UNIDADE 1 HISTÓRIA E NOSSAS ORIGENS
CAPÍTULO 1 SABER HISTÓRICO
Um livro de História nos convida a viajar através do tempo e a conhecer diferentes sociedades. Com o estudo de História, podemos refletir sobre povos distantes e sobre a própria sociedade em que vivemos, além de pensar e agir sobre os desafios de nosso tempo.
Afinal, não somos culpados pelo mundo que encontramos ao nascer. Mas precisamos fazer alguma coisa sobre o mundo que está sendo construído ou destruído.
responda oralmente
para começar
Você se lembra de histórias de sua vida? Quais?
História: uma produção de saber
A História é uma área de estudo que investiga as vivências humanas ao longo do tempo. Em sua origem grega, a palavra “história” significa “procurar saber” ou “informar-se”.
Quando estudamos História, pesquisamos diversos aspectos da vida humana, por exemplo: fórmas de trabalho e tipos de diversão, alimentos produzidos e consumidos, relações de dominação e resistência entre pessoas.
Quem tem conhecimento histórico percebe que, se algumas coisas mudaram no passado, elas também podem mudar no presente. Sem consciência histórica, alguém pode achar, por exemplo, que certas injustiças sociais de nossa época e a exploração predatória do meio ambiente são “naturais”. Assim, muitas pessoas não enxergam a possibilidade de lutar por um mundo melhor.
Estudar História nos permite refletir sobre como podemos construir um mundo mais livre, justo e sustentável.
Como produzimos saber histórico?
A produção de saber histórico constitui uma área de estudo (História) que tem vários objetivos, entre os quais podemos destacar: preservar memórias, interpretar culturas e promover a cidadania.
Preservar memórias
No dia a dia, vivenciamos acontecimentos que fazem parte de nossa história. Alguns desses acontecimentos são lembrados e divulgados; outros são esquecidos, silenciados e apagados. Assim são construídas as memórias das pessoas, dos grupos e das sociedades.
A construção da memória social é influenciada por interesses políticos, econômicos e valores de uma sociedade. Com frequência, as datas históricas são escolhidas com base em memórias de grupos dominantes. Isso produz esquecimentos sobre fatos importantes ligados a outros grupos sociais. Para reagir a esses esquecimentos, podemos desenvolver uma atitude historiadora que busca preservar as memórias da diversidade dos grupos sociais.
responda oralmente
para pensar
Que recordações você tem de sua infância? Conte aos colegas um momento importante de sua vida.
dica internet
Museu da Pessoa
Disponível em: https://oeds.link/PI0Epc. Acesso em: 27 outubro 2021.
Esse museu virtual conta histórias de vida de pessoas não famosas. Há vídeos, canções, áudios, relatos, textos e fotografias que fazem parte das diversas exposições virtuais.
Interpretar culturas
Cultura é o modo de vida criado e transmitido de uma geração para outra. Abrange conhecimentos e obras, artes e ciências, normas e costumes.
A cultura envolve o que pensamos e fazemos como membros de um grupo social. Assim, as danças, os jogos, as comidas, as músicas e as linguagens são exemplos de manifestações culturais.
Quando viajamos para outros lugares ou estudamos História, entramos em contato com vários tipos de manifestação cultural e podemos notar semelhanças e diferenças nos modos de pensar, sentir e agir das pessoas.
Nesses contatos culturais, algumas pessoas ou alguns grupos podem discriminar o outro, pois julgam que sua cultura é superior ou melhor. Esse comportamento é chamado de etnocêntrico, que se refere à tendência de uma pessoa achar que sua própria cultura é o “centro do mundo”. O etnocentrismo provoca conflitos sociais, pois sua prática implica negar, rejeitar, perseguir ou repudiar o outro, isto é, aquele que é diferente.
Uma atitude historiadora nos faz refletir sobre o fato de que as culturas representam diferentes respostas ou soluções aos desafios da vida. Desse ponto de vista, por exemplo, não existe uma única cultura no território brasileiro, mas múltiplas culturas convivendo simultaneamente (multiculturalismo). Além disso, não existem culturas superiores ou inferiores, melhores ou piores. O que existe são diversas fórmas de se vestir, de comer, falar, brincar, trabalhar, pensar sobre a vida. É o que chamamos de diversidade cultural.
Quando reconhecemos nossa cultura, valorizamos nossa identidade pessoal e social. Além disso, o convívio democrático exige respeito pelo outro e valorização da pluralidade das culturas.
