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UNIDADE 5 Espertezas
Você sabe o que é uma esperteza? Pode ser a ação de quem é esperto ou inteligente e também uma ação desonesta para conseguir algo, como uma malandragem.
Na antiga cidade grega de Tebas, vivia a Esfinge, uma criatura monstruosa: cabeça de mulher, corpo de leão e longas asas. Ela lançava um enigma (desafio) aos viajantes, que deveriam acertar para não ser devorados por ela. Um dia, o jovem Édipo respondeu ao enigma da Esfinge e acertou! Envergonhada, a criatura se atirou do monte e a cidade ficou livre dela. Veja o enigma:
- Que animal tem quatro patas de manhã, duas à tarde e três no final do dia? Descubra ou o devoro!
MANUAL DO PROFESSOR
Introdução da unidade
UNIDADE 5
Espertezas
Objetivos da unidade
- Conhecer e desvendar um enigma.
- Conhecer e compreender os gêneros textuais conto de esperteza, repente, texto teatral, fábula e história em quadrinhos.
- Desenvolver habilidade de compreensão de textos orais, escritos e não verbais.
- Ler oralmente os textos apresentados.
- Treinar e desenvolver a precisão e a velocidade no reconhecimento de palavras.
- Desenvolver a habilidade de ler com prosódia, respeitando o valor expressivo dos sinais de pontuação, a expressão, o fraseamento, o ritmo e a entonação.
- Desenvolver a aquisição de vocabulário receptivo e expressivo.
- Desenvolver processos de compreensão textual: localizar informação explícita; fazer inferências; interpretar e relacionar ideias e informações; analisar e avaliar conteúdo e elementos textuais.
- Classificar as palavras quanto ao número de sílabas: monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas.
- Reconhecer a função dos sinais de pontuação e seus efeitos na leitura.
- Inferir significado de palavras de acordo com o contexto em que estão inseridas.
- Planejar e produzir fábula.
- Desenvolver o hábito de reler o texto escrito para revisar, fazendo uso de conhecimentos linguísticos e gramaticais.
- Desenvolver a escuta atenta.
- Realizar exercício de repente a partir de cantiga.
- Planejar, produzir e participar de apresentação teatral.
A "esperteza" é um tema que povoa o imaginário das crianças e está presente em diferentes narrativas: filmes, animações, fábulas etc. Assim, são muitas as possibilidades para explorar o vocabulário, a leitura, a oralidade e a escrita, com imaginação, desafios e até certo humor, sem abrir mão de reflexões importantes sobre respeito, empatia, colaboração e persistência, importantes para o verdadeiro esperto!
Todas as habilidades da BNCC contempladas nesta unidade encontram-se nas páginas MP009-MP015 deste Manual do Professor.
As indicações, a seguir, referem-se aos Componentes da PNA contemplados nesta unidade:
Compreensão de textos
Conhecimento alfabético
Desenvolvimento de vocabulário
Fluência em leitura oral
Produção de escrita
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- O que mais chamou sua atenção na pintura de Édipo com a Esfinge?
- Você acha que a Esfinge era esperta? Por quê?
- Por que ninguém conseguia adivinhar o enigma da Esfinge?
- Você imagina qual é a resposta do enigma da Esfinge?
- Você conhece alguma personagem que é famosa por sua esperteza? Se sim, qual? Respostas pessoais.
Desafio
1 Édipo conseguiu decifrar o enigma da Esfinge. Será que você também consegue?
Dica: Numere estas três figuras na ordem em que acontecem e descubra o que elas representam.
3
1
2
-
E então, qual é a resposta? O ser humano, que é representado no início da vida (o bebê que engatinha), na juventude (a figura que parece correr) e no final da vida, quando, por estar fraco, usa um apoio para caminhar (a figura de um idoso).
2 Agora é sua vez de resolver um enigma!
Um fazendeiro vai até a cidade e precisa voltar para casa com uma raposa, uma galinha e um saco de grãos. Para isso, ele precisa atravessar um rio, mas só pode levar um item de cada vez com ele. Se a raposa ficar com a galinha, a galinha será comida. Se a galinha ficar com os grãos, ela os comerá. Como o fazendeiro pode atravessar o rio e levar tudo para casa em segurança? Primeiro, ele leva a galinha; depois, volta e busca a raposa, deixa ela lá e volta com a galinha; então, ele leva os grãos e deixa a galinha; por fim, ele volta e busca a galinha.
MANUAL DO PROFESSOR
Abertura
Habilidades da BNCC nesta seção
EF15LP09, EF15LP10, EF15LP11, EF15LP18, EF35LP04, EF35LP05.
Componentes da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Pergunte aos estudantes se já ouviram falar sobre a Grécia e o que sabem sobre esse país. É possível que já tenham ouvido falar dele por causa de sua participação em competições esportivas internacionais, ou já tenham ouvido alguma história da mitologia grega, ou, ainda, conheçam algumas personagens de filmes, desenhos animados ou jogos (Hércules, Posêidon, Medusa, entre outros).
Apresente a Grécia localizando-a em um mapa-múndi. Nessa faixa etária, os estudantes costumam ter grande interesse por mapas, países, bandeiras, fronteiras etc. Convide um estudante para mostrar aos colegas a localização da Grécia no mapa. Diga-lhes que a história que vão conhecer surgiu ali.
Proponha a leitura do texto de abertura e, em seguida, explore as questões orais.
Para resolver o "Desafio", solicite que um estudante releia o enigma. Se considerar oportuno, explique que nos enigmas, assim como nas adivinhas, as palavras nem sempre são utilizadas no seu sentido comum. Verifique se percebem que, no caso, manhã, tarde e noite não são referências exatas aos períodos do dia e sim representações de fases do desenvolvimento humano.
Questione: O que a manhã representa? Espera-se que os estudantes relacionem com o início do dia. Continue questionando até que os estudantes encontrem a resposta.
Ao apresentar o novo enigma, lembre aos estudantes que nos enigmas as respostas são sempre um pouco diferentes do que pensamos logo no incio, pois o desafio sempre traz uma "pegadinha" que exige pensar de um jeito diferente. É por isso que enigmas são ótimos para exercitar o cérebro.
Atividades preparatórias
Desenvolvimento de vocabulário
Para abordar o tema esperteza, promova uma reflexão sobre diferentes usos da palavra, como qualidade de pessoas inteligentes e atentas ou como um defeito relacionado à desonestidade, comum em pessoas que querem obter vantagens em prejuízo de outras. Incentive os estudantes a compartilhar suas percepções citando exemplos.
Atividade complementar
Solicite aos estudantes que pesquisem e anotem desafios, também conhecidos como "O que é, o que é?". Os familiares podem ser uma boa fonte de consulta para desafios. O material coletado pode ser compartilhado na sala de aula e exposto no pátio da escola para que os estudantes de outras turmas também possam se divertir e ampliar seus conhecimentos.
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Para ler
Antes de ler
Você vai ler um conto de esperteza. Respostas pessoais.
- Leia o título do conto. O que você sabe sobre as personagens?
- Você pode imaginar que tipo de problema o jabuti e o caipora podem ter?
- Qual das personagens você considera mais esperta? Por quê?
Durante a leitura
- Acompanhe a leitura do professor e anote as palavras que você não conhece.
- Descubra qual das personagens agirá com esperteza e verifique se você concorda com a atitude dela.
O jabuti e o caipora
O jabuti estava dentro do tronco oco de uma árvore, junto da praia, bem na foz de um rio. Tocava sua flautinha, todo contente da vida:
Lalalá... lari-lerém.
O caipora passou por ali e resolveu que dessa vez ia dar uma lição nele. Não é que não gostasse do jabuti, mas é que o caipora era o gênio protetor da floresta, defendia os animais, enganava os homens, dava surra nos caçadores, e no fim ninguém reconhecia sua importância. Então ficava com inveja da fama do jabuti, que todo mundo dizia que era o bicho mais esperto da mata.
Por isso, propôs:
- Jabuti, vamos fazer um concurso e ver quem ganha?
- Claro, caipora, com o maior prazer. Concurso de quê?
- De força - respondeu o caipora, se achando todo esperto, porque concurso de esperteza podia ser arriscado.
- Vamos, sim - concordou o jabuti. - Como é que você quer fazer?
- Eu vou ali no mato e pego um cipó bem forte. Depois, a gente faz um cabo de guerra. Cada um segura firme numa ponta.
MANUAL DO PROFESSOR
Para ler
Habilidades da BNCC nesta seção
EF15LP01, EF15LP02, EF15LP03, EF15LP15, EF15LP16, EF35LP01, EF35LP03, EF35LP04, EF35LP21, EF35LP22.
Componentes da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Fluência em leitura oral
Boxe inicial de "Para ler"
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Fluência em leitura oral
Converse com os estudantes sobre as questões propostas em "Antes de ler". Anote na lousa informações que apresentarem sobre cada personagem: o jabuti e o caipora, mesmo que não sejam características específicas dessas personagens. Estimule-os a inferir tipos de problema que poderão surgir para cada personagem levando em conta as características levantadas pelo grupo.
Proponha uma votação sobre a personagem mais esperta. Com base no resultado, problematize: Quais características levantadas colaboram para que essa personagem seja a mais esperta? Quais podem atrapalhar? Por quê? É importante que os estudantes percebam que a esperteza está relacionada a uma forma de enxergar os acontecimentos e de agir diante deles.
Permita que narrem, oral e brevemente, a história que imaginaram a partir do título. Ressalte que devem falar de maneira ordenada, de acordo com os combinados estabelecidos.
Para ler e compreender um texto, o leitor mobiliza muitas estratégias, tais como: levantar hipóteses, validar ou não tais hipóteses, preencher lacunas deixadas pelo autor, enfm, participa, de forma ativa, da construção do seu sentido.
BORTONI-RICARDO Stella-Maris (coord.). Falar ler e escrever em sala de aula: do período da pós-alfabetização ao 5o ano. São Paulo: Parábola, 2008. p. 36.
As estratégias de leitura aqui propostas estimulam os estudantes a interagir com o texto e questioná-lo antes, durante e depois da leitura, no sentido de que se apropriem da leitura com compreensão, por meio de inferência, dedução e extrapolação.
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Você fica na água puxando, eu fico em terra. Quem conseguir puxar o outro, ganha.
- Combinado.
Quando o caipora voltou, com uma embira enorme e muito forte, o jabuti primeiro sugeriu que eles trançassem o cipó, para reforçar ainda mais.
- Me avise quando estiver pronto... - disse o caipora.
- Aviso, sim. Deixe só eu encontrar um lugar em que a lama do fundo não escorregue...
