UNIDADE 1  HISTÓRIA E NOSSAS ORIGENS

CAPÍTULO 3 PRIMEIROS POVOS DA AMÉRICA

Quando surgiram os primeiros povos que habitaram a América?

O povoamento da América é um assunto fascinante pesquisado por muitos estudiosos. Essas pesquisas apontam que os humanos habitam a América, no mínimo, há mais de 10 mil anos. Isso é demonstrado por diversos vestígios, como pontas de lança, artefatos de pedra, ossos de mulheres e homens etcétera

Todos esses vestígios são utilizados para formular hipóteses sobre o modo de vida dos primeiros povos americanos.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Que tipo de registro pode indicar vestígios dos primeiros humanos? Pense em coisas que dependem da ação humana. Dê exemplos.

Fotografia. Um homem em pé, com cabelos escuros, curtos e lisos, vestindo uma camisa cinza, com o olhar voltado para uma grande parede de rocha contendo diversos registros rupestres representando animais, pessoas e símbolos.
Pintura rupestre pertencente ao sítio arqueológico Serrania La Lindosa, próximo à cidade de San Jose del Guaviare, Colômbia. Essa pintura foi datada de 12 mil a 8 mil anos atrás. Fotografia de 2018.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis agá ih zero quatro
  • ê éfe zero seis agá ih zero cinco
  • ê éfe zero seis agá ih zero seis

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, os primeiros povos americanos, e de assuntos correlatos, como as teorias migratórias, as principais descobertas arqueológicas realizadas no Brasil, o ofício do arqueólogo, os povos caçadores-coletores, sambaquieiros, agricultores e ceramistas, com destaque para os santarenos e marajoaras.

  • Estudar teorias que explicam a chegada de grupos humanos ao continente americano.
  • Refletir sobre a antiguidade do povoamento da América.
  • Investigar especificidades de alguns dos primeiros povos da América.
  • Conhecer produções culturais dos primeiros povos da América, especialmente as relacionadas aos sambaquieiros e aos santarenos e marajoaras.
  • Aprofundar a noção de fonte histórica e conhecer métodos de trabalho dos arqueólogos.

Para começar

A atividade visa mobilizar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre os elementos que podem ser analisados como registros da presença humana, levando-os a distinguir entre fenômenos naturais e produções culturais. Incentive os estudantes a explicar o que esses registros podem informar sobre o modo de vida desses grupos humanos.

Fotografia. Solo terroso visto de cima, com destaque para sequência de pegadas humanas em relevo.
Pegadas humanas fossilizadas encontradas no Parque Nacional de White Sands, no Novo México, Estados Unidos. Fotografia de 2021. Pesquisadores calculam que essas pegadas datam de 23 mil a 21 mil anos atrás e supõe-se que elas sejam de uma mulher ou de um adolescente que carregava uma criança no colo. No local também há a pegada de um mamute e de uma preguiça-gigante.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

A partir da atividade proposta no boxe “Para começar”, faça a pergunta a seguir aos estudantes.

Você já leu ou ouviu notícias sobre descobertas arqueológicas ligadas aos primeiros povos da América? Comente.

Resposta pessoal. A atividade tem por objetivo mobilizar os conhecimentos prévios dos estudantes. Caso julgue conveniente, solicite aos estudantes uma pesquisa sobre notícias recentes de descobertas arqueológicas ligadas aos primeiros povos americanos. Para isso, recomendamos que eles pesquisem em revistas de divulgação científica, como Ciência Hoje (disponível em: https://oeds.link/xrg03l ), Superinteressante (disponível em: https://oeds.link/ySeFp0 ) e Galileu (disponível em: https://oeds.link/THKxLZ ). Acessos em: 28 abril 2022.

Atividade complementar

É possível solicitar aos estudantes que analisem as imagens da abertura deste capítulo a partir das perguntas:

  1. Vocês sabem o que são pinturas rupestres? Quem as criou? Quando?
  2. O que mais chama a atenção de vocês nessas imagens?

Respostas 1 e 2: No caso da pintura rupestre no sítio arqueológico Serrania La Lindosa, na Colômbia, questione os estudantes sobre o eventual propósito de tal registro. Depois de ouvir as respostas, explique que pinturas rupestres são representações criadas pelos primeiros humanos há milhares de anos. Neste capítulo, o texto “Inscrições rupestres” vai trazer mais detalhes sobre esse assunto. Também chame a atenção para as pegadas humanas fossilizadas encontradas no Parque Nacional de White Sands, nos Estados Unidos. Indague sobre sua datação e há quanto tempo o ser humano está no continente americano.

Origem dos primeiros habitantes

Existem indícios de que os primeiros seres humanos (Homo sapiens) surgiram na África. De lá, os pesquisadores supõem que eles tenham se deslocado para os outros continentes, entre eles a América. Mas como teriam vindo para a América?

Para responder a essa pergunta, estudiosos elaboraram algumas hipóteses sobre esse deslocamento. Hipóteses são suposições que os pesquisadores fazem e, depois, procuram comprovar em suas pesquisas. Vamos conhecer algumas delas.

  • Hipótese asiática – segundo essa hipótese, as primeiras migrações para o continente americano ocorreram pelo Estreito de Bering. Com o volume dos oceanos mais baixo, grupos humanos teriam se deslocado da Ásia para a América atravessando uma passagem de terra e gelo que ligava a Sibéria (Ásia) e o Alasca (América). Para suportar o frio intenso da região, frequentemente abaixo de menos35 graus Célsius, esses humanos teriam confeccionado roupas e sapatos com peles grossas de animais para resistir à neve.
  • Hipótese malaio-polinésia – existe também a possibilidade de que os primeiros povoadores tenham construído embarcações para vir para a América pela Polinésia, que é um conjunto de ilhas situado no Oceano Pacífico.
  • Hipótese da dupla origem – outros pesquisadores defendem uma terceira hipótese, que é uma combinação das anteriores: os primeiros seres humanos teriam migrado para a América atravessando o Estreito de Bering e, também, navegando pelo Oceano Pacífico.

Quando ocorreram essas migrações? Para alguns pesquisadores, as primeiras migrações para a América aconteceram aproximadamente entre 12 mil e 20 mil anos atrás. Para outros estudiosos, as primeiras travessias foram realizadas há mais de 50 mil anos. Essas hipóteses, no entanto, ainda são temas de discussões científicas.

Chegada dos seres humanos à América

Mapa. Chegada dos seres humanos à América. Representa, da esquerda para a direita, os continentes: África, Europa, Ásia, Oceania e América do Norte, Central e do Sul; e os oceanos Índico, Pacífico e Atlântico. Legenda: Seta vermelha: “Pelo estreito de Bering”; Seta verde: “Pelo Oceano Pacífico”. Uma seta vermelha parte do centro da África em direção à Europa, seguindo por diferentes partes da Ásia, passando pela Sibéria, atravessa o Estreito de Bering, atingindo o Alasca, na América do Norte, e avança para a América Central e para a América do Sul. Por todo o trajeto há a ilustração do contorno de um homem em pé segurando uma lança em uma das mãos. Uma seta verde parte do Sudeste da Ásia em direção às Filipinas e à Oceania, atravessando o Oceano Pacífico, em rotas próximas ao Havaí, à Nova Guiné, à Polinésia, ao Taiti e à Ilha de Páscoa, até atingir a América do Sul. Neste trajeto há ilustrações do contorno de duas pessoas sobre uma pequena canoa. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.570 quilômetros.
Fonte: vidal naquet piérre; Bertã, Jác. Atlas histórico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990. página 18.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir apresenta teorias sobre a chegada dos primeiros grupos humanos na América.

