UNIDADE C

CAPÍTULO 7 Sistema nervoso

Fotografia. Duas crianças jogando xadrez. Menino negro de cabelo preto, óculos e camiseta azul. Menina negra de cabelo cacheado com uma faixa rosa na cabeça, óculos e camiseta branca listrada. Ela está com uma mão no queixo e outra em uma das peças.
A capacidade de abstração é uma característica humana. O que o sistema nervoso tem a ver com essa capacidade?

Motivação

Ícone. Vidraria de laboratório.

Objetivo

Averiguar se transcorre algum tempo entre a percepção de um estímulo e a execução de uma ação como resposta a ele.

Você vai precisar de:

  • cartolina e caneta
  • tesoura de pontas arredondadas
  • régua de 30 centímetros
  • alguém para ajudá-lo

Procedimento

  1. Coloque a régua sôbre a cartolina e desenhe o contorno da régua. Recorte-a. Divida essa tira de cartolina em 6 partes iguais e numere cada parte. Você terá uma tira como a que aparece na figura A.
  2. Seu ajudante deve segurar a tira de cartolina e você deve posicionar sua mão como mostra a figura A.
Ilustração. Figura A. Uma faixa azul com quadrados demarcados identificados com os números 1 até 6 na vertical, estando o 1 no quadrado mais inferior e o 6 no quadrado mais superior. Uma mão está com os dedos posicionados na altura do número um, linha de chamada para: sua mão. Do número 1, linha de chamada para: Seus dedos polegar e indicador devem estar a 1 centímetro de distância da tira de cartolina. Acima, uma mão segura no número 6, linha de chamada para: mão do seu ajudante.

3. Seu ajudante deve soltar a tira de papel sem lhe avisar. Imediatamente, você deve juntar os dedos e pegar a tira, impedindo que ela caia ao chão (veja a figura B).

Versão adaptada acessível

3. Seu ajudante deve soltar a tira de papel ao mesmo tempo em que toca seu braço. Imediatamente você deve juntar os dedos e pegar a tira, impedindo que ela caia ao chão, conforme a figura B.

4. Em qual dos trechos da tira você conseguiu agarrá-la? Repita o teste com seus colegas. Alguém consegue pegar a tira no trecho marcado com o número 1?

Ilustração. Figura B. Uma faixa azul com quadrados demarcados identificados com números 1 até 6 na vertical. No topo, uma mão solta a faixa. Uma outra mão segura a faixa entre os números 3 e 4, linha de chamada para: os dedos pegam a tira em queda.
Ícone. Vidraria de laboratório.

Objetivo

Observar a existência do reflexo patelar.

Você vai precisar de:

  • cadeira ou banquinho
  • alguém para ajudá-lo

Procedimento

  1. Sente-se com as pernas cruzadas. O joelho de uma perna deve estar bem debaixo da articulação do joelho da outra.
  2. Seu ajudante deve dar uma leve pancada com a mão na parte macia abaixo da patela (osso arredondado que fica bem na articulação do joelho), como mostra a figura C. O que acontece com sua perna? Você consegue impedir essa reação?
Ilustração. Figura C. Menina branca de cabelo castanho liso na altura dos ombros, calça jeans, tênis e suéter vermelho. Ela está sentada em uma cadeira. Na frente dela, um menino negro de cabelo preto curto, calça jeans e camiseta amarela. Ele está sentado sobre os joelhos, com uma das mãos ele se apoia no chão e outra está esticada na direção do joelho dela. Debaixo da mão, há uma seta para a esquerda.

Desenvolvimento do tema

1. Atos voluntários e atos reflexos

No primeiro experimento, seus olhos receberam um estímulo, a visão da tira sendo solta, e enviaram essa informação ao cérebro. Chegando lá, esse estímulo desencadeou uma resposta: juntar os dedos para segurar a tira. Esse é um ato voluntário, pois você desejou realizá-lo e, conscientemente, enviou instruções a seus dedos.

No segundo experimento, a pancadinha, se aplicada correta­men­te, desencadeou como resposta uma sutil elevação da perna. Trata-se de um ato reflexo, ou involuntário, isto é, que ocorre independen­te­mente de uma ordem consciente sua. Esse ato involuntário em particular é denominado reflexo patelar.

Ambos os experimentos envolvem acontecimentos relacionados ao sistema nervoso, responsável pela comunicação entre diferentes partes do corpo e pela coordenação de atividades voluntárias ou involuntárias, conscientes ou inconscientes. Neste capítulo você verá, entre outros assuntos, por que a resposta dos dedos à tira caindo não é instantânea e por que ocorrem os atos reflexos, como o reflexo patelar.

2. Neurônios

O sistema nervoso permite a comunicação entre as diversas partes do corpo. Essa comunicação é feita por meio de impulsos nervosos, “mensagens” que percorrem células do sistema nervoso, os neurônios.

A figura a seguir ilustra um neurônio em cuja unidade celular se destacam três partes fundamentais: o corpo celular, os dendritos e o axônio.

Esquema de um neurônio

Ilustração. Um neurônio em amarelo. Abaixo, seta da esquerda para a direita: sentido de propagação do impulso nervoso. Na extremidade esquerda do neurônio, forma arredondada com ramificações ao redor. Em seu interior, estrutura arredondada em roxo, ovais em laranja e alongadas em azul. Linha de chamada do centro: Corpo celular, no qual estão o núcleo, o citoplasma e as organelas citoplasmáticas. Das ramificações: Dendritos, que recebem o impulso nervoso de outros neurônios ou de órgãos sensoriais. Na extremidade direita, estrutura alongada recoberta por uma camada segmentada com ramificações na ponta. Da estrutura alongada: Axônio, que transmite o impulso nervoso para outros neurônios ou para células de músculos e glândulas. Da ponta: Rami­ficações com as quais o axônio se comunica com outras células.
Os neurônios podem variar em sua fórma, na quantidade de dendritos e no compri­mento, principalmente do axônio. Alguns neurônios humanos, que se estendem desde acima da cintura até o pé, podem ter axônios com mais de 1 metro de comprimento! (Representação esquemática fóra de proporção e em cores fantasiosas.)

Fonte: Márrie-éb, E. N.; KELLER, S. M. Essentials of Human Anatomy & Physiology. décima terceira edição Harlow: Pearson, 2022. página 247.

3. Estrutura geral do sistema nervoso

O sistema nervoso humano é formado por bilhões de neurônios. O agrupamento de neurônios fórma estruturas do sistema nervoso: o encéfalo, a medula espinal e os nervos (os nervos são formados basicamen­te por feixes de axônios).

O sistema nervoso também inclui células que atuam na sustentação e na proteção de neurônios, chamadas células gliais.

A figura a seguir ilustra esquematicamente o sistema nervoso humano. O encéfalo fica protegido pelos ossos do crânio, e a medula espinal pelos ossos da coluna vertebral, as vértebras.

Do encéfalo, saem 12 pares de nervos, que se distribuem pela cabeça e pelo pescoço. Esses nervos, que se ligam diretamente ao encéfalo, são os nervos cranianos. Da medula espinal também saem nervos, 31 pares ao todo. Esses nervos, os nervos espinais, distribuem-se pelos braços, pelo tronco e pelas pernas.

O encéfalo e a medula espinal constituem o sistema nervoso central (esse êne cê), que comanda e coordena as atividades do organismo. Os nervos cranianos e os nervos espinais fazem parte do sistema nervoso periférico (ésse êne pê), responsável pela comunicação do esse êne cê com as diversas partes do corpo.

Diagrama. Sistema nervoso divide-se em: Sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP).

Sistema nervoso humano

Ilustração. Uma pessoa de costas, de pé, e com os braços esticados e um pouco afastados do corpo. Os nervos estão ilustrados por todo o corpo. Na cabeça: encéfalo e nervos cranianos (12 pares). No pescoço: medula espinhal. Na coluna: nervos espinais (31 pares). Seta para detalhe de um trecho da coluna desenhado lateralmente: vértebra, osso da coluna vertebral. No centro, medula espinal. Entre as vértebras, disco de cartilagem entre duas vértebras. Saindo da medula, estruturas alongadas em verde. Da estrutura verde: seta para um nervo em corte, uma forma cilíndrica verde com conjuntos de círculos amarelos dentro e pequenas estruturas arredondadas azuis e vermelhas entre eles. As formas azuis e vermelhas são os vasos sanguíneos, as formas amarelas são os axônios e as capas verde ao redor do conjunto de axônios e do nervo é a camada protetora.
Esquema do sistema nervoso humano. Apenas os nervos principais foram ilustrados. (fóra de proporção e em cores fantasiosas.)

Fonte: Roberts, A. The complete human body. segunda edição Londres: Dorling Kindersley, 2016. página 65, 334.

Ícone. Letras A e Z.

ATIVIDADE

Amplie o vocabulário!

Hora de debater o significado de cada conceito, redigi-lo com nossas palavras e incluí-lo no nosso blog.

sistema nervoso

neurônio

impulso nervoso

encéfalo

medula espinal

sistema nervoso central

sistema nervoso periférico

4. O papel dos nervos

Os nervos do ésse êne pê são vias de comunicação

Os nervos do ésse êne pê são as vias de comunicação que condu­zem impulsos provenientes das várias partes do corpo até o esse êne cê. O ésse êne pê também conduz as “ordens” do esse êne cê até os locais do corpo nos quais serão executadas: os músculos e as glândulas.

