UNIDADE 4 SOCIEDADE E RELIGIÃO

CAPÍTULO 10 BIZÂNCIO E ISLAMISMO

Os bizantinos e os árabes fundaram duas importantes religiões monoteístas: o cristianismo ortodoxo e o islamismo.

Atualmente, calcula-se que existem mais de 200 milhões de cristãos ortodoxos ecêrcade 1,3 bilhão de seguidores do islamismo. Neste capítulo, vamos estudar aspectos das sociedades bizantina e árabe, bastante marcadas pela religiosidade.

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responda oralmente

para começar

Qual elemento cultural você considera marcante na sociedade em que vive? Pense em exemplos como música, esporte, lazer, trabalho, religiãoetcétera

Fotografia. Um grupo de homens em pé, enfileirados lado a lado. Destaque para um homem com barba volumosa e grisalha, vestindo um manto branco, azul e dourado e um chapéu preto, segurando uma bandeja com uma cruz, ao centro. Nas laterais, edifícios e construções.
Sacerdote ortodoxo carregando uma cruz durante a cerimônia do Dia da Epifania, comemorado em 6 de janeiro, na cidade de Tessalônica, Grécia. Fotografia de 2019. Essa cerimônia é celebrada todos os anos pelos cristãos ortodoxos e relembra o batismo de Jesus.
Fotografia. Um grupo de rapazes de diferentes idades, todos vestindo roupas brancas rodadas e chapéus marrons sem abas, realizando posições de dança, com os braços cruzados sobre seus peitos. Sobre o chão, uma tapeçaria vermelha com detalhes dourados. Ao redor, pessoas sentadas em cadeiras observam.
Dervixes em cerimônia durante o mês do Ramadã, em Damasco, Síria. Fotografia de 2021. Os dervixes são adeptos do sufismo, uma corrente mística do islamismo. Entre seus rituais, há uma dança em que os praticantes rodopiam como fórma de adoração.
Fotografia. Uma multidão de homens ajoelhados no interior de um grande templo, lado a lado. Pendem do teto lustres iluminados e placas arredondadas com textos islâmicos.
Muçulmanos oram na Mesquita de Santa Sofia, em Istambul, Turquia. Fotografia de 2022.

Império Bizantino

A capital do Império Romano do Oriente era Constantinopla, que foi fundada no lugar onde existia a antiga colônia grega de Bizâncio, por isso o império ficou conhecido também como “Império Bizantino”.

Foi durante o governo de Justiniano (527-565) que o Império Bizantino se expandiu. Para reconquistar territórios que haviam pertencido ao Império Romano, Justiniano promoveu campanhas militares, combatendo germanos, persas e eslavos.

Império Bizantino: expansão territorial (século VI)

Mapa. Império Bizantino: expansão territorial (século seis). Destaque para parte da Europa, Ásia e África banhados pelos mares Mediterrâneo, Negro e Vermelho. Em verde claro, Império Bizantino, compreendendo áreas no leste da Ásia, no norte da África e no sul da Europa, abrangendo as cidades de Constantinopla, Tessalônica, Éfeso, Edessa, Atenas, Sinope, Selêucia, Trebizonda, Antioquia, Tarso, Jerusalém, Cairo, Alexandria, Cirene e Ptolemaida. Em verde listrado, Territórios do antigo Império Romano do Ocidente retomados pelos bizantinos no reinado de Justiniano, compreendendo áreas no norte da África e no sul da Europa, incluindo as cidades de Cartagena, Milão, Ravena, Roma, Cesareia, Cartago e Trípoli. No canto inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 420 quilômetros.
Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de êti ól Atlas histórico escolar.oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 96-97; rrérman, quínder; Ríguelmãn, Vérner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982.página 144.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

  1. Cite algumas cidades que foram retomadas pelos bizantinos no século seis.
  2. Nessa época, em quais continentes o Império Bizantino tinha territórios?

Tantas guerras trouxeram grandes despesas: era preciso pagar os soldados, fornecer armas para o exército e sustentar seu abastecimento. Para cobrir esses gastos, os governantes cobravam altos impostos da população.

Além de suas conquistas militares, Justiniano se destacou por suas realizações no campo do Direito. Logo que assumiu o poder, ele encarregou importantes juristas de organizarem normas do Direito romano adaptando-as às necessidades do cristianismo. Esse trabalho resultou no Código de Justiniano e em outras obras jurídicas. Por meio delas, muitas instituições do Direito romano chegaram aos nossos dias.

A partir do governo de Justiniano, os imperadores bizantinos usaram a religiosidade cristã para consolidar o poder e manter a unidade do império. Adotando o título de basileu (do grego, “autoridade suprema”), os imperadores tinham poder para mandar nos assuntos do Estado e da Igreja. Essa união do poder político (césar) e do poder religioso (papa) nas mãos do imperador bizantino é chamada césaropapismo.

Economia

A agricultura e o pastoreio eram atividades fundamentais na economia bizantina. No entanto, a produção de alimentos não era suficiente para atender satisfatoriamente às necessidades da maioria da população.

Ao lado da produção agropastoril, o comércio bizantino era uma das principais atividades econômicas do império. Essa atividade era favorecida pela localização de Constantinopla, pois a cidade ficava no caminho de rotas comerciais que ligavam a Europa à Ásia. Os principais produtos comercializados no império incluíam:

  • artigos de luxo: perfumes, seda, porcelana e vidro, feitos por artesãos chineses, árabes, persas ou indianos e revendidos aos europeus ricos;
  • produtos agrícolas: trigo, especiarias, vinho e azeite, produzidos no norte da África, na Grécia e na Síria;
  • artesanato: joias, tecidos e artigos de ouro e marfim feitos em cidades bizantinas.

