UNIDADE 1  HISTÓRIA E NOSSAS ORIGENS

CAPÍTULO 2 ORIGENS DA HUMANIDADE

Qual é a origem da espécie humana cujo nome científico é Homo sapiens (do latim, “homem que sabe”)? Vários pesquisadores estudam essa questão e buscam pistas da existência dos primeiros grupos humanos.

Ao conhecer o passado desses primeiros humanos, podemos compreender melhor nossos modos de ser e de viver.

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para começar

O que você já pensou sobre a origem do ser humano? Como você imagina que viviam os primeiros grupos humanos? Comente.

Fotografia. Um grupo de pessoas vestindo camisas com mangas compridas e calças, sentados sobre uma área escavada, portando pincéis direcionados a ossadas cobertas de terra. Em segundo plano há mochilas, carriolas e ferramentas.
Arqueólogos trabalham na escavação de uma sepultura em um sítio arqueológico no distrito de Vã, na Turquia. Fotografia de 2021. Depois de analisados, os ossos fornecem pistas sobre os grupos humanos que viveram na região por volta de 750 antes de Cristo
Fotografia. Vista do interior de uma moradia pré-histórica, construída em um buraco no solo, com paredes de pedras e diversos objetos de pedra. Ao redor, vegetação, pessoas e uma praia.
Moradia pré-histórica de Skaarah breí, localizada na Escócia, habitada por grupos humanos entre 3200 antes de Cristo e 2500 antes de Cristo Fotografia de 2017.
Fotografia. Um homem observa as paredes de uma caverna contendo pinturas representando seres humanos e animais.
Turista observa pinturas rupestres no sítio arqueológico Toca da Extrema dois, no Parque Nacional Serra da Capivara, no atual estado do Piauí, datadas de cêrca de 1300 antes de Cristo Fotografia de 2018. A análise das figuras e das cenas representadas fornece pistas sobre as fórmas de vida dos primeiros grupos humanos que habitaram o continente americano.

Explicações de nossas origens

Vários povos do mundo desenvolveram explicações para a questão da origem humana. Elas podem ser encontradas nos mitos, nas religiões e nas ciências. A seguir, vamos conhecer três delas.

Mitologia grega

A mitologia grega tem algumas histórias para explicar a origem dos seres humanos. Em uma delas, o titãglossário Prometeu criou os homens a partir do barro. Para terminar sua criação, ele decidiu roubar uma centelha do Sol (fogo divino) e entregá-la aos homens. De acordo com a mitologia grega, porém, o fogo celeste era privilégio apenas dos deuses, seres imortais. Zeus, soberano dos deuses, ficou então furioso, punindo Prometeu e os homens. Como punição, Prometeu foi acorrentado a um rochedo e ali uma águia devorava seu fígado, que, no entanto, se regenerava a cada dia. Depois de sofrer por muito tempo, Prometeu foi libertado.

Já os mortais foram punidos com a criação de Pandora, que representa a primeira mulher. Como muitos personagens da mitologia grega, Pandora era repleta de virtudes e defeitos. Ela foi criada por vários deuses e cada um deles lhe deu um talento especial. Ao final, Zeus confiou a Pandora uma caixa, recomendando que ela jamais a abrisse. Porém, um dia, Pandora decidiu abrir essa caixa e dela saíram todos os males do mundo. Assustada, ela fechou a caixa rapidamente, tendo restado ali dentro apenas o último consolo dos mortais: a esperança.

Pintura. Representação de um homem de cabelos e barbas grisalhos, vestindo uma túnica azul com o tronco a mostra, sentado sobre um trono de nuvens, segurando um raio em uma das mãos, e apontando para o céu com a outra. À sua frente, sob o solo, um grupo de pessoas com destaque para uma mulher de cabelos loiros, vestindo uma túnica clara, segurando um objeto longo e curvo com ambas as mãos, e flores na extremidade inferior. Abaixado ao lado dela, um ser com metade do corpo humano e patas de animal.
Júpiter e Pandora, pintura de Francesco Albani, elaborada por volta de 1660. Na tela, Zeus (Júpiter) ordena a expulsão de Pandora como fórma de punição pela liberação de todos os males da humanidade.
Cena de animação. Imagem representando uma mulher de vestido branco e um lenço, também branco, ao redor da cabeça, segurando uma haste vertical com uma das mãos, em pé sobre uma escadaria em direção a um trono de pedra, sob o qual está sentado um homem de túnica e um lenço branco sobre a cabeça, cobrindo parte de seu rosto. Em segundo plano há constelações de estrelas, nuvens, raízes e troncos de árvores e um planeta de coloração laranja.
Cena da animação brasileira Òrun Àiyé: a criação do mundo, dirigida por Jamile Coelho e Cintia Maria, 2015. A animação narra histórias da criação do mundo e da humanidade segundo a mitologia iorubáglossário , que atribui ao ser supremo Olorum a criação do mundo.
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ÉSQUILO. Prometeu acorrentado. Adaptação de Antonio Carlos Olivieri. São Paulo: éfe tê dê, 2005.

Por meio dessa narrativa podemos conhecer a história de Prometeu, acorrentado a um rochedo e condenado a ali permanecer por toda a eternidade.

Segundo especialistas, as histórias da criação dos seres humanos não ocupam um lugar de destaque na mitologia grega. Mas existem algumas narrativas sobre a criação humana, bem como mitos que mostram interações dos seres humanos com os deuses e os heróis. Na maioria dessas narrativas, os humanos são caracterizados como mortais, ambíguos e contraditórios, conscientes de suas limitações. E, por isso, eles reverenciam os deuses buscando ajuda e proteção.

