UNIDADE 2  AMÉRICA, ORIENTE MÉDIO E ÁFRICA

CAPÍTULO 6 EGITO ANTIGO E REINO DE CUXE

cêrca de 4 mil anos, duas sociedades poderosas se desenvolveram na África às margens do imenso Rio Nilo: o Egito antigo e o Reino de Cuxe.

Muitas pessoas já ouviram histórias sobre o Egito antigo, famoso por suas pirâmides, seus faraós, suas múmias e sua cultura. Apesar de pouco conhecido, o Reino de Cuxe destacou-se por seus faraós negros e por valorizar a presença das mulheres na vida pública.

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para começar

Em sua interpretação, o que torna uma sociedade poderosa? Argumente justificando sua resposta.

Fotografia. Vista de três grandes pirâmides e três pirâmides menores, com bases quadradas e ápice triangular, sobre um solo arenoso. À frente, duas carroças guiadas por cavalos.
Pirâmides do Egito antigo, próximas à cidade do Cairo, capital do atual Egito. Fotografia de 2021.
Estatueta. Escultura metálica representando um homem ajoelhado, segurando objetos redondos com as mãos, em direção a um grande falcão dourado a sua frente.
Estatueta em bronze que representa o faraó cuxita Taharqa prestando homenagem a um falcão, considerado um deus protetor dos vivos, cêrca de 690 antes de Cristo-664 antes de Cristo
Fotografia. Destaque para um conjunto de esculturas de sete homens, com diferentes estaturas. Todos vestem tecidos ao redor das cinturas, tem os peitos desnudos e utilizam adornos na cabeça. Ao fundo, paredes de um museu.
Esculturas dos faraós negros do Reino de Cuxe. Embora ignorados pelos arqueólogos por muito tempo, os faraós da Núbia (ou Reino de Cuxe, localizado ao norte do atual Sudão) chegaram a conquistar o Egito, além de terem construído e deixado para a posteridade pirâmides, como as de Nuri e Meroé, tal como seus vizinhos mais famosos. Fotografia de 2018.

Organizações políticas na África

A África é um continente imenso, com mais de 30 milhões de quilômetros quadrados. Nesse amplo território, as sociedades africanas desenvolveram diferentes fórmas de organização política, como aldeias, cidades-Estado, reinos e impérios.

De modo geral, podemos dizer que, na sua origem, todas essas fórmas de organização tinham como base as relações de parentesco e de lealdade a um chefe. Por isso, ficaram conhecidas como “sociedades de linhagem”.

Aldeias e cidades-Estado

As aldeias eram formadas por conjuntos de famílias. Cada família tinha um chefe, que liderava seus descendentes e agregados. Geralmente, o chefe de uma família era a pessoa mais velha, que se destacava por sua liderança e por seus conhecimentos. Entre os chefes de família, escolhia-se o chefe de aldeia. A autoridade dos chefes vinha da sua linhagem, isto é, do parentesco com os antepassados que teriam fundado a aldeia.

O chefe era o responsável pelo governo da comunidade. Ele comandava os guerreiros, administrava a economia e mandava aplicar castigos às pessoas que não cumpriam as normas do grupo. Mas o chefe de aldeia não governava sozinho. Para tomar decisões que afetavam a comunidade, ele contava com a ajuda dos chefes de família, como uma espécie de conselho comunitário. Às vezes, as aldeias se uniam para formar alianças.

Havia nas aldeias pessoas que exerciam funções religiosas. A religião influenciava profundamente o cotidiano. Os antepassados e os heróis míticos, considerados fundadores de suas sociedades, eram cultuados em cerimônias religiosas.

Em muitos lugares da África, também existiam cidades-Estado, cercadas por muralhas de madeira, barro ou pedra. Nessas cidades, vivia uma população composta de comerciantes, artesãos, funcionários do governo e o rei. Nos arredores dos centros urbanos, homens e mulheres dedicavam-se à agricultura e à criação de animais. Como exemplos de antigas cidades-Estado africanas, podemos citar Ifé e Oyo, localizadas perto da costa ocidental, e Cartago, localizada no norte do continente.

Fotografia. Vista de ruínas de uma cidade à beira mar, com construções em formato circular, corredores e duas colunas verticais ao fundo.
Vista das ruínas da cidade-Estado de Cartago, próximo à atual cidade de Túnis, capital da Tunísia. Fotografia de 2019.

Reinos e impérios

Algumas sociedades africanas organizaram-se em reinos e impérios, à medida que a população tornou-se mais numerosa e houve aumento do comércio e das tropas militares. De modo geral, o rei era aquele que recebia o poder de fórma hereditária e governava o povo com certa unidade cultural. Já o título de imperador era dado ao governante que expandia seu território, conquistando outros povos. Mas as diferenças entre reino e império não são rigorosas.

Os reinos e os impérios apresentavam, assim, uma organização mais complexa do que as aldeias e as confederações. Observe, a seguir, alguns exemplos.

Império do Mali – consolidou-se na África Ocidental com a vitória do rei Sundiata Keita sobre o rei Sumanguru, em 1235, e perdurou até o século quinze.

Ilustração. Representação de um mapa com um homem à esquerda sentado sobre o dorso de um camelo, vestindo um lenço branco sobre a cabeça e uma túnica verde, e à direita um homem sentado sobre um trono, vestindo uma túnica verde, uma coroa dourada na cabeça, um cetro e uma esfera nas mãos, todos dourados. No mapa foram representadas diversas construções com torres altas e finas, chamadas minaretes, e vários textos escritos em árabe. O mapa é todo cortado por linhas que partem de diferentes pontos e se cruzam.
Detalhe de um mapa com a representação do rei Musa primeiro, que governou o Império do Mali entre 1312 e 1337, segurando um cetro e uma peça de ouro, cêrca de 1375. O reinado de Musa primeiro foi um período próspero, marcado por expressivo acúmulo de ouro e riquezas.
  • Império Songai – nos séculos quinze e dezesseis, expandiu-se do Reino de Gao e atingiu a costa atlântica até regiões que hoje correspondem ao Senegal e à Gâmbia.
  • Império de Gana – criado pelo povo soninke na região hoje correspondente ao norte do Senegal e ao sul da Mauritânia, atingiu seu maior poder no século onze.
  • Reino do Daomé – fundado no século dezessete, no Golfo da Guiné, perdurou até o final do século dezenove.