O comércio ativo e lucrativo contribuiu para o desenvolvimento da vida urbana. Constantinopla permaneceu como a principal cidade do império, atingindo cêrca de um milhão de habitantes no século onze. Mas existiram outras cidades importantes, como Tessalônica, Niceia, Trebizonda e Tarso.

Gravura. Uma cidade cercada por muros e torres de pedra em disposição circular. Em seu interior há casas, árvores, moinhos, templos e castelos. Ao redor há outras construções e ao fundo cadeias de montanhas.
Gravura do século quinzerepresentando Constantinopla na Idade Média.

Com o objetivo de controlar os preços e o abastecimento das cidades, o governo bizantino interferia nas atividades econômicas do império. Era dono de negócios de pesca e de produção de metais, armas e tecidos. Além disso, supervisionava a qualidade e a quantidade de mercadorias produzidas.

Moeda. Objeto circular de metal, contendo uma cruz no centro e inscrições ao redor.
Moeda de prata que circulava em Constantinopla, capital do Império Bizantino, cêrca de 720-741.

Grupos sociais

A maioria da população do Império Bizantino era formada por servos e escravizados, que trabalhavam em grandes propriedades rurais (latifúndios). Os grandes proprietários rurais eram os mosteiros e os nobres.

Quase todo o trabalho nos latifúndios era feito pelos servos, que dependiam da terra para viver. Além da agricultura e da criação de animais, os servos e os escravizados do campo trabalhavam nos serviços domésticos, na mineração e na construção civil.

Já nas cidades bizantinas, a população era formada por diversos grupos sociais, como escravizados, artesãos, pequenos comerciantes e funcionários de médio e baixo escalão do governo. Os artesãos organizavam-se em corporações de ofício, formadas por quem trabalhava no mesmo ramo – como carpintaria, tecelagem ou sapataria.

Além desses grupos, havia uma elite urbana composta de grandes comerciantes, donos de oficinas de artesanato, membros do clero e altos funcionários do governo. Eles consumiam artigos de luxo, como roupas de lã e seda bordadas com fios de ouro e prata, vasos de porcelana e tapeçarias.

A vida em Constantinopla era considerada mais confortável do que em outras cidades bizantinas. No entanto, essa condição não era desfrutada por todos. Os trabalhadores livres que ganhavam pouco, por exemplo, nem sempre conseguiam comprar roupas e pagar por uma moradia. Muitos viviam pelas ruas de fórma miserável.

Ilustração. Pessoas vestindo diferentes trajes: 1 – Homem de cabelo curto e barba grisalha, vestindo túnica vermelha e roxa com manto azul; 2 – Homem de cabelo curto e barba curta castanho, vestindo túnica roxa e verde com manto vermelho; 3 – Homem de cabelo curto castanho, vestindo túnica verde e vermelha com manto roxo e dourado; 4 – Homem de cabelo curto e barba curta castanha e chapéu branco em formato cilíndrico, vestindo manto vermelho, dourado e azul; 5 – Homem de cabelo curto castanho e chapéu branco em formato cilíndrico, vestindo manto roxo; 6 – Homem de cabelo curto e barba longa branca, vestindo manto branco e azul com faixa branca e cruzes vermelhas, está segurando um livro dourado e vermelho; 7 e 8 – Dois homens de cabelo curto e barba curta castanha, chapéu vermelho, vestindo manto vermelho, dourado e azul; 9 – Homem de cabelo curto e barba média castanha, vestindo túnica vermelha e manto verde; 10 – Homem de cabelo curto e barba longa castanha, vestindo túnica branca e manto vermelho; 11 – Homem de cabelo curto castanho, vestindo túnica vermelha e manto verde; 12 – Em branco e preto, banco adornado com um manto. 13 – Ilustração em preto e branco de um homem calvo com cabelo lateral, vestindo túnica e um manto; 14 – ilustração em preto e branco de um homem de cabelo curto, vestindo túnica longa, sentado em um trono, segurando um cetro; 15 – castiçal longo com uma vela acesa; 16 – Homem de cabelo curto e barba longa branca, vestindo túnica azul e manto rosa e dourado, está segurando um livro vermelho e dourado; 17 – Ilustração em preto e branco de homem de chapéu cônico, vestindo túnica longa com faixa central com cruzes; 18 – Homem de cabelo curto e barba longa grisalha, vestindo túnica laranja e manto azul, está segurando um livro vermelho e dourado; 19 – Homem de cabelo curto grisalho, vestindo manto longo dourado e azul, está sentado em um trono; 20 – Homem de cabelo curto castanho, vestindo túnica azul e manto roxo, está sentado em um trono marrom e vermelho e usa uma coroa; 21 – Mulher de cabelo longo castanho, vestindo túnica verde com manto marrom, segurando um livro vermelho e dourado, está sentada em um banco azul e vermelho; 22 - Em branco e preto, trono adornado com um manto.
Ilustração de trajes civis e religiosos do Império Bizantino, entre os séculos cinco e onze, extraída do livro História da moda, do ilustrador Albert Racinet, 1876.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

BELTRÃO, Cláudia. O mundo bizantino. São Paulo: FTD, 2002. (Coleção Para conhecer melhor).

Obra sobre o mais duradouro império da Idade Média: aspectos geográficos, o governo de Justiniano, a economia, a sociedade, a religião, a administração e a vida cotidiana.

Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

Museu Bizantino e Cristão

Disponível em: https://oeds.link/bgKaup. Acesso em: 4 janeiro 2022.

A página conta a história do Museu Bizantino e Cristão, em Atenas, descreve a arquitetura do edifício e seus jardins e apresenta o acervo.

Revolta de Nika

O Hipódromo de Constantinopla era uma grande arena com capacidade para, aproximadamente, 50 mil pessoas. Lá eram realizados espetáculos teatrais, festas populares e corridas de cavalo. Era um dos poucos lugares públicos onde a multidão tinha certo contato com o imperador, que comparecia frequentemente aos espetáculos.