Criacionismo judaico-cristão

Nas sociedades influenciadas pela tradição judaico-cristã, existe uma explicação para a origem do ser humano baseada em uma interpretação do livro do Gênesis, parte do Antigo Testamento da Bíblia. Observe trechos desse livro:

“No princípio, Deus criou o céu e a terra. reticências

Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que ele domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra’. reticências

Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou.”

A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulinas, 1989. Gênesis 1: 1, 3, 4, 5, 24, 26, 27.

Os trechos citados trazem a ideia de que o ser humano é uma criação especial de Deus, diferenciando-se dos outros animais por sua espiritualidade. Essa espiritualidade se revela, por exemplo, na consciência, na linguagem simbólica, na imaginação artística e no senso ético.

Teoria da Evolução

Em 1859, após anos de pesquisa, o cientista inglês Charles Dárvin (1809-1882) publicou o livro A origem das espécies, no qual propôs que os seres vivos compartilham um mesmo ancestral e que as espécies mudaram, evoluíram e se diferenciaram por meio de uma seleção natural. Essa explicação para a origem dos seres vivos foi chamada de Teoria da Evolução.

Para Dárvin, a Teoria da Evolução também se aplica à espécie humana. Isso significa que nós, como todos os seres vivos, somos resultado de um longo processo de seleção natural, no qual os indivíduos mais adaptados às condições do meio em que vivem obtêm melhores chances de produzir descendentes e, assim, transmitir suas características.

Nas sociedades cristãs do século dezenove, essa teoria provocou grandes polêmicas – Dárvin foi criticado por religiosos e cientistas cristãos. Na época, era difícil aceitar a ideia de que os seres humanos tinham um “parentesco” com outros animais.

Fotografia. Destaque para escultura em pedra branca, de um homem calvo e barba volumosa, sentado sobre uma cadeira, com as pernas cruzadas e apoiando as mãos sobre o seu colo.
Charles Dárvin, escultura de djósef édgar boem, 1885. A obra está exposta no Museu de História Natural de Londres, Reino Unido.

A teoria e a polêmica

Algumas polêmicas ocorreram em virtude de interpretações incorretas da Teoria da Evolução, como a ideia de que os seres humanos descendem dos macacos. O que a Teoria da Evolução sugere é que humanos e demais primatas (macacos, chimpanzés, gorilas etcétera) compartilharam, em algum momento, um mesmo ancestral.

Mas atenção: não se deve pensar na evolução das espécies como um “aperfeiçoamento” em linha reta. A situação se parece mais com uma teia complexa.

Atualmente, a Teoria da Evolução é estudada nas ciências e, assim como todas as teorias científicas, é continuamente questionada, revista e aprimorada.

Quadrinho. História contada em um quadro. Quadro 1: uma fila de pessoas voltadas para um balcão com alimentos expostos em vitrines. Atrás do balcão há um atendente vestindo uma camisa vermelha e um avental branco. Ele possui um balão de fala: Quem chegou aqui primeiro?. Logo à frente, no início da fila, um homem de cabelos castanhos, longos e volumosos, caracterizado como um ser humanos pré-histórico por vestir apenas um pedaço de tecido marrom ao redor da cintura e segurar um pedaço de madeira com uma das mãos, levanta a outra mão para cima.
Frank & Ernest, tirinha de Bob Teivis, 2018.
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Por que a pergunta feita pelo atendente e a resposta, dada pelo personagem caracterizado como um ser humano pré-histórico, causam humor na tirinha?

Os pesquisadores e suas fontes

As investigações sobre os antepassados humanos costumam ser realizadas por pesquisadores das áreas de arqueologiaglossário e de paleantropologiaglossário . Essas investigações geralmente se baseiam em fontes como fósseisglossário humanos e outros vestígios das primeiras sociedades. Com base nessas fontes, os pesquisadores elaboraram hipóteses sobre o desenvolvimento dos seres humanos.

Na construção desse conhecimento, não há respostas definitivas para todas as questões. Trata-se de um conhecimento em constante elaboração, pois muitas perguntas sobre o passado ainda não têm resposta. A qualquer momento novas fontes podem ser encontradas e novas interpretações elaboradas.

Na África, os vestígios mais antigos

Segundo alguns pesquisadores, os fósseis mais antigos de nossos ancestrais estão na África. Esses ancestrais teriam migrado para outros continentes: Ásia, Europa, Oceania e América.

O ser humano e seus “parentes” ancestrais fazem parte da família biológica chamada Hominidae. Entre os hominídeos, vamos destacar o gênero Australopithecus e o gênero Homo.

As espécies mais antigas de Australopithecus viveram na África há cêrca de 4,5 milhões de anos. Caminhavam em pé (bipedismo), em posição semiereta, e tinham estatura média de 1,20 metro e dentes molares relativamente resistentes. Supõe-se que a sua alimentação era à base de vegetais, como gramíneas, raízes, sementes e brotos. Algumas espécies, porém, também se alimentavam de lagartos, ovos e pequenos mamíferos. A maioria dos Australopithecus extinguiu-se há cêrca de 1 milhão de anos.

Fotografia. Destaque para a reconstituição do rosto de um hominídeo do sexo feminino visto de frente, com lábios finos, narinas abertas, bochechas volumosas e pelagem rala e amarronzada.
Reconstituição de uma fêmea da espécie Australopithecus afarensis, nomeada Lucy, feita com base em fósseis de aproximadamente 3,2 milhões de anos encontrados na Etiópia, África, em 1974.

Já as espécies mais antigas do gênero Homo viveram na África há aproximadamente 2 milhões de anos. Entre as principais espécies do gênero Homo estão: o Homo habilis, o Homo erectus, o Homo neanderthalensis e o Homo sapiens. Nesse ramo dos Homo, sobreviveu apenas a nossa espécie, Homo sapiens.

