UNIDADE 8  Os menores frascos

Ilustração. Uma menina vestindo um quimono branco florido de bordas vermelhas sobre outro traje longo verde-água de gola rosa e com uma faixa lilás em torno da cintura. Ela tem a face muito alva, com a bochecha corada, tem longos cabelos pretos presos atrás da cabeça por uma presilha vermelha, e está de olhos fechados aconchegada nas duas mãos de uma pessoa, que parece iluminada pela personagem. Ao fundo, diversos caules de bambus.
Cena do anime O conto da princesa cágu-ia, produzido pelo istúdio guibli, Japão, em 2015. 137 minutos.

Faça as atividades no caderno.

  1. Observe a captura de tela de um famoso anime, desenho tipicamente japonês. O que você imagina que está acontecendo na cena?
  2. O que você sabe sobre o mangá, que também tem origem na cultura oriental? Troque o que sabe com os colegas.
  3. Outra tradição japonesa, bem mais antiga, é o raicái. O que você sabe sobre esse gênero textual? Já leu algum? Conte para a turma.

Saiba +

O conto da Princesa cágu-ia

Narra as aventuras da pequena cágu-ia, uma menina muito pequena que é encontrada dentro de um talo de bambu. Considerada uma fórma divina pelo cortador de bambu sánuqui e sua esposa, Ona, ela é adotada por uma família humana que decide se mudar para a capital e torná-la uma princesa. Esse anime baseia-se em um conto folclórico japonês conhecido como “O conto do cortador de bambu”.

Leitura 1

Contexto

Você vai ler alguns raicáis, poemas tradicionais japoneses, escritos em diferentes épocas, mas que têm em comum a mesma composição.

Antes de ler

Antes de ler os raicáis por completo, olhe os textos previamente, de maneira superficial, e responda:

  • O que os raicáis têm em comum em relação à sua composição?
  • O raicái de , traduzido por Décio pinhatari, diferencia-se dos outros em relação a seu formato. Em sua opinião, por que isso ocorre?
  • Qual seria a diferença entre esses raicáis e os poemas que você estudou anteriormente?
  • O que você sabe sobre a cultura japonesa? Tem alguma relação com os raicáis? Que cores e paisagens vêm à sua mente?
Fotografia. Reprodução de gravura. Um homem de bigode, de aspecto idoso, vestindo um quimono escuro atado na cintura por uma faixa cinza e uma espécie de touca branca na cabeça, calçando sandálias sem meias. Ele está de braços unidos sob as mangas dos trajes, um dos quais prende uma haste de bambu junto ao corpo. Sobre o fundo branco emoldurado por ornamento florido dourado, no canto superior esquerdo e no canto inferior direito há  inscrições em ideogramas.
Gravura representando mátsúo bachoô.

mátsúo bachoô

AUTORIA

Considerado o maior autor de raicáis na tradição japonesa, viveu entre, aproximadamente, 1644 e 1694.

velha lagoa

o sapo salta

o som da água

Ilustração. Um sapo saltando entre as folhas que flutuam na água.

. A lágrima do peixe. In: lemínsqui, Paulo. Vida: Cruz e Sousa, , Jesus e . São Paulo: Companhia das Letras, 2013. página. 93.

silêncio

o som das cigarras

penetra as pedras

Ilustração. Desenho de um inseto alado de corpo preto, representando uma cigarra pousada em uma pedra esverdeada sobre terreno marrom.

. A lágrima do peixe. In: lemínsqui, Paulo. Vida: Cruz e Sousa, , Jesus e . São Paulo: Companhia das Letras, 2013. página. 116.

Imagem da disposição gráfica do texto, que separa a palavra do meio (mergulha) para criar um vazio no meio do haicai. VELHA LAGOA UMA RÃ MERG ULHA UMA RÃ ÁGUAÁGUA. Ao lado do texto, ilustração de uma rã verde pulando em uma lagoa.
Ilustração. Uma rã verde  pulando em uma lagoa.

. [raicái]. Tradução de Décio pinhatari. In: GUTTILLA, Rodolfo uítzig (Organização.). Boa companhia: raicáis. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.página. 69.

Décio pinhatari

AUTORIA

Foi professor, tradutor, publicitário, ensaísta e poeta brasileiro.

Pardasglossário gotas de mel

Voando em torno de uma rosa

Abelhas

Ilustração. Uma rosa, ao redor folhas e abelhas voando.

ARANHA, Luís. [raicái]. In: GUTTILLA, Rodolfo uítzig (Organização.). Boa companhia: raicáis. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. página. 123.

Luís Aranha

AUTORIA

Considerado um dos primeiros poetas brasileiros a ter escrito raicáis. Teve apenas um livro de poemas publicado, Cocktails, em 1986.

cerimônia do chá

três convidados

e um mosquito

Ilustração. Uma mulher com cabelos presos, usando vestido azul. Ela está sentada segurando uma xícara com a mão. Ao lado, uma mulher com cabelos presos, usando blusa verde e saia marrom. Ela está sentada segurando uma xícara com a mão. À direita, rapaz com cabelos curtos, usando blusa azul e calça. Ele está sentado segurando uma xícara com a mão.

RUIZ, Alice. [raicái]. In: GUTTILLA, Rodolfo uítzig (Organização.). Boa companhia: raicáis. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. página. 38.

Alice Ruiz

AUTORIA

É curitibana, compositora, tradutora e poeta. Com mais de 20 livros publicados, a autora chegou a receber, em 1993, da Comunidade Nipônica Brasileira, o título de raicaísta.

o tempo

entre o sopro

e o apagar da vela

Ilustração. Uma vela acesa.

lemínsqui, Paulo. [raicái]. In: lemínsqui, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. página. 23.

Paulo lemínsqui

AUTORIA

Foi professor, crítico literário, poeta e tradutor de diversos raicáis com base em originais em japonês, uma vez que, como poliglota, lia e traduzia nesse idioma, além de ler, escrever e traduzir em inglês, francês, latim, grego e espanhol.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Agora que você leu os raicáis, retome o que percebeu na leitura prévia.
    1. O que os raicáis têm em comum em relação à sua fórma?
    2. De que modo o raicái de , traduzido por Décio pinhatari, diferencia-se dos demais?
    3. O que você percebeu de diferente entre esses raicáis e os poemas que você já conhecia?
    4. O que você imaginou sobre a cultura japonesa antes de ler os raicáis?
Fotografia. Diversas pessoas em um parque, caminhando sob as copas floridas de cerejeiras de flores lilases.
Festival das Cerejeiras no parque Veno, em Tóquio (Japão), 2017.
Ilustração. Ícone retomada de tópicos.

Imagem poética

É um recurso utilizado pelos poetas e outros autores para que o leitor construa uma imagem durante a leitura de um poema ou texto literário, diferentemente das imagens que podem ilustrar um poema de fórma concreta.

  1. No primeiro raicái que você leu, foram usadas algumas imagens da natureza. Quais? O que você imagina que elas representam?
  2. O raicái de , traduzido por Décio pinhatari, que você leu, estabelece relação com o primeiro poema. Identifique essa relação.
  3. Podemos encontrar o uso de aliteração nos dois primeiros raicáis pelas palavras sapo, salta, som e silêncio. Qual som se repete nesses casos e quais letras o representam? Que efeito de sentido tal som demarca no texto?
  4. Releia o segundo raicái escrito por .

silêncio

o som das cigarras

penetra as pedras

. A lágrima do peixe. In: lemínsqui, Paulo. Vida: Cruz e Sousa, , Jesus e . São Paulo: Companhia das Letras, 2013. página. 116.

Observe que há um contraste entre duas imagens utilizadas no poema. Onde ele está? Como podemos interpretá-lo?

  1. O raicái do poeta Luís Aranha parece criar uma imagem ambígua que se refere ao modo como podemos olhar para uma flor. Como isso ocorre?
  2. Ainda sobre o mesmo raicái, por que você imagina que o autor teria retratado tal cena?

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Cerimônia do chá

A cerimônia do chá ou “o caminho do chá” é uma prática cultural na qual diversos chás são ingeridos de modo cerimonial, coletivamente, com refeições e doces típicos em uma espécie de ritual que pode durar cêrca de 4 horas. Essa prática é orientada por diversas regras: o modo como são preparadas as bebidas e uma série de protocolos que estabelecem práticas que vão desde a maneira correta de preparar um incenso e acendê-lo durante a cerimônia até os utensílios e ingredientes adequados.

Fotografia. Cerimônia do chá em um aposento tradicional japonês, com estrutura e revestimento de madeira, com portas e janelas revestidas por papel de arroz. Duas mulheres vestindo quimono estão ajoelhadas de frente sobre uma espécie de tatame, diante de um aparato para o preparo de chá. Ao lado, próximas e uma janela, outras mulheres de quimono estão ajoelhadas lado a lado de frente para as primeiras; uma delas está sentada em uma cadeira.
Cerimônia de chá realizada em Tóquio (Japão).

Faça as atividades no caderno.

8. No raicái de lemínsqui, encontramos uma metonímia. De certo modo, ela se apresenta no texto quando o poeta fala sobre a respiração e o intervalo de tempo entre respirar e soprar a vela. Há, portanto, uma reflexão filosófica por trás desse verso. Qual é ela?

Ilustração. Ícone retomada de tópicos.

Intertextualidade

É o diálogo que se estabelece entre dois textos com relação à sua fórma ou ao seu conteúdo. Na tradução de pinhatari, estabelece-se intertextualidade com o poema de na seção Leitura 1, e isso não é mera coincidência. Esse raicái é um dos exemplos mais tradicionais do gênero e, em seu poema, pinhatari faz não só uma tradução, mas uma recriação do poema original, modificando-o por meio de referências à sua fórma (as palavras desenham o movimento da rã) e também ao seu conteúdo.

  1. Um elemento bastante marcante dos raicáis tradicionais é o modo como retratam paisagens típicas de cada estação. A quais estações do ano você acha que se referem os dois primeiros raicáis? Que elementos do texto justificam sua resposta?
  2. Em relação às pontuações, como se organizam os raicáis que você leu?
Ilustração. Ícone retomada de tópicos.

Frases verbais e nominais

As frases verbais são aquelas que se estruturam em torno de um verbo, como a frase “Acorde!”. As frases nominais são aquelas que não se estruturam por verbos, mas por substantivos, adjetivos ou advérbios. São estas as frases que predominam nos raicáis, poemas em que a imagem a ser criada durante a leitura é mais importante do que uma ação ou narrativa marcada pelo verbo.

11. Outro aspecto característico dos raicáis é a maneira como se estrutura a linguagem na composição das fórmas do poema. Leia o raicái a seguir e copie no caderno a ou as alternativa ou alternativas correta ou corretas.

diante do mar

três poetas

e nenhum verso

Ilustração. Três rapazes em pé lado a lado diante de uma paisagem marinha com alguns morros na linha do horizonte. Eles estão com a cabeça voltada para cima, como se procurassem alguma coisa no céu.

RUIZ, Alice. [raicái]. In: GUTTILLA, Rodolfo uítzig (Organização.). Boa companhia: raicáis. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. página. 38.

um. O raicái está todo organizado com foco na ausência de um verbo.

dois. Predominam no raicái as frases verbais, como diante do mar.

três. Predominam no raicái as frases nominais, como três poetas.

quatro. O raicái está todo organizado com foco nos substantivos mar e verso.

O gênero em foco

Haicai

Para compreender a origem do raicái, é preciso fazer uma viagem pela história, à época que antecede a abertura do Japão para o mundo ocidental. Estamos falando, portanto, de um território feudal com diversas marcas culturais muito diferentes daquelas com as quais estamos habituados a conviver no Brasil.