Sentir o aroma de um alimento, por exemplo, envolve a percepção de estímulos na cavidade nasal, na qual se localizam os sensores do olfato. Os estímulos originam impulsos nervosos que são enviados ao esse êne cê, que os interpreta como sensação olfatória. De modo semelhante, os órgãos dos sentidos da audição, do paladar, da visão e do tato enviam impulsos nervosos, por meio de nervos, até o esse êne cê, que os interpreta, respectivamente, como sensações auditivas, gustatórias, visuais e táteis. As sensações de quente, de frio e de dor são outros exemplos resultantes da interpretação, pelo esse êne cê, de impulsos nervosos que chegam a ele por meio do ésse êne pê.

O esse êne cê também recebe continuamente, por meio do ésse êne pê, informações sôbre o funcionamento de diversos órgãos do corpo, como o coração e o intestino, o que é fundamental para que o esse êne cê possa controlar a atividade deles.

Quando você escreve, por exemplo, seu esse êne cê envia impulsos nervosos até os músculos da mão e do braço, fazendo-os realizar os movimentos adequados para escrever o que deseja. Quando você vê um alimento muito saboroso ou sente seu aroma, sua boca se enche de saliva porque o esse êne cê envia impulsos até as glândulas salivares, que entram em ação.

Ilustração. Do lado direito, sigla SNC e uma estrutura composta de três partes (uma grande ovalada e cheia de dobras, uma alongada saindo dela e uma oval estriada e pequena atrás desta). Do lado esquerdo três desenhos. Um coração ligado à parte alongada do SNC por fio e seta para a direita azul e fio e seta para a esquerda lilás. Sensor do tato, na pele, ligado à parte alongada do SNC por fio e seta para a direita azuis. Músculo esquelético, da panturrilha, ligado à parte alongada do SNC por fio e seta para a esquerda lilás. Entre os fios, sigla SNP.
Os nervos do ésse êne pê são vias de comunicação por meio das quais o esse êne cê recebe e envia impulsos nervosos. (Representação esquemática fóra de proporção e em cores fantasiosas. As setas indicam o sentido de propagação dêsses impulsos.)

Fonte: MADER, S. S.; Windelspéquiti, M. Essencials of Biology. quinta edição Nova York: McGraw-Hill. 2018. página 524, 525.

Nervos são feixes de axônios

Em toda essa complexa rede interna de transmissão de informações que é o sistema nervoso periférico, os nervos atuam como as linhas de transmissão.

Os nervos são feixes formados pelo agrupamento de centenas, às vezes milhares, de axônios. Na ilustração do sistema nervoso humano, anteriormente mostrada, aparece uma ampliação, em córte, de um nervo.

Uma comparação pode ser feita entre um nervo e um cabo telefôni­co usado em telefonia fixa. Este último pode ser visto na foto de um cabo usado em redes de telefones fixos. Cada fiozinho que compõe o ca­bo telefônico é capaz de transmitir informações independentemente dos outros, isto é, cada fiozinho permite uma ligação telefônica distinta. De maneira similar, cada axônio presente em um nervo transmite informações de modo independente dos outros e, portanto, um nervo é capaz de transmitir, simultaneamente, centenas de informações distintas.

Em certos nervos, há apenas feixes de axônios que transmitem impulsos nervosos para o esse êne cê. Em alguns outros nervos, ocorre o contrário: há somente feixes de axônios que transmitem impulsos do esse êne cê para músculos e glândulas. Na maioria dos nervos, contudo, há ambos os tipos de feixes: os que levam impulsos nervosos para o esse êne cê e os que transmitem impulsos do esse êne cê para músculos e glândulas.

Fotografia. Cabo desencapado evidenciando diversos fios coloridos.
Um cabo usado em redes de telefones fixos é formado por vários fiozinhos independentes.

5. O papel da medula espinal

A medula espinal é um órgão tubular que parte do encéfalo e se estende pelo canal da coluna vertebral.

Como é possível perceber na ilustração do sistema nervoso humano, no item 3 deste capítulo, a medula espinal passa por dentro de orifícios que existem nas vértebras, ossos que compõem a coluna vertebral.

A medula espinal conduz impulsos nervosos

A medula espinal tem duas funções básicas no sistema nervoso. A primeira delas é a de conduzir impulsos nervosos do encéfalo para os nervos espinais e dos nervos espinais para o encéfalo. Assim, por exemplo, no caso do experimento que abre este capítulo, quando você vê a pessoa soltar a tira de papel, esse estímulo visual é transformado, nos olhos, em impulso nervoso que segue, por nervos cranianos, para o encéfalo. Este, por sua vez, dá a “ordem” para seus dedos pegarem a tira. Essa “ordem” segue pela medula espinal e, a partir dela, por nervos espinais até os músculos que movimentarão seus dedos e cumprirão a “ordem” dada.

Esquema de um ato voluntário

Esquema. Ilustração da região do rosto em que fica o olho. 1: Seus olhos captam a imagem da tira de cartolina sendo solta. Sai uma linha com uma seta em azul até a parte superior da ilustração do SNC. 2: Impulsos nervosos conduzem a informação ao encéfalo, por meio de nervos cranianos. 3: O encéfalo interpreta a informação, decide, entre aspas, mover os dedos para pegar a tira e envia impulsos nervosos aos músculos que movimentam os dedos. Da ilustração do SNC, próximo ao início da parte alongada, seta lilás para baixo. 4: Os impulsos nervosos percorrem um trecho da medula espinal (reticências). Da estrutura alongada do SNC sai fio com seta lilás. 5: (reticências) e também nervos espinais até chegar aos músculos (reticências). Ilustração da mão de uma pessoa segurando a tira de cartolina azul. 6: (reticências) que executam o movimento.
Impulsos nervosos envolvidos no experimento da abertura deste capítulo. (Representação esquemática fóra de proporção e em cores fantasiosas.)

Fonte: Esquema elaborado a partir de , L. êti áli. (edição). Fundamental Neuroscience. quarta edição Waltham: Academic Press, 2013. página 506, 541, 602.

Ícone. Ponto de exclamação. Boxe Curiosidades.

O tétano ataca o sistema nervoso

Se a bactéria (causadora do tétano) contaminar o ferimento de um indivíduo que não tenha sido vacinado contra o tétano, ela irá se reproduzir no local. Quando a toxina (substância tóxica) produzida por essas bactérias atingir um nervo das proximidades, nele penetrará e, através do axônio, atingirá a medula espinal.

Chegando ao esse êne cê, interferirá na transmissão dos impulsos nervosos destinados aos músculos, causando convulsões (contrações musculares involuntárias e dolorosas), que provocam a rigidez muscular característica do tétano. Essa rigidez ataca mandíbula, pescoço, ombros, peito, costas, abdômen, podendo atingir todo o corpo. Entre os sintomas do tétano também estão dificuldade para engolir, irritabilidade, retenção urinária e dificuldade para respirar. Se não receber tratamento médico, o doente pode morrer por parada respiratória.

Estar com a vacina contra o tétano em dia é fundamental, porque essa é uma doença que pode ser fatal.

A medula espinal é um centro de reflexos

A segunda função da medula espinal é servir como um centro de reflexos. Como exemplo, considere a situação do reflexo patelar, envolvido no segundo experimento do início deste capítulo. A pancadinha estica um músculo da perna (o quadríceps femoral) e, imediatamente, neurônios da região enviam impulsos nervosos à medula espinal informando que o músculo foi esticado. Logo após a chegada dêsses impulsos à medula espinal, segue por outros neurônios uma ordem para contrair o músculo. Por isso a perna sobe. Trata-se de um ato reflexo, não ordenado conscientemente por você.

Os médicos neurologistas, especialistas em sistema nervoso, costumam verificar nos pacientes a presença do reflexo patelar utilizando um martelo de borracha. Se o reflexo estiver ausente, isso pode ser indício de problemas em nervos ou na medula espinal.

No experimento sôbre o reflexo patelar, mesmo de olhos fechados, você é capaz de sentir que levou uma pancadinha no joelho e que sua perna subiu e desceu. Essas sensações são percebidas porque os impulsos nervosos que chegam à medula também são conduzidos por ela até o encéfalo, no qual são interpretados. Em outras palavras, seu encéfalo é informado do que aconteceu, mas não foi ele que “decidiu” mover a perna.

Esquema do reflexo patelar

Esquema. Perna de uma pessoa com o joelho flexionado, mostrando músculo, ossos e tendão. No joelho, linha de chamada para patela e tendão. Na coxa, linha de chamada para quadríceps femoral. Há um martelo na frente do joelho e na frente da cabeça do martelo uma seta na diagonal para baixo. Em frente à perna, seta na diagonal para cima. 1: Uma pancadinha abaixo da patela estica o músculo quadríceps femoral. Uma linha azul com seta para a direita vai até a estrutura alongada da ilustração do SNC. 2: Impulsos nervosos conduzem a informação à medula espinal. 3: A medula espinal envia a resposta. Simultaneamente envia informação ao encéfalo. Da medula sai linha e seta lilás em direção à perna e seta azul em direção à parte superior do SNC. 4: Os impulsos nervosos chegam até o quadríceps femoral, que se contrai. Como consequência, a perna sobe. 5: O encéfalo recebe e interpreta a informação de que a pessoa recebeu a pancadinha.

