função que desempenham na língua.

Você já estudou algumas classes de palavras, como os substantivos, os artigos, os adjetivos, os advérbios, as conjunções, as preposições, os pronomes, os verbos e os numerais.

3. Leia um trecho do cordel “Emigração e as consequências”:

E nos centros desconhecidos

Depressa vê corrompidos

Os seus filhos inocentes

Na populosa cidade


De tanta imoralidade

E costumes diferentes.

ASSARÉ, Patativa do. Emigração e as consequências. Ceará: Prefeitura Municipal de Assaré, 1989. página 12.

Respostas e comentários

Habilidades trabalhadas nesta seção

(ê éfe seis nove éle pê zero cinco) Inferir e justificar, em textos multissemióticos – tirinhas, charges, memes, gifs etcétera –, o efeito de humor, ironia e/ou crítica pelo uso ambíguo de palavras, expressões ou imagens ambíguas, de clichês, de recursos iconográficos, de pontuação etcétera

(ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os recursos paralinguísticos e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas, as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas adjetivas etcétera), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.

(ê éfe seis nove éle pê cinco cinco) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito linguístico.

(ê éfe seis sete éle pê três dois) Escrever palavras com correção ortográfica, obedecendo as convenções da língua escrita.

(ê éfe zero sete éle pê zero oito) Identificar, em textos lidos ou de produção própria, adjetivos que ampliam o sentido do substantivo sujeito ou complemento verbal.

Respostas

1. a) Linda, nobre, orgulhosa, feliz e inteligente.

A ideia é que os estudantes busquem adjetivos que são usados para caracterizar Pintada no texto.

b) Os amigos de Pintada são preguiçosos e orgulhosos, pois consideram o trabalho de semear os grãos de milho algo que não deve ser feito por eles, e sim por outras pessoas que os alimentam.

2. Linda galinha, nobre ave, elegante galo, amigos preguiçosos, Pintada (muito) orgulhosa e feliz, esforço galináceo, grandioso exemplo.

Faça as atividades no caderno.

  1. Você sabe o que é emigração? Discuta com os colegas o significado com base nas informações do texto. Caso seja necessário, procurem no dicionário.
  2. Segundo o trecho, qual é a principal consequência da emigração?
  3. Para marcar essa consequência, o autor faz uso de diversos adjetivos. Quais são eles?
  4. Como vimos, os adjetivos modificam ou caracterizam substantivos. Quais substantivos são modificados por adjetivos nesse trecho?

Os adjetivos concordam com o substantivo que estão modificando. Se temos um substantivo no singular, o adjetivo se manterá da mesma maneira, e o mesmo ocorrerá quanto temos um substantivo no plural. Observe:

Esquema. Em destaque as palavras POPULOSA CIDADE. Delas sai uma seta para o texto: adjetivo e substantivo estão no singular. Ao lado, em destaque as palavras COSTUMES DIFERENTES. Delas sai uma seta para o texto: substantivo e adjetivo estão no plural.

Além das flexões de número, singular e plural, o adjetivo concordará em gênero com o substantivo, flexionando em masculino ou feminino. Na língua portuguesa, o gênero dos adjetivos pode ser uniforme e biforme.

Os uniformes são aqueles que têm a mesma fórma no masculino e no feminino, ou seja, não sofrem flexão. O gênero será determinado pelo substantivo que o acompanha. Observe estes exemplos:

Esquema. Em destaque as palavras: COSTUMES DIFERENTES. Da palavra COSTUME sai uma seta para o texto: gênero masculino. Ao lado, em destaque as palavras: ROTINAS DIFERENTES. Da palavra ROTINAS sai uma seta para o texto: gênero feminino.

Observe que o adjetivo se manteve da mesma fórma ao nos referirmos a um substantivo masculino ou feminino.

Já os adjetivos biformes são aqueles que apresentam uma fórmapara o masculino e outra para o feminino. Observe os exemplos:

Esquema. Em destaque as palavras: CENTROS DESCONHECIDOS. Da palavra DESCONHECIDOS sai uma seta para o texto: gênero masculino. Ao lado, em destaque as palavras: CIDADES DESCONHECIDAS. Da palavra DESCONHECIDAS sai uma seta para o texto: gênero feminino.

O adjetivo desconhecidos modifica o substantivo masculino centros, bem como o adjetivo desconhecidas modifica o substantivo feminino cidades.

Concluímos então que os adjetivos, assim como os substantivos, são palavras variáveis.

Respostas e comentários

3. a) Resposta pessoal.

Respostas (continuação)

3. a) Espera-se que os estudantes busquem hipóteses sobre o significado da palavra, considerando sua composição. Uma das acepções propostas pelo dicionário Aulete digital é “partida de uma para outra região de um mesmo país” (AULETE, Francisco jota Caldas; VALENTE, Antonio Lopes dos Santos. Aulete digital. léquicicón. Disponível em: https://oeds.link/GAPsOl. Acesso em: 9 março 2022). Se julgar oportuno, trabalhe em parceria com o professor de Geografia para tratar desse processo.

b) De acordo com o trecho, as pessoas que emigram para cidades grandes logo são corrompidas pelas imoralidades e costumes diferentes.

c) Os adjetivos usados no poe­ma são: desconhecidos, corrompidos, inocentes, populosa, diferentes.

d) No trecho lido, desconhecidos modifica centros; corrompidos modifica filhos; inocentes modifica filhos; populosa modifica cidade; diferentes modifica costumes.

É interessante que os estudantes observem que os adjetivos podem estar localizados antes ou depois dos substantivos. Por ser um texto poético, a posição dos adjetivos também demonstra o estilo do autor e a fórma como ele constrói o poema.

Sobre posição do adjetivo em relação ao substantivo

A posição do adjetivo, em um texto poético, tem relação também com os recursos expressivos do ritmo e da rima. No poema “Emigração e as consequências”, da atividade 3, página 133, a rima é garantida pela posição do adjetivo populosa antes do substantivo cidade, que rima com imoralidade, assim como os adjetivos diferentes/inocentes, desconhecidos/corrompidos, que rimam entre si e estão no final dos versos.

Faça as atividades no caderno.

Palavras para caracterizar o sujeito: o adjetivo e o predicativo do sujeito

1. Agora, vamos entender como os adjetivos funcionam nas orações. Compare as orações:

Os amigos preguiçosos

gostaram do trocadilho reticências.

SILVA, Gonçalo Ferreira da. A galinha inteligente. Academia Brasileira de Literatura de Cordel, 2015. página 1-8.

Os amigos são preguiçosos.

Observe mais atentamente a palavra preguiçosos nas duas frases. Na primeira oração, a palavra preguiçosos faz parte do sujeito ou do predicado? E na segunda oração?

Como você observou, na primeira oração, a palavra preguiçosos funciona como um identificador para os amigos de Pintada, ou seja, o texto faz referência aos amigos preguiçosos, e não a algum outro amigo. Além disso, “Os amigos preguiçosos” são o sujeito da oração e “gostaram do trocadilho” é o predicado. Observe que o núcleo do sujeito é a palavra amigos, ou seja, é a parte essencial para que se compreenda o enunciado, enquanto preguiçosos caracteriza esse sujeito.

Já na outra oração, a palavra preguiçosos não está no sujeito, e sim no predicado. Ela está ligada ao sujeito (os amigos) por um verbo (são). Esses verbos que ligam o sujeito a uma característica ou estado são chamados verbos de ligação. Alguns exemplos de verbos de ligação são ser, estar, permanecer, ficar, parecer, continuar, virar, tornar-se.

2. Agora, leia a tirinha:

Tirinha. Em 5 cenas. Personagens: Uma andorinha, um cavalo e um galo. Cena 1. A andorinha está montada em um cavalinho de madeira, sobre uma mesa, e diz: UPA, CAVALINHO! Cena 2. Aparece um cavalo atrás dela, que diz: ISSO É UM CAVALO? A andorinha olha para ele, andando para a frente, e diz: É. Cena 3. O cavalo segura com uma pata uma máquina fotográfica e, com a outra, um boneco de passarinho, e diz: OLHA O PASSARINHO! A andorinha continua andando para a frente, próximo à beirada da mesa, olha para ele e diz: ISSO É PASSARINHO? Cena 4. O cavalo diz: CUIDADO! A andorinha aparece de pernas para o alto, caindo da mesa.  Cena 5. A andorinha está sentada no chão, com um calombo na cabeça; ela leva uma das asas à cabeça e diz: FIZ UM GALO. No canto esquerdo do quadrinho aparece um galo, que diz: ISSO É GALO?

LAERTE. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 dezembro 2015. Folhinha, página 4.

  1. Como é construído o humor na tirinha?
  2. Identifique as orações que têm a mesma estrutura e copie-as em seu caderno.
  3. Qual é a função sintática que a palavra isso ocupa nas orações em que ela aparece? Por quê?
Versão adaptada acessível
  1. Como é construído o humor na tirinha?
  2. Identifique as orações que têm a mesma estrutura e registre-as.
  3. Qual é a função sintática que a palavra "isso" ocupa nas orações em que ela aparece? Por quê?

As orações que você identificou no item b têm um verbo de ligação (é). Embora não sejam adjetivos, as palavras cavalo, passarinho e galo trazem uma característica ao sujeito isso nas orações que aparecem nos quadrinhos, como “Isso é um cavalo?”, “Isso é um passarinho?” e “Isso é galo?”.

Notamos, então, que essas orações são parecidas com as vistas anteriormente, como “os amigos são preguiçosos”, pois são compostas de um sujeito, um verbo de ligação e uma característica do sujeito. A essa característica damos o nome de predicativo do sujeito, uma vez que apresenta uma predicação (característica ou estado) do sujeito.

Respostas e comentários

Respostas

1. Na primeira oração, preguiçosos faz parte do sujeito; na segunda, faz parte do predicado.

2. a) O humor na tirinha é construído pelo uso metafórico das palavras cavalinho, passarinho e galo, uma vez que os animais as interpretam literalmente.

b) As orações que têm a mesma estrutura são “Isso é um cavalo?”, “Isso é passarinho?” e “Isso é galo?”.

c) A função da palavra isso é apontar para o que está sendo dito. A palavra isso ocupa a função de sujeito das orações, porque ela é o termo da oração sobre o qual o verbo fala.

Sobre predicativo do sujeito

Para melhor diferenciar o adjetivo que caracteriza o sujeito e está no sujeito, portanto seu adjunto adnominal, é necessário que os estudantes percebam que o predicativo do sujeito, que também caracteriza o sujeito, é sempre relacionado a ele por meio de um verbo de ligação. Por outro lado, o adjunto adnominal sempre vem acompanhando o núcleo do sujeito, sem intermediação de verbo. Outro aspecto importante é mostrar que o verbo de ligação pode apresentar vários sentidos ao seu predicativo: estado permanente, estado transitório, continuidade de estado, aparência de estado, mudança de estado. Desse modo, convém que os exemplos analisados contemplem esses vários sentidos: A galinha Pintada é ­sozinha/está sozinha/continua sozinha/parece sozinha/ficou sozinha.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Predicativo do sujeito e classes de palavras

Para que se tenha um predicativo do sujeito é necessário um adjetivo ou uma locução adjetiva, um pronome, um numeral ou um substantivo que atribua uma qualidade ao sujeito. Observe alguns exemplos:

A galinha parecia agitada.

A dona do sítio é ela.

Meus colegas de classe são vinte e dois.

A discussão foi um estopim.

Faça as atividades no caderno.

Predicado nominal

1. Releia a estrofe:

O Pato acrescentou mais:

— Normalmente eu sou pacato

trato todo mundo bem

não gosto de desacato

mas se vier com patada

você vai pagar o pato.

SILVA, Gonçalo Ferreira da. A galinha inteligente. Academia Brasileira de Literatura de Cordel, 2015. página 4.

  1. Com o objetivo de não ajudar, como o Pato se caracterizou? Essa caracterização pertence a qual classe de palavras?
  2. Qual frase o Pato usou para se caracterizar? Destaque o verbo da frase e identifique se ele expressa uma ação ou um estado.
  3. Na oração que você identificou no item b, qual é o predicado? O que ele expressa?

Ao buscar as respostas para a atividade anterior, você encontrou o verbo da oração, indicou o que ele expressa (ação ou estado) e, por fim, o predicado. Sempre que um predicado expressar característica ou estado do sujeito, ele será chamado predicado nominal.

O predicado nominal tem como núcleo um predicativo do sujeito, ou seja, uma fórma nominal (substantivos, adjetivos, locuções adjetivas) ou pronominal que apresenta um estado ou característica do sujeito. Nesse tipo de predicado, os verbos serão sempre de ligação.

2. Observe a tirinha:

Tirinha. Dois robôs idênticos estão frente a frente, olhando um para o outro. Um deles diz para o outro: VOCÊ É LINDA, SABIA?

dãmer, André. O Globo, Rio de Janeiro, 25 julho 2017. Segundo Caderno, página 4.

  1. Qual é o sujeito da oração?
  2. Qual é o tipo de verbo e a função dele?
  3. Encontre também o predicativo que caracteriza o sujeito da oração.
Respostas e comentários

1. a) O pato caracterizou-se como pacato. Esse termo é um adjetivo.

Respostas

1. b) A frase que o Pato usou para caracterizar-se foi “— Normalmente eu sou pacato”. Ela possui verbo de ligação (sou).

c) O predicado é sou pacato. Ele expressa uma característica do sujeito (eu).

2. a) Você é o sujeito da oração.

b) O verbo de ligação conecta o sujeito a um predicativo do sujeito (linda).

c) Linda é o predicado nominal.

Sobre predicado nominal

Para identificar e classificar o predicado como nominal, consideram-se, ao mesmo tempo, critérios sintáticos e semânticos: estrutura com verbo de ligação + predicativo do sujeito, que expressa característica ou estado do sujeito.

Orientações

A noção de sintaxe foi introduzida no volume 6, mas vale ser retomada neste momento, principalmente para tratar da distinção entre classificação morfológica e função sintática.

