CAPÍTULO 11 Evolução dos seres vivos
Motivação
EM DESTAQUE
Um trecho do livro A origem das espécies, de chárlis Dárvin
“Pode-se afirmar que a seleção natural está continuamente sondando, a cada dia e a cada hora, ao redor de todo o mundo, toda variação, mesmo a mais simples delas, rejeitando a nociva, preservando e ampliando o que for útil, trabalhando silenciosa e imperceptivelmente, quando e onde houver a oportunidade de aprimorar os seres vivos quanto às suas condições de vida orgânicas e inorgânicas. Não percebemos essas lentas modificações acontecendo, até que a mão do tempo tenha marcado a passagem das eras; e ainda assim é tão imperfeita nossa visão daquilo que ocorreu nos antigos períodos geológicos, que apenas podemos perceber que as atuais fórmas de vida são diferentes das que existiram no passado.”
Fonte: Dárvin, chárlis. A origem das espécies. Inglaterra, 1859. (Tradução dos autores.)
Desenvolvimento do tema
1. Fósseis: registros do passado
Para você conhecer um pouco da história de seus ancestrais — pais, avós, bisavós etcétera —, certamente seriam muito úteis fotografias, roupas, objetos pessoais e todo o tipo de registro escrito, como documentos, boletins escolares, mensagens enviadas e recebidas por eles etcétera
Da mesma maneira, para saber um pouco mais sôbre a história do planeta Terra, os cientistas procuram registros do que ocorreu no passado.
Na investigação científica, os fósseis são muito importantes. Eles são vestígios deixados por seres que viveram há muito tempo.
Os fósseis são objeto de estudo da Paleontologia, ramo da Ciência que reúne, analisa e interpreta evidências sôbre as fórmas de vida do passado do planeta. Vasculhando as grandes formações sedimentares, os paleontólogos encontram esses registros de tempos remotos, dispostos, geralmente, de acôrdo com a data de sua formação. Normalmente, as camadas mais profundas guardam registros de tempos mais distantes, e as camadas superficiais, registros de um passado mais recente.
2. O conceito de evolução
Observando os fósseis, os cientistas perceberam que muitas espécies de seres vivos do passado não existem mais. Os atuais organismos apresentam algumas semelhanças com esses ancestrais que, por alguma razão, desapareceram do planeta Terra, ou seja, foram extintos.
O fóssil da foto corresponde a um ser vivo já extinto. Nesse fóssil está registrada a imagem de um ser com asas e penas, que lembra uma ave. No entanto, não é exatamente igual a nenhuma ave atual. Os cientistas acreditam que animais como esse são ancestrais de outros que existem atualmente.
Os muitos fósseis que já foram encontrados e estudados contêm evidências de que, com o passar de muitas e muitas gerações, os seres vivos foram sofrendo modificações até chegar aos que hoje povoam a Terra.
Esse processo de sucessivas modificações ao longo do tempo, que deu origem aos seres atualmente existentes, é chamado evolução.
Mas como acontece a evolução? Vários cientistas já tentaram responder a essa pergunta. Duas respostas serão mencionadas aqui: a de Lamárqui e a de Dárvin.
3. A explicação lamarckista para a evolução
Em 1809, Jean Batísti de Lamárqui sugeriu que a explicação para as evidências presentes nos fósseis seria o fato de os seres vivos evoluírem ao longo das gerações.
Lamárqui propôs que, quando um organismo usa algumas de suas partes, elas se desenvolvem mais do que aquelas que são menos usadas e que essas novas características adquiridas passariam para os descendentes. No entanto, não há evidências de que novas características adquiridas em vida por um organismo passem para os descendentes e, por isso, a explicação lamarckista NÃO é aceita atualmente pelos cientistas.
O mérito de Lamárqui foi admitir, em sua época, que os seres vivos evoluem.
4. A explicação darwinista para a evolução
No ano em que Lamárqui publicou suas ideias, nascia na Inglaterra chárlis Dárvin. Em dezembro de 1831, com 22 anos, ele se juntou à tripulação do navio Beagle, cuja missão era mapear o litoral da América do Sul, pouco conhecido naquela época.
Em cinco anos de viagem, Dárvin ocupou muito de seu tempo coletando amostras de fósseis, observando espécies animais e plantas, seu comportamento e suas adaptações. Terminada a jornada, ele pôde elaborar sua proposta de explicação para a evolução dos seres vivos, que publicou em 1859 no livro intitulado A origem das espécies por meio da seleção natural (frequentemente chamado apenas de A origem das espécies).
