UNIDADE 3 Animais

Introdução da unidade

O tema "animais", ponto de partida dessa unidade, costuma despertar a curiosidade e engajar os estudantes dessa faixa etária. Assim, são muitas as possibilidades para explorar o vocabulário, a leitura, a oralidade e a produção escrita.

Abertura

A abertura da unidade traz a imagem de um animal de estimação bastante incomum em muitos países, inclusive no Brasil. Por aqui esse inseto é facilmente encontrado em jardins, mas na China ele tem status de pet. Daí a imagem incomum e curiosa de um grilo e sua gaiola.

Uma referência incomum tem como objetivo, além de ampliar a percepção dos estudantes sobre o assunto, despertar o interesse e a curiosidade.

Ao iniciar essa unidade, informe aos estudantes que o momento é coletivo, portanto, é preciso seguir as regras para conversação coletiva.

Explore a imagem e a legenda. Chame a atenção dos estudantes que Beijing é a capital da China, antes chamada de Pequim.

No boxe de questões orais da abertura, converse com os estudantes sobre os animais de estimação que eles têm. Pergunte-lhes: Quem tem um bicho de estimação? Que tipo de animal é e como é seu nome? Trabalhe também com o desejo de ter um animal de estimação e pergunte: Por que esse e não outro? Ouça os argumentos que os estudantes vão elaborar para a resposta. Dando continuidade à elaboração de argumentos, pergunte a opinião deles sobre ter um grilo como animal de estimação. Procure focar a conversa na percepção e consideração das culturas diferentes.

Em "Desafio", inicie uma brincadeira divertida sobre "a voz dos animais". Peça aos estudantes que imitem a voz dos animais e busquem o nome da voz (substantivo: mugido, rugido, cacarejo) a partir do verbo (mugir/rugir/cacarejar).

É muito provável que os estudantes não saibam que os grilos estridulam. Talvez alguns arrisquem o verbo "cricrilar". Estridular é produzir som estridente, característico de certos insetos, como a cigarra e o grilo.

Para ler

Boxe inicial de "Para ler"

Compreensão de textos

Desenvolvimento de vocabulário

Fluência em leitura oral

Em "Antes de ler", pergunte aos estudantes o que sabem sobre notícia: o que é, suas características, função social e suportes possíveis (onde pode ser encontrada). É esperado que façam referências a informações e/ou acontecimentos divulgados na TV, na própria internet, nos comentários em família.

Convide-os a inferir sobre o texto a partir do título. Se considerar oportuno, anote na lousa as inferências para retomá-las após a leitura do texto.

Escreva o título da notícia na lousa: "Menina de 7 anos cria estrutura para alimentar cães abandonados no Grande Recife" e questione: O que será que a menina fez? Por que essa notícia deve ser importante para muitas pessoas? Por que a idade da menina está no título da notícia? O que mais aparece no título? Explore com os estudantes, mas sem fazer as perguntas estruturais da notícia. Apenas verifique a percepção deles, com base no título, quanto a:

• Quem: menina de 7 anos (o nome e os complementos serão descobertos na leitura).
• O quê: cria estrutura para alimentar cães abandonados.
• Onde: no Grande Recife (em que lugar: vamos ver no texto).
• Como: vamos descobrir no texto.
• Por quê: vamos descobrir no texto. Faça a leitura do texto, apresentando o modelo adequado de prosódia. Proponha aos estudantes que busquem os detalhes da notícia (as respostas) no texto e anotem palavras desconhecidas, ou que considerarem difíceis, pelo seu significado ou grafia.

Depois, leia em voz alta as palavras que forem apontadas como difíceis pelo significado ou pela escrita e registre-as numa tabela com duas colunas, feita na lousa, para que todos possam ver. Antes de explorar o glossário, desafie-os a inferir o significado das palavras com base no contexto, mesmo que não seja com sinônimos, mas com expressões ou outros contextos que facilitem/proporcionem entendimento.

Para estudar o texto

Atividade 1

Explore as palavras e as definições elaboradas pelos estudantes, recorra ao glossário e, se necessário, ao dicionário. Explique a importância de inferir significado com base no contexto como forma de se apropriar de um vocábulo, no sentido de utilizá-lo sempre que considerar oportuno.

