UNIDADE 6  O exercício do debate de ideias

Fotografia em preto e branco. Cenário de uma emissora de tevê no qual ocorre o debate entre candidatos a eleições presidenciais de 1989. Diversos homens de terno e gravata estão sentados em cadeiras diante de tribunas individuais de cor clara e forma cúbica, dispostas sobre um tablado em 'U'. No centro, entre duas filas de candidatos dispostas frente a frente, há três jornalistas, mulheres vestindo tailleur; a mediadora do debate tem uma bancada diante de si. Ao fundo, o símbolo da emissora de tevê que transmite o debate, com a letra 'M'. Acima, diversos refletores de iluminação. À frente, nos cantos da cena, câmeras de tevê.
Debate entre candidatos para a eleição presidencial de 1989, promovido pela tê vê Manchete. Os debatedores eram: Mario Covas, Ronaldo Caiado, Guilherme Afif Domingos, Afonso Camargo, Ulysses Guimarães, Roberto Freire, Aureliano Chaves, Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva e Paulo Maluf. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), 20 de julho de 1989.

Faça as atividades no caderno.

  1. A fotografia desta página mostra um momento histórico no Brasil: um debate entre candidatos na primeira eleição para presidente em que a população pôde votar, depois dos anos de ditadura civil-militar (1964-1985). Qual é a importância de o povo poder escolher seus governantes pelo voto direto?
  2. Você acha que debates podem ser realizados em uma sociedade em que não há liberdade para se expressar? Que relação você vê entre debate e garantia de dar opiniões?

Saiba +

Reabertura política e os debates

A primeira eleição presidencial depois do período de ditadura ocorreu em 1989 e contou com 22 candidatos concorrendo pela vaga. Um dos motivos para o grande número de candidatos era a empolgação pela retomada do sistema democrático, da qual todos os partidos queriam fazer parte e, por isso, lançaram candidatos próprios. O Brasil estava mergulhado em uma crise econômica havia anos, e o povo queria mudanças. Os debates se tornaram verdadeiros eventos midiáticos, transmitidos pelas tevês, rádios e com longos trechos transcritos nos jornais no dia seguinte. Ainda hoje são acompanhados avidamente pela população, que os vê como um momento para ouvir ideias, conhecer posições e fazer a escolha de seu candidato.

Leitura 1

Contexto

No debate, um gênero oral, o texto é construído coletivamente pelos participantes envolvidos na discussão de um tema, geralmente, polêmico, atual e de relevância social. Cada participante apresenta sua opinião sobre o assunto em foco, defendendo seu ponto de vista com argumentos. A prática do debate é fundamental para a democracia e o exercício da cidadania.

Antes de ler

Você vai ler parte de um debate transmitido, em novembro de 2017, pela Rádio úspi, uma emissora universitária de São Paulo. O áudio completo foi publicado no dia 10 de novembro no site do Jornal da úspi. O tema desse programa, chamado Diálogos na úspi, foi “A postura do brasileiro diante das leis” e a relação moral e ética nesse contexto. Trechos desse debate foram transcritos, editados e separados por subtítulos. Antes da leitura, converse com os colegas a respeito das propostas a seguir.

  • Você já acompanhou um debate? Comente.
  • Quais são as situações que envolvem um debate?
  • Que palavras vêm à sua mente quando lê o tema “A postura dos brasileiros diante das leis”? Compartilhe com os colegas o que pensou e depois anote as palavras no caderno.

Justino de Oliveira, Marilene Proença Rebello de Souza e Marcello rôlembérg

AUTORIA

Os especialistas que participaram do debate, aqui transcrito, são . Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (úspi), que desenvolve pesquisa sobre Administração Pública e participação popular, e . Marilene Proença Rebello de Souza, professora do Instituto de Psicologia da úspi e especialista em Psicologia escolar e desenvolvimento humano. A mediação foi feita por Marcello rôlembérg, jornalista e apresentador do Diálogos na úspi.

Debate “A postura do brasileiro diante das leis” – Parte 1

TRECHO 1: Corrupção, um problema complexo

Marcello rôlembérg: Professores, antes de mais nada, muito obrigado pela presença dos senhores aqui conosco. Vamos lá reticências Segundo os dados da Organização Transparência Internacional, o Brasil ocupa o 79º lugar no ranking de corrupção do mundo entre 76 países. Já o Fórum Econômico Mundial apontou o Brasil como o quarto país mais corrupto do mundo, atrás apenas do Chade, da Bolívia e da Venezuela. São números que não dá para comemorar. reticências Professor Justino, por que estamos em uma colocação tão alarmante como essa?

Justino de Oliveira: O tema realmente é bastante complexo reticências. A corrupção é daqueles problemas chamados de wicked problems [problemas complexos]. Nós não vamos encontrar uma única solução e rápida para resolvermos. Então esse é um primeiro ponto.

rôlembérg: E também não há uma única justificativa, não é?

Justino: Exato. Ela é multifatorial. As causas da corrupção são várias. Então esse é um primeiro ponto. Segundo, eu tenho sempre um pouco de cuidado para retirar consequências desses rankings.

reticências mas o que eu quero dizer: é importante sabermos onde estamos em rankings mundiais, porque as organizações mundiais hoje realmente são importantes, no sentido de nos comunicar qual é a percepção de corrupção a respeito de um determinado país. E, para se chegar nesse resultado, ou vai se indagar aos cidadãos daquele país qual é a percepção que eles têm sobre o problema ou, eventualmente, de empresas e estrangeiros que têm contato com aquele país, por exemplo, na área do comércio. Então, as pesquisas são muito diferentes, as metodologias são diferentes. Agora, as causas da corrupção, elas são inúmerasreticências Éreticências talvez, até porque estamos aqui na presença da professora Marilene, um ponto de partida é saber qual é o valor da intenção.

rôlembérg: Sim, exatamentereticências

Justino: A corrupção é feita por pessoas, não é? Pessoas integram instituições. Então nós vamos dizer que a corrupção é institucional; ela pode ser sistêmicaglossário , pode ser endêmicaglossário ... aí ela ganha uma grande relevância, mas a intenção é da pessoa.

TRECHO 2: Questões culturais e históricas em torno da corrupção

rôlembérg: reticências Professora, a intenção, como disse o professor Justino, é da pessoa. Onde fica o cidadão nessa história? Ou, melhor dizendo, a cidadania e a questão ética?

Marilene Proença Rebello de Souza: Eu diria que, também pela Psicologia, é um problema extremamente complexo, multifatorial. Eu acho que tudo isso o professor Justino colocou. Nós temos trabalhado no campo da Psicologia com duas grandes categorias: a constituição do significado social dos nossos atos, das nossas ações, e o sentido pessoal que nós damos para esses atos e para essas ações. E o nosso sentido pessoal é constituído no significado social. Então essa relação entre a intenção... a presença da intenção... ela tem essas duas dimensões. Ela não é algo intrínseco, psíquico, internalizado pelo indivíduo, mas é algo que vai ser constituído nas relações que esse indivíduo estabelece durante toda a sua história de vida. reticências Na medida em que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras fórmas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade, a cultura e as relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá?

Fotografia. Estúdio de programa de rádio onde é realizada entrevista com especialistas acerca do cumprimento da lei pelos brasileiros. À esquerda, mulher de cabelos alourados, de óculos, com brinco e colar, vestindo blusa de mangas longas e uma echarpe estampada em torno do pescoço e sobre o tronco. Ela fala em um microfone, com as mãos sobre uma pequena mesa redonda, sobre a qual há diversos objetos, como jarra de água, copos, óculos, agendas, folhas de papel, canetas e um aparelho de telefone fixo, com um fio espiralado que o conecta ao fone, este fora do gancho. Ao lado dela há um homem de cabelos, barba e bigode grisalhos, vestindo camisa social clara e paletó escuro. Ele também está sentado diante de um microfone. À direita, um homem de cabelos castanhos, de óculos e vestindo camisa social escura, com as mangas dobradas. Ele também  está sentado diante de um microfone, com as mãos juntas e os braços apoiados na mesa. Ao fundo, painel de vidro do estúdio, através do qual aparecem outros estúdios contíguos.
Marilene Rebello e Justino de Oliveira no debate sobre a postura dos brasileiros diante da lei, mediado por Marcello rôlembérg e promovido pelo programa Diálogos na úspi, em novembro de 2017.

rôlembérg: Por quê? Então vou trazer para o professor Justinoreticências por que esse aprendizado se dá numa sociedade como a nossa, por exemplo? Quer dizer, por quereticências a gente pode fazer um paraleloreticências esse aprendizado se dá, por exemplo, na Finlândiareticências ou no Chade? Ou seja, depende também da sociedade, também depende do tecido social no qual nós estamos incorporados?

Justino: Sim, mas eu queria voltar à sua perguntareticências que foi o tema da cidadania.

rôlembérg: Sim, sim. Por favorreticências

Justino: Sem dúvida, as práticas de corrupçãoreticências embora hoje elas aconteçam em uma escala global e há também uma escalada das práticas de corrupção, ao mesmo tempo em que isso traz uma reação dos países, de acordos entre países, tratados e convenções para conter e combater essa corrupção. Mas a corrupção tem a ver com a cultura de cada país, ela tem a ver com a sociedade, com o perfil de sociedade de cada país. Vamos falar do Brasil. Quando a gente pensa no Brasil, qual é a nossa história? reticências Bom, de uma maneira muito sintética, nós temos um histórico – e isso faz parte da nossa história – de espoliação, dereticências Aqueles que estão no poder, eles se apropriam dos recursos que seriam públicos. Há uma apropriação privada de recursos públicos. reticências Então você tem uma trajetória de espoliação, uma trajetória de abusos, você tem uma trajetória em que há uma luta pela sobrevivência das pessoas e o Estado vai ensinando, e ensinando muito mal as pessoas, que elas são dependentes do Estado. Elas são dependentes do governo. É aí que nós vamos formar a base, infelizmente, ainda política da sociedade brasileira: de clientelismoglossário , de fisiologismoglossário , de nepotismoglossário sem limitesreticências Esses “ismos” todos são decorrências do abuso de um exercício de poder que deveria ser contido sobretudo por quem está no poder. reticências

rôlembérg: Nesse ponto, professora Marilene, o sem limitesreticências Isso é claro para o cidadão? Ou ele faz de uma maneira quase quereticências inconscientereticências dentro da sociedade que nós vivemos?

Marilene: Éreticências Talvez a gente possa pensar de uma maneira naturalizada, mais do que inconsciente. Quer dizer, a gente trata isso como uma coisa natural, como uma coisa trivial. Ah, o meu colega fez, por que eu não vou fazer? Ah, eu vi alguém fazendo, deu certo. Não houve nenhum tipo de questionamento a uma determinada atitude, não é? Então o que nós vemos é uma naturalização dos processos de corrupção na sociedade. Aí esse significado social vai se transformando no sentido pessoal. E você vai tratando, introjetandoglossário aquilo como uma coisa dos seus pares.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Após a leitura, retome as anotações que fez previamente e responda às questões.
    1. As palavras que você anotou em relação ao tema do debate correspondem ao que foi discutido pelos convidados do programa Diálogos na úspi? Comente.
    2. A leitura do debate atendeu a sua expectativa de antes da leitura? Justifique.
  2. Imagine que você seja jornalista e tenha de escrever uma breve descrição sobre esses dois trechos do debate. Como faria essa apresentação? Escreva em seu caderno. Limite seu texto a quatro linhas.
  3. Leia a transcrição de uma parte do debate que não está presente no trecho lido. A seguir, o jornalista introduz o debate.

Marcello rôlembérg: Bom dia! Mesmo que em tempos politicamente conturbados o discurso anticorrupção seja pauta diária, brasileiros não avaliam como graves pequenas fraudes no cotidiano, segundo um estudo da empresa Flyfrog, especializada em pesquisa de mercado. reticências Mas afinal como o brasileiro se posiciona diante das leis? Por que alguns criticam políticos e empresários que infringem a legislação, mas são capazes de atos ilícitos, desculpando-se por serem menos graves? Justamente para entendermos como se dá a aplicação e a compreensão das leis no Brasil, o Diálogos na úspi recebe agora os professores Gustavo Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo na Faculdade de Direito da úspi [Universidade de São Paulo]. Ele é advogado, consultor jurídico e árbitro especializado em Direito Público, e ministra curso sobre corrupção na administração pública no mestrado e doutorado na Faculdade de Direito da úspi. Essa disciplina é ofertada pela primeira vez no Brasil. E a professora Marilene Proença Rebello de Souza, professora titular da Universidade de São Paulo, pesquisadora do programa de pós-graduação em Psicologia escolar e do Desenvolvimento Humano no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, e ela é também a atual diretora do Instituto de Psicologia da úspi.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. Com base na introdução, o que parece ter motivado a escolha do tema do debate?
  2. Qual é a função das duas perguntas nessa introdução?
  3. Qual é o efeito que a apresentação dos debatedores causa nos ouvintes/leitores?

Saiba +

Diálogos na úspi

Criado em 2016, o programa Diálogos na úspi faz parte da programação da rádio universitária dessa instituição de ensino e pesquisa. O objetivo do programa é discutir temas que estão em pauta na sociedade. É comum pesquisadores da úspi participarem do programa para debater temas da Ciência, do país e do mundo, oferecendo sua visão a respeito dos assuntos e propiciando a reflexão dos ouvintes. O acervo do programa pode ser encontrado na internet. Disponível em: https://oeds.link/g285w4. Acesso em: 30 março. 2022.