Fotografia. Destaque para sequência de crânios dispostos lado a lado sobre um balcão.
Da esquerda para a direita, réplica de fósseis de crânios das espécies: Australopithecus afarensis, Australopithecus africanus, Homo erectus, Homo neanderthalensis e Homo sapiens. Fotografia de 2018.
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SWINNEN, Colette. A Pré-História passo a passo. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Arqueologia, paleontologia, fósseis, darwinismo, domínio do fogo, utensílios de pedra, desenvolvimento da linguagem, habitações, culinária: esses e outros temas são explorados no livro, em linguagem acessível e atraente.

PAINEL

Gênero ômo

A seguir, observe algumas representações e características de espécies do gênero Homo.

Homo habilis (“homem habilidoso”)

Por que tem esse nome: segundo pesquisadores, esse hominídeo produziu os primeiros instrumentos de pedra e madeira.

Onde e quando viveu: há aproximadamente 2,2 milhões de anos no continente africano.

Outras informações: alimentava-se de vegetais e carne.

Fotografia. Destaque para a reconstituição de um Homo hábilis do sexo feminino, com o corpo coberto por pelagem fina e amarronzada, olhos e nariz pequenos e boca volumosa, segurando um objeto de pedra com as mãos.
Reconstituição representando uma mulher da espécie Homo habilis. A peça está exposta no Museu de Ciências de Barcelona, na Espanha.

Homo erectus (“homem ereto”)

Por que tem esse nome: foi a primeira espécie a ter a postura mais ereta, o que lhe permitia, por exemplo, enxergar a uma distância maior e ter as mãos livres para encontrar sua caça e se proteger de predadores.

Onde e quando viveu: há quase 2 milhões de anos até cêrca de 300 mil anos atrás em regiões dos continentes africano, europeu e asiático.

Outras informações: esse hominídeo aprimorou os instrumentos de pedra e passou a caçar de maneira mais organizada. Além disso, foi o primeiro a utilizar o fogo.

Fotografia. Destaque para a reconstituição de um Homo erectus do sexo masculino, com o corpo coberto de pelos, cabelos volumosos, lábios grossos e barba comprida, segurando uma lança de madeira atravessando o corpo de um peixe.
Reconstituição do Homem de Pequim, fóssil de Homo erectus encontrado na China nos anos 1920.

Homo neanderthalensis (“homem de Neandertal”)

Por que tem esse nome: fósseis dessa espécie foram encontrados pela primeira vez na região do Vale de Neander, na Alemanha.

Onde e quando viveu: há aproximadamente 135 mil anos até cêrca de 34 mil anos atrás em partes da Europa, do Oriente Próximo e da Ásia.

Outras informações: esse hominídeo desenvolveu instrumentos de pedra, como facas, raspadores e pontas de lança. A construção desses instrumentos exigia muito contrôle nas mãos e uma ideia prévia mais exata do trabalho a ser realizado. Segundo pesquisadores, o Homo neanderthalensis já tinha linguagem falada, cuidava dos mais idosos e dos doentes, além de colocar flores e pedras nas sepulturas quando enterrava seus mortos.

Fotografia. Destaque para a reconstituição de um Homo neanderthalensis do sexo masculino, em pé, segurando uma lança com uma das mãos. Tem os cabelos e barba longos e lisos, lábios finos e veste uma pele de animal marrom ao redor da cintura.
Reconstituição do Homo nearderthalensis exposta no Museu da Evolução Humana, na cidade de Burgos, na Espanha.

Homo sapiens (“homem que sabe”)

Por que tem esse nome: recebeu esse nome por ter desenvolvido a consciência reflexiva, capaz de pensar sobre seu próprio pensar e agir.

Onde e quando viveu: há evidências arqueológicas que datam de cêrca de 200 mil anos atrás encontradas na África.

Outras informações: essa é a espécie da qual fazemos parte, é o ser humano moderno. Além da consciência reflexiva, os sapiens aprimoraram a linguagem falada e escrita, a produção de tecnologia e a capacidade de expressão artística. A partir de 10000 antes de Cristo, desenvolveu a agricultura e a criação de animais, a organização dos primeiros centros urbanos etcétera

Fotografia. Destaque para a reconstituição de um Homo sapiens do sexo masculino, em pé, com cabelos castanhos e longos, barba, lábios finos, vestindo peles de animais ao redor do corpo. Tem as mãos voltadas para a parede de uma caverna, contendo pinturas rupestres.
Reconstituição de crô magnón, um dos mais antigos Homo sapiens, exposta no Museu de História Natural de stutgart, na Alemanha.

Texto elaborado pelos autores com base em: LEAKEY, Richard. A evolução da humanidade. São Paulo: Melhoramentos, 1982; JOHANSON, Donald; SHREEVE, James. O filho de Lucy. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

Sítios arqueológicos

Os locais onde são encontrados vestígios das atividades humanas são chamados de sítios arqueológicos. O continente africano apresenta muitos desses sítios. Um dos mais conhecidos é Maropeng, localizado na África do Sul, pois lá foram encontrados alguns dos fósseis mais antigos de hominídeos. A palavra “Maropeng”, na língua setisuana, significa “retorno ao local de origem”. Ali existem áreas de escavação que foram consideradas “berço da humanidade”.

Na região de Maropeng foi construído um moderno museu que expõe inúmeros fósseis de hominídeos. Entre esses fósseis, destaca-se um, conhecido como “Senhora Ples”, que consiste em um esqueleto de Australopithecus africanus de mais de 2 milhões de anos; outro, conhecido como “Pezinho”, é um exemplar de um ancestral com idade entre 3,1 e 4,1 milhões de anos.