Além desses exemplos de organizações políticas e sociais duradouras, destaca-se o Egito antigo, um dos impérios mais conhecidos da África.

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para pensar

Vimos que a África é um imenso continente. Quais continentes são maiores que a África? E quais são menores? Se necessário, consulte um planisfério atual.

Egito antigo

O Egito antigo desenvolveu-se às margens do Rio Nilo. Esse rio é um dos maiores do mundo, com cêrca de 6,8 mil quilômetros de extensão. O Nilo nasce no Lago Vitória, no atual território de Uganda, e deságua no Mar Mediterrâneo.

Unificação política

Observando o mapa a seguir, percebemos que a foz do Rio Nilo fórma um deltaglossário . Essa região, situada ao norte da África, ficou conhecida como Baixo Egito. No sentido sul, a partir da cidade de Mênfis, começava o Alto Egito.

Egito antigo (3000 a.C.-30 a.C.)

Mapa. Egito antigo (3.000 antes de Cristo a 30 antes de Cristo). Destaque para parte do Egito antigo banhada pelo Mar Vermelho e pelo Mar Mediterrâneo. O Rio Nilo corta o interior do continente africano e deságua no Mar Mediterrâneo. Em verde: terras cultiváveis, ocupando toda a extensão ao redor do Rio Nilo; Em amarelo: áreas desérticas, à leste e à oeste das terras cultiváveis. Do sul ao norte, uma sequência de cidades, representadas por um círculo preto: Napata, Siena/Assuã, Grande Oásis, Luxor, Karnak, Tínis, Licópolis, Akhetaton (El Amarna), Heliópolis, Avaris (Tânis), Náucratis, Sais; e cidades importantes, representadas por quadrados pretos: Tebas e Mênfis. Próximas à cidade de Napata há duas pirâmides, representadas por triângulos pretos. Próximas à Náucratis há três pirâmides. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 180 quilômetros.
FONTE: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 22.
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observando o mapa

  1. Que mares banhavam o território do Egito antigo?
  2. Em qual mar o Rio Nilo deságua?

Por volta de 5000 antes de Cristo, já existiam aldeias sedentárias nas regiões do Alto e do Baixo Egito. Nelas, praticavam-se a agricultura e a produção de cerâmica. Mais tarde, desenvolveu-se a metalurgia.

Ao longo do tempo, as aldeias se unificaram, formando núcleos populacionais maiores. Aos poucos, esses núcleos também se reuniram politicamente, dando origem a dois grandes reinos: um no Baixo Egito e outro no Alto Egito. Em 3100 antes de Cristo, forças militares do Alto Egito conquistaram a região do Baixo Egito e, assim, os dois reinos foram submetidos ao comando de um único governante: o faraó.

Desenvolvimento da agricultura

O Egito antigo era cercado por desertos. Ainda assim, os egípcios conseguiram desenvolver uma agricultura diversificada, produzindo trigo, linho, cevada, uva, algodão, entre outros. Isso foi possível por causa do aproveitamento das águas do Nilo.

No período das cheias, as águas do Rio Nilo inundavam as margens e depositavam no solo uma rica camada de húmus, uma substância produzida pela decomposição de restos vegetais e animais que fertilizava o solo. Quando o rio retornava ao nível normal, o terreno que tinha sido inundado se tornava fértil e adequado para o cultivo agrícola.

Além disso, os egípcios construíram canais de irrigação para levar as águas do Nilo até áreas mais afastadas de suas margens. Também construíram diques para armazenar água e barragens para se proteger das inundações mais fortes.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade altamente urbanizada, cortada por um grande rio. A cidade é repleta de casas e construções, plantações e áreas arborizadas. Duas grandes pontes, com fluxo intenso de veículos, cruzam o rio, promovendo a ligação entre suas margens. No rio trafegam diversas embarcações.
Vista do Rio Nilo, na cidade do Cairo, Egito. Fotografia de 2021. Além da irrigação agrícola, o Rio Nilo também é utilizado no atual Egito para o abastecimento de água das cidades, transporte de mercadorias, geração de energia e turismo.
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As sociedades do Egito antigo e da Mesopotâmia se desenvolveram perto de rios. Na região onde você mora existe algum rio? Qual é o estado de preservação ambiental desse rio? Existem projetos voltados a sua proteção?

Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Rio Nilo/Egito (Estados Unidos). TBS Productions, 1989. 8 minutos Série Sem Fronteiras.

Apresenta aspectos da geografia do Vale do Nilo e discute como a agricultura e a troca de produtos estimularam o sedentarismo e a miscigenação do povo egípcio.

Sociedade egípcia

Os grupos sociais do Egito antigo dividiam-se principalmente de acordo com o trabalho ou a função social que cada um desempenhava. A maioria da população egípcia era composta de camponeses, seguidos pelos diferentes tipos de artesãos.

Alguns historiadores consideram que também havia escravizados. Porém, eles não eram numerosos e não constituíam a principal fôrça de trabalho nessa sociedade.

No topo da hierarquiaglossário social encontravam-se o faraó e membros de sua família. Logo abaixo, vinham sacerdotes, chefes militares e funcionários do governo.

Vamos conhecer alguns aspectos da sociedade egípcia.

Colar. Objeto semi-circular com folhas de ouro e pedras preciosas coloridas. Nas extremidades há cabeças de gaviões dourados.
Colar egípcio feito com folhas de ouro, turquesa e cerâmica, cêrca de 1850 antes de Cristo-1775 antes de Cristo Esse colar foi encontrado na tumba de Senebtisi, uma mulher que pertencia, provavelmente, às classes mais altas da hierarquia egípcia.

Escravizados

A prática de escravizar pessoas é antiga e existiu em diversas sociedades. De modo geral, chamamos escravizado aquele que está sob o domínio de um senhor. Esse senhor pode utilizar o trabalho sem remunerá-lo, pode vendê-lo e até alugá-lo.

