UNIDADE 2 AMÉRICA, ORIENTE MÉDIO E ÁFRICA

CAPÍTULO 4 AMÉRICA ANTIGA

O continente americano foi habitado por diversos povos. Entre eles, destacamos os olmecas, os maias, os astecas, os incas e os Tupi-guarani. Cada um desses povos desenvolveu culturas singulares, com modos de falar, pensar e trabalhar próprios. Um dos elementos em comum entre esses povos foi o cultivo do milho, cereal cultivado pela primeira vez por povos antigos da América.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

O que podemos fazer para valorizar as culturas indígenas? Comente.

Fotografia. Vista aérea de um sítio arqueológico, com diversas construções em formato piramidal, edificadas em níveis retangulares decrescentes da base para o ápice, e lances de escadarias do solo para o topo. Ao redor, diversas pessoas transitando.
Vista do sítio arqueológico de Teotihuacán, próximo à Cidade do México, México. Fotografia de 2020. Também conhecida como “Cidade dos Deuses”, Teotiuacán foi um grande centro urbano da América antiga. As construções piramidais, erguidas a partir do século um, influenciaram civilizações posteriores, como maias e astecas. Na fotografia, veem-se os dois grandes templos desse sítio: as pirâmides da Lua (em primeiro plano) e do Sol (ao fundo).
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis agá ih zero sete
  • ê éfe zero seis agá ih zero oito

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão do tema tratado, a América antiga, e de assuntos correlatos, como o estudo de diferentes sociedades ameríndias (olmecas, maias, astecas, incas e povos Tupi-guarani) e de seu legado cultural.

  • Conhecer o modo de vida de alguns povos indígenas americanos (olmecas, maias, astecas, incas e Tupi-guarani).
  • Reconhecer os territórios ocupados por sociedades ameríndias na América antiga.
  • Identificar e valorizar o legado cultural, científico, social e econômico das sociedades ameríndias, com destaque para a arquitetura, a agricultura, a religião, a arte, a economia, a alimentação e as fórmas de organização social.
  • Estabelecer algumas semelhanças e diferenças entre povos indígenas da Mesoamérica, dos Andes e do Brasil.

Para começar

Após observar as três fotografias que retratam aspectos culturais de alguns povos originários da América, espera-se que os estudantes observem que tanto o sítio arqueológico de Teotiuacán, no México, como o festival Inti Raymi, no Peru, atraem turistas que buscam conhecer os costumes dessas antigas civilizações. No caso dos indígenas brasileiros, no entanto, observa-se que estão participando de uma manifestação em busca de alguns direitos básicos, como a garantia de posse de suas terras. No México e no Peru, a cultura desses povos é valorizada a ponto de atrair turistas; no Brasil, a cultura e o legado indígenas não são valorizados.

Depois de ouvir as respostas dos estudantes, é importante reforçar que o continente americano é povoado há pelo menos 30 mil anos, segundo novos estudospublicados em 2020 pela revista Nature (disponível em: https://oeds.link/Xy6dLK; acesso em: 4 março 2022). Assim, não devemos associar a história dos povos indígenas apenas à chegada dos europeus à América. É necessário problematizar estereótipos que possam surgir, como a ideia de que os povos indígenas são iguais entre si e atrasados em relação aos europeus. Atualmente, reconhece-se a diversidade dos modos de vida dos indígenas. A hierarquização das culturas é uma ideia bastante combatida por pesquisadores de vários países do mundo. Nesse sentido, valorizar as culturas indígenas implica reconhecê-las e respeitá-las. É fundamental que os estudantes reflitam sobre como algumas ideias são formadas. Assim, eles poderão perceber que muitas delas são construções do senso comum ou do que é veiculado, por exemplo, pelas redes sociais.

Alerta ao professor

A abertura deste capítulo, incluindo o boxe “Para começar”, favorece o desenvolvimento das competências cê gê três, cê gê nove, cê ê cê agá um, cê ê agá três, bem como trabalha o tema contemporâneo transversal Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras, ao solicitar que os estudantes reflitam sobre fórmas de valorizar as culturas indígenas na atualidade.

Fotografia. Um grupo de homens dispostos lado a lado, vestindo roupas vermelhas com listras verticais marrons, e chapéus compridos nas cabeças, com plumas laterais formando um semicírculo. Eles carregam uma estrutura de madeira nos ombros, sobre o qual há um homem vestindo roupas vermelhas com bordados dourados, um manto, uma espécie de coroa dourada com três pontas e portando um cetro em uma das mãos, contendo três pontas no topo, e duas extensões laterais: uma afilada e a outra achatada. Ao redor, mulheres com vestidos coloridos, chales brancos e coroas de flores amarelas na cabeça. Em segundo plano, um conjunto de casas com telhados triangulares.
Inti Raymi ou “Festa do Sol” em Cuzco, Peru. Fotografia de 2021. Manifestação tradicional da região, o Inti Raymi era uma celebração religiosa dos incas, na qual festejavam o deus Sol e o início do solstício de inverno. Atualmente, é uma representação teatral que reúne mais de 700 artistas – além de turistas do mundo todo – com o objetivo de celebrar e valorizar a cultura dos antepassados.
Fotografia. Um grupo de mulheres indígenas vestindo roupas com adornos de palha, colares e cocares com penas coloridas nas cabeças, dispostas lado a lado, portando uma faixa retangular com a imagem de uma mulher indígena e o texto: Guerreiras da ancestralidade. Território indígena Tupinikim e Guarani - Espírito Santo.
Indígenas das etnias Tupiniquim e Guarani participam da nota de rodapé 2a Marcha Nacional das Mulheres Indígenas em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 2021. A marcha reivindicava, entre outros aspectos, a garantia da posse dos territórios indígenas no Brasil.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

Para se aprofundar em aspectos das sociedades indígenas que viviam no Brasil, nos Andes e na Mesoamérica, é possível consultar os textos a seguir.

BETHELL, Leslie organização. História da América Latina: América Latina colonial. São Paulo: êduspi, 2004. volumeum

Sugerimos a leitura dos textos da parte 1, “A América às vésperas da conquista”, que abrange os três primeiros capítulos da obra.

SILVA, Aracy Lo­pes da; GRUPIONI, Luís Donisete B. organização. A temática indígena na esco­la: novos subsídios para pro­fessores de 1º e 2º graus. Bra­sília: Méqui/mári/unêsco, 1998.

A obra retoma questões da atualidade e particulariza os problemas vivenciados pelos vários povos indígenas que habitam o Brasil.

CUNHA, Manuela Carneiro da organização. História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

O livro aborda questões do encontro de povos originários com colonizadores europeus, além da cultura indígena numa perspectiva histórica, fundamentada em ampla documentação.

DEL PRIORE, Mary organização. História das mulheres no Bra­sil. São Paulo: Contexto/Unesp, 2004.

Indicamos o capítulo “Eva Tupinambá”, de autoria de Ronald Raminelli, que trata do cotidiano das mulheres Tupinambá na época da chegada dos portugueses à América.

REZNIK, Luis organização. A História na escola: autores, livros e leituras. Rio de Janei­ro: éfe gê vê, 2009.

Recomendamos os capítulos de autoria de Mauro Cesar Coelho, “A história, o índio e o livro didático: apontamentos para uma reflexão sobre o saber histórico escolar”, e de Eunícia B. Barcelos Fernandes, “Imagens de índios e livros didáticos: uma reflexão sobre representações, sujeitos e cidadania”.