Alguns impulsos nervosos decorrentes de uma pancadinha, com martelo de borracha, um pouco abaixo da patela (teste do reflexo patelar). (Representação esquemática fóra de proporção e em cores fantasiosas.)

Fonte: TORTORA, G. J.; Dérricksan, B. Principles of Anatomy & Physiology. décima quinta edição Hoboken: John Wiley, 2017. página 468.

Atos reflexos ajudam na proteção do corpo

De modo geral, os atos reflexos são “respostas prontas” do organismo a situações que podem acontecer com ele, permitindo-lhe restabelecer o equilíbrio do corpo e protegê-lo de acidentes que possam oferecer risco à saúde.

No caso do reflexo patelar, trata-se de uma resposta que permite restabelecer a situação de equilíbrio do músculo (quadríceps femoral) esticado pela pancadinha.

Um outro caso muito comum de ato reflexo pode ser verificado quando tocamos em um objeto que nos fura, corta ou queima. Rapidamente afastamos o corpo do objeto.

Considere, por exemplo, o menino da ilustração, que pisou em um objeto pontiagudo. Ele retirou o pé do objeto imediatamente, mas só sentiu a dor depois que sua perna já havia se retraído. Isso porque impulsos nervosos provenientes do pé chegaram à medula espinal e esta, por sua vez, ao mesmo tempo que enviou impulsos para que a perna se retraísse, enviou impulsos ao encéfalo, informando-o de que o pé havia sido espetado. Quando a informação foi interpretada no encéfalo como dor, a perna já havia se retraído.

Esse exemplo é útil para perceber que o fato de a medula atuar em atos reflexos permite que o corpo reaja mais rapidamente do que reagiria se fosse o encéfalo que tivesse de responder a esses estímulos. Essa rapidez nos atos reflexos é uma das adaptações que contribuem para a integridade física e a sobrevivência dos seres humanos.

Ilustração. Um menino branco de cabelo preto, bermuda azul e camiseta lilás. Ele está de olhos fechados e boca aberta. Está saltando segurando um dos pés com a mão. Há estrelas ao redor do dedão do pé.  No chão, há um objeto pontiagudo vermelho e cinza.

6. O papel do encéfalo

O encéfalo tem atuação variada e complexa

O sistema nervoso provê nosso corpo com meios de detectar estímulos variados, sejam eles internos ou externos, e responder a eles. Um exemplo simples disso são os atos reflexos. Exemplos mais elaborados são o contrôle do ritmo cardíaco, do ritmo respiratório e da atividade dos órgãos do sistema digestório. Mais do que isso, o sistema nervoso humano é capaz de coordenar atividades bastante complexas. A criatividade, as emoções, o talento artístico, a imaginação, a habilidade linguística, os traços individuais de personalidade e a capacidade de abstração são alguns exemplos dessas atividades.

Ícone. Pessoa lendo um livro.

ATIVIDADE

Tema para pesquisa

Realize uma pesquisa para conhecer os eventos mais marcantes da história da neurociência, o ramo das ciências que investiga o sistema nervoso.

Selecione os acontecimentos e as curiosidades que mais despertaram o seu interêsse e relacione-os em seu caderno, preparando-se para expô-los em sala, aos colegas, no dia marcado pelo professor.

O cérebro é parte do encéfalo

Neste capítulo estamos usando a palavra encéfalo para designar a porção do sistema nervoso central que fica protegida pelos ossos do crânio. Talvez você tenha pensado que encéfalo e cérebro são a mesma coisa, mas não são.

O esquema a seguir apresenta uma imagem do encéfalo humano visto em córte (chamado córte mediano), com os nomes de algumas de suas partes importantes e alguns comentários sôbre a atuação de cada uma delas. Como você pode perceber pela figura, o cérebro é uma das partes que compõem o encéfalo.

Esquema da atuação de algumas partes do encéfalo humano

Esquema. Ilustração de um encéfalo. Seta para a direita, com corte mostrando sua estrutura interna de perfil e com linhas de chamada para seus componentes. 1: Cérebro (em marrom), possui áreas sensoriais (interpretam informações sensoriais), áreas motoras (coordenam movimentos voluntários) e áreas de associação (relacionam informações e são responsáveis pelo que chamamos de pensamento). 2: Corpo caloso (em laranja), liga os hemisférios direito e esquerdo do cérebro. 3: Tálamo (em bege), retransmite ao cérebro informações sensoriais e motoras. 4: Hipotálamo, regula a temperatura do corpo, o apetite, a sede e as funções automáticas de vários órgãos; é também um centro de emoções. 5: Medula oblonga (em bege), controla automaticamente a respiração, a frequência cardíaca, a pressão sanguínea e as atividades digestórias. Na parte inferior, início da medula espinal (em bege). 6: Cerebelo (em verde), coordena a parte sensorial de movimentos e armazena a memória de movimentos aprendidos. No centro: glândula pineal (em lilás), faz parte do sistema endócrino. Abaixo do cérebro em frente à porção inferior do corpo caloso: glândula hipófise (em rosa), faz parte do sistema endócrino.
Visão do encéfalo humano, em córte mediano, com algumas de suas partes nomeadas. (Representação esquemática, fóra de proporção e em cores fantasiosas.)

Fonte: Márrie-éb, E. N.; roên, K. Human Anatomy & Physiology. décima primeira edição Harlow: Pearson, 2019. página 479.

Diferentes áreas cerebrais têm diferentes funções

A figura A, a seguir, mostra outra visão, também em córte (denominado córte frontal), do cérebro humano. Pode-se perceber que ele é dividido em duas metades, os hemisférios cerebrais direito e esquerdo. A camada externa dos hemisférios é denominada córtex cerebral, e é responsável por boa parte das habilidades humanas.

As investigações sôbre o funcionamento do encéfalo humano, particularmente do córtex cerebral, são complexas e muitos fatos ainda não estão totalmente esclarecidos.

Após muitas investigações, os cientistas conseguiram reunir evidências de que diferentes áreas do córtex estão relacionadas à realização de diferentes tarefas. Algumas dessas descobertas científicas estão representadas na figura B, que ilustra o córtex cerebral do hemisfério esquerdo. Esse hemisfério é dividido em quatro regiões, ou lobos, indicados em cores diferentes na figura.

No córtex cerebral existem regiões responsáveis pela movimentação das diversas partes do corpo (áreas motoras), regiões que interpretam estímulos (visuais, auditivos, táteis, dolorosos etcétera) e regiões que elaboram associações entre dois ou mais estímulos recebidos e entre estímulos e lembranças do passado, armazenadas na memória.

Esquema da atuação de algumas partes do encéfalo humano (continuação)

Esquema. A: imagem lateral do encéfalo com uma placa vertical transparente no meio indicando o plano de corte. Para a direita, corte do encéfalo. De um lado, linha de chamada para hemisfério cerebral direito e do outro lado hemisfério cerebral esquerdo. Da superfície, córtex cerebral. B: imagem lateral do encéfalo mostrando o hemisfério cerebral esquerdo. Seta para um cérebro colorido com áreas nomeadas. Parte superior, na frente, lobo frontal: área de associação frontal (funções cerebrais mais avançadas), que corresponde a maior parte da estrutura, fala (porção inferior do lobo frontal), área motora (porção lateral direita do lobo frontal). Atrás, lobo parietal: área sensorial do tato (porção lateral esquerda), paladar (porção inferior esquerda) fala (na região central do lobo parietal), área de associação sensorial (porção superior esquerda), leitura (porção inferior esquerda). Parte inferior, na frente, lobo temporal: olfato (porção superior esquerda), audição (porção superior direita) e área de associação auditiva, que corresponde a maior parte da estrutura. Atrás, lobo occipital: visão (porção inferior) e área de associação visual, que corresponde a maior pate da estrutura.

A. Visão do cérebro, em córte frontal, na qual se pode perceber a presença de dois hemisférios e de uma camada externa, o córtex cerebral, que é muito extenso na nossa espécie. B. Representação de algumas áreas do córtex do hemisfério esquerdo (não está em córte) indicando as funções às quais algumas dessas áreas estão relacionadas. (Representações esquemáticas, fóra de proporção e em cores fantasiosas.)

Fontes: Márrie-éb, E. N.; roên, K. Human Anatomy & Physiology. décima primeira edição Harlow: Pearson, 2019. página 477; têilor, M. R. êti áli. Campbell Biology: concepts & connections. décima edição Harlow: Pearson, 2022. página 624.

Enfim, o cérebro é uma região do encéfalo com funcionamento complexo e que ainda guarda fascinantes segredos a serem desvendados. É nele que estão os mecanismos da memória, do aprendizado, do talento, da personalidade e de tantas outras características que fazem de cada um de nós um ser único.

Ícone. Ponto de exclamação. Boxe Curiosidades.

Esclerose múltipla

Os axônios são revestidos por uma substância protetora chamada mielina.

A esclerose múltipla, doença de baixa incidência cuja causa ainda não está totalmente esclarecida, surge no início da idade adulta e se caracteriza por danificar essa camada protetora de mielina.

A perda da mielina (desmielinização) nos neurônios do cérebro, da medula, dos nervos cranianos e dos espinais dificulta a passagem dos impulsos nervosos e produz sintomas como perda da capacidade de realizar movimentos voluntários, tremores, dificuldade para pronunciar as palavras, distúrbios oculares e psíquicos (por exemplo, depressão, euforia e demência). O sistema nervoso do doente degenera-se progressivamente, terminando por imobilizar o paciente na cama.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

EM DESTAQUE

O que é meningite?

