UNIDADE 8  O diálogo em cena

Faça as atividades no caderno.

Fotografia. À esquerda, Oprah, uma mulher negra com cabelos pretos na altura dos ombros, usando uma blusa dourada, saia marrom e sapatos de salto alto dourados. Ela está sentada em uma poltrona de couro marrom, sorrindo. Há um microfone de lapela preso à sua blusa. À direita, Toni, mulher negra com cabelos grisalhos com dreadlocks, presos atrás da cabeça; ela usa vestido preto e um xale estampado; está sentada em uma poltrona e há um microfone de lapela preso à gola do vestido. Entre elas, há uma mesa com flores, garrafas de água e copos. Ao fundo há uma mesa maior; sobre ela há pilhas de livros, flores e plantas e castiçais.
A entrevistadora ôpra uínfrei (esquerda) e a autora vencedora do prêmio Carl Sandburg, Toni Morissôn, participam do jantar de premiação literária Carl Sandburg na Universidade de Illinois, no Fórum de Chicago, Estados Unidos, em 20 de outubro de 2010.
  1. Observe a fotografia. Considerando o título da Unidade, a legenda da fotografia e a imagem em si, responda: o que está acontecendo na cena? Quem são as pessoas envolvidas?
  2. Leia o texto do boxe Saiba+ para conhecer um pouco mais sobre Toni Morissôn. Considerando o que você leu, qual terá sido o foco da entrevista? Troque ideias com os colegas e o professor.
  3. Direcione o foco da sua conversa com os colegas e o professor para a entrevista como um gênero textual.
    1. Você costuma ler entrevistas ou assistir a elas?
    2. Como foram as entrevistas que você leu ou aquelas às quais você assistiu? Você notou semelhanças ou diferenças entre elas?

Saiba +

Toni Morissôn (1931-2019)

Toni Morissôn foi professora, editora e escritora estadunidense. Ela foi a primeira escritora negra a receber o prêmio Nobel de literatura, em 1993. Responsável pelo crescimento da literatura afro-americana, ela ganhou destaque da crítica internacional por abordar em suas obras a condição dos negros nos Estados Unidos. Entre outras premiações, venceu, em 2010, o Prêmio Literário Carl Sandburg, retratado na imagem de abertura em que está sendo entrevistada por ôpra uínfrei, no jantar de premiação.

Respostas e comentários

1. Está acontecendo uma entrevista durante um jantar de premiação literária. A entrevistadora é ôpra uínfrei e a entrevistada é Toni Morissôn, vencedora do Prêmio Literário Carl Sandburg.

2. Provavelmente, o foco da entrevista foi a trajetória da autora, suas obras e sua premiação.

3. a) Resposta pessoal.

3. b) Espera-se que os estudantes reconheçam as características comuns ao gênero entrevista.

Competências gerais da Bê êne cê cê: 3, 4, 5, 6, 9 e 10.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2 e 3.

Competências específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 10.

Objetos de conhecimento

Leitura: apreciação e réplica; relação entre gêneros e mídias; estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto.

Oralidade: produção de textos jornalísticos orais; planejamento e produção de textos jornalísticos orais; participação em discussões orais de temas controversos de interesse da turma e/ou de relevância social; estratégias de produção; planejamento e produção de entrevistas orais; procedimentos de apoio à compreensão; tomada de nota.

Produção de textos: relação do texto com o contexto de produção e experimentação de papéis sociais; textualização; estratégia de produção: planejamento de textos reivindicatórios ou propositivos.

Análise linguística/semiótica: construção composicional; estilo; variação linguística; fono-ortografia; elementos notacionais da escrita; morfossintaxe; coesão; modalização.

Sobre esta Unidade

Nesta Unidade, as leituras, o trabalho com oralidade e a produção de texto se voltam para entrevistas. A comparação entre o texto escrito e o texto oral, foco dos conhecimentos linguísticos e gramaticais, relaciona-se com a interface oral/escrita das entrevistas, que ora são apenas orais, ora apenas escritas (de perguntas enviadas por um jornal e respondidas por e-mail, por exemplo), ora são orais e depois transcritas, editadas ou não. Apresenta-se também a noção de turnos de fala, além de se trabalhar com a variação linguística situacional.

Leitura 1

Faça as atividades no caderno.

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Cidadania e civismo.

Contexto

Você vai ler uma entrevista concedida pela escritora e cordelista Jarid Arraes ao site do Projeto Afreaka, que tem o intuito de revelar uma África não estereotipada presente no Brasil, atenta às expressões culturais. Nesta entrevista, Jarid discorre sobre seu trabalho intitulado As lendas de Dandara, que gira em torno de Dandara dos Palmares, conhecida como companheira de Zumbi dos Palmares.

Antes de ler

Considere o contexto apresentado e o título da entrevista que você vai ler e responda:

  • Qual será o conteúdo das perguntas feitas a Jarid Arraes?
  • A que tipo de público essa entrevista provavelmente interessará?

Jarid Arraes

AUTORIA

Nasceu em 12 de fevereiro de 1991, em Juazeiro do Norte, no Ceará, onde viveu até 2014, quando se mudou para São Paulo. Filha e neta de cordelistas, a jovem escritora manteve estreito contato com a literatura de cordel, além de ter acesso a obras de escritores consagrados, como Carlos Drumôn de Andrade, Manuel Bandeira, Ferreira Gullar e Paulo Leminski. Nessa imersão, percebeu a escassez de nomes femininos no meio literário, o que contribuiu para que ela resolvesse se dedicar à pesquisa sobre mulheres de peso histórico, nas diferentes áreas da produção do conhecimento, com o objetivo de valorizá-las. Escreveu para blogs, portais e revistas, publicando poemas ou matérias envolvidas com o movimento feminista, o movimento contra o racismo e outros temas relacionados à opressão social em suas variadas facetas.

Saiba +

Clube da Escrita para Mulheres

Em 2015, Jarid Arraes fundou, em São Paulo, o Clube da Escrita para Mulheres, com o intuito de motivar mulheres já escritoras ou que desejam ser. Em 2017, esse clube se tornou um coletivo, compondo-se por algumas das participantes mais assíduas. Atualmente, dedica-se a promover e realizar eventos literários, oficinas, auxiliar mulheres que querem publicar seus trabalhos e dar continuidade aos encontros de escrita periódicos e gratuitos.

Logotipo. Composto pelo texto CLUBE DA ESCRITA PARA MULHERES, escrito em letras roxas, sobre fundo circular amarelo. A palavra 'PARA' está sublinhada e há uma pequena seta roxa apontando para a palavra 'CLUBE'.
Logotipo do projeto que incentiva a produção literária feminina.
Respostas e comentários

Sobre Contexto

Converse com os estudantes sobre Jarid Arraes, explorando a minibiografia apresentada, e retome o que eles estudaram sobre literatura de cordel na Unidade 4. Leia com eles o Saiba+ para situar a atuação da autora.

A discussão mobilizada sobre a cultura africana e racismo está articulada ao tema transversal Cidadania e civismo (subtema: Educação em direitos humanos).

Aproveite a leitura para conversar com os estudantes sobre os pontos levantados por Jarid que tenham convergência com essa temática para que sejam discutidos em uma roda de conversa.

Sobre Saiba+

Se possível, navegue com os estudantes pelo site Afreaka e antecipe a leitura do Saiba+ da página 282, para que eles se familiarizem com o contexto em que a entrevista circulou antes de os estudantes começarem a leitura da entrevista propriamente.

Habilidades trabalhadas nesta seção e suas subseções (Estudo do texto e O gênero em foco)

(ê éfe seis nove éle pê zero três) Identificar, em notícias, o fato central, suas principais circunstâncias e eventuais decorrências; em reportagens e fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva de abordagem, em entrevistas os principais temas/subtemas abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a esses subtemas; em tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou humor presente.

(ê éfe seis nove éle pê um seis) Analisar e utilizar as fórmas de composição dos gêneros jornalísticos da ordem do relatar, tais como notícias (pirâmide invertida no impresso versus blocos noticiosos hipertextuais e hipermidiáticos no digital, que também pode contar com imagens de vários tipos, vídeos, gravações de áudio etcétera), da ordem do argumentar, tais como artigos de opinião e editorial (contextualização, defesa de tese/opinião e uso de argumentos) e das entrevistas: apresentação e contextualização do entrevistado e do tema, estrutura pergunta e resposta etcétera

Escritora negra Jarid Arraes fala sobre sua obra e influência nordestina

Fotografia. Destaque para o busto de Jarid, mulher com cabelos compridos crespos, usando óculos, colar, blusa e jaqueta pretas. Ela sorri e segura um pequeno folheto de cordel, em cuja capa há o título QUEM TEM CRESPO É RAINHA.

“Me considero tão representante quanto todas as outras mulheres negras que estão na labuta do cotidiano e se expressam pela escrita, pelas artes.”

É por meio da rima e da cultura popular que a escritora Jarid Arraes, cearense de Juazeiro do Norte, consegue naturalizar temas ainda tabus reticências. Filha e neta dos cordelistas, Jarid mantém viva a tradição que marcou sua infância, mas dá ao cordel um tom a ele pouco associado: de luta e engajamento político. 

Desde o seu primeiro título, Dora, A Negra e Feminista, Jarid assumiu a missão de não apenas representar, mas de dar alma e voz a grupos excluídos da literatura brasileira, e hoje a escritora é uma forte atuante na luta dos direitos raciais e da diversidade de gênero. Com apenas 25 anos, é colunista da revista Fórum, autora de mais de 40 títulos em cordel, estudante de psicologia e feminista. Ainda, Jarid Arraes recentemente publicou As Lendas de Dandara, livro imensamente importante para o enaltecimento histórico de nossas mulheres negras e guerreiras: são dez contos ficcionais sobre a quilombola Dandara dos Palmares, conhecida como companheira de Zumbi dos Palmares. 

Em entrevista exclusiva ao AFREAKA, Jarid relata a importância do cordel e da sua preservação como fórma de resistência sociocultural:

AFREAKA: Você vem de um contexto de tradição cordelista. Qual foi o momento em que sentiu impulso para publicar seu primeiro cordel? Quando foi isso? 

Jarid: Senti necessidade de manter viva a tradição da minha família e honrar a arte do meu povo: essa foi a minha maior motivação. Mas sempre pensando em criar personagens mais diversos, diferentes dos que eu estava habi-tuada a ler e encontrar não só nos cordéis, mas na literatura como um todo. Há mais ou menos quatro anos tive uma conversa com meu pai sobre minha preocupação em ver a tradição do cordel morrer, e ele me deu todo apoio para que eu escrevesse minha primeira obra. Eu achava que não ia conseguir, mas foram muitos anos lendo cordel, desde muito criancinha, ouvindo a melodia dos versos, o ritmo, as rimas, então as palavras saíram de fórma muito fluida. Sempre amei a literatura de cordel, as xilogravuras que meu avô e meu pai faziam enquanto eu crescia, então manter viva essa tradição é uma alegria imensa para mim.

AFREAKA: Quantos cordéis já foram publicados até hoje? 

Jarid: Até o momento, tenho 40 títulos publicados em cordel e mais 20 que estão esperando para serem lançados no próximo mês. 

AFREAKA: Os seus cordéis costumam abordar temas como a comunidade negra, questões de gênero e o feminismo. Considerando que a produção e o consumo cordelista estão vinculados a uma tradição conservadora, qual foi o público que você pretendia atingir inicialmente? Esse público continua o mesmo hoje?

Jarid: Quando decidi publicar meus primeiros cordéis, não pensei em atingir apenas um tipo de público; embora muitas pessoas tenham valores mais conservadores ou até mesmo preconceituosos, eu sempre acreditei que é possível mudar essa realidade com boas informações, com uma educação de qualidade. Lancei meus cordéis com a intenção de apresentar novas histórias para quem estava acostumado a ler o cordel debochando das pessoas negras, dos gays, das mulheres, e também pensando em apresentar a literatura de cordel para quem ainda não conhecia. E esse meu desejo deu muito certo porque as pessoas que procuram meus cordéis são muito diversas: tem gente que chega porque já lia cordel e achou meus títulos interessantes e tem gente que chega porque considera os temas necessários. A maior parte das pessoas que compram meus cordéis e apoiam meu trabalho são professores e educadores; todos os dias recebo muitos e-mails de professores que usam meus cordéis em sala de aula e isso é profundamente gratificante.

Respostas e comentários

Orientação

Peça aos estudantes que façam uma leitura silenciosa individual. Depois, converse com eles sobre a composição da entrevista: marque o título (“Que informações o título traz sobre a entrevista?”), destaque a fotografia e a legenda (“O que a entrevistada está mostrando na fotografia? Em que ambiente ela se encontra? Por que será que ela foi fotografada para a entrevista nesse ambiente? A legenda está enfatizando o quê?”), explore o texto introdutório (“O que traz o trecho inicial da entrevista? Por que esse texto introduz a entrevista?”), comente a entrada das questões e das respostas (“Como são marcadas as entradas das perguntas e as respostas?”), aprofunde-se nas perguntas e nas respostas (“Quantas perguntas e quantas respostas há nessa entrevista? Sobre o que trata cada par de pergunta/resposta?”) etcétera

AFREAKA: O seu sucesso está vinculado, entre muitas razões, à representatividade dos negros, das mulheres e da comunidade éle gê bê tê na literatura, comumente excluídos da mesma. Quais são os títulos mais procurados?

Jarid: Os títulos mais procurados são os da coleção de grandes mulheres negras da história do Brasil, que são os cordéis que contam as histórias de mulheres como Dandara dos Palmares, Antonieta de Barros e Carolina Maria de Jesus. Outra coleção muito procurada é a de cordéis infantis: neles eu conto histórias com personagens crianças que superam desafios e preconceitos, como uma garotinha gorda que queria ser bailarina, uma menina que gostava de jogar futebol e também a história de uma princesinha negra de cabelo crespo que descobre que seus fios são mágicos. É uma fórma divertida e bonita de abordar assuntos que muitas vezes são difíceis.

AFREAKA: Você é considerada uma representante da luta negra e feminista. Como trilhou esse caminho para chegar até aqui? 

Jarid: Me considero tão representante quanto todas as outras mulheres negras que estão na labuta do cotidiano e se expressam pela escrita, pelas artes. Para mim, seria impossível não trazer temas como esses para meus trabalhos, porque eles fazem parte de quem eu sou e de como enxergo o mundo. Na verdade, temos tão poucas protagonistas negras nos livros, sobretudo naqueles que alcançam bastante sucesso, que a simples presença de uma personagem principal negra já é um ato de representação, de mudança.

AFREAKA: Nos conte mais sobre o seu trabalho recente, As Lendas de Dandara. Qual a importância dessa publicação? 

Jarid: Em As Lendas de Dandara eu usei algumas informações um pouco mais conhecidas sobre Dandara dos Palmares, que é contada como esposa de Zumbi dos Palmares, e criei uma história ficcional; foi uma tentativa de tornar mais conhecida uma grande mulher negra que merece ser pesquisada, que merece ser mencionada e tomada como exemplo de coragem e liderança. Quando ouvi falar de Dandara, quis dividir esse conhecimento com outras pessoas; depois de alguns meses, publiquei na revista Fórum o texto “E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi?” e recebi muitos comentários que questionavam a real existência da guerreira. Em alguns, diziam que Dandara não era nada mais do que uma lenda. Então decidi criar As Lendas de Dandara, pois nem mesmo lendas nós encontrávamos a seu respeito. Agora nós temos!

É muito importante para mim ter esse livro publicado, pois cresci sem que garotas e mulheres negras aparecessem no entretenimento e na literatura como mulheres que conquistaram grandes coisas, que realizaram feitos que merecem ser lembrados, eu só via as pessoas negras — como eu — retratadas de maneira desimportante, sem destaque, sem que fossem personagens com protagonismo na literatura, e isso fez diferença na minha formação e no meu próprio reconhecimento como negra. Somente quando comecei a entender a história dos meus ancestrais, que eu aprendi sobre o continente africano, sua diversidade, suas contribuições para a humanidade, foi que percebi que eu também era fruto desse povo, que eu poderia e deveria sentir orgulho das minhas raízes e que minhas características físicas também eram parte dessa história.

Esse livro é o resultado de muitos anos buscando por grandes mulheres negras em quem eu pudesse me espelhar. Dandara, que tem sua existência cercada de controvérsias, é um excelente exemplo de quem foram essas mulheres negras do passado, que lutaram e fizeram tanto para que hoje eu pudesse escrever e publicar livros e cordéis.

Também é imprescindível dizer que ainda precisamos de referências para as crianças negras, pois na grande mídia e nas escolas a história e a cultura afro-brasileira são muito negligenciadas. Eu espero que As Lendas de Dandara possa chegar a muitas pessoas, crianças e adultos, e que faça uma real diferença para além de ser uma leitura, mas que cause impactos positivos na autoestima dessas pessoas e na fórma como as pessoas negras são vistas em nossa sociedade. reticências

Escritora negra Jarid Arraes fala sobre sua obra e influência nordestina. Entrevista concedida ao Projeto Afreaka. Disponível em: https://oeds.link/q9RlhH. Acesso em: 25 março 2022.

Respostas e comentários

Orientação

Se julgar oportuno, antecipe a leitura do Saiba+ da página 283, para que os estudantes saibam quem foi a personagem homenageada pelo cordel de Jarid Arraes mencionado na entrevista.