Um dos principais nomes desse estilo de escrita foi massaóca chiqui(1867-1902), um poeta japonês que afirmava que seu maior mestre no ofício poético era a própria natureza. Graças à sua produção, conhecemos os raicáis tais como eles são reconhecidos hoje no Ocidente.

Ilustração. Três caules de bambu com algumas folhas ao lado de ideogramas do silabário japonês.

foi fortemente influenciado pelo legado de mátsúo bachoô(1644-1694), um dos maiores criadores e difusores do gênero. Filho de samurais, abriu mão do luxo de sua camada social para se tornar um monge andarilho e contemplar a natureza a fim de aprender com suas diversas fórmas, criando uma escola, conhecida como (ou escola de ), e sendo seguido por cêrca de 3 mil discípulos, que aprenderam a observar o mundo e a escrever sobre ele à semelhança de seu mestre.

A palavra japonesa raicái quer dizer “poema de 17 sílabas” ou “poema divertido”. Podemos dizer que o bisavô do raicái tal como o conhecemos hoje foi o uáca, um poema tradicional com versos de cinco e sete sílabas. Depois dele, tivemos o renga , ou rencu, que tinha o mesmo formato, mas uma linguagem mais sofisticada, e era praticado por monges, como , e artistas populares.

Antes de ser considerada uma tradição literária, essa fórma poética estava fortemente relacionada a uma filosofia de vida oriental. Imagine como seria se hoje parássemos um pouco a vida corrida que levamos para contemplar e observar a natureza, com foco nas coisas simples, imperfeitas, transitórias e não convencionais.

Outra característica dos raicáis é, muitas vezes, fazer referência às estações do ano. Observe como um poeta brasileiro utilizou esse mesmo formato para se expressar em um de seus poemas:

raicái de outono

Ilustração em tons de sépia. De dois galhos de árvores ressecadas desprendem-se algumas folhas que pairam no ar carregadas pelo vento, simbolizando o outono, diante de um disco de bordas evanescentes que representa o Sol, diante do qual há algumas faixas estreitas brancas, que representam nuvens, ou a corrente de ar mais frio que sopra nessa estação.

Uma borboleta amarela?

Ou uma folha seca

Que se desprendeu e não quis pousar?

QUINTANA, Mario. O livro de raicáis. São Paulo: Globo, 2009. página. 54.

Muitos poetas brasileiros, depois da Semana de Arte Moderna, em 1922, escreveram, sob influência da arte oriental, poemas utilizando o gênero textual raicái. Note como no poema de Mario Quintana se cria uma imagem com base na observação da natureza. Nos raicáis, é comum que se faça, pelo uso de fórmas nominais, a criação de uma imagem semelhante a uma fotografia instantânea. O que o poeta vê? Será uma borboleta ou uma folha?

Do ponto de vista das sílabas poéticas, os raicáis que seguem uma abordagem mais tradicional têm, de modo geral, três versos que formam, no total, 17 sílabas. Observe a análise deste raicái de Carlos Seabra:

1

2

3

4

5

nu

vem

que

pas

sa,

6

7

8

9

10

11

o

sol

dor

me um

pou

co −

12

13

14

15

16

17

a

som

bra

des

can

sa

seabra, Carlos. raicáis e que tais. São Paulo: Massao ono, 2005. página. 12.

É importante destacar, porém, que os raicáis podem ser compostos de um número de sílabas diverso, como os apresentados na Leitura 1. Quando estudamos esse gênero textual, podemos imaginar como seria seguir kadô, uma expressão japonesa que designa um caminho de autoconhecimento e de conhecimento da natureza por meio da poesia, do silêncio, da observação e de uma marca de temporalidade muito diferente daquela a que estamos acostumados no mundo ocidental.

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raicáis e os coâns

Os raicáis também guardam certa relação com alguns poemas enigmáticos do zen-budismo, conhecidos como . Eles são enigmas, perguntas que não têm resposta e devem ser usados para promover uma reflexão, um movimento mental diferente do usual. Nessa prática, temos perguntas como: “Qual é o som do silêncio?”, “Como se pratica a esgrima sem espada?”, “Suba uma escada de 99 degraus até o último degrau. Agora suba mais um degraureticências”, “Como bater palmas com apenas uma mão?”, “Se uma árvore cai na floresta, sem que ninguém assista à queda, que som ela produz?”.

Oralidade

Faça as atividades no caderno.

Teatro de sombras

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Teatro de sombras

O teatro de sombras, ou pai in chi, é uma técnica teatral milenar de diversos países do Oriente. Em um grande papel de seda, projetam-se sombras sobre uma fonte de luz para narrar histórias por meio de silhuetas. Os marionetistas, artistas que criam e controlam as marionetes, levam muitos anos para aprender seu ofício e conseguem criar fórmas que se movimentam, dançam, sorriem, acenam com a cabeça ou mesmo lutam, dependendo de seus comandos e técnicas.

Fotografia. Marionetes em forma de silhuetas de pessoas e animais manipuladas diante de uma tela ou tecido sobre a/o qual são projetadas sombras desses personagens, com as quais se encena uma peça teatral.
Cena do espetáculo Viagem ao Oeste, apresentado por chên sháqui, tradicional artista do teatro de sombras, na cidade de záozuan(China), em 1o de março de 2018.

Aproveitando a leitura dos raicáis, você vai formar, com os colegas, trios ou quartetos para criar o roteiro de uma peça a ser encenada para as turmas de outras salas de aula, usando a técnica do teatro de sombras.

Observe como é, em geral, a estrutura para a montagem de um teatro de sombras tradicional no Japão, na China ou em outros países do Oriente.

Fotografia. Apresentação de teatro de sombras. Diante de uma lâmpada acesa, um homem está sentado de costas, com o rosto sorridente de perfil, e manipula marionetes em forma de silhuetas diante de uma tela sobre a qual são projetadas as sombras desses personagens, que são observadas pela plateia situada do outro lado da tela, acompanhando o espetáculo.
Apresentação de grupo chinês ruai-in chédou pâpet bend. Encenação da peça Três heróis guerreiam contra Lu Bo. Nova iórque, Estados Unidos, março de 2018.

A fonte luminosa é colocada entre os manipuladores e a tela

A história é contada com a manipulação dos bonecos

Manipuladores ficam atrás da tela

Pode haver um músico que toca instrumentos durante a apresentação

São vários os contos orientais que podem ser utilizados para compor o teatro de sombras. Vocês podem escolher narrativas produzidas por escritores ou até mesmo aquelas que fazem parte do folclore de determinada região. Observem a gravura para o conto “Momotaro”. As várias versões desse conto são originárias de uma antiga lenda japonesa. Uma das versões conta que uma velhinha aldeã estava lavando roupa à beira do rio quando encontrou um pêssego gigante. Pegou o pêssego e levou-o para casa com a intenção de comê-lo com seu marido; contudo, ao abrirem o fruto, lá estava um bebê. A criança explicou que havia sido enviada pelo céu para cuidar deles na velhice, já que não tinham filhos. O casal ficou muito emocionado e deu-lhe o nome Momotaro (aproximadamente, momo significa “pêssego” e taro, “filho mais velho da família”). A história continua com o crescimento do garoto, que vem a se tornar um herói na região lutando contra fôrças do mal.

Ilustração. Reprodução de gravura que ilustra uma lenda do Japão. Um bebê surge de um pêssego gigante (conforme o texto) disposto sobre um bloco retangular semelhante a um caixote, do qual abre a casca, afastando suas bordas. Ao lado, sobre um tatame, casal vestindo quimonos em tons de azul observa o prodígio com expressão de admiração e espanto. Atrás do casal, uma parede do aposento, em que há janela e uma passagem aberta com batente de madeira. Ao fundo, paisagem natural com o monte Fuji no horizonte, um enorme vulcão extinto que forma um cone quase perfeito, encimado por neve.
Imagem que representa a lenda japonesa Momotaro. fóstérlin oto. Litogravura, 1889. Coleção particular.

Etapa 1: seleção de contos

Com a ajuda do professor, você e os colegas vão fazer uma pesquisa sobre contos tradicionais orientais. Cada componente do grupo deverá pesquisar um conto tradicional japonês e apresentá-lo aos colegas. Juntos, vocês vão definir aquele que servirá de base para a elaboração do roteiro e a encenação da peça. No roteiro, vocês deverão incluir raicáis e prever não só personagens, mas também um narrador.

Etapa 2: elaboração do roteiro

Depois de escolher o conto que servirá de base para o roteiro, é hora de redigi-lo. Não se esqueçam de:

  • prever um narrador e personagens para a peça, cada qual com sua fala;
  • descrever as rubricas considerando que a atuação será feita por bonecos dos quais só serão visualizadas as sombras;
  • usar linguagem adequada ao público de vocês – turmas diversas da sua escola.

Etapa 3: distribuição de papéis e ensaio

Combinem no grupo quem será o narrador e quem serão as personagens. Cada um estudará individualmente a parte do roteiro que lhe foi designada para poder participar de um ensaio oral.

Nesse momento, considerem estas orientações:

  • o narrador precisará ler com ritmo e entonação que sejam adequados a esse estilo de teatro: fala pausada e cadenciada, para demonstrar a musicalidade característica do teatro de sombras; além disso, deverá trazer emoção para a entrada das vozes das personagens;
  • as personagens também precisarão ter uma voz bem expressiva, para revelar os sentimentos que desejam transmitir (isso estará indicado pelas rubricas).

É preciso lembrar que não se poderá contar com a linguagem gestual ou facial – tudo estará a cargo da voz.

O ensaio geral, em que se combinarão as vozes e o manuseio dos bonecos, acontecerá apenas depois de vocês realizarem a Etapa 4.

Etapa 4: montagem dos bonecos e do palco-cenário

Além do teatro tradicional de sombras, feito com bonecos delicados e transparentes, também existem outras versões com bonecos opacos, que não permitem a passagem de luz. Utilizem esse modelo, pois ele vai facilitar a montagem. Cada estudante criará a silhueta de sua personagem, conforme o parâmetro a ser combinado por vocês (tamanho, tipo de silhueta, material de suporte para a silhueta etcétera.).

Os narradores de cada grupo deverão montar o palco-cenário. Para criar essa estrutura, poderá ser usado um grande lençol, que constituirá a base para a projeção da sombra dos bonecos. Será preciso dispor também de uma lanterna para iluminar as silhuetas.

Etapa 5: ensaio geral

Depois que todas as silhuetas estiverem prontas e o palco-cenário montado, é o momento do ensaio geral. Definam com a turma e o professor uma data para testar a criação de vocês. Voltem a estudar e combinar os aspectos relativos à oralização, que serão fundamentais na encenação.

Etapa 6: apresentação

Depois do ensaio geral, em data também definida com o professor, será realizada a apresentação!

Antes dela, preparem com os colegas o ambiente da sala que será destinado à plateia. Distribuam as cadeiras de modo que todos possam visualizar o espaço cênico. Se for possível, decorem esse espaço com elementos da cultura japonesa, chinesa ou outros que representem a narrativa, como imagens e objetos da região. Uma música ambiente desse país para receber os convidados também seria acolhedora.

Etapa 7: avaliando todo o processo

O professor vai organizar uma roda para que vocês e a turma avaliem não só o que foi produzido e encenado, mas também o que foi aprendido sobre a cultura do local de origem do conto em todas as etapas em que trabalharam juntos.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 1

Faça as atividades no caderno.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Figuras de linguagem

>> [RODRIGO MAIA DOS SANTOS]: Olá, tudo bem? Meu nome é Rodrigo Maia dos Santos, eu sou professor de língua portuguesa e hoje vamos conversar sobre algo bem interessante, muito usado por todos no dia a dia da comunicação: as figuras de linguagem. Muitas vezes, nem percebemos, mas sempre que precisamos tornar nossa mensagem mais expressiva e significativa, usamos as figuras de linguagem. Com os exemplos que vamos dar nesse bate papo, você vai notar como essas figuras estão muito presentes em sua vida. Falaremos sobre metáfora, metonímia, comparação, aliteração, assonância, personificação, gradação e hipérbole. Os nomes podem parecer complicados, mas na hora dos exemplos, tudo vai ficar mais claro, acompanhe.