As meninges são três membranas de tecido conjuntivo que revestem o sistema nervoso central (encéfalo e medula espinal).

A mais externa delas, a dura-máter, é inelástica, inflexível e mais espessa que a intermediá­ria, a aracnoide, e que a interna, a pia-máter. O espaço entre a aracnoide e a pia-máter é preenchido com um fluido, chamado líquido cerebrospinal.

A meningite é a inflamação das meninges, cuja causa mais comum é a infecção por determinados vírus e bactérias. A meningite causa dor de cabeça intensa, febre, perda de apetite, intolerância ao som e à luz, rigidez muscular (especialmente no pescoço) e, em casos graves, delírios, vômitos e convulsões que podem provocar a morte. A meningite bacteriana é provocada por ou (meningococo). O contágio ocorre pelas secreções do nariz e da garganta, por meio de tosse, espirro, objetos contaminados etcétera A vacinação de crianças contra infecção por é um procedimento de prevenção dessa doença.

Ilustração. Busto de uma pessoa branca e sem cabelo com um pedaço da cabeça faltando, correspondente à testa e ao topo, mostrando as partes internas. Do centro do topo, seta para destaque (visão em corte). Camadas de fora para dentro: couro cabeludo (pele), osso do crânio, dura-máter, aracnoide, espaço preenchido com líquido cerebrospinal, pia-máter. O desenho também mostra na sequência o córtex cerebral.
Esquema da localização das meninges. (Representação fóra de proporção, em córte e em cores fantasiosas.)

Elaborado com dados obtidos de: mur, K. L.; dálei dois, A. F.; Agol, A. M. R. Clinically oriented Anatomy. oitava edição Philadelphia: Wolters Kluwer, 2018.

7. ésse êne pê somático e ésse êne pê autônomo

Já foi dito que o sistema nervoso se divide em uma parte central (esse êne cê) e outra periférica (ésse êne pê). Também foi comentado que o ésse êne pê conduz impulsos nervosos até os locais em que vão atuar, músculos ou glândulas.

O ésse êne pê inclui duas importantes divisões. Uma delas, o sistema nervoso periférico somático, é responsável, de modo geral, pelos movimentos realizados conscientemente por você, em especial os movimentos dos músculos esqueléticos, que movem as diversas partes de seu corpo.

Outra divisão, o sistema nervoso periférico autônomo, é responsável pelo contrôle das funções internas do organismo, tais como os batimentos cardíacos, os movimentos respiratórios e a atuação do estômago, do intestino delgado e do intestino grosso.

Diagrama. Sistema nervoso. Divide-se em: sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP) que inclui o sistema nervoso periférico somático e o sistema nervoso periférico autônomo.

O ésse êne pê autônomo controla funções vitais sem a necessidade de que você se preocupe com elas conscientemente. Na maior parte do tempo, por exemplo, você nem se lembra de respirar; seu corpo controla isso de modo automático.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

8. O risco dos danos à medula espinal

Uma lesão nos feixes de axônios medulares pode interromper, total ou parcialmente, a comunicação entre o encéfalo e as regiões do corpo localizadas abaixo da região em que ocorreu a lesão. Essa perda de comunicação pode resultar em perda de sensibilidade e/ou paralisia dessas regiões.

A perda de sensibilidade — a ausência das sensações de tato, de dor, de quente e de frio — decorre do fato de os impulsos nervosos, originários de sensores na pele, não chegarem até o encéfalo. Na verdade, essas sensações só “existem” quando o encéfalo interpreta impulsos nervosos. Se os impulsos são impedidos de chegar ao encéfalo, as sensações não são percebidas, não existem.

A paralisia também decorre da interrupção da comunicação nervosa. Os estímulos enviados pelo encéfalo não chegam até as regiões afetadas pela interrupção da medula espinal e, portanto, os músculos dessas regiões não podem ser movimentados sob comando do encéfalo. Dependendo da região medular afetada, o indivíduo pode ficar paraplégico, isto é, com os membros inferiores paralisados, ou tetraplégico, com os quatro membros paralisados.

Ilustração. Paraplegia. Contorno de uma pessoa de perfil com a coluna, o encéfalo e a medula espinal ilustrados. Há uma marcação indicando a parte da coluna que fica no tronco. Ao lado, contorno de uma pessoa colorido dos pés até a região do peito, indicando regiões afetadas por lesão na medula espinal, no trecho assinalado. 
Ilustração. Tetraplegia. Contorno de uma pessoa de perfil com a coluna, o encéfalo e a medula espinal ilustrados. Há uma marcação indicando a parte da coluna que fica no pescoço. Ao lado, contorno de uma pessoa até a região do pescoço, indicando regiões afetadas por lesão na medula espinal, no trecho assinalado.
Representações esquemáticas das regiões da medula espinal que, lesadas, acarretam paraplegia e tetraplegia. (fóra de proporção, em córte e em cores fantasiosas.)

Fonte: Ismíf, T. (edição). The human body: an illustrated guide to its structure, functions, and disorders. segunda edição Londres: Dorling Kindersley, 2006. página 85.

Boa parte das lesões irreversíveis na medula decorre de disparos de armas de fogo, de acidentes de trânsito, de acidentes durante atividades esportivas e de saltos ou “brincadeiras” em piscinas, rios, lagoas e praias.

Ícone. Ponto de exclamação. Boxe Curiosidades.

Saiba de onde vêm as palavras

“Paraplegia” vem do grego , funcionamento desordenado ou anormal de, e , ou , paralisia. A expressão “hemiplegia”, do grego , pela metade, é usada como sinônimo dela.

“Tetraplegia” vem do grego , quatro, e ou , paralisia. A expressão “quadriplegia” pode ser usada como sinônimo.

Ícone. Letras A e Z.

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sistema nervoso periférico somático sistema nervoso periférico autônomo paraplegia tetraplegia

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

EM DESTAQUE

Problemas no nervo isquiático

O isquiático (anteriormente denominado ciático) é o nervo de maior diâmetro do corpo humano. Ele se origina na região inferior da medula espinal, desce pela parte de trás da coxa e, um pouco acima da articulação do joelho, ramifica-se em dois nervos que, por sua vez, se ramificam outras vezes, atingindo a pele e os músculos dos pés e da parte inferior da perna. Há um nervo isquiático do lado direito e outro do lado esquerdo do corpo.

Acidente com objeto perfurante ou cortante, queda, hérnia de disco ou injeção na nádega incorretamente aplicada podem fazer com que o nervo isquiático seja pressionado ou rompido, total ou parcialmente. Nesse caso, o indivíduo poderá sofrer dores na perna, perder a sensibilidade nela, não conseguir dobrar o joelho e perder os movimentos do pé e da parte inferior da perna. Dependendo da causa do problema, existe a possibilidade de resolvê-lo por meio de cirurgia. Porém, quando há lesão no nervo, a recuperação em geral não é completa, pois o tecido nervoso não se regenera completamente.

Ilustração. Lombar, quadril e membros inferiores de uma pessoa de costas, com os nervos ilustrados. No centro: medula espinal. Na porção final da medula, de onde saem nervos, linha de chamada para: alguns nervos espinais reúnem-se formando o nervo isquiático. Na centro da coxa: nervo isquiático.
Esquema do nervo isquiático. (Visão interna, fóra de proporção e em cores fantasiosas.)

Elaborado com dados obtidos de: Roberts, A. The complete human body. segunda edição Londres: Dorling Kindersley, 2016.

Ícone. Ponto de exclamação. Boxe Curiosidades.

Saiba de onde vêm as palavras

“Isquiático” vem de ísquio (do grego ), nome do osso da bacia em que se encaixa o fêmur. Veja, na ilustração do item 1 do capítulo 5, a localização dêsse osso.

9. Sinapse

Nenhum dos bilhões de neurônios que formam o sistema nervoso humano atua sozinho. Cada um deles se comunica com outros neurônios e com outras células por meio de regiões denominadas sinapses.

Numa sinapse, um neurônio não está diretamente em contato com outro. Há, na verdade, um pequenino espaço entre eles. O impulso nervoso que percorre um neurônio consegue atravessar a sinapse porque, ao chegar à extremidade do axônio, provoca a liberação de substâncias químicas específicas, chamadas neurotransmissores. O neurotransmissor rapidamente se espalha pela região da sinapse, encontra o dendrito do neurônio seguinte e estimula-o, dando prosseguimento à propagação do impulso nervoso, conforme esquematizado a seguir.

Ilustração. Dois neurônios em sequência. O segundo está parcialmente representado. Na zona de interação entre as ramificações do axônio do primeiro neurônio e os dendritos do segundo neurônio, destaque para a sinapse. Seta mostrando ampliação. Na ramificação do axônio, em amarelo, há estruturas circulares de fundo branco contendo vários pontos vermelhos, neurotransmissores armazenados. Na extremidade da ramificação, as estruturas circulares estão abertas liberando os neurotransmissores na sinapse. Alguns estão em contato com o dendrito do neurônio seguinte.
Representação esquemática de uma sinapse, fóra de proporção e em cores fantasiosas.

Fonte: ról, J. E.; ról, M. E. Guyton and Hall Textbook of Medical Physiology. décima quarta edição Philadelphia: Elsevier, 2021. página 570, 573.