A construção do conhecimento histórico

O conhecimento histórico não é algo que encontramos de fórma pronta e acabada. Ele é algo construído por meio de pesquisas e buscas contínuas, o que pode ser ilustrado quando examinamos a questão dos primeiros povoadores do Brasil.

Pesquisas realizadas no Brasil contribuem para o debate e a construção das hipóteses sobre o povoamento da América, que dividem os estudiosos. A hipótese da dupla origem dos americanos (vindos da Ásia e da Polinésia) é defendida pela arqueóloga estadunidense Anna Roosevelt. Para ela, as migrações não teriam ocorrido de uma única fórma – pela terra – do norte para o sul da América. Ela acredita que alguns grupos humanos teriam chegado ao continente navegando pelo Oceano Pacífico há mais de 12 mil anos – pois essa é a data dos vestígios de um povoado descoberto por sua equipe às margens do Rio Tapajós, na Amazônia.

Os pesquisadores também divergem quando tentam definir a época das primeiras migrações humanas para a América por meio do estudo dos fósseis. Alguns afirmam, por exemplo, que os primeiros grupos chegaram ao continente entre 12 mil e 20 mil anos atrás. Entretanto, outros pesquisadores, como a arqueóloga brasileira niêde Guidon, defendem que os deslocamentos mais antigos aconteceram muito antes disso. Guidon também acredita que os grupos humanos tenham chegado à América por caminhos diferentes.

Em São Raimundo Nonato, no Piauí, estudiosos da equipe de Guidon descobriram indícios de “fogões pré-históricos”, isto é, restos de pedra e de carvão colocados em fórma de círculos ou triângulos e provavelmente utilizados para fazer fogo. Próximo a esses “fogões” também foram encontrados ossos de animais e pedaços de instrumentos de pedra lascada (raspadores, facas, machados).

Várias suposições surgiram a partir desses achados arqueológicos. Calcula-se, por exemplo, que esses habitantes formavam grupos de caçadores e coletores, abrigavam-se em grutas, tinham domínio do fogo e sabiam construir instrumentos de pedra lascada. No entanto, para a cientista estadunidense Betty Meggers, não há garantias de que esses vestígios sejam de uma população pré-histórica, pois eles podem ter sido provocados por incêndios espontâneos (causados por um raio, por exemplo).

Em 2006, análises de artefatos encontrados em São Raimundo Nonato indicaram que havia ocupação humana naquele local entre 33 mil e 58 mil anos atrás. Mas os estudos e as polêmicas ainda devem prosseguir por muito tempo.

Texto elaborado pelos autores.

Alerta ao professor

O texto “Origem dos primeiros habitantes” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero seis, pois apresenta as possíveis rotas para a chegada dos primeiros grupos humanos à América. O texto “Descobertas arqueológicas no Brasil” contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá quatro e das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero quatro e ê éfe zero seis agá ih zero cinco, pois apresenta teorias da origem do homem americano e descreve modificações da natureza e da paisagem realizadas por diferentes povos indígenas originários.

Diversidade cultural

Os primeiros grupos humanos que chegaram à América foram, aos poucos, se espalhando por esse continente. Durante um ou dois milênios, ocuparam e se adaptaram aos diversos ambientes naturais, desde o norte até o sul. Esses grupos foram povoando áreas que correspondem, atualmente, às florestas do leste dos Estados Unidos, aos desertos do México, à bacia do Rio Amazonas, aos vales das montanhas andinas e ao litoral do Brasil. Alcançaram, até mesmo, as ilhas da Terra do Fogo, no extremo sul do continente, que atualmente pertencem ao Chile e à Argentina.

O povoamento da América provocou impactos naturais e a extinção de parte da fauna original. Nessa fauna havia, por exemplo, tigres-dentes-de-sabre, mamutes, mastodontes, leões-americanos e cavalos nativos. Também havia preguiças-gigantes, que podiam pesar 8 toneladas e alcançar 6 metros de altura. No entanto, a maioria dessas espécies foi desaparecendo devido, entre outros fatores, à caça promovida pelos grupos humanos.

Ao modificar a natureza e a paisagem, cada povo desenvolveu sua cultura, que se manifestava em um conjunto de bens materiais e imateriais, como o jeito próprio de construir instrumentos, organizar a vida social e homenagear seus deuses.

A seguir, vamos estudar alguns aspectos da história dos primeiros povoadores de áreas que hoje compõem o território brasileiro.

Descobertas arqueológicas no Brasil

As descobertas arqueológicas que ocorreram no Brasil foram importantes para a compreensão da história dos primeiros povos que viveram nessas terras. Além disso, até agora, os fósseis humanos encontrados no atual território brasileiro estão entre os mais antigos da América.

Fotografia. Sala de paredes escuras com exposição de uma tela, ao fundo, retratando uma parede de caverna com pinturas rupestres ilustrando animais. Na sala, à frente, há um baú de madeira retangular, com uma pequena abertura central, expondo um objeto protegido por vidro.
Sala do Museu do Homem Americano,em São Raimundo Nonato, Piauí. Fotografia de 2019. As cerâmicas e os artefatos de pedra expostos nesse museu revelam aspectos da cultura dos primeiros povos que viveram no continente americano.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

DELFINA, Cristiane. O homem na América. De onde veio? Quando? Como?. ComCiência, 10 outubro 2013. Disponível em: https://oeds.link/jlBURU. Acesso em: 28 abril 2022.

A reportagem contextualiza os debates sobre o início da ocupação humana na América, que envolve historiadores, arqueólogos, biólogos, geólogos e cientistas de outras áreas.

Lagoa Santa

Em 1834, o pesquisador dinamarquês píter lund (1801-1880) encontrou fósseis de cêrca de trinta pessoas na Gruta do Sumidoro, que fica no município de Lagoa Santa, no estado de Minas Gerais.

Depois, vieram muitas outras descobertas. Uma delas foi realizada na mesma região de Lagoa Santa, entre 1974 e 1975, pela equipe coordenada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire. Mas foi apenas na década de 1990 que um dos esqueletos descobertos em Lagoa Santa pela equipe de anét recebeu atenção especial dos pesquisadores. O esqueleto era de uma mulher que viveu há cêrca de 11 mil anos, talvez o mais antigo de toda a América. Esse achado foi batizado de “Luzia” pelo arqueólogo brasileiro Uálter Neves.

Segundo Uálter Neves, os estudos sobre Luzia indicam que seus antepassados chegaram à América há pelo menos 15 mil anos, possivelmente pelo Estreito de Bering. Além disso, Neves e sua equipe analisaram esse crânio e identificaram traços semelhantes aos de africanos e de nativos australianos. Entretanto, mais recentemente, outros pesquisadores questionaram essa hipótese, defendendo que Luzia apresenta traços similares aos de povos da Sibéria e do norte da China.