O jabuti pulou na água segurando a sua ponta e foi pedir ao peixe-boi:
- Segura aqui esta ponta para mim, que eu estou fazendo um cabo de guerra com o caipora...
- Seguro, sim. Mas só um instantinho. Eu não posso demorar, porque hoje a baleia veio me visitar.
- Eu aviso a ela, pode deixar - disse o jabuti. - Mas faça assim, compadre, por favor: em vez de segurar a corda bem na ponta, segure um pouco mais para dentro.
O peixe-boi atendeu o pedido dele e ficou segurando a corda de embira, deixando uns metros de folga. O jabuti pegou a ponta, levou até perto da visitante e amarrou bem amarrado no rabo da baleia. Ela nem sentiu, deve ter achado que era só um cisco passando na água e fazendo uma cosquinha.
- Obrigado, amigo, não vai precisar mais - o jabuti avisou ao peixe-boi. Depois, voltou para a terra e se escondeu no toco da árvore. Só depois que estava bem escondido foi que gritou:
- Pode começar, caipora!
E ficou só com a cabecinha de fora, vendo e se divertindo.
O caipora começou a puxar. A baleia sentiu alguma coisa repuxando o rabo dela e resistiu. O caipora puxou mais. A baleia fez força, foi arrastando o caipora para dentro d'agua, puxando, puxando...
MANUAL DO PROFESSOR
Em " Durante a leitura" são apresentados objetivos para a leitura do conto: acompanhar com atenção a leitura do professor, identificar palavras desconhecidas, descobrir a personagem que agirá com esperteza, analisar como ela age e elaborar uma opinião - além, é claro, de validar as próprias expectativas em relação ao texto. Como estratégia de leitura, os estudantes, naturalmente, estabelecerão uma relação hierárquica entre os objetivos apresentados, para então calibrarem sua atenção durante a leitura. A exposição frequente a esse tipo de prática permite avanços significativos na formação do leitor.
Ao iniciar sua leitura, chame a atenção dos estudantes para o ritmo, a velocidade e a prosódia, relacionando-os ao contexto e aos sinais de pontuação. Procure alterar a voz para diferenciar as personagens e, de certa forma, destacar os verbos dicendi, ou de enunciação, aqueles que introduzem o diálogo, anunciam as falas.
Oriente os estudantes a destacar as palavras desconhecidas para que depois possam anotá-las no caderno.
Ao finalizar a leitura, inicie uma conversa na qual os estudantes apontem suas percepções em relação à sua leitura (velocidade, ritmo e prosódia). Retome os verbos que introduzem os diálogos e estimule-os a perceber que, ao anunciar a fala, esses verbos contextualizam o texto, dando dicas para a leitura. Questione: Que tons de voz podemos usar para uma pergunta: um cochicho, um grito? Se em uma história em quadrinhos são utilizados recursos gráficos e balões de fala, como podemos perceber esses tons de voz em um texto como o conto de esperteza?
De acordo com a BNCC, a leitura
[...] compreende as práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com os textos escritos orais e multissemióticos e de sua interpretação, sendo exemplos as leituras para: fruição estética de textos e obras literárias; pesquisa e embasamento de trabalhos escolares e acadêmicos; realização de procedimentos; conhecimento, discussão e debate sobre temas sociais relevantes; sustentar a reivindicação de algo no contexto de atuação da vida pública; ter mais conhecimento que permita o desenvolvimento de projetos pessoais, dentre outras possibilidades.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC 2018. p. 71.
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Daí a pouco, o caipora já estava com água na altura do pescoço. Começou a gritar:
- Chega, jabuti! Chega. Você ganhou!
O jabuti mergulhou, desatou o cipó do rabo da baleia e segurou a ponta enquanto saía da água.
- Puxa, você deve estar cansado, hein, jabuti?! Fez tanta força... - disse o caipora.
- Até que nem... não suei nada... Veja só.
O caipora olhou e viu que era verdade. Teve de reconhecer:
- É, jabuti, você me venceu. Agora eu sei que você é mais forte e mais valente do que eu. Vou embora.
"Nada disso, sou só mais esperto", ficou pensando o jabuti. Mas não disse nada. Uma das grandes espertezas dele era não falar demais.
Ana Maria Machado. Histórias à brasileira: Pedro Malasartes e outras. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2004.
Que curioso!
Essa história foi recontada por Ana Maria Machado, escritora que já publicou livros para crianças, jovens e adultos. Em sua carreira, ela já recebeu os mais importantes prêmios nacionais e internacionais de literatura. A escritora foi a segunda mulher a ocupar o posto de presidente da Academia Brasileira de Letras.
Para estudar o texto Praticar a fluência
1 Depois de acompanhar a leitura do professor, leia as palavras que você anotou e converse com a turma sobre o significado delas.
2 Agora, cada colega vai ler um trecho do texto. Acompanhe a leitura e, quando chegar sua vez, leia com clareza, ritmo e entonação adequados.
MANUAL DO PROFESSOR
Leia a pequena biografia da autora Ana Maria Machado. Coletivamente, retome alguns pontos: O que significa recontar uma história? Quais as características de um livro para crianças? Em que se diferencia de um livro para jovens e de um livro para adultos? Por que uma autora de livros é premiada? O que significa ser a segunda mulher presidente da Academia Brasileira de Letras? Por que essas informações são importantes?
Explique que a Academia Brasileira de Letras (ABL) é uma instituição cultural inaugurada em 20 de julho de 1897 e tem como objetivo o cultivo da língua e da literatura nacional. Da sua inauguração até 2021, teve 53 presidentes, e desses, apenas duas são mulheres: Nélida Pinon (1997 - cem anos após a fundação) e Ana Maria Machado (2012).
■ Para estudar o texto Praticar a fluência
Habilidades da BNCC nesta subseção
EF15LP16, EF35LP01, EF35LP05, EF35LP21, EF35LP22.
Componentes da PNA nesta subseção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Fluência em leitura oral
Atividade 1
Desenvolvimento de vocabulário
Aborde as dúvidas em relação ao vocabulário, desafie os estudantes a inferir significado com base no contexto em que a palavra está inserida. Ao final, converse sobre as hipóteses e oriente-os a consultar o "Glossário". Caso apresentem dúvidas sobre palavras que não estão no "Glossário", oriente-os a localizá-las no dicionário. No caderno, proponha que registrem seu entendimento sobre o significado, utilizando suas próprias palavras.
Atividade 2
Fluência em leitura oral
Ao propor a leitura oral e coletiva, retome alguns pontos da conversa que tiveram sobre a sua leitura, tomando-a como referência.
Atividade complementar
Compreensão de textos Fluência em leitura oral
Depois de sanar todas as dúvidas em relação ao vocabulário na atividade 1, proponha a leitura individual e silenciosa do texto.
O contato dos estudantes com o texto de forma individual pode trazer mais segurança na hora da leitura coletiva, por isso procure perceber o nível de autonomia que apresentam nas duas modalidades. É esperado que demonstrem cada vez mais segurança em relação à fluência e à capacidade de compreensão, de modo que se sintam aptos a ler qualquer tipo de texto e seguros para enfrentar os desafios que lhes serão propostos dentro e fora do ambiente escolar.
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3 Leia em voz alta as ações do jabuti. Procure melhorar a velocidade da leitura a cada repetição!
O jabuti mergulhou.
O jabuti mergulhou, desatou o cipó do rabo da baleia.
O jabuti mergulhou, desatou o cipó do rabo da baleia e segurou a ponta enquanto saía da água.
Compreender o texto
4 Converse com os colegas sobre o conto lido.
Porque, mesmo protegendo a floresta, sua importância não era reconhecida, e todos diziam que o jabuti era o bicho mais esperto da mata.
- Por que o caipora tinha inveja do jabuti?
- O caipora sugeriu que o cabo de guerra fosse feito de que jeito?
Vocês acham que as regras foram justas?
Ele e o jabuti pegariam em uma das pontas do cipó e um tentaria puxar o outro. O caipora ficaria na terra e o jabuti, na água. As regras não foram justas porque, além de o jabuti ser mais fraco, dentro da água seria ainda mais difícil puxar o caipora.
5 Responda às questões a seguir sobre a personagem que age com esperteza no conto.
- Que personagem é essa? O jabuti.
- Ligue cada uma das perguntas abaixo a sua resposta.
- Você conhece outro conto em que essa personagem age com esperteza? Conte aos colegas. Resposta pessoal. Sugestão: A lebre e o jabuti.
Nos contos de esperteza, a personagem principal age de forma inteligente e rápida para resolver um problema.
MANUAL DO PROFESSOR
Compreender o texto
Habilidades da BNCC nesta subseção
EF15LP03, EF15LP15, EF35LP03, EF35LP04.
Componente da PNA nesta subseção
Compreensão de textos
Atividade preparatória
Compreensão de textos
Antes de iniciar as atividades, proponha questões que envolvam a apreciação e a percepção individual do texto: Vocês gostaram da história? Consideram o texto curto ou longo? Acharam a história divertida? Com qual personagem vocês mais simpatizaram? A história traz algum momento com o qual não concordam? Por quê? Vocês gostaram do final? Por quê?
A presença da personagem jabuti (animal com características humanas) e o final que, de certa forma, traz o ensinamento do jabuti sobre o "segredo" da sua esperteza, podem remeter os estudantes às características de uma fábula. Segundo o Dicionário de gêneros textuais, de Sérgio Alberto Costa (Belo Horizonte: Autêntica, 2008, p. 67-68), "as raízes populares e a tradição oral aproximam a fábula dos contos populares".
Porém, é importante ressaltar no conto a presença do caipora, personagem folclórica (não se trata de um animal) e do enredo/final que não traz uma moral explícita, e sim uma reflexão ética sobre o comportamento e as intenções das personagens.
Atividade 3
Fluência em leitura oral
Esta atividade tem como objetivo mostrar aos estudantes a importância do treino para realizarem avanços em relação à fluência em leitura. Se achar oportuno, forme duplas para que possam trocar percepções.
Atividades 4 e 5
Compreensão de textos
A atividade 4 sistematiza a compreensão do contexto do conto ao tratar da inveja e do desejo de vencer do caipora, que coloca o jabuti numa situação injusta.
Já a atividade 5 propõe a análise da personagem jabuti, sua atitude de esperteza e os motivos que a levaram a essa atitude.
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6 Qual é a esperteza presente no conto?
O jabuti amarrou sua ponta da corda no rabo da baleia e fingiu que era ele quem estava puxando. Como a baleia é mais forte do que o caipora, o jabuti ganhou no cabo de guerra.
7 Numere os fatos na ordem em que acontecem na história.
- 2 O jabuti sugere deixar o cipó mais forte para usar no cabo de guerra e pula para dentro da água.