Um neurônio pode estabelecer sinapse com um ou mais de dez mil outros neurônios. Alguns cientistas estimam, por exemplo, que o córtex cerebral humano seja formado por 10 bilhões de neurônios, entre os quais há centenas de bilhões de sinapses.

Estimulantes e depressores do sistema nervoso

Algumas substâncias não naturais ao corpo podem interferir no funcionamento das sinapses, tanto do esse êne cê como do ésse êne pê. A cafeí­na, presente no café, no chocolate, nos refrigerantes do tipo cola e nos chás escuros, a teobromina, presente no chocolate, e a nicotina, presente no tabaco, são exemplos de substâncias estimulantes. Elas atuam nas sinapses e aumentam a atividade do esse êne cê. Elas também têm ação direta sôbre o coração e provocam ligeiro aumento na frequência cardíaca. Outras substâncias atuam como depressores, ou seja, atuam nas sinapses reduzindo a atividade do esse êne cê.

Ilustração. A. Uma placa de proibido fumar, com um cigarro soltando fumaça no centro de um círculo vermelho que tem uma faixa vermelha na diagonal.
Fotografia. B. Pessoas usando máscara cobrindo todo o rosto, roupa e calçado de proteção. Uma delas está abaixada com uma das mãos em um saco azul com uma pessoa dentro que está em cima de uma maca no chão.
A. A nicotina é um estimulante do esse êne cê e produz aumento do ritmo cardíaco. A longo prazo, o fumo pode trazer, entre outros, problemas no coração e na circulação. B. Os gases de nervos (um tipo de arma química) atuam nas sinapses, impedindo a passagem dos impulsos nervosos. Isso conduz à morte por parada cardíaca ou respiratória. (Na foto, treinamento antiterrorista na cidade de Clissôn, França, novembro 2019.)
Ícone. Ponto de exclamação. Boxe Curiosidades.

Saiba de onde vêm as palavras

“Sinapse” vem do grego , que significa ação de juntar.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

EM DESTAQUE

O sono e o lazer

A atividade dos neurônios do encéfalo gera sinais elétricos que podem ser detectados e registrados com um aparelho especial. O registro da atividade elétrica do encéfalo, o eletroence­falograma, é usado por médicos para diagnosticar ­distúrbios no sistema nervoso e por pesquisado­res para tentar desvendar, entre outros, os segredos do sono.

O tempo e a qualidade do sono são essen­ciais para que, no dia seguinte, o indivíduo esteja com plena capacidade de atenção e de aprendizado. O ânimo para realizar atividades também é diretamente afetado pelo sono.

Por isso, é essencial que você aprenda a conhecer seu próprio corpo e a adaptar-se às suas reais necessidades. Não adianta querer dormir pouco e, em consequência, passar o dia seguinte sem disposição para estudar, divertir-se, praticar esportes etcétera Perceba de quanto sono o seu organismo necessita e procure desenvolver o hábito de dormir o necessário e, de preferência, com horários regulares para deitar-se e levantar-se.

Além de mais disposição, você terá, com certeza, resultados muito melhores, principalmente em atividades intelectuais.

Outro fator fundamental para a sua qualidade de vida é o equilíbrio entre as obrigações e o lazer. Momentos de descontração, fazendo aquilo de que você gosta muito, são essenciais para a saúde do corpo e da mente e, portanto, para uma melhor qualidade de vida. O lazer não precisa ser algo caro ou sofisticado. Precisa ser algo que, de fato, lhe agrade e que propicie descanso físico e/ou mental.

Elaborado com dados obtidos de: Gud-enóf, J.; Macguaer, B. Biology of humans: concepts, applications, and issues. sexta edição Hoboken: Pearson, 2017.

Fotografia A. Menina branca de cabelo castanho ondulado deitada em uma maca. Ela tem fios presos na sua cabeça. Do lado, uma tela mostra fileiras de linhas irregulares. 
Fotografia B. Quatro pessoas sorridentes em um parque. Sentado, menino negro de cabelo preto e camiseta branca. Sentado, homem negro de óculos e camiseta branca, com uma criança negra sentada em seu ombro, também de camiseta branca e sorrindo. Ao lado deles, sentada, mulher branca de cabelo preto liso, vestido azul e camisa branca.
A. O eletroencefalograma é um registro da atividade encefálica, obtido por uma máquina especial, o eletroencefalógrafo. B. Estar em contato com a família, com os amigos e com a natureza são algumas atitudes que ajudam a melhorar a qualidade de vida.
Ícone. Dois balões de fala.

ATIVIDADE

Para discussão em grupo

Entre as inúmeras ofertas de produtos ou serviços que as pessoas recebem diariamente, por mensagens e redes sociais, algumas são de atividades honestas e lícitas, outras não.

Imagine que um indivíduo se diz “coach de resultados na vida” (coach significa treinador ou instrutor, em inglês). Ele defende, em vídeos de divulgação de seus cursos, que a pessoa deve dormir pouco, só três horas por noite, para trabalhar mais e ganhar mais dinheiro.

Afirmações como essa são nocivas à sociedade, pois há quem possa acreditar, tentar seguir a orientação e colocar em risco a própria saúde física e mental.

Que fatores fazem pessoas acreditarem em orientações inadequadas dadas pela internet?

Como nos precaver contra promessas que parecem convincentes, mas que são mentirosas ou sem base científica?

Como ajudar pessoas da nossa comunidade a não serem alvo de falsos profissionais que têm discurso convincente?

10. O que são drogas?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

 

[LOCUTORA] Como substâncias psicoativas afetam o cérebro?

[Locutora] O sistema nervoso central é responsável por enviar os comandos do nosso cérebro para as outras partes do corpo. A comunicação entre os neurônios e outras células do organismo é feita por meio de impulsos nervosos. Substâncias psicoativas, como os medicamentos e os entorpecentes, atuam nessa comunicação celular, o que pode modificar nossas ações, a memória e a tomada de decisões.

[Locutora] [Tom de destaque] Conhecer os efeitos dessas substâncias no organismo é importante para tomar consciência dos riscos que elas podem causar à saúde. Sobre essas e outras questões, vamos ouvir Jairo Bouer, médico psiquiatra e autor de onze livros.

[vinheta de transição]

 [Jairo Bouer] O que são drogas lícitas e drogas ilícitas? Bom, drogas, por definição, são substâncias psicoativas, substâncias que interferem no funcionamento do nosso sistema nervoso central, do nosso cérebro. As lícitas são aquelas que, de alguma forma, estão autorizadas por lei. Por exemplo, o cigarro é uma droga lícita. Afinal de contas, pessoas com mais de 18 anos podem comprar cigarro. Álcool, bebidas, também são drogas lícitas. Já que maiores de 18 anos também podem comprar bebida, também podem comprar álcool. Remédios. Alguns remédios que têm ação no sistema nervoso central também são drogas lícitas. Só que, muitas vezes, eles são usados de forma indevida. É o uso indevido para uma droga lícita.

[Jairo Bouer] Agora, o que são drogas ilícitas? São todas aquelas outras que são proibidas por lei. Elas não podem ser comercializadas. Elas não podem ser vendidas. Elas não podem ser compradas. Vamos dar alguns exemplos. Então, maconha, no Brasil, é uma droga ilícita. Cocaína é uma droga ilícita. Crack é uma droga ilícita. São substâncias que são proibidas por lei, portanto, não podem ser comercializadas.

[Jairo Bouer] E qual é a diferença de drogas lícitas e drogas ilícitas? Bom, drogas, por definição, são substâncias psicoativas que interferem, de alguma forma, no funcionamento do nosso sistema nervoso central, do nosso cérebro. O que define se uma droga é lícita ou ilícita é a lei. Então essa é uma definição, muitas vezes, meramente social. Às vezes, drogas lícitas, ou seja, aprovadas por lei, podem ser tão nocivas ou até mais nocivas do que drogas ilícitas. Vou dar alguns exemplos. No Brasil, por exemplo, o cigarro é uma droga lícita. Ele é uma droga, mas maiores de 18 anos podem comprar cigarro. Bebidas alcoólicas também são drogas lícitas, maiores de 18 anos podem comprar bebidas alcoólicas. Remédios que interferem no sistema nervoso central, como antidepressivos, remédios que controlam a ansiedade, também são drogas lícitas. Agora, muitas vezes, as pessoas podem fazer o uso indevido desses remédios. Ou seja, é o uso indevido de uma droga lícita.

[Jairo Bouer] Agora, o que são as drogas ilícitas? São todas aquelas drogas que são proibidas por lei e, portanto, não podem ser comercializadas, vendidas, compradas, e por aí vai. Vamos dar alguns exemplos. No Brasil de hoje, maconha, cocaína, crack... são exemplos de drogas ilícitas. Drogas que não podem ser comercializadas, e isso é uma definição legal, uma definição da lei.