Sugestão

É importante trabalhar com verbos considerados de ligação em outros contextos em que são empregados como verbos plenos. Nesse caso, temos “O imigrante está longe de seu país/O imigrante está triste”; “Ricardo ficou na classe durante o recreio/Ricardo ficou sozinho”; “Ela permanece no pátio/Ela permanece aflita”, em que o primeiro verbo de cada par é pleno, constituindo predicado verbal, enquanto o segundo verbo é de ligação, constituindo predicado nominal. Esses pares de frases e outros exemplos podem ser apresentados aos estudantes para que discutam a diferença de sentido entre eles. Os verbos viver e andar também poderiam constituir exemplos a serem analisados pelos estudantes para fazê-los perceber a importância do aspecto semântico e do contexto para determinar seu significado e a classificação do predicado em que eles se encontram: “Ela vive em uma cidade do interior/Ela vive angustiada”; “Nós andamos pelo centro da cidade/Nós andamos preocupados com você”. No primeiro exemplo de cada par, temos um verbo pleno em predicado verbal, enquanto, no segundo, verbo de ligação em predicado nominal.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia a tirinha:

Tirinha. Em 3 cenas. Cena 1. Uma personagem com um pano amarrado na cabeça, com a boca voltada para baixo, diz: O ano passado não foi fácil. Cena 2. A mesma personagem olha para baixo e diz: Este ano foi difícil. Cena 3. A personagem olha para cima e diz: O ano que vem será impossível.

dãmer, André. Malvados. Folha de São Paulo, São Paulo, 20 dezembro 2017. Ilustrada, página C5.

  1. Como a personagem avalia cada ano? Quais pistas do texto nos revelam os sentimentos dela?
  2. Que expressões ela utiliza para marcar sua insatisfação?
  3. As palavras escolhidas pelo autor em cada quadro marcam progressão. Explique a importância da escolha dessas palavras para obter o sentido desejado nessa tirinha.
  4. Qual é a função dos predicados nas orações da tirinha?
  5. Transcreva os predicados de cada quadro da tirinha. Como eles são classificados? Justifique.

2. Leia o cordel:

Maria Firmina dos Reis

De mulata foi chamada

Mas renego esse termo

Pra gente miscigenada

Reconheço-a como negra

Sendo assim bem nomeada.


Foi nascida em São Luís

No estado Maranhão

Dia onze de outubro

No país, a escravidão

mil oitocentos e vinte e dois

No Nordeste da nação.


Apesar do seu registro

De bastarda carimbada

Sofreu muito preconceito

Por não ser endinheirada

E foi na dificuldade

Que se fez iluminada.


Para ter vida melhor

Com a tia foi morar

Sempre muito esforçada

Conseguiu se educar

Pois sabia da importância

Que existe em estudar.


Tinha assim vinte e cinco anos

Quando foi ela aprovada

Para vaga numa escola

Onde muito dedicada

Excelente professora

Foi por todos registrada.

ARRAES, Jarid. Heroínas negras brasileiras: em 15 cordéis. São Paulo: Seguinte, 2020. página 107-108.

  1. Quais características do gênero cordel são encontradas no trecho apresentado?
  2. Para descrever Maria Firmina dos Reis, Jarid Arraes utiliza diversos adjetivos. Quais você destacaria como principais para caracterizar essa autora? Destaque características físicas e psicológicas.
  3. Você já tinha ouvido falar de Maria Firmina dos Reis? Em seu ponto de vista, por que ela não é tão reconhecida em nosso país? Compare suas ideias com as de seus colegas.
Respostas e comentários

2. b) Resposta pessoal.

2. c) Resposta pessoal.

Sugestão

Outras atividades podem ser sugeridas para o reconhecimento da estrutura do predicado nominal e de sua função em um texto. Letras de canção, com versos apresentando predicados nominais, são ótimos exemplos para serem analisados. Como sugestão, pode-se usar a canção “Cariocas”, de Adriana Calcanhotto, em que ela descreve poeticamente os cariocas.

Respostas

1. a) A personagem se sente insatisfeita com a passagem dos anos, pois eles não melhoram. Isso se revela na fala e no semblante (expressão facial) da personagem.

b) A insatisfação da personagem se dá pelo uso dos adjetivos em uma gradação crescente, de nada fácil, para difícil e, por fim, chegando a impossível.

c) A importância da escolha dessas palavras se dá pelo fato de a personagem começar narrando o passado e, depois, o presente e o futuro, indicando uma progressão na insatisfação conforme a passagem do tempo.

d) Os predicados indicam a fórma como a personagem se sente insatisfeita com o passar dos anos.

e) Os predicados de cada quadrinho são: “reticências não foi nada fácil.”, “reticências foi difícil.”, “reticências será impossível.”. Os predicados que aparecem no texto são nominais, porque possuem verbo de ligação e o núcleo é um predicativo do sujeito.

2. a) Algumas características do cordel encontradas no texto são: linguagem informal marcada pelo uso da variante popular da língua, descrição de uma personagem central, musicalidade, recursos expressivos poéticos, escrita em versos etcétera

Ajude os estudantes a identificarem a fonte do texto e explique a função que ela possui.

b) Espera-se que os estudantes notem a importância de adjetivos como negra, miscigenada, esforçada, dedicada, para caracterizar a autora.

c) Espera-se que os estudantes reflitam sobre a condição do negro no século dezenove e, em especial, da mulher negra.

Ajude os estudantes a compreenderem o momento histórico em que Maria Firmina dos Reis viveu. Mostre a eles a importância do reconhecimento, mesmo que tardio, do trabalho da autora.

Promova uma conversa, valorizando a diversidade de indivíduos, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, destituído de preconceitos de qualquer natureza.

Saiba +

Jarid Arraes e Maria Firmina dos Reis

Jarid Arraes nasceu em Juazeiro do Norte (Ceará) em 12 de fevereiro de 1991. É escritora e cordelista. Desde criança, sempre teve contato com literatura e manifestações da cultura tradicional nordestina. Em suas produções, costuma trabalhar com temáticas pouco exploradas, como personalidades femininas negras.

Maria Firmina dos Reis, tema do cordel de Jarid Arraes, nasceu em 1825 na Ilha de São Luís, no Maranhão. Em 1830, mudou-se para São José de Guimarães (Maranhão), onde começou seus estudos de fórma autodidata. Quando tinha 22 anos, tornou-se a primeira professora concursada do estado do Maranhão. Enquanto trabalhava, escreveu seu primeiro romance, Úrsula, que foi publicado em 1859. Atualmente, esse livro é reconhecido como o primeiro romance abolicionista e também como o primeiro romance escrito por uma mulher negra no Brasil.

Fotografia. Destaque para o rosto de Jarid Arraes, mulher negra com cabelos crespos, usando óculos, colar e blusa preta. Ela está com a mão direita encostada no queixo.
jarríd Arraes, em 2017.

Faça as atividades no caderno.

3. Releia este trecho:

Tinha assim vinte e cinco anos

Quando foi ela aprovada

Para vaga em uma escola

ARRAES, Jarid. Heroínas negras brasileiras: em 15 cordéis. São Paulo: Pólen, 2017. página 107.

  1. Quantas orações há nesse trecho? Reescreva-as em seu caderno.
  2. Qual é o núcleo do predicado da primeira oração?

4. Leia a tirinha:

Tirinha. Em duas cenas. Personagens: Bidu, um cachorro médio com orelhas para cima. Duque, um cachorro pequeno, com orelhas caídas e um topete preto. Um cachorrão enorme e peludo, com orelhas caídas. Cena 1. Bidu e Duque estão frente a frente. Bidu diz ao outro:  O QUE FOI QUE EU DISSE, DUQUE? AQUELE CACHORRÃO DA OUTRA RUA É GRANDE, MAS É MEDROSO. Duque olha para Bidu com uma expressão de surpresa. Cena 2. Bidu e Duque estão no dorso do cachorrão, que olha para eles com a boca voltada para baixo e uma expressão zangada. Bidu, olhando para a direita, diz: FAZ MEIA HORA QUE ESTOU ESPERANDO ELE E NADA! Duque está ressabiado e olha de lado na direção da cabeça do cachorrão.

SOUSA, Mauricio de. Bidu: diversão em dobro! Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2011. página 82.

  1. O que produz o humor nessa tirinha?
  2. Com a intenção de caracterizar o cachorrão, Bidu utiliza duas orações. Quais são?
  3. Como os predicados dessas orações são classificados?
  4. Essas orações são ligadas por uma conjunção. Em seu caderno, escreva-a e indique que tipo de relação ela estabelece entre essas orações.
Respostas e comentários

3. a) Há duas orações: “Tinha assim vinte e cinco anos” e “Quando foi ela aprovada para vaga em uma escola”.

3. b) O núcleo do predicado é “Tinha”.

Respostas (continuação)

4. a) O humor na tirinha é produzido pela falta de atenção de Bidu. Ele acredita que está no chão, mas, na realidade, está em cima do cachorrão.

b) As orações utilizadas por Bidu são “Aquele cachorrão da outra rua é grande” e “mas é medroso".

c) Os predicados são nominais. Na primeira oração, o núcleo é grande e, na segunda, é medroso.

d) A conjunção usada no texto é mas, e a função dela é coordenar orações com sentidos opostos. No caso, o cachorro ser grande e ser medroso.

Sobre conjunção

A conjunção é uma palavra invariável usada para conectar orações. Ela estabelece dois tipos de relação entre as orações: de coordenação ou de subordinação.

Sobre Saiba+

É fundamental ressaltar a importância da literatura de cordel como uma manifestação da Diversidade cultural brasileira, tema transversal que integra o Multiculturalismo.

Leitura 2

Faça as atividades no caderno.

Contexto

Você lerá um poema narrativo do autor brasileiro Paulo Leminski. Dessa vez, trata-se de uma história que tem a lua e uma estrela como personagens.

Paulo Leminski

AUTORIA

Crítico literário, tradutor, professor, letrista, músico e poeta, Paulo Leminski Filho (1944-1989) foi muito influenciado por seus colegas escritores, os irmãos Haroldo e Augusto de Campos, e criou uma extensa e expressiva obra poética. Estreou como poeta em 1964, publicando cinco poemas na revista Invenção, organizada pelo poeta concretista Décio pinhatari (1927-2012). Casou-se e viveu por 20 anos com a poeta Alice Ruiz, com quem morou por algum tempo em uma comunidade hippie. Na área da música, fez parceria com o grupo A Cor do Som, com o cantor e compositor Caetano Veloso e com a banda Beijo á á Força.

Antes de ler

Levante algumas hipóteses sobre o texto que lerá.

  • Só de ler o título, o que você espera encontrar neste texto?
  • Quais personagens encontraremos neste poema narrativo? Levante hipóteses com base na imagem e compartilhe com seus colegas.
  • Como você imagina que o poeta organizou as ações da narrativa? Será que houve algum conflito entre a lua e a estrela assim como houve entre a Galinha Pintada e o Pato, o Peru e o Galo?

A lua no cinema

A lua foi ao cinema,

passava um filme engraçado,

a história de uma estrela

que não tinha namorado.


Não tinha porque era apenas

uma estrela bem pequena,

dessas que, quando apagam,

ninguém vai dizer, que pena!


Era uma estrela sozinha,

ninguém olhava pra ela,

e toda luz que ela tinha

cabia numa janela.


A lua ficou tão triste

com aquela história de amor,

que até hoje a lua insiste:

— Amanheça, por favor!

lemínsqui, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. página 199.

Respostas e comentários

Sobre Contexto

Retome com os estudantes oralmente as narrativas em prosa que eles conhecem e sua organização. De­pois, compare elementos narrativos em formato de poema. Assim, os estudantes poderão reconhecer os pontos de semelhança entre textos e poemas narrativos.

Sobre Antes de ler

Proponha a construção coletiva das hipó­teses sobre o texto. Essa estratégia tem como objetivo estimular a estruturação narrativa, para que possam percebê-la presente no poema. Destaque o papel das personagens protagonistas – a lua e a estrela – a fim de criarem hipóteses para o conflito entre elas e prever um clímax.

Habilidades trabalhadas nesta seção e suas subseções (Estudo do texto e O gênero em foco)

(ê éfe seis nove éle pê quatro quatro) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos fórmas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.

(ê éfe seis nove éle pê quatro sete) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes fórmas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.

(ê éfe seis nove éle pê quatro oito) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso de recursos expressivos sonoros (estrofação, rimas, aliterações etcétera), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráfico-espacial (distribuição da mancha gráfica no papel), imagens e sua relação com o texto verbal.

(ê éfe seis sete éle pê dois sete) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema, teatro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas, personagens e recursos literários e semióticos.

(ê éfe seis sete éle pê dois oito) Ler, de fórma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infantojuvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de fórma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Responda:
    1. Antes de ler o poema “A lua no cinema”, o que você imaginou que ocorreria na história com base em seu título? Suas hipóteses de leitura se concretizaram?
    2. Quais seriam as características das personagens, a lua e a estrela? Foi assim que você as imaginou antes da leitura?
    3. Em relação ao modo como as personagens se sentem: você já se sentiu como a lua ao assistir a um filme? Compartilhe com seus colegas.
  2. Assim como os cordéis “O boi zebu e as formiga” e “A galinha inteligente”, o poema “A lua no cinema” também se organiza por versos de sete sílabas poéticas. Exemplifique.
  3. Podemos organizar a estrutura de uma narrativa em quatro momentos: a situação inicial, o conflito, o clímax e o desfecho.
    1. Como esses elementos se organizam no poema “A lua no cinema”?
    2. Leia o último verso e analise se esse é um apelo esperado ou inusitado da lua. Explique sua resposta.
  4. Considerando a história da lua e das estrelas, responda:
    1. Por que será que a estrela não tinha namorado?
    2. Para o que o eu lírico quer chamar a atenção quando diz “quando apagam, ninguém vai dizer, que pena!”?

5. Leia agora outro poema narrativo:

O ilusionista

Era um grande ilusionista


engolia três rosas pequeninas

e em seguida tirava da boca 

um quilômetro de serpentinas


uma noite

chegou ao meio do circo

e disse: respeitável público

de meninas e meninos

hoje quero fazer-vos uma surpresa

Atenção!


mastigou as tais três rosas pequeninas

muito bem mastigadas

abriu a boca e em vez de serpentinas

saíram três pombas encarnadasglossário


uma foi para o Brasil

a outra voou para a China

a terceira mais pequena

não saiu de Portugal


e o ilusionista?


deitou a língua de fóra

e foi-se embora


mais nada?


o respeitável público

de meninas e meninos

deu uma grande gargalhada


fim desta história encantada

FORTE, António José. O ilusionista. In: VARANDA, Maria de Lourdes; SANTOS, Maria Manuela (seleção). Poetas portugueses de hoje e de ontem: do século treze ao vinte e um – para os mais novos. São Paulo: Martins Fontes, 2011. página 33.

