CAPÍTULO 9 Principais biomas brasileiros

Fotografia A. Floresta com muitas árvores diferentes, plantas sobre troncos de árvores e aves em galhos.
Fotografia B. Área com solo ressecado e rochas com alguns cactos espalhados.
A. A Mata Atlântica tem uma exuberante variedade de fórmas de vida. (Tapiraí, São Paulo, 2021.) B. A Caatinga do interior do Nordeste apresenta outras espécies. (Serra Negra do Norte, Rio Grande do Norte, 2020.) O que determina essa diferença?
Respostas e comentários

Este capítulo e seus conteúdos conceituais

Noções sobre a localização geográfica, a importância e a biodiversidade dos principais biomas brasileiros e faixas de transição: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Floresta de Araucárias, Caatinga, Mata dos Cocais, Cerrado, Pantanal e Pampas

Esses conteúdos estão relacionados ao desenvolvimento de duas habilidades da Bê êne cê cê (veja a seguir).

De ôlho na Bê êne cê cê!

ê éfe zero sete cê ih zero sete

“Caracterizar os principais ecos­­sistemas brasileiros quanto à paisagem, à quantidade de água, ao tipo de solo, à disponibilidade de luz solar, à temperatura etcétera, correlacionando essas características à flora e fauna específicas.”

ê éfe zero sete cê ih zero oito

“Avaliar como os impactos pro­vocados por catástrofes naturais ou mudanças nos componentes físicos, biológicos ou sociais de um ecossistema afetam suas populações, podendo ameaçar ou provocar a extinção de espécies, alteração de hábitos, migração etcétera

O desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete cê ih zero sete se iniciou no capítulo 2, com a compreensão de que cada ambiente tem suas especificidades referentes a seres vivos e a fatores como quantidade de água, tipo de solo e temperatura, e que a flora e a fauna específicas estão adaptadas à vida nesse local. Neste capítulo, o desenvolvimento prossegue, com a aquisição de noções sobre os principais biomas brasileiros. O ápice do desenvolvimento se dará na atividade de encerramento desta unidade C, ao final deste capítulo.

O desenvolvimento da ha­bilidade ê éfe zero sete cê ih zero oito requer a construção de uma série de saberes ao longo dêsse volume (especialmente nos capítulos 1, 2 e neste), a fim de que, na atividade de encerramento da unidade C, os estudantes estejam em condições de, participando ativamente, avaliar como as catástrofes naturais ou as alterações em componentes de um ecossistema têm impacto sobre suas populações e podem ameaçar espécies de extinção (ou causar extinção), provocar alteração de hábitos e migrações.

Motivação

Todos os ecossistemas têm fatores vivos e não vivos, mas diferem nas espécies de seres vivos e nas particularidades dos fatores não vivos. A diversidade de espécies e a quantidade de indivíduos de cada uma delas em um ecossistema dependem das características do ambiente.

O conjunto de ecossistemas vizinhos que formam um ambiente semelhante quanto a vegetação, fauna, clima, relevo e solo é chamado bioma. As áreas geográficas em que há um bioma predominante, podendo também haver outros em menor proporção, são chamadas de domínios de bioma (ou domínios morfoclimáticos). O Brasil pode ser dividido em seis domínios de bioma: Amazônico, do Cerrado, Atlântico, das Caatingas, das Araucárias e das Pradarias.

Há ainda as faixas de transição, que são áreas que apresentam características dos domínios que as cercam. Como exemplos de faixas de transição, temos a Mata dos Cocais e o Pantanal mato-grossense.

Neste capítulo, trataremos dos biomas predominantes de cada domínio.

Domínios de bioma e faixas de transição brasileiros

Mapa. Mapa do Brasil com áreas coloridas de diferentes cores representando biomas. Amazônico (Floresta Amazônica) (em verde escuro): maior parte da região Norte. Do Cerrado (Cerrado) (em verde claro): toda a parte central do país. Atlântico (Mata Atlântica) (em rosa): litoral das regiões Nordeste, Sudeste (com uma porção interior) e Sul. Das Caatingas (Caatinga) (em marrom): parte da região Nordeste. Das Araucárias (Floresta de Araucárias) (em laranja): partes da região Sul. Das Pradarias (Pampas) (em roxo): sudoeste da Região Sul. Faixas de transição (em cinza): entre as áreas coloridas. Duas de interesse neste capítulo são: A - Mata dos Cocais – Nordeste, entre bioma amazônico e das Caatingas. B – Pantanal: Centro-Oeste, entre o bioma de Cerrado e a fronteiras com demais países da América Latina (representados em tom amarelo claro com a divisão política). Na parte inferior esquerda do mapa, rosa dos ventos com a escala indicando que 1 centímetro corresponde a 580 quilômetros.
Na legenda do mapa, o nome entre parênteses que acompanha os domínios destaca o bioma predominante em cada um deles.

Fonte: , A. N. Os domínios de natureza no Brasil. 7. edição São Paulo: Ateliê Editorial, 2012. Prancha anexa.

Desenvolvimento do tema

1. Floresta Amazônica

As florestas tropicais são aquelas que se situam na faixa entre as linhas dos trópicos (duas linhas de traçado imaginário sobre o globo terrestre). Essas florestas recebem muita chuva, sendo, por­tanto, ambientes muito úmidos. A umidade e a tempera­tu­ra pratica­mente constante tornam esses ambientes ideais para o desenvolvimento de muitas fórmas de vida. Nas florestas tropicais encontramos a maior biodi­ver­sidade do mundo.

Respostas e comentários

Motivação

Inicialmente, retome o conceito de bioma, que já apareceu no início do capítulo 1. Naquela ocasião, o livro do estudante explicou (no boxe adjacente ao texto da seção Motivação) que um bioma é uma grande comunidade de seres vivos, adaptada às condições de certa região, a qual apresenta uma vegetação que lhe é característica.

Ao revisitar esse conceito, agora com vistas a um estudo mais pormenorizado, aprimore a con­ceituação explicando que um bioma é um conjunto de ecossistemas vizinhos que formam um ambiente semelhante quanto aos aspectos vegetação, fauna, clima, relevo e solo.

A seguir, explique que existem grandes áreas geográficas no território brasileiro em que existe um bioma predominante. Nessas áreas podem, eventualmente, existir outros biomas em menor proporção, mas a predominância de um determinado bioma faz com que tais áreas sejam denominadas domínios de bioma ou domínios morfoclimáticos.

São seis os domínios que os estudiosos reconhecem no território nacional: Amazônico, do Cerrado, Atlântico, das Caatingas, das Araucárias e das Pradarias (Pampas). Eles estão esquematizados no mapa da seção Motivação.

Analise esse mapa com os estudantes e enfatize que o capítulo todo é destinado a conhecer melhor os biomas que são predominantes de cada domínio.

Explique que existem faixas de transição, que são regiões que apresentam características dos domínios que lhe são adjacentes. Como exemplos de faixas de transição, cite a Mata dos Cocais e o Pantanal mato-grossense. Saliente que as regiões onde existem manguezais não são visuali­záveis em um mapa nessa escala e, por isso, não estão nele indicadas. Os manguezais também serão estudados no capítulo.

Itens 1 a 8

Você pode usar uma metodologia de seminários para trabalhar as diversas partes deste capítulo, excetuando o Em destaque do item 8, para o qual uma outra abordagem será sugerida à frente. Veja mais sobre seminários na seção Práticas didático-pedagógicas alinhadas ao papel do professor mediador, na parte inicial deste Manual do professor.

Divida os estudantes em equipes (as mesmas que participarão da atividade de encerramento da unidade) e atribua uma parte do capítulo a cada equipe. Em sala, proporcione condições para que as equipes possam estudar e preparar a apresentação da sua parte. Disponibilize, conforme as possibilidades, materiais para que sejam preparados recursos para a apresentação do seminário: mapas do Brasil nas versões político-administrativa, relevo, vegetação e clima (estes para consulta e uso coletivo); cartolinas, cola, tesoura e revistas para recortar; computadores e aplicativos referentes às Tê dê i cês.

Insista com as equipes quanto à equidade na divisão de tarefas, a fim de que todos tenham a oportunidade de contribuir para a elaboração dos materiais a serem utilizados e participar ativamente da apresentação. A ordem de apresentação dos biomas fica a seu critério. Se julgar conveniente, sugira aos estudantes o portal í bê gê É Educa, com conteúdos sobre os biomas brasileiros e sua diversidade de seres vivos. Disponível em: https://oeds.link/9rmTBT. Acesso em: 29 maio 2022.

De ôlho na Bê êne cê cê!

O seminário sugerido contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe seis nove éle pê três oito, de Língua Portuguesa, pois exercita organizar os dados e informações pesquisados em painéis ou slides de apresentação, levando em conta o contexto de produção, o tempo disponível, as características do gênero apresentação oral, bem como as mídias e tecnologias que serão utilizadas.

Turmas numerosas

A proposta de trabalhar os blocos do capítulo com uma metodologia de seminários é especialmente útil ao trabalhar com turmas numerosas, uma vez que favorece a participação ativa de todos e valoriza as contribuições de cada estudante ao coletivo.

A estratégia também é bastante conveniente porque li­bera o docente para se concentrar na gestão disciplinar da sala de aula e na avaliação do desenvolvimento dos estudantes, especialmente no que se refere às habilidades socioemocionais e de produção e transmissão de conhecimentos. A partir dessa avaliação, o docente pode auxiliar os estudantes a incorporar ou aprimorar procedimentos e atitudes que potencializem seu desenvolvimento social e cultural.

A Floresta Amazônica é a maior das florestas tropicais do planeta. Nela existe grande variedade de plantas; estão presentes orquídeas, bromélias, musgos, samambaias, arbustos e árvores altas, algumas com mais de 30 metros. A camada fértil de solo é rasa e as árvores têm raízes pouco profundas.

E como essas raízes podem sustentar árvores tão altas sem deixá-las tombar? A resposta está ligada a uma interessante adaptação apresentada por algumas espécies. Muitas árvores altas da Floresta Amazônica têm raízes tabulares, ou seja, em fórma de tábuas. Elas ajudam na sustentação do vegetal.

Há muitas plantas que vivem sobre as árvores. Algumas delas têm raízes que descem até chegar ao solo. Essas raízes são conhecidas como cipós.

Entre as árvores amazônicas estão a castanheira-do-pará — de cujos frutos retiram-se as sementes, as castanhas-do-pará, que são muito apreciadas, além de servirem para extração de óleo — e a seringueira — árvore de cujo tronco provém o látex, que, uma vez endurecido, dá origem à borracha natural.