Sugestão

Como a Unidade trabalha com a comparação entre o oral e o escrito, proponha uma leitura em dupla (combinar duplas alternadas para cada par de pergunta/resposta). Peça às duplas que leiam com atenção o que vão falar em voz alta e ensaiem antes de ler para a classe. Explique que a intenção dessa leitura é tentar imaginar e recuperar a expressividade da jornalista entrevistadora e da autora entrevistada. Esse pode ser o início de uma discussão sobre diferenças entre a entrevista escrita e a oral, que pode ser ouvida e, se for filmada, vista. Nesta, a expressão facial, as marcas de oralidade (hesitação, repetição, aumento da altura da voz etcétera), os gestos, entre outros elementos, contribuem para a construção do sentido das falas.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Após a leitura da entrevista e retomando as hipóteses levantadas anteriormente, responda:
    1. As suas suposições tanto sobre os temas das perguntas da entrevista concedida por Jarid Arraes quanto sobre o público que se interessaria por ela se confirmaram?
    2. Explique como você deduziu essas informações.
  2. Considerando o foco do Projeto Afreaka e o contexto da entrevista, responda:
    1. Qual é a importância de haver no título da entrevista o adjetivo negra atrelado ao substantivo escritora?
    2. De que maneira esse adjetivo e o próprio conteúdo da entrevista relacionam-se ao Projeto Afreaka?
  3. Depois da fotografia, há um pequeno trecho, entre aspas, que foi transcrito da entrevista reproduzida em seguida:

Me considero tão representante quanto todas as outras mulheres negras que estão na labuta do cotidiano e se expressam pela escrita, pelas artes.

  • Levante uma hipótese do motivo pelo qual esse fragmento foi escolhido para estar em destaque.
  1. Antes da entrevista, há uma breve introdução, que se inicia por “É por meio da rimareticências” e finaliza com “reticências como fórma de resistência sociocultural”.
    1. Que tipos de informação essa introdução expõe?
    2. Quais outras informações são apresentadas, na introdução, a respeito da escritora? Elas despertam seu interesse em ler a entrevista?
  2. No primeiro parágrafo da introdução à entrevista, há a expressão engajamento político: “mas dá ao cordel um tom a ele pouco associado: de luta e engajamento político”. Se julgar necessário, procure no dicionário o significado da palavra “engajamento” e explique o sentido dessa expressão. Em seguida, construa, com seus colegas, o sentido da expressão engajamento político tendo em vista o contexto da entrevista e a pesquisa da palavra.
  3. O que pode significar a expressão entrevista exclusiva, presente no último parágrafo dessa introdução: “Em entrevista exclusiva ao AFREAKAreticências”?
  4. Há, no começo da entrevista, ausência de saudações: o leitor tem contato direto com a primeira pergunta. O que poderia explicar isso?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Entrevista e edição

Antes da publicação, as entrevistas são editadas, ou seja, têm algumas ou várias de suas partes cortadas, suprimidas. Isso pode acontecer porque certas passagens são irrelevantes ao público, como é o caso das saudações ou de comentários alheios ao que está sendo tratado na entrevista; porque não interessa a publicação de certas falas, por razões políticas, por exemplo; ou porque se quer distorcer a imagem do entrevistado, publicando trechos descontextualizados que possam comprometê-lo.

Saiba +

Projeto Afreaka

O Projeto Afreaka visa à valorização do continente africano, reunindo reportagens, entrevistas, notícias, artigos e vídeos com artistas africanos ou afro-brasileiros. A jornalista Flora Pereira da Silva e o designer Natal de Aquino, criadores do projeto, buscam contar histórias que fujam do que, costumeiramente, se relaciona aos países africanos (como pobreza, fome e guerra), voltando-se para as expressões coletivas e individuais das culturas locais, com temáticas como música, literatura, arte, culinária, arquitetura, entre outras.

Página de internet. Na parte superior há o nome do site: afreaka. Logo abaixo, uma barra de menu. Mais abaixo, a fotografia de um homem negro usando chapéu colorido, ao lado da fotografia de páginas de HQ e do texto: BOUREIMA NABALOUM: o Picasso africano.
Reprodução da página do site Projeto Afreaka.
Respostas e comentários

1. a) Resposta pessoal.

1. b) Resposta pessoal.

2. b) A escrita de Jarid Arraes, uma autora negra, representa também a voz africana.

4. b) Resposta pessoal.

5. Significa participar ativamente da política, de tudo o que diz respeito à vida pública, à cidadania.

6. Significa que a entrevista foi concedida de fórma única, um privilégio dado ao site Afreaka.

7. Considerando as saudações como mera formalidade, o mais importante era reproduzir o que Jarid Arraes manifestou a respeito de sua obra.

Respostas

1. a) Verifique se os estudantes, pelo contexto dado e pelo título da entrevista, concluíram que, provavelmente, o conteúdo das perguntas feitas a Jarid Arraes versaria sobre os temas presentes em sua obra, como questões referentes aos direitos raciais e à luta feminista, e que o público que se interessaria pela entrevista seria formado pelas pessoas atentas a essa temática.

b) Para a resposta sugerida no item a, pode ser o fato de a entrevista ter sido concedida a um site que trata da presença da cultura africana no Brasil, além da pequena apresentação da autora feita antes da leitura do texto.

2. a) Pela entrevista, sabe-se que Jarid Arraes luta pela valorização da figura negra no Brasil. Intitular-se como uma escritora negra, especialmente ao se considerar sua relevância no meio literário, é mais uma fórma de enaltecer a negritude.

3. Porque a pessoa encarregada pela edição da entrevista julgou que esse trecho é relevante, talvez por sintetizar bem o perfil da entrevistada. Ao colocar esse fragmento logo depois da fotografia, deu-se a ele uma posição de destaque e sugeriu-se que Jarid Arraes é uma escritora que se põe no mesmo patamar de outras mulheres negras.

4. a) A introdução apresenta Jarid Arraes a quem, eventual­mente, não a conhece. Trata brevemente de sua formação cultural, das características de sua obra e das diversas fórmas de atuação.

b) Apresenta-se a origem da escritora, contextualizando a cidade de nascimento, as influências da cultura cordelista vivenciadas desde a infância e as obras escritas por ela ao longo de sua trajetória. Estimule os estudantes a refletirem se as questões tratadas por Jarid Arraes em sua obra, mencionadas na introdução à entrevista, de alguma maneira são interessantes a eles.

Faça as atividades no caderno.

  1. Você conhece literatura de cordel? E literatura com teor político, você já leu?
  2. Nas perguntas feitas pela entrevistadora, percebem-se casos em que ela tenta situar o leitor a respeito das características da obra de Jarid Arraes.
    1. Transcreva um desses casos.
    2. Explique a estratégia desse movimento da entrevistadora.
Ilustração. Destaque para cinco folhetos de cordéis com capas coloridas. Nas capas há os títulos: QUEM TEM CRESPO É RAINHA. OS CACHINHOS ENCANTADOS DA PRINCESA, CAROLINA MARIA DE JESUS, A RAINHA DE TURBANTE e TEREZA DE BENGUELA.
Capas de alguns dos cordéis da autora Jarid Arraes.
  1. Ao longo da entrevista, em geral verifica-se a ausência de marcas de oralidade. Considerando o meio e a fórma pelos quais a entrevista foi publicada, como você explicaria isso?
  2. Quanto ao formato, a entrevista está marcada pela intercalação de perguntas e respostas. Como isso está representado graficamente?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Turnos de fala

Em entrevistas e em conversações, em geral, as pessoas não falam todas ao mesmo tempo, mas utilizam falas alternadas chamadas de turnos de fala. Cada vez que um falante toma a palavra, inicia-se um turno. Sem essa alternância, não haveria diálogo. Decidir quem fala, quando e por quanto tempo é uma negociação que ocorre constantemente entre os participantes da conversação. Observe como acontece essa alternância na entrevista de Jarid Arraes.

12. Avalie as proposições a seguir e copie em seu caderno a afirmação correta ou as afirmações corretas.

Versão adaptada acessível

12. Avalie as proposições a seguir e registre a(s) afirmação(ões) correta(s).

um Jarid Arraes decidiu filiar-se à tradição cordelista para manter viva a cultura de seu povo.

dois Com seus cordéis, Jarid Arraes deseja alcançar apenas os leitores que não conhecem essa tradição, pois sua missão é perpetuá-la.

três Os livros da coleção sobre grandes mulheres negras do Brasil não estão entre os mais procurados de Jarid Arraes, comprovando a irrelevância do tema dentro de sua obra.

quatro No livro As lendas de Dandara, todos os fatos são reais e comprovados historicamente.

  1. Com base em que fato Jarid Arraes resolveu usar a palavra lenda no título de seu livro As lendas de Dandara?
  2. Em seu caderno, associe as afirmações considerando o percurso do conteú­do das perguntas feitas pela entrevistadora a Jarid Arraes.

um Início da entrevista.

dois Desenvolvimento da entrevista.

três Desfecho da entrevista.

  1. Pergunta específica sobre o livro As lendas de Dandara.
  2. Pergunta sobre as motivações para o começo da carreira literária.
  3. Perguntas relacionadas à temática que permeia a obra de Jarid Arraes.

Saiba +

Quem foi Dandara

Há poucos registros históricos que comprovem a existência de Dandara. Relatos dão conta de que Dandara, companheira de Zumbi, conhecia as técnicas da capoeira e teria lutado ao lado dos negros e liderado as estratégias de administração e defesa do Quilombo dos Palmares. Atualmente, Dandara, referência no movimento negro, é homenageada por grupos feministas. Ela sobrevive no imaginário popular como mãe e companheira combatentes. No cinema, a personagem é eternizada pela atriz Zezé Motta no longa-metragem Quilombo, de Cacá Diegues (produção de 1984).

Respostas e comentários

12. Afirmação verdadeira: um.

14. um. b; dois. c; três. a.

Respostas (continuação)

8. Ouça e valorize as percepções dos estudantes quanto às características da literatura de cordel, retomando conhecimentos trabalhados anteriormente. O cordel produzido por Jarid Arraes se alinha ao teor político de engajamento, com uma literatura social que discute temas considerados tabus, sempre com o intuito de esclarecer e incentivar o respeito e o acolhimento às diferenças.

9. a) Em sua terceira intervenção, o entrevistador afirma, antes de realizar a pergunta: “Os seus cordéis costumam abordar temas como a comunidade negra, questões de gênero e o feminismo”.

b) Além de servir para contex­tua­lizar a pergunta para a própria entrevistada, esse movimento resulta em um alcance maior da entrevista em relação ao público que a lerá. Para as pessoas que pouco ou nada conhecem sobre a obra de Jarid Arraes, informar essas características antes da pergunta facilita o entendimento da discussão.

10. O fato de ter sido publicada em um site, por escrito, é uma razão que explica a ausência das marcas de oralidade. Durante a edição, optou-se por cortá-las e usar uma linguagem mais formal.

11. Primeiramente, há, em destaque gráfico, o nome do entrevistador, que, no caso, é a página Afreaka, seguido de dois-pontos e da questão feita. Dá-se um espaço e, logo abaixo, aparece a resposta, que é antecedida pelo nome do entrevistado, também em destaque gráfico e seguido de dois-pontos.

13. Jarid Arraes relata que, quando publicou um texto intitulado “E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi?”, recebeu comentários que afirmavam que Dandara, uma figura histórica, é apenas uma lenda, ou seja, que não existiu. Jarid teve, então, a ideia de escrever um livro que mesclasse história real com história ficcional, pois verificou que nem mesmo existiam lendas sobre essa figura. A presença da palavra “lenda”, portanto, provém disso.

O gênero em foco

Faça as atividades no caderno.

Entrevista

A entrevista é um dos vários gêneros do meio jornalístico e pode ser entendida como a conversa que visa à coleta de informações sobre determinado assunto de interesse público ou a matéria divulgada que dela resulta. Portanto, é um gênero cuja produção é marcada, necessariamente, pela interação entre pessoas que assumem a função de entrevistador ou de entrevistado. A entrevista acontece, então, com a alternância dos turnos de fala.

Ela costuma ser oral, mas pode ser feita por escrito. Quando é feita oralmente e publicada em alguma revista, jornal impresso ou site, é comum ocorrer edição nas respostas, o que acaba por apagar, em maior ou menor grau, as marcas de oralidade. As entrevistas circulam em revistas ou jornais impressos ou digitais, na tevê, no rádio, em blogs etcétera

De acordo com os objetivos da entrevista, ela pode ser classificada em:

Ritual

Centrada na aparição do entrevistado, relevante sob algum ponto de vista, e não naquilo que ele tem a dizer.

Temática

Dirigida para o conteúdo discorrido por alguém que tem domínio sobre determinado assunto.

Testemunhal

Direcionada para as impressões do entrevistado sobre algum acontecimento.

Em profundidade

Voltada para traçar o perfil de alguém.

A entrevista que você leu, com a escritora Jarid Arraes, tem qual objetivo? Avalie o contexto onde foi publicada e o conteúdo da entrevista.

A entrevista também pode ser classificada de acordo com as circunstâncias que a envolvem:

Ocasional

Quando não há uma programação prévia, o entrevistado é abordado desprevenido, e a espontaneidade, então, impera, na maioria dos casos.

De confronto

Em casos em que há uma abordagem acusatória por parte do entrevistador, tal como em um tribunal.

Coletiva

Quando uma pessoa é, por meio de agendamento prévio, entrevistada por vários repórteres ao mesmo tempo.

Dialogal

Com agendamento prévio, entrevistador e entrevistado conversam sobre alguns pontos de determinado tema.

Há, ainda, estratégias utilizadas pelos meios de comunicação para aumentar o interesse do leitor ou espectador:

classificar uma entrevista como exclusiva. Trata-se de uma fórma de dizer que o conteúdo da entrevista foi dado em primeira mão e só para aquele entrevistador. Isso a eleva a um patamar de grande relevância.

Respostas e comentários

Sugestão

Leia o texto desta subseção com os estudantes, pausadamente, parando para explicar e aprofundar cada parte. Há muitas informações e provavelmente os estudantes terão um maior aproveitamento se houver pausas, explicações, momentos para perguntas etcétera

Resposta

Considerando que a entrevista foi veiculada e promovida pelo projeto Afreaka, podemos compreender como o intuito é temático, tendo em vista o domínio da cordelista a respeito de assunto de interesse do público-leitor ou participante do projeto. Instigue a turma a pensar em quais entrevistas eles conhecem (leram ou assistiram) que tiveram outros propósitos interativos.

Indicação de livro e artigo

Se quiser ler mais sobre entrevistas, estas duas referências chamam a atenção para aspectos importantes desse gênero textual:

rrófnêguel, . Entrevista: uma conversa controlada. In: DIONÍSIO, Angela Paiva; ­MACHADO, Anna raquel; BEZERRA, Maria ­Auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. São Paulo: Parábola, 2010. página 180-193.

OYAMA, Thaís. A arte de entrevistar bem. segunda edição São Paulo: Contexto, 2008.

editar a entrevista a ponto de distorcer o que, efetivamente, foi dito pelo entrevistado, criando-se, com isso, polêmicas na maioria das vezes condenáveis.

Atualmente, a tecnologia permite que as entrevistas sejam feitas de diversas fórmas, além de presencialmente:

  • Telefone – um dos meios mais comuns, especialmente ao se pensar nas entrevistas feitas para uma estação de rádio em que a transmissão é feita e a voz ao telefone é propagada aos ouvintes.
  • E-mail – é muito comum que o entrevistador envie por correio eletrônico as perguntas que deseja realizar, e o entrevistado as responda e mande as respostas de volta.
  • Câmeras de celular – outra fórma de se realizar uma entrevista a distância, permitindo a visualização da imagem do entrevistado em tempo real.

Porém, a depender da fórma como uma entrevista acontece, pode haver perda em relação à espontaneidade, às expressões faciais e corporais manifestadas pelo entrevistado ou à chance de explorar um assunto por meio do que se apresenta. Por telefone, por exemplo, não se pode visualizar a imagem do entrevistado e, então, não se tem contato com a linguagem não verbal manifestada por ele. Por e-mail, em virtude do grande tempo fornecido para o entrevistado refletir sobre a pergunta, não há a espontaneidade da resposta imediata, nem a possibilidade de o entrevistador aproveitar a deixa de uma resposta dada para elaborar uma pergunta que não estava prevista no roteiro elaborado por ele.

Na publicação da entrevista, os elementos a seguir são os mais comuns:

título

identificação do entrevistador

apresentação do entrevistado (texto e fotografia)

intercalação de perguntas e respostas

destaque de trechos de respostas do entrevistado

É importante ater-se ao percurso traçado pelas perguntas formuladas, uma vez que deve haver coerência na ordem das questões para que a entrevista não se configure como um amontoado de perguntas díspares que podem confundir o público sobre o que se está abordando. Por se tratar de uma espécie de conversa, é recomendável que os turnos de fala sejam respeitados, que a vez de cada um falar, entrevistador ou entrevistado, seja observada.

Respostas e comentários

Orientação

Depois de terminar a leitura desta subseção, retome os elementos e caracterizações de uma entrevista apresentados aqui e identifique-os na entrevista de abertura, retomando-a.

Sugestão

Se possível, assista com os estudantes a entrevistas previamente selecionadas por você em virtude dos interesses da turma. Na web é possível encontrar vários canais de entrevistas e de programas jornalísticos que promovem entrevistas. Identifique com os estudantes elementos e caracterizações estudados nesta subseção e comente as marcas de oralidade.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 1

Faça as atividades no caderno.