Na Mesopotâmia e no Egito antigo, havia um número pequeno de escravizados, por isso não representavam a principal fôrça de trabalho. Esses homens e mulheres tinham uma vida bem diferente da dos escravizados da Grécia e de Roma.

Alguns historiadores afirmam que, na Mesopotâmia e no Egito, em certas condições, os escravizados podiam ter alguns bens, casar-se com pessoas livres e prestar testemunhos em tribunais.

No Egito antigo, eram escravizados, sobretudo, os prisioneiros de guerra. Eles realizavam desde tarefas domésticas até trabalhos em construções públicas, minas e pedreiras.

Escultura. Objeto de madeira representando quatro homens vestindo tecidos brancos ao redor de suas cinturas e peitos desnudos. Dois deles estão em pé, um ajoelhado e outro sentado com um dos braços erguido.
Escultura de madeira representando escravizados realizando tarefas domésticas no Egito antigo, cêrca de 2125 antes de Cristo-1975 antes de Cristo

Camponeses

Os camponeses egípcios, conhecidos como felás, viviam em aldeias e dedicavam-se à agricultura e à criação de animais. Cultivavam principalmente trigo (usado para fazer pães), cevada (para o preparo da cerveja), linho (para a produção de tecidos), legumes, verduras e uvas (para fazer vinho). Também criavam bois, carneiros, cabras, porcos e, posteriormente, cavalos.

Além dessas atividades, eles também caçavam e pescavam. No entanto, a carne era um alimento de luxo para a maior parte da população. Os mais pobres só a comiam em ocasiões especiais.

No final do período das cheias do Rio Nilo, os camponeses aravam e semeavam a terra, trabalhando em duplas. Enquanto um revolvia a terra usando arados e enxadas, outro lançava as sementes.

Para colher os cereais, eles utilizavam instrumentos de madeira, pedra ou metal. Depois de separar as cascas, armazenavam os grãos em celeiros.

Os camponeses egípcios viviam em regime de servidão coletiva. Isso porque a maioria deles estava ligada à terra que cultivavam e era obrigada a entregar parte dos produtos agrícolas e dos rebanhos como imposto ao governo. Além disso, era frequentemente convocada para trabalhar em obras públicas, como a construção de palácios, templos e pirâmides. Portanto, nessa sociedade havia trabalho compulsório ou obrigatório.

Pintura. Egípcios em diferentes atividades, como plantação, manuseio e utilização do arado, inclusive com tração animal, semeadura, colheita e armazenagem de alimentos.
Cópia de uma cena pintada na parede de uma tumba na cidade egípcia de Tebas, cêrca de 1410 antes de Cristo-1370 antes de Cristo A cena mostra camponeses realizando diferentes atividades, como plantio, criação de animais e colheita.

Artesãos

No Egito antigo, havia diferentes tipos de artesãos, como barqueiros, tecelões, padeiros e cervejeiros. Havia também artesãos especializados em mumificar corpos e decorar túmulos, pintando ou esculpindo.

Quase sempre, os artesãos que produziam artigos considerados de luxo trabalhavam em oficinas dos templos ou palácios. Eles produziam esculturas de pedra e de madeira, peças de ourivesariaglossário , vasos de alabastroglossário ou faiançaglossário e tecidos finos.

Além dos artesãos urbanos, existiam aqueles que trabalhavam em oficinas no campo, produzindo tecidos, artigos de couro e vasilhas de cerâmica, entre outros objetos.

Fotografia. Exposição de vários sarcófagos egípcios em posição horizontal, com destaque para um, ao centro, em posição vertical, apresentando a escultura de um rosto humano no topo, com longos cabelos escuros, e ilustrações por toda a superfície.
Sarcófagos egípcios em exposição no Museu de Turim, Itália. Fotografia de 2021.

Funcionários do governo e sacerdotes

Os escribas eram funcionários do governo que sabiam ler, escrever e contar. Eles geralmente trabalhavam nos palácios e nos templos copiando decretos do governo, contabilizando a saída e a entrada de mercadorias, anotando o pagamento das taxas, escrevendo obras literárias e religiosas.

Escultura. Um homem com peito desnudo, sentado no solo com as pernas cruzadas, apoiando uma folha de papiro sobre seu colo.
O escriba sentado, escultura produzida no Egito antigo, cêrca de 2450 antes de Cristo-2325 antes de Cristo A obra, que representa um escriba egípcio durante o seu trabalho, foi encontrada no século dezenove durante escavações arqueológicas no Egito.

O vizir (tjati) também era um importante funcionário do governo. Ele chefiava a administração e a justiça, comandando uma enorme quantidade de outros funcionários, como administradores locais, juízes e supervisores das obras públicas.

Os sacerdotes conduziam as cerimônias religiosas, administravam os templos e recebiam as oferendas dos fiéis. Por isso, detinham muitas riquezas e exerciam forte influência política.

Faraó

O ponto mais alto da escala social era ocupado pelo faraó. Além de rei, ele era considerado um deus vivo que tinha poderes para controlar as forças da natureza e proteger a sociedade.

Os egípcios acreditavam, por exemplo, que as cheias do Nilo e as boas colheitas dependiam do poder do faraó. A crença de que ele era uma divindade sofreu variações no decorrer da história do Egito antigo, sendo às vezes fortalecida e, em outros momentos, enfraquecida.

O faraó controlava boa parte das terras e das atividades econômicas no Egito antigo, auxiliado por nobres, sacerdotes e funcionários do governo.

Máscara. Representação egípcia com traços humanos, dois olhos, um nariz e lábios, uma longa barbicha no queixo, e adornos ao redor da cabeça que caem sobre os ombros.
Máscara do faraó Tutancâmon, cujo reinado foi de 1333 antes de Cristo a 1323 antes de Cristo

Mulheres no Egito antigo

As mulheres desempenhavam importantes papéis sociais e políticos no Egito antigo. O sistema jurídico garantia igualdade entre homem e mulher.

Assim, houve mulheres faraós, sacerdotisas, funcionárias do governo, artesãs e camponesas. É certo que a maioria dos faraós egípcios foram homens, mas algumas mulheres também governaram com esse título.