Dárvin percebeu que os seres vivos em geral têm grande facilidade para gerar descendentes, mas, entre esses, nem todos conseguem sobreviver até que possam produzir seus próprios descendentes. Ele notou que os descendentes de um ser vivo não são todos exatamente iguais — ao contrário, sempre apresentam pequenas diferenças individuais. E concluiu que algumas dessas diferenças são hereditárias (herdadas dos ancestrais) e podem, em princípio, ser transmitidas aos descendentes.
Texto do Infografico
Gire o seu dispositivo para a posição vertical
Segundo as ideias darwinistas, em qualquer espécie de seres vivos, alguns indivíduos possuem características que os tornam mais aptos a sobreviver do que outros em determinado ambiente. Os indivíduos mais aptos têm maiores chances de chegar à vida adulta e, consequentemente, de transmitir essas características aos seus descendentes.
O ambiente, com seus fatores vivos e fatores não vivos, favorece os organismos mais aptos a enfrentá-lo. Assim, ao longo das gerações, ocorre o que Dárvin chamou de seleção natural dos indivíduos mais adaptados ao ambiente.
Para exemplificar, suponha que uma determinada espécie de inseto, cujos indivíduos são verdes, viva numa região do litoral, coberta por mata verde. Isso aparece na figura .
Os indivíduos dessa população de insetos cruzam uns com os outros e sempre aparecem novos indivíduos, com pequenas variações individuais, por exemplo na cor.
Um novo indivíduo que seja verde-amarelado estará menos camuflado na folhagem. Ele será visto mais facilmente por aves predadoras e terá menor chance de sobreviver. Também serão mais facilmente predados os indivíduos que tenham cor verde mais escura (veja a figura ). O ambiente favorece os indivíduos mais adaptados a ele.
ATIVIDADE
Tema para pesquisa
Onde se localizam as Ilhas Galápagos?
Por que as observações que Dárvin fez nessas ilhas foram tão importantes para a elaboração de sua teoria sôbre a seleção natural e a evolução dos seres vivos?
Use a internet
Ao realizar a pesquisa sugerida, não deixe de procurar na internet imagens usando as palavras Dárvin e Beagle. Você encontrará várias ilustrações do navio e do mapa da viagem feita por Dárvin.
Realizando uma busca de imagens com a palavra Galápagos, você terá acesso a uma grande diversidade de fotos da vida selvagem nessas ilhas.
5. Como se formam novas espécies?
Vejamos um exemplo de como a teoria da seleção natural permite explicar o surgimento de novas espécies a partir de espécies anteriores. Para isso, voltemos ao exemplo dos insetos no litoral (figuras e ).
Considere que, com o passar de milhares de anos, as condições da região se modifiquem e uma parte dêsse litoral seja inundada pelo mar, separando a população em duas partes, uma das quais fique isolada numa ilha. Considere, também, que alterações do clima façam com que a ilha tenha condições tais que favoreçam o crescimento de árvores com folhas verdes mais escuras e que, no continente, sejam favorecidas plantas com folhas ligeiramente amareladas, como ilustrado na figura .
Na ilha, pela seleção natural, serão favorecidos os indivíduos de cor verde mais escura e, no continente, os indivíduos mais amarelados. Com o passar de milhares de anos, teremos populações com cores distintas (figura ). Além da cor, muitas outras características podem ter sido alteradas como decorrência da seleção natural, que favorece os indivíduos mais aptos a enfrentar cada ambiente.
Fonte dos esquemas A a D: Elaborados a partir de , J. C.; Friman, S. Evolutionary analysis. quinta edição Harlow: Pearson, 2014. página 630-637.
Poderá chegar um momento em que ambas as populações terão diferenças suficientemente grandes a ponto de, se colocadas em contato, não conseguirem mais cruzar entre si originando descendentes férteis. Nesse momento, elas passaram a ser duas espécies diferentes, que se originaram de uma mesma espécie ancestral.
6. Evolução não é um processo individual
A evolução não ocorre com um só indivíduo, mas sim nas populações e ao longo das gerações. A seleção natural favorece a sobrevivência e a reprodução dos indivíduos de uma população que têm características que os tornam mais bem adaptados ao ambiente. Ao longo do tempo, a frequência de indivíduos que apresentam as características favoráveis tende a aumentar na população.
EM DESTAQUE
A seleção artificial
Como será explicado, Dárvin encontrou apôio para suas ideias na observação da seleção de raças, feita pelo ser humano há muitos séculos com plantas e animais.