- 4 O jabuti descobre que a baleia está visitando o peixe-boi e amarra a corda no rabo dela.
- 5 A baleia puxa a corda no lugar do jabuti.
- 6 O jabuti vence o cabo de guerra graças a sua esperteza, e o caipora diz que o jabuti é mais esperto e mais valente do que ele.
- 3 O jabuti pede para o peixe-boi segurar a corda para ele.
- 1 O caipora desafia o jabuti para um cabo de guerra.
Ampliar o vocabulário
8 Releia o primeiro parágrafo do conto.
-
A autora escreve com uma linguagem:
- X informal, como se estivesse conversando com o leitor.
- formal, muito diferente da linguagem usada quando estamos conversando com alguém.
9 Explique o significado da expressão destacada neste trecho do conto.
"O jabuti mergulhou, desatou o cipó do rabo da baleia e segurou a ponta enquanto saía da água."
Desamarrou, desfez.
Para ler em casa
Convide uma pessoa que mora com você para fazer a leitura do conto de esperteza. Leia o título e converse com ela sobre o jabuti e o caipora. Depois, combine que cada um lerá as falas de uma das personagens. Não se esqueça de acompanhar a pontuação usando o ritmo e a entonação adequados para cada situação.
MANUAL DO PROFESSOR
Atividade 6
Compreensão de textos
Nesta atividade, questione os estudantes sobre o tipo de esperteza que o caipora tentou utilizar no início, com a proposta de uma regra injusta para o jabuti.
Atividade 7
Compreensão de textos
Esta atividade chama a atenção dos estudantes para a estrutura temporal da narrativa.
Ampliar o vocabulárioHabilidade da BNCC nesta subseção
EF35LP05.
Componentes da PNA nesta subseção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Atividade 8
Sugira aos estudantes que indiquem no texto expressões que caracterizam a linguagem mais informal, como "todo contente da vida", "Lalalá... lari-lerém" (p. 132); e "Até que nem... não suei nada..." (p. 134).
Atividade 9
Desenvolvimento de vocabulário
Os estudantes podem deduzir o significado da forma verbal pelo contexto por aproximação de sentidos, estratégia fundamental para o desenvolvimento do vocabulário e a compreensão de textos. Explique à turma que é muito difícil alguém conhecer todas as palavras de uma língua. Por isso, não conhecer o significado de uma palavra não é problema, mas uma oportunidade de saber mais. Esclareça que o que torna uma palavra conhecida é seu uso frequente. Por isso, o primeiro passo é utilizá-la em frases do dia a dia. Proponha que formem frases com o verbo desatar e suas variações.
Para ler em casa
Nesta oportunidade de trabalhar com a Literacia Familiar, oriente os estudantes a retomar o "Antes de ler" para planejar e propor a mesma sequência de atividades: ler o título, falar sobre as personagens, imaginar o problema e apontar a personagem que considera mais esperta. Depois que o familiar apresentar suas hipóteses, o estudante deverá convidá-lo para a leitura.
Atividade complementar
Compreensão de textos
Proponha que discutam a última frase sobre o jabuti: "Uma das espertezas dele era não falar demais", e questione: Vocês concordam? O que acontece com quem fala tudo? Por quê? Por que a esperteza deve ser um segredo?
Comente que a esperteza é uma característica que se manifesta de dois modos: como inteligência ou como oportunismo. Inteligência é característica da personagem que tem ideias e ações rápidas, porque percebe o que está acontecendo. Já o oportunismo é característica da personagem que quer levar vantagem. Pergunte: No conto, quem foi oportunista? O caipora, que impôs regras injustas, ou o jabuti, que encontrou uma solução para fazer a regra injusta se tornar uma vantagem?
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Estudo da língua Pontuação
1 Releia este trecho do conto O jabuti e o caipora e converse com os colegas sobre as questões.
"Daí a pouco, o caipora já estava com água na altura do pescoço.
Começou a gritar:
- Chega, jabuti! Chega. Você ganhou!
O jabuti mergulhou, desatou o cipó do rabo da baleia e segurou a ponta enquanto saía da água."
Para que o caipora pensasse que era ele, o jabuti, que estava puxando a corda.
- Por que o jabuti agiu dessa forma quando o caipora começou a gritar?
- O jabuti fez o que o caipora pediu? Por quê? Sim. Porque já havia ganhado o cabo de guerra.
- Que sinal de pontuação foi utilizado para anunciar o que o caipora gritou? Dois-pontos.
-
Releia o que o caipora gritou. O que significa o sinal de pontuação !?
Significa que o caipora estava fazendo um pedido com muita emoção.
Na língua escrita, os sinais de pontuação indicam as diferenças de entonação e separam frases ou suas partes.
Dois-pontos (:)
Introduzem a fala de alguém ou uma explicação. Exemplos:
O jabuti precisava de uma coisa: esperteza. (explicação)
O caipora gritou: "Você venceu!". (fala)
Ponto de exclamação (!)
Finaliza frases que expressam sentimentos ou emoções. Exemplo: Que incrível! O jabuti venceu o cabo de guerra! (admiração, espanto)
2 Escreva uma frase sobre o conto que você leu usando ponto de exclamação.
Resposta pessoal.
MANUAL DO PROFESSOR
Estudo da língua
■ Pontuação
Habilidades da BNCC nesta seção
EF03LP07, EF15LP12, EF35LP21, EF35LP22, EF35LP30.
Componentes da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Conhecimento alfabético
Nesta seção são apresentados e revistos os sinais de pontuação e suas funções em uma frase ou texto. Vale ressaltar que, muitas vezes, se tem uma compreensão equivocada de frase declarativa (terminada por ponto-final), denominando-a simplesmente frase afirmativa. As frases declarativas, exclamativas e interrogativas podem ser tanto negativas como afirmativas.
Atividade complementar
Compreensão de textos
Conduza uma conversa sobre o diálogo, ressaltando para a turma que, durante a fala, o contato visual nos auxilia na percepção do sentido da fala, pois, além da voz da pessoa, estamos olhando para ela e somos capazes de perceber gestos, expressões e olhares, que auxiliam nosso cérebro a compreender toda a situação. Dê como exemplo as frases: "Você quer chocolate! "; "Você quer chocolate?"; "Você quer chocolate.". Escreva-as na lousa e chame os estudantes para que encenem as variações. Por exemplo, a afirmação exclamativa "Você quer chocolate!" pode ser dita em diferentes situações, revelando: animação, descontentamento, deboche e até tristeza. No texto escrito, além do contexto, usa-se a pontuação para fazer essa indicação.
Atividade 1
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Proponha a leitura oral do trecho em destaque. Oriente os estudantes a realizar, durante a leitura, a entonação relacionada à pontuação. Questione: O que o caipora está sentindo? Caso perceba que os estudantes estão com dificuldade em perceber os efeitos de sentido decorrentes do uso da pontuação e decidir sobre como entoar a leitura, realize mais uma leitura do trecho em voz alta, apresentando-se como modelo leitor.
Leia com os estudantes as definições dos sinais de pontuação apresentadas no quadro e transcreva, com as palavras deles, para o Quadro de descobertas.
Leia novamente o trecho: "O jabuti mergulhou, desatou o cipó do rabo da baleia e segurou a ponta enquanto saía da água." e verifique se os estudantes percebem que a ausência do travessão indica a fala do narrador. Peça que identifiquem no trecho apresentado na atividade outra fala do narrador. É esperado que identifiquem:
"Daí a pouco, o caipora já estava com água na altura do pescoço.
Começou a gritar:"
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3 Releia esta fala do caipora.
"- Jabuti, vamos fazer um concurso e ver quem ganha?"
-
O que significa o sinal de pontuação ? nesse trecho?
Significa que o caipora está fazendo uma pergunta para o jabuti.
Ponto de interrogação (?)
Finaliza frases em que se expressa dúvida ou se faz uma pergunta direta. Exemplo: O jabuti ganhou o concurso?
4 Leia esta frase declarativa.
"O caipora perdeu o concurso de força."
-
Transforme essa frase em exclamativa.
O caipora perdeu o concurso de força!
-
Agora, transforme-a em uma frase interrogativa.
O caipora perdeu o concurso de força?
5 Leia esta frase interrogativa.
"A baleia puxou o cipó?"
-
Transforme-a em uma frase declarativa, que afirma algo.
A baleia puxou o cipó.
-
Agora, transforme-a em uma frase exclamativa.
A baleia puxou o cipó!
Ponto-final (.)
Emprega-se no final de frases declarativas (em que se faz uma declaração). Exemplo: O jabuti pegou a ponta.
MANUAL DO PROFESSOR
Atividade 3
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Perceba se os estudantes identificam a fala do caipora como uma pergunta, reconhecendo o ponto de interrogação como elemento que representa o sentido e o tom da fala na escrita. A exemplo da exploração em relação a diferentes formas (situações) de exclamar, questione se há diferentes formas de perguntar.
Atividades 4 e 5
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
As atividades trazem como proposta a transformação do sentido de cada frase a partir do reconhecimento do sentido original e do sinal que o representa. Para facilitar a compreensão dos estudantes, proponha que encenem algumas situações inspiradas no conto, por exemplo.
- O Caipora perdeu o desafio.
- O Caipora perdeu o desafio?
- O Caipora perdeu o desafio!
Embora o emprego da letra maiúscula seja um assunto que os estudantes de 3o ano já conheçam, nunca é demais insistir que se lembrem de utilizá-la no início das frases criadas por eles.
Pode ser encontrada, em obras de referência, uma classificação mais extensa, com mais tipos de frase: imperativas (expressam ordem, proibição ou pedido), optativas (expressam desejo, vontade) e imprecativas (encerram uma praga, maldição). Entretanto, não convém ampliar a classificação para essa faixa etária.
As possibilidades trabalhadas nas atividades 4 e 5 estimulam a percepção de que as frases soltas, ou seja, que não fazem parte de um texto, admitem qualquer tipo de pontuação. Explique que, quando as frases fazem parte de um texto, a escolha do sinal de pontuação deve considerar o contexto em que ela está inserida.
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6 Releia este trecho do conto.
"- É, jabuti, você me venceu. Agora eu sei que você é mais forte e mais valente do que eu. Vou embora.
'Nada disso, sou só mais esperto', ficou pensando o jabuti. Mas não disse nada. Uma das grandes espertezas dele era não falar demais."
-
Por que o trecho está entre aspas (" ")?
Ajude os estudantes a perceber que o texto está entre aspas para indicar que é uma parte (citação) do conto lido.
-
Marque o que as aspas simples (' ') sinalizam nesse trecho.
- X Um pensamento.
- Uma fala.