Sobre os troncos e galhos das árvores, encontram-se muitas espécies de seres vivos. Nesse ambiente, existem animais como preguiças, macacos, pererecas, serpentes, lagartos, tucanos, papagaios e muitos outros. Há uma infinidade de espécies diferentes de insetos, como besouros, mosquitos, borboletas e formigas.

As copas das árvores mais altas reduzem bastante a entrada de luz. Perto delas, a temperatura é alta, mas o interior da mata, abaixo delas, é mais fresco, com temperatura razoavelmente constante durante o ano todo. O vento não passa por essas copas e o ar interno é parado. O solo da floresta está sempre coberto por uma camada de folhas caídas das plantas.

Fotografia. Estrutura circular marrom subdivida em componentes em formato de gota. Ele está em meio a muitos outos componentes marrons ovalados.
Fruto aberto e sementes da castanheira-do-pará.
Fotografia. Árvore de tronco longo e robusto e raízes em forma de tábuas, dando mais firmeza à árvore.
Árvore com raiz tabular.
Fotografia. Cipó, comprido e ondulado, descendo de um galho.
Cipós.
Fotografia. Corte no tronco de uma árvore. Do corte escorre um líquido branco que pinga em um pote preso no tronco.
Do caule sulcado da seringueira escorre o látex.
Ícone. Grupo com três pessoas.

ATIVIDADE

Trabalho em equipe

A critério do professor, pode-se fazer um estudo do meio em um trecho que seja representativo do bioma típico da região.

O professor orientará previamente as equipes sobre como proceder (antes, durante e depois).

Siga todas as recomendações, para que a atividade ocorra em segurança e seja uma situação de aprendizagem e crescimento.

Respostas e comentários

Estudo do meio

Se houver viabilidade, rea­lize a atividade proposta no Trabalho em equipe, um estudo do meio envolvendo uma porção do bioma (ou da faixa de transição) referente à região em que os estudantes vivem. A título de exemplificação, estudantes dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro podem analisar um trecho de Mata Atlântica, os dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul podem estudar o Cerrado e o Pantanal, e os do Paraná podem observar a Floresta de Araucárias.

O texto Visitas guiadas, da parte inicial deste Manual do professor, detalha o roteiro de implementação dêsse tipo de atividade, incluindo como orientar as equipes antes, durante e depois da visita à porção do bioma.

Atente à necessidade de sua visita prévia ao ambiente que será o objeto de observação e de estudo, a fim de escolher, anotar e fotografar aqueles aspectos importantes que utilizará para elaborar a lista de objetivos e de perguntas a ser entregue aos estudantes.

De ôlho na Bê êne cê cê!

A proposta de estudo do meio, comentada anteriormente, propicia desenvolver a competência geral 9, pois o trabalho em equipe inclui exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos sem preconceitos de qualquer natureza.

Por meio dessa proposta, também são favorecidas: a competência específica 2, porque a atividade ajuda a compreender conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de modo a sentir segurança no debate de questões científicas e socioambientais; e a competência específica 3, por ser uma oportunidade de analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural e social, como também as relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas e buscar respostas com base nos conhecimentos das Ciências da Natureza.

Etnocartografia

A representação gráfica do espaço tem uma origem longínqua e muito diversificada entre povos distantes temporal e culturalmente.

As práticas de cartografia (elaboração de mapas) predominantes no Brasil e no restante das Américas são muito influenciadas pela cultura dos povos colonizadores.

O termo etnocartografia é usado para a produção de representações do espaço que esteja em sintonia com as percepções de grupos étnicos (minoritários), realizada por esses grupos a partir de seus conhecimentos do ambiente e em consonância com seus valores e modos de se relacionar com o ambiente natural.

A etnocartografia difere da cartografia tradicional porque é colaborativa e incorpora saberes etnocientíficos, por exemplo, relacionados à utilização, ao manejo e à preservação de recursos naturais. Mapas produzidos por práticas de etnocartografia ajudam a entender como povos indígenas encaram o meio ambiente e se relacionam com ele. Você pode mostrar aos estudantes algumas produções muito interessantes de etnocartografia realizando uma busca de imagens por etnomapas, etnocartografia e mapeamento participativo.

Se você trabalha com comunidades étnicas com amplas vivências espaciais fóra de contextos urbanos, estimule a produção etnocartográfica como parte do estudo do meio comentado anteriormente.

Se você trabalha em ambientes urbanos, estimule os estudantes a conhecer tais produções na internet, a fim de valorizar e promover a cultura de povos indígenas e outras minorias. Além disso, sugira a realização de uma mapeamento da região em que fica a escola, deixando os estudantes livres para criar também os ícones das legenda e inserir fotos de locais representativos das vizinhanças.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto
branco: meio ambiente

EM DESTAQUE

Desmatamento na Amazônia

A biodiversidade amazônica pode causar a impressão de que o solo da região é rico. Contudo, isso não é verdade. O solo amazônico é uma fina camada relativamente pobre em nutrientes.

Com a alta umidade, as folhas mortas são rapidamente decompostas por fungos e bactérias, que liberam nutrientes para o solo. São esses nutrientes que propiciam o desenvolvimento das árvores. Assim, o que mantém a riqueza das fórmas de vida no local é a própria presença de seres vivos.

O solo retém pouca água. Quando chove, a água é absorvida pelas raízes e, circulando por dentro da planta, vai até as folhas, de onde sai como vapor (transpiração vegetal) e constitui as nuvens para uma nova chuva.

As copas das árvores protegem o solo da chuva direta e do vento. As raízes seguram o solo, impedindo que seja levado pela enxurrada.

Com o desmatamento, a água da chuva consegue atingir diretamente o solo e escorre para locais mais baixos. Assim, ocorre erosão, que carrega, junto com a água, a parte de cima do solo — a parte fértil — e deixa o local incapaz de sustentar novas plantas. Sem os vegetais, os animais vão embora ou morrem.

O solo desprotegido permite que a terra escorra para os rios. Isso deixa a água barrenta e pode entupir o leito dos rios, causando enchentes.

Muitas atividades que se realizam na região amazônica têm transformado grandes áreas da floresta em deserto, com a terra nua cheia de buracos. O desma­tamento vem sendo praticado para dar lugar a terrenos para pastagem e agricultura. A extração de madeira e de minérios, assim como as queimadas, contribuem para o desmatamento, quando realizadas sem contrôle, pois podem destruir enormes áreas de floresta e, como conse­quência, matar os seres vivos, extinguindo algumas espécies e ameaçando outras de extinção.

Indígenas, seringueiros e ribeirinhos, povos que habitam a floresta, têm muito a nos ensinar. A exploração deve ser feita sem destruir a floresta. Se tirarmos pouco dela, ela terá chances de se recompor.

Elaborado com dados obtidos de: COUTO, R. G. (coordenação) Atlas de conservação da natureza brasileira. São Paulo: Metalivros, 2004.

Fotografia. Macaco com peito e braços com pelos brancos, cabeça preta e parte posterior do corpo e rabo com pelos dourados. Ele está sobre um galho.
Sauim-de-coleira. comprimento da cabeça à cauda: 55 centímetros
Fotografia. Ave com penas vermelhas, azuis e amarelas. Ela está voando com as asas abertas projetadas para a frente.
Araracanga. altura: 90 centímetros
Fotografia. Macaco com o corpo com pelos marrons e face vermelha, sobre um galho.
Uacari-vermelho. comprimento da cabeça à cauda: 70 centímetros
Fotografia. Macaco com o pelo acinzentado pendurado no galho de uma árvore pelo rabo.
Macaco-barrigudo. altura: até 68 centímetros
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Em destaque (sobre desmatamento na Amazônia)

Comente que, além de empobrecer o solo, o desmatamento pode acarretar o fenômeno da arenização, que consiste no acúmulo de areia em regiões do solo. A arenização é um processo que se manifesta em áreas onde o clima é úmido e chuvoso, o solo tem alto conteúdo arenoso e houve perda da cobertura vegetal. O fenômeno é um problema ambiental e social, pois pode prejudicar áreas de conservação e fazer com que áreas destinadas a pastagens em agropecuária tornem-se inférteis.

tê cê tê Meio Ambiente

A leitura e a interpretação dos dois textos Em destaque do item 1 são atividades que vão ao encontro da temática Educação Ambiental, inserida na macroárea denominada Meio Ambiente.

De ôlho na Bê êne cê cê!

O texto “Desmatamento na Amazônia” vai ao encontro do que é enunciado na competência específica 1, ao propiciar que os estudantes compreendam as Ciências da Natureza como empreendimento humano e o conhecimento científico como cultural e histórico.

Também favorece desenvolver a competência específica 3, pois incentiva os estudantes a analisar, compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao mundo natural e social, como também as relações que se estabelecem entre eles.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto
branco: meio ambiente

EM DESTAQUE

Manguezal

A foto A mostra um tipo de ambiente conhecido como Manguezal, que pode ser encontrado em vários pontos do litoral brasileiro, nos locais onde os rios encontram o oceano. O solo do Manguezal é muito úmido, pois, além de receber a água dos rios, é coberto pela água salgada do mar sempre que a maré sobe.

Quem visita o Manguezal pela primeira vez pode pensar que não há animais no seu solo lamacento. Mas basta observar e esperar um pouco que logo se percebe que isso não é verdade. Caranguejos costumam cavar suas tocas na lama, debaixo da sombra das árvores. Saem à procura de alimento e voltam às tocas para se proteger. Mas protegerem-se de quê?

Ao cavarem suas tocas, os caranguejos se abrigam do calor do sol e de um animal chamado guaxinim ou mão-pelada, que é seu predador.

Além de caranguejos e guaxinins, muitos outros animais podem ser encontrados no Manguezal. Lá, vivem aves como as garças, os maguaris, os socós, os urubus e os gaviões. Em meio às águas lamacentas, podem ser encontrados camarões e pequenos peixes.

O jacaré-de-papo-amarelo (foto B) também pode ser visto em alguns manguezais. Esse grande animal passa um tempão na água e depende dela para obter seu alimento. Ele come, por exemplo, peixes e aves do Manguezal.

Os restos de organismos em decomposição tornam o solo lamacento do Manguezal muito rico em nutrientes. É como se fosse uma sopa nutritiva, que serve de comida para muitos seres vivos. Muitos peixes, camarões, caranguejos e outros animais costumam deixar seus ovos nessa região para que iniciem seu desenvolvimento num local rico em alimento.

Por isso, nas águas do Manguezal, são encontradas larvas de siris, de camarões, de caranguejos e de algumas variedades de peixes. Larva é a fórma jovem e imatura de certos animais no início de suas vidas. Algumas dessas larvas vão se transformar em animais adultos. Outras servirão de comida para peixes e aves que frequentam o Manguezal.