Vejamos o que é isso, usando como exemplo o caso dos cães. Partindo de um mesmo tipo de ancestral, o ser humano permitiu a reprodução dos indivíduos que possuíam as características desejadas. Assim, ao longo de muitas e muitas gerações sob contrôle humano, surgiram as diferentes raças de cães, todas pertencentes à mesma espécie, .
As diferenças entre essas raças se devem à intervenção humana, que desempenhou um papel equivalente ao da seleção natural. Nesse caso, o processo é chamado seleção artificial.
A seleção de animais e plantas, destinados, por exemplo, à pecuária e à agricultura, vem sendo feita artificialmente pelo ser humano há muitos séculos.
Elaborado com dados obtidos de: , J. C.; Friman, S. Evolutionary analysis. quinta edição Harlow: Pearson, 2014.
Use a internet
Para saber mais sôbre a grande diversidade canina, realize uma busca na internet digitando “raças de cães”.
ATIVIDADE
Amplie o vocabulário!
Hora de debater o significado de cada conceito, redigi-lo com nossas palavras e incluí-lo no nosso blog.
• evolução
• seleção natural
• seleção artificial
7. Dárvin inspirou-se na seleção artificial
Um criador de gado leiteiro possui várias vacas e um único touro. Ele seleciona as melhores vacas leiteiras — as que produzem mais leite — e permite que apenas elas cruzem com o touro. Das novas vacas descendentes dêsses cruzamentos, apenas as melhores são cruzadas novamente.
Agindo assim, se a capacidade de produzir mais leite for uma característica herdável, o ser humano pode, ao longo de várias gerações de vacas, selecionar propositadamente as qualidades desejadas para os novos descendentes.
Esse exemplo ilustra o processo de seleção artificial, usado pela humanidade desde os tempos mais remotos para produzir animais e plantas mais adequados às suas próprias necessidades.
Por seleção artificial, a humanidade domesticou muitas espécies selvagens, selecionando variedades de seu interêsse. Alguns exemplos de produtos da seleção artificial são as raças de gado leiteiro, gado para córte, e também de cães, gatos e outros animais de estimação, e muitas variedades de plantas utilizadas em agricultura.
Dárvin tinha como passatempo a criação de pombos e a busca de novas variedades dessas aves por meio do cruzamento seletivo de indivíduos.
Ele percebeu que, assim como os humanos selecionam as variedades que mais lhes interessam, a natureza também exerce uma seleção sôbre os indivíduos, só que o critério é outro: os mais aptos têm mais chances de sobreviver e de se reproduzir.
Provavelmente ele escolheu o nome “seleção natural” por causa da familiaridade que tinha com a seleção artificial.
ATIVIDADE
Tema para pesquisa
A viagem de Dárvin a bordo do Beagle.
O trajeto da viagem, os países nos quais o navio ancorou e as principais observações feitas por Dárvin, que o levaram a elaborar a teoria da seleção natural.
8. Árvores filogenéticas
A história da vida na Terra tem sido gradualmente desvendada pelos cientistas, sobretudo por meio do estudo dos fósseis. Alguns dos acontecimentos marcantes dessa história já são conhecidos e permitem montar esquemas como o seguinte.
Linha do tempo da vida na Terra, mostrando alguns acontecimentos (tempo expresso em milhões de anos)
Fonte: Elaborada a partir de Sólóman, E. P. e outros Biology. décima primeira edição Boston: Cengage, 2019. página 452.
Durante a evolução, novas espécies surgem a partir de espécies ancestrais, e isso pode ser representado por meio das árvores filogenéticas. A seguir aparecem dois modos possíveis de fazer esse tipo de representação.
Exemplo de árvore filogenética horizontal
Fonte: Elaborado a partir de Iúurry, L. A. e outros CampbellBiology. 12. edição Hoboken: pírson, 2021. página 746.
Exemplo de árvore filogenética vertical
Fonte: Elaborado a partir de , D. Biology: a guide to the natural world (edição internacional). Harlow: Pearson, 2014. página 380.
Os cientistas utilizam muitas evidências para montar as árvores filogenéticas. Entre elas, uma das mais úteis é a análise e comparação da composição do material genético das espécies. As espécies mais próximas evolutivamente têm maior semelhança de material genético do que as mais distantes.
Árvore filogenética e semelhança do material genético
Fonte: , C.; mér, V. B. Biology: Science for life. 6. edição Nova iórque: pírson, 2019. página 221.
EM DESTAQUE
O ser humano é descendente do macaco?