  • GENDROP, Paul. A civilização maia. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.
  • FAVRE, Henri. A civilização inca. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.

América indígena

Ao longo do tempo, os povos originários que viviam no continente americano receberam diversos nomes por parte dos estudiosos. Vejamos alguns deles:

  • pré-colombianos – termo que tem como referência a chegada do navegador e explorador genovês Cristóvão Colombo à América;
  • nativos – termo que designa aqueles que nascem e vivem em um local;
  • índios – termo que se popularizou por conta de um equívoco de Colombo, que não sabia que havia encontrado um novo continente, acreditando ter chegado às Índiasglossário .

Todos esses nomes são convenções criadas para se referir a mais de 3 mil povos diferentes que viviam na América antes da chegada dos europeus no século quinze.

Apesar dessa diversidade, atualmente esses povos preferem termos como povos originários ou indígenas para se autoidentificar, lutar por seus direitos e valorizar suas culturas.

Principais povos originários da América (séculos X-XV)

Mapa. Principais povos originários da América (séculos dez a quinze). Mapa do continente americano com a indicação de áreas ocupadas por diferentes povos. Legenda: Linha tracejada roxa – Mesoamérica; Linha tracejada vermelha – Cordilheira dos Andes.
As linhas tracejadas roxas delimitam uma área que corresponde à parte sul do atual México e aos atuais países de Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Costa Rica, Nicarágua e Panamá.  
A linha tracejada vermelha indica um longa cadeia de montanhas que se estende pela costa oeste da América do Sul. Compreendendo grande parte do atual Brasil, do Sul para o Norte, há áreas ocupadas pelos povos Guarani, Jê, Tupi, AruaK e Karib. No oeste da América do Sul, em área atravessada pela Cordilheira dos Andes: Araucanos, Incas, Chibchas e Aruak. No norte da América do Sul: Aruak, Karib e Chibchas. Os demais territórios sulamericanos referem-se a Outras Populações. Na Mesoamérica: Maias, ao sul, e Astecas, ao norte. Na maior parte das ilhas da América Central: Aruak. Na América do Norte, em sentido sul para o norte, Astecas, Apaches, outras populações, Shoshonis, Sioux, Iroqueses, Algonquinos, Atapascos, Inuítes e Outras populações. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.260 quilômetros.
Fonte: ATLAS histórico integral. Barcelona: Biblograf, 1993. página 39.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. O nome dado a uma pessoa pode influenciar a formação de sua identidade? Comente.
  2. Quem escolheu seu nome? Você sabe o que motivou essa escolha? E o que seu nome significa?
Fotografia. Destaque para mulher indígena, de cabelos longos, lisos e escuros, vestindo uma jaqueta amarela, um par de óculos no rosto e um cocar com penas coloridas na cabeça. Ela segura um microfone com uma das mãos, em direção a sua boca.
A líder indígena brasileira Txai Suruí discursa na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas cópi vinte e seis em Glasgow, Escócia. Fotografia de 2021. No evento, Suruí reivindicou mais participação dos povos originários nas decisões da cúpula do clima.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “América indíge­na”, incluindo o mapa e o boxe “Para pensar” que o acompanham, contribui para o desenvolvimento das competências cê ê cê agá um e cê ê cê agá sete, bem como da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero oito, pois identifica os espaços territo­riais ocupados por astecas, maias e incas no continente americano, além das prin­cipais etnias indígenas no atual território do Brasil. Já o texto “Mesoamericanos e andinos” favorece o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero sete e ê éfe zero seis agá ih zero oito, uma vez que aborda os vestígios (escritos e não escritos) e a localização mais específica dos olmecas, maias, astecas e incas, assim como identifica seus aportes culturais, científicos, sociais e econômicos.

Para pensar

  1. O objetivo desta atividade é debater como os nomes atribuídos a pessoas, sociedades e acontecimentos podem influenciar nossa visão a respeito deles. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que os nomes e os apelidos podem influenciar, mas não são determinantes na formação da identidade de uma pessoa. Em muitas situações, recebemos nomes de personagens históricos ou ficcionais famosos ou de outros familiares, como fórma de homenageá-los. Destaque que, mesmo que as histórias desses personagens influenciem nossa identidade, cada pessoa tem uma história e uma trajetória de vida próprias. Outra faceta do assunto são os apelidos pejorativos, que têm a intenção de ofender e, muitas vezes, difundir preconceitos e estereótipos em relação ao outro. Essa prática de intimidação sistemática (bullying) deve ser combatida na escola e em todas as esferas da vida social, por meio do exercício do diálogo e da empatia.
  2. Resposta pessoal. É provável que os estudantes respondam que um familiar ou um amigo próximo à família tenha escolhido o nome por conhecer outra pessoa ou personagem homônima na vida cotidiana ou em livros, filmes, novelas, séries de televisão, músicas etcétera É possível também que o nome tenha sido criado pela junção de palavras ou de outros nomes mais comuns.

Mesoamericanos e andinos

Os olmecas, os maias e os astecas viviam em uma região chamada Mesoamérica, que corresponde à parte sul do México e a países como Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Costa Rica, Nicarágua e Panamá. Já os incas viviam nas regiões andinas da América do Sul, entre a Cordilheira dos Andes e o litoral do Oceano Pacífico. Observe a localização dos territórios desses povos no mapa da página anterior.

Olmecas

Os olmecas se desenvolveram, aproximadamente, entre 1200 antes de Cristo e 400 antes de Cristo A cultura olmeca espalhou sua influência por uma vasta área que se estende, atualmente, do México (estados de Veracruz e Tabasco) ao Panamá.

Pesquisas arqueológicas indicam a existência de, ao menos, quatro grandes centros urbanos olmecas, cujos nomes atuais são: São Lourenço, Três Zapotes, Laguna de Los Cerros e La Venta. Nesses lugares, os arqueólogos encontraram vestígios de uma rica cultura que construiu, entre outras obras, pirâmides, templos, praças e imensas esculturas de basalto. La Venta foi, provavelmente, o centro olmeca mais populoso, abrigando cérca de 18 mil habitantes.

Escultura. Rosto com feições humanas sobre um suporte de madeira de formato circular. O rosto possui nariz com abas largas, lábios volumosos e um capacete ao redor da cabeça.
Escultura olmeca exposta no Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México, México. Fotografia de 2016. Muitos dos vestígios do passado olmeca encontrados pelos arqueólogos são grandes esculturas conhecidas como Cabeças Colossais. Algumas chegam a pesar 25 toneladas, e acredita-se que tenham sido esculpidas em 900 antes de Cristo

Os olmecas cultivavam plantas como milho, feijão e abóbora. Também caçavam e recolhiam frutas silvestres. Extraíam látex e produziam borracha. Por isso, ficaram conhecidos como “povo da borracha”.

A religião desse povo era politeísta. Eles cultuavam vários deuses, simbolizados por animais e forças da natureza, como o jaguar, a serpente, o Sol, a água, as montanhas e certas plantas agrícolas. Em alguns cultos, os dirigentes olmecas podiam atuar como sacerdotes, pois acreditava-se que eram dotados de poderes sobrenaturais.

Além disso, os olmecas desenvolveram um calendário que servia para orientar as atividades agrícolas, do plantio à colheita. Inventaram também um sistema de numeração e de escrita com base em sinais (glifos) que eram gravados ou pintados.