Fotografia. Quatro pessoas ao redor de uma estrutura de formato arredondado, apoiada no chão por um tripé. Ao redor, artefatos expostos em balões circulares transparentes, pendurados em fios pendentes no teto.
Visitantes observam exposição no Centro de Maropeng, próximo a Johanesburgo, África do Sul. Fotografia de 2018.

Alguns sítios arqueológicos na África

Mapa. Alguns sítios arqueológicos na África. Destaque para o continente africano, com indicações de sítios arqueológicos localizados em seu território. Legenda: círculo vermelho: Australopithecus ramidus; círculo verde: Australopithecus afarensis; círculo rosa: Australopithecus africanus; círculo roxo: Australopithecus robustus; quadrado laranja: Homo habilis; quadrado verde escuro: Homo erectus; quadrado verde claro: Homo neanderthalensis; quadrado amarelo: Homo sapiens moderno; Área cinza: área (provável) de habitação dos primeiros hominídeos. A área cinza se estende do extremo sul até o nordeste do continente africano. Por toda essa área, há diferentes sítios, nessa ordem do sul ao nordeste: Klasies (quadrado amarelo), Blombos (quadrado amarelo), Maropeng (círculo rosa), Sterkfortein (círculo rosa), Swartkrans (quadrado laranja), Makapansgar (círculo verde), Kabwe (quadrado verde escuro), Laetoli (círculo verde), Ndutu (quadrado verde claro), Olduvai Gorge (quadrado laranja), Fort Ternan (círculo vermelho), Nariokotome (quadrado verde escuro), Koobi-Fora (quadrado laranja), Omo (círculo roxo) e Afar (círculo verde). Do centro do continente para o noroeste há os seguintes sítios: Yayo (quadrado verde escuro), Jebel Irhoud (quadrado verde claro), Salé (quadrado verde escuro) e Ternifine (quadrado amarelo). Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 780 quilômetros.
Fonte: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2007. página 12.

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De acordo com a legenda do mapa, indique o que representam os círculos coloridos, os quadrados coloridos e a área na cor cinza.

Omo sápiens e diversidade cultural

Todos os seres humanos que vivem atualmente na Terra pertencem à mesma espécie: Homo sapiens. A diversidade de cor da pele ou cor dos olhos, dos tipos de cabelo ou de estatura diz respeito apenas à aparência física, pois não representa diferenças biológicas profundas.

Homo sapiens significa “homem que sabe”. Essa caracterização da espécie humana leva em conta, principalmente, nossa capacidade de saber tanto sobre as coisas do mundo quanto sobre nós mesmos. Além disso, os seres humanos desenvolveram uma linguagem elaborada, inventaram técnicas e criaram instrumentos, o que melhorou a condição de vida e de sobrevivência.

Combinando trabalho à criatividade, os seres humanos construíram um mundo próprio, que se manifesta por meio de bens materiais (habitações, vestimentas, obras de arte, meios de transporte) e bens não materiais (costumes, religião, ciência). O conjunto de todos esses bens compõe a cultura.

Fotografia. Cinco pessoas em posições de dança, com destaque para uma mulher, ao centro, saltando com um dos braços esticado para cima. Todos vestem roupas coloridas e seguram pequenas sombrinhas com faixas partindo do centro, nas cores amarelo, vermelho, verde e azul. Ao fundo, construções antigas e céu azul.
Dançarinos de frevo se apresentam em Recife. Fotografia de 2020. Com origem no estado de Pernambuco, o frevo é uma fórma de expressão musical considerada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco.
Fotografia. Vista aérea de uma área urbana formada por casarões coloniais, igrejas e casas. Ao redor, área bastante arborizada e montanhas ao fundo.
Vista do centro histórico da cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Fotografia de 2021. Fundada no século dezoito, Ouro Preto preserva parte da história colonial do Brasil, e suas construções são consideradas patrimônio cultural material da humanidade pela unêsco.

Analisemos, a seguir, por que o desenvolvimento de culturas é um dos traços distintivos dos Homo sapiens.

Cultura e diversidade

Nós, seres humanos, temos várias diferenças em relação aos outros animais. Nesse sentido, o arqueólogo australiano górdon childeapontou que não temos um couro peludo como o urso-polar para manter o calor corporal em ambiente frio. Não temos a capacidade de correr como uma lebre ou um avestruz. Não temos as garras, os dentes e a coloração protetora do tigre, tampouco a armadura defensiva da tartaruga ou da lagosta. Não temos asas para voar nem olhos semelhantes aos de um gavião, que ajudam a localizar melhor a caça.

Entretanto, o ser humano ajusta-se a um número maior de ambientes do que qualquer outro animal. Nós conseguimos, por exemplo, controlar o fogo e fazer casas e roupas. Assim, podemos viver em qualquer lugar, desde o polo norte até o polo sul da Terra, passando também pelas regiões mais quentes do planeta. Com automóveis, somos mais rápidos que a lebre ou o avestruz. Com aviões, voamos mais alto que a águia. Com telescópios, podemos ver mais longe que o gavião.

O conhecimento necessário para a produção de itens como fogo, casa, roupa, automóvel, avião e telescópio faz parte de nossa atividade cultural. Todos esses elementos estão relacionados a uma tradição desenvolvida por muitas gerações e transmitida por meio da linguagem (fala, gesto, escrita).

Com isso, podemos afirmar que somos seres culturais. Somos criaturas e criadores do mundo em que vivemos. Em muitos aspectos, transformamos a natureza mesmo fazendo parte dela. Nesse processo, criamos coisas extraordinárias, mas também destruímos de modo devastador.

