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Estrutura da obra e orientações de trabalho
Esta obra tem como objetivo formar leitores e escritores competentes e capazes de compreender e utilizar estratégias e recursos para lidar com os desafios do dia a dia no que se refere ao uso eficaz da língua em suas práticas realizadas em diferentes circunstâncias sociais: compreensão e produção de textos verbais e não verbais, assim como a formulação de ideias, opiniões e argumentos com clareza, precisão, adequação e autonomia.
Nesse contexto, é importante destacar que o papel do professor se configura não somente como aquele que acredita na capacidade dos estudantes e os estimula, mas, primordialmente, como o mediador que orienta, indica caminhos e faz intervenções pontuais para auxiliá-los a avançar no processo de aprendizagem.
A coleção apresenta o encadeamento de propostas de ensino-aprendizagem que tomam como base evidências científicas e estudos das neurociências, da linguística e da psicologia, dialogando principalmente com a BNCC e com a PNA, articulando os eixos das práticas de linguagem com os componentes essenciais para a alfabetização, promovendo a evolução do estudante durante o período letivo.
Nesse sentido, a coleção traz um conjunto progressivo e articulado de propostas que visam garantir a apreensão dos conhecimentos linguísticos e a ampliação das referências temáticas e do vocabulário por meio da fluência leitora e competência escritora dos estudantes.
Para esse trabalho cada uma das nove unidades deste volume é estruturada em seções, conforme descrevemos a seguir. Todas as seções apresentam sugestões de encaminhamento para suprir eventuais dificuldades apresentadas pelos estudantes diante do conteúdo a ser trabalhado, propostas de atividades preparatórias e complementares.
Seções e outros elementos da obra
Abertura
Seção de introdução em uma dupla de páginas que apresenta imagens relacionadas ao tema da unidade e selecionadas a partir de critérios socioculturais e estéticos, que favorecem a percepção de elementos composicionais da imagem, iniciam os estudantes na apreciação artística das representações plásticas e despertam conversas e trocas de ideias a respeito das situações envolvidas, seja pela via da imaginação, seja pela observação e reflexão. A seção também apresenta questões para serem respondidas oralmente, mobilizando os primeiros questionamentos sobre o tema da unidade, e a subseção "Desafio", com atividades lúdicas que se relacionam ao tema trabalhado, trazem informações e propiciam reflexões aos estudantes.
Instigue a curiosidade e a atenção dos estudantes para a observação dos detalhes das imagens. Use como ponto de partida as questões orais que constam na abertura do Livro do Estudante e acrescente as que julgar pertinentes e estimulantes.
Antes de iniciar o trabalho, estabeleça com a turma algumas regras para que a conversa seja organizada e respeitosa: levantar a mão quando quiser falar, esperar em silêncio a vez de falar, ouvir os colegas com atenção e respeito, entre outros combinados que podem ser sugeridos pelos próprios estudantes.
Para ler / Para ler mais
Nessas duas seções, são apresentados e explorados textos diversos. Por meio de atividades, os estudantes são convidados a identificar informações, observar as características de cada texto, elaborar inferências e expressar suas opiniões. A seleção dos textos foi orientada pelos gêneros indicados na BNCC e pelos temas escolhidos para a coleção, assim como pela consonância com os componentes essenciais para alfabetização apontados pela PNA com o objetivo de os estudantes conhecer novas palavras e seu significado, treinar a fluência em leitura oral e trabalhar a compreensão de textos, além da produção de escrita, por meio das respostas às atividades.
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Neste volume são trabalhados diversos gêneros, como: história em quadrinhos, verbete de enciclopédia, poema, anúncio institucional, crônica, lenda, mito, conto de assombração, notícia, reportagem, entre outros. A escolha dos textos literários foi pautada na preocupação de despertar nos estudantes o encantamento pela leitura literária e também na busca de mostrar o uso de diferentes recursos da criação literária na construção de sentidos.
Boxe inicial de "Para ler" e "Para ler mais"
As perguntas que antecedem a leitura têm o objetivo de ativar os conhecimentos prévios dos estudantes a respeito do tema ou gênero, instigar antecipações, ou, ainda, indicar aspectos a serem observados, como uma ação, informação ou o vocabulário do texto.
As orientações para o momento da leitura em geral propõem um exercício de localização das palavras desconhecidas e posterior discussão dos significados, conforme o contexto em que as palavras estão inseridas.