Promover a cidadania
Cidadania é nossa maneira de pertencer à sociedade. Esse pertencimento ocorre quando, por exemplo, existem garantias aos direitos à vida, à liberdade, à educação, ao lazer, ao trabalho, ao voto eleitoral, entre outros.
Ao estudar História, percebemos que muitos direitos foram conquistados no Brasil, como o voto feminino (1932), a consolidação dos direitos trabalhistas (1943), o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) etcétera Mas ainda há um longo caminho para se alcançar a cidadania plena. Nesse sentido, é preciso superar as enormes desigualdades entre ricos e pobres que existem no Brasil.
Uma atitude historiadora pode despertar a consciência de cada um de nós para a tarefa de construir uma sociedade mais democrática, que inclua mais pessoas no exercício da cidadania, independentemente de idade, sexo, origem, cor da pele ou religião.
Ofício do historiador
Quem se dedica a pesquisar e a ensinar História é chamado de historiadora ou historiador. Esse profissional produz saber histórico ao investigar o que os seres humanos fizeram, pensaram e sentiram no contexto de suas culturas. Esse saber histórico também abrange conhecimentos sobre as relações entre passado e presente.
O ofício do historiador depende de pesquisas variadas, interpretações de fontes e formulações de hipóteses sobre seus temas de estudo. A atividade do historiador envolve uma busca pelo conhecimento. E conhecer é uma tarefa contínua, que nunca tem fim. Por isso, o historiador não tem a pretensão de fixar “verdades absolutas ou definitivas”. Nesse sentido, este livro de História, por exemplo, é apenas um ponto de partida para seus estudos.
Fontes históricas
Em História, a palavra “fonte” é utilizada para se referir às fontes de pesquisa consultadas pelo historiador. As fontes históricas sugerem pistas sobre o assunto pesquisado e, por isso, devem ser interpretadas pelo historiador e associadas a outras pesquisas.
Existem muitas maneiras de classificar as fontes históricas, isto é, os vestígios e os registros da atividade humana ao longo do tempo. A seguir, vamos conhecer uma classificação que organiza as fontes em escritas e não escritas:
- escritas – cartas, letras de canções, livros, jornais, revistas, documentos oficiais etc;
- não escritas – pinturas, esculturas, mobílias, instrumentos de trabalho, roupas, músicas, filmes, construções, fotografias, utensílios, relatos orais etcétera
Durante muito tempo, as fontes escritas foram consideradas as mais importantes para a pesquisa histórica. Atualmente, os historiadores compreendem que as fontes não escritas são igualmente valiosas e relevantes. Isso significou uma mudança que ampliou o modo de produzir o saber histórico.
Entre as fontes não escritas, podemos destacar os relatos orais de quaisquer pessoas (idosos, jovens, gente famosa, gente comum). Ao conhecer esses registros, é possível interpretar a memória dessas pessoas e contribuir para a compreensão de um passado recente. É o que chamamos de história oral.
Interpretar fontes históricas
Ao analisar as fontes históricas, o historiador pode reunir pistas ou evidências que lhe permitam, por exemplo, reconhecer mudanças ocorridas em uma sociedade e o que as provocou. Os processos de mudança podem ocorrer em vários campos: na economia, nas artes, na política, na maneira de pensar, nas fórmas de viver e de sentir o mundo.
Além das mudanças, o historiador pode observar permanências sociais, ou seja, aquilo que não se alterou ou sofreu pouca transformação. Por exemplo: modos de pensar, fórmas de trabalho, tipos de lazer, construções que não mudaram etcétera
Com base em uma mesma fonte histórica, o historiador pode perceber várias informações significativas. Ao encontrar um recibo de compra ou venda de um escravizado, por exemplo, ele já observou pelo menos uma informação básica: que houve escravidão nesse lugar, ou seja, que homens, mulheres e crianças foram escravizados e podiam ser negociados como se fossem mercadorias. O recibo também pode conter o nome da moeda utilizada naquela época, entre outros dados.
- Nome da pessoa escravizada: Benedito.
- Dona do escravizado: Maria Antônia Teixeira.
- Valor: 500 mil-réis.
- Local da negociação: Rio de Janeiro.
- Data da negociação: 4 de outubro de 1851.
Já no caso de uma máscara africana, o historiador póde investigar quais materiais e técnicas foram empregados pelas pessoas que a produziram, levantar hipóteses sobre sua origem, as fórmas de utilização etcétera
- Matéria-prima: madeira.