  1. Em relação à ação, o que ocorre na história narrada nesse poema?
  2. Quem são as personagens?
  3. Qual é o espaço em que a história se passa?
  4. Quais são os marcadores de tempo?
  1. Como podemos interpretar a expressão “deitou a língua de fóra / e foi-se embora”?
  2. Imagine que você foi convidado para escrever uma sinopse do poema “O ilusionista”. Em seu caderno, escreva esse texto preservando o máximo possível os elementos mais importantes da narrativa.
Respostas e comentários

1. a) Resposta pessoal.

1. b) Resposta pessoal.

2. As respostas devem demonstrar a escansão em sete sílabas poéticas dos versos que cada estudante escolher.

7. Resposta pessoal. Apresente aos estudantes alguns elementos do gênero sinopse, ressaltando a importância de haver no texto um resumo narrativo com as informações mais importantes, sem contar todos os acontecimentos, pois o objetivo é despertar no leitor o interesse de ler a narrativa.

Respostas

1. a) Pode ser que os estudantes tenham imaginado que a história se passaria no espaço sideral. Chame a atenção para o fato de que, em uma narrativa poética, as personagens podem assumir uma configuração fictícia distante do lugar que ocupariam no sentido real e os estimule a fazer esse exercício da fantasia na produção final da Unidade.

b) O título “A lua no cinema” pode ter dado margem a várias leituras. Organize as hipóteses deles em esquemas por características de cada uma das personagens.

c) A lua se sente triste com a história da estrela. Solicite aos estudantes que compartilhem momentos em que as artes cinematográficas ou outras manifestações artísticas provocaram neles diferentes sentimentos, inclusive de empatia e piedade, como podemos inferir com o que foi dito no poema narrativo e das ações da personagem.

3. a) Como situação inicial, temos o fato de que a lua vai ao cinema. O conflito é o momento em que ela assiste a um filme que, apesar de ser anunciado como engraçado, é triste, por mostrar a situação da estrela solteira e com pouco brilho. O desfecho está nos versos “A lua ficou tão triste / com aquela história de amor”. E o clímax está na indicação dos efeitos permanentes do episódio: “que até hoje a lua insiste: / – Amanheça, por favor!”.

b) A lua pede que logo amanheça, porque se compadece da situação da estrela solitária que viu no cinema. Ao trabalhar a figura de personificação (prosopopeia) temos um uso poético também para as ações (inclusive inusitadas) de personagens.

4. a) Segundo o poema narrativo, “não tinha, porque era apenas uma estrela bem pequena” e “era uma estrela sozinha, ninguém olhava para ela”. A partir da identificação dos versos, converse com a turma a respeito dos sentimentos e dos sentidos que podemos inferir das personagens do texto.

b) O eu lírico se reporta a estrelas pequenas, aparentemente insignificantes, porque não brilham como outras e pelas quais ninguém lamenta quando se apagam. Aproveite a oportunidade para analisar como essa poeticidade dos versos parte de situações científicas e naturais do apagar de estrelas.

5. a) Nesse poema, a ação gira em torno de um mágico, um ilusionista, que fazia sempre o mesmo número: transformar rosas em serpentinas. Uma noite, porém, seu truque deu errado e as rosas se transformaram em pombas vermelhas. E o ilusionista, envergonhado, foi embora.

b) O ilusionista e o público, composto de meninos e meninas. Podemos dizer que as pombas que fogem também podem ser consideradas personagens.

c) A única referência de cenário que encontramos na história é o circo onde o ilusionista se apresenta e os países para onde voam as pombas: Brasil, China e Portugal.

d) A história parece se passar em uma noite.

6. Provavelmente, essa é uma referência ao corpo do ilusionista que, estando envergonhado com o fracasso de seu truque, saiu correndo, o que o deixou de língua de fóra.

O gênero em foco

Poema narrativo

Além dos cordéis, encontramos outros poemas que contam histórias.

Observe o poema “O Mocho e a Gatinha”, de éduard lir:

O Mocho e a Gatinha

O Mochoglossário e a Gatinha foram pro mar

Num lindo bote verde-ervilha,

Eles tinham mel e grana a granel

E uma nota de um milha.


O Mocho olhou pro céu

E cantou na viola de lata,

“Que linda gata! Que linda gata,

Que linda gata Deus me deu,

Me deu

Me deu,

Que linda gata Deus me deu!”

E de braço dado, na praia do lado,

Saíram a dançar sob a luz do luar,

Luar,

Luar,

Saíram a dançar sob a luz do luar.

lir éduard. O Mocho e a Gatinha (“The owl and the pussy-cat”). Tradução: Augusto de Campos. Música: Cid Campos. In: Adriana Partimpim – o show. [sem local]: Sony & Beemegê, 2005. dêvedê.

Nesse poema, a narratividade se dá de modo fragmentado. Embora não seja possível identificar uma situação inicial, o conflito, o clímax e o desfecho, estamos diante de uma cena em que as personagens vivem um romance na praia.

O poema narrativo conta uma história em verso. Ele contém todos os elementos do gênero narrativo (narrador, personagens, enredo, conflito e resolução) ao retratar, em versos, fatos ficcionais.

Respostas e comentários

Sobre O gênero em foco

Antes de iniciar a abordagem proposta para a subseção O gênero em foco, sistematize com os estudantes o que eles apreenderam nas atividades de estudo dos textos sobre os poemas narrativos. Ressalte que o cordel e o poema narrativo são similares no que se refere aos elementos da narrativa que os constituem, mas têm situações de produção e de circulação que os identificam, cada qual, como um gênero específico.

Sobre poema narrativo

Mostre aos estudantes como a extensão dos poemas não é uma premissa para que sejam considerados narrativos ou não. Sintetize as características do gênero na lousa e procure reforçar que, por definição, poemas narrativos apresentam ações e personagens situadas em um tempo e espaço por meio de linguagem poética. Retome com os estudantes também o caráter polissêmico das imagens, o que possibilita diversas leituras.

Sugestão

Você pode ampliar a identificação de imagens poéticas por meio de uma proposta de atividade interdisciplinar com Arte: pela apreciação da poética de imagens, os estudantes são convidados a escrever pequenos poemas.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 2

Faça as atividades no caderno.

Figuras de linguagem (2)

1. Releia a primeira estrofe do poema “A lua no cinema”:

A lua foi ao cinema,

passava um filme engraçado,

a história de uma estrela

que não tinha namorado.

lemínsqui, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. página 199.

Você acha natural a lua ir ao cinema? Por quê?

Sentido literal e figurado

Sabemos que é possível contar uma história de diferentes fórmas. Para isso, a língua oferece várias possibilidades de expressão para transmitirmos ao nosso interlocutor sensações e sentimentos diversos. Entre essas possibilidades, estão as figuras de linguagem. Você já conhece três: a metáfora, a hipérbole e o eufemismo.

No poema “A lua no cinema”, fala-se de uma estrela que não tinha namorado. A graça do poema está na brincadeira que o autor faz com os dois sentidos da palavra estrela: o seu sentido literal (corpo celeste com luz própria) e o seu sentido figurado (atriz principal de um filme).

Personificação

2. Leia o texto:

A raposa e as uvas

Chegando uma Raposa a uma parreira, viu-a carregada de uvas maduras e formosas e cobiçou-as. Começou a fazer tentativas para subir; porém, como as uvas estavam altas e a subida era íngreme, por muito que tentasse não as conseguiu alcançar. Então disse:

— Estas uvas estão muito azedas, e podem manchar-me os dentes; não quero colhê-las verdes, pois não gosto delas assim.

E, dito isto, foi-se embora.

Respostas e comentários

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes consigam identificar que ir ao cinema não é uma atividade comum à lua, e sim aos seres humanos.

Habilidades trabalhadas nesta seção e sua subseção (Questões da língua)

(ê éfe seis nove éle pê cinco quatro) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os recursos paralinguísticos e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas, as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas adjetivas etcétera), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.

(ê éfe seis nove éle pê cinco cinco) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito linguístico.

(ê éfe seis sete éle pê três dois) Escrever palavras com correção ortográfica, obedecendo as convenções da língua escrita.

(ê éfe seis sete éle pê três três) Pontuar textos adequadamente.

(ê éfe zero sete éle pê zero três) Formar, com base em palavras primitivas, palavras derivadas com os prefixos e sufixos mais produtivos no português.

(ê éfe seis sete éle pê três quatro) Formar antônimos com acréscimo de prefixos que expressam noção de negação.

(ê éfe seis sete éle pê três cinco) Distinguir palavras derivadas por acréscimo de afixos e palavras compostas.

(ê éfe zero sete éle pê zero oito) Identificar, em textos lidos ou de produção própria, adjetivos que ampliam o sentido do substantivo sujeito ou complemento verbal.

(ê éfe seis sete éle pê três oito) Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem, como comparação, metáfora, metonímia, personificação, hipérbole, dentre outras.

Sobre figuras de linguagem (2)

Se achar necessário, retome as orientações dadas na Unidade 3 deste volume, em que tem início o estudo das figuras de linguagem. Nesta Unidade, é introduzida a figura da personificação, recurso largamente empregado em fábulas e anúncios publicitários e de propaganda, além de poemas de modo geral. Antes da leitura do trecho do poema, pode ser interessante fazer um levantamento prévio dos conhecimentos que os estudantes têm a respeito de fábulas, pedir que recontem algumas que conhecem e, em seguida, analisar com eles os recursos expressivos que o fabulista utilizou para chegar à moral da história. Esse trabalho de análise deve ser encaminhado de modo que percebam que a figura dos animais é simbólica e representativa de tipos humanos e suas características.

Moral da história

Homem avisado, coisas que não pode alcançar, deve mostrar que não as deseja; quem encobre as suas faltas e desgostos não dá gosto a quem lhe quer mal nem desgosto a quem lhe quer bem.

ESOPO. Fábulas de Esopo. Tradução e adaptação: Carlos Pinheiro. segunda edição São Paulo: Publifolhinha, 2013. página 117-118.

As ações realizadas pela raposa condizem com o que se espera dos animais? Por quê?

No poema “A lua no cinema” e na fábula sobre a raposa e as uvas, temos personagens que realizam atividades tipicamente atribuídas aos seres humanos. Tanto a lua quanto a raposa possuem sentimentos, observam e vivenciam o mundo assim como uma pessoa. Chamamos esse tipo de recurso de personificação, ou seja, quando atribuímos a um ser inanimado ou irracional sentimentos ou ações próprias dos seres humanos.

Essa mesma figura de linguagem vimos nos poemas “A galinha inteligente” e “O boi Zebu e as formiga”, nos quais todas as personagens são animais que possuem características humanas.

Ironia

Você já sabe que nem todo texto usa apenas o sentido literal das palavras. O mais curioso é que, dependendo da intenção de quem escreve, uma palavra pode expressar exatamente o contrário do seu sentido literal, que produz uma figura de linguagem chamada ironia.

A ironia está presente em diversos textos do cotidiano, principalmente nos humorísticos. Leia a tirinha e observe como esses usos contrários e humorísticos da figura de linguagem ironia são construídos na tirinha do Armandinho.

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Armandinho, um menino com cabelos azuis, usando blusa branca e short azul, com um mochila vermelha nas costas e uma folha de papel na mão. Pai do Armandinho, destaque para as pernas de um homem usando calça e sapatos. Cena 1. Fora da cena, atrás de Armandinho, o pai dele diz: COMO FOI A NOTA DA PROVA, FILHO? Olhando para a folha de papel, Armandinho faz o som: GLUP! Cena 2. Armandinho, escondendo a folha atrás do corpo, olha para o pai, que está diante dele, e diz: FOI UMA NOTA ÍMPAR! O pai lhe diz: POSSO VER? Cena 3. Segurando a folha, o pai diz: 'NOTA ÍMPAR'. ARMANDO?.. Cabisbaixo, Armandinho diz: ÍMPAR VIRGULA DOIS...

béc, Alexandre. Armandinho. 3 abril 2017. Disponível em: https://oeds.link/Ty2JEB. Acesso em: 27 fevereiro 2022.

Respostas e comentários

2. Não. Espera-se que animais não falem nem tenham atitudes humanas.

Sobre ironia

É importante ressaltar que, para produzir a ironia, é intencional o uso de uma expressão por outra, para expressar justamente o sentido contrário do que explicitamente foi dito. Geralmente, a ironia revela uma intenção crítica, depreciativa, como vemos em muitas charges, por exemplo. Também pode produzir os efeitos de sentido de humor sutil ou zombaria. É uma figura que, para se realizar plenamente, depende de um contexto mais amplo, às vezes até mesmo extralinguístico: na linguagem oral, por exemplo, a expressão fisionômica e a entonação do falante são determinantes para a expressão da ironia.

Na tirinha, o pai de Armandinho parece interpretar o sentido da palavra ímpar como algo único, singular, excepcional, um grande feito de Armandinho, quando, de fato, a realidade era o oposto do que imaginava.

Analise com os estudantes os efeitos de sentido dessa palavra no contexto da tirinha. Instigue a turma a pensar se, de fato, Armandinho ingenuamente utilizou uma palavra de duplo sentido (ímpar – excepcional/ímpar– número não divisível por dois). Peça a eles que defendam os seus pontos de vista.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Leia o poema e responda às questões:

As borboletas

Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam

Na luz

As belas

Borboletas.


Borboletas brancas

São alegres e francas.


Borboletas azuis

Gostam muito de luz.


As amarelinhas

São tão bonitinhas!


E as pretas, então...

Oh, que escuridão!

MORAES, Vinicius de. As borboletas In: MORAES, Vinicius de. A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2004. página58-59.

  1. Os primeiros versos do poema são formados por adjetivos. Que substantivo esses adjetivos caracterizam?
  2. Nesse poema, há uma passagem em que há uma personificação. Qual é a passagem?
  3. Há uma oração com predicado nominal no texto. Escreva-a em seu caderno e identifique o predicativo do sujeito.