No hipódromo, dois grandes grupos rivais se reuniam e expressavam suas reivindicações ao imperador. Eram os Verdes, do qual participavam comerciantes e artesãos, e os Azuis, compostos sobretudo de aristocratas rurais. Esses grupos mantinham variadas disputas políticas, esportivas e religiosas. Segundo historiadores, eles se pareciam com as atuais “torcidas organizadas”.

Em 532, o hipódromo estava lotado de torcedores Verdes e Azuis. Após uma corrida de cavalos, houve dúvida sobre quem teria vencido a disputa. O imperador Justiniano estava presente e quis escolher o vencedor. Mas os grupos políticos, que estavam divididos entre os dois competidores, começaram a gritar: Nika! Nika! (“Vitória! Vitória!”, traduzido do grego). Cada grupo desejava que seu competidor favorito fosse o vitorioso.

A confusão do jogo tornou-se um violento protesto popular. Do hipódromo, o conflito foi para as ruas e se transformou em uma rebelião com saques, destruições e incêndios. Justiniano pensou em fugir, mas desistiu depois de ouvir os conselhos de sua esposa, Teodora. Ele mandou reprimir os revoltosos, massacrando cêrca de 35 mil pessoas.

O estopim da Revolta de Nika ocorreu durante um espetáculo esportivo. No entanto, as causas da revolta eram amplas e profundas. Quando analisadas, revelam, por exemplo, a insatisfação popular em relação aos altos impostos cobrados pelo governo.

Esculturas. Quatro cavalos metálicos em exposição. Estão lado a lado, com as patas em suportes no chão. Ao fundo, paredes de tijolos.
Cavalos de bronze de Constantino, também conhecidos como Cavalos de São Marcos ou Quadriga triunfal. Esculturas feitas no séculoquatroantes de Cristo, possivelmente pelo grego Lísipo, que teriam sido enviadas no século quatro Depois de Cristoa Constantinopla, para ornamentar o hipódromo.

Cisma do Oriente

Além das tensões sociais, ocorreram diversos conflitos religiosos e políticos entre autoridades do Império Bizantino e da Igreja Católica Romana. Ao longo dos séculos, esses conflitos resultaram no Grande Cisma do Oriente (1054), que dividiu o mundo cristão em duas Igrejas:

  • a Igreja Ortodoxa, com séde em Constantinopla e sob o comando do patriarca da cidade, indicado pelo imperador bizantino;
  • a Igreja Católica, com séde em Roma e sob o comando do papa.
Mosaico. Um homem de barba e cabelos castanhos, vestindo uma túnica azul ao centro, segurando um livro com uma das mãos contendo uma cruz cravejada na capa. Nas laterais, um homem e uma mulher, ambos vestindo túnicas coloridas e coroas cravejadas de pedras coloridas. Os três apresentam auréolas circulares ao redor de suas cabeças.
Mosaico do séculoonzeque mostra Jesus Pantocrator (“o criador de tudo”) entre o imperador Constantinonove e a imperatriz Zoe. Foi nessa época que ocorreu o Grande Cisma do Oriente.

Declínio do Império Bizantino

Ao longo de sua história, o Império Bizantino foi alvo de constantes ataques externos. Apesar disso, o império durou até a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453. Essa data é usada como marco tradicional para indicar o fim da Idade Média.

Uma das consequências do domínio turco foi o aumento dos preços e dos impostos cobrados dos comerciantes europeus que iam a Constantinopla comprar produtos asiáticos. Assim, esses produtos ficaram mais caros e mais difíceis de ser encontrados na Europa Ocidental.

O Império Bizantino chegou ao fim, mas aspectos de sua cultura foram preservados por diversas sociedades do Ocidente e do Oriente. Muitos sábios bizantinos mudaram-se para a Itália, levando seus conhecimentos da cultura greco-romana.

Pintura. Multidão de homens adentrando uma edificação com abertura em arco sobre muros de pedra. Eles vestem túnicas coloridas e lenços brancos ao redor da cabeça. Portam espadas, lanças e hastes com bandeiras. Destaque para um homem, ao centro, sobre o dorso de um cavalo de pelagem escura, utilizando uma coroa na cabeça e empunhando uma haste com tecido verde. Sobre o solo, corpos de pessoas amontoados. Em segundo plano nota-se fumaça escura.
Entrada de Maomé segundo em Constantinopla em 29 de maio de 1453, óleo sobre tela de Jean-Joséf Benjamin-Constant, 1876. Essa obra representa a conquista dos bizantinos pelo sultão do Império Otomano.

Cultura bizantina

No Império Bizantino, viviam pessoas de diferentes povos: egípcios, gregos, persas, eslavos, sírios e judeus. As trocas culturais entre esses povos resultaram na diversidade cultural bizantina, caracterizada por elementos de diversas origens, como a religião cristã, a língua grega, o Direito romano e a arquitetura de inspiração persa.

Religião cristã

O cristianismo era a religião oficial do império. O patriarca de Constantinopla era o chefe da Igreja Ortodoxa, mas ele estava subordinado, na prática, ao imperador bizantino, considerado representante de Deus.

Em Constantinopla, aconteciam diversos debates sobre doutrinas religiosas. Uma dessas doutrinas foi a iconoclastia, palavra que significa “quebra de imagens”. Os ícones eram representações de imagens sagradas, de santos ou de Jesus Cristo. Os adeptos da iconoclastia se opunham ao culto das imagens dos santos e pregavam a destruição das estátuas das igrejas.

