UNIDADE 1 HISTÓRIA E NOSSAS ORIGENS

CAPÍTULO 1 SABER HISTÓRICO

Um livro de História nos convida a viajar através do tempo e a conhecer diferentes sociedades. Com o estudo de História, podemos refletir sobre povos distantes e sobre a própria sociedade em que vivemos, além de pensar e agir sobre os desafios de nosso tempo.

Afinal, não somos culpados pelo mundo que encontramos ao nascer. Mas precisamos fazer alguma coisa sobre o mundo que está sendo construído ou destruído.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para começar

Você se lembra de histórias de sua vida? Quais?

Fotografia. Destaque para três jovens indígenas sentados lado a lado, vestindo bermudas, cocares com penas brancas e amarelas sobre as suas cabeças, colares com sementes ao redor de seus pescoços e pinturas sobre seus rostos e corpos. O jovem ao centro segura um aparelho celular entre as mãos, o qual concentra os olhares dos demais.
Jovens indígenas visualizam fotos em ismartifône, em Palmas, Tocantins. Fotografia de 2015. Neste capítulo, vamos aprender que as fotografias são importantes fontes históricas.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis agá ih zero um
  • ê éfe zero seis agá ih zero dois

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, o saber histórico, e de assuntos correlatos, como os objetivos dessa área do conhecimento, o ofício do historiador, a interpretação de fontes históricas e as noções de tempo e suas fórmas de organização e registro, incluindo discussões sobre anacronismo, calendários, periodizações e linhas do tempo.

  • Conhecer alguns objetivos da História como área de conhecimento, como preservar memórias, interpretar culturas e promover a cidadania.
  • Reconhecer limites e possibilidades do conhecimento histórico.
  • Analisar aspectos do trabalho do historiador, com destaque para a interpretação de fontes.
  • Identificar algumas fórmas de medir o tempo criadas pelos seres humanos.
  • Problematizar as periodizações históricas, ressaltando que toda periodização pressupõe escolhas e interpretações.

Para começar

Resposta pessoal. O objetivo desta atividade é mostrar que as vivências do estudante fazem parte do saber histórico. Ao responder a questão, o estudante deve ser instigado a referir-se a momentos importantes de sua vida: onde e quando nasceu; as origens de seus pais; a casa onde morou; a primeira escola onde estudou; como conheceu os amigos mais queridos; lugares que visitou etcétera

Fotografia. Destaque para um grupo de mulheres em posição de dança. Elas vestem camisas brancas, saias compridas e coloridas e turbantes brancos. Seus pés estão descalços, em contato com o solo. Ao redor, há homens vestindo camisas coloridas e chapéus brancos com abas.
Grupo dançando punga, dança tradicional de origem africana, em São Luís, Maranhão. Fotografia de 2016. A História é uma importante ferramenta para interpretar culturas e tradições.
Fotografia. Uma multidão de pessoas, lado a lado, sobre uma avenida asfaltada. Há vários cartazes e faixas com diferentes textos, como: “Em defesa da Educação”.
Manifestação estudantil em defesa da educação pública, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2018. A História ajuda a promover a cidadania.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

A partir da atividade do boxe “Para começar”, responda às perguntas a seguir.

  1. Você se interessa pela história de alguma sociedade? Qual? Por quê?
  2. Você já assistiu a um filme, um desenho ou uma série que aborda algum tema histórico? Qual? Você gostou? Por quê? O que você aprendeu com essa obra?
  3. Durante uma viagem ou passeio, você procura conhecer a cidade visitada? Como você faz isso? Essa experiência é prazerosa?

Respostas 1, 2 e 3: Respostas pessoais. Comente que a História se ocupa de estudar as sociedades humanas ao longo do tempo, podendo abordar temas relacionados a política, economia, arte, gastronomia, ciências etcétera Assim, ela pode oferecer um importante repertório para a elaboração e interpretação, por exemplo, de filmes, séries e livros, bem como para que se aproveite um passeio ou uma viagem. Além disso, a História contribui para a compreensão de nossa própria vida e do contexto social do qual fazemos parte.

História: uma produção de saber

A História é uma área de estudo que investiga as vivências humanas ao longo do tempo. Em sua origem grega, a palavra “história” significa “procurar saber” ou “informar-se”.

Quando estudamos História, pesquisamos diversos aspectos da vida humana, por exemplo: fórmas de trabalho e tipos de diversão, alimentos produzidos e consumidos, relações de dominação e resistência entre pessoas.

Quem tem conhecimento histórico percebe que, se algumas coisas mudaram no passado, elas também podem mudar no presente. Sem consciência histórica, alguém pode achar, por exemplo, que certas injustiças sociais de nossa época e a exploração predatória do meio ambiente são “naturais”. Assim, muitas pessoas não enxergam a possibilidade de lutar por um mundo melhor.

Estudar História nos permite refletir sobre como podemos construir um mundo mais livre, justo e sustentável.

Como produzimos saber histórico?

A produção de saber histórico constitui uma área de estudo (História) que tem vários objetivos, entre os quais podemos destacar: preservar memórias, interpretar culturas e promover a cidadania.

Fotografia. Duas mulheres lado a lado, vistas de perfil, usando máscaras cirúrgicas sobre seus narizes e bocas. Ambas têm os olhares voltados para uma obra composta de diversas ampulhetas presas por fios pendendo de cima.
Visitantes observam instalação artística composta de dezenas de ampulhetas na exposição Coronaceno reflexões em tempos de pandemia, no Museu do Amanhã, na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2021. O estudo de História ajuda a refletir, por exemplo, sobre os impactos de uma pandemia no mundo.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre as definições de História como área de conhecimento.

A História

“Já se disse que ‘a História é o estudo do homem no tempo’. A definição foi proposta por Marc bloque por volta de meados do século vinte1nota de rodapé , mas hoje parece tão óbvia que já deve ter sido mencionada inúmeras vezes em obras de historiografia, e certamente na maioria dos manuais de História. No entanto, quando Marc bloque a propôs, estava confrontando esta definição a uma outra que também parecera perfeitamente óbvia aos historiadores do século dezenove: ‘a História é o estudo do passado humano’.

A ideia de ‘estudo’, que aparece em ambas as definições, aliás, é particularmente sintomática, e assinala um momento no século dezenove em que a História passa a ser considerada uma ciência – uma ciência interpretativa, com seus métodos próprios e abordagens teóricas, e que deve se processar sob o métier [área de trabalho] de um novo tipo de estudioso e especialista que é o historiador (no sentido acadêmico). reticências

Quando se diz que ‘a História é o estudo do homem no tempo’, rompe-se com a ideia de que a História deve examinar apenas e necessariamente o passado. O que ela estuda na verdade são as ações e transformações humanas (ou permanências) que se desenvolvem ou se estabelecem em um determinado período de tempo reticências. Tem-se aqui o estudo de certos processos que se referem à vida humana numa diacronia – isto é, no decurso de uma passagem pelo tempo – ou que se relacionam de outras maneiras reticências com uma ideia de ‘temporalidade’ que se torna central neste tipo de estudo. Vista desta maneira a partir da terceira década do século vinte, a História expandia-se extraordinariamente no campo das ciências humanas. Com esta nova redefinição reticências a História assenhorava-se, por exemplo, do mais recente de seus domínios: o tempo presente. Estudar o momento presente, com vistas a perceber como este momento presente é afetado por certos processos que se desenvolvem na passagem do tempo, ou como a temporalidade afeta de diversos modos a vida presente – incluindo aí as temporalidades imaginárias da memória ou da ficção – passava a ser também uma das tarefas do historiador.

reticências a História é o estudo do homem no tempo e no espaço. As ações e transformações que afetam aquela vida humana que pode ser historicamente considerada dão-se em um espaço que muitas vezes é um espaço geográfico ou político, e que, sobretudo, sempre e necessariamente constituir-se-á em espaço social. Mas com as expansões dos domínios históricos que começaram a se verificar no último século, este espaço também pode ser perfeitamente um ‘espaço imaginário’ (o espaço da imaginação, da iconografia, da literatura), e adivinha-se que em um momento que não deve estar muito distante os historiadores estarão também estudando o ‘espaço virtual’ reticências.”