Vamos começar pela figura de linguagem mais conhecida, a metáfora. É importante você saber que metáfora é a comparação entre palavras, em que um termo substitui outro por semelhança, em diferentes campos de significação. Acontece metáfora, por exemplo, quando um sentido literal é substituído por um sentido figurado. O exemplo vai ajudar, na obra “Livro do desassossego”, Fernando Pessoa escreve: “minha alma é uma orquestra oculta, não sei que instrumentos tange e range, cordas e arpas, timbales e tambores dentro de mim”. Note que a expressão “minha alma é uma orquestra”, no contexto da obra, não passa a ideia de que dentro do corpo de alguém há realmente uma orquestra. Nesse caso, o escritor quer dizer que possui uma mistura muito grande de sensações e sentimentos em sua vida, e para isso, faz uso dos instrumentos musicais de sons harmônicos e barulhentos para afirmar o quanto isso é variável e de certa forma, confuso. O uso metafórico da expressão faz com que o sentido pretendido pelo autor ganhe mais expressão. Sem a metáfora, ou seja, apenas com sentido literal, as sentenças perderiam a grandeza da significação. Agora, vamos para a metonímia. Essa figura de linguagem representa uma mudança de significado pela proximidade de ideias, isto é, o uso de uma palavra no lugar de outra, quando há alguma proximidade de sentido. Essa substituição pode ocorrer de diversas formas. Um bom exemplo, é quando trocamos a parte pelo todo ou o todo pela parte. No texto “O adeus”, Rubem Braga escreve: “entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar”. Fica evidenciada a metonímia, uma vez que a palavra “cidade” é usada de maneira a representar as pessoas que apareciam. É um caso de substituição do todo pela parte. A palavra “cidade” no singular, entendida como todo, substitui a palavra “pessoas” no plural, entendida como parte do todo.

Outra figura bem conhecida é a comparação, ela ocorre quando há uma aproximação de dois elementos realçados pela semelhança. Nesse caso, normalmente, são utilizados alguns conectivos comparativos, como tal qual, que nem, como. Na obra “O mistério da fábrica de livros”, Pedro Bandeira escreve: “Adriano escolheu uma árvore, um dos eucaliptos maiores, majestoso, comprido como o mastro em busca do céu”. Perceba que o elemento “eucalipto” por meio do conectivo “como” é comparado a um mastro em busca do céu. Entre eles há em comum a altura, que serve como elemento de comparação.

Chegou a vez da aliteração e da assonância, elas são muito similares, por isso, conseguimos explicar as duas juntas facilmente. Ambas são usadas como recursos para repetição de sons. A diferença é que na aliteração, a repetição acontece com o som das consoantes, enquanto na assonância, o som repetido é o som das vogais. Na poesia “Violões que choram” de autoria do escritor brasileiro João da Cruz e Souza, temos um exemplo clássico de aliteração:

“Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas”.

Observe que a consoante “v” também presente na palavra “violões”, no título do texto, aparece em destaque na estrofe, trazendo uma musicalidade aos versos.

Como exemplo de assonância, quando ocorre a repetição de sons de vogal, podemos citar a poesia “Um sonho”, do português Eugenio de Castro. Ele diz:

Na messe, que enlourece, estremece a quermesse,

O sol, celestial, girassol, esmorece.

Repare na repetição da vogal “e”, com o som aberto, “é”.

A próxima figura de linguagem é a personificação. O nome dessa figura já ajuda bastante, ela ocorre pela atribuição de características de um ser humano a um ser inanimado, imaginário ou irracional. Na poesia “Borboleta”, Casimiro de Abreu personifica o inseto em diversos trechos, veja:

“Borboleta dos amores,

Como a outra sobre as flores,

Por que és volúvel assim?

Por que deixas, caprichosa,

Por que deixas tu a rosa

E vais beijar o jasmim?

Mas tu não sabes, louquinha,

Que a flor que pobre definha

Merece mais compaixão?

Que a desgraçada precisa

Como do sopro da brisa

Os ais do teu coração?”

O autor personifica a borboleta ao imaginar que ela tem um coração igual ao de um ser humano e que ela tem consciência próxima a da humana, na medida em que é volúvel, caprichosa e louquinha.

Agora vamos falar da gradação. A principal função dessa figura de linguagem é apresentar uma sequência de palavras ou de expressões que possam intensificar uma ideia e destacá-la, por meio de um crescimento ou evolução no enunciado. Em outras palavras, a gradação está diretamente relacionada à disposição de ideias de forma crescente ou decrescente. Para deixar essa explicação mais clara, o exemplo é fundamental. No soneto “O desfecho”, Machado de Assis utiliza a gradação da seguinte maneira:

“Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilhão,

Uns cingidos de luz, outros ensanguentados”.

Nesse caso, Machado de Assis faz uma gradação de forma crescente em dez, cem, mil, bilhão. Para finalizar, vamos falar da hipérbole. Essa figura de linguagem representa um exagero intencional, uma ênfase específica em algum elemento de forma proposital. Olavo Bilac, no poema “Alvorada do amor”, traz esse exagero intencional de modo bem explícito:

“Tudo renascerá cantando ao teu olhar,

Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,

Porque a vida perpétua arde em tuas entranhas!

Rosas te brotarão da boca, se cantares!

Rios te correrão dos olhos, se chorares!”

A hipérbole acontece em diversos trechos, porém, fica mais evidente em “Rosas te brotarão da boca, se cantares” em uma referência ao amor. Exagero, sequência crescente ou decrescente, personificação, repetição de sons, comparação, mudança proposital de significado e alteração de sentido literal para figurado. Essas são algumas das possibilidades existentes, para que você torne seu discurso mais expressivo e significativo. Com os exemplos apresentados, a identificação das figuras de linguagem fica mais fácil e simples. Com certeza, você conseguiu perceber como em seu dia a dia, você usa algumas dessas figuras para melhorar sua comunicação. Mais do que decorar os nomes e as funções, você, como bom usuário de nosso português, precisa entender o uso adequado de cada figura de linguagem. Isso quer dizer que você precisa saber em qual contexto de comunicação deve utilizar esse recurso. É fundamental, ao usar as figuras de linguagem, que você consiga expressar as suas ideias, mas também, que seu interlocutor consiga entendê-las. Boa sorte e até a próxima.

Locução crédito O trecho do Livro do desassossego, de Fernando Pessoa, foi publicado em 1982 pela Editora Ática. O trecho de “O adeus”, de Rubem Braga, foi publicado em 1951 pelo Correio da Manhã. O trecho de O mistério da fábrica de livros, de Pedro Bandeira, foi publicado em 2021 pela Editora Moderna. O trecho de “Violões que choram”, de João da Cruz e Sousa, foi publicado em 1995 pela Ediouro. O trecho de “Um sonho”, de Eugénio de Castro, foi publicado em 1902 pela Livraria Aillaud Bertrand. O trecho de “Borboleta”, de Casimiro de Abreu, foi publicado em 1858 pela Martins Fontes. O trecho de “O desfecho”, de Machado de Assis, foi publicado em 1901 pela H. Garnier. E o trecho de “Alvorada do amor”, de Olavo Bilac, foi publicado em 1997 pela Ele e Pê ême.

Figuras de linguagem (3)

Aliteração e assonância

1. Observe a tirinha a seguir:

Tirinha em seis cenas. Personagens, Calvin, um menino de cabelos espetados, vestindo camiseta listrada e calças curtas pretas. Mãe de Calvin, mulher de cabelos pretos, usando casaco preto. Cena 1. Calvin, deitado na cama, ainda vestindo pijama de bolinhas vai se levantando enquanto esfrega os olhos e diz: 'ACORDANDO... LEVANTANDO...'. Cena 2. Calvin já sentado na carteira escolar debruçado sobre a mesa, com a cabeça apoiada nos braços cruzados e com expressão mal-humorada, diz: 'OUVINDO...'. Cena 3. Calvin diante da bandeja de comida da merenda escolar, com as sobrancelhas erguidas, a testa enrugada, a boca aberta e a língua de fora, com expressão de aversão/nojo, diz: 'VOMITANDO...'. Cena 4. Calvin na frente da sala de aula, de costas para a turma escrevendo na lousa, diz: 'ERRANDO...'. Cena 5. Calvin sentado na carteira escolar, com um braço flexionado sobre a mesa e apoiando a cabeça na mão, e a outra mão sobre a mesa, com o rosto voltado para o relógio de parede, diz: 'ESPERANDO...'. Cena 6. Calvin entra em casa correndo, através da porta aberta, atrás da qual sua mãe pergunta a ele: 'COMO VÃO AS COISAS?', e ele lhe responde: 'MELHORANDO.'.

uáterson, Bill. O melhor de Calvin. O Estado de São Paulo, São Paulo, 5 fevereiro. 2017. Caderno 2, página. C4.

  1. O que justifica a fala de Calvin no último quadrinho?
  2. Podemos dizer que há aliteração na fórma como as falas acontecem. Por quê?

A aliteração é a repetição de sons consonantais iguais ou semelhantes. Essa é uma figura de linguagem muito utilizada nos textos poéticos em que se busca a sonoridade.

2. Leia este poema:

de som a som

ensino o silêncio

a ser sibilinoglossário

de sino em sino

o silêncio ao som

ensino

Ilustração. Um sino inclinado flutua no ar, como se fosse badalado, do qual saem símbolos da notação musical simbolizando clave de sol, sustenido e notas musicais diferentes.

lemínsqui, Paulo. [raicái]. Melhores poemas: Paulo lemínsqui. São Paulo: Global, 2015. página. 27.

  1. Qual é o assunto tratado nesse poema? Que elementos do texto marcam isso?
  2. A sonoridade do poema se dá pela repetição dos sons. Quais sons estão sendo repetidos nele?

Você observou que nesse poema há não apenas a repetição dos sons consonantais, mas também a repetição de vogais, como i e o.

A repetição dos sons vocálicos é chamada de assonância.

Dessa fórma, nesse poema, além das aliterações que aparecem com a repetição do som consonantal s, há assonância, com a repetição dos sons vocálicos.

Faça as atividades no caderno.

Personificação

1. Leia a fábula a seguir:

Um lobo, ao ver um cordeiro bebendo de um rio, resolveu utilizar-se de um pretexto para devorá-lo. Por isso, tendo-se colocado na parte de cima do rio, começou a acusá-lo de sujar a água e impedi-lo de beber. Como o cordeiro dissesse que bebia com as pontas dos beiços e não podia, estando embaixo, sujar a água que vinha de cima, o lobo, ao perceber que aquele pretexto tinha falhado, disse: “Mas, no ano passado, tu insultaste meu pai’’. E como o outro dissesse que então nem estava vivo, o lobo disse: “Qualquer que seja a defesa que apresentes, eu não deixarei de comer-te.”

A fábula mostra que, ante a decisão dos que são maus, nem uma justa defesa tem fôrça.

Ilustração. Representação de fábula. À esquerda, um cordeiro bege bebe a água de um rio. Próximo dele (mas rio acima), um lobo está em pé como uma pessoa. Ele está com a cabeça voltada para o cordeiro. Ao fundo, cenário de floresta, com terreno coberto de vegetação e diversas árvores de troncos espessos, sem que apareçam suas copas.

ESOPO. O lobo e o cordeiro. Fábulas completas. Tradução de Neide ismóuca. São Paulo: Moderna, 2004. página. 126.