- Local de origem: Costa do Marfim.
- Data de produção: entre o fim do século dezenove e o início do vinte.
- Uso: danças e festivais.
responda oralmente
para pensar
- Você costuma registrar momentos de sua vida em fotografias, vídeos, redes sociais etcétera? Em sua opinião, é importante guardar esses registros? Por quê?
- Existe uma única fórma de contar uma história? Argumente e cite um exemplo.
OUTRAS HISTÓRIAS
Vídeo nas Aldeias
Segundo o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, vivem no Brasil cêrca de 896 mil pessoas que se declaram indígenas. Elas vivem em cidades, áreas rurais ou terras indígenas. Essa população é composta de 305 povos que falam cêrca de duzentas e setenta e quatro línguas diferentes.
Os povos indígenas do Brasil possuem uma cultura valiosa e diversificada que deve ser preservada. Com esse objetivo, foi criado o projeto Vídeo nas Aldeias, que procura fortalecer as identidades e os patrimônios indígenas.
Desde sua criação, na década de 1980, o projeto organiza oficinas em mais de cem aldeias indígenas, espalhadas por diversos estados do país. Ao longo desses anos, foram implantados centros de produção e edição de vídeo nas aldeias participantes. Assim, as oficinas funcionam como escolas de cinema.
Atualmente, existem mais de noventa vídeos que apresentam relatos, histórias tradicionais contadas pelos mais velhos, práticas cotidianas das aldeias, relação com os recursos naturais e estratégias de preservação ambiental, entre outros assuntos.
Os vídeos produzidos pelos indígenas estão disponíveis neste link: https://oeds.link/hqKo4G (acesso em: 3 novembro 2021). Nesse site é possível conhecer projetos e produções visuais de diversas populações indígenas.
Responda no caderno
Atividades
- De acordo com o texto, quais são os principais objetivos e ações do projeto Vídeo nas Aldeias? Que assuntos são tratados nos vídeos produzidos pelos indígenas?
- Os vídeos produzidos pelos próprios indígenas podem ser utilizados como fontes históricas? Para responder à questão, releia o item “Fontes históricas”, na página 14, e associe-o ao texto “Vídeo nas Aldeias”. A resposta deve apresentar uma explicação e uma conclusão decorrentes dessas leituras.
Tempo e fórmas de registro
Olhar o relógio para saber as horas, combinar o horário para se encontrar com os amigos, esperar os minutos passarem até o fim do jogo, perceber que algumas coisas mudaram em relação ao passado. Esses são exemplos de experiências cotidianas que nos dão a noção de tempo.
Tempo contado pelo relógio
As diferentes culturas podem construir sua própria maneira de contar e registrar o tempo. Isso já aconteceu seja por meio da observação do Sol e da Lua, seja com a utilização de instrumentos como a ampulheta, a clepsidra etcétera
Nas cidades atuais, milhões de pessoas controlam seus compromissos pelo relógio. Observe que utilizamos o relógio para saber a hora de acordar, comer, ir à escola, estar com os amigos, praticar esportes, dormir etcétera
Com o relógio, dividimos o dia em horas, minutos e segundos. Mas essa fórma de medir o tempo não predominou em todas as épocas nem entre todos os povos.
Foi apenas a partir do século dezesseis que os primeiros relógios mecânicos foram instalados em torres de igrejas, em monumentos de praças e em prédios públicos. Eram lugares bem visíveis para que as pessoas pudessem enxergá-los.
Hoje em dia encontramos relógios de diversos tipos espalhados por vários lugares. Existem relógios de pulso e de parede, relógios que aparecem nos computadores, nos celulares, em luminosos pelas ruas etcétera
integrar com matemática
Responda no caderno
para pensar
- Quantas horas por dia você passa na escola? E por mês?
- Completado um ano, quantas horas você terá passado na escola?
Tempo geológico, histórico e anacronismo
Existem diferentes modos de compreender o tempo. Um deles, por exemplo, é o tempo geológico, ou seja, aquele relacionado à formação do planeta Terra. Essa noção de tempo é mais trabalhada pela Geografia e pela Física.
Por sua vez, em História, a noção de tempo mais trabalhada é a do tempo histórico, ou seja, aquele que se relaciona com as ações dos seres humanos na Terra. Assim, o tempo histórico é o tempo das criações culturais.