Uma delas foi Hatshepsut, que reinou durante cêrca de duas décadas no século quinze antes de Cristo Sob o governo dela, foram construídas e restauradas edificações em várias partes do Egito. Seu reinado foi considerado pacífico e próspero. Além de Hatshepsut, outra faraó muito conhecida foi Cleópatra, que governou entre 51 antes de Cristo e 30 antes de Cristo, época em que o Egito foi dominado pelos romanos.

Escultura. Esfinge com rosto humano e corpo de animal, com quatro patas e um longo rabo traseiro.
Esfinge em homenagem à faraó Hatshepsut, cêrca de 1479 antes de Cristo-1458 antes de Cristo
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Atualmente, no Brasil, existem atividades que são exercidas predominantemente por mulheres? E por homens? Em sua opinião, por que isso acontece? Reflita e debata o assunto com os colegas.

Cultura e religião

A religião teve grande importância em diversos aspectos da vida dos egípcios. Eles eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Muitos desses deuses estavam relacionados às forças da natureza, sendo representados em fórma animal, humana ou misturando as duas formas.

Deuses e templos

Geralmente, cada cidade tinha um deus principal que era cultuado em um templo. Entre os templos mais conhecidos, estão os de lúcsor e de Karnak, próximos a Tebas, antiga capital egípcia.

O templo de Karnak era dedicado à principal divindade egípcia: Amon-Rá, o deus Sol, cultuado em todo o Egito, a quem eram oferecidas as conquistas militares. Para a maioria da população, também era importante o culto a Osíris (deus dos mortos e da ressurreição), a Ísis (deusa da vida, esposa e irmã de Osíris) e a Hórus (deus do céu e dos faraós, filho de Ísis e Osíris).

Fotografia. Vista das ruínas de um templo, com grossas colunas circulares e estátuas representando homens sentados sobre tronos.
Ruínas do templo de Karnak na cidade de lúcsor, Egito. Fotografia de 2018.

Os antigos egípcios prestavam homenagens aos deuses e dedicavam-lhes tributos ou oferendas. Acreditando que os deuses tinham desejos parecidos com os dos humanos, os egípcios ofereciam-lhes presentes como bebidas, comidas e festas.

Estátua. Mulher egípcia, com longos cabelos escuros e lisos, usando um longo vestido colorido. Ela segura uma cesta com uma das mãos, apoiada em sua cabeça.
Mulher carregando oferendas. Estátua de madeira pintada, cêrca de 1981 antes de Cristo-1975 antes de Cristo
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Qual é a importância da religião em sua vida? Ela influencia seu dia a dia? Comente.

Mumificação

Os egípcios antigos acreditavam na vida após a morte no reino de Osíris. Lá, os mortos seriam julgados e, se fossem absolvidos, poderiam retornar a seus próprios corpos. Por isso, havia uma preocupação em conservar o corpo após a morte, o que contribuiu para o desenvolvimento de técnicas de mumificação.

A mumificação era um processo que visava preservar o corpo da pessoa que havia morrido. Para isso, retiravam-se partes internas do organismo, desidratava-se o corpo e nele eram introduzidas substâncias químicas que evitavam a decomposição.

Havia vários tipos de mumificação. Alguns eram mais simples e baratos, outros mais caros e duradouros. A escolha do tipo de mumificação dependia das possibilidades de cada família para pagar o artesão que fazia esse trabalho.

Ao realizar mumificações, os egípcios desenvolveram também estudos sobre o corpo humano que resultaram em conhecimentos médicos, como a criação de fórmulas químicas para diminuir a dor (analgésicos), tratamento dos dentes e técnicas cirúrgicas.

Gravura. Imagem representando um homem deitado em posição horizontal sobre uma cama, com o corpo envolvido em tecido branco. Ao seu lado, há um ser com cabeça de chacal e corpo humano, representando o deus Anúbis. Duas pessoas encontram-se nas extremidades da cama, ambas ajoelhadas, vestindo túnicas brancas e com os braços cruzados sobre seus peitos. À esquerda, sobre um palanque, há dois seres com rostos humanos e corpos de pássaros.
Representação de um processo de mumificação no Egito antigo, em gravura produzida entre os séculos onze antes de Cristo e dez antes de Cristo O deus Anúbis, considerado o deus dos mortos, foi representado realizando o processo.

Pirâmides

A crença na vida após a morte também esteve relacionada com a construção de sofisticadas tumbas, o que exigiu conhecimentos avançados de matemática e engenharia. As tumbas egípcias mais conhecidas são as pirâmides.

Na região de Gizé (próxima ao Cairo, a atual capital egípcia), estão localizadas as pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. A maior delas é a de Quéops, com cêrca de 150 metros de altura, o que corresponde a um prédio de mais ou menos 50 andares. A menor é a de Miquerinos.

Para a construção dessas pirâmides, foram utilizados blocos de pedra resistentes, como o granito ou o basalto. Calcula-se que na pirâmide de Quéops tenham sido utilizados mais de dois milhões de blocos de pedra.

À frente dessas três pirâmides, foi construída a Esfinge de Gizé. Trata-se de uma enorme escultura que tem por volta de 20 metros de altura e representa uma cabeça humana em corpo de leão. Acreditava-se que ela era a guardiã das pirâmides.

Fotografia. Vista de uma pirâmide de base quadrada e ápice triangular, e ao lado, uma esfinge em pedra, com cabeça humana. A área está cercada. Há um caminho pelo qual um homem sobre um camelo atravessa.
Vista da esfinge de Gizé e da pirâmide de Quéops, próximo ao Cairo, Egito. Fotografia de 2021.

A parte interna das pirâmides, onde ficavam os túmulos, podia ser decorada com expressões artísticas que retratavam cenas da história do morto ou as características pelas quais ele queria ser lembrado.

Estatueta. Objeto dourado representando um homem sentado no solo, com os joelhos flexionados para frente, segurando hastes em uma de suas mãos. Apresenta colar ao redor de seu pescoço e uma coroa adornada na cabeça.
Estatueta de ouro representando o faraó Amenófis três, esculpida em cêrca de 1403 antes de Cristo-1365 antes de Cristo, encontrada na tumba do faraó Tutancâmon, em Tebas, no Egito.