Fotografia. Destaque para dois homens vestindo roupas grossas com pelos nas extremidades e capuzes ao redor da cabeça. Ambos estão em um terreno completamente coberto de neve, próximos a blocos de gelo, organizados em círculo.
Na fotografia, inuítesglossário cortam blocos de gelo para construir um tipo de habitação chamado iglu, em nunavut, Canadá. Fotografia de 2019. O gelo é um dos melhores isolantes térmicos encontrados na natureza. Esse tipo de habitação permite que alguns povos sobrevivam durante invernos muito rigorosos.

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para pensar

Que criações humanas você considera extraordinárias? E devastadoras? Justifique sua resposta.

O que é cultura?

Já utilizamos algumas vezes a palavra cultura. Vamos, agora, apresentar alguns de seus sentidos.

Os biólogos, por exemplo, quando se referem à criação de certos seres vivos, falam em cultura de peixes, rosas, milho, feijão etcétera

Na linguagem popular, é comum o uso da palavra cultura para designar um vasto conjunto de conhecimentos (repertório), desenvolvido por uma pessoa por meio de leituras, estudos e experiências de vida em geral.

Com frequência, também deparamos com expressões como casa de cultura, centro cultural e secretaria de cultura. Nesse caso, cultura se refere ao conjunto de atividades intelectuais e artísticas desenvolvido por determinada sociedade.

Assim, os diferentes sentidos da palavra cultura trazem consigo uma ideia básica: a noção de desenvolvimento, formação e realização. Essa noção também faz parte do uso mais amplo que os historiadores dão à palavra cultura.

Cultura são os modos de ser e de viver criados e transmitidos de uma geração para outra. Abrange elementos materiais e imateriais que constituem as artes, as ciências, as normas, os costumes etcétera Cultura envolve o que pensamos e fazemos como membros de um grupo social e engloba as modificações na natureza e na paisagem promovidas pela ação humana.

Fotografia. Quatro pessoas em um palco, vestindo roupas coloridas e compridas. À esquerda, um homem está sentado em frente a um instrumento musical circular com haste, chamado corá, e uma mulher está em pé, ao seu lado. Ao centro, um homem está sentado em frente a um tambor, e à direita, um homem está em pé, com os braços flexionados e uma haste de microfone em frente à boca, partindo de uma de suas orelhas. O palco é formado por uma cortina preta ao fundo, assentos, tapetes, e uma tela na parede com a imagem de um galo.
Contadores de história participam do Festival de contação de histórias em Nairóbi, Quênia. Fotografia de 2018. A transmissão de saberes por meio da tradição oral também faz parte do que chamamos de cultura.

Primeiras sociedades

Ao pesquisar a história das diferentes sociedades humanas que tiveram origem na África, arqueólogos e outros estudiosos encontram os mais variados vestígios que demonstram os hábitos e as habilidades desses povos. Entre esses hábitos e habilidades estão, por exemplo, a invenção das primeiras tecnologias, o contrôle do fogo, o desenvolvimento dos idiomas, das expressões artísticas e dos ritos religiosos. Todas essas transformações culturais, pioneiramente realizadas por diferentes povos africanos, foram promovendo mudanças na natureza e na paisagem e nas fórmas de relacionamento social.

Agora, investiguemos com mais detalhes alguns desses aspectos da história das primeiras sociedades humanas.

Fotografia. Destaque para um homem de cabelos escuros, curtos e lisos, vestindo uma camisa xadrez de cores vermelho, marrom e branco, e uma calça azul. Está em pé, com o olhar voltado para uma escultura de pedra exposta sobre um suporte, protegida por uma parede de vidro transparente.
Visitante observa escultura no Museu de Arqueologia de Sanliurfa, na cidade de Sanliurfa, Turquia. Fotografia de 2021. Artefatos encontrados em cararrantepe, um dos importantes sítios arqueológicos do Neolítico, período pré-histórico que vamos estudar a seguir, compõem o acervo do museu e demonstram habilidades artísticas dos primeiros grupos humanos.

Paleolítico: povos caçadores-coletores

As pesquisas indicam que os primeiros grupos humanos caçavam, pescavam e coletavam grãos, frutos e raízes para se alimentar, mas não cultivavam plantas nem criavam animais.

Muitos desses grupos paleolíticos eram nômades, isto é, não viviam em um local fixo. Consumiam alimentos que encontravam na natureza e, quando esses alimentos se tornavam escassos, mudavam-se para outros lugares. Por isso, foram chamados de caçadores-coletores nômades.

Fotografia. Parede de uma caverna, contendo pinturas rupestres representando animais como bisões, cavalos e cervos.
Pintura rupestre localizada nas cavernas de Lascaux, França. Fotografia de 2021. As pinturas dessa caverna foram produzidas no Paleolítico e são datadas de pelo menos 17.000 anos.

Aos poucos, esses grupos humanos desenvolveram os primeiros instrumentos para caçar, pescar, colher plantas comestíveis, cortar frutos ou mesmo para fazer outros instrumentos, como lanças, arcos, flechas, arpões, lâminas e anzóis. Na fabricação desses instrumentos eram utilizados materiais como madeira, ossos, chifres e pedras lascadas, motivo que levou esse período a ser chamado de Paleolítico (palaiós = antigo, primitivo; líthos = pedra), que significa “velha idade da pedra”.

Artefato. Instrumento de pedra, com base arredondada e extremidade afiada e pontiaguda, apresentando marcas de lascamento.
Instrumento de pedra com ponta afiada produzido no período Paleolítico e encontrado na atual República Tcheca.
Estátua. Objeto de pedra representando um corpo feminino, com seios fartos e abdome volumoso.
Vênus de Willendorf, estátua do período Paleolítico, que representa uma mulher com seios e abdome avolumados. Datada de cêrca de 25.000 anos, a estátua foi encontrada nas proximidades de Willendorf, Áustria, em 1908, e é um dos objetos mais importantes encontrados até hoje do período Paleolítico.

contrôle do fogo

Estudos revelam que, durante os milhões de anos do Paleolítico, nosso planeta passou por intensas mudanças climáticas. Assim, os povos das diferentes regiões do mundo tiveram que se adaptar a essas mudanças, criando ou aperfeiçoando maneiras de viver e sobreviver. Nesse período, uma das conquistas mais importantes dos grupos humanos foi o contrôle do fogo. Mas como esses grupos aprenderam a controlar o fogo?

