UNIDADE 3 ANTIGUIDADE CLÁSSICA
CAPÍTULO 8 ROMA: DA MONARQUIA À REPÚBLICA
Os antigos romanos foram grandes conquistadores e formaram um dos maiores impérios da história. Esse império era interligado por redes de estradas que facilitavam a comunicação entre Roma e suas províncias. Daí nasceu o ditado: “Todos os caminhos levam a Roma”. Vamos conhecer alguns aspectos importantes da Roma antiga.
responda oralmente
para começar
Você já ouviu dizer que “todos os caminhos levam a Roma”? Qual é o significado dessa expressão?
Origem de Roma
A atual cidade de Roma, capital da Itália, é um importante centro turístico da Europa. Todos os anos, milhares de pessoas visitam seus monumentos arquitetônicos e se interessam pela história de Roma, conhecida como “cidade eterna”.
A história romana remonta ao povoamento da Península Itálica, localizada no sul da Europa, onde se estabeleceram vários povos, como italiotas, etruscos e gregos. O povo italiota subdividia-se em tribos como a dos latinos e a dos sabinos.
Existem dúvidas sobre a origem exata de Roma. No entanto, pesquisadores apontam que os italiotas fundaram essa cidade em meados do século oito antes de Cristo Posteriormente, Roma cresceu e se transformou na capital de um Estado poderoso.
Observe um mapa do povoamento da Península Itálica.
Península Itálica (séculos X a.C.-VIII a.C.)
Responda no caderno
observando o mapa
Que regiões da Península Itálica foram ocupadas pelos etruscos, pelos italiotas e pelos gregos?
OUTRAS HISTÓRIAS
Lenda da origem de Roma
Uma lenda conta que Roma foi fundada pelos irmãos gêmeos: Rômulo e Remo. Eles eram netos de um rei da cidade de Alba Longa chamado Numitor, que foi destronado por seus inimigos.
Ainda recém-nascidos, Rômulo e Remo foram colocados dentro de um cesto e abandonados no Rio Tibre. Levado pela correnteza, o cesto parou às margens do Monte Palatino. Ali, os gêmeos foram encontrados e amamentados por uma loba. Depois, um pastor chamado Faustolo acolheu as crianças e cuidou da educação delas.
Quando adultos, Rômulo e Remo reconquistaram o trono de Alba Longa para seu avô. Então, Numitor permitiu que os netos fundassem uma cidade na região onde a loba os tinha encontrado. Eles fundaram a cidade de Roma em 753 antes de Cristo
Surgiu uma disputa entre os dois irmãos para decidir quem reinaria na cidade. Rômulo matou Remo, tornando-se o primeiro rei de Roma.
Responda no caderno
Atividade
Você conhece lendas brasileiras? Quais? Faça uma pesquisa sobre uma das lendas que costumavam ser contadas para crianças brasileiras. Podem ser lendas com personagens como Saci-pererê, Curupira, Boto-cor-de-rosa, Iara, Uirapuru, entre outros. Em seguida, formem grupos e produzam uma história em quadrinhos ou uma cena teatral narrando a lenda pesquisada.
Periodização da história romana
A história da Roma antiga tem mais de mil anos e costuma ser dividida em três grandes períodos.
- Monarquia (753 -509 antes de Cristo ) antes de Cristo – período em que Roma era ainda uma pequena cidade. A organização econômica e política dessa sociedade foi influenciada pelos etruscos e gregos, povos que já viviam na Península Itálica.
- República (509 -27 antes de Cristo ) antes de Cristo – período em que os romanos consolidaram suas instituições sociais e econômicas e expandiram seu território. A civilização romana foi tornando-se uma das mais poderosas do mundo antigo.
- Império (27 -476 antes de Cristo ) – Depois de Cristo período em que os domínios romanos atingiram sua máxima expansão. O fim desse período culminou com sucessivas crises que afetaram a porção ocidental do Império Romano.
Monarquia
Existem poucas evidências históricas sobre o período monárquico e, consequentemente, sobre a vida dos primeiros reis de Roma. Porém, de acordo com lendas apresentadas por escritores como Tito Lívioglossário , os sete reis do período monárquico foram: Rômulo; Numa Pompílio; Tulo Hostílio; Anco Márcio; Tarquínio, o Prisco; Sérvio Túlio; e Tarquínio, o Soberbo. Desses, os três últimos eram de origem etrusca.