Como forma de engajar os estudantes no trabalho de leitura dos textos, sugerimos que sempre os incentive e oriente a confirmar ou rejeitar suas impressões iniciais, fazendo ajustes em seu processo de compreensão.
Neste volume são trabalhados gêneros variados, como: mito, poema, crônica, reportagem, conto maravilhoso, conto de assombração, anúncio institucional, lenda, peça teatral, entre outros.
A seleção dos textos foi orientada pelos gêneros indicados na BNCC e pelos temas escolhidos para a coleção, assim como pela consonância conforme os componentes essenciais para a alfabetização apontados pela PNA.
Para estudar o texto
Esta subseção consta nas seções "Para ler" e "Para ler mais", apresenta atividades bastante diversificadas e está dividida em três partes que abordam componentes essenciais para a alfabetização, a saber:
- Praticar a fluência, com atividades voltadas principalmente para o desenvolvimento da fluência em leitura oral.
- Compreender o texto, com atividades voltadas para a compreensão de textos, adequadas aos níveis de compreensão do PIRLS.
- Ampliar o vocabulário, cujas atividades se propõem à aquisição de vocabulário expressivo (que corresponde ao léxico, a quantidade de palavras que a criança é capaz de emitir) e receptivo (a compreensão do significado das palavras e seu uso no contexto adequado).
Ainda sobre o componente desenvolvimento de vocabulário, no início do ano letivo os estudantes são orientados a reservarem as páginas finais do caderno para a produção de um dicionário personalizado, em que vão anotar as palavras exploradas em cada unidade, completar o significado das diferentes acepções e criar frases a fim de compreender seu contexto.
Durante o processo de elaboração, os estudantes podem trocar entre si os dicionários produzidos para conferir se as dúvidas foram as mesmas e ampliar o seu universo semântico-lexical.
Para ler em casa
Em geral, o boxe "Para ler em casa" finaliza a subseção "Para estudar o texto", mas pode aparecer em outras seções. Orienta os estudantes a realizar a leitura de textos em conjunto com as pessoas com as quais moram.
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As atividades desse boxe têm por objetivo desenvolver a Literacia Familiar, como forma de colaborar para o processo de aprendizagem do estudante. As estratégias sugeridas podem envolver componentes essenciais para a alfabetização, como a fluência em leitura oral, o desenvolvimento de vocabulário e a compreensão de textos.
Que curioso!
Boxe itinerante que aparece ao longo das unidades. Complementa a leitura ou as atividades com biografia do autor, informações complementares, curiosidades, entre outros.
Estudo da língua
Esta seção oferece recursos para a apropriação e o domínio progressivo do conhecimento alfabético por meio da observação de regularidades, reflexões sobre os usos e o reconhecimento das normas e dos padrões de escrita, sempre de forma contextualizada e funcional.
Produção escrita
Ao longo do volume, o estudante pode exercitar a produção de escrita de gêneros diversos, como conto de assombração, texto expositivo, notícia, entre outros.
A seção apresenta uma estrutura que leva o estudante a perceber e analisar de forma explícita as etapas e habilidades mobilizadas no processo de escrita: preparação, planejamento, escrita, avaliação, reescrita e socialização. Todos os trabalhos da seção contam com uma tabela de avaliação em que constam os elementos que balizam a revisão da produção escrita a ser realizada pelos estudantes.
As abordagens propostas no volume consideram os contextos de produção, a autoria (individual ou coletiva), o destinatário, a finalidade, a circulação/publicação, os temas e os gêneros a serem produzidos.
Propomos que os textos produzidos pelos estudantes sejam, inicialmente, avaliados por eles mesmos e por seus colegas, de acordo com critérios sugeridos no volume ou outros apresentados por você e/ou pela turma. Depois, os textos devem ser lidos e avaliados também pelo professor. A autoavaliação e a avaliação por "leitores críticos" são importantes nesse processo, pois ajudam o estudante autor a rever seu trabalho e, com base nos comentários feitos sobre ele, refazê-lo ou aperfeiçoá-lo.
Dois aspectos são essenciais nas propostas de escrita a serem desenvolvidas pelos estudantes:
- a apresentação das características do contexto de produção do texto (qual a finalidade dele, quem será o interlocutor, onde será divulgado, em qual portador circulará) antes do processo de escrita propriamente dito, de modo que esses aspectos possam orientar sua produção;
- a definição dos critérios de avaliação e autoavaliação das produções escritas, tomando-se como referência a adequação dos textos às características do contexto de produção e os conhecimentos linguísticos trabalhados.
