UNIDADE 3  De olho na crítica

Faça as atividades no caderno.

Cena de filme. Centralizada, uma menina loira com cabelos presos em rabo-de-cavalo, usando casaco vermelho e calça jeans. Ela está de costas em uma sala com piso marrom com diversos esqueletos de dinossauros. Eles estão sobre tablados de madeira. A menina está de frente para a cabeça de um dinossauro com chifres. Ao fundo, parede amadeirada. Uma luz natural que entra pelas laterais da sala e por duas aberturas ao fundo ilumina o espaço.
Cena do filme Jurassic World: reino ameaçado, uma produção da Universal Estúdios de 2018, dirigido pelo espanhol Ruán Antonio Baiôna. 130 minutos.

1. Observe essa imagem, da cena de um filme de aventura.

Versão adaptada acessível

1. Com base na imagem da cena de um filme de aventura, responda:

  1. Para o que essa pessoa está olhando?
  2. Onde a cena está acontecendo? Como você chegou a essa conclusão?
  3. Que atmosfera é construída nessa cena com o jogo de luz e sombra?
  1. A cena foi reproduzida do filme Jurassic World: reino ameaçado.
    1. Você assistiu a esse filme? Se assistiu a ele, conte o enredo aos colegas. Se não assistiu ao filme, ouça o que eles vão contar.
Versão adaptada acessível

a. Você conhece esse filme? Se conhece, conte o enredo aos colegas. Se não conhece, ouça o que eles vão contar.

  1. Se você quisesse saber o enredo desse filme e descobrir o que outras pessoas acharam dele, onde encontraria essas informações? Discuta com os colegas e o professor.
  2. Você já leu uma crítica cinematográfica? Onde ela foi publicada?
  3. Que elementos ela analisava?

Saiba +

O que é crítica?

A crítica é uma atividade cuja principal função é analisar, com base em critérios objetivos, determinada produção ou atividade literária, cultural ou artística, política etcétera Em geral, a crítica é realizada por um profissional especializado, a quem damos o nome de crítico.

Se antigamente as críticas se concentravam em jornais e revistas, hoje é possível acessá-las em diferentes mídias e formatos, como textos, vídeos e podcasts.

Leitura 1

Contexto

Você lerá, a seguir, uma resenha publicada na revista literária Quatro Cinco Um, voltada exclusivamente para esse gênero textual. O texto, escrito pelo quadrinista Daniel Bueno, expõe uma crítica ao livro Três desejos para o Senhor Pug, do renomado autor e ilustrador alemão Sebástian Méchenmouser, que narra as desventuras cotidianas de um cachorro mal-humorado. Como será que o quadrinista brasileiro reconhece a história do ilustrador alemão nessa resenha?

Daniel Bueno

AUTORIA

Daniel Bueno é um artista gráfico, ilustrador e quadrinista paulista. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (úspi), em 2001. Ilustrou vários livros que foram premiados, como Um garoto chamado Roberto (2005), O melhor time do mundo (2006) e A janela de esquina do meu primo (2010), que receberam o Jabuti, o mais importante prêmio literário brasileiro. Além de ilustrar, escreve artigos para revistas de grande circulação, como Bravo!, Revista da Cultura, Quatro Cinco Um etcétera

Antes de ler

Leia o título e a linha fina da resenha e depois discuta estas questões com os colegas:

  • Que público leitor você supõe para o livro em foco?
  • Você acredita que essa obra apresente um tema pouco ou bastante original?
  • Quem você imagina que seja o Senhor Pug?

Saiba +

Linha fina

É um trecho que aparece logo após o título e tem como finalidade completar seu sentido, dar outras informações ao leitor ou despertar seu interesse para a leitura. Geralmente, está em letras menores que as do título.

Senhor Pug contra o alto-astral

Duelo de estilos e cores faz divertida crítica à sociedade de consumo e à sua enxurrada de pôneis e personagens fofos e sem personalidade

Por Daniel Bueno

Sebastian Meschenmoser.

Três desejos para o Senhor pãgui

Tradução de Julia Bussius

Companhia das Letrinhas

48 página

Capa de livro. Na parte superior, em azul, o título do livro: TRÊS DESEJOS PARA O SR. PUG. A palavra desejos aparece com uma letra de cada cor. Na parte inferior esquerda, em verde, o nome do autor: Sebastian Meschenmoser. Na parte inferior direita, ilustração em preto e branco de um cachorro peludo, com orelhas caídas, usando um quimono. Ele está com a pata direita levantada na direção de uma estrela e a pata esquerda segurando o quimono fechado. No fundo, cor clara.
Capa do livro Três desejos para o Senhor Pug /Sebástian Méchenmouser; tradução Julia Bussius. – 1ª edição – São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2017.

O Senhor Pug é apresentado logo nas primeiras páginas: o dorminhoco cão bípedeglossário não parece dar atenção aos momentos que precedem o início oficial da história e se remexe sob o lençol – na folha de rosto e sob a ficha catalográfica. É na primeira página dupla que Pug resolve acordar diante de um relógio despertador, quase de seu tamanho, que marca onze horas e quarenta e oito minutos. Sem conseguir abrir os olhos, fica em dúvida se é mesmo o caso de se levantar, já que “o dia quase acabou”.

O lápis rápido e com poucas cores do autor alemão Sebástian Méchenmouser nos conduz a cenas de um animal mal-humorado que se arrasta pela casa num difícil começo de dia: não há café na xícara nem leite na geladeira, e o jornal está molhado pela chuva. Problemas comuns, que podem acontecer com qualquer pessoa. Já nesse início de história, o Senhor Pug deixa claro a todo leitor de livros infantis que animais falantes não necessariamente habitam universos mágicos e freneticamente multicoloridos, imersos em paisagens impactantes. A sua residência, por exemplo, tem a tipologiaglossário de uma singela casinha de cachorro, mas se apresenta numa escala maior. Alguns móveis são aqueles típicos de uma casa de humanos, como a geladeira, mas a quantidade de objetos é mínima. Os desejos do Senhor Pug são modestos e os espaços de sua morada também.

A narrativa do livro se desenvolve bem, apresentando pouco texto por página dupla (quando há texto), situações variadas, enquadramentos interessantes, numa leitura fluida e de ritmo agradável. méchenmouser, ao criar a história, fez primeiro os desenhos e inseriu posteriormente o texto, só escrevendo o necessário. O desenho confere profundidade aos espaços, volumetriaglossário aos objetos e, por vezes, se aprofunda no detalhamento de algum elemento da casa, como uma xícara levemente trincada sobre a mesa.

Mas basta começarmos a nos familiarizar com o lugar para que uma certa figura, parrudaglossário e híbridaglossário , que circula de roupão pela cozinha, cause estranhamento. Os traços espontâneos de um sketchglossário expressam adequadamente o jeitão desencanado do Senhor Pug. Limpeza e verniz não é com ele. O mundo dele não é afeito a jogos de cena: Pug é personagem que senta na privada com um bode daqueles e não dá satisfações nem sorrisos forçados para os jovens leitores.

Os resmungos do cachorro são, no entanto, interrompidos pela aparição repentina de uma pequena fada. Ela dá a Pug o direito a três desejos e exibe uma ampla lista de possibilidades que julga irresistíveis. Ao contrário do estilo adotado até aquele momento, a fada e todas suas sugestões são representadas por um desenho colorido, que contrasta com o tom quase monocromático do Senhor Pug. As opções de desejos oferecidas pelo pequeno ser mágico pipocam de modo histriônicoglossário , chamativas e sedutoras.

Ilustração. Representação do personagem Sr. Pug, um cachorro pequeno com orelhas caídas. Ele está no banheiro. À esquerda, no chão, um pato de borracha. À direita, Sr. Pug está sentado em um vaso sanitário, de perfil. Sobre a caixa de descarga há um ratinho. No fundo, uma banheira com torneira.
Três desejos para o Senhor Pug/Sebástian Méchenmouser; tradução Julia Bussius. – 1ª edição – São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2017, página 6.

Estilos

O recurso a estilos diferentes é um dos aspectos interessantes do livro. Não são apenas uma roupagem complementar à história, não se trata de estilo pelo estilo. Após o primeiro “plim!” da fada, o inesperado grafismoglossário fofo e colorido se destaca da representação e vira informação gráfica. Invade a história para ser o foco das atenções e levantar comentários. É de certo modo uma caricatura, pois o artista soube realçar características dessa felicidade idea­lizada de modo a fazê-la mais evidente.

Assim como o mestre do desenho saúl istáinberg(1914-99), méchenmouser recorre à paródia de estilo como crítica de costumes. As semelhanças com o capista da revista The New Yorker residem mais nesse aspecto, pois o tom de Sebástian não é intelectual nem elegante: descambaglossário para o humor ácido. O escrachoglossário surte efeito e é uma das qualidades do trabalho.

No livro, Sebástian contrapõe as promessas de felicidade vendidas pela sociedade de consumo – com sua enxurrada de pôneis saltitantes, piscinas, carros, olhos arregalados e largos sorrisos calculados – às escolhas pessoais e específicas de um personagem com personalidade própria. Questiona, portanto, a sedução desses produtos, tidos como perfeitos e irresistíveis, modelos para toda a sociedade, tantas vezes venerados por mentalidades moralistas avessas a diferenças. Sebástian Méchenmousertambém nos leva a pensar nas inúmeras abordagens de tantos livros infantis que apostam na alegria superficial cheia de clichês, sem qualquer provocação ou problematização de temas.

Não irei me antecipar e dizer o que o Senhor Pug irá inesperadamente fazer com os três desejos e com a fada. Mas posso adiantar que esse não é o costumeiro conto de fadas com seu óbvio e tradicional final feliz.

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. RevistaQuatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

Ilustração. Representação do personagem Sr. Pug, um cachorro pequeno com orelhas caídas. Ele está usando quimono e calça xadrez, sentado com as pernas esticadas para frente e a boca voltada para baixo. À esquerda, um pequeno rato está olhando para o Sr. Pug.
Três desejos para o Senhor Pug/Sebástian Méchenmouser; tradução Julia Bussius. — primeira edição. — São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2017, página 20.