A sociedade olmeca não formou um império unificado, dirigido por um governo centralizado. O que havia eram centros regionais que organizavam sua sociedade. Nesses centros, os historiadores perceberam a existência de diversos grupos sociais, constituídos por camponeses, artesãos, comerciantes, escribas, sacerdotes e dirigentes políticos.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Recomendamos a leitu­ra, com os alunos, do se­guinte texto sobre a desco­berta de registros escritos olmecas, considerados os mais antigos da América.

México possuía escrita há 3 mil anos

Por pouco os operários que trabalhavam na pavi­mentação de uma estrada reticências em San Lorenzo [no Estado de Vera­cruz] não transformaram em cascalho um bloco de pedra reticências cheio de rabiscos engraça­dos. Os tais rabiscos reticências são o primeiro texto escrito das Américas, gravado por volta do ano 1000 antes de Cristo.

reticências o produto é obra da civilização olmeca, que floresceu de 1300 a 400 antes de Cristo reticências. A nova des­coberta confirma que os olmecas também inven­taram a escrita, e séculos antes do que se supunha.

‘Até agora, nenhuma es­crita havia sido associada com certeza à civilização olmeca’, afirmam os ar­queólogos do Ins­tituto Nacional de Antro­pologia e História do México e da Universidade Brown, nos estados unidos. reticências

A pedra de San Loren­zo reticências deixa poucas dúvidas de que se trata de um texto de verdade. Por outro lado, sua datação é controversa reticências. ‘Nós só conseguimos estimar sua idade com base em correlações com a iconografia olmeca e com cerâmicas encontradas junto com ela’, diz María del Carmen Rodríguez reticências, primeira arqueóloga a examinar a pedra, em 1999.”

ANGELO, Claudio. México já possuía escrita há 3 000 anos. Folha de São Paulo, São Paulo, ano 86, número 28 289, 15 setembro 2006. Ciência, página A 17ponto

Outras indicações

Para compreender a importância histórica da autodeclaração dos povos originários da América, recomendamos a leitura do texto a seguir.

HAAG, Carlos. A diversidade brasileira. Pesquisa fapésp São Paulo: fapésp número 173, julho. 2010. Disponível em: https://oeds.link/d4Iy0A. Acesso em: 9 maio 2022.

A invenção do milho

O milho que conhecemos hoje (zea meis) é o resultado de um longo trabalho de desenvolvimento de técnicas de agricultura entre os primeiros povos americanos. Cultivado há milhares de anos, essa planta foi domesticada e tornou-se completamente dependente da ação humana para se reproduzir. Por isso, o milho pode ser considerado uma “invenção agrícola” dos povos originários da América.

O milho começou a ser cultivado desde aproximadamente 8 mil anos atrás, na região que corresponde ao atual México. Dali, foi levado para outras partes da América e incorporado à alimentação de vários povos.

Os olmecas, por exemplo, consideravam o milho um alimento tão importante que, com o tempo, o tornaram uma planta sagrada, sendo utilizado em rituais artísticos e religiosos.

Atualmente, o milho é um dos cereais mais produzidos e consumidos no mundo. Ele é utilizado em diversos pratos tradicionais, como o taco, a polenta, a pamonha e a canjica. Além disso, é usado na fabricação de óleos, combustíveis e ração de animais.

Fotografia. Destaque para diversas espigas de milho de coloração variada, como amarelo, roxo, vermelho e branco.
Algumas variedades de milho encontradas no Vale Sagrado, Peru, região onde viviam os incas. Fotografia de 2016. O vestígio mais antigo de uma espiga de milho foi encontrado na região do atual México, datada de 7000 antes de Cristo
Fotografia. Uma rua de comércio popular abarrotada de pessoas. Destaque para duas mulheres preparando massas finas e arredondadas, com o auxílio das mãos.
Mulheres indígenas preparam tortilhas em Santiago Sacatepequez, Guatemala. Fotografia de 2018. Feitas com farinha de milho, as tortilhas são uma espécie de pão que compõe alguns pratos típicos dos povos antigos da América, como o taco, consumido até os dias de hoje.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Você conhece outras comidas feitas com milho? Quais?

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

A domesticação do milho pelos olmecas é um tema interdisciplinar com Ciências. Para se aprofundar nesse assunto, sugerimos a leitura do texto a seguir.

Origem do milho

“O milho é uma espécie da família das gramíneas, sendo o único cereal nativo do Novo Mundo. É o terceiro cereal mais cultivado no planeta [...]. A cultura está espalhada numa vasta região do globo, em altitudes que vão desde o nível do mar até 3 mil metros. reticências

A mais antiga espiga de milho foi encontrada no vale do Tehucan, na região onde hoje se localiza o México, datada de 7000 antes de Cristo O teosinte ou ‘alimento dos deuses’, como era chamado pelos maias, deu origem ao milho por meio de um processo de seleção artificial (feito pelo homem). O teosinte ainda é encontrado na América Central.

Ao longo do tempo, o homem promoveu uma crescente domesticação do milho por meio da seleção visual no campo, considerando importantes características, tais como produtividade, resistência a doenças e capacidade de adaptação, dentre outras, dando origem às variedades hoje conhecidas.”

CONSELHO de Informação sobre Biotecnologia (CIB). Guia do milho: tecnologia do campo à mesa, setembro 2010, página 4. Disponível em: https://oeds.link/PzR960. Acesso em: 26 fevereiro 2022.

Para pensar

Resposta pessoal. O objetivo da atividade é aproximar os conteúdos das vivências pessoais dos estudantes. Espera-se que eles mencionem outras comidas feitas com milho, já que é um ingrediente comum na alimentação dos brasileiros, como curau, pamonha, pipoca etcétera Outros exemplos de comidas feitas com milho são: bolos, pães, tortas, sucos, mingaus, sopas etcétera

Texto de aprofundamento

Sugerimos a leitura, com os estudantes, do texto a seguir, que trata das prováveis trocas culturais entre os maias e os outros povos, como os olmecas.

Os maias eram esponjas culturais

“Os maias eram peritos em Matemática, Engenharia e Arte, mas antropólogos ainda não têm certeza de como exatamente uma cultura tão rica se desenvolveu. A maioria dos estudiosos concorda com uma de duas teorias sobre as origens dos maias. O primeiro grupo assume que eles se desenvolveram por conta própria nas selvas da América Central sem a influência de outras culturas. O segundo grupo acredita que os maias foram, de fato, significativamente influenciados por outras civilizações, especificamente pelos olmecas, a primeira grande civilização conhecida no México.

Uma nova pesquisa, publicada na Science, conta uma terceira história. O novo estudo, que é baseado em diversos anos de escavação na Guatemala, descobriu que os maias se beneficiaram do contato com outros povos da Mesoamérica entre 1000 e 700 a.C. [...]

reticências [Os pesquisadores afirmaram que:] ‘O surgimento de uma nova fórma de sociedade – com nova arquitetura e novos rituais – se tornou realmente uma base importante para todas as civilizações mesoamericanas posteriores’.”

NUWER, Rachel. Os antigos maias eram esponjas culturais. Smithsonian Mag, 25 abril 2013. Disponível em: https://oeds.link/wxUa2A. Acesso em: 7 dezembro 2021. [Tradução dos autores].