Tome como exemplo a palavra abater, que na notícia tem o significado de desanimar, entristecer, mas pode ser utilizada em outros contextos, com diferentes significados. Peça que formem frases oralmente. Alguns exemplos: no sentido de fazer cair, derrubar: "O míssil foi abatido, que bom! "; no sentido de enfraquecer-se: "Essa doença te deixou abatido."; um sentido menos utilizado é o de descer/baixar: "abateu o olhar".

Atividade 3

Fluência em leitura oral

Forme grupos com 5 estudantes considerando o nível de fluência leitora dos integrantes (agrupe-os por proximidade). Cada integrante será responsável por um parágrafo do texto. Oriente-os a numerar os parágrafos. Retome algumas estratégias de leitura: como ler repetidamente palavras mais difíceis, aquelas que, por algum motivo, causam tropeços na leitura.

Isso feito, retome a tabela de palavras apontadas pelos estudantes como difíceis pelo significado e pela escrita, e crie mais uma modalidade/coluna: palavras de difícil pronúncia (leitura). Questione se alguma palavra aparece nas três colunas e discuta com os estudantes os motivos.

É importante que os estudantes percebam que as palavras conhecidas normalmente são lidas com maior rapidez e facilidade. O oposto acontece com palavras desconhecidas.

As atividades da página 78 do Livro do Estudante exploram a análise dos títulos principal e auxiliar da notícia. O título foi explorado na abordagem inicial, como atividade de aprofundamento da pré-leitura. Na atividade 4, da página 78 do Livro do Estudante, eles devem identificar o título principal e sua característica. Na atividade 5, oriente a exploração do título auxiliar: sua estrutura, informações e funções.

Antes de ler o boxe que define título principal e título auxiliar, retome oralmente o entendimento dos estudantes sobre o conceito e a estrutura da notícia e oriente-os a, até o final dessa seção, pensarem numa forma de inserir mais essa descoberta no "Quadro de descobertas".

Ao terminar a atividade 6, peça aos estudantes que façam registros escritos sobre os elementos da notícia que foram explorados.

Ao trabalhar os textos jornalísticos, é importante ter em mente a variedade de gêneros e suas especificidades. Por isso resumimos aqui:

• Matéria jornalística

É toda produção feita por um jornalista, independentemente do gênero ou da função: informativo, interpretativo ou opinativo - mas os textos informativos são a base do jornalismo. Podemos reconhecê-los em:

• Notícia: comunicação de fato importante que responde às perguntas: o quê, quem, quando, como, onde e por quê. Desperta mais interesse quando é novidade.
• Nota: a comunicação de um fato.
• Entrevista: traz informações para esclarecer um fato.

Os textos interpretativos facilitam o entendimento de determinado assunto e, para isso, apresentam dados e detalhes:

• Reportagem: requer certa investigação, tem conteúdo explicativo e pode ser lida a qualquer momento, como fonte de informação.

Já os textos opinativos apresentam a opinião de quem escreve sobre um fato e são estruturados por argumentos. São eles:

• Artigo de opinião: tema ou assunto relevante, com base em fatos e argumentações sólidas, no qual o jornalista expressa sua opinião.
• Crônica: texto curto sobre fatos corriqueiros, normalmente relacionados à notícia.
• Editorial: traz a opinião dos editores (organizadores) do jornal.
• Entrevista: algumas trazem pontos de vista, opiniões.
• Carta do leitor: apesar de não ser escrita pelo jornalista, faz parte da publicação como opinião ou reivindicação do leitor.

Atividade 7

Compreensão de textos

Explique aos estudantes que a fala entre aspas foi reproduzida em discurso direto, ou seja, literalmente.

Já a fala da mãe de Giovanna, sem aspas, foi reproduzida em discurso indireto: houve uma intervenção do jornalista no que ela disse, não se trata de uma citação palavra por palavra. O jornalista faz esse tipo de intervenção, na maioria das vezes, para resumir a fala de alguém que, de alguma forma, participou do fato noticiado, utilizando-a para confirmar ou acrescentar novas informações à notícia.

Pergunte: A fala da mãe da menina ajuda a compreender o quê? (A intenção, o objetivo do projeto, o que torna a notícia mais confiável - como explorado no item c.)

Informe aos estudantes que, ao resumir a fala de alguém, o jornalista tem o compromisso de manter exatamente o que a pessoa disse, sem acrescentar nem modificar nada. O entrevistado tem todo direito de validar o que foi escrito e, se perceber algo com que não concorde, tomar as devidas providências diretamente com o jornalista, com o veículo responsável pela publicação ou até com a Justiça.