Variações linguísticas em textos orais e escritos

  1. Vamos começar com uma reflexão: pense no seu cotidiano, nas situações em que você utiliza a língua para comunicação.
    1. Você utiliza mais a escrita ou a fala? Liste ao menos três situações de comunicação como exemplos.
    2. Nas situações em que você utiliza a escrita para comunicação, como nas atividades que faz durante as aulas ou em conversas com seus amigos pela internet, quais diferenças existem na fórma como utiliza a língua?
  2. Leia a tirinha:
Tirinha. Em uma cena. Frank e Ernest, homens usando uniforme bege e chapéus. Ernest tem em uma das mãos uma picareta, e Frank segura um pincel. Ao lado de cada um deles há uma caixa azul que contém outras ferramentas, como pá, escova e picareta. Ao lado deles há uma parede de pedras com pinturas rupestres representando pessoas e animais. Frank diz: PARECE SIM, MAS NÃO EXISTIAM EMOJIS NO TEMPO DAS CARVERNAS, ERNIE.

Teivis, bóbi. Frank Enerst. O Estado de São Paulo, São Paulo, 21 janeiro 2017. Caderno 2, página cê quatro.

  1. Qual é a profissão das duas personagens da tirinha?
  2. A fala de Frank pressupõe um comentário de Ernest sobre os desenhos na parede. Que comentário poderia ser esse?
  3. Por que Frank se refere ao “tempo das cavernas”?
  4. emôjis são pequenas ilustrações utilizadas em mensagens escritas na internet para demonstrar determinadas sensações ou sentimentos, como alegria, tristeza, susto, surpresa, entre outras. Em sua opinião, os emôjis poderiam ser utilizados em outras situações escritas além das mensagens de internet? Discuta com seus colegas sobre isso.

Comparação entre texto escrito e texto oral

Agora você vai analisar mais de perto dois trechos de entrevistas. O trecho 1, que você já conhece, foi retirado da entrevista que você leu no início da Unidade. O trecho 2 é de uma entrevista realizada com a mesma escritora, no Festival Latinidades, realizado em julho de 2016 em Brasília (Distrito Federal) e publicado no site da ê bê cê (Empresa Brasil de Comunicação).

Respostas e comentários

1. a) Resposta pessoal.

1. b) Resposta pessoal. Na sala de aula, o cuidado com o falar e o escrever é maior do que pela internet.

2. a) Arqueólogos.

2. b) Provavelmente de que os desenhos se parecem com emojis.

2. c) Porque são desenhos feitos por seres humanos que viveram na Pré-História.

2. d) Esta discussão tem como objetivo exercitar a oralidade e levar os estudantes a refletir sobre a escrita e o grau de formalidade da comunicação.

Habilidades trabalhadas nesta seção

(ê éfe seis nove éle pê um seis) Analisar e utilizar as fórmas de composição dos gêneros jornalísticos da ordem do relatar, tais como notícias (pirâmide invertida no impresso versus blocos noticiosos hipertextuais e hipermidiáticos no digital, que também pode contar com imagens de vários tipos, vídeos, gravações de áudio etcétera), da ordem do argumentar, tais como artigos de opinião e editorial (contextualização, defesa de tese/opinião e uso de argumentos) e das entrevistas: apresentação e contextualização do entrevistado e do tema, estrutura pergunta e resposta etcétera

(ê éfe seis nove éle pê um sete) Perceber e analisar os recursos estilísticos e semióticos dos gêneros jornalísticos e publicitários, os aspectos relativos ao tratamento da informação em notícias, como a ordenação dos eventos, as escolhas lexicais, o efeito de imparcialidade do relato, a morfologia do verbo, em textos noticiosos e argumentativos, reconhecendo marcas de pessoa, número, tempo, modo, a distribuição dos verbos nos gêneros textuais (por exemplo, as fórmas de pretérito em relatos; as fórmas de presente e futuro em gêneros argumentativos; as fórmas de imperativo em gêneros publicitários), o uso de recursos persua­sivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e as estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados (tempo verbal, jogos de palavras, metáforas, imagens).

(ê éfe seis nove éle pê cinco cinco) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito linguístico.

(ê éfe seis nove éle pê cinco seis) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e normas da norma-padrão em situações de fala e escrita nas quais ela deve ser usada.

(ê éfe seis sete éle pê três dois) Escrever palavras com correção ortográfica, obedecendo as convenções da língua escrita.

(ê éfe seis sete éle pê três três) Pontuar textos adequadamente.

(ê éfe seis sete éle pê três seis) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão referencial (léxica e pronominal) e sequencial e outros recursos expressivos adequados ao gênero textual.

(ê éfe zero sete éle pê zero seis) Empregar as regras básicas de concordância nominal e verbal em situações comunicativas e na produção de textos.

(ê éfe zero sete éle pê zero nove) Identificar, em textos lidos ou de produção própria, advérbios e locuções adverbiais que ampliam o sentido do verbo núcleo da oração.

(ê éfe zero sete éle pê um zero) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais: modos e tempos verbais, concordância nominal e verbal, pontuação etcétera

(ê éfe zero sete éle pê um três) Estabelecer relações entre partes do texto, identificando substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos), que contribuem para a continuidade do texto.

(ê éfe zero sete éle pê um quatro) Identificar, em textos, os efeitos de sentido do uso de estratégias de modalização e argumentatividade.

Faça as atividades no caderno.

Trecho 1

AFREAKA: Você é considerada uma representante da luta negra e feminista. Como trilhou esse caminho para chegar até aqui?

Jarid: Me considero tão representante quanto todas as outras mulheres negras que estão na labuta do cotidiano e se expressam pela escrita, pelas artes. Para mim, seria impossível não trazer temas como esses para meus trabalhos, porque eles fazem parte de quem eu sou e de como enxergo o mundo. Na verdade, temos tão poucas protagonistas negras nos livros, sobretudo naqueles que alcançam bastante sucesso, que a simples presença de uma personagem principal negra já é um ato de representação, de mudança.

Escritora negra Jarid Arraes fala sobre sua obra e influência nordestina. Entrevista concedida ao Projeto Afreaka. Disponível em: https://oeds.link/q9RlhH. Acesso em: 25 março 2022.

Note que, nesse trecho, tanto a pergunta como a resposta não parecem ter sido realizadas de fórma espontânea. As frases, as palavras e expressões utilizadas foram planejadas e organizadas de fórma a não apresentarem interrupções, hesitações e pausas típicas da fala. Repare também, não só nesse trecho, mas durante toda a entrevista, que os turnos de fala não são interrompidos e as perguntas feitas pela jornalista não são baseadas nas respostas anteriores de Jarid. Isso quer dizer que o texto da entrevista foi previamente planejado. As respostas de Jarid também ocorrem sem interrupções e não se sobrepõem às perguntas. Tais características mostram que não se trata de um texto oral espontâneo, mas que estamos diante de um texto verbal escrito.

Trecho 2

Jarid, eu queria que você falasse um pouquinho, primeiro, então, dessa experiência sua, do cordel, éreticências e de como você se descobriu escritora, né? Que foi muito bonita essa sua fala aqui na mesa do Latinidades falando desta descoberta.

Jarid: Éreticências eu me descobri escritora quando eu comecei a escrever contra as injustiças e discriminações que eu sofria como mulher negra e nordestina, né? Então foi a partir daí que eu comecei a perceber que o fato de eu não me sentir capaz de ser escritora, me apresentar como escritora, era fruto desse racismo da sociedade, né? Que me dizia que esse não era meu lugar. Então aprendi a aceitar que era meu lugar sim e aprendi a defender esse lugar, né? E a produzir e escrever coisas que ajudem outras mulheres como eu, né?reticências areticências a saberem que podem escrever reticências

Reprodução de vídeo. À esquerda da imagem há uma jornalista, mulher com cabelos crespos até os ombros usando blusa preta. Ela está de perfil e segura um microfone com a mão direita, próximo à boca de Jarid, mulher com cabelos crespos até os ombros, usando óculos, blusa preta e casaco vermelho. Ela está de perfil, olhando para a jornalista com a boca aberta.
Jarid concede entrevista à ê bê cê, no Festival Latinidades. Brasília, 2016.

jarríd Arraes fala sobre seu livro As lendas de Dandara. In: PORTAL ê bê cê. Festival Latinidades 2016: acompanhe a cobertura. ê bê cê, Brasília, Distrito Federal, 28 julho 2016. Disponível em: https://oeds.link/EYNs7O. Acesso em: 25 março 2022.

Faça as atividades no caderno.

  1. Que diferenças há entre a pergunta utilizada pela entrevistadora no trecho 1 e no trecho 2?
  2. Que marcas de oralidade informal estão presentes na transcrição da resposta de Jarid no trecho 2?

Ao compararmos os trechos 1 e 2, é possível identificar algumas diferenças entre textos falados e escritos com maior ou menor grau de formalidade. Todas as diferenças se devem ao fato de que, na escrita, o nosso interlocutor não está fisicamente presente, na nossa frente, o que torna a situação de uso da língua bastante distinta da que ocorre quando nos dirigimos diretamente ao interlocutor.

Repare que, na pergunta do trecho 2, mais oralizada, a entrevistadora refere-se ao local onde ela e Jarid estão.

reticências Que foi muito bonita essa sua fala aqui na mesa do Latinidades falando desta descoberta.

JARID Arraes fala sobre seu livro As lendas de Dandara. In: PORTAL ê bê cê. Festival Latinidades 2016: acompanhe a cobertura. ê bê cê, Brasília, Distrito Federal, 28 julho 2016. Disponível em: https://oeds.link/LiefO9. Acesso em: 25 março 2022.

A mesa do Latinidades é o evento que tinha acabado de acontecer no mesmo dia (ou tempo) e mesmo lugar (espaço) em que a entrevistadora e a entrevistada estavam (“aqui”). Já no trecho 1, não foram mencionados o espaço e o tempo em que a entrevista foi realizada. Portanto, na escrita, evita-se fazer referências ao tempo e ao espaço em que o texto está sendo produzido, uma vez que ele será lido em outro tempo e em outro espaço. Palavras como isto, aquilo, etcétera quase não aparecem, pois se referem a algo a que o leitor do texto escrito não terá acesso.

Como vimos, quando, ao falar, nosso interlocutor está fisicamente presente, sentimos necessidade de saber se ele está compreendendo e acompanhando o que está sendo dito; assim, no texto oral, utilizamos certas palavras e expressões que procuram garantir isso (por exemplo, né?).

Outra característica dos textos escritos, quando comparados aos orais, é que, como é possível reler o que escrevemos, podemos pensar com mais tempo em como dizer, para corrigir e reescrever. O resultado, muitas vezes, é o uso de orações mais longas, elaboradas, sintaticamente bem construídas. Já na fala, ao contrário, em algumas situações não planejamos com muita antecedência como dizer, o que pode tornar as orações mais curtas, menos elaboradas e até mesmo truncadas ou inacabadas, como ocorre, por exemplo, na oração “O Pedro, eu falei ontem com ele”. Note que o falante começou usando um sujeito (“O Pedro”), abandonou-o e construiu uma oração com outro sujeito (“eu”), deixando o que era sujeito na posição de objeto indireto (“com ele”). Entretanto, em situações orais mais formais acontece um maior monitoramento da fala, às vezes a partir de algum roteiro ou planejamento, como acontece em exposições orais, seminários, entrevistas mais formais etcétera

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Suporte

Suporte é o meio físico ou virtual que serve de base para a materialização de um texto, como jornal, livro, blog etcétera

Respostas e comentários

b) Espera-se que os estudantes reconheçam a presença do então e do né?, que funcionam como marcas interacionais. E notem também o ê inicial, que marca hesitação.

Resposta

a) Espera-se que os estudantes percebam que a pergunta do trecho 1 é mais objetiva, sem hesitações, interrupções, repetições, características marcadas do trecho 2.

Sobre língua escrita e língua falada

Não se pode confundir a linguagem oral com fala ou oralização da linguagem e nem linguagem escrita com texto grafado. É necessário compreender a multiplicidade de relações existentes entre ambas não mais com base em suas materialidades básicas (som e grafia), mas pensá-las discursivamente. Daí a importância de se considerar as condições de produção de cada discurso para garantir a construção do seu sentido.

Indicação de artigo

Reflexões sobre as distinções entre linguagem oral e escrita você encontra neste artigo:

Bráclin, Kátia Lomba. Linguagem oral e linguagem escrita: novas perspectivas de discussão. Disponível em: https://oeds.link/VqG5kG. Acesso em: 25 março 2022.

Orientação

Reforce com os estudantes que, na língua falada, como os interlocutores estão muitas vezes presentes fisicamente, é comum o uso de palavras e expressões que testam a compreensão e o acompanhamento do que está sendo dito. O que se quer, nesse caso, é garantir a manutenção da conversa e a atenção do outro. Expressões comuns, nesses casos, são: né?, viu?, tá?. Peça aos estudantes que destaquem a expressão né? do trecho 2 e pergunte se eles sabem que se trata de uma fórma reduzida de não é?.

Sugestão

Peça aos estudantes que façam a transcrição de apenas um minuto de uma entrevista com uma pessoa que admiram. Assim, eles vão se familiarizando com a natureza da língua falada. Diga a eles que fiquem atentos às características da modalidade falada (na entrevista), observando como uma fala formulada na hora costuma se revelar fragmentada, repetitiva, com alongamentos de vogais para ganho de tempo etcétera

Faça as atividades no caderno.

Entretanto, embora possamos falar de diferenças entre textos orais e escritos, na verdade, tudo vai depender da situação em que a língua é utilizada. Por exemplo, as mensagens de aplicativos de celular ou usadas nas redes sociais são escritas, mas ganham características de textos falados: podem fazer referência ao espaço e ao tempo em que são escritas (algumas vezes nosso interlocutor está no mesmo ambiente e a mensagem será lida instantaneamente), utilizar palavras que chamam a atenção do interlocutor, como né?, ó cá?, e apresentar orações curtas e simples.

Isso nos mostra que não podemos pensar fala e língua como dois polos opostos, pois há muitas possibilidades entre eles. Tudo depende da intenção de quem fala ou escreve em relação ao interlocutor, do gênero textual a ser utilizado (notícia, e-mail, mensagem de aplicativo, bilhete, conversa espontânea, seminário escolar, palestra etcétera), do suporte em que o texto vai circular e da necessidade ou não do uso das variedades linguísticas socialmente valorizadas.

  1. Pense nos gêneros textuais que você utiliza na escola e responda:
    1. Quais são típicos da fala?
    2. Quais são típicos da escrita?
    3. Quais apresentam características tanto da fala quanto da escrita?

Agora, pense na utilização da língua nesses gêneros que você listou em a, b e c. Quais requerem o uso das variedades socialmente valorizadas, ou seja, quais devem se aproximar mais da norma-padrão e quais podem se afastar dela? Imagine uma notícia de jornal ou um documento importante, como uma certidão de nascimento ou casamento. Nesses gêneros de texto, é importante utilizar uma variedade linguística socialmente valorizada: as notícias e as certidões precisam ser claras, objetivas, sendo utilizadas em situações mais formais de uso da língua. Entretanto, uma mensagem de aplicativo ou postagens em redes sociais podem apresentar traços das variedades linguísticas mais informais.

2. Leia ou veja entrevistas do seu interesse e anote, no caderno, quais estratégias foram usadas para argumentar ou expressar uma ideia de maneira modalizada. Analise, com seus colegas, os efeitos de sentido para essas escolhas por parte do entrevistado e do entrevistador.

Portanto, mesmo que as variedades mais formais sejam muito comuns na escrita, não é em todo texto escrito que elas precisam ser utilizadas. Em contrapartida, em muitos gêneros da fala elas são necessárias. O que define a necessidade de usá-las ou não é o grau de formalidade do gênero e da situação de comunicação em que a língua é empregada.

Ícone pontos de atenção e noções complementares

Norma-padrão

Em situações muito formais de comunicação – como nos tribunais e na administração pública, por exemplo –, os interlocutores podem ter de levar em conta a norma-padrão, um conjunto de regras de estilo baseado em autores clássicos da literatura de língua portuguesa e em manuais de gramática, que expressa uma fórma ideal de uso da língua. A norma-padrão não chega a ser uma variedade linguística, uma vez que não corresponde ao jeito cotidiano de falar e de escrever de nenhuma comunidade.

Respostas e comentários

1. b) Sugestões: na escola, são gêneros típicos da escrita o resumo, as anotações de aula, as provas, os livros didáticos etcétera

Respostas

1. a) Sugestões: na escola, são gêneros típicos da fala a aula, a conversa informal, a palestra, os seminários, a piada, o relato de experiência, a contação de histórias etcétera

c) Sugestões: a aula, a palestra e os seminários são oralizados, mas podem apresentar características da linguagem escrita; já o bilhete e as anotações na agenda são grafados, mas podem apresentar traços de oralidade.

2. Ouça as percepções dos estudantes quanto a esse momento de leitura/escuta/análise de entrevistas. A argumentação e a modalização podem ser apresentadas por meio de entonações, ritmo de fala, escolhas lexicais específicas (para demonstrar poder, por exemplo), pausas para o pensamento/reflexão etcétera

Sobre variações linguísticas em textos orais e escritos

Retome com os estudantes a noção de variação linguística, que vem sendo tratada desde o volume 6. Relembre-os de que, como fatos culturais que também são, as línguas não são homogêneas­ e para sempre estáveis, mas estão sujeitas a variações determinadas por fatores históricos, regionais, sociais, situacionais. Assim, toda e qualquer língua apresenta-se como um conjunto de variedades linguísticas correspondentes às épocas, regiões, situações e grupos sociais em que é usada. Certas variedades são socialmente valorizadas por desfrutarem de maior prestígio político, social e cultural, pela vinculação histórica com a escrita, a tradição literária, o Estado, a escola, as igrejas e a imprensa. Entretanto, nenhuma variedade é, do ponto de vista linguístico, mais ou menos “correta”, “pura” ou “adequada” que as demais. O que ocorre é que há variedades que são socialmente não valorizadas pelo fato de se distanciarem, em diferentes graus, da chamada norma-padrão. Esta, por sua vez, ao contrário das duas anteriores, que são efetivamente praticadas por grupos de falantes, é um mero ideal de conduta, não corresponde ao falar próprio de um grupo social, configurando-se como uma norma linguística artificialmente construída, à semelhança das regras de etiqueta específicas para ocasiões cerimoniais. Essencialmente conservadora, é baseada na escrita e inspirada em ideologias puristas.