A linhagem dos primatas, à qual a espécie humana ( ômo Sápiens) pertence, originou-se, de acôrdo com evidências paleontológicas, de pequenos mamíferos que viveram em árvores e se alimentavam de insetos.
Uma notável distinção entre os primatas e outros mamíferos é um conjunto de adaptações que os primatas têm para a vida em árvores, que inclui mãos habilidosas, com o polegar posicionado em oposição aos outros dedos (o que permite agarrar-se aos galhos e manipular alimentos), unhas no lugar de garras, olhos na parte frontal da face (que propiciam avaliar visualmente a distância a que os objetos se encontram), crias pouco numerosas (geralmente apenas um filhote) que recebem prolongado cuidado dos pais.
Ao longo da evolução, a linhagem dos primatas separou-se em dois ramos principais, o dos prossímios e o dos antropoides (veja o esquema a seguir). Os antropoides diversificaram-se e algumas espécies provenientes dessa ramificação evolutiva, que se iniciou provavelmente na África ou na Ásia, espalharam-se pelas Américas e outras, pela Europa, África e Ásia.
Um gênero do qual provavelmente o ômo Sápiens descende é o australupitécus. Seus integrantes exibiam algumas adaptações que já os distinguiam bastante dos demais primatas, tais como o andar sôbre duas pernas (bipedalismo) e um corpo que se mantém relativamente ereto e se locomove com movimentos das pernas, sem necessitar do auxílio dos braços para isso. Os australupitécus representam um estágio evolutivo em que as árvores foram abandonadas e o solo passou a ser moradia definitiva.
O gênero ômo originou-se há cêrca de 2,5 milhões de anos. Uma significativa alteração evolutiva do australupitécus para o ômo é o aumento do tamanho do corpo e praticamente a duplicação do tamanho do cérebro. Os fósseis mais antigos do gênero ômo são da espécie conhecida como ômo e datam de aproximadamente 2 milhões de anos. O ômo dominava a construção de ferramentas rudimentares para obter comida e exemplares dessas ferramentas foram encontrados junto a fósseis da espécie.
Outra espécie pertencente ao nosso gênero, ômo, é a ômo , que evoluiu na África há cêrca de 1,6 milhão de anos. Alguns cientistas acreditam que, à medida que essa espécie se expandiu, ela exterminou, em conflitos, o ômo .
Os membros da espécie ômo eram de altura similar à dos seres humanos atuais, mas seus ossos eram mais pesados. De acôrdo com evidências paleontológicas, usavam o fogo para assar a comida e faziam ferramentas de pedra. Essas ferramentas provavelmente eram usadas para cavar, para caçar animais, para cortar e limpar a carne e para cortar madeira.
Embora haja evidências de que a espécie ômo sobreviveu na Europa e na Ásia até 250 mil anos atrás, nas regiões tropicais ela foi substituída por outra, ômo Sápiens, há cêrca de 1 milhão de anos.
A evolução do australupitécus até o ômo Sápiens foi acompanhada de um aumento no tamanho do cérebro — mudança que favoreceu a inteligência, a possibilidade de comunicação entre os membros da espécie e também o estabelecimento de uma complexa vida social. Em última análise, o cérebro desenvolvido do ômo Sápiens é o responsável por ele ter dominado a agricultura e a domesticação de animais selvagens, permitindo a sua fixação num local.
A aquisição da habilidade de falar, ainda que primitivamente, deve ter sido de grande valor para a sobrevivência dos primeiros seres humanos. Ela permitia aos caçadores se comunicarem durante a caçada a animais de grande porte e transmitirem informações sôbre a localização e sôbre o uso das fontes alimentares.
As pesquisas referentes à evolução do ser humano apresentam notáveis progressos nos últimos tempos, pois novos fósseis têm sido encontrados e novas técnicas de análise têm sido desenvolvidas.
Não há, até o momento, uma certeza absoluta sôbre todos os detalhes da linhagem evolutiva por meio da qual os humanos atuais evoluíram. Uma coisa, no entanto, está bem estabelecida: o ser humano não descende dos macacos; os humanos e todos os demais primatas descendem de ancestrais comuns.
Elaborado com dados obtidos de: , J. C.; Friman, S. Evolutionary analysis. quinta edição Harlow: Pearson, 2014.
Fonte da árvore filogenética: Iúurry, L. A. e outros CampbellBiology. décima segunda edição Hoboken: pírson, 2021. página 746.
9. A origem da vida
Há várias concepções sôbre o tema
Como surgiu a vida?
