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UNIDADE 7 Diferentes povos, diferentes costumes
Nesta unidade, você vai refletir sobre diferentes culturas, tanto de nosso país quanto de lugares mais distantes.
Uma das expressões da cultura dos povos é sua culinária.
Os ingredientes, os utensílios usados e a forma de cozinhar mudam de um lugar para o outro. Por isso, existem os pratos típicos de diferentes países e de diferentes regiões dentro do mesmo país.
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- Esse prato é típico de qual país?
- Quais ingredientes você consegue identificar nesse prato? carne, linguiça, milho, batata etc.
- Você gostaria de experimentar esse prato? Por quê?
- Você conhece alguma comida brasileira que tem origem africana?
Desafio
Você conhece os pratos que aparecem nas fotos? Sabe em que parte do Brasil eles são mais populares? Relacione a foto com o nome do prato e a região em que ele é muito popular.
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Para ler
Antes de ler
Você vai ler um texto expositivo.
- Você conhece a palavra caiçara? Sabe a que se refere?
- Conte o que sabe a seus colegas e ao professor e aproveite os esclarecimentos que o texto traz para saber ainda mais.
Durante a leitura
- Acompanhe a leitura que será feita pelo professor, observe a pronúncia das palavras e anote aquelas que você desconhece o significado.
- Descubra a origem da palavra, o quanto seu significado é curioso e a riqueza do povo que ela denomina.
Caiçara
Onde o português e o índio se uniram.
A população tradicional caiçara é hoje um dos últimos traços visíveis do momento da criação do povo brasileiro.
Cultura caiçara
Fazendo parte das culturas litorâneas brasileiras, os caiçaras representam um forte elo entre o homem e seus recursos naturais, gerando um raro exemplo de comunidade harmônica com o seu ambiente. Cotidianamente, turistas e aventureiros que buscam o litoral Sudeste como abrigo para as suas férias travam contato, sem saber, com uma das mais belas e antigas culturas brasileiras.
Como uma das poucas culturas relativamente preservadas na região mais povoada do Brasil (entre Rio e São Paulo), os caiçaras são objeto de estudo de vários centros de pesquisa do Sudeste. Apresentamos um pequeno panorama desta cultura que viveu quase um século em parcial isolamento e hoje passa a travar contatos, cada vez maiores, com o universo urbano.
Origem
[...]
A palavra caa-içara é de origem tupi-guarani. Separadas, as duas palavras sugerem uma definição: caa significa galhos, paus, "mato", enquanto içara significa armadilha.
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A ideia provinda desta junção seria, à primeira vista, uma armadilha de galhos. O termo, porém, denomina as comunidades de pescadores tradicionais dos estados de São Paulo e Paraná e sul do Rio de Janeiro.
Com poucos contatos com o "mundo de fora", os caiçaras evoluíram aproveitando os recursos naturais à sua volta, o que resultou numa grande intimidade com o ambiente. Povo anfíbio, entre o mar e a floresta, essas pequenas comunidades tentam, ainda hoje, preservar seus valores de grupo. Seus territórios - praias e enseadas - são de difícil acesso, por vezes protegidos por Unidades de Conservação. [...]
Pesca
Os pequenos e médios barcos a motor vieram fazer parte desta cultura nos meados da década de 60. Antes desse período, a agricultura era a atividade primária. O homem caiçara passou de lavrador para pescador e, hoje, podemos dizer que a pesca é a principal atividade do homem caiçara.
O aparelhamento e as embarcações sobreviveram de processos indígenas, ao passo que, na captura, predominam os elementos da cultura portuguesa. A poita, indígena, é nada mais do que uma âncora primitiva, empregada para canoas e redes.
[...]
É dela que provêm expressões comuns dos caiçaras como: canoa poitada, poitado na cama, saiu da poita etc. O termo em tupi significa parar ou estar firme. [...]