Saiba +

Esopo

Nasceu no século seisantes de Cristo, provavelmente na região da Trácia, onde hoje se localiza a Turquia. Foi um escritor da Grécia antiga a quem são atribuídos diversas fábulas e contos populares. Não se sabe ao certo se todos de fato foram produzidos por ele. Muitos foram adaptados por outros autores e modificados pelas traduções.

  1. A moral dessa fábula está de acordo com o texto? Por quê?
  2. As atitudes e ações das personagens são normalmente atribuídas a quem? Por quê?

Ações e atividades que normalmente são feitas por seres humanos, como falar e liderar, são atribuídas a animais ou minerais em diversos textos de raicáis. O mesmo acontece nas fábulas: aos animais são designadas ações próprias dos seres humanos.

Quando atribuímos ações tipicamente humanas a animais e minerais, por exemplo, estamos utilizando um tipo de figura de linguagem chamado personificação.

Metáfora e metonímia

1. Releia o raicái a seguir:

Pardas gotas de mel

Voando em torno de uma rosa

Abelhas

ARANHA, Luís. [raicái]. In: GUTTILLA, Rodolfo uítzig (Organização.). Boa companhia: raicáis. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. página. 123.

  1. A que se refere o primeiro verso?
  2. As palavras usadas no raicái pertencem ao mesmo campo semântico, ou seja, há uma relação de significado entre elas. Por quê?

Faça as atividades no caderno.

2. Leia a tirinha a seguir:

Tirinha em uma cena. Sobre o convés de um antigo navio de madeira, um homem de cabelos, barba e bigode castanhos, com um chapéu preto com o símbolo pirata da caveira sobre ossos cruzados brancos, de tapa olho, casaco azul e com uma perna de pau está em pé diante de dois homens com lenço na cabeça, como marujos, roupas coloridas e boias infláveis com desenhos infantis (gatinho e patinho) em ambos os braços. Um deles diz: 'É PARA FLUTUAR, SENHOR, PORQUE SOMOS GOTAS DE ÁGUA NO OCEANO!'.

THAVES, Bob. Frank & Ernest. O Estado de São Paulo, São Paulo, 12 março. 2018. Caderno 2, página. C4.

  1. O que justifica a expressão do pirata a quem se dirigem os outros piratas na tirinha?
  2. O que a personagem ao centro quer dizer com “somos gotas de água no oceano”?

Você já sabe que metonímia e metáfora são figuras de linguagem: em ambos os casos, ocorre a substituição de uma ideia por outra, mas qual é a diferença entre elas?

No raicái, a frase nominal pardas gotas de mel está substituindo a palavra abelhas, pois as abelhas produzem o mel após a colheita do pólen nas flores. Podemos dizer, então, que essa palavra está sendo substituída por uma frase nominal cujo significado é próximo ao dela, ou seja, pertence ao mesmo campo semântico que ela. Nesse caso, temos uma metonímia.

Agora observe o exemplo da tirinha. As duas personagens estão usando boias de braço, o que parece não agradar muito ao capitão do barco; eles se justificam, então, dizendo “somos gotas de água no oceano”. Nesse caso, há uma brincadeira, pelo fato de estarem no mar e por serem também apenas dois indivíduos em um universo repleto de pessoas. Aqui, a substituição de ideias ocorre com base na semelhança entre a pequenez desses indivíduos no Universo e a de uma gota de água no oceano. Note que há uma comparação implícita: “somos [como] gotas de água no oceano”, criando uma relação de metáfora.

Assim, na metonímia a substituição de ideias ocorre pela proximidade de significados, usando-se uma palavra ou expressão do mesmo campo semântico do termo substituído; na metáfora, a substituição ocorre pela semelhança entre ideias, realizando-se uma comparação entre elementos que não necessariamente pertencem ao mesmo campo semântico.


Observe mais alguns exemplos:

Eu consegui tudo isso com o meu suor.

A garota é fera em Matemática!

Na primeira frase, suor está sendo usado em lugar da palavra trabalho. Há uma relação de proximidade entre os significados de trabalhar e suar no imaginário das pessoas. Assim, é possível dizer que há uma metonímia.

Na segunda frase, fera substitui a ideia de notável, forte, excepcional. Estabelece-se uma relação de semelhança entre a garota e uma fera, comparando-se implicitamente sua capacidade na área de Matemática à de uma fera na sua atuação. Aqui, temos uma metáfora.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

Tirinha. Uma joaninha em 4 cenas. Cena 1. A joaninha dentro de uma flor amarela. Ela diz: NA VIDA, VOCÊ PODE SE ESCONDER... Cena 2. Dentro da flor a joaninha diz: SAIR DE FININHO DE UMA FESTA, FUGIR DE UM REUNIÃO SEM SER NOTADO. Cena 3. De dentro da flor, ela diz: MAS O APP REVELA AS VERDADES E ENTREGA O BANDIDO. Cena 4. A joaninha de dentro da flor, segurando um celular com a mãos diz: ODETE SAIU DO GRUPO.

GOMES, Clara. Bichinhos de Jardim. O Globo, Rio de Janeiro, 18 janeiro. 2018. Segundo Caderno, página. 4.

  1. Atualmente, a maioria das pessoas usa redes sociais para se comunicar com amigos, familiares e colegas. O que a personagem quer dizer com “mas o app revela as verdades e entrega o bandido”?
  2. O que significa a palavra app no texto?
  3. Qual é a figura de linguagem utilizada no terceiro quadrinho? Ela é representada por qual palavra? Por quê?

2. Leia o poema a seguir:

Consideração do poema

Não rimarei a palavra sono

com a incorrespondente palavra outono.

Rimarei com a palavra carne

ou qualquer outra, que todas me convêm.

As palavras não nascem amarradas,

elas saltam, se beijam, se dissolvem,

no céu livre por vezes um desenho,

são puras, largas, autênticas, indevassáveis.


Uma pedra no meio do caminho

ou apenas um rastro, não importa.

Estes poetas são meus. De todo o orgulho,

de toda a precisão se incorporam

ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinicius

sua mais límpida elegiaglossário . Bebo em Murilo.

Que Neruda me dê sua gravata

chamejante. Me perco em apolinér. Adeus, maiacóvisqui.

São todos meus irmãos, não são jornais

nem deslizar de lancha entre camélias:

é toda a minha vida que joguei.


Estes poemas são meus. É minha terra

e é ainda mais do que ela. É qualquer homem

ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna

Ilustração. Um livro aberto apoiado sobre a capa, com as folhas para cima, nas quais há linhas paralelas representando um texto e vinhetas nas margens em forma de ramos de plantas amarelados, do qual parecem sair pássaros e ramos de plantas, como louros, dente de leão e diferentes flores, todos no mesmo tom amarelado que aparece no livro.

em qualquer estalagem, se ainda as há.

– Há mortos? há mercados? há doenças?

É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,

por que falsa mesquinhez me rasgaria?

Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes rugas.

O beijo ainda é um sinal, perdido embora,

da ausência de comércio,

boiando em tempos sujos.

[...]

ANDRADE, Carlos Drumôn de. Consideração do poema. In: ANDRADE, Carlos Drumôn de. Nova reunião: 23 livros de poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. página. 103.

  1. Uma das características da poesia de Drumôn é a metalinguagem, isto é, o fato de que ele utiliza a língua para falar sobre o uso que faz dela no poema. Curioso, não é? Destaque momentos em que há metalinguagem no poema.
  2. É possível dizer que o título resume o poema. Por quê?
  3. Atente ao trecho:

As palavras não nascem amarradas,

elas saltam, se beijam, se dissolvem,

no céu livre por vezes um desenho,

são puras, largas, autênticas, indevassáveis.

ANDRADE, Carlos Drumôn de. Consideração do poema. In: ANDRADE, Carlos Drumôn de. Nova reunião: 23 livros de poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. página. 103.

É possível dizer que há uma personificação de “palavras” no poema? Por quê?

3. Releia os últimos versos do trecho:

O beijo ainda é um sinal, perdido embora,

da ausência de comércio,

boiando em tempos sujos.

ANDRADE, Carlos Drumôn de. Consideração do poema. In: ANDRADE, Carlos Drumôn de. Nova reunião: 23 livros de poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. página. 103.

  1. O que esses versos querem dizer?
  2. O beijo, nesse trecho, está sendo usado em sentido metafórico. Por quê?

4. Leia o raicái a seguir:

passeio no Ibirapuera

uma cerejeira florida

interrompe a conversa

RUIZ, Alice. [raicái]. Jardim de . São Paulo: Iluminuras, 2012. página. 16.

Fotografia. Cenário de paisagem natural, em um parque público, com uma árvore de tronco não muito alto, porém com numerosos e longos galhos totalmente floridos, de flores roxas, à beira de um lago, em cuja margem, um terreno com pouca vegetação, há uma pessoa sentada sob a árvore e voltada para o lago diante dela.  Acima, céu azul com algumas nuvens brancas.
Cerejeira florida no Parque Ibirapuera, em São Paulo (São Paulo). Fotografia de 2016.

Faça as atividades no caderno.

  1. Do seu ponto de vista, de que fórma uma cerejeira florida pode interromper uma conversa?
  2. Quais figuras de linguagem estão presentes nesse raicái? Justifique com elementos do texto.

5. Leia a tirinha a seguir:

Tirinha em quadrinhos/charge em uma cena. Sobre fundo cinza, dentro de uma grande caixa marrom retangular (semelhante a uma caixa de sapatos com a tampa aberta) há um personagem de forma humana desenhado a traço (sem colorido). Ele está em pé de costas, mostrado da cintura para cima, com ambos os braços arqueados para cima, voltado para outros dois personagens de forma humana diante dele (dos quais só aparecem as cabeças, também desenhados a traço) que estão em pé dentro de uma caixa quadrada pequena, dentro da maior. O primeiro personagem diz aos outros dois: 'PERCEBEM? É PRECISO PENSAR FORA DA CAIXA.'.

dãmer, André. A cabeça é a ilha. O Globo, Rio de Janeiro, 1o novembro. 2016. Segundo Caderno, página. 4.

O que confere humor a essa tirinha?

  1. Ainda sobre a tirinha:
    1. Você sabe o que significa a expressão pensar fóra da caixa? Discuta com os colegas e identifique o que ela quer dizer.
    2. Nessa expressão é possível encontrar uma metonímia ou uma metáfora? Por quê?
  2. Em duplas, encontrem outras expressões que usamos no dia a dia e identifiquem se há metonímia ou metáfora nelas.
  3. Tente repetir estes dois trava-línguas de fórma rápida e clara. No começo vai parecer bem difícil, mas depois pode ficar mais fácil.

um. Num ninho de mafagafos há sete mafagafinhos.

Quando a mafagafa gafa, gafam os sete mafagafinhos.

dois. O rato roeu a rica roupa do rei de Roma!

A rainha raivosa rasgou o resto e depois resolveu remendar!

Domínio público.

Ilustração. Ícone retomada de tópicos.

Trava-língua

É um jogo de palavras da literatura popular que consiste em falar, de modo rápido e claro, palavras e versos que têm uma semelhança sonora. Observe um exemplo:

Um limão de Milão

mil limões de Milão,

Um milhão de

limões de Milão

Domínio público.

  1. Nesses exemplos, há casos de assonância ou aliteração? Justifique usando exemplos dos textos.
  2. Pesquise outros exemplos de trava-línguas. Após a pesquisa, leia para a turma o que encontrou.

Leitura 2

Contexto

Depois de conhecer os raicáis, você vai ler algumas narrativas muito curtas. Ao longo da leitura, tente observar o que elas têm em comum, bem como que informações estão presentes nelas e quais precisamos imaginar ou complementar enquanto as lemos.

Antes de ler

Antes de ler os textos com o professor e os colegas, responda:

  • De quantos caracteres ou toques você imagina que um texto precisa para ser considerado um conto?
  • Considerando a extensão dos textos, você imagina quais seriam as características de um miniconto, um microconto e um nanoconto?