Sob domínio etrusco, a cidade de Roma se fortaleceu. Foram construídas muralhas, pontes, praças, casas de pedra e redes de esgotos. Além disso, a cultura etrusca contribuiu para o desenvolvimento da metalurgia, do comércio de longa distância e da arquitetura usando arcos e abóbadasglossário .
Na monarquia, o governo de Roma era exercido pelo rei, pelo Senado e pela Assembleia. Conheça as funções de cada um deles.
- O rei era o chefe do governo. Ele tinha poder militar, religioso e judicial. Porém, no desempenho de suas funções, era fiscalizado pelo Senado e pela Assembleia.
- O Senado era um conselho formado por anciãos que chefiavam as famílias romanas tradicionais. Esse conselho tinha o poder de aprovar ou vetar as leis propostas pelo rei. A palavra “senado” vem do latim senex, que significa “velho ou ancião”.
- A Assembleia era formada por patrícios do sexo masculino com idade para servir no exército. Esses homens elegiam funcionários do governo, aprovavam ou rejeitavam as leis de Roma e decidiam também sobre as declarações de guerra e de paz.
Sociedade romana
No período monárquico, a sociedade estava dividida em quatro grupos sociais, descritos a seguir.
- Patrícios: formavam a elite da sociedade, concentrando poder político e econômico. De modo geral, eram ricos e possuíam grandes propriedades de terra e rebanhos de gado. Durante um longo período, apenas os patrícios do sexo masculino tinham direitos políticos e podiam ocupar os principais cargos do governo.
- Plebeus: formavam a maioria da população. Eram um grupo diversificado constituído de pessoas que trabalhavam na agricultura, no artesanato e no comércio. A princípio, os plebeus não tinham o direito de participar do governo. Além disso, caso não pagassem suas dívidas, podiam ser escravizados.
- Clientes: população livre e pobre que prestava diversos serviços aos patrícios em troca de proteção e ajuda econômica.
- Escravizados: população que perdia sua liberdade, constituída pelos prisioneiros de guerra e por pessoas que não conseguiam pagar suas dívidas. Os escravizados não tinham direitos políticos. Podiam ser vendidos, alugados ou receber castigos de seu senhor.
República
No final do século seis a.C., os patrícios, que já dominavam o Senado, pretendiam conquistar pleno poder sobre Roma. Em 509 , antes de Cristo derrubaram a monarquia e criaram uma nova organização política, a república.
A palavra “república” vem do latim res publica, que significa “coisa de todos”. Nessa organização, diferentemente da monarquia, o governo da sociedade não seria predominantemente exercido por uma única pessoa, mas sim por um conjunto de pessoas.
No entanto, o que se viu em Roma foi a instalação de um governo dominado pela aristocracia dos patrícios. Em grego, “aristocracia” vem de aristos = “o melhor” + cracia = “poder”. Na prática, aristocracia não é o “governo dos melhores”, mas sim de um grupo de privilegiados que geralmente herda o contrôle do poder.
Ao longo da República Romana, os plebeus conquistaram direitos políticos que antes eram reservados aos patrícios.
Governo da república
As principais instituições políticas da República Romana eram o Senado, as Magistraturas e as Assembleias.
O Senado era o órgão central do governo, sendo controlado pelos patrícios. Era responsável por assessorar os magistrados em assuntos como: relacionamento com as províncias, contrôle dos gastos públicos, declaração de guerras etcétera Os senadores exerciam seus cargos de fórma vitalícia, isto é, por toda a vida.
As Magistraturas eram responsáveis pelo Poder Executivo, ou seja, pela administração do Estado romano. Conheça, a seguir, as funções dos principais magistrados.
• Cônsules: era o cargo mais importante da república. O poder era exercido por dois cônsules que dirigiam as finanças públicas, elaboravam leis, atuavam como juízes e comandavam o Exército. Se houvesse desacordo entre os cônsules, o Senado podia ser chamado para resolver a questão. Em tempo de grave crise, poderia ser nomeado um ditador, com mandato de até seis meses, que teria plenos poderes sobre Roma.
• Pretores: dedicavam-se sobretudo à aplicação da Justiça.