Essa é uma pergunta que sempre intrigou a humanidade e que já foi respondida de muitas maneiras diferentes em diversas épocas e culturas. Encontramos respostas a essa pergunta no folclore de muitos povos, nas doutrinas de várias religiões e nos livros científicos. E, ao comparar todas essas respostas, percebemos que elas são bem diversas.
A resposta da Ciência é bastante peculiar
O que distingue a maneira como os cientistas tentam responder a essa pergunta do modo como ela é respondida por não cientistas é que a Ciência realiza experimentos para descobrir eventuais falhas nas suas teorias, ou seja, nas suas propostas de explicação.
Uma proposta científica para a origem da vida
Uma proposta de ampla aceitação entre cientistas é a de que há cêrca de 3,5 bilhões de anos originou-se, nos oceanos da Terra, a primeira fórma de vida unicelular, bastante primitiva. Estudos geológicos de rochas daquela época forneceram pistas de como deveria ter sido a composição da atmosfera terrestre, que era bem diferente da atual.
Os cientistas realizaram testes em laboratório para tentar simular as condições de temperatura, de atmosfera e de luz solar existentes na Terra primitiva antes de aparecer a vida.
Nesses testes, uma mistura inicial de substâncias que supostamente imitava a composição da atmosfera primitiva foi confinada num recipiente. Sob a ação de descargas elétricas que simulavam os raios das tempestades que ocorriam na época, os cientistas verificaram que essa mistura gradualmente sofria inúmeras transformações químicas (reações químicas). Ao final de vários dias de descargas elétricas, foram detectadas no interior do recipiente substâncias que não estavam lá no início. Entre essas substâncias, havia alguns tipos de aminoácidos, constituintes das proteínas que existem na composição de todos os seres vivos.
Com base nos resultados de experimentos como esses, os cientistas propuseram que, ao longo de milhões de anos, houve uma série de reações químicas que, há cêrca de 4 bilhões de anos, eventualmente produziram algumas das substâncias das quais a vida é formada. Teria se originado, como consequência, há cêrca de 3,5 bilhões de anos, a primeira célula, extremamente primitiva, mas dotada de uma importante característica: poder fazer cópias de si mesma (capacidade de reprodução).
Convém insistir que essa é uma proposta que está sendo continuamente reavaliada à luz de novas evidências de vários ramos da Ciência, tais como a Geologia, a Paleontologia, a Química, a Física, a Genética e tantos outros. Quando novas evidências surgem, as ideias são aprimoradas visando incluir as novas informações disponíveis.
Nenhum cientista pode afirmar que essa explicação para a origem da vida seja correta em todos os seus detalhes, porém ela se fundamenta em evidências concretas. Além disso, está aberta a alterações advindas de novas evidências e, portanto, admite-se que seja uma teoria, uma proposta de explicação, e não uma verdade absoluta e inquestionável.
Fonte: Friman, S. e outros Biological Science. sétima edição Hoboken: pírson, 2020. página 74.
ATIVIDADE
Para discussão em grupo
Uma família costuma guardar alimentos não perecíveis, como arroz e feijão crus, em um armário na cozinha da casa em que moram. Em uma ocasião, uma das crianças encontrou carunchos (insetos do grupo dos besouros) nesses alimentos e questionou os familiares sôbre como surgiram aqueles animais nos alimentos dentro do armário. A resposta que recebeu foi: “Os alimentos, o escuro e a temperatura dentro do armário são perfeitos para o aparecimento dêsses insetos e, por isso, eles surgem a partir dos grãos”.
Essa explicação está de acôrdo com o pensamento científico atual? Por quê?
EM DESTAQUE
Uma visão geral sôbre a vida na Terra
Os avanços da Paleontologia (que estuda os seres vivos do passado mediante as evidências deixadas por eles), da Geologia (que estuda os minerais, as rochas e a estrutura do planeta) e da Genética (que estuda o material genético dos organismos e sua influência sôbre as características dos indivíduos) permitiram que as ideias darwinistas sôbre a evolução fossem encaradas de uma maneira mais moderna. Em linguagem científica atual, as ideias relacionadas à origem e à evolução da vida podem ser muito brevemente descritas como segue.
- A Terra é muito antiga se comparada ao tempo em que a humanidade a habita. As estimativas para a idade da Terra giram em tôrno de 4,6 bilhões de anos.
- Todos os seres vivos são descendentes de um ancestral comum que teria sido uma fórma muito rudimentar de vida unicelular, surgida há cêrca de 3,5 bilhões de anos.