- Que sinal de pontuação presente nesse trecho sinaliza a fala de uma personagem? Circule-o. -
7 Leia a frase a seguir.
"'Você venceu!', gritou o caipora."
-
Nela, as ' ' indicam:
- um pensamento.
- X uma fala.
-
uma pergunta.
Travessão (-)
Pode ser utilizado para marcar a fala de uma personagem.
Aspas (" ")
Podem mostrar que o trecho foi retirado de um texto, ou seja, é uma citação. Também podem indicar a fala ou o pensamento de uma personagem.
Aspas simples (' ')
Podem ser utilizadas para indicar a fala ou o pensamento de uma personagem quando o trecho de que faz parte já está entre aspas.
MANUAL DO PROFESSOR
Atividades 6 e 7
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Estas atividades abordam o uso das aspas para identificar falas e pensamentos. Com base na comparação entre os discursos direto e indireto, aproveite para destacar o papel do narrador e o quanto os verbos podem ajudar no entendimento do contexto e, portanto, auxiliar na definição e nas escolhas do leitor em relação à entonação, ao ler em voz alta.
Ao abordar a atividade 6, volte ao texto e explore a forma como a fala é introduzida:
"O caipora olhou e viu que era verdade. Teve de reconhecer:".
Questione: Qual tom de voz pode ser utilizado para reconhecer algo que não se esperava ter que reconhecer? (desapontamento). E se fosse algo que confirmasse que a personagem tinha razão? (contentamento).
Utilize o exemplo da atividade 7 para reforçar o papel do narrador e a indicação da forma como a personagem se manifestou com o sinal de pontuação (ponto de exclamação). Chame a atenção para o verbo gritar e a variação que ele pode impor, na leitura oral, na qual, mesmo sem gritar, o leitor pode aumentar a intensidade da voz para proporcionar mais compreensão e emoção a quem ouve a leitura.
140
Produção escrita Fábula
Você leu um texto em que um animal, o jabuti, é a personagem principal. Sabia que ter animais como personagens é uma característica das fábulas?
Você vai produzir uma fábula com um colega. Depois, essa fábula será lida para o restante da turma.
Planejamento e escrita
1 Leia a fábula e converse com um colega.
O corvo e o jarro
Um corvo, quase morto de sede, foi a um jarro, onde pensou encontrar água. Quando meteu o bico pela borda do jarro, verificou que só havia um restinho no fundo. Era difícil alcançá-la com o bico, pois o jarro era muito alto.
Depois de várias tentativas, precisou desistir, desesperado. Surgiu, então, uma ideia em seu cérebro. Apanhou um seixo e jogou-o no fundo do jarro. Jogou mais um e muitos outros.
Com alegria verificou que a água vinha, aos poucos, se aproximando da borda. Jogou mais alguns seixos e conseguiu matar a sede, salvando a vida.
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
Ler e escrever: livro de textos do aluno. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. 3. ed. São Paulo: FDE, 2010.
- Seixo:
- pedra arredondada.
- Que animal é personagem dessa fábula? O corvo.
- Que características humanas esse animal tem? Sugestões: persistência, inteligência, esperteza.
-
Esse animal foi esperto? Explique sua resposta.
Sim, pois ele pensou numa estratégia para alcançar a água e deu certo.
-
Circule o ensinamento presente na fábula e explique-o. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
O corvo persistiu até encontrar uma solução para seu problema.
As fábulas são textos narrativos que apresentam uma moral (um ensinamento). Nelas, os animais têm características humanas.
MANUAL DO PROFESSOR
Produção escrita
■ Fábula
Habilidades da BNCC nesta seção
EF15LP05, EF15LP06, EF15LP07, EF35LP07, EF35LP25.
Componentes da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Fluência em leitura oral
Produção de escrita
O objetivo desta seção é que os estudantes produzam uma fábula na qual as personagens de dois diferentes textos da unidade se encontrem e interajam. Ofereça auxílio para que os estudantes possam planejar e apresentar na fábula uma situação de esperteza e uma moral.
Atividade preparatória
Compreensão de textos
Disponibilize ou promova a pesquisa de outras fábulas, além da apresentada nesta seção, para que os estudantes leiam com o objetivo de identificar elementos importantes como:
- narrador: por quem e como a história é narrada;
- personagens: animais com características e comportamentos humanos;
- tempo e espaço: quando e onde os fatos se passam;
- conflito: a situação desafiadora que envolve as personagens;
- moral: o ensinamento.
Atividade 1
Compreensão de textos
Fluência em leitura oral
Proponha aos estudantes que, em duplas, façam a leitura oral da fábula "O corvo e o jarro". Explore o texto partindo das perguntas apresentadas, pois elas retomam alguns elementos e características do gênero fábula.
Antes de ler o conceito de fábula apresentado no quadro, veja se os estudantes conseguem elaborar esse conceito com suas próprias palavras e insira mais essa descoberta no Quadro de descobertas.
Destaque a importância da moral para caracterizar o gênero fábula. Explique que, por se tratar de um gênero transmitido oralmente, as fábulas costumam ter muitas versões, isto é, a mesma história ganha cenários, situações e desfechos diferentes. Muitas vezes, a moral das fábulas também pode mudar, transformando-se em provérbios, que expressam o conhecimento popular e ensinam sobre diferentes aspectos da vida.
Alguns exemplos de provérbios: a pressa é inimiga da perfeição, antes só do que mal acompanhado, as aparências enganam, a voz do povo é a voz de Deus, cada macaco no seu galho.
141
2 Imaginem a história.
- Imaginem uma fábula com as personagens espertas das duas histórias lidas. Como seria um encontro entre o jabuti e o corvo?
- Você e o colega vão escrever uma fábula com essas personagens.
Importante!
Decidam:
- Onde vai ser esse encontro?
- O que estará acontecendo com essas personagens?
- Qual delas vai usar de esperteza com a outra?
3 Pensem em uma moral para a fábula.
Sugestões: Quem vê cara não vê coração. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Quem desdenha quer comprar. Uma boa ação ganha outra. Antes faminto e livre do que gordo e preso.
4 Escreva no caderno a fábula que vocês planejaram.
Avaliação e reescrita
5 Avaliem o próprio texto e o de outra dupla.
- Primeiro, vocês farão uma leitura da fábula escrita por vocês e a avaliarão de acordo com os critérios a seguir.
-
Depois, trocarão a fábula de vocês com a de outra dupla e revisarão o texto da mesma forma. Respostas pessoais.
Revisão do texto Sim Não A fábula traz as duas personagens solicitadas? Há uma situação de esperteza? Há uma moral, um ensinamento ao final da fábula? Há alguma palavra escrita de forma incorreta? Os sinais de pontuação foram utilizados corretamente? - Ouçam e anotem as opiniões e sugestões da outra dupla.
- Mostrem o texto de vocês ao professor e depois o passem a limpo, fazendo as alterações necessárias.
Socialização
6 Leiam as fábulas para a turma.
Dica: Respeitem os sinais de pontuação e sejam expressivos na leitura.
MANUAL DO PROFESSOR
Atividades 2 e 3
Retome os elementos estruturais da fábula, auxiliando os estudantes a planejar o texto.
Avalie a hipótese de orientar os estudantes para que iniciem o planejamento do texto escolhendo ou criando uma moral, para que depois pensem no acontecimento: O que precisa acontecer com as personagens para que seja possível aprender a lição (moral) escolhida? Que tipo de esperteza pode ser usada? Quem usará de esperteza? Como será?
Avaliação e reescritaAtividade 5
Produção de escrita
Depois de escrita a fábula, proponha às duplas que utilizem os critérios apresentados para avaliar a própria produção, fazendo os ajustes necessários. Depois, oriente os estudantes a trocar o texto com outra dupla para realizar o mesmo tipo de avaliação. Peça que anotem as sugestões que fariam à outra dupla. Reúna as duplas para que troquem suas impressões e colaborem com a qualidade dos textos. Retome as duplas iniciais para que façam os ajustes necessários e redijam mais uma versão. Faça as correções necessárias, oriente os estudantes e proponha a última versão.
A tabela de avaliação é um recurso que pode contribuir com a avaliação formativa dos estudantes, pois permite identificar tanto suas defasagens quanto seus avanços, a fim de acompanhar a evolução do seu processo de aprendizagem.
SocializaçãoAtividade 6
Fluência em leitura oral
Oriente os estudantes para que assumam papéis: narrador, personagem 1, personagem 2 etc. Organize para que as apresentações ocorram em pequenos momentos ao longo do dia, contribuindo para manter a atenção do grupo.
Depois de cada leitura, converse com a dupla sobre o processo de produção.
Consideração sobre dificuldade
Caso os estudantes apresentem dificuldades na organização, pontuação ou na marcação do discurso direto, selecione uma fábula curta e a reproduza em uma cartolina. Depois, projete-a, ou disponibilize uma cópia dela para todos.
Coletiva ou individualmente, peça que sinalizem com uma barra cada parágrafo, que grifem as falas, circulem os sinais de pontuação e pintem os verbos que anunciam as falas.
142
Produção oral Repente
Você já ouviu falar em repente? Você vai ler o trecho de um desafio entre Pinto do Monteiro (1895-1990) e Severino Milanês (1906-1967), dois famosos repentistas brasileiros.
Depois, você e seus colegas vão fazer um exercício de repente, uma improvisação a partir da cantiga Arre burrinho.
Repente, ou cantoria, é um desafio entre dois cantadores que improvisam os versos rimados no momento da apresentação. Na maioria das vezes, eles tocam viola para acompanhar sua cantoria, e, em geral, o tema é escolhido pela plateia.
Planejamento
1 Leia este texto.
Peleja de Pinto com Milanês
[...]
Pinto - No dia que eu tenho raiva
o vento sente um cansaço
o dia perde a beleza, a lua perde o espaço
o sol transforma-se em gelo
cai de pedaço em pedaço
Milanês - No dia que dou um grito
estremece o ocidente
o globo fica parado
o fruto não dá semente
a terra foge do eixo
o sol deixa de ser quente
[...]
MANUAL DO PROFESSOR
Produção oral
■ Repente
Habilidades da BNCC nesta seção
EF03LP27, EF15LP09, EF35LP23.
Componentes da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
A TV Escola produziu uma série documental intitulada "Poetas do Repente". Se achar oportuno, você pode consultar o site para conhecer mais sobre o tema. O conteúdo não é direcionado a estudantes do Ensino Fundamental, mas alguns trechos e desafios podem ser selecionados para você ouvir com a turma.
O primeiro episódio apresenta a origem dessa forma de poesia. Ouvindo os repentistas e os pesquisadores, o telespectador sabe mais sobre as teorias acerca desse fenômeno cultural, bem como os aspectos determinantes de seu aparecimento.