Se considerar necessário, detalhe ainda mais esses aspectos da proposta, para que a base de orientação para os estudantes durante a produção seja ampliada. Leia para os estudantes toda a proposta para que conheçam previamente o contexto da produção: o que será produzido, quem será o interlocutor, onde será divulgado e os aspectos que deverão ser avaliados. Em seguida, oriente-os a escrever as ideias iniciais em um rascunho antes de elaborar o texto propriamente dito. Com isso, você estará sugerindo procedimentos eficazes para que alcancem um bom resultado.
Produção oral
A seção marca o trabalho com os diferentes gêneros orais, formalizando e estruturando os processos de produção de texto oral. As propostas apresentadas nessa seção visam estimular o exercício da escuta atenta; explicitar as relações entre fala e escrita; estimular a produção e a compreensão de gêneros orais que envolvem a fala pública em situações formais; valorizar os textos da tradição oral, considerando as práticas sociais em que tais textos surgem e se perpetuam, bem como os sentidos que geram; a oralização de textos escritos que são socializados por meio da oralidade, considerando-se as situações sociais em que tais atividades acontecem e os aspectos relacionados à fluência em leitura oral (precisão, velocidade e prosódia); e estabelecer relações entre oralidade e análise linguística (adequação à variedade linguística e às características formais do gênero oral).
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A seção é organizada em etapas recorrentes ao longo da obra: preparação, planejamento, apresentação e avaliação. A avaliação é feita coletivamente por meio de conversa com os colegas e a autoavaliação, por escrito.
Alguns dos gêneros próprios da oralidade trabalhados na seção são: reconto de mito, entrevista, jornal falado, seminário, exposição oral. Com eles, são mobilizados aspectos importantes para o desenvolvimento do estudante relacionados também ao comportamento durante a produção, como postura corporal, entonação, respeito/disciplina. É importante que você esteja atento a esses aspectos e faça as intervenções que são possíveis no momento em que acontece algum desajuste, como volume muito baixo de voz, interrupção da fala de um colega, comportamento que desconcentra ou desestabiliza os demais. No caso de qualquer outro evento de natureza muito pessoal, como timidez, dificuldade de compreensão ou interação com o grupo, será apropriado que seja tratado em particular para não constranger e não amplificar as dificuldades.
Oficina de criação
Nesta seção, a autoria de textos escritos, orais ou multissemióticos, com propostas interdisciplinares, ampliam o repertório do estudante.
Sob essa perspectiva, as características se articulam para definir os parâmetros da situação comunicativa e influenciam nas escolhas de quem cria e elabora.
Entre as cinco propostas, destacam-se a colagem e o poema concreto.
Conhecer mais palavras
Essa seção, ao fim de cada unidade, traz atividades ilustradas com diferentes propostas de exploração de palavras no sentido de ampliar o vocabulário dos estudantes: elaboração de listas, discussão de significados, aplicação e uso das palavras em diferentes contextos. A diversidade vocabular estimula a criatividade e a imaginação e melhora a comunicação oral e escrita, mobilizando principalmente o componente essencial para alfabetização desenvolvimento de vocabulário.
Projeto em equipe
Para o 4o ano, são propostos dois projetos. A seção tem como objetivo favorecer o trabalho em grupo, que exige aprendizado de aspectos atitudinais: a dinâmica de produção garante a interação dos estudantes e contribui para a socialização de saberes, promovendo a possibilidade de aprendizagem colaborativa.
Os projetos em equipe mobilizam competências ativadas e/ou desenvolvidas ao longo da unidade. Relacionado ao tema da unidade, cada projeto estimula a pesquisa e a discussão de questões de interesse tanto para o estudante como indivíduo quanto para a coletividade, além de propor a elaboração de textos relacionados a situações comunicativas específicas.
Todos os projetos pressupõem um produto final que orientará e dará sentido ao trabalho do grupo, possibilitando que sejam traçados objetivos comuns. Assim, durante o processo, o exercício da sociabilidade e da habilidade de compartilhar informações e dividir tarefas e responsabilidades é bastante favorecido, uma vez que, em equipe, emergem questões referentes à convivência, lembrando a todos a necessidade de respeito, tolerância e cooperação. Além disso, o resultado do trabalho será socializado, o que coloca os estudantes no papel de produtores culturais que podem influenciar a comunidade.
Para auxiliar na organização dos grupos de trabalho, cada projeto apresenta um roteiro geral que orienta as etapas de planejamento e execução. Também aqui a autoavaliação é importante. Ao final do projeto, a seção propõe aos estudantes o preenchimento de uma tabela com itens voltados à avaliação do trabalho. É necessário lembrar que não apenas o produto deverá ser avaliado, mas também todo o processo de trabalho.