A questão iconoclasta estava associada a disputas políticas entre o imperador e os sacerdotes dos mosteiros, que produziam imagens de santos às quais atribuíam poderes milagrosos. Para conter o poder dos mosteiros, o imperador Leão terceiro proibiu a adoração de imagens em 730. A proibição durou até 787 e foi retomada em 813, quando o imperador Leão quinto procurou novamente estabelecer a iconoclastia, que mais uma vez foi banida em 843.

Manuscrito. Sequência de textos e ilustrações de pessoas vestindo túnicas e mantos coloridos, algumas delas com auréolas ao redor das cabeças. Na lateral esquerda, dois homens seguram uma imagem do rosto de Cristo. Na parte inferior da imagem, os mesmos homens conversam com outro homem sentado sobre um trono. Ao lado deles, três homens destroem uma imagem do rosto de Cristo.
Página manuscrita do Salmo 25, escrita e ilustrada por Teodoro de Cesareia em 1066. Nela, Nicéforo, patriarca de Constantinopla, e Teodoro Estudita, monge bizantino, adversários dos iconoclastas, estão com uma imagem de Cristo. Abaixo, eles aparecem em discussão com o imperador Leão quinto, enquanto iconoclastas destroem a imagem.

Após o declínio do Império Bizantino, o cristianismo ortodoxo chegou a outras partes do mundo, inclusive ao Brasil, graças às migrações ocorridas nos séculos dezenove e vinte. Atualmente, calcula-se que existam no mundo cêrca de 250 milhões de cristãos ortodoxos, sendo uma das principais religiões de libaneses, sírios, gregos, russos, ucranianos, sérvios e outros povos da Ásia e da Europa Oriental.

Fotografia. Vista de fachada lateral de uma catedral com paredes brancas, torres laterais e tetos dourados formando cúpulas arredondadas. No ápice da cúpula central, maior, e das cúpulas das torres laterais, menores, há cruzes.
Cúpula da Catedral Metropolitana Ortodoxa, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2019.

Língua grega e produção artística

Inicialmente, as obras literárias bizantinas eram escritas em latim, mas, com o tempo, a língua grega tornou-se a mais importante do império, sendo utilizada nos textos do governo e da Igreja. O grego era falado na capital e em outras regiões do império.

As obras literárias, em prosa ou poesia, eram manuscritas e recebiam ricas decorações, chamadas iluminuras. Além de escrever obras originais, muitos autores bizantinos também reuniram, copiaram e traduziram textos da Antiguidade greco-romana, ajudando a preservá-los.

Os bizantinos também se destacaram por suas pinturas, mosaicos e esculturas. Os afrescos representando anjos, santos e autoridades religiosas foram um tipo de pintura decorativa frequente no Império Bizantino. Grande parte dessas obras era encontrada nas igrejas e em casas mais luxuosas.

Afresco. Ao centro, um homem de cabelos castanhos compridos e rosto barbado, vestindo uma túnica branca, com uma auréola ao redor de sua cabeça. Está cercado de várias pessoas, algumas delas ajoelhadas ao seu lado.
Afresco bizantino na Igreja do Santo Salvador, em Istambul, Turquia, produzido no séculocatorze, representando a ressurreição de Jesus Cristo.

Os mosaicos bizantinos eram feitos geralmente com pedaços de pedras e vidros coloridos, colados sobre um vidro claro e recobertos por folhas de ouro. Os mosaicos bizantinos costumavam representar animais, plantas e figuras religiosas ou políticas.

Mosaico. Homem com cabelos castanhos, longos e lisos, o rosto barbado e uma auréola ao redor de sua cabeça. Veste uma túnica amarela e um manto azul.
Mosaico representando Jesus Cristo, séculotreze. A obra encontra-se na Igreja de Santa Sofia, em Istambul, Turquia.

Já as esculturas bizantinas serviram principalmente aos ideais religiosos. Feitas em ouro, marfim ou vidro e em baixo-relevo, essas obras podiam ser encontradas tanto em edifícios como em capas de livros.

Mosaico. Homem vestindo um manto roxo com pedrarias e uma coroa na cabeça cravejada com pedras coloridas. Ao redor de sua cabeça há um aro vermelho com círculos brancos.
Detalhe de mosaico representando o imperador Justiniano. Essa obra foi produzida no século seise está na Basílica de Santo Apolinário Novo, em Ravena, Itália.

PAINEL

Santa Sofia

Na arquitetura bizantina, destacam-se as igrejas e os mosteiros, que expressavam o domínio do Estado sobre os assuntos religiosos. Um exemplo marcante é a Igreja de Santa Sofia (nome que, em grego, significa “sagrada sabedoria”).

  • O projeto arquitetônico da Igreja de Santa Sofia serviu de modelo para a construção de muitas igrejas no Ocidente e no Oriente.
  • Ela foi construída no séculoquatro e reconstruída entre 532 e 537, logo depois de ter sido incendiada durante a Revolta de Nika.
  • Foram utilizadas cêrca de 18 toneladas de ouro em sua decoração.
  • Quando foi transformada em mesquita, os mosaicos bizantinos foram cobertos com uma camada de cal. No século vinte, porém, esses mosaicos foram restaurados, assim como o restante do antigo templo ortodoxo, e a construção se tornou um museu. Em 2020, Santa Sofia foi reconvertida em mesquita.
Fotografia. Vista da fachada de um templo, com quatro torres verticais pontiagudas e uma cúpula central com teto azulado. Está cercada por árvores e flores. A fotografia foi numerada de 1 a 3.
Vista de Santa Sofia, em Istambul, Turquia. Fotografia de 2018.
  1. Suas fachadas são relativamente simples, como as da maioria dos templos bizantinos, mas toda a parte interna é luxuosamente decorada. Marfim, pedras preciosas e mosaicos cobrem paredes, teto e vitrais.
  2. A cúpula tem 34 metros de diâmetro, 56 metros de altura e parece flutuar sobre a base quadrada.
  3. Depois da conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos no século quinze, a Igreja de Santa Sofia foi transformada em uma mesquita muçulmana e recebeu a adição de quatro minaretes (torres).