Maias

A história maia tem suas origens no século oito antes de Cristo Antropólogos e historiadores apontam que o grande desenvolvimento dessa civilização ocorreu entre 300 Depois de Cristo e 900 Depois de Cristo

Nesse período, os maias construíram cidades-Estado como Copán (na atual Honduras), Tikal (na atual Guatemala), Chichén Itzá e Palenque (ambas no atual México). Eram cidades autônomas, que tinham governos, leis e costumes próprios. Apesar da autonomia, essas cidades-Estado mantinham certas alianças e relações comerciais. Eram comercializados bens como cacau, sal, conchas e jade, um tipo de pedra ornamental.

Belos palácios e templos em fórma de pirâmide foram erguidos em várias cidades maias. Em Tikal, por exemplo, arqueólogos encontraram mais de 3 mil construções, entre elas o Templo do Grande Jaguar. Esse templo tinha aproximadamente a altura de um prédio de 20 andares. Hoje, a área da antiga cidade de Tikal foi transformada em um parque nacional e declarada Patrimônio da Humanidade pela unêsco.

Fotografia. Vista de um templo de pedra construído em níveis retangulares decrescentes da base até o ápice, com uma longa escadaria do solo até o topo. Ao redor, áreas gramadas e árvores.
Vista do Templo do Grande Jaguar, em Tikal, Guatemala. Fotografia de 2019.

Sociedade, economia e saberes

A sociedade maia tinha divisões hierárquicas entre os diferentes grupos. Havia uma elite composta de nobres, sacerdotes e guerreiros. Mas a maioria da população era formada por agricultores e artesãos, que pagavam tributos para o governo. Cada cidade tinha um chefe de governo que era considerado um representante dos deuses.

A principal atividade econômica dos maias era a agricultura. Entre os alimentos que cultivavam, destacam-se milho, algodão, feijão, cacau, abacate e chili (pimenta). Eles empregavam uma técnica agrícola chamada coivara, que incluía a derrubada e a queima das plantas nativas, abrindo espaço para o cultivo.

Homens e mulheres desse povo dominavam as técnicas de cerâmica, o ofício de modelar ouro e prata (ourivesaria), a fiação e a tintura de tecidos. Entre as belas criações da arte maia, podemos destacar as obras arquitetônicas, as esculturas em baixo-relevo e os murais. Os maias também dominavam técnicas de produção de diferentes tipos de borracha, utilizando látex e extratos de plantas.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Maias” contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero sete e ê éfe zero seis agá ih zero oito, pois aborda as fórmas de registro, os espaços territoriais ocupados e os aportes culturais, científicos, sociais e econômicos dessa sociedade.

Orientação didática

O conteúdo possibilita a retomada das discussões sobre os patrimônios da humanidade, materiais e imateriais, desenvolvidas no 5o ano a partir da habilidade ê éfe zero cinco agá ih um zero (“Inventariar os patrimônios materiais e imateriais da humanidade e analisar mudanças e permanências desses patrimônios ao longo do tempo”). O professor pode retomar a temática e dar exemplos de patrimônios brasileiros registrados pelo ifãn ou pela unêsco e, desse modo, identificar e sanar possíveis defasagens de aprendizagem.

Ainda sobre as trocas culturais que os maias realizavam, vale citar o jogo de bola mesoamericano. Esse esporte foi inventado pelos olmecas, mas se tornou bastante popular entre os maias, que o batizaram de pok-ta-pok. Há várias versões sobre as regras: em uma delas, duas equipes de jogadores têm como objetivo arremessar a bola, fazendo-a atravessar um arco de pedra colocado em posição superior ao campo – como em um jogo de basquete, no qual os jogadores de basquete devem arremessar a bola na cesta. Os jogadores mesoamericanos, no entanto, só podiam arremessar a bola usando as coxas, os braços, os cotovelos, os joelhos e os quadris. O jogo tinha valor de ritual religioso, e seu vencedor era considerado protegido por Huitzilopochtli, divindade associada ao Sol. O esporte era jogado de fórma recreativa, também, por mulheres e crianças. Como fórma de manutenção da cultura dos povos antigos da América, o jogo de bola mesoamericano ainda é praticado – com adaptações – em países da América Central e no México, local onde ocorre anualmente a Copa Peninsular Pok-ta-Pok.

Escrita e calendário

Os maias criaram um sistema de escrita e produziram livros chamados códices. Embora a maioria dos códices tenha sido destruída pelos conquistadores europeus, alguns deles foram preservados e decifrados na segunda metade do século vinte. Os códices são fontes históricas importantes, pois apresentam aspectos da cultura maia. Nesses livros, os maias registraram, por exemplo, o cotidiano, as crenças religiosas e os conhecimentos científicos. A escrita maia foi grafada também em monumentos de pedra e artigos de cerâmica.

Manuscrito. Página de códice, com destaque para a representação de um ser que mistura aspectos humanos e animais, com os braços e pernas esticados e uma serpente sobre a cabeça. De seu corpo verte água. Ao redor há animais e diversos símbolos.
Detalhe de uma página do códice maia Troana Cortesianus, também conhecido como Códice de Madri, cêrca de 1230. Na imagem, vemos a representação de Ixchel, deusa da Lua. A água que sai de seu corpo e a serpente sobre sua cabeça são referências maias à estação chuvosa do ano.

Além da escrita, os maias desenvolveram conhecimentos astronômicos e matemáticos (sistema numérico e o conceito do número zero). Observando o movimento da Lua, do Sol e de outras estrelas, eles elaboraram calendários de muita precisão, que os ajudavam a organizar as atividades agrícolas e as festividades religiosas.

Ilustração. Indicação de um sistema numérico, nesta sequência, de 0 a 19, respectivamente: uma concha vazia; um círculo; dois círculos; três círculos quatro círculos; uma barra; uma barra e um círculo em cima, uma barra e dois círculos; uma barra e três círculos; uma barra e quatro círculos; duas barras; duas barras e um círculo em cima; duas barras e dois círculos, duas barras e três círculos, duas barras e quatro círculos; três barras; três barras e um círculo em cima; três barras e dois círculos; três barras e três círculos; três barras e quatro círculos.
Sistema numérico maia. Observe que as unidades são indicadas com bolinhas e traços (formados a cada cinco unidades). Os maias perceberam que, para aperfeiçoar seu sistema numérico, um número sem valor deveria ser acrescido. A fórma de indicar o zero no sistema foi com a imagem de uma concha vazia.
Ilustração. Indicação de uma adição e sua equivalência no sistema numérico maia: 5 mais 8 igual a 13; uma barra mais uma barra e três círculos igual a duas barras sobrepostas e três círculos.
Adição indicada com os símbolos do sistema numérico maia. Nessa adição, a soma obtida é representada por 2 traços e 3 bolinhas, que equivalem a 13 unidades, pois: 5 + (5 + 3) = 13.

A partir do século nove, a civilização maia entrou em declínio por razões que ainda são estudadas pelos historiadores. Várias possíveis causas foram apontadas para explicar o abandono das cidades maias: secas prolongadas, insuficiência da produção de alimentos para abastecer as populações, epidemias, invasões de povos vizinhos e rebeliões internas, entre outras.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Após a chegada dos europeus na região da Península de Yucatán, missionários tentaram converter os descendentes do povo maia ao catolicismo e, em 1562, queimaram os códices maias – cêrca de 27 livros. Apenas três códices puderam ser resgatados: de Madri, de Dresden e de Paris. Um quarto códice, o de grolier, mantido na Cidade do México, vem tendo sua autenticidade contestada.