Elaborado com dados obtidos de: CÂMARA, I. G. Megabiodiversidade Brasil. Rio de Janeiro: Sextante, 2001.

Fotografia. Imagem A. Área de manguezal com árvores com caules com prolongamentos laterais que ajudam a prender a planta no solo lamacento.
Manguezal. (Barra de Guaratiba, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.)
Fotografia. Imagem B. Cabeça de um jacaré. Ele tem o corpo formado por placas bege e marrom, tem os olhos laterais na parte superior da cabeça, aberturas nasais na extremidade do focinho e dentes largos e pontiagudos na boca.
Jacaré-de-papo-amarelo. comprimento: 2,50 métros
Respostas e comentários

Em destaque (sobre o Manguezal)

Alguns utilizam a palavra Mangue como um sinônimo de Manguezal. Outros a utilizam para se referir à vegetação do Manguezal.

Amplie a discussão sobre o Manguezal, compartilhando com os estudantes mais algumas informações sobre ele.

O Manguezal é considerado um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho, onde ocorre o encontro de água de rios com a água do mar e, por isso, está sujeito ao regime das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra.

A área de manguezais no Brasil é de cêrca de 25 mil quilômetros quadrados, distribuídos no litoral brasileiro desde o Amapá até Santa Catarina. Dos estados brasileiros banhados pelo mar, apenas o Rio Grande do Sul não apresenta formações que sejam típicas dêsse ambiente.

O Manguezal oferece condições ideais para a reprodução de animais, como peixes, moluscos e crustáceos.

Essas áreas são conhecidas como “berçários” naturais para as espécies locais e para outros animais marinhos, que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do seu ciclo de vida.

Você já sentiu o cheiro ruim de comida estragada? Esse cheiro se origina quando um alimento está em decomposição. Da mesma fórma, no solo do Manguezal existem muitos restos em decomposição e, por isso, ele cheira mal. Esses restos, apesar de malcheirosos, são alimento para pequenos animais, que, por sua vez, servem de alimento para animais maiores.

Fotografia. Imagem A. Ave com asas acinzentadas, bico fino e alongado amarelado e topo da cabeça com penas pretas. e pernas compridas. Ela está sobre um galho.
A. Maguari. altura: 1,20 métro
Fotografia. Imagem B. Ave com penas brancas, mancha amarelada entre os olhos e o bico alongado fino de cor preta e pernas compridas pretas com dedos amarelos.
B. Garça-branca-pequena. altura: 48 centímetros
Fotografia. Imagem C. Ave com penas brancas e marrom no corpo e penas pretas na cabeça. Bico alongado e fino preto e pernas curtas de cor amarela, assim como os dedos.
C. Socozinho. altura: 36 centímetros

Pensou-se, no passado, que os manguezais não tinham importância nenhuma e que o ser humano e a natureza não dependiam deles. Em muitos locais do litoral brasileiro eles foram devastados.

Acontece que os manguezais são fundamentais, entre outros fatores, para a reprodução de muitos tipos de peixes, camarões e outros animais. Destruir os manguezais é impedir que muitas espécies de seres vivos consigam se reproduzir.

2. Mata Atlântica

A Mata Atlântica é muito úmida, porém não tão quente como a Floresta Amazônica. Nela são encontrados muitos animais e vegetais que não existem em nenhum outro lugar do planeta.

A Mata Atlântica está muito mais ameaçada que a Floresta Amazônica. Estima-se que restem bem menos de 10% da área original que existia quando Cabral aqui chegou em 1500. Boa parte foi derrubada para dar lugar à lavoura de cana-de-açúcar, no Nordeste, e de café, em São Paulo e no Paraná.

A abertura de estradas e loteamentos, a expansão de cidades e a extração ilegal de madeira e palmito vêm sendo as principais causas da redução dessa importante mata nas últimas décadas.

Vários animais da Mata Atlântica correm o risco de desaparecer, como os mamíferos onça-pintada, onça-parda (suçuarana), jaguatirica e as aves papagaio-de-cara-roxa e jacutinga.

Ícone. Dois balões de fala.

ATIVIDADE

Para discussão em grupo

Observando a biodiversidade das florestas brasileiras, é fácil entender por que países estrangeiros têm tanto interesse nelas.

O que estará por trás dêsse interesse?

Respostas e comentários

Item 2

A biodiversidade da Mata Atlântica é um item que deve ser destacado. Comente que, proporcionalmente (considerando-se número de espécies por área original do bioma florestal), a Mata Atlântica apresenta diversidade biológica ainda maior que a Floresta Amazônica.

Para discussão em grupo

O trabalho proposto nessa atividade permite estimular os estudantes a desenvolver a capacidade de argumentar e de produzir análises críticas, criativas e propositivas. Também auxilia a fazer inferências a partir de seus conhecimentos prévios.

O mote é o interesse na biodiversidade amazônica como fonte de substâncias (por exemplo, para uso farmacêutico). A atividade possibilita uma discussão mais ampla, calcada na percepção de que interesses econômicos podem ser a fonte de entraves à conservação ambiental.

Assim, você pode agregar outras perguntas oportunas ao debate envolvendo outros biomas (nesse caso, postergue a atividade mais para o final do capítulo). Por exemplo: Que interesses estão por trás do desmatamento da Amazônia ou da Mata Atlântica ou da Floresta de Araucárias? Empresas de construção podem ser autorizadas a realizar empreendimentos imobiliários em locais de reserva ambiental (por exemplo, construir mansões próximas a áreas verdes de preservação)? E quanto ao aterramento de manguezais para construir estradas ou bairros residenciais? Que critérios devem reger as autorizações para tais empreendimentos? Que órgãos fornecem essas autorizações? Quem fiscaliza esses órgãos?

Na discussão, exercendo o seu papel de mediador, atue para que todos tenham oportunidade de se manifestar, inclusive os estudantes mais tímidos, e de ser ouvidos com atenção e respeito.

Aproveite a atividade para estimular os estudantes a:

  • analisar criticamente como interesses econômicos costumam se contrapor à conservação dos biomas e de todas as fórmas de vida que neles existem;
  • argumentar para defender seus pontos de vista;
  • inferir, a partir de seus conhecimentos prévios, o que pode ocorrer se os interesses econômicos forem os únicos a determinar as políticas ambientais;
  • ter uma postura propositiva ao sugerir o que deve ser feito pelos indivíduos, pela sociedade, pelas empresas e pelos governantes no sentido da valorização e da manutenção dos ambientes naturais.

No contexto da atividade, a análise crítica consiste em enunciar (explicar, explicitar) por que pessoas (ou empresas) podem obter vantagens ao explorar um ambiente. (Contrabandear espécies para estudos farmacêuticos? Extrair madeira ilegalmente? Obter área para criar gado, plantar ou construir?)

A argumentação consiste em expor as razões que embasam a análise, motivos que defendem seus pontos de vista, usando criatividade para imaginar como indivíduos teriam benefícios na exploração ambiental. (Lucros? Terras para uso próprio? Dividendos políticos? Recebimento de propina?)

A inferência, nessa atividade, consiste em usar informações e conhecimentos para tirar conclusões plausíveis sobre possíveis consequências da destruição dos ambientes. (Os estudantes já sabem da existência de equilíbrios nos ecossistemas. O que pode ocorrer se a vegetação é eliminada? Sem proteção e alimento, animais silvestres podem migrar para cidades próximas? Lá, podem sofrer prejuízos ou acarretar malefícios? Alguns podem se transformar em pragas urbanas? Sem a vegetação nativa e sem predadores naturais, insetos podem invadir cidades e plantações?)

Realizar uma proposição é sugerir ação, é convocar para a atuação com determinado objetivo. (Como fazer nossa parte? Manter-se informado? Divulgar a valorização ambiental? Priorizar empresas com boas práticas ambientais? Boicotar as que não têm? Pressionar políticos contrários às causas ambientais?)

De ôlho na Bê êne cê cê!

A proposta do boxe Para discussão em grupo oportuniza que sejam beneficiadas: a competência geral 2, porque solicita recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para elaborar hipóteses e propor soluções; a competência geral 7, pois a atividade requer argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado do planeta; e a competência específica 4, porque os estudantes são convidados a avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência com relação aos desafios do mundo contemporâneo.

Por envolver debate, oportuniza-se exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza, favorecendo a competência geral 9.

Também favorece a habilidade de Língua Portuguesa ê éfe seis nove éle pê um cinco (“Apresentar argumentos e contra-argumentos coerentes, respeitando os turnos de fala, na participação em discussões sobre temas controversos e ou ou polêmicos”).

Muitos rios correm pela Mata Atlântica. Com o des­ma­ta­men­to nas suas beiradas, os rios recebem muita terra, que é levada por eles até os manguezais. Isso pode soterrar os manguezais, que são importantes berços da vida aquática.

As fotos a seguir mostram alguns dos habitantes da Mata Atlântica.

Fotografia. Imagem A. Macaco com pelos dourados no corpo e ao redor da face sobre o galho de uma árvore.
A. Mico-leão-dourado. comprimento da cabeça à cauda: 60 centímetros
B. Planta de folhas largas e verdes, e inflorescência rosa em forma de espiga sobre o tronco de uma árvore.
B. Bromélias sobre tronco. diâmetro: até 1,10 métro
Fotografia. Imagem C. Ave com asas e cauda pretas, peito amarelo e barriga e região ao redor dos olhos vermelhas. O bico é alongado, curvo e tem cor verde.
C. Tucano-de-bico-verde. altura: 45 centímetros

3. Floresta de Araucárias

A araucária é o pinheiro brasileiro, muito conhecido no Paraná. No passado, praticamente todo esse estado estava coberto pela Floresta de Araucárias (ou Mata de Araucárias). Partes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul também.

Trata-se de uma floresta onde predomina o pinheiro-do-paraná, ou araucária, com árvores que podem atingir 50 metros de altura. Vegetação rasteira — grama e capim — também é encontrada, assim como variedades de samambaias e árvores como o cedro e a imbuia. O verão nessa área é quente e o inverno tem temperaturas bem baixas.

Resta, hoje, pequena parte da mata original. Ela foi derrubada para dar lugar a plantações, pastagens, cidades, estradas e para a extração ilegal de madeira. O pouco que ainda existe está sobretudo em áreas de conservação.

Fotografia. Vista aérea de uma floresta com muitas árvores de tronco comprido e galhos se ramificando na porção superior dele, em formato similar ao de um candelabro.
Floresta de Araucárias. (Urubici, Santa Catarina, 2019.) altura da araucária: até 50 métros
Ícone. Pessoa lendo um livro.