Comente com os estudantes que, apesar de haver muitos preconceitos sociais em relação às variedades não valorizadas socialmente, elas são válidas e têm importância nos grupos sociais e nas situações em que são usadas. Contudo, em situações sociais que exigem maior formalidade – por exemplo, uma entrevista para obter emprego, um requerimento, uma carta dirigida a um jornal ou a uma revista, uma redação em um concurso –, as variedades linguísticas exigidas são aquelas socialmente valorizadas que se aproximam mais da norma-padrão. Também é importante fazê-los notar que estamos sempre falando de variedades socialmente valorizadas ou não valorizadas no plural, porque há um grande leque de possibilidades para cada uma delas.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia mais um trecho da entrevista de Jarid Arraes à rede ê bê cê:

Entrevistadora: Você também contou a respeito da sua iniciativa de recuperar a história, né? Areticências de heroínas, de mulheres negras, né? E da questão das lendas da Dandara, né? Gostaria também que você falasse sobre isso, da repercussão que teve.

Jarid Arraes: Éreticências eu primeiro comecei a fazer a série de cordéis As heroínas negras na história do Brasil, que são os cordéis que contam biografias de grandes mulheres negras que infelizmente ainda são negligenciadas nas escolas, na mídia, né? E aí, hoje sãoreticênciassão quinze mulheres que estão registradas nos cordéis, desde guerreiras quilombolas até pioneiras políticas comoreticências a Antonieta de Barros. Ereticências depois disso eu senti necessidade de trazer isso pra prosa, publicar um livro que resgatasse a memória da Dandara dos Palmares.

JARID Arraes fala sobre seu livro As lendas de Dandara. In: PORTAL ê bê cê. Festival Latinidades 2016: acompanhe a cobertura. ê bê cê, Brasília, Distrito Federal, 28 julho 2016. Disponível em: https://oeds.link/EYNs7O. Acesso em: 25 março 2022.

  1. Você já sabe que na escrita o interlocutor não está fisicamente presente no momento em que se escreve. No entanto, essa entrevista que você acabou de ler apresenta marcas que indicam ter havido um contato direto e informal entre entrevistadora e entrevistada. Que marcas são essas?
  2. Outra característica da escrita é a ausência de referências ao tempo e ao espaço em que o texto está sendo produzido. Contudo, nessa entrevista, além da palavra hoje, há uma oração na fala da entrevistadora que revela algo sobre o tempo e o espaço em que ela e Jarid estão. Que oração é essa?
  3. Por fim, vimos que a escrita nos permite planejar o texto, reformulá-lo, o que faz com que ele apresente orações mais complexas. Se compararmos a pergunta da entrevistadora com a resposta de Jarid, qual apresenta orações mais complexas? Justifique sua resposta.
  4. Agora você transformará esse par de pergunta e resposta em um texto mais formal, sem marcas de conversação. Seus guias serão as três respostas anteriores. Portanto, retire as marcas de referência ao tempo e espaço, as palavras que procuram garantir a atenção do interlocutor e produza orações mais complexas.
  1. Procure se lembrar de alguma história de sua família ou de amigos que mereceria ser contada em um livro. Ela deverá ser gravada.
    1. Transcreva, no caderno, trechos da sua história e as de seus colegas, conforme foram compartilhadas.
    2. Retextualize esse texto para que apresente apenas características do texto escrito mais formal.
    3. Leia seu texto para os colegas e ouça a leitura do texto deles. Após algumas leituras e comentários, com a ajuda do professor, vocês devem construir um texto final.
    4. Que diferenças há entre a versão que você fez e a que foi exposta na lousa pelo professor após a leitura dos textos dos colegas?
Respostas e comentários

2. b) Resposta pessoal.

2. d) Resposta pessoal.

Respostas

1. a) A marca de interlocução é o uso da palavra né?. Outra marca possível é a referência direta da palavra você no início da pergunta feita pela entrevistadora.

b) “Você também contou a respeito da sua iniciativa de recuperar a história, né?”

Essa oração faz referência ao tempo e espaço porque retoma a mesa Latinidades que acabara de ocorrer. Caso os estudantes tenham dificuldades para identificar, releia o trecho anterior dessa entrevista que se encontra no texto didático sobre o texto escrito.

c) A fala de Jarid apresenta orações mais complexas. Isso pode ser visto no uso de sentenças mais longas e, aparentemente, mais monitoradas.

d) Possibilidade de resposta:

Entrevistadora: Um dos seus objetivos é recuperar a história de heroínas, de mulheres negras, no que se inserem as lendas de Dandara. Fale um pouco sobre isso e a repercussão do livro.

Jarid Arraes: Primeiro eu comecei a fazer a série de cordéis As heroínas negras na história do Brasil, que conta biografias de grandes mulheres negras cujas histórias infelizmente ainda são negligenciadas nas escolas e na mídia. Já são quinze mulheres que estão registradas nesses cordéis, desde guerreiras quilombolas até pioneiras políticas como Antonieta de Barros. Depois disso, eu senti necessidade de trazer isso para a prosa, de publicar um livro que resgatasse a memória de Dandara dos Palmares.

2. a) Caso a história seja muito longa, transcreva somente um trecho, aquele em que marcas da oralidade estejam muito presentes.

c) Solicite a leitura de alguns textos e instigue os estudantes a comentarem as escolhas feitas na textualização. Uma sugestão é, a cada trecho discutido, construir uma versão final na lousa.

Leitura 2

Faça as atividades no caderno.

Contexto

A próxima entrevista que você vai ler foi concedida por Lázaro Ramos a uma rádio. O foco é a publicação do livro do artista Na minha pele, que trata de temas diversos. A entrevista foi transcrita parcialmente, havendo, portanto, marcas da oralidade que evidenciam uma conversação mais informal. Nela, Lázaro discorre sobre um modo possível de classificar seu livro, seu percurso até lançá-lo e as questões que levanta.

Lázaro Ramos

AUTORIA

Nasceu na Bahia, em 1º de novembro de 1978. Além de ser um conhecido ator brasileiro, atuando para o cinema e para a televisão, é apresentador, cineasta e escritor. Quanto a esta última função, o primeiro livro de Lázaro, de quando ele tinha somente 21 anos de idade, intitula-se As Paparutas, que se enquadra na categoria infantil. Mantendo esse público, anos depois, em 2010, publicou A velha sentada, que originou o espetáculo A menina Edith e a velha sentada. Em 2015, lançou Caderno de rimas do João e, finalmente, em 2017, desviando-se do público infantil, publicou Na minha pele. Com esse livro, deixa ainda mais em evidência seu engajamento em relação a questões da negritude, sendo, ele próprio, um artista negro.

Antes de ler

Levando em conta o fato de esta entrevista ter sido dada a uma rádio, reflita e responda:

  • Que tipo de registro da língua, provavelmente, foi usado tanto pelo entrevistador quanto pelo entrevistado?
  • Em relação à interação entre entrevistador e entrevistado, que diferenças podem existir entre esta entrevista e a concedida ao Projeto Afreaka por Jarid Arraes?
  • Você conhece o entrevistado? Quais informações possui sobre ele?
  • Pesquise previamente, com seus colegas, informações a respeito do entrevistado e anote no caderno quais perguntas você faria a ele.
Respostas e comentários

Sobre Contexto

Converse com os estudantes sobre o que eles já conhecem do ator Lázaro Ramos e explique que a entrevista que eles vão ler considera o lado escritor dele. Pergunte se eles conhecem alguma obra do autor, e, em caso positivo, peça que contem do que trata. Explore o boxe Autoria também, que foca o lado autoral de Lázaro Ramos.

Sobre Antes de ler

A primeira questão pede aos estudantes que levantem hipóteses sobre o registro da língua usado na entrevista que circulou por uma rádio. Questione se eles acham que vão encontrar uma variação mais ou menos formal no texto. Chame a atenção dos estudantes para o fato de que não necessariamente uma entrevista radiofônica será sempre informal. É perfeitamente possível que uma entrevista radiofônica seja mais formal, dependendo de quem sejam os entrevistados, por exemplo, e de quais sejam os temas tratados. No caso, a entrevista de Lázaro Ramos tem um registro bastante informal, em virtude do programa em que circulou, do público geral a que se destina etcétera

Sugestão

Se achar conveniente, explique aos estudantes que, em Sociologia, o termo negritude refere-se ao sentimento de orgulho ou conscientização acerca da cultura negra, bem como ao conjunto dos seus valores culturais e espirituais.

Habilidades trabalhadas nesta seção e sua subseção (Estudo do texto)

(ê éfe seis nove éle pê zero três) Identificar, em notícias, o fato central, suas principais circunstâncias e eventuais decorrências; em reportagens e fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva de abordagem, em entrevistas os principais temas/subtemas abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a esses subtemas; em tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou humor presente.

(ê éfe seis nove éle pê três nove) Definir o recorte temático da entrevista e o entrevistado, levantar informações sobre o entrevistado e sobre o tema da entrevista, elaborar roteiro de perguntas, realizar entrevista, a partir do roteiro, abrindo possibilidades para fazer perguntas a partir da resposta, se o contexto permitir, tomar nota, gravar ou salvar a entrevista e usar adequadamente as informações obtidas, de acordo com os objetivos estabelecidos.

(ê éfe seis sete éle pê um nove) Realizar levantamento de questões, problemas que requeiram a denúncia de desrespeito a direitos, reivindicações, reclamações, solicitações que contemplem a comunidade escolar ou algum de seus membros e examinar normas e legislações.

Ilustração. Faixa vermelha na horizontal. Dentro da faixa está escrito em letras brancas: CBN ao vivo.

SEGUNDA, 03/07/2017, 21:39

Lázaro Ramos trata de racismo e afeto em livro

Ator fala em entrevista sobre o livro Na Minha Pele, que mistura biografia, crônicas e relatos em uma espécie de diário.

DURAÇÃO:

Entrevistadora – E a gente conversa agora com o ator Lázaro Ramos, que está agora com uma nova função pro público dele, de escritor, lançando pelo Brasil todo, o livro Na minha pele. Eu não vou dizer que é uma biografia, porque não é totalmente uma biografia; não vou dizer que é um livro de contos, porque não é totalmente um livro de contosreticências Talvez, Lázaro, seja uma mistura de biografia com conto e um diário pessoal, talvez, é isso mesmo?

Lázaro Ramos – Pô, eu já gostei da sua introdução, porque eu sinto uma grande dificuldade pra falar sobre esse livro, porque ele não tem uma fórma exata. Eu às vezes fico brincando que é uma conversa disforme sobre assuntos ligados à formação de identidadereticências

Entrevistadora (sobrepondo sua fala à de Lázaro) – reticências Gostei da tua, da tua descriçãoreticências Conversa disforme sobre assuntos de identidadereticências

Lázaro Ramos reticências não tem muito um formato, sabe?

Entrevistadora – Sim!

Lázaro Ramos – Eu acho que o formato do livro é o de conversa, porque eu tava muito preocupado, quando eu comecei a escrever esse livro, éééreticências não tinha uma voz que fosse minha, era uma voz que parecia quase de um estatístico. E eu percebi que essa não é minha voz. O meu jeito de falar sobre identidadereticências

Entrevistadora unrrumreticências

Lázaro Ramos reticências é um pouco mais disforme, como eu disse no princípio. É assim: o tom dele é muito variado, tem momentos que são mais humorados, alguns outros momentos mais emocionais. Éééreticências e isso foi uma descoberta, inclusive, libertadora, de conseguir conversar com as pessoas sobre esse assunto do jeito que eu converso na vidareticências

Entrevistadora – Ah, legal! E naaareticências

Lázaro Ramos – Então, por isso que eu fiquei muito feliz com a sua introdução disforme. (risos)

Entrevistadora – Te deixo compartilhar. (risos) E, assim, ali no início a gente já consegue observar como é que foi o processo dereticências o teu processo criativo, o processo de construção do livro, porque as ideias não eram todas em torno de um estilo específico, né?

Respostas e comentários

Sugestão

Peça uma leitura individual silenciosa aos estudantes. Depois, proceda do mesmo modo que fez na entrevista com Jarid ­Arraes e passe para uma leitura com pares alternados de estudantes. Enfatize novamente a expressividade que devem passar para a leitura.

Orientação

Compare os títulos das duas entrevistas (desta e daquela de Jarid Arraes), que são muito semelhantes. Pergunte a eles se imaginam o porquê dessa semelhança e conversem sobre isso. Depois, compare os dois textos introdutórios – o de Jarid Arraes é mais longo, voltado para a trajetória da autora como um todo, e o de Lázaro Ramos é muito mais curto, focado no lançamento literário dele. Indague o motivo dessa diferença, e comente com eles sobre a circulação de cada entrevista: a primeira em um site de divulgação cultural, com um público específico, registrada por escrito; a segunda em um portal de uma empresa jornalística, registrada por arquivo de áudio, para o público em geral.

Lázaro Ramos – Não, isso.

Entrevistadora – E ali você traz uma inquietude em relação a como escrever uma autobiografia sendo uma pessoa jovem e que talvez não queira escrever sobre si mesmo. Como é que se chegou a esse formato? Foi muita conversa? Porque ali você traz também que tinha uma ideia de um livro infantil, tinha uma ideia de um roteiro adaptado pra livro e por aí vai.

Lázaro Ramos – Exato. Essa história do livro começou há dez anos atrás, em 2007, quando eu fui à editora propor um livro infantil que eu acabei lançando antes até. Eu lancei dois: o Caderno de rimas do João e A menina Edith e a velha sentada. Mas cê sabe que foi jogando muita coisa fóra? (risos)

Entrevistadora – Como assim!? (risos)

Lázaro Ramos – É, durante dez anos eu escrevia e jogava coisa fóra, voltava pro editor ler, eu ficava insatisfeito, no meio do caminho eu desisti. Mas é por isso, porquereticências eu acho esse assunto tão importante, assim, você falar sobre identidade, sobre preconceito que a gente pode terreticências É, eu acho um assunto tão importante, que eu acho que tem que falar de um jeito que todo mundo participe da conversa. E eu acho que em algum momento o jeito que eu escrevi conversava somente com ou quem pensava como eu ou, então, era por demais alienada as questões.

Entrevistadora – Claroreticências

Lázaro Ramos – Então, eu comecei um processo que foi, assim, de ser... tentar ser mais simples, sabe? Tentar não arrotar verdades e falar daquilo que eu sentia ou daquilo que eu aprendi.

Entrevistadora – Ah, e ereticências o título, ele é muito condizente com os temas que você decidiu abordar aqui, né?

Lázaro Ramos – Isso.

Entrevistadora – A questão racial, a questão de gênero, a questão de família, de afeto, de relação do seu trabalho com o seu público. E eles tão dentro do Na minha pele, a sua vivência, mas que acaba sendo a vivência de quem tá lendo também, porque são questões que são de todos, né, Lázaro?

Lázaro Ramos – Exato, a ideia é essareticências

Entrevistadora reticências Não são questões que são suas. Vai muito como você mencionou no início, de que é uma conversa de assuntos que não são só seus.

Fotografia. Lázaro Ramos, homem negro, com barba e cabelos bem curtos. Ele usa blusa preta e calça jeans, e está sentado em uma cadeira com os braços cruzados sobre o encosto dela. Atrás dela há uma janela.
Ator e escritor Lázaro Ramos em fotografia de 2017.
Respostas e comentários

Orientação

Compare também a sequência de turnos na primeira entrevista (bem marcada pela entrada de uma pergunta e a respectiva resposta) e esta (com perguntas e respostas permeadas de tomadas de turno ora pelo entrevistado, ora pela entrevistadora, como: “Lázaro Ramos – Exato, a ideia é essareticências Entrevistadora reticências Não são questões que são suas. Vai muito como você mencionou no início, de que é uma conversa de assuntos que não são só seus”. Comente como a entrevistadora rouba o turno de Lázaro Ramos, respondendo por ele, de certo modo. Aponte também as interrupções (feitas ora pela entrevistadora, ora pelo entrevistado), as hesitações, as expressões de compreensão e acompanhamento (“Sim!”, “Claro. etcétera), que não aparecem na primeira entrevista, uma vez que, por ter o registro escrito, provavelmente foi editada antes da publicação e teve as marcas de oralidade suprimidas.