• Edis: cuidavam do policiamento urbano, vigilância dos mercados, fornecimento e distribuição de alimentos, manutenção dos edifícios públicos.
• Questores: cobravam impostos e administravam o dinheiro público.
• Censores: faziam o censo organizando a contagem da população e apuravam o número de cidadãos e de seus bens. Além disso, os censores cuidavam da moralidade pública e das finanças. Desta função, deriva o sentido da palavra “censor”, ligada à censura (fiscalização da moral).
Assembleias
As Assembleias eram formadas por grupos de cidadãos (patrícios e plebeus) com poderes para decidir sobre determinados assuntos públicos. Entre as Assembleias destacamos:
- Assembleia por tribos: tinha a função de eleger os magistrados que cuidavam mais diretamente das cidades, como os edis e os questores;
- Assembleia por centúrias: tinha como função eleger os principais magistrados (cônsul, pretor, censor) e votar as leis. As centúrias eram grupos de militares organizados conforme seu nível de riqueza. O chefe de cada centúria era o centurião.
Cidadania romana
Atualmente, cidadão é a pessoa que cumpre certas condições jurídicas para exercer direitos e deveres dentro de um Estado. Na Roma antiga, havia diferentes graus de cidadania. Em seu grau pleno, por exemplo, o cidadão podia exercer cargos políticos, votar nas Assembleias, casar-se com outro cidadão e apresentar-se em juízo como sujeito de direito privado.
Na república, patrícios e plebeus eram considerados cidadãos, mas, a princípio, somente patrícios do sexo masculino tinham o direito de ser eleitos para as Magistraturas e votar nas principais Assembleias. Por conta dessa desigualdade, os plebeus passaram a lutar por direitos, ou seja, pela ampliação de sua cidadania.
Ao longo do tempo, a cidadania romana foi estendida, gradativamente, aos súditos de Roma. Assim, foram publicadas leis, como a Lex Plautia Papira, de 89 , q antes de Cristoue concedeu cidadania aos aliados dos romanos residentes na Península Itálica. Posteriormente, em 212, o imperador Caracala concedeu cidadania a quase todos os habitantes livres do Império. Também havia leis que previam a perda da cidadania. Isso podia acontecer, por exemplo, se um cidadão fosse escravizado ou condenado à deportação.
Comparada com Atenas, a cidadania romana incluía as mulheres e tornou-se mais ampla, abrangendo pessoas que viviam de acordo com o Direito e a cultura romana.
Mulheres em Roma
Na Roma antiga, os principais papéis atribuídos às mulheres eram os de mãe, esposa e guardiã do lar. fóra do ambiente doméstico, o que predominou na sociedade romana foi uma situação social desfavorável às mulheres.
Uma das maiores desigualdades ocorria na política, pois as mulheres não tinham o direito de participar das decisões do governo. Todos os cargos políticos do Estado eram exercidos por homens.
O acesso à educação era um privilégio. Meninas e meninos podiam aprender a ler, escrever e calcular. No entanto, o caminho dos estudos terminava mais cedo para as meninas.
Entre as famílias mais ricas, o pai exercia autoridade sobre a esposa, os filhos, os clientes e os escravizados. Era o pai quem decidia sobre o casamento de seus filhos. Os principais objetivos do casamento eram aumentar o patrimônio, estabelecer as alianças políticas e sociais e gerar descendentes. Apesar dessa tradição, a partir do século um aumentaram os casos de mulheres que participavam da escolha de seus futuros maridos e administravam seus próprios bens.
Na vida cotidiana, atividades como cozinhar, tecer e cuidar de crianças eram desempenhadas sobretudo por mulheres. Além dessas atividades, elas realizavam outros trabalhos, por exemplo, na agricultura, no comércio, no artesanato. Também houve mulheres que se dedicaram às atividades religiosas e se tornaram importantes sacerdotisas.
As mulheres participavam de vários eventos públicos, assistindo, por exemplo, às lutas de gladiadoresglossário , às apresentações teatrais e aos jogos. De modo geral, alguns historiadores indicam que, em comparação com as mulheres gregas, as romanas tinham mais liberdade e não ficavam tão limitadas ao ambiente doméstico.