ATIVIDADE

Tema para pesquisa

Os conhecimentos dos povos indígenas sobre o ambiente em que vivem se expressam de diversas fórmas em sua vida, por exemplo, nas moradias, na obtenção de alimentos, nos rituais e nos demais aspectos de sua cultura. Esses saberes são o objeto de estudo da etnociência.

Pesquise um exemplo de povo indígena brasileiro, o bioma característico da região que habita e um elemento de sua cultura que revela o seu conhecimento e sua afinidade com a natureza.

Respostas e comentários

Item 3

Comente que a araucária é uma espécie muito antiga; surgiu evolutivamente na época dos dinossauros, há cêrca de 200 milhões de anos, no início do período Jurássico. A região onde predominam as araucárias tem clima subtropical e altitude relativamente elevada (entre 800 e .1000 metros), com temperaturas baixas, às quais a planta está adaptada.

Etnociência

O Tema para pesquisa pro­põe que os estudantes se informem sobre etnoconhecimentos de povos indígenas brasileiros.

A esta altura do curso, torna-se oportuno esclarecer que a ex­pressão cultura ocidental foi cunhada nas Ciências Humanas para designar o conjunto de tradições, valores éticos, embasamentos filosóficos, sistemas políticos, pensamentos científicos e tecnológicos cuja origem está, de alguma fórma, associada à Europa (remontando, em última aná­lise, à civilização grega da Antiguidade). As sociedades em que predomina a cultura ocidental são coletivamente denominadas civilização ocidental. Isso inclui o Brasil, como decorrência de sua colonização europeia.

Os povos indígenas da América têm sua cultura e seu sistema de vida criados de modo independente da cultura ocidental e são, nesse contexto, consideradas civilizações não ocidentais. (Note que, mesmo esses povos vivendo geograficamente no Hemisfério Ocidental do planeta, a terminologia não ocidental aplica-se, no caso, aos seus aspectos culturais, criados e estabelecidos sem influência europeia.)

As populações não ocidentais podem ser chamadas de povos tradicionais, e seus saberes – que provêm de observações, experimentações, descobertas, reflexões, acúmulo e transmissão oral ao longo de muitas gerações –, de conhecimentos tradicionais.

Entre esses saberes, estão o modo como essas populações interagem com os animais, as plantas e os demais seres vivos, como empregam e preservam os recursos naturais, como concebem e valorizam a natureza, o seu território e o seu próprio pertencimento ao mundo natural. São conhecimentos etnocientíficos, saberes estudados pela etnociência (do grego , origem ou condição comum, povo, nação).

Dentro dessa concepção da importância do estudo da interação das populações tradicionais com a natureza, a atividade do Tema para pesquisa solicita pesquisar um exemplo de povo indígena brasileiro, o bioma característico da região que habita e um elemento de sua cultura que revela o seu conhecimento e sua afinidade com a natureza. As possibilidades aqui são inúmeras e podem envolver as moradias (adaptadas ao clima, chuvoso ou seco, quente ou frio), a obtenção de alimentos (caça e pesca em certas épocas de maior abundância, cultivo de plantas para outras épocas), os rituais e demais aspectos de sua cultura (alguns dos quais associados a elementos da natureza, aos astros e ou ou às estações do ano). Entre os conjuntos de palavras-chave que podem ser utilizados pelos estudantes para iniciar uma busca, podem (se julgar necessário) ser sugeridos: cultura indígena e natureza; povos indígenas integração com a natureza; e ou ou povos tradicionais indígenas e bioma. Aproveite para resgatar o que foi trabalhado no capítulo 12 do volume anterior sobre “constelações indígenas” e como são usadas para perceber eventos como as épocas do ano mais propícias para plantar, caçar ou pescar.

Durante a atividade, estabeleça também uma relação com o Para discussão em grupo do item 2.

Os conhecimentos etnocientíficos de populações tradicionais são alvo de grande interesse na área de medicamentos, pois esses saberes incluem a utilização medicinal de plantas (e, eventualmente, de outros seres vivos).

Ter acesso a esses conhecimentos possibilita que centros de pesquisa iniciem suas investigações já com “parte do caminho percorrida”. Em princípio, não é antiético aproveitar etnoconhecimentos para produzir medicamentos, desde que haja consentimento por parte da população que os detém e a devida contrapartida na futura exploração comercial. Antiético é explorar esses saberes sem que haja a concordância e a valorização das comunidades de onde foram obtidos e a devida compensação em troca deles. Entre as possíveis medidas compensatórias pode-se incluir o estabelecimento de parcerias nas quais parte dos lucros seja revertida para a preservação ambiental das reservas territoriais, da manutenção da qualidade de vida dessas populações, de seu modo de vida e de sua cultura.

De ôlho na Bê êne cê cê!

O boxe Tema para pesquisa do item 3 incentiva valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que possibilitem ao estudante entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania, com consciência crítica e responsabilidade, favorecendo o desenvolvimento da competência geral 6.

4. Caatinga

O interior da região nordestina é o lugar do país com menor índice de chuvas. Nessa área só conseguem sobreviver espécies adaptadas à seca.

Essa região do sertão nordestino, a Caatinga, cobre cêrca de um décimo do território brasileiro. Arbustos e árvores baixas, que geralmente perdem as folhas na época da seca, marcam a paisagem nessa região. Há também os cactos. A Caatinga tem aspecto de deserto, e a seca, às vezes, pode durar anos.

As plantas estão adaptadas à falta de água, com paredes grossas e folhas transformadas em espinhos que reduzem a perda de água e caules capazes de armazenar água.

Os animais que vivem na Caatinga também estão adaptados ao ambiente quente e seco. Alguns, como cascavéis e lagartos, têm pele grossa e impermeável, que reduz a perda de água. Outros, como aranhas e escorpiões, têm exoesqueletos impermeáveis que também desempenham esse papel. De modo geral, os animais da região exibem comportamentos adaptativos que reduzem a perda de água, tais como sair do abrigo só à noite ou abrigar-se do sol nos períodos mais quentes do dia.

Fotografia. Lagarto de cor marrom e cauda longa no solo.
Calango: lagarto da Caatinga. comprimento da cabeça à cauda: até 70 centímetros
Fotografia. Uma área com solo seco, cactos com caule segmentado achatado e árvores baixas, ressecadas e sem folhas.
Caatinga. (Canudos, Bahia, 2021.)

5. Faixa de transição: Mata dos Cocais

Na faixa de transição entre a Floresta Amazônica, o Cerrado e a Caatinga, existe a Mata dos Cocais.

Nela, encontramos as palmeiras babaçu, macaúba, carnaúba e buriti. Essas plantas fornecem muitos produtos de interesse para o ser humano, como ceras, óleos, fibras e madeira.

Algumas populações locais sobrevivem extraindo dessas palmeiras os produtos de importância e vendendo-os para indústrias, que os processam e comercializam.

Na Mata dos Cocais encontramos também a árvore denominada oiticica, de cujas sementes se pode extrair óleo, que pode ser empregado na fabricação de tintas e vernizes.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[LOCUTOR] Desenvolvimento sustentável na Mata dos Cocais

As atividades de extração e quebra do coco do babaçu são a base da renda de milhares de famílias que moram nas regiões da Mata dos Cocais. Mais de 300 mil mulheres exercem essa atividade de extrativismo. Elas são conhecidas como mulheres quebradeiras de coco-babaçu. As quebradeiras são o exemplo da aplicação de conhecimentos e práticas sustentáveis na utilização de recursos naturais.

Para nos contar sobre as atividades das comunidades que vivem desse tipo de agroextrativismo e suas contribuições para a conservação dos recursos naturais, convidamos Rosenilde Gregória dos Santos Costa, quebradeira de coco-babaçu da comunidade Taquaritiua, no Maranhão.

[vinheta]

[Rosenilde da Costa] Então, as mulheres quebradeiras de coco são mulheres que moram nas comunidades do interior, como nós falamos aqui, que vivem nas comunidades fazendo esse trabalho de extrativismo. Nós somos comunidades tradicionais, porque... nós quebramos o coco não simplesmente só como questão econômica, mas nós quebramos coco por ser um modo de vida também. Nós temos esse jeito de fazer essa atividade. Então, as mulheres quebradeiras de coco saem de manhã para juntar coco, cuidam dos babaçuais, cuidam na verdade do meio ambiente, da vida das palmeiras. Porque... nós precisamos das palmeiras em pé, para que todo ano elas nos deem mais cachos de coco. Então, a gente tem um cuidado muito grande com o local onde essas palmeiras de babaçu existem.

[Rosenilde da Costa] Os estados em que existem as quebradeiras de coco, talvez eu não te diga todos, porque têm alguns estados que não estão em área de articulação, mas que têm babaçu. Agora, os estados em que existem um trabalho, uma relação direta das mulheres com o babaçu, que a gente conhece são: o Maranhão, o Piauí, o Tocantins e o Pará. Mas a gente sabe que tem outros estados, que também têm a palmeira de babaçu. Mas não tem essa mesma relação, essa mesma vivência com esse modo de vida, com relação às palmeiras de babaçu: da quebra do coco, do uso dos produtos do babaçu, com a mesma tradição que se usa e que se faz nesses estados.

[Rosenilde da Costa] Sobre a venda... durante muito tempo a gente vendia só as amêndoas para os atravessadores. São aquelas pessoas que vinham com o dinheiro só comprar o coco nas nossas comunidades, só comprar as amêndoas. Isso durou muito tempo, tem muita comunidade que ainda vende a amêndoa, mas nós temos alguns grupos de mulheres hoje que são ligadas ao movimento interestadual das quebradeiras de coco-babaçu e outras associações também, que já fazem um aproveitamento melhor do babaçu e isso agregando mais valor, como é o uso da massa do coco, da farinha ou mesmo do carpo, do jeito que a gente quer chamar, cada região chama de um jeito, sendo que é o mesmo produto, que é o mesocarpo. O uso do azeite, transformando as amêndoas que a gente vendia in natura, agora a gente transforma isso em azeite e comercializa, ou em óleo, podemos falar assim, em óleos, e comercializamos tanto para alimentação como para sabão e sabonete. Então, a comercialização dos nossos produtos se dá assim.