Lázaro Ramos – Exatamente. E o livro tem uma coisa queeereticênciastáááreticências acontecendo, que me deixa muito emocionado, é que o público dele tem sido muito diverso. Eu já recebi, através de redes sociais, uma mensagem de um dono de uma grande empresa internacional, como já recebi, assim, de amigos próximos, falando que não me conheciam tãão bemreticências tão bem ou que não tinham pensado sobre determinadas questões. Ou pessoas queeereticências éééreticências já são até militantes da questão negra e que se sentem próximas também do assunto. E isso é o que me deixa feliz, é conseguir falar com todo mundo. Éééreticências eeereticências é, é uma voz, assim, que eu, que eu tô dizendo muito assimreticências éééreticências que não é nem melhor nem pior, é só uma conversa despretensiosa, escrita de fórma simples e com muito afeto. Esse livro é pra falar de questões que são dolorosas pra gente, sim, mas eu quero que ele seja um livrreticências e ele é um livro muito afetuosoreticências

Entrevistadora – Vocreticências

Lázaro Ramos reticências Porque eu acho que é importante, né, a gente se afasta tanto das pessoas, uns dos outrosreticências

Entrevistadora – Claroreticências

Lázaro Ramos – É, e isso eu acho que é um dos grandes males que a gente vive.

Entrevistadora – Você já tem um papel social grande, principalmente nessa questão da afirmação, dareticências da difusão de, de questões sociais pras pessoas e da tentativa, mais uma, uma pessoa que corre na tentativa de minimizar esse preconceito, que ainda existe aqui, né? Esse livro te dá um gás nessa, nesse trabalho?

Lázaro Ramos – Ah, me dá um gás e eu acho que ele é uma, um, um desdobramento e uma evolução de um caminho, que, na minha profissão de ator, eu tenho exercitado já há um tempo, que é falar dessas questões todas, mas também utilizando as armas que a minha profissão permite de aproximação, como o humorreticências

Entrevistadora – Claroreticências

Lázaro Ramos reticências como a emoção. Ééé, esse trabalho de usar o entretenimento a favor de assuntos importantes pra gente refletir reticências

Entrevistadora  reticências recomendo aqui pra vocês Na minha pele, do ator Lázaro Ramos, que agora é um escritor muito sensível e quereticências muito bom de ler. Gostei, Lázaro, obrigada, viu, pela entrevista.

Lázaro Ramos – Muito obrigado, eu que agradeço, agradeço pelas suas palavras e pelo espaço também. Muito obrigado.

LÁZARO Ramos trata de racismo e afeto em livro. São Paulo: cê bê êne, 3 julho 2017. Entrevista concedida ao programa CBN Noite Total. Disponível em: https://oeds.link/ThiNRh. Acesso em: 25 março 2022.

Respostas e comentários

Orientação

Observe com os estudantes o uso do tu e do você ao longo da entrevista. Observe também as gírias usadas. Comente as ocorrências de “(risos)” ao longo desta entrevista, também características de transcrições de interações orais, que pretendem ser o mais fiel possível ao texto original.

Sugestão

Analise com os estudantes a conclusão desta entrevista, marcada pela recomendação da obra e por agradecimentos tanto da entrevistadora quanto do entrevistado.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Recupere as suposições feitas por você antes da leitura da entrevista de Lázaro Ramos e responda:
    1. A linguagem usada pela entrevistadora e pelo entrevistado é formal ou informal? Cite dois trechos que justifiquem sua resposta.
    2. Quanto à interação entre entrevistador e entrevistado, há diferenças entre a entrevista de Lázaro Ramos e a de Jarid Arraes ao Projeto Afreaka? Quais?
    3. Alguma pergunta que você faria ao entrevistado foi apresentada na entrevista?
  2. Em sua fala inicial, a entrevistadora diz: “E a gente conversa agorareticências”. O que o advérbio agora, no contexto, indica sobre a mídia pela qual a entrevista é transmitida?
  3. Por se tratar de uma entrevista concedida via rádio, há, no texto transcrito, trechos com marcas evidentes de oralidade, tais como repetições, hesitações, sobreposições, correções, interjeições etcéteraLocalize-os e liste-os no caderno.
  4. Releia uma das falas de Lázaro Ramos:

Exatamente. E o livro tem uma coisa queeereticências táááreticências acontecendo, que me deixa muito emocionado, é que o público dele tem sido muito diverso. Eu já recebi, através de redes sociais, uma mensagem de um dono de uma grande empresa internacional, como já recebi, assim, de amigos próximos, falando que não me conheciam tãão bemreticências tão bem ou que não tinham pensado sobre determinadas questões. Ou pessoas queeereticências éééreticências já são até militantes da questão negra e que se sentem próximas também do assunto. E isso é o que me deixa feliz, é conseguir falar com todo mundo. Éééreticências eeereticências é, é uma voz, assim, que eu, que eu tô dizendo muito assimreticências éééreticências que não é nem melhor nem pior, é só uma conversa despretensiosa, escrita de fórma simples e com muito afeto. Esse livro é pra falar de questões que são dolorosas pra gente, sim, mas eu quero que ele seja um livrreticências e ele é um livro muito afetuosoreticências

LÁZARO Ramos trata de racismo e afeto em livro. São Paulo: cê bê êne, 3 julho 2017. Entrevista concedida ao programa cê bê êne Noite Total. Disponível em: https://oeds.link/ThiNRh. Acesso em: 25 março 2022.

  1. Se você fosse o editor encarregado de adaptar esse texto a uma linguagem escrita formal, apagando as marcas de oralidade, como o texto ficaria?
  2. O texto apresentou mudança de sentido com essa adaptação? Qual? Converse com seus colegas.
Respostas e comentários

1. a) A linguagem usada por ambas as pessoas é informal. “Pô, eu já gostei da sua introduçãoreticências” e “Ah, legal!”.

1. b) Sim. Pode-se destacar que, na entrevista de Jarid Arraes, tanto as perguntas quanto as respostas são bem definidas, apresentando início, desenvolvimento e desfecho, não havendo, portanto, interrupções por nenhuma das partes. Na entrevista de Lázaro Ramos, os turnos se sobrepõem e, assim, algumas vezes as falas ficam incompletas. É possível afirmar que a interação entre entrevistador e entrevistado, no segundo caso, é mais natural, menos organizada rigidamente do que no primeiro.

4. a) Resposta pessoal.

Respostas

1. c) Resposta pessoal.

2. Indica o imediatismo da comunicação por rádio.

3. Os trechos que podem ser citados são: “E a gente conversa agora com o ator Lázaro Ramos, que está agora com uma nova funçãoreticências”; “Gostei da tua, da tua descrição”; “quando eu comecei a escrever esse livro, reticências”; “Vocreticências / reticências Porque eu acho que é importante, néreticências”; “não me conheciam tão bemreticências tão bemreticências”; “unrrumreticências”.

4. a) Sugestão de resposta: “Exatamente. E o livro tem uma coisa que está acontecendo, que me deixa muito emocionado: o público dele tem sido muito diverso. Eu já recebi, por meio de redes sociais, uma mensagem de um dono de uma grande empresa internacional, como já recebi mensagens de amigos próximos, falando que não me conheciam tão bem ou que não tinham pensado sobre determinadas questões. Ou de pessoas que já são até militantes da questão negra e que se sentem próximas também do assunto. E isso é o que me deixa feliz: conseguir falar com todo mundo. É uma voz que não é melhor nem pior, é só uma conversa despretensiosa, escrita de fórma simples e com muito afeto. Esse livro é para falar de questões que são dolorosas para a gente, sim, mas é um livro muito afetuoso”.

Faça as atividades no caderno.

  1. A capa do livro Na minha pele contém uma fotografia de seu autor, Lázaro Ramos, na qual apenas metade de seu rosto é revelada. Na época do lançamento desse livro, muitas pessoas, incluindo celebridades, publicaram fotografias cuja pose consistia nessa capa cobrindo-lhes a metade do próprio rosto. Dessa fórma, a face nova que surgia na imagem era composta da metade de Lázaro Ramos e da metade da pessoa em questão. Tendo em conta tudo o que foi exposto pelo autor na entrevista, principalmente a respeito de seu conteúdo, como você interpreta o movimento realizado por essas pessoas?
  2. No início da entrevista, Lázaro Ramos afirma que seu livro é uma “conversa disforme”. Procure, no dicionário, o significado da palavra disforme e explique essa classificação atribuída por Lázaro a seu próprio livro.
  3. Que expressões a entrevistadora utiliza para mostrar entendimento ou concordância em relação ao que o entrevistado está dizendo?
  4. Em determinado ponto de uma de suas falas, Lázaro Ramos diz: “mas eu quero que ele seja um livrreticências e ele é um livro muito afetuosoreticências”. É possível perceber que o entrevistado desiste do que ia dizer e reformula sua ideia.
    1. Considerando esse contexto dado e os aspectos linguísticos envolvidos, explique o motivo dessa reformulação.
    2. De que maneira esse movimento de reformular ideias pode ser um diferencial entre o texto oral e o texto escrito?
  5. A entrevistadora associa o título do livro, Na minha pele, às questões que estão contidas nele, as quais ela elenca: “A questão racial, a questão de gênero, a questão de família, de afeto, de relação do seu trabalho com o seu público”. Por que ela faz essa associação?
  6. Diferentemente do que ocorre na entrevista dada por Jarid Arraes ao Projeto Afreaka, na de Lázaro Ramos, ao final, há cumprimentos trocados entre entrevistadora e entrevistado. Qual é uma possível razão para haver essa diferença?
  7. Compare as duas entrevistas lidas por você nesta Unidade e descreva as intervenções feitas pelos entrevistadores em cada caso.
  8. As pautas defendidas pelo entrevistado estão presentes em sua comunidade? Com seus colegas, anote no caderno as temáticas problematizadas por ele e complemente com outras que são importantes para reflexão.

Saiba +

Na minha pele

Lançado em junho de 2017, o livro Na minha pele tem como ideia central o diálogo com os leitores sobre pluralidade cultural, racial, étnica e social, gêneros que marcam a carreira do também ator e produtor. Para escrevê-lo, o autor maturou a ideia durante dez anos, buscando inspiração em amigos de infância da ilha do Paty, na Bahia, onde nasceu, e em pessoas que passaram por sua vida.

Capa de livro. Na parte superior à esquerda há o título do livro: NA MINHA PELE. Na parte inferior à esquerda há o nome do autor: LÁZARO RAMOS. À direita, há uma fotografia da metade direita do rosto de Lázaro, homem negro com barba e cabelos curtos.
RAMOS, Lázaro. Na minha pele. Rio de Janeiro: Objetiva, 2017. Capa de livro.
Respostas e comentários

5. Lázaro Ramos, em seu livro, toca, de fórma pessoal, em questões que alcançam a sociedade de diferentes maneiras e em diferentes graus, pois trata de discriminação, de racismo, de questões de gênero etcétera A pose dessas pessoas simboliza a empatia sentida pelo conteúdo do livro; desse modo, Lázaro Ramos e seus leitores seriam, metaforicamente, um único ser, uma vez que os pensamentos são semelhantes.

Respostas (continuação)

b) Sem as marcas de oralidade, o texto perde o traço de espontaneidade que possuía e que possibilitava, ao leitor, acompanhar a construção do raciocínio do entrevistado, que se deu quase concomitantemente à sua fala.

6. “Disforme” sugere algo que não possui fórma definida. Lázaro Ramos vale-se dessa classificação para indicar que seu livro não pode ser enquadrado em um gênero específico, pois não possui uma fórma exata.

7. “Sim”, “unrrum”, “Claro”, “Ah, legal!”.

8. a) Inicialmente, Lázaro Ramos parecia querer revelar um desejo: o de que o livro fosse afetuoso. A ideia de desejo está implícita no modo verbal de “seja”, que está no subjuntivo. Contudo, logo em seguida, opta por reformular o enunciado usando o modo indicativo, mostrando que o que seria apenas um desejo, na realidade, já se concretizou: “ele é um livro muito afetuoso”.

b) A reformulação de ideias é própria da oralidade. A linguagem escrita, diferentemente da oral, pressupõe um tempo adequado para que a ideia final a ser transmitida seja elaborada. Nesse sentido, não há necessidade de reformulação.

9. Porque todas essas questões, como a própria entrevistadora afirma, fazem parte da vivência do autor do livro. O título Na minha pele indica, metaforicamente, o que diz respeito à vivência de um indivíduo. Por isso, a associação.

10. Por ser uma entrevista dada para a rádio, possivelmente ao vivo, não houve edição que suprimisse os cumprimentos finais, diferentemente da entrevista de Jarid Arraes, concedida a um site, o que possibilitou as supressões.

11. As intervenções realizadas pelo entrevistador de Jarid Arraes­ são mais ordenadas do que as da entrevistadora de Lázaro Ramos, em que há sobreposições de fala e aproveitamento de respostas para a realização de outras perguntas ou de comentários, o que revela o desvio do que poderia ser um roteiro prévio. Na primeira entrevista, fica patente o cumprimento disciplinado de um roteiro.

12. O entrevistado menciona aspectos sociais, culturais e históricos, como o racismo. Instigue a turma a pensar em problemas sociais que podem motivar pesquisas, debates e produções textuais.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 2

Faça as atividades no caderno.

Variações linguísticas situacionais: textos orais e escritos

1. Leia a tirinha do Recruta Zero: 

Tirinha. Em duas cenas. Personagens: Recruta Zero, jovem vestindo farda verde e chapéu cobrindo os olhos. Sargento, homem robusto vestindo farda verde e chapéu. Cena 1. Sargento está de perfil, sentado diante de uma mesa, segurando uma prancheta; ele diz: VAI TRABALHAR NA COZINHA HOJE, ZERO! À frente da mesa, caminhando para a direita, olhando sobre os ombros para o Sargento, o Recruta Zero diz: NÃO PODE NUNCA ME PEDIR DIREITO? Cena 2. Ao fundo há um homem com cabelos pretos, usando farda verde; ele está de pé, próximo ao Recruta Zero, que está deitado em uma cama e segura uma folha de papel amarela. O homem de pé diz: O QUE É ISSO? O Recruta Zero diz: UM CONVITE FORMAL PARA TRABALHAR NA COZINHA. Em primeiro plano, à direita do quadro, o Sargento está com expressão mal-humorada, quase saindo do quadro.

uólquer, Grégui; uólquer, mort. Recruta Zero. O Estado de São Paulo, São Paulo, 31 outubro 2016. Caderno 2, página cê quatro.

  1. No primeiro quadro, além de saber que vai trabalhar na cozinha, o que mais incomodou o Recruta Zero?
  2. O que indica, no primeiro balão, que o Sargento dá uma ordem? Observe o modo verbal empregado e a pontuação que o quadrinista escolheu.
  3. O Recruta Zero diz que recebeu um “convite formal para trabalhar na cozinha”. Discuta com um colega o que significa a palavra formal nesse contexto.
  4. O que pode indicar a expressão facial do Sargento no último quadro?

O que é variação linguística situacional?

Quando conversamos com outras pessoas, podemos nos encontrar em diversas situações de uso da língua: uma conversa espontânea com amigos, por exemplo, em que não nos preocupamos muito com o modo de falar, ou em ocasiões em que precisamos cuidar mais do texto a ser falado, como ao apresentar um seminário na escola.

A escolha das palavras, a fórma de organizá-las na oração, a decisão de usar gírias ou não, o tom a ser utilizado, a maneira como nos dirigimos ao interlocutor etcétera nessas diversas situações estão diretamente ligados ao gênero do texto que será usado. E os diferentes gêneros de texto que usamos levam em conta vários aspectos:

  • quem fala e para quem fala;
  • o tipo de relação pessoal que os interlocutores mantêm entre si;
  • o assunto da conversa;
  • o objetivo e a intenção com que se fala;
  • o tipo de ambiente em que o texto falado vai circular;
  • o suporte no qual o texto aparecerá etcétera
Respostas e comentários

1. a) A fórma como a ordem foi dada.

1. b) O uso do modo imperativo e o ponto de exclamação indicam um tom de voz autoritário.

1. c) O convite por escrito ganha oficialidade, uma comunicação que não aceita questionamentos.

1. d) Mau humor. Ele sempre age de fórma hostil com seus subordinados, leva tudo ao extremo de fórma dura, mas também é sentimental e, às vezes, tagarela.

Habilidades trabalhadas nesta seção e sua subseção (Questões da língua)

(ê éfe seis nove éle pê um seis) Analisar e utilizar as fórmas de composição dos gêneros jornalísticos da ordem do relatar, tais como notícias (pirâmide invertida no impresso versusblocos noticiosos hipertextuais­ e hipermidiáticos no digital, que também pode contar com imagens de vários tipos, vídeos, gravações de áudio etcétera), da ordem do argumentar, tais como artigos de opinião e editorial (contextualização, defesa de tese/opinião e uso de argumentos) e das entrevistas: apresentação e contextualização do entrevistado e do tema, estrutura pergunta e resposta etcétera

(ê éfe seis nove éle pê um sete) Perceber e analisar os recursos estilísticos e semió­ticos dos gêneros jornalísticos e publicitários, os aspectos relativos ao tratamento da informação em notícias, como a ordenação dos eventos, as es­co­lhas lexicais, o efeito de imparcialidade do relato, a mor­fo­logia do verbo, em textos noticiosos e argumentativos, reconhecendo marcas de pessoa, número, tempo, modo, a distribuição dos verbos nos gêneros textuais (por exemplo, as fórmas de pretérito em relatos; as fórmas de presente e futuro em gêneros argumentativos; as fórmas de imperativo em gêneros publicitários), o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e as estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados (tempo verbal, jogos de palavras, metáforas, imagens).

(ê éfe seis nove éle pê cinco cinco) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito linguístico.

(ê éfe seis nove éle pê cinco seis) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e normas da norma-padrão em situações de fala e escrita nas quais ela deve ser usada.

(ê éfe seis sete éle pê três dois) Escrever palavras com correção ortográ­fica, obedecendo as convenções da língua escrita.