João Anzanello Carrascoza

AUTORIA

Nascido em Cravinhos, no interior do estado de São Paulo, em 1962, é escritor, redator publicitário e professor universitário. Sua obra é composta de contos e romances, marcados por forte traço poético, destinados ao público adulto e infantojuvenil. Em sua produção, destacam-se os romances Aos 7 e aos 40 (2013) e Caderno de um ausente (2014), e os livros de contos O volume do silêncio (2006), Aquela água toda (2012) e Tempo justo (2016). Seu trabalho já foi reconhecido com os prêmios Jabuti e ah pê cê ah (Associação Paulista dos Críticos de Arte).

Árvore

O dia caía devagar lá fóra, veloz dentro de mim. O vento das montanhas soprava, frio, e a claridade varria em silêncio as sombras da noite. Aquela manhã seria como todas as outras manhãs de inverno. As ruas logo resplandeceriam com o verniz do sol, os pássaros se desgalhariamglossário das araucárias e se semeariam pelo céu, e eu caminharia para mais uma jornada na serraria, o pó da mesmiceglossário se acumulando em meus olhos depois que ela partira. A névoa se esvaneceriaglossário aos poucos, revelando o traçado coleante do casarioglossário , a ponte ao fim do povoado, tudo o que eu já vira tantas vezes e, no entanto, ao ver, de novo, sentiria como se fosse um ver distinto. E eu estaria grato pelo leve e contínuo movimento em meu peito – as mudas marés da respiração –, e a consciência de minha história, com sua escrita de lembranças, retornaria, me repregando ao corpo que era meu, como um botão numa camisa. Aquela manhã seria igual a todas as outras manhãs de inverno, uma a mais a ser esquecida, não fosse pela fôrça de vivê-la preso ao gancho do presente, de sentir que cada dia era como os diferentes tipos de madeira – a embuia, o jacarandá, o mogno, o carvalho –, um ideal para confeccionar móveis leves, outro para o trançado das cumeeirasglossário , esse para forros resistentes, aquele para uma viga mestra.

Seria uma manhã como todas as outras manhãs de inverno, e ela me levaria a outras mais, que me poriam novamente diante da serra para cortar toras, eu só não sabia a que horas a ferida sangraria de novo. Aquela manhã seria como todas as outras manhãs de inverno, se eu não chegasse tão tarde na serraria e, ao ligar a chave elétrica, não sentisse, acima do aroma das madeiras, o perfume dela, que ali entrara logo atrás de mim e, plantada sob os batentes da porta, me aguardava, sem pressa, até que me virasse. E eu me virei, abruptamente, eu era especialista em córtes rápidos, queria logo saber se era mesmo ela quem desafiava a minha lâmina afiada de monotonia. O cachecol que lhe dera meses antes dela descer a montanha serpenteava pelo seu pescoço, os cabelos que eu adorava – compridos – iam até sua cintura e chamavam em ondas as minhas mãos; seu rosto espelhava a superfície de um lago, aparentemente calmo, mas eu sabia que, no seu fundo, sentimentos violentos lutavam para aflorar diante de mim. Ela ventava nos meus olhos e eu não me movi, quieto entre as tábuas pesadas, tentando enquadrá-la à distância. Mas a sua aparição inesperada me tocara como meus dedos tocavam as bordas das madeiras e as distinguiam pela sua asperezaglossário . Desde que ela se fôra, a minha seiva se congelara, e a descrença, que antes era uma fagulha, fervilhavaglossário agora como uma fogueira – ela poderia, se quisesse, ouvir as labaredas crepitando meu silêncio. Permanecemos um instante nos mirando, cada um a buscar aquele outro que éramos tempos antes, resistindo em revelar nossas ramagens, mesmo porque elas haviam secado, só uma nova estação poderia nos curar de nós. Eu ia perguntar, Voltou?, ou ela, antecipando-se, diria, Voltei!, mas nada dissemos, estávamos enraizados no instante, os troncos impassíveis, os dois doendo devagar. Então, voltei-lhe as costas, peguei uma peça de pinheiro, apoiei-a na prensa e liguei a serra para cortá-la, retomando normalmente o trabalho do dia anterior. E, mesmo com o ruído da lâmina decepando o núcleo macio da madeira, eu podia captar seus passos no chão de terra batida – e sabia que ela vinha se aproximando, se aproximando.

lustração. Uma jovem de cabelos pretos, usando vestido cinza longo e um cachecol laranja listrado com a extremidade franjada está em pé, com os braços estendidos ao longo do corpo, encostada no batente de uma porta aberta, de frente para o interior de um aposento. Os cabelos dela, o cachecol e a barra do vestido parecem esvoaçar, como se fossem soprados pelo vento. Na parede junto à porta, prateleiras com objetos empilhados e algumas latas que parecem de tinta, e sobre o piso, toras de madeira empilhadas. Dentro do aposento, de frente para ela, há um homem de cabelos pretos vestindo camisa vermelha xadrez e calça bege. Ele está de costas, com as mãos sobre uma mesa ou bancada quadrada à qual uma tábua é fixada por peças cinza.

CARRASCOZA, João Anzanello. Árvore. Amores mínimos. Rio de Janeiro: recór, 2011. página. 63-65.

De cabeça pensada

Tinha 30 anos quando decidiu: a partir de hoje, nunca mais lavarei a cabeça. Passou o pente devagar nos cabelos, pela última vez molhados. E começou a construir sua maturidade.

Tinha 50, e o marido já não pedia, os filhos haviam deixado de suplicarglossário . Asseada, limpa, perfumada, só a cabeça preservada, intacta com seus humores, seus humanos óleos. Nem jamais se deixou tentar por penteados novos ou anúncios de xampu. Preso na nuca, o cabelo crescia quase intocado, sem que nada além do volume do coque acusasse o constante brotar.

Aos 80, a velhice a deixou entregue a uma enfermeira. A qual, a bem da higiene, levou-a um dia para debaixo do chuveiro, abrindo o jato sobre a cabeça branca.

E tudo o que ela mais havia temido aconteceu.

Levadas pela água, escorrendo liquefeitas ao longo dos fios para perderem-se no ralo sem que nada pudesse retê-las, lá se foram, uma a uma, as suas lembranças. 

Ilustração. Uma mulher em meio perfil, de cabelos grisalhos presos em um coque no alto da cabeça, usando uma gargantilha e brinco e vestindo blusa azul de gola rendada.

colassânti, Marina. De cabeça pensada. Contos de amor rasgado. segunda edição. Rio de Janeiro: recór, 2010.página. 139.

Marina colassânti

AUTORIA

Nasceu em 1937, na cidade de Asmara, capital da Eritreia, na África. É tradutora, jornalista e escritora. Publicou seu primeiro livro, Eu, sozinha, em 1968 e conquistou vários prêmios, entre eles o Jabuti, o Grande Prêmio da Crítica da ah pê cê ah e o de Melhor Livro do Ano pela Câmara Brasileira do Livro. Tornou-se ór concur da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (éfe êne éle í jóta), em razão das várias obras que publicou e que foram premiadas por essa instituição voltadas para o público infantojuvenil.

Atriz no divã

– Doutor, o senhor

já me viu representar?

fóra daqui?

Ilustração. Duas pessoas em uma sessão de psicanálise. A paciente, uma mulher de cabelos pretos presos em coque vestindo blusa laranja e calça azul está deitada em um divã vermelho segurando uma máscara cênica de drama, representada por um rosto com a boca voltada para baixo. Ao lado, sentado em uma poltrona, o terapeuta, um homem vestindo blusa azul e calça bege, com uma caneta e um bloco de notas. Eles não estão com o rosto voltado um para o outro.

GARCIA-ROZA, Livia. Atriz no divã. In: FREIRE, Marcelino (Organização.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. página. 48.

Livia Garcia-Roza

AUTORIA

É psicóloga e escritora. Sua obra Quarto de menina (1995) recebeu o selo de altamente recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (éfe êne éle í jóta).

Ilustração. Uma mulher de cabelos pretos vestindo blusa rosa está sentada em uma poltrona olhando por uma janela, como se estivesse viajando de trem; ela apoia a face em uma das mãos, com o braço flexionado, enquanto apoia a outra mão na moldura da janela. Ao fundo, paisagem noturna da silhueta de uma cidade com as luzes dos edifícios acesas.

Da janela do trem,

Da janela do trem,

viu as luzes da cidade pela última vez.

Em breve, só ouviria o cantar dos grilos.

ROSSATTO, Edson. [Nanoconto]. Cem toques cravados.segunda edição. São Paulo: Europa, 2012. página. 18.

Chegou ao trabalho antes

Chegou ao trabalho antes

de a chuva alcançá-lo.

Sorriu aliviado.

Pego você na saída!”, ela ameaçou.

Ilustração. Um rapaz de camisa social verde, de gravata e calças compridas cinza está em pé, sobre os degraus diante da porta fechada de um edifício de tijolos aparentes. Em frente a ele, um veículo azulado está parado. Do céu cai chuva.

ROSSATTO, Edson. [Nanoconto]. Cem toques cravados. segunda edição. São Paulo: Europa, 2012. página. 29.

Edson Rossatto

AUTORIA

É editor, palestrante, mediador de debates, roteirista de agá quê e escritor. Seu livro de nanocontos, Cem toques cravados (2012), é uma homenagem à obra do ator e escritor Mário Lago, um dos pioneiros nesse gênero textual, que escreveu uma série de micronarrativas intitulada 16 linhas cravadas (1998), expressão que também diz respeito ao limite de caracteres usados para criar contos em formato diminuto.

Crepuscular

Pegou o chapéu, embrulhou o sol,

Então nunca mais amanheceu.

Ilustração. Um chapéu marrom de aba redonda e uma tira preta.

BRAFF, Menalton. Crepuscular. In: FREIRE, Marcelino (Organização.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. página. 67.

Menalton Braff

AUTORIA

É professor, novelista, romancista e contista brasileiro. No início de sua obra, ele assinava seus livros com o pseudônimo Salvador dos Passos. Recebeu menção honrosa por sua obra no Prêmio Casa de las Américas de La Habana (2009) e conquistou o Prêmio Jabuti (2000) com seu livro À sombra do cipreste.

Estudo do texto

Faça as atividades no caderno.

  1. Retome o que percebeu na leitura.
    1. Quantos caracteres ou toques você imaginou que eram necessários para que um texto fosse considerado um conto?
    2. O que você imaginou como características de um miniconto, um microconto e um nanoconto?
  2. Cada texto que você leu tem uma característica marcante. O que parece sentir a personagem do miniconto “Árvore”?
  3. Se você precisasse recontar os minicontos, “Árvore” e “De cabeça pensada”, como explicaria seu enredo?
  4. Existe uma relação entre o título “Árvore” e o enredo desse miniconto. Qual?
  5. Do ponto de vista da fórma, por que os textos “Árvore” e “De cabeça pensada” podem ser considerados minicontos?
  6. No miniconto “Árvore”, o narrador faz um contraste entre o tempo da natureza e a maneira como ele percebe o tempo. Em que trecho do texto podemos localizar isso? Como podemos interpretar esse trecho?
  7. Outro aspecto curioso do miniconto “Árvore” é a maneira pouco usual com que o autor emprega alguns verbos, como na frase “os pássaros reticências semeariam pelo céu”. Em que outra parte do texto encontramos esse mesmo recurso expressivo?
  8. Ainda que esse texto esteja escrito em prosa, são utilizados alguns recursos próximos da linguagem poética, como a rima. Em que trechos podemos identificar esse uso?
  9. No final do miniconto “Árvore”, o autor faz uso de uma palavra que pode conter mais de um significado. Isso ocorre no trecho a seguir. Releia-o:

Eu ia perguntar, Voltou?, ou ela, antecipando-se, diria, Voltei!, mas nada dissemos, estávamos enraizados no instante, os troncos impassíveis, os dois doendo devagar.