[Rosenilde da Costa] Sobre a importância do extrativismo para a economia local, talvez, ela não seja visível ao capital, podemos falar assim. Mas ela é muito importante para nós, que é a questão da preservação ambiental. Então, onde tem quebradeira, tem uma defensora do meio ambiente, tem uma defensora das florestas. E a floresta de babaçu, quando a gente defende a floresta de babaçu, nós estamos defendendo todos os outros seres dentro dos babaçuais. Então, para nós, nesse sentido, tem essa importância muito grande, além de que, com o extrativismo, a gente consegue, além de cuidar do meio ambiente, tirar também o nosso sustento. E, quando a gente tem uma floresta de babaçu que não foi devastada, que ela é cuidada pelos povos e comunidades tradicionais, ela tem mais significado ainda, porque, além do babaçu, a gente tem outra diversidade de frutos, de extrativismo, como também os animais. Então, tem esse valor que é muito maior do que o econômico.

Fotografia. Uma área com algumas palmeiras altas. As folhas saem do topo da árvore, deixando a maior parte do tronco sem galhos ou folhas.
Mata dos Cocais. As carnaúbas, árvores mais altas nesta foto, chegam a 12 metros de altura. (São Raimundo Nonato, Piauí, 2021.)
Respostas e comentários

Itens 4 a 6

Comente com os estudantes que a Caatinga existe apenas no território brasileiro, ocupando 10% da área total do país. Existem no mundo outras regiões semiáridas. Áreas no Chile, na Ásia e na África também são de clima semiárido e têm regime irregular de chuvas. Na Caatinga, porém, a biodiversidade é bem maior, com espécies diferentes e exclusivas. Caatinga vem do tupi e significa mata branca. Esse nome está relacionado à ausência de folhas na vegetação que predomina durante a época de seca.

Quanto ao Cerrado, comente que a baixa umidade e a alta temperatura típicas do bioma favorecem o fogo nas épocas secas. Antes mesmo da ação antrópica, raios que ocorriam durante as tempestades já provocavam o incêndio da biomassa seca acumulada no solo. Algumas espécies têm adaptações que possibilitam rápida retomada do crescimento após o fogo. (Isso não deve ser considerado estímulo a incêndios de origem humana; veja a seguir.) A germinação das sementes de algumas espécies é um fator que pode ser facilitado pelo fogo. Quando a temperatura se eleva rapidamente, podem ocorrer fissuras nas sementes que não são carbonizadas, favorecendo a posterior entrada de água para o início do processo de germinação.

Destaque também as consequências das queimadas para os animais, que precisam fugir do fogo.

6. Cerrado

O Cerrado ocupa cêrca de um quarto do território nacional. Nessa região, costuma chover com certa regularidade no período de outubro a abril, quando o solo fica coberto por bastante grama e capim. No restante do ano, o clima é seco, o que diminui a quantidade de grama e capim e faz a parte superficial do solo ficar seca.

Fotografia. Campo com gramíneas rasteiras e alguns arbustos e árvores espaçadas com troncos retorcidos.
Vista parcial do Cerrado, com árvores típicas de galhos retorcidos. (São Roque de Minas, Minas Gerais, 2021.)
Fotografia. Árvore com o tronco e galhos retorcidos e folhas formando uma copa arredondada.
Pequizeiro: árvore com galhos tortuosos e casca grossa, típica do Cerrado, que chega a medir 10 metros de altura. (Caiapônia, Goiás, 2019.)

No Cerrado, há arbustos e certas árvores que não são de grande porte, têm galhos retorcidos, cascas grossas e não crescem muito. Estão espalhadas e não fazem muita sombra. A luz solar chega praticamente a todos os lugares, não existindo locais mais frescos que outros.

O Cerrado não tem a grande quantidade de chuvas das florestas tropicais úmidas, mas não chega a ser tão seco como a Caatinga. As raízes de algumas plantas são muito profundas, algumas com mais de 15 metros. Essa adaptação permite ao vegetal conseguir água nos lençóis freáticos e sobreviver.

Na época da seca, ocorrem queimadas. Umas são naturais; outras, causadas pelo ser humano. Algumas árvores têm a incrível adaptação de resistir às queimadas e brotar na época chuvosa seguinte.

Os animais encontrados no Cerrado são lobos-guará, tamanduás­‑bandeira, emas, tatus-canastra, pacas, entre outros.

Fotografia. Imagem A. Lobo-guará, animal que se assemelha a um cachorro, mas com pernas compridas, focinho mais fino e orelhas maiores sempre em pé, com pelos dourados. Fotografia. Imagem
A. Lobo-guará. altura: 80 centímetros
Fotografia. Imagem B. Tamanduá andando em um lugar com vegetação rasteira. Esse animal tem focinho fino e comprido e rabo bastante peludo. Tem coloração marrom com faixa preta na parte dorsal do tronco. Fotografia. Imagem .
B. Tamanduá-bandeira. comprimento do focinho à cauda: 2,20 métros
Fotografia. Imagem C. Ema, ave com penas acinzentadas e pescoço comprido.
C. Ema. altura: 1,70 métro
Ícone. Símbolo de internet.

Use a internet

Conheça animais que vivem no Cerrado explorando a exposição virtual: https://oeds.link/572mfh. Acesso em: 9 maio 2022.

Respostas e comentários

Antes da ocupação humana, os animais conseguiam escapar se refugiando em áreas vizinhas. Depois que a vegetação estivesse recuperada, os animais podiam retornar e repovoá-la.

Com a ocupação humana, estabelecendo cidades e fazendas, os incêndios apresentam consequências muito prejudiciais à fauna. Atualmente, não existem muitas regiões de vegetação natural ao redor de uma área de preservação. Assim, os animais ficam confinados na região que está em chamas. Nem para fazendas os animais podem fugir, pois plantações com cêrcas de arame farpado podem matá-los ou impedir sua entrada.

Use a internet

O boxe Use a internet do item 6 sugere a exposição da Universidade de Brasília sobre o Cerrado. Ela permite analisar as diferentes formações vegetais e obter mais informações sobre a fauna do bioma. Explore o portal com os estudantes, ressaltando as características dêsse ambiente e a importância das medidas de preservação do bioma.

7. Faixa de transição: Pantanal

O Pantanal, também chamado Pantanal mato-gros­sense, ocupa a faixa de transição entre a Floresta Amazônica e o Cerrado, e ocorre em parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A quantidade de chuvas não é tão grande como numa floresta tropical, mas se concentra no mesmo período. Nesse local existem duas estações: uma seca e outra chuvosa.

A biodiversidade encontrada no Pantanal é espantosa. O terreno na região é plano com suaves ondulações. Na época das chuvas, ocorre a inundação de muitas áreas do Pantanal. Só as partes mais altas escapam do alagamento e servem de abrigo para os animais terrestres que lá vivem.

A cheia periódica é fundamental para a vida na região. Com as chuvas, os rios que chegam ao Pantanal trazem pequenas partículas de alimento para os micro­rganismos aquáticos. Eles se desenvolvem e se multiplicam. Como servem de alimento aos peixes pequenos, estes também se desenvolvem e se reproduzem, fornecendo alimento aos peixes maiores, que, por sua vez, são devorados pelas aves pescadoras e pelos jacarés. As fezes dêsses animais servem de alimento aos microrga­nismos. E o ciclo se repete.

Quando as águas baixam, muitos nutrientes nelas presentes ficam no solo, servindo de adubo para os vegetais. O Pantanal é riquíssimo em fórmas de vida e, portanto, de muito interesse para a Ciência. Ele vem sendo ameaçado pelo uso de fertilizantes e agrotóxicos, que se acumulam na água e prejudicam os seres vivos. O mercúrio empregado nos garimpos também contaminou seriamente alguns dos rios da região.

Fotografia. Vista aérea de uma área plana com floresta e áreas inundadas.
O Pantanal, fotografado durante a cheia. (Pantanal, Mato Grosso do Sul, 2017.)
Fotografia. Área de planície inundada com gramíneas ao redor e árvores ao fundo.
Vegetação do Pantanal, em área inundada. (Aquidauana, Mato Grosso do Sul, 2021.)
Fotografia. Dois tuiuiús, aves com asas brancas, uma faixa laranja no pescoço, e cabeça preta. Elas são aves grandes, de pernas compridas e bicos longos e finos na cor preta.
O tuiuiú, ou jaburu, é uma das aves mais conhecidas do Pantanal. (Aquidauana, Mato Grosso do Sul, 2021.) altura: 1 métro
Ícone. Grupo com três pessoas.

ATIVIDADE

Trabalho em equipe

Um slogan é uma frase criativa e de impacto, que tem por objetivo transmitir uma ideia.

Você já viu e ouviu muitos slogans nos comerciais de tevê, rádio e imprensa.

A tarefa do grupo é elaborar um slogan que transmita a ideia de que é importante conservar os biomas brasileiros.

Respostas e comentários

Itens 7 e 8

Além de sofrer influência da Floresta Amazônica, do Cerrado e da Mata Atlântica, o Pantanal (uma faixa de transição entre domínios) é influenciado pelo Chaco, área pantaneira localizada no norte do Paraguai e leste da Bolívia.

Aproveite para comentar com os estudantes que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil ainda persistem em populações razoáveis no Pantanal.

Sobre os Pampas, destaque que seu relevo é pouco acidentado e sua flora é constituída de plantas rasteiras, arbustos e árvores baixas.

O clima é quente no verão e bastante rigoroso no inverno. As áreas utilizadas para a agricultura ou pecuária extensivas acabam por perder as características originais do bioma.

Conteúdos procedimentais sugeridos

  • Elaborar slogans que transmitam a ideia da importância da conservação dos biomas brasileiros.
  • Elaborar uma tabela comparando os biomas brasileiros quanto à vegetação e à fauna, suas inter-relações e suas interações com o solo, com o clima, com a disponibilidade de luz, com a disponibilidade de água e com as sociedades humanas.

A elaboração do slogan é a proposta do Trabalho em equipe, no item 7 do capítulo.

A elaboração da tabela em que se comparem os ecossistemas brasileiros (com todo o levantamento de dados e análise subjacente a essa elaboração) é proposta da atividade de encerramento desta unidade (Isso vai para o nosso blog!, ao final deste capítulo) e está relacionada ao desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete cê ih zero sete da Bê êne cê cê.

8. Pampas

Os Pampas são regiões de campos existentes no Rio Grande do Sul. É um bioma com poucas árvores, coberto por grama e capim.

Esse ambiente de clima frio e vegetação rasteira vem sendo empregado, há muito tempo, para a criação de gado. Grandes plantações de trigo e soja também são encontradas. Em alguns locais, o solo já perdeu a fertilidade e se transformou em solo nu e improdutivo, ou seja, sofreu desertificação.

Fotografia. Diversos bois em um campo com gramíneas e arbustos.  Do lado esquerdo, um corpo d´água e ao fundo, árvores
Criação de gado nos Pampas. (Júlio de Castilhos, Sul, 2020.)
Ícone. Ponto de exclamação. Boxe Curiosidades.