Cada sociedade vivencia o tempo histórico à sua maneira. Por isso, os povos têm diferentes fórmas de contar, sentir e responder aos desafios de seu tempo.
Um dos principais vícios que podem contaminar a análise histórica é o anacronismo (do grego, ana = “contra” + cronismo = “relativo ao tempo”). O anacronismo nos leva a julgar pessoas utilizando critérios atuais, como se fossem válidos para todas as épocas. Desse modo, o anacronismo consiste em atribuir aos sujeitos do passado razões ou sentimentos que não faziam parte de seu tempo histórico.
Por exemplo, não faz sentido dizer que o colonizador português desprezava a Ecologia ao derrubar árvores da Mata Atlântica. O motivo é que, entre os europeus do século dezesseis, prevalecia a noção de que os recursos naturais eram tão abundantes que podiam ser explorados de fórma descontrolada ou indiscriminada. Afinal, a Ecologia é uma área do conhecimento que se desenvolveu, sobretudo, a partir do século vinte.
Cronologia e calendário
Ao estudar o tempo, com o objetivo de estabelecer sequências para os acontecimentos, os povos construíram cronologias. A elaboração das cronologias varia de acordo com os valores, os interesses e as escolhas de cada povo. Um dos instrumentos das cronologias é o calendário, que é um sistema de divisão, medição e organização do tempo. Os calendários apresentam um sistema de contagem do tempo que pode ser organizado com base em atividades humanas, como o cultivo, as festas, o trabalho, as cerimônias religiosas etcétera
Diferentes tipos de calendário foram criados por vários povos, como os judeus, os cristãos e os muçulmanos. A organização dos calendários também variou de acordo com conhecimentos e necessidades de cada povo que os desenvolveu.
Atualmente, a maioria dos países utiliza o calendário cristão. Esse calendário organiza a contagem do tempo com base nas seguintes unidades: dia, semana, mês e ano. Períodos maiores podem ser contados em blocos de dez anos (década), de cem anos (século) e de mil anos (milênio).
Pelo calendário cristão, ficou convencionado que o ano 1 celebra o nascimento de Jesus Cristo. As datas anteriores a esse evento são assinaladas pela abreviatura a.C. (antes de Cristo). Já as datas posteriores não precisam de marcação ou podem vir acompanhadas da abreviatura d.C. (depois de Cristo).
Unidades de tempo
O século é uma unidade de tempo muito utilizada nos estudos de História. Ele costuma ser escrito, na maioria das vezes, em algarismos romanos. Exemplos: século quinze, século dezessete, século vinte e um. Há pessoas, porém, que preferem representar os séculos em algarismos arábicos (15, 17, 21, por exemplo). Nesta coleção, adotamos a primeira fórma, algarismos romanos.
Agora, vamos aprender a calcular os séculos e a identificar alguns números romanos.
Algarismos arábicos |
Algarismos romanos |
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1 |
I |
2 |
II |
3 |
III |
4 |
IV |
5 |
V |
6 |
VI |
7 |
VII |
8 |
VIII |
9 |
IX |
10 |
X |
Algarismos arábicos |
Algarismos romanos |
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11 |
XI |
12 |
XII |
13 |
XIII |
14 |
XIV |
15 |
XV |
16 |
XVI |
17 |
XVII |
18 |
XVIII |
19 |
XIX |
20 |
XX |
Algarismos arábicos |
Algarismos romanos |
---|---|
21 |
XXI |
22 |
XXII |
30 |
XXX |
40 |
XL |
50 |
L |
60 |
LX |
70 |
LXX |
80 |
LXXX |
90 |
XC |
100 |
C |
Para saber a que século um ano pertence, basta somar 1 ao número de centenas do ano. Por exemplo: o ano 997 tem 9 centenas. Temos, então:
997 ⇒ 9 + 1 = 10 ( dez, em algarismos romanos). Assim, 997 foi um ano do século dez.
Cálculo semelhante pode ser feito, por exemplo, com o ano 1822:
1822 ⇒ 18 + 1 = 19 ( dezenove, em algarismos romanos).
Já no caso a seguir não há centenas:
56 ⇒ 0 + 1 = 1. Ou seja, o ano 56 pertence ao século um, em algarismo romano.
Quando, porém, um ano termina em 00, temos uma exceção à regra. Nesse caso, o número de centenas já indica o século e não é preciso somar 1. Observe:
2000 ⇒ 20 ( vinte, em algarismos romanos). Isso significa que o ano 2000 ainda pertence ao século vinte (é o último ano desse século). Já 2001 é o primeiro ano do século vinte e um.