Atividade 8

Chame a atenção para o aspecto gráfico necessário nos textos formais.

Para ler em casa

Este boxe trabalha a Literacia Familiar. Para preparar os estudantes para a atividade, elabore coletivamente questões que possam auxiliar na condução da conversa depois da leitura da notícia. Incentive-os a praticar a escuta atenta.

Estudo da língua

■ Sons nasais

Atividade 1

Conhecimento alfabético

A partir das sílabas, solicite que identifiquem as letras que representam o som nasal en, ã, an. Isso feito, peça que completem o quadro de acordo com as cores indicadas.

Atividade 2

Agora, solicite que resolvam a atividade individualmente utilizando o mesmo processo.

Vicente Martins, palestrante, professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral (CE), em seu artigo intitulado "Como os sons nasais influem na leitura", afirma:

Durante a leitura em voz alta, muitas crianças encontram dificuldade na articulação de vogais e consoantes nasais, o que as leva a não reconhecerem palavras com fonemas nasais. Sem reconhecimento das palavras, não há decodificação leitora, importante etapa no processo de leitura... Sem a produção dos sons nasais, belos textos, especialmente os poemas em versos, perdem todo seu encanto lírico, sua emoção, seu ritmo e a força de expressividade de suas rimas.

O pesquisador explica a fisiologia do esforço articulatório dos sons nasais:

[...] durante a produção dos sons nasais, uma parte da corrente de ar expirado proveniente da laringe passa pelas fossas nasais, devido ao abaixamento da úvula e do véu palatino, causando uma vibração intensa nas fossas nasais. Isso quer dizer que a pronúncia dos sons nasais leva o véu palatino a ficar abaixado total ou parcialmente, permitindo que uma parte do ar pulmonar saia pelas fossas nasais, produzindo aí uma ressonância, cujo efeito auditivo é conhecido por nasalidade.

Artigo disponível em: https://oeds.link/289tXx ; acesso em: jul. 2021.

Para representar o som nasal na escrita, as vogais são representadas por dígrafos vocálicos nasais: am, an, em, en, im, in, on, om, um e un. O til é um sinal que nasala a vogal à qual se sobrepõe, dando a ela um novo valor fonético (pronunciação) e/ou fonológico (função distintiva na língua).

Produção escrita

■ Notícia

Planejamento

Atividades 1 e 2

Questione: Como poderia ser um jornal da nossa escola/turma? Um jornal digital (caso a escola tenha infraestrutura de um site)? Um jornal físico?

Retome a lista de assuntos e verifique se há algum fato envolvendo animais. Promova novas pesquisas, forme duplas e proponha que planejem juntos. Para oportunizar o desenvolvimento das capacidades linguístico-discursivas, na atividade 1, auxilie os estudantes a perceber questões de teor informativo (descritivos e narrativos ao mesmo tempo) com certo grau de relevância para muitas pessoas, que apresentam tempo, espaço e as personagens envolvidas - componentes básicos do gênero: Quem? O quê? Quando? Onde? Como? Por quê?

A tabela da atividade 2, ao destacar os elementos estruturais da notícia, apresenta uma espécie de roteiro, que auxiliará muito na produção dos estudantes.

Atividade 3

Produção de escrita

Oriente passo a passo a escrita da primeira versão da notícia, com base na proposta dessa atividade.

Atividade 4

Solicite aos estudantes que leiam a notícia escrita pela outra dupla e oriente-os a avaliar: O título chama a atenção do leitor? O texto está claro? Há algo que possa ser acrescentado ou retirado?

Atividade 5

A tabela de avaliação é um recurso que pode contribuir com a avaliação formativa dos estudantes, pois permite identificar tanto suas defasagens quanto seus avanços, a fim de acompanhar a evolução do seu processo de aprendizagem.

Atividade 7

Retome a forma de publicação do jornal. Físico? Digital? Mural? Quais as características desse tipo de publicação?

Escolha com a turma um nome para o jornal, por meio de uma votação.

No caso de ser uma publicação digital, providencie os recursos e equipamentos necessários para que os estudantes, em duplas, possam utilizar programas para a digitação e diagramação do jornal.

Se desejar saber mais sobre diagramação de jornal, consulte o vídeo tutorial do professor Maurício Munhoz, disponível em: https://oeds.link/0wvVdh (acesso em: jul. 2021).

Depois de pronto o jornal digital e postado no endereço do site da escola, compartilhe o link de acesso com a comunidade escolar e oriente as pessoas para que prestigiem o trabalho.