Conquistas da plebe
No início da república, os plebeus eram excluídos do governo. Eles não podiam, por exemplo, exercer cargos da magistratura ou se casar com patrícios, mas eram obrigados a pagar impostos e a servir no exército.
Insatisfeitos com essa situação, os plebeus passaram a exigir mais participação na vida política de Roma. Para demonstrar sua força, em 494 antes de Cristo vírgula eles se negaram a servir no exército, a pagar impostos e retiraram-se da cidade. Com isso, os patrícios perceberam que Roma não conseguiria sobreviver sem a participação da plebe e fizeram concessões. Ao longo do tempo, a plebe conquistou:
- Tribunato da plebe (494 ): cr antes de Cristoiação da magistratura do tribuno da plebe, figura inviolável, que tinha poderes para anular as decisões que prejudicassem os interesses dos plebeus;
- Lei das Doze Tábuas (450 ): co antes de Cristonjunto de leis escritas, que eram válidas para patrícios e plebeus. Embora o conteúdo dessas leis fosse geralmente favorável ao patriciado, o código escrito deu clareza às normas e evitava arbitrariedades dos magistrados patrícios;
- casamento com patrícios (445 ): le antes de Cristoi que autorizava o casamento entre plebeus e patrícios. Porém, na prática, só plebeus ricos conseguiam casar-se com patrícios;
- eleição de magistrados (367 ): o antes de Cristos plebeus conquistaram o direito de serem eleitos às magistraturas como questor, edil, pretor. Em 367 , f antes de Cristooi eleito o primeiro cônsul plebeu que, após o cumprimento de seu mandato, ingressou no Senado;
- proibição da escravização por dívida (366 ): antes de Cristo proibição decorrente de muitos plebeus terem sido escravizados pelos patrícios por não conseguirem pagar suas dívidas.
As diversas conquistas não beneficiaram igualmente todos os plebeus. Cargos públicos e privilégios ficaram concentrados entre os plebeus ricos – que, por sua vez, desprezavam a maioria pobre da plebe da mesma maneira que os patrícios. Dessa forma, o povo romano continuou sendo governado por uma oligarquiaglossário de ricos poderosos que incluía tanto patrícios quanto plebeus.
Guerras e conquistas
Durante a república, Roma participou de várias guerras para defender e ampliar seu poder, território e riqueza. Entre os séculos cinco antes de Cristo e três , antes de Cristo por exemplo, os exércitos romanos passaram a controlar toda a Península Itálica.
Após a conquista da península, Roma enfrentou Cartago, próspera cidade no norte da África em plena expansão comercial. Esses confrontos, chamados Guerras Púnicas, ocorreram entre 264 antes de Cristo e 146 antes de Cristo A palavra “púnico” vem do latim e quer dizer “fenício”, em referência ao povo que fundou Cartago.
As batalhas das Guerras Púnicas foram longas e violentas, sacrificando ambos os povos em combate. Ao final, em 146 , antes de Cristo os romanos derrotaram os cartagineses. Além disso, ao longo dos séculos dois antes de Cristo e um , antes de Cristo o exército romano lutou e conquistou diversas regiões, como a da Macedônia, da Grécia, da Gália, da Hispânia, do Egito, da Capadócia e da Judeia (observe o mapa da página a seguir). Com as conquistas, os novos territórios foram transformados em províncias de Roma.
Todos esses conflitos provocaram mudanças na sociedade romana. Entre elas, a expansão do território, o aumento do número de escravizados e da miséria social em contraste com as riquezas do Estado. Essas riquezas cresceram por meio dos espólios de guerra e da arrecadação de impostos das províncias. Além disso, houve o fortalecimento do exército.
dica filme
asterics e obelics contra César (Alemanha/França/Itália). Direção de clôd zidí, 1999. 109 min.
Adaptação dos quadrinhos centrada na invasão da Gália pelos romanos. Comédia que conta a versão dos gauleses, que, ao menos nas histórias em quadrinhos e no cinema, sempre venciam os romanos.
Roma e o Mediterrâneo
Os romanos dominaram grande parte do território ao redor do Mar Mediterrâneo e, com isso, passaram a controlar a navegação que ocorria por lá. Por volta do século um , b antes de Cristooa parte dessa região estava sob o domínio romano.
Domínio romano (século I a.C.)