Os séculos anteriores ao nascimento de Cristo seguem as mesmas regras. Observe:
401 antes de Cristo ⇒ 4 + 1 = 5. Assim, 401 antes de Cristo pertence ao século cinco antes de Cristo Observe que é o último ano desse século, pois a contagem é regressiva.
Agora, observe mais um caso com o ano terminando em 00:
400 antes de Cristo ⇒ 4. Então, 400 antes de Cristo é o primeiro ano do século quatro antes de Cristo
Periodizações históricas
Você já percebeu que constantemente estamos agrupando e dividindo o tempo de acordo com as atividades de nosso cotidiano? Por exemplo, o período de estudar, de dormir, o período de férias.
De fórma semelhante, os historiadores procuram dividir o tempo histórico em períodos, isto é, elaboram periodizações. As periodizações variam dependendo das escolhas feitas por quem as elaborou. Por isso, existem diferentes periodizações históricas, que elegem determinados marcos da memória.
Linha do tempo
A linha do tempo é uma fórma de esquematizar assuntos em ordem cronológica. Para construir uma linha do tempo, precisamos escolher os assuntos que desejamos representar e organizá-los em eventos sucessivos (antes e depois) e simultâneos (que ocorrem ao mesmo tempo). Ao criar uma linha do tempo, trabalhamos com alguns conceitos históricos, como duração, sequência, simultaneidade, permanências e rupturas.
Na elaboração da linha do tempo, é possível utilizar escalas. A escala estabelece uma correspondência entre uma unidade de medida de comprimento (em geral, o centímetro) e uma unidade de tempo (como mês, ano, década, século etcétera). Utilizar escalas não é obrigatório, mas, em alguns casos, é fundamental anunciar que a linha do tempo foi construída sem escala.
Periodização tradicional da História
Pré-História
Do surgimento do ser humano até a invenção da escrita ( cérca de 4000 antes de Cristo).
Idade Antiga ou Antiguidade
Da invenção da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente (476).
Idade Média
Da queda do Império Romano do Ocidente até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453).
Idade Moderna
Da tomada de Constantinopla até a Revolução Francesa (1789).
Idade Contemporânea
Da Revolução Francesa até os dias atuais.
Linha do tempo fóra de escala.
Responda no caderno
para pensar
Como seria uma linha do tempo sobre sua vida? Escolha alguns momentos marcantes e organize-os em uma linha.
Versão adaptada acessível
Como seria uma linha do tempo sobre sua vida? Escolha alguns momentos marcantes e organize-os em uma linha do tempo tátil. Para tanto, você pode utilizar materiais emborrachados e outros objetos como papéis lisos, ásperos, finos e ou espessos, além de linhas, palitos, botões etc.
Debate entre Pré-História e História
Uma das periodizações históricas mais conhecidas e debatidas estabelece a distinção entre um período anterior à invenção da escrita e outro posterior à escrita. Nessa divisão, convencionou-se chamar de Pré-História o longo período que se inicia com o surgimento do ser humano e termina com o período em que surgiu a escrita, por volta de 4000 antes de Cristo O período posterior foi denominado História.
A distinção entre Pré-História e História foi criada por historiadores europeus que viveram no século dezenove. Eles davam grande importância às fontes escritas porque supunham que elas eram mais confiáveis.
Atualmente, os estudiosos não dão tanta importância para essa distinção entre fontes escritas e não escritas. Isso porque há várias fórmas de registro do passado que podem ser interpretadas. Além disso, o ser humano, desde que surgiu na Terra, é um ser histórico.
Apesar das críticas mais recentes, o termo “Pré-História” continua sendo usado para referir-se ao período inicial da existência humana sobre a Terra. Neste livro, eventualmente, podemos nos referir a esse termo – sabendo que esse período faz parte da História como todos os outros.
Periodização tradicional e eurocentrismo
Há outra divisão da História, também elaborada por europeus, que destaca quatro grandes períodos: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Essa divisão foi desenvolvida com base no estudo de algumas regiões da Europa, do Oriente Médio e do Norte da África.
Essa periodização tradicional também recebe críticas, porque se baseia em uma visão histórica centrada nos povos da Europa. É, portanto, eurocêntrica. É importante conhecê-la porque ela é frequentemente citada. Podemos utilizá-la, mas não devemos nos restringir a essa divisão tradicional.