Se optar por um jornal feito à mão, ou mural, definam coletivamente o tamanho da publicação, como ficarão títulos, a utilização de cores e os diferentes tipos de letras.

Outra sugestão é colar as notícias finalizadas pelos estudantes em papéis pardos dobrados ao meio. Em cada face de papel, cole quatro notícias e, se possível, uma foto ou ilustração relacionada.

Depois de pronto, o jornal pode ser doado para a biblioteca da escola ou ficar disponível em um local a que os demais estudantes da escola tenham acesso.

Para ler mais

Boxe inicial de "Para ler mais"

Compreensão de textos

Desenvolvimento de vocabulário

Em "Antes de ler", acionando os conhecimentos metalinguísticos dos estudantes, questione: Qual é o nome desse tipo de texto? Sabe por que tem esse nome? Quem é o Chico Bento? Qual é o assunto da história?

Procure compreender as estratégias utilizadas pelos estudantes: se discorrem sobre informações pontuais do texto, se consideram a sequência narrativa, ou se respondem à pergunta baseados em um único quadrinho.

Durante a conversa, registre na lousa as hipóteses sobre o que os estudantes pensam que o texto tratará.

Você também pode perguntar por que lemos histórias em quadrinhos. Essa pergunta resgata o motivo pelo qual vamos em busca de uma leitura, neste caso: diversão.

Com base nas imagens, peça que leiam a história de Chico Bento em silêncio.

Em "Durante a leitura", para despertar a curiosidade dos estudantes, reforce o desafio proposto na segunda questão: descobrir a semelhança entre Chico Bento e os animais que aparecem na história. Se considerar oportuno, levante hipóteses, para confirmá-las depois da leitura.

Sobre Chico Bento: seu nome completo é Francisco Antônio Bento, personagem dos estúdios da Mauricio de Sousa Produções, criado em 1963. Ele tem o mesmo nome do avô de seu criador, o escritor Mauricio de Sousa. É um garoto de 7 anos curioso e sonhador com muito amor pela roça e seus animais. Mora na Vila Abobrinha e vive de forma simples. Por morar longe, dificilmente aparece em histórias com a turma da Mônica. Por ser cativante, fez muito sucesso e teve sua própria revista em 1982. Sempre usa um chapéu de palha, uma camiseta amarela e bermudas azuis e vive descalço. Só em ocasiões especiais usa uma botina marrom. Seu modo de falar é representado na escrita da HQ como a variedade caipira da língua.

Após a leitura, retome as hipóteses registradas na lousa. Pergunte aos estudantes: O que imaginávamos sobre a história, antes da leitura, aconteceu ou não? Do que escrevemos na lousa, o que aconteceu? O que não aconteceu?

Se os estudantes conhecerem outras histórias de Mauricio de Sousa, possivelmente conhecerão a personagem e onde ela vive. Assim algumas das hipóteses poderão ser confirmadas.

Retome a pergunta inicial: O que há em comum entre Chico Bento e os animais que aparecem na história? É esperado que os estudantes percebam que ele também precisa da proteção de um adulto.

Peça aos estudantes que fechem os olhos e proponha que ouçam o som real produzidos pelos animais e, numa folha de papel, escrevam que letras utilizariam para representá-los.

• Pintinho https://oeds.link/CkeQen.
• Galinha https://oeds.link/O6JXb3
• Patos adultos e filhotes https://oeds.link/3k1MJe
• Cabra https://oeds.link/Yqpjyw
• Bezerro https://oeds.link/PhecNA
• Vaca https://oeds.link/Oxr1H8. Acessos em: jul. 2021.

Num segundo momento, escreva na lousa as onomatopeias que aparecem nos quadrinhos e questione: "Có, có có é a fala de quem? Por que a quantidade de "có" aumenta no 4^o quadrinho?

Quem faz quê, quê, quê? Quem faz quá, quá, quá? Quem faz béé? Quem faz béééééééé? O que quer dizer guti, guti? Quem faz muuuuuuuu? O que quer dizer uaiiii? Por que a representação do som dos animais adultos está diferente da representação do som dos filhotes? Essas diferenças nos dão pistas de quê? Quais são as outras informações que confirmam a hipótese de adultos terem ficado bravos?

É esperado que os estudantes reconheçam a linguagem corporal, além das expressões faciais: nos animais, a posição de ataque, e na mãe, o gesto para parar e mão na cintura.