CARRASCOZA, João Anzanello. Árvore. Amores mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2011. página. 63-65.

Como podemos interpretar o significado do termo destacado?

Ilustração. Toras de madeiras cortadas como lenha empilhadas.
Ilustração. Uma jovem de cabelos pretos, usando vestido cinza longo e um cachecol laranja listrado com a extremidade franjada está em pé, com os braços estendidos ao longo do corpo, encostada no batente de uma porta aberta. Os cabelos dela, o cachecol e a barra do vestido parecem esvoaçar, como se fossem soprados pelo vento.
Ilustração. Um cachecol laranja listrado com as extremidades franjadas está estendido formando uma volta no centro.

10. O título do segundo miniconto, “De cabeça pensada”, também carrega sentidos diversos. Quais são?

Faça as atividades no caderno.

  1. Os dois minicontos associam sentimentos a fenômenos da natureza. De que maneira podemos identificar esse recurso nas duas narrativas?
  2. Ainda pensando no formato dos textos, quais são as semelhanças entre os nanocontos do trem e da chuva?
  3. Qual seria a marca temporal da narrativa no nanoconto da personagem que parte de trem? Onde localizamos essa informação?
  4. Outra estratégia utilizada pelo autor dos nanocontos é fazer uso de elementos inesperados, incomuns, com o objetivo de surpreender o leitor. Qual seria o elemento inesperado na narrativa da chuva desse autor? Identifique e copie no caderno a alternativa correta.

um. A personagem sair de casa com o guarda-chuva.

dois. A chuva figurar como personagem e dar uma resposta em discurso direto.

15. As duas menores narrativas que você leu, “Atriz no divã” e “Crepuscular” fazem parte da coletânea Os cem menores contos brasileiros do século, livro que dialoga com a obra Os cem melhores contos brasileiros do século. Leia a definição de seu organizador, o poeta contemporâneo Marcelino Freire, para a proposta do livro:

“Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá”.

Augusto Monterroso

O mais famoso microconto do mundo, acima, tem só 37 letrinhas. Inspirado nele, resolvi desafiar cem escritores brasileiros, deste século, a me enviar histórias inéditas de até cinquenta letras (sem contar título, pontuação). Eles toparam. O resultado aqui está. Se “conto vence por nocaute”, como dizia Cortázar, então toma lá.

Ilustração. Um menino adormecido está deitado de lado em uma cama de cabeceira alta marrom, com uma das mãos sobre o travesseiro e coberto por uma manta azul do mesmo tom da fronha, sobre lençóis bege. Atrás da cama, sobre um tapete cinza retangular há um animal verde acinzentado semelhante a um dinossauro de corpo volumoso e cabeça pequena, com uma fila de corcovas semicirculares verde-escuras ao longo das costas.

FREIRE, Marcelino. [Quando acordou...]. In: FREIRE, Marcelino (Organização.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. página. sete.

  1. Que leituras e interpretações podemos fazer do microconto de Augusto Monterroso, considerado por Marcelino Freire o mais famoso do mundo?
  2. Com base na introdução de Marcelino Freire, na leitura e no que você respondeu às questões anteriores, diferencie miniconto, nanoconto e microconto.

O gênero em foco

Miniconto, nanoconto e microconto

Existe uma série de definições e classificações para miniconto, nanoconto e microconto, embora ainda não haja pesquisa suficiente ou consenso para defini-los. Os nanocontos teriam até 50 letras, sem contar espaços e acentos; os microcontos teriam até 150 toques, contando letras, espaços e pontuação; e os minicontos seriam maiores, com algo entre 300 e 600 caracteres. No entanto, há ainda um vasto debate sobre os limites de cada um desses gêneros textuais em relação à sua extensão e à unidade de medida: toques ou palavras? Por exemplo, os minicontos “Árvore” e “De cabeça pensada” ultrapassam em muito o limite.

É importante saber, no entanto, que os autores lidos nesta Unidade não foram os primeiros a organizar narrativas curtas. Uma possível origem do gênero estaria relacionada à prosa poética, produção literária da primeira metade do século vinte por autores como charles bôdelér e Rubén Darío. As narrativas curtas assemelham-se também às flash fictions, versões estadunidenses do microconto, que têm até mil palavras.

Essas narrativas curtas já foram chamadas de microrrelato, minificção, conto brevíssimo ou conto em miniatura. Como uma característica geral das narrativas curtas, partimos do princípio do uso restrito de caracteres e de uma economia na escolha das palavras com o objetivo de propiciar um impacto ainda maior sobre o leitor.

Em relação à extensão da narrativa, encontramos em minicontos, nanocontos e microcontos uma história com início, meio e fim, porém contada de modo condensado, dando espaço mais para sugestão de seus detalhes que para sua descrição, como seria feito no romance, por exemplo.

Se, nos raicáis, encontramos uma linguagem poética que condensa seu significado por meio de imagens precisas marcadas por forte conteúdo simbólico, nessas narrativas curtas temos enredos marcados pela ausência e pela sugestão incompleta de seus elementos a fim de surpreender o leitor por atitudes inesperadas das personagens.

Saiba +

charles bôdelér e Rubén Darío

Nascido em Paris, França, charles bôdelér (1821-1867) foi um dos mais influentes poetas franceses do século dezenove. Considerado um grande poeta e teórico da arte e da literatura francesa, Bôdelér é um dos precursores do movimento artístico conhecido como Simbolismo, que propunha, entre outras questões, uma escrita poética que possibilitasse diferentes experiências sensoriais, misturando os sentidos.

Rubén Darío (1867-1916) nasceu em Metapa, Nicarágua. Foi considerado o precursor do Modernismo na América Latina. Sua influência na poesia do século vinte proporcionou-lhe o título de “príncipe das letras castelhanas”. Darío foi um dos mais influentes poetas da língua espanhola.

Fotografia. Retrato em busto sobre fundo cinza de um homem pálido de cabelos grisalhos, vestindo camisa de gola branca fechada por uma gravata-borboleta verde-escura e um casaco cinza de gola preta.
charles bôdelér, em fotografia de etiên carjá, centésima. 1866.
Fotografia em preto e branco. Retrato em busto de um homem com cabelos grisalhos vestindo paletó preto com botões. Ele está sentado em uma cadeira com uma das mãos sobre a perna e a face apoiada na outra mão aberta.
Rubén Darío, em fotografia de 1915.

Conhecimentos linguísticos e gramaticais 2

Faça as atividades no caderno.

Paráfrase

Observe os enunciados:

Ele foi irônico com a turma, que gostou disso.

A turma gostou da ironia dele.

  1. O sentido dos enunciados é semelhante ou diferente? Justifique.
  2. Os termos destacados pertencem à mesma classe gramatical? Por quê?
  3. Qual dos dois enunciados é mais conciso ou enxuto?
Ilustração. Ícone retomada de tópicos.

Paráfrase

Na paráfrase, as ideias originais e a temática são preservadas. Ela constitui um recurso muito usado para fazer resumos.

Nominalização

A paráfrase acontece quando dizemos ou escrevemos de outra fórma o que foi dito ou escrito. Para parafrasear, é possível usar palavras sinônimas, expressões equivalentes ou reconstruir trechos, organizando de fórma diferente os enunciados.

Ao usar menos palavras para expressar a mesma ideia, no segundo enunciado, a estrutura sintática [verbo ser + adjetivo (foi irônico)] foi substituída por apenas um substantivo (ironia).

Nesse caso, temos uma nominalização, que é o processo de transformar palavras de outras classes gramaticais em substantivos.

A nominalização é um recurso sintático muito útil para reorganizar enunciados ao fazermos paráfrases.

Além dos adjetivos, é possível nominalizar outras classes de palavras, como os advérbios, os numerais e os verbos.

1. Leia a tirinha a seguir:

Tirinha em três cenas. Personagem: figura humanizada desenhada a traço (sem colorido). Cena 1. Acima do quadrinho, o título: 'palestra sobre os novos tempos'. A personagem fala em um microfone: 'Hora de abrir o microfone para que os tímidos falem de seus sofrimentos.'. Cena 2. A personagem volta-se para a plateia, que não se manifesta. Cena 3. A personagem diz: 'Ninguém? Bem, vamos começar a sessão de premiação dos extrovertidos.'. Ao lado, o ruído de aplausos: 'CLAP! CLAP! CLAP!'.

dãmer. André. Malvados. Folha de São Paulo, São Paulo, 16 abril. 2014. Ilustrada, página. E9.

A personagem indica dois tipos de pessoas considerando suas características. Quais são?

Faça as atividades no caderno.

Nesse caso, a nominalização ocorre pela transformação de adjetivos – tímidos e extrovertidos – em substantivos. São adjetivos substantivados.


2. Leia agora um trecho do conto “Árvore”:

reticências A névoa se esvaneceria aos poucos, revelando o traçado coleante do casario, a ponte ao fim do povoado, tudo o que eu já vira tantas vezes e, no entanto, ao ver, de novo, sentiria como se fosse um ver distinto.

Ilustração. Cenário urbano enevoado no qual há uma rua colina acima, e de ambos os lados, pequenas casas coloridas.

CARRASCOZA, João Anzanello. Árvore. In: CARRASCOZA, João Anzanello. Amores mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2011. página. 63.

Nesse trecho, a palavra ver aparece duas vezes. A que classe gramatical ela pertence em cada ocorrência?

Note que, no segundo caso, a palavra ver está nomeando uma ação. Temos aí, portanto, um verbo substantivado.

3. Agora, vamos retomar a leitura do conto de Edson Rossatto:

Da janela do trem,

viu as luzes da cidade pela última vez.

Em breve, só ouviria o cantar dos grilos.

ROSSATTO, Edson. [Nanoconto]. Cem toques cravados. São Paulo: Europa, 2012. página. 18.

  1. O que o narrador quer mostrar quando afirma que “só ouviria o cantar dos grilos”?
  2. Além de nomear uma ação, o verbo substantivado cantar, em destaque no texto, aparece determinado por uma palavra que acompanha os substantivos. Qual é essa palavra determinante e a que classe gramatical pertence?

Quando uma palavra de outra classe gramatical se nominaliza, ou seja, é transformada em um substantivo, pode vir acompanhada de um artigo, que indefine o substantivo – como ocorre em um ver –, ou o define – como acontece em o cantar.

Desse modo, apesar de as palavras terem determinadas características que nos permitem organizá-las em classes gramaticais distintas, os adjetivos e os verbos podem ser transformados em substantivos. A nominalização é um recurso útil para reorganizar sintaticamente enunciados sem que as ideias originais sejam alteradas.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Observe o anúncio de propaganda a seguir:

Fotografia. Reprodução de cartaz de campanha de utilidade pública. Na parte superior, em uma tarja vermelha, com letras amarelas, o texto: 'Não desvie o olhar.' Na parte inferior, em uma tarja verde com letras brancas: 'Fique atento. Denuncie.', e em uma tarja amarela com grandes letras vermelhas: 'PROTEJA', e na mesma tarja, em letras verdes menores: 'nossas crianças e adolescentes da violência.'. Abaixo desta, em outra tarja marrom, com letras amarelas: 'Procure o Conselho Tutelar ou disque 100'. Na margem inferior do cartas, nomes das entidades oficiais que promovem a campanha. Entre as duas primeiras tarjas, figuras que representam três macacos de pelúcia sentados lado a lado. Da esquerda para a direita: com as mãos abertas dos lados da cabeça próximas dos olhos; com as mãos em concha dos lados da cabeça atrás das orelhas; e com as mãos em concha dos lados da cabeça próximas da boca aberta.

SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (ésse dê agá pê érre). Campanha Não desvie o olhar. Fique atento. Denuncie. Proteja nossas crianças e adolescentes da violência. 2015.