Saiba +

Do livro à revista

Lançada em 2017, a revista Quatro Cinco Um publica, mensalmente, resenhas de livros. O título desse periódico tem uma relação intertextual com um livro intitulado Fahrenheit 451 – referência à temperatura na qual os livros de papel entram em combustão (aproximadamente 233 graus Celsius) –, do escritor estadunidense rêi brédibâri.

Capa de livro. Ocupando todo o espaço da capa, ilustração de um chapéu e de um casaco preto com detalhes em branco. No espaço que representa o rosto de um personagem, o título do livro: Fahrenheit 451, seguido  do nome do autor: RAY BRADBURY. No peito do casaco, desenho de um sol vermelho. No fundo, cor vermelha.

Brédbãri, Ray. Fahrenheit 451. São Paulo: Biblioteca Azul, 2012. Capa de livro.

Ícone. Ilustração de três triângulos apontando para o lado direito, indicando a seção Atividades.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Considerando as hipóteses levantadas por você anteriormente, responda:
    1. De que maneira o título, a linha fina e a imagem o influenciaram ao fazer suposições sobre a obra abordada e a originalidade do tema?
    2. Que estratégias você utilizou para identificar quem seria o Senhor Pug?
    3. De modo geral, as suas hipóteses se confirmaram durante a leitura da resenha?
  2. A ideia presente no título da resenha pode ser considerada inusitada, ou seja, algo que foge ao que é costumeiro. Explique essa afirmação.
  3. Leia novamente a linha fina do texto:

Duelo de estilos e cores faz divertida crítica à sociedade de consumo e à sua enxurrada de pôneis e personagens fofos e sem personalidade

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

  1. Explique o sentido das palavras duelo e enxurrada no contexto do texto. Se julgar necessário, consulte um dicionário.
  2. Os “pôneis e personagens fofos”, referências ao que costuma fazer parte do universo infantil, são vistos de fórma positiva ou negativa pelo resenhista? Por quê?
  3. Discuta com a turma o que significa “sociedade de consumo”. Se necessário, faça uma breve pesquisa sobre o termo e, depois, sistematize o conceito no caderno.
  4. Qual é a relação entre essa “sociedade de consumo” e os “pôneis e personagens fofos” mencionados?
  1. Após o título e a linha fina, expõem-se alguns dados acerca da obra resenhada.
    1. Que tipos de dados são esses?
    2. Qual pode ser a finalidade de apresentá-los ao leitor?
  2. No primeiro parágrafo da resenha, afirma-se que o “Senhor Pug é apresentado logo nas primeiras páginas” do livro Três desejos para o Senhor Pug e, em seguida, traça-se um breve perfil da personagem.
    1. Com suas palavras, descreva a personalidade do cão, com base apenas nesse primeiro parágrafo.
    2. O autor da resenha, Daniel Bueno, faz menção ao que seria um “início oficial” da história narrada no livro. Qual seria, então, o início “não oficial” dessa história?

Faça as atividades no caderno.

  1. No segundo parágrafo da resenha, é possível perceber que alguns elementos externos à personagem Senhor Pug, como os objetos da casa onde ele vive, relacionam-se com a personalidade dele. Cite esses elementos e explique essas relações.
  2. Retome a segunda imagem que acompanha a resenha e leia atentamente a sua legenda.
    1. Descreva os elementos que compõem a imagem.
    2. Qual é a relação entre a legenda que acompanha a imagem e os elementos descritos por você?
    3. Que impressões essa imagem desperta em você?
    4. Em certo ponto da resenha, afirma-se que “O lápis rápido e com poucas cores do autor alemão Sebastian Meschenmoser nos conduz a cenas de um animal mal-humorado”. Se o Senhor Pug fosse um animal bem-humorado, como poderia ser o estilo do desenho de Meschenmoser?
  3. Ao mesmo tempo que resume ao leitor o conteúdo do livro, Daniel Bueno também tece juízos de valor sobre a obra, com base na interpretação que fez dela. O terceiro parágrafo do texto é um exemplo disso.
    1. Leia-o novamente e explique quais são os julgamentos de resenhista em relação à obra.
    2. Que elementos do livro contribuem para que o resenhista assuma essa posição?
    3. De acordo com o resenhista, o livro apresenta uma crítica social. Como ela é construída por meio dos elementos do livro?
    4. Converse com os colegas sobre o modo como a sociedade do consumo pode ser percebida no cotidiano de vocês.
Ícone pontos de atenção e noções complementares>

Juízo de valor

É o julgamento pessoal e crítico sobre algo ou alguém, levando em conta as experiências de vida individuais, podendo ser positivo ou negativo.

  1. No quinto parágrafo da resenha, Daniel Bueno traça um encaminhamento para a abordagem que será desenvolvida em seguida, na parte que recebe o intertítulo Estilos. Que tipo de informação ele apresenta nesse encaminhamento?
  2. No último parágrafo, Daniel Bueno usa uma estratégia para despertar a curiosidade de leitura à narrativa em foco. Considerando o que você já sabe sobre a composição das narrativas, explique essa estratégia utilizada pelo autor da resenha.
Ícone retomada de tópicos

Sequência narrativa

As narrativas são compostas de uma sequência de eventos que envolvem: situação inicial, de harmonia; estabelecimento de um conflito, que impõe tensão à história; apresentação de um clímax, que é o ponto máximo da tensão; e desfecho, no qual o conflito se resolve e a situação volta ao equilíbrio, agora modificada.

  1. Antes de ler a resenha, você recebeu algumas informações sobre seu autor, Daniel Bueno. Além disso, ao longo do texto, é possível verificar que ele usa termos específicos de determinada área. Considerando essas informações, explique se a atuação profissional de Daniel Bueno valida a autoridade do autor para escrever sobre um tipo de livro como Três desejos para o Srponto Pug.
  2. Você já conhecia o livro Três desejos para o Senhor Pug? Se a resposta for negativa, essa resenha o deixou curioso para ler a obra? Justifique.

O gênero em foco

Resenha

A resenha é um gênero textual que apresenta uma análise que descreve e comenta um livro, um filme, uma peça de teatro, uma exposição etcéteraponto

O objetivo das resenhas, então, é expor, sinteticamente, o conteúdo e a fórma da obra em questão, apresentando crítica – positiva ou negativa – a ela.

Para que a apreciação exposta em uma resenha seja, de fato, relevante ao público a que se destina, é importante que o resenhista detenha conhecimento considerável sobre aquilo que será tratado. Isso é importante porque, ao expor seu juízo de valor, o resenhista deve saber argumentar sobre ele, isto é, conseguir defender seu ponto de vista com o objetivo de persuadir seu leitor sobre a qualidade do que é resenhado.

Título e linha fina: antecipam a abordagem do texto, podendo já sugerir o juízo de valor do resenhista.

Senhor Pug contra o alto-astral

Duelo de estilos e cores faz divertida crítica à sociedade de consumo e à sua enxurrada de pôneis e personagens fofos e sem personalidade.

Nesse caso, o título revela o nome da personagem central da obra analisada e sua postura na narrativa.

Nesta resenha, a linha fina trata dos aspectos gráficos, do objetivo crítico da obra e do posicionamento do autor da resenha.

Informações sobre o objeto da resenha:

identificação do autor do texto e informações sobre a obra.

Sebastian Meschenmoser.

Três desejos para o Senhor Pug

Tradução de Julia Bussius

Companhia das Letrinhas

48 página

Como se trata de resenha de um livro, identificam-se aqui: título, autor, tradutor, editora que o publicou e quantidade de páginas.

Início do corpo do texto: introdução.

O Senhor Pug é apresentado logo nas primeiras páginas: o dorminhoco cão bípede não parece dar atenção aos momentos que precedem o início oficial da história e se remexe sob o lençol – na folha de rosto e sob a ficha catalográfica. É na primeira página dupla que Pug resolve acordar diante de um relógio despertador, quase de seu tamanho, que marca onze horas e quarenta e oito minutos. Sem conseguir abrir os olhos, fica em dúvida se é mesmo o caso de se levantar, já que “o dia quase acabou”.

Nesse caso, o resenhista introduziu a sua resenha apresentando a personagem principal e comentando sobre o inusitado de as ilustrações já começarem na folha de rosto e na ficha catalográfica.

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

No desenvolvimento do corpo do texto, mesclam-se a síntese do enredo e a avaliação feita pelo resenhista. Veja a seguir estes exemplos, retirados da resenha que você leu.

Faça as atividades no caderno.

Alguns trechos de síntese da obra

reticências cenas de um animal mal-humorado que se arrasta pela casa num difícil começo de dia: não há café na xícara nem leite na geladeira, e o jornal está molhado pela chuva.

Os resmungos do cachorro são, no entanto, interrompidos pela aparição repentina de uma pequena fada. Ela dá a Pug o direito a três desejos e exibe uma ampla lista de possibilidades que julga irresistíveis.

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

Alguns trechos de avaliação da obra

A narrativa do livro se desenvolve bem, apresentando pouco texto por página dupla (quando há texto), situações variadas, enquadramentos interessantes, numa leitura fluida e de ritmo agradável.

Assim como o mestre do desenho saúl istáinberg (1914-1999), méchenmouser recorre à paródia de estilo como crítica de costumes.

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

Na conclusão do texto, o resenhista pode reforçar seu posicionamento e fazer um convite à leitura da obra resenhada. Veja como isso aparece na conclusão da resenha de Daniel Bueno:

Não irei me antecipar e dizer o que o Senhor Pug irá inesperadamente fazer com os três desejos e com a fada. Mas posso adiantar que esse não é o costumeiro conto de fadas com seu óbvio e tradicional final feliz.

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

Por fim, em relação à linguagem, o autor deve sempre considerar o tipo de leitor a que se destina seu texto para realizar escolhas vocabulares com maior ou menor grau de especificidade e formalidade.