(ê éfe seis sete éle pê três três) Pontuar textos adequadamente.

(ê éfe zero sete éle pê zero seis) Empregar as regras básicas de concor­dância nominal e verbal em situações comunicativas e na produção de textos.

(ê éfe zero sete éle pê um zero) Utilizar, ao produzir texto, conheci­mentos linguísticos e gramaticais: modos e tempos verbais, concordância nominal e verbal, pontuação etcétera

(ê éfe zero sete éle pê um um) Identificar, em textos lidos ou de produção própria, períodos compostos nos quais duas orações são conectadas por vírgula, ou por conjunções que expressem soma de sentido (conjunção “e”) ou oposição de sentidos (conjunções “mas”, “porém”).

(ê éfe seis sete éle pê três seis) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão referencial (léxica e pronominal) e sequencial e outros recursos expressivos adequados ao gênero textual.

(ê éfe zero sete éle pê um três) Estabelecer relações entre partes do texto, identificando substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos), que contribuem para a continui­dade do texto.

Faça as atividades no caderno.

Pense na sua escola: no pátio escolar, na cantina e nos corredores, lugares em que interagimos com outras pessoas de modo mais descontraído. Já na sala de aula, na sala da direção ou na secretaria da escola, devemos ficar mais atentos ao modo como utilizamos a língua, evitando gírias.

2. Pense nos ambientes em que você circula no seu cotidiano; em quais você presta mais atenção à sua fala e em quais pode ser mais descontraído?

A essa atenção dada à língua em função do ambiente, do nosso interlocutor, do tipo de relação que existe entre nós, do assunto tratado, do nosso objetivo etcétera, chamamos monitoramento. “Monitorar” significa “vigiar”, “controlar”, “verificar”, isto é, a fórmacomo utilizamos a língua é vigiada, controlada por nós mesmos.

Ao estudar as entrevistas de Jarid Arraes e Lázaro Ramos, em muitos momentos utilizamos expressões como “mais formal” e “mais informal”.  O que significa exatamente a palavra formal?

O dicionário eletrônico Uáis apresenta os seguintes significados para a palavra formal:

1formal    Datação: catorze

Acepções  Locuções

adjetivo de dois gêneros

1. relativo ou pertencente a fórma

2. que não deixa dúvidas; claro, explícito

exêmplo: um desmentido folhas

3. que é real, evidente, irrefutável, categórico

exêmplo: prova folhas

4. que diz respeito mais à aparência do que ao conteúdo

exêmplo: cortesia folhas

5. solene, oficial, protocolar

exêmplo: evento folhas

6. próprio para ocasiões solenes

exêmplo: um traje folhas

7. que não é espontâneo; convencional

exêmplo: gestos folhas

Uáis, Antônio; VILLAR, Mauro de ; MELLO FRANCO, Francisco Manoel. Dicionário Eletrônico Uáis da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.

3. Qual ou quais desses significados explicar melhor o uso que fazemos da palavra formal quando estamos nos referindo ao monitoramento da língua?

Respostas e comentários

2. Resposta pessoal.

3. Acepção 7.

Sugestão

Peça aos estudantes que façam um levantamento de características formais e informais nas entrevistas de Jarid Arraes e Lázaro Ramos.

Respostas

2. Ao conversarmos com o professor, com a diretora, com funcionários da secretaria, nossa linguagem é mais formal. Com nossos amigos, na cantina, no corredor das salas de aula, no pátio etcétera, nossa linguagem é mais descontraída.

3. Além da acepção 7, as acepções 5 e 6 também caberiam. Ajude os estudantes a perceberem melhor o uso que se faz da palavra formal quando estamos nos referindo ao monitoramento da língua.

Você já sabe que a língua está sempre mudando. Embora a nossa língua seja uma só, ela pode variar bastante, pode sofrer variações linguísticas. Por exemplo, como você já estudou, o latim vulgar, com o passar do tempo, deu origem à língua portuguesa que, hoje, é diferente da que era usada tempos atrás. Ou seja, com o passar do tempo, a língua apresenta uma variação histórica.

A língua também pode variar em uma mesma época e ser diferente de bairro para bairro, cidade para cidade, estado para estado e país para país, apresentando variação regional.

Além disso, cada grupo social, em toda e qualquer região, usa a língua do seu jeito: homens e mulheres falam de modos distintos; cada profissão desenvolve o seu linguajar próprio; a língua portuguesa falada no Brasil das classes mais favorecidas e escolarizadas não é a mesma das camadas desfavorecidas e menos escolarizadas. Essas diferenças caracterizam a variação social.

No entanto, a sociedade avalia essa diversidade toda de maneira desigual, reduzindo-a a dois grandes grupos: as variedades socialmente valorizadas, usadas por grupos mais escolarizados e mais prestigiados; e as variedades socialmente não valorizadas, utilizadas pelas camadas menos escolarizadas e consideradas “incorretas”.

Assim, além dos três tipos de variação linguística que você já conhecia, agora está aprendendo mais uma: ao falarmos nas diferenças entre os textos orais e escritos e do maior ou menor monitoramento no uso da língua em situações formais e informais, estamos falando da variação linguística situacional.

Retome este trecho da entrevista de Lázaro Ramos:

Entrevistadora – Você já tem um papel social grande, principalmente nessa questão da afirmação, dareticências da difusão de, de questões sociais pras pessoas e da tentativa, mais uma, uma pessoa que corre na tentativa de minimizar esse preconceito, que ainda existe aqui, né? Esse livro te dá um gás nessa, nesse trabalho?

Lázaro Ramos – Ah, me dá um gás e eu acho que ele é uma, um, um desdobramento e uma evolução de um caminho, que, na minha profissão de ator, eu tenho exercitado já há um tempo, que é falar dessas questões todas, mas também utilizando as armas que a minha profissão permite de aproximação, como o humor...

LÁZARO Ramos trata de racismo e afeto em livro. São Paulo: cê bê êne, 3 julho 2017. Entrevista concedida ao programa cê bê êne Noite Total. Disponível em: https://oeds.link/ThiNRh. Acesso em: 25 março 2022.

Ao tratar de um tema de grande seriedade, a entrevistadora utiliza determinadas palavras e expressões – como papel social, questões sociais, preconceitos – típicas de falas mais formais. Ao mesmo tempo, ao final da pergunta, ela utiliza a gíria dá um gás.

Perceba que Lázaro inicia sua resposta retomando essa gíria e depois parece adotar um tom mais sério, formal, para tratar do tema proposto. Durante toda a entrevista, tanto a entrevistadora quanto Lázaro oscilam entre formalidade e informalidade, mas se mantêm, na maior parte do tempo, na informalidade. Em outras palavras, mostram ter boa percepção de que, ao falar ou escrever, a língua pode apresentar variações situacionais.

Com seus colegas, componham uma listagem das situações do dia a dia em que vocês utilizam textos escritos e orais. Anotem essas situações comunicativas, escolares e não escolares e analisem quais variações linguísticas estão mais presentes nesses contextos.

Respostas e comentários

Sobre variações linguísticas situacionais: textos orais e escritos

Antes de falar sobre a variação situacional, procure descobrir o que os estudantes lembram sobre os outros três tipos de variação linguística que já estudaram no volume 6: as variações histórica, regional e social. Insista, particularmente, na variação social, mais complexa, uma vez que abrange diferentes aspectos: a idade do falante, seu gênero, a classe social a que pertence, seu nível de escolaridade, sua profissão etcétera Relembre-os também de que a variação pode afetar ou recair sobre diferentes aspectos da língua: nos níveis fonético, morfológico, sintático e lexical.

É importante ponderar que não se pode considerar uma variedade linguística melhor ou mais correta do que outra: cada uma delas é adequada e funcional para sua região e seu contexto social. Tudo depende da situação de uso da língua: quem fala, de que lugar fala, para quem, em que ambiente, com que objetivo etcétera

Após essa observação, retome as características da fala em uma entrevista, explicando aos estudantes que, nesse gênero textual, a língua pode apresentar variações situacionais, oscilando entre formalidade e informalidade, alto ou baixo grau de monitoramento por parte dos interlocutores. Portanto, não somente o que está sendo falado, mas a própria situação de comunicação pode afetar o texto.

Sobre a atividade proposta

A listagem pode ser feita coletivamente na lousa, mediante a participação da turma com base no que foi proposto. Explique aos estudantes como somos sujeitos atravessados por variados campos sociais (escolar, político, midiático, literário etcétera). No dia a dia, para as diversas situações de interação com o outro, usamos textos (orais, escritos e multimodais). Em geral, usamos com mais recorrência a modalidade oral. Aproveite para aprofundar as análises ao questionar como podemos usar mais a escrita em nossa rotina, por meio de diários, relatos, agendas (impressas e digitais), planejamentos de aulas/estudos etcétera Para muitos desses registros, podemos usar uma variação linguística mais informal. Contraponha os graus de formalismo presentes nos textos listados com base no público-leitor ou no interlocutor previsto (para quem o texto é escrito).

Sugestão

Se achar oportuno, observe com os estudantes que o falar de uma região, com todas as suas peculiaridades, é frequentemente retratado pelos escritores regionalistas em suas obras literárias.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Retome outro trecho da entrevista de Lázaro Ramos:

Lázaro Ramos – Exato. Essa história do livro começou há dez anos atrás, em 2007, quando eu fui à editora propor um livro infantil que eu acabei lançando antes até. Eu lancei dois: o Caderno de rimas do João e A menina Edith e a velha sentada. Mas cê sabe que foi jogando muita coisa fóra? (risos)

Entrevistadora – Como assim!? (risos)

Lázaro Ramos – É, durante dez anos eu escrevia e jogava coisa fóra, voltava pro editor ler, eu ficava insatisfeito, no meio do caminho eu desisti. Mas é por isso, porquereticências eu acho esse assunto tão importante, assim, você falar sobre identidade, sobre ­preconceito que a gente pode terreticências É, eu acho um assunto tão importante, que eu acho que tem que falar de um jeito que todo mundo participe da conversa. E eu acho que em algum momento o jeito que eu escrevi conversava somente com ou quem pensava como eu ou, então, era por demais alienada as questões.

LÁZARO Ramos trata de racismo e afeto em livro. São Paulo: cê bê êne, 3 julho 2017. Entrevista concedida ao programa cê bê êne Noite Total. Disponível em: https://oeds.link/ThiNRh. Acesso em: 25 março 2022.

  1. Quando estudamos a entrevista de Jarid Arraes ao Projeto Afreaka, você aprendeu que a escrita tende a apresentar orações mais longas e elaboradas porque quem escreve tem tempo para refletir, corrigir, reformular seu texto, o que não acontece na fala mais informal e espontânea. Essa entrevista de Lázaro é um texto oral transcrito, com muitas marcas de informalidade ainda presentes na transcrição. Identifique ao menos três dessas marcas presentes no texto.
  2. Substitua as marcas de informalidade, presentes neste trecho, pela linguagem formal. Observe como este trecho ficaria. Compartilhe sua reescrita com os colegas e observe se eles reescreveram o trecho do mesmo modo que você.
Respostas e comentários

1. a) Uso de no lugar de você, as hesitações (marcadas na escrita pelas reticências), assim, repetição (importante, É, eu achoreticências).

Respostas

1.b) Sugestão: Durante dez anos, após a leitura do editor, eu joguei muita coisa fóra porque ficava insatisfeito e desistia no meio do caminho. Mas fazia isso pela importância do assunto, de falar sobre identidade, sobre preconceito que podemos ter. Isso é muito importante, temos que falar de um jeito que todo mundo possa participar da conversa. Acredito que o jeito como eu escrevia conversava apenas com aqueles que pensavam como eu. Então, minhas questões eram muito alienadas.

Sugestão

Mostre um depoimento da jogadora de futebol Marta, disponível no canal do Museu do Futebol (disponível em: https://oeds.link/8vFOTK; acesso em: 25 março 2022). Peça aos estudantes que transcrevam sua fala, nos 10 primeiros segundos e, em seguida, que retextualizem essa mesma fala. Transcrição: “Bom, me chamo Marta Vieira da Silva, tenho vinte e nove anos, nasci em Alagoas, éreticências Dois Riachos, Alagoas, ereticências sou atacante. Nossa, são várias lembranças, né? Mas, assimreticências da minha infânciareticências éreticências quando eu paro pra pensar eu, vêm algumas imagens assim, de quando eu jogavareticências num espaçozinho, não era nem campo, né?”. Retextualização: “Meu nome é Marta Vieira da Silva, tenho vinte e nove anos, nasci em Dois Riachos, uma cidade do estado de Alagoas. Eu sou atacante. Tenho várias lembranças da minha infância. Eu me lembro de quando eu jogava num espaçozinho, que não era nem campo”. Comente com os estudantes as modificações que foram feitas (eliminação das marcas de oralidade e das hesitações, inversão sintática, pontuação) identificando quais foram, nesse caso, as diferenças observadas entre texto escrito e texto falado.

Questões da língua

Faça as atividades no caderno.

Onde e aonde

1. Releia o texto de apresentação de Jarid Arraes que acompanha a entrevista estudada na Leitura 1:

Jarid Arraes nasceu em 12 de fevereiro de 1991, em Juazeiro do Norte, no Ceará, onde viveu até 2014, quando se mudou para São Paulo. Em seus textos, costuma tratar de temas relacionados à opressão social em suas variadas facetas.

ELIAS, Bianca. Escritora negra Jarid Arraes fala sobre sua obra e influência nordestina. Entrevista concedida ao Projeto Afreaka. Disponível em: https://oeds.link/q9RlhH. Acesso em: 25 março 2022.

  • A que se refere a palavra onde destacada no texto? Observe os versos usados no trecho para fazer essa análise.

2. Leia este cartum e responda:

Cartum. À esquerda, um homem com cabelos e barba longos, de perfil, usando óculos e camiseta amarela, está com um braço estendido para frente, na direção de uma menina. Ele diz a ela: ESTE É O LIVRO DA MINHA GERAÇÃO, FILHA. À direita, uma menina com cabelos na altura dos ombros, usando óculos e camiseta azul, está sentada segurando um livro de capa vermelha e olhando para o livro. Ela diz: ONDE FICA O BOTÃO DE LIGAR? 
Ao lado do cartum, há o título COISAS QUE ACONTECEM.

dãmer, André. A cabeça é uma ilha. O Globo, Rio de Janeiro, 28 junho 2016. Segundo Caderno, página 4.

  1. Qual é o tema abordado?
  2. O que produz humor nesse cartum?
  3. Na sua opinião, o livro impresso é um objeto superado ou ainda presente na vida dos jovens?
  4. Escreva, no caderno, a fala da filha, substituindo a palavra onde sem alterar o significado da oração.

Na atividade 1, você percebeu que a referência da palavra onde é a cidade Juazeiro do Norte. Observe que essa palavra também inicia uma nova oração (“onde viveu até 2014”). Nesse caso, onde é um pronome relativo, uma palavra que tem dupla função: retomar um outro termo já utilizado e iniciar uma nova oração.

Quando onde é um pronome relativo, seu antecedente deve ser uma expressão que indique lugar. Se não indicar lugar, mas indicar eventos, deve-se usar: em que, na qual ou no qual (no plural: nas quais, nos quais).

Repare o uso de onde no cartum, na fala da filha. Essa palavra não tem antecedente na oração, ela não retoma nada, e o período é composto de apenas uma oração. Nesse caso, é um advérbio. Onde inicia uma oração interrogativa e solicita uma informação (o lugar em que o possível botão de ligar estaria no objeto que a filha recebeu).

O a que se junta à palavra onde é uma preposição que equivale a para. Por exemplo: “Aonde nós vamos?”.

Com seus colegas, pensem em situações comunicativas do dia a dia nas quais usaríamos onde e aonde. Encenem essas situações, aplicando corretamente esses termos.

Respostas e comentários

1. Refere-se ao local, lugar onde a entrevistada nasceu.

Respostas

2. a) As diferenças entre as gerações (nesse caso específico, em relação à tecnologia).

b) O humor é produzido pelo exagero no comportamento da filha, que não reconhece o objeto oferecido pelo pai como um livro, mas como um aparelho tecnológico.

c) Resposta pessoal.

d) Sugestão: “Em que lugar fica o botão de ligar?”.

Sobre onde e aonde

Essa é uma boa oportunidade para mostrar aos estudantes a diferença da palavra onde como pronome relativo e advérbio. O pronome relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a em que, no qual, na qual: Esta é a casa onde moro. Não conheço o lugar onde você está. Onde, como advérbio interrogativo, inicia a oração e não é possível substituí-lo por em que. Aproveite para explicar a diferença entre de onde, aonde e donde. Aonde é empregado com verbos que dão ideia de movimento e equivale a para onde, sendo resultado da combinação da preposição a + onde. Não conheço o lugar aonde você irá (ir indica movimento. Quem vai, vai a algum lugar). Voltei àquele lugar aonde meu pai me levava quando criança (levar indica movimento. Quem leva, leva a algum lugar). Donde ou de onde indica origem. Não sei donde ou de onde você vem.

A regra para o uso de aonde e onde é praticamente a mesma. Esse a que se junta à palavra onde é uma preposição que equivale a para. Sempre que o verbo da oração expressar uma ação que indique movimento, esse a estará presente. Por exemplo: “Aonde nós vamos?”.