2. Leia a tirinha:

Tirinha. Uma cena. Personagens: Uma mulher com cabelos pretos e curtos, usando blusa preta e calça jeans; ela está de perfil, com os braços cruzados e próxima a uma porta aberta. Um jovem com cabelos loiros e curtos, de camiseta branca e calça escura; ele está com as mãos nos bolsos e os olhos semicerrados. Ele está dentro de um cômodo, voltado para a porta, e atrás dele há uma montanha de objetos, como livros, peças de roupa, caixa de pizza, bola de basquete, pacotes de salgadinho, papéis, CDs, mochila, óculos escuros e lixo. A mulher diz para o jovem: O PESSOAL DO ATERRO SANITÁRIO LIGOU. QUEREM A REPUTAÇÃO DELES DE VOLTA.

. Zits. O Globo, Rio de Janeiro, 3 novembro 2017. Segundo Caderno, página 4.

  1. Ao analisarmos imagens, expressões das personagens e balão de fala, qual sentido podemos dar à tirinha?
  2. O que faz da tirinha um texto irônico?
  3. No cotidiano você costuma ser irônico? Dê um exemplo.
Respostas e comentários

1. a) Borboletas.

Respostas

1. b) “Borboletas brancas/São alegres e francas”. As palavras alegres e francas indicam características associadas a seres humanos, e não a animais.

c) “As amarelinhas/São tão bonitinhas!”. Predicativo do sujeito = tão bonitinhas.

2. a) Os lixões estão vazios porque todo o lixo está no quarto da personagem. Isso fez com que a reputação dos lixões caísse e eles reclamassem o seu resgate.

b) O fato de a personagem fazer o comentário como se fosse normal um quarto ter tanto lixo, ao mesmo tempo que essa “normalidade” revela uma crítica.

c) Costumamos ser irônicos em momentos que estamos fazendo uma crítica ou queremos tratar alguma situação com menos seriedade.

Oriente os estudantes a pensar nesses momentos, identificando situações em que a ironia é usada para fazer uma crítica, por exemplo. É interessante que os estudantes reflitam sobre essa situação no dia a dia deles.

Sugestão

Outros textos que contêm ironia podem ser apresentados e analisados pelos estudantes. Tirinhas do Garfield, do Calvin e do Níquel Náusea são alguns exemplos a serem utilizados. A charge, gênero satírico por excelência, é outro bom material para se analisar a ironia crítica aos fatos da atualidade.

Faça as atividades no caderno.

Formação de palavras

Leia a tirinha, criada por Alexandre béc com base em um trecho do poema “O apanhador de desperdícios”, de Manoel de Barros, por ocasião da morte desse poeta.

Tirinha. Em 5 cenas. Personagem: Armandinho, um menino com cabelos azuis, usando blusa branca e short azul. Cena 1. Armandinho, de pé, segura um livro e olha para uma nuvem com formato de pássaro. Na parte superior do quadrinho há o texto: DOU RESPEITO ÀS COISAS DESIMPORTANTES... Cena 2. Armandinho, sentado, com um livro aberto nas mãos, olha para um sapo verde. Na parte superior do quadrinho há o texto: ...E AOS SERES DESIMPORTANTES. Cena 3. Armandinho, de pé, olha para borboletas coloridas voando. A seu lado está o sapo. Na parte superior do quadrinho há o texto: PREZO INSETOS MAIS QUE AVIÕES. Cena 4. Armandinho, deitado de bruços no chão, com o sapo sobre a cabeça, olha para uma tartaruga.  Na parte superior do quadrinho há o texto: PREZO A VELOCIDADE DAS TARTARUGAS MAIS QUE A DOS MÍSSEIS. Cena 5. Armandinho e o sapo saltam e, acima deles, pássaros voam. Na parte superior do quadrinho há o texto: TENHO EM MIM UM ATRASO DE NASCENÇA. EU FUI APARELHADO PARA GOSTAR DE PASSARINHOS. 
Na parte inferior do quadrinho há o texto: Manoel de Barros. 1916 - para sempre.

béc, Alexandre. Armandinho sete. Florianópolis: á cê béc, 2015. página 8.

  1. Escreva no seu caderno o significado da palavra desimportantes.
  2. Como você poderia explicar a formação da palavra desimportantes?
  3. Considere a palavra nascença. Como você explicaria a formação dessa palavra?
  4. Compare a formação dessas palavras e converse com a turma sobre as semelhanças e as diferenças.

Derivação

Você estudou que o processo de formação de palavras por composição é a junção de dois ou mais radicais. Observe agora outro tipo de formação de palavras, unindo ao radical outros morfemas: os afixos, as desinências, a vogal temática e as vogais e consoantes de ligação.

Quando uma palavra dá origem a outra derivada dela, por meio da adição de morfemas ao radical, ocorre o processo de formação de palavra por derivação.

Em nossa língua, existem vários tipos de derivação.

Na derivação prefixal, adiciona-se um prefixo a um radical.

Respostas e comentários

Respostas

a) Desimportante: adjetivo de dois gêneros. De pouca ou nenhuma importância; insignificante (AULETE, Francisco jota Caldas; VALENTE, Antonio Lopes dos Santos. Aulete digital. léquicicón. Disponível em: https://oeds.link/D1HDBI. Acesso em: 17 julho 2022).

Se possível, consulte com os estudantes dicionários on-line ou providencie dicionários para serem usados em sala de aula.

b) Auxilie os estudantes a perceberem que a palavra desimportante é formada pelo prefixo que exprime negação des-, o radical import-, o sufixo -ante e a desinência indicativa de número (plural) . Registre cada uma das partes na lousa para ajudar na discussão.

c) Auxilie os estudantes a perceberem que a palavra nascença é formada pelo radical e o sufixo -ença. Registre cada uma das partes na lousa para ajudar na discussão.

d) Mostre que a palavra desimportantes recebe tanto um prefixo quanto um sufixo, enquanto a palavra nascença recebe apenas um sufixo. A primeira é formada por um processo de derivação prefixal e sufixal, acrescida da flexão de número (plural); a segunda, de uma derivação sufixal. Prefixos e sufixos já foram vistos na primeira parte desta Unidade; agora será tratado o processo de derivação.

Sobre derivação

Além das derivações apresentadas, há também outro processo denominado derivação regressiva, no qual são eliminados morfemas (prefixos, sufixos ou desinências) da palavra. É o caso de alguns substantivos derivados de verbos. Por exemplo: lutare luta. Observe que, para formar o substantivo derivado do verbo, a desinência de infinitivo foi retirada. Há, ainda, a derivação imprópria, em que uma palavra de determinada classe gramatical assume outra função. Por exemplo, “O olhar da menina cativou a todos”, em que um verbo, precedido por um artigo definido, assume a função de substantivo. Se julgar oportuno, apresente esses dois tipos de derivação e complemente com outros exemplos.

Sobre morfema

É a menor parte da palavra que tem sentido. Existem vários tipos de morfema. O radical é o morfema responsável pelo sentido básico da palavra.

Os prefixos são morfemas que se agregam ao início do radical e mudam seu sentido.

Observe este anúncio de uma campanha de conscientização de regras para os ciclistas:

Cartaz. Na parte superior há o texto: RESPEITE A REGRA MAIS FÁCIL DE SEGUIR COM A SUA BICICLETA: 
Na parte inferior, dentro de um círculo vermelho, há a ilustração da silhueta de uma pessoa pedalando uma bicicleta e o texto: NA CONTRAMÃO NÃO!
O fundo do cartaz é composto da fotografia de uma pessoa de costas andando de bicicleta em uma rua com muitas árvores. A fotografia tem as cores vermelho e preto.
Anúncio de propaganda de uma das campanhas de conscientização de regras para os ciclistas, promovida pelo movimento Respeite um carro a menos, iniciada em 2012.

O foco do anúncio está na regra de que o ciclista não deve andar na contramão do trânsito para não causar acidentes. Observe a formação, por derivação prefixal, da palavra contramão:

Esquema. Em destaque: CONTRA seguido de hífen e MÃO. CONTRA é prefixo. MÃO é radical.

Analogamente, na derivação sufixal adiciona-se um sufixo a um radical.

Observe como esse processo ocorre nesta inscrição:

Fotografia. Detalhe de um estandarte composto da frase GENTILEZA GERA GENTILEZA.
Recorte de inscrição de estandarte feita por José Datrino (1917-1996).

A palavra gentileza constrói-se por derivação sufixal:

Esquema. Em destaque: GENTIL seguido de hífen e EZA. GENTIL é radical. EZA  é prefixo.

É possível também formar palavras agregando um prefixo e um sufixo ao mesmo radical.

Saiba +

Gentileza gera gentileza

José Datrino (1917-1996) foi uma personalidade urbana carioca que se tornou conhecida por fazer inscrições nas pilastras e nos muros do viaduto da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), além de registrá-las em estandartes que carregava consigo. Entre as diversas inscrições, a que traz a frase que mais se divulgou é “Gentileza gera gentileza”.

Esse é também o slogan do Movimento Mundial pela Gentileza, surgido em 1997 em um congresso em Tóquio que reuniu grupos do mundo todo que se dedicavam a promover eventos e ações de gentileza. Esse movimento, com o tempo, se ampliou e até hoje é uma das iniciativas mais relevantes nessa direção.

Respostas e comentários

Sobre processos de formação de palavras

São muitos os processos de formação, e a fixação de sua nomenclatura pode dificultar esse aprendizado. O que parece mais relevante para estudantes de 7º ano é entender os processos mais comuns, reconhecer alguns morfemas em palavras conhecidas e poder fazer uso desses conhecimentos para ampliar seu vocabulário e até criar palavras novas.

Sugestão

Atividades lúdicas de formação de palavras novas, os neologismos, podem ser interessantes. Distribua aos estudantes morfemas de vários tipos em pequenas cartelas e peça que formem palavras novas. Depois, eles podem apresentá-las ao grupo, explicando os processos de formação utilizados e o sentido da nova palavra. Muitos poemas concretos trabalham com composição e derivação, evidenciando os morfemas das palavras como recurso expressivo.

Leia o texto que circulou em uma propaganda de um seminário de mobilidade urbana:

INFELIZMENTE VAMOS ATRASAR O INÍCIO DOS DEBATES PORQUE NOSSOS CONVIDADOS ESTÃO PRESOS NO TRÂNSITO.

FREITAS, Richárdsan Santos de. Seminário de mobilidade urbana. Disponível em: https://oeds.link/mvGA66. Acesso em: 27 fevereiro 2022.

Na palavra infelizmente, ocorre a formação por derivação prefixal e sufixal:

Esquema Em destaque: o prefixo in, seguido de hífen, sinal de mais, o radical feliz seguido de hífen, sinal de mais, o sufixo -mente precedido de hífen.

Observe agora a palavra destacada neste haicai:

Versão adaptada acessível

Observe agora a palavra "entardecer" neste haicai:

sol na varanda –

sombras ao entardecer

brincam de ciranda

SEABRA, Carlos. raicáis e que tais. São Paulo: Massaoôno, 2005. página 14.

A palavra entardecer é formada por:

Esquema Em destaque: o prefixo en, seguido de hífen, sinal de mais, o radical tard seguido de hífen, sinal de mais, o sufixo -ecer precedido de hífen.

Essa é uma derivação parassintética: adição simultânea de um prefixo e de um sufixo a um radical.

Prefixos e antônimos

1. Leia esta tirinha:

Tirinha. Em 1 cena. Personagens: Frank, homem robusto, usando casaco vermelho e chapéu. Ernest, homem robusto, usando casaco verde aberto, camisa amarela e chapéu. Vendedor, homem parcialmente calvo, com bigode, usando camisa azul e segurando uma folha de papel. Eles estão no interior de uma loja, e há uma arara com casacos coloridos pendurados à esquerda. Sobre a arara há o texto: OUTLET DA FÁBRICA. MODA MASCULINA. Apontando para Ernest, Frank diz: ELE É IRREGULAR E EU SOU UM POUCO IMPERFEITO. Ernest sorri e segura com as duas mãos o casaco. O vendedor está sério, com expressão de que não entendeu.

Teivis, bóbi. Frank e Ernest. O Estado de São Paulo, São Paulo, 28 janeiro 2018. Caderno 2, página C4.

  1. O vendedor parece satisfeito com os dois compradores, Frank e Êrnest? Justifique.
  2. Como podemos interpretar a fala de Frank na tirinha?
  3. Quais são os adjetivos que Frank usa para caracterizá-los?
  4. Esses adjetivos são formados a partir de outras palavras. Quais são elas?
  5. Os elementos acrescentados às palavras dão outro sentido a elas. Qual é esse sentido?

Os adjetivos irregular e imperfeito são formados pelo acréscimo dos prefixos i– e im– aos radicais. Ao acrescentar esses prefixos, criamos um antônimo: sentido contrário ou inverso ao da palavra de origem. Veja outros prefixos com o sentido de negação:

a-

anormal, acéfalo, afônico

des-

desunião, desarmonia, desconcentrado

Respostas e comentários

1. c) Os adjetivos usados são “irregular” e “imperfeito”.

1. e) Dão sentido de negação ou de oposição.

Respostas

1. a) O vendedor não parece satisfeito com a presença dos dois. A expressão facial dele e a fala dos compradores nos levam a perceber que algo não vai muito bem.

b) As personagens podem estar com problemas para conseguir uma roupa ideal, por isso frênqui diz que o amigo é irregular e ele é um pouco imperfeito; por isso, foram procurar roupas em outlets onde costumam ser vendidas peças de coleções mais antigas e com pequenos defeitos.

d) São formados a partir de regular e perfeito.

Sugestão

A atividade sugerida na página anterior, com cartelas de morfemas, poderia ser aplicada também com foco em prefixos e antônimos. Nesse caso, elas exibiriam apenas os prefixos que expressam negação, e radicais que poderiam se juntar a eles, formando antônimos. De fórma mais simplificada, mas mais desafiadora, seriam dados apenas esses prefixos na lousa e os estudantes procurariam formar o maior número de palavras.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia este anúncio de campanha:

Cartaz. Na parte superior há o texto: Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão. Mais abaixo, há o texto: Menos Sal, Mais Saúde. 
Na parte inferior há o texto: menos pressão. Vamos prevenir e combater a Hipertensão. Ao centro, a ilustração da silhueta de uma pessoa sentada com as pernas cruzadas e com as mãos sobre as pernas.
Anúncio de campanha de prevenção e combate à hipertensão que circulou em abril de 2014.
  1. O que quer dizer hipertensão? Se precisar, procure em um dicionário.
  2. Essa palavra é formada por hiper- + tensão. O que é e o que significa hiper-? Qual é o processo de formação dessa palavra?
  3. Observe nesse anúncio as expressões “menos sal, mais saúde e menos pressão”. O que elas representam nessa campanha?
  4. A palavra hipoglicemia significa "pouca glicose no sangue". O processo de formação dessa palavra é o mesmo que o da palavra hipertensão. Compare as palavras e seus significados, e registre o significado de hipo-.
  5. Reúna-se com um colega e elenquem duas palavras com hipo- e duas palavras com hiper-. Depois, troquem a listagem de vocês com a de outros colegas.