[Jairo Bouer] Qual é o caminho que uma droga lícita ou ilícita percorre até chegar ao cérebro da gente? Bom, vai depender da porta de entrada dela. A pessoa pode inalar, pode cheirar, pode ingerir, pode injetar... alguma droga lícita ou ilícita. Essa droga de alguma forma vai passar para a corrente sanguínea, vai ser absorvida pelo organismo e passar para a corrente sanguínea, e, pelo sangue, ela vai chegar até o cérebro da gente. E, uma vez que ela chegou ao cérebro, ela vai começar então a desencadear os seus efeitos. E os efeitos vão depender do tipo da droga. Algumas drogas podem estimular o sistema nervoso central. Outras podem deprimir o funcionamento do sistema nervoso central. Ou seja, vai depender de cada tipo de droga. Esses efeitos são temporários ou eles podem ser permanentes, durar para sempre. Em geral, os efeitos do consumo dessas drogas são mais imediatos. Então, a pessoa toma a droga e, em seguida, passa a ter algum tipo de efeito, algum tipo de manifestação. Agora, se o uso dessas substâncias passa a ser mais crônico, mais frequente, esses efeitos podem ser permanentes. Em geral, os efeitos são mais imediatos, são temporários. Mas, com o uso crônico, de alguma forma, esses efeitos podem se tornar mais permanentes. Algumas pessoas são muito sensíveis a alguns tipos de droga, aí um único uso, por uma única vez na vida, já pode causar algum tipo de efeito, algum tipo de problema que seja permanente. Por isso, quando o assunto é droga, todo cuidado é pouco e é fundamental a gente se informar sobre esse assunto.

[Jairo Bouer] É importante a gente lembrar que alguns medicamentos também têm uma ação psicoativa e eles são usados muitas vezes no tratamento de determinados tipos de doenças. Então, por exemplo, uma pessoa que tem depressão pode usar um antidepressivo. Uma pessoa que tem um transtorno de ansiedade pode usar então um ansiolítico. Uma pessoa que tem algum tipo de sintoma psicótico pode usar um antipsicótico. Então, esses são alguns exemplos de medicamentos que têm uma ação psicoativa. Eles são usados para tratar determinados tipos de doenças.

[Jairo Bouer] Agora, também é importante a gente lembrar que, às vezes, remédios utilizados para tratar problemas físicos, doenças físicas, também podem, por tabela, ter um efeito colateral que é um efeito psicoativo. Por isso que a gente sempre diz: remédio sob orientação médica, por tempo limitado, de acordo com a recomendação do seu médico, e não tomar remédio emprestado do amigo, do vizinho, do parente... e, muito menos, não tomar remédio por conta própria. Eles podem ter ações no sistema nervoso central da gente, produzir efeitos colaterais muito importantes, que vão trazer muitos riscos para a sua saúde. Por isso, é fundamental remédio sempre ser usado sob orientação e recomendação do médico.

Fala-se muito em drogas. Jornais, revistas e noticiários de tevê mostram muitas informações a respeito dêsse tema. Todos já ouviram falar que as drogas são perigosas.

Mas o que as torna perigosas? Por que oferecem tantos riscos à saúde? Por que o tráfico de drogas é um dos principais problemas criminais de nossa sociedade? Você sabia que o álcool e o fumo são drogas?

A Organização Mundial da Saúde (ó ême ésse) define droga como toda substância, administrada por qualquer via, que provoca alterações no organismo.

A palavra “droga” pode ser usada para indicar medicamentos em geral. Contudo, essa palavra é rotineiramente empregada para designar substâncias que atuam no organismo e distorcem as sensações e/ou a maneira de pensar e de agir. Com esse significado, podemos nos referir a elas como drogas psicoativas, ou seja, drogas que atuam no encéfalo. Algumas pessoas também se referem a elas como tóxicos, narcóticos ou entorpecentes. Vamos, aqui, chamá-las simplesmente drogas.

Algumas drogas são fumadas, algumas são injetadas na veia, outras são cheiradas e há também as que são ingeridas sob a fórma de comprimidos ou sob a fórma líquida.

Todas as drogas provocam efeitos na pessoa que faz uso delas e trazem riscos à saúde. Os efeitos e os riscos variam conforme a droga, incluindo danos permanentes ao organismo e até a morte.

O consumo de certas drogas, como o álcool e o fumo, é permitido pela legislação brasileira para maiores de 18 anos. Outras drogas, como a maconha e a cocaína, são ilegais.

As pessoas que transportam e vendem drogas ilegais são chamadas de traficantes de drogas.

Fotografia. Cinco pessoas sentadas na frente de uma janela de vidro. No centro, menina negra de cabelo na altura dos ombros, camiseta regata cinza e calça jeans. De um lado, menino branco de cabelo castanho, camisa xadrez e calça bege e menina branca de cabelo castanho longo, camiseta azul e calça jeans. Do outro lado, menino branco de cabelo castanho, camisa verde e calça azul e menina branca de cabelo castanho longo, camiseta branca, jaqueta e calça jeans. Todos eles estão sorrindo.
Pessoas que vendem drogas ilegais tentam convencer crianças e adolescentes a começar a utilizá-las. O importante é ser esperto e não se deixar levar por argumentos que falem bem das drogas, quaisquer que sejam eles.
Fotografia. Cinco pessoas sentadas no chão com as costas apoiadas em uma parede de tijolos. Da esquerda para a direita: menina branca de cabelo castanho liso e comprido de camiseta azul e brinco. Menino negro de camiseta verde e calça jeans. Menina branca de cabelo ruivo, camiseta rosa e calça jeans, ela segura um caderno no colo e sorri olhando para frente. Menino branco de cabelo castanho, camisa xadrez e calça jeans, ele segura um caderno em frente às pernas cruzadas. Menina negra com tranças longas no cabelo, camiseta verde e calça jeans. Ela segura um caderno. Todos olham para a menina no centro.
A vida sem drogas é infinitamente melhor e mais saudável.
Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

11. As drogas e a saúde

Os problemas de saúde trazidos pelo uso indevido de drogas são muito variados.

Quem as consome frequen­temente tem sua saúde gradual­mente enfraquecida e mostra-se abatido e envelhecido precocemente.

Há drogas que, depois da euforia inicial, causam uma sensação de depressão que pode, em algumas pessoas, desencadear a tendência ao suicídio. Há drogas que podem até matar na primeira vez em que são utilizadas.

Alguns sérios problemas de saúde estão ligados às drogas injetáveis. Elas são aplicadas sob a fórma de injeções. Quando um grupo de pessoas usa drogas injetáveis e compartilha a mesma seringa e agulha, um pouco do sangue de uma pessoa entra em contato com o de outra. Isso permite a transmissão, por exemplo, de aids e de doenças como a hepatite B.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: cidadania e civismo.

12. As drogas e os problemas sociais

Quem faz uso indevido de drogas tem seu comportamento alterado. É comum ocorrerem problemas de relacionamento com a família e os amigos. Quando uma pessoa usa drogas, toda a sua família sofre com isso.

Sob o efeito das drogas, as pessoas muitas vezes fazem coisas que não fariam normalmente, como se envolver em brigas, acidentes e crimes.

Ilustração. Duas crianças sentadas em uma mesa, cada uma com um livro aberto nas mãos. Menino negro de cabelo cacheado preto e camiseta branca e verde. Menina branca de cabelo castanho liso com franja e camiseta branca com verde. No fundo, estantes com livros. Ao lado, imagem de três pessoas em uma plateia: menino negro de óculos e camisa azul, menino asiático de cabelo preto e camiseta amarela e menina negra de cabelo castanho cacheado preso para trás. No palco, homem branco fantasiado com uma camisa azul com golas amarelas, calça bufante amarela e um chapéu amarelo com penas. Atrás dele, um castelo. Na frente das duas imagens há um livro aberto com o texto: “USE CULTURA: ABRA AS PORTAS DA PERCEPÇÃO. Escolhas saudáveis para o corpo e para a mente. Este é um dos melhores caminhos para mostrar aos jovens uma perspectiva mais ampla da vida. A cultura abre horizontes e é um caminho para a prevenção às drogas e à violência.” Fonte: Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Disponível em: http://www.mpdft.mp.br/portal/pdf/cartilhas/Cartilha_Drogas_e_Crime.pdf. Acesso em: 12 abr. 2022.
Ilustração. Menino negro sentado em cadeira de rodas com o cabelo cacheado preto, camiseta amarela, calça azul e tênis amarelo. Ele está mexendo em um notebook. Há uma criança de cada lado dele, cada uma sentada em um banco: menina asiática de cabelo preto liso com um arco rosa na cabeça, óculos, camiseta rosa, calça azul e tênis vermelho, e menino branco com cabelo ruivo de camiseta azul e verde, calça cinza e tênis azul.
Ilustração. Menino branco com cabelo ruivo de óculos, camiseta vermelha estampada, calça amarela, tênis xadrez com um violão na mão e menina branca com cabelo loiro, calça rosa com estrelas, camiseta branca e azul e colete lilás, ela está de olhos fechados e segura um microfone. Ao redor deles há notas musicais.
Ícone. Ponto de exclamação. Boxe Curiosidades.

Saiba de onde vêm as palavras

A sigla aidis tem origem inglesa (acquired immune deficiency syndrome) e é usada para indicar a síndrome da imunodeficiência adquirida. A sigla agá í vê também vem do inglês (human immunodeficiency virus) e é empregada para abreviar o nome do vírus causador da aids, o vírus da imunodeficiência humana.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

13. Drogas atuam no sistema nervoso

De modo geral, as drogas atuam nas sinapses, podendo reforçar ou diminuir a atuação dos neurotransmissores, ou seja, agindo como estimulantes ou depressores de uma ou mais regiões do sistema nervoso. As drogas afetam, portanto, a comunicação entre neurônios. Seus complexos efeitos dependem das regiões do encéfalo em que atuam.