Faça as atividades no caderno.

  1. Considerando os participantes do debate, responda:
    1. Qual é o papel do jornalista Marcello rôlembérg no debate?
    2. Por que Justino de Oliveira e Marilene de Souza foram convidados a participar do programa?

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Transparência Internacional e Fórum Econômico Mundial

A Transparência Internacional é citada pelo mediador no início do trecho da Leitura 1. Essa instituição tem como causa o combate à corrupção. Uma de suas iniciativas é a divulgação do Índice de Percepção de Corrupção. Para a elaboração desse ranking, são reunidos dados de diferentes fontes que recolhem a percepção de empresários e de peritos de países acerca do nível de corrupção no setor público. O site da Transparência Internacional Brasil é: https://oeds.link/1dX5L4. Acesso em: 30 março. 2022.

O Fórum Econômico Mundial, também citado, é uma organização internacional. Destaca-se pela promoção de encontros anuais com os líderes globais em Davos, na Suíça, com o propósito de contribuir para o desenvolvimento do mundo. Com essa missão, organiza relatórios e índices, como o da competitividade, no qual a corrupção é considerada um elemento para a análise.

  1. No primeiro parágrafo do texto transcrito, o jornalista cita dados a respeito do tema em debate.
    1. Quais são esses dados?
    2. Quais são as fontes de informação?
    3. Por que ele menciona esses dados?
    4. Como o professor Justino recebe esses dados iniciais mencionados pelo jornalista? Transcreva o trecho que comprova sua resposta.
    5. Você diria que o professor expõe o posicionamento sobre os dados iniciais de maneira polida?
  2. O debate é um texto oral que vai se construindo coletivamente à medida que a interação avança. Por isso, há retomadas do tema, desvios em relação à pergunta proposta e acréscimos. Releia os quatro primeiros parágrafos para observar esses movimentos. Então, responda:
    1. Como o professor reage à primeira pergunta do jornalista?
    2. Por que o professor destaca duas vezes que o problema da corrupção é complexo?
    3. Por meio da segunda pergunta do jornalista, é possível afirmar que ele compreendeu o primeiro ponto colocado pelo professor? Justifique.
  3. Leia o texto a seguir sobre o que faz um psicólogo e responda às questões.

Saiba mais sobre o que faz um psicólogo 

O psicólogo estuda os fenômenos psíquicos e de comportamento do ser humano por intermédio da análise de suas emoções, suas ideias e seus valores. Ele diagnostica, previne e trata doenças mentais, distúrbios emocionais e de personalidade. Ele observa e analisa as atitudes, os sentimentos e os mecanismos mentais do paciente e procura ajudá-lo a identificar as causas dos problemas e a rever comportamentos inadequados. Este profissional atua em consultórios, em hospitais e nas mais variadas instituições de saúde, contribuindo para a recuperação da saúde psicológica e física das pessoas. Em escolas, colabora na orientação educacional. É necessário registrar-se no Conselho Regional de Psicologia para exercer a profissão.

Fotografia. Reprodução de página web. Na parte superior, barra de menu; abaixo, o título da página: 'Enem'. Após esse título, painel com imagens e textos explicativos de cada etapa apresentada.
Página inicial do portal do Guia do estudante e profissões. Produzido pela Editora Abril. Disponível em: https://oeds.link/RlOfHf. Acesso em: 30 março. 2022.

PSICOLOGIA. Guia do Estudante, 22 maio 2019. Disponível em: https://oeds.link/CatkpU. Acesso em: 30 março. 2022.

  1. Com base no que faz um psicólogo, responda: qual é o papel da professora Marilene no debate?
  2. Retome o debate e transcreva em seu caderno o trecho em que o mediador convoca a professora Marilene para o debate.
  3. Por que ele faz menção à professora quando comenta sobre a intenção do ser humano?
  4. Em que momento a professora reforça a expectativa do papel que ela desempenhará no debate?
  5. Se, em vez de uma psicóloga, fosse convidada uma professora de Direito, o que mudaria no debate?

8. Releia o trecho a seguir e desenvolva um esquema para expor a visão da professora Marilene.

Marilene: reticências Nós temos trabalhado no campo da Psicologia com duas grandes categorias: a constituição do significado social dos nossos atos, das nossas ações, e o sentido pessoal que nós damos para esses atos e para essas ações. E o nosso sentido pessoal é constituído no significado social. Então essa relação entre a intençãoreticências a presença da intençãoreticências ela tem essas duas dimensões. Ela não é algo intrínseco, psíquico, internalizado pelo indivíduo, mas é algo que vai ser constituído nas relações que esse indivíduo estabelece durante toda a sua história de vida. reticências

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

9. Em um debate, é importante compreender o posicionamento de cada um dos participantes. No caderno, relacione as afirmações aos nomes dos participantes.

um Justino de Oliveira

dois Marilene Proença Rebello de Souza

  1. Há uma naturalização do processo de corrupção na sociedade brasileira.
  2. É possível relacionar a corrupção à cultura de cada país.
  3. É fundamental compreender a história brasileira para entender as origens da corrupção.
  4. A corrupção não é algo inconsciente, mas algo que é aprendido nas relações sociais ao longo da vida.

Faça as atividades no caderno.

  1. Em um debate, os participantes concordam e discordam sobre os pontos apresentados. Identifique um momento de concordância entre os dois participantes.
  2. Observe o modo como o jornalista se dirige aos debatedores e a maneira como os convidados se tratam.
    1. Que pronome de tratamento o jornalista utiliza para se dirigir aos convidados?
    2. Como os debatedores se dirigem um ao outro? Por quê?
    3. O que essas fórmas de tratamento revelam sobre a situação de comunicação?

12. Releia o seguinte trecho.

Marilene: reticências Na medida em que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras fórmas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá?

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. Para quem a debatedora faz a primeira pergunta presente nesse trecho? Com qual intenção?
  2. As duas últimas perguntas têm a mesma finalidade? Esse propósito é alcançado?

13. Tanto na fala como na escrita, utilizamos alguns marcadores que ajudam na construção do sentido do texto. São os chamados articuladores textuais. Copie o quadro a seguir em seu caderno e, com base no debate, preencha as colunas em branco.

Versão adaptada acessível

13. Tanto na fala como na escrita, utilizamos alguns marcadores que ajudam na construção do sentido do texto. São os chamados articuladores textuais. Utilizando como referência o quadro a seguir, e com base no debate, escreva o marcador (expressão linguística) e quem o utiliza, de acordo com a função.

Função

Marcador (expressão linguística)

Quem utiliza

Ordenar o texto em partes complementares

Reformular o próprio discurso

Posicionar-se diante do que é dito pelo interlocutor

14. Coloque-se no lugar do mediador e formule, em seu caderno, três perguntas para prosseguir a discussão proposta pelo programa.

O gênero em foco

Debate

O debate é um gênero textual argumentativo oral. Ele ocorre em situações que envolvem a apresentação pública de diversas opiniões acerca de um assunto de interesse da sociedade ou de um tema polêmico, e pode implicar uma decisão coletiva posteriormente. Portanto, o debate propõe a reflexão, contribuindo para a formação da opinião pública para a tomada de uma decisão, seja a escolha de um candidato a um cargo representativo, seja o posicionamento sobre um tema ligado à convivência de um grupo, como a votação de leis, de programas de governo ou de alterações nas regras da escola ou de um condomínio.

Você encontrará a produção de debates em diferentes contextos: na política pública, em associações comunitárias de bairros, no grêmio escolar, em ambientes culturais (após sessões de cinema ou teatro) e também na imprensa. Quando rádio, televisão e sites promovem debates, buscam oferecer à sua audiência diferentes pontos de vista a respeito de um tema relevante socialmente na ocasião em que o programa é transmitido. É o exemplo do programa Diálogos na úspi. Já os debates que envolvem temas polêmicos e posterior deliberação costumam ser marcados por posições opostas a respeito da pauta em questão.

O debate é um gênero construído coletivamente. É resultado das falas dos participantes e do mediador dessa situação de comunicação. Pode haver dois ou mais indivíduos que apresentem seus posicionamentos a respeito de um tema. Esses indivíduos podem representar a posição de um grupo social e apresentar ideias divergentes ou representar pontos de vista distintos por conta da área de atuação. Por exemplo, nos trechos que você leu na Leitura 1, o programa selecionou dois participantes de áreas diferentes (Direito e Psicologia) para que o tema fosse abordado de perspectivas diversas. Em resumo, no debate, há dois papéis com as respectivas funções:

participantes: expõem seu ponto de vista a respeito do tema. Para defendê-lo, utilizam uma argumentação bem fundamentada com dados numéricos, exemplos, comparações e explicações;

mediador: também chamado de moderador, é o responsável por introduzir o tema a ser discutido e pelo encerramento do debate. Além disso, organiza a ordem das falas dos entrevistados, propondo questões ou temas. Quando o debate é regrado, também monitora o tempo da intervenção de cada participante e cuida do atendimento das regras combinadas.

É importante ressaltar que a audiência também completa o quadro dos participantes do debate. Afinal, os diferentes posicionamentos são apresentados para convencer a plateia a mudar ou manter sua opinião a respeito do tema. Em caso de debates seguidos de deliberações (decisões a serem tomadas), a proposta é que a audiência seja persuadida a defender/votar em determinada causa/candidato. Além disso, em alguns debates, a audiência contribui com o envio de perguntas aos debatedores, como é comum em debates pré-eleitorais.

Saiba +

O grande desafio

Baseado em uma história real, o filme O grande desafio (The great debaters) mostra a trajetória do grupo de debatedores de uma pequena faculdade para negros no Texas. Com o incentivo e a preparação do professor mélvin tômpisson, um grupo de estudantes se dedica para participar de campeonato de debates universitários, para enfrentar, pela primeira vez, os debatedores da tradicional Universidade Harvard.

Fotografia. Reprodução de cartaz de filme. Centralizado, o título: 'O GRANDE DESAFIO'. Ao fundo, fotografia de um homem em meio perfil vestindo camisa social branca, paletó cinza e gravata marrom, em pé e de costas para uma plateia. Na parte inferior, três homens e uma mulher, todos de traje a rigor; os homens de terno e gravata borboleta escuros. Todos estão sorrindo.
O GRANDE desafio. Direção: denzêl uóchinton. Produção: ôpra uínfrei, tód bléc, djôu rót, queiti fórte. Estados Unidos, Miramax filmes, 2007. 1 dêvedê (126 minutos). Capa de dêvedê.
Organização do debate

Um debate costuma ser organizado em três momentos principais:

rôlembérg: Estamos de volta com Diálogos na úspi e hoje falamos sobre a aplicação das leis no Brasil, com o professor Justino de Oliveira, professor de Direito na úspi, e a professora Marilene Proença Rebello de Souza, professora titular da Universidade de São Paulo e diretora do Instituto de Psicologia da úspi.

Professores, no bloco anterior, nós fechamos falando da questão do exemplo, néreticências que muito pode se mudar a partir do exemplo que se dá ou que se publica, ou no caso se tornar público. Queria trazer pra vocês essa questão. Como a mídia, como a imprensa, a grande imprensa, em suas mais variadas fórmas, ela pode ajudar a divulgar, a difundir os bons exemplos? Por que ela ajuda muito a divulgar e difundir os maus exemplos? Temos várias, várias, várias situações nesse sentido. Infelizmente é notícia, não tem por que esconder, nem pode-se esconder. Mas também temos de divulgar os bons exemplos ou os exemplos que devem fazer ou fazem parte da própria educação da sociedade como nós estamos falando. É por aí, professor Justino? reticências

Abertura: geralmente realizada pelo mediador, que apresenta o tema a ser debatido e os participantes. Ele abre a sessão lançando uma pergunta a um dos convidados ou concedendo a palavra a um deles.

rôlembérg: reticências Professora, a intenção, como disse o professor Justino, é da pessoa. Onde fica o cidadão nessa história? Ou, melhor dizendo, a cidadania e a questão ética?

Marilene: Eu diria que, também pela Psicologia, é um problema extremamente complexo, multifatorial. Eu acho que tudo isso o professor Justino já colocou. Nós temos trabalhado no campo da Psicologia com duas grandes categorias: a constituição do significado social dos nossos atos, das nossas ações, e o sentido pessoal que nós damos para esses atos e para essas ações. E o nosso sentido pessoal é constituído no significado social. Então essa relação entre a intençãoreticências a presença da intençãoreticências ela tem essas duas dimensões. Ela não é algo intrínseco, psíquico, internalizado pelo indivíduo, mas é algo que vai ser constituído nas relações que esse indivíduo estabelece durante toda a sua história de vida. reticências Na medida em que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras fórmas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós. E aí os fatores realmente são múltiplos. Como é que esse aprendizado se dá? Por que esse aprendizado se dá? reticências

Perguntas e respostas: constituem o corpo principal do debate. Ao responder, os participantes apresentam suas posições a respeito do tema e procuram defendê-las com argumentos fundamentados (raciocínio lógico que sustenta a tese). Podem ser argumentos de causa-consequência, exemplificação ou comparação.

Argumento de causa-consequência

Argumento de exemplificação

rôlembérg: Nesse ponto, professora Marilene, o sem limitesreticências Isso é claro para o cidadão? Ou ele faz de uma maneira quase quereticências inconscientereticências dentro da sociedade que nós vivemos?