Com uma rica noção de pesca adquirida ao longo do tempo, os caiçaras começaram a trabalhar em barcos pesqueiros há cerca de 30 anos. Hoje, a maioria dos homens adultos são empregados em grandes barcos de sardinha, levando-os a pescar no "mar de fora", desde Cabo Frio até a divisa com o Uruguai. Recebem porcentagens da pesca de acordo com sua especialidade e, em épocas de proibição da pesca ("defeso"), desembarcam de volta aos seus lares.
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Agricultura
O sistema de cultivo utilizado pelos caiçaras tem marcada influência indígena. Comumente chamada de coivara ou roça de toco, esta técnica itinerante consiste, basicamente, na derrubada e queima da mata para utilizar o terreno para cultivo, seguindo-se um período de pousio, isto é, um "descanso" da terra. Observam-se elementos da cultura indígena tanto no manejo do ambiente como nos produtos, já processados, da roça.
A agricultura caiçara serve como complemento alimentar dos pescadores e seu principal produto é a farinha de mandioca - consumida em quase todas as refeições. [...] Existe, ainda, uma infinidade de produtos secundários e ervas medicinais. Seus principais produtos são: mandioca, milho, cana, feijão, guandu, inhame, entre outros.
Ao contrário do que possa parecer, a roça caiçara não se trata de uma agricultura "primitiva", mas uma tecnologia aprimorada que se desenvolveu frente às condições tropicais. Pesquisas recentes indicam ser esta forma de cultivo um sistema agrícola autossustentável. [...]
Plantas são também usadas para uma grande variedade de propósitos, como alimento, medicina, construção, entre outros. O conhecimento dos caiçaras sobre ervas medicinais é bastante vasto, sendo objeto de inúmeras pesquisas. [...]
O povo
Existem duas principais relações de trabalho nestas comunidades: a pesca, que agrega toda a comunidade, e a agricultura, cujos limites são exclusivamente familiares. Ademais, ainda combinam atividades de coleta, extrativismo e artesanato.
[...]
Os caiçaras são, originalmente, um povo de religião católica, herança esta gerada pelo colono português. Há várias festas relacionadas ao catolicismo, porém a mais famosa acontece no mês de maio em homenagem à Cruz (Santa Cruz). É necessário que se realize no "claro", isto é, na lua cheia, para que todos possam comparecer. A cada ano é escolhido o festeiro - figura central na organização da festa - que, por sua vez, escolhe outros responsáveis. Durante três dias, a comunidade estará ocupada na realização da Festa de Santa Cruz.
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O primeiro evento da festa é a ladainha na igreja na sexta. Já no sábado, os convidados chegam e se iniciam os batizados e mais ladainha. O último dia é mais intenso, com uma "missa festiva" com o padre mais próximo e finalmente a procissão. Andores, bastante decorados, recebem imagens de santos enquanto rezas e músicas são entoadas ao longo da extensão da praia percorrida. Após a procissão, é comum a realização de um leilão que arrecadará fundos para a festa do próximo ano.
[...]
Daniel Toffoli e Gustavo Mansur. FundArt - Prefeitura de Ubatuba. Caiçara. Disponível em: https://oeds.link/rIJtui. Acesso em: 16 jul. 2021.
Glossário
- Litorâneas:
- que estão no litoral, próximas do mar.
- Elo:
- ligação, conexão.
- Parcial:
- que se realiza em parte, e não completamente.
- Enseadas:
- regiões da costa do mar aonde as pessoas chegam com os barcos ou canoas para desembarcar.
- Aparelhamento:
- conjunto de instrumentos ou utensílios.
- Itinerante:
- que vai de um lugar a outro.
- Autossustentável:
- capaz de se sustentar com os próprios recursos.
- Extrativismo:
- atividade de retirar produtos da natureza, como madeira.
- Ladainha:
- tipo de oração repetitiva.
- Andores:
- estruturas feitas de madeira ou outro material, enfeitadas, onde são levadas imagens de santos ou outras imagens sagradas.
Para estudar o texto Praticar a fluência
1 Depois de acompanhar a leitura do professor, verifique o significado das palavras do glossário e converse com a turma sobre aquelas que você anotou.