Caso a resenha fosse direcionada às crianças do Fundamental um, como a conclusão poderia ser escrita? Faça as adaptações necessárias.

Ícone pontos de atenção e noções complementares>

Resenhas versus resumos

É comum que se confunda resenha com resumo, outro gênero textual. O engano provavelmente ocorre porque a resenha, na maioria das vezes, apresenta em si um resumo sobre a obra da qual trata, antes de expor a crítica. Por isso, é preciso cuidado durante a escrita do texto. Resumir equivale a reduzir informações, encontrar o que é essencial em um texto e o que pode ser descartado com o mínimo de prejuízo ao sentido original. Resenhar vai além, pois revela também uma apreciação de seu autor, isto é, a opinião dele sobre a obra resumida.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 1

Faça as atividades no caderno.

Tempos verbais (revisão)

1. Vamos retomar o primeiro parágrafo da resenha que você leu:

Senhor Pug é apresentado logo nas primeiras páginas: o dorminhoco cão bípede não parece dar atenção aos momentos que precedem o início oficial da história e se remexe sob o lençol – na folha de rosto e sob a ficha catalográfica. É na primeira página dupla que Pug resolve acordar diante de um relógio despertador, quase de seu tamanho, que marca onze horas e quarenta e oito minutos. Sem conseguir abrir os olhos, fica em dúvida se é mesmo o caso de se levantar, já que “o dia quase acabou”.

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

  1. Você aprendeu anteriormente que os verbos são usados para indicar ações ou estados. Já conhece também alguns tempos verbais. Observe os que aparecem no trecho; a maioria está em qual tempo?
  2. Você também aprendeu que temos três modos verbais – indicativo, subjuntivo e imperativo. Qual modo é predominante nesse trecho?
  3. Reescreva o trecho lido modificando o tempo verbal para o pretérito perfeito. Faça as alterações necessárias para manter o sentido.

Presente

Como você observou, a maioria dos verbos no trecho está no presente do modo indicativo. Usamos o presente para expressar algo que acontece no momento da enunciação, ou seja, no mesmo momento em que se fala ou escreve, como vemos no início do texto Senhor Pug é apresentado logo nas primeiras páginas reticências, ou seja, naquele momento ele é apresentado e não em um momento anterior ou posterior. Por isso, temos aí uma locução verbal, com o verbo auxiliar, ser, no presente do indicativo, e o verbo principal, apresentar, no particípio passado.

Você deve lembrar que o presente pode expressar algo que ocorre habitualmente, como eu sempre acórdo no mesmo horário. O verbo acordar no parágrafo citado indica uma ação que o sujeito realiza frequentemente, um hábito.

O presente também é usado para afirmação de verdades: Pug é uma raça de cachorro.

2. Observe a tirinha.

Tirinha. Em quatro cenas. Personagens: Armandinho, um menino com cabelos azuis, usando blusa branca e short azul. Pai de Armandinho, destaque das pernas de um homem usando calça e sapatos azuis. Cena 1. Fora do quadro, o pai de Armandinho diz: QUE CARA É ESSA? Armandinho está de perfil, voltado para a direita e olhando para cima. Cena 2. O pai diz: TEM ALGUMA COISA QUE QUEIRA ME CONTAR? Caminhando para a esquerda, se distanciando do pai, Armandinho diz: NÃO... NÃO.... Cena 3. Fora do quadro, o pai diz: DINHO... Armandinho continua caminhando para a esquerda. Cena 4. O pai diz: TEM ALGUA COISA QUE QUERIA NÃO ME CONTAR?  Armandinho está voltado para a direita, olhando para cima, na direção do pai, e diz: TALVEZ...

béc, Alexandre. Armandinho quatro. Florianópolis: á cê Beck, 2015. página 4.

Faça as atividades no caderno.

  1. O que leva o pai de Armadinho a criar uma nova pergunta no último quadrinho?
  2. O que é possível depreender da resposta do garoto para essa pergunta?
  3. Observe os verbos que o pai de Armandinho emprega em suas falas, no segundo e no quarto quadrinhos da tirinha. Todos eles indicam certeza? Por quê?
  4. No segundo quadrinho, Armandinho responde que não tem nada para contar ao pai, mas não consegue convencê-lo. Que elemento presente na fala do Armandinho contribui para que o pai permaneça com a dúvida?
  5. No primeiro quadrinho, o pai de Armandinho percebe um elemento na postura do filho que o leva a desconfiar de que o menino tem algo a contar. O que é? Como esse elemento pode contribuir para o sentido de um diálogo?

3. Observe o trecho retirado da resenha.

reticências o dorminhoco cão bípede não parece dar atenção aos momentos que precedem o início oficial da história e se remexe sob o lençol reticências

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

Agora, observe o verbo nesse título de notícia.

Animal que parece folha de planta chama atenção de internautas.

BARREIROS, Isabela. Animal que parece folha de planta chama atenção de internautas. Aventuras na história, 16 fevereiro 2022. Disponível em: https://oeds.link/CbTogn. Acesso em: 10 março 2022.

  1. Os verbos assumem o mesmo sentido nos trechos? Explique.
  2. Substitua os verbos mantendo o sentido de cada trecho.

Figuras de linguagem (2)

1. Vamos reler o segundo parágrafo da resenha.

O lápis rápido e com poucas cores do autor alemão Sebástian Méchenmouser nos conduz a cenas de um animal mal-humorado que se arrasta pela casa num difícil começo de dia: não há café na xícara nem leite na geladeira, e o jornal está molhado pela chuva. Problemas comuns, que podem acontecer com qualquer pessoa. Já nesse início de história, o Senhor Pug deixa claro a todo leitor de livros infantis que animais falantes não necessariamente habitam universos mágicos e freneticamente multicoloridos, imersos em paisagens impactantes. A sua residência, por exemplo, tem a tipologia de uma singela casinha de cachorro, mas se apresenta numa escala maior. Alguns móveis são aqueles típicos de uma casa de humanos, como a geladeira, mas a quantidade de objetos é mínima. Os desejos do Senhor Pug são modestos e os espaços de sua morada também.

Ilustração. Destaque da mão de uma pessoa segurando o lápis sobre o desenho de um cachorro com orelhas caídas, usando quimono.

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

  1. Qual é o foco desse trecho?
  2. Como a produção do artista é descrita nesse trecho?
  3. A palavra lápis, no início do trecho, se refere a quê? Explique o sentido que ela assume na resenha.

Faça as atividades no caderno.

2. Leia a tirinha.

Tirinha. Em uma cena. Personagens: três pássaros vermelhos. À esquerda, uma casinha de passarinho com poleiro sustentada por um galho de árvore. Na frente da casa está fixada a placa VENDE-SE. Sobre o poleiro,  um passarinho usando chapéu e segurando uma maleta está olhando para dois passarinhos à sua frente. Ele diz: E O MELHOR DAQUI É QUE TEM MUITO VERDE NO BAIRRO. Á direita, outros dois passarinhos vermelhos estão no poleiro olhando para ele. Ao redor, copa de árvores e céu azul.

Teivis, Bob. Frank & Ernest. O Estado de São Paulo, São Paulo, 30 setembro 2017. Caderno 2, página C4.

  1. O passarinho apresenta uma vantagem para quem morar na casa que ele está vendendo. Qual é essa vantagem?
  2. A que se refere a palavra verde na fala dele?

Metonímia

Você observou que, na resenha, o autor usou a palavra lápis para se referir ao desenho do autor. E, na tirinha, o cartunista usou a palavra verde para se referir a muitas árvores, a um bairro arborizado. Veja que cada uma dessas palavras está substituindo uma outra que mantém com elas uma relação de proximidade. Nesse caso, ocorrem metonímias.

A metonímia consiste no uso de uma palavra no lugar de outra, com a qual se identifique uma relação de proximidade. No caso do trecho da resenha e da tirinha, as palavras lápis e verde estão sendo usadas no lugar de desenho e árvores. Podemos dizer que há, na metonímia, a substituição da parte pelo todo.

Veja outras relações de proximidade que caracterizam a metonímia.

O efeito pela causa (ou a causa pelo efeito): Eu vivo do meu suor.

                                                                                                                                  (trabalho)

O autor pela obra: Nós lemos Clarice Lispector nesse bimestre.

                                                               (um livro de Clarice Lispector)

O concreto pelo abstrato: Eles têm uma ótima cabeça para datas.

                                                                                                         (memória)

O abstrato pelo concreto: Era difícil suportar aquela amargura.

                                                                                                                 (pessoa amarga)

O singular pelo plural: O estudante deverá desligar o celular ao entrar na sala.

                                                     (todos os estudantes)

O continente pelo conteúdo: Comi um prato enorme de macarrão.

                                                                (o macarrão que estava no prato)

O sinal pela coisa significada: A coroa inglesa precisou se reinventar.

                                                        (governo monárquico inglês)

A matéria pelo objeto: Lavou os plásticos do almoço.

                                                              (potes e vasilhas de plástico)

O indivíduo pela classe: O homem destrói a natureza sem se importar.

                                                          (seres humanos)

Ícone. Ilustração de três triângulos apontando para o lado direito, indicando a seção Atividades.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Leia a tirinha.

Tirinha. Em uma cena. Armandinho, um menino com cabelos azuis, usando blusa de manga longa e calça. Ele está de perfil, segurando um livro aberto e aparece em três tempos. Da esquerda para a direita:  um sapo no chão; na frente dele, Armandinho olhando para baixo, na direção do livro. Na parte superior, o texto: PALAVRAS INSPIRAM... Centralizado, o sapo saltando; na frente dele, Armandinho olhando para frente. Na parte superior, o texto: EXPIRAM... À direita, o sapo está em cima da cabeça de Armandinho, que  olha para cima com a boca aberta e sorrindo. Na parte superior, o texto: RESPIRAM.

BECK Alexandre. Armandinho sete. Florianópolis: á cê Beck, 2015. página 47.