Saiba +

Menos pressão

O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão é 26 de abril. Todos os anos, nessa data, circulam várias campanhas com essa temática em todo o país. Menospressão é o nome de um movimento promovido pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (ésse bê agá), que engloba vários eventos e iniciativas para combater a doença.

Respostas e comentários

1. d) O prefixo hipo- significa escassez, pouca quantidade.

1. e) Resposta pessoal.

Respostas

1. a)

Hipertensão

Substantivo feminino

1. aumento anormal da pressão arterial (Uáis, Antônio; VILLAR, Mauro de ; MELLO FRANCO, Francisco Manoel. Pequeno dicionário Uáis da língua portuguesa. São Paulo: Moderna, 2015. página 510.).

b) Hiper- é um prefixo e significa excesso. A palavra hipertensão é formada por derivação prefixal.

Chame a atenção para o hífen que aparece depois dos prefixos e antes dos sufixos.

c) Representam orientações para o combate à hipertensão: uso de menos sal na alimentação e vivência com menos pressão levam a mais saúde.

Comente com os estudantes que no anúncio foi construída uma espécie de paralelismo entre o movimento menospressão, e as expressões menos sal e menos pressão, que são imprescindíveis para se manter a pressão arterial estável e se ter mais saúde.

e) Sugestões: hiperatividade, hipercalórico, hiperglicemia, hipertireoidismo, hipertrofia, hiperventilação, hipotireoidismo, hipotrofia, hipoglicemia etcétera

Se julgar oportuno, liste em duas colunas todas as palavras levantadas pelos estudantes e converse sobre o significado delas considerando os prefixos.

Faça as atividades no caderno.

2. Em seu caderno, indique o tipo de derivação das palavras a seguir.

  1. recomeçar
  2. emagrecer
  3. folhagem
  4. deslealmente
  1. parassintética
  2. sufixal
  3. prefixal e sufixal
  4. prefixal

3. Leia o poema “Menina na janela”:

A lua é uma gata branca,

Mansa,

Que descansa entre as nuvens.


O sol é um leão sedento,

Molambento,

Que ruge na minha rua.


Eu sou uma menina bela,

Na janela,

De um olhar sempre à procura.

CAPPARELLI, Sérgio. Restos de arco-íris. décima edição Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2002. página 35.

  1. Que recurso sonoro é responsável pelo ritmo das duas primeiras estrofes do poema?
  2. Que imagem ou sentido a repetição desses sons sugere ao leitor?
  3. Por qual processo de formação se constrói a palavra descansa?
  4. Qual é o significado de molambento? Que processo de formação constrói essa palavra?

4. Leia esta curiosidade sobre os dragões e explique o processo de formação das palavras em destaque, denominando cada um deles:

Versão adaptada acessível

4. Leia esta curiosidade sobre os dragões e explique o processo de formação das palavras "Infelizmente", "felizmente", "lendários", "predador" e "simplesmente", encontradas no texto a seguir.

Infelizmente – ou felizmente – dragões, tal como contam as histórias, jamais existiram. Mas, há um grupo de lagartos que recebeu o nome científico Draco, e não foi à toa! Embora não possam voar como os lendários monstros, esses lagartos são capazes de planar. Isso porque algumas costelas deles são bastante longas, separadas umas das outras e capazes de se mover como um leque. Quando o “dragão” está no alto de uma árvore e precisa fugir de um predador, ele simplesmente “abre” seu leque de costelas como se fossem saltar, planando para longe do perigo.

COSTA, Henrique Caldeira. Dragões existem? Revista Ciência Hoje das Crianças. Disponível em: https://oeds.link/d6B2Zq. Acesso em: 27 fevereiro 2022.

Respostas e comentários

Respostas (continuação)

2. 1-d; 2-a; 3-b; 4-c

2. Sugira aos estudantes que pesquisem em livros impressos e no meio digital palavras formadas por derivação.

Instrua os estudantes a recortarem, colarem ou copiarem essas palavras no caderno. Proponha-lhes que expliquem o tipo de derivação das palavras coletadas pelo colega ao lado, por exemplo, para dinamizar a atividade.

3. a) A repetição de sons consonantais e vocálicos (branca, mansa, descansa, nuvens; sedento, molambento, minha).

b) Na primeira estrofe, calma, descanso e suavidade. Na segunda, impaciência, nervosismo e movimento.

c) Por derivação prefixal (des- + cansa).

Embora tenhamos tratado, no volume 6, Unidade 7, da noção de vogal temática e apresentado aqui exemplos de desinências e vogais temáticas verbais, este não é o foco neste momento. Por isso, não é objetivo desta questão que os estudantes identifiquem o radical cans- e a vogal temática a nessa fórma flexionada de 3ª pessoa no presente do indicativo.

d) Molambento

Adjetivo

1. Que está em farrapos (camisa molambenta); esfarrapado; roto; sujo (AULETE, Francisco jota Caldas; VALENTE, Antonio Lopes dos Santos. Aulete digital. léquicicón. Disponível em: https://oeds.link/W3u3fi. Acesso em: 17 julho 2022).

Explique a palavra molambo, que é de baixa ocorrência atualmente: pedaço de pano velho e sujo; farrapo; roupa velha. Isso facilitará a compreensão da palavra molambento caso não haja um dicionário disponível.

4. infelizmente = in- (prefixo) + feliz (radical) + -mente (sufixo) – derivação sufixal e prefixal / felizmente = feliz (radical) + -mente (sufixo) – derivação sufixal / lendários = lend- (radical) + -ário (sufixo) + (desinência indicativa de número/plural) – derivação sufixal / predador = predad- (radical) + or (sufixo) – derivação sufixal / simplesmente = simples (radical) + -mente (sufixo) – derivação sufixal.

Faça as atividades no caderno.

5. Conheça o significado e alguns prefixos.

Prefixos

Significado

Exemplos

a-

insuficiência, negação

afônico, anormal

ante-

anterioridade

anteontem, antebraço

anti-

oposição, ação contrária

antiaderente, anticaspa

bi-, bis-

duas vezes, repetição

bicampeão, bisavô

co-

simultaneidade

cooperar

contra-

oposição

contradizer, contramão

de(s)-

negação, separação

desaconselhar, desabotoar

i-, im-, in-

sentido contrário, negação

ilegítimo, impraticável, inabalável

inter-

entre, no interior de dois, no espaço de

interação, internacional

pre-

anterioridade

prefixo, previsão

re-

repetição

recalcular, reabastecimento

sobre-

posição acima ou superior, excesso

sobrepor, sobrecarga

sub-

posição abaixo ou inferior

subsolo, subestimar


  1. Reúna-se com dois colegas para registrar dez palavras usando esses prefixos. Procurem em jornais, revistas, livros e dicionários. Em folhas avulsas, formem frases com as palavras, destacando-as.
  2. Leia as palavras que seus colegas registraram e converse com a turma sobre os prefixos mais recorrentes nessas listas, as palavras iguais, as palavras mais conhecidas ou desconhecidas etcétera
  1. Escreva os antônimos destas palavras, usando prefixos:
    1. ordem
    2. acessível
    3. honesto
    4. típico
    5. gratidão
    6. normal
    7. real
    8. igualdade
    9. perfeito
    10. simetria
    11. responsável
    12. leal
  2. Reúna-se com três colegas e, juntos, identifiquem, em revistas e jornais, palavras em que ocorrem estes sufixos nominais que formam adjetivos e substantivos:

-ada  -agem    -ável  

  -dade  -ismo    -dor  -são


Observe alguns exemplos:

Formação de substantivo: bananada, carruagem, pedreiro, tranquilidade, consumismo, pescador, compreensão.

Formação de adjetivos: baiano, lavável, ciumento, orgulhoso.


  1. Distribuam, em folhas avulsas, as palavras em colunas, de acordo com o sufixo de cada uma.
  2. Cada componente do grupo vai dizer para a turma as palavras elencadas referentes a quatro dos sufixos apresentados.
  3. Ouça com atenção as palavras encontradas pelos outros quartetos. Compare-as com as que você e seu grupo encontraram.
  4. Formem frases com as palavras encontradas pelo seu grupo.
Respostas e comentários

5. a) Resposta pessoal.

5. b) Resposta pessoal.

Respostas (continuação)

5. Optou-se por não separar prefixos de origem grega e latina.

a) Organize um mural com as folhas dos estudantes.

b) Oriente a atividade e organize um mural com os estudantes. Proponha a conversa, comentando as palavras e os prefixos mais recorrentes, as palavras conhecidas ou não etcétera

6. Desordem, inacessível, desonesto, atípico, ingratidão, anormal, irreal, desigualdade, imperfeito, assimetria, irresponsável, desleal.

7. Se julgar oportuno, construa no quadro uma lista reu­nindo todas as palavras encontradas pelos estudantes.

É interessante que eles notem a diferença de significado dos sufixos nas palavras formadas: bananada, o sufixo indica que é feito de banana, assim como goiabada. No entanto, em uma palavra como boiada, o sufixo indica uma quantidade de bois. O sufixo -eiro pode formar tanto substantivos, como pedreiro e barbeiro (que indicam profissões), quanto adjetivos, como guerreiro (referente a guerra).

Questões da língua

Faça as atividades no caderno.

Pontuação (1)

1. Releia a estrofe retirada do poema “O boi zebu e as formiga”:

Com a feição de guerrêra

Uma formiga animada

Gritou para as companhêra:

— Vamo minhas camaradas

Acabá com o capricho

Deste ignorante bicho

Com nossa força comum

Defendendo o formiguêro

Nós samo muntos miêro

E este zebu é um só

ASSARÉ, Patativa do. O boi zebu e as formiga. In: ASSARÉ, Patativa do. Ispinho e Fulô. Ceará: Universidade Estadual do Ceará/Prefeitura Municipal de Assaré, 2001. página 49-51.

  1. No terceiro verso, há dois-pontos. Nesse texto, para que eles servem?
  2. No quarto verso, há o travessão. Geralmente, usamos esse sinal de pontuação com qual finalidade?

2. Releia uma estrofe do poema “O Mocho e a Gatinha”:

O Mocho e a Gatinha foram pro mar

Num lindo bote verde-ervilha,

Eles tinham mel e grana a granel

E uma nota de um milha.


O Mocho olhou pro céu

E cantou na viola de lata,

“Que linda gata! Que linda gata,

Que linda gata Deus me deu,

Me deu

Me deu,

Que linda gata Deus me deu!”

E de braço dado, na praia do lado,

Saíram a dançar sob a luz do luar,

Luar,

Luar,

Saíram a dançar sob a luz do luar.

lir éduard. O Mocho e a Gatinha (“The owl and the pussy-cat”). Tradução: Augusto de Campos. Música: Cid Campos. In: Adriana Partimpim – o show. [sem local]: Sony BMG, 2005. dêvedê.

  1. As personagens saíram em um bote pelo mar. Como elas se sentem?
  2. Por que a música que o Mocho canta para a lua está entre aspas?
Respostas e comentários

1. b) Usamos o travessão para indicar a mudança de turno da fala.

2. b) Elas foram usadas para sinalizar a letra da canção que ele cantou para a gata.

Respostas

1. a) Os dois-pontos servem para indicar o início do diálogo.

2. a) Pelo contexto do poema, podemos dizer que essas personagens estão apaixonadas.

Sobre dois-pontos

Esse sinal de pontuação é usado não apenas para introduzir um turno de fala em uma conversação, mas também para introduzir uma enumeração, um aposto, uma citação: “Recebi pelo correio: cartas, contas a pagar e revistas”; “Naquela caixa, tinha tudo o que lhe era mais precioso: cartas de amores antigos, fotografias da família e aromas do passado”; “Sempre se lembrava daquela frase do Millôr: ‘Viver é desenhar sem borracha’.“.

Dois-pontos, travessão e aspas

Notamos que é possível marcar o diálogo de duas maneiras. A primeira é usando os dois-pontos para indicar que no próximo parágrafo, que será iniciado por um travessão, virá uma fala. A segunda maneira é usar aspas para indicar o início e o fim da fala.

Esse tipo de pontuação não aparece apenas em poemas, mas também em outros gêneros narrativos, como o conto, a crônica etcétera Há ainda a possibilidade de marcar a fala com o uso de itálico, como vemos neste trecho:

Aconteceu que o pai, à mesa de jantar, disse de repente: Sábado vamos lá. A menina, mais rápida que o irmão, perguntou, Lá onde, pai?, e ele, Não posso falar, é surpresa, e o garoto, Fala, pai, aonde a gente vai?, e ele, já vendo a felicidade futura dos filhos, sorriu, enigmático, Sábado, à tarde!, e continuou a comer, como se nada tivesse acontecido — o mundo de sempre funcionando. Aquela era só a notícia, a hora de vivê-la seria adiante, a mãe, mesmo sem saber qual o plano do marido, disse, em seu auxílio, A semana passa depressa!, e, com efeito, já estava em sua metade.

CARRASCOZA, João Anzanello. Aquela água toda. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2018. página 66.

Nesse trecho do conto, nota-se que o autor optou por deixar as falas dentro do texto, sem separá-las com o uso dos dois-pontos. E, para marcá-las, usou o itálico.

Não há uma única maneira de marcar o diálogo e as mudanças de turno nas falas. Cada autor pode fazer isso da fórma que considerar mais adequada ao seu texto. Esse tipo de pontuação está mais relacionado ao estilo do autor do que às regras de pontuação.

Saiba +

Brincando com palavras, letras e sinais de pontuação

[A galinha] e outros bichos inteligentes, de Ronald Polito e Guto Lacaz, é um livro que brinca com as palavras, as letras e os sinais de pontuação, compondo uma obra instigante e repleta de imaginação. Observe a capa dessa obra e note como a pontuação pode ser usada também para outros propósitos literários.