Saiba de onde vêm as palavras

“Pampa” vem do quíchua pampa, que quer dizer planície. Quíchua é a língua dos quíchuas, povo indígena que habitava extensa região da América Latina. A língua ainda é falada em regiões da Bolívia, da Argentina, do Equador e do Peru.

Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: ciência e tecnologia. Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: saúde. Ícone. Tarja de fundo preto com texto branco: meio ambiente

EM DESTAQUE

Tecnologia, meio ambiente e saúde

Um pouco da história da tecnologia

O surgimento da tecnologia foi consequência de necessidades presentes na vida dos humanos pré-históricos, que precisavam, por exemplo, de instrumentos para defesa, caça e córte de alimentos. O ser humano percebeu que, ao utilizar uma pedra para bater em outra, poderia lascar uma delas até que se tornasse pontuda e perfurante ou apresentasse uma lateral cortante. Ao unir esta pedra a uma vara, surgiram as primeiras lanças e, se tivessem cabos mais curtos e para serem usadas próximas das mãos, formavam instrumentos semelhantes a facas.

O desenvolvimento dêsse tipo de ferramenta permitiu caçar animais de tamanho maior e cortar de fórma mais eficiente o produto da caça, já que os dentes humanos não são tão proeminentes como os dos animais carnívoros. Com o tempo, modificações das ferramentas e dos materiais nelas utilizados originaram novos instrumentos, como o machado. (Estudaremos as ferramentas no capítulo 10.)

Com o domínio de algumas ferramentas e conhecimentos sobre plantas e animais decorrentes de observações que eram feitas há muitas gerações, grupos de humanos se tornaram agricultores (cultivadores de plantas) e pecuaristas (criadores de animais), deixando de se mover de um local a outro em busca de alimento (isto é, como nômades coletores) e estabelecendo-se em locais fixos.

Essa fixação teve vantagens e desvantagens para as populações da época. Por um lado, puderam construir casas ou se abrigar em formações naturais, como cavernas, que ofereciam maior proteção. Também conseguiram armazenar pertences e passaram a ter maior disponibilidade de alimento, pois este podia ser estocado por algum tempo. Por outro lado, a qualidade da alimentação diminuiu, pois consumiam menor diversidade de alimentos. Além disso, despendiam mais tempo cuidando dos animais e das plantas do que gastariam caçando e coletando, como nômades.

Respostas e comentários

Interdisciplinaridade

A proposta do Trabalho em equipe do item 7 é oportuna para ressaltar algumas habilidades dos estudantes, entre elas a criatividade, o uso da linguagem, o humor e a capacidade de desenhar.

Por que um slogan? Porque é uma maneira de desenvolver a criatividade e, ao mesmo tempo, usar o que se aprendeu, dando ênfase ao que realmente é essencial. Afinal, um slogan deve ser breve, objetivo e de muito efeito.

É uma atividade na qual costumam aparecer slogans geniais e que pode ser desenvolvida em conjunto com os professores de Língua Portuguesa e Arte.

Como parte da atividade, proponha a elaboração de cartazes (físicos ou digitais) que utilizem o slogan. Isso estimula o desenho, a manipulação remix de imagens e quaisquer outros aspectos das artes visuais (em papel ou em aplicativos para computador, tablet ou celular).

De ôlho na Bê êne cê cê!

A atividade do boxe Traba­lho em equipe do item 7 oferece oportunidade para desenvolver a competência geral 4 e a competência específica 6 quanto a utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

Além disso, como a atividade abre espaço para diversas manifestações artísticas na elaboração dos cartazes, ela estimula valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, participando de práticas diversificadas da produção artístico-cultural (competência geral 3).

tê cê tês Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente e Saúde

O texto Em destaque consiste em um ponto extremamente importante do capítulo e do volume, pois propicia o de­senvolvimento de habilidades importantes da Bê êne cê cê (comentadas mais à frente) e também se insere nas temáticas Ciência e Tecnologia, Educação Ambiental e Saúde, cada uma delas pertencente às macroáreas citadas.

Em destaque

No seu planejamento, reserve bastante tempo para o texto “Tecnologia, meio ambiente” e saúde e utilize a metodologia ativa sala de aula invertida.

Divida o texto em três blocos (comentados à frente) e solicite aos estudantes que os estudem em casa, fazendo resumos com texto e ou ou esquemas e ou ou mapas conceituais.

Em aula, sorteie alguns estudantes para apresentar cada trecho aos demais. Estimule a turma a participar, expondo opiniões e conhecimentos sobre o tema. Faça pausas para esclarecer dúvidas e complementar as exposições.

Em destaque – trecho Um pouco da história da tecnologia

A ideia central dêsse trecho é que a tecnologia começou com as necessidades dos humanos pré-históricos e avançou ao longo do tempo. Hoje, ela consiste em aplicações das Ciências da Natureza a problemas práticos.

Dê uma passada geral nos parágrafos do texto e verifique se as ideias foram compreendidas. Saliente que há tecnologia em qualquer produto humano no qual um ou mais recursos naturais foram usados para solucionar problemas práticos: de vassouras a computadores, de talheres a celulares, de panelas a satélites artificiais. Mencione teares manuais, encanamentos de água, tubulações de esgôto, vasos sanitários e chuveiros como exemplos de tecnologia. Peça aos estudantes que deem outros exemplos tradicionais de tecnologia usados em seu cotidiano.

Saliente que, durante muito tempo, na história da humanidade, os avanços tecnológicos estiveram ligados a tentativa e erro e às técnicas artesanais de produção. Nos últimos séculos, contudo, os avanços da Ciência passaram a ser fundamentais nos progressos tecnológicos. Hoje, a tecnologia consiste na aplicação de conhecimentos científicos para finalidades práticas.

O estabelecimento de agrupamentos geograficamente fixos originou posteriormente vilas e cidades, tendo como consequência o aprimoramento da tecnologia, estendida para a construção de edificações, represamento de rios, elaboração de sistemas de irrigação de lavouras, distribuição de água e coleta de águas servidas (capítulo 6).

Avanços na obtenção de materiais permitiram substituir as pedras das ferramentas por metais obtidos a partir de minérios. A produção do bronze pela humanidade começou há cêrca de .5000 anos e a do ferro, há aproximadamente .3500 anos. Com os metais, foram desenvolvidos instrumentos para preparar a terra antes de plantar. O desenvolvimento da roda (há mais de .5500 anos) possibilitou a construção de carroças e sua utilização no transporte de mercadorias para o comércio. Avanços tecnológicos da Antiguidade também permitiram a construção de embarcações, o que ampliou o comércio entre povos. A tecnologia continuou a se aprimorar nos séculos seguintes.

A Ciência teve grande impacto na tecnologia, pois estudos científicos fornecem conhecimentos para melhorar materiais, procedimentos e dispositivos. Atualmente, a tecnologia consiste na aplicação do conhecimento científico para finalidades práticas. Ela envolve métodos, instrumentos, técnicas e produção de materiais e equipamentos decorrentes da Ciência, permitindo resolver problemas e facilitar a realização de tarefas, sejam afazeres da vida cotidiana ou procedimentos profissionais altamente específicos.

Novos materiais (como ligas metálicas, semicondutores, plásticos e compósitos) permitiram a construção de motores mais avançados, aeronaves mais leves, equipamentos elétricos e eletrônicos e uma imensidão de inovações que existem atualmente. (Aprenderemos mais sobre avanços recentes da tecnologia no capítulo 10.)

Tecnologia e ambiente

Os avanços tecnológicos são importantes em muitas áreas, entre elas a preservação ambiental e a melhoria da saúde humana.

Há evidências de que os humanos exploram de maneira não sustentável a natureza há milênios, modificando, destruindo e se apropriando de diversos recursos naturais. Exemplo são as queimadas intencionais, que começaram a ser praticadas logo após o ser humano adquirir contrôle do fogo, há cêrca de 300 mil anos.

Essa atividade tinha a intenção de criar campos abertos (que afugentavam os animais grandes e atraíam os pequenos, fáceis de caçar) e de coletar alimentos que eram duros quando crus, mas fáceis de consumir quando assados (por exemplo, batata). Outro exemplo da ação prejudicial do ser humano sobre o ambiente é o da extinção de inúmeras espécies devido à caça e às modificações dos hábitats.

O tempo não eliminou essas práticas. Hoje, são frequentes as notícias de queimadas intencionais para expansão da agropecuária, da prisão de indivíduos comercializando ilegalmente animais silvestres ou madeira não certificada, de caça a espécies protegidas e de atropelamentos de animais silvestres em estradas.

Algumas tecnologias possibilitam prevenir e combater crimes contra a natureza.

Por exemplo, as imagens de satélites permitem, além de fazer estatísticas, monitorar atividades de desmatamento, queimadas e garimpo ilegais, oferecendo a possibilidade de que órgãos fiscalizadores possam reprimir eficientemente esses crimes ambientais. Além disso, aplicativos de celular possibilitam à população denunciá-los.

A instalação de câmeras de vídeo em ambientes naturais ajuda pesquisadores a fazer levantamentos de fauna e estudos de relações ecológicas para implantar medidas eficientes de preservação ambiental. A criação de corredores ecológicos (pontes ou túneis que ligam dois espaços de área natural que anteriormente eram unidos e foram separados por estradas ou outras construções) contribui para diminuir atropelamento de animais silvestres e restabelecer o contato entre grupos de seres vivos que habitam esses locais.

Técnicas de manejo adequado do solo, seleção de plantas mais resistentes (a pragas e a fenômenos naturais) e desenvolvimento de maquinário que auxilia nas etapas do cultivo permitiram aumento da produtividade agrícola, diminuindo a necessidade de desmatar novas áreas para plantio.

Fotografia. Ave com penas acinzentada. Nas costas da ave há um pequeno dispositivo preto arredondado, similar a um botão.
Telemetria é o uso de tecnologia para monitorar os deslocamentos dos animais. Na foto, falcão com rastreador via satélite (Ucrânia, 2019).
Respostas e comentários

Interdisciplinaridade

Proponha ao docente de História um trabalho no qual equipes montem uma linha do tempo com informações dêsse texto e outras, pesquisadas e consideradas oportunas. Oriente os estudantes a inserir pequenas imagens para tornar o material mais atraente.

De ôlho na Bê êne cê cê!

Essa proposta retoma uma habilidade de História do ano anterior (ê éfe zero seis agá ih zero um), que trata da compreensão da noção de tempo e de periodização de processos históricos.

Tecnologia e saúde humana

Os avanços tecnológicos possibilitam não apenas cuidar do ambiente e da produção de alimentos, mas também prevenir e tratar doenças, trazendo melhores condições de vida para o ser humano.