  1. Que objeto ou ação de Armandinho o substantivo palavras está substituindo, se associarmos o texto verbal aos desenhos do quadrinho?
  2. De que tipo é a aproximação metonímica nesse caso?
  3. Observe a sequência dos verbos na tirinha:
    • Você sabe a diferença de significado desses verbos? Caso não saiba, procure as palavras no dicionário.
    • Eles estão em qual tempo? Por quê?
    • E em qual modo?

2. O texto a seguir se refere à narração lance a lance dos últimos cinco minutos do 2º tempo de uma partida de futebol que aconteceu em 1º de fevereiro de 2022, no estádio do Mineirão, em Minas Gerais. A partida era das eliminatórias da Copa do Mundo, e a disputa se deu entre as seleções brasileira e paraguaia:

42 minutos, 2º tempo
SUBSTITUIÇÃO – Mudança no Paraguai: Sai Richard Sánchez, entra Julio Enciso.

42 minutos, 2º tempo GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLL!!! É DO BRASIL! RODRYGO É O NOME DELE!

43 minutos, 2º tempo
Antony toca a bola pelo lado direito enfiando ela para Bruno Guimarães, ele passa de lado no meio da área para Rodrygo que apenas cumprimenta a bola para o fundo das redes! Virou goleada da seleção brasileira, 4 a 0!

45 minutos, 2º tempo
+3! Vamos até os 48 minutos de partida.

46 minutos, 2º tempo
A bola continua no pé do Brasil pelo ataque.

48 minutos, 2º tempo
APITA O ÁRBITRO! FINAL DE PARTIDA! Jogando muito bem no Mineirão, a seleção brasileira vence por 4x0 o Paraguai e segue invicta nas Eliminatórias!

LANCE a lance. Disponível em: https://oeds.link/d9mu8X. Acesso em: 11 abril 2022.

Ilustração. Destaque das pernas de dois homens uniformizados. Eles estão disputando uma bola de futebol em um campo verde.

Faça as atividades no caderno.

Você já deve ter ouvido a narração de um jogo de futebol na tê vê ou no rádio. A narração de fórma escrita que você acabou de ler é feita por alguns sites especializados em esporte. Neles, o narrador digita em tempo real o que está acontecendo no jogo e publica no site. Esse tipo de recurso é eficaz para pessoas que não podem ver o jogo na televisão ou ouvir a narração no rádio e mesmo assim querem acompanhar os lances.

Pensando na estrutura da narração, quais elementos no texto indicam que ele está sendo escrito enquanto acontecem as ações?

  1. A narração é algo que acontece em todos os esportes. Agora, você será um narrador esportivo. Escolha um esporte que lhe agrade. Faça uma busca na internet e assista à narração de algum jogo do esporte escolhido. Após definir um momento para a narração, inicie a escrita. Lembre-se de trazer o minuto a minuto, para que o seu leitor consiga compreender tudo o que está acontecendo. Registre a narração no caderno e, depois, prepare-se para fazer uma leitura para a turma. Não se esqueça de usar a entonação dos narradores, de modo que o público consiga sentir as emoções envolvidas na partida.
  2. Leia a tirinha e responda às questões.
Tirinha. Em quatro cenas. Snoopy, um cachorro branco com orelhas pretas e caídas. Charlie Brown, um menino calvo, com alguns fiapos na cabeça, usando blusa amarela com listra preta e short. Cena 1. Snoopy está no teto de sua casinha, com um osso na boca. Ele pensa: PRECISO DE UM LUGAR PRA ESCONDER ESSE OSSO. Cena 2. Snoopy, caminhando  na grama para a direita, com o osso na boca, pensa: NÃO QUERO ENTERRAR ELE PORQUE ALGUM OUTRO CACHORRO PODE ENCONTRAR. Cena 3. À esquerda, o osso no chão. À direita, Snoopy está sentado, voltado para a esquerda e olhando para frente, com semblante preocupado. Cena 4. Charlie Brown está voltado para a direita, olhando para baixo. À sua frente, no chão, um osso que foi jogado pelo buraco de cartas da porta, fazendo o som de KLUNK!.

chuls , chárlis M. Minduim. O Estado de São Paulo, São Paulo, 6 agosto 2015. Caderno 2, página C4.

  1. Snoopy encontrou outra solução para guardar seu osso em vez de enterrá-lo. Qual foi? O que você achou dessa solução?
  2. Os verbos da tirinha estão no presente do indicativo.

Por que são utilizados esse tempo e esse modo verbal?

  1. Observe as metonímias presentes nas orações a seguir.
    • A fazendeira tinha duas mil cabeças de gado.
    • Eu me encantei no museu com uma Tarsila do Amaral.
    • Bebi três copos de suco na hora do lanche. Estava com muita sêde.
      1. Identifique o tipo de cada uma.
      2. Escolha uma das frases para explicar a diferença entre o sentido literal e o figurado.
      3. Converse com os colegas: que tipo de metonímia está mais presente no cotidiano de vocês? Em que contextos ela é usada?
      4. Que efeitos as figuras de linguagem podem ter na comunicação?

Leitura 2

Multiculturalismo.

Contexto

Agora, você vai ler uma resenha publicada no jornal Folha de São Paulo, o jornal de maior circulação do Brasil em formato digital, sobre o filme estadunidense Homem-Aranha no Aranhaverso, do diretor Píter Râmsei, escrita na época da estreia dessa animação no Brasil, em 2019. O texto foi publicado no Guia Folha, caderno do jornal dedicado a temas do universo cultural e artístico. A ideia para o longa-metragem, que ganhou o Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Animação no ano de seu lançamento, surgiu da grande aceitação do público quando o multiverso apareceu numa saga das agá quê do Homem-Aranha.

Em 2015, o roteirista Dên Islóti resolveu reunir todas as versões que o herói ganhou ao longo dos anos, tanto nos quadrinhos das revistas quanto em mídias digitais. Como resultado, as versões se acumularam em uma trama que envolve universos paralelos.

Thales de Menezes

AUTORIA

Thales de Menezes é um jornalista especializado em cinema, música e cultura pop. Escreveu o romance Alguém vai se machucar esta noite (1991) e tem coautoria em frênqui Zappa: detritos cósmicos (2007).

Antes de ler

Leia o título e os intertítulos da resenha e, depois, discuta com os colegas sobre estas questões:

  • Que grau de formalidade você imagina que será adotado no texto?
  • Você pressupõe que a resenha apresentará o resumo da obra em foco e uma crítica a ela ou dará mais algum tipo de informação?
  • Quem você imagina que seja o público-alvo do jornal onde a resenha foi publicada?
  • É o mesmo público que se interessa pela animação discutida no texto?

Novo longa do Homem-Aranha é a melhor animação de herói já lançada

‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ reúne Maious Morales, Píter Párquer e Guín Isteici

Thales de Menezes

“Homem-Aranha no Aranhaverso” é a melhor animação de super-herói já produzida, isso é incontestável. Também é um dos exemplares mais bacanas de filme-gibi, seja desenho animado ou live-action. E já tem nerd defendendo ser o melhor de todos esses filmes.

Fotograma. Personagens de um filme. Todos estão de pé, olhando para frente. À esquerda, uma jovem  branca com cabelos loiros, usando roupas brancas e pretas com detalhes vermelhos. Atrás dela, em cima de uma mesa de escritório e próxima à janela, uma menina uniformizada. No centro, sobre uma cadeira, um porco vestido de homem-aranha. À direita, um jovem negro com cabelos pretos crespos está vestido de homem-aranha. Ele está sem máscara, com olhos arregalados e expressão assustada. Ao lado dele, um homem branco com cabelos castanhos também está vestido de homem-aranha, sem máscara. Ao fundo, uma janela com a persiana levantada, um relógio de parede, um quadro e uma prateleira de escritório com uma luminária preta.
Imagem de cena do filme Homem-Aranha no Aranhaverso.

Pisando no freio da empolgação, trata-se de uma produção em que tudo deu certo. Roteiro bem bolado, personagens simpáticos e uma amostra de soluções visuais inventivas.

As texturas de imagem são alternadas, lembrando várias técnicas de ilustração. Em algumas cenas, apenas o que está à frente tem foco. Isso reproduz como a visão humana funciona, sem a correção tradicional do desenho animado, que deixa definidas todas as profundidades da imagem.

Fotograma. Silhueta de dezenas de arranha-céus de cabeça para baixo. Eles estão iluminados durante a noite. Centralizado, o homem-aranha está mergulhando no céu, com os pés para cima, em direção aos prédios.
Homem-Aranha no Aranhaverso.

Além do visual prodigioso, o filme carrega a ousadia temática que o Aranhaverso injetou nos quadrinhos de um personagem cinquentão. Aqui ele surge com Miles Morales, Homem-Aranha negro e adolescente que assume o lugar do herói após a morte de Peter Parker.

Também picado por uma aranha radioativa, Morales vai tentando combater o crime. No caminho, encontra outros cinco homens-aranha, muito diferentes um do outro.

Eles existem em dimensões alternativas. Um deles é o Píter Párquer de uma Terra paralela, que será o relutante mentor de Morales.

Os outros quatro são Spider-Woman (Gwen Stacy, que no universo tradicional é uma das paixões do herói), Spider-Man Noir (desenhado em preto e branco), Peny Parker (japonesa que tem conexão mental com uma aranha radioativa) e Spider-Ham, um porco falante de um mundo de animais antropomórficos.

Os seis Aranhas estão juntos porque o teste de um acelerador de energia desestabilizou as fronteiras entre os mundos. Os heróis precisam enfrentar vilões que têm o contrôle do aparelho para retornarem a suas dimensões.

Parece complicado, mas não é. A narrativa é fluida e não exige conhecimento das histórias dos gibis. E traz preocupações inclusivas, com personagens negros e hispânicos, bullying e um discurso de fôrça feminina com Stacy.

Inteligente e sofisticado, Homem-Aranha no Aranhaverso prova que ainda há muito a ser inventado na animação.

MENEZES, Thales de. Novo longa do Homem-Aranha é a melhor animação de herói já lançada. Folha de São Paulo, 10 janeiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/H1r8CM. Acesso em: 8 abril 2022.