Marilene: Éreticências Talvez a gente possa pensar de uma maneira naturalizada, mais do que inconsciente. Quer dizer, a gente trata isso como uma coisa natural, como uma coisa trivial. Ah, se um colega fez, por que eu não vou fazer? Ah, se eu vi alguém fazendo, deu certo. Não houve nenhum tipo de questionamento a uma determinada atitude, não é? Então o que nós vemos é uma naturalização dos processos de corrupção na sociedade. Aí esse significado social vai se transformando no sentido pessoal. E você vai tratando, introjetando aquilo como uma coisa dos seus pares.

Argumento de comparação

Rollemberg: reticências É um assunto que daria uma hora mais de programa, mas o Diálogos na úspi está chegando ao seu final e eu queria agradecer muitíssimo a presença do professor Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da úspi, é advogado, consultor jurídico e especializado em Direito Público, reticências E a professora Marilene Proença Rebello de Souza, muito obrigado, professora, reticências titular da Universidade de São Paulo, pesquisadora do programa de pós-graduação de Psicologia escolar e desenvolvimento humano, e atual diretora do Instituto de Psicologia da úspi. Obrigadoreticências O Diálogos fica por aqui reticências.

Encerramento: os participantes costumam fazer suas considerações finais sobre o tema e o mediador faz os agradecimentos e a finalização do debate.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

Para que o debate seja produtivo e efetivo, os participantes costumam estudar o ponto de vista dos demais integrantes. A argumentação é construída a partir do jogo das diferentes vozes. Isso significa que uma tese, colocada por um debatedor, pode ser refutada por outro participante, com base em argumentos. Então, o primeiro debatedor pode apresentar contra-argumentos. Assim o texto oral vai se construindo coletivamente.

Características da linguagem

Como o debate é um texto oral, as intervenções dos participantes se organizam em turnos. A troca de turnos ou interrupções no turno do outro devem ocorrer de maneira respeitosa e polida.

Ilustração. Ícone retomada de tópicos.

Turnos de fala

Em entrevistas, em conversações, assim como nos debates em geral, as pessoas não falam todas ao mesmo tempo, mas utilizam falas alternadas, chamadas de turnos de fala. Cada vez que um falante toma a palavra, inicia-se um turno. Sem essa alternância, não haveria diálogo. Decidir quem fala, quando e por quanto tempo é uma negociação que ocorre constantemente entre os participantes; no caso do debate, é o mediador que decide de quem é a palavra.

A situação que costuma envolver debate, geralmente, caracteriza-se pela formalidade. Por isso, o registro adotado pelos participantes tende a ser mais formal, com o uso de pronomes de tratamento, como senhor ou senhora, e outros mais adequados a cada contexto.

Outra marca linguística dos debates é o uso de modalizações. No momento de apresentar e defender sua opinião, o debatedor costuma utilizar modalizadores linguísticos para explicitar ou deixar implícita sua posição. Por exemplo: os advérbios infelizmente e felizmente são modalizações que indicam a apreciação do debatedor; já o advérbio talvez indica sua dúvida. Além dos modalizadores, encontramos nos debates os organizadores textuais de ordem (primeiramente, segundo, por fim, entre outros) e perguntas retóricas (que não visam à resposta, mas são utilizadas para apresentar uma informação, ou seja, são dúvidas para acentuar o que se pretende afirmar).

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 1

Faça as atividades no caderno.

Efeitos de sentido

Nesta seção, vamos observar os efeitos de sentido causados pelas orações subordinadas adjetivas restritivas e pelas orações subordinadas explicativas.

Como você sabe, as orações subordinadas adjetivas são aquelas que funcionam como adjunto adnominal e dependem de um termo (núcleo nominal: substantivo, pronome, termo substantivado) da oração principal. Assim, as orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por um pronome relativo que se refere a um termo anterior (uma ideia, um fato, uma pessoa, um lugar etcétera.) que já foi mencionado no texto ou o retoma.

Ilustração. Charge. Personagens: dois homens de chapéu, ambos com grandes narizes e barba por fazer. Um deles é mais alto e corpulento e tem bigode, vestindo paletó vermelho e calça preta, e de chapéu cinza com tira preta; o outro, ao lado dele, é mais baixo e menos volumoso, vestindo camisa amarela, calças azuis com estampa de bolinhas pretas e paletó verde, e de chapéu marrom com tira preta. Eles estão em pé diante de um edifício de tijolos aparentes rosados, em que há uma vitrine com a palavra: 'ALFAIATE', atrás da qual há um manequim com um uniforme de super-herói composto de macacão azul, com um emblema triangular no peito semelhante a uma seta apontada para baixo, capa amarela, ombreiras e luvas pink e cinto e botas pretas com detalhes pink ao lado de um cartaz com as palavras: 'TRAJES PARA O TRABALHO QUE VOCÊ DESEJA'.

têivês, bób. Frenc end Érnest. O Estado de São Paulo, São Paulo, 9 agosto. 2014. Caderno 2, página C6.

  • Nessa tirinha, os trajes especificados na vitrine são adequados para qualquer ocasião?
  • O que você acredita que estão pensando os dois que leem o cartaz?

Orações adjetivas restritivas e explicativas

Como você pôde perceber, a oração que você deseja retoma a ideia de trajes de trabalho. Assim, ela restringe e individualiza o sentido do termo trajes.

As orações subordinadas adjetivas restritivas especificam e restringem o termo ao qual se referem e não são separadas da oração principal por vírgula. Lembre-se de que restringir significa tornar menor, reduzir, delimitar.

Leia o seguinte trecho retirado do jornal Diário de Pernambuco:

Não há dúvidas de que o Brasil tem um enorme potencial para crescer. Para isso, contudo, é preciso que o próximo governante tenha a coragem de enca­rar os problemas do tamanho que eles são. Delírios populistas só tornarão as coisas mais difíceis. Muitos acreditam que a população não tem discernimento suficiente para avaliar os postulantes à Presidência da República, que facilmente é seduzida por falsas promessas.

SEM espaço para promessas vazias. Diário de Pernambuco, Recife, 23 julho. 2018. Opinião. Disponível em: https://oeds.link/wyI7Ta. Acesso em: 30 março. 2022.

Vamos analisar o último período do trecho em que aparece a palavra postulantes, que, nesse contexto, poderia ser substituída por candidatos, e a palavra discernimento, que poderia ser substituída por bom senso, entendimento, clareza.

Nele, a oração subordinada adjetiva “que facilmente é seduzida por falsas promessas” não está próxima do termo ao qual ela se refere.

  1. Altere a sintaxe do último período de fórma a trazer a oração adjetiva para perto do termo ao qual ela se refere, usando vírgulas para deixá-la isolada do restante do período.
  2. Agora reflita: a oração adjetiva, nesse caso, restringe a ideia de população? Refere-se só a uma parte da população ou detalha uma característica da população em geral?

As orações subordinadas adjetivas explicativas, portanto, como o próprio nome indica, explicam ou esclarecem o termo a que se referem e são separadas da oração principal por vírgula.

Na modalidade falada da língua, as orações explicativas em geral são pronunciadas com uma entonação diferente. Tanto as vírgulas como a entonação são sinais que o locutor manda para seu interlocutor de que a ideia veiculada naquele trecho deve ser considerada à parte, de que algo se “intrometeu” na cadeia da oração que o locutor estava desenvolvendo.

  1. Fale em voz alta o período do texto já alterado por você, utilizando uma entonação diferente para dizer a oração subordinada adjetiva explicativa.
  2. Observe como a vírgula, no texto escrito, ou a entonação, no texto falado, pode alterar bastante o sentido do que se diz. Em qual dos dois casos todos os seres humanos por natureza têm direito a uma segunda chance?

Os seres humanos que são falhos por natureza têm direito a uma segunda chance.

Os seres humanos, que são falhos por natureza, têm direito a uma segunda chance.

Ao lermos um texto, as vírgulas nos ajudam a entender se a oração adjetiva está restringindo ou explicando um termo anterior; na fala, a entonação ajudaria, mas nem sempre ela é alterada de modo tão marcado; logo, em alguns casos, só o contexto de uso nos ajuda a perceber se uma ideia está sendo restringida ou apenas explicada por uma oração adjetiva.

5. Junte-se a um colega e façam uma pesquisa em páginas de notícias na internet. Encontrem quatro sentenças que contenham orações adjetivas restritivas e quatro que contenham orações adjetivas explicativas.

Faça as atividades no caderno.

Advérbio e orações subordinadas adverbiais concessivas (revisão)

Vamos relembrar um pouco as orações subordinadas adverbiais. Antes de mais nada, você lembra qual é a função dos advérbios? Você sabe que os advérbios, assim como as locuções adverbais, indicam a circunstância (de tempo, de lugar, de modo, de negação, de causa, de intensidade, de dúvida, de afirmação etcétera.) em que a ação, expressa pelo verbo, ocorre. Observe:

Acordei cedo.
acordei: verbo
Cedo: advérbio de tempo

Dizemos, então, que os advérbios modificam o verbo, acrescentando-lhe uma circunstância. Mas, além de modificar o verbo, os advérbios podem acrescentar circunstâncias também aos adjetivos e aos próprios advérbios. Observe:

A comida foi bem preparada.
bem: advérbio de modo 
preparada: adjetivo
A comida foi muito bem preparada.
muito: advérbio de intensidade 
bem: advérbio de modo
preparada:  adjetivo

Por fim, as circunstâncias expressas pelo advérbio podem ser indicadas não por uma palavra ou locução, mas por uma oração inteira, de fórma a modificar outra oração inteira: a oração principal dos períodos compostos por subordinação.

Ela saiu: oração principal
quando eu cheguei: oração subordinada adverbial de tempo

Quando utilizamos orações subordinadas adverbiais, podemos expressar mais circunstâncias do que quando empregamos apenas o advérbio.

As orações subordinadas adverbiais podem expressar nove circunstâncias. Essas orações se dividem em: causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, temporais e proporcionais.

Observe os exemplos:

Estou aqui porque amo você.

Oração subordinada adverbial causal

A entrevista desta semana é mais interessante do que a da semana anterior.

Oração subordinada adverbial comparativa

Se houver respeito, todos ficarão bem.

Oração subordinada adverbial condicional

Tudo saiu conforme planejamos.

Oração subordinada adverbial conformativa

Ele forçou tanto o motor que o carro não aguentou.

Oração subordinada adverbial consecutiva

O professor explicou mais uma vez para que os estudantes não tivessem dúvidas.

Oração subordinada adverbial final

Tudo fica bem enquanto estamos juntos.

Oração subordinada adverbial temporal

A turma ficava mais unida à medida que se encontrava semanalmente.

Oração subordinada adverbial proporcional

Faça as atividades no caderno.

1. Leia a tirinha a seguir.

Tirinha em quatro cenas. Personagens: Calvin, um menino de cabelos espetados para cima, vestindo camiseta listrada e calças curtas pretas. Um beija-flor. Uma personagem não identificada. Cena 1. Um beija-flor em pleno voo, agitando rapidamente suas asas, desenhadas como imagens sucessivas sobrepostas das inúmeras posições que tomam em movimento, parecendo asas de borboleta abertas. Acima, um balão de fala com as palavras: 'CALVIN, O BEIJA-FLOR CHEGA ZUMBINDO COM SUAS ASAS.'. Cena 2. O beija-flor está de perfil com as asas abertas para cima, que parecem sem movimento porque estão desenhadas em uma só posição. Acima, um balão de fala com as palavras: 'APESAR DE PEQUENO, TEM MUITA ENERGIA. ELE FLUTUA NO AR BATENDO SUAS ASAS CENTENAS DE VEZES POR SEGUNDO!'. Cena 3. O beija-flor está de perfil com as asas abertas para baixo e a cauda para frente, também como se estivesse parado no ar, com seu longo bico afilado próximo de uma pequena flor em um ramo de planta. Acima, um balão de fala com as palavras: 'O QUE SUSTENTA ESSE INCRÍVEL METABOLISMO? ÁGUA COM AÇÚCAR! ELE BEBE METADE DE SEU PESO TODO DIA EM ÁGUA COM AÇÚCAR!'. Cena 4. Calvin está em pé segurando um copo com canudinho (com a palavra 'SLURRPP' próxima do copo, representando o ruído de sugar) em frente a uma geladeira aberta, e diz: '...DE PREFERÊNCIA COM CAFEÍNA.', e alguém que não aparece pergunta a ele: 'VOCÊ ESTÁ BEBENDO MAIS REFRIGERANTE?'.

uáterson, Bill. O melhor de Calvin. O Estado de São Paulo, São Paulo, 29 agosto. 2014. Caderno 2, página. C6.

Na tirinha há um narrador (que pode ser o próprio Calvin) que descreve algumas características do beija-flor. No segundo quadrinho esse narrador também apresenta algo que poderia ser um empecilho para a ação do pássaro. Qual é esse empecilho? Escreva a resposta em seu caderno.

Observe o período:

Esquema. Apesar de [ser] pequeno - concessão [o beija-flor] ten muita energia.

No período simples, a ideia de concessão é expressa por adjuntos adverbiais.

Apesar de seu pequeno tamanho, - adjunto adverbial de concessão o beija-flor tenm muita energia.

Perceba que a expressão Apesar de seu pequeno tamanho” (sem verbo) equivale à oração Apesar de [ser] pequeno” (oração com verbo elíptico).