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2 Escolha um dos assuntos indicados pelos subtítulos e faça uma leitura silenciosa. Depois, faça uma leitura compartilhada, na qual cada estudante lê um trecho do texto. Preste atenção à pronúncia de cada palavra e à pontuação.
3 O texto traz algumas palavras difíceis de pronunciar. Leia três vezes cada coluna, procurando melhorar a velocidade a cada leitura.
cotidianamente | aparelhamento | tecnologia |
harmônica | embarcações | autossustentável |
relativamente | poitada | exclusivamente |
armadilha | comumente | extrativismo |
lavrador | itinerante | originalmente |
captura | pousio | ladainha |
Compreender o texto
4 Converse com os colegas sobre as seguintes questões.
- Qual é o assunto desse texto?
- O povo citado no texto vive de um modo diferente do seu? Quais são as semelhanças? E as diferenças?
5 Complete o quadro com informações sobre os caiçaras.
Onde vivem | |
Principal atividade realizada na atualidade | |
Principal produto da agricultura | |
Principal religião | |
Festa religiosa mais famosa |
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6 Responda às questões sobre o termo caa-içara.
- Qual é a origem dessa palavra?
- Por que ela foi escrita no texto com as letras inclinadas?
- De acordo com o texto, qual é o significado desse termo?
- A palavra caiçara é usada para nomear quais comunidades?
7 Complete cada frase com o item adequado.
I. O povo
II. Caiçara
- O item é o título do texto.
- O item é um subtítulo do texto.
Os textos expositivos apresentam informações históricas, datas e lugares relativos a um assunto.
Esses textos podem se organizar em subtítulos.
8 Converse com os colegas: segundo o texto, os caiçaras vivem em harmonia com a natureza. Entretanto, esse povo pesca e derruba parte da mata para plantar.
a) Releiam este trecho.
"Comumente chamada de coivara ou roça de toco, esta técnica itinerante consiste, basicamente, na derrubada e queima da mata para utilizar o terreno para cultivo, seguindo-se um período de pousio, isto é, um 'descanso' da terra."
- Em sua opinião, por que eles deixam a terra "descansando" por um tempo?
b) É possível respeitar os animais e a mata e ao mesmo tempo pescar e praticar agricultura? Explique.
196
Ampliar o vocabulário
9 Releia o trecho a seguir.
"Hoje, a maioria dos homens adultos são empregados em grandes barcos de sardinha, levando-os a pescar no 'mar de fora', desde Cabo Frio até a divisa com o Uruguai."
- Considerando o contexto, o que significa a expressão "mar de fora"?
10 Observe a foto e leia a legenda.
a) Por que está escrito "Joyce Jeri" na canoa?
b) A que se refere Jeri?
c) Considerando o texto que você leu, por que os caiçaras costumam dar nomes a suas canoas?
Para ler em casa
Converse com as pessoas que moram com você sobre o povo caiçara e pergunte o que sabem sobre o assunto. Leia os subtítulos do texto e fale um pouco sobre o que você aprendeu em cada um.
Depois, proponha uma brincadeira com a leitura em voz alta. Sentem-se de frente um para o outro, ou em círculo, e proponha que cada um faça uma leitura em voz alta do texto observando as palavras mais difíceis de pronunciar, a pontuação, o ritmo e a entonação adequados. Quando alguém tropeçar na leitura, o outro deve continuar. Assim que todos lerem sem tropeços, tentem melhorar a velocidade da leitura.
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Estudo da língua Substantivos e adjetivos
1 Localize, no texto Caiçara, as palavras que completam adequadamente as frases a seguir.
- Existe, ainda, uma infinidade de produtos secundários e ervas .
- Com uma noção de pesca adquirida ao longo do tempo, os caiçaras começaram a trabalhar em barcos pesqueiros há cerca de 30 anos.
2 As palavras com que você completou as lacunas na atividade 1 são:
- o nome de algo.
- características de algo.
- ações realizadas por alguém.