- "Poetas do Repente - Tecendo o repente". Produção: TV Escola/Fundação Joaquim Nabuco/Massangana Multimídia Produções, Brasil, 2006.
143
Pinto - pergunte o que tem vontade
não desespere da fé
do oceano, rio e golfo
estreito, lago ou maré
hoje você vai saber
Pinto cantando quem é
[...]
Milanês - Pinto, eu na poesia
quero mostrar-lhe quem sou
relativo ao avião
perguntando ainda vou
diga o primeiro balão
quem foi que inventou?
Pinto - Em mil seiscentos e nove
Bartolomeu de Gusmão
no dia oito de agosto
fez o primeiro balão
hoje no mundo moderno
chama-se o mesmo avião
[...]
Pinto - Milanês, você comigo
ou canta muito ou emperra
não pode se defender
salta, pula, chora e berra
qual foi a primeira estrada
de ferro, na nossa terra?
Milanês - Foi quando Pedro II
tinha aqui poderes mil
em 18 e 54
no dia trinta de abril
inaugurou-se em Mauá
a primeira do Brasil
Pinto - Milanês, você é fraco
não aguenta o desafio
eu ainda estou zombando
porque estou de sangue frio
me diga quem inventou
o telégrafo sem fio?
Milanês - Pinto, você não pense
que meu barco vai a pique
em mil seiscentos e oito
na cidade de Munique
Suemering inventou
este aparelho tão chique
[...]
Jornal de Poesia. Disponível em: https://oeds.link/I4BSS8. Acesso em: 14 jul. 2021.
MANUAL DO PROFESSOR
PlanejamentoAtividade preparatória
Antes de propor a leitura do texto, explore sua organização em versos e estrofes. É provável que os estudantes o reconheçam como um poema. Depois, explore o título, levando-os a inferir significado e levantar hipóteses sobre o tipo de texto que será lido.
Em seguida, proponha a leitura do trecho do desafio em voz alta, chamando a atenção para a presença de rimas.
144
2 O que você achou das provocações que um repentista fez para o outro? Resposta pessoal.
3 Se você estivesse na plateia, que tema sugeriria para o desafio entre os cantadores? Resposta pessoal.
4 Agora, leia esta cantiga do folclore português.
Depois de os estudantes terem acompanhado a letra uma vez, peça-lhes que a cantem ou leiam em voz alta num coro.
Arre burrinho
Arre burrinho que vai pra Loulé
carregadinho de café
Arre burrinho que vai pra Estremoz
carregadinho de arroz
Arre burrinho que vai pra Idanha
carregadinho de castanha
Arre burrinho que vai pra Melgaço
carregadinho de bagaço
Arre burrinho que vai pra Guarda
carregadinho de mostarda
Arre burrinho que vai pra Macau
carregadinho de cacau
Arre burrinho que vai pra Alportel
carregadinho de papel
Que curioso!
Várias palavras da cantiga que começam com letra maiúscula são nomes de cidades de Portugal, com exceção de Macau, que é uma região da China.
MANUAL DO PROFESSOR
Atividade 2
Compreensão de textos
De certa forma, as provocações parecem combinadas no sentido de trazer informações para os ouvintes, e, sob aparência de competição, os repentistas parecem colaborar na construção de saberes.
Atividade 3
Registre na lousa os temas levantados pelos estudantes.
Atividade 4
Compreensão de textos
Ao propor a leitura em voz alta do texto da cantiga, esclareça que, em todas as estrofes, os primeiros versos terminam com nomes de lugares.
Após a leitura, peça aos estudantes que identifiquem e contem as estrofes. Converse sobre o texto e as possibilidades de elaboração dos versos e das rimas. Destaque os elementos que se repetem e a sonoridade que dão ao texto.
Problematize: Será que os autores escolheram primeiro os nomes dos lugares ou dos objetos que o burrinho carrega? Peça que levantem hipóteses e justifiquem.
145
Apresentação
5 Façam uma improvisação com a cantiga Arre burrinho.
-
Para começar, o professor vai organizar a turma em dois grupos para um exercício.
- Ele vai mudar uma palavra no primeiro verso e vocês vão completar oralmente a expressão "carregadinho de" com uma palavra que rime.
-
Agora que vocês já treinaram, um grupo vai desafiar o outro!
- O primeiro grupo deve completar o verso "Arre burrinho que vai pra..." usando um nome de cidade, estado ou país.
- O segundo grupo tem de completar "carregadinho de..." com uma palavra que rime com o nome do lugar que o primeiro grupo escolheu.
-
Se conseguir, o segundo grupo começa com "Arre burrinho que vai pra...", dizendo o nome de um lugar, e o primeiro grupo tem de completar "carregadinho de...". E assim sucessivamente.
Avaliação
6 Conversem sobre as questões e preencham o quadro.
- Como foi a experiência de improvisar?
- Que dificuldades vocês encontraram para completar os versos com palavras que rimassem? Respostas pessoais.
Avaliação do repente | Sim | Não |
---|---|---|
Vocês responderam aos desafios dos colegas? | ||
Conseguiram fazer isso com rapidez? | ||
Houve alguma situação engraçada? |
MANUAL DO PROFESSOR
ApresentaçãoAtividade 5
Desenvolvimento de vocabulário
Proponha aos estudantes que testem a estrutura dos versos, completando:
Arre burrinho que vai pra casa/casinha carregadinho de... (brasa/asa/comidinha)
Arre burrinho que vai pro jardim carregadinho de... (quindim/dim-dim/pudim)
Arre burrinho que vai pra montanha carregadinho de... (castanha)
Após dividir a turma em dois grupos, faça combinados para ordenar as falas entre os grupos e entre os integrantes do mesmo grupo. Um grupo fará o desafio indicando o nome do lugar e o outro buscará a rima. Oriente os estudantes a fazer uma lista mental de nomes de lugares que conhecem e proponha que os grupos se revezem nos papéis de desafiadores e desafiados. Se um grupo não conseguir fazer uma rima, aquele que lançou o desafio deverá cumpri-lo, caso contrário o desafio não valerá.
AvaliaçãoAtividade 6
Inicie a avaliação com uma conversa sobre as facilidades e dificuldades que os estudantes puderam perceber durante a atividade. Questione: É fácil improvisar? Por quê? Depois, solicite que cada estudante registre sua avaliação pessoal. A tabela de avaliação é um recurso que pode contribuir com a avaliação formativa dos estudantes, pois permite identificar tanto suas defasagens quanto seus avanços, a fim de acompanhar a evolução do seu processo de aprendizagem. É importante dialogar, apoiar e orientar cada estudante no que for preciso para incentivar um melhor desempenho dentro e fora da sala de aula.
Atividades complementares
Desenvolvimento de vocabulário
Existem muitas possibilidades de jogos de improviso para crianças. Esses jogos costumam mobilizar uma grande diversidade de conhecimentos e habilidades importantes para o desenvolvimento do raciocínio, da oralidade, da expressão do vocabulário/repertório. Por exemplo:
- Encenar situações: indique situações para que um ou mais estudantes encenem: vizinho procurando o gatinho que fugiu vai até a sua casa; você precisa encontrar uma agência do correio, mas está perdido na rua e encontra dois amigos.
- Criar histórias coletivas: em roda, um estudante inicia uma história com uma personagem em determinada situação e/ou lugar (como: Era uma vez um papagaio fujão...). A partir daí, cada um completa a história do seu jeito, inserindo novas ações, objetos, descrições e personagens.
Para propor situações de improviso, retome a lista de temas elencados pelos estudantes e registrados na lousa durante a atividade 3.
146
Para ler mais
Antes de ler
Você vai ler um texto teatral que tem animais como personagens.
- O que pode acontecer com uma onça, uma anta e um macaco? Ressposta pessoal.
- Para que serve um texto teatral? Serve para ser encenado.
Durante a leitura
- Acompanhe a leitura do professor e observe que o texto teatral é escrito para várias pessoas, cada uma representando uma personagem.
- Observe o modo como as falas das personagens são sinalizadas e encontre no texto as palavras e as expressões que indicam que a história foi escrita para ser encenada.
A Onça, a Anta e o Macaco
Personagens
ONÇA
ANTA
MACACO
Cenário
Uma clareira na floresta.
A Onça, a Anta e o Macaco voltam, alegres, de um jogo de bolas de gude contra outros animais da floresta. Sentam-se no chão, e a Onça entrega à Anta uma sacola cheia de bolinhas.
ONÇA Vamos ver quantas bolinhas a gente ganhou daquele Tamanduá otário. Anta, você conta e divide.
ANTA Deixa comigo.
- Clareira:
- espaço aberto entre árvores.
MANUAL DO PROFESSOR
Para ler mais
Habilidades da BNCC nesta seção
EF03LP07, EF15LP15, EF35LP05, EF35LP21, EF35LP24.
Componentes da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Fluência em leitura oral
Boxe inicial de "Para ler mais"
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Antes de uma leitura ser realizada com os estudantes, você pode aproveitar a oportunidade para relembrar conteúdos trabalhados, antecipar novos conteúdos e explorar os conhecimentos prévios.
Ler é o processo de construir um significado a partir do texto. Isso se torna possível pela interação entre os elementos textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto maior for a concordância entre eles, maior a probabilidade de êxito na leitura.
[...]
Quando alguém lê algo, inicia aplicando um determinado esquema, alterando-o ou confrmando-o, ou ainda, tornando-o mais claro e exato. Assim, duas pessoas que estão lendo o mesmo texto podem entender mensagens diferentes, porque seus esquemas cognitivos não são iguais, ou seja, as capacidades já internalizadas e o conhecimento de mundo de cada uma são específicos.
NASPOLINI, Ana Tereza. Tijolo por tijolo: prática de ensino de Língua Portuguesa. São Paulo: FTD, 2009. p. 18.
Em "Antes de ler", faça perguntas sobre a estrutura, a forma e a finalidade de um texto teatral. Anote a colaboração dos estudantes na lousa para retomar depois da leitura.
Explore as personagens do texto e suas características: Como são a onça, a anta e o macaco? Quais são suas características mais conhecidas? Existe algo no comportamento desses animais que chama sua atenção?
Questione os estudantes por que as palavras Onça, Anta e Macaco aparecem escritas com inicial maiúscula. Espera-se que eles concluam que são substantivos próprios, são nomes das personagens.
Pergunte aos estudantes se conhecem a expressão "ficar uma onça", que significa ficar muito bravo.
147
A Anta começa a repartir as bolinhas em três partes iguais.
ONÇA O que você está fazendo?
ANTA Tem quinze bolinhas, no total. Estou dividindo por três. (Acabando de repartir.) Pronto: deu cinco bolinhas pra mim, cinco pro compadre Macaco e cinco pra senhora dona Onça.