As imagens do sistema numérico maia podem ser integradas com Matemática. Explique aos estudantes a importância de um sistema numérico incluir o número zero: esse número indica a inexistência de elementos em determinado conjunto. No caso dos maias, eles simbolizaram o zero como uma concha vazia. Assim, indicavam que havia uma pérola nessa concha e ela foi retirada. Com o acréscimo do número zero no sistema numérico, os maias puderam realizar cálculos sofisticados, que lhes possibilitaram fazer previsões astronômicas precisas, como aquelas em relação aos movimentos do Sol, da Lua e de estrelas.

Astecas

Os astecas eram um povo que migrou de regiões norte-americanas e foi ocupando a região conhecida como Vale do México, entre os séculos doze e treze. Também chamados de mexicas (de onde deriva o nome México), eles falavam o nahuatl, que é a língua indígena mais falada hoje nesse país, mesmo após ter passado por transformações.

Os astecas estabeleceram núcleos de povoamento em torno do Lago tescôco. Fundaram ali a cidade de Tenochtitlán, que se tornou a capital. No centro dessa cidade havia um imponente templo construído em fórma piramidal. Os historiadores calculam que Tenochtitlán chegou a ter entre 100 mil e 230 mil habitantes, alcançando uma área de 13,5 quilômetros quadrados. Para ter uma ideia do tamanho dessa cidade asteca, podemos compará-la à movimentada Sevilha, que tinha cêrca de 150 mil habitantes e era a maior cidade espanhola no século dezesseis.

Por meio de alianças e conquistas militares, os astecas expandiram seus territórios, dominando regiões centrais do atual México, desde o Atlântico até o Pacífico. Calcula-se que a população desse império atingiu cêrca de 6 milhões de pessoas.

Grandes centros urbanos, como Tenochtitlán, eram sustentados por tributos, muitas vezes pagos sob a fórma de alimentos que vinham das diferentes regiões dominadas pelos astecas.

Ilustração. Representação de uma cidade cercada por rios, com espaços organizados, construções piramidais, edificadas em retângulos em níveis decrescentes da base para o ápice, e um templo central, maior, com vários lances de escadaria. Pessoas transitam entre as construções.
Representação artística da cidade asteca de Tenochtitlán.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Para se aprofundar em aspectos da urbanização asteca, sugerimos a leitura do texto a seguir, sobre as paisagens que esse povo construiu.

Paisagismo asteca

“[...] os povos que habitavam o vale central do México construíram jardins, ou parques, muito próximos de como hoje os entende o senso comum. Além disto, formaram ‘paisagens produtivas’ resultantes de uma criativa e sutil adequação da natureza do sítio em que se estabeleceram. reticências

Um dos jardins mais importantes do Império Asteca foi Huaxtepec, criado para Montezuma primeiro, em meados do século quinze, a sudeste da então Tenochtitlán (hoje engolida pela cidade do México). reticências Diversas espécies vegetais, muitas delas trazidas de grandes distâncias como tributo ao governante, foram plantadas ao redor do lago e das nascentes. reticências sobre Huaxtepec, assim se pronunciava Hernán Cortez, numa carta a Carlos V: ‘Estamos todos aquartelados numa séde de campo, entre os mais lindos e refrescantes jardins jamais vistos [...]. Há estufas espaçadas à distância de dois tiros de besta, e resplandecentes canteiros de flores, muitas árvores com vários frutos e muitas ervas e flores docemente perfumadas. Certamente a elegância e magnificência deste jardim produzem um espetáculo notável’. reticências Bosques plantados, renques de árvores, canteiros de flores, piscinas, lagos artificiais, esculturas, construções que abrigavam preciosidades e raridades provenientes de cidades tributárias, enfim, toda sorte de elementos que habitualmente eram encontrados nos jardins europeus ou asiáticos, estavam também presentes na América antes do descobrimento.

Do mesmo modo que nas demais partes do mundo de então, os parques e jardins eram espaços desfrutados pelas elites. À parte o espírito guerreiro e a religiosidade, com seus ritos sacrificiais reticências a nobreza asteca cultivava, ela própria, o artesanato de luxo, a poesia, a horticultura e o ‘paisagismo’.”

BARTALINI, Vladimir. Paisagismo asteca. Arquitextos, São Paulo, ano 6, número 063.03, setembro 2005. Disponível em: https://oeds.link/laZEfW. Acesso em: 7 dezembro 2021.

Alerta ao professor

O texto “Astecas” favorece o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero sete e ê éfe zero seis agá ih zero oito, pois aborda as fórmas de registro, os espaços territoriais ocupados e os aportes culturais, científicos, sociais e econômicos dessa sociedade.

Sociedade, economia e saberes

A sociedade asteca era fortemente hierarquizada. Era composta de nobres, comerciantes, artesãos e camponeses. Entre os nobres, estavam o imperador, os sacerdotes, os chefes militares, os governadores de províncias e os altos funcionários do Estado. Também havia uma elite de ricos comerciantes e artesãos. A maioria da população era formada por camponeses obrigados a pagar tributos para o governo.

Os astecas desenvolveram uma agricultura complexa. Drenaram pântanos, abriram canais de irrigação e construíram chinampas, ilhas artificiais destinadas ao cultivo agrícola. Os principais produtos cultivados eram milho, feijão, cacau, algodão, tomate e tabaco.

Fotografia. Detalhe de um manuscrito com a representação de homens vestindo tecidos brancos ao redor da cintura desempenhando diferentes atividades em uma área de cultivo. Sobre uma porção de terra, alguns deles seguram hastes de madeira em direção ao solo terroso. No centro, dois estão cobrindo uma estrutura de madeira, quadrada, com uma mistura de terra e material orgânico, formando uma ilha artificial. Em segundo plano há diversas ilhas artificiais cercadas por água, contendo plantas de folhas longas e verdes.
Representação artística de camponeses astecas trabalhando em chinampas, ilhas artificiais destinadas ao cultivo agrícola, em detalhe de um manuscrito espanhol do século XVI.

Além disso, os astecas criavam animais como perus, patos e cachorros. Comercializavam bens como tecidos, peles, cerâmicas, sal, ouro e prata. Dominavam técnicas de ourivesaria, cerâmica, tecelagem e engenharia, que aplicavam, por exemplo, na construção de diques, templos e aquedutosglossário . Produziam obras de arte como máscaras em fórma de mosaico, muitas vezes representando divindades. Os astecas desconheciam o uso do ferro e da roda.

Fotografia. Um aqueduto de pedras com colunas em formato de arco. Ao redor, arbustos e plantas rasteiras.
Ruínas do aqueduto chapúltepéc, na Cidade do México, México. Fotografia de 2016. Os astecas construíram aquedutos para levar água da montanha para a população que vivia no Vale do México.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Recomendamos a leitura, com os estudantes, do texto a seguir, que trata da educação dos jovens e da religiosidade entre os astecas.