Sobre a atividade proposta

A ação cênica pode instigar a reflexão a respeito dos usos da língua, das entonações mais adequadas às situações comunicativas encenadas e, a partir disso, aos modos de interação presentes no cotidiano. Peça aos estudantes que, primeiramente, anotem, no caderno ou em folha separada, usos para onde e aonde. Em seguida, criem contextos para essas expressões, analisando os interlocutores e a finalidade da situação de interação em que as expressões seriam usadas. Para a roda de conversa, oriente que eles tenham como referência a anotação que fizeram no caderno, de modo a contribuir com a análise de termos para as substituições dessas palavras.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia esta tirinha do Recruta Zero:

Tirinha. Em uma cena. Personagens: Recruta Zero, jovem usando farda verde e capacete escondendo os olhos. Sargento Tainha, homem robusto usando farda verde e chapéu. Eles estão em uma área verde. Há uma placa onde está escrito CAMPO DE OBSTÁCULOS. Ao lado dela, há uma estrutura de madeira na qual está amarrada uma corda, seguida de troncos enfileirados, de parede de escalada e de um buraco cavado no chão. Há montanhas ao fundo. À esquerda, próximo à placa, o Sargento Tainha grita: EI, ZERO! AONDE VOCÊ VAI? No canto direito da imagem, correndo para longe dos obstáculos, o Recruta Zero segura um megafone próximo à boca e diz: VOU PEGAR UM ATALHO!

uólquer, Grégui; uólquer, mort. Recruta zero. O Estado de São Paulo, São Paulo, 13 outubro 2013. Caderno 2, página .

  1. O que explica o sentido de humor na tirinha?
  2. O que você acha da atitude do Recruta Zero? Converse com um colega.
  3. Explique por que o Sargento Tainha usou aonde em sua fala.

2. Releia uma das perguntas feitas a Jarid Arraes na primeira entrevista que você leu nesta Unidade:

AFREAKA: Você vem de um contexto de tradição cordelista. Qual foi o momento em que sentiu impulso para publicar seu primeiro cordel? Quando foi isso?

Escritora negra Jarid Arraes fala sobre sua obra e influência nordestina. Entrevista concedida ao Projeto Afreaka. Disponível em: https://oeds.link/q9RlhH. Acesso em: 18 maio 2018.

  1. A expressão em destaque refere-se a que termo anterior?
  2. Em que, nesse contexto, pode ser substituído por onde? Justifique sua resposta.

3. Leia a tirinha:

Tirinha. Em 3 cenas. Personagens: Armandinho, um menino com cabelos azuis, camiseta laranja e short azul. Pai de Armandinho, destacando as pernas de um homem usando calça e sapatos. Eles estão frente a frente. Cena 1. Um móvel branco com diversas gavetas abertas. Fora do quadro, Armandinho diz: DIGITALIZEI TODOS OS DOCUMENTOS! A PAPELADA FOI TODA PRA RECICLAGEM! Cena 2. Olhando para o pai, Armandinho continua a dizer: SALVEI TUDO EM UM PEN DRIVE, A MEMÓRIA DIGITAL! O pai lhe diz: Minha nossa... Cena 3. O pai de Armandinho diz: E ONDE ESTÁ ESSA MEMÓRIA, FILHO? Armandinho, com a mão no queixo, diz: GUARDEI! SÓ NÃO LEMBRO ONDE...

béc, Alexandre. Armandinho. Florianópolis: á cê béc, 2017. Disponível em: https://oeds.link/9ValCi. Acesso em: 25 março 2022.

Substitua a palavra onde por outros termos, como em que lugar ou para onde, e analise se o uso do termo foi utilizado adequadamente.

Respostas e comentários

2. a) Refere-se ao termo momento.

2. b) Não. A referência, o momento, não é um lugar, um espaço.

Respostas

1. a) O Recruta Zero está em treinamento, mas quer “pular” a parte do esforço físico.

b) Esta é uma boa oportunidade para conversar com os estudantes sobre ética.

c) Porque o verbo que o segue (vai) expressa ação que indica movimento.

O verbo ir, transitivo indireto, é um verbo que indica movimento e pede uma preposição e um complemento para completar seu sentido (quem vai, vai a algum lugar). Isso explica por que o Sargento Tainha, ao se dirigir a Zero, fazendo-lhe uma pergunta, emprega o advérbio interrogativo aonde, resultado da junção do termo onde e da preposição a.

3. Espera-se que os estudantes indiquem que o termo foi utilizado corretamente na tirinha.

Sugestão

Aproveite a atividade 3 e peça aos estudantes que, seguindo suas explicações da página anterior, informem se as palavras onde e aonde são pronomes relativos ou advérbios interrogativos.

Oralidade

Entrevista: marcas de oralidade

Conforme estudamos nesta Unidade, um dos aspectos essenciais presentes no gênero entrevista são as marcas de oralidade. Isso ocorre pelo fato, já mencionado, de que a entrevista, quando é oral, é uma conversa e, como tal, carrega a maleabilidade da linguagem falada, distante, portanto, da rigidez que se imprime a um texto que tenha de se enquadrar na formalidade. Contudo, nem sempre é assim. Vimos que uma entrevista pode ser realizada por escrito e, dessa fórma, dificilmente terá essas marcas. Há também casos em que, durante a transcrição de uma entrevista que fora gravada em áudio, por exemplo, apagam-se esses indícios de oralidade. Assim, suprimem-se, por exemplo, as interjeições, as hesitações e as incompletudes típicas de quem fala quase ao mesmo tempo que constrói seu raciocínio.

No entanto, esse aspecto não deve ser entendido como um defeito a ser totalmente rejeitado. Muitos sentidos podem ser extraídos das marcas de oralidade. Uma hesitação, por exemplo, pode indicar receio em dizer algo, falta de conhecimento sobre o que se está dizendo ou, simplesmente, uma pausa para elaborar melhor uma ideia, visando à clareza da comunicação. Observar os aspectos orais, quando possível, permite que se agreguem sentidos ao texto, o que faz com que o entendimento por parte do ouvinte/leitor se aprofunde.

Considerando isso, reúna-se em um grupo de quatro pessoas e, juntos, preparem uma entrevista a ser realizada com alguém da sua escola.

Escolham o entrevistado

Pode ser um colega de turma, um professor ou outro funcionário. Busquem informações prévias a respeito do entrevistado, tanto relativas à vida pessoal quanto às atribuições sociais (estudos e trabalhos, por exemplo).

Selecionem o tema que guiará as perguntas

Se forem entrevistar um funcionário da escola, por exemplo, podem elaborar questões que se refiram à sua função, ao tempo em que atua, ao que mais gosta no lugar onde trabalha etcétera

Respostas e comentários

Sobre transcrição do oral

Não se pretende aqui aprofundar e exaurir a questão da transcrição do oral para o escrito. O importante é os estudantes perceberem que algumas normas precisarão ser combinadas para essa transcrição, para que reverbere no texto escrito um mínimo de marcas da oralidade. Como serão indicadas as pausas (com reticências entre parênteses, por exemplo), o aumento de voz ou a ênfase em alguma sílaba, palavra ou expressão (com letra maiúscula, por exemplo), as interrupções (com colchetes vazios, por exemplo), as repetições etcétera Converse com os estudantes sobre isso e sobre tudo o que foi discutido e pontuado na leitura das duas entrevistas desta Unidade. Faça com eles uma lista desses combinados e acompanhe a transcrição, respondendo e orientando as dúvidas.

Habilidades trabalhadas nesta seção

(ê éfe seis nove éle pê um zero) Produzir notícias para rádios, tê vê ou vídeos, podcasts noticiosos e de opinião, entrevistas, comentários, vlogs, jornais radiofônicos e televisivos, dentre outros possíveis, relativos a fato e temas de interesse pessoal, local ou global e textos orais de apreciação e opinião – podcasts e vlogs noticiosos, culturais e de opinião, orientando-se por roteiro ou texto, considerando o contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros.

(ê éfe seis nove éle pê um um) Identificar e analisar posicionamentos defendidos e refutados na escuta de interações polêmicas em entrevistas, discussões e debates (televisivo, em sala de aula, em redes sociais etcétera), entre outros, e se posicionar frente a eles.

(ê éfe seis nove éle pê um dois) Desenvolver estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign (esses três últimos quando não for situação ao vivo) e avaliação de textos orais, áudio e/ou vídeo, considerando sua adequação aos contextos em que foram produzidos, à fórma composicional e estilo de gêneros, a clareza, progressão temática e variedade linguística empregada, os elementos relacionados à fala, tais como modulação de voz, entonação, ritmo, altura e intensidade, respiração etcétera, os elementos cinésicos, tais como postura corporal, movimentos e gestualidade significativa, expressão facial, contato de olho com plateia etcétera

(ê éfe seis nove éle pê um quatro) Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos colegas e dos professores, tema/questão polêmica, explicações e ou argumentos relativos ao objeto de discussão para análise mais minuciosa e buscar em fontes diversas informações ou dados que permitam analisar partes da questão e compartilhá-los com a turma.

(ê éfe seis nove éle pê três nove) Definir o recorte temático da entrevista e o entrevistado, levantar informações sobre o entrevistado e sobre o tema da entrevista, elaborar roteiro de perguntas, realizar entrevista, a partir do roteiro, abrindo possibilidades para fazer perguntas a partir da resposta, se o contexto permitir, tomar nota, gravar ou salvar a entrevista e usar adequadamente as informações obtidas, de acordo com os objetivos estabelecidos.

(ê éfe seis sete éle pê um quatro) Definir o contexto de produção da entrevista (objetivos, o que se pretende conseguir, porque aquele entrevistado etcétera), levantar informações sobre o entrevistado e sobre o acontecimento ou tema em questão, preparar o roteiro de perguntar e realizar entrevista oral com envolvidos ou especialistas relacionados com o fato noticiado ou com o tema em pauta, usando roteiro previamente elaborado e formulando outras perguntas a partir das respostas dadas e, quando for o caso, selecionar partes, transcrever e proceder a uma edição escrita do texto, adequando-o a seu contexto de publicação, à construção composicional do gênero e garantindo a relevância das informações mantidas e a continuidade temática.

(ê éfe seis sete éle pê dois quatro) Tomar nota de aulas, apresentações orais, entrevistas (ao vivo, áudio, tê vê, vídeo), identificando e hierarquizando as informações principais, tendo em vista apoiar o estudo e a produção de sínteses e reflexões pessoais ou outros objetivos em questão.

Elaborem previamente as questões norteadoras da entrevista

Lembrem-se de que é importante que as perguntas sejam bem ordenadas, ou seja, que sigam uma linha de coerência. Vocês podem, por exemplo, optar por fazer questões que obedeçam a uma cronologia: primeiro perguntar em que ano a pessoa começou a trabalhar na escola, para, somente mais adiante, questionar sobre suas tarefas atuais.

Estejam preparados para possíveis desvios do roteiro de perguntas

Se o entrevistado fornecer uma resposta que sugira um aprofundamento, algo que gere curiosidade de saber mais informações, procurem encaixar, de maneira improvisada, uma pergunta que possibilite isso.

Gravem a entrevista em áudio

Se o entrevistado permitir, com um gravador ou celular, gravem a entrevista. Dessa maneira, será fácil retomar e incluir, na versão final do texto, questões elaboradas no improviso, por exemplo. Além disso, a gravação vai possibilitar que o grupo preste atenção às marcas de oralidade. Ao ouvir o áudio da entrevista, tentem perceber em quais momentos dos enunciados, tanto do entrevistador quanto do entrevistado, ocorrem hesitações, supressões, contrações, interjeições, sobreposição de fala, reformulações etcétera

Transcrevam os indícios de oralidade, tal como se deram, juntamente com toda a entrevista, e analisem os sentidos que eles transmitem

Verifiquem se determinado momento de hesitação do entrevistado revela que ele estava buscando alguma informação na memória ou se uma interjeição por parte do entrevistador, como “unrrum”, mostra que ele estava atento ao que estava sendo dito por seu interlocutor.

Exponham os resultados ao restante da turma

Leiam, para os colegas, os trechos em que o grupo identificou as marcas de oralidade e expliquem os sentidos que podem ser extraídos delas.

Respostas e comentários

Indicação de livros

Em seu livro, marcusqui dá algumas orientações para a transcrição do oral, em uma primeira fase da retextualização da fala para a escrita, e mostra como se pode fazer a edição em fase subsequente:

marcusqui, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. nona edição São Paulo: Cortez, 2008.

Nestas duas obras você encontra as normas de transcrição adotadas pelo Projeto Normas Urbanas de Prestígio (núrc) na sua origem:

marcusqui, Luiz Antônio. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1986.

PRETI, (organizador). O discurso oral culto. segunda edição São Paulo: Humanitas Publicações – fêfêléchi/úspi, 1999.

Na web você localiza as normas de transcrição fazendo uma busca por “normas de transcrição do núrc”.

Produção de texto

Faça as atividades no caderno.

Transcrição

O que você vai produzir

Conforme vimos nesta Unidade, quando o gênero entrevista contém marcas de oralidade, a interlocução entre entrevistador e entrevistado adquire um tom de espontaneidade, pois é comum que, na linguagem falada, os enunciados não sejam elaborados de maneira “perfeita”. Da mesma fórma, vimos que as marcas de oralidade contribuem com a comunicação tendo em vista que também expressam sentidos.

Algo semelhante ocorre quando se trata de uma entrevista na qual se explora a imagem visual, pois a linguagem corporal também possui significados. Quando, por exemplo, uma pessoa evita manter contato visual com seu interlocutor enquanto fala, isso pode ser um indicativo de que ela não está dizendo a verdade. Ou, então, caso esteja com uma postura muito contraída, ao ser entrevistada, talvez revele a sensação de acuamento.

Assim, forme um grupo de três a quatro componentes e, com base em uma entrevista gravada em vídeo, façam uma transcrição para posteriormente avaliar as diferenças relativas ao efeito de sentido produzido.

Planejamento

  1. Com o seu grupo, pesquise, na internet, uma entrevista feita em vídeo com uma pessoa que, de alguma maneira, esteja vinculada ao debate sobre direitos, tais como a luta de negros, mulheres, homossexuais etcétera É interessante que a entrevista tenha uma duração mínima de dez minutos, para que possa ser mais bem explorada.
  2. Assistam à entrevista atentamente; se necessário, mais de uma vez, sempre fazendo anotações, pausando quando não entenderem alguma coisa, comentando o que chamar a atenção.
  3. Anotem o que identificarem em relação à linguagem corporal do entrevistador (se ele aparecer no vídeo) e, principalmente, do entrevistado. Ele está pouco ou bastante à vontade? Em que momentos a sua postura muda? Ele cruza e descruza muito as pernas (caso esteja sentado)? Ele mantém contato visual com o interlocutor ou desvia seu olhar em algum momento? Ele projeta seu corpo para a frente?
Respostas e comentários

Orientação

Retome o que foi estudado e combinado para transcrições na seção Oralidade para que os estudantes possam aplicar nesta produção.

Habilidades trabalhadas nesta seção

(ê éfe seis nove éle pê zero seis) Produzir e publicar notícias, foto­de­núncias, fotorreportagens, reportagens, repor­ta­gens multimidiáticas, infográficos, podcasts noti­ciosos, entrevistas, cartas de leitor, comentários, artigos de opinião de interesse local ou global, textos de apresentação e apreciação de produção cultural – resenhas e outros próprios das fórmas de expressão das culturas juvenis, tais como vlogs e podcasts culturais, gameplay, detonado etcétera– e cartazes, anúncios, propagandas, spots, jingles de campanhas sociais, dentre outros em várias mídias, vivenciando de fórma significativa o papel de repórter, de comentador, de analista, de crítico, de editor ou articulista, de booktuber, de vlogger (vlogueiro) etcétera, como fórma de compreender as condições de produção que envolvem a circulação desses textos e poder participar e vislumbrar possibilidades de participação nas práticas de linguagem do campo jornalístico e do campo midiático de fórma ética e responsável, levando-se em consideração o contexto da Web , que amplia a possibilidade de circulação desses textos e “funde” os papéis de leitor e autor, de consumidor e produtor.

(ê éfe seis nove éle pê zero sete) Produzir textos em diferentes gêneros, considerando sua adequação ao contexto produção e circulação – os enunciadores envolvidos, os objetivos, o gênero, o suporte, a circulação –, ao modo (escrito ou oral; imagem estática ou em movimento etcétera), à variedade linguística e/ou semiótica apropriada a esse contexto, à construção da textualidade relacionada às propriedades textuais e do gênero), utilizando estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign e avaliação de textos, para, com a ajuda do professor e a colaboração dos colegas, corrigir e aprimorar as produções realizadas, fazendo cortes, acréscimos, reformulações, correções de concordância, ortografia, pontuação em textos e editando imagens, arquivos sonoros, fazendo cortes, acréscimos, ajustes, acrescentando/alterando efeitos, ordenamentos etcétera

(ê éfe seis nove éle pê zero oito) Revisar/editar o texto produzido – notícia, reportagem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –, tendo em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, características do gênero, aspectos relativos à textualidade, a relação entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado das ferramentas de edição (de texto, foto, áudio e vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta.

Faça as atividades no caderno.

Produção

  1. Selecionem os momentos da entrevista que julgarem mais significativos, especialmente em relação à linguagem corporal transmitida.
  2. Transcrevam esses trechos.
  3. Em um primeiro momento, não se preocupem em apagar as marcas de oralidade. Contudo, após a transcrição, leiam o texto e identifiquem as passagens em que elas ocorrem.