Mundo islâmico

A civilização árabe desenvolveu-se na Península Arábica, localizada no sudoeste da Ásia. É uma região de clima quente e seco, onde desertos ocupam 80% do território. Observe no mapa a área compreendida pela Arábia no século seis.

Arábia: ocupação (século seis)

Mapa. Arábia: ocupação (século seis). Destaque para área do Oriente Médio. Em marrom, Arábia na época de Maomé, compreendendo grande parte da Península Arábica, banhada pelo Mar Vermelho, o Oceano Índico e o Golfo Pérsico. Compreende a cidade Yatreb (Medina) e uma cidade importante, representada por um quadrado escuro: Meca. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 650 quilômetros.
Fonte: Quínder, Rérmãn; Ríguelmãn, Vérner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982.página 124.

Até o século VII, os árabes não formavam um Estado único. Na Península Arábica, grupos de famílias (ou clãs) viviam sob a liderança de alguns homens mais velhos, chamados xeiques. Os diversos clãs compartilhavam laços culturais e de parentesco. Todos falavam o mesmo idioma (árabe), com variações regionais, e adoravam várias divindades.

O principal centro religioso da Península Arábica era a cidade de Meca, onde havia um templo chamado Caaba. Ali havia representações de divindades e objetos sagrados, como a Pedra Negra (que provavelmente é um pedaço de meteorito).

O templo da Caaba contribuiu para transformar Meca no maior centro cultural dos árabes. A cidade tornou-se movimentada, recebendo pessoas e mercadorias de muitos lugares.

Fotografia. Três homens em um deserto, conduzindo camelos e dromedários em fila.
Árabes se deslocando pelo deserto de Rub’al-Khali, na província de Najran, Arábia Saudita. Fotografia de 2020. As jornadas pelo deserto, tendo camelos e dromedários como animais de carga e de transporte de pessoas, são uma herança que permaneceu ao longo dos séculos.

Maomé e o islamismo

A construção de um Estado árabe ocorreu com a criação do islamismo. A religião islâmica é monoteísta e foi fundada por Maomé (570-632). Os seguidores do islamismo são chamados muçulmanos (do árabe muslim, que significa “entrega a Deus”).

Quando jovem, Maomé era um comerciante de Meca. Em suas viagens pela Península Arábica, ele entrou em contato com adeptos do cristianismo e do judaísmo.

Segundo a tradição muçulmana, o anjo Gabriel apareceu a Maomé e revelou que ele era um emissário de Alá (em árabe, “o Deus”). Maomé, então, iniciou suas pregações religiosas. Dizia que as várias divindades cultuadas na Caaba deveriam ser destruídas e que Alá era o único Deus.

Os sacerdotes e os comerciantes de Meca reagiram às pregações de Maomé. Em 622, houve um conflito que obrigou Maomé a deixar Meca e refugiar-se em Yatreb, posteriormente chamada de Medina, a “cidade do profeta”. Esse episódio marca o início do calendário muçulmano e é conhecido como Hégira, que significa “fuga” ou “emigração”.

Fotografia. Destaque para uma edificação quadrada e preta, com ornamentos dourados, chamada Caaba, localizada em um pátio à céu aberto, de piso branco, no interior de um templo. Pessoas estão distribuídas ao redor da Caaba. Nas laterais, colunas em forma de arco.
Peregrinos visitando a Caaba, em Meca. Fotografia de 2021. Situadas na atual Arábia Saudita, as cidades sagradas do islamismo – Meca e Medina – recebem todos os anos, no mês do Ramadã, milhões de peregrinos muçulmanos.
Fotografia. Vista da fachada de uma mesquita, com paredes de tijolos, três portas centrais com estruturas em arco na parte superior, teto horizontal plano e duas estruturas laterais contendo projeções aéreas com linhas e losangos na superfície.
Fachada da Mesquita do Profeta, em Medina. Fotografia de 2019. Durante sua peregrinação a Meca, muitos muçulmanos costumam visitar Medina e a Mesquita do Profeta, onde fica o túmulo de Maomé.

Formação da Arábia islâmica

Em Medina, Maomé e seus seguidores difundiram o islamismo e construíram a primeira mesquita de que se tem notícia. Também organizaram um exército formado por fiéis.

Em 630, esse exército conquistou Meca e destruiu as representações das divindades na Caaba. Esse templo tornou-se um local de orações para Alá, e a Pedra Negra foi preservada e incorporada à tradição islâmica.

O islamismo difundiu-se por toda a Arábia, e seus habitantes foram se unificando em torno da nova religião. Foi por meio dessa identidade religiosa que surgiu o primeiro Estado muçulmano.

Fundamentos do islamismo

A religião islâmica prega a submissão dos fiéis a Alá. Em árabe, “islã” ou “islão” significa “submissão”. Daí surgiu a palavra “islamismo”.

Os fundamentos do islamismo encontram-se no Corão, o livro sagrado dos muçulmanos. Esse livro também é chamado de Alcorão, que significa “a leitura”. O Corão apresenta Alá como Deus criador do Universo, bom e justo, a quem as pessoas devem obedecer.

Segundo o Corão, a recompensa para os bons e o castigo para os maus virão no dia do Juízo Final. Os maus irão para o inferno e os bons, para o paraíso, onde permanecerão por toda a eternidade.

De acordo com os ensinamentos do islamismo, todo fiel deve:

  • crer em Alá e nos ensinamentos de Maomé, o grande profeta;
  • fazer cinco orações diárias;
  • ser generoso com os pobres e fazer caridade;
  • ir em peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida, se possível;
  • jejuar durante o Ramadã, nono mês do calendário islâmico. Esse jejum religioso vai do nascer ao pôr do sol.