Capa de livro. Sobre fundo branco, há, na parte superior, o título do livro: h' e outros bichos inteligentes; e na parte inferior, o nome dos autores: Ronald Polito e Guto Lacaz.
POLITO, rrônald; LACAZ, Guto.  e outros bichos inteligentes. segunda edição São Paulo: ÔZé, 2017. Capa de livro.
Respostas e comentários

Sobre pontuação de diálogos

A maneira de estruturar e organizar diálogos tem apresentado muitas inovações ao longo dos anos, principalmente quando se trata de textos literários. O uso do travessão e das aspas para introduzir um turno de fala são as fórmas canônicas, mas, como mostra o texto analisado nesta página, seu autor utilizou o itálico depois dos dois-pontos. Alguns autores portugueses também têm inovado, como José Saramago, que não utiliza em seus romances nem aspas, nem travessão, nem itálico. Ele usa uma vírgula seguida de letra maiúscula e, pelo contexto, podemos compreender que se trata do início da fala de uma personagem. Essa maneira de pontuar traz outro ritmo à narrativa, aproximando-a da oralidade. Seja qual for o modo de pontuar, o importante é que o autor garanta a clareza e a compreensão do texto ao leitor.

Faça as atividades no caderno.

1. Leia o poema:

Pontinho de vista

Eu sou pequeno, me dizem,

e fico muito zangado.

Tenho de olhar todo mundo

com o queixo levantado.


Mas se formiga falasse,

e me visse lá do chão,

ia dizer com certeza:

“Minha nossa, que grandão!”

BANDEIRA, Pedro. Por enquanto eu sou pequeno. terceira edição São Paulo: Moderna, 2009. página 22.

  1. Você considera o título do poema apropriado? Por quê?
  2. O último verso é marcado por um sinal de pontuação diferente dos demais versos. Por quê?

2. Leia um trecho da obra Morte e vida severina:

— Muito bom dia, senhora,

que nessa janela está;

sabe dizer se é possível

algum trabalho encontrar?

— Trabalho aqui nunca falta

a quem sabe trabalhar;

o que fazia o compadre

na sua terra de lá?

— Pois fui sempre lavrador,

lavrador de terra má;

não há espécie de terra

que eu não possa cultivar.

MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. página 43.

  1. Esse texto foi feito para ser encenado. Como as falas são marcadas?
  2. Ele se assemelha aos poemas narrativos desta Unidade? Por quê?
  3. De que a a sonoridade do poema é construída? Identifique os recursos usados.

Saiba +

João Cabral de Melo Neto

João Cabral de Melo Neto (1920-1999) foi um escritor e diplomata brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro, e escreveu diversas obras poéticas, entre as quais se destaca Morte e vida severina, que é um poema dramático escrito entre 1954 e 1955. Essa obra relata o sofrimento de Severino, um migrante sertanejo em busca de uma vida melhor e com mais oportunidades na capital pernambucana.

Respostas e comentários

1. a) Resposta pessoal.

1. b) O último verso aparece entre aspas, que demarcam uma fala da formiga, imaginada / criada pelo eu lírico.

2. a) As falas no texto são marcadas por travessões.

2. c) A sonoridade do poema é construída por meio de rimas. Oriente os estudantes na identificação das rimas, combinações sonoras presentes no trecho, no fim dos versos: encontrar/trabalhar/cultivar, má/lá/está.

Respostas

1. a) Espera-se que os estudantes compreendam a brincadeira com a expressão ponto de vista. Ao usar a fórma diminutiva pontinho, o autor dá indícios do que será tratado no poema.

2. b) O texto assemelha-se por narrar uma história, no caso a de Severino, por meio de versos.

Orientação

No poema de Pedro Bandeira, o título brinca com a expressão ponto de vista, pois apresenta dois pontos de vista sobre a relação de tamanho entre as personagens: na primeira estrofe, o menino é pequeno em relação a “todo mundo”, mas, na segunda, é grande em relação à formiga.

Faça as atividades no caderno.

3. Leia a tirinha:

Tirinha. Em 4 cenas. Personagens: Calvin, um menino com cabelos espetados, usando camiseta listrada e calça preta; ele está com uma revista aberta nas mãos. Haroldo, um tigre de pelúcia. Eles estão lado a lado. Cena 1. Calvin está sentado e, olhando para a revista, diz a Haroldo: VOCÊ LEU ISTO AQUI? ESTE ARTISTA DE TEVÊ FATUROU 20 MILHÕES DE DÓLARES NO ANO PASSADO! Harold olha para Calvin. Cena 2. Olhando para Haroldo, Calvin diz: O QUE VOCÊ FARIA COM 20 MILHÕES DE DÓLARES? Haroldo segura com uma das mãos o cotovelo, e a outra mão apoia no queixo, pensativo. Cena 3. Haroldo, com a mão espalmada para a frente, diz: SEI LÁ, EU ACHO UM ABSURDO ALGUÉM GANHAR TANTO DINHEIRO. Cena 4. Calvin, olhando para Haroldo, diz: TÁ BEM. DIGAMOS QUE VOCÊ SÓ GANHOU 15 MILHÕES. Haroldo, deitado de bruços, com a cabeça apoiada nas mãos, diz: DIGAMOS 18 MILHÕES.

, . O melhor de Calvin. O Estado de São Paulo, São Paulo, 9 novembro 2017. Caderno 2, página C4.

  1. Haroldo faz uma afirmação no terceiro quadrinho. Que atitude dele demonstra uma contradição posterior?
  2. De que fórma acontece a marcação dos diálogos nas histórias em quadrinhos?
  3. Observando as regras de pontuação, reescreva em seu caderno o diálogo entre Calvin e Haroldo, tirando-o dos balões. Faça as adaptações necessárias.

Ortografia

1. Leia os títulos destas capas de livro e observe as palavras com o prefixo super-.

Capa de livro. Na parte superior da capa, há o nome do autor, Ivan Jaf, e, mais abaixo, o título do livro: O SUPERTÊNIS. Na parte inferior, há a ilustração de um jovem com cabelos pretos, usando blusa branca, calça jeans e um tênis com asas; ele sobrevoa uma cidade. Ao lado dele há um helicóptero vermelho.
jáf, Ivan. O supertênis. São Paulo: Ática, 2000. (Coleção Vaga-Lume). Capa do livro.
Capa de livro. Ocupa toda a capa a ilustração de dois pinguins, frente a frente, olhando um para o outro. À esquerda há um pinguim verde, usando óculos e um gorro rosa; ele está sentado diante de uma mesa, digitando em uma máquina de escrever rosa. À direita há um pinguim azul, usando chapéu e sobretudo amarelo; ele segura um lápis e um bloco de anotações. Atrás deles há uma parede de gelo. Na parte superior da capa, há o título do livro: O Super-Repórter.
. O Super-Repórter: monte a sua história. São Paulo: Melhoramentos, 2010. (Coleção Club Penguin). volume 3. Capa do livro. 
  1. Que sentido você identifica no prefixo super- nessas palavras?
  2. Se essas palavras fossem grafadas sem o prefixo super-, teriam o mesmo significado? Justifique.
  3. Compare as palavras formadas por super- nas capas dos livros com as palavras do quadro a seguir. O que é possível concluir em relação ao uso do hífen?

super-homem   superespecial   super-resfriado

supermercado  superinteressante  supersimples

Respostas e comentários

3. b) A mudança dos turnos de fala se dá com o uso dos balões.

Respostas (continuação)

3. a) No último quadrinho, quando Calvin então diz para ele imaginar 15 milhões, ele pede que sejam 18 milhões. Dessa demonstra que talvez os 20 milhões não sejam tanto dinheiro assim.

c) – Você leu isto aqui? Este artista de tê vê faturou 20 milhões de dólares no ano passado! – diz Calvin para Haroldo e completa: – O que você faria com 20 milhões de dólares?

– Sei lá, eu acho um absurdo al­guém ganhar tanto dinheiro – responde Haroldo.

– Tá bem, digamos que você só ganhou 15 milhões.

– Digamos 18 milhões – rebate Haroldo.

Sugestão

A paráfrase de texto, como foi solicitada na atividade 3, é uma atividade necessária para os estudantes empregarem a pontuação em diálogos. Além disso, os verbos de dizer devem ser utilizados de acordo com a ação das personagens e, nesse caso, a precisão na escolha pode ser exigida para que o vocabulário seja variado e adequado, para que os estudantes não utilizem apenas os verbos dizer, responder, falar, por exemplo, que nem sempre expressam de maneira precisa a intenção comunicativa do enunciador.

Respostas

1. a) Espera-se que os estudantes infiram que o prefixo super- tem sentido de algo em excesso, superior, ou seja, que está acima de um padrão considerado normal.

No Grande Dicionário Uáis da Língua Portuguesa, o prefixo super- tem as seguintes acepções, entre outras: sobre; além de; por cima; demais; posição acima de; abundância, excesso.

b) Não. Possibilidade de resposta: A palavra supertênis sem o prefixo super- significaria um tênis comum sem um poder diferenciado, que a ilustração ajuda a marcar – ele é um tênis de asas, que possibilita voar.

c) Espera-se que os estudantes notem que há hífen quando o segundo elemento é iniciado por agá e érre, e que nos demais casos as palavras não são hifenizadas.

Faça as atividades no caderno.

2. Leia a tirinha:

Tirinha. Três cenas. Personagens: Uma menina de cabelos castanhos-claros na altura dos ombros, com vestido verde, presilha verde e tênis vermelhos. Mãe da menina, uma mulher com cabelos castanhos-claros e curtos, usando vestido azul. Cena 1. A menina está de pé sobre um banquinho, no banheiro, diante de uma prateleira cheia de frascos; ela tem um frasco em cada mão. Ela diz: CREME FACIAL OXIGENADOR... REJUVENESCEDOR PARA A ÁREA DOS OLHOS... CREME PARA O CABELO... CREME ANTI-CELULITE... MÁSCARA ESFOLIANTE... Cena 2. De perfil, olhando para a prateleira, a menina continua a dizer: TÔNICO ADSTRINGENTE PARA A PELE... LOÇÃO ANTIRRUGAS... FLUIDO PARA O CORPO COM VITAMINA C... CREME ANTISSINAIS... SHAMPOO ANTIQUEDA! Cena 3. À esquerda, a mãe da menina, de perfil, olha para ela, que está sentada no sofá, com uma expressão desolada, segurando os joelhos; ao lado dela há um gato malhado. A mãe lhe diz: QUE CARA É ESSA, FILHA? A menina responde: NÃO QUERO CRESCER!

ITURRUSGARAI, Adão. Trupe. Folha de São Paulo, São Paulo, 26 abril 2014. Folhinha, éfe oito.

  1. Nos dois primeiros quadrinhos, o que a menina está fazendo?
  2. O que a expressão da menina no terceiro quadrinho revela sobre a opinião dela a respeito dos produtos observados?
  3. Qual é o sentido do prefixo anti- nas palavras anticelulite, antirrugas, antissinais e antiqueda?
  4. Compare as palavras formadas pelo prefixo anti- da tirinha com as palavras a seguir. O que você concluiu sobre o emprego do hífen?

anti-inflamatório  anti-horário

antiaderente  antibacteriano

Uso do hífen com prefixos

Confira algumas regras do uso do hífen:

Utiliza-se hífen

Não se utiliza hífen

Diante de palavras iniciadas por h. Exemplos: anti-higiênico, sobre-humano.

Quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento iniciar com r ou s. Nesse caso, há a duplicação da letra r e s. Exemplos: antissocial, semirreta.

Quando o prefixo terminar com a mesma vogal que inicia a palavra seguinte. Exemplos: micro-ondas, anti-idade.

Quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar com qualquer outra consoante que não r ou s. Exemplos: autopeça, seminovo.

Quando o prefixo terminar com a mesma consoante que inicia o segundo elemento. Exemplos: super-romântico, hiper-requintado.

Quando o prefixo terminar em uma vogal diferente da que inicia o segundo elemento. Exemplos: autoescola, antieducativo.


Em uma folha avulsa, escreva 15 palavras formadas por derivação prefixal. Procure-as em jornais, revistas ou livros. Separe as escritas com hífen das escritas sem hífen e organize-as de acordo com o prefixo. Fixe sua folha no mural da sala de aula. Leia as palavras encontradas pelos colegas e compare-as com as suas.

Respostas e comentários

2. a) Está em cima de um banquinho observando os rótulos dos diversos produtos que estão no armário do banheiro.

Respostas (continuação)

2. b) Revela uma insatisfação e a vontade de não crescer para não ter de utilizá-los.

c) Espera-se que os estudantes percebam que esse prefixo tem um sentido de ”ação contrária”. Segundo o Grande Dicionário Uáis da Língua Portuguesa, o prefixo anti- tem as seguintes acepções, entre outras: em lugar de, contra e em oposição a.

d) Espera-se que os estudantes concluam que há hífen quando o prefixo terminar com a mesma vogal iniciada pelo segundo elemento – anti-inflamatório – e quando o segundo elemento iniciar por agá anti-horário – e que não há hífen quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por érre ou ésse. Nesse caso, há a duplicação dessas consoantes: antirrugas, antissinais. Os estudantes devem notar também que não se usa hífen quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por qualquer outra consoante que não r ou s: anticelulite, antiqueda, antibacteriano.

Sugestão

As regras de uso do hífen com prefixos são muitas porque também são diversos os prefixos. No momento da escrita, a consulta a um site confiá­vel é o melhor encaminhamento. O site da Academia Brasileira de Letras apresenta o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (volpi), o qual podemos consultar com segurança e tirar dúvidas. Disponível em: https://oeds.link/22aqzX. Acesso em: 27 fevereiro2022. Esse site pode ser indicado aos estudantes para tirarem qualquer tipo de dúvida ortográfica.

Sobre uso do hífen com prefixos

Para a realização da atividade proposta, dialogue com os estudantes sobre a função dos prefixos a partir de outros exemplos apresentados pela turma oralmente. Os prefixos, em geral, expressam ideias relacionadas com localização, posição, movimento espacial ou valorativo. Outros prefixos compõem um grupo que expressa ausência/negação e situação contrária – como é o caso de "anti-", trabalhado na tirinha. Oriente a pesquisa, em materiais impressos e digitais, para a coleta de exemplos, conforme recomendado. A constituição de uma tabela comparativa para palavras com e sem uso do hífen contribuirá para a percepção de regras de hifenização. Na língua portuguesa, os prefixos mais comuns são de origem latina ou grega. Aproveite para dialogar com a turma, com base na investigação deles a respeito dos sentidos das palavras com ou sem o prefixo, ampliando-se a discussão.