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Transcrição do áudio

Egito antigo

[Narradora]

No norte da África, formou-se uma das primeiras sociedades da história da humanidade: o Egito antigo. Há cerca de .9000 anos, iniciou-se um progressivo ressecamento climático responsável pela formação do grande deserto do Saara. Gradativamente, as populações africanas deslocaram-se em busca de áreas férteis, com vegetação abundante e acesso a água. O vale do rio Nilo tornou-se a região de maior concentração populacional da África. Ao longo das suas margens, desenvolveu-se a agricultura de irrigação com aproveitamento e controle das cheias anuais.

Em torno de 3100 a.C., grande parte das comunidades dispersas ao longo do rio Nilo foram unificadas sob o comando de Menés. Fundador da primeira dinastia egípcia, Menés é considerado também o primeiro faraó do Egito, espécie de rei que concentrava os poderes políticos, religiosos e econômicos.

[Narradora] Os egípcios ergueram enormes pirâmides que se tornaram símbolos de sua cultura. Quéops, Quéfrin e Miquerinos, as mais famosas pirâmides, foram construídas a partir de 2550 a.C., no planalto de Gizé, na margem esquerda do rio Nilo, próximo à atual cidade do Cairo. A pirâmide de Quéops foi o edifício mais alto do mundo até o século dezenove. Suas dimensões são impressionantes: cerca de 140 metros de altura, área de mais de .50000 metros quadrados e mais de 2 milhões de blocos de calcário, cada qual pesando cerca de 2,5 toneladas. Na planície de Gizé, há também a imponente esfinge, uma enorme escultura construída ao lado da pirâmide de Quéfrin. Trata-se de uma figura antropozoomórfica, ou seja, uma imagem que combina elementos humanos e animais, no caso da esfinge, o corpo de leão e a cabeça humana.

As pirâmides eram grandes túmulos erguidos sobre uma câmara, na qual era sepultado o corpo do faraó. Os egípcios acreditavam que existia uma outra vida após a morte e, para isso, preservavam os corpos dos seus mortos. Nas pirâmides, havia também uma câmara de oferendas, localizada na sua parte leste, nela eram depositados objetos de uso pessoal do morto e aplicados afrescos, relevos e inscrições nas paredes.

[Narradora] Para conservação dos corpos dos mortos, os egípcios desenvolveram técnicas de mumificação. Isso era feito para que o corpo permanecesse intacto até que a alma pudesse encontrá-lo novamente. Anúbis, deus com cabeça de chacal e corpo de homem, era encarregado de conduzir a alma para a sala de seu julgamento. O coração do morto era colocado num dos pratos de uma balança e deveria pesar menos que a pena da verdade, que se encontrava no outro prato. Se a balança ficasse equilibrada, a alma poderia apresentar-se diante de Osíris e retornar para encontrar o corpo e, assim, viver a vida eterna. Se o coração fosse muito pesado, a alma seria oferecida ao monstro devorador, com cabeça de crocodilo e corpo de leão e hipopótamo, posicionado ao lado direito de Anúbis.  Como um escriba, Tot, deus com cabeça de ave e corpo humano, registrava os resultados do julgamento. A alma então era conduzida por Hórus, com cabeça de falcão e corpo humano, até a presença de Osíris, sentado no trono com os símbolos de poder, coroa e cetro, e acompanhado das deusas Ísis e Néftis. A passagem pelo trono de Osíris indicava também a passagem para a vida eterna.

[Narradora] Dentre todos os deuses cultuados no Antigo Egito, Osíris era o mais popular. Senhor dos mortos e da vida além-túmulo, era visto como a encarnação das forças da natureza, representava o ciclo anual da renovação e do renascimento da terra do Egito após as inundações do Nilo. Além de ser considerado o primeiro governante da Terra, teria ensinado as técnicas de agricultura e domesticação de animais aos seres humanos. Morto pelo seu irmão Set, foi vingado pelo seu filho Hórus e ressuscitado por Ísis, sua esposa, não como humano, mas como rei mumificado. Todos os faraós, ao morrerem, tornavam-se Osíris. Por essa razão, em diversos templos e pirâmides, as imagens dos faraós eram representadas com o rosto de Osíris.

PAINEL

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Expressões artísticas do Egito

Grande parte da produção artística do Egito antigo foi influenciada pela religião. Além da construção de templos, o culto aos deuses motivou a criação de esculturas e pinturas que representavam as divindades e a religiosidade dos egípcios. Mas os temas espirituais não eram os únicos, pois existiam também expressões artísticas de cenas do cotidiano.

Pintura. Homens vestindo tecidos brancos ao redor de suas cinturas, lado a lado, apoiando um sarcófago em suas mãos, sobre suas cabeças. Acima, imagens de hieróglifos.
Pintura mural representando um cortejo fúnebre, em uma tumba de Tebas, no Egito, cêrca de 1370 antes de Cristo

Na pintura, as figuras humanas frequentemente apareciam em posição rígida e respeitosa, com a cabeça e os pés de perfil e o tronco de frente. Essa era a fórma mais comum de representar a figura humana na arte egípcia.

As obras artísticas do Egito antigo foram feitas com diferentes materiais, como madeira, calcário, alabastro, mármore e basalto. Conheça algumas delas a seguir.

Escultura. Rosto de uma mulher, com um longo chapéu azul sem abas na cabeça e um grosso colar adornando seu pescoço.
Busto de calcário da rainha Nefertiti, cêrca de 1345 antes de Cristo
Artefato. Uma placa de pedra de formato ovalado, contendo vários hieróglifos.
Placa de basalto com inscrição em hieróglifos, feita entre os séculos sete antes de Cristo e seis antes de Cristo

Para construir tumbas, era preciso fazer cálculos matemáticos complexos. Os tipos de tumba variavam conforme a riqueza do morto e a época em que foram construídos. As mais simples chamavam-se mastabas, e as mais grandiosas eram as pirâmides.

Fotografia. Vista de uma pirâmide em níveis retangulares, decrescentes da base para o ápice. Ao redor, terreno arenoso e céu azul com nuvens.
Mastaba de Djoser, situada no sítio arqueológico de Saqqara, ao sul do Cairo, capital do atual Egito. Fotografia de 2022.