Drogas causam dependência

O uso regular faz o indivíduo desenvolver certa tolerância à droga, ou seja, seu corpo torna-se progressivamente menos sujeito a seus efeitos e, para obter a mesma sensação, são necessárias doses maiores e mais frequentes.

Há drogas que estimulam as sinapses de tal fórma que, com o tempo, apenas os neurotransmissores não são suficientes para garantir a passagem eficaz de impulsos nervosos. A droga passa, então, a ser “necessária” para a transmissão adequada dos impulsos nervosos. Quando isso acontece, desenvolveu-se dependência. Se, nesse estágio, o uso for suspenso, pode haver consequências (síndrome da abstinência) como dores, cãibras, febre, calafrios, vômitos, ansiedade, insônia e diarreia.

O consumo de drogas é um tema de importância social. Os prejuízos causados pelas drogas não se limitam a quem as consome, mas atingem também família, amigos, colegas e até desconhecidos, pois acidentes de trânsito e violência sob ação de drogas, além de roubos para sustentar o vício, são ­ocorrências comuns.

Grande parte das pessoas envolvidas com drogas sabe dos riscos que elas oferecem à saúde, mas sente muita dificuldade para abandoná-las. Principalmente quando já desenvolveram dependência, os usuários de drogas precisam de ajuda. Em muitas cidades brasileiras há grupos especializados no auxílio a dependentes, que empregam métodos adequados para que estes se vejam livres das drogas.

Ilustração. Um grupo de pessoas na frente de casas e prédios. Atrás e à esquerda, menino negro de camiseta cinza. Ao lado dele, homem branco, ruivo, de camisa verde com a mão no ombro de uma mulher asiática de cabelo preto liso e camiseta branca. Ela está de mãos dadas com mulher idosa branca de camiseta amarela. Ao lado dela, homem branco calvo de óculos e camiseta laranja com uma faixa branca, com a mão no ombro de uma mulher negra de cabelo cacheado preso e camiseta rosa que segura sua mão e está com a outra mão na cabeça de uma menina branca de cabelo longo preto e camiseta regata rosa. Na frente deles, mulher negra de cabelo longo cacheado e camiseta regata amarela com as mãos nos ombros de um menino branco, ruivo, de camiseta laranja. Mulher branca, loira, de camiseta rosa regata com a mão no ombro de homem branco de cabelo castanho e camiseta branca sentado em uma cadeira de rodas, que é segurada por menino asiático de cabelo preto liso e camiseta verde. Todos sorriem. A mulher negra de camiseta rosa diz: A vida oferece muitos modos saudáveis de encontrar prazer, paz e satisfação. As drogas não estão entre eles.
Ícone. Símbolo de internet.

Use a internet

Uma das organizações que prestam ajuda aos dependentes de drogas é Narcóticos Anônimos, cujo portal na internet é:

https://oeds.link/5apN8l. Acesso em: 12 abr. 2022.

Caso esse enderêço tenha mudado, busque-o por Narcóticos Anônimos.

Os Alcoólicos Anônimos estão entre as organizações que ajudam dependentes de álcool. O portal na internet é:

https://oeds.link/mQOvTG. Acesso em: 12 abr. 2022.

Caso esse enderêço tenha mudado, busque-o por Alcoólicos Anônimos.

O álcool e o fumo são drogas

Minutos depois de se ingerir uma bebida alcoólica, o álcool passa para o sangue e se espalha pelo corpo.

A atuação do álcool nas sinapses do córtex cerebral produz o quadro de embriaguez, que inclui desorientação, diminuição de reflexos, perda da coordenação motora e redução da capacidade de julgar situações. O fígado fica intoxicado, a pessoa sente náuseas, tonturas e pode vomitar. Pode até desmaiar e precisar de atendimento médico. O álcool é um depressor do sistema nervoso, e, embora a sensação inicial possa ser de ligeira euforia, o aumento da sua concentração no sangue leva ao comprometimento de atividades vitais, podendo conduzir a estado de coma, parada respiratória e morte.

Os abusos do álcool podem causar consequências dramáticas. Boa parte dos acidentes de trânsito, das brigas, dos assassinatos e dos suicídios envolve pessoas embriagadas. O consumo prolongado de álcool pode causar, entre outros danos à saúde, problemas no fígado, no coração e no sistema nervoso. O que os dependentes do álcool precisam é de ajuda e há muitas entidades espalhadas pelo país, como os Alcoólicos Anônimos, que auxiliam gratuitamente os dependentes do álcool a superarem a dependência.

Além do álcool, outra droga de uso permitido por lei para maiores de 18 anos é o cigarro comum. O fumo é prejudicial e, entre outros problemas, provoca doenças, especialmente câncer no pulmão. Para quem se vicia no cigarro, mesmo sabendo que faz mal, pode ser difícil parar de fumar. O melhor mesmo é não começar.

Ícone. Dois balões de fala.

ATIVIDADE

Para discussão em grupo

O consumo de bebidas alcoólicas ou de outras drogas pode estar vinculado a episódios de violência na sociedade e no trânsito, e também a casos de violência doméstica, muitos deles contra mulheres.

É necessário valorizar a cultura de paz na sociedade, priorizando atitudes individuais e coletivas que evitem quaisquer situações de violência, verbal ou física.

Também é fundamental difundir a valorização da não violência contra a mulher, pois tal violência, além de inaceitável, constitui crime.

Discutam que ações individuais e coletivas são urgentes para nos comprometermos com a cultura de paz e a não violência contra a mulher.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: cidadania e civismo.

EM DESTAQUE

Você e a oferta de drogas

Quase todos os adolescentes e jovens recebem ocasionalmente a oferta para usar drogas.

Quando lhe oferecerem, lembre-se do seguinte: dizer “não” pode parecer difícil, mas quem mais gosta de você é você mesmo. Ninguém pode obrigá-lo a consumir drogas se você não quiser.

Saiba decidir com segurança aquilo que deseja para sua vida e seu futuro e preocupe-se com sua opinião, e não com a de quem lhe oferece algum tipo de droga. Recusar e parecer “careta” é muito melhor do que embarcar numa viagem cheia de problemas e cujo futuro pode ser trágico.

Decida você mesmo como espera que seja seu futuro: saudável e cheio de alegria ou de dependência, problemas e doenças?

Elaborado com dados obtidos de: Gud-enóf, J.; Macguaer, B. Biology of humans: concepts, applications, and issues. sétima edição Hoboken: Pearson, 2017.

Fotografia. Seis jovens sorrindo. Na fileira de trás: rapaz asiático de cabelo preto com um topete; rapaz branco de cabelo loiro liso e camiseta amarela; rapaz negro de cabelo raspado e camiseta azul. Na fileira da frente: moça loira de cabelo liso longo; moça negra de cabelo cacheado preto na altura dos ombros e camiseta regata rosa; moça branca de cabelo liso longo e castanho.
Ninguém precisa usar drogas para ser feliz.
Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

14. Não se automedique!

É comum vermos na tevê personalidades públicas vendendo sua imagem em comerciais sôbre as maravilhas deste ou daquele remédio.

Mesmo que as propagandas de medicamentos digam coisas do tipo “consulte sempre seu médico”, elas estimulam o consumo de medicamentos sem orientação médica, numa prática denominada automedicação. Todo e qualquer medicamento provoca alteração no modo “regular” de funcionamento do corpo. Embora sejam fabricados para curar, muitos deles podem ter efeitos prejudiciais e/ou não desejados, os efeitos colaterais, e prejudicar quem os consome.

Por isso, é fundamental o hábito de medicar-se apenas sob receita médica e, por mais atraentes que sejam os apelos publicitários, não se deixar seduzir por eles.

Ícone. Letras A e Z.

ATIVIDADE

Amplie o vocabulário!

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sinapse

neurotransmissor

droga

dependência

automedicação

efeito colateral

Ícone. Ponto de exclamação. Boxe Curiosidades.

Etnociência

A etnociência estuda os saberes das populações humanas sôbre a natureza e os acontecimentos naturais.

Os conhecimentos de povos indígenas sôbre substâncias tóxicas presentes em animais, plantas e fungos, por exemplo, é o resultado de um longo período de acumulação cultural por muitas gerações. Esses conhecimentos devem ser valorizados, pois são parte da cultura dêsses povos.

Também são importantes para evitar intoxicações por drogas naturais. Além disso, drogas obtidas a partir de saberes indígenas já foram estudadas para uso, em casos específicos, como medicamentos para determinadas doenças.

Organização de ideias

MAPA CONCEITUAL

Fluxograma. Sistema nervoso formado por bilhões de neurônios, que se comunicam pelas sinapses, diretamente afetadas pelas drogas que podem ser permitidas por lei para maiores de 18 anos são fumo e álcool. 
Sistema nervoso formado por bilhões de neurônios, que se comunicam pelas sinapses, diretamente afetadas pelas drogas não permitidas por lei. 
Sistema nervoso formado por bilhões de neurônios, que se comunicam pelas sinapses, diretamente afetadas pelas drogas que podem causar dependência, problema de saúde, acidentes e morte. 
Sistema nervoso divide-se em sistema nervoso central (SNC), composto de encéfalo e medula espinal, e sistema nervoso periférico (SNP), que incluiu sistema nervoso periférico somático e sistema nervoso periférico autônomo. 
Sistema nervoso divide-se em sistema nervoso periférico (SNP), que incluiu nervos cranianos e nervos espinais, que podem conter feixes de axônios que conduzem impulsos para o SNC e feixes de axônios que conduzem impulsos a partir do SNC.
Ícone. Lâmpada.