- A evolução ocorre em razão das mudanças graduais ao longo de muitas gerações de uma espécie, e não por causa de súbitas alterações sofridas por um ou mais indivíduos.
- Indivíduos mais adaptados ao ambiente são consequência de processos evolutivos.
- Uma mesma espécie, separada em dois ou mais grupos isolados, pode originar novas espécies distintas, em razão da evolução independente de cada um dêsses grupos.
- Por causa da evolução, com o passar de bilhões de anos, a Terra passou a ser habitada por um grande número de espécies diferentes. Todas elas, contudo, originaram-se de um ancestral comum.
- Um agente responsável pela evolução é a seleção natural, que se baseia nos seguintes fatos:
- A população de uma espécie gera mais descendentes do que aqueles que de fato sobreviverão até a idade adulta.
- Existem variações genéticas (isto é, diferenças no material genético) entre os novos indivíduos que nascem.
- Os indivíduos de uma mesma espécie competem pela sobrevivência (alimento, acasalamento, espaço etcétera).
- Os indivíduos que possuem os conjuntos de características que os tornam mais aptos a enfrentar o ambiente têm maior probabilidade de chegar à idade adulta e de produzir descendentes, transmitindo a eles sua bagagem genética, isto é, material genético. Esse material influenciará características dos descendentes, que poderão torná-los também mais aptos a enfrentar o ambiente, chegar à idade adulta e gerar novos descendentes.
Elaborado com dados obtidos de: Rrílis, D. M. e outros Life: the science of Biology. décima segunda edição Sunderland: Sinauer, 2020.
Organização de ideias
MAPA CONCEITUAL
Atividades
Use o que aprendeu
- Existe diferença entre evolução e seleção natural? Explique com suas palavras cada um dêsses conceitos.
- Por motivos estéticos, algumas raças de cães têm como padrão o córte da cauda dos animais quando ainda filhotes. Seus descendentes, entretanto, nascerão com cauda.
Você acha que essa afirmação está de acôrdo com as ideias de Lamárqui sôbre a evolução das espécies? Explique.
- Considere as seguintes opiniões a respeito da evolução da espécie humana:
- O ambiente fez com que os ancestrais dos humanos fossem se esforçando para adquirir características necessárias à sobrevivência. Essas características, adquiridas durante a vida, foram transmitidas aos descendentes, ao longo de seguidas gerações, resultando na espécie humana que existe atualmente.
- O ambiente propiciou a sobrevivência dos indivíduos possuidores de características que os tornavam mais adaptados ao ambiente. Essas características foram transmitidas ao longo de muitas gerações, resultando na espécie humana atual.
- Qual dessas opiniões é lamarckista e qual é darwinista?
- Qual dessas opiniões é, atualmente, aceita pelos cientistas como mais adequada para explicar a evolução da espécie humana?
- Determinada espécie de inseto verde vive sôbre folhas verdes, alimentando-se delas. No ambiente há predadores dêsse inseto. Dos diversos descendentes de um casal dessa espécie de inseto, um deles apresentou cor nitidamente diferente do verde das folhas.
- Pensando na sobrevivência (evitar ser alimento para os predadores), esse indivíduo apresenta uma característica que favorece ou atrapalha sua sobrevivência? Justifique.
- Você acha que a seleção natural vai favorecer esse indivíduo? Por quê?
- Explique qual é a importância do estudo dos fósseis para a Ciência e qual é a importância de os cientistas conseguirem determinar há quanto tempo um fóssil se formou.
- Os cientistas já elaboraram várias teorias sôbre a origem da vida na Terra. Este capítulo apresentou uma das mais aceitas no meio científico.
- Explique, com suas palavras, o que é uma teoria. A palavra “teoria” pode ser entendida como certeza absoluta?
- Quando uma teoria científica é elaborada, o cientista que a elaborou pode esperar que ela seja definitiva? Explique.
- Quando Dárvin propôs a teoria da seleção natural, o material genético ainda não havia sido descoberto. Explique por que a descoberta dêsse material nos seres vivos contribuiu para reforçar a aceitação científica da teoria da seleção natural.
Atividades
Explore diferentes linguagens
A critério do professor, estas atividades poderão ser feitas em grupos.
TRECHO DE LIVRO
“Podemos duvidar reticências que os indivíduos com qualquer vantagem sobre os outros, ainda que pequena, têm maiores chances de sobreviver e procriar? Por outro lado, podemos ter certeza de que quaisquer variações que sejam prejudiciais, por pequenas que sejam, seriam rigidamente destruídas. A essa preservação das variações favoráveis eu chamo Seleção Natural.”