As orações subordinadas adverbiais concessivas quebram a expectativa do leitor: a de que os beija-flores, por serem pequenos, tenham pouca energia. Repare que a locução conjuntiva apesar de inicia a oração adverbial, trazendo com ela a circunstância de contraposição ao que vai ser dito na oração principal.

  1. O empecilho que o narrador apresenta é um impedimento efetivo para o beija-flor?
  2. Na frase Apesar de pequeno, [o beija-flor] tem muita energia, ocorre uma quebra de expectativa? Justifique.

A palavra concessão significa ato ou efeito de ceder, permitir ou concordar com algo. As orações subordinadas adverbiais concessivas admitem uma contradição ou um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à quebra de expectativa.

Outras conjunções e locuções conjuntivas que expressam concessão são as seguintes: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que etcétera.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Releia o excerto retirado do trecho 2 do debate “A postura do brasileiro diante das leis” e responda às questões:

reticências Na medida em que a gente vai crescendo, vai se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras fórmas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações sociais estão postas.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. No último período do trecho, o pronome relativo onde introduz uma oração adjetiva: identifique o termo da oração principal a que ele se refere.
  2. Essa oração subordinada adjetiva restringe ou explica o termo antecedente?
  3. Reescreva todo o período, substituindo o pronome relativo onde por outro, sem alterar o sentido da oração.

2. Leia a frase.

Fotografamos todos os parques da nossa cidade que é a capital do país.

  1. O período está adequadamente pontuado, expressando um sentido lógico?
  2. Como devemos pontuar o período e classificar a oração destacada?

3. Agora, leia a tirinha de Calvin.

Tirinha em quatro cenas. Personagens: A professora, uma mulher de cabelos brancos ondulados, de óculos de aro retangular, vestindo uma blusa branca estampada de bolinhas. Calvin, um menino de cabelos espetados, vestindo uma camiseta listrada. Cena 1. A professora está sentada diante de uma mesa, de costas para a lousa de uma sala de aula, segurando um livro aberto e pergunta a Calvin: 'CALVIN, VOCÊ SABERIA NOS DIZER QUEM FOI NOSSO PRIMEIRO PRESIDENTE?'. Cena 2. Calvin responde a ela, com expressão animada: 'NÃO, MAS EU CONHEÇO A ORIGEM SECRETA DE CADA SUPER-HERÓI DA LIGA TERMONUCLEAR DA JUSTIÇA DO CAPITÃO COMETA.'. Cena 3. A professora (que não aparece) diz a Calvin, que fica com expressão incrédula: 'VOCÊ FICA DEPOIS DA AULA, CALVIN.'. Cena 4. Calvin está com expressão desanimada, com um cotovelo apoiado sobre a carteira escolar e a face apoiada na mão, e diz: 'EU NÃO SOU BURRO. É QUE O CONHECIMENTO QUE EU DOMINO NÃO TEM UMA UTILIZAÇÃO PRÁTICA.'.

uáterson, Bill. O melhor de Calvin. O Estado de São Paulo, São Paulo, 12 abril. 2012. Caderno 2, página. C6.

  1. Observe a expressão fisionômica de Calvin na sequência dos quadrinhos. Que sentimentos ela traduz?
  2. De que maneira Calvin tenta se sair bem diante da pergunta da professora?
  3. Copie o período em que Calvin explica por que não é burro.
  4. Nesse período, uma oração subordinada adjetiva é empregada por Calvin para reforçar essa explicação. Identifique-a.

Faça as atividades no caderno.

4. Leia a tirinha sobre Rãmlet e Hérnia, personagens de Hagar.

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Hérnia, uma menina viking de cabelos ondulados, usando elmo pontiagudo, de vestido e com uma espada na cintura. Hamlet, filho de Hagar, o Horrível, um menino viking de elmo pontiagudo com chifres. Cena 1. Hérnia está sentada em um tronco de árvore, de perfil com as mãos no rosto, olhando para Hamlet, que está sentado ao lado dela, segurando um livro aberto. Ela diz: 'VOCÊ NÃO É COMO OS OUTROS MENINOS VIKINGS.' Cena 2. Na mesma posição, ela diz: 'VOCÊ É GENTIL... EDUCADO... POLIDO...'. Cena 3. A menina chega mais perto de Hamlet, inclinando-se na direção dele, que se inclina ligeiramente para o outro lado e olha para Hérnia, que diz: 'MAS GOSTO DE VOCÊ ASSIM MESMO! '.

bráun díqui. Hagar. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 abril. 2003. Ilustrada, página. E9.

  1. A fala de Hérnia deixa subentendido o que se espera dos meninos vikings. Quais seriam, geralmente, suas características?
  2. A declaração da menina no último quadrinho é iniciada pela conjunção mas, que expressa oposição de ideias. Ao empregar essa conjunção, Hérnia quer dizer que considera positivas ou negativas as características de Rãmlet?
  3. Se ela tivesse dito Por isso gosto de você, estaria considerando as características de Rãmlet positivas ou negativas?
  4. Considere as ideias da tirinha para completar o período destacado a seguir. Copie-o, em seu caderno, estabelecendo entre as orações uma relação de concessão.

Embora você não seja como os outros meninos vikings,

5. Leia a tirinha de Fernando gonçales.

Tirinha. Em duas cenas. Personagens: ursos polares e focas, em um ambiente coberto de gelo da região do Ártico. Cena 1. Em um buraco no gelo sobre o mar há duas focas com a cabeça e o focinho para fora. Atrás dela se aproxima sorrateiramente um urso polar. Acima o texto correspondente à fala do narrador: 'APESAR DO PELO BRANCO, O URSO POLAR NEM SEMPRE CONSEGUE PASSAR [DESPERCEBIDO]. Cena 2. As focas mergulham no mar para dentro do buraco, fugindo do urso. Ao lado, o urso polar mostrando os dentes olhando para o lado, onde chega um outro urso polar gritando (porque as palavras de seu balão de fala estão realçadas em negrito) e assustando as focas: 'VOCÊ ESTÁ AÍ CUNHADÃO!'.

gonçales, Fernando. Níquel Náusea. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 janeiro. 2014. Ilustrada, página. E9.

  1. No primeiro quadrinho, temos uma informação que antecipa o acontecimento que veremos no segundo. Que acontecimento é esse?
  2. Qual é a causa do humor na tirinha?
  3. Aponte a oração adverbial concessiva, explicando a expectativa que ela contraria na tirinha.

Leitura 2

Contexto

Na Leitura 1, você acompanhou uma parte do debate do programa Diálogos na úspi. Conheceu o mediador, o jornalista Marcello rôlembérg, e os debatedores: Justino de Oliveira e Marilene Proença Rebello de Souza. Você também compreendeu o tema em questão e a dinâmica da interação entre os participantes.

Antes de ler

Agora, você vai ler mais dois trechos do debate. Antes da leitura, leia apenas os títulos de cada trecho e converse com os colegas a respeito das seguintes questões:

  • Para você, o que seria uma grande corrupção? E uma pequena corrupção?
  • Imagine as saídas que os debatedores apontarão para resolver o problema da corrupção.

Debate “A postura do brasileiro diante das leis” – Parte 2

TRECHO 3: Pequenas e grandes corrupções

rôlembérg: Nós temos de pensarreticências Nós estamos falando de corrupção, claroreticências nós sempre pensamos em situações grandes: malas com dinheiro, essas coisas todas. Mas vamos pensar no dia a diareticências As pequenas corrupções, as pequenas infrações, os pequenos deslizes reticências durante muito tempo o Brasil, os brasileiros ou uma parte dos brasileiros se orgulhou do chamado jeitinho brasileiro reticências Está tudo bem, professor?

Fotografia. Homem de cabelos castanhos, de óculos, vestindo camisa social fechada nos punhos e colete cinza. Ele está no estúdio de um programa de rádio, sentado diante de uma mesa sobre a qual há folhas de papel e uma caneta, e fala com expressão sorridente em um microfone, e está com os braços apoiados na mesa e as mãos juntas.
Marcello rôlembérg, apresentador do programa Diálogos na úspi, 2016.

Justino: Alguns pontos para a gente compreender esse comportamento reticências. Dois pontos essenciais. Existe uma expressão muito típica da Ciência da Administração que é: Not in my backyard [não no meu quintal]. O que significa isso? Eu entendo que aquela providência, que aquela ferramenta, que aquele posicionamento, que aquela atitude é importante, é relevante, ela é ética, mas não comigo. reticências

rôlembérg: Filosoficamente é muito bom, mas, na prática, não. É isso?

Justino: Isso também éreticências é algo que acontece muito nas análises pessoais e interpessoais, né? É como se, sua pergunta foi bem nessa linha, é como se o tema da corrupção envolvesse apenas grandes corrupções. Então ela é uma corrupção política, dos agentes políticosreticências Aquilo que tem a ver com a minha esfera mais próxima, a esfera familiar, a esfera do trabalho, a esfera das relações interpessoais como um todo, é como se eu tivesse uma autorização para agir conforme meus melhores interesses.

reticências Uma outra questão também é o que ninguém vai ver, ninguém vai saber. Então tem também aquela sensação da impunidade, sim, a sensação de que não vou ser pego. Isso é do ser humano e aí quando você não tem bases éticas muito sólidas em uma sociedadereticências E, infelizmente, nós temos que dizer que, não generalizando, as bases éticas da sociedade brasileira hoje, elas estão um pouco nebulosasreticências

rôlembérg: Você está sendo eufemístico.

Justino: reticências Existe essa questão de que, sim, a corrupção existe, mas ela está longe. Existe também o tema da corrupção, mas ela tem de ser grande para ser um problema e existe também uma questão de que as minhas atitudes, elas são justificadas por mim, porque há uma percepção (esse é o ponto) de que ninguém vai ver e de que eu não serei punido. Então é claro que isso não vale para todas as pessoas, mas nós não chegaríamos ao momento em que nós chegamos, me parece reticências. Há uma relação forte entre a grande corrupção, da corrupção política, da corrupção constitucional, da corrupção que hoje é endêmica no Brasil com as pequenas corrupções.

rôlembérg: reticências O senhor comentou que é como isso vai se dando quando nós não temos bases éticas sólidas e não temos tido. Aí a pergunta para a professora Marilene: não temos tido ou nunca tivemos?

Marilene: Não. Eu acho que nós temos bases éticas sólidas. Quer dizer, o Brasil é um dos países que têm uma das Constituições mais fortes no sentido dos direitos sociais, de mostrar quais são os direitos do cidadão brasileiro, de defender esses direitos. Nós somos signatários de declarações: Declaração Universal dos Direitos Humanos, Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Quer dizer, nós temos inúmeras participações como país em movimentos internacionais éticos que estão sendo também trazidos como políticas públicas. reticências Veja, então: você tem princípios éticos que estão o tempo todo sendo trazidos, inseridos, defendidos por muitas pessoas no campo social. É que de fato essa tensão, essa polarização que a gente tem de valores no campo social, geralmente, faz com que esses valores, que são os negativos, que são aqueles que são os piores, os mais perversos, ocupem um espaço muito grande de visibilidade, mas também nós precisaríamos dar visibilidade para aquelas questões que são éticas, pela defesa dos princípios éticos, pelas ações éticas que têm no campo social.

TRECHO 4: Em busca de saídas

rôlembérg: reticências como fazer o cidadão comum se imbuir da necessidade da aceitação, mais do que aceitação, da necessidade de seguir esses preceitos. Isso é uma questão de educação também?

Marilene: Sem dúvida nenhuma é uma questão de educação, é uma questão de participação social nesses processos. reticências A crítica é fundamental. Nós temos que fazer a crítica, nós temos de produzir a crítica, mas nós temos de produzir as saídas. reticências Então nós precisamos superar o nosso discurso crítico para as práticas políticas e para as políticas públicas e para as ações nos mais diversos campos. Que a gente chegue nos indivíduos, chegue nas pessoas e que elas possam viver e pensar alternativas para sair do problema.

reticências

rôlembérg: Professor Justino, e como o Direito pode ajudar nisso? No dia a dia, mesmo? Quer dizer, como é que nós mudamos ou podemos ajudar nessa reformatação do pensamento comum da sociedade?

Justino: É importante dizer o seguinte: a lei é um componente para mudança de comportamento, mas ela em si, sozinha, ela não muda uma cultura, ela não muda um comportamento. Esse é um primeiro ponto. O Direito então tem funções, o Direito tem uma função de, sobretudo, regulamentar as relações entre as pessoas, do espaço privado com o espaço público, estabelecer, obviamente, comando, estabelecer sanções. Mas o Direito tem uma função transformadora e cada vez mais. No entanto, ele não é o único. Ele não pode ter essa fôrça, na verdade, ele não tem essa fôrça de mudar tudo sozinho.

reticências Em síntese, não é um tema único e exclusivo do Poder Judiciário. Não cabe só ao Judiciário enfrentar o problema de combate à corrupção. Não é só um caso de responsabilização. É um caso de contenção, prevenção. São várias ações reticências. Porque é o que a professora mencionou: todos nós temos uma parcela de responsabilidade nesse tema.

rôlembérg: Não podemos, na verdade, passar a bola para o outro, seja Judiciário, seja Legislativo, seja Executivo, parte de nós. reticências Nós somos atores sociais importantíssimos na resolução desse problema. É isso, professora Marilene? Antes de mais nada, nós temos que pensar que o problema é nosso também.