Produção de texto

Faça as atividades no caderno.

Poema narrativo

O que você vai produzir

Agora, é sua vez de escrever um poema narrativo. Haverá, para isso, duas possibilidades:

  1. Recontar uma história engraçada que você tenha vivido com sua família ou amigos, porém substituindo todas as pessoas envolvidas, inclusive você, por outras personagens (astros ou animais, por exemplo).
  2. Criar uma história de amor ou amizade pouco convencional, como em “O Mocho e a Gatinha”.

Lembre-se de criar esse poema pensando em um público mais amplo, visto que os textos literários podem ser lidos por pessoas de diferentes idades e desejamos que o seu texto alcance muitos leitores!

Planejamento

  1. Escolha a história que contará em seu poema.
  2. Pense na representação das personagens, lembrando-se de associá-las às suas características físicas e psicológicas. Essa caracterização das personagens é importante para conferir humor ou criar um clima romântico ou dramático na narrativa que você vai contar. Anote essas ideias em seu caderno.
  3. Não se esqueça de organizar uma narrativa que contenha todos os elementos que estudamos: espaço, tempo, ação e personagens. E também situação inicial, conflito, clímax e desfecho. Faça um esquema para organizar cada um desses detalhes em seu caderno.
  4. Lembre-se de que um poema narrativo deve ser ritmado. Procure construir seu texto com essa característica.

Produção

  1. Escreva o poema utilizando versos regulares ou irregulares. Se desejar, use recursos expressivos como rimas e figuras de linguagem.
  2. Pense em um título criativo para o poema.
  3. Fique atento aos limites éticos de sua narrativa. Não redija uma história que cause constrangimento a você ou a qualquer pessoa mencionada. Pense em uma maneira respeitosa de organizar a narrativa, sem magoar nem ofender ninguém.

Revisão

1. Troque seu poema com o de um colega. Peça a ele ou ela que aponte os ajustes e as correções que encontrar e, se possível, dê sugestões de melhoria. Depois, retome seu texto, verifique se os apontamentos do colega são pertinentes e faça também uma autoavaliação.

Respostas e comentários

Habilidades trabalhadas nesta seção

(ê éfe seis nove éle pê cinco um) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etcétera – e considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário.

(ê éfe seis sete éle pê três um) Criar poemas compostos por versos livres e de fórma fixa (como quadras e sonetos), utilizando recursos visuais, semânticos e sonoros, tais como cadências, ritmos e rimas, e poemas visuais e vídeo-poemas, explorando as relações entre imagem e texto verbal, a distribuição da mancha gráfica (poema visual) e outros recursos visuais e sonoros.

(ê éfe zero sete éle pê um zero) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais: modos e tempos verbais, concordância nominal e verbal, pontuação etcétera

Orientação

Verifique previamente com a escola a possibilidade de publicação digital da produção do livro de poemas da turma, para que possa orientar os estudantes a respeito. Apresente a proposta de produção a eles, ajudando-os a escolher com qual enredo sugerido mais se identificam. Anuncie a circulação das produções – o livro de poemas impresso ou digital – de modo a criar sentido e assim engajá-los na produção.

Converse com os estudantes sobre como é importante a reflexão prévia, antes da escrita, dos contextos de recepção e circulação de um texto, porque a pessoa que escreve não deseja que seu texto fique parado em uma gaveta ou armazenado no computador, mas espera que alcance um público-leitor. Esse movimento de leituras e escritas favorece também o aperfeiçoamento da produção textual, considerando que podemos acolher as opiniões, correções e sugestões do público-leitor e, assim, melhorar a escrita.

Planejamento

Se necessário, retome coletivamente as características do gênero poema narrativo, como o enredo, a métrica e o ritmo, entre outros que considerar pertinentes para a realização da produção textual sugerida.

Produção

A produção deste texto em sala de aula – em vez de tarefa para casa – é uma estratégia bastante relevante para que você possa acompanhar a elaboração dos textos, tirar as dúvidas sobre a estrutura do gênero e sobre a linguagem, ajudá-los com a criatividade temática, além de acompanhar de perto os pontos de atenção da escrita dos estudantes.

Faça as atividades no caderno.

Em relação à composição do poema narrativo

Em relação à pontuação

1. Você utilizou em seu poema narrativo todos os elementos narrativos (tempo, espaço, ação e personagens)?

1. Há falas em seu poema narrativo? Elas foram marcadas adequadamente?

2. Ele atende ao critério de uma das duas opções: é engraçado ou compartilha uma história de amor ou amizade?

2. Você usou apenas uma forma de pontuar as falas?

3. Que tipo de versos você utilizou no poema? Regulares ou irregulares?

4. Seu poema tem ritmo ao ser lido?


2. Depois de reler o poema, passe-o a limpo em uma folha pautada ou de sulfite. Se houver recursos digitais disponíveis, você também poderá digitá-lo em um editor de textos.

Circulação

  1. Reúna-se com os demais colegas para elaborar um livro contendo os poemas da sala, um em cada página.
  2. Criem um nome para esse livro e um título criativo que desperte a curiosidade e o interesse de outras pessoas.
  3. Crie com a turma uma capa com a arte feita por vocês.
  4. Para publicar seu texto, pense em recursos visuais (ilustração, gravura, fotografia etcétera) para deixar a leitura ainda mais expressiva.
  5. Para publicar os poemas de fórma digital, organize-os em formato de arquivo eletrônico.
  6. Defina com a turma o meio em que divulgarão o livro (blog da turma, da escola, mídias sociais, exposição literária etcétera).

Avaliação

Depois que todos tiverem publicado seus poemas, faça uma roda de escuta com o professor e avaliem o trabalho feito por todos.

  1. O texto foi composto na fórma de poema narrativo, integrando elementos estruturais de uma narrativa aos recursos utilizados em poemas?
  2. As orientações da proposta quanto ao tema foram seguidas?
  3. Dos poemas publicados, qual pareceu mais expressivo e por quê?
Respostas e comentários

Revisão

Após a autoavaliação que cada estudante fará de seu texto, com base na tabela proposta, oriente os estudantes a trocar sua produção com um colega para que ele também a avalie e possa sugerir pontos de aperfeiçoamento. Se optar por essa estratégia, reforce a necessidade de os comentários serem construtivos e objetivos.

Circulação

É importante que os estudantes se sintam participantes das escolhas de produção e de circulação da obra. Se possível, promova uma exposição literária para apresentar o livro à comunidade escolar. Destine um espaço para as declamações poéticas da turma.

Por se tratar de um livro que terá circulação fóra da sala de aula, recomenda-se que os textos passem por uma revisão mais refinada, sob seu olhar docente. Assim, se necessário, trabalhe com os estudantes o processo de reescrita. Em relação ao suporte de publicação, verifique se a escola dispõe de espaço virtual e, caso a opção seja o suporte impresso apenas, garanta que os livros possam circular entre outras turmas e tenham também espaço disponível na biblioteca da escola.

Avaliação

Se possível, promova a roda de escuta em outro espaço da escola, que não a sala de aula. Caso não haja essa possibilidade, organize uma disposição diferenciada das carteiras na sala de aula, para ambientar a experiência de modo diferente do corriqueiro. Durante as apresentações, ajude-os na leitura expressiva e chame a atenção para a importância do respeito com o texto do colega. Considere abrir espaço para que os estudantes façam uma crítica construtiva e um elogio sobre as produções, justificando-os com elementos dos textos ouvidos.

Oralidade

Faça as atividades no caderno.

Poema narrativo musicado

A articulação da linguagem poética verbal com a música é muito recorrente. Você leu o poema narrativo “O Mocho e a Gatinha” em uma das subseções O gênero em foco desta Unidade. Esse poema, por exemplo, foi musicado pelo cantor e compositor Cid Campos e gravado no projeto Adriana Partimpim, em que a cantora Adriana Calcanhotto interpreta essa personagem para cantar músicas para um público infantojuvenil.

Você estudou também que os cordéis de Patativa do Assaré eram primeiro cantados de fórma improvisada, para depois serem transcritos para os livros, levando mais pessoas a ter acesso à sua obra. Provavelmente, muito de seu trabalho como artista se perdeu pela falta de registros fonográficos do poeta cantando e improvisando seus versos de sete sílabas poéticas.

Inspirado em Patativa do Assaré e em Adriana Partimpim, você criará uma interpretação especial musicada para o poema narrativo que escreveu na seção Produção de texto e a gravará para poder registrar, divulgar e guardar. Para isso, siga os passos indicados.

Etapa 1: a composição do grupo

Organize-se com um ou dois colegas para, em dupla ou trio, musicar os poemas de vocês.

Etapa 2: a seleção do público-alvo

Selecionem com o restante da turma o público-alvo para essa apresentação. Agora que está no 7º ano, seria interessante mostrar o que você e seus colegas criarão para estudantes mais novos, do 4º ou 5º ano de sua escola, por exemplo.

Etapa 3: a produção da gravação

  • A musicalização de um texto poético parte de uma etapa prévia de planejamento.
  • Vocês podem escolher melodias que conheçam, articulando-as com a letra de cada poema do grupo.
  • Ou vocês podem fazer uma declamação mais expressiva, combinada com recursos sonoros. Conversem sobre essas possibilidades:

Saiba +

Quem é Adriana Partimpim?

É uma personagem criada pela cantora carioca Adriana Calcanhotto para um premiado projeto artístico, em que ela interpreta diversas canções para o público infantojuvenil, organizado em três discos e iniciado em 2004. A proposta desse trabalho é que ela e os músicos que a acompanham adotem uma fórma mais lúdica e menos rigorosamente técnica para interpretar as canções, quase como se o grupo estivesse brincando com quem ouve as músicas.

Seu parceiro na musicalização de “O Mocho e a Gatinha”, Cid Campos, é produtor musical, compositor e músico. Influenciado pelas reflexões sobre o trabalho artístico do pai, Haroldo de Campos, que misturava poesia, cinema e música, Cid tem feito diversos trabalhos que buscam a aproximação lúdica das crianças com as artes.

Fotografia. Adriana Calcanhotto, uma mulher com cabelos curtos. Ela usa diante dos olhos uma máscara cor-de-rosa com o desenho de olhos abertos e um casaco estampado colorido. Ela sorri e segura uma guitarra com as mãos.
Cantora Adriana Calcanhotto usando indumentária de showem que vive a personagem Adriana Partimpim, 2005.
Respostas e comentários

Habilidade trabalhada nesta seção

(ê éfe seis nove éle pê cinco três) Ler em voz alta textos literários diversos – como contos de amor, de humor, de suspense, de terror; crônicas líricas, humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o professor) de livros de maior extensão, como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura, literatura infanto-juvenil, – contar/recontar histórias tanto da tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais, contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) quanto da tradição literária escrita, expressando a compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que respeite o ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela pontuação quanto por outros recursos gráfico-editoriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações etcétera, gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos literários diversos ou de podcasts de leituras dramáticas com ou sem efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de fórma livre quanto de fórma fixa (como quadras, sonetos, liras, haicais etcétera), empregando os recursos linguísticos, paralinguísticos e cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos de gestualidade e pantomima que convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em questão.

Orientação

Após apresentar a proposta aos estudantes, anuncie também que há a intenção de organizar um evento na escola para mostrar as produções. Isso fará com que eles fiquem mais engajados no processo.

Etapa 1

Ajude os estudantes a se organizarem em grupos, por afinidade ou mesmo de modo aleatório, conforme sua estratégia de desenvolvimento da turma como coletivo. É importante acompanhar os grupos para garantir que as múltiplas habilidades dos estudantes – musicalidade, expressão corporal, desinibição, facilidade com a escrita – estejam espalhadas entre os grupos, para que possam colaborar uns com os outros. Outro ponto importante desse trabalho em grupo é ter atenção para a descoberta de gostos e talentos dos estudantes.

Etapa 2

Oriente-os quanto à seleção do público-alvo, o que exigirá planejamento em relação ao calendário dos outros anos. Ajude-os a viabilizar uma data e pensar nas fórmas de execução da atividade no espaço escolar (local, horário relativo à grade diária e ao calendário de atividades, infraestrutura necessária). Recomendamos eleger um representante para essa tarefa.

Etapa 3

Para orientar esta etapa é preciso verificar, sobretudo, a disponibilidade da infraestrutura de equipamentos e ambientação adequada. Verifique se as gravações serão feitas na escola ou se a atividade se desenvolverá melhor no ambiente extraescolar.

Faça as atividades no caderno.

  • haverá algum efeito de som interessante na gravação, como o som de um passarinho, de passos ou de água correndo;
  • será incluído que som incidental de fundo?
  • Se alguém de seu grupo toca um instrumento musical, poderá tocá-lo, acompanhando a declamação ou o canto.
  • Vocês também precisarão de um telefone celular ou outro aparelho para gravar esse áudio. A edição pode ser feita em um aplicativo ou software de livre edição.
  • Como preparação à gravação, treinem o ritmo, o volume e as entonações da voz, em harmonia com o conteúdo que estão trabalhando. É importante que se atenham à pronúncia das palavras e à fluidez na declamação expressiva dos versos.
  • Com o planejamento registrado nos cadernos do grupo, o celular ou outro aparelho em mãos, procedam finalmente à filmagem.

Etapa 4: a montagem da instalação

  • Depois que todos os grupos tiverem gravado seus áudios, organizem um evento na escola para que o público-alvo que vocês selecionaram possa assistir à produção em uma instalação.
  • Com a ajuda do professor, escolham um espaço da escola, que pode ser a própria sala de aula, para montarem a instalação.
  • Criem um esboço no papel de como o espaço precisará ser dividido e organizado e providenciem computadores, tablets ou mesmo gravadores com fones de ouvido para que os estudantes mais novos possam ouvir o que foi produzido.
  • Produzam uma cenografia em que estejam disponíveis desenhos e representações das personagens e cenários das histórias contadas pelos poemas.

Saiba +

Instalação

É uma obra de arte que consiste em utilizar um espaço determinado para desenvolver um trabalho artístico com o qual o público pode interagir, manuseando suas peças, integrando-se a seu contexto etcétera

Fotografia. Vista de baixo para cima da parte interna de um edifício antigo. No alto há uma abóbada circular de vidro e, mais abaixo, diversas janelas, portas e pilares. Ocupando o ambiente, há enormes balões cor-de-rosa com bolinhas pretas suspensos.
Instalação Obsessão por pontos na exposição Obsessão infinita, de , realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2013.
Respostas e comentários

Etapa 4

Esta etapa tem relação com o planejamento feito na etapa anterior; assim, ajude-os a viabilizar a execução.