ONÇA (Levantando-se, furiosa.) O quê?!
ANTA Quinze por três, cinco, ué!...
ONÇA Isso é lá divisão que se faça, sua Anta?
ANTA Mas... Mas...
ONÇA (Partindo para cima da Anta.)
Mas o quê?! (Apavorada, a Anta cai morta de medo.) Bem feito: hoje, minha janta vai ser carne de anta... (Ao Macaco.) Divida você! Por dois!
Tranquilamente, o Macaco recolhe as bolinhas, junta todas e retira apenas uma para si.
MACACO A senhora dona Onça pode ficar com o resto...
ONÇA (Um pouco surpresa.) Vai ficar só com essa, seu Macaco?
MACACO É uma divisão... justa, senhora dona Onça.
ONÇA Tô gostando de ver... E desde quando você aprendeu a dividir tão bem assim?
MACACO (Olhando desolado para a Anta morta.)
Desde que a comadre Anta, aqui, partiu desta para melhor... (Para a plateia.) A desgraça de uns pode servir de lição a outros...
Cai o pano. Fim.
José Carlos Aragão. No palco todo mundo vira bicho: novas fábulas de Esopo adaptadas para o teatro. São Paulo: Planeta, 2007.
MANUAL DO PROFESSOR
Outro termo com diferentes significados no texto é anta. Geralmente, as pessoas usam essa palavra para se referir pejorativamente a alguém que julgam ter pouca inteligência. Poucos estudantes afirmarão o contrário, porém, após a leitura do texto, talvez eles mudem de opinião já que a personagem fez uma divisão correta. Já o Macaco tem fama de esperto. O texto mostrará outra esperteza desse animal, revelada no desfecho e que tem a função de moral da história.
Em "Durante a leitura", a atenção dos estudantes é voltada para a finalidade, o formato e os elementos que caracterizam o texto teatral. Trata-se de um gênero cheio de especificidades que visam atender aos principais envolvidos numa produção teatral: atores (falas e ações), cenógrafo (cenário e objetos) e diretor (movimentação e uso do cenário e objetos). Esses elementos indicam que se trata de um texto para encenação.
Quanto à forma como o texto está escrito e ao modo como nele aparecem os nomes das personagens, espera-se que os estudantes percebam que ele está dividido em partes: personagens, cenário, indicações do que acontece na cena (rubricas) e falas. Antes de cada fala, é indicado o nome da personagem que falará.
Ao término da leitura, você poderá retomar as questões propostas no "Antes de ler " para verificar se as hipóteses dos estudantes foram ou não confirmadas.
Ao longo do texto, há algumas palavras que são utilizadas na fala, mas que, de acordo com as variedades urbanas de prestígio, são escritas de outra forma. Peça aos estudantes que identifiquem quais são essas palavras. São elas: pro (para o) e pra (para a) - na segunda fala da Anta; e tô (estou) - na última fala da Onça. É importante que eles comecem a perceber as diferenças existentes entre a linguagem falada e a escrita, a formal e a informal. Esclareça que, no texto teatral, é aceitável o emprego dessas palavras, pois trata-se de um texto escrito para ser falado.
148
Que curioso!
Esopo foi um escravo grego que viveu há mais de dois mil anos. As fábulas do livro No palco todo mundo vira bicho são de sua autoria.
Nesse livro, o ator, escritor, jornalista e dramaturgo (escritor de peças teatrais) José Carlos Aragão adaptou algumas das fábulas de Esopo para texto teatral.
Escultura de Esopo, escritor grego de fábulas, feita há mais de dois mil anos. Roma, Itália.
Para estudar o texto Praticar a fluência
1 Leia as palavras em voz alta e com bastante atenção.
teatral tral
contra tra
clareira
compadre dre
três três
aprendeu pren
surpresa pre
desgraça gra
comadre
floresta
-
O que essas palavras têm em comum?
Todas têm sílabas formadas com a letra r.
- Sublinhe as sílabas em que a letra r aparece entre uma consoante e uma vogal.
- Em dupla, leia mais duas vezes para o colega, prestando muita atenção às sílabas que você sublinhou e tentando aumentar a velocidade a cada leitura.
-
Que palavras dificultaram sua leitura? Por quê?
Verifique se os estudantes percebem que as palavras clareira e floresta (cl/fl) no meio da lista atrapalham a fluência por estarem no meio de palavras com tr, dr, pr, gr.
MANUAL DO PROFESSOR
Finalizada a leitura, pergunte aos estudantes se conheciam a história. É possível que alguns a conheçam por se tratar de uma fábula. Peça então que destaquem as características do gênero: animais que agem como se fossem humanos e a presença de uma moral. Verifique se conhecem outras fábulas que foram transformadas em peças teatrais.
Caso haja interesse da turma, você poderá pesquisar, nos jornais regionais, se alguma peça infantil está em cartaz e organizar uma ida ao teatro. Em algumas cidades, a Secretaria de Cultura disponibiliza agendas culturais e promove peças teatrais gratuitas ou a preços populares. Lembre-se de que seus estudantes têm direito à meia-entrada e de que os professores, normalmente, podem desfrutar desse benefício.
Ao explorar o quadro "Que curioso!", é provável que os estudantes conheçam Esopo, em razão de suas inúmeras fábulas. Por isso, a história do escritor que adaptou as fábulas para o teatro, José Carlos Aragão, pode despertar o interesse do grupo. Além de escritor, jornalista e dramaturgo, Aragão também é ator. Questione: Será que, por ser ator, José Carlos tem mais facilidade para escrever textos teatrais?
Se considerar oportuno, pesquise com a turma títulos escritos por esse autor e disponibilize para a leitura/escuta dos estudantes que se interessarem.
■ Para estudar o texto
Praticar a fluênciaComponentes da PNA nesta subseção
Conhecimento alfabético
Fluência em leitura oral
Atividade 1
Conhecimento alfabético Fluência em leitura oral
A atividade proposta pretende possibilitar aos estudantes uma reflexão sobre palavras que apresentam sons mais complexos e, portanto, representações que podem dificultar a leitura e causar alguns tropeços. A atividade chama a atenção para alguns encontros consonantais e, ao propor a leitura em velocidade, a dificuldade pode ser evidenciada. É importante que eles percebam que a repetição da leitura com atenção nas relações grafofonêmicas pode trazer avanços na fluência. Assim, a estratégia pode ser utilizada com outros textos e situações de leitura.
149
Compreender o texto
2 Quem são as personagens dessa história?
São a Onça, o Macaco e a Anta.
3 Onde a história se passa?
Na clareira de uma floresta.
4 Numere as ações na ordem em que acontecem na história.
- 1 A Onça pediu à Anta que contasse as bolinhas e as dividisse.
- 3 A Onça partiu para cima da Anta, que morreu de medo.
- 5 O Macaco pegou uma bolinha e deixou o resto para a Onça.
- 2 A Anta dividiu quinze bolinhas em três partes iguais.
- 4 A Onça pediu ao Macaco que fizesse a divisão das bolinhas.
5 Logo após a apresentação das personagens e do cenário, há um parágrafo inicial. Qual é a função desse parágrafo?
- Contar como será cada parte da história e descrever a Onça, a Anta e o Macaco.
- Mostrar como a história vai terminar.
- X Apresentar as personagens e contar o que elas estão fazendo naquele local.
Os textos teatrais são escritos para serem representados. Neles há rubricas, que são indicações para os atores sobre como falar, para quem falar, como agir, que sentimento expressar. Elas podem ou não estar escritas entre parênteses, mas, em geral, vêm com algum destaque, como letras inclinadas.
MANUAL DO PROFESSOR
Compreender o textoHabilidades da BNCC nesta subseção
EF03LP07, EF15LP15, EF35LP21, EF35LP24.
Componentes da PNA nesta subseção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Proponha aos estudantes que leiam individualmente o texto teatral, para que se familiarizem com o gênero.
A apresentação de um texto teatral inspirado numa fábula é uma oportunidade para ampliar a percepção dos estudantes em relação aos gêneros com base no confronto de estilos, composição, pontos de vista, entre outros aspectos, além de ampliar a capacidade de leitura e escrita, bem como os conhecimentos sobre a linguagem.
Retome a relação entre pontuação e vocalização, chamando a atenção dos estudantes para o "tom" da fala das personagens.
Questione: Como as ações das personagens e os acontecimentos da cena são indicados no texto? Verifique a percepção sobre a fonte itálica e a utilização de parênteses quando intercalados com a fala das personagens.
Atividade 5
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Esclareça aos estudantes o significado da palavra função no enunciado da atividade. Algumas vezes, os estudantes deixam de realizar uma tarefa por não compreenderem o enunciado. O esclarecimento de uma palavra-chave pode ajudá-los nesse processo.
150
6 Releia o trecho a seguir.
"Tranquilamente, o Macaco recolhe as bolinhas, junta todas e retira apenas uma para si.
ONÇA (Um pouco surpresa.)
Vai ficar só com essa, seu Macaco?"
-
Por que o Macaco decidiu ficar com apenas uma bolinha?
Por medo de acontecer com ele o mesmo que acontecera com a Anta.
-
Por essa atitude, você considera o Macaco tolo ou esperto?
Espera-se que os estudantes o considerem esperto.
-
Quem é a personagem que fala nesse trecho? Circule o que ela fala. Vai ficar só com essa, seu Macaco?" Um pouco surpresa.
A Onça.Vai ficar só com essa, seu Macaco?" Um pouco surpresa.
- Sublinhe, nesse trecho, as rubricas (que indicam o que os atores devem fazer e como devem se posicionar durante a cena). "Tranquilamente, o Macaco recolhe as bolinhas, junta todas e retira apenas uma para si.
Ampliar o vocabulário
7 Releia as duas falas em que a Onça se dirige à Anta.
"Anta, você conta e divide."
"Isso é lá divisão que se faça, sua Anta?"
-
De que forma a Onça se dirige à Anta em cada fala?
"Anta" e "sua Anta".
-
Em qual dessas falas o tratamento é mais respeitoso?
Na primeira.
-
O que a Onça quis dizer ao chamar a Anta de "sua Anta"?
Ela quis dizer que a Anta não era inteligente.
MANUAL DO PROFESSOR
Atividade 6
Compreensão de textos
No item b, inicie uma conversa sobre a esperteza, afinal, a Anta, muito inteligente e esperta, fez a conta corretamente, dividindo em partes iguais. Questione: Por que o tipo de esperteza da Anta não foi suficiente?
Peça aos estudantes que escrevam com as próprias palavras o que são rubricas, para inserir no Quadro de descobertas.
Ampliar o vocabulárioHabilidade da BNCC nesta subseção
EF35LP05.