Marilene: Exatamente. Nós estamos falando em cidadania. Cabe a todos nós. Nenhum de nós está isento da sua parcela de participação, talvez alguns de nós tenhamos mais elementos institucionais de participação, outros menos, mas cada um tem sua responsabilidade social. E ao mesmo tempo nós também podemos mobilizar os nossos entornos.

reticências

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

Fotografia. Retrato em meio perfil de um homem de cabelos castanhos, de óculos, vestindo camisa social clara e suéter vermelho. Ele está em pé, de frente, em um ambiente externo, com árvores ao fundo.
Marcello Chami rôlembérg nasceu em Niterói, Rio de Janeiro. Jornalista experiente, iniciou em 1994 sua carreira como diretor de redação do Jornal da úspi. Como escritor e poeta, publicou vários livros. Alguns deles são: Encontros necessários, editado pela Ateliê Editorial, Ao pé do ouvido, lançado em 1981, e Coração guerrilheiro, publicado em 1983. Fotografia de 2019.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Sobre as hipóteses levantadas antes da leitura, responda às questões.
    1. O que você listou como grande e pequena corrupção apareceu na conversa entre mediador e debatedores?
    2. Após a leitura, as hipóteses que você levantou sobre as saídas para o problema da corrupção se confirmaram?
  2. Releia a primeira intervenção do mediador no trecho 3.
    1. Por que o mediador utiliza a primeira pessoa do plural para formular a pergunta ao debatedor?
    2. Transcreva o trecho em que o mediador reformula o que havia dito anteriormente, demonstrando certa hesitação.
    3. Observe que no trecho 3 as reticências são usadas com duas funções. Dê um exemplo de caso em que elas são utilizadas para indicar supressão no texto. Também exemplifique um caso em que sinalizam a hesitação do interlocutor no momento da fala.
    4. No contexto do debate, o que você entende quando lê a expressão jeitinho brasileiro?
  3. Copie em seu caderno as afirmações verdadeiras sobre a resposta do professor Justino ao mediador acerca do jeitinho brasileiro.
    1. O professor de Direito responde sem rodeios à pergunta do mediador.
    2. O professor de Direito problematiza a questão, na tentativa de compreender o problema.
    3. O professor de Direito justifica o problema com uma citação em inglês da Ciência da Administração.
    4. O professor de Direito sinaliza que o comportamento pode ser compreendido de duas perspectivas.
  4. Como você resumiria os pontos essenciais levantados pelo professor para a compreensão do comportamento relacionado aos pequenos deslizes?
  5. Releia o seguinte trecho da fala do professor Justino.

Justino: reticências Existe essa questão de que, sim, a corrupção existe, mas ela está longe. Existe também o tema da corrupção, mas ela tem de ser grande para ser um problema e existe também uma questão de que as minhas atitudes, elas são justificadas por mim, porque há uma percepção (esse é o ponto) de que ninguém vai ver e de que eu não serei punido. Então é claro que isso não vale para todas as pessoas, mas nós não chegaríamos ao momento em que nós chegamos, me parece reticências. Há uma relação forte entre a grande corrupção, da corrupção política, da corrupção constitucional, da corrupção que hoje é endêmica no Brasil com as pequenas corrupções.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. Como você já sabe, o debate é um gênero oral. Encontre duas marcas de oralidade mantidas nesse trecho transcrito e editado.
  2. O professor defende que a corrupção deve ser grande para ser um problema? Justifique sua resposta.
  3. A palavra endêmica na última oração do trecho poderia ser substituída por qual outra, sem alterar o sentido do texto?

Estudo do texto

Ilustração. Ícone retomada de tópicos.

Marcas de oralidade

Como você já sabe, a língua pode se manifestar em duas modalidades: oral ou escrita. O texto falado tem as próprias características: redundância; predominância de frases curtas e simples; hesitações; truncamentos; reformulações; entre outras. Quando o texto oral é transcrito para modalidade escrita, algumas marcas da oralidade se mantêm, dependendo do propósito comunicativo. Já outras marcas são eliminadas. Na retextualização (processo de produção de um novo texto), os sinais de pontuação são inseridos e os turnos podem transformar-se em parágrafos.

Faça as atividades no caderno.

6. Releia agora a seguinte interação entre debatedor e mediador.

Justino: reticências e aí quando você não tem bases éticas muito sólidas em uma sociedadereticências E, infelizmente, nós temos que dizer que, não generalizando, as bases éticas da sociedade brasileira hoje, elas estão um pouco nebulosasreticências

rôlembérg: Você está sendo eufemístico.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. Qual é o ponto de vista defendido pelo debatedor?
  2. Na frase “elas estão um pouco nebulosas”, o pronome elas se refere a quê?
  3. Por que o professor utiliza uma imagem figurada para expressar, pela segunda vez, seu ponto de vista?
  4. O mediador concorda com o debatedor ou discorda dele? Justifique sua resposta com um trecho do texto.
Ilustração. Ícone retomada de tópicos.

Eufemismo

É uma figura de linguagem que consiste no uso de uma palavra ou expressão que busca suavizar o sentido de um enunciado com caráter mais pesado ou menos agradável. É um recurso muito utilizado para evitar discórdia, assuntos tristes e também tabus. Exemplos: A escola realizará o reajuste das mensalidades (em vez de dizer aumento); O homem foi para o céu (em vez de dizer morreu).

  1. Sobre a primeira intervenção da professora Marilene no trecho 3, responda às questões.
    1. Marilene concorda com o posicionamento defendido pelo professor Justino? Transcreva o trecho do texto que comprove sua resposta.
    2. Qual é a diferença na fórma como a professora Marilene e o professor Justino expressam seus pontos de vista a respeito da questão?
    3. Quais argumentos a professora Marilene utiliza para defender seu ponto de vista?
    4. É possível estabelecer uma relação entre esses argumentos e o fato de o interlocutor da professora ser da área do Direito? Justifique sua resposta.
    5. Que reivindicação a professora faz no encerramento de sua fala? Por que ela faz esse pedido?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Refutação e contra-argumento

A refutação ou réplica é ação de contestar os argumentos que foram apresentados por seu interlocutor. O argumento que se opõe a outro é chamado de contra-argumento. Já a tréplica é a resposta a uma réplica e também deve ser bem fundamentada com base no argumento apresentado pelo interlocutor.

Faça as atividades no caderno.

  1. Retome o debate e releia, no trecho 4, a primeira pergunta de rôlembérg.
    1. Com base no contexto, substitua a palavra imbuir por outra, sem alterar o sentido da questão.
    2. Como você reformularia essa questão para que ela fosse publicada em um site, por exemplo?
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Conclusão de um raciocínio

Observe que, na última intervenção do professor Justino, ele indica que está concluindo um raciocínio, por meio do uso da expressão em síntese. Dessa maneira, o mediador pode perceber que o debatedor está finalizando sua fala e se preparar para revezar o turno.

  1. Qual é o ponto de concordância entre os debatedores em relação à saída para o problema da corrupção?
  2. Sobre as saídas propostas pela professora Marilene, responda:
    1. Ela defende que a solução passa apenas pela educação? Justifique sua resposta.
    2. Você concorda com a afirmação da professora de que todos podem mobilizar seus entornos sobre o tema da corrupção? Justifique sua resposta.
  3. Como o professor Justino vê o papel do Judiciário em relação às saídas para o problema da corrupção? Essa visão é coerente com a visão apresentada por ele sobre a corrupção no início do debate?
  4. Leia o trecho de encerramento do debate:

rôlembérg: reticências É um assunto que daria uma hora mais de programa, mas o Diálogos na úspi está chegando ao seu final e eu queria agradecer muitíssimo a presença do professor Justino de Oliveira, professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da úspi, é advogado, consultor jurídico e especializado em Direito Público, reticências E a professora Marilene Proença Rebello de Souza, muito obrigado, professora, reticências titular da Universidade de São Paulo, pesquisadora do programa de pós-graduação de Psicologia escolar e desenvolvimento humano, e atual diretora do Instituto de Psicologia da úspi. Obrigadoreticências O Diálogos fica por aqui reticências.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. Quem faz o encerramento?
  2. Quais são os dois momentos do encerramento?
  3. Por que há repetição de dados já apresentados na abertura do debate?

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 2

Faça as atividades no caderno.

Paráfrase

Parafrasear é dizer o mesmo com outras palavras. Utilizamos esse recurso para explicitar as ideias a fim de que não haja dúvida sobre o que foi expresso. É uma espécie de tradução no interior de uma mesma língua.

Para que a paráfrase seja efetiva, é fundamental a utilização de sinônimos, ou seja, o uso de palavras que expressem significados semelhantes.

Na frase anterior, há um exemplo disso. A expressão ou seja introduz uma explicação da frase utilização de sinônimos. Percebeu? A expressão uso de palavras que expressem significados semelhantes é uma espécie de paráfrase. Em casos assim, além de ou seja, podem ser utilizados também isto é, a saber e quer dizer.

Mais do que meramente explicar frases complexas, a paráfrase se relaciona com a criação de outro texto que dependa essencialmente de um texto-base. Assim, a paráfrase seria um tipo de intertextualidade, que é a manifestação evidente dos traços e características de um texto em outro.

É importante não confundir paráfrase com paródia. A primeira serve para explicar, com termos sinônimos; a segunda, por sua vez, trata-se da modificação de um texto-base com o objetivo de ironizá-lo.

Você já teve necessidade de reformular algo falado ou escrito por você, ou mesmo por outra pessoa? Com que objetivo foi preciso dizer de outra fórma?

Na linguagem oral, em uma situação de debate, por exemplo, torna-se necessário, muitas vezes, dizer de maneira mais clara aquilo que já foi dito. Em outras palavras, produzimos um texto em um primeiro momento, mas sentimos necessidade de reformulá-lo e, então, produzimos um texto B, com outro vocabulário e outras estruturas de frases. É o que denominamos paráfrase.

1. Observe um exemplo no trecho 2 do debate.

rôlembérg: Nesse ponto, professora Marilene, o sem limitesreticências Isso é claro para o cidadão? Ou ele faz de uma maneira quase quereticências inconscientereticências dentro da sociedade que nós vivemos?

Marilene: Talvez a gente possa pensar de uma maneira naturalizada, mais do que inconsciente. Quer dizer, a gente trata isso como uma coisa natural, como uma coisa trivial reticências.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. Nesse trecho, a professora Marilene explica o que ela havia dito usando outras palavras. A explicação é introduzida por qual expressão?
  2. Que outra expressão ela poderia ter usado para iniciar sua paráfrase?

Faça as atividades no caderno.

É importante notar que a paráfrase mantém as informações do texto original e é fiel a ele, embora não deva repetir o mesmo vocabulário e as estruturas de frases.

Pergunta retórica

Sabemos que o objetivo de uma pergunta é obter uma resposta ou uma nova informação. Avalie o caso da pergunta do professor Justino de Oliveira neste trecho:

Justino: Alguns pontos para a gente compreender esse comportamento reticências Dois pontos essenciais. Existe uma expressão muito típica da Ciência da Administração que é: Not in my backyard [não no meu quintal]. O que significa isso? Eu entendo que aquela providência, que aquela ferramenta, que aquele posicionamento, que aquela atitude é importante, é relevante, ela é ética, mas não comigo. reticências

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. A que se refere a pergunta destacada no trecho citado?
  2. Explique qual é o significado da pergunta destacada nesse contexto.
Versão adaptada acessível
  1. No trecho citado, a que se refere a pergunta O que significa isso?
  2. Explique qual é o significado dessa pergunta nesse contexto.

Uma pergunta retórica não tem objetivo de obter uma resposta ou pedir uma informação, pois aquele que pergunta já sabe a sua resposta. Apesar de ter uma interrogação, a pergunta retórica não pretende questionar, mas trazer o assunto à tona, ou estimular a reflexão sobre um tema, ou ainda insinuar um ponto de vista com o qual se deseja que o interlocutor concorde. As perguntas retóricas são muito utilizadas em textos argumentativos, pois elas podem expressar críticas e provocar reflexão.

3. Observe o trecho a seguir:

rôlembérg: Não podemos, na verdade, passar a bola para o outro, seja Judiciário, seja Legislativo, seja Executivo, parte de nós. reticências Nós somos atores sociais importantíssimos na resolução desse problema. É isso, professora Marilene? Antes de mais nada, nós temos que pensar que o problema é nosso também.

Marilene: Exatamente. Nós estamos falando em cidadania. Cabe a todos nós. Nenhum de nós está isento da sua parcela de participação, talvez alguns de nós tenhamos mais elementos institucionais de participação, outros menos, mas cada um tem sua responsabilidade social. E ao mesmo tempo nós também podemos mobilizar os nossos entornos.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

No trecho citado, qual é o tipo de pergunta feita pelo entrevistador?

Faça as atividades no caderno.

Tópico-comentário

1. Releia a fala da professora Marilene Proença Rebello de Souza:

Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. Localize o verbo da primeira oração e identifique seu sujeito.
  2. O termo destacado na oração é objeto direto do verbo ou seu sujeito?
Versão adaptada acessível
  1. Localize o verbo da primeira oração e identifique seu sujeito.
  2. Na oração, o termo "a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas" é objeto direto do verbo ou seu sujeito?

O pronome isso é objeto direto do verbo e refere-se a “a infração, a delin­quên­cia, as saidinhas, as escapadas”. Observe:

Esquema. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social [...]

a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas: objeto direto
nós: sujeito
isso: objeto direto

Na frase em destaque, o objeto direto exerce a função de tópico. O que se fala sobre ele na sequência é o comentário sobre o tópico.