Educação e religiosidade entre os astecas

“Os filhos da elite asteca tornam-se alunos num tipo de escola chamado calmecac. Ali, aprendem tudo o que é necessário: o sistema calendário, os nomes e o culto dos deuses, as regras do bem falar. Devem saber que só é possível beber em dias de festas religiosas e que embriaguez, fóra desse contexto, é vício terrível e moralmente inaceitável. Os alunos do calmecac descobrem o preço de ser elite na cidade lacustre de Tenochtitlán. A disciplina é rigorosa. Desde a infância, o aprendiz sabe que deve perfurar o corpo com espinhos de agave [...]. Deve suportar a dor, bem como o frio intenso das noites de inverno do vale do México. Deve passar em claro as longas e solitárias vigílias de rituais de purificação. Deve aprender a olhar para o céu e decifrar os códigos registrados nas estrelas e nos planetas. Acima de tudo, deve aprender o respeito aos deuses.

Ometeotl é o princípio do cosmos. Dele saiu o deus reticênciasQuetzalcoatl, que os maias denominavam cucuquilam. Também o deus primordial gerou o ambíguo tezcatlipôca, que ora auxilia e ora atrapalha Quetzalcoatl. Mas dele surgiu o deus mais asteca de todos, Huitzilopochtli. Outros seres poderosos juntavam-se a esse grupo, como Tlaloc, que trazia as chuvas e possibilitava a fertilidade do solo. No Templo Maior que os astecas ergueram na capital, Tlaloc divide o cume com Huitzilopochtli. reticências

O mundo divino também comporta deusas. cótlquiu é chamada pelos frades cristãos de ‘mãe dos deuses, coração da terra’. Outra deusa poderosa era Tonantzin (ou Cihuacoatl). Ela ajudou Ket zol kooah tol a fazer a humanidade. reticências

Eram muitos deuses ou manifestações de um só? Eram forças da natureza encarnadas em divindades ou algo mais complexo? Talvez não tenhamos respostas claras para essas perguntas, pois grande parte da visão sobre os cultos religiosos indígenas do México veio de textos dos padres que imediatamente classificaram a religião como idolátrica, pagã e politeísta.”

KARNAL, Leandro. Astecas. In: FUNARI, P. P. (org.). As religiões que o mundo esqueceu: como egípcios, gregos, celtas, astecas e outros povos cultuavam seus deuses. São Paulo: Contexto, 2009. E-book.

Assim como os maias, os astecas desenvolveram um calendário, um sistema de escrita baseado em signos e produziram códices (livros). O Códice Boturini e o Códice Mendoza foram criados por volta de 1540, cêrca de vinte anos após a chegada dos espanhóis.

Os astecas eram politeístas, ou seja, cultuavam diversos deuses. Entre eles, estavam:

  • uitizilôpótchili – deus da guerra e do Sol;
  • Tlaloc– deus da chuva e do trovão;
  • Quetzalcóatl – também conhecido como serpente emplumada, deus da água, da terra, da escrita, do calendário e das artes.
Máscara. Objeto com traços humanos: dois olhos, um nariz e os dentes à mostra, feita com pedras azuis.
Máscara asteca feita de madeira e coberta de turquesas, confeccionada entre os séculos quinze e dezesseis. Representa, provavelmente, um deus asteca do fogo e criador da vida.

Para cultuar esses deuses, os astecas erguiam templos com fórma de pirâmide e realizavam rituais de sacrifício humano. As pessoas sacrificadas eram, em sua maioria, prisioneiros de guerra. Na cultura asteca, esse ritual era um momento de renovação da aliança entre deuses e seres humanos.

Fotografia. Ruínas de construções feitas de pedras. Destaque  para uma escultura de serpente, ao centro, também coberta por pedras. As ruínas possuem diferentes níveis de altura e escadarias.
Ruínas no Templo Maior, dedicado aos deuses uitizilôpótchili e Tlaloc, na Cidade do México, México. Fotografia de 2020. Na imagem, notam-se vestígios de uma construção em fórma de serpente emplumada, símbolo asteca que representava o deus Quetzalcóatl.

Incas

Atualmente, milhares de turistas visitam todos os anos a cidade de Cuzco, no Peru. Essa cidade foi a capital do Império Inca, civilização que habitava essa região desde antes do século doze.

Ao longo de sua história, os incas foram se tornando mais poderosos que as sociedades andinas anteriores, como os reinos de Huari ou Chimu. Ao expandir seu território, os incas dominaram vários povos, alcançando uma população de cérca de 12 milhões de pessoas. No seu apogeu, o território inca abrangia uma área que hoje se estenderia do Equador ao Chile. Essa área era atravessada por uma rede de caminhos de cérca de 40 mil quilômetros. Por esses caminhos, os incas levavam suas leis, língua e crenças a centenas de povos submetidos. Confira no mapa a extensão desse território.

Extensão do Império Inca (século XVI)

Mapa. Extensão do Império Inca (século dezesseis). Destaque para parte da América do Sul, com a divisão política atual dos territórios. Legenda: círculo preto, Cidades incas; círculo verde, cidades modernas; círculo branco, cidades modernas construídas sobre cidades incas; linha contínua, limites atuais entre países. Uma linha vermelha liga diferentes cidades, entre os territórios atuais de Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. Do sul para o norte, nesta ordem: Santiago (círculo verde), Mendoza (círculo branco), Ranchillos (círculo preto), Chilecito (círculo preto), Copiapó (círculo branco), Pucará de Andalgalá (círculo preto), La Playa (círculo preto), Salta (círculo branco), Tilcara (círculo preto), São Pedro de Atacama (círculo branco), Catarpe (círculo preto), Tupiza (círculo preto), Paria (círculo preto), Cochabamba (círculo branco), Chuquiabo/La Paz (círculo branco), Chucuito (círculo verde), Hatun Colla (círculo verde), Cuzco (círculo verde), Vilcashuamán (círculo verde), Jauja (círculo verde), Arequipa (círculo branco), Chala (círculo branco), Nasca, Tambo Colorado (círculo preto), Inkawasi (círculo preto), Pachacamac (círculo preto), Lima (círculo branco), Huanuco Pampa (círculo preto), Vale Moche e Chan Chan, Chiquito Viejo (círculo preto), Cajamarca (círculo verde), Deserto de Sechura, Túmbez (círculo verde), Tomebamba/Cuenca (círculo verde), Hatun Cañar/Ingapirca (círculo preto), Quito (círculo preto) e Guaca (círculo verde). 
No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 340 quilômetros.
Fontes: BETHELL, Leslie (org.). América Latina colonial um São Paulo: Edusp, 1998. volume 1. página 77; ALONSO, M.; VÁSQUEZ, E. História: Europa moderna e América colonial. Buenos Aires: Aique, 1994. página 93.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Para aprofundar os estudos sobre o Império Inca, sugerimos a leitura do texto a seguir com os estudantes.

O Império Inca

“Não houve nada em toda a América do Sul que se compare ao desenvolvimento ocorrido nos Andes. Em 1500, o Império Inca estendia-se por cêrca de 4,3 mil quilômetros, desde o que é hoje a fronteira sul da Colômbia até o Rio Maule, no Chile. A expansão começara no século catorze e, em menos de cem anos, a elite incaica conseguira controlar um vasto território habitado por, talvez, 10 milhões de pessoas. reticências

Apesar da complexidade da administração do império, não havia escrita. Para a comunicação administrativa, utilizava-se a transmissão oral de mensagens: ao longo das vias principais, em intervalos regulares, havia um posto com jovens corredores, que estabeleciam uma cadeia de informação entre as províncias e Cuzco. O território era recortado por uma rede de estradas, totalizando cêrca de 30 mil quilômetros. As duas principais vias atravessavam o império de norte a sul – uma ao longo da costa, outra pelo planalto – e, junto com estradas menores, ligavam todos os seus rincões. À margem das estradas erguiam-se abrigos e armazéns com provisões, permitindo o deslocamento de grande número de pessoas.