Os estudos também indicam que o chamado povo de Luzia se abrigava nas grutas da região, onde também foram encontrados pinturas rupestres de peixes, veados, figuras humanas, aves, entre outros vestígios.

Escultura. Rosto feminino, com nariz largo, lábios volumosos e entreabertos, olhos pequenos e sobrancelhas arqueadas.
Reconstituição do rosto de Luzia a partir do crânio encontrado, proposta na década de 1990 com base nas pesquisas de Uálter Neves. De acôrdo com essa reconstituição, Luzia teria traços semelhantes aos de africanos e de nativos australianos.
Fotografia. Destaque para um homem visto de frente, com cabelos e barba curtos, lisos e grisalhos. Veste uma camisa cinza e um colete preto. Segura dois objetos de pedra, um em cada mão. Em segundo plano há um cartaz branco contendo textos.
O arqueólogo e antropólogo Uálter Neves, professor da Universidade de São Paulo (úspi), segura artefatos de pedra por ele analisados. Fotografia de 2019.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir apresenta uma nova teoria sobre a origem do chamado povo de Luzia, cujos fósseis foram encontrados em Lagoa Santa.

Uma nova teoria sobre a origem de Luzia

“A história do povoamento das Américas acaba de ganhar uma nova interpretação. O maior e mais abrangente estudo já feito a partir de dê êne á fóssil, extraído dos mais antigos restos humanos achados no continente, confirmou a existência de um único contingente populacional ancestral de todas as etnias ameríndias, passadas e presentes.

Há mais de 17 mil anos, os membros daquele contingente original cruzaram o Estreito de Bering, da Sibéria para o Alasca, para então povoar o Novo Mundo. O dê êne á fóssil indica que os integrantes daquela corrente migratória tinham afinidade com os povos da Sibéria e do norte da China, ou seja, não possuíam dê êne á africano ou da Australásia, como indicava a teoria tradicional. reticências

Até agora não se sabia quantas correntes migratórias humanas originárias da Ásia teriam adentrado as Américas no final da Era do Gelo reticências. A teoria tradicional, formulada nos anos 1980 por Uálter Neves e outros pesquisadores, dava conta de que teria havido uma primeira leva de humanos, cujos membros possuíam características africanas ou semelhantes aos aborígenes da Austrália. reticências

‘Os resultados genéticos do novo estudo mostram de fórma categórica que não existiu nenhuma conexão significativa entre as populações de Lagoa Santa e grupos da África ou da Austrália. Portanto, a hipótese de que o povo de Luzia representaria uma leva migratória anterior aos ancestrais dos indígenas atuais não se confirma. Pelo contrário, o dê êne á mostra que o povo de Luzia tem genética totalmente ameríndia’, disse [o arqueólogo André Menezes strôs, que coordenou a parte brasileira do trabalho].”

múun, píter. A nova face de Luzia e do povo de Lagoa Santa. Agência fapésp, 9 novembro 2018. Disponível em: https://oeds.link/LLZxVL. Acesso em: 28 abril 2022.

Orientação didática

É interessante explicar que o nome Luzia, dado pelo pesquisador Uálter Neves, é uma homenagem à fêmea de Australopithecus afarensis encontrada em 1974, na Etiópia, pelo paleoantropólogo estadunidense donald djonson e pelo estudante Tom Gray.

São Raimundo Nonato

Além das descobertas em Lagoa Santa, pesquisas realizadas pela arqueóloga franco-brasileira niêde Guidon, em São Raimundo Nonato e municípios adjacentes, no estado do Piauí, sugerem que homens e mulheres habitavam aquela porção do atual território brasileiro há, pelo menos, 50 mil anos. Essas pesquisas foram decisivas para a criação, em 1979, do Parque Nacional Serra da Capivara, cujo objetivo é proteger os monumentos arqueológicos e o ambiente natural da região. Em 1991, esse parque foi reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)glossário .

O parque abriga mais de mil sítios arqueológicos, onde foram encontrados diversos vestígios de ocupação humana. Entre eles, podemos destacar fósseis humanos de 10 mil anos, objetos confeccionados com pedras lascadas e polidas (como machado, pilão e ponta de flecha), além de uma significativa concentração de pinturas rupestres que têm de 6 mil a 12 mil anos.

Para a arqueóloga niêde Guidon, os grupos humanos que habitaram a região formavam comunidades de caçadores-coletores, abrigavam-se em grutas, tinham o domínio do fogo e sabiam construir instrumentos de pedra.

Fotografia. Destaque para uma mulher de cabelos curtos, lisos e grisalhos, vestindo uma camisa preta. Ela toca um corrimão com uma das mãos. Em segundo plano há uma parede rochosa com pinturas rupestres.
A arqueóloga niêde Guidon em frente a uma pintura rupestre do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí. Fotografia de 2018.

No entanto, as informações a respeito desses primeiros povoadores têm gerado controvérsias entre os estudiosos. A polêmica está relacionada a algumas pedras lascadas e restos de fogueiras que podem ter mais de 50 mil anos. Segundo niêde Guidon, esses vestígios indicariam que a ocupação na América do Sul ocorreu bem antes do que se imaginava.

Fotografia. Vista aérea de uma construção de formato circular, com paredes avermelhadas e teto plano azul. Ao fundo, área bastante arborizada.
Vista aérea do Museu da Natureza, inaugurado por niêde Guidon em 2018 no Parque Nacional Serra da Capivara. Fotografia de 2019.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

Para saber mais sobre o Parque Nacional Serra da Capivara, é possível apresentar aos estudantes os seguintes vídeos:

  • Serra da Capivara (Brasil). Produzido pela unêsco e com direção de Edson Fogaça, 2013. 40 minutos Disponível em: https://oeds.link/PEOGe9. Acesso em: 28 abril 2022.
  • Museu do Homem Americano (Brasil). Projeto Conhecendo Museus, 2015. 26 minutos Disponível em: https://oeds.link/rjxeYa. Acesso em: 28 abril 2022.

OUTRAS HISTÓRIAS

Como os arqueólogos trabalham?

Os arqueólogos, diferentemente do que costuma aparecer em filmes, quase sempre trabalham em equipe para escavar os locais que estão pesquisando.

As equipes arqueológicas começam analisando a superfície do solo que será escavada. Em seguida, registram o contexto (circunstâncias ao redor de uma situação) em que os objetos são encontrados, como a posição deles no terreno, a proximidade ou a distância entre eles e a profundidade em que estavam.

Depois, analisam a fórma dos objetos e os materiais que os compõem. Fazem suposições de como esses objetos eram usados, procuram semelhanças e diferenças entre eles e comparam os objetos achados com peças encontradas em outros sítios arqueológicos.

Por fim, os arqueólogos tentam entender e descrever a cultura do povo que vivia naquela região. Muitas vezes é possível compreender a evolução de certos instrumentos, as fórmas de representação artística, os modos de aproveitar os recursos naturais etcétera No entanto, diversos aspectos da cultura ficam sem uma compreensão conclusiva, como é o caso da maneira como aquelas pessoas falavam.