Esquema. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social [...]
a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas: tópico

nós aprendemos isso no
campo social: comentário

A estrutura tópico-comentário é bastante comum no português brasileiro e aparece com mais frequência na oralidade informal. Está presente também na oralidade formal e na escrita. Na transcrição do debate, foi mantida essa estrutura de frase presente em vários momentos do texto oral dos debatedores, que utilizaram uma linguagem mais formalizada.

Ao formular frases com essa estrutura, o enunciador tem uma intenção comunicativa: enfatizar e evidenciar algum elemento, que em seguida receberá um comentário, uma informação nova.

2. Leia outro exemplo, presente na fala do professor Justino:

Agora, as causas da corrupção, elas são inúmeras...

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. Que termo está posicionado como tópico, em destaque na frase?
  2. Qual é o comentário sobre esse tópico?
  3. Nesse caso, o tópico se refere a que termo do comentário?

Faça as atividades no caderno.

Marcas de oralidade

Os textos que analisamos nesta Unidade são transcrições de um debate, gênero argumentativo oral. Nessa transcrição, foram mantidas algumas marcas de oralidade.

1. Vamos reler um pequeno trecho do debate da Leitura 2.

Justino: Isso também éreticências é algo que acontece muito nas análises pessoais e interpessoais, né? É como se, sua pergunta foi bem nessa linha, é como se o tema da corrupção envolvesse apenas grandes corrupções. Então ela é uma corrupção política, dos agentes políticosreticências Aquilo que tem a ver com a minha esfera mais próxima, a esfera familiar, a esfera do trabalho, a esfera das relações interpessoais como um todo, é como se eu tivesse uma autorização para agir conforme meus melhores interesses.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

a. Diferente da linguagem escrita, produzida com tempo para ser revisada, reformulada e reescrita, a linguagem falada raramente é produto de planejamento anterior; nós a planejamos enquanto falamos; por isso, nela estão presentes:

  • pausas
  • repetições
  • interrupções
  • interações com interlocutores

Observe o que está destacado na fala do professor Justino e relacione essas ocorrências com as marcas da linguagem oral listadas no quadro.
  1. A repetição da palavra esfera no trecho analisado poderia ser eliminada. Como ficaria a sequência?
  2. Compare sua resposta ao item b com o texto original. Há um efeito diferente de sentido? Justifique sua resposta.

2. Releia mais uma parte do debate do trecho 1.

Justino de Oliveira: O tema realmente é bastante complexo reticências. A corrupção é daqueles problemas chamados de wicked problems [problemas complexos]. Nós não vamos encontrar uma única solução e rápida para resolvermos. Então esse é um primeiro ponto.

rôlembérg: E também não há uma única justificativa, não é?

Justino: Exato. Ela é multifatorial. As causas da corrupção são várias.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

Podemos dizer que certas expressões da linguagem falada, ao mesmo tempo que funcionam como elemento de interação entre os interlocutores, sinalizam aos debatedores a mudança de turno. Explique como essa ocorrência se dá no trecho destacado.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Releia o trecho do debate, extraído da Leitura 1:

rôlembérg: reticências Professora, a intenção, como disse o professor Justino, é da pessoa. Onde fica o cidadão nessa história? Ou, melhor dizendo, a cidadania e a questão ética?

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. O mediador reformula sua pergunta, fazendo uma paráfrase do próprio texto. Identifique o texto original e sua paráfrase.
  2. Que expressão introduz essa paráfrase?

2. Releia um trecho da fala da professora Marilene, na Leitura 2:

Marilene: Não. Eu acho que nós temos bases éticas sólidas. Quer dizer, o Brasil é um dos países que têm uma das Constituições mais fortes no sentido dos direitos sociais, de mostrar quais são os direitos do cidadão brasileiro, de defender esses direitos.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

Ao parafrasear sua primeira afirmação, “Eu acho que nós temos bases éticas sólidas”, que recurso a professora utiliza?

3. Leia a tirinha de Hagar.

Tirinha. Em três cenas. Personagens: Hagar: um viking, homem ruivo corpulento e barbudo com elmo de chifres vestindo trajes esfarrapados. Um homem magro de cabelos loiros, com um elmo pontiagudo com saliências ao redor, vestindo manto preto de gola e punhos lilases. Cena 1. Em uma taberna, à esquerda, o homem magro, com uma das mãos erguidas, pergunta a Hagar: ‘HAGAR, O QUE É 'TEMERIDADE'?’, e Hagar lhe responde, de olhos fechados, com um braço apoiado no balcão e a cabeça apoiada na mão, com expressão aborrecida: ‘É O MESMO QUE 'INTREPIDEZ'.’. Cena 2. O homem magro volta a perguntar a Hagar (que não aparece): ‘QUE É 'INTREPIDEZ'?’. Cena 3. Hagar, segurando uma caneca, responde: ‘É CHEGAR EM CASA DOIS DIAS ATRASADO PARA O JANTAR DO ANIVERSÁRIO E RECLAMAR QUE A COMIDA ESTÁ FRIA!’.

bráun, Chris; bráun díqui. O melhor de Hagar, o horrível. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2011. página. 58. verdadeiro. 1.

  1. Procure no dicionário o significado das palavras temeridade e intrepidez. Depois responda: no primeiro quadrinho, Hagar faz realmente uma paráfrase da palavra temeridade? Justifique.
  2. Por que, ao fazer a paráfrase da palavra intrepidez, Hagar provoca humor?
  3. Faça uma paráfrase da palavra intrepidez, à maneira de Agás, com um exemplo pessoal de suas experiências.

Faça as atividades no caderno.

4. Releia mais um trecho da fala da professora Marilene no debate analisado.

Na medida em que a gente vai crescendo, se desenvolvendo, nós vamos aprendendo outras fórmas de relação com a realidade. Por que nós vamos aprendendo? Porque nós estamos em um meio onde essas maneiras de pensar a sociedade e a cultura e as relações sociais estão postas. Então a infração, a delinquência, as saidinhas, as escapadas, nós aprendemos isso no campo social, à medida que isso também é ensinado para nós. E aí os fatores são realmente múltiplos.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

Por que podemos dizer que a pergunta da professora é uma pergunta retórica nesse contexto?

5. Sabemos que a fala é mais espontânea que a escrita. No trecho em destaque na Leitura 1, que marca da linguagem oral está presente?

rôlembérg: por que esse aprendizado sereticências Então vou trazer para o professor Justino... por que esse aprendizado se dá numa sociedade como a nossa? Por quê? A gente pode fazer um paralelo como se dá esse aprendizado na Finlândia ou no Chade? Ou seja, depende da sociedade, do tecido social no qual nós estamos incorporados?

Justino: Sim, mas eu queria voltar à sua perguntareticências que foi o tema da cidadania.

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

6. Neste trecho, o professor Justino relaciona o problema da corrupção à cultura de cada país.

Justino: reticências Mas a corrupção tem a ver com a cultura de cada país, ela tem a ver com a sociedade, com o perfil de sociedade de cada país. Vamos falar de Brasil. Quando a gente pensa em Brasil, qual é a nossa história? reticências Bom, de maneira sintética, nós temos histórico – e isso faz parte da nossa história – de espoliação, dereticências Aqueles que estão no poder, eles se apropriam dos recursos que seriam públicos. E esses recursosreticências Há uma apropriação privada de recursos públicos. reticências

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

  1. No destaque, ele evidencia um tópico, posicionando-o no início da frase. Identifique-o.
  2. Que comentário ele faz sobre esse tópico?
  3. Em seguida, essa estrutura de tópico-comentário se repete. Qual é a intenção do falante com isso?
Versão adaptada acessível
  1. No trecho "Aqueles que estão no poder, eles se apropriam dos recursos que seriam públicos. E esses recursos... Há uma apropriação privada de recursos públicos.", ele evidencia um tópico, posicionando-o no início da frase. Identifique-o.
  2. Que comentário ele faz sobre esse tópico?
  3. Em seguida, essa estrutura de tópico-comentário se repete. Qual é a intenção do falante com isso?

Questões da língua

Formação de palavras (2)

No trecho 2 da transcrição, temos a seguinte fala do professor Justino:

reticências Então você tem uma trajetória de espoliação, uma trajetória de abusos, você tem uma trajetória em que há uma luta pela sobrevivência das pessoas e o Estado vai ensinando, e ensinando muito mal as pessoas, que elas são dependentes do Estado. Elas são dependentes do governo. É aí que nós vamos formar a base, infelizmente, ainda política da sociedade brasileira: de clientelismo, de fisiologismo, de nepotismo sem limitesreticências Esses “ismos” todos são decorrências do abuso de um exercício de poder que deveria ser contido sobretudo por quem está no poder. reticências

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

Os ismos aos quais o professor Justino se refere são, segundo ele, práticas e condutas frequentes na sociedade brasileira. Essas práticas têm uma conotação positiva ou negativa nesse contexto? Justifique sua resposta.

Sufixo -ismo

Você já aprendeu que morfemas são a menor unidade da língua que tem significado. Os sufixos são morfemas que se integram ao radical da palavra para formar novas palavras. O radical da palavra também é um morfema. Observe:

Esquema. símbolo: simbolismo
surreal: surrealismo
real: realismo

Observe que o sufixo -ismo foi adicionado ao radical das palavras que você acabou de ler, modificando-lhes o significado.

O sufixo -ismo permanece com o mesmo significado ao formar diferentes palavras, pois ele é um formador de nomes, que podem representar uma prática ou doutrinas, sistemas, teorias etcétera.

Procure no dicionário o significado de simbolismo, realismo e feudalismo e escreva suas definições para comprovar o sentido do sufixo -ismo.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Forme palavras acrescentando o sufixo -ismo, aos substantivos: patriota, mineiro, herói, radical, brasileiro e ciclista.
  2. Releia os períodos a seguir:

É aí que nós vamos formar a base, infelizmente, ainda política da sociedade brasileira: de clientelis­mo, de fisiologismo, de nepotismo sem limitesreticências Esses “ismos” todos são decorrências do abuso de um exercício de poder que deveria ser contido sobretudo por quem está no poder. reticências

OLIVEIRA, Justino de; SOUZA, Marilene Proença Rebello de. Especialistas discutem postura do brasileiro diante das leis. [Debate mediado por] Marcello rôlembérg. Jornal da úspi, 10 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U9z6vo. Acesso em: 30 março. 2022. Transcrição feita para esta edição.

Esse texto revela que o sufixo -ismo fórma palavras com sentido negativo em alguns contextos.

  1. Com a ajuda de um dicionário, aponte o significado das expressões clientelismo, fisiologismo e nepotismo.
  2. Identifique as palavras primitivas das quais derivam clientelismo e fisiologismo. Sem esse sufixo, elas têm sentido negativo? Justifique.
  3. Escreva em seu caderno outras palavras formadas com o sufixo -ismo que também têm sentido negativo.
  4. Identifique palavras formadas com o sufixo -ismo que não têm sentido negativo.

3. Em seu caderno, combine as palavras e expressões do primeiro quadro às suas definições no segundo quadro.

Cubismo

Budismo

Presidencialismo

Americanismo

Vandalismo

Atletismo

característica ou costume de um povo

comportamento

sistema religioso

sistema político

movimento artístico

modalidade esportiva

4. Reúna-se com três colegas para listar palavras terminadas pelo sufixo -ismo. A partir das palavras lembradas, vocês montarão um jogo de memória. Observe um exemplo a seguir.

Esquema composto de dois quadrados lado a lado; à esquerda, em um quadrado laranja, a palavra 'Realismo'. À direita, em um quadrado rosa, as palavras : 'Movimento artístico e literário do fim do século XIX'.

Produção de texto

Etapa 1

Preparação para o debate

Agora a turma vai começar a se preparar para a realização de um debate. Na seção Oralidade, vocês vão encontrar todas as orientações para realizá-lo a partir de um dos temas sugeridos ou outro de preferência da turma. No entanto, antes do debate, vocês devem produzir dois textos escritos, seguindo os passos descritos:

  1. Decidir o tema do debate – é importante ter isso em mente para que os outros passos sejam encaminhados com mais propriedade.
  2. Regras do debate – definição dos parâmetros que vão orientar o debate, como tempo de fala e fórma de interação entre os participantes.
  3. Textos de divulgação do debate – produção de convites, fôlderes e cartazes para convidar a comunidade escolar a acompanhar o debate a ser realizado pela turma.

O que você vai produzir

Você vai realizar pesquisas e produzir conteúdo para fundamentar um debate que será realizado posteriormente.

Durante a exploração do gênero debate nesta Unidade, você estudou que todos os envolvidos nessa atividade precisam estar preparados para a ocasião. Isso significa entender claramente qual será o tema, compreender a problemática que envolve o tema, fazer pesquisas, coletar dados, organizar informações e pontos de vista. Os debatedores não precisam ter ideias prontas ou julgamentos feitos a respeito do assunto, mas precisam estar munidos com conteúdo suficiente para poder discorrer sobre ele.

O tema do debate será:

Ter animais domésticos: estamos caminhando para uma prática insustentável?