PAINEL
O tempo
Vários artistas procuraram representar o tempo em suas obras. Uma dessas representações é o quadro Uma dança para a música do tempo, do pintor francês Nicolás Pússim (1594-1665).
A seguir, observe uma interpretação de alguns elementos dessa tela.
1. As crianças e o homem idoso representam o tempo ou a passagem do tempo.
O homem idoso toca uma harpa e sua música dá ritmo ao movimento das pessoas, que simboliza a “dança da vida”. Sem a música do tempo, não existiria a dança da vida. Observe, também, que o homem possui asas, trazendo a ideia de que o tempo “voa”.
- As figuras que dançam representam o trabalho, o prazer, a riqueza e a pobreza. Observe que a riqueza não dá a mão para a pobreza. O trabalho olha em direção à riqueza. E o prazer desvia o olhar do trabalho. Na visão do pintor, a relação entre esses quatro elementos marca a vida das pessoas.
- No céu, o pintor representou o deus Apolo e suas seguidoras Horas, as deusas referentes às estações do ano. Os deuses vivem a eternidade, enquanto os humanos vivem no mundo em que tudo começa e termina.
- A estátua representa o deus romano Jano, nome do qual derivou o termo “janeiro”. Jano simboliza a porta de entrada para um novo tempo. A face dupla de Jano representa a síntese do velho e do novo, do passado e do futuro.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
1. Identifique as frases incorretas sobre o trabalho dos historiadores. Depois, reescreva-as de fórma correta em seu caderno.
- Esses profissionais investigam as vivências humanas ao longo do tempo.
- Os historiadores revelam verdades absolutas e definitivas sobre o passado.
- Em seu ofício, os historiadores pesquisam, levantam hipóteses e interpretam culturas.
- Atualmente, os historiadores somente analisam fontes escritas, por serem mais confiáveis.
- Em grupo, entrevistem uma pessoa mais velha que vocês conheçam. Para isso, leiam as orientações a seguir.
- Elaborem um questionário para a entrevista. Observem, a seguir, exemplos de perguntas que podem ser adaptadas por vocês.
- Qual é o seu nome? Quando e onde você nasceu?
- Que lembranças você tem de sua infância e de sua juventude?
- Como eram suas brincadeiras, sua casa e sua rua?
- Você guarda algum objeto dessa época (fotografias, cartas, roupas, acessórios)? Por que você guarda esse objeto?
- Você tem saudade de sua infância? Por quê?
- Se tivesse que dar um conselho para uma pessoa mais jovem, o que diria?
- Registrem a entrevista em texto, vídeo ou áudio.
- Apresentem a entrevista para os colegas da turma.
- Identifiquem semelhanças e diferenças entre as respostas dos entrevistados.
- Elaborem um questionário para a entrevista. Observem, a seguir, exemplos de perguntas que podem ser adaptadas por vocês.
integrar com matemática
3. Para refletir um pouco mais a respeito da divisão do tempo em anos e séculos, faça as atividades a seguir. Se necessário, peça ajuda ao professor.
- Escreva no caderno, em algarismos romanos, o século em que você nasceu e o século anterior. Indique o ano do início e o do término de cada um.
- Escreva no caderno, em algarismos romanos, os seguintes séculos: 1, 9, 10, 15, 20 e 21.
- Indique a que século pertencem os seguintes anos: 100 antes de Cristo, 10, 1500, 1988, 2001, 2020.
- Indique o ano em que começou e o ano em que terminou cada um dos seguintes séculos: dois, oito, doze, quinze, vinte e dezenove.
Interpretar texto e imagem
4. Analise e compare as duas imagens a seguir.
- Observe os seguintes elementos: cores e datas das fotografias; cidades onde elas foram tiradas; pessoas e cenários retratados.
- Comparando essas fotografias, você diria que, ao longo do tempo, as escolas mudaram ou continuaram iguais? Explique sua resposta.
- Agora compare sua classe com as salas de aula representadas nessas duas fotografias. Analise semelhanças e diferenças entre elas.
integrar com arte
5. Observe a imagem e responda às questões.
- Qual é o nome dessa obra? Em que ano foi criada? Quem é seu autor?
- Compare as pessoas representadas na imagem. Quais são suas semelhanças e diferenças?
- Qual é o sentido da frase escrita na obra?
- Em sua opinião, as diferenças étnicas, religiosas, de idade e de gênero são respeitadas atualmente no Brasil? Desenvolva sua resposta argumentando.