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Dicionário da turma
Ao final de cada volume, após a última unidade, há uma seção especial em que os estudantes serão orientados a participar da produção de um dicionário da turma. No volume do 4o ano, ao final de cada unidade, os estudantes vão se reunir com o professor para fazer a seleção, entre as palavras novas aprendidas ao longo do ano escolar, daquelas para as quais escreverão definições, respeitados os níveis de complexidade adequados a cada ano escolar. Dessa forma, será desenvolvido o vocabulário receptivo dos estudantes, trabalhando o componente essencial para a alfabetização desenvolvimento de vocabulário. No final do ano, a turma terá um dicionário coletivo.
Para fazer em casa
A tarefa para fazer em casa tem um importante papel na vida escolar: além de favorecer a construção do hábito de estudar individualmente e em família (Literacia Familiar), ela permite a retomada de alguns conteúdos trabalhados. Nesta obra, há uma tarefa para realizar em casa dedicada a cada unidade do volume. Todas as seções estão reunidas ao final do volume. No momento oportuno, preferencialmente ao final da unidade, cada estudante deverá levar o próprio livro para casa a fim de realizar a respectiva tarefa com o apoio de alguém que more com ele.
Para que a tarefa cumpra seus relevantes propósitos, alguns cuidados devem ser observados, tanto com relação aos estudantes (que precisam saber o que levarão para casa e o que deles é esperado) quanto com relação aos familiares (que precisam de orientação para sua atuação em casa). Fique atento a contextos diversos, como de crianças em situação de acolhimento institucional ou em estado de vulnerabilidade social. Nesses casos, se necessário, proponha alternativas para a realização das tarefas dessa seção.
Antes de enviar a tarefa para casa, é fundamental que o professor leia os comandos para os estudantes. Essa é uma situação oportuna para antecipar problemas, esclarecer dúvidas e verificar se a turma compreendeu o que é para fazer. É também o momento de comunicar que equívocos e dificuldades serão acolhidos e devidamente tratados no momento da correção.
Considerando que os estudantes de uma mesma turma têm performances heterogêneas, a correção coletiva é uma ótima oportunidade para a socialização, revisão e validação dos conhecimentos.
A interlocução com os familiares precisa considerar as diferentes configurações das famílias, suas possibilidades e limitações. A ideia é que os responsáveis sejam orientados a dar suporte aos estudantes quanto:
- à escolha de horário/espaço adequados para a realização das tarefas em casa;
- às formas de auxiliar os estudantes, sem fazer as atividades por eles;
- ao entendimento da escola a respeito de equívocos, incompreensões e mesmo não entregas.
Para apoiar o professor, as propostas da seção "Para fazer em casa" trazem orientações para o encaminhamento das atividades, bem como algumas atividades complementares.
Sugestões de leitura
No final do livro, há sugestões de livros para a leitura na sala de aula (nas atividades de rotina, como a leitura diária ou rodas da leitura) ou em casa. Os livros selecionados são adequados à faixa etária dos estudantes e estão organizados de acordo com a unidade a que se relacionam. Os estudantes tanto podem se arriscar a ler sozinhos como contar com sua participação na indicação do que ler e na realização de leituras conjuntas, nas quais se compartilham procedimentos, conhecimentos e informações sobre determinado título, autor ou assunto, antes e depois de realizada a leitura, além de poder ser lidos em casa (Literacia Familiar).
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Interdisciplinaridade
Uma proposta interdisciplinar vai além do que se pode organizar ou propor em um livro, visto que implica um projeto pedagógico escolar estruturado nas inter-relações de todos os atores envolvidos no processo e um plano de trabalho que favoreça a pesquisa e o diálogo como pontos de partida para a descoberta e a compreensão do mundo.
O que fazemos neste material, sempre que possível, é tecer propostas que visam estabelecer pontos de contato com áreas do conhecimento ou com valores pessoais e sociais pertinentes a cada momento, sempre que o tema em pauta oferecia essa possibilidade ou julgávamos possível determinada conexão para a faixa etária. Nesse sentido, a interdisciplinaridade não trabalha o conhecimento de maneira globalizante, a fim de unificar os saberes, mas busca promover interconexões entre os saberes, tanto entre professores e seus pares quanto entre professores e estudantes, trabalhando o conhecimento de forma problematizadora e estabelecendo relações entre as diferentes ciências, o cotidiano escolar e a realidade social e histórica em que os sujeitos estão envolvidos.