Revisão

  1. Feita essa leitura e identificadas as passagens em que há marcas de oralidade, suprimam-nas ou façam substituições.
  2. Verifiquem se o texto está de acordo com a norma-padrão, se não há desvios de ortografia, acentuação, concordância e se as construções sintáticas estão claras.
  3. Façam os ajustes necessários, sem alterar substancialmente o que foi dito na entrevista assistida.
  4. Comparem as duas versões da entrevista: a que está em formato de vídeo e a transcrita pelo grupo. Verifiquem quais diferenças ocorreram em relação ao efeito de sentido produzido. Por exemplo, observem se, na versão do vídeo, houve um longo silêncio entre uma frase e outra, por parte do entrevistado, indicando comoção, irritação ou dúvida, e que se perdeu na transcrição.
  5. Depois da transcrição, elaborem um pequeno texto com essas observações.

Circulação

  1. Apresentem ao restante da turma o vídeo com a entrevista escolhida e comentem o que observaram em relação à linguagem corporal usada e aos contrastes, quanto ao efeito de sentido, com a versão transcrita.
  2. Montem, com toda a turma, em sala de aula ou em um espaço da escola, um mural no qual serão afixadas as transcrições e as análises feitas pelos grupos.

Avaliação

  1. Atentem aos trabalhos dos demais grupos, buscando verificar se algo não foi percebido, especialmente em relação a algum gesto da linguagem corporal do entrevistador ou do entrevistado e sobre a perda sofrida quanto a isso na versão transcrita da entrevista.
  2. Ouçam os comentários dos colegas sobre o trabalho feito pelo seu grupo e, se necessário, acrescentem informações ao texto produzido referentes às observações sobre as perdas, durante a transcrição, quanto ao efeito de sentido.

Projeto

Faça as atividades no caderno.

Ícone. Tema contemporâneo transversal Multiculturalismo.

Perspectivas

Quarta etapa

Sarau

As atividades a seguir deverão ocorrer alguns dias antes da data final marcada para o sarau.

Atividades para o grupo 1

A divulgação do evento

Este grupo vai incumbir-se da divulgação do evento, que será feita por meio da elaboração de diversos cartazes a serem afixados nos corredores da escola. Caso o evento seja aberto ao público do entorno da escola, deverão ser distribuídos também nas redondezas.

Os cartazes não servirão apenas para informar data, local e horário do evento. Eles terão de ser persuasivos, para convencer as pessoas a comparecerem ao sarau. Para isso, será necessário empregar recursos da linguagem verbal e não verbal.

Ilustração. Sobre um fundo lilás, há um grupo de crianças sorrindo, com os braços levantados, ao redor de uma placa branca com o seguinte texto: Projeto Perspectivas.

Em cartazes desse tipo, a linguagem não verbal é muito relevante: as imagens, o tipo e o tamanho das letras, as cores e a distribuição das informações devem ser objeto de reflexão antes da produção.


Carta aberta

Este grupo também deverá preparar uma carta aberta para ser lida no momento de abertura do evento. A carta deverá ser breve, dirigida a toda a comunidade escolar. Ela vai expressar o posicionamento dos estudantes em relação às várias maneiras de a realidade ser encarada. Como foi visto, visões diferentes são enriquecedoras, evitam a mesmice e promovem o surgimento de novidades. O respeito à divergência de opiniões é fundamental em uma sociedade democrática.

A carta precisa ser escrita com letras grandes e legíveis para facilitar sua leitura quando estiver exposta.

Respostas e comentários

Sobre divulgação

Auxilie o grupo a se organizar para elaborar os cartazes e espalhá-los pela escola e pelo entorno. Nesta parte do trabalho, a contribuição do professor de Arte será bem-vinda, para orientar a confecção do material. Se for possível, peça que façam uma versão digital dos cartazes para que você possa divulgar o evento pelas redes sociais aos pais, familiares e funcionários da escola. A versão digital pode ser uma fotografia de um dos cartazes de divulgação do evento feitos pelo grupo. Aproveite para informar à administração da escola o dia e o horário da exposição e do Sarau.

Sobre a elaboração da carta aberta

Acompanhe o grupo na elaboração desta carta aberta, retomando com os estudantes o que foi aprendido sobre esse gênero textual e elencando com eles tópicos para serem tratados nela. Oriente a leitura da carta, pedindo que escolham um representante que precisará ensaiar a leitura, de modo que ela seja expressiva e envolvente. Você fará a abertura oficial do evento e apresentará o grupo e o leitor, para iniciar os trabalhos.

Habilidades trabalhadas nesta seção

Leitura

(ê éfe seis nove éle pê dois um) Posicionar-se em relação a conteúdos veiculados em práticas não institucionalizadas de participação social, sobretudo, àquelas vinculadas a manifestações artísticas, produções culturais, intervenções urbanas e práticas próprias das culturas juvenis que pretendam denunciar, expor uma problemática ou “convocar” para uma reflexão/ação, relacionando esse texto/produção com seu contexto de produção e relacionando as partes e semioses presentes para a construção de sentidos.

(ê éfe seis sete éle pê zero quatro) Distinguir, em segmentos descontínuos de textos, fato da opinião enunciada em relação a esse mesmo fato.

(ê éfe seis sete éle pê um sete) Analisar, a partir do contexto de produção, a fórma de organização das cartas de solicitação e de reclamação (datação, fórma de início, apresentação contextualizada do pedido ou da reclamação, em geral, acompanhada de explicações, argumentos e/ou relatos do problema, fórmula de finalização mais ou menos cordata, dependendo do tipo de carta e subscrição) e algumas das marcas linguísticas relacionadas à argumentação, explicação ou relato de fatos, como fórma de possibilitar a escrita fundamentada de cartas como essas ou de postagens em canais próprios de reclamações e solicitações em situações que envolvam questões relativas à escola, à comunidade ou a algum dos seus membros.

(ê éfe seis nove éle pê quatro seis) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etcétera), dentre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para jornais, blogs e redes sociais e utilizando fórmas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes, posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de manifestação da cultura de fãs.

(ê éfe seis sete éle pê dois oito) Ler, de fórma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infantojuvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de fórma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

Produção textual

(ê éfe seis sete éle pê zero nove) Planejar notícia impressa e para circulação em outras mídias (rádio ou tê vê/vídeo), tendo em vista as condições de produção, do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etcétera –, a partir da escolha do fato a ser noticiado (de relevância para a turma, escola ou comunidade), do levantamento de dados e informações sobre o fato – que pode envolver entrevistas com envolvidos ou com especialistas, consultas a fontes, análise de documentos, cobertura de eventos etcétera –, do registro dessas informações e dados, da escolha de fotos ou imagens a produzir ou a utilizar etcétera e a previsão de uma estrutura hipertextual (no caso de publicação em sites ou blogs noticiosos).

(ê éfe seis sete éle pê um zero) Produzir notícia impressa tendo em vista características do gênero – título ou manchete com verbo no tempo presente, linha fina (opcional), lide, progressão dada pela ordem decrescente de importância dos fatos, uso de 3ª pessoa, de palavras que indicam precisão –, e o estabelecimento adequado de coesão e produzir notícia para tê vê, rádio e internet, tendo em vista, além das características do gênero, os recursos de mídias disponíveis e o manejo de recursos de captação e edição de áudio e imagem.

Oralidade

(ê éfe seis nove éle pê um três) Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da turma e/ou de relevância social.

(ê éfe seis nove éle pê cinco três) Ler em voz alta textos literários diversos – como contos de amor, de humor, de suspense, de terror; crônicas líricas, humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o professor) de livros de maior extensão, como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura, literatura infantojuvenil, – contar/recontar histórias tanto da tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais, contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) quanto da tradição literária escrita, expressando a compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que respeite o ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela pontuação quanto por outros recursos gráfico-editoriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações etcétera, gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos literários diversos ou de podcasts de leituras dramáticas com ou sem efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de fórma livre quanto de fórma fixa (como quadras, sonetos, liras, raicáis etcétera), empregando os recursos linguísticos, paralinguísticos e cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos de gestualidade e pantomima que convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em questão.

Faça as atividades no caderno.

Atividades para todos os grupos

Organização do material e montagem do evento

Todo o material produzido no decorrer do ano deverá ser levado para o local do evento.

Uma faixa com o título Projeto Perspectivas deve estar na entrada do local do evento. Seria interessante também reproduzir algumas litogravuras ou xilogravuras de écher e distribuí-las.

Ilustração. Uma menina com os cabelos presos nas laterais, usando blusa amarela e saia xadrez, está correndo para a esquerda. Ela sorri e segura uma faixa azul com o texto: Projeto Perspectivas.

Deverá haver um espaço para a carta aberta, que será afixada logo após a leitura em voz alta.

Na sequência, serão afixados os cartazes Modos de interpretar. Depois, o trabalho com os infográficos Maneiras de ver a mesma realidade.

As fichas Heróis do passado deverão ser penduradas em barbantes ou cordas, próximo dos folhetos de cordel, também pendurados. Para isso, usem prendedores de roupas.

A distribuição dos trabalhos deve ser adequada a cada espaço escolar. Uma conversa inicial para esse planejamento também será muito útil!

Atividade para o grupo 2

Preparação do espaço para o sarau

Este grupo ficará responsável pela preparação do espaço onde ocorrerá o sarau. O ideal seria um teatro com um palco ou lugar elevado. Caso não haja esse espaço, providenciem uma sala bastante ampla, onde serão colocadas inúmeras carteiras, em círculo, bem no centro. Assim, no momento da declamação, os estudantes ficarão no meio do círculo.

Será necessário observar a iluminação do local e providenciar a trilha sonora.

Atividades para os grupos 3 e 4

Ensaio dos declamadores

O texto deverá ser memorizado pelas duplas de declamadores. Cada integrante da dupla poderá declamar uma estrofe, alternadamente, se for adequado ao cordel produzido.

Levem em conta alguns cuidados:

  • postura cênica: cuidem da expressão gestual;
  • boa dicção para que todos consigam entender a fala;
  • altura de voz suficiente para que todos possam ouvi-los;
  • entonação correta, ritmo e expressividade para cativar o público.

As atividades a seguir ocorrerão em data e horário marcados para o Projeto Perspectivas e o sarau.

Respostas e comentários

Orientações

Nesta etapa do projeto, o resgate ao que se construiu ao longo do ano, favorecendo o trabalho com o tema transversal Multiculturalismo (subtemas: Diversidade cultural e Educação para a valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras), que se articula ao trabalho com a pesquisa relacionada a diferentes aspectos da nossa herança cultural, com o intuito de favorecer a compreensão e a valorização da diversidade humana e fomentar a empatia e o respeito ao outro.

Atividade para o Grupo 1

Este grupo abrirá o evento lendo a carta aberta no local reservado para ela ser afixada, logo na entrada. O estudante responsável pela leitura deverá ensaiá-la, de modo a envolver o público e motivá-lo a participar do evento. Esse ensaio deve ser feito com os colegas do grupo para que eles possam ajudar dando dicas e sugestões.

Após a leitura, a carta deverá ser afixada para que as pessoas que cheguem depois da abertura possam lê-la também.

Atividade para os grupos 3 e 4

Declamação

No local preparado para o sarau, o professor fará uma introdução e, em seguida, providenciará o sorteio da primeira dupla a se apresentar (e, assim, sucessivamente). Lembrem-se: vocês interpretarão os cordéis que criaram; portanto, entusiasmo!

Tenham à mão o folheto produzido pela dupla.

Atividades para todos os grupos

Encerramento

Terminada a apresentação, todos poderão se manifestar a respeito do material da exposição e em relação ao sarau. Caso alguém discorde de algo que seja dito, essa é a oportunidade de manifestar seu ponto de vista.

O professor também fará o fechamento do projeto, reforçando a ideia de que cada um de nós tem o direito de ter sua própria percepção das coisas.

Atividade para o grupo 2

Registro do evento em uma notícia

Este grupo fará a cobertura do evento e produzirá uma notícia.

Os integrantes deverão observar como está sendo a recepção das pessoas ao material exposto para uma posterior divulgação do que ocorreu. Registrem tudo, fotografando a exposição, o sarau, os participantes e o público. Não se esqueçam de pedir autorização para o uso da imagem das pessoas!

Retomem as características do gênero notícia para produzir o texto de fórma adequada.

Organizem-se com a turma, dividindo tarefas.

No momento da declamação, é preciso observar atentamente a reação do público para fazer o relato para a notícia. Alguns dos componentes desse grupo podem recolher depoimentos dos participantes, fazendo às pessoas uma mesma pergunta (“O que você achou do sarau e das apresentações?”, por exemplo). Anotem o nome das pessoas para publicar os depoimentos.

  • A notícia deverá ser divulgada posteriormente ao evento.
  • Poderá ser impressa e digitalizada (para ser divulgada pelo site da escola).
Respostas e comentários

Sobre organização do material e montagem do evento

Marque um dia para conversar sobre isso com todos os grupos e divida os trabalhos. Cada grupo se responsabilizará por uma parte da exposição: a abertura e a criação da faixa, os cartazes, os infográficos e as fichas. Levante com eles o espaço adequado para cada exposição e o material necessário para organizar e montar cada uma.

Sobre preparação do espaço para o Sarau

O grupo que ficar responsável pelo espaço em que ocorrerá o Sarau deve escolher o lugar mais adequado, pedir autorização para usá-lo na administração da escola e ocupar-se da organização: placas de sinalização, número de cadeiras, espaço para o palco, iluminação etcétera

Sobre ensaio dos declamadores

Deixe que o grupo se organize para ensaiar. Peça que façam um ensaio geral final, no qual você estará presente para ajustar eventuais deslizes que ocorram.

Sobre declamação

Prepare previamente seu texto para a abertura do Sarau e o material de que necessitará para fazer o sorteio das duplas para as apresentações.

Sobre encerramento

Abra a oportunidade para que o público se manifeste em relação às exposições e ao Sarau. Agradeça o empenho dos estudantes e a presença do público para encerrar o evento.

Reforce a ideia de que cada um de nós tem o direito de ter sua percepção das coisas.

Sobre a notícia

Combine previamente a cobertura do evento (se por fotografias, por gravações de depoimentos, por escrito etcétera). Na semana seguinte à das exposições e do Sarau, reúna com os estudantes todo o material coletado e ajude-os a organizá-lo em uma notícia bem como a reproduzi-la de modo impresso e a publicá-la digitalmente.

Se possível, traga recortes de notícias impressas e/ou navegue com a turma em sites jornalísticos. Chame a atenção dos estudantes para as marcas que diferenciam fato e opinião em notícias, para que na produção do texto percebam o que faz parte da narrativa do fato (evento) e o que são marcas que expressam a opinião deles sobre o evento (fato) ao noticiá-lo.

Faça as atividades no caderno.

Quinta etapa

Avaliação

Avaliação do grupo

Terminado o evento, é hora de fazer um balanço para verificar se o objetivo foi atingido. Retomar o registro da reação do público diante das atividades desenvolvidas será muito importante para fazer essa avaliação.

Além disso, há uma avaliação mais voltada para a participação de cada um no projeto. Para facilitar essa parte, você e seus colegas podem partir do seguinte roteiro:

  • Os grupos trabalharam de fórma a garantir o término das propostas nos prazos determinados?
  • Os grupos produziram e revisaram satisfatoriamente todo o material?
  • Os grupos se auxiliaram no momento de prender, fixar ou expor o material?
  • Os grupos responsáveis pela declamação tiveram desempenho satisfatório? Todos colaboraram para que o sarau fosse um sucesso?

Pensem juntos no que poderia ser melhorado em uma próxima oportunidade.

Avaliação individual

Em relação à sua participação, reflita e redija um parágrafo registrando o que notou de positivo e de negativo para melhorar da próxima vez. Siga este roteiro:

  • Esforçou-se ao máximo para realizar as tarefas propostas?
  • Cumpriu os prazos exigidos?
  • Contribuiu com ideias e sugestões?
  • Buscou solução para os problemas?
  • Respeitou pontos de vista dos demais estudantes?

Pense em justificativas e exemplos para cada item.

Autoanálise

Pense com sinceridade sobre sua atuação durante o projeto e pergunte a si mesmo:

  • Participei das atividades com a mente aberta, livre de pré-julgamentos?
  • Refleti sobre a ideia de que cada um pode ter uma perspectiva para analisar, viver ou avaliar os fatos da vida e de que ninguém tem o direito de impor outras fórmas de ver o mundo?
  • Ponderei sobre diferentes perspectivas diante dos fatos e diante de cada tarefa?

Reflita sobre sua postura em relação a reconsiderar opiniões e visões diferentes das suas. Isso faz parte de sua participação, como cidadão, na sociedade!

Respostas e comentários

Sobre avaliação do grupo

É importante que todos possam manifestar sua opinião e crítica, desde que de modo construtivo e colaborativo e que você monitore o tempo de fala de cada um de acordo com o tempo geral para essa atividade. É relevante também que os estudantes percebam a articulação entre todos e como se saíram em cada uma das fases. Haverá aqueles que se envolveram mais em uma ou outra, aqueles que se identificaram ou não com as tarefas que desenvolveram etcétera Isso representará para eles que nem todos fizeram só o que gostaram, mas que o conjunto final ficou bom.

Sobre avaliação individual

A autoavaliação deve ser feita individualmente e depois compartilhada com os colegas. Reúna-os novamente para que eles troquem suas impressões sobre sua participação, também os orientando no sentido do respeito e da escuta atenta do outro.

Sobre autoanálise

A autoanálise deve ser um processo individual e sigiloso. Também é necessário marcar uma data e um horário para que ela seja feita, de preferência por alguma fórma de registro escrito. Ela não será lida por você, mas é importante que os estudantes escrevam o que refletiram sobre sua percepção de modificação individual com a execução do projeto.