Apresentação da polêmica

  • Assim que os seres humanos deixaram de ser nômades e passaram ao sedentarismo, iniciou-se a prática da domesticação de animais silvestres, também chamados de selvagens. Os animais eram úteis para as pessoas. Por exemplo, o gado fornecia carne, leite, couro; os cavalos passaram a ser usados como transporte; os cães protegiam as casas; os gatos caçavam ratos etcétera.
  • Quando surgiram os aglomerados urbanos, vários animais domésticos ficaram confinados à área rural, mas alguns passaram a fazer parte do dia a dia da cidade e a ser companhia para as pessoas. Esse foi o caso sobretudo de cães e gatos.
  • Grande número desses animais tornou-se aos poucos um problema de saúde pública. Proliferaram-se as zoonoses, doenças transmitidas por animais aos humanos. No Brasil, a partir da década de 1970, foram criados centros de contrôle de zoonoses, que realizavam a coleta e o extermínio de animais abandonados. Nessa época cresceu o número das chamadas “carrocinhas”, destinadas ao recolhimento de animais nas ruas.
  • A partir da década de 1990, esse modelo de coleta e extermínio passou a ser criticado. Ganharam fôrça as associações protetoras dos animais e a legislação específica pensando no bem-estar do animal. Foi dada ênfase ao contrôle da procriação e a campanhas de vacinação e adoção.
  • Atualmente, um novo fenômeno pode ser notado no que se refere ao convívio com animais domésticos: eles passaram a ter inédita importância na vida das pessoas. Em alguns casos, cães e gatos têm o mesmo valor de um ser humano para seus donos.
  • Apesar de campanhas de castração e adoção, mais animais nos lares também significam:
    • situação constante de animais abandonados, pois muitos ainda não são esterilizados (por opção ou falta de acesso dos tutores);
    • transtornos relacionados ao manejo desses animais pelos seus donos (tutores), como o acúmulo de animais em espaço insuficiente, o desejo de que seus animais frequentem os mesmos lugares que as pessoas, as fezes nas vias públicas (ou saquinhos com fezes jogados em lugar impróprio), o barulho, o mau cheiro;
    • problemas ecológicos decorrentes dessa prática;
  • comprometimento da eficiência do poder público para garantir limpeza urbana, segurança dos cidadãos e cuidados a esses animais.

Textos motivadores

Os textos que serão apresentados a seguir são apenas amostras de aspectos diversos desse assunto. Eles devem servir como exemplos para que outras fontes de aprofundamento sejam buscadas e embasem o debate.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (dê u dê agá), proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, foi o documento que estabeleceu, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos. Entre seus 30 artigos, há um que garante a liberdade de escolha das pessoas.

Artigo 12 – Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.


NAÇÕES Unidas no Brasil. 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: https://oeds.link/Q0Q6dR. Acesso em: 7 abril. 2022.

O problema das zoonoses.

Dentre os surtos que castigaram cidades brasileiras, está a epidemia de raiva que resultou em diversas mortes humanas na década de 1980. Buscando conter a epidemia de raiva, foi criado no Brasil o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (pê êne pê érre) focado no contrôle dessa zoonose nos animais domésticos e o tratamento específico das pessoas mordidas ou que tenham tido contato com animais raivosos. O Centro de contrôle de Zoonoses (cê cê zê) como equipamento de saúde pública surge em São Paulo em 1973, como parte das ações do pê êne pê érre. Essa fase foi marcada pela carrocinha, veículo que capturava os animais soltos nas ruas e encaminhava para o cê cê zê, onde os animais permaneciam por exatos 3 dias antes de serem sacrificados (caso não fossem procurados por seus tutores nesse prazo).

SIMON, Carolina Ribeiro. O peso da compreensão do imaginário na ressignificação espacial dos Centros de contrôle de Zoonoses. i cê agá tê, número 3, 2019. Disponível em: https://oeds.link/sErCIZ. Acesso em: 7 abril. 2022.

Animais domésticos humanizados.

Festa de aniversário, roupinha, carrinho de bebê, gravatinha, lacinho, sapatinho, dormir na cama do tutor, ser chamado de filhoreticências Afinal de contas, existe um limite para a humanização dos pets? Uma margem de segurança que garanta o bem-estar dos bichinhos e a satisfação dos humanos? A polêmica é garantida e pode gerar longas discussões. reticências

A veterinária comportamentalista da Rede péts, Katia De Martino, afirma que existe um limite importante que respeita o bem-estar dos humanos e do pet. Claro que o contato com o cão é muito prazeroso para os humanos, libera um hormônio, a ocitocina, que dá uma sensação de prazer e isso é muito bom, porém existe um limite. Katia acredita que a humanização pode provocar a supressão de necessidades naturais dos pets como correr, brincar, farejar e estar em contato com outros animais da mesma espécie: As pessoas acabam mimando muito e a perda dos hábitos e instintos começa a criar alguns desvios comportamentais como agressividade, ansiedade de separação (o cachorro não fica sozinho), medos e alguns problemas de compulsão.

FINARDI, Juliana. Tratar pet como gente: qual o limite e as consequências deste comportamento. Portal uól, 26 janeiro. 2021. Disponível em: https://oeds.link/KmSypb. Acesso em: 7 abril. 2022.

Declaração Universal dos Direitos dos Animais, unêsco, 1978.

Artigo 6º – 1. Todo animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.

2. Toda a modificação deste ritmo ou destas condições que forem impostas pelo homem com fins mercantis é contrária a este direito.


DIAS, Edna Cardoso. Direitos dos animais e isonomia jurídica. Revista Brasileira de Direito Animal, volume 2, número 3, 2007. Disponível em: https://oeds.link/xR20ex. Acesso em: 7 abril. 2022.

Proliferação de animais domésticos em centros urbanos.

Denúncias de maus-tratos de animais domésticos são comuns nos noticiários locais de grandes centros urbanos. Logo, as taxas de abandono tendem a ser altas. E isso acaba se tornando um contratempo a ser resolvido. Além disso, os bichos podem causar danos ao meio ambiente, problemas de saúde em humanos e poluição visual.

ROCHA, Leandro. Estudo aborda a importância da ecologia urbana para o contrôle de animais domésticos. Associação Brasileira de Editores Científicos – abéc, 19 julho. 2019. Disponível em: https://oeds.link/oQznCp. Acesso em: 7 abril. 2022.

Animais domésticos como um problema ecológico.

A recente informação apurada pelo í bê gê É (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) da existência no Brasil de mais de 52 milhões de cães e de 22 milhões de gatos é interessante. Mais interessante ainda é observar a tranquilidade com que a sociedade parece tê-la recebido, como se fosse um fato normal e até motivo de orgulho, pois neste aspecto o país ficaria apenas atrás dos Estados Unidos da América. Na verdade, saber que a população de cães e gatos é maior que a soma de todos os rebanhos de animais do Brasil, atrás apenas dos bovinos, deveria chamar a atenção, pois pelo menos é sintoma de uma distorção. reticências

Nos tempos modernos as funções originais perderam preponderância e ao contrário, a relação de afeto aumentou de modo desproporcionado devido à solidão, redução do número de filhos e a outros fatores bem conhecidos da sociedade moderna. reticências

Alguns estudos têm avaliado a pegada ecológica dos bichos de estimação. Lembrando que cachorros e gatos são essencialmente carnívoros, o impacto da produção do que eles comem e usam é um fator significativo do aquecimento global. reticências

A posse de bichos de estimação urbanos é, sob qualquer parâmetro, um luxo que gera custos elevados para o resto da sociedade. Consequentemente, como nos países desenvolvidos, esses animais deveriam estar submetidos a um imposto (caso da Alemanha) equivalente ao que se paga por artigos luxuosos. Esta medida poderia ser um desincentivo para a posse de números grandes e injustificáveis de animais por família.

dourodjeani márc. A multiplicação dos pets é um problema ambiental e ético. ((o))eco, 15 junho. 2017. Disponível em: https://oeds.link/UbbFCa. Acesso em: 7 abril. 2022.

Pontos a serem debatidos

  • Vocês acham que a criação de animais domésticos tem mais aspectos positivos ou negativos?
  • A criação de animais domésticos tornou-se um caro disfarce para os problemas emocionais das pessoas, que, por fim, são exploradas pela indústria de canis e petshops?
  • As pessoas podem ser impedidas ou cerceadas de ter animais de estimação? E quanto à ideia de impor limite de animais ou criar impostos? Isso não estaria descumprindo direitos humanos? Os direitos dos animais seriam violados ou, pelo contrário, mais bem resguardados?

Planejamento

Antes do planejamento, tenham em mente o recorte do tema do debate. Muitas vezes não é produtivo discutir vários aspectos que giram em torno do problema, mas somente dois ou três pontos escolhidos por vocês.

  1. O debate deverá envolver toda a turma, que será dividida em dois grupos com posições divergentes.
  2. Você e seus colegas vão definir o formato do debate, com divisão em três blocos.
  3. Definam o tempo de cada bloco, assim como o tempo para as perguntas e respostas, réplicas e tréplicas.
  4. Decidam quem será o mediador do debate e qual será seu nível de intervenção.
  1. Estabeleçam os princípios que devem nortear o debate. Lembrem-se de que é válido o conflito de ideias, mas de maneira respeitosa e polida.
  2. Debatam a consequência da infração de princípio ou regra. Por exemplo, a perda da vez da réplica do grupo ou o tempo adicional para o grupo adversário.

Produção

Após a discussão, redijam coletivamente as regras do debate. O professor escreverá o texto ditado por vocês. É importante que cheguem a um consenso sobre a redação para que o professor registre o que formularam. Lembrem-se de que as regras devem ser claras, objetivas e concisas. Utilizem o registro formal e as normas urbanas de prestígio na redação.

Revisão

Depois de escrever a primeira versão das regras, a turma deve fazer uma revisão coletiva do texto, verificando os seguintes aspectos:

Em relação à proposta e ao sentido do texto

Em relação à ortografia e à pontuação

1. O texto cumpre seu objetivo comunicativo?

1. As palavras foram escritas de acordo com a ortografia da norma-padrão?

2. As regras prezam pela clareza e pela objetividade?

2. A pontuação foi utilizada corretamente?

Circulação

Depois da revisão do texto, a turma deve criar um cartaz com as regras do debate para expor na sala de aula no dia do evento. As regras também devem circular em folhas avulsas entre a turma, para que todos tenham conhecimento dos combinados e sigam os acordos firmados.

Avaliação

Após a conclusão da produção textual, a turma deve se reunir, em uma roda de conversa, para avaliar se todos se envolveram no planejamento, na elaboração e na revisão das regras.

Texto de divulgação do debate

O que você vai produzir

A turma precisa criar uma campanha para divulgar o debate, incentivando a comunidade escolar a participar do evento. Para isso, você e os colegas vão precisar produzir alguns textos, como convite, cartazes e fôlderes.

Planejamento

1. A turma deve se dividir em três grupos. Um grupo providenciará os convites, outro elaborará os fôlderes e o terceiro será responsável pelos cartazes. Embora sejam produzidos por grupos diferentes, é preciso que os materiais tenham uma unidade visual, pois farão parte da mesma campanha de divulgação. Por isso, faça com os colegas uma reunião para definir as cores e as imagens dos materiais de divulgação, bem como os recursos tipológicos utilizados.

  1. Antes de escreverem os textos, pensem nos seguintes aspectos:
    • público a quem a mensagem é direcionada;
    • tipo de circulação.
  2. Depois, reflitam sobre o que pode atrair alguém a acompanhar um debate.
  3. Por fim, recolham todas as informações necessárias para a redação dos materiais de divulgação (data, horário, local etcétera.).

Produção

Após o planejamento, é hora de elaborar o texto dos materiais. Importante: todos devem mesclar a linguagem verbal à não verbal para atrair a atenção do público. Observe as dicas para cada material.

Convites: podem ter uma linguagem mais pessoal e próxima, uma vez que são direcionados a apenas uma pessoa. O texto deve ser bem conciso e pode ter um registro mais informal.

Fôlderes: costumam ter uma linguagem mais objetiva, com mais informações escritas; por exemplo, um breve resumo sobre a importância do debate.

Cartazes: com um texto escrito breve, devem transmitir de maneira rápida e com grande apelo visual as informações necessárias.

Revisão

Após a elaboração da primeira versão dos materiais, você e seus colegas devem verificar os seguintes aspectos:

Em relação à proposta e ao sentido do texto

Em relação à ortografia e à pontuação

1. Os textos convencem o leitor a ir ao debate?

1. Há algum desvio gramatical ou ortográfico no texto produzido?

2. Os textos divulgam todas as informações necessárias sobre o debate?

2. A pontuação é utilizada de maneira expressiva, contribuindo para o propósito comunicativo?

3. As imagens dialogam com o texto escrito, tornando o material atraente para o leitor?

3. Depois da análise dos textos com base nas questões listadas, é o momento de reescrevêlos, fazendo as alterações necessárias.

Circulação

Depois da revisão dos textos, pensem na melhor estratégia para divulgar esses materiais. Os cartazes podem ser afixados em pontos estratégicos na escola. Os panfletos podem ser distribuídos nas salas de aula. Já os convites podem ser entregues individualmente.

Avaliação

Avaliem se a divulgação atingiu o efeito esperado. No dia dessa conversa, reflitam sobre os aspectos que podem ser aprimorados e também como cada grupo se engajou nessa campanha.

Oralidade

Debate

Você vai participar de um debate que será acompanhado pela comunidade escolar. O evento também pode ser filmado para que você e os colegas possam assistir ao vídeo posteriormente e avaliar o desempenho da turma. Para esse debate, vocês devem se dividir em dois grupos, que terão de partida posições opostas sobre determinado tema.