Sugestão

Após a realização da instalação, faça uma avaliação do processo com os estudantes, levantando pontos positivos e de aprimoramento que tenham identificado. Considere elaborar critérios para avaliação do desempenho dos grupos, da execução das tarefas das etapas e da organização no processo de montagem e desmontagem da instalação.

Sobre Saiba+

Muitas instalações de arte contemporânea, tal como Obsessão por pontos, de Iáiôi Cussáma, apresentam propostas interativas. Se houver possibilidade, pesquise algumas referências, além da apresentada. Alguns artistas, como Dôg Eikén, djorge bãrs míler, Tunga, entre outros, possuem instalações que envolvem musicalidade.

Projeto

Faça as atividades no caderno.

Perspectivas

Segunda etapa

Nem tudo se traduz em números

Fotografia. Uma fila com dezenas de pessoas em uma calçada.
Feirão do Emprego em Florianópolis (Santa Catarina), em 2016.

Na Unidade 2, você e sua turma estudaram gráficos e infográficos. Viram como são constantemente empregados para transmitir informações de modo rápido, claro e resumido.

Esses dados são objetivos, estatísticos, mesmo quando dizem respeito a aspectos bastante subjetivos. Por trás desses dados, no entanto, há sentimentos, emoções, sofrimentos ou alegrias que não são expressados, como é o caso da fotografia desta página. Ao ler em uma estatística que o número de desempregados só aumenta em relação a anos anteriores, alguém que não faça parte desse grupo terá dificuldade para imaginar o drama que cada uma das pessoas retratadas na pesquisa está vivendo.

Os compositores Haroldo Barbosa e Luiz Reis, na letra da canção “Notícia de jornal”, lamentam: “A dor da gente não sai no jornal”. Ou seja, os fatos viram notícias, mas a dor que eles causam dificilmente é retratada, restringindo-se àqueles que a vivenciaram. Diante das informações reveladas por um infográfico, portanto, um poeta provavelmente se expressaria de maneira diversa daquela empregada pelos institutos que promovem as pesquisas para revelar a mesma realidade.

O poeta Mario Quintana aborda uma problemática que integra questões sociais, de saúde pública e de políticas que possibilitem o direito à vida, ao situar o contexto de uma mãe (comadre) com filhos que faleceram “sem um tiro aliás”, em localidade com índice alto de mortalidade infantil.

Respostas e comentários

Habilidades trabalhadas nesta seção

Leitura

(ê éfe seis nove éle pê três zero) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos, dados e informações de diferentes fontes, levando em conta seus contextos de produção e referências, identificando coincidências, complementaridades e contradições, de fórma a poder identificar erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.

(ê éfe seis nove éle pê três três) Articular o verbal com os esquemas, infográficos, imagens variadas etcéterana (re)construção dos sentidos dos textos de divulgação científica e retextualizar do discursivo para o esquemático – infográfico, esquema, tabela, gráfico, ilustração etcétera – e, ao contrário, transformar o conteú­do das tabelas, esquemas, infográficos, ilustrações etcéteraem texto discursivo, como fórma de ampliar as possibilidades de compreensão desses textos e analisar as características das multissemioses e dos gêneros em questão.

Oralidade

(ê éfe seis nove éle pê um três) Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da turma e/ou de relevância social.

(ê éfe seis nove éle pê três oito) Organizar os dados e informações pesquisados em painéis ou slides de apresentação, levando em conta o contexto de produção, o tempo disponível, as características do gênero apresentação oral, a multissemiose, as mídias e tecnologias que serão utilizadas, ensaiar a apresentação, considerando também elementos paralinguísticos e cinésicos e proceder à exposição oral de resultados de estudos e pesquisas, no tempo determinado, a partir do planejamento e da definição de diferentes fórmas de uso da fala – memorizada, com apoio da leitura ou fala espontânea.

Produção de textos

(ê éfe seis nove éle pê cinco um) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/edição e reescrita, tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etcétera – e conside­rando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário.

Análise linguística/semiótica

(ê éfe seis nove éle pê quatro um) Usar adequadamente ferramentas de apoio a apresentações orais, escolhendo e usando tipos e tamanhos de fontes que permitam boa visualização, topicalizando e/ou organizando o conteúdo em itens, inserindo de fórma adequada imagens, gráficos, tabelas, fórmas e elementos gráficos, dimensionando a quantidade de texto (e imagem) por slide, usando progressivamente e de fórma harmônica recursos mais sofisticados como efeitos de transição, slides mestres, layouts personalizados etcétera

(ê éfe seis nove éle pê quatro dois) Analisar a construção composicional dos textos pertencentes a gêneros relacionados à divulgação de conhecimentos: título, (olho), introdução, divisão do texto em subtítulos, imagens ilustrativas de conceitos, relações, ou resultados complexos (fotos, ilustrações, esquemas, gráficos, infográficos, diagramas, figuras, tabelas, mapas) etcétera exposição, contendo definições, descrições, comparações, enumerações, exemplificações e remissões a conceitos e relações por meio de notas de rodapé, boxes ou links; ou título, contextualização do campo, ordenação temporal ou temática por tema ou subtema, intercalação de trechos verbais com fotos, ilustrações, áudios, vídeos etcétera e reconhecer traços da linguagem dos textos de divulgação científica, fazendo uso consciente das estratégias de impessoalização da linguagem (ou de pessoalização, se o tipo de publicação e objetivos assim o demandarem, como em alguns podcasts e vídeos de divulgação científica), 3ª pessoa, presente atemporal, recurso à citação, uso de vocabulário técnico/especializado etcétera como fórma de ampliar suas capacidades de compreensão e produção de textos nesses gêneros.

(ê éfe seis sete éle pê três oito) Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem, como comparação, metáfora, metonímia, personificação, hipérbole, dentre outras.

Uma Estatística

As crianças,

sem um tiro aliás,

e isso

é que tornava o caso ainda mais espantoso,

morriam mais do que índios nos filmes norte-americanos,

e quando a gente acaso perguntava, para se mostrar atenciosos

“Quantos filhos a senhora têm, comadre?"

A comadre respondia, com ternura:

"Eu tenho quatro filhos e nove anjinhos".

QUINTANA, Mario. A Cor do invisível. sexta edição São Paulo: Globo, 2003. página 73.

Ainda que não tenhamos o contexto temporal e a localidade desse diálogo, a partir da análise do uso do termo "comadre", podemos inferir que se trata de alguma localidade rural, periférica e com poucos recursos de saúde, saneamento básico e outros direitos importantes para garantir a vida. O eu-lírico se espanta com a mortalidade das crianças, expostas não à violência ligada ao tiro, mas a outra fórma de violência, relacionada à fome e à miséria. O título complementa o sentido dessa crueldade, uma vez que para a mãe, a comadre, os filhos que morreram são "anjinhos". Entretanto, figuram como mera "estatística" em pesquisas do campo político, jornalístico e midiático.

Assim, temos dois focos nesta segunda etapa: um na pesquisa e na seleção de gráficos e/ou infográficos, com a sistematização das informações e dos dados revelados por eles, e outro no tratamento poético desses dados, com vistas à elaboração de um cordel. Por isso, dessa vez, os grupos vão se dividir em duas grandes frentes de trabalho:

Frente de trabalho 1

Estudo dos gráficos e/ou infográficos e sistematização dos dados.

Frente de trabalho 2

Elaboração dos cordéis.

De qual delas você quer participar? Informe ao seu professor.

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Saúde.
Ícone. Tema contemporâneo transversal: Cidadania e civismo.
Ícone. Tema contemporâneo transversal: Meio ambiente.
Ícone. Tema contemporâneo transversal: Economia.

Atividade para a frente de trabalho 1

O que os dados e as informações de gráficos e infográficos nos revelam

Se você decidir participar da frente de trabalho que se voltará para os gráficos e os infográficos, reúna-se com dois ou três colegas para escolher um tema. Cada tema poderá ser explorado por apenas um grupo. Por isso, o professor acompanhará a escolha dos temas e, se houver coincidências, fará um sorteio. Os temas sugeridos são:

  • meio ambiente;
  • trabalho infantil;
  • evasão escolar;
  • desemprego;
  • saúde pública;
  • redes sociais.

Se a turma julgar que há outros temas relevantes, eles podem ser incluídos.

Respostas e comentários

Orientação

Antes de falar com os estudantes sobre as frentes de trabalho desta etapa do projeto, destaque a empatia e o respeito aos indivíduos no tocante aos dados estatísticos que são informados nos gráficos e infográficos e as notícias veiculadas nos jornais.

Peça aos estudantes que se manifestem sobre sua preferência em relação às duas atividades previstas para esta etapa: a que focará os gráficos e os infográficos ou a que se voltará para a elaboração dos poemas. Em seguida, divida a turma em dois grandes grupos.

Acompanhe a divisão dos grupos e a escolha dos temas. É necessário que essa frente de trabalho tenha o mesmo número de grupos que a da outra frente, para que eles possam trabalhar pareadamente. Para isso, sua orientação será imprescindível.

Para a escolha do tema, promova uma conversa sobre os temas sugeridos, abordando os assuntos a eles relacionados, com enfoque nos temas transversais aos quais eles se relacionam, como: Economia, Meio ambiente, Cidadania e civismo e Saúde.

Com o tema escolhido, organize-se com seu grupo para pesquisar gráficos ou infográficos a respeito dele. Vocês podem fazer a pesquisa em jornais e revistas científicas impressos ou na internet, em institutos de pesquisa, por exemplo. E também podem recorrer aos professores de Ciências, Geografia ou História (dependendo do tema que cada um trabalhar), que poderão ajudar com as fontes dessa pesquisa. Escolham um gráfico ou infográfico, imaginando qual seria o mais adequado para constituir o mote para um cordel.

Depois, você e seus colegas vão estudar o gráfico ou infográfico escolhido e sistematizar ainda mais sinteticamente os dados ou as informações que gostariam de ver tratados em um cordel. Seguem algumas dicas:

  • leiam atentamente o gráfico ou infográfico escolhido;
  • selecionem e registrem as informações mais relevantes para vocês e mais propícias à elaboração de um cordel;
  • localizem palavras-chave no gráfico ou no infográfico;
  • busquem no repertório de vocês palavras que se assemelhem a essas palavras-chave tanto do ponto de vista semântico (do significado) quanto em relação à sonoridade;
  • façam uma lista dessas palavras para depois selecionarem apenas as pertinentes.

Esse texto de síntese e a relação das palavras-chave e das correlatas deverão ser digitados em um editor de texto e impressos para serem entregues ao professor e a um dos grupos da frente 2.

  • Selecionem um gráfico ou infográfico pensando que, com base nos dados revelados nele, será criado um cordel.
  • Não se esqueçam de citar a fonte do gráfico ou infográfico escolhido.

Atividade para a frente de trabalho 2

Como um cordel pode expressar a realidade nua e crua

Se você optar por participar da frente de trabalho que se voltará para a criação de um cordel, reúna-se com dois ou três colegas. Cada grupo dessa frente receberá o resultado do trabalho de um dos grupos da frente de trabalho com gráficos e infográficos, para elaborar seu cordel. Para essa produção, seguem algumas orientações:

  • leia com seus colegas de grupo a síntese, as palavras-chave e a lista de palavras semelhantes que o professor passar para vocês;
  • explorem as informações e selecionem as que forem utilizar no cordel;
  • avaliem cada palavra-chave e a palavra relacionada ou as palavras relacionadas em sua totalidade: pensem no significado e nos sons, buscando semelhanças de sentido e de sons;
  • observem a tonicidade de cada palavra: paraxítonas no final dos versos, por exemplo, podem dar um ritmo bastante marcado ao cordel; a repetição de paroxítonas ou oxítonas também é um artifício interessante;
  • procurem empregar figuras de linguagem que já conhecem: metáfora, hipérbole, ironia e eufemismo.

E lembrem-se: o objetivo será despertar no leitor o mesmo sentimento que os impulsionou a escrever o cordel!

  • Não se esqueçam de, ao final da elaboração do cordel, ler em voz alta para identificar se há ajustes sonoros ou de ritmo a serem feitos.
  • Digitem o cordel em um editor de texto, pensando na melhor diagramação.
  • Escolham recursos musicais ou sonoros como pano de fundo. Selecionem e guardem em arquivos para a composição da apresentação final.

Atividade para os grupos pareados

Montando uma apresentação

Agora, as frentes de trabalho vão se unir: os responsáveis pelo trabalho com gráficos e infográficos com os correspondentes da frente de cordéis.

  • o primeiro slide será a apresentação do tema selecionado e dos componentes dos dois grupos que trabalharam juntos esse mesmo tema;
  • o segundo slide será composto do gráfico ou infográfico que deu origem ao cordel, com a fonte registrada também;
  • o terceiro slide deverá conter a lista de palavras-chave e de palavras semelhantes;
  • o quarto slide trará o cordel que resultou do trabalho do segundo grupo.

Nesta etapa, a participação do professor de Arte é importante, pois ele poderá orientar a elaboração de um layout de apresentação interessante.

Ilustração. Uma sala com mesas, cadeiras giratórias e alguns computadores; ao fundo há painéis brancos com post-its e folhas de papel colados. Na sala, há um menino usando blusa vermelha de mangas compridas, headphones e calça escura; ele está de costas, sentado em uma das cadeiras giratórias, com as mãos sobre o teclado de um computador. À direita dele, há uma menina com cabelos ruivos presos atrás da cabeça, usando blusa lilás de mangas compridas e calça escura; ela também está de costas, sentada diante de um computador, com um dedo apontado para o monitor. Ao lado dela, em pé, há um homem com cabelos castanhos e barba, usando óculos, blusa vermelha de mangas compridas e calça escura; ele sorri, com as mãos na cintura.
  • O cordel pode ser ilustrado.
  • Salvem e guardem a apresentação para o evento final do projeto.
Respostas e comentários

Orientação

Caso não seja possível trabalhar com slides de editor de apresentações, desenvolva a proposta com base na montagem de cartazes.

Glossário

granar
: criar milho, trigo; dar fórma de grão a algo.
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encarnada
: de cor avermelhada.
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Mocho
: tipo de coruja que não possui penacho ou tufo de penas na cabeça.
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