3 Observe com atenção estas palavras do texto expositivo Caiçara.
Algumas palavras da língua portuguesa dão nome a pessoas, plantas, animais, lugares, objetos, fenômenos naturais e sentimentos. Essas palavras são chamadas de substantivos.
Outras palavras indicam características dos substantivos. Elas são chamadas de adjetivos.
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4 Releia os trechos dos quais foram retiradas as palavras do esquema da atividade 3.
"O termo, porém, denomina as comunidades de pescadores tradicionais dos Estados de São Paulo e Paraná e sul do Rio de Janeiro.
[...]
Os pequenos e médios barcos a motor vieram fazer parte desta cultura nos meados da década de 60."
a) Em pescadores tradicionais e médios barcos, os substantivos e os adjetivos estão na mesma ordem?
b) Reescreva essas palavras invertendo a ordem do substantivo e do adjetivo.
c) Essa inversão causou alteração no sentido?
5 Leia estes versos e escreva S para a palavra que é substantivo e A para a que é adjetivo.
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6 Releia este trecho do texto Caiçara.
"Povo anfíbio, entre o mar e a floresta, estas pequenas comunidades tentam, ainda hoje, preservar seus valores de grupo."
a) Observe as palavras destacadas no trecho. Qual delas é um substantivo? E qual é um adjetivo?
b) Converse com seus colegas: anfíbios são seres que vivem na terra e na água. Por que os caiçaras foram chamados de anfíbios?
7 Observe novamente esta foto e leia a legenda.
a) O caiçara escreveu na canoa o nome que deu a ela. Esse nome é um substantivo ou um adjetivo?
b) Leia a frase a seguir.
Joyce Jeri é uma bonita canoa.
- Sublinhe o adjetivo que aparece na frase.
c) Escreva outra frase sobre essa foto usando substantivos e adjetivos.
Importante! Observe a canoa e o lugar em que ela está. Escolha substantivos que dão nome ao que aparece na foto. Por exemplo: canoa, areia. Pense em adjetivos que indicam as características do que você observou, como colorida, grande. Após escrever sua frase, revise e corrija o que for necessário.
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Oficina de criação Saboreando a cultura caiçara
Leitura
■ Leia esta receita de uma comida caiçara.
Banana encapada assada
Ingredientes
Massa:
- 200 gramas de margarina ou manteiga
- 1 ovo
- 1 xícara de açúcar
- 2 xícaras de farinha de trigo
Recheio:
- De 6 a 10 bananas
Para pincelar:
- 1 gema de ovo
Modo de preparo
1. Preaqueça o forno a 180 graus.
2. Misture todos os ingredientes da massa com a mão, colocando a farinha aos poucos. A quantidade de farinha pode variar, pois o ponto da massa é até desgrudar da mão. Reserve a massa.
3. Corte as bananas ao meio e enrole massa em cada pedaço.
4. Bata a gema de 1 ovo com um garfo. Pincele as bananinhas encapadas com a gema.
5. Coloque as bananinhas em uma forma. Peça a um adulto que as leve ao forno preaquecido e deixe assar por 30 minutos ou até dourar.
Domínio público.
Dica: Depois de assadas, você pode cobrir as bananas encapadas com um pouco de canela.
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Vamos explorar a receita
1 Esse texto é uma receita de qual prato? Em sua opinião, por que ele tem esse nome?
2 Você gostaria de experimentar essa comida?
3 Qual é o único ingrediente usado como recheio?
4 Esse texto apresenta todas as informações necessárias para preparar banana encapada assada? Explique.
Que curioso!
Os lugares onde vivem as comunidades caiçaras têm as condições ideais para a plantação de bananeiras. Por isso, a banana é um dos principais alimentos da culinária caiçara. Ela é comida crua, assada, frita e cozida. É utilizada em pratos doces e salgados.
Vamos cozinhar
5 Fazer a receita.
- Com a ajuda do professor, você e seus colegas vão preparar a banana encapada assada.
- Reúna-se com a turma para reler a receita.
- Façam uma lista dos utensílios necessários para preparar a receita. Não se esqueçam de usar panos/guardanapos, luvas e toucas!