  1. Qual é o objetivo desse anúncio de propaganda?
  2. Você conhece outra imagem famosa de três macaquinhos? O que há de diferente neles?
  3. Em anúncios de propaganda, é muito comum o uso dos verbos no modo imperativo para que o impacto no leitor seja maior. Quais são os verbos que estão no imperativo nesse texto?
  4. A palavra olhar está sendo usada como verbo ou como substantivo no anúncio? Há um determinante que a acompanha? Qual é?
  1. Transforme os períodos a seguir, de modo a torná-los uma só oração, e nominalize o pronome isso. Faça as modificações necessárias para manter o sentido original.
    1. A garota é educada com todos. A família admira muito isso.
    2. Os estudantes são rigorosos com os trabalhos. Os professores aprovam isso.
    3. Os pais são muito pontuais nas reuniões. A coordenação elogia isso.
    4. O garoto era muito medroso. Seus pais se preocupavam com isso.

Questões da língua

Faça as atividades no caderno.

Palavras homônimas e parônimas

1. Você já deve ter notado que há palavras na língua portuguesa que têm grafias parecidas e às vezes iguais, mas significados diferentes. Leia a tirinha a seguir:

Tirinha em três cenas. Personagens: Armandinho, um menino de cabelos azuis, de uniforme escolar. Um menino de cabelos castanhos de uniforme escolar. Um sapo verde. Cena 1. O menino de cabelos castanhos de perfil, diante de Armandinho, diz: 'MEU PAI TEM UMA GRANDE COMPANHIA!'. Armandinho responde: 'QUE LEGAL!'. Cena 2. O menino de cabelos castanhos diz: 'VOCÊ NÃO FAZ IDEIA DO QUE É ISSO!',  e Armandinho responde ao menino: 'FAÇO, SIM!'. Cena 3. Armandinho sai correndo para o lado oposto, com o sapo saltando atrás dele, e diz: 'VAMOS, SAPO!'.

béc, Alexandre. Armandinho sete. Florianópolis: béc, 2015. página. 53.

Nessa tirinha, o que provoca o humor é a fórma como Armandinho compreende o significado da palavra companhia. Quais são os dois significados dessa palavra na tirinha?

2. Releia o trecho do conto “Árvore”:

O cachecol que lhe dera meses antes dela descer a montanha serpenteava pelo seu pescoço, os cabelos que eu adorava – compridos – iam até sua cintura e chamavam em ondas as minhas mãos; seu rosto espelhava a superfície de um lago, aparentemente calmo, mas eu sabia que, no seu fundo, sentimentos violentos lutavam para aflorar diante de mim.

CARRASCOZA, João Anzanello. Árvore. Amores mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2011. página. 64.

  1. Nesse trecho, o narrador faz uma descrição da mulher que aparece na história. Observe a palavra em destaque. O que ela significa?
  2. Agora observe a frase a seguir:

Ela se sentia com os deveres cumpridos.

As palavras destacadas têm o mesmo sentido? Por quê?

Vimos que a palavra companhia pode ter significados diferentes, conforme o contexto em que aparece. Isso acontece com outras palavras, como manga, que pode designar tanto a fruta quanto a parte de uma roupa.

Palavras que apresentam a mesma pronúncia e, algumas vezes, a mesma grafia, mas assumem diferentes significados conforme o contexto, são palavras homônimas.

No caso das palavras comprido e cumprido temos pronúncias e escritas parecidas, mas significados diferentes.

Dessa fórma, quando temos grafia e pronúncia parecidas, mas significados diferentes, chamamos as palavras de parônimas.

Faça as atividades no caderno.

Homônimas homófonas e homônimas homógrafas

Leia a tirinha a seguir:

Tirinha em quatro cenas. Personagem: uma joaninha. Cena 1. A joaninha digita em um notebook com o rosto voltado para tela e diz: 'BOM DIA AMIGOS VIRTUAIS!!!'. Cena 2. Na mesma posição, ela diz: '<CORAÇÃO> <SORRISOS><FLORZINHA>'. Cena 3. Ainda na mesma posição, ela diz: '<JOINHA> <MAIS CORAÇÃO> < RINDO COM LÁGRIMAS>'. Cena 4. Voltada para a frente, como se conversasse com o leitor, ela diz: 'PRONTO! JÁ POSSO VOLTAR AO MEU MAU HUMOR NO MUNDO REAL!'.

GOMES, Clara. Bichinhos de Jardim. O Globo, Rio de Janeiro, 13 setembro. 2017. Segundo Caderno, página. 4.

  1. A relação da personagem com as redes sociais é o que dá o tom de humor na tirinha. De que fórma isso acontece?
  2. O que significam <coração>, <sorriso>, <florzinha>, <joinha>, <mais coração> e <rindo com lágrimas>?
  3. Considere a fala do último quadrinho. A que classe de palavras pertence o vocábulo humor? E mau?
  4. Agora compare:

mau humor

mal-humorado


A que classe de palavras pertence o vocábulo humorado? E mal? Reúna-se com um colega para conversar sobre essa comparação. O que muda?

Como vimos, há palavras que apresentam grafia e pronúncia semelhantes, mas que têm significados diferentes. No caso de mau e mal, há uma diferença de sentido, embora a pronúncia seja exatamente a mesma. Mau é um adjetivo que modifica um substantivo e significa aquilo que não é bom, não tem qualidade. Já mal é um advérbio que modifica um adjetivo (ou um verbo) e significa aquilo que não está bem. Assim, os significados são diferentes.

Homônimas homófonas

Palavras com grafias diferentes, mas com o mesmo som, são chamadas de homófonas. Exemplos: nós (pronome pessoal) e noz (fruto da nogueira); sem (preposição) e cem (numeral); acento (sinal gráfico) e assento (cadeira, lugar).

Homônimas homógrafas

Palavras escritas da mesma maneira, mas que têm significados distintos, são chamadas de homógrafas. Exemplos: mato (do verbo matar) e mato (vegetal); boto (animal) e boto (do verbo botar); colher (talher) e colher (verbo, sinônimo de apanhar).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Agora leia a tirinha a seguir:

Ilustração. Reprodução de tirinha em quadrinhos em três cenas. Cena 1. Um homem meio calvo, vestindo terno roxo segura uma faca sobre o globo terrestre apoiado em uma coluna retangular. Acima o texto: 'VOCÊ QUER CONHECER O MUNDO POR DENTRO'. Cena 2. O homem está sentado em uma poltrona com o rosto voltado para o globo terrestre cortado, sobre o qual há alguns traços ondulados indicando que um mau cheiro emana de dentro dele. Acima o texto: 'CONHECENDO O MUNDO POR DENTRO, ALGO CHEIRA MAL'. Cena 3. O homem despeja o globo terrestre em uma lata de lixo. Acima, o texto: 'É QUE O MUNDO ESTÁ PODRE'.

dãmer, André. O corpo é o porto. O Globo, Rio de Janeiro, 27 setembro. 2017. Segundo Caderno, página. 4.

  1. O que a personagem quer dizer com “conhecendo o mundo por dentro, algo cheira mal”?
  2. Justifique a grafia de mal na expressão “algo cheira mal”.

2. Em tirinhas, charges e na publicidade, é bastante comum o uso de homônimos e parônimos para obter o efeito de humor. Observe o exemplo a seguir e busque produções em que haja ocorrências parecidas com esta.

Ilustração. Reprodução de charge. Um homem de bigode vestindo camisa azul xadrez está deitado em uma rede com alguns remendos sobre a qual também estão uma mulher, várias crianças pequenas e um bebê com uma chupeta na boca. O homem diz, com algumas gotas de suor saltando da testa: 'REDE SOCIAL AQUI EM CASA É OUTRA COISA!'. Ao fundo, sobre uma parede com revestimento danificado e algumas rachaduras está suspensa uma placa com o texto: 'REDE SOCIAL'.

CABRAL, Ivan. Rede social. Disponível em: https://oeds.link/uZ7zTX. Acesso em: 30 junho. 2022.

3. Leia as frases a seguir:

um. A nossa formatura está próxima.

dois. O barco que estava na beira da praia afundou ontem à noite.

três. Os lugares da plateia superior estão ocupados.

quatro. Aquele capítulo do livro estava muito chato.

cinco. O pedaço da sociedade mais afetado pela crise é a juventude.

  • As palavras em destaque no texto equivalem a qual das alternativas? Identifique-a e registre-a em seu caderno.
    1. eminente – emergiu – assentos – seção – extrato
    2. eminente – imergiu – acentos – seção – estrato
    3. iminente – imergiu – assentos – seção – estrato
    4. iminente – imergiu – acentos – sessão – estrato
    5. eminente – imergiu – assentos – seção – extrato
Ilustração. Uma mancha azulada com traços mais claros representando água com ondulações na superfície, sobre a qual há um triângulo rosa unido a um traço marrom-claro e um trapézio marrom-escuro, figuras que representam respectivamente a vela presa ao mastro e o casco de um barco que afunda na água, quase indo a pique.

Produção de texto

Haicai, miniconto, nanoconto ou microconto

Depois de conhecer como se organizam, na poesia, os raicáis e, na prosa, os minicontos, os nanocontos e os microcontos, você deverá produzir um texto com base nas orientações a seguir.

Proposta 1: raicái

O que você vai produzir

Primeiramente você vai produzir três raicáis. Para tanto, escolha uma destas propostas:

  • Focalize algo em que as pessoas não costumam reparar em sua escola.
  • Observe algo em que as pessoas não costumam reparar nas ruas.

Planejamento

  1. Comece pensando na imagem poética que retratará em seus textos.
  2. Estabeleça um rascunho dos raicáis em seu caderno.
Versão adaptada acessível

2. Estabeleça um rascunho dos haicais.

  1. Se facilitar seu processo de criação, organize-os como um poema comum, maior, que possa, depois, ser reduzido a 3 versos e 17 sílabas.
  2. Pense em uma imagem que poderia ilustrar seus textos: uma fotografia tirada por você ou mesmo uma colagem feita com imagens já existentes.

Produção

  1. Depois de escrever os rascunhos, passe-os a limpo.
  2. Você viu ao longo da Unidade que existem diversas figuras de linguagem que podem ser usadas para tornar o raicái mais expressivo. Verifique se usou alguma delas de acordo com a fórma do seu texto.

Revisão

1. Depois de escrever seus raicáis, troque-os com os de um colega de modo que vocês possam revisar os textos um do outro.

2. Quando for analisar a produção de seu colega, observe os critérios a seguir.

Em relação à proposta e ao sentido do texto

Em relação à ortografia e à pontuação

1. Seu colega respeitou a forma do haicai?

1. Há alguma inadequação ortográfica a ser ajustada?

2. Seu colega utilizou uma imagem poética simbólica e expressiva?

2. Geralmente, haicais têm pouca ou nenhuma pontuação, a fim de reforçar as imagens poéticas. Seu colega as utilizou mesmo assim?

3. Seu colega usou figuras de linguagem no haicai? Se não, o uso delas poderia ajudar a melhorar o texto?

3. Depois de passar ao colega as orientações para que ele revise os textos dele, considere os apontamentos feitos por ele e reescreva seus textos no caderno.

Versão adaptada acessível

3. Depois de passar ao colega as orientações para que ele revise os textos dele, considere os apontamentos feitos por ele e reescreva seus textos.

Circulação

  1. Para tornar públicos os raicáis feitos pela turma, para que outras pessoas da escola os leiam, vocês vão produzir uma pequena antologia em um livro artesanal de raicáis com cinco cópias.
  2. Reúnam todos os raicáis produzidos pela turma, reescrevam-nos em algum tipo especial de papel e os encadernem de modo artesanal, para fazer referência à simplicidade, que é marca desse gênero textual.
Fotografia. Diversos livros de capas artesanais azuis e verdes empilhados em posições distintas, alguns com a lombada para a frente e outros para o lado esquerdo. À direita, sobre uma das pilhas com a lombada para o lado esquerdo, há um único livro de capa azul semiaberto apoiado sobre um outro livro de capa verde.
Livros artesanais.