Cena de filme. Imagem de dois homens lado a lado, agachados sobre o solo terroso no interior de uma caverna pouco iluminada, com os olhares voltados para baixo, portando lanternas com feixes de luz clara. Ambos vestem jaquetas e calças escuras. Um deles, mais velho, utiliza também um chapéu.
Cena do filme Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, dirigido por istíven Spielberg, 2008. Nessa ficção, o professor de Arqueologia Indiana Jones descobre misteriosos artefatos com poderes sobrenaturais.

Responda no caderno

Atividade

Segundo o texto, de que maneira os arqueólogos produzem conhecimento? Explique utilizando argumentos consistentes.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá seisponto

Outras histórias

Atividade que desenvolve a explicitação de práticas de argumentação e a valorização do método científico, ao solicitar que os estudantes identifiquem as razões que fundamentam ou sustentam os argumentos dos arqueólogos na produção de seus conhecimentos. Os argumentos científicos são sustentados por conceitos e procedimentos metodológicos que possibilitam, de fórma sistemática, formular premissas (ou enunciados) e delas extrair conclusões (ou consequências). No caso da arqueologia, esses conceitos e procedimentos metodológicos envolvem, por exemplo: escavações; identificação, registro e análise de vestígios de bens materiais de sociedades do passado; levantamento de hipóteses sobre as sociedades humanas estudadas. Lembre os estudantes que os arqueólogos analisam, sobretudo, vestígios de bens materiais, à diferença da paleoantropologia, que estuda principalmente vestígios biológicos humanos (fósseis). Além disso, os estudos arqueológicos não são neutros, pois envolvem escolhas, objetivos e interesses, assim como ocorre nas pesquisas históricas e de outras áreas. Destaque que, nas diversas áreas científicas, são produzidos conhecimentos provisórios, em construção, e não verdades absolutas e acabadas.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir aprofunda as discussões sobre o trabalho arqueológico, bem como vincula-se à competência cê ê agá seisponto

Reflexões sobre a Arqueologia

“A Arqueologia tem passado, nas últimas décadas, por grandes mudanças epistemológicas e, por consequência, em seus aspectos sociais. Disciplina surgida no auge do nacionalismo e do imperialismo, como parte da conquista militar e espiritual do mundo, a Arqueologia esteve, por muito tempo, ligada às mais reacionárias e conservadoras posições sociais e políticas, a serviço, muitas vezes, da opressão de indígenas, mulheres, pobres, minorias diversas e mesmo maiorias variadas. A Arqueologia, contudo, passou por modificações profundas devido, em grande parte, aos movimentos sociais e às transformações políticas desde, ao menos, a Segunda Guerra Mundial (1939‑1945). Na esteira do feminismo, das lutas sociais diversas pelos direitos civis, contra o colonialismo e pela diversidade étnica, religiosa e sexual, a disciplina não deixou de responder aos novos tempos.

Definida, na origem, como estudo das coisas antigas, a partir da etimologia, dedicada aos edifícios e objetos provenientes das antigas civilizações, como a grega e a romana, tornou‑se, aos poucos, parte dos estudos das relações de poder a partir das coisas. Em comum, manteve a centralidade do estudo do mundo material, das coisas, daquilo que pode ser tocado, transformado e feito pelo ser humano, definido, por convenção, como cultura material. Introduziram‑se, ademais, os aspectos sociais e de poder, das desigualdades e conflitos, para propor uma disciplina menos distante das pessoas e mais útil tanto aos indivíduos, como às coletividades.”

FUNARI, Pedro Paulo A. Arqueologia no Brasil e no mundo: origens, problemáticas e tendências. Ciência e Cultura, São Paulo, volume 65, número 2, página 23-25, abril a junho 2013.

Inscrições rupestres

As inscrições rupestres estão entre as expressões artísticas mais antigas criadas pelos seres humanos. Essas inscrições são encontradas em superfícies rochosas, como as paredes e o teto de cavernas e grutas. Rupestre significa “feito em rocha”.

A fórma mais comum de arte rupestre são as pinturas. Elas eram feitas com tintas fabricadas pela mistura de certos pigmentosglossário , obtidos de alguns minerais e vegetais. Por exemplo:

  • com ferrugem (cujo nome científico é óxido de ferro) e manganês, eram produzidas as cores vermelha, amarela e ocre;
  • com urucum e carvão, eram obtidas as cores vermelha, preta e marrom.

Além de revelar o senso artístico desses povos, os especialistas supõem que as pinturas rupestres também tinham função educativa. Eram provavelmente usadas para ensinar aos mais jovens como realizar as atividades do dia a dia: caçar, pescar, defender-se dos perigos etcétera

Um aspecto interessante das inscrições rupestres é que elas podiam ser complementadas ao longo de várias gerações. Isso significa que uma pessoa, por exemplo, fazia um desenho ou pintura e, muitos anos depois, outra pessoa acrescentava detalhes a ele.

No continente americano, foram encontradas milhares de inscrições rupestres. O Parque Nacional Serra da Capivara, por exemplo, reúne uma das maiores concentrações de pinturas rupestres do mundo.

Fotografia. Parede rochosa com pinturas rupestres representando animais diversos.
Pintura rupestre encontrada no município de Jaciara, Mato Grosso, datada aproximadamente de 4 mil anos. Fotografia de 2009.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

A fronteira entre a História e a Arqueologia (Brasil). univéspiTV, 2014. 30 minutos Disponível em: https://oeds.link/pg9zN0. Acesso em: 28 abril 2022.

Entrevista com o arqueólogo Pedro Paulo Funari, que explica as diferenças entre as disciplinas História e Arqueologia.

Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB). Disponível em: https://oeds.link/35Nr3K. Acesso em: 28 abril 2022.

Página oficial do IAB, que oferece jogos educativos e visita a um museu virtual de arqueologia brasileira.

Primeiros povoadores

O atual território brasileiro é uma das regiões da América habitada há pelo menos 10 mil anos. O mapa a seguir apresenta informaçes sobre os principais sítios arqueológicos encontrados no país. Por meio de sua observação, também podemos conhecer onde os povos originários provavelmente viviam.