Compreensão de textos

Após a leitura e antes de iniciar os trabalhos com o estudo do texto, certifique-se de que os estudantes entenderam a história. Pergunte-lhes: Quem é a personagem? Onde ela está? O que está fazendo? Por que se escondeu por trás de sua mãe? Espera-se que os estudantes sejam capazes de responder a essas questões. Se for necessário, peça a eles que voltem ao texto antes de respondê-las - estratégia utilizada pelos leitores eficientes para garantir a retomada e a compreensão de aspectos do texto.

Solicite aos estudantes que observem a forma como o braço esquerdo da mãe de Chico Bento (dona Cotinha) foi desenhado e verifique se identificam um movimento para cima e para baixo para espantar a vaca. Peça que reproduzam esse movimento e confirmem se a intenção fica clara na representação do quadrinho.

Compreensão de textos

No caso da HQ, tomando como princípio que a leitura deve ser feita da esquerda para a direita, é importante que os estudantes compreendam que os quadros se relacionam uns com os outros e que a interpretação quadro a quadro representa um sentido literal. É por meio do domínio dessa estratégia que os estudantes podem ampliar suas possibilidades de compreensão estabelecendo inferências, o que caracteriza o entendimento do sentido não literal.

A interpretação, tanto do sentido literal como do não literal, contribui para o processo de compreensão de um texto. A disposição das HQs exige um trabalho cognitivo mais complexo por parte do leitor, pois é necessário ativar estratégias de leitura que possibilitem a reconstrução e o preenchimento de lacunas do fluxo narrativo, por exemplo, como Chico Bento se safou da mamãe pata? Ao encontrar os cabritos, ele parece bastante calmo. Como ele se acalmou? Quanto tempo levou para se refazer do susto?

Uma interessante discussão sobre o uso de HQ na educação pode ser lida em:

Ferreira; Godoy; Mendes; Tocantins. Processos de compreensão da história em quadrinhos em um protocolo de leitura. Educação em Debate, v. 35-38, n. 66-71, 2013-2016, pp. 195-208. Disponível em: https://oeds.link/rD6E9G. Acesso em: jul. 2021.

Compreensão de textos

Aproveitando a leitura do quadro "Que curioso!", abrimos um parêntese para ressaltar a importância específica da biografia como instrumento educativo, tratada pelo professor adjunto na Faculdade de Educação da Uerj, Jonaedson Carino, em sua tese "A biografia e sua instrumentalidade educativa". Segundo ele, é nos exemplos de vivências humanas reais que a educação vai buscar os modelos com os quais procura forjar a imagem de pessoa a ser formada.

Por isso, sugerimos que identifique um momento oportuno para trazer mais informações sobre o cartunista e empresário brasileiro Mauricio de Sousa.

Ao humanizar o escritor, por meio de sua história (criança observadora, trabalhou muito, por exemplo) e informar que grande parte dos personagens por ele criados foram inspirados em pessoas e animais que fizeram/fazem parte de sua vida, os estudantes podem se sentir motivados, curiosos e, principalmente, inspirados a perceber a si e ao outro como um universo rico e único.

Mauricio de Sousa nasceu na cidade de Santa Isabel, no estado de São Paulo. Desde pequeno, sua brincadeira favorita era desenhar. Criou a "Turma da Mônica" e vários outros personagens de história em quadrinhos. É membro da Academia Paulista de Letras, ocupando a cadeira n^o 24. É o mais famoso e premiado autor brasileiro de história em quadrinhos.

Chico Bento foi inspirado em seu avô. Verifique se os estudantes conhecem as personagens Bidu, Franjinha e Cebolinha. Bidu, a primeira personagem publicada, é um cão azul, inspirada no cachorrinho que o autor tinha quando era criança e que se chamava Cuíca. Na época, em 1960, cuíca era uma gíria que significava esperteza. Bidu também é uma gíria e significa sabichão. Bidu é o cachorrinho do Franjinha, personagem que adora experiências científicas e foi inspirada em um sobrinho de Mauricio de Sousa, Carlinhos.

■ Para estudar o texto

Atividade 1

Ao fazer sua leitura oral, apresente-se como modelo leitor. Considere todos os elementos da narrativa, deixando clara para os estudantes a relação entre os sinais gráficos: pontuação, balões, fontes das letras e a variação na entonação, no ritmo e na velocidade da leitura.