Componentes da PNA nesta subseção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Atividade 7
Compreensão de textos
Inicie uma conversa sobre a forma desrespeitosa de utilizar a palavra anta. Chame a atenção para o uso do pronome sua antes da palavra. Questione: A palavra sua ajuda a perceber que se trata de uma maneira desagradável de utilizar a palavra anta? Compare com outros xingamentos: seu bobo, seu feio.
151
8 Releia o final do texto.
"MACACO (Olhando desolado para a Anta morta.)
Desde que a comadre Anta, aqui, partiu desta para melhor... (Para a plateia.) A desgraça de uns pode servir de lição a outros...
Cai o pano. Fim."
-
Que palavra poderia substituir aquela em destaque no trecho?
Sugestões: triste, desanimado.
-
Que expressão, utilizada pelo macaco nesse trecho, tem o mesmo sentido que morrer?
"partiu desta para melhor".
- Sublinhe todas as rubricas presentes no trecho destacado nesta questão. Olhando desolado para a Anta morta. Para a plateia. Cai o pano. Fim.
-
O que significa a expressão "Cai o pano"?
Que a peça chegou ao fim.
Para ler em casa
Que tal mostrar para alguém que mora com você o que aprendeu sobre texto teatral? Apresente o texto A Onça, a Anta e o Macaco explicando como as falas das personagens e as orientações para os atores são apresentadas. Depois, conversem sobre um novo final para a história. O que aconteceria se a Anta só tivesse desmaiado? E se o Macaco enfrentasse a Onça?
MANUAL DO PROFESSOR
Atividade 8
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
A proposta da atividade é, além de trabalhar o significado da palavra desolado, retomar e sistematizar os elementos do texto teatral, reforçando a denominação rubrica e a expressão "cai o pano", que declara o fim da peça.
No item b, a expressão "partiu desta para melhor" é um eufemismo, isto é, um recurso linguístico para amenizar uma informação negativa, no caso, a morte de uma personagem.
Atividades complementares
1. A conclusão das atividades de leitura pode ser feita com uma proposta envolvendo o componente Matemática.
Marque um dia para que os estudantes levem bolas de gude para a sala de aula (ou providencie previamente esse material). No contexto da narrativa, procure trabalhar diferentes formas de divisão. No caso da divisão em partes iguais, proposta pela Anta, podem ser abordados os seguintes conceitos relativos à divisão:
- dividendo (número que está sendo dividido);
- divisor (número pelo qual se divide);
- quociente (resultado da divisão);
- resto (diferença entre o dividendo e o produto do divisor pelo quociente).
Problematize se a divisão exigida pela Onça faz sentido. Qual critério ela utiliza para impor sua divisão? (O fato de ser mais forte.) Existiriam outras formas de divisão que, mesmo não sendo em partes iguais, pode parecer mais justa?
2. Proponha que, em grupos, os estudantes criem nova versão da história, em que seja feita a divisão proposta pela Anta. Combine uma forma de compartilhar as produções: num registro escrito, com as marcas do texto teatral, ou um reconto oral.
Para ler em casa
Este boxe trabalha a Literacia Familiar. A proposta é fazer a leitura do texto e, depois, conversar sobre um novo final para a história. Incentive a participação das famílias destacando os benefícios desse tipo de interação, não só para o aperfeiçoamento da leitura e da escrita, mas como oportunidade de fortalecer o vínculo entre a escola e as famílias.
152
Estudo da língua Classificação das palavras quanto ao número de sílabas
1 Releia esta rubrica.
" Tranquilamente, o Macaco recolhe as bolinhas, junta todas e retira apenas uma para si."
-
Copie as palavras da rubrica na tabela abaixo, separando as sílabas de cada palavra. Coloque cada palavra na coluna correspondente a seu número de sílabas.
Uma sílaba Duas sílabas Três sílabas Quatro sílabas ou mais o jun-ta Ma-ca-co tran-qui-la-men-te as to-das re-co-lhe e u-ma bo-li-nhas si pa-ra re-ti-ra a-pe-nas -
Leia as informações do quadro abaixo e complete-o com as palavras que você escreveu na tabela acima.
Se a palavra for formada por apenas uma sílaba, ela é monossílaba.
Exemplos: o, as, e, si
Se a palavra for formada por duas sílabas, ela é dissílaba.
Exemplos: junta, todas, uma, para
Se a palavra for formada por três sílabas, ela é trissílaba.
Exemplos: Macaco, recolhe, bolinhas, retira, apenas
Se a palavra for formada por quatro sílabas ou mais, ela é polissílaba. Exemplo: tranquilamente
MANUAL DO PROFESSOR
Estudo da língua
■ Classificação das palavras quanto ao número de sílabas
Habilidades da BNCC nesta seção
EF03LP05, EF15LP04.
Componentes da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Conhecimento alfabético
Esta seção oportuniza avanços nos conhecimentos sobre a utilização das sílabas na formação das palavras.
Além de identificar o número de sílabas das palavras, os estudantes vão aprender a classificá-las em monossílabas, dissílabas, trissílabas e polissílabas. Esse é um conhecimento importante para a compreensão e utilização das regras de acentuação gráfica, cujo foco é a sílaba tônica, assunto que será tratado posteriormente.
Atividade 1
Peça aos estudantes que leiam em voz alta a rubrica e explore oralmente a separação das sílabas.
Em relação às palavras o, as, e e si, os estudantes devem concluir que têm uma sílaba e, portanto, não há como separá-las. Peça que deem outros exemplos de palavras com uma sílaba e registre-os na lousa, ou que voltem ao texto e localizem nele algumas palavras com uma sílaba e registrem no caderno.
No item b, proponha a leitura compartilhada do quadro e peça aos estudantes que completem de acordo com a descrição. Destaque o significado dos prefixos que iniciam as palavras: mono- (um/uma); di- (dois/duas); tri- (três); poli- (muitas/muitos). Pergunte se conhecem outras palavras que começam da mesma forma, como tricampeão, bicama, monocromático, poliesportivo.
153
2 Leia este texto sobre brincadeiras com bolinha de gude.
Bolinha de gude
As pequenas bolas de vidro colorido ou transparentes são jogadas até por crianças sozinhas, sem outros amigos de diversão.
Na brincadeira de rolar bolinhas de gude, é possível organizar as redondas de várias maneiras: em linha, espalhadas e dentro de um círculo, de um triângulo ou de um retângulo, por exemplo.
Os objetivos da brincadeira também têm variantes: colocar (ou tirar) a bolinha dentro de um buraco, tirar a bolinha do adversário de um local determinado ou simplesmente acertar outras bolinhas.
Existe, no entanto, uma missão quase unânime entre os jogadores de bila (como também é conhecida a brincadeira): conquistar as bolinhas dos adversários e exibir sua coleção de redondas aos amigos.
O que rola
Caçapinha, buracão, peteleco, fubeca e barroca são alguns dos nomes das brincadeiras de rolar a bolinha de gude, também chamada de bila, peteca, bolita e bulita, entre outros.
Mapa do brincar. Bolinha de gude. Disponível em: https://oeds.link/67eE2T. Acesso em: 14 jul. 2021.
-
Observe os nomes de brincadeiras de rolar bolinhas de gude separados em sílabas. Complete o quadro escrevendo se elas são palavras monossílabas, dissílabas, trissílabas ou polissílabas.
ca-ça-pi-nha polissílaba bu-ra-cão trissílaba -
De acordo com o texto, a bolinha de gude também é conhecida por outros nomes. Encontre o nome que corresponda a:
-
palavra dissílaba:
bila bi la
-
palavra trissílaba:
fu-be-ca, pe-te-ca, bo-li-ta ou bu-li-ta
-
palavra polissílaba:
peteleco pe te le co
-
MANUAL DO PROFESSOR
Atividade 2
Compreensão de textos
Proponha a leitura do texto sobre brincadeiras com bolinhas de gude. Questione os estudantes sobre as informações que o texto traz:
- o que são bolinhas de gude;
- como elas são organizadas na brincadeira;
- alguns objetivos;
- qual a missão dos jogadores;
- quais são os outros nomes da brincadeira.
Inicie uma conversa sobre a composição e a finalidade desse texto e veja se os estudantes conseguem classificá-lo como texto informativo.
No item a, ao propor que classifiquem as palavras quanto ao número de sílabas, comente sobre outros lugares em que as palavras podem aparecer com suas sílabas separadas. É esperado que os estudantes citem que separam as sílabas quando estão escrevendo e a palavra não cabe inteira na linha.
Comente que, nos textos publicados em jornais, revistas, sites e também em livros impressos ou digitais, a separação de palavras em sílabas não é muito comum, devido ao ajuste do texto, feito automaticamente pela tecnologia normalmente utilizada.
No item b, explore oralmente as hipóteses dos estudantes sobre a separação silábica das palavras. Se julgar oportuno, proponha que se organizem em duplas e façam o mesmo exercício com outras palavras. As duplas poderão comparar suas respostas para ver quem acertou tanto a separação quanto a classificação silábica.
Atividade complementar
Se considerar oportuno, combine com os estudantes um momento de brincadeiras com bolinhas de gude. Você pode propor que pesquisem previamente textos instrucionais sobre diferentes jogos com bolinhas de gude e selecionem alguns para realizar.
154
Se necessário, ajude a turma a identificar as principais características das personagens Magali e Cascão, da Turma da Mônica. Ela adora comer, e ele tem pavor de água.
3 Leia esta história em quadrinhos e converse com os colegas.
- Magali e Cascão venceram no cabo de guerra porque agiram com esperteza? Não, eles venceram acidentalmente, por causa de suas características: Magali, por gostar de comer; Cascão, por não gostar de tomar banho.
-
Classifique as palavras a seguir de acordo com o número de sílabas de cada uma:
- vence: dissílaba
- brincadeira: polissílaba
- me: monossílaba
- almoço: trissílaba
MANUAL DO PROFESSOR
Atividade 3
Compreensão de textos
Conhecimento alfabético
O trabalho com as histórias em quadrinhos (HQs) possibilita a construção de relações entre as linguagens verbal e visual. Porém, isso não se faz de forma automática. É importante que você, como mediador entre leitores e texto, chame a atenção para os elementos gráficos/textuais que compõem o sentido. Alguns deles são: as ações distribuídas em quadros sequenciais e a linguagem informal com traços de oralidade que se manifesta por meio de balões de fala com formatos que se unem às palavras para formar sentido.
As HQs são consideradas instrumentos importantes que auxiliam a consolidar nas crianças e nos jovens o hábito e o prazer de ler. Para os estudantes não alfabéticos, as imagens estimulam a compreensão e proporcionam o desenvolvimento de diferentes habilidades leitoras, entre elas a capacidade de inferência.