Ícone retomada de tópicos

agá quê

É a sigla para história em quadrinhos, gênero que alia linguagem verbal e visual para compor uma narrativa. Geralmente, circula em revistas, mas também pode circular em livros ou compor seções de entretenimento em jornais. Além disso, cada vez mais as HQ ganham os meios digitais, ampliando e democratizando os acessos. Os enredos versam sobre aventuras, humor, guerra, eventos históricos, terror, entre outros assuntos. Equivocadamente, as HQ costumam ser associadas somente ao universo infantojuvenil, mas o público abrangido é muito mais vasto.

Ícone. Ilustração de três triângulos apontando para o lado direito, indicando a seção Atividades.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Após a leitura da resenha e retomando as hipóteses levantadas por você anteriormente, responda:
    1. Com base no título da resenha, sua hipótese sobre o grau de formalidade do texto se confirmou? Explique o elemento do título que o induziu a formular essa hipótese.
    2. O que o intertítulo indica quanto ao conteúdo da resenha?
  2. Ao descrever características do filme, o autor faz comentários sobre a imagem da animação.
    • Observando a imagem escolhida para compor a resenha, é possível identificar as características descritas pelo autor? Explique.
  3. Na resenha, o autor utiliza um argumento para enfatizar que o público-alvo do filme não se restringe aos fãs. Que argumento é esse?
  4. O autor traz como qualidade da animação a presença de temas atuais de grande importância para a sociedade.
    1. Quais são eles?
    2. Reúna-se com um colega para discutir a relevância desses temas e a importância de estarem inseridos em uma animação de super-herói.
    3. Façam anotações sobre os principais pontos levantados por vocês para discutir com a turma.
  5. Em “Novo longa do Homem-Aranha é a melhor animação de herói já lançada”, há muitos termos que qualificam o filme analisado ou suas personagens: melhor animação de super-herói, um dos exemplares mais bacanas de filme-gibi visual prodigioso, inteligente e sofisticado etcétera Na primeira resenha lida, “Senhor Pug contra o alto-astral”, você identificou essas qualificações? Justifique sua resposta com trechos do texto.
  6. Pesquise em um dicionário impresso ou digital o significado da palavra antropomórfico.
    1. Como ela é usada na resenha de Homem-Aranha no Aranhaverso?
    2. Esse significado pode se encaixar no livro Três desejos para o Senhor Pug? Por quê?
Ícone pontos de atenção e noções complementares>

Classificação indicativa

É uma informação prestada, no Brasil, pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para orientar os pais sobre a faixa etária para a qual estão recomendados filmes, séries de tê vê, novelas, programas de entretenimento, desenhos animados, jogos de videogame, aplicativos, jogos de interpretação, entre outros produtos.

Faça as atividades no caderno.

7. Mariana Canhisares é jornalista e autora de críticas cinematográficas no portal de entretenimento Omelete. Leia a seguir um trecho da resenha feita por ela para o filme Soul.

reticências Soul compreende essa curiosa relação entre a linguagem não dita e as questões fundamentalmente humanas desde o seu título (em inglês, “soul” é tanto alma quanto gênero musical) reticências.

É importante dizer, porém, que a morte de Joe nos primeiros minutos de filme – isso não é um spoiler! – é de tamanho sarcasmo que não há como olhar para Soul como uma produção exclusivamente infantil. Mesmo com piadas bobinhas e a abundância de trocadilhos, a moral da história é, por essência, para todas as idades. Por isso, quando o músico está diante da tal luz no fim do túnel, literalmente um ponto branco em meio à escuridão, é inevitável sentir um misto de espanto e curiosidade, tenha você 5 ou 80 anos. Mais do que um humor levemente ácido, a sutileza da construção das engrenagens que movem o universo da animação é um prato cheio para os mais adultos. reticências

Cartaz de filme. Em primeiro plano, ilustração de um homem negro usando chapéu, blusa de mangas cumpridas, calça e sapatos. Ao lado, um gato malhado. Eles estão caminhando sobre os degraus de uma escada formada por teclas de teclado musical. Na parte superior, ao fundo, o nome do filme: SOUL. Sobre a letra L, dois personagens.
Cartaz do filme Soul.

CANHISARES, Mariana. Soul. Omelete, 24 dezembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/wg7aGT. Acesso em: 1º março 2022.

  1. Você classificaria a resenha da autora como positiva ou negativa? Justifique utilizando as expressões presentes no texto.
  2. O que são as linguagens não ditas?
  3. De acordo com a tradução trazida na resenha, como o título se relaciona ao cartaz do filme?
  4. O que significa dizer que a luz no fim do túnel é literalmente um ponto branco?
  5. É possível dizer que, na última frase, um prato cheio também tem sentido literal? Por quê?
  6. A resenha de Mariana Canhisares dialoga com a de Thales de Menezes em relação à diversidade de público? Explique.

8. Você já assistiu à animação Homem-Aranha no Aranhaverso? Se a resposta for negativa, a resenha despertou seu interesse em vê-lo? Por quê?

Saiba +

Spoiler

É muito comum que se use, especialmente entre os jovens, o termo spoiler, do verbo em inglês to spoil, que significa “estragar”. Essa palavra define a atitude de quem revela partes muito importantes da narrativa de um filme, um livro, uma série ou qualquer outro produto cultural, prejudicando aqueles que gostariam de ser surpreendidos. Geralmente, as resenhas não contêm spoilers, mas há exceções, avisadas previamente ao leitor/espectador, principalmente no caso daquelas divulgadas em blogs ou vídeos publicados na internet.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 2

Faça as atividades no caderno.

Modalização

  1. Você viu nesta Unidade dois exemplos de resenha. A primeira, sobre um livro, e a segunda, sobre um filme. Aprendeu que uma resenha deve apresentar uma síntese e uma avaliação sobre aquilo que está sendo tratado.
    1. Como cada uma das resenhas apresenta essas duas partes?
    2. Em quais partes dessas resenhas você identifica a avaliação?

Modalização apreciativa

Vimos que as resenhas apresentam o posicionamento dos autores em relação aos objetos que estão sendo resenhados. Assim, o leitor observa pontos de vista positivos ou negativos levantados pelo resenhista em relação à obra em questão. Vamos ler outra resenha.

Crítica: “Modo Avião”, da Netflix, vale pelo carisma de Larissa Manoela

Filme sobre uma jovem que precisa se desintoxicar de smartphone brinca com metalinguagem sem se aprofundar em seu tema principal

reticências A trama acompanha Ana (Larissa), uma jovem influencer que registra todos os passos de sua vida nas redes sociais. Sua popularidade lhe rendeu um contrato com uma marca famosa, mas também a tornou uma refém do smartphone, que ela não larga nem para dirigir – uma mistura que obviamente não daria certo. Após sofrer um acidente grave, Ana é obrigada a ir para a casa do avô Germano (Erasmo Carlos) no interior e a ficar desconectada do mundo durante esse tempo. Lá, ela terá que aprender a dar valor às coisas simples da vida e desapegar de praticamente tudo o que a movia antes do acidente.

O roteiro, simples, é baseado em um texto do mexicano Alberto Bremmer. A adaptação de Renato Fagundes e Alice Name-Bomtempo conversa bem com seu público, acostumado à linguagem adotada pelo filme. Para dar um ar mais “moderno” a uma história tão básica, César Rodrigues faz uso de grafismos interessantes como, por exemplo, mostrar o que as pessoas estão postando enquanto Ana entra no ambiente – à medida que as telas e as mensagens vão surgindo, tem-se uma ideia da popularidade da jovem. As postagens e as telas dos smartphones são algo com que o espectador vai se identificar.

“Modo Avião” tem algumas sacadas legais e até sutis, mas acaba abrindo mão dessa característica para embarcar em uma jornada previsível. Ana, na maior parte do tempo, não parece estar mudando, apenas se conformando com a situação em que se encontra. Além disso, o texto apresenta situações repentinas apenas para que sirvam a seu favor, mas as abandona quando cumprem seu papel (a corrida, por exemplo).

Cartaz de filme. Na parte superior, o nome da atriz: Larissa Manoela. A seguir, retrato da atriz Larissa Manoela, uma jovem com cabelos longos ondulados, usando jaqueta azul e calça jeans. Ela está sorrindo e segurando com as duas mãos um celular na frente do corpo. Atrás dela, sobre um plano de fundo colorido, o símbolo do wi-fi, composto por três ondas sobrepostas e um ponto.  Na parte inferior, o nome do filme: modo avião.
Cartaz do filme Modo Avião. Direção: César Rodrigues. Produção: A Fábrica. Distribuição: Netflix, 2020.

Além disso, todo o terceiro ato parece apressado, com soluções fáceis e imediatas – mas talvez seja assim que funcione para esse público. Curiosamente, o filme pouco reflete sobre seu tema principal – a exposição excessiva, as novas tecnologias, as falsas aparências ou a obsessão pelas curtidas não são debatidos em momento algum, apenas não dirija e mande mensagem. Ao final, “Modo Avião” entrega uma comédia romântica adolescente totalmente voltada para os fãs de Larissa Manoela, e não há demérito algum nisso. O filme entende seu público e explora o carisma e a popularidade de sua protagonista, uma jovem que cresceu aos olhos dos fãs e agora leva isso para as telas como fórma de piada metalinguística.

BRAZ, Rafael. “Modo Avião”, da Netflix, vale pelo carisma de Larissa Manoela. A Gazeta, 23 janeiro 2020. Disponível em: https://oeds.link/c6LXxy. Acesso em: 8 março 2022.

Observe que o resenhista apontou algumas falhas no filme: jornada previsível, “o terceiro ato parece apressado” e “o filme pouco reflete sobre seu tema principal”. A crítica dele, embora apresente também pontos positivos, cita diversos pontos negativos do longa-metragem. Ao final, conclui que o filme atende ao objetivo a que se propôs.