Atividades

Use o que aprendeu

  1. Em relação ao primeiro experimento deste capítulo, explique por que é extrema­mente difícil pegar a tira de cartolina no trecho marcado com o número 1.
  2. Quais são as três partes fundamentais de um neurônio? Qual delas capta impulsos nervosos e qual os transmite para outras células?
  3. Reescreva o texto a seguir em seu caderno, completando-o corretamente com as palavras adequadas.

O sistema nervoso, que é formado por bilhões de células nervosas, denominadas , é responsável pela coordenação de muitas funções em nosso organismo.

O sistema nervoso é um importante centro de decisões, algumas delas voluntárias e outras involuntárias. Ele é formado pelo , que fica protegido pelo crânio, e pela , que fica dentro da . Já o sistema nervoso é constituído de 12 pares de nervos e 31 pares de nervos .

Os nervos do sistema nervoso são vias de comunicação por meio das quais o sistema nervoso recebe e envia nervosos.

4. Após uma pessoa encostar a mão numa panela quente ocorreram os seguintes eventos: a rápida retração do braço, a sensação de dor e um grito.

Descreva a atuação do sistema nervoso nesses eventos.

Ilustração. Mulher branca de cabelo longo preto preso para trás e com uma faixa vermelha na cabeça, camiseta verde e avental com detalhes em azul. Ela tem uma luva em uma das mãos e a outra está vermelha. A mulher está de olhos fechados e boca aberta e na frente dela tem uma panela no fogo aceso. A tampa da panela está solta no ar próxima à mão vermelha.
Deve-se ter muito cuidado ao lidar com panelas quentes. Peça sempre que um adulto o oriente.
  1. Os médicos dizem que a toxina produzida pelo Clostridium tetani é uma neurotoxina. Leia o texto do capítulo que fala sôbre o tétano e conclua: o que é uma neurotoxina?
  2. O sistema nervoso periférico inclui duas importantes divisões. Quais são elas e qual é a atuação de cada uma?
  3. A prática, de modo incorreto e sem supervisão adequada, de certas atividades, como levantar objetos pe­sados, pode provocar hérnia de disco, doença que se caracteriza pelo esmagamento de um ou mais discos de cartilagem existentes na coluna vertebral. O disco esmagado passa a pressionar a medula espinal, e isso pode, por exemplo, provocar dificuldade para mover as pernas. Explique como uma lesão na coluna pode produzir tal dificuldade.
Fotografia. Homem de bermuda cinza e chinelo com camiseta azul. Em sua frente, homem de bermuda jeans, chinelo e regata vermelha. Cada um deles carrega um grande saco apoiado no ombro.
Trabalhadores carregando sacas, atividade que pode provocar hérnia de disco. (Manaus, Amazonas.)
  1. Há uma região nas nádegas que é segura para a aplicação de injeções por um profissional de saúde. Se uma injeção for mal aplicada, fóra da região segura, pode provocar lesão do nervo isquiático. Que consequências pode causar uma lesão dêsse nervo?
  2. Explique o que é sinapse e qual é o papel de um neuro­trans­mis­sor.
  3. Por que se diz que determinadas substâncias (como a cafeína, presente no café) são estimulantes do sis­tema nervoso central?
  1. Um dos problemas associados ao consumo do álcool é que uma pessoa embria­gada pode vir a fazer coisas que não faria normalmente. Elabore uma lista de coisas que uma pessoa embriagada pode eventualmente fazer e que coloquem em risco:
    1. a sua própria vida;
    2. a vida alheia.
  2. As drogas oferecem risco apenas para quem as utiliza? Justifique sua resposta.
  3. No Brasil, tanto o uso de drogas quanto o tráfico de drogas são considerados crimes. Na sua opinião, esses crimes têm a mesma gravidade? Eles devem ser tratados do mesmo modo pelas autoridades? Justifique.
  4. Você julga que exista relação entre as mortes violentas que acontecem com adolescentes e o consumo de álcool e de outras drogas? Justifique sua opinião.
  5. Se o álcool faz mal à saúde, por que são permitidas as propa­gandas que incentivam as pessoas a beber?
  6. Se o cigarro comprovadamente faz mal à saúde, por que sua fa­bricação não é proibida?
  7. O que significa dizer que determinada droga psicoativa causa dependência?
  8. Que motivo (ou motivos) você acha que leva uma pessoa a se automedicar? Quais riscos essa atitude pode acarretar?
Ícone. Lupa.

Atividades

Explore diferentes linguagens

A critério do professor, estas atividades poderão ser feitas em grupos.

CHARGE

Observe a charge atentamente e responda às questões 1 a 3.

Ilustração. Charge. Homem calvo de óculos com um jaleco branco segurando um pequeno martelo na mão. Na frente dele, um menino de camiseta azul com um termômetro na boca sentado em uma bancada. Na parede do fundo, um diploma com moldura amarela. O homem diz: eu quero testar seus reflexos. Peça a seu cartunista para desenhar seus joelhos!
  1. De que reflexo o médico está falando?
  2. Como o médico faz esse teste?
  3. Explique o papel desempenhado pela medula no teste.

TIRINHA

Ilustração. Tirinha em quatro quadros. Calvin, menino com o cabelo com topete e camiseta listrada.
Quadro 1: o menino está na frente de uma sala de aula segurando uma folha de papel. Ele diz: minha apresentação de 5 minutos sobre “o encéfalo”. 
Quadro 2: o menino continua: claro que é difícil falar sobre a complexidade do encéfalo em apenas 5 minutos, mas, para começar, o encéfalo é parte do sistema nervoso central. 
Quadro 3: Calvin olha para o relógio em seu pulso.
Quadro 4: ele continua falando: vou fazer uma pausa para que vocês possam anotar o que eu disse. De fora da tela, alguém grita: Calvin!
  1. Além do que foi mencionado na tirinha, o que mais faz parte do sistema nervoso central?
  2. Qual é a diferença entre encéfalo e cérebro?

FOTOGRAFIA

6. Equipes de resgate de acidentados imobilizam muito bem o corpo de pessoas com fraturas na coluna antes de trans­portá-las (veja a foto). Escreva um texto no caderno justificando a necessidade dêsse procedimento.

Fotografia. Uma mulher branca de bermuda jeans e camiseta regata rosa deitada em uma maca móvel no chão, presa por fitas. Há um homem branco de roupa de proteção e luvas abaixado segurando a cabeça dela e ao lado mais um homem branco com roupa de proteção e luvas segurando um bloco vermelho.
Vítima de acidente de trânsito sendo socorrida por equipe de resgate.

DESENHO

  1. Em um grave acidente de carro, uma pessoa sofreu uma lesão na medula espinal e ficou tetraplé­gica.
    1. Faça em seu caderno um desenho esquemático representando o sistema nervoso central.
    2. Indique nesse desenho a região aproximada em que deve ter ocorrido a lesão mencionada.
    3. Explique por que alguém tetraplégico consegue mover a cabeça e o pescoço, mas não o tronco e os membros.
Versão adaptada acessível
  1. Faça uma representação do sistema nervoso central.
  2. Indique nessa representação a região aproximada em que deve ter ocorrido a lesão mencionada.
  3. Explique por que alguém tetraplégico consegue mover a cabeça e o pescoço, mas não o tronco e os membros.

TIRINHA

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

Leia e interprete a tirinha e realize as atividades 8 a 13.

Ilustração. Dois homens em um banheiro. Um deles usa uma calça preta e camiseta vermelha. Suando, ele segura um pote roxo com tampa e diz: agora entendo por que fadiga e dores musculares estão na lista de possíveis efeitos colaterais. Na frente dele, o outro homem olha. Ele segura um papel em uma das mãos e veste calça xadrez e camiseta amarela.
  1. O que é o efeito colateral de um medicamento?
  2. Utilizando a ideia de efeito colateral, explique por que a automedicação é perigosa.
  3. Medicamentos são drogas? Explique.
  4. Pesquise e registre o significado da palavra fadiga.
  5. O humor da tirinha é criado ao atribuir efeitos colaterais citados na bula do medicamento — fadiga e dores musculares — à dificuldade demonstrada pelo personagem para abrir a tampa do frasco.

De fato, há frascos com tampa difícil de abrir por quem ainda não sabe ler ou quem não observa atentamente as instruções. Essa tampa é comum em medicamentos com gôsto de balas ou outras guloseimas, destinados a crianças. Explique qual é, nesse caso, a importância de uma tampa dêsse tipo.

13. Reflita sôbre sua resposta à pergunta anterior e responda: nas casas em que moram crianças ou que são frequentadas por elas, que cuidado fundamental se deve ter com os medicamentos?

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde.

Seu aprendizado não termina aqui

As empresas produtoras de bebidas alcoólicas gastam muito dinheiro em publicidade para convencer as pessoas a consumir seus produtos. Esteja sempre atento para não se deixar levar por apelos publicitários.

Apesar de serem comercializados legalmente, o álcool e o cigarro são drogas, e é assim que devem ser vistos por você, não importando qual seja o apelo usado por quem deseja convencê-lo a utilizá-los.