Brasil: sítios arqueológicos

Mapa. Brasil: sítios arqueológicos. Mapa do Brasil, com a divisão política dos estados. Legenda: Estrela: Sítio arqueológico sem material ósseo humano; triângulo: Sítio arqueológico com material ósseo humano; quadrado: Sambaqui com material ósseo humano; Cor laranja: Datações com 11 mil anos ou mais; Cor verde: Datações com menos de 11 mil anos. Do Sul ao Norte, nesta ordem: Rio Grande do Sul, Arroio dos Fósseis (estrela laranja); Santa Catarina, Camboriú (quadrado verde); Paraná, Ramal (quadrado verde); São Paulo, Cananéia (quadrado verde) e Alice-Boer (estrela laranja); Rio de Janeiro, Camboinhas (quadrado verde); Espírito Santo, Neves (estrela verde); Minas Gerais, Lagoa Santa (triângulo laranja); Goiás, Serranópolis (estrela verde); Mato Grosso, Lapa do Frei Canuto (estrela verde); Bahia, Gruta do Padre (estrela verde); Pernambuco, Chá do Caboclo (estrela laranja); Piauí, São Raimundo Nonato (triângulo verde e estrela laranja); Paraíba, Ingá (estrela verde); Ceará, Analá (estrela verde); Amazonas, Lages (estrela verde); Pará, Serra dos Carajás (estrela verde), Marajó (estrela verde), Pedra Pintada (estrela verde). De Lagoa Santa e de Pedra Pintada partem dois fios vermelhos destacando diferentes imagens. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 400 quilômetros. Fotografia ligada por um fio ao sítio arqueológico de Lagoa Santa. Destaque para um crânio humano visto de lado. Fotografia ligada por um fio ao sítio arqueológico de Pedra pintada. Destaque para a parede rochosa contendo pinturas rupestres representando  símbolos e animais.
Fontes: guarinelo, Norberto Luiz. Os primeiros habitantes do Brasil. São Paulo: Atual, 1994. página 12; SÍTIOS desprotegidos significam história ameaçada. ComCiência, 10 setembro 2003. Disponível em: https://oeds.link/JF3Sli. Acesso em: 17 novembro 2021. Pintura rupestre no sítio arqueológico de Pedra Pintada. Crânio encontrado em Lagoa Santa.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

  1. Qual sítio arqueológico está mais próximo do município onde você mora?
  2. Em quais locais foram encontrados materiais ósseos humanos? Qual desses locais apresenta os vestígios mais antigos?
Orientações e sugestões didáticas

Observando o mapa

1. Resposta pessoal. Esta atividade desenvolve aspectos da alfabetização cartográfica e do raciocínio espacial, como a localização, a distância e a simbologia do mapa, explicada em sua legenda. No mapa “Brasil: sítios arqueológicos”, foram representados dezenove sítios arqueológicos que estão distribuídos por dezesseis unidades da federação. Consulte no quadro a localização dos sítios arqueológicos por região e unidade federativa.

Região

Unidade federativa

Sítio

Norte

Amazonas

Lages

Pará

Marajó; Serra dos Carajás; Pedra Pintada

Nordeste

Piauí

São Raimundo Nonato

Ceará

Analá

Paraíba

Ingá

Pernambuco

Chã do Caboclo

Bahia

Gruta do Padre

Centro-Oeste

Mato Grosso

Lapa do Frei Canuto

Goiás

Serranópolis

Sudeste

Espírito Santo

Neves

Rio de Janeiro

Camboinhas

Minas Gerais

Lagoa Santa

São Paulo

Alice-Boer e Cananéia

Sul

Paraná

Ramal

Santa Catarina

Camboriú

Rio Grande do Sul

Arroio dos Fósseis


2. De acordo com o mapa, foram encontrados materiais ósseos humanos nos sítios arqueológicos de Lagoa Santa Minas Gerais e de São Raimundo Nonato Piauí, bem como nos sambaquis de Camboinhas Rio de Janeiro, Cananéia São Paulo, Ramal Paraná e Camboriú Santa Catarina. Desses, o que apresenta material ósseo mais antigo é o sítio arqueológico de Lagoa Santa, com datações de 11 mil anos ou mais.

Alerta ao professor

O boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá seteponto

Caçadores-coletores

Os povos caçadores-coletores viviam da caça, da pesca e da coleta de alimentos. Não praticavam a agricultura, mas tinham o domínio do fogo e fabricavam instrumentos variados, feitos de pedra e de ossos.

Embora existam muitas semelhanças entre os modos de vida dos primeiros povos caçadores-coletores, também é possível identificar diferenças entre eles. Aliando trabalho e criatividade, esses povos desenvolveram culturas próprias.

A maioria das informações que temos sobre eles vem de inscrições rupestres e dos vestígios de seus instrumentos, alimentos e habitações. No estado de São Paulo, por exemplo, os pesquisadores acharam diversos tipos de ponta de flecha. Em Minas Gerais e no Piauí, descobriram uma grande quantidade de pinturas rupestres que provavelmente foram elaboradas por esses povos.

Já no Rio Grande do Sul, foram encontradas facas de pedra em fórma de bumerangue e boleadeiras, que é um instrumento composto de duas ou três bolas de pedra amarradaspor um cordão, feito geralmente de couro. As boleadeiras eram lançadas nas patas do animal para derrubá-lo. Até hoje elas são usadas por alguns gaúchos que vivem no campo e criam animais.

Fotografia. Três círculos de pedra, com um sulco dividindo-os ao meio, dispostos em posição vertical.
Boleadeiras encontradas no atual estado do Rio Grande do Sul, datadas entre 300 e 2500 anos atrás.
Fotografia. Destaque para um homem vestindo uma camisa branca, uma calça preta e botas de couro marrom, segurando cordas com boleadeiras na extremidade, sentado sobre o dorso de um cavalo de pelagem marrom.
As boleadeiras são usadas não só no Rio Grande do Sul, mas também na Argentina e no Uruguai. Na fotografia, trabalhador rural montado sobre um cavalo carrega boleadeiras na Argentina. Fotografia de 2010.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

LOPES, Reinaldo José. 1499: o Brasil antes de Cabral. São Paulo: Harper-Collins, 2017.

Livro escrito pelo jornalista Reinaldo José Lopes, apresentando uma nova perspectiva da Pré-História brasileira a partir de estudos arqueológicos recentes.

Ocupação do “Brasil” primordial (Brasil). Pesquisa fapésp, 2018. 4minutos24segundos. Disponível em: https://oeds.link/eqJ6i3. Acesso em: 29 abril 2022.

O vídeo apresenta achados arqueológicos e teorias migratórias relacionados aos primeiros povos caçadores-coletores que viviam no Brasil. Esse material tem uma abordagem interdisciplinar com Geografia.

Sambaquieiros

Por volta de 8 mil anos atrás, parte do litoral brasileiro era habitada por povos seminômades. Alguns desses povos deixaram como vestígios de sua presença os sambaquis.

Sambaqui (palavra de origem tupi que significa “monte de conchas”) é um acúmulo de conchas de moluscos e restos de animais, como peixes e aves, que essas comunidades depositaram em determinados locais ao longo do tempo. Existem sambaquis que atingem até 30 metros de altura e 400 metros de comprimento por 100 metros de largura.

Os sambaquis eram utilizados para enterrar os mortos e seus objetos pessoais (enfeites, utensílios e armas). Isso indica que, provavelmente, já existia entre os sambaquieiros uma preocupação religiosa com a morte. Esses povos também costumavam construir suas habitações sobre os montes de conchas.

Os estudos dos sambaquis sugerem que, até por volta de mil anos atrás, muitos desses povos formavam aldeias com cêrca de 150 habitantes. Viviam da coleta, da caça e, principalmente, da pesca. Utilizavam instrumentos feitos de pedra (enfeites, facas, flechas, machados) e de osso (arpões, agulhas, anzóis). Tinham também o domínio do fogo e assavam os alimentos.