Supõe-se que, no princípio, eles procuraram manter aceso o fogo provocado ocasionalmente pela natureza (por exemplo, as chamas nos galhos de uma árvore atingida por um raio). Depois, descobriram como produzir fogo pelo atrito entre pedaços de madeira ou lascas de pedra.

O fogo foi utilizado de várias maneiras, por exemplo: para combater o frio intenso; iluminar ambientes escuros; afastar animais predadores; cozinhar alimentos em fogueiras. Esses usos do fogo continuam importantes até hoje. Na iluminação, o fogo foi utilizado até a invenção da lâmpada elétrica em 1879.

Além do contrôle do fogo, os seres humanos começaram a construir abrigos utilizando madeira, peles e ossos. Também passaram a fazer roupas com peles de animais.

Ilustração. Imagem de um grupo de pessoas no interior de uma caverna, dispostos em um círculo, vestindo pedaços de pele de animais. Estão ao redor de uma fogueira contendo uma chama partindo de pedaços de madeira. Um círculo destaca a imagem da fogueira, com duas mãos humanas segurando um graveto fino de encontro a um pedaço de madeira grosso, e da região do contato a presença de uma chama de fogo.
Representação artística de grupo humano reunido em uma caverna ao redor do fogo. No recorte, é ilustrada a técnica de produzir fogo pelo atrito entre pedaços de madeira.

Neolítico: sociedades agrícolas e pastoris

A partir de 8000 antes de Cristo, aproximadamente, em algumas regiões do mundo, parte dos grupos humanos começou a polir as pedras para confeccionar instrumentos, como facas, foices e machados. Esses instrumentos cortavam melhor que os instrumentos de pedra lascada, utilizada no Paleolítico. Esse novo período foi classificado como Neolítico (do grego, neo = novo; líthos = pedra; que significa nova idade da pedra).

Artefatos. Dois instrumentos de pedra, ambos de base arredondada e extremidade pontuda e afiada, com superfície polida.
Pontas de pedra polida produzidas no Neolítico. 

Além dos instrumentos de pedra polida, considera-se que uma das principais inovações do Neolítico foi o cultivo de plantas (agricultura) e a criação de animais (pastoreio). Essas atividades se tornariam importantes fontes de obtenção de alimento, juntamente à caça, à pesca e à coleta de grãos e frutos silvestres.

O desenvolvimento da agricultura e da criação de animais ocorreu em várias regiões do mundo, mas em diferentes momentos. Por isso, não é possível utilizar uma data exata de término de um período e início do outro. Na África (região do atual Egito) e no Oriente Médio (região do atual Iraque), esse processo teve início por volta de 8000 antes de Cristo (cultivo do trigo e da cevada e criação de ovelhas, porcos e bois). Na América, alguns pesquisadores acreditam que o processo teve início por volta de 6000 antes de Cristo (cultivo de milho, abacate, pimenta, tomate, abóbora, feijão e criação de patos e perus).

Fotografia. Parede de uma caverna contendo pinturas rupestres, representando animais e pessoas portando diferentes instrumentos, como lanças  e arcos.
Pintura rupestre na caverna Magura, localizada na região da atual Bulgária, produzida em torno de 7000 antes de CristoFotografia de 2015. As cenas registradas nas paredes de rocha ofecerem, milhares de anos depois, indícios sobre a vida e o cotidiano dos primeiros grupos humanos.
Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

Museu Nacional de Arqueologia de Portugal

Disponível em: https://oeds.link/mYUKe3. Acesso em: 18 fevereiro 2022.

O portal do museu reúne páginas com textos e imagens sobre o Paleolítico e o Neolítico.

Sedentarização e produção de alimentos

Durante o período Neolítico, a agricultura e a criação de animais forneceram alimentos para as comunidades humanas. No entanto, outra parte dos alimentos continuou vindo da coleta de frutos, da caça e da pesca.

As novas atividades de produção levaram certos grupos a morar por mais tempo nas terras que cultivavam. Criou-se, assim, um novo modo de vida, chamado sedentarismo, ou seja, certos povos passaram a habitar um mesmo local de fórma prolongada em função, por exemplo, da agricultura.

Os cultivos agrícolas desse período variaram de região para região, destacando-se os de trigo, centeio, cevada, milho, batata, mandioca e arroz. As criações mais comuns eram de carneiros, cabras, bois e porcos.

Aos poucos, com o domínio de técnicas agrícolas e pastoris, muitos grupos foram armazenando alimentos e se organizando em aldeias.

Apesar do enorme avanço tecnológico atual, é possível dizer que a maioria dos alimentos consumidos pela humanidade no século vinte e um derivam de plantas que foram domesticadas entre 8000 antes de Cristo e 3500 antes de Cristo, como trigo, milho, batata, feijão, arroz, centeio, cevada, entre outras. Isso demonstra nossos vínculos com os conhecimentos agrícolas e pastoris dos tempos neolíticos.

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Você consome algum dos alimentos domesticados no Neolítico? Cite exemplos.

Fotografia. Um homem vestindo uma camisa branca, bermuda cinza e um chapéu com abas na cabeça, em pé sobre uma vala alagada, segurando uma enxada em contato com o solo. Ao redor, terreno com plantações divididas em lotes.
Agricultor manejando água para irrigação de plantação de feijão, em Paramirim, Bahia. Fotografia de 2019.