Os artistas egípcios mais habilidosos conquistavam prestígio e riquezas. Para elaborar suas obras, eles seguiam regras e padrões de execução. De fórma geral, o artista não assinava suas obras.

Estátua. Homem ajoelhado, segurando um objeto redondo em cada uma de suas mãos. Sobre sua cabeça há um adorno que recai sobre seus ombros.
Estátua de mármore do faraó Tutmés terceiro, esculpida no século quinze antes de Cristo
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

ANDE, Edna. Egito: arte na Idade Antiga. São Paulo: Callis, 2011.

Acompanhado de imagens e ilustrações, o livro apresenta um panorama da arte produzida no Egito antigo.

Escrita egípcia

Assim como os sumérios, os egípcios criaram um sistema de escrita que é considerado um dos mais antigos do mundo. Há registros da escrita egípcia que datam de cêrca de 3000 antes de Cristo

Os egípcios desenvolveram fórmas de escrita como a hieroglífica, a hierática e a demótica, que eram utilizadas em diferentes situações. A escrita hieroglífica é a mais antiga e tinha um uso restrito, sendo encontrada principalmente em templos e túmulos. A hierática, uma variação da hieroglífica, aparece em textos sagrados, administrativos e literários. E a demótica, a mais recente e popular, era empregada sobretudo para tratar das questões comerciais e cotidianas. Nesse tipo de escrita, os sinais passaram a representar os sons das palavras.

Com a dominação romana sobre o Egito, iniciada no século um a.C., o conhecimento da escrita egípcia foi se perdendo. Séculos se passaram até que antigos textos egípcios fossem compreendidos novamente. Isso ocorreu apenas no século XIX.

Em 1822, o estudioso francês jeãn franssôá champolióncomeçou a decifrar as escritas egípcias. Para isso, ele estudou um documento conhecido como Pedra de Roseta, um fragmento de granito que tinha inscrições talhadas em grego, hieroglífico e demótico. Com base no texto escrito em grego, champolión decifrou as duas versões da escrita egípcia.

Dessa maneira, abriu-se uma enorme porta para o conhecimento da história do Egito antigo. Foi a partir da decifração da Pedra de Roseta que se desenvolveu a egiptologia.

Fragmento de estela. Pedra de formato irregular e bordas assimétricas contendo escritos em hieróglifos, grego e demótico.
Pedra de Roseta, com inscrições em grego, hieroglífico e demótico, cêrca de 196 antes de Cristo
Quadrinho. História contada em um quadro. Há dois homens vestindo camisas e bermudas marrons e chapéus com abas laterais na cabeça. Ambos seguram lupas com as mãos. Eles estão em uma área escavada, com montes de terra e uma parede repleta de hieróglifos. O homem à direita possui um balão de fala: A parte difícil é descobrir quais deles são emojis.
Frank e Ernest, tirinha de Bob Teives, 2013. Ao investigar os símbolos da escrita egípcia, os personagens arqueólogos mencionam os emojis, símbolos utilizados atualmente na comunicação virtual.

OUTRAS HISTÓRIAS

Dos papiros ao texto digital

Por volta de 3000 antes de Cristo, os egípcios usavam o papiro para registrar sua escrita. O termo “papiro deu origem à palavra papel.

No entanto, o papel é uma invenção chinesa muito diferente do papiro. O vestígio mais antigo de papel data do século dois antes de Cristo Essa invenção chinesa difundiu-se pelo mundo, sendo amplamente utilizada até os dias de hoje.

No século vinte, foram criados novos suportes para a escrita, como computadores e celulares. Esses suportes promoveram uma revolução na maneira de ler e escrever.

O uso de diferentes suportes para a escrita mudou ao longo do tempo. No entanto, o que permanece é a necessidade que as pessoas têm de se comunicar e de registrar suas vivências e memórias.

Fotografia. Imagem de estudantes no interior de uma biblioteca, próximas à telas de computadores sobre suportes de madeira. As mulheres utilizam véus de diferentes cores e estampas, que cobrem a cabeça e o pescoço.
Estudantes egípcios utilizam computadores na nova Biblioteca de Alexandria, Egito. Fotografia de 2017. Cada vez mais, o uso de novas tecnologias vem sendo incorporado ao cotidiano da vida escolar.

Responda no caderno

Atividades

  1. Ao longo do tempo, o ser humano utilizou diferentes suportes para escrever. Cite alguns exemplos.
  2. Para escrever, que suporte você mais utiliza em seu dia a dia?

Reino de Cuxe

Ao sul do vale do Rio Nilo, havia uma região chamada pelos egípcios de Núbia, palavra que significa “terra do ouro”. Ali, a partir do segundo milênio a.C., desenvolveu-se o Reino de Cuxe. Essa sociedade surgiu nas terras que correspondem, mais ou menos, ao atual território do Sudão. Observe o mapa.

Região da Núbia na Antiguidade (II milênio a.C.)

Mapa. Região da Núbia na Antiguidade (segundo milênio antes de Cristo). Continente africano, com área nordeste, próxima ao Rio Nilo, destacada na cor rosa, indicando “Extensão aproximada da região da Núbia na Antiguidade”. Compreende as cidades de Assuã, Kerma, Meroé, Napata e Cartum, nas proximidades do Rio Nilo. Na parte inferior, ao centro, rosa dos ventos e escala de 0 a 810 quilômetros.
FONTE: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 22.

Inicialmente, o Reino de Cuxe tinha a cidade de Kerma como capital. Depois, a séde do governo deslocou-se para Napata e, posteriormente, para Meroé. Essas cidades foram importantes centros comerciais, religiosos e artísticos.

Na região de Meroé, foram encontradas centenas de pirâmides construídas pelos cuxitas. Hoje, essas obras são consideradas Patrimônios da Humanidade pela Unesco.

Fotografia. Vista de diversas pirâmides. Algumas apresentam ápices destruídos.
Pirâmides cuxitas na cidade de Meroé, no atual Sudão. Fotografia de 2021.