BARROS, José D’Assunção. História, espaço e tempo: interações necessárias. Varia Historia, ú éfe ême gê, Belo Horizonte, volume 22, número 36, página 461-462, 2006.

Alerta ao professor

O texto “História: uma produção de saber” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero dois, pois trata da gênese do saber histórico, e atende às competências cê gê um, cê ê cê agá um, cê ê cê agá quatro e cê ê agá seis. Como afirmado no texto, a palavra “história”, na sua origem grega, significa “procurar saber”, “informar-se”.

Preservar memórias

No dia a dia, vivenciamos acontecimentos que fazem parte de nossa história. Alguns desses acontecimentos são lembrados e divulgados; outros são esquecidos, silenciados e apagados. Assim são construídas as memórias das pessoas, dos grupos e das sociedades.

A construção da memória social é influenciada por interesses políticos, econômicos e valores de uma sociedade. Com frequência, as datas históricas são escolhidas com base em memórias de grupos dominantes. Isso produz esquecimentos sobre fatos importantes ligados a outros grupos sociais. Para reagir a esses esquecimentos, podemos desenvolver uma atitude historiadora que busca preservar as memórias da diversidade dos grupos sociais.

Fotografia. Um grupo de pessoas de diferentes idades ao redor de uma mesa. Sentados ao lado da mesa, há um homem de cabelos pretos e dois homens de cabelos grisalhos. O homem de cabelo preto segura folhas de papel. Sobre a mesa há duas maletas.
Cena do filme brasileiro Narradores de Javé, dirigido por Eliane Caffé, 2003. Nessa ficção, os moradores de Javé descobrem que a pequena cidade pode desaparecer sob as águas de uma usina hidrelétrica em construção. Para salvar Javé e transformá-la em patrimônio a ser preservado, eles decidem escrever a história do local, recorrendo à memória e à escrita da História.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Que recordações você tem de sua infância? Conte aos colegas um momento importante de sua vida.

Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

Museu da Pessoa

Disponível em: https://oeds.link/PI0Epc. Acesso em: 27 outubro 2021.

Esse museu virtual conta histórias de vida de pessoas não famosas. Há vídeos, canções, áudios, relatos, textos e fotografias que fazem parte das diversas exposições virtuais.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal. Os estudantes podem citar diversas recordações, como o primeiro dia na escola, o nascimento de um irmão, uma viagem, um evento esportivo, uma comida preferida, brincadeiras realizadas, filmes assistidos etcétera Depois de ouvir as respostas, questione os estudantes sobre os motivos que os levaram a “guardar” essas lembranças. Destaque a importância da memória em nossa vida, apontando que a memória envolve lembranças e esquecimentos.

Interpretar culturas

Cultura é o modo de vida criado e transmitido de uma geração para outra. Abrange conhecimentos e obras, artes e ciências, normas e costumes.

A cultura envolve o que pensamos e fazemos como membros de um grupo social. Assim, as danças, os jogos, as comidas, as músicas e as linguagens são exemplos de manifestações culturais.

Quando viajamos para outros lugares ou estudamos História, entramos em contato com vários tipos de manifestação cultural e podemos notar semelhanças e diferenças nos modos de pensar, sentir e agir das pessoas.

Nesses contatos culturais, algumas pessoas ou alguns grupos podem discriminar o outro, pois julgam que sua cultura é superior ou melhor. Esse comportamento é chamado de etnocêntrico, que se refere à tendência de uma pessoa achar que sua própria cultura é o “centro do mundo”. O etnocentrismo provoca conflitos sociais, pois sua prática implica negar, rejeitar, perseguir ou repudiar o outro, isto é, aquele que é diferente.

Uma atitude historiadora nos faz refletir sobre o fato de que as culturas representam diferentes respostas ou soluções aos desafios da vida. Desse ponto de vista, por exemplo, não existe uma única cultura no território brasileiro, mas múltiplas culturas convivendo simultaneamente (multiculturalismo). Além disso, não existem culturas superiores ou inferiores, melhores ou piores. O que existe são diversas fórmas de se vestir, de comer, falar, brincar, trabalhar, pensar sobre a vida. É o que chamamos de diversidade cultural.

Quando reconhecemos nossa cultura, valorizamos nossa identidade pessoal e social. Além disso, o convívio democrático exige respeito pelo outro e valorização da pluralidade das culturas.

Fotografia. Um grupo de pessoas dispostas em uma roda, todas trajando roupas brancas. Ao centro da roda, uma mulher e um homem em posição de luta. Ao redor, as demais pessoas tocam instrumentos musicais.
Roda de capoeira em Salvador, Bahia. Fotografia de 2019. A capoeira é um exemplo de manifestação cultural.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Interpretar culturas” promove o desenvolvimento do tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, ao apresentar a interpretação de culturas como um dos objetivos do saber histórico, pautando-se por um conceito amplo de cultura, pelo combate ao etnocentrismo e pela valorização da pluralidade cultural.

Promover a cidadania

Cidadania é nossa maneira de pertencer à sociedade. Esse pertencimento ocorre quando, por exemplo, existem garantias aos direitos à vida, à liberdade, à educação, ao lazer, ao trabalho, ao voto eleitoral, entre outros.

Ao estudar História, percebemos que muitos direitos foram conquistados no Brasil, como o voto feminino (1932), a consolidação dos direitos trabalhistas (1943), o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) etcétera Mas ainda há um longo caminho para se alcançar a cidadania plena. Nesse sentido, é preciso superar as enormes desigualdades entre ricos e pobres que existem no Brasil.

Uma atitude historiadora pode despertar a consciência de cada um de nós para a tarefa de construir uma sociedade mais democrática, que inclua mais pessoas no exercício da cidadania, independentemente de idade, sexo, origem, cor da pele ou religião.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade com dois agrupamentos de moradias distintas. Em primeiro plano há diversos casebres muito próximos. Ao fundo há diversos prédios grandiosos.
O contraste entre moradias de uma comunidade, em primeiro plano, e de um bairro nobre, ao fundo, revela a desigualdade na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2020.

Ofício do historiador

Quem se dedica a pesquisar e a ensinar História é chamado de historiadora ou historiador. Esse profissional produz saber histórico ao investigar o que os seres humanos fizeram, pensaram e sentiram no contexto de suas culturas. Esse saber histórico também abrange conhecimentos sobre as relações entre passado e presente.

O ofício do historiador depende de pesquisas variadas, interpretações de fontes e formulações de hipóteses sobre seus temas de estudo. A atividade do historiador envolve uma busca pelo conhecimento. E conhecer é uma tarefa contínua, que nunca tem fim. Por isso, o historiador não tem a pretensão de fixar “verdades absolutas ou definitivas”. Nesse sentido, este livro de História, por exemplo, é apenas um ponto de partida para seus estudos.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Após ler o texto “Promover a cidadania”, formem grupos e completem a frase: “Nós gostaríamos de pertencer a uma sociedade que...”.

Resposta pessoal. O objetivo é sondar quais são os principais anseios dos estudantes em relação à sociedade a que pertencem. Solicite a eles que justifiquem suas respostas.

Fontes históricas

Em História, a palavra fonte é utilizada para se referir às fontes de pesquisa consultadas pelo historiador. As fontes históricas sugerem pistas sobre o assunto pesquisado e, por isso, devem ser interpretadas pelo historiador e associadas a outras pesquisas.

Existem muitas maneiras de classificar as fontes históricas, isto é, os vestígios e os registros da atividade humana ao longo do tempo. A seguir, vamos conhecer uma classificação que organiza as fontes em escritas e não escritas:

  • escritas – cartas, letras de canções, livros, jornais, revistas, documentos oficiais etc;
  • não escritas – pinturas, esculturas, mobílias, instrumentos de trabalho, roupas, músicas, filmes, construções, fotografias, utensílios, relatos orais etcétera

Durante muito tempo, as fontes escritas foram consideradas as mais importantes para a pesquisa histórica. Atualmente, os historiadores compreendem que as fontes não escritas são igualmente valiosas e relevantes. Isso significou uma mudança que ampliou o modo de produzir o saber histórico.

Entre as fontes não escritas, podemos destacar os relatos orais de quaisquer pessoas (idosos, jovens, gente famosa, gente comum). Ao conhecer esses registros, é possível interpretar a memória dessas pessoas e contribuir para a compreensão de um passado recente. É o que chamamos de história oral.

Interpretar fontes históricas

Ao analisar as fontes históricas, o historiador pode reunir pistas ou evidências que lhe permitam, por exemplo, reconhecer mudanças ocorridas em uma sociedade e o que as provocou. Os processos de mudança podem ocorrer em vários campos: na economia, nas artes, na política, na maneira de pensar, nas fórmas de viver e de sentir o mundo.

Além das mudanças, o historiador pode observar permanências sociais, ou seja, aquilo que não se alterou ou sofreu pouca transformação. Por exemplo: modos de pensar, fórmas de trabalho, tipos de lazer, construções que não mudaram etcétera

Fotografia em preto e branco. Um grupo de meninos em uma rua com calçamento de pedra, direcionados a uma bola de futebol. Ao fundo, casas.
Garotos jogando bola em rua da cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 1957.
Fotografia. Um grupo de meninas e meninos em uma quadra esportiva, direcionadas a uma bola de futebol. Ao fundo, uma trave branca retangular e uma rede trançada.
Crianças jogando futebol em São Caetano do Sul, São Paulo. Fotografia de 2016. As regras básicas do futebol permaneceram ao longo do tempo. Porém, houve mudanças em quem pratica o esporte. No passado, era um jogo predominantemente masculino. Hoje, é comum mulheres se dedicarem a esse esporte.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Os textos “Fontes históricas” e “Interpretar fontes históricas” contribuem para o desenvolvimento da competência cê ê cê agá quatro, bem como da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero dois no que se refere a analisar os significados dos tipos de fonte que originaram registros históricos em diferentes sociedades e épocas.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que aborda a importância do trabalho com fontes históricas em sala de aula.

Uso de fontes históricas em sala de aula

“O tratamento do tema ‘fontes históricas na sala de aula’ remete, inexoravelmente, ao estabelecimento de relações com as atuais discussões historiográficas, porque a História, como disciplina escolar, ainda que possua especificidades e finalidades que lhe são próprias, não prescinde de um estreito diálogo com a ciência de referência – no caso a História acadêmica – e com os princípios, fundamentos e métodos que regem a pesquisa histórica. reticências

Quanto ao uso de tais documentos/fontes em sala de aula, há importantes indicações metodológicas que preconizam o papel ativo do estudante nos procedimentos de compreensão e interpretação. Mais do que objetos ilustrativos, as fontes são trabalhadas no sentido de desenvolver habilidades de observação, problematização, análise, comparação, formulação de hipóteses, crítica, produção de sínteses, reconhecimento de diferenças e semelhanças, enfim, capacidades que favorecem a construção do conhecimento histórico numa perspectiva autônoma.

Aprender a historiar ou aprender o ofício dos historiadores não significa almejar que o estudante se torne um pequeno historiador, até porque as finalidades do trabalho do historiador, ao produzir conhecimento histórico, são distintas das finalidades do trabalho do professor ao ensinar História. O historiador toma as fontes como matéria-prima para desenvolver o seu ofício e, como especialista, reconhece todo o contexto de produção antes mesmo de delimitá-las para o seu estudo reticências. reticências [Ao passo que] ensinar o ofício do historiador consistiria em construir com os alunos uma bagagem conceitual e metodológica que lhes permitisse compreender (e utilizar em certo nível de complexidade) os instrumentos e procedimentos básicos da produção do conhecimento histórico. reticências

A utilização de documentos no ensino da História reticências não é uma proposta recente na trajetória escolar. reticências O que mudou nas últimas décadas foi o entendimento quanto às suas finalidades nas aulas de História. Na atual compreensão do tema, é imprescindível o trabalho do professor e do aluno na problematização e significação dos documentos, utilizando-os de modo a extrapolar meras funções de ilustração, motivação, informação ou prova, ainda que estas possam ter relativa importância. O desafio é, tomando os documentos como fontes, entendê-los como marcas do passado, portadores de indícios sobre situações vividas, que contêm saberes e significados que não estão dados, mas que precisam ser construídos com base em olhares, indagações e problemáticas colocadas pelo trabalho ativo e construtivo dos alunos, mediados pelo trabalho do professor.”

CAIMI, Flávia Eloisa. Fontes históricas na sala de aula: uma possibilidade de produção de conhecimento histórico escolar? Anos 90, UFRS, Porto Alegre, volume 15, número 28, página 129-150, 2008.

Com base em uma mesma fonte histórica, o historiador pode perceber várias informações significativas. Ao encontrar um recibo de compra ou venda de um escravizado, por exemplo, ele já observou pelo menos uma informação básica: que houve escravidão nesse lugar, ou seja, que homens, mulheres e crianças foram escravizados e podiam ser negociados como se fossem mercadorias. O recibo também pode conter o nome da moeda utilizada naquela época, entre outros dados.

Manuscrito. Folha de papel amarelada com ilustração e textos manuscritos. No topo, há a ilustração de dois homens brancos, vestindo paletós e calças, sentados ao redor de uma mesa, um deles portando uma pena direcionada a uma folha de papel, e o outro com os braços cruzados sobre o peito. À esquerda deles, um homem e uma mulher negros, em pé, descalços, vestindo roupas brancas. A seguir, texto manuscrito, no qual foram inseridos ícones, com as letras a, b, c, d e e, indicando diferentes informações.
Reprodução de recibo de compra e venda de um escravizado, datado de 1851.
  1. Nome da pessoa escravizada: Benedito.
  2. Dona do escravizado: Maria Antônia Teixeira.
  3. Valor: 500 mil-réis.
  4. Local da negociação: Rio de Janeiro.
  5. Data da negociação: 4 de outubro de 1851.

Já no caso de uma máscara africana, o historiador póde investigar quais materiais e técnicas foram empregados pelas pessoas que a produziram, levantar hipóteses sobre sua origem, as fórmas de utilização etcétera

  • Matéria-prima: madeira.
  • Local de origem: Costa do Marfim.
  • Data de produção: entre o fim do século dezenove e o início do vinte.
  • Uso: danças e festivais.
Máscara. Objeto de madeira, em formato oval, com a representação de olhos semifechados, nariz afilado e boca pequena, contornado por entalhes lineares.
Máscara africana de madeira produzida na Costa do Marfim entre o fim do século dezenove e o início do vinte.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Você costuma registrar momentos de sua vida em fotografias, vídeos, redes sociais etcétera? Em sua opinião, é importante guardar esses registros? Por quê?
  2. Existe uma única fórma de contar uma história? Argumente e cite um exemplo.
Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

  1. Respostas pessoais. O objetivo desta atividade é instigar os estudantes a pensar sobre a importância de sua própria história e dos vestígios dessa história. Além disso, a atividade trabalha com alguns conceitos estruturantes de História, como memória, fonte e evidência. Comente que fotografias, vídeos e postagens em redes sociais podem ser utilizados como fontes históricas e que essas fontes são importantes para preservar memórias.
  2. Atividade que promove o exercício da argumentação, ao propor que os estudantes expliquem que há variadas fórmas de contar uma história, pois quem a conta faz escolhas e interpretações de acordo com seus interesses e objetivos. No caso das narrativas históricas, as interpretações do historiador devem ser coerentes e bem fundamentadas.

OUTRAS HISTÓRIAS

Vídeo nas Aldeias

Segundo o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, vivem no Brasil cêrca de 896 mil pessoas que se declaram indígenas. Elas vivem em cidades, áreas rurais ou terras indígenas. Essa população é composta de 305 povos que falam cêrca de duzentas e setenta e quatro línguas diferentes.

Os povos indígenas do Brasil possuem uma cultura valiosa e diversificada que deve ser preservada. Com esse objetivo, foi criado o projeto Vídeo nas Aldeias, que procura fortalecer as identidades e os patrimônios indígenas.

Desde sua criação, na década de 1980, o projeto organiza oficinas em mais de cem aldeias indígenas, espalhadas por diversos estados do país. Ao longo desses anos, foram implantados centros de produção e edição de vídeo nas aldeias participantes. Assim, as oficinas funcionam como escolas de cinema.

Atualmente, existem mais de noventa vídeos que apresentam relatos, histórias tradicionais contadas pelos mais velhos, práticas cotidianas das aldeias, relação com os recursos naturais e estratégias de preservação ambiental, entre outros assuntos.

Os vídeos produzidos pelos indígenas estão disponíveis neste link: https://oeds.link/hqKo4G (acesso em: 3 novembro 2021). Nesse site é possível conhecer projetos e produções visuais de diversas populações indígenas.

Fotografia. Destaque para duas mulheres indígenas, uma delas em posição mais baixa, segurando uma máquina fotográfica com as mãos. A outra, por detrás, tem o olhar voltado para o objeto. Ambas têm longos cabelos lisos e escuros e usam vestidos coloridos e pinturas corporais
Oficina de formação audiovisual promovida pelo projeto Vídeo nas Aldeias, na Terra Indígena Kayapó, Pará. Fotografia de 2018. Atualmente, vários povos indígenas procuram registrar suas histórias por meio de diferentes tecnologias.

Responda no caderno

Atividades

  1. De acordo com o texto, quais são os principais objetivos e ações do projeto Vídeo nas Aldeias? Que assuntos são tratados nos vídeos produzidos pelos indígenas?
  2. Os vídeos produzidos pelos próprios indígenas podem ser utilizados como fontes históricas? Para responder à questão, releia o item “Fontes históricas”, na página 14, e associe-o ao texto “Vídeo nas Aldeias”. A resposta deve apresentar uma explicação e uma conclusão decorrentes dessas leituras.
Orientações e sugestões didáticas

Outras histórias

  1. De acordo com o texto, o projeto Vídeo nas Aldeias tem como principal objetivo preservar as culturas indígenas, fortalecendo suas identidades e valorizando seus patrimônios. O projeto criou, entre outras, oficinas de imagem e implantou centros de produção e edição de vídeos em diversas aldeias do país. Os vídeos trazem histórias da tradição oral contadas pelos mais velhos, práticas cotidianas das aldeias, relação dos indígenas com os recursos naturais e estratégias de preservação ambiental, entre outros assuntos.
  2. Atividade que busca desenvolver a leitura inferencial, ao solicitar que os estudantes associem conceitos gerais apresentados no texto “Fontes históricas” ao caso singular do projeto Vídeo nas Aldeias, tematizado nesta seção. Depois de ouvir as respostas, comente que os vídeos produzidos pelos povos indígenas podem ser utilizados como fontes históricas, pois serviriam de fontes não escritas. Como existem muitas fórmas de classificação das fontes, os estudantes podem utilizar a classificação apresentada no tópico “Fontes históricas”, na página 14, que distingue fontes escritas de não escritas.

Outras indicações

Caso considere conveniente, solicite aos estudantes que assistam a vídeos sugeridos na página do Vídeo nas Aldeias, projeto de que trata a seção. Entre tantos vídeos, recomendamos dois documentários:

Martírio (Brasil). Direção de Ernesto Ignacio de Carvalho, Tatiana Almeida e Vincent Robert Carelli, 2016. 160 minutos.

Analisa a resistência dos indígenas Guarani Kaiowá que lutam por suas terras em Mato Grosso do Sul, onde pecuaristas, latifundiários e fazendeiros locais atuam com violência e apoio de políticos ruralistas.

As hiper mulheres (Brasil). Direção de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro, 2012. 100 minutos.

Narra a história de um importante ritual realizado por mulheres da etnia Kuikuro, no Alto Xingu, Mato Grosso.

Tempo e fórmas de registro

Olhar o relógio para saber as horas, combinar o horário para se encontrar com os amigos, esperar os minutos passarem até o fim do jogo, perceber que algumas coisas mudaram em relação ao passado. Esses são exemplos de experiências cotidianas que nos dão a noção de tempo.

Tempo contado pelo relógio

As diferentes culturas podem construir sua própria maneira de contar e registrar o tempo. Isso já aconteceu seja por meio da observação do Sol e da Lua, seja com a utilização de instrumentos como a ampulheta, a clepsidra etcétera

Nas cidades atuais, milhões de pessoas controlam seus compromissos pelo relógio. Observe que utilizamos o relógio para saber a hora de acordar, comer, ir à escola, estar com os amigos, praticar esportes, dormir etcétera

Com o relógio, dividimos o dia em horas, minutos e segundos. Mas essa fórma de medir o tempo não predominou em todas as épocas nem entre todos os povos.

Foi apenas a partir do século dezesseis que os primeiros relógios mecânicos foram instalados em torres de igrejas, em monumentos de praças e em prédios públicos. Eram lugares bem visíveis para que as pessoas pudessem enxergá-los.

Fotografia. Vista da fachada de um museu, com várias colunas, grandes portas e janelas. Ao centro, uma torre em tamanho maior, contendo um relógio em cada uma de suas laterais.
Relógio em torre do Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Fotografia de 2021.

Hoje em dia encontramos relógios de diversos tipos espalhados por vários lugares. Existem relógios de pulso e de parede, relógios que aparecem nos computadores, nos celulares, em luminosos pelas ruas etcétera

Fotografia. Um poste contendo uma placa e um relógio digitais indicando, respectivamente, o texto “Volte para casa. Faça a sua parte” e “17:37”. Ao redor, vias asfaltadas, prédios e alguns coqueiros.
Relógio digital em avenida da cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2020.

integrar com matemática

Responda no caderno

para pensar

  1. Quantas horas por dia você passa na escola? E por mês?
  2. Completado um ano, quantas horas você terá passado na escola?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Tempo e fórmas de registro” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero um, especialmente no que diz respeito à compreensão da noção de tempo.

Para pensar

1. e 2. Respostas pessoais, em parte. Esta é uma atividade interdisciplinar com Matemática. Seu objetivo é trabalhar as diferentes maneiras de medir o tempo, sobretudo por meio de horas, dias e meses. Um estudante que, por exemplo, entra às 7 horas da manhã e sai às 12 horas (meio-dia), passa cinco horas por dia na escola. Em um mês, com cêrca de 20 dias letivos, o estudante terá passado 100 horas na escola (5 horas por dia por 20 dias = 100 horas por mês). Em um ano de aulas, com cêrca de 10 meses letivos, esse estudante terá passado mil horas na escola (100 horas por mês por 10 meses = .1000 horas por ano).

Tempo geológico, histórico e anacronismo

Existem diferentes modos de compreender o tempo. Um deles, por exemplo, é o tempo geológico, ou seja, aquele relacionado à formação do planeta Terra. Essa noção de tempo é mais trabalhada pela Geografia e pela Física.

Por sua vez, em História, a noção de tempo mais trabalhada é a do tempo histórico, ou seja, aquele que se relaciona com as ações dos seres humanos na Terra. Assim, o tempo histórico é o tempo das criações culturais.

Cada sociedade vivencia o tempo histórico à sua maneira. Por isso, os povos têm diferentes fórmas de contar, sentir e responder aos desafios de seu tempo.

Um dos principais vícios que podem contaminar a análise histórica é o anacronismo (do grego, ana = contra + cronismo = relativo ao tempo). O anacronismo nos leva a julgar pessoas utilizando critérios atuais, como se fossem válidos para todas as épocas. Desse modo, o anacronismo consiste em atribuir aos sujeitos do passado razões ou sentimentos que não faziam parte de seu tempo histórico.

Por exemplo, não faz sentido dizer que o colonizador português desprezava a Ecologia ao derrubar árvores da Mata Atlântica. O motivo é que, entre os europeus do século dezesseis, prevalecia a noção de que os recursos naturais eram tão abundantes que podiam ser explorados de fórma descontrolada ou indiscriminada. Afinal, a Ecologia é uma área do conhecimento que se desenvolveu, sobretudo, a partir do século vinte.

Cronologia e calendário

Ao estudar o tempo, com o objetivo de estabelecer sequências para os acontecimentos, os povos construíram cronologias. A elaboração das cronologias varia de acordo com os valores, os interesses e as escolhas de cada povo. Um dos instrumentos das cronologias é o calendário, que é um sistema de divisão, medição e organização do tempo. Os calendários apresentam um sistema de contagem do tempo que pode ser organizado com base em atividades humanas, como o cultivo, as festas, o trabalho, as cerimônias religiosas etcétera

Fotografia. Destaque para um calendário entalhado em pedra, contendo escritas e símbolos, dispostos de forma simétrica em um círculo, com a representação de um rosto, caracterizando o deus-sol, ao centro.
Calendário asteca produzido entre os séculos catorze e quinze, exposto no Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México, México. Fotografia de 2020.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Cronologia e calendário” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero um, especialmente no que diz respeito à noção de cronologias e calendários.

Diferentes tipos de calendário foram criados por vários povos, como os judeus, os cristãos e os muçulmanos. A organização dos calendários também variou de acordo com conhecimentos e necessidades de cada povo que os desenvolveu.

Atualmente, a maioria dos países utiliza o calendário cristão. Esse calendário organiza a contagem do tempo com base nas seguintes unidades: dia, semana, mês e ano. Períodos maiores podem ser contados em blocos de dez anos (década), de cem anos (século) e de mil anos (milênio).

Pelo calendário cristão, ficou convencionado que o ano 1 celebra o nascimento de Jesus Cristo. As datas anteriores a esse evento são assinaladas pela abreviatura a.C. (antes de Cristo). Já as datas posteriores não precisam de marcação ou podem vir acompanhadas da abreviatura d.C. (depois de Cristo).

Pintura. Homens e mulheres em um campo gramado, vestindo trajes simples: os homens com calças rasgadas, camisas e chapéus, e as mulheres com vestidos, aventais e chapéus. Todos portam ferramentas para o trabalho rural, como foices e rastelos. Em segundo plano há um castelo contornado por água, com torres altas e telhados triangulares e pontiagudos.
Pintura em miniatura extraída do Breviário Grimãni, de Sáimon Bening, século dezesseis, em que aparecem as tarefas que normalmente eram realizadas no mês de junho.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Leia o texto a seguir e responda às questões.

Marcos iniciais dos calendários

Não se sabe exatamente quando foi criado o primeiro calendário. Supõe-se que tenha sido entre 5 mil e 4 mil anos atrás. Chineses, egípcios e sumérios foram, provavelmente, os primeiros povos a inventar calendários com base nos movimentos dos astros, como o Sol e a Lua.

Cada calendário adotou um marco distinto como ano 1, isto é, para o início da contagem do tempo. Entre os antigos gregos, esse marco encontrava-se nos primeiros Jogos Olímpicos, realizados 776 anos antes de Jesus Cristo nascer (ou 776 antes de Cristo, pelo calendário cristão). Para os antigos romanos, o marco era a fundação de Roma, que teria ocorrido em 753 antes de Cristo O calendário cristão conta o tempo a partir do ano calculado para o nascimento de Jesus Cristo. Esse calendário só foi adotado pelos cristãos em 532 Depois de Cristo, por sugestão do monge Dionísio. O monge calculou que o nascimento de Cristo teria ocorrido 753 anos depois da data em que os romanos diziam que sua cidade tinha sido fundada.

Muçulmanos e judeus também contam o tempo a partir de datas importantes para eles. No calendário muçulmano, o ano se divide em 12 meses de 29 ou 30 dias. O início da contagem neste calendário foi fixado na Hégira, isto é, no ano em que ocorreu a fuga de Maomé da cidade de Meca para Medina (no ano 622 Depois de Cristo). Já no calendário utilizado pelos judeus, a contagem dos anos se inicia na “criação do mundo” – o que, de acordo com a religião judaica, ocorreu em 3761 antes de Cristo

Texto elaborado pelos autores.

1. Em que ano estamos no calendário cristão? E no judaico? E no muçulmano?

Resposta: Se estamos, por exemplo, no ano 2024 (no calendário cristão), somamos 3.761 para obter o ano judaico (= 5785) ou subtraímos 622 para calcular o ano muçulmano (= 1402).

2. Podemos afirmar que os calendários são convenções sociais? Explique.

Resposta: Sim, porque diversas sociedades criaram seus calendários adotando como marcos iniciais datas que consideravam importantes em sua cultura.

Unidades de tempo

O século é uma unidade de tempo muito utilizada nos estudos de História. Ele costuma ser escrito, na maioria das vezes, em algarismos romanos. Exemplos: século quinze, século dezessete, século vinte e um. Há pessoas, porém, que preferem representar os séculos em algarismos arábicos (15, 17, 21, por exemplo). Nesta coleção, adotamos a primeira fórma, algarismos romanos.

Agora, vamos aprender a calcular os séculos e a identificar alguns números romanos.

Algarismos arábicos

Algarismos romanos

1

I

2

II

3

III

4

IV

5

V

6

VI

7

VII

8

VIII

9

IX

10

X

Algarismos arábicos

Algarismos romanos

11

XI

12

XII

13

XIII

14

XIV

15

XV

16

XVI

17

XVII

18

XVIII

19

XIX

20

XX

Algarismos arábicos

Algarismos romanos

21

XXI

22

XXII

30

XXX

40

XL

50

L

60

LX

70

LXX

80

LXXX

90

XC

100

C

Para saber a que século um ano pertence, basta somar 1 ao número de centenas do ano. Por exemplo: o ano 997 tem 9 centenas. Temos, então:

997 9 + 1 = 10 (dez, em algarismos romanos). Assim, 997 foi um ano do século dez.

Cálculo semelhante pode ser feito, por exemplo, com o ano 1822:

1822 18 + 1 = 19 (dezenove, em algarismos romanos).

Já no caso a seguir não há centenas:

56 0 + 1 = 1. Ou seja, o ano 56 pertence ao século um, em algarismo romano.

Quando, porém, um ano termina em 00, temos uma exceção à regra. Nesse caso, o número de centenas já indica o século e não é preciso somar 1. Observe:

2000 20 (vinte, em algarismos romanos). Isso significa que o ano 2000 ainda pertence ao século vinte (é o último ano desse século). Já 2001 é o primeiro ano do século vinte e um.

Os séculos anteriores ao nascimento de Cristo seguem as mesmas regras. Observe:

401 antes de Cristo 4 + 1 = 5. Assim, 401 antes de Cristo pertence ao século cinco antes de Cristo Observe que é o último ano desse século, pois a contagem é regressiva.

Agora, observe mais um caso com o ano terminando em 00:

400 antes de Cristo 4. Então, 400 antes de Cristo é o primeiro ano do século quatro antes de Cristo

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que possibilita aprofundar os estudos sobre os algarismos romanos e suas fórmas de utilização. Esse assunto é interdisciplinar com Matemática.

O sistema numérico romano

“Já foram contadas e escritas muitas histórias sobre os romanos. Foram feitos também alguns filmes sobre sua época. Filmes que mostram a arquitetura, a crença, os costumes, as batalhas e os grandes imperadores desse povo. Você já viu algum deles? Se você observar bem alguns cenários construídos nesses filmes, vai reparar em um outro elemento do cotidiano dos romanos: os números. Eles estavam por toda a cidade de Roma, principalmente no alto de alguns prédios, em muros e em lápides. reticências

Na numeração romana eram utilizadas letras para simbolizar quantidades: I, V, X, L, C, D e M. [...]

Mas a que valores os símbolos romanos se referiam? Vamos lá: o I representava um; o V, cinco; o X, dez; o L, cinquenta; o C, cem; o D, quinhentos e o M, mil. Assim sendo, para escrever um número onde alguns desses valores se somavam, os romanos escreviam os símbolos lado a lado:

vê í (5 + 1) = 6

xis í í (10 + 2) = 12

éle í í í (50 + 3) = 53

cê xis (100 + 10) = 110

Existiam duas regras curiosas neste sistema. A primeira dizia que, quando um sinal está à esquerda de outro com valor superior, diminui-se dele. Vamos a alguns exemplos:

í vê (5 – 1) = 4

í xis (10 – 1) = 9

xis éle (50 – 10) = 40

xis cê (100 – 10) = 90

cedê (500 – 100) = 400

cê ême (1.000 – 100) = 900

Para ler noventa e seis, os romanos observavam o símbolo de maior valor, no caso deste número, o C, que representa cem. Como existe um X à sua esquerda, subtrai-se dez de cem e então temos noventa. Continuando, temos o símbolo V, que tem valor cinco, e o símbolo I, que tem valor um. Somando estes dois últimos, temos seis. Concluímos que o número xis cê vê í equivale a 96 na nossa numeração. reticências

A segunda regra tinha a ver com a multiplicação por mil. Você viu que para representar o valor mil os romanos utilizavam o símbolo M. Aplicando o princípio dessa numeração, para 2 mil escreviam ême ême e para 3 mil ême ême ême. Mas imaginem como seria difícil, com este princípio, escrever 20 mil? Seria necessário escrever vinte vezes M. Haja espaço para tanto M!

Para resolver isso, os romanos usavam um traço horizontal sobre as letras que as multiplicavam por mil.”

MORAES, Denise.O sistema numérico romano. Disponível em: https://oeds.link/fqYo4D. Acesso em: 5 novembro 2021.

Periodizações históricas

Você já percebeu que constantemente estamos agrupando e dividindo o tempo de acordo com as atividades de nosso cotidiano? Por exemplo, o período de estudar, de dormir, o período de férias.

De fórma semelhante, os historiadores procuram dividir o tempo histórico em períodos, isto é, elaboram periodizações. As periodizações variam dependendo das escolhas feitas por quem as elaborou. Por isso, existem diferentes periodizações históricas, que elegem determinados marcos da memória.

Linha do tempo

A linha do tempo é uma fórma de esquematizar assuntos em ordem cronológica. Para construir uma linha do tempo, precisamos escolher os assuntos que desejamos representar e organizá-los em eventos sucessivos (antes e depois) e simultâneos (que ocorrem ao mesmo tempo). Ao criar uma linha do tempo, trabalhamos com alguns conceitos históricos, como duração, sequência, simultaneidade, permanências e rupturas.

Na elaboração da linha do tempo, é possível utilizar escalas. A escala estabelece uma correspondência entre uma unidade de medida de comprimento (em geral, o centímetro) e uma unidade de tempo (como mês, ano, década, século etcétera). Utilizar escalas não é obrigatório, mas, em alguns casos, é fundamental anunciar que a linha do tempo foi construída sem escala.

Periodização tradicional da História

  Pré-História  

Do surgimento do ser humano até a invenção da escrita (cérca de 4000 antes de Cristo).

Fotografia. Destaque para estátua de pedra com traços de um corpo feminino.
Estátua neolítica, 6000 antes de Cristo

  Idade Antiga ou Antiguidade  

Da invenção da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente (476).

  Idade Média  

Da queda do Império Romano do Ocidente até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453).

Iluminura. Representação de um homem trajando uma armadura metálica, portando uma lança com uma bandeira no topo. Está sentado sobre o dorso de um cavalo, que usa uma capa amarela com detalhes laranjas e franjas nas laterais.
Iluminura de cavaleiro, cêrca de1434.

  Idade Moderna  

Da tomada de Constantinopla até a Revolução Francesa (1789).

  Idade Contemporânea  

Da Revolução Francesa até os dias atuais.

Fotografia. Destaque para escultura ao ar livre, com estruturas curvas, contínuas e assimétricas, na cor vermelha.
Escultura de Tomie Ohtake, em Santos, São Paulo. Fotografia de 2008.

Linha do tempo fóra de escala.

Responda no caderno

para pensar

Como seria uma linha do tempo sobre sua vida? Escolha alguns momentos marcantes e organize-os em uma linha.

Versão adaptada acessível

Como seria uma linha do tempo sobre sua vida? Escolha alguns momentos marcantes e organize-os em uma linha do tempo tátil. Para tanto, você pode utilizar materiais emborrachados e outros objetos como papéis lisos, ásperos, finos e ou espessos, além de linhas, palitos, botões etc.

Orientação para acessibilidade

Caso possível, proponha a construção de uma linha do tempo tátil a partir de materiais de diferentes texturas. Uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero ou fino e espesso tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes e ajudá-los a classificar e a demarcar os fatos selecionados para a linha do tempo. Para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que a linha principal seja feita com materiais mais espessos. Já os marcos temporais podem ser representados por materiais mais finos, como fios de linha ou pequenos palitos. Após a montagem dessa estrutura, oriente que os estudantes escrevam e colem próximos aos marcos temporais as informações selecionadas. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Os estudantes também podem destacar a cronologia dos acontecimentos selecionados para a linha do tempo em forma de texto ou oralmente, desde que as relações de anterioridade, simultaneidade e posterioridade sejam evidenciadas. Nesta atividade, os estudantes são incentivados a refletir sobre sua própria vida e a localizar suas vivências pessoais em uma linha do tempo, construindo, assim, relações de anterioridade, posterioridade e simultaneidade entre os acontecimentos.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal, em parte. Nesta atividade, os estudantes são estimulados a refletir sobre sua própria vida e a localizar suas vivências pessoais em uma linha do tempo, construindo, assim, relações de anterioridade, posterioridade e simultaneidade entre os acontecimentos. Seria interessante expor esses trabalhos em um local visível da sala de aula. Isso possibilita ao professor avaliar se os estudantes aprenderam noções básicas de raciocínio temporal nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, ou se ainda existem defasagens que precisam ser resolvidas.

Debate entre Pré-História e História

Uma das periodizações históricas mais conhecidas e debatidas estabelece a distinção entre um período anterior à invenção da escrita e outro posterior à escrita. Nessa divisão, convencionou-se chamar de Pré-História o longo período que se inicia com o surgimento do ser humano e termina com o período em que surgiu a escrita, por volta de 4000 antes de Cristo O período posterior foi denominado História.

A distinção entre Pré-História e História foi criada por historiadores europeus que viveram no século dezenove. Eles davam grande importância às fontes escritas porque supunham que elas eram mais confiáveis.

Atualmente, os estudiosos não dão tanta importância para essa distinção entre fontes escritas e não escritas. Isso porque há várias fórmas de registro do passado que podem ser interpretadas. Além disso, o ser humano, desde que surgiu na Terra, é um ser histórico.

Apesar das críticas mais recentes, o termo Pré-História continua sendo usado para referir-se ao período inicial da existência humana sobre a Terra. Neste livro, eventualmente, podemos nos referir a esse termo – sabendo que esse período faz parte da História como todos os outros.

Fotografia. Contornos de diversas mãos, em tons de vermelho, amarelo, laranja, preto e branco, sobre as paredes de uma gruta.
Pintura rupestre encontrada na Gruta das Mãos, em Santa Cruz, Argentina. Fotografia de 2017. Pesquisadores calculam que essa pintura foi feita entre 13 mil e 10 mil anos atrás, durante a chamada Pré-História.

Periodização tradicional e eurocentrismo

Há outra divisão da História, também elaborada por europeus, que destaca quatro grandes períodos: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Essa divisão foi desenvolvida com base no estudo de algumas regiões da Europa, do Oriente Médio e do Norte da África.

Essa periodização tradicional também recebe críticas, porque se baseia em uma visão histórica centrada nos povos da Europa. É, portanto, eurocêntrica. É importante conhecê-la porque ela é frequentemente citada. Podemos utilizá-la, mas não devemos nos restringir a essa divisão tradicional.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir aprofunda a questão do eurocentrismo na periodização tradicional e nas fórmas de medir o tempo.

Visão histórica eurocêntrica

“Desde o início do século dezenove, a construção da História do mundo tem sido controlada pela Europa Ocidental, que registrou sua presença no resto do mundo como resultado da conquista colonial e da Revolução Industrial. Também os chineses, os hindus e os árabes construíram suas histórias mundiais, por sinal com o mesmo caráter parcial (de certa fórma todas as histórias são parciais). De fato, poucas culturas estabelecem um vínculo entre o seu próprio passado com o passado das outras civilizações. reticências O que caracteriza a postura europeia, assim como a de sociedades mais simples, é a tendência de impor a própria História ao mundo. Essa tendência etnocêntrica é extensão de um impulso egocêntrico na base de grande parte da percepção humana e se realiza pelo domínio de fato de muitas partes do mundo. Eu vejo o mundo necessariamente com meus olhos, não com os olhos dos outros. reticências

É necessário um pensamento mais crítico para combater o inevitável caráter etnocêntrico em qualquer tentativa de descrever o passado ou o presente do mundo. Isso significa, primeiramente, ser cético quanto à pretensão ocidental de ter inventado atividades e valores como democracia ou liberdade. Em segundo lugar, significa olhar para a História a partir da base e não de cima para baixo (ou do presente). Em terceiro lugar, dar o peso adequado ao passado não europeu. Em quarto, é necessária a consciência de que até mesmo a espinha dorsal da historiografia – a localização dos fatos no tempo e espaço – é variável, objeto de construção social, por isso, sujeita a mudança. Portanto, não se trata de categorias imutáveis que emanam do mundo na fórma como são apresentadas na consciência historiográfica ocidental.

As dimensões atuais de tempo e espaço foram estabelecidas pelo Ocidente. Isso porque a expansão através do mundo requereu contrôle temporal e mapas que emolduraram a História, tanto quanto a Geografia. reticências

Recentemente, a Europa se apropriou do tempo de fórma mais determinada e o aplicou ao resto do mundo. Claro, a história mundial precisa ter uma estrutura cronológica única, se quiser ser unificada. Acontece que o parâmetro internacional é basicamente cristão. reticências A globalização compreende uma medida de universalização. reticências Universalização é muito mais do que um problema nas ciências sociais, no contexto da periodização. reticências Por exemplo, os termos ‘Antiguidade’ e ‘feudalismo’ são definidos num puro contexto europeu, atentos ao desenvolvimento histórico particular desse continente. Os problemas surgem quando se pensa sobre a aplicação desses conceitos em outros tempos e lugares, e suas reais limitações vêm à tona.”

GOODY, Jack. O roubo da História. São Paulo: Contexto, 2008. página 23-33.

Alerta ao professor

O texto “Periodização tradicional e eurocentrismo” favorece o desenvolvimento das competências cê ê agá dois e cê ê agá seis, bem como da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero um, pois trata da periodização dos processos históricos, suas continuidades e rupturas. Já a seção “Painel” desenvolve as competências cê gê dois e cê gê três.

Outras indicações

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da unicâmpi, 2013.

Coletânea de ensaios sobre o desenvolvimento do conceito de História ao longo do tempo, abordando noções como antigo-moderno, memória e calendário.

PAINEL

O tempo

Vários artistas procuraram representar o tempo em suas obras. Uma dessas representações é o quadro Uma dança para a música do tempo, do pintor francês Nicolás Pússim (1594-1665).

A seguir, observe uma interpretação de alguns elementos dessa tela.

Pintura. Quatro pessoas de mãos dadas em destaque, indicadas pelo número ‘2’, dispostas em um círculo, com diferentes trajes e as indicações de: ‘Representação do trabalho’; ‘Representação da pobreza’, ‘Representação do prazer’ e ‘Representação da riqueza’. Nas laterais, à direita, um homem em idade avançada, com um par de asas nas costas, segurando uma harpa, e duas crianças sentadas no solo, uma à esquerda, outra à direita da tela, indicados pelo número ‘1’. À esquerda, uma escultura de pedra representando dois rostos vistos de perfil, indicada pelo número ‘4’. Em segundo plano, entre as nuvens do céu, um homem sobre uma carruagem conduzida por cavalos, rodeado por mulheres de aspecto angelical, indicados pelo número ‘3’.
Uma dança para a música do tempo, pintura de Nicolás Pússim, cêrca de 1636.

1. As crianças e o homem idoso representam o tempo ou a passagem do tempo.

O homem idoso toca uma harpa e sua música dá ritmo ao movimento das pessoas, que simboliza a dança da vida”. Sem a música do tempo, não existiria a dança da vida. Observe, também, que o homem possui asas, trazendo a ideia de que o tempo voa.

  1. As figuras que dançam representam o trabalho, o prazer, a riqueza e a pobreza. Observe que a riqueza não dá a mão para a pobreza. O trabalho olha em direção à riqueza. E o prazer desvia o olhar do trabalho. Na visão do pintor, a relação entre esses quatro elementos marca a vida das pessoas.
  2. No céu, o pintor representou o deus Apolo e suas seguidoras Horas, as deusas referentes às estações do ano. Os deuses vivem a eternidade, enquanto os humanos vivem no mundo em que tudo começa e termina.
  3. A estátua representa o deus romano Jano, nome do qual derivou o termo janeiro. Jano simboliza a porta de entrada para um novo tempo. A face dupla de Jano representa a síntese do velho e do novo, do passado e do futuro.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar 

Analisem a imagem da seção “Painel” e respondam: 

1. Qual é o título dessa pintura? Quem é seu autor?

Resposta: Essa obra se chama Uma dança para a música do tempo e foi criada pelo pintor francês Nicolas Poussin. 

  1. Que outro título você daria para essa obra? 
  2. Como você representaria o tema do tempo ou da passagem do tempo? 

Respostas 2 e 3: Respostas pessoais. O objetivo é desenvolver a criatividade dos estudantes e aprofundar suas reflexões sobre a passagem do tempo.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Identifique as frases incorretas sobre o trabalho dos historiadores. Depois, reescreva-as de fórma correta em seu caderno.

  1. Esses profissionais investigam as vivências humanas ao longo do tempo.
  2. Os historiadores revelam verdades absolutas e definitivas sobre o passado.
  3. Em seu ofício, os historiadores pesquisam, levantam hipóteses e interpretam culturas.
  4. Atualmente, os historiadores somente analisam fontes escritas, por serem mais confiáveis.
  1. Em grupo, entrevistem uma pessoa mais velha que vocês conheçam. Para isso, leiam as orientações a seguir.
    1. Elaborem um questionário para a entrevista. Observem, a seguir, exemplos de perguntas que podem ser adaptadas por vocês.
      • Qual é o seu nome? Quando e onde você nasceu?
      • Que lembranças você tem de sua infância e de sua juventude?
      • Como eram suas brincadeiras, sua casa e sua rua?
      • Você guarda algum objeto dessa época (fotografias, cartas, roupas, acessórios)? Por que você guarda esse objeto?
      • Você tem saudade de sua infância? Por quê?
      • Se tivesse que dar um conselho para uma pessoa mais jovem, o que diria?
    1. Registrem a entrevista em texto, vídeo ou áudio.
    2. Apresentem a entrevista para os colegas da turma.
    3. Identifiquem semelhanças e diferenças entre as respostas dos entrevistados.

integrar com matemática

3. Para refletir um pouco mais a respeito da divisão do tempo em anos e séculos, faça as atividades a seguir. Se necessário, peça ajuda ao professor.

  1. Escreva no caderno, em algarismos romanos, o século em que você nasceu e o século anterior. Indique o ano do início e o do término de cada um.
  2. Escreva no caderno, em algarismos romanos, os seguintes séculos: 1, 9, 10, 15, 20 e 21.
  3. Indique a que século pertencem os seguintes anos: 100 antes de Cristo, 10, 1500, 1988, 2001, 2020.
  4. Indique o ano em que começou e o ano em que terminou cada um dos seguintes séculos: dois, oito, doze, quinze, vinte e dezenove.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências da Bê êne cê cê:

  • cê gê três (atividade 5);
  • cê ê cê agá cinco (atividade 4);
  • cê ê agá um (atividade 4);
  • cê ê agá três (atividades 2 e 5);
  • cê ê agá seis (atividade 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. Estão incorretas as frases b e d, que podem ser corrigidas da seguinte forma:

b) Os historiadores investigam o passado e elaboram interpretações provisórias sobre ele.

d) Atualmente, os historiadores podem analisar diversos tipos de fontes, escritas e não escritas.

  1. Resposta pessoal. Atividade que desenvolve noções introdutórias de práticas de pesquisa baseadas na construção de questionários e na realização de entrevistas, ao solicitar que os estudantes elaborem um roteiro de perguntas para a coleta e interpretação de fontes orais que possibilitem estabelecer relações entre o passado e o presente. Proponha aos estudantes que comparem as entrevistas, identificando semelhanças e diferenças entre as respostas por meio de perguntas como: as pessoas entrevistadas nasceram na mesma data, bairro, cidade?
  2. Atividade interdisciplinar com Matemática. Esta atividade visa trabalhar a escrita e a leitura de algarismos romanos, que costumam ser utilizados para indicar os séculos em História.
  1. Resposta pessoal, em parte. Considerando que a faixa etária para os Anos Finais do Ensino Fundamental varia, em média, entre 11 e 14 anos, todos os estudantes nasceram no século vinte e um. O século vinte e um se iniciou no ano 2001 e vai terminar em 2100. O século anterior é o século vinte, que se iniciou no ano 1901 e terminou em 2000.
  2. um, nove, dez, quinze, vinte e vinte e um.
  3. umantes de Cristo, um, quinze, vinte, vinte e um e vinte e um.
  4. 101 a 200; 701 a 800; 1101 a 1200; 1401 a 1500; 1901 a 2000; 1801 a 1900.

Interpretar texto e imagem

4. Analise e compare as duas imagens a seguir.

Fotografia em preto e branco. Uma sala de aula formada por alunas uniformizadas, sentadas sobre carteiras escolares de madeira. Ao fundo, uma mulher adulta, em pé.
Alunas aprendem costura na Escola Normal Caetano de Campos, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 1908.
Fotografia. Uma sala de aula formada por alunas e alunos uniformizados, vestindo camisas brancas e calças, sentados em carteiras escolares de plástico e metal, voltados para uma lousa sobre a parede à frente. Segurando uma caneta sobre a lousa, há um homem em pé.
Alunas e alunos em sala de aula da Escola Municipal Benedito de Oliveira Barros, em Itaparica, Bahia. Fotografia de 2019.
  1. Observe os seguintes elementos: cores e datas das fotografias; cidades onde elas foram tiradas; pessoas e cenários retratados.
  2. Comparando essas fotografias, você diria que, ao longo do tempo, as escolas mudaram ou continuaram iguais? Explique sua resposta.
  3. Agora compare sua classe com as salas de aula representadas nessas duas fotografias. Analise semelhanças e diferenças entre elas.

integrar com arte

5. Observe a imagem e responda às questões.

Fotografia. Capa de revista internacional. Destaque para a reprodução de uma pintura, que ocupa quase toda a capa. Na pintura, foi representado um conjunto de pessoas com características diversas: homens e mulheres; crianças, adultos e idosos; brancos, negros e asiáticos; trajando roupas variadas; muitos com as mãos em posição de oração, aparentando professar diferentes religiões.
Capa de revista com a pintura Regra de ouro, do artista estadunidense Norman Rockwell, 1961. Na obra, está escrita a frase, em inglês, Do unto others as you would have them do unto you”, que pode ser traduzida por “Faça aos outros aquilo que você gostaria que fizessem a você”.
  1. Qual é o nome dessa obra? Em que ano foi criada? Quem é seu autor?
  2. Compare as pessoas representadas na imagem. Quais são suas semelhanças e diferenças?
  3. Qual é o sentido da frase escrita na obra?
  4. Em sua opinião, as diferenças étnicas, religiosas, de idade e de gênero são respeitadas atualmente no Brasil? Desenvolva sua resposta argumentando.
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

4. a) É interessante sugerir aos estudantes que construam um quadro para organizar as respostas. Esta atividade possibilita ao professor avaliar se os estudantes têm dificuldade em concentrar sua atenção e perceber semelhanças e diferenças entre variadas fontes históricas. A seguir, confira um exemplo.

ELEMENTOS

FONTE 1

FONTE 2

COMPARAÇÃO

COR

Em preto e branco

Colorida

As cores das fotografias são diferentes.

DATA

1908

2019

As datas das fotografias são diferentes. A da fonte 1 é do início do século XX; e a da fonte 2 é do século XXI.

ELEMENTOS

FONTE 1

FONTE 2

COMPARAÇÃO

CIDADE

São Paulo

Itaparica

As cidades são diferentes.

PESSOAS

Alunas e professora

Alunas, alunos e professor

As fotografias mostram perfis de pessoas diferentes.
Na fonte 1, existem apenas alunas e uma professora.
Na fonte 2, existem alunas, alunos e um professor. Além disso, as duas fotografias apresentam estudantes e docentes.

CENÁRIO

Sala de aula

Sala de aula

As fotografias são de escolas diferentes, mas elas retratam o mesmo tema: a sala de aula.


  1. Comparando as fotografias, é possível dizer que as escolas do passado e do presente permanecem sendo espaços educativos onde o trabalho dos professores continua fundamental. No entanto, é importante destacar que, no passado, havia classes destinadas somente às mulheres ou aos homens.
  2. Resposta pessoal. O objetivo desta atividade é aproximar os conteúdos das vivências dos estudantes identificando relações entre o passado e o presente. Estimule os estudantes a fotografar a sala de aula e a guardar esse registro.

5. Atividade que contribui para o desenvolvimento de aspectos do tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, ao solicitar aos estudantes a interpretação de uma pintura cujo tema é o respeito às múltiplas manifestações religiosas.

  1. A obra se chama Regra de ouro e foi criada em 1961 pelo artista estadunidense norman roc-uél.
  2. A obra representa personagens de diferentes idades, etnias etcétera Essas personagens parecem ter diversas crenças religiosas.
  3. A frase é um apelo ao convívio solidário, ao respeito, à tolerância entre pessoas de diferentes crenças.
  4. Resposta pessoal, em parte. Tema para debate. Espera-se que os estudantes fundamentem suas respostas com exemplos de experiências pessoais. Depois de ouvir as respostas, o professor pode comentar que há grupos da população brasileira (mulheres, negros, indígenas, idosos, jovens, adeptos de religiões afro-brasileiras etcétera) discriminados por suas diferenças étnicas, religiosas, de idade e de gênero. No entanto, a Constituição Federal de 1988 combate essas discriminações ao estabelecer que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza reticências” (Artigo 5º).
Nota de rodapé
1
BLOCH, Marc. Apologia da História. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. página 55.
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