Trecho do livro: Dárvin, Charles. A origem das espécies. Inglaterra, 1859. (Tradução dos autores.)
-
- Quem é o autor dêsse livro?
- A seleção natural é uma explicação para qual processo natural?
TIRINHA
- Parece que o homem não compreendeu aquilo que está em exposição.
- O que está em exposição?
- O que o homem pensou que estava em exposição?
ÁRVORE FILOGENÉTICA
Responda às questões 3 a 6, considerando as espécies mostradas na árvore filogenética a seguir.
Fonte: Meider, S. S.; Windelspéquiti, M. Biology. décima terceira edição Nova iórque: McGraw-Hill, 2019. página 347.
- No decorrer da evolução, a linhagem de qual das espécies mostradas separou-se da linhagem das outras há mais tempo?
- Qual das espécies mostradas tem maior semelhança com o rato?
- Cite duas espécies que mais parentesco têm com o lagarto.
- Qual é a espécie evolutivamente mais distante do chimpanzé?
ÁRVORE FILOGENÉTICA
Possível árvore filogenética dos animais
Fonte: têilor, M. R. e outros CampbellBiology: concepts & connections. décima edição Harlow: Pearson, 2022. página 415.
Analise a árvore filogenética e, a seguir, realize as atividades no seu caderno.
- Qual dos grupos mostrados se separou evolutivamente dos outros há mais tempo? Qual das indicações — , , etcétera — representa essa separação evolutiva?
- Qual das indicações representa a separação evolutiva entre nematódeos e artrópodes?
- Qual grupo de invertebrados pode ser considerado evolutivamente mais próximo dos vertebrados? Como você concluiu?
- Qual grupo de invertebrados pode ser considerado evolutivamente mais próximo dos artrópodes? Como você concluiu?
TEXTO PARADIDÁTICO
Leia o texto e, em seguida, realize as atividades 11 a 16.
Extinções em massa
“ reticências segundo os registros fósseis e os melhores cálculos científicos, os últimos dinossauros desapareceram da Terra subitamente há 65 milhões de anos. Essa extinção foi parte de um Armagedom ambiental digno do Livro do Apocalipse. Um meteorito gigante, incendiando-se ao atravessar a atmosfera, caiu na superfície do planeta. Seu impacto, próximo à atual península de Iucatán, no México, atirou tissunãmis altos como montanhas contra as áreas litorâneas em tôrno, cuspindo para o alto da atmosfera uma imensa nuvem de pó. O choque ressoou pela crosta terrestre como o bater de um sino, deflagrando erupções vulcânicas em todo o planeta. A poeira ejetada escureceu o céu e alterou o clima global. Todos esses efeitos, em conjunto, tornaram as terras e os mares inabitáveis para a maioria das espécies vegetais e animais. Os cientistas marcam esse evento como o final da Era Mesozoica, a Idade dos Répteis, e o início da Era Cenozoica, a Idade dos Mamíferos.
A extinção no final da Era Mesozoica teve seus precedentes. Foi a quinta vez que ocorreu uma perturbação de tamanha magnitude na história da Terra durante os 400 milhões de anos anteriores. Houve muitos episódios menores nesse intervalo, mas aqueles cinco grandes eventos foram os que mais influenciaram a história da vida no planeta.
Agora, como resultado da atividade humana, teve início um sexto período de extinção. Embora não causado pela violência cósmica, seu potencial é suficiente para ser tão infernal como os cataclismos anteriores. Segundo estimativas feitas em 2004 por uma equipe de especialistas, apenas a mudança climática, se não for contida, poderá ser a causa primária da extinção de um quarto das espécies de plantas e animais terrestres nos meados dêste século.
reticências”
Fonte: Uílson, E. O. A criação: como salvar a vida na Terra. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. página 87-88.
- Alguns filmes de ficção científica colocam homens pré-históricos caçando e combatendo dinossauros. Procure no texto dêste capítulo ou em outra fonte de informação a época aproximada do aparecimento do ser humano, compare com as informações do texto apresentado sôbre a extinção dos dinossauros e responda: tais filmes têm fundamentação científica? Explique.
- Segundo o texto, qual é a explicação científica mais aceita para a extinção dos dinossauros?