Tal organização permitiu não apenas a expansão do império como sua relativa unificação. Um dos problemas centrais para a elite inca era administrar uma população muito diversa. Após conquistar um novo território, o estado promovia uma ampla reorganização. Fazia-se um levantamento da topografia e dos recursos da região e realizava-se um censo demográfico; a partir daí, redistribuía-se a população local, alocavam-se terras, escolhia-se uma capital provincial e implantava-se uma nova administração em moldes incaicos. Acolhiam-se os chefes locais que se submetessem, transformando-os em funcionários, e levavam-se seus filhos para serem educados em Cuzco. Designava-se um governador, proveniente da nobreza, para a região e enviavam-se colonos e administradores de outras províncias para instalar o novo sistema e disseminar o quéchua, a língua franca do império. reticências

Não cabe aqui recuperar a história dessa expansão. Cumpre notar apenas que os incas não construíram um dos maiores impérios de seu tempo a partir do nada. Eles o fizeram sobre trilhas antes exploradas por outros povos, em particular em dois dos grandes centros irradiadores do desenvolvimento cultural na região: o altiplano meridional, em torno do Lago Titicaca – hoje na Bolívia – e a costa norte do Peru. Nessas áreas, há indicações arqueológicas da presença de sociedades centralizadas e estratificadas desde cêrca de 1500 antes de Cristo Muitos autores empregam o termo cacicado para caracterizá-las; em certos casos, falam em reinos, estados, e mesmo civilização ou império. A despeito das incertezas de qualquer reconstituição arqueológica e das impropriedades das categorias tipológicas, o certo é que na região andina e na costa do Pacífico assistimos ao desenvolvimento de fórmas sociopolíticas cujos paralelos com outras regiões da América do Sul são difíceis de estabelecer.”

FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. quarta edição Rio de Janeiro: Zahar, 2010.página 16-19, 22.

Alerta ao professor

O texto “Incas” contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero sete e ê éfe zero seis agá ih zero oito, pois aborda as fórmas de registro, os espaços territoriais ocupados e os aportes culturais, científicos, sociais e econômicos dessa sociedade.

Além de Cuzco, os incas construíram diversas cidades. Uma delas é mátchu pítchu, que fica no topo de uma montanha, a 2.400 metros de altitude. Provavelmente, essa cidade era visitada pelo imperador para descansar, caçar e receber autoridades estrangeiras. Machu Picchu foi abandonada pouco depois da conquista espanhola, no século dezesseis. Séculos depois, em 1911, uma equipe de arqueólogos liderada pelo estadunidense Hiram Bingham chegou à cidade, que estava coberta pela vegetação, mas era conhecida pelos moradores do entorno. Em 1983, Cuzco e Machu Picchu foram declaradas Patrimônios da Humanidade pela unêsco.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade cercada por uma cadeia de montanhas acidentadas e com densa vegetação. A cidade é formada por ruínas de pedras, corredores e escadarias em nível.
Vista das ruínas de Machu Picchu, cidade inca situada no Peru. Fotografia de 2021. Os conquistadores espanhóis não chegaram a conhecê-la.

Imperadores incas

O imperador inca era considerado uma divindade que recebia o nome de Sapa Inca e de Filho do Sol. Quando morria, o Sapa Inca era mumificado e cultuado. Entre os imperadores incas, podemos destacar Pachacuti, que governou de 1438 a 1471.

Pachacuti criou uma regra que contribuiu para a expansão do império. Segundo essa regra, quando o soberano morria,

“[...] um de seus filhos assumia a chefia do estado. Recebia o direito de governar, declarar guerras, fazer a paz, cobrar impostos, mas não recebia qualquer propriedade material. Tudo o que pertencera ao Inca morto passava para seus outros descendentes em linha masculina, que formavam um grupo social reticências denominado panaca. Eles eram responsáveis pela preservação da múmia do Inca e pela manutenção de seu culto. Para sermos fiéis à concepção nativa, o Inca morto, representado por sua múmia, continuava a possuir os bens e ser servido por seus descendentes.

A regra da herança dividida significava que tudo o que resultara da administração anterior – obras e conquistas – saía da esfera do Estado. A cada sucessão [do Inca] era preciso começar tudo de novo: o rei recém-chegado não tinha alternativa senão ampliar os limites do império, conquistando novos povos e novas terras. reticências

Os panacas dos reis mortos formavam verdadeiros estados dentro do estado, enfraquecendo o poder do Inca e alimentando a rivalidade no interior da elite.

FAUSTO, Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. página 20-21.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

É possível solicitar aos estudantes que visitem virtualmente o sítio arqueológico de Machu Picchu, no atual Peru. Para isso, acesse sites que disponibilizam modelos tridimensionais do globo terrestre, feitos com imagens de satélite e outras fontes, escolha as opções de locais disponíveis para visualização e conheça em trezentos e sessenta graus diferentes partes dessa cidade inca. Caso considere conveniente, peça aos estudantes que escrevam um breve relatório sobre suas visitas, descrevendo o local e explicando o que mais chamou a atenção deles. Há orientações mais específicas sobre visitas presenciais e virtuais no tópico 5.6., “Estudo do espaço social”, deste manual.

Fotografia. Destaque para escultura metálica de um homem com roupa ricamente detalhada, vestindo um manto, uma espécie de coroa com três pontas na cabeça e segurando um cetro contendo três pontas no topo, e duas extensões laterais: uma afilada e a outra achatada. Ao fundo, céu azul.
Estátua do Sapa Inca Pachacuti, localizada na Praça de Armas, em Cuzco, Peru. Fotografia de 2018.

Sociedade, economia e saberes

Além do imperador, a elite inca era composta de sacerdotes, chefes militares, governadores locais e funcionários do Estado. Também havia grupos privilegiados de artesãos, guerreiros, projetistas e contabilistas.

A maioria da população era formada por camponeses, que se dedicavam, sobretudo, ao cultivo de milho, batata, feijão, quinoa, tomate e tabaco e à criação de animais como lhamas e alpacas. Esses animais eram utilizados para o transporte de cargas e para a obtenção de lã, leite e carne. Durante um período do ano, os camponeses eram obrigados a realizar serviços para o Estado, trabalhando como agricultores, pastores e construtores.

Os incas desenvolveram a tecelagem, a cerâmica, a metalurgia do bronze e do cobre e a ourivesaria de ouro e prata.

Construíram palácios, templos, estradas pavimentadas, aquedutos, canais de irrigação e terraços de cultivo na encosta de montanhas.

Um império interligado

Como vimos, as cidades incas eram interligadas por uma vasta rede de estradas. Eram caminhos que atravessavam vales, desfiladeiros e montanhas. Ao longo das principais estradas, havia abrigos, armazéns e postos com jovens corredores. Esses jovens deveriam memorizar mensagens e transmiti-las oralmente até o próximo posto. Isso permitiu a rápida comunicação entre diversas regiões do império.