Em latim, “mediterrâneo” significa “no meio das terras”. O Mar Mediterrâneo recebeu esse nome porque suas águas estão rodeadas por três continentes: Europa ao norte, África ao sul e Ásia a leste. O Mediterrâneo alcança o Oceano Atlântico através do Estreito de Gibraltar.
No Mediterrâneo, ocorreram intensas trocas culturais de mercadorias, pessoas, saberes e valores. Nele, navegaram pequenos barcos a remo e grandes navios de mercadores, que transportavam até mesmo milhares de escravizados.
Nessa época, o transporte marítimo era mais rápido do que o terrestre, sobretudo em regiões de relevo montanhoso como a Península Itálica.
Atualmente, o Mediterrâneo é uma das principais rotas migratórias do mundo. Milhares de pessoas que vivenciam situações de violência e miséria, principalmente na África e na Ásia, atravessam esse mar em busca de refúgio na Europa.
PAINEL
Estradas romanas
Durante séculos, os romanos controlaram muitos territórios, impuseram suas leis e transmitiram sua cultura. Nesse processo, foi decisiva a construção de estradas. Vamos conhecer mais sobre as estradas romanas?
Estruturas das estradas
Não foram os romanos os primeiros a construir estradas, aquedutos ou pontes. No entanto, o que chama a atenção em suas obras é a qualidade do acabamento e o tamanho. Calcula-se que o percurso total das estradas pavimentadas tinha aproximadamente 85 mil quilômetros.
Para fazer uma boa estrada, era necessário seguir vários passos, entre eles:
- escolher e estudar a rota da estrada;
- preparar o terreno, cortando vegetações e retirando pedras do caminho;
- fazer um buraco de mais ou menos um metro no terreno;
- sobrepor algumas camadas de pedras e areia para construir uma estrutura sólida que aguentasse peso;
- construir um sistema de escoamento de água de chuva.
Exemplos de estradas
- Via Appia: construída no ano de 312 , antes de Cristo seu projeto inicial traçava uma rota entre duas cidades, Roma e Cápua. Essa estrada era tão bem-acabada que foi chamada pelos romanos de “A Rainha das Estradas”, em latim, Regina Viarum. Mas não se pode considerar a Via Appia um modelo típico de estrada romana, pois cada uma era construída de acordo com as condições de seu terreno.
- Via Salaria: a construção de estradas ampliou as possibilidades de comunicação e comércio entre várias regiões. Um exemplo de estrada comercial era a Via Salaria, que ficou assim conhecida porque foi construída em uma antiga rota utilizada para transportar sal. Assim como nos dias atuais, naquela época o sal era um importante tempero e conservante de alimentos.
Lutas pela liberdade
Com as conquistas territoriais, milhares de prisioneiros de guerra foram escravizados. A escravidão tornou-se uma das bases da economia romana, fornecendo mão de obra para os mais diversos trabalhos na agricultura, no artesanato, no comércio e nos serviços em geral. Apesar do predomínio da escravidão, isso não significou a eliminação do trabalho livre.
A população escravizada era formada por pessoas de diferentes origens, como cartagineses, gregos, macedônios e asiáticos. Essa população resistia à escravidão de várias formas.
Entre 136 antes de Cristo e 132 , antes de Cristo por exemplo, escravizados se revoltaram e saquearam a Sicília. Posteriormente, em 73 , o antes de Cristocorreu a maior revolta de escravizados da história romana. Calcula-se que a rebelião reuniu cêrca de 90 mil pessoas. Foi liderada por Espártaco, um gladiador forte e hábil.
Após dois anos de batalhas, os rebeldes foram cruelmente punidos. Espártaco morreu durante os confrontos com as fôrças romanas, e 6 mil de seus combatentes foram capturados e crucificados ao longo da Via Appia, para servir de exemplo aos demais escravizados.
Lutas por terra e trabalho
As guerras de conquista territorial aprofundaram as desigualdades sociais em Roma. De modo geral, a elite romana beneficiou-se com os conflitos, pois aumentou seu patrimônio em termos de terras, escravizados e metais preciosos. Nesse período, houve o crescimento de latifúndios escravistas (grandes fazendas) que produziam gêneros agrícolas e criavam animais.