Avaliação: um aspecto fundamental do processo educativo
É possível ter um processo educativo sem que haja avaliação? Pensando na educação em uma visão ampla, como perpetuação e transformação social de cultura e conhecimento, poderíamos ser tentados a responder que sim. Afinal, normalmente não há instrumentos e momentos claramente designados para aferir se uma criança aprendeu a falar ou se incorporou os princípios e valores importantes para sua comunidade. No entanto, mesmo nesses processos educativos menos formais, a avaliação está sempre presente. Isso inclui marcos temporais, objetivos esperados e momentos de demonstração da aprendizagem consolidada.
Tomando como exemplo a fala, que tipicamente é adquirida sem instrução explícita, a família e a comunidade costumam observar quanto a criança de determinada idade se comunica verbalmente, em comparação a um nível de competência esperado para a faixa etária, e verificam em conversas com a criança se ela está escutando e entendendo o que lhe é dito e s e consegue se expressar com a linguagem verbal. São mecanismos de avaliação, mesmo que informais, que farão com que a família e a comunidade percebam se aquela criança está se desenvolvendo bem ou se necessita de mais algum estímulo ou tratamento específico.
Se isso é verdadeiro para a aprendizagem não formal, o é ainda mais para a aprendizagem escolar, em que o planejamento, a intencionalidade e o monitoramento de conteúdos e processos são muito mais presentes. Podemos então afirmar, com certeza, que a avaliação escolar é muito importante. Ela é parte integrante do processo de ensino-aprendizagem e, desse modo, deve fazer parte do planejamento, conter objetivos claros e a escolha de quem, o que, quando e como avaliar.
Avaliar bem os processos educativos é fundamental para que haja o máximo de precisão nos diagnósticos e rapidez nas ações para que o direito de aprender seja garantido. Não que, por meio dessas ações, a avaliação se torne algo simples, uma vez que sempre requererá reflexões, empenho, clareza e sensibilidade para descrever e interpretar os resultados obtidos e, ainda mais, para decidir o que será feito a partir desses resultados. O que propomos aqui como avaliação tem a função de auxiliar você, professor, a acompanhar de forma segura a evolução de cada um dos estudantes, bem como da turma como um todo e, assim, poder trabalhar com equidade, dando a cada estudante aquilo de que necessita e acompanhando de perto suas conquistas e a superação de suas dificuldades.
Como objetivo maior, queremos contribuir para uma educação democrática em que todos os estudantes alcancem "altas expectativas de aprendizagem"*, a fim de "possibilitar a participação significativa e crítica nas diversas práticas sociais permeadas/constituídas pela oralidade, pela escrita e por outras linguagens"*. Em consonância também com a PNA*, acreditamos que o desenvolvimento de competências sólidas em Língua Portuguesa nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental pode:
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- assegurar o direito à alfabetização a fim de promover a cidadania e contribuir para o desenvolvimento social e econômico do País;
- impactar positivamente a aprendizagem no decorrer de toda a trajetória educacional, em suas diferentes etapas e níveis.
Que instrumentos avaliativos você encontrará nesta coleção?
Nossa concepção de avaliação, que se materializa nos instrumentos apresentados neste volume, não tem como objetivo dar notas aos estudantes, nem puni-los ou premiá-los, determinando sua retenção ou avanço no ano escolar, por exemplo. Tampouco intentamos que se preste a isolamento de estudantes ou grupos na dinâmica escolar diária. Nós acreditamos que os momentos de avaliação que propomos não devem ser motivo de tensão para os estudantes e suas famílias, pois devem ser encarados com tranquilidade, como forma de clarear o estágio de aquisição das competências básicas de cada estudante e proporcionar a ele aquilo de que necessite para seu melhor desenvolvimento.
Com isso, inspiramo-nos em um modelo que intervém precocemente, avaliando regularmente os estudantes. Alves* explica que:
o conceito da discrepância entre o rendimento escolar e o quociente intelectual, modelo "Wait to Fail Model", [...] deu lugar a um modelo alternativo denominado por Modelo de Resposta à Intervenção, traduzido da expressão "Response to Intervention Model", ou RTI, sigla internacionalmente reconhecida [...].
Assim, todos os estudantes passam por um rastreio universal, que deve ocorrer, no mínimo, três vezes ao ano. Esse momento de avaliação geral, que monitora o progresso do estudante em competências básicas, é realizado no início do ano, periodicamente ao longo do ano e ao fim do ano letivo.