-
Organizem como será o preparo.
- Quais estudantes vão registrar a atividade? (filme/fotos)
- Quem vai ler a receita?
- Quais estudantes vão ficar responsáveis por organizar, medir, colocar, misturar os ingredientes, encapar as bananas e servi-las quando estiverem prontas?
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6 Cozinhar.
- Separem os ingredientes e os utensílios necessários.
- Coloquem as luvas e toucas para manusear os alimentos.
- Preparem as bananas encapadas assadas de acordo com a receita e com o que planejaram.
- Não se esqueçam de fotografar as etapas de preparação do prato.
- Enquanto as bananas estiverem assando, arrumem o espaço em que vocês as prepararam. Depois, organizem um lugar para experimentar a comida. Pode ser a sala de aula ou outro espaço da escola de que vocês gostem.
7 Experimentem o prato.
- Depois que o professor retirar o alimento do forno, esperem até que ele esfrie.
- Experimentem a receita. Depois, contem o que acharam do sabor dessa comida.
Apresentação e avaliação
8 Compartilhem a receita.
- Chegou a hora de compartilhar com seus familiares e com todos da escola a receita que prepararam. Ela pode ser registrada em um cartaz ou divulgada na internet.
9 Conversem sobre a atividade.
Reúna-se com o professor e os colegas para contar sobre a experiência de cozinhar. Converse sobre as seguintes questões.
- Você gostou da receita preparada?
- Como se sentiu enquanto ajudava a preparar a receita? E ao experimentar a comida?
- Do que você mais gostou na atividade? E do que menos gostou?
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Para ler mais
Antes de ler
Você vai ler um mito de origem africana.
- Ao ler o título e ver a ilustração, você imagina que se trata de uma história real? Por quê?
- Você conhece algum outro mito? Conte aos colegas e ao professor.
Durante a leitura
- Acompanhe com atenção a leitura do professor e perceba o ritmo, a pronúncia das palavras, as pausas e a entonação que ele usou.
- O texto tem dois pontos importantes: procure descobrir quais são eles.
A mãe do rio exige o pagamento da promessa
Um rei guerreiro avançava rumo à guerra, quando viu seu caminho impedido por um rio de águas revoltas.
O rei se dirigiu às águas, com humildade e respeito, e pediu que a agitação da corrente se acalmasse para que pudesse atravessar o rio com seus exércitos.
Prometeu trazer preciosa oferenda para Oxum, a mãe do rio, o espírito que habitava aquelas águas revoltas.
Oxum aceitou a oferta do guerreiro e serenou suas águas turbulentas.
O rei atravessou o rio a vau com seus homens, enfrentou seus inimigos e venceu a guerra.
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O rei mandou entregar então preciosos presentes a Oxum: arcas repletas de objetos de ouro e cobre, inigualáveis vestes de tecidos dourados do Oriente, colares de diamantes, pérolas e búzios da costa, comidas e bebidas saborosíssimas.
Mas Oxum não ficou satisfeita com as dádivas do rei.
Ela queria Preciosa, a princesa.
Era assim que se chamava a filha do rei: Preciosa.
Foi este o presente que Oxum entendeu que o soberano lhe daria.
Ele dissera exatamente: preciosa recompensa.
Pois então, Oxum queria Preciosa, a princesa.
Quando o rei teve que atravessar de volta o rio, mais enfurecidas estavam as corredeiras de Oxum.
E o rei não teve outra saída.
Para poder voltar ao seu país e ao seu povo, que dele tanto precisava e dependia, ele teve que entregar Preciosa à mãe do rio.
Se não, não passaria.
Oxum criou a menina e fez dela a mais bela cachoeira que se pode encontrar em todo o reino das águas doces de Oxum. [...]
Reginaldo Prandi. Os príncipes do destino: histórias da mitologia afro-brasileira. São Paulo: Cosac Naify, 2001. (Fragmento).
Glossário
- Revoltas:
- bravas, agitadas.