Atividade 2

Fluência em leitura oral

Compreensão de textos

Proponha aos estudantes que representem, de forma lúdica, os animais e as mudanças de humor/comportamento que eles apresentam no decorrer da narrativa, em função das ações do Chico Bento.

Atividades 3, 4 e 5

Essas atividades sistematizam as questões trabalhadas oralmente durante a leitura (personagens, ambiente em que se passa a história e organização dos fatos de acordo com a entrada de animais em cena). Aproveite a oportunidade para conversar sobre outros elementos da zona rural e ressalte os pés descalços do Chico Bento. Mauricio de Sousa considerava que esse detalhe caracterizaria um morador da zona rural, o que não corresponde à realidade atual.

Atividade 6

Para a realização dessa atividade, organize a conversa coletiva, lembrando as regras que vocês estabeleceram juntos. Esclareça aos estudantes que a palavra "intenção" significa o que Chico Bento pretendia ao se aproximar dos filhotes.

Quanto ao item c desta atividade, esclareça aos estudantes que explicar significa tornar claro, fazer entender algo (lembramos ao professor que explicar é uma habilidade que deve ser ensinada). Amplie a atividade desafiando os estudantes: Como vocês explicariam as cenas para uma pessoa que não pode ver as ilustrações?

Atividade 7

Ao chamar a atenção para a pontuação utilizada no quadrinho em destaque, questione o que os estudantes subentendem que continua na "fala" dos filhotes.

As reticências podem ser utilizadas para:

• interromper fala ou pensamento de forma que o leitor tenha que imaginar o que virá na sequência;
• indicar hesitações na fala;
• indicar trechos suprimidos de um texto.

Atividade 8

Para orientar a tradução da voz do animal para a fala da personagem por meio da escrita, estimule os estudantes a observar os recursos gráficos utilizados: pontuação, fonte das letras, o uso, ou não, de balões de fala. Se considerar oportuno, oriente os estudantes a transcreverem as ações com diálogo, utilizando verbos de locução adequados à cena, como nos exemplos abaixo:

A dona Galinha reclamou:

- Solte o meu filhinho!

A dona Pata (ou senhor Pato) gritou:

- Saia já daqui, deixe meus patinhos em paz!

Dessa maneira, você os ajuda a relembrar os sinais de pontuação e a forma de organizar as frases.

Atividade 9

Nessa atividade, os estudantes avaliarão a reação de Chico Bento, baseando-se nas linguagens verbal e não verbal apresentadas nos últimos quadrinhos. Espera-se que observem que Chico Bento sentiu medo e percebeu que ser um filhote lhe trazia uma grande vantagem: sua mãe também o defenderia de um possível agressor. Verifique se reconhecem o tipo de balão de fala utilizado para representar a fala da dona Cotinha e se percebem o efeito de sentido da palavra sai, apresentada repetidamente e em destaque.

Chame a atenção para a expressão facial, corporal e a representação do tom da fala, além da representação do movimento do braço esquerdo da mãe.

Atividade 10

Amplie a proposta apresentando o áudio de alguns animais e desafiando os estudantes a adivinharem o nome do animal que emite o som apresentado, ou apresentando imagens do animal e perguntando o som que ele faz, ou ainda dizendo o nome do som para que os estudantes pesquisem ou infiram o animal que o emite. Veja alguns exemplos:

• burro: zurra, cachorro: late, cavalo: relincha, cigarra: canta, cobra: sibila, galo: canta, galinha: cacareja, gato: mia, inseto: zumbe, leão: ruge, lobo: uiva, sapo: coaxa, tigre: ruge.

Para ler em casa

Este boxe trabalha a Literacia Familiar. É importante preparar os estudantes para a atividade e estimular, sempre que possível, a participação dos familiares. Nesta oportunidade, reforce o caráter lúdico da leitura e a possibilidade de retomar momentos engraçados em que os estudantes necessitaram de proteção contra animais ou acidentes. Combine uma data para que os estudantes possam compartilhar suas histórias.

Estudo da língua

■ Variação linguística

Dino Preti, em sua obra "Sociolinguística: os níveis da fala. Um estudo sociolinguístico do diálogo na literatura brasileira" (São Paulo: Edusp, 1994), apresenta um estudo sobre a questão da variedade linguística. Para ele, a variação linguística abrange dois amplos campos: variedades geográficas e variedades socioculturais. As variedades geográficas são responsáveis pelos chamados regionalismos, provenientes de dialetos e falares locais. As variedades socioculturais acontecem dentro da linguagem de uma comunidade específica.