Avaliação inicial
No início dos volumes de cada ano, antes da unidade 1, há uma "Avaliação inicial", que também pode ser identificada como uma avaliação diagnóstica, composta de texto para avaliar fluência, proposta de produção de escrita e questões de múltipla escolha e dissertativas, que visam identificar os estudantes que não estão no nível esperado para o início do ano letivo. Sabendo que as turmas podem ser bastante heterogêneas, o que ficará ainda mais acentuado devido às condições desiguais que os estudantes vivenciaram no período de enfrentamento da pandemia de coronavírus, é importante ter clareza dos estudantes que se encontram em risco de não atingir os objetivos esperados para o ano escolar.
Nessa avaliação, serão mensuradas as competências nos componentes essenciais para a alfabetização. A partir de parâmetros esperados, serão estabelecidas as faixas que indicam se o estudante está no nível adequado e, portanto, não necessita de intervenção extra para além das atividades já planejadas para a turma; se está em um nível intermediário, que inspira cuidados e demanda uma intervenção mais direta em grupos menores; ou se está em um nível crítico, que requer intervenções semanais em duplas ou até individualmente.
O número de encontros extras para os estudantes nos estágios intermediário e crítico, bem como o tamanho dos grupos, dependerá dos recursos da escola. Alves* apresenta uma sugestão de periodicidade e tamanho para os grupos de encontro, que pode servir como parâmetro para organização do trabalho em sua turma. Como os estudantes serão constantemente avaliados, é esperado que haja mobilidade entre os grupos, conforme as intervenções vão dando resultado.
Avaliação em processo
Após as unidades 2, 4 e 6, há uma avaliação processual, que mensurará os mesmos componentes essenciais para a alfabetização elencados na "Avaliação inicial", para que haja, em um intervalo de aproximadamente dois meses, novo rastreio universal de acompanhamento. Com isso, os estudantes que estavam nos estágios intermediário ou crítico e que se beneficiaram de intervenções específicas poderão estar agora em um estágio adequado e, com isso, não precisar mais do trabalho específico. Por outro lado, os estudantes que não estiverem no estágio adequado poderão se beneficiar da intervenção específica. Assim, haverá sempre clareza sobre as necessidades de intervenção e equidade em seu oferecimento.
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Além desses três momentos, também propomos, ao longo do ano letivo, práticas de autoavaliação, para que o estudante vá desenvolvendo sua autonomia e seu autoconhecimento no próprio processo de aprendizagem. Como parte das seções "Produção escrita", "Produção oral" e "Projeto em equipe" e da subseção "Praticar a fluência", haverá sempre uma tabela de avaliação para que o próprio estudante possa se autoavaliar.
Avaliação final
Ao final de cada volume, após a última unidade, é proposta a "Avaliação final", uma avaliação de resultados com mesma estrutura da "Avaliação inicial" e os mesmos componentes essenciais para a alfabetização dessa e das "Avaliações em processo" (que ocorreram após as unidades 2, 4 e 6). Desse modo, o desenvolvimento do estudante, que foi sendo acompanhado nas diferentes atividades educativas propostas, bem como ao longo dos outros quatro rastreios universais e nas intervenções específicas (para estudantes que estiveram, em algum momento, em estágio intermediário ou crítico), poderá ser novamente mensurado, a fim de que possa ser adequadamente acompanhado no ano seguinte.
Além do acompanhamento individual, todas as avaliações também contribuem para planejamentos e adequações do processo educativo como um todo, seja ao longo do ano, seja em seu final, visando a melhorias para as práticas do ano seguinte.
Instruções gerais para a avaliação
A avaliação do componente essencial para a alfabetização fluência em leitura oral é novidade para a maior parte dos professores. Por isso, abordaremos em detalhes a forma como pode ser realizada. Essa avaliação tem como objetivo medir a habilidade dos estudantes de ler com velocidade e precisão em seu primeiro contato com o texto. Essa avaliação precisa ser administrada individualmente, de preferência em um lugar quieto e calmo. E, para realizá-la, o professor precisará de um cronômetro e, se possível, um gravador. É importante fazer essa avaliação com um texto desconhecido do estudante. Por isso, no dia da avaliação em fluência, é necessário organizar um momento em que os estudantes possam trabalhar de maneira independente: lendo livros ou gibis, pintando um desenho, jogando dama, dominó etc. Cada avaliação deve durar uma média de 2 a 4 minutos, se o estudante estiver próximo da taxa de velocidade adequada para seu ano escolar, e cerca de 1 a 2 minutos, se estiver dentro do esperado. Se achar melhor, divida a turma em grupos e avalie a fluência em leitura oral das crianças em 2 ou 3 dias, levando um tempo de 30 a 45 minutos em cada dia. O restante da avaliação (as questões escritas e a produção de um pequeno texto) pode ser realizado em outro dia.