- Oferenda:
- presente, coisa que se oferece a um ser divino.
- A vau:
- expressão que significa no raso de um rio, no local em que se pode passar a pé.
- Búzios:
- conchas.
Que curioso!
O livro em que esse texto foi publicado aborda a cultura dos povos iorubás. As histórias foram transmitidas oralmente e cultuam a ancestralidade, ou seja, mantêm viva a memória e os saberes dos antepassados, pois os iorubás acreditam que é conhecendo e refletindo sobre as histórias do passado que aprendemos a viver melhor no presente. Esses povos, que são maioria em vários países africanos, defendem a vida em comunidade e a harmonia entre seus integrantes.
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Para estudar o texto Praticar a fluência
1 Em dupla, combinem uma leitura em voz alta de forma que cada estudante leia um parágrafo.
- Procurem ler com clareza, ritmo e entonação. Para isso, observem a pontuação e prestem muita atenção à respiração, adequando o tom, a velocidade da voz e as pequenas pausas na leitura.
2 Depois, utilizem a memória para escrever características de cada substantivo, de acordo com o texto. Será que vocês acertam?
águas
comidas
presentes
cachoeira
Compreender o texto
3 No início da história, o rei tinha um problema. Que problema era esse?
- Como esse problema foi solucionado?
Os mitos são histórias que fazem parte da tradição de determinados povos. São contados oralmente de geração em geração.
Nessas histórias, costuma haver personagens fantásticas e com poderes sobrenaturais.
4 Associe as imagens às legendas e complete as frases.
I
II
Águas calmas.
Águas turbulentas.
- A imagem indica o problema do rei.
- A imagem indica a solução do problema.
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5 No pagamento da dívida a Oxum, houve um desentendimento.
a) O que Oxum entendeu que o rei havia prometido a ela?
b) Que palavras provocaram a confusão?
c) Você acha que, se a promessa do rei tivesse sido por escrito, haveria essa confusão? Por quê?
6 Escreva uma frase com o adjetivo preciosa e uma frase com o substantivo Preciosa.
7 Que sentimento o rei demonstrou ter por Oxum?
Respeito.
Indiferença.
Raiva.
8 Imagine o diálogo entre a princesa e o rei, quando ele explica à filha que ela seria entregue a Oxum. Escreva esse diálogo no caderno.
Lembre-se de usar o travessão e outros sinais de pontuação.
9 Oxum transformou Preciosa em quê?
Os mitos misturam fantasia e realidade para explicar o surgimento do universo, de animais, de sentimentos e de elementos da natureza.
207
Ampliar o vocabulário
10 Releia este trecho do mito.
"Quando o rei teve que atravessar de volta o rio, mais enfurecidas estavam as corredeiras de Oxum."
- Com base no contexto da história, as corredeiras são:
- plantas que nascem na beira dos rios, lagos e lagoas.
- partes do rio em que a altura diminui e as águas correm mais depressa.
- sereias que ajudaram o rei a vencer Oxum.
11 No texto, preciosa é uma qualidade e Preciosa é nome de pessoa. Leia os nomes a seguir.
- Escolha dois nomes e crie duas frases em que cada um deles seja uma característica (adjetivo).
Para ler em casa
O mito africano que você leu fala sobre um erro de compreensão entre o que o rei disse (ou o que quis dizer) e o que Oxum entendeu como promessa. Por causa desse erro, Oxum acabou criando a mais bela cachoeira de todo o reino das águas doces.
Leia esse mito para alguém de sua casa e pergunte se essa pessoa conhece algum outro mito. Se sim, peça-lhe que o conte a você. Preste bastante atenção para recontá-lo aos colegas.