Ao contrário da elite, a maioria da população ficou mais pobre. Quando retornavam das batalhas, muitos soldados plebeus, por exemplo, ficavam sem trabalho e sem terras, em consequência do aumento da escravidão e da perda de suas propriedades.
Essa situação levou vários plebeus a deixar o campo e se mudar para a cidade em busca de uma vida melhor. Nas cidades, no entanto, muitos passaram a viver na miséria e, por isso, foram chamados de proletários, isto é, aqueles que tinham filhos (prole, em latim) e poucos bens.
Tibério e Caio Graco
O aumento da miséria e da escravidão gerou conflitos sociais. Procurando resolver esses problemas, os tribunos da plebe faziam propostas de reformas, mas não conseguiam aprová-las no Senado. Foi o caso dos irmãos Tibério e Caio Graco, eleitos em diferentes momentos para o cargo de tribuno da plebe.
Em 133 , antes de Cristo Tibério Graco fez as primeiras propostas: limitar o tamanho dos latifúndios (grandes propriedades rurais) e distribuir terras e trigo aos plebeus. Os patrícios derrotaram o projeto de reforma agrária no Senado e Tibério foi morto por seus opositores.
Dez anos depois, Caio Graco retomou os projetos do irmão Tibério. Conseguiu alguns avanços, como a venda de trigo para a população por preços mais baixos. No entanto, a oposição do Senado acabou levando Caio Graco à morte. As reformas sociais fracassaram e a república enfrentou novas turbulências sociais.
Crise e fim da república
Diante dos conflitos políticos em Roma, o Senado perdeu poderes para os chefes militares. Isso ficou mais evidente em 59 , antes de Cristo quando os senadores nomearam três chefes militares: Júlio César, Crasso e Pompeu. Eles formaram uma cúpula de governo, o chamado primeiro triunvirato.
Posteriormente, surgiram disputas entre esses três chefes militares. No final, Júlio César venceu seus rivais, assumiu altos cargos e obteve grande popularidade. Acumulou o cargo de cônsul, tribuno, sumo sacerdote, supremo comandante do exército e, por fim, de ditador vitalício. Durante seu governo, construiu obras monumentais, reorganizou o governo, distribuiu terras aos cidadãos com famílias maiores e impulsionou a colonização das províncias.
responda oralmente
para pensar
A população brasileira vive de maneira extremamente desigual. Como essas desigualdades sociais se expressam em seu dia a dia? De que modo você as percebe?
Com tantas realizações e tantos poderes, César despertou contra si o ódio de muitos patrícios. Diziam que César pretendia proclamar-se rei. Foi então que um grupo de senadores, liderado por Bruto e Cássio, acusou César de pretender acabar com a república. Ao comparecer ao Senado, César foi assassinado pelos opositores, em 44 antes de Cristo
Com a morte de César, líderes políticos como Marco Antônio (apoiado pelos plebeus), Otávio (sobrinho e herdeiro de César) e Lépido (general competente) formaram o segundo triunvirato, em 43 antes de Cristo Aliaram-se para combater os senadores que conspiraram contra Júlio César. Sufocada a conspiração, Marco Antônio, Otávio e Lépido entraram em disputas políticas. Ao final dessas disputas, Otávio saiu-se vitorioso e, a partir de 27 , antes de Cristo tornou-se o principal governante de Roma e suas províncias, como estudaremos no próximo capítulo.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
1. Relacione os nomes dos grupos sociais com suas descrições.
- Patrícios
- Plebeus
- Clientes
- Escravizados
- Grupo formado, basicamente, por prisioneiros de guerra e por plebeus que não conseguiram pagar suas dívidas.
- Parcela da população que trabalhava para os patrícios em troca de proteção e ajuda econômica.
- Formavam a elite romana, que concentrava poder político e econômico.
- Formavam a maioria da população, trabalhando em diversas atividades. Podiam enriquecer e, até o início da república, não tinham direitos políticos.
- Durante a república, os plebeus lutaram por uma vida melhor e, com isso, conseguiram alguns direitos. Cite exemplos de conquistas dos plebeus e, depois, explique se essas conquistas beneficiaram todos os plebeus igualmente.
- Identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta em seu caderno.
- As conquistas militares promoveram expansão territorial, concentração de riquezas, aumento do número de escravizados e o domínio do Mar Mediterrâneo.