A história em quadrinhos apresentada traz como tema o cabo de guerra como o desafio, da mesma forma como é tratado no conto "O jabuti e o caipora". Com base no resultado inesperado (a Mônica não venceu), os estudantes são convidados a refletir sobre a utilização (ou não) da esperteza por parte dos vencedores. Retome com eles os elementos que caracterizam a esperteza: a inteligência ou o oportunismo. Isso acontece com a Magali e o Cascão? Por quê? É esperado que os estudantes percebam que não se trata de esperteza, pois tanto Magali quanto Cascão foram impulsionados por outros fatores: a vontade de comer e o medo de água.
Atividade complementar
Procure fazer uma análise da pontuação utilizada na HQ para caracterizar a fala das personagens, assim como o formato dos balões de fala. Verifique se os estudantes identificam o balão do segundo quadrinho e o tipo de fala que ele representa (o formato irregular, com a personagem fora do quadro, à distância, denota uma voz em tom mais alto, que faz um chamado).
155
Oficina de criação Teatro da turma
Vamos nos preparar
1 Organizem-se em dois grupos.
- Cada grupo fará uma apresentação teatral e deverá ser organizado de acordo com as etapas a seguir.
2 Selecionem os atores e o diretor.
- Cada grupo vai selecionar três estudantes que representarão as personagens: Anta, Macaco e Onça.
-
Os colegas vão selecionar também um(a) diretor(a) para a peça, que será responsável por ajudar os atores nos ensaios.
3 Façam uma leitura expressiva do texto teatral.
- Cada grupo vai fazer a leitura do texto. No teatro, os atores fazem reuniões para ler o texto e compreender o papel de cada personagem antes dos ensaios para a peça.
- Os estudantes que não vão atuar como personagens também devem participar dessa leitura expressiva para auxiliar os colegas e entender melhor a história.
Dica: Assim, podem realizar melhor sua função na elaboração do cenário, na escolha dos sons, do figurino etc.
- Leiam expressando sentimento e usando tom de voz adequado a cada situação do texto. Sigam as indicações das rubricas.
- A leitura deve ser feita várias vezes, até o grupo considerar que o resultado ficou bom. O papel do diretor é muito importante para decidir se a leitura está adequada ao texto.
MANUAL DO PROFESSOR
Oficina de criação - Teatro da turma
Habilidades da BNCC nesta seção
EF15LP09, EF15LP13, EF35LP01, EF35LP24.
Componente da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Antes de iniciar a atividade, leia para os estudantes as instruções, explicando-as uma a uma.
Vamos nos prepararAtividades 1 e 2
Forme os grupos seguindo a orientação da seção. Se a turma for composta de poucos estudantes, a atividade pode ser realizada com todos em uma só encenação. Se houver muitos estudantes na turma, de modo que a divisão em dois grupos origine grupos muito grandes, a atividade pode ser feita em três grupos, com três encenações.
Atividade 3
Compreensão de textos
É importante que fique clara para os estudantes a importância da leitura expressiva do texto. Explique que é por meio do entendimento do texto que eles vão identificar como a encenação deve ser feita (gestos, emoções, ações, tom de voz etc.).
Em alguns casos, há na rubrica alguma indicação de como a personagem está naquele momento, mas essa não é a regra. Por exemplo, observe no trecho a seguir que, embora haja o adjetivo alegres, o que importa na fala é o que as personagens estão fazendo:
"A Onça, a Anta e o Macaco voltam, alegres, de um jogo de bolas de gude contra outros animais da floresta. Sentam-se no chão, e a Onça entrega à Anta uma sacola cheia de bolinhas.".
Atividade 4
Veja com o professor de Arte se é possível a turma confeccionar na aula dele elementos do cenário e do figurino da peça teatral. Esses elementos podem ser feitos de materiais recicláveis: caixas de papelão, garrafas plásticas, tampinhas, entre outros.
Em uma peça, também há diversos profissionais trabalhando nos bastidores: montador, iluminador, sonoplasta, especialista em efeitos especiais, entre outros.
Tendo em vista todo esse processo, você precisa distribuir papéis e funções entre os estudantes para organizar os ensaios e a produção da peça. Como há poucas personagens no texto, você pode adaptá-lo, incluindo novas personagens (animais), desde que a essência do texto seja mantida.
Para escolher os estudantes que vão cuidar da produção da peça ou atuar, você pode listar papéis e funções na lousa e deixar que eles se candidatem voluntariamente.
156
4 Preparem cenário, figurino e sons.
- Alguns integrantes do grupo vão criar e montar o cenário da peça.
Dica: Podem ser utilizados papéis coloridos, galhos e até mesmo iluminação especial, com plástico colorido nas luzes, por exemplo.
- Escolham alguns integrantes para pensar em como cada personagem será caracterizada.
Dica: As roupas, os acessórios e a maquiagem de cada personagem devem ser planejados e providenciados antes do dia da apresentação.
- Dois integrantes vão escolher as músicas e os sons para acompanhar cada parte da peça. A sonoplastia é muito importante para ajudar no clima da apresentação.
5 Ensaiem.
- Depois de tudo organizado (atores, figurino, som, cenário), o grupo deverá fazer um ensaio como se fosse o dia da apresentação, para que tudo ocorra do modo como foi planejado.
- Ensaiem quantas vezes forem necessárias para que todos estejam bem confiantes para a apresentação.
Apresentação
6 Apresentem a peça para os colegas da turma.
- Se for possível, convidem mais pessoas da comunidade escolar para que assistam à apresentação teatral de vocês.
Avaliação
7 Conversem sobre as seguintes questões.
- Vocês conseguiram ensaiar bastante antes da apresentação?
- Conseguiram se organizar para que cada etapa fosse cumprida?
- O que vocês melhorariam em uma apresentação futura?
MANUAL DO PROFESSOR
Atividade 5
Enquanto os estudantes que vão interpretar as personagens ensaiam, proponha que outros se dediquem à criação do cenário, à produção do figurino e à escolha de uma trilha sonora.
Quando todos os grupos estiverem prontos, marque um ensaio geral.
ApresentaçãoAtividade 6
Faça uma primeira apresentação interna e depois verifique a possibilidade de ampliar o público, com apresentações para outras turmas e a comunidade escolar.
AvaliaçãoAtividade 7
É esperado que os estudantes reconheçam suas potencialidades e suas fragilidades, além de identifiquem maneiras de reforçá-las e minimizá-las, respectivamente. Este também é o momento de validar o trabalho em equipe.
Reconhecer o que foi aprendido e projetar ações futuras com base na avaliação é uma forma de refletir sobre o próprio processo de aprendizagem.
Conhecer mais palavras
Habilidades da BNCC nesta seção
EF15LP12, EF15LP14, EF35LP03.
Componentes da PNA nesta seção
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Produção de escrita
Atividades 1, 2 e 3
Compreensão de textos
Desenvolvimento de vocabulário
Antes de propor as atividades da página 157 do Livro do Estudante, converse com a turma sobre o sentido da palavra enrascada.
en-rasca -r
A palavra rasca significa rede de arrastar, de pescar. Enrascar pode ser prender na rede, ou colocar-se numa situação difícil. Assim, o substantivo enrascada refere-se a uma situação complicada, difícil de ser resolvida.
Proponha a leitura e a análise da tirinha, identificando a enrascada em que a personagem Chico Bento se meteu e como a resolveu.
Questione: Qual foi a esperteza usada por Chico Bento? Havia outra maneira de resolver a situação?
Atividade 4
Produção de escrita
Nesta atividade, da página 157 do Livro do Estudante, convide os estudantes que desejarem para ler seus relatos para os colegas.
157
Conhecer mais palavras
■ Para resolver problemas e sair de algumas enrascadas, às vezes, é preciso usar a esperteza. Observe a tirinha.
1 Qual era o problema de Chico Bento?
A proibição de subir na goiabeira.
2 Em qual enrascada ele se meteu?
O dono da goiabeira, personagem Nhô Lau, surpreendeu as crianças comendo goiaba.
3 Como Chico Bento usou esperteza para sair da enrascada?
Ele informou que não desobedeceu aos dizeres da placa, porque subiu no Zé Lelé e não na goiabeira.
4 Escreva um relato sobre alguma enrascada em que você, ou alguém próximo, se meteu, explicando como fez para sair dessa situação.
Resposta pessoal.
MANUAL DO PROFESSOR
Para realizar uma avaliação processual e formativa dos estudantes, nesta unidade foram sugeridas várias propostas de acompanhamento. Entre elas, destacam-se:
- as tabelas de avaliação, para revisar, analisar e reelaborar as produções oral e escrita e verificar as atividades de fluência realizadas nesta unidade;
- a seção "Conhecer mais palavras", para desenvolver gradativamente o repertório estudado na unidade;
- a confecção do "Dicionário da turma", para selecionar, organizar e consolidar o vocabulário aprendido na unidade;
- a seção "Para fazer em casa", para retomar os assuntos estudados na unidade.
Os estudantes puderam trabalhar as habilidades da BNCC e os Componentes da PNA, conforme indicados em tabelas da página MP009 à MP015 e da página MP017 deste Manual do Professor.
Conclusão da unidade
UNIDADE 5
Espertezas
Principais propostas realizadas na unidade
Os estudantes tiveram oportunidade de:
- explorar o tema "espertezas" (esperteza como qualidade de pessoas inteligentes e atentas, ou defeito relacionado à desonestidade; percepção da esperteza como uma forma de perceber os acontecimentos e de agir diante deles);
- conhecer e compreender diversos gêneros textuais, como conto de esperteza, repente, texto teatral e fábula;
- fazer leituras e desenvolver vários processos de compreensão de textos, de localização de informações explícitas a análise de elementos textuais;
- desenvolver a precisão e a velocidade ao exercitar a fluência em leitura oral;
- ampliar o repertório com o desenvolvimento de vocabulário, trabalhando o contexto em que palavras ou expressões estão inseridas em frases ou textos;
- realizar atividades que contribuem para a consolidação progressiva da ortografia e o conhecimento alfabético;
- rever, aprender e/ou ampliar os usos de conhecimentos linguísticos e gramaticais (como sinais de pontuação e seu valor expressivo, e classificação de palavras quanto ao número de sílabas);
- realizar a produção de escrita com a revisão da ortografia;
- acompanhar, passo a passo, as etapas (como planejamento, escrita, revisão, reescrita) das produções.
- elaborar produção escrita (fábula) e produção oral (repente), socializando com o professor e os colegas;
- planejar, ensaiar e apresentar peça teatral.
- fazer leituras com familiares ou responsáveis para desenvolver a Literacia Familiar.