Há ainda outras normas que orientam a vida dos muçulmanos. Por exemplo, os fiéis são proibidos de comer carne de porco, consumir bebidas alcoólicas e praticar jogos de azar.

O Corão também proibiu os muçulmanos de escravizar outra pessoa da mesma religião. Por isso, a partir do século sete, os escravizados que se convertiam ao islamismo eram libertados. No entanto, a escravidão continuou a existir entre os árabes. Eles passaram a escravizar não muçulmanos, como os negros da África ao sul do Saara.

Manuscrito. Página com textos escritos em árabe com letras douradas.
Reprodução de página manuscrita do Corão. A caligrafia destaca-se como uma fórma de arte entre os muçulmanos. O termo “caligrafia” deriva do grego cali = belo + grafia = escrita.

Sunitas e xiitas

Com a morte de Maomé, em 632, o Estado muçulmano passou a ser governado por califasglossário . Começaram a aparecer, então, desacordos entre alguns grupos muçulmanos, sendo os principais os sunitas e os xiitas.

Os sunitas defendem que o califa, chefe de Estado muçulmano, deve ser um homem honrado e respeitador das leis. Além do Corão, aceitam os atos e as palavras atribuídos a Maomé e seus companheiros como fonte de ensinamentos religiosos. Esses atos e palavras constituem as sunas, que foram registradas em narrativas chamadas radí ou radif.

Os xiitas defendem que o Estado muçulmano deve ser chefiado por um descendente legítimo ou aparentado de Maomé. Acreditam que o Corão é a única fonte sagrada da religião e afirmam que os aiatolás, chefes das comunidades islâmicas, são inspirados diretamente por Alá e, portanto, todos os fiéis devem obedecer a eles.

Atualmente, os xiitas vivem principalmente no Iraque, no Irã e no Iêmen. Nas outras regiões do mundo islâmico predominam os sunitas, que correspondem a aproximadamente 84% dos muçulmanos de hoje.

Fotografia. Homens ajoelhados no chão sobre tapetes coloridos. Estão posicionados lado a lado, em uma rua asfaltada. Suas mãos estão estendidas para frente. Ao fundo, edificação chamuscada, com marcas de explosão.
Homens sunitas e xiitas orando juntos em cerimônia realizada em local onde aconteceu um atentado terrorista, em Bagdá, no Iraque. Fotografia de 2016.
Fotografia. Destaque para uma mulher vestindo um lenço preto ao redor da cabeça e do pescoço e uma máscara preta à frente de seu nariz e boca. Ela segura um pôster com a imagem de dois homens em idade avançada, com barbas volumosas grisalhas e turbantes escuros na cabeça. No fundo do pôster, a imagem da bandeira do Irã.
Iraniana segura um pôster com a imagem de dois aiatolás iranianos: ruroláKhomeini (1902-1989), fundador da República Islâmica do Irã, em 1979, e Ali Khamenei (1939-), atual líder do país, em Teerã, no Irã. Fotografia de 2021.

Expansão islâmica

Após a morte de Maomé, os árabes muçulmanos deram início à conquista de territórios fóra da Península Arábica. Sob a liderança dos califas, entraram em guerra com outros povos. Entre os motivos dessa expansão, podemos destacar: a busca de terras férteis; o interesse em ampliar o comércio; a luta contra os que não seguiam o islamismo (a chamada “guerra santa” ou jihad).

Territórios conquistados

Os exércitos muçulmanos guerrearam contra os habitantes do Império Bizantino e conquistaram a Síria, a Palestina, o Egito e outras regiões do norte da África. Depois, dirigiram-se para o Oriente e dominaram a Pérsia e parte da Índia, da China e da Ásia Central. Também avançaram sobre a Europa, dominando quase toda a Península Ibérica. Quando tentaram estender-se em direção ao Reino dos Francos, foram detidos pelos soldados comandados por Carlos Martel, na Batalha de Poitiers, em 732.

No século VIII, o poder central já enfrentava crises internas nas várias áreas que tinham sido conquistadas. Uma das causas dessas crises foram as rivalidades entre os califas. Com o tempo, essas disputas levaram à divisão do Estado muçulmano, criado por Maomé e seus seguidores, em vários califados independentes, como o de Córdoba (Espanha) e o do Cairo (Egito). Isso, aos poucos, foi enfraquecendo o Império Islâmico.

Na Península Ibérica, região onde se encontram atualmente Portugal e Espanha, os árabes permaneceram durante aproximadamente 700 anos. Nesse período, muitos aspectos da cultura islâmica influenciaram os habitantes dessa região. Um dos principais centros dessa cultura foi Córdoba, cidade onde viviam entre 200 e 300 mil pessoas no século dez.

Mundo: expansão islâmica (632-850)

Mapa. Mundo: expansão islâmica (632-850). Destaque para parte do território asiático, europeu e africano. Em amarelo com listras laranjas, Arábia até o século sete, compreendendo a maior parte da Península Arábica, banhada pelo Mar Vermelho, Oceano Índico e Golfo Pérsico, abrangendo a cidade de Yatreb (Medina) e a cidade importante de Meca, destacada por um quadrado preto. Em amarelo, Expansão árabe, compreendendo o restante da Península Arábica e territórios na Pérsia, Síria e Palestina, na Ásia, incluindo as cidades de Samarcanda, Basra, Bagdá, Damasco e Jerusalém; territórios de Egito, Líbia e Magreb, na África, incluindo as cidades de Fustat (Cairo), Alexandria, Barca, Trípoli, Cairuan, Cartago e Fez; e a Península Ibérica, na Europa, incluindo as cidades de Toledo, Córdoba e Barcelona. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 770 quilômetros.
Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique: l’histoire du monde en 317 cartes. Paris: Larousse, 1987. página 206-207.