Faraós cuxitas

O Reino de cuxe manteve relações instáveis com o Egito. Em certos momentos, os cuxitas foram submetidos pelos faraós egípcios. Em outros, os egípcios viveram sob o domínio dos reis de Cuxe.

Historiadores indicam que, em 713 a.C., um rei cuxita chamado Xabaca comandou tropas para conquistar o Egito. Após sua vitória, o Egito foi incorporado ao Reino de Cuxe.

Pingente. Objeto de formato arredondado, composto de uma cabeça humana dourada, com longos cabelos e uma coroa com dois chifres laterais e um círculo no centro.
Pingente representando Hathor, deusa egípcia da beleza, da música e do amor. Supõe-se que essa peça, feita no século oito a.C., foi um presente egípcio oferecido ao rei cuxita Pianki, irmão e antecessor de Xabaca.

Por mais de 50 anos, os reis cuxitas Xabaca, Xabataca e Taharqa governaram tanto a Núbia quanto o Egito. Esses reis ficaram conhecidos como faraós negros, mas essa classificação foi feita por estudiosos posteriormente. A verdade é que não temos certeza se os cuxitas e os egípcios eram negros ou não.

Estátua. Homem em pé, vestindo um tecido ao redor de sua cintura, com o peito desnudo, um colar ao redor do pescoço e um adorno ao redor da cabeça.
Estátua feita de bronze do faraó Taharqa, produzida no século sete antes de Cristo

A dominação cuxita no Egito antigo terminou por volta de 664 a.C., quando tropas assírias invadiram o território egípcio. Após a invasão dos assírios, os reis cuxitas se retiraram do Egito e se instalaram na região entre Napata e Meroé. Aos poucos, os cuxitas se distanciaram das influências egípcias. O Reino de Cuxe durou até aproximadamente o século quatro

Os egípcios, por sua vez, destruíram muitos vestígios que representavam o domínio cuxita, como estátuas de faraós desse povo.

Expressões culturais

Os cuxitas foram influenciados pela cultura do Egito antigo e de outros povos africanos. Essas trocas podem ser percebidas, por exemplo, no artesanato, na escultura, na arquitetura, na religião, nas técnicas militares e na escrita.

Apesar das influências, os cuxitas desenvolveram uma escrita própria, a meroítica. Algumas de suas características são: alfabeto de 23 sinais, valores fonéticos e fórma cursiva. A escrita meroítica ainda não foi decifrada.

Selo. Uma pequena placa arredondada contendo diferentes símbolos simétricos.
Selo com elementos da escrita meroítica, cêrca de 500 a.C.-300 Depois de Cristo
Cerâmica. Vaso redondo com bocal de menor tamanho. Sua superfície é amarronzada e possui símbolos de círculos, cujo lado esquerdo projeta três linhas, duas curvas e uma reta, ao centro.
Vaso cuxita, cêrca de 100 a.C.-300 Depois de Cristo
Pingente. Objeto dourado representando uma mulher de cabelos longos e lisos, vestindo uma túnica. Está com os braços abertos e, abaixo deles, possui um par de asas abertas.
Pingente da deusa egípcia Ísis encontrado em uma pirâmide de Nuri, próximo à cidade de Karima, Sudão. Ali, diversas tumbas foram construídas para sepultar reis cuxitas. Esse pingente foi esculpido por um ourives da Núbia, aproximadamente entre os séculos seis antes de Cristo e dois antes de Cristo

Mulheres de cuxe

As mulheres exerceram papel importante na sociedade cuxita, ocupando cargos de poder e prestígio. Havia, por exemplo, mulheres que exerciam a função de sacerdotisas, como Amenirdis primeiro e Chepemipet II.

Estátua. Mulher vestindo uma longa túnica, um adorno na cabeça com faixas caindo por seu ombro e uma coroa. Um de seus braços está flexionado sobre o seu peito, segurando um chicote.
Estátua representando Amenirdis I, cêrca de século oito antes de Cristo

Em diversos momentos, o Reino de Cuxe foi governado por rainhas-mães, chamadas de candaces, nome derivado de um título de nobreza de origem meroítica. Elas influenciavam questões religiosas, militares, econômicas e o relacionamento com os povos vizinhos.

Entre as candaces, destacam-se Amanirenas, Amanishaketo e Amamitere. Muitas delas também foram guerreiras e comandaram exércitos, até mesmo em batalhas contra o Império Romano. Posteriormente, negociaram os limites e as fronteiras de Cuxe em relação aos domínios de Roma.

Anel. Objeto dourado com a imagem da cabeça de um carneiro entalhada na superfície. Apresenta um semicírculo inferior com losangos e linhas curvas.
Anel de proteção feito em ouro, com a representação de uma cabeça de carneiro, cêrca de século ih antes de Cristo Esse anel pertenceu a Amanishaketo, uma das rainhas guerreiras do Reino de Cuxe.

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para pensar

Atualmente, no Brasil, a maior parte dos cargos políticos é exercida por homens. Procure explicar por que isso acontece e como superar essa situação.

OFICINA DE HISTÓRIA

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Conferir e refletir

1. No Egito antigo, todas as pessoas viviam da mesma maneira ou havia desigualdades sociais? Explique sua resposta.

Interpretar texto e imagem

2. A seguir, leia dois trechos que abordam as visões da morte e as práticas funerárias no Egito antigo e na Mesopotâmia. Depois, faça o que se pede.

Fonte 1 – Egito antigo

“De acordo com as crenças egípcias, o espírito seria julgado no além-túmulo no tribunal dos deuses [...]. [Se o espírito fosse considerado inocente,] iria para o paraíso, chamado de campos da paz, vivendo eternamente em total felicidade. reticências Mesmo assim, a sobrevivência do espírito reticências dependia da constante provisão de víveres alimentares [comidas], que deveriam regularmente ser depositados na tumba.

xinaidêr, Maurício Elvis. O Egito antigo. São Paulo: Saraiva, 2001. página 38-39. (Coleção Que história é esta?).