Os incas desenvolveram um sistema de registro de informações em quipos (nós feitos num cordão). Os quipos eram feitos em uma série de cordões coloridos nos quais a posição e a quantidade de nós representam números. Serviam para registrar, por exemplo, impostos e divisões do tempo.

Fotografia. Um conjunto de vários cordões, cada um deles contendo diferentes nós.
Quipo inca, cêrca de 1430-1532.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Após a leitura dos textos do capítulo sobre os maias, astecas e incas, identifique, em seu caderno, as características relacionadas a cada uma dessas sociedades da América antiga.

  1. A capital de seu império era a cidade de Cuzco.
  2. Fundaram a cidade de Tenochtitlán.
  3. A lhama e a alpaca eram animais usados como meio de transporte e também para fornecer lã.
  4. Desenvolveram uma agricultura complexa, o que envolveu a abertura de canais de irrigação e a criação das chinampas.
  5. Ergueram belos palácios e templos em fórma de pirâmide, como o Templo do Grande Jaguar.

Resposta: Os estudantes devem fazer a seguinte correspondência: maias (e), astecas (b, d) e incas (a, c).

Muitos quipos foram destruídos pelos conquistadores espanhóis, mas aqueles que resistiram se tornaram importantes fontes para o estudo da história dos incas.

Xilogravura. Imagem de uma mulher de cabelos castanhos, longos e lisos, usando um vestido amarelo e uma capa vermelha, segurando uma corda com as mãos, da qual pendem vários cordões com nós.
Xilogravura produzida no século dezesseis representando um inca com o quipo em mãos. Essa imagem faz parte da obra do cronista indígena peruano Felipe Guamán Poma de Ayala intitulada Os curacas, de 1616.

Uma das línguas adotadas pelos incas foi o quíchua (ou quéchua). Hoje, essa língua é falada por cêrca de 10 milhões de pessoas na América do Sul. O quíchua influenciou também o português brasileiro, dando origem a palavras como condor, chácara, mate e pampa.

Fotografia. Um conjunto de adultos e crianças no meio de uma plantação, todos vestindo túnicas e capas coloridas e chapéus largos. Em segundo plano há casas de tijolos com tetos triangulares.
Homens, mulheres e crianças andinos, falantes da língua quíchua, com roupas tradicionais na comunidade Amaru, no Vale Sagrado, Peru. Fotografia de 2019.

Os Tupi-guarani

Até o começo do século dezesseis, ninguém chamava de Brasil as terras que hoje formam nosso país. Essas terras eram habitadas há milhares de anos por povos indígenas que tinham uma rica cultura e desenvolviam atividades como a caça, a pesca, a coleta de alimentos, a agricultura e o artesanato.

Entre os povos que viviam no território do atual Brasil, estão os Tupi-guarani. Há indícios de que esses povos iniciaram um movimento de migração do sul da Floresta Amazônica em direção ao litoral por volta de 500 Depois de Cristo Eles buscavam a mitológica “Terra sem Mal”, um lugar onde havia fartura e não se morria.

Como vários povos em diferentes espaços e tempos históricos, os Tupi-guarani buscavam um mundo imaginário onde a existência seria mais feliz e plena para todos.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Os Tupi-guarani” favorece o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero sete e ê éfe zero seis agá ih zero oito, pois aborda as fórmas de registro, os espaços territoriais ocupados e os aportes culturais, científicos, sociais e econômicos dessa sociedade.

Orientação didática

Afirmamos que os Tupi dominavam o litoral antes da conquista europeia, no século XVI. Explique que, para dominar essa região, os Tupi expulsaram outros povos, como os Jê. Até pouco tempo atrás, supunha-se que isso teria ocorrido cêrca de 400 anos antes da conquista portuguesa, ou seja, por volta do século XI. Pesquisas recentes indicam que a ocupação Tupi no litoral pode ter sido anterior a essa data. Uma pesquisa publicada nos Anais da Academia Brasileira de Ciências afirma que os Tupi-guarani viviam no litoral do atual estado do Rio de Janeiro há quase 3 mil anos (disponível em: https://oeds.link/xKlAbM; acesso em: 7 dezembro 2021). A discussão sobre as teorias da dispersão dos Tupi reforça a ideia da transitoriedade do conhecimento, que pode ser discutida em diferentes oportunidades com os estudantes.

Localização dos povos indígenas

Apesar de terem certa unidade linguística e cultural, os Tupi-guarani não formavam um único povo. Eles se subdividiam em grupos que falavam línguas diferentes, mas parecidas entre si, como Carijó, Tupiniquim, Tupinambá, Potiguar, Guarani etcétera

Segundo alguns pesquisadores, havia uma população de aproximadamente 1 milhão de Tupi-guarani antes do contato com os europeus. Essa população ocupava longos trechos do litoral e do interior, acompanhando o vale dos rios.

Havia também outros povos no território brasileiro. Os Tupi-guarani chamavam esses povos de tapuias, os inimigos que falavam outras línguas. Eram Cariri, Aimoré, Tremembé etcétera

O mapa a seguir mostra as áreas ocupadas, no século dezesseis, por alguns povos indígenas no território que hoje abrange o Brasil.

Distribuição dos indígenas no território que formaria o Brasil (século dezesseis)

Mapa. Distribuição dos indígenas no território que formaria o Brasil (século dezesseis). Destaque para o atual território brasileiro, dividido em estados, com a indicação de suas respectivas capitais. Legenda: verde claro, Tupi-guarani (se estende pela maior parte da costa leste do país, banhada pelo Oceano Atlântico, compreendendo áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Pará, além de áreas em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia); Laranja, Jê (se estende principalmente pela área central do país, compreendendo o atual estado de Goiás, o Distrito Federal, e partes de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo,  Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Pará e Tocantins além de Paraná e Santa Catarina); Vermelho, Aruak (presente em partes dos territórios de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazonas, Pará, Roraima e Amapá); Lilás, Karib (engloba a parte norte da região Norte, em áreas do Pará, Amapá, Amazonas e Roraima, além de uma área entre o Piauí e a Bahia); Amarelo, Cariri (se estende pela porção central a região Nordeste, em áreas da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí); Verde escuro, Pano (compreende parte do território do Amazonas e do Acre); Roxo, Tukano (localizado no extremo oeste do Acre e em pequena parte do Amazonas); Marrom, Charrua (ocupa o extremo sul do Rio Grande do Sul); Rosa, outros (localizado em pequenas áreas do Sudeste, entre os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, no sul da Bahia, em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Pará, Amazonas e Rondônia). Linha contínua indica Limites atuais. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 360 quilômetros.
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de êti ól Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 12.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

De acordo com o mapa, no século dezesseis, que povo indígena vivia na região onde você mora atualmente? Se necessário, consulte um mapa geopolítico atual.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe "Observando o mapa" contribui para o desenvolvimento da competência cê ê cê agá seteponto

Observando o mapa

Resposta pessoal. O objetivo da atividade é aproximar os conteúdos estudados do contexto cultural dos estudantes. Espera-se que eles interpretem o mapa e sua legenda. Comente que os grupos indígenas indicados no mapa englobavam vários povos, que falavam diferentes línguas. Informe também que muitos povos desses grupos existem até os dias atuais, mas não necessariamente ocupam os mesmos territórios onde viviam no século dezesseis.

OUTRAS HISTÓRIAS

A busca pela “Terra sem Mal