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Ao longo do séculooito, os muçulmanos conquistaram territórios e expandiram seu império. Em que regiões se deu essa expansão?

Atividades econômicas

Os conquistadores árabes desenvolveram atividades econômicas nas regiões ocupadas, implantando suas técnicas e seus conhecimentos. Realizaram obras de irrigação que transformaram terras pobres e estéreis em áreas produtivas. A agricultura era variada: cultivavam trigo, algodão, arroz, linho, açúcar, café, azeitona e vários tipos de fruta, como laranja, tâmara, banana, figo e damasco.

Fotografia. Destaque para uma árvore carregada de cachos com frutos vermelhos e alaranjados. Suspenso por cordas amarradas ao redor do tronco da árvore, um homem vestindo camisa verde e calça azul, segura uma bacia para a coleta dos frutos.
Tamareiras carregadas de frutos em Janabiya, no Barein. Fotografia de 2015. As tâmaras são fartamente cultivadas no Oriente Médio, norte da África e sul da Ásia.

Os árabes também expandiram o comércio, dominando, durante séculos, as rotas terrestres e marítimas que iam desde a Índia até a Espanha, passando pelo norte da África e pelo Mar Mediterrâneo.

Criaram recursos comerciais usados até hoje nos negócios: cheques, letras de câmbio, recibos e sociedades comerciais.

O artesanato também foi importante na economia árabe. Várias cidades destacaram-se pela produção de artigos como:

  • joias, vidros, cerâmicas e sedas, confeccionados em Bagdá, no Iraque;
  • armas, ferramentas de metal, tecidos de seda e de linho, feitos em Damasco, na Síria;
  • espadas, que eram cobiçadas pelos cavaleiros medievais, produzidas em Toledo, na Espanha.
Fotografia. Rua com calçamento de pedras retangulares, sobre a qual caminham diversas pessoas. Ao redor da rua, há estabelecimentos comerciais contendo objetos diversos, como vasos, recipientes dourados e espelhos.
Produtos à venda no mercado tradicional árabe (souk) da cidade de Marrakech, em Marrocos. Fotografia de 2020. Os souks de Marrakech existem desde a fundação da cidade pelos islâmicos, em 1062.

Produção cultural

Os árabes e os demais povos que se converteram ao islamismo assimilaram e reelaboraram elementos de diversas culturas. Desse modo, criaram uma cultura própria, rica e original.

Eles promoveram importantes trocas culturais entre o Oriente e o Ocidente. Aperfeiçoaram e levaram para a Europa inventos chineses, como a bússola e o papel, que ajudaram a impulsionar, respectivamente, a expansão marítima europeia e o desenvolvimento da imprensa. Observe algumas de suas produções culturais em outras áreas.

  • Idioma – difundiram o árabe entre os povos conquistados durante a expansão islâmica. Assim, muitos termos da língua árabe foram incorporados ao vocabulário de distintos idiomas, como o português e o castelhano.
  • Filosofia – traduziram para o árabe textos de pensadores gregos, como Platão e Aristóteles. Assim, os muçulmanos ajudaram a preservar e a desenvolver conhecimentos da Filosofia Clássica. Mais tarde, os textos em árabe foram traduzidos para o latim e difundiram-se pelo Ocidente cristão medieval.
  • Arquitetura – construíram mesquitas, mausoléus e palácios e os decoraram com inscrições estilizadas de trechos do Corão e com arabescos (desenhos caracterizados pela repetição de fórmas geométricas, linhas e folhagens).
  • Matemática – introduziram na Europa o numeral zero e os algarismos hindus, que ficaram conhecidos como indo-arábicos. Também desenvolveram a Álgebra e a Trigonometria.
  • Medicina – descobriram novas técnicas de cirurgias, bem como as causas e as fórmas de contágio de doenças como varíola, tuberculose e sarampo. Preocuparam-se com anatomia e higiene e, ainda, com doenças infantis e mentais.
  • Química – pesquisaram fórmas de transformar metais em ouro, a chamada alquimia – que hoje sabemos ser impossível. Mas, durante as pesquisas, os árabes descobriram outras substâncias, como o ácido sulfúrico, o salitre e o álcool, além de métodos de utilização de diversos elementos químicos.
  • Astronomia – construíram observatórios planetários e aperfeiçoaram o astrolábio grego.
Ilustração. Representação de quatro homens. Um, ajoelhado no solo, vestindo uma túnica laranja e turbante branco na cabeça, segurando um livro sobre seu colo e tocando um globo terrestre. Ao seu lado, um homem em pé, vestindo uma túnica vermelha e uma capa amarela, segurando uma luneta em direção ao céu. Sobre uma torre, há dois homens, um, no andar intermediário, vestindo uma túnica laranja e turbante branco, apontando para cima, e o outro, na parte superior da torre, vestindo uma túnica azul e turbante branco, segurando uma luneta em direção ao céu. Em segundo plano nota-se um céu escuro, estrelado e com uma lua minguante.
Ilustração do século dezessete de astrônomos árabes observando as estrelas e a Lua.
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Nem todo muçulmano é árabe

Atualmente, o islamismo é a segunda maior religião do mundo em número de seguidores. São mais de 1 bilhão e 300 milhões de muçulmanos em cêrca de 75 países. Isso representa aproximadamente 20% da população mundial.

Muita gente pensa que todos os muçulmanos são árabes (habitantes da Península Arábica ou falantes da língua árabe), mas não é bem assim. Embora o islamismo tenha surgido na Península Arábica, atualmente apenas uma pequena parcela dos muçulmanos do mundo é árabe.

Segundo o í bê gê É (2010), existem 35 mil muçulmanos no Brasil, mas algumas entidades islâmicas afirmam que são 1,5 milhão. Entre eles, encontram-se imigrantes e seus descendentes de origem síria, libanesa e palestina.