A expansão territorial dos sambaquieiros durou cêrcade 5 mil anos e foi interrompida pela ocupação de grande parte do litoral e parte do interior por aldeias da etnia Tupi.

Fotografia. Vista de terreno arenoso, com gramíneas baixas e, ao fundo, um morro alto e largo, também coberto por areia e grama.
Sambaqui localizado no sítio arqueológico Garopaba do Sul, Santa Catarina. Fotografia de 2017. Com mais de 4 mil anos, 26 metros de altura e 200 metros de comprimento, esse sambaqui é o maior encontrado até hoje no Brasil.
Escultura. Objeto de pedra em formato de uma ave.
Zoólito em formato de ave encontrado em sambaqui no litoral de Santa Catarina. Zoólito é o nome dado aos artefatos arqueológicos feitos de pedra e em formato de animais.

Grafia dos nomes dos povos indígenas

Nos livros desta coleção, os nomes dos povos indígenas do Brasil foram escritos de acordo com a Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais, aprovada na Primeira Reunião Brasileira de Antropologia, em 1953.

  • Com inicial maiúscula, quando usados como substantivo, e opcional, quando usados como adjetivo.
  • Sem flexão de número ou de gênero.

Não estendemos esse padrão para os demais povos indígenas americanos e povos africanos.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Sambaquieiros” favorece o desenvolvimento das competências cê ê cê agá cinco e cê ê agá umponto

Outras indicações

A Pré-História no Brasil e os sambaquis, episódio do programa Expedições. TV Brasil, 2016. 25 minutos Disponível em: https://oeds.link/2miNPD. Acesso em: 29 abril 2022.

O episódio trata dos povos sambaquieiros.

MADU, Gaspar. Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

Livro que apresenta um panorama histórico sobre as pesquisas em sambaquis, incluindo as descobertas recentes da autora em Santa Catarina e no Rio de Janeiro.

Destruição dos sambaquis

No final do século quinze, com a chegada dos europeus ao continente americano, muitos sambaquis foram destruídos. Alguns portugueses tiravam as conchas dos sambaquis para fabricar cal (material usado na construção de habitações).

Atualmente, a preservação dos sambaquis continua sendo ameaçada. Eles são destruídos com o objetivo, por exemplo, de abrir caminho para novas construções ou de extrair materiais para a produção agrícola. Também é comum os sambaquis se deteriorarem por causa do trânsito de pessoas e de veículos, sobretudo em áreas litorâneas exploradas pelo turismo.

Fotografia. Destaque para uma placa branca com textos pendurada sobre cercas de madeira em um terreno arenoso. Ao fundo, um morro.
Placa informativa no sambaqui Santa Marta três, no município de Laguna, Santa Catarina. Fotografia de 2021. Uma das medidas tomadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn) para tentar conter a destruição dos sambaquis é a instalação de cêrcas e de placas de sinalização ao redor dos sítios arqueológicos.

Apesar desse processo de destruição, ainda existem sambaquis no litoral brasileiro, muitos deles estudados por equipes de arqueólogos e historiadores.

Os sambaquis estão localizados desde o estado do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo. Têm idades variadas, embora seja difícil dizer exatamente quando foram formados. Alguns, como o de Capelinha (São Paulo), têm cêrca de 8 mil anos. Outros, como os de Paranaguá (Paraná), têm entre 6 mil e 7 mil anos.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Por que é importante preservar os sambaquis? Debata com os colegas.

Fotografia. Fachada de construção retangular, com paredes cinzas e lisas, teto plano e janelas de disposição retangular. Ao redor, terreno gramado e algumas árvores. À frente, uma placa vertical indicando o texto: “Museu de Sambaqui”.
Museu Arqueológico de Sambaqui, em Joinville, Santa Catarina. Fotografia de 2017. O museu tem um acervo com cêrca de 45 mil artefatos elaborados pelos sambaquieiros da região. Sua construção é uma iniciativa voltada para a preservação e a produção de conhecimento sobre esses povos.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

GUARINELLO, Norberto Luiz; Paes, Maria Helena Simões. Os primeiros habitantes do Brasil. São Paulo: Atual, 2019.

O livro apresenta a diversidade e a riqueza cultural dos primeiros povos que habitaram o atual território brasileiro.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

O objetivo desta atividade é estimular os estudantes a valorizar e a preservar o patrimônio histórico brasileiro. Depois de ouvir as respostas, é possível comentar que os sambaquis são fontes de pesquisa importantes para o estudo dos primeiros habitantes do atual Brasil. Os sambaquis ajudam os pesquisadores a entender como ocorreu a ocupação do litoral brasileiro e como viviam esses povos (suas fórmas de organização social, rituais funerários, moradias, tecnologias etcétera). Ressalte que existem no país sambaquis com cêrca de 8 mil anos.

Agricultores

A região amazônica teve destaque na introdução da agricultura nas terras que atualmente compõem o território brasileiro.

Segundo o arqueólogo Eduardo Góes Neves, é provável que povos da Amazônia tenham desenvolvido fórmas iniciais de agricultura a partir de 6000 antes de Cristo Por volta de 1000 antes de Cristo, esses povos já adotavam modos de vida plenamente agrícolas. Isso contribuiu para que a população aumentasse e migrasse para outras regiões do atual Brasil.

Entre as plantas cultivadas por esses povos estavam a mandioca, a pupunha, o abacaxi, o maracujá, o cacau, o feijão, o amendoim, o tomate, a abóbora e o açaí. Atualmente, essas plantas são amplamente consumidas e comercializadas em vários continentes, como na África, na Ásia e na Europa.

Fotografia. Um cacho com galhos finos e fruto de formato oval e cor avermelhada.
Cacho de pupunha. Fotografia de 2011. Esse alimento era consumido pelos primeiros povos que habitaram a região da atual Amazônia.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Você já consumiu algum desses alimentos? Qual? Em que receitas?

Ceramistas

A região amazônica também teve um importante papel na introdução da cerâmica. Foram encontradas cerâmicas no atual estado do Pará que datam de cêrca de 5000 antes de Cristo As cerâmicas amazônicas são consideradas as mais antigas das Américas. Os povos ceramistas da Amazônia confeccionavam objetos como potes, vasos, panelas, tigelas etcétera

Embora exista uma forte relação entre o desenvolvimento da cerâmica e o da agricultura, isso não quer dizer que todo povo ceramista fosse agricultor. Havia, inclusive, povos caçadores-coletores que produziam cerâmicas.

Entre os povos amazônicos, vamos destacar aquelesque viviam no atual município de Santarém e na Ilha de Marajó, ambos pertencentes ao atual estado do Pará, há cêrca de .2000 anos. Nessas regiões, foram encontradas cerâmicas originais e bem elaboradas.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal. O objetivo da atividade é aproximar os conteúdos estudados das vivências cotidianas dos estudantes e investigar mudanças e permanências nas práticas alimentares desenvolvidas no Brasil. O guaraná, o açaí e a pupunha são cultivados ou extraídos por alguns povos da América desde entre .3200 e .1500 anos atrás. Atualmente, em diversas partes do país, é comum o consumo de farinha de mandioca, feijão, palmito pupunha, creme de açaí e bebidas de guaraná.