Na avaliação, os estudantes devem ser chamados individualmente à mesa do professor. Depois de acomodados, eles deverão ler o trecho do texto em destaque. O docente deve incentivá-los a ler da melhor maneira possível. Nessa leitura, será avaliada a precisão no reconhecimento da palavra e a velocidade de leitura.
- Velocidade: Para avaliar a velocidade, o professor precisa obter o tempo de leitura do estudante. Para isso, pode usar um cronômetro (muitos celulares têm essa função ou aplicativos para baixar). Antes de o estudante começar a ler, o professor deve explicar seu objetivo da avaliação e marcar o tempo de leitura. O professor deve informar ao estudante que ele precisa ler naturalmente, respeitando os sinais de pontuação, da maneira como lê em seu dia a dia. É importante ter essa conversa para evitar que os estudantes leiam de forma muito rápida, atropelando as palavras só para terminar logo. O estudante precisa seguir seu ritmo normal, privilegiando sua compreensão.
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A velocidade é medida pelo número de Palavras por Minuto (PPM). Para calcular o PPM, é necessário iniciar o cronômetro quando o estudante ler a primeira palavra; o cronômetro deve ser encerrado assim que o estudante terminar de ler a última palavra do texto. Com esse tempo em mãos, basta usar a fórmula:
Exemplo: o estudante gastou seis minutos exatos (06min00seg) para ler um texto de 508 palavras. Assim, o PPM dele é:
No entanto, muitos tempos de leitura serão compostos de uma parte em minutos e uma parte em segundos. Nesse caso, o professor precisa usar o todo em minutos, para que o número de PPM seja exato.
Para calcular o tempo total em minutos, é necessário transformar o tempo em segundos para uma fração de minutos (usar a notação decimal). Para isso, divide-se o tempo medido em segundos por 60.
Exemplo: o estudante levou 5 minutos e 17 segundos para ler o texto. Assim, o tempo total será:
5 minutos + 17/60 = 5 minutos + 0,28 minuto = 5,28 (tempo total em minutos).
E para calcular o PPM:
Para facilitar e agilizar o trabalho, podemos também adotar uma tabela de conversão.
Tempo em segundos | Tempo em minutos |
---|---|
1 | 0,017 |
2 | 0,033 |
3 | 0,050 |
4 | 0,067 |
5 | 0,083 |
6 | 0,100 |
7 | 0,117 |
8 | 0,133 |
9 | 0,150 |
10 | 0,167 |
11 | 0,183 |
12 | 0,200 |
13 | 0,217 |
14 | 0,233 |
15 | 0,250 |
16 | 0,267 |
17 | 0,283 |
18 | 0,300 |
19 | 0,317 |
20 | 0,333 |
21 | 0,350 |
22 | 0,367 |
23 | 0,383 |
24 | 0,400 |
25 | 0,417 |
26 | 0,433 |
27 | 0,450 |
28 | 0,467 |
29 | 0,483 |
30 | 0,500 |
31 | 0,517 |
32 | 0,533 |
33 | 0,550 |
34 | 0,567 |
35 | 0,583 |
36 | 0,600 |
37 | 0,617 |
38 | 0,633 |
39 | 0,650 |
40 | 0,667 |
41 | 0,683 |
42 | 0,700 |
43 | 0,717 |
44 | 0,733 |
45 | 0,750 |
46 | 0,767 |
47 | 0,783 |
48 | 0,800 |
49 | 0,817 |
50 | 0,833 |
51 | 0,850 |
52 | 0,867 |
53 | 0,883 |
54 | 0,900 |
55 | 0,917 |
56 | 0,933 |
57 | 0,950 |
58 | 0,967 |
59 | 0,983 |
60 | 1 |
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A cada ano, o objetivo é que o estudante chegue até o fim do ano lendo determinado número de palavras por minuto (ver tabela a seguir). Assim, espera-se que no começo do ano esse número seja um pouco menor e vá aumentando com o passar dos meses, ao mesmo tempo que as habilidades de leitura vão melhorando.