O autor afirma ainda que, como a língua padrão, o dialeto culto serve às intenções do ensino, pois padroniza a língua e cria condições ideais de comunicação entre as várias áreas geográficas, propiciando aos estudantes condições para a leitura e a compreensão de textos literários e científicos. Entre os falantes de uma língua é inculcada a ideia de que o dialeto padrão é o dialeto social ideal e correto e que o dialeto popular seria uma deturpação do primeiro. É preciso que se diga, contudo, que a Sociolinguística não aceita essa discriminação, pois vê na concorrência de ambos os dialetos sociais um processo natural de variação linguística que atende às diversas situações de comunicação de seus usuários.

Atividade 1

Pela observação da fala das personagens da HQ, pretende-se que os estudantes percebam a diferença dos falares apresentados, reflitam sobre eles e estabeleçam em quais situações comunicativas eles podem ser usados. Cabe à escola identificar o dialeto usado na comunidade em que está inserida e promover o debate, a reflexão sobre suas diferenças e, sem discriminação, fazer com que os estudantes avancem em seus conhecimentos e usos das variedades de prestígio da língua.

Atividade 2

Conhecimento alfabético

A identificação da fala da mãe de Chico Bento também retrata a comunidade onde eles estão inseridos. É preciso reforçar com os estudantes que as formas como as personagens se expressam também servem à comunicação, não devendo ser vistas como um erro, pois estão adequadas à situação comunicativa.

A respeito das variedades linguísticas, reforçamos a recomendação da Base Nacional Comum Curricular:

Cabem também reflexões sobre os fenômenos da mudança linguística e da variação linguística, inerentes a qualquer sistema linguístico, e que podem ser observados em quaisquer níveis de análise. Em especial, as variedades linguísticas devem ser objeto de reflexão e o valor social atribuído às variedades de prestígio e às variedades estigmatizadas, que está relacionado a preconceitos sociais, deve ser tematizado. (BRASIL, 2018, p. 81).

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: https://oeds.link/y1Ba1N.

Atividade 3

Conhecimento alfabético

A atividade propõe a análise comparativa entre a linguagem informal e a formal.

É importante ressaltar a força da palavra falada, não só como ferramenta de comunicação, mas também como uma forma de estabelecer relações e permitir que as pessoas se entendam.

Questione: Quando conversamos pessoalmente com uma pessoa, além das nossas palavras, o que mais pode passar a mensagem que desejamos? Chame a atenção para a combinação entre palavras, tom de voz, gestos, expressões faciais.

Retome a fala do Chico Bento, como exemplo de que cada grupo de pessoas (comunidade) acaba tendo um jeito próprio de falar. Aproveite para trazer questões linguísticas marcantes da sua região, em comparação a outras.

Aproveite o exemplo dado, logo no início da atividade: a mensagem de celular. Chame a atenção para a linguagem coloquial com o uso do nome no diminutivo, que caracteriza proximidade, da palavra fico, em vez de ficou, a abreviação vc, a palavra legal, que é uma gíria, e a expressão de tristeza, que dá mais força para o texto: "não foi nada legal!"

Reforce que se trata de um registro escrito, porém informal, por ser uma mensagem pessoal, rápida e por meio de uma ferramenta digital, na qual é comum esse tipo de comunicação.

Faça a comparação do texto inicial com o texto final, solicitado pela professora de Marina.

Se em sua escola houver computadores conectados à internet para uso dos estudantes, providencie uma aula para que eles naveguem no site https://oeds.link/MxUQO4. Acesso em: jul. 2021. Nele há centenas de tirinhas e histórias em quadrinhos disponíveis gratuitamente. Com o auxílio dos estudantes, faça um levantamento dos elementos que compõem os quadrinhos: balões; onomatopeias; a fala do narrador - que, muitas vezes, aparece no canto superior, em um boxe, etc.

Os estudantes podem criar personagens ou utilizar as que já conhecem das HQs para participarem da história que vão criar.

Valorize esse momento, em que os estudantes, além do escrutínio da comunidade escolar, podem ter uma avaliação dos colegas que efetivamente participaram da produção da oficina. Em primeiro lugar, é importante que os estudantes façam a reflexão sobre a própria participação nos trabalhos; mas é extremamente positivo que possam também compartilhar suas opiniões sobre os trabalhos de toda a classe, como forma de valorizar o trabalho do grupo, aprender com as realizações, e compartilhar dificuldades e estratégias de resolução.