Para avaliar os objetos, os resenhistas se valem de diversos adjetivos, como interessante, ótimo, impecável, chato etcétera para caracterizá-los. Além dos adjetivos, os advérbios são fundamentais na construção desses textos, como muito, pouco, adequadamente, inesperadamente etcétera

A esse tipo de categorização das atitudes e opiniões dos locutores chamamos de modalização. Modalizar significa posicionar-se diante do que está sendo registrado por você ou do que foi registrado por outros.

As modalizações podem vir expressas das seguintes maneiras:

  • Por determinados verbos auxiliares, como: dever, poder, precisar etcétera: Preciso ir ao cinema hoje.
  • Por advérbios modalizadores: O filme coloca definitivamente os super-heróis como um gênero do cinema.
  • Por verbos que indicam a opinião ou a posição do autor: Eu duvido que esse filme seja tão ruim assim. / Eu creio que iremos gostar desse novo filme da série.

Observe que essas modalizações são apreciativas, ou seja, expressam julgamentos, opiniões, apreciações e são realizadas por meio de diferentes tipos de verbos, adjetivos, substantivos e advérbios. Veja os exemplos a seguir.

César Rodrigues faz uso de grafismos interessantes [...]

BRAZ, Rafael. “Modo Avião”, da Netflix, vale pelo carisma de Larissa Manoela. A Gazeta, 23 janeiro. 2020. Disponível em: https://oeds.link/TksZEj. Acesso em: 8 março 2022.

“Homem-Aranha no Aranhaverso” é a melhor animação de super-herói já produzida, isso é incontestável.

MENEZES, Thales de. Novo longa do Homem-Aranha é a melhor animação de herói já lançada. Folha de São Paulo, 10 janeiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/H1r8CM. Acesso em: 8 março 2022.

Ícone. Ilustração de três triângulos apontando para o lado direito, indicando a seção Atividades.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. A crônica é um gênero textual breve, que trata geralmente de assuntos e acontecimentos do dia a dia, de um jeito leve e coloquial. Leia uma crônica da escritoraVíslava Zimborsca.

Os dias

Calendário de parede para o ano 1973. Varsóvia: Xóska i vietza, 1972

E por que não escrever umas palavrinhas sobre o calendário de parede, desses dos quais se arrancam as folhas? Afinal, não deixa de ser um livro, e grosso, pois não pode ter menos do que 365 folhas. Chega às bancas numa tiragem de 3,3 milhões de exemplares, portanto é o best-seller dos best-sellers. Exige dos editores pontualidade absoluta, pois não se pode adiar a publicação um ano ou um ano e meio. Dos revisores, requer perfeição profissional, porque o menor erro provocaria perturbações nas mentes. Dá até medo imaginar duas quartas-feiras numa semana, ou a festa de São Jorge no dia de São José. O calendário não é uma obra científica em que tradicionalmente se acrescenta uma errata. Também não é um volume de poesia no qual os erros de revisão passam por caprichos da inspiração. Dessa argumentação, conclui-se que estamos lidando com uma raridade editorial. Mas isso não é tudo. O destino do calendário é ser eliminado pelo arrancar das folhas. Milhões de livros sobrevivem a nós, e, desses, uma quantidade considerável é mal escrita, sem sentido e datada. O calendário é o único livro que não almeja sobreviver a nós, não aspira a uma sinecuraglossário na estante da biblioteca, está programado para uma existência breve. Na sua modéstia, nem sonha ser lido atentamente, folha por folha, e somente por alguma eventualidade está repleto de textos. Tem um pouco de tudo: aniversários históricos que caem em determinado dia, cantigas, máximas, anedotas (aquelas de calendários, é óbvio!), informações estatísticas, quebra-cabeças, advertências sobre fumar e dicas sobre como eliminar insetos domésticos. Uma misturada incrível de matérias, dissonâncias atrozes: a solenidade da história convivendo com a banalidade do cotidiano, as sentenças dos filósofos concorrendo com as previsões do tempo rimadas, as biografias dos heróis ombreando-se indulgentemente com os conselhos práticos da tia Clementina. Quem quiser que fique chocado; quanto a nós, aqui em Cracóviaglossário (e, portanto, em círculos próximos de tumbas reais), as ambiguidades do calendário nos comovem. No meu caso, até percebo nele alguma semelhança secreta com os grandes romances universais, como se o calendário fosse parente da epopeiaglossário , um filho ilegítimo… E, quando numa determinada data (auspiciosaglossário , espero!) encontrei um fragmento de um de meus poeminhas, aceitei o fato com humildade melancólica. Do outro lado, havia uma receita de torta de ricota vienense: meio quilo de queijo, uma colher de fécula de batata, uma xícara de açúcar, seis colheres de manteiga, quatro ovos, aromatizante, passas. E, concluindo com as passas, desejo aos meus magnânimos leitores um feliz ano-novo.

Zimborsca Víslava . Os dias. Revista Serrote. Disponível em: https://oeds.link/KsuRDi. Acesso em: 10 março 2022.

Saiba +

Víslava Zimborsca

Foi uma notável escritora polonesa (1923-2012) que ganhou o Nobel de Literatura em 1996. Antes de ser projetada no meio internacional, ela escreveu mais de trezentas resenhas de livros não literários tidos como “literaturas menores”.

Fotografia. Retrato de uma mulher com cabelos grisalhos curtos e marcas de expressão. Ela está usando chapéu vermelho, blusa branca e casaco quadriculado em preto e branco. Sorri discretamente.
Víslava Zimborsca, fotografada no aeroporto de Arlanda (Estocolmo) após receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1996.

Faça as atividades no caderno.

  1. Qual é o objeto dessa crônica da autora?
  2. O que pode ser apontado de semelhante entre essa crônica e as resenhas que você leu nesta Unidade?
  3. Analisando as modalizações presentes no texto, de que fórma a opinião da autora é marcada na crônica?
  4. Resenhas têm como função orientar o leitor, uma vez que apresentam determinado objeto, sob um ponto de vista crítico. No caso da crônica de Víslava, que função ela pode ter?

2. Leia a tirinha e responda às questões seguintes.

Tirinha. Em duas cenas. Personagens: Cuca, um homem corpulento usando chapéu e avental de cozinheiro. Zero, um homem usando farda cinza e boné cobrindo os olhos. Outro soldado, um homem com cabelos pretos, usando óculos e farda cinza. Eles estão na cozinha de um restaurante. Cena 1. À esquerda, Cuca está atrás da mesa de comida, segurando uma colher com a mão direita e sorrindo. Ao fundo, um fogão e uma panela. Do outro lado da mesa, à direita, Zero e o outro soldado estão em pé. Cuca diz para os soldados: COMO ESTAVA O ALMOÇO? Zero responde: SEM CONSISTÊNCIA, SEM GOSTO... JÁ COMI MELHOR. Cena 2. Com os braços para cima, os olhos fechados e a boca aberta, com expressão de desagrado, Cuca diz: QUEM É VOCÊ PRA CRITICAR? Mais distante, se afastando de Cuca, Zero diz para o outro soldado: O CUCA DETESTA QUANDO FAÇO RESENHA DA COMIDA DELE.

uólquer, Greg; uólquer, Mort. Recruta Zero. O Estado de São Paulo, 4 abril 2017. Caderno 2, página C4.

  1. O que leva o recruta a dizer “O cuca detesta quando faço resenha da comida dele.”?
  2. O recruta, ao criticar o almoço, traz elementos da modalização apreciativa? Justifique com elementos do texto.
  1. Com um colega, voltem à resenha “Senhor Pug contra o alto-astral” e identifiquem os elementos que estão marcando as modalizações presentes no texto. Escolham um desses trechos e conversem sobre o sentido que o modalizador assume na resenha.
    1. Que ideia ele reforça?
    2. Sem o uso do modalizador, como o sentido seria alterado?
  2. Pesquise na internet, jornais ou revistas a resenha de um filme ou uma série a que você já assistiu. Leia a resenha e responda:
    1. Você concorda com o posicionamento do autor?
    2. Reescreva um trecho da resenha que evidencie a posição do autor, alterando os modalizadores usados de modo que o sentido seja alterado.
    3. O posicionamento do autor permanece o mesmo após as alterações?

Questões da língua

Faça as atividades no caderno.

Pontuação (3)

1. Vamos reler um trecho da resenha sobre o Senhor Pug.

No livro, Sebástian contrapõe as promessas de felicidade vendidas pela sociedade de consumo – com sua enxurrada de pôneis saltitantes, piscinas, carros, olhos arregalados e largos sorrisos calculados – às escolhas pessoais e específicas de um personagem com personalidade própria. Questiona, portanto, a sedução desses produtos, tidos como perfeitos e irresistíveis, modelos para toda a sociedade, tantas vezes venerados por mentalidades moralistas avessas a diferenças.

BUENO, Daniel. Senhor Pug contra o alto-astral. Revista Quatro Cinco Um, São Paulo, número 9, página 39, 2018.

  1. No primeiro período do texto, há o uso de travessões separando uma parte da oração. O que está sendo indicado por esses sinais?
  2. É possível usar outra fórma de pontuação que não interfira no sentido do texto? Qual?

2. Agora vamos rever um trecho da resenha sobre Homem-Aranha no Aranhaverso.

Os outros quatro são Spider-Woman (Gwen Stacy, que no universo tradicional é uma das paixões do herói), Spider-Man Noir (desenhado em preto e branco), Peny Parker (japonesa que tem conexão mental com uma aranha radioativa) e Spider-Ham, um porco falante de um mundo de animais antropomórficos.

MENEZES, Thales de. Novo longa do Homem-Aranha é a melhor animação de herói já lançada. Folha de São Paulo, 10 janeiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/H1r8CM. Acesso em: 8 março 2022.

  1. Qual função a vírgula exerce entre os nomes das personagens?
  2. Discuta com os colegas qual pode ser a função da última vírgula do trecho.
Como incluir um aposto

Você levantou hipóteses sobre os elementos que compõem os textos. O travessão é usado nos dois textos para separar o aposto.

Aposto é o termo que exerce a função sintática, junto a um substantivo, a um pronome ou equivalente, de acrescentar uma explicação, especificação ou apreciação.