As vacinas e os medicamentos com eficácia comprovada são exemplos disso. Algumas das vacinas usadas na imunização contra o vírus causador da covid-19 (capítulo 3) foram criadas com relativa rapidez devido a estudos que já vinham sendo realizados em anos anteriores e que permitiram o desenvolvimento da tecnologia inovadora nelas empregada, fundamentada em um tipo de ácido nucleico conhecido como érre ene a.

Essa mesma tecnologia inovadora, vacinas de érre ene a, é promissora para uso em outras situações, como na cura ou na atenuação de algumas doenças de origem genética.

As impressoras 3D, máquinas que criam objetos tridimensionais a partir de um modelo digital, podem ser utilizadas para produzir próteses (componentes artificiais que substituem alguma parte do corpo), órteses (apoios ou dispositivos externos aplicados ao corpo para auxiliar na postura e na movimentação) e modelos de arcadas dentárias e órgãos para auxiliar no diagnóstico e na escolha do tratamento por dentistas e médicos.

A telemedicina é o uso das modernas tecnologias da informação e telecomunicações para monitorar pacientes, trocar informações médicas, analisar resultados de diferentes exames e fornecer informação ou atenção especializada a pacientes que não estejam fisicamente próximos do profissional de saúde. A telemedicina se difundiu bastante durante a pandemia de covid-19.

Alguns aplicativos para monitorar funções vitais de pacientes (por exemplo, pressão arterial e concentração de glicose no sangue), instalados em celulares, permitem não apenas o acompanhamento do estado de saúde do indivíduo, como também acionar o serviço de atendimento de emergência em caso de necessidade.

Equipamentos especiais podem atualmente ser usados para regularizar os batimentos do coração (marca-passo cardíaco) ou para administrar quantidades regulares de medicamento, respeitando dosagens e horários estabelecidos pelos médicos.

Novas fórmas de administrar medicamentos usando nanopartículas (com dimensões entre um bilionésimo e cem bilionésimos de metro) permitem que eles cheguem exatamente aos órgãos e tecidos nos quais devem atuar. Isso possibilita usar doses menores e diminuir possíveis efeitos indesejados (efeitos colaterais) que ocorrem quando o medicamento atinge outras regiões do organismo.

A completa sensação de bem-estar não requer apenas a ausência de doenças. Ela inclui uma série de hábitos saudáveis de alimentação, sono, lazer, atividade física, estudo/trabalho e interação social. As modernas tecnologias podem auxiliar em todos esses aspectos.

Contudo, você precisa prestar atenção ao fato de que a tecnologia pode também incentivar hábitos prejudiciais à saúde, por exemplo, passar muito tempo em redes sociais ou videogames, bem como valorizar visões nocivas sobre saúde, fórma física e relacionamentos.

A tecnologia tem aspectos muito importantes, e sua utilização deve sempre passar pela análise do bom senso. Esteja atento e priorize seu bem-estar completo!

Elaborado com dados obtidos de: HARARI, Y. N. Sapiens: uma breve história da humanidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2020; , A. editor. Science: the definitive visual guide. Londres: Dorling Kindersley, 2021.

Organização de ideias

MAPA CONCEITUAL

Fluxograma. Dez balões com texto, conectados por setas. Os elementos do fluxograma permitem os seguintes caminhos: Domínios de biomas seus biomas principais são: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Floresta de Araucárias, Caatinga, Cerrado, Pampas. Domínios de biomas entre eles podem haver faixas de transição, exemplos são: Mata dos Cocais e Pantanal.
Respostas e comentários

Em destaque – trecho Tecnologia e ambiente

A ideia central dêsse bloco é que muitas ações da humanidade agridem o meio ambiente, mas a tecnologia pode ajudar a minimizar esse impacto humano sobre a natureza.

Alguns pontos importantes envolvidos nesse trecho estão destacados em negrito no texto. Explore esses termos em sala, verificando se, durante a exposição, os estudantes os abordaram. Se não, fale um pouco sobre eles. Em especial, explique a importância dos corredores ecológicos e as implicações positivas da melhoria do rendimento agrícola. Lembre-se, também, de comentar a foto do uso de telemetria para acompanhamento de espécies ameaçadas.

Se considerar conveniente, peça aos estudantes que busquem exemplos bem-sucedidos de uso da tecnologia para propiciar melhorias ambientais. Peça que, se possível, escolham exemplos próximos do local em que vivem. Esses exemplos podem ser arquivados para uso no encerramento da unidade D.

Em destaque – trecho Tecnologia e saúde humana

Nesse bloco, a ideia central é que cer­tos avanços tecnológicos permitem prevenir e tratar doenças. Outros avanços, corretamente utilizados, possibilitam melhorar a qualidade de vida das pessoas. Dê importância aos trechos em negrito, pois ajudam a compreender a rota argumentativa do texto.

Utilize o segundo parágrafo para retomar a importância da vacinação como atitude de proteção individual e coletiva (capítulo 3). Nos três últimos parágrafos, aproveite a oportunidade para discutir atitudes importantes que favorecem a saúde mental.

Saúde mental dos estudantes

Ao final do Em destaque, insista que o sono e o repouso são essenciais à saúde, física, mental e emocional. Também é fundamental dosar adequadamente o tempo a ser usado em atividades virtuais, como redes sociais e videogames.

O completo bem-estar físico e psicológico exige equilíbrio entre diversos aspectos de nossa vida, incluindo o sono e o lazer.

De ôlho na Bê êne cê cê!

ê éfe zero sete cê ih zero seis

“Discutir e avaliar mudanças econômicas, culturais e sociais, tanto na vida cotidiana quanto no mundo do trabalho, decorrentes do desenvolvimento de novos materiais e tecnologias (como automação e informatização).“

ê éfe zero sete cê ih um um

“Analisar historicamente o uso da tecnologia, incluindo a digital, nas diferentes dimensões da vida humana, considerando indicadores ambientais e de qualidade de vida.“

O texto Em destaque alinha-se ao desenvolvimento dessas habilidades, o qual prosseguirá nos capítulos 10, 12 e na a atividade de encerramento da unidade D.

Conteúdos atitudinais sugeridos

  • Valorizar e cultivar atitudes de proteção e conservação dos biomas brasileiros e sua biodiversidade.
  • Cumprir seus deveres de cidadão com relação ao ambiente.
  • Defender as medidas de proteção ambiental.
  • Rejeitar a participação em atos de destruição do ambiente.

À medida que a compreensão dos estudantes sobre o funcionamento dos ecossistemas vai avançando, fica mais fácil e oportuno trabalhar as atitudes listadas, que se consolidam na ideia central de valorizar e respeitar as fórmas de vida e seu papel nos ambientes naturais. Procure enfatizar essas atitudes durante toda a abordagem deste capítulo. Em especial, o segundo trecho do Em destaque cria grandes oportunidades para estimular os estudantes a incorporá-las.

Ícone. Lâmpada.

Atividade

Use o que aprendeu

Ícone. Tarja de fundo preto com texto
branco: meio ambiente.
  1. Os cientistas sabem há tempos que o solo amazônico é pobre. Porém, na Floresta Amazônica, como em outros locais, os vegetais obtêm nutrientes por meio de suas raízes. Se o solo amazônico é pobre, de onde vêm esses nutrientes? E por que o desmatamento da região pode, em pouco tempo, transformar o local desmatado em deserto? Explique.
  2. Na Mata dos Cocais existem variedades de palmeiras: o babaçu, a carnaúba e o buriti. Lembre-se do tipo de fruto que dão as palmeiras e proponha uma explicação para o nome Mata dos Cocais.
  3. É possível explorar as florestas sem destruí-las? Conservar as florestas é se opor ao progresso? Explique.
Ícone. Tarja de fundo preto com texto
branco: meio ambiente.
  1. Para fazer um novo loteamento de casas, uma área do Manguezal teve todas as suas árvores derrubadas e a região de lama foi aterrada. Nos anos seguintes, a população de pescadores daquela região não conseguiu pescar o suficiente, nem para comer. Sugira uma explicação para isso.
  2. Com a destruição da Mata Atlântica, você acha que os man­guezais são prejudicados? Explique.
  3. Qual é o domínio ou bioma característico da região em que você mora? Quais são as suas características?
Ícone. Lupa.

Atividade

Explore diferentes linguagens

A critério do professor, estas atividades poderão ser feitas em grupos.

ESQUEMA

1. Uma das cadeias alimentares que existem no Pantanal é:

algas aquáticas séta peixes pequenos séta piranha séta jacaré

  1. Se os caçadores eliminarem os jacarés, o que pode acontecer com a quantidade de piranhas? E de peixes pequenos?
  2. Se os peixes forem pescados e acabarem, o que acontecerá com os jacarés?

DIÁLOGO

2. Acompanhe o seguinte trecho de conversa entre dois habitantes de determinada localidade da Região Nordeste:

“— Após meses de seca, aquele mandacaru lá perto de casa florou.

— É sinal que a chuva chega no sertão!”

A respeito dêsse diálogo, responda às perguntas a seguir.

  1. O que significa florar?
  2. Pesquise o que é o mandacaru.
  3. O que quer dizer a segunda frase do diálogo?
  4. Em que domínio de bioma brasileiro acontece o que está descrito nessa frase?
Fotografia. Duas flores brancas no caule de um planta. Uma delas está aberta e é possível notar uma grande quantidade de filetes branco esverdeados rodeados por diversas pétalas brancas
Flor de mandacaru. diâmetro: 15 centímetros
Respostas e comentários

tê cê tê Meio Ambiente

As atividades 1 e 3 do Use o que aprendeu permeiam o tê cê tê Educação Ambiental, da macroárea Meio Ambiente.

Respostas do Use o que aprendeu

1. De restos de animais e plantas em decomposição no solo. O desmatamento impede que restos de seres vivos caiam no solo, e, não havendo de­compo­si­ção dêsses materiais, faltarão nutrientes para os vegetais. Rapidamente o solo é lavado pela chuva e perde sua fertilidade. Professor: relembre aos estudantes a importância do húmus.

2. Espera-se que os estudantes relacionem o nome Mata dos Cocais com os cocos, frutos das palmeiras.

3. Espera-se que os estudantes relacionem essa questão à primeira, percebendo a necessidade de que a exploração do ambiente seja controlada e o ambiente possa se recompor. Portanto, conservar florestas não é se opor ao progresso, e sim a tentativa de conciliar ambas as coisas.

4. O Manguezal é o local onde muitas fórmas de vida, como peixes e camarões, iniciam sua vida. (Daí a comparação que se costuma fazer: o Manguezal é um “berçário da vida marinha”.) No caso exposto, o desaparecimento do Manguezal impediu que muitas espécies se reproduzissem, e isso explica por que a pesca não foi bem-sucedida nos anos seguintes.