3. Por fim, um porta-voz da turma deverá levar essa antologia para a sala dos professores e para os outros colegas da escola; por exemplo, os estudantes do 8o ano. Ele vai mostrar a antologia preparada pela turma, acompanhado de um colega que declamará os raicáis. Deixe o livro naquela sala por uma semana para que todos possam manuseá-lo e ler os raicáis.

Avaliação

Depois de todo o processo, você se reunirá com os colegas e o professor para avaliar o que foi aprendido sobre o gênero textual raicái e a cultura japonesa, levantando, em uma roda de conversa, os desafios de trabalhar com esse gênero de texto.

Proposta 2: miniconto, nanoconto ou microconto

O que você vai produzir

Você poderá escrever um miniconto, um microconto ou um nanoconto. Será necessário fazer também o exercício da síntese, pensando em uma história e, depois, organizando-a por meio da composição desse gênero textual. No final, as narrativas curtas escritas por você e os colegas vão compor também uma publicação artesanal na escola, com os textos impressos em letras muito pequenas, que só possam ser lidas com o auxílio de uma lupa, brincando com a fórma mais sintética desses gêneros.

Ilustração. Um minilivro aberto de capa marrom que é segurado entre um dedo indicador e um polegar há o texto com o título centralizado: 'Atriz no divã', e o texto de um diálogo entre uma paciente e o psicanalista, com a fala da atriz: '– Doutor, o senhor já me viu representar?', e a do psicanalista: '– Fora daqui?''

GARCIA-ROZA, Livia. Atriz no divã. In: FREIRE, Marcelino (Organização.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004. página. 48.

Planejamento

Comece organizando sua narrativa curta:

  • Que gênero você vai escolher?
  • Quais serão o enredo e as personagens?
  • Onde o enredo vai se desenvolver?
  • O que acontecerá com as personagens?

Produção

  1. Se quiser, comece um esboço com a sua narrativa ampliada. Vá reduzindo-a até a extensão que caracteriza o gênero que você escolheu.
  2. Verifique se você conseguiu organizar a narrativa em começo, meio e fim e se foi possível sugerir elementos por meio de hiatos, lacunas na história que o leitor poderá preencher com a própria interpretação.
  3. Crie um título para seu texto!

Revisão

1. Agora você deverá trocar seu texto com o de um colega que tenha produzido o mesmo gênero que você. Um lerá o texto do outro e fará comentários, com o objetivo de aprimorar o texto antes da versão final.

2. Para revisar o texto do colega, você deverá observar os aspectos a seguir:

Em relação à proposta e ao sentido do texto

Em relação à ortografia e à pontuação

1. O texto respeitou a extensão do gênero que o colega escolheu?

1. Há alguma inadequação ortográfica a ser ajustada?

2. Há começo, meio e fim no enredo?

2. Há alguma pontuação que deva ser revista em razão da sintaxe ou da expressividade do texto?

3. A história foi contada de modo surpreendente, causando impacto com poucas palavras?


3. Depois de escrever as orientações para o colega reescrever o texto dele, leia os comentários que ele fez sobre o seu e o reescreva.

Circulação

  1. Depois que todos os textos forem escritos, revisados e passados a limpo, vocês vão organizar uma publicação artesanal.
  2. Para que o público possa ler os textos, uma sugestão é fazer a impressão deles em uma fonte muito pequena e fornecer uma lupa para que o público possa lê-los.
  3. Quando o livro estiver pronto, convidem outros professores e os colegas da turma para lê-lo.
  4. Para fazer a publicação artesanal, utilizem a ilustração a seguir como referência e pesquisem tutoriais passo a passo.
Ilustração. Esquema representativo do processo artesanal de fixação das capas de um livro composto por desenhos em perspectiva de duas capas ocre-amareladas com dois furos alinhados e diversas folhas brancas empilhadas entre elas. Em cada etapa numerada de 1 a 6, desenhos de uma linha fixada em uma agulha indicam a sequência das passagens da linha pelos furos, de baixo para cima (e vice-versa) e de um furo a outro alternadamente, de modo semelhante à ação de costurar manualmente, a fim de fixá-las nas folhas, formando o livro encapado.
Passo a passo ilustrativo para a composição de um livro artesanal.

Avaliação

Depois de todo o processo, você se reunirá com os colegas e o professor para avaliar o que foi aprendido sobre os gêneros textuais miniconto, nanoconto e microconto, levantando, em uma roda de conversa, os desafios de trabalhar com esse formato de texto literário em prosa.

Projeto

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Ciência e tecnologia.

Jornadas do amanhã

Quarta etapa

E no fim...

O estudioso Iuval Noa Rarari, no livro Homo Deus: uma breve história do amanhã (São Paulo: Companhia das Letras, 2016), afirma que a Ciência tende a considerar que organismos são apenas algoritmos e a vida, apenas processamento de dados. Algoritmos são inteligentíssimos; poderão conhecer nossos desejos e sentimentos de fórma mais competente do que nós mesmos, mas não estão necessariamente ligados a uma avaliação do que é ético e do que não é.

Fotografia. Destacando o busto de Yuval, homem meio calvo, usando óculos e um terno azul. Ele está de perfil. No fundo vegetação.
iuvel rarari, autor israelense e professor de História. Fotografia de 2018.

Atividade 1 para todos os grupos

O que será do futuro?

Na Unidade 6, vocês estudaram o gênero textual debate. Dominam, portanto, os rituais exigidos por esse tipo de atividade. Você e os colegas de grupo escolherão dois dos itens propostos a seguir para debater:

  • Com os avanços da inteligência artificial, a humanidade se tornará irrelevante?
  • O que é mais importante para a vida: inteligência ou consciência?
  • O que ocorrerá à sociedade como um todo quando as bases de dados souberem tudo sobre nós? Seremos reféns de nossos aplicativos?
  • Como será a vida em uma sociedade em que as pessoas vivem manipuladas em bolhas de redes sociais e não conseguem mais saber o que é verdade e o que é mentira? A vida virtual vai substituir a vida real?
  • Como será a vida em uma sociedade em que há previsões de que cerca de 80% das profissões deixarão de existir?
  • A humanidade vencerá a dor e o envelhecimento?
  • A humanidade continuará sua eterna busca pela felicidade? O que será felicidade no futuro?
  • O desenvolvimento sustentável deixará de ser uma necessidade e passará a ser uma realidade?

Defina com seu grupo os dois itens que vocês vão debater. Durante uma semana, leia sobre essas temáticas, buscando fontes na biblioteca da escola ou do bairro ou na internet. Registre aquilo que você considerar relevante para levar para o debate. No dia agendado com seu grupo, usando suas anotações, participe do debate, marcando sua posição.

Se possível, gravem o debate do seu grupo. Ao final, redijam um texto-síntese da discussão feita, recuperando os argumentos e contra-argumentos e a conclusão a que chegaram.

Atividade 2 para todos os grupos

Divulgando opiniões

Nesta atividade, cada grupo ficará responsável por definir uma fórma de esses debates e os textos-síntese serem divulgados nas Jornadas. Os formatos de divulgação poderão ser variados e dependerão da preferência e da criatividade dos grupos, além dos recursos disponíveis na escola. Seguem algumas orientações:

  • Reúna-se com seu grupo para decidir como preferem divulgar o artigo produzido.Algumas possibilidades para essa divulgação no dia das Jornadas são: apresentações orais, baseadas em material escrito; disponibilização, em telas de projeção ou computadores, de materiais audiovisuais, vídeos, animações; representação de breves cenas ou até mesmo músicas.
  • O trabalho de seu grupo precisará de um título sugestivo.

Atividade 3 para todos os grupos

Organização do material e montagem do evento

Os grupos deverão analisar os espaços destinados à exposição do que foi produzido e às apresentações. Todo o material feito no decorrer do projeto deverá ser levado para o local escolhido. Sugere-se esta sequência:

  1. uma faixa com o título Jornadas do amanhã, na entrada do evento;
  2. sob o título Quando a ficção vira realidade, exposição dos cartazes que mostram objetos e fenômenos imaginados pela ficção científica e concretizados em nossa realidade ou não;
  3. sob o título Quando a tecnologia falha, fixação, em painel ou mural, dos cartazes das quatro crônicas de humor escolhidas pelos grupos como as mais representativas; disponibilização da antologia Quando a tecnologia falhareticências em uma carteira, para que as pessoas possam sentar para ler;
  4. sob o título Objetos rebeldes, varal com as tirinhas criadas;
  5. sob o título Quando a tecnologia salva, mural com o jornal de divulgação científica;
  6. sob o título O que será do futuro?, espaço com a exposição dos textos-síntese dos debates e adequado para as apresentações do resultado desses debates de acordo com o que cada grupo tiver definido;
  7. sob o título Finalizandoreticências, espaço para o encerramento das Jornadas, que acomode o público para o fechamento do evento, que será feito por um dos professores da turma.

Quinta etapa

Avaliação

Avaliação do grupo

Reúna-se com o professor e a turma para avaliar o desenvolvimento do projeto. Os itens que nortearão essa avaliação são:

  • Cumprimento dos prazos: todos cumpriram rigorosamente os prazos estabelecidos? Controlaram adequadamente o tempo disponível para a realização dos trabalhos?
  • Realização das atividades: os grupos se empenharam na busca de informações e na produção dos materiais solicitados? Colaboraram uns com os outros para que o resultado do trabalho fosse o melhor possível? Mantiveram o foco?
  • Produção do material: os textos produzidos foram revisados e refeitos? Estavam legíveis? Foram expostos de modo a facilitar sua leitura?
  • Montagem da exposição: o material produzido foi cuidadosamente guardado até o dia do evento? Houve colaboração e auxílio mútuo no momento de montar a exposição? Os grupos buscaram conjuntamente soluções para as dificuldades?
  • Apresentação: os grupos inspecionaram o local da apresentação? Providenciaram o material necessário? Esforçaram-se na apresentação?

Caso algum item tenha deixado a desejar, pensem como, em uma próxima oportunidade, essas falhas poderão ser corrigidas.

Avaliação individual

Agora, avalie sua participação no projeto:

  • Você se esforçou para realizar as atividades?
  • Foi pontual na entrega do material solicitado?
  • Aceitou sugestões dos demais componentes do grupo?
  • Respeitou a opinião dos outros integrantes do grupo?
  • Buscou soluções para as dificuldades enfrentadas?

Autoanálise

Durante o desenvolvimento deste projeto, foram objeto de estudo os desafios que o futuro vai impor à humanidade. Bases de dados gigantescas e evoluções tecnológicas em vários campos da atividade humana mostram que muitas mudanças estão por vir.

Você chegou a refletir, com profundidade, sobre essas mudanças? Pensou na importância de estar preparado para enfrentar essas transformações? Refletiu sobre atitudes que podem ser tomadas hoje, para se precaver? Pensou sobre os riscos de trocar a realidade por um mundo virtual? De ter sua vida controlada e monitorada pela rede?

Tomara que sim!

Glossário

Parda
: cor escura que se localiza entre as cores branca e preta.
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Sibilino
: enigmático, obscuro.
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Elegia
: pequeno poema lírico.
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aspereza
: característica daquilo que é áspero, grosseiro.
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casario
: coletivo de casas.
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cumeeira
: parte mais alta e elevada do telhado.
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desgalhar
: sair dos galhos.
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esvanecer
: deixar de existir, desaparecer.
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fervilhar
: ferver, esquentar muito, entrar em ebulição.
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mesmice
: rotina, repetição do mesmo instante.
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suplicar
: implorar, pedir com veemência.
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