Etapa 1: Preparação

  1. Com o tema selecionado, é preciso buscar informações a respeito dele. Todos devem procurar dados numéricos, exemplos concretos e citações de especialistas (argumento de autoridade). Registrem essas informações no caderno. Todos esses dados coletados vão contribuir na construção dos argumentos.
  2. Busquem documentos integrais com lista de direitos ou legislação a respeito de direitos e deveres das pessoas e dos animais.
  3. Pesquisem a legislação federal, governamental e municipal sobre o trato de animais.
  4. No caso do seu município, verifiquem se há discussão sobre o manejo de animais domésticos: problemas com tutores, abandono, doenças, sujeira etcétera. Anote o que está sendo discutido.
  5. Acompanhem a imprensa do seu município ou bairro e busquem casos em que esse tema foi abordado. Quais foram os problemas levantados?
  6. Especialmente para este momento de pesquisa, vocês devem praticar a consulta a outras mídias: os vídeos. Assistam a um vídeo que explore o tema. Pode ser sobre maus-tratos a animais domésticos, políticas públicas de seu município quanto à questão da proliferação de animais domésticos, uma videoaula, um vídeo de divulgação científica, um documentário etcétera.
  7. Ao consultar tanto textos quanto vídeos, busquem praticar a análise do discurso dos autores e falantes.
  8. No dia marcado pelo professor, os grupos vão se reunir para definir a estratégia de argumentação do debate. Para isso, é fundamental trazer suas anotações.
  9. Em grupo, discutam a posição que sua equipe vai defender; os argumentos que sustentam essa visão; os possíveis contra-argumentos do grupo adversário.
  10. Formulem perguntas a serem feitas ao grupo adversário no momento da réplica ou da tréplica.
  11. Lembrem-se de que é fundamental estudar o grupo adversário. Isso significa coletar informações, buscando os aspectos mais frágeis na possível argumentação do outro time.
Ícone pontos de atenção e noções complementares

Construção da argumentação

Durante o debate, o grupo deve ter como meta convencer a audiência sobre seu posicionamento a respeito de um tema polêmico. Por isso, deve zelar pela clareza na exposição da tese (ponto de vista) e apresentar argumentos (provas) que sustentem esse ponto de vista. As provas podem ser expostas por meio de:

• dados estatísticos;

• comparações de fatos;

• relacão de causas-consequências;

• citação de argumentos de autoridades (especialistas).

Etapa 2: Hora do debate

O debate deve se estruturar em três momentos: abertura, perguntas-respostas e encerramento.

Alguns cuidados importantes durante o debate que você e os colegas devem tomar:

  • Ouçam atentamente o grupo adversário, fazendo anotações e procurando contra-argumentos nos dados coletados em sua pesquisa.
  • Respeitem a ordem estabelecida nas regras do debate e também os turnos de fala dos colegas.
  • Utilizem uma linguagem adequada, fazendo uso das normas urbanas de prestígio. Evitem gírias e expressões típicas de práticas orais menos monitoradas, como: tipo, etcétera.
  • Empreguem marcadores textuais que ordenam o discurso, como: primeiramente, segundo, por um lado, por outro lado.
  • Dialoguem com polidez com o grupo adversário, respeitando os princípios estabelecidos nas regras do debate.
  • Façam uso dos modalizadores para indicar suas intenções ao interlocutor, marcando sua apreciação sobre algo, suas dúvidas ou certezas a respeito de algo etcétera.

Circulação

A comunidade escolar acompanhará o debate. Ao final do evento, aplique um pequeno questionário para a audiência a fim de saber qual dos grupos foi mais convincente. Observe uma sugestão de questionário na imagem a seguir.

Depois a turma deve contabilizar os dados para posterior avaliação da atividade.

Avaliação

Assistam à filmagem do debate e promovam uma roda de conversa para avaliar os seguintes pontos da atividade:

  • O debate contribuiu com a reflexão de ideias?
  • O debate seguiu as regras estabelecidas pela turma?
  • Os grupos apresentaram com clareza seu ponto de vista?
  • Os argumentos apresentados foram consistentes para a sustentação do ponto de vista?
  • Os grupos souberam refutar com argumentos o grupo adversário?
  • Os grupos empregaram um discurso respeitoso, polido e modalizado?
Ilustração. Um estudante de cabelos pretos uniformizado, vestindo camiseta branca e calças compridas azuis. Ele segura uma prancheta azul com uma das mãos, com o outro braço estendido ao longo do corpo. Na prancheta há uma folha de papel com o texto: '1. Qual era seu posicionamento sobre o tema antes do debate? (   ) A favor ( x ) Contra 2. Seu posicionamento mudou após o debate? ( x ) Sim (   ) Não 3. Em sua opinião, qual grupo teve melhor desempenho no debate? (   ) Grupo 1 ( x ) Grupo 2'

Produção de texto

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Cidadania e civismo.

Etapa 2

Momento de reivindicar

Como ações anteriores, você teve de elaborar o debate, fazer pesquisas e efetivamente participar de um debate. No entanto, para todo tema polêmico que tem reflexo na vida das pessoas individualmente e nas práticas da sociedade como um todo, é preciso ir além e buscar soluções.

De acordo com o resultado do debate, você e os colegas chegaram a algumas conclusões – situações que são problemáticas e precisam ser enfrentadas. Além das ações individuais, existem aquelas que têm de ser executadas em âmbito coletivo e, nesse caso, é preciso da ação do poder público. A esfera mais próxima dos problemas da sua comunidade é representada pela prefeitura, pelas subprefeituras, pelas câmara dos vereadores e pelas ouvidorias públicas municipais, entre outros órgãos locais de decisão e execução.

O que vocês vão fazer

  1. Formem um grupo de pelo menos cinco estudantes.
  2. Vocês devem se reunir para relembrar as conclusões do debate. Entre os problemas observados durante a execução do debate, será necessário definir algum que possa ser levado até instâncias públicas do seu munícipio para ser solucionado.
  3. Preferencialmente, cada grupo deve focar em um problema.
  4. O grupo vai elaborar um texto com os elementos a seguir.
    • Apresentação do histórico da situação.
    • O problema que tem gerado.
    • O que pode ocorrer se o problema não for solucionado.
    • Proposta de solução que passa por ação do poder público. Embora a solução dependa de mudança de comportamento da população, sempre é necessário haver campanhas de conscientização das pessoas. Quem idealmente deve fazer isso é a administração local.
  5. Com o texto pronto, busquem canais de contato com autoridades da sua cidade. Vocês podem levar carta diretamente a determinada secretaria ou acessar ouvidoria de vereadores, do prefeito ou subprefeito (se houver).

Problemas e soluções a serem explorados

Seguem algumas sugestões de problemas e possíveis soluções.

Animais abandonados – se há abandono de animais de estimação, estudem a origem do problema, como a prefeitura tem agido (ou não) na busca de solução e apontem caminhos: se está havendo castração oferecida pela prefeitura; se é acessível geograficamente a todos; se há punição para quem abandona animais; se há abrigos para os animais abandonados; se há alguma prática que vá contra os direitos dos animais (como eutanásia); se está sendo disponibilizado um registro dos animais domésticos da cidade para facilitar a busca em caso de perda; se existem campanhas de adoção etcétera.

  • Vacinação e outros cuidados de saúde – muitas vezes, o problema não é o abandono, mas a falta de cuidados: confiram se a vigilância sanitária está alerta para casos de aglomeração de animais em residências; verifiquem se há campanhas de vacinação antirrábica e se são acessíveis etcétera.
  • Proliferação – confiram se há campanha que explique para a população as consequências ambientais da proliferação desses animais e as responsabilidades que assumem os que têm bichos de estimação.
  • Tutores sem limites – verifiquem se são necessárias campanhas de conscientização para tutores que não estão recolhendo as fezes de seus animais ou se recolhem e jogam em qualquer lugar; avaliem se há lixeiras e se o lixo é recolhido nos locais de passeio dos animais; se há tutores forçando a presença de animais onde não é apropriada ou onde possa incomodar outras pessoas etcétera.

Atentem para o fato de que essa lista contém somente ideias. O mais importante é que tenham em mente o resultado do debate realizado e que o comparem com a realidade local.

Produção

  • Retomem o estudo dos direitos dos animais e legislação específica da sua cidade. Quais são os direitos e os deveres relacionados ao tema?
  • Pode ser bastante produtiva a solicitação de palestra ou conversa informal com alguns funcionários da prefeitura – setor de zoonoses ou vigilância sanitária – para lhes prestar informações.
  • Explorem os canais de interação da população, como plataformas de participação, páginas de acompanhamento do trabalho de políticos e de tramitação de leis. Ou seja, participem do debate de ideias e propostas na esfera social e engajem-se na busca de soluções para problemas ou questões que envolvam a vida da escola e da comunidade.
  • Redijam o texto para a autoridade ou para o departamento competente. Trabalhem com o professor para produzir um texto condizente com uma carta de reivindicação. A carta deve ser assinada por todos do grupo. Caso não haja resposta, insistam para que sejam ouvidos.

Projeto

Jornadas do amanhã

Terceira etapa

Quando a tecnologia salva

O avanço científico e tecnológico, do século vinte para cá, tem ocorrido a uma velocidade incrível. Com isso, aceleram-se, também, as transformações sociais. Podemos afirmar que vivemos um verdadeiro “choque de futuro”.

O saber (Ciência) e o fazer (Tecnologia) caminham juntos, em todos os campos da experiência humana. A Física e a eletrônica, por exemplo, impulsionam a informática, as técnicas de telecomunicação; já a Biologia leva ao desenvolvimento da biotecnologia e da bioindústria. Mas isso implica também uma grande preocupação: para que direção caminham? Garantir o bem-estar de todos os seres humanos, facilitando suas jornadas? Contribuir para a preservação da vida em nosso planeta? Vê-se logo que, além da questão do conhecimento e da técnica, existe uma questão ética envolvida.

Fotografia. Modelo realista do coração humano em tamanho natural com veias e artérias seccionadas transversalmente e alguns vasos sanguíneos aparentes ramificando-se na superfície do tecido muscular do coração.
Imagem de réplica de prótese e implante produzida por impressora três dê.

Atividade 1 para todos os grupos

Busca de informações

Cada grupo vai se responsabilizar por pesquisar três assuntos de um dos grandes campos listados a seguir. Escolha com os colegas de grupo e procurem, em fontes variadas, informações atualizadas sobre o emprego de Ciência e Tecnologia nos campos de:

Medicina

Possibilidades: impressoras três dê; ciborgues; diagnósticos rápidos e precisos; monitoramento da saúde; cirurgias robóticas; células-tronco; entre outras.

Comunicação

Possibilidades: internet de todas as coisas; um smartphone por habitante; bolhas das redes sociais; monitoramento da vida de usuários da rede; entre outras.

Meio ambiente

Possibilidades: redução de emissão de cê ódois; tratamento de água e esgoto; uso de agrotóxicos; biocombustível; tratamento de resíduos; monitoramento por satélite; entre outras.

Produção industrial

Possibilidades: nanotecnologia; automação; robôs em rede; materiais avançados; sistemas conectados; contrôles por chips; processos automatizados; entre outras.

Nesta etapa, os professores de Ciências e Geografia podem ajudar.

Atividade 2 para todos os grupos

Troca de informações

Assim que forem terminadas as pesquisas, os componentes de cada grupo deverão se reunir. Cada estudante apresentará o resultado de sua pesquisa. Após essa apresentação, cada grupo deverá elaborar coletivamente um artigo de divulgação científica reunindo uma síntese de cada assunto pesquisado. Retome com os colegas as orientações dadas na Unidade 2 sobre artigos de divulgação científica.

  • Os dados obtidos devem ser hierarquizados e organizados.
  • O texto deverá ser elaborado a partir de títulos e subtítulos, que facilitarão a entrada de cada assunto no artigo.
  • É preciso constar um título e o nome de todos os autores.
  • Acertado o artigo final, ele deverá circular pelos demais grupos.

Atividade 3 para todos os grupos

Divulgação de informações

É hora de organizar os artigos produzidos para serem divulgados no dia das Jornadas. Você e seus colegas reunirão todos os artigos em um jornal científico. Observe algumas dicas a seguir.

  • O professor vai promover uma votação para a escolha do título do jornal. Pense em um título bem original e apresente-o como uma opção.
  • Definido o título, e já conhecendo os artigos da turma toda, você e os colegas vão pensar na ordem em que cada um entrará.
  • Um estudante de cada grupo vai compor uma comissão para a elaboração da primeira página do jornal. Cada um redigirá a manchete do artigo que ajudou a produzir.
  • Um estudante de cada grupo formará outra comissão para a diagramação dos artigos nas páginas do jornal.
  • Um estudante de cada grupo integrará uma terceira comissão para a redação do editorial do jornal: a página em que entrará o expediente (a lista dos participantes da elaboração do jornal), na qual estará a apresentação do periódico, destacando seu objetivo.
  • O professor escreverá, para a página do Editorial, uma coluna, fazendo uma síntese dos artigos e destacando a relevância deles para a comunidade escolar.

Glossário

clientelismo
: prática de troca de favores entre quem detém o poder e quem vota.
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endêmico
: o que é restrito a determinada região.
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fisiologismo
:prática que visa à satisfação de interesses pessoais em detrimento do bem comum.
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introjetar
:interiorizar algo externo como se fosse constitutivo de sua personalidade.
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nepotismo
: favoritismo por parentes.
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sistêmico
: o que afeta todo o sistema.
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