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Estudo da língua Falando de um jeito, escrevendo de outro
1 Leia em voz alta o título do mito africano.
"A mãe do rio exige o pagamento da promessa"
a) Leia em voz alta o nome das vogais em destaque.
b) A forma como você pronunciou essas vogais quando leu o título foi:
igual a quando pronunciou o nome delas.
diferente de quando pronunciou o nome delas.
c) Releia estas palavras e separe as sílabas delas.
rio
exige
pagamento
d) Em qual sílaba das palavras estão as vogais destacadas?
e) Circule as sílabas tônicas dessas palavras.
f) Nessas palavras, muitas vezes a vogal e é pronunciada como i ou a vogal o é pronunciada como u. Em que tipo de sílaba essa mudança de pronúncia acontece? Assinale a alternativa correta.
sílaba átona
sílaba tônica
Nas variedades linguísticas faladas em algumas regiões do Brasil, é comum a pronúncia do e como se fosse i e do o como se fosse u em sílabas átonas no final das palavras.
Não há problema algum em falar dessa forma, mas é preciso ter cuidado na hora de escrever.
209
2 Leia as palavras do quadro e sublinhe apenas as que estiverem escritas como aparecem no dicionário.
barbero
primeira
portuguêis
beijo
trêis
louça
loco
bandeija
estrangero
caranguejeira
- Reescreva as palavras que você não sublinhou, de acordo com a forma como aparecem no dicionário.
3 Escreva o diminutivo e o aumentativo das palavras. Observe o que ocorre na parte destacada da palavra.
inteira
queijo
caranguejo
couro
louca
azulejo
- O que ocorreu na parte destacada das palavras quando você as escreveu na forma diminutiva e na aumentativa?
Quando falamos, pode acontecer de pronunciarmos uma vogal simples como se fosse ditongo. Ou o inverso, um ditongo como se fosse uma vogal simples.
Em situações que exigem o uso das variedades urbanas de prestígio, fique atento à pronúncia e à escrita dessas palavras. Sempre que ficar em dúvida, consulte um dicionário.
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4 As frases a seguir estão escritas como costumam ser pronunciadas em alguns contextos.
Importante!
- Leia cada uma delas em voz alta.
- Reescreva-as, fazendo as correções ortográficas necessárias para que elas fiquem de acordo com a forma como devem ser usadas em contextos formais.
- Em caso de dúvida, consulte um dicionário.
a) A carangueijada é um prato brasilero?
b) Esta ropa ficô toda amassada.
c) O cabelerero corta o cabelo de diferentes maneras.
d) Aquele turista é inglêis ou francêis?
e) Por favor, não dexe esta caxa fora do lugar.
f) Vamu vê o jogo hoje à tarde?
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Produção oral Reconto oral
Povos antigos tinham como um de seus costumes a tradição de transmitir oralmente poemas, lendas, mitos, fábulas, rezas, canções.
Com o surgimento da imprensa, dos modernos recursos digitais e com a mudança de hábitos e costumes, a tradição oral perdeu importância nas sociedades urbanas.
Então, que tal experimentar um pouco dessa tradição? Você e seus colegas devem recontar uma história que vão ouvir em uma gravação pesquisada pela turma.
Planejamento
1 Formem grupos de quatro integrantes para a atividade.
- Sigam as orientações do professor para realizar a pesquisa e seleção do áudio ou vídeo com a história que vão recontar.
- Procurem uma história que seja narrada em uma variedade linguística diferente da utilizada por vocês.
- Identifiquem características regionais, urbanas e rurais da fala do(s) narrador(es) da história.
- No dia da apresentação, façam o reconto utilizando a variedade linguística de vocês, mas comentem com a turma sobre a utilizada no vídeo ou áudio selecionado, valorizando a diversidade cultural de nosso país.
2 Prestem atenção aos elementos da história que ouviram. Por exemplo:
- o tempo e a ordem dos fatos;
- os detalhes sobre as personagens e os lugares citados.
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3 Façam ilustrações para mostrar no momento do reconto.
4 Preparem-se para a apresentação.
- Cada integrante do grupo deverá contar um trecho da história escolhida aos colegas de grupo.
- Ouça atentamente enquanto o colega estiver contando a história e não o interrompa.
Apresentação
5 Recontem a história à turma.
- Falem usando um tom de voz adequado.
- Fiquem atentos à ordem dos acontecimentos na história.