ATIVIDADE
Tema para pesquisa
Pesquise mais sôbre os dinossauros: onde viveram, seus hábitos, como se relacionavam com o ambiente etcétera Pesquise qual é a área do conhecimento que investiga os dinossauros. Que formações profissionais possibilitam atuar nesse campo? Que instituições de ensino brasileiras oferecem esses cursos? Que tecnologias são utilizadas nas pesquisas dessa área? Como o desenvolvimento da tecnologia contribuiu para as descobertas nesse ramo?
- Há uma passagem no texto que diz que a “poeira ejetada escureceu o céu”. Por que isso teria provocado a morte de muitas plantas?
- Você vê alguma relação entre as informações sôbre dinossauros presentes nesse texto e a importância dos fósseis? Explique.
- Explique por que é importante para a Ciência conseguir determinar a idade de uma rocha.
- Na mesma época dos dinossauros já existiam muitos seres vivos de corpo mole e com conchas protetoras (moluscos), como os atuais caramujos. Explique por que é mais fácil encontrar o fóssil da concha de um caramujo do que de seu corpo.
GRÁFICO
17. O gráfico mostra o número de famílias de organismos que habitaram a Terra nos últimos 600 milhões de anos. Note que esse número varia ao longo do tempo. Use o gráfico e as informações do texto “Extinções em massa” para responder às perguntas.
Número de famílias de seres vivos em função do tempo
Fonte: Reiven, P. H. e outros Biology. décima segunda edição Nova iórque: McGraw-Hill, 2020. página 479. (Tracejado e indicação F incluídos pelos autores.)
- Qual das letras — A, B, C, D, E, F — representa a extinção em massa que acabou, entre outros seres vivos, com os dinossauros? Como você concluiu isso?
- Quais das letras representam as quatro extinções em massa anteriores à extinção dos dinossauros? Aproximadamente há quanto tempo ocorreu cada uma delas?
- Qual das letras indicaria uma possível extinção em massa causada pela atividade humana?
TEXTO CONTENDO ERROS
18. Leia o texto, que contém 5 ERROS. Consulte as informações que achar importantes, neste livro e fóra dele, para identificar os erros presentes no texto e indicar como poderiam ser corrigidos.
Dinossauros foram animais herbívoros, aparentados dos répteis, que viveram no Período Pré-Cambriano. Em sua época chegaram a ser as fórmas animais dominantes em ambiente terrestre, exibindo grande variedade de fórmas e tamanhos. Alguns atingiram tamanhos consideravelmente grandes, com vários metros de comprimento.
Foram extintos há cêrca de 360 milhões de anos. Segundo a teoria científica mais aceita, o impacto de um meteorito contra a superfície terrestre teria levantado grande quantidade de poeira na atmosfera, reduzindo a penetração da luz solar, extinguindo muitas plantas e, por consequência, muitos animais; entre eles, todos os dinossauros.
O ser humano está entre as espécies que sobreviveram à extinção em massa que eliminou os dinossauros.
Muitas espécies de seres vivos que existem atualmente evoluíram depois dêsse acontecimento. As plantas com flores, por exemplo, surgiram evolutivamente bem depois da extinção dos dinossauros.
Elaborado com dados obtidos de: Pougui, F. H.; , C. M. Vertebrate life. décima edição Sunderland: Sinauer, 2019. (Os cinco erros foram propositalmente inseridos pelos autores da presente obra para propiciar a atividade.)
TIRINHAS
19. No segundo quadro, a fala do menino está baseada na seguinte ideia: “O ser humano descende do macaco”.
Essa ideia, embora comum, é INCORRETA do ponto de vista científico. Reescreva-a de modo a torná-la CORRETA.
As atividades 20 a 23 referem-se à tirinha, que se passa diante de uma escultura que reconstrói o hominídeo denominado Homem de Neandertal (ou, simplesmente, Neandertal), que alguns estudiosos preferem considerar uma espécie e denominar ômo .
Utilize dicionário e outras fontes de informação para pesquisar e responder às perguntas.
- O que é estudado pela Antropologia?
- Em que época viveram os Neandertais? (Poderá haver divergência nas informações, dependendo das fontes consultadas.)
- Qual é a origem do nome “de Neandertal”?
- Ao pesquisar sôbre o Homem de Neandertal, qual informação mais chamou sua atenção? Por quê?
Seu aprendizado não termina aqui
O uso incorreto e indiscriminado de antibióticos favorece a seleção de variedades de bactérias resistentes a eles. Isso vem dificultando o combate a determinadas doenças de origem bacteriana.
Que tal pesquisar mais sôbre esse assunto? Inclua em sua busca de informações o grave problema das infecções hospitalares causadas por bactérias resistentes a antibióticos.