- O contrôle do Mar Mediterrâneo impediu as trocas culturais entre Europa, África e Oriente Médio.
- As mulheres romanas não tinham direitos políticos, mas podiam participar de eventos públicos, como lutas de gladiadores e apresentações de teatro.
- A revolta liderada por Espártaco foi um grande exemplo de resistência contra a escravidão.
- Júlio César foi acusado de conspirar contra o Império e, por isso, foi assassinado.
integrar com matemática
Interpretar texto e imagem
4. Em dupla, leiam o texto a seguir sobre a Roma antiga. Depois, façam os cálculos e reflitam sobre a diferença de remuneração conforme o tipo de trabalho.
“Havia grande desigualdade social em Roma antiga. Em meados do século dois , historiadores estimam que um trabalhador livre ganhava antes de Cristo cêrca de 50 sestérciosglossário por mês. Já um senador ganhava por volta de 8300 sestércios por mês.”
CORASSIN, Maria Luiza. A reforma agrária na Roma antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988. página 47-48.
- Quanto recebiam por mês, aproximadamente, um trabalhador livre e um senador romano? Calcule quantas vezes um senador romano ganhava a mais que um trabalhador comum.
- Atualmente, qual é o valor do salário mínimo no Brasil e quanto recebe por mês um senador brasileiro? Calcule quantas vezes um senador brasileiro recebe a mais que um trabalhador que ganha salário mínimo.
- Pesquise quais profissões, em média, recebem remuneração mais alta e quais recebem baixa remuneração. Levante hipóteses que poderiam explicar a diferença de rendimento entre as profissões. Elabore argumentos e compartilhe com os colegas um breve relatório com suas conclusões.
5. Leia o texto a seguir com atenção e, depois, responda às questões.
Mundo interligado
Com a expansão do Império Romano, expandiram-se também suas estradas. Elas foram importantes do ponto de vista militar, porque permitiam o deslocamento rápido das tropas, e comercial, uma vez que por elas circulavam viajantes e mercadorias. Ao facilitar o transporte e a comunicação, as estradas aproximaram culturas variadas.
No mundo atual, os setores de transporte e de comunicação passaram por transformações aceleradas. Vivemos em um planeta interligado por redes físicas (estradas, linhas aéreas, rotas marítimas) e virtuais, especialmente redes de comunicação. É cada vez maior a quantidade de pessoas, informações, bens e serviços que circulam pelo mundo.
Texto elaborado pelos autores.
- Qual era a importância das redes de comunicação e transporte para o Império Romano?
- Quais são os meios de transporte e de comunicação que você mais utiliza?
6. No século dois a.C., durante a República Romana, Tibério Graco fez o seguinte discurso sobre os soldados plebeus:
“Os animais selvagens espalhados pela Itália têm, cada um, seu buraco, seu antro reticências e aqueles que combatem e morrem pela Itália só têm o ar e a luz: nada mais. Sem casa, sem morada fixa, perambulam com suas mulheres e filhos. reticências
[Esses soldados] Fazem a guerra e morrem unicamente pelo luxo e a opulência de outrem: nós os chamamos de senhores do mundo, mas eles não possuem sequer um torrão de terra.”
PLUTARCO. Vida de Tibério Graco. apud GOVERNO do Estado de São Paulo. Secretaria de Educação/Cenp. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: ésse ê/Cenp, 1979. página 65.
- Quem é o autor do discurso? Qual é data do documento?
- O que o autor está denunciando?
- Que cargo político o autor do texto desempenhou em Roma? Que reformas ele propôs?
Glossário
- Tito Lívio
- : escritor romano nascido aproximadamente em 59 a.C., que buscou relatar a história de Roma do momento de sua fundação até o início do século um
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- Abóbada
- : construção em forma de arco, que se apoia sobre paredes ou colunas e serve para cobrir um espaço.
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- Gladiador
- : pessoa que lutava com outras pessoas ou animais ferozes para entretenimento do público. Em geral, os gladiadores eram escravizados ou prisioneiros de guerra.
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- Oligarquia
- : governo exercido por um pequeno grupo de pessoas, por uma elite da sociedade.
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- Sestércio
- : antiga moeda romana.
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