Observe:

Esquema. Elementos que compõem o texto estão destacados na frase: [...] Peny Parker, (japonesa que tem conexão mental com uma aranha radioativa) e Spider-Ham, um porco falante de um mundo de animais antropomórficos. As personagens Perry Parker e Spider-Ham estão ligadas por um fio a uma caixa com o texto: Nome da personagem. O texto (japonesa que tem conexão mental com uma aranha radioativa) e um porco falante de um mundo de animais antropomórficos está ligado por um fio a uma caixa com o texto: Características das personagens.

Nesse período há aposto entre vírgulas e entre parênteses. Há também a possibilidade de usarmos os travessões, como no texto Senhor Pug contra o alto-astral”, em Leitura 1.

Ícone. Ilustração de três triângulos apontando para o lado direito, indicando a seção Atividades.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Leia a tirinha.

Tirinha. Em quatro cenas. Personagens: Linus, um menino com pouco cabelo, usando blusa roxa listrada e short. Snoopy, um cachorro branco com orelhas pretas caídas. Eles estão em uma área verde. Cena 1. Linus, segurando um graveto na direção de Snoopy, diz: ONTEM EU JOGUEI ESTE GALHO, MAS VOCÊ NÃO FOI BUSCAR... Ao lado, Snoopy, sentado, olha para o graveto. Cena 2. Linus, jogando o graveto, diz: EU, O SER HUMANO, COM NOSSA GRANDE TRADIÇÃO DE PERDÃO, DAREI A VOCÊ, O CÃO, UMA SEGUNDA CHANCE. Ao lado, Snoopy, sentado, olha na direção em que o graveto é jogado. Cena 3. Snoopy está de pé, apertando a mão de Linus, e pensa: EU, O CÃO, AGRADEÇO A SEGUNDA CHANCE. Linus olha para Snoopy sem expressão. Cena 4. Snoopy, caminhado para a esquerda, se afastando de Linus, pensa: SÓ QUE NÃO. Ao lado, Linus, com expressão confusa, olha para frente.

chuls , Charles M. Minduim. O Estado de São Paulo, São Paulo, 29 julho 2014. Caderno 2, página C4.

  1. O garoto e Snoopy têm a mesma ideia sobre a brincadeira? Por quê?
  2. O que Snoopy quer dizer no último quadrinho com a expressão “Só que não!”?
  3. O garoto explica muito bem quem ele é e quem é Snoopy. Como ele faz isso?
  4. Qual é a função sintática dessas explicações?
  5. Que relação existe entre o que é dito e as expressões faciais das personagens?
  6. Seria possível alterar essa pontuação por alguma outra? Qual?

2. Leia para responder às questões.

O livro perdido de Machado de Assis

Durante uma pesquisa acadêmica, o professor Wilton Marques (úfiscar) se deparou com um poema desconhecido de Machado de Assis – “Grito do Ipiranga”, publicado em 1856 no Correio Mercantil. Para poder falar com mais embasamento sobre o poema, continuou a pesquisar a presença de escritores em jornais. Até achar referências a uma obra de Machado de Assis chamada Livro dos Vinte Anos – notas em jornais anunciavam sua publicação em breve.

O livro jamais foi publicado. O primeiro livro de Machado de Assis, Crisálidas, é de 1864, quando o autor estava com aproximadamente 25 anos. As referências ao Livro dos Vinte Anos datam de 1858 e 1860, no Correio Mercantil – portanto, quando o autor estava entre 18 e 21 anos.

De 1854 a 1860, Machado produzirá sobretudo poesia. E ainda marcado pelas visíveis influências de outros autores. Por isso, segundo Marques, é possível especular que Machado tinha uma autocrítica muito conscienciosa a ponto de recuar no projeto de se lançar ao “mundo das Letras”.

Mas a certeza é que conhecemos um livro de Machado de Assis que nunca foi publicado e sobre o qual, ao menos por enquanto, só é possível especular. Sobre essa descoberta, suas possíveis consequências e a faceta poética de Machado, conversamos com Wilton Marques.

reticências

Fotografia em preto e branco. Retrato de um homem com cabelos curtos e barba grande, usando óculos e terno.
Machado de Assis, em fotografia de 1890.

GOMES, Igor. O livro perdido de Machado de Assis. Pernambuco. Suplemento Cultural. Disponível em: https://oeds.link/qB0ZgI. Acesso em: 10 março 2022.

  1. De acordo com o texto, o livro não foi lançado por qual motivo?
  2. No primeiro parágrafo, há dois apostos. De que modo eles auxiliam na compreensão do texto?

Produção de texto

Resenha

O que você vai produzir

Você sabe que a resenha é um texto em que se mesclam resumo e críticas sobre determinado produto cultural. Ao resenhista é necessária a habilidade de informar o essencial e apresentar, também, sua avaliação pessoal e fundamentada sobre uma obra, tudo isso enquadrado dentro daquilo que define a estrutura e a linguagem do gênero.

Com base nessas características, você vai escrever sua resenha a respeito de uma obra que desperte seu interesse. Pode ser um livro, um filme, um gibi, uma série, um jogo ou outro produto cultural.

Planejamento

  1. Selecione o produto cultural sobre o qual você fará a resenha. Procure resgatar da memória suas últimas experiências relacionadas ao universo artístico – ida ao cinema, leitura de um livro solicitado pela escola etcétera
  2. Reflita sobre o que há de essencial no produto que você escolheu, em relação ao conteúdo. Se for uma série, por exemplo, o que existe de mais significativo no enredo, que não pode ser omitido a quem queira saber sobre ela?
  3. Pense, também, sobre os significados que essa obra transmitiu a você. Há, por exemplo, alguma representação simbólica? A cena de um filme ou o trecho de um livro dizem respeito ao comportamento humano de fórma geral? Essas questões são alguns exemplos de caminhos possíveis para explorar o produto escolhido, conforme os sentidos que ele pode transmitir.
  4. Realize uma pesquisa mais aprofundada sobre o tema. Utilize enciclopédias virtuais e sites, a fim de aumentar seu domínio sobre o assunto. A ampliação do seu repertório pode auxiliar na construção da resenha, traçando relações, comparações e complementando informações. Entre elas, aspectos sobre a vida do autor, contexto em que o produto foi criado ou até mesmo as transformações de determinada obra ao longo do tempo, assim como a existência de diferentes versões. Atente para buscar informações em portais oficiais ou sites de notícia confiáveis.

5. Reúna as informações adicionais que você pode fornecer ao seu leitor. Se for um livro o objeto da sua resenha, anote corretamente o título, o nome do autor, do tradutor (se houver), da editora, a quantidade de páginas, o preço pelo qual é vendido; se for um filme, pesquise quem é o diretor, qual é a classificação etária, o idioma usado etcétera

Produção

  1. Escreva um resumo sobre o objeto de sua resenha, levando em conta as informações que você considerou essenciais.
  2. Em cada etapa da sua síntese, tente perceber se é possível incorporar uma análise sua. Por exemplo, em um ponto no qual você relata a maneira como a personagem central de uma série age, procure evidenciar ao leitor como você interpreta essa ação, qual é a sua leitura sobre ela.
  3. Após finalizar o corpo do texto, elabore um título que concentre em poucas palavras o que você expôs na sua resenha, de modo criativo, para despertar o interesse do leitor em relação ao conteúdo. Evite títulos como “Resenha sobre...”.
  4. Elabore a linha fina com um resumo do que você aborda no corpo da resenha, mas acrescentando informações em relação ao título.
  5. Abaixo da linha fina, inclua as informações adicionais encontradas por você na etapa de planejamento.
  6. No corpo do texto, mescle o resumo da obra escolhida com suas impressões valorativas, mas tome cuidado para não revelar toda a narrativa da obra ao leitor: use estratégias que despertem a curiosidade dele sobre o que você está resenhando.
  7. Faça uma leitura para observar se os modalizadores e apostos foram empregados de modo a enriquecer a resenha, reforçando o posicionamento e trazendo explicações ou apreciações.
  8. Deixe um convite final para a apreciação da obra escolhida.
  9. Reflita sobre o modo como as imagens podem complementar a resenha, enfatizando determinados pontos que estejam sendo descritos ou que tracem relação com o posicionamento assumido. Se necessário, retorne às resenhas presentes nesta Unidade para analisar a função que exerceram nos textos lidos. Ilustre sua resenha, de modo que a imagem complemente o texto. Se preferir, selecione imagens que assumam essa função.

Revisão

  1. Forme duplas e troque sua resenha com um colega. Leia atentamente o texto.
  2. Pergunte a ele se, após a leitura, compreendeu bem tudo o que foi exposto e os pontos que podem ser aprimorados.
  3. Faça comentários positivos e construtivos ao texto de seu colega, que o ajudem a adequá-lo ao gênero e torná-lo mais convidativo ao leitor.
  4. Comente com seu colega se você se interessou em conhecer a obra que ele indicou.

Circulação

  1. Para divulgar o trabalho realizado com a turma, vocês devem unificar as produções em um jornal cultural.
  2. Pensem, de fórma coletiva, nos aspectos gráficos do jornal: o tamanho e estilo da fonte que será utilizada, a distribuição das imagens e textos e outras características que contribuam para a identidade visual da produção. É importante definir em que formato o jornal será divulgado para que esses aspectos sejam adequados à proposta. Analisem as seções de cultura dos jornais, percebendo como as resenhas são distribuídas e o tipo de tratamento e destaque que recebem.
  3. Dividam-no em seções previamente combinadas entre vocês, conforme a categoria dos objetos resenhados, por exemplo: cinema, televisão, teatro, jogos etcétera
  4. A capa e o título do jornal devem respeitar a identidade visual criada pelo grupo e se relacionar ao conteúdo das resenhas. Desse modo, deve existir relação entre as imagens que selecionaram para compor a capa e a proposta de vocês. Não esqueçam de identificar o nome da escola e a turma responsável pela produção. Lembrem-se de inserir a classificação indicativa das obras, de acordo com cada resenha.
  5. A divulgação vai depender do formato que a turma escolheu para que seja divulgado. Caso a opção tenha saído em formatos digitais, o jornal pode ser exposto nas redes sociais da escola ou em um blog. A vantagem desse meio é que novas resenhas podem ser acrescentadas por vocês ao longo do tempo. Se a opção for por um jornal em formato impresso, após o fechamento da edição, ou seja, quando ele estiver finalizado, imprimam cópias para serem distribuídas para outras turmas da escola e para a comunidade escolar, incluindo os familiares.