Ano escolar | Expectativa de PPM |
---|---|
1o | 60 |
2o | 80 |
3o | 90 |
4o | 100 |
5o | 130 |
Fonte: PNA, 2019. p. 34.
-
Precisão: Para avaliar a precisão, o professor necessitará de uma cópia do texto que o estudante estiver lendo ou, preferencialmente, gravar a leitura para posterior avaliação. É preciso que o professor registre o número de erros cometidos durante a leitura. Ele deve considerar como acerto as palavras lidas correta e fluentemente. Hesitações, leitura muito pausada ou silabada, estratégias de revisão para correções ou falhas na decodificação ortográfica devem ser consideradas erros e anotadas como observação para o planejamento de atuação pedagógica para ajudá-lo. Para obter o cálculo do percentual da precisão em leitura, é necessário verificar o número de palavras lidas corretamente e multiplicá-lo por 100% e logo depois dividir o número obtido pelo total de palavras no texto. A fórmula é a seguinte:
Exemplo: o estudante leu corretamente 425 palavras em um texto que tem 508 palavras. Assim, a precisão de leitura dele é:
A cada ano, o objetivo é que o estudante tenha uma precisão de leitura de 95%. Assim, espera-se que no começo do ano esse número seja um pouco menor e vá aumentando no decorrer do ano, ao mesmo tempo que as habilidades de leitura do estudante vão melhorando.
A avaliação dos demais componentes essenciais para a alfabetização deve ser realizada em um dia diferente do dia da avaliação da fluência em leitura oral. Inicialmente, o professor deve pedir aos estudantes que releiam o texto e deem respostas fundamentadas nas informações extraídas dele e não em ideias pessoais. O professor deve verificar também esse aspecto ao corrigir as atividades.
A avaliação em compreensão de textos é composta de questões que abrangem: localizar e retirar informação explícita; fazer inferências diretas; interpretar e relacionar ideias e informação; analisar e avaliar conteúdo e elementos textuais.
O processo de avaliação da produção de escrita é complexo e muitos fatores precisam ser levados em consideração. Assim, ao corrigir o texto de cada estudante, é preciso ter critérios claros para que se observem todas as características elencadas.
O desenvolvimento de vocabulário pode ser avaliado junto à produção de escrita, ao analisar a progressão do estudante quanto ao vocabulário expressivo, enquanto o vocabulário receptivo pode ser avaliado em outras atividades.
A avaliação do conhecimento alfabético se dará por meio de atividades específicas, mas também pode acontecer junto à avaliação da produção de escrita.
Para saber se o estudante está progredindo nos componentes essenciais para a alfabetização, é necessário registrar o número de respostas corretas em uma tabela, que deve ser preenchida ao fim de cada avaliação. Veja o modelo a seguir.
MP032
Estudante: | |||||
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Conhecimento alfabético | Avaliação inicial | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação final |
Compreensão das relações mais complexas entre fonemas e grafemas | |||||
Dígrafos | |||||
Acentuação gráfica | |||||
Compreensão de textos | Avaliação inicial | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação final |
Localizar informações explícitas | |||||
Realizar inferências diretas | |||||
Interpretar e relacionar ideias e informação | |||||
Analisar e avaliar conteúdo e elementos textuais | |||||
Fluência em leitura oral | Avaliação inicial | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação final |
Velocidade | |||||
Precisão | |||||
Desenvolvimento de vocabulário | Avaliação inicial | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação final |
Vocabulário receptivo | |||||
Vocabulário expressivo | |||||
Produção de escrita | Avaliação inicial | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação final |
Organização do texto em parágrafos | |||||
Escrita de frases de acordo com as regras gramaticais e ortográficas da norma culta | |||||
Escrita de textos conforme as regras gramaticais e ortográficas da norma culta |
MP033
Conhecimentos gramaticais | Avaliação inicial | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação em processo | Avaliação final |
Classes de palavras | |||||
Classificação de palavras quanto à sílaba tônica | |||||
Pontuação | |||||
Concordância verbal | |||||
Concordância nominal |
Evolução sequencial de conteúdos
Para auxiliar o desenvolvimento dos conteúdos durante o ano letivo, trazemos uma proposta de divisão do conteúdo apresentado no volume do 4o ano em 40 semanas letivas, que contemplam os 200 dias letivos anuais obrigatórios para a Educação Básica. No entanto, é importante destacar que a distribuição indicada é uma sugestão que pode ser adaptada de acordo com o planejamento do professor e do Projeto Político-Pedagógico da escola.
MP034
MP035
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MP037