Inovações técnicas do Neolítico

Além da agricultura, da criação de animais e da sedentarização, outras transformações importantes aconteceram no período Neolítico. Muitas delas estavam ligadas a inovações técnicas na:

cerâmica – diversos grupos humanos começaram a produzir utensílios de cerâmica, modelando a argila e aquecendo-a no fogo. Supõe-se que foi a necessidade de cozinhar e de armazenar os alimentos que levou à confecção desses utensílios;

Cerâmica. Objeto de base arredondada, pescoço vertical reto e superfície amarronzada. Possui listras escuras e vermelhas padronizadas pela superfície.
Espécie de vaso de cerâmica encontrado na China, produzido aproximadamente entre 4300 antes de Cristo e 2400 antes de Cristo A produção de utensílios de cerâmica foi uma característica do Neolítico.
  • tecelagem – vários povos começaram a fiar e a tecer, utilizando as pelagens de animais e as fibras vegetais. Surgiram, então, as primeiras roupas de lã, linho e algodão. Antes disso, as vestimentas eram feitas principalmente do couro e de peles de animais;
  • moradia – os grupos humanos também começaram a construir casas mais duradouras, feitas de madeira, barro, pedra e folhagem seca. A edificação desses tipos de moradia está relacionada ao processo de sedentarização.
Ilustração. Imagem de uma área cercada por árvores, com diversas casas com paredes de barro e tetos formados por folhagem seca. À esquerda, um homem segura uma corda ao redor do pescoço de uma vaca em terreno cercado por troncos de madeira. Ao centro, uma mulher e uma criança estão sentados sobre troncos de madeira, voltados para um recipiente contendo um líquido. Pelo terreno há galinhas soltas.
Representação artística de cena do cotidiano de um grupo humano do período Neolítico.

Aldeias e primeiras cidades

As primeiras aldeias sedentárias foram surgindo à medida que as comunidades neolíticas se fixavam em um território. Essas comunidades dedicavam-se principalmente à criação de animais e ao cultivo agrícola.

De modo geral, estudiosos supõem que em muitas comunidades os homens mais jovens praticavam a caça e a pesca. Já as mulheres cuidavam da agricultura, cozinhavam os alimentos, produziam utensílios de cerâmica, teciam roupas e cuidavam das crianças.

Aos poucos, a divisão das tarefas se tornou mais especializada e as aldeias foram se organizando de maneira mais complexa. Isso teria contribuído para o surgimento das primeiras vilas e cidades. Estas incorporaram à sua organização social novos elementos: por exemplo, uma muralha protetora, um templo para cultuar um deus, grupos de sacerdotes: armazéns para guardar os alimentos, guerreiros para cuidar da defesa etcétera

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responda oralmente

para pensar

Em sua vida familiar, existe uma divisão de tarefas da casa? Como ela funciona? Quem cozinha, limpa, cuida das crianças menores, faz compras etcétera?

No Oriente Médio, surgiram algumas das primeiras sociedades urbanas. Entre as cidades mais antigas do mundo, podemos citar: Jericó, na região da atual Palestina; miêdirrá, na atual Jordânia; e xatál ruc, na atual Turquia. Elas se desenvolveram das vilas agrícolas entre 8000 antes de Cristo e 7000 antes de Cristo

Fotografia. Vista de ruínas de paredes de pedras, construídas em terreno irregular. Por toda a área há pedras espalhadas.
Vista das ruínas de uma aldeia neolítica, no sítio arqueológico de miêdirrá, na atual Jordânia. Fotografia de 2014.

Metalurgia e desenvolvimento técnico

Ao final do período Neolítico, em cêrca de 4000 antes de Cristo, em algumas das primeiras cidades do mundo, surgiu a metalurgia, técnica que permite a transformação de metais em objetos variados. Essa inovação costuma ser considerada um importante marco do desenvolvimento tecnológico humano.

Em geral, os metais são tão resistentes quanto as pedras, mas oferecem mais possibilidades de modelagem. Quando derretidos pela ação do calor (fusão), os metais assumem as fórmas mais ­variadas. No desenvolvimento inicial da metalurgia, foram utilizados três tipos de metal.

O primeiro metal a ser empregado em grande quantidade foi o cobre. Da mistura do cobre com o estanho, foi obtido o bronze. Por ser mais resistente que o cobre, o bronze tornou-se matéria-prima para a fabricação de espadas, escudos, lanças e martelos.

Artefatos. Dois instrumentos de metal lado a lado. O da esquerda tem base larga, corpo estreito e topo retilíneo com sinal de desgaste. O da direita tem base larga, corpo estreito e curvo, e topo quadrado.
Ponta e punhal de cobre do período Neolítico.

Por volta de 1500 antes de Cristo, povos que viviam na Ásia Menor (­região que atualmente pertence à Turquia) começaram a utilizar o ferro. Os instrumentos feitos de ferro, por sua maior resistência, favoreceram o aumento da produção agrícola e artesanal.

Os artesãos metalúrgicos foram capazes de produzir diversos tipos de objetos e instrumentos, como panelas, vasos, enxadas, machados, pregos, facas e lanças de metal. Instrumentos de pedra, como pontas de flechas e raspadeiras, continuaram sendo utilizados.

Fotografia. Destaque para um homem vestindo uniforme de camisa e calça azuis, capacete, máscara, óculos de proteção e um avental. Ele maneja uma alça conectada há um recipiente suspenso, o qual despeja uma substância líquida incandescente sobre uma fôrma retangular. Ao redor, diversas fôrmas semelhantes em uma linha de produção.
Metalúrgico despejando ferro fundido em moldes, em Cambé, Paraná. Fotografia de 2016.
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para pensar

Relacione alguns objetos de metal que existem em sua casa. Por que você acha que esses objetos são feitos de metal? Por que a metalurgia representou uma conquista tecnológica importante para a humanidade?