Mundo: presença de muçulmanos (2009)

Mapa. Mundo: presença de muçulmanos (2009). Planisfério político com a indicação do percentual de muçulmanos por diferentes áreas. Em verde, Ásia Oriental e Sudeste Asiático: 972.537.000 – (61,9 por cento), compreendendo países como Índia, Irã, Paquistão, Bangladesh e Indonésia. Em vermelho, Oriente médio e Norte da África: 315.322.000 – (20,1 por cento), compreendendo países como Albânia e Níger. Em rosa, África Subsaariana: 240.632.000 – (15,3 por cento), compreendendo países como Etiópia, Tanzânia, Nigéria e Mali. Em laranja, Europa: 38.112.000 – (2,4 por cento), compreendendo países como França, Alemanha, parte da Rússia e o território do Kosovo. Em verde claro, América: 4.596.000 – (0,3 por cento), compreendendo países como Brasil, Argentina, México, Estados Unidos e Canadá. No canto inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2480 quilômetros.
Fonte: QUASE 67% dos muçulmanos estão na Ásia. Folha de São Paulovírgula São Paulo, 8 outubro 2009. Disponível em: https://oeds.link/rMFgLk. Acesso em: 4 janeiro 2022.

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Quais regiões do mundo atual apresentam o maior e o menor percentual de muçulmanos?

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Você conhece contribuições árabes para a cultura brasileira? Dê exemplos.

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OFICINA DE HISTÓRIA

Conferir e refletir

1. Identifique a frase incorreta e corrija-a em seu caderno.

  1. Justiniano organizou uma expansão militar com o objetivo de reconquistar territórios do antigo Império Romano do Ocidente.
  2. Cesaropapismo é a união dos poderes político (césar) e religioso (papa) nas mãos dos imperadores bizantinos, que eram considerados “representantes de Deus”.
  3. A Revolta de Nika foi, inicialmente, motivada por disputas esportivas, mas logo se transformou em uma manifestação popular contra o governo imperial.
  4. O Grande Cisma do Oriente unificou a Igreja Ortodoxa, com séde em Roma, e a Igreja Católica Romana, com séde em Constantinopla.

2. No caderno, preencha as lacunas do quadro, que compara as principais camadas sociais e as atividades econômicas nas áreas rurais e urbanas do Império Bizantino.

Império Bizantino

Campo

Cidade

Principais atividades econômicas

Elite

Maioria da população

3. Explique com suas palavras o que levou ao surgimento e, depois, à fragmentação do Estado muçulmano.

Interpretar texto e imagem

4. O Código de Justiniano influenciou as normas jurídicas de muitos países, inclusive o Brasil. Analisando os trechos a seguir, associe as normas do Código de Justiniano aos itens do artigo 5º da atual Constituição Federal brasileira.

Código de Justiniano

“a) Ninguém pode ser retirado à fôrça de sua própria casa.

b) Ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa.

c) Nada que não se permita ao acusado deve ser permitido ao acusador.”

CÓDIGO de Justiniano. In: HADAS, Moses. Roma imperial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.página178.

Constituição brasileira atual

“VIII. ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política [...].

XI. a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador [...].

LV. reticênciasaos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa [...].”

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,Distrito Federal: Presidência da República, 1988. Disponível em: https://oeds.link/zYmmuE. Acesso em: 8 março 2022.

5. Leia o texto e faça o que se pede.

“Em sua permanência de quase oito séculos na Península Ibérica, os árabes contribuíram com centenas de vocábulos para o léxico da língua portuguesa [...].

Em português, é expressivo o número de palavras que começam pela letra a e que têm origem árabe – entre muitas outras, alvará [...], alfaiate, açúcar, arroz, azeite, alface, alfândega, almofada, almôndega [...].”

FARAH, Paulo Daniel Elias. Da alface ao cafezinho: alicerces, recifes e acepipes. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro,volume 4, número 46, página 28-30, 2009.

  1. De acordo com o texto, que sílaba é muito comum nas palavras de origem árabe? Você sabe o que significa, em árabe, essa sílaba? Por que ela faz parte dessas palavras da língua portuguesa?
  2. Você conhece outras palavras da língua portuguesa que têm origem árabe? Pesquise algumas delas e dê seus significados.

integrar com ARTE

6. Uma das expressões marcantes da arte bizantina foram os mosaicos. Retratos de pessoas ou de cenas variadas eram feitos usando esse tipo de composição. A seguir, observe a imagem e elabore hipóteses para responder às questões.

Mosaico. Ao centro, destaque para um homem vestindo um manto vermelho com detalhes dourados e adorno no ombro e uma coroa na cabeça, segurando uma bandeja dourada. Ao redor de sua cabeça há uma auréola. À direita, um homem de túnica branca com listra marrom e manto dourado segura um crucifixo dourado com pedras verdes; outro homem, de túnica branca com listra marrom, segura um livro de capa dourada e um terceiro, com a mesma vestimenta, carrega um incensário. À esquerda, há dois homens vestindo mantos brancos presos ao ombro e um grupo de homens vestindo roupas coloridas, segurando escudos e lanças pontiagudas.
Mosaico bizantino, aproximadamente do século seis, representando o imperador Justiniano e sua corte, localizado na Basílica de São Vital, em Ravena, Itália.
  1. Qual personagem é o imperador?
  2. Quem são as pessoas ao lado do imperador? Que funções elas desempenhavam na sociedade bizantina?
  3. Cite um elemento que simboliza a relação entre a figura do imperador e a religião.

Glossário

Califa
: palavra árabe que pode ser traduzida como “sucessor do profeta”. Era o título do chefe de Estado muçulmano, que tinha poderes religioso, político e militar. Esse título passou a ser adotado na época da expansão islâmica, a partir do século VII, após a morte de Maomé.
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