Produção oral

■ Conversa telefônica

Atividade 1

Leia a notícia para os estudantes em voz alta. Depois, proponha a leitura em duplas.

Se considerar oportuno, retome do "Quadro de descobertas" os elementos de uma notícia para, com base neles, propor a análise do texto apresentado.

• O que aconteceu? Morreu um orangotango.
• Com quem? Um orangotango especial, que aprendeu a língua de sinais e foi assunto de um documentário.
• Quando aconteceu? Na segunda-feira.
• Onde? Em Atlanta, nos Estados Unidos.
• Por quê? Ele era cardíaco, recebia cuidados e fazia dieta.
• Como? Ainda não se sabe a causa da morte.

Informe que farão uma conversa telefônica e que as regras, criadas para que todos possam falar e ser ouvidos, precisam ser respeitadas.

Atividades 4 e 5 (p. 98)

Oriente os estudantes a pensar individualmente nas possibilidades de assuntos e conversas que a notícia pode gerar. Avise-os de que suas reflexões serão úteis nas simulações das conversas telefônicas que farão. Outra proposta é que os estudantes assumam papéis de diferentes pessoas que poderiam estar envolvidas na notícia: o diretor ou diretora do zoológico, o tratador, um biólogo, um veterinário, um especialista em língua de sinais, entre outros. No momento das simulações das conversas telefônicas, chame os estudantes de dois a dois e explique o papel que cada um vai desempenhar. Se achar conveniente, promova a primeira conversa telefônica entre você e um dos estudantes, servindo de exemplo.

Proponha variações de assuntos e motivos da conversa: a comunicação por sinais, a dieta, a doença, os medicamentos, a comunicação com outros animais, entre outras.

Utilize objetos dos próprios estudantes para fazer de conta que são telefones, como estojos, por exemplo. Se houver a possibilidade, também podem ser utilizados aparelhos telefônicos ou celulares reais.

Atividade 6

A tabela de avaliação é um recurso que pode contribuir com a avaliação formativa dos estudantes, pois permite identificar tanto suas defasagens quanto seus avanços, a fim de acompanhar a evolução do seu processo de aprendizagem. É importante dialogar, apoiar e orientar cada estudante no que for preciso para incentivar um melhor desempenho dentro e fora da sala de aula.

Conhecer mais palavras

Converse com os estudantes sobre palavras inventadas que acabam sendo utilizadas no dia a dia de muitas pessoas. Normalmente, essas palavras nomeiam coisas e interferem na forma de o indivíduo pensar, perceber a realidade e se comunicar, ou se ligar a determinados grupos sociais.

Chame a atenção para a palavra neologismo.

Explore a tirinha apresentada na atividade retomando os elementos estudados anteriormente, questionando os estudantes:

Qual o enredo apresentado na tirinha? Quem é a personagem? Onde se passa a ação? Qual o desfecho? A tirinha conta a história da criação de uma nova palavra (neologismo).

Verifique se os estudantes conhecem outros exemplos de neologismos como: uma palavra que já existe e ganha outro significado, como dar zebra/dar ruim, que significam "dar errado". Também há exemplos em que uma palavra nova é criada a partir de outra, como clicar (pressionar um botão virtual), deletar (apagar ou esquecer) ou ainda, como a apresentada na tirinha, sextou.

Atividade 1 (p. 99)

Proponha a atividade de modo que os estudantes fiquem livres para criar novas palavras. Convide-os a apresentar as palavras criadas e compartilhar com a turma o processo utilizado para inventá-las.

A seção também é um recurso que pode contribuir com a avaliação formativa dos estudantes, pois permite identificar tanto suas defasagens quanto seus avanços, a fim de acompanhar a evolução do seu processo de aprendizagem, em especial em relação ao desenvolvimento de vocabulário.

Para realizar uma avaliação processual e formativa dos estudantes, nesta unidade foram sugeridas várias propostas de acompanhamento. Entre elas, destacam-se:

• as tabelas de avaliação, para revisar, analisar e reelaborar as produções oral e escrita e verificar as atividades de fluência realizadas nesta unidade;
• a seção "Conhecer mais palavras", para desenvolver gradativamente o repertório estudado na unidade;
• a confecção do "Dicionário da turma", para selecionar, organizar e consolidar o vocabulário aprendido na unidade;
• a seção "Para fazer em casa", para retomar os assuntos estudados na unidade.

Conclusão da unidade