5. Espera-se que os estudan­tes concluam que sim, pois a destruição da mata faz muita terra escorrer para os rios, atingindo manguezais e prejudicando-os.

6. A resposta depende da localidade. Você pode explorar a realidade local por meio de visitas, pesquisas etcétera Pode, também, mostrar como a construção de cidades altera significativamente a paisagem e o ambiente.

De ôlho na Bê êne cê cê!

As atividades 1, 3 e 4 do Use o que aprendeu possibilitam desenvolver a competência geral 7 e a competência específica 4, já citadas no capítulo. O Seu aprendizado não termina aqui favorece o desenvolvimento da competência geral 6 e das competências específicas 1 e 4, também já mencionadas.

Respostas do Explore diferentes linguagens

1. a) A quantidade de piranhas aumentará, pois haverá menos predadores delas. Mais piranhas precisam de mais alimento, e, então, é provável que diminua a quantidade de peixes pequenos.

b) A eliminação dos peixes pequenos reduziria a quantidade de piranhas. Admitindo que os jacarés se alimentem só de piranhas, sua quantidade irá reduzir-se, pois muitos morrerão sem alimento. (Na prática, como o jacaré tem outras fontes alimentares, pode ser que essa redução seja pequena.)

2. a) Florar: dar flores, florir.

b) Mandacaru (ou mandacaru-de-boi), cerêus jamacarú, é uma espécie de cacto das regiões semiáridas do país, que pode chegar a 10 métros de altura: é provido de espinhos amarelados e dá flores brancas, grandes e que se abrem à noite (a foto no exercício mostra uma flor de mandacaru aberta, à noite). O período de frutificação é de abril a maio, e o fruto, oblongado, tem entre 6 e 8 centímetros de comprimento. Quando maduro, tem casca grossa e vermelha, polpa branca e suculenta, com várias sementes pequenas e pretas.

c) Quando o mandacaru dá flor é porque a seca na região foi interrom­pida pela chuva.

d) Na Caatinga.

TEXTO TÉCNICO

Ícone. Tarja de fundo preto com texto
branco: meio ambiente.

Este texto foi extraído de um livro universitário usado por estudantes de Biologia. As atividades 3 a 10 se referem a ele.

“Oitenta por cento das espécies [de plantas] cultiváveis do mundo, inclusive de alimentos, compostos medicinais e culturas de fibras, dependem dos animais polinizadores, quase todos insetos. Além disso, os insetos desempenham funções importantes na polinização das plantas nativas silvestres.”

Fonte: , R. C.; mur, W.; , S. M. Invertebrados. terceira edição Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. página 796.

  1. Pesquise o que são animais polinizadores e explique com suas palavras.
  2. Que dano imediato aconteceria à agricultura se os animais polinizadores deixassem de existir? Transcreva a parte do texto que justifique sua resposta.
  3. O que o texto quer dizer ao se referir ao uso de espécies de plantas para compostos medicinais?
  4. Pesquise um exemplo de uma espécie de planta usada para obter fibras.
  5. O texto afirma que a maioria dos animais que atuam como polinizadores pertence ao grupo dos insetos. Dê dois exemplos de animais, que não sejam insetos, que atuem na polinização de plantas.
  6. De cada cem espécies usadas em culturas, quantas não dependem de animais polinizadores?
  7. No final do texto, os autores mencionam “plantas nativas silvestres”. Explique o que essa expressão quer dizer.
  8. Explique, com suas palavras, o significado da frase: “Os insetos desempenham funções importantes na polinização das plantas nativas silvestres”.
Fotografia. Borboleta com asas de cor laranja, amarela e preta e detalhes em branco. Ela está sobre uma flor amarela e a estrutura bucal longa está em contato com estruturas do miolo da flor
Borboletas estão entre os insetos polinizadores. envergadura da asa: até 8,5 centímetros

Seu aprendizado não termina aqui

Diferentes pessoas têm diferentes visões sobre a conservação dos ambientes naturais.

Procure conhecer o que pensam a esse respeito cientistas, industriais, agricultores, políticos, ambientalistas etc. Lembre-se de que o pensamento de um representante de determinada categoria não reflete, necessariamente, o pensamento de todos os membros dessa categoria, ou seja, um industrial pode ter uma visão sobre o tema, enquanto outro industrial pode pensar de outra forma. Isso vale, também, para os agricultores, os políticos, os ambientalistas etc.

Respostas e comentários

3. O pólen é um “pozinho” amarelo produzido pelas flores (que tenham estrutura masculina). Quando o pólen é levado (pelo vento, água ou animais) até uma estrutura (feminina) apropriada em uma flor da mesma espécie, ocorre a polinização, após a qual há o desenvolvimento do fruto. Um animal polinizador é aquele que, ao visitar flores para se alimentar, transfere pólen entre elas, favorecendo a polinização.

4. Muitas das espécies não seriam polinizadas e deixariam de produzir frutos. O trecho que justifica essa resposta é: “Oitenta por cento das espécies [de plantas] cultiváveis do mundo, inclusive de alimentos, compostos medicinais e culturas de fibras, dependem dos animais po­linizadores reticências”.

5. Espécies das quais são retiradas substâncias usadas em medicamentos.

6. Exemplos de resposta possível: algodão (roupas), sisal (cordas, barbantes, tapetes), piaçaba ou piaçava (vassouras e escovas).

7. Pássaros e morcegos.

8. Se 80% das espécies usadas em culturas dependem de animais polinizadores, isso significa que 20% dessas espécies não dependem. Portanto, em cada 100 espécies usadas em culturas, 20 não dependem de animais polinizadores.

9. Plantas encontradas no seu ambiente natural de origem e que não foram domesticadas (não passaram por ação humana para favorecer indivíduos com características desejadas). Também denominadas plantas selvagens.

10. Essa atividade permite estimular os estudantes a desenvolver a capacidade de argumentar em textos escritos. Nesse caso, espera-se que eles expliquem que insetos também atuam na polinização de espécies nativas silvestres.

Ícone. Símbolo de hashtag.

Fechamento da unidade

Isso vai para o nosso blog!

Ícone. Lupa.

Ecossistemas e ameaças a eles

Ícone. Tarja de fundo preto com texto
branco: meio ambiente.

A critério do professor, a classe será dividida em grupos e cada um deles criará e manterá um blog na internet sobre a importância do que se aprende em Ciências da Natureza. Nesta atividade, a meta é selecionar informações (acessar, reunir, ler, analisar, debater e escolher as mais relevantes e confiáveis) relacionadas aos tópicos a seguir para incluir no blog.

lustração. Quatro adolescentes com a uniforme escolar branco com gola azul, em um zoológico, observando dois macacos  que estão em uma árvore. Os animais tem corpo com pelos cinza e tufos brancos na face. A menina negra de cabelo preto olha e sorri. O menino branco de cabelo loiro arrepiado e com deficiência nos membros anteriores, também está olhando os animais e sorrindo. A menina de cabelo castanho curto e liso, usa um colar. Ela também olha para os macacos. O menino moreno com cabelo preto e encaracolado, tem uma máquina fotográfica. Ele está fotografando os macacos. Ao redor, quadros coloridos com textos: Elaborem uma grande tabela em que listem os principais ecossistemas brasileiros e, para cada um, relacionem características como paisagem típica, quantidade de água, tipo de solo, disponibilidade de luz solar, temperatura e outras que julgarem relevantes. Usem planilha eletrônica, editor de texto ou outro meio conhecido (texto em amarelo). Na tabela, deem exemplos de como animais e plantas estão adaptados às condições de cada ambiente (texto em roxo). Avaliem como esses fatores podem causar alterações de hábitos e migrações e também ameaçar ou extinguir espécies (texto em laranja). Incluam fotos tiradas por vocês ou obtidas da internet (texto em rosa). Expliquem por que catástrofes naturais ou mudanças nos componentes físicos, biológicos ou sociais de um ecossistema afetam suas populações de seres vivos (texto em verde). Se preferirem, usem outra forma de apresentação que não seja tabela; por exemplo, um texto com relação de itens para cada ecossistema (texto em azul).
Respostas e comentários

Fechamento da unidade C

Objetivo: Favorecer a produção coletiva de material pelos estudantes, com o simultâneo desenvolvimento de competências e habilidades.

Comentário: Sugira que os estudantes aproveitem materiais (desde que pertinentes) obtidos na visitação ao zoológico (capítulo 8), no estudo de uma porção do bioma local e na atividade sobre etnocartografia (capítulo 9).

De ôlho na Bê êne cê cê!

ê éfe zero sete cê ih zero sete

“Caracterizar os principais ecos­sistemas brasileiros quan­to à paisagem, à quantidade de água, ao tipo de solo, à disponibilidade de luz solar, à temperatura etcétera, correlacionando essas características à flora e fauna específicas.”

ê éfe zero sete cê ih zero oito

“Avaliar como os impactos pro­vocados por catástrofes naturais ou mudanças nos componentes físicos, biológicos ou sociais de um ecossistema afetam suas populações, podendo ameaçar ou provocar a extinção de espécies, alteração de hábitos, migração etcétera

A tabela solicitada pode ser feita com os biomas na vertical e suas características na horizontal ou vice-versa. Além das características mencionadas, outras que podem ser incluídas são: exemplos de vegetação; exemplos de integrantes da fauna; exemplos de inter-relações entre seres; interações dos seres vivos com o solo, com o clima, com a disponibilidade de luz e de água e com as sociedades humanas (por exemplo, extrativismo ve­getal, desmatamento, caça pre­datória, queimadas, poluição de rios).

Esse último ponto possibilita aos estudantes avaliar como catástrofes naturais ou alterações em componentes de um ecossistema impactam suas populações e podem ameaçar espécies de extinção (ou causar extinção), provocar alteração de hábitos e migrações.

De ôlho na Bê êne cê cê!

A atividade de fechamento de unidade favorece as competências gerais 1, 4, 5, 9 e 10 e as competências específicas 4, 6 e 8 (conforme comentado na parte inicial deste Manual do professor). Neste fechamento, é também favorecido o desenvolvimento: da competência geral 2, no que se refere a exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão e a análise crítica com base nos conhecimentos das diferentes áreas; e da competência específica 5, no sentido de construir argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental.

A atividade pode ser realizada com Geografia, contribuindo para desenvolver a habilidade ê éfe zero sete gê ê um um: “Caracterizar dinâmicas dos componentes físico-naturais no território nacional, bem como sua distribuição e biodiversidade (Florestas Tropicais, Cerrados, Caatingas, Campos Sulinos e Matas de Araucária)”.