OFICINA DE HISTÓRIA

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Conferir e refletir

1. Identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.

  1. As pesquisas sobre os antepassados humanos costumam ser realizadas por arqueólogos e paleantropólogos.
  2. Os fósseis mais antigos do gênero Homo foram encontrados na Europa.
  3. Entre todas as espécies do gênero Homo, apenas o Homo sapiens sobreviveu.
  4. Os sítios arqueológicos são locais onde ocorrem, principalmente, atividades como passeios a cavalo e pescaria.
  1. Relacione no caderno as palavras a seguir com suas explicações.
    1. Arqueologia.
    2. Homo sapiens.
    3. Homo erectus.
    4. Paleolítico.
    5. Neolítico.
    1. Período histórico conhecido como “nova idade da pedra”, que se estende de aproximadamente 8000 antes de Cristo até 4000 antes de Cristo
    2. Primeira espécie de hominídeo a ter uma postura mais ereta e a dominar o fogo.
    3. Período histórico conhecido como “velha idade da pedra”, que se estende do surgimento dos primeiros hominídeos até por volta de 8000 antes de Cristo
    4. Ciência que estuda as culturas de povos antigos por meio da análise de vestígios humanos, como instrumentos de pedra, metal, cerâmica.
    5. Espécie de hominídeo caracterizada pela consciência reflexiva, linguagem elaborada, instrumentos sofisticados e sensibilidade artística.
  2. Faça uma lista de algumas das práticas dos grupos humanos no Paleolítico e no Neolítico. Depois, pense na permanência dessas práticas nos dias atuais.
  3. Neste capítulo, você leu expressões como “cêrca de” (representada por “c.”), “aproximadamente” e “por volta de”. Essas expressões são usadas quando não temos certeza de datas, o que é muito comum no estudo do passado distante. No dia a dia, também usamos essas expressões. Reúna-se com um colega e escrevam pelo menos três frases em que elas sejam utilizadas.
  4. Leia o texto e em seguida responda à questão.

“É fantástico imaginar que um dia um homem pré-histórico teve a ideia de que era mais fácil comer a carne dos animais selvagens depois de assá-la no fogo. Ou será que foi uma mulher? Mas antes foi preciso alguém descobrir como fazer fogo. Você imagina o que isso significa? Fazer fogo! Você sabe fazer fogo? Sem usar fósforo, é claro... Fósforo ainda não existia. Com dois pedacinhos de madeira, que a gente esfrega bastante um no outro até eles se aquecerem muito e acabarem pegando fogo.”

gombrit érnést agá Breve história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. página 23.

Como seria sua vida sem o contrôle do fogo? Responda na fórma de uma história em quadrinhos, de uma charge ou de um texto de diário.

integrar com arte

Interpretar texto e imagem

6. Até hoje, encontramos pinturas e desenhos feitos pelos primeiros grupos humanos em diversas cavernas. São as chamadas inscrições rupestres. As cenas pintadas ou gravadas nas paredes de rocha nos permitem, milhares de anos depois, ter uma ideia do que foi viver na época em que elas foram feitas. Observe a cena representada nesta pintura rupestre e responda.

Fotografia. Parede de uma caverna contendo pinturas rupestres, representando cinco bovinos, ao centro, e cinco pessoas, no canto direito. Em destaque, uma figura humana, em pé, observa um dos animais.
Pintura rupestre em caverna do sítio arqueológico de tassilí nagér, na Argélia, produzida entre 4000 antes de Cristo e 2000 antes de Cristo
  1. Em sua interpretação, o que a cena representa?
  2. Ela se refere ao Paleolítico ou ao Neolítico? Justifique sua hipótese com elementos da imagem.

7. Miquelângelo (1475-1564), nascido em Florença (na atual Itália), expressou sua ideia da criação do ser humano em uma obra do século dezesseis.

Pintura. Representação de um homem de cabelos e barba volumosos e compridos, grisalhos, vestindo uma túnica rosa, levitando, com o corpo sustentado por seres de aspecto angelical, com os corpos desnudos. Um de seus braços está esticado para frente e seu dedo indicador indo ao encontro de outro homem, desnudo, de cabelos castanhos e claros, com o corpo apoiado sobre um morro de terra e grama. Seus dedos não se tocam.
Detalhe do afresco glossário A criação de Adão, pintado pelo artista florentino Miquelângelo entre 1508 e 1512 no teto da Capela Sistina, que fica na Cidade do Vaticano.
  1. Qual é o nome dessa obra? Pesquise em qual livro religioso ela foi inspirada.
  2. Essa pintura se relaciona com a concepção criacionista ou evolucionista do surgimento do ser humano? Justifique sua resposta.

Glossário

Titã
: gigante que, segundo o mito grego, habitava a Terra antes da criação do homem.
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Iorubá
: um dos maiores grupos étnico-linguísticos da África.
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Arqueologia
: ciência que estuda os vestígios produzidos pelas sociedades do passado, como instrumentos de pedra, peças de cerâmica e sepulturas.
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Paleantropologia
: ciência que estuda os fósseis humanos. Em geral, os fósseis comumente encontrados são as partes mais resistentes do corpo, como ossos e dentes.
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Fóssil
: refere-se a organismos, restos deles ou ainda vestígios de sua existência no ambiente, que se conservaram por milhares ou milhões de anos.
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Inuíte
: nome pelo qual são conhecidos os povos indígenas que vivem entre o Alasca e a Groenlândia.
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Afresco
: pintura feita em paredes, tetos ou muros, em geral em uma base de gesso ou de argamassa. Os afrescos utilizam tintas à base de água.
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