Fonte 2 – Mesopotâmia

“A religião não oferecia aos mesopotâmios a possibilidade de uma salvação ou de uma vida no além. reticências Apenas os cuidados dos parentes vivos podiam amenizar um pouco o sofrimento dos mortos: para isso, eram feitas oferendas [...]. Essa visão explica, certamente, por que eles não ergueram grandes monumentos funerários, nem se preocuparam com a preservação do corpo do morto [...].”

REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 1997. página 30. (Coleção Que história é esta?).

  1. Identifique semelhanças e diferenças entre as visões da morte e as práticas funerárias no Egito e na Mesopotâmia.
  2. Em sua interpretação, qual visão em relação à morte era mais otimista: a dos egípcios ou a dos mesopotâmios? Argumente explicando sua resposta.

3. As esfinges são criaturas míticas que têm o corpo de leão e a cabeça de outro animal. Observe as duas esfinges reproduzidas a seguir, criadas por cuxitas e egípcios. Que diferenças e semelhanças podem ser observadas entre elas? Construa um quadro comparando seus personagens, materiais, tamanhos e datas de produção.Explique que, embora ambas as representações sejam esfinges, elas diferem quanto aos personagens representados (embora ambos sejam faraós), aos materiais, ao tamanho e à data de criação.

Escultura. Esfinge de pedra, com rosto humano e corpo de animal, com as quatro patas sobre o solo.
Esfinge de Taharqa, feita de granito em 680 antes de Cristo Ela mede 40 centímetros de altura por 73 centímetros de comprimento.
Fotografia. Vista de uma esfinge com rosto humano e corpo de animal, com as quatro patas sobre o solo. Ao fundo, duas pirâmides.
Esfinge de Gizé, feita de calcário em 2500 antes de Cristo Ela mede 20 metros de altura e 70 metros de comprimento. Provavelmente, sua cabeça representa o faraó Quéfren. Fotografia de 2022.
Versão adaptada acessível

As esfinges são criaturas míticas que têm o corpo de leão e a cabeça de outro animal. Considere as duas esfinges apresentadas, criadas por cuxitas e egípcios. Que diferenças e semelhanças podem ser notadas entre elas? Destaque informações sobre personagens representados, materiais, tamanhos e datas de produção.

integrar com geografia

4. Leia o texto a seguir. Depois, responda às questões propostas.

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indica que o Rio Amazonas é 140 quilômetros mais extenso do que o Nilo e, portanto, o maior rio do mundo. A pesquisa foi a primeira a utilizar imagens de satélite para medir ambos os rios e deve colocar um ponto final na discussão sobre qual é o maior curso de água do planeta.

AMATO, Fábio. Amazonas é maior que o Nilo, afirma Inpe. Folha de São Paulo, 3 julho 2008. Disponível em: https://oeds.link/A6fWt3. Acesso em: 16 dezembro 2021.

  1. Qual instituto realizou o estudo mencionado?
  2. Que objetivo tinha o estudo?
  3. A que conclusão chegou?
  4. Qual foi o principal recurso utilizado nessa pesquisa?

5. Em um documento, escrito em torno de 1500 a.C., um escriba mais velho comenta com o filho as dificuldades da vida dos camponeses, artesãos e militares, tentando convencê-lo a escolher sua profissão. Leia trechos desse documento e, em seguida, responda às questões.

“Já pensaste na vida do camponês que cultiva a terra? O cobrador de impostos fica no cais ocupado em receber os dízimosglossário das colheitas. Está acompanhado de agentes armados de bastões e negros munidos com pedaços de pau. Todos gritam: 'Vamos, os grãos!'. Se o camponês não os possui, eles o atiram ao solo. Amarrado, arrastado para o canal é jogado de cabeça.

O entalhador de pedra permanece agachado desde o nascer do sol, seus joelhos e sua espinha dorsal estão alquebradosglossário . O pedreiro fica sobre vigas dos andaimes, exposto a todos os ventos, pendurado nos capitéisglossário das colunas; seus braços se gastam nos trabalhos, suas roupas ficam em desordem, ele só se lava uma vez por dia.

reticências Conto-te a respeito do oficial de infantariaglossário ? Ainda pequeno, é levado e encerrado na caserna. Agora, queres que te conte suas expedições em países longínquos? Carrega seus víveres e água nas costas como um burro de carga; suas costas estão feridas. Bebe água podre. Deve montar guarda sem cessar. Chega diante do inimigo? Não passa de um pássaro trêmulo. Regressa ao Egito? Não é mais que um velho pedaço de madeira roído de vermes.

Só vi violência por toda parte! Por isso, consagra teu coração às letras. Contempla os trabalhos manuais e, em verdade, nada existe acima das letras. Ama a literatura [...]. Ela é mais importante do que todos os ofícios. Aquele que, desde a infância, se dispõe a tirar proveito dela, será venerado.”

MALLET, Albert; ISAAC, Jules. L’Orient et la Grèce. Apud: GOVERNO do Estado de São Paulo. Secretaria de Educação/Cenp. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: Sudeste/sêmp, 1979. página 56.

  1. Quem é o narrador desse texto e a quem ele se dirige?
  2. Que tipos de trabalhadores são mencionados?
  3. Que recomendação é dada pelo narrador a seu interlocutor?

Glossário

Delta
: nome da quarta letra do alfabeto grego, correspondente à letra D do alfabeto que usamos no Ocidente. A letra delta se escreve assim, em sua fórma maiúscula: delta. Ou seja, tem a fórma de um triângulo. Por isso, em Geografia, quando a foz ou ponto de desaguamento de um rio tem a fórma triangular com ilhas, ela é chamada de delta.
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Hierarquia
: classificação em ordem crescente ou decrescente que mostra a importância de pessoas ou coisas.
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Ourivesaria
: arte praticada por aqueles que trabalham com ouro e prata.
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Alabastro
: variedade de rocha granulada e branca, usada por muitos artesãos egípcios para fazer vasos.
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Faiança
: tipo de cerâmica feita de barro esmaltado ou vidrado.
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Dízimo
: imposto sobre 10% de toda a produção.
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Alquebrado
: curvado, torto.
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Capitel
: parte superior de uma coluna, geralmente entalhada ou ornamentada.
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Infantaria
: tropa terrestre que se posiciona nas primeiras linhas de ataque.
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