Cerâmicas santarena e marajoara

Os povos santarenos e marajoaras produziram diversos objetos de cerâmica, como recipientes decorados, urnas funerárias e estatuetas com fórma de seres humanos (antropomórficas) e de animais (zoomórficas).

Os santarenos criaram cerâmicas com pinturas, desenhos em relevo e esculturas que eram moldadas separadamente e aplicadas nas bordas dos vasos. Já os marajoaras produziram objetos de cerâmica enfeitados com pinturas em preto e vermelho sobre um fundo branco. Para alguns estudiosos, essas pinturas estão entre as mais belas do mundo.

A seguir, observe alguns exemplos de cerâmicas santarena e marajoara.

Cerâmica. Recipiente de formato circular, com cabeças de aves esculpidas nas laterais.
Recipiente santareno decorado com esculturas em fórma de cabeça de urubu e confeccionado entre os anos 1000 e 1400.
Cerâmica. Recipiente com base redonda, larga e volumosa, e uma abertura vertical pequena, também circular. Por sua superfície há desenhos geométricos e linhas.
Detalhe de urna funerária marajoara. Essa urna foi produzida entre os anos 700 e 1100.
Cerâmica. Três objetos triangulares, levemente curvos. Dois deles possuem desenhos de linhas e formas geométrica. O outro é liso, com superfície avermelhada.
Tangas de cerâmica encontradas na Ilha de Marajó, Pará, e produzidas entre os anos 400 e 1600. Acredita-se que as mulheres prendiam as tangas ao seu corpo com cordões.
Cerâmica. Escultura de uma figura feminina sentada, com as pernas esticadas e as mãos nas laterais de um recipiente arredondado, apoiado sobre suas pernas.
Estatueta santarena que representa uma pessoa sentada, usando um par de brincos e uma espécie de coroa adornando a cabeça. Esse objeto foi encontrado no município de Santarém, Pará, e foi confeccionado entre os anos 1000 e 1400.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

As cerâmicas são objetos representativos das culturas santarena e marajoara. Que objeto você considera representativo de sua cultura? Justifique sua resposta.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal. Atividade que busca desenvolver a argumentação, ao solicitar aos estudantes que justifiquem suas respostas, ou seja, apresentem as razões que as sustentam. Eles podem citar exemplos como: o celular, o computador, a bicicleta, um objeto de plástico etcétera A partir das respostas, é possível propor perguntas como: Onde e quando o objeto foi produzido ou inventado? De que material ele é feito? Para que é usado? Você o utiliza ou já o utilizou? Em que situações? Caso considere necessário, peça aos estudantes que pesquisem essas informações. Estimule-os a refletir sobre os motivos pelos quais escolheram determinado objeto para representar ou simbolizar sua cultura.

Outras indicações

GOMES, Denise Maria Cavalcante. O perspectivismo ameríndio e a ideia de uma estética americana. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, volume 7, número 1, página 133-159, janeiro a abril 2012.

Artigo publicado no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi que apresenta estudos sobre a cerâmica marajoara e a santarena (ou tapajônica).

Arqueologia Brasileira do Museu Nacional. Disponível em: https://oeds.link/sJm0Vy. Acesso em: 29 abril 2022.

Página com textos e imagens de objetos (sobretudo cerâmicas marajoaras e santarenas) produzidos por povos que viviam no território do atual Brasil.

Responda no caderno

OFICINA DE HISTÓRIA

Conferir e refletir

1. Pesquise em fontes confiáveis, como sites especializados ou veículos de divulgação científica, em que estado está o debate sobre as origens do povoamento da América. Para isso:

  1. leia e interprete as fontes pesquisadas;
  2. verifique os principais pontos do debate e argumentos utilizados pelos especialistas;
  3. produza um relatório comparando as hipóteses pesquisadas.

2. Leia o texto e em seguida responda à questão.

“Sabe-se hoje que os índios da Amazônia exercem, por meio do manejo dos recursos naturais, uma ação transformadora no ambiente em que vivem, recriando continuamente a floresta. Os trabalhos de [Anna] Rusevélt indicam que essa ação transformadora remonta a milhares de anos antes do presente. Fica cada vez mais claro então que a Floresta Amazônica não é apenas patrimônio ecológico, mas também patrimônio histórico, resultado da ação humana ao longo de milhares de anos.”

NEVES, Eduardo Góes. Arqueólogos brigam pela idade dos primeiros passos humanos no Brasil. Folha de S.Paulo, São Paulo, 21 abril 1996. Caderno Mais!, página 14.

Como o modo de vida dos primeiros povos americanos modificou a natureza ao longo da história? Releia o capítulo e responda à questão citando exemplos.


Interpretar texto e imagem

3. Observe os objetos a seguir e leia as legendas. Depois, faça o que se pede.

Fotografia 1. Escultura de um peixe de pedra visto de lado, com nadadeiras e escamas em destaque.
Peixe de pedra para uso cerimonial produzido por sambaquieiros e encontrado no atual estado de Santa Catarina.
Fotografia 2. Um pilão confeccionado em rocha, em formato de círculo com uma concavidade central, e um almofariz em formato triangular, com base larga e extremidade afunilada.
Pilão e almofariz de basalto utilizados para moer grãos. Essa peça, encontrada em Minas Gerais, teria sido produzida por povos caçadores-coletores.
Fotografia 3. Recipiente de cerâmica com base larga e extremidade superior de menor tamanho.
Urna funerária de cerâmica marajoara encontrada no atual estado do Amazonas.
Fotografia 4. Ponta de um machado de pedra, com a extremidade curva e pontiaguda e a base quadrada.
Machado de pedra utilizado, provavelmente, para cortar alimentos por povos caçadores-coletores que viviam na região do atual Piauí.
Fotografia 5. Escultura de cerâmica, representando uma pessoa sentada com as pernas cruzadas. No topo de sua cabeça há uma abertura circular.
Vaso de cerâmica santarena utilizado para estocar alimentos e encontrado no atual estado do Pará.
  1. Em que unidade da federação do atual território brasileiro cada um desses objetos foi encontrado?
  2. Como esses objetos eram utilizados?
  3. Identifique os objetos feitos de cerâmica e os povos que os produziram.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção contribui para o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê dois (atividades 1, 2, 4 e 5);
  • cê gê três (atividade 3);
  • cê gê sete (atividade 2);
  • cê ê cê agá três (atividade 2);
  • cê ê agá seis (atividades 1, 4 e 5);
  • ê éfe zero seis agá ih zero quatro (atividade 1);
  • ê éfe zero seis agá ih zero cinco (atividades 2 e 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. Atividade que desenvolve, como prática de pesquisa, a revisão bibliográfica (estado da arte) sobre as hipóteses do início da ocupação humana nas Américas, ao solicitar que os estudantes pesquisem, sintetizem e comparem informações de fontes variadas.

Antes que o estudante responda à questão, o professor poderá comentar o que significa “elaborar hipóteses”, tendo em vista a solução de um problema. Com isso, ele poderá avaliar se os estudantes compreenderam alguns procedimentos básicos da investigação científica ou se existem defasagens de aprendizagem a sanar.