- Se esquecerem algum detalhe, não se preocupem. O importante é que se lembrem dos fatos principais, aqueles que fazem diferença para a história.
- Organizem-se para mostrar as imagens no momento em que elas acontecem na história.
Avaliação
6 Faça a sua avaliação.
- Converse com os colegas e o professor sobre as apresentações.
- Preencha o quadro a seguir sobre sua participação.
Avaliação do reconto | Sim | Não |
---|---|---|
Você gostou de sua participação na apresentação? | ||
Teve algum tipo de dificuldade? | ||
A história apresentada por seu grupo foi entendida? | ||
Você gostou de ouvir e recontar uma história? |
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Produção escrita Reconto escrito de história oral
Como você já viu, muitas das histórias que fazem parte da cultura de um povo são transmitidas oralmente, passadas de geração em geração.
Uma coisa que pode ser feita para que essas histórias não se percam é escrevê-las e publicá-las, de modo que mais gente possa conhecê-las.
Por isso, agora, você vai escrever uma das histórias que foram recontadas. Depois, essas histórias serão publicadas em um livro coletivo organizado pela turma e poderão ser conhecidas por muito mais gente!
Planejamento
1 Realizem, na turma, um sorteio de duplas.
2 Façam o reconto de histórias.
- Reconte ao colega a história que você e seus colegas recontaram à turma na seção "Produção oral". Ouça com atenção a história que ele contará a você.
- Após ouvir a história, complete a ficha a seguir.
Lugar onde se passa a história:
Personagens:
Principais acontecimentos:
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Escrita
3 Escreva, individualmente, a história contada por seu colega.
- Fique atento à ordem dos acontecimentos: início, meio e fim.
- Descreva lugares e personagens, conforme o caso.
- Utilize a pontuação adequada para marcar os diálogos.
- Dê um título a seu texto.
- Pense em uma ilustração para seu texto e faça um primeiro esboço.
Avaliação e reescrita
4 Troque de texto com o colega que lhe contou a história.
- Ao ler o texto escrito pelo colega, preencha a tabela de avaliação e converse com ele sobre suas impressões.
Revisão do texto | Sim | Não |
---|---|---|
O título dado ao texto tem relação com a história contada? | ||
Todas as personagens foram incluídas? | ||
Todos os acontecimentos importantes foram narrados? | ||
O texto está escrito em parágrafos? | ||
Foi utilizada a pontuação adequada? | ||
A ilustração esboçada está adequada ao texto? |
5 Reescreva o texto, modificando o que for necessário.
- Passe a limpo e finalize a ilustração, fazendo as alterações necessárias.
Socialização
6 Compartilhem as histórias.
- Todos os textos produzidos pela turma serão reunidos em um livro de histórias recontadas.
- Com a ajuda do professor, você e seus colegas vão confeccionar uma capa para o livro.
- Esse livro ficará disponível na biblioteca da escola ou do bairro para que outras crianças leiam.
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Conhecer mais palavras
■ Você já sabe que muitos dos hábitos, dos costumes e da cultura dos brasileiros têm origem em diferentes culturas, além da indígena.
Mais do que o convívio e da mistura entre os diferentes povos que imigraram para cá ao longo de nossa história, as diferentes culturas foram se adaptando e muitas delas são preservadas até hoje. A convivência e mistura de costumes podem ser chamadas de multiculturalismo.
As três fotos a seguir são de pratos típicos da Bolívia, China e Alemanha.
1 Você já conhece ou já comeu algum desses pratos típicos?
2 Observando cada um dos pratos, quais elementos reconhece?
3 Algum desses pratos pode ser confundido com pratos muito comuns entre os brasileiros? Com quais?
Para entender melhor o multiculturalismo, vamos falar de pizza? Ela surgiu na cidade de Nápoles, na Itália, há mais de 300 anos. Atualmente, existem milhares de tipos de pizza no mundo inteiro, o que torna esse um dos alimentos mais multiculturais, embora haja sabores típicos de cada lugar.
4 Qual é o sabor de pizza típico de onde você mora?