Avaliação

  1. Avalie a recepção dos colegas de turma em relação à sua resenha. Quais foram os julgamentos feitos por eles?
  2. De acordo com o que for apontado, reflita sobre estratégias para melhorar seu texto. Alguma parte poderia ter sido mais bem desenvolvida? Algum trecho poderia ter sido suprimido?
  3. Como foi a construção coletiva do jornal cultural para a divulgação? Você conseguiu expressar suas opiniões e respeitou as dos colegas?
  4. Qual formato vocês escolheram para a divulgação? Por que fizeram essa escolha? Como a produção coletiva foi recebida pelo público?

Oralidade

Podcast

Você já ouviu um podcast? Por quais meios? Qual era o tema abordado?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[locutor - título] Podcast

[♪ fundo musical sonoro ♪]

>> [LOCUTORA]:

Você já ouviu falar de podcast?

>> [MARCIO CAPARICA CARLOS]:

Quer saber o que é? Eu sou Marcio Caparica, jornalista e blogueiro, e te explico.

Podcast é como se fosse um programa de rádio que fica disponível na internet para ser escutado sempre que alguém quiser.

Existem vários aplicativos que permitem que cada pessoa procure o podcast do seu interesse e escute o programa no celular ou no computador.

Eles também avisam quando um episódio novo entra no ar e fazem download dele automaticamente.

O grande barato dos podcasts é que eles não dependem de estações de rádio ou de televisão para serem produzidos, apesar de parecerem com os programas de rádio.

Pelo contrário, qualquer um, sem precisar investir muito, pode criar o próprio podcast e buscar seu público.

Como nesse meio de comunicação existe espaço para todos, qualquer tipo de tema pode servir de base para um podcast.

Há aqueles que abordam assuntos mais tradicionais, como política, humor, noticiário e esportes, mas nada impede que se produzam podcasts inteiros dedicados a temas bem específicos, como uma série de TV ou o time do coração.

Também existem podcasts que veiculam histórias fictícias, como se fossem radionovelas.

Outra característica interessante é que um episódio de podcast pode ter qualquer duração.

Há aqueles bem curtos, em que cada episódio dura apenas cinco minutos, e outros bem compridos, em que os participantes ficam até duas horas discutindo o mesmo assunto.

Para fazer um podcast, bastam um computador e um microfone.

É fácil encontrar na internet programas gratuitos que permitem que se grave e edite o áudio do programa.

Existem também aplicativos de celular para a gravação e edição de podcasts. Vale dar uma pesquisada em sites de tecnologia e ler reportagens com dicas dos melhores recursos.

Assim como no rádio, há quem faça um podcast sozinho, mas os programas costumam ficar mais legais de escutar quando há mais de um participante.

As pessoas nem precisam estar no mesmo local para gravar. Dá para cada um se conectar de casa e fazer a gravação on-line.

Mesmo que um podcast seja bem descontraído, é sempre bom ter um roteiro preparado antes de iniciar a gravação. É nele que escrevemos tudo o que planejamos dizer durante o podcast. Assim, ninguém se perde nem se esquece de falar algo importante.

Como em qualquer meio de comunicação, é fundamental buscar apoio sempre em fontes de informações confiáveis, sejam elas matérias de jornais ou revistas conhecidas, sejam especialistas sobre o assunto ou pessoas que possam compartilhar situações que testemunharam.

Depois de gravado o programa, é hora de transferi-lo do computador para a internet. Novamente, pesquise para encontrar sites confiáveis para abrigar seu podcast. Existem opções gratuitas e pagas.

Com o passar do tempo, conforme ganha experiência, você também pode enriquecer suas gravações com trilhas e efeitos sonoros.

Para nossa sorte, o que também não falta na internet são bancos com músicas e efeitos sonoros gratuitos que podem ser usados em podcasts. Tome cuidado para escolher apenas músicas com permissão para uso livre.

Ficou com vontade de criar seu podcast, não é? Então solte a voz, jogue na web e compartilhe com a gente!

[locutor - crédito de iconografia] Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound e da Incompetech.

Na seção Produção de texto você fez uma resenha sobre um produto cultural que escolheu.

Como esse processo seria se a resenha fosse oral, e você precisasse expor sua opinião sobre esse produto cultural em um programa de rádio ou mesmo em um podcast destinado a ouvintes interessados em cultura nas mais variadas fórmas?

Você terá a oportunidade de praticar essa possibilidade, transformando sua resenha em um podcast que será disponibilizado para toda a comunidade escolar, em um guia cultural em áudio. Quem sabe vocês tornam essa publicação semanal?

Saiba +

Podcast

É um arquivo de áudio publicado na internet, distribuído por meio de plataformas que são atualizadas com frequência para os usuários baixarem seus conteúdos de fórma automática. Os temas dos podcasts são os mais variados: games, literatura, notícias, educação, humor, entre outros assuntos.

Logotipo. Podcast. Composto por um círculo laranja com borda cinza. No centro, ilustração de um microfone branco. Na parte inferior do círculo, sobreposta, uma faixa cinza com a palavra: PODCAST.

Planejamento

  1. Seu podcast será individual e com base na resenha que você fez na seção Produção de texto.
  2. A resenha produzida está adequada para a circulação escrita, será necessário adaptá-la à oralidade. Como o texto será disponibilizado para a comunidade escolar, reescreva-o considerando estas características:

Características da linguagem oral

Exemplos ou explicações

Uso de expressões coloquiais e menos formais

“Não perca essa exposição”; “Foi muito bem pensado”.

Diálogo que aproxime os interlocutores

“Pense comigo...”; “Você deve estar se perguntando...”.

Checagem da compreensão do interlocutor

“Não é mesmo?”; “Você não acha?”; “Certo?”.

Frases curtas e períodos coordenados, para dar objetividade

“A exposição acontecerá nesta quinta-feira. Está divina. Vale a pena a visita”.

Repetições e redundâncias

“Essa música foi composta por MC Guimé. É uma música em parceria com o Emicida.”.


3. Ao gravar o podcast, observe os pontos de articulação: lábios, língua e glote. Repita as palavras mais complicadas algumas vezes em voz alta, para treinar sua articulação.

  1. Dê ênfases estratégicas em pontos do texto ou das palavras, aumentando ou diminuindo a intensidade da fala. Coloque animação e entusiasmo na voz, para que ela não fique monótona.
  2. Após a adaptação do texto, leia em voz alta, verificando se a linguagem está adequada à oralidade. O parâmetro da adequação é ouvir sua leitura, como se você estivesse gravando o podcast; então, perceberá se está próxima da fala ou da escrita. Faça adequações de modo que a fala fique o mais natural possível.

Produção

  1. Com o texto da resenha já adaptado, verifique se o início apresenta claramente a intenção do podcast ao interlocutor. É importante escrever uma fala inicial que apresente o propósito ao ouvinte e que identifique você no contexto da escola. Algo como: “Olá! Aqui quem fala é a Ana, do 8º ano C.”
  2. Com o texto finalizado, faça uma gravação-teste com um dispositivo móvel para verificar se precisa de adequação no conteúdo, na oralidade ou na formalidade da linguagem.
  3. Faça a gravação final em um dispositivo móvel no formato adequado para a publicação em podcasting. Os formatos mais comuns são ême pê três e ême pê quatro.

Edição

  1. Após a gravação do áudio, criem uma vinheta de abertura e de encerramento para os podcasts da turma. Busquem as trilhas livres de direitos autorais, que são encontradas gratuitamente na internet, ou componham uma trilha para os podcasts.
  2. Na vinheta de abertura, identifique a escola a que o podcast pertence. Algo como: “Este é o podcast dos estudantes do 8º ano da escola X. Aqui comentamos sobre arte, literatura, cinema e séries.”.
  3. Verifique se a gravação não ficou com ruídos e se o volume da música da vinheta não está mais alto do que a fala contida nela.

Circulação

  1. Selecione com a turma a plataforma de hospedagem dos podcasts.
  2. Divulguem esse podcast nos canais oficiais da escola.

Avaliação

  1. Converse com a turma sobre o processo de produção dos podcasts. Considerem:
  • A transição da escrita para a oralidade foi feita de modo adequado? Quais foram as dificuldades encontradas? Como foram resolvidas?
  • A gravação dos podcasts ocorreu conforme o planejado? O que deu certo e quais são os pontos de atenção?
  • O projeto foi viável em relação à estrutura de tecnologia? Se não, como ele pode ser adequado?
  • A turma pretende publicar podcasts com frequência? Como é possível viabilizar esse projeto?

Glossário

bípede
: que possui dois pés ou anda em dois pés.
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descambar
: tender.
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escrachar
: revelar intenções de modo aberto e esculachado; desmascarar.s
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grafismo
: estilo de um artista, no que se refere aos traços, às linhas, às pinceladas usados em suas pinturas ou em seus desenhos.
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híbrido
: que mistura elementos ou espécies diferentes.
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histriônico
: em que há exagero, com teatralidade.
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parrudo
: forte, robusto.
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sketch
: termo em inglês que pode ser traduzido como esboço. Diz-se da obra em estado inicial ou inacabada, contendo as ideias gerais e elementares da obra.
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tipologia
: características de determinado trabalho gráfico.
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volumetria
: proporção entre os volumes dos objetos e os espaços do livro.
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auspiciosa
: aquilo que gera esperança.
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Cracóvia
: cidade na Polônia.
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epopeia
: poema extenso que narra feitos memoráveis de um herói histórico ou lendário que representa uma coletividade.
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sinecura
: cargo que exige pouco trabalho.
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