  1. Espera-se que os estudantes identifiquem em suas pesquisas, pelo menos, as três hipóteses de ocupação da América: a asiática, a malaio-polinésia e a da dupla origem.
  2. Oriente os estudantes a comparar as informações das fontes pesquisadas e a elaborar um relatório, solicitado no item c, que sistematize tais informações. É fundamental que eles citem as fontes que utilizaram em suas pesquisas.
  3. Se possível, explique aos estudantes durante a produção do relatório como elaborar referências bibliográficas de acordo com os padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Um exemplo de aplicação desses padrões está na “Bibliografia comentada”, ao final deste livro.

2. O objetivo desta atividade é identificar e explicar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade. Segundo o arqueólogo Eduardo Góes Neves, a Floresta Amazônica foi transformada e continuamente recriada por seus primeiros habitantes, ao longo de milhares de anos. Neste capítulo, vimos que os primeiros povos da América também realizaram modificações na natureza quando: caçavam animais e colhiam alimentos nos lugares por onde passavam; construíam moradias e túmulos; desmatavam a vegetação original para abrir espaço para a agricultura e a criação de animais; procuravam no solo e no subsolo matérias-primas que lhes possibilitassem produzir objetos de cerâmica, borracha, pedra, madeira etcétera

É interessante destacar para os estudantes a importância de preservar a Floresta Amazônica como patrimônio ambiental e histórico. Comente que, atualmente, a Floresta Amazônica sofre com o desmatamento e a poluição de suas águas e atmosfera.

3. a), b) e c) Esta atividade tem como objetivo levar os estudantes a interpretar fontes históricas produzidas pelos primeiros povoadores da América. Para realizá-la, sugira que os estudantes construam um quadro. Na primeira linha, distribuídos em cinco colunas, eles devem inserir os itens: objeto, local de origem, uso, material e povo. Em seguida, oriente o preenchimento do quadro com as informações contidas nas legendas. Objeto: Peixe (local de origem: Santa Catarina; uso: cerimonial; material: pedra; povo: sambaquieiro); Pilão e almofariz (local de origem: Minas Gerais; uso: moer grãos; material: basalto; povo: caçadores-coletores); Urna funerária (local de origem: Amazonas, uso: funeral; material: cerâmica; povo: marajoara); Machado (local de origem: Piauí; uso: cortar alimentos; material: pedra; povo: caçadores-coletores) e Vaso (local de origem: Pará; uso: estocar alimentos; material: cerâmica; povo: santareno).

integrar com Ciências e Geografia

4. A seguir, leia o texto e responda às questões.

Métodos de datação

Uma das preocupações dos arqueólogos é calcular a idade de vestígios humanos antigos. Para isso, esses pesquisadores contam com a colaboração de outros profissionais, como físicos, químicos, biólogos e geólogos. Atualmente, existem vários métodos de datação. Entre eles, podemos citar a estratigrafia e o carbono 14.

A estratigrafia consiste no estudo das camadas da crosta terrestre. Esse estudo parte do pressuposto de que as camadas mais profundas são mais antigas do que as superficiais. Assim, a camada onde um vestígio é encontrado pode indicar sua idade.

O carbono 14 é uma substância que existe em todos os seres vivos. Quando um ser morre, ele começa a perder essa substância em um ritmo de tempo constante. Assim, quanto menos carbono 14 é encontrado em um fóssil, mais antigo ele é. Esse método é utilizado para materiais com até, aproximadamente, 60 mil anos.

Todos os métodos de datação apresentam problemas e imprecisões. No entanto, sua utilização permite formular hipóteses sobre o passado de grupos humanos.

Texto elaborado pelos autores.

  1. Que métodos de datação são citados no texto? Esses métodos são totalmente precisos?
  2. Para calcular a idade dos vestígios humanos, os arqueólogos contam com a ajuda de outros profissionais? De quais?

5. Imagine que você é um arqueólogo que trabalha com sua equipe. Escavando determinado sítio, vocês encontraram uma série de objetos. Observe a situação na representação artística a seguir. Escolha um dos objetos para analisar e responda às questões seguintes.

Ilustração. Um homem e uma mulher sobre um terreno arenoso. O homem está sentado na borda de uma área retangular escavada no chão. Ele segura uma lupa com uma das mãos, e próximo a sua outra mão há uma picareta com extremidades pontudas. Sobre seus pés, no interior da área escavada, há uma bola. À esquerda, a mulher está em pé, segurando um pincel em contato com um objeto em suas mãos. Atrás de si há um balde contendo areia e uma pá sobre o chão. No interior da área escavada há um tubo de vidro transparente com medidas numéricas na superfície, dois lápis, uma mesa de madeira  apoiada pela lateral, e uma pequena lousa com textos.
  1. Qual desses objetos você escolheu para analisar? Por quê?
  2. Quais são as características do objeto que você escolheu (material, formato, tamanho, possíveis funções etcétera Explique como você deduziu a função desse objeto.
  3. Onde esse objeto foi encontrado? Nesse local, há outros vestígios dessa sociedade?
  4. Se fizesse outras pesquisas arqueológicas, você adotaria algum método para analisar novos objetos encontrados?
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

    1. No texto, são citados os métodos de datação da estratigrafia e do carbono 14. Não existem métodos de datação totalmente precisos.
    2. Sim, atualmente, para calcular a idade dos vestígios humanos, os arqueólogos contam com a ajuda de profissionais de diversas áreas, como físicos, químicos, biólogos e geólogos. Ressalte a interdisciplinaridade dos processos de datação utilizados na arqueologia.
  1. Esta atividade usa, como metodologia ativa, a resolução de uma situação-problema, ao solicitar que os estudantes escolham e analisem objetos de uma escavação hipotética. Além disso, esta atividade contribui para a valorização do método científico, bem como desenvolve a criatividade e o pensamento computacional, ao solicitar que os estudantes imaginem soluções para a situação-problema por meio de momentos de decomposição, abstração, reconhecimento de padrões e criação de algoritmos, neste caso, ligados ao trabalho arqueológico.
    1. Espera-se que os estudantes justifiquem suas escolhas e percebam que todo pesquisador escolhe seu objeto ou tema de estudo em razão de seus interesses, afinidades, motivações sociais etcétera
    2. Os estudantes devem descrever as características relevantes do objeto que possibilitam diferenciá-lo de outros semelhantes e fazer suposições a respeito de suas funções.
    3. Os estudantes devem descrever o local em que o objeto foi encontrado e outros materiais que estavam ao seu redor e tecer suposições a respeito da sociedade que utilizava esses objetos.
    4. O objetivo desta questão é levar os estudantes a desenvolver um método (do grego, meta = por meio de + hodos = caminho) ou, nas palavras contemporâneas, um algoritmo (passos necessários para cumprir determinadas tarefas).

Glossário

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
: organização que promove a identificação e a preservação dos patrimônios culturais mundiais. Entre esses patrimônios, encontram-se obras e cidades construídas pelos povos indígenas da América.
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Pigmento
: substância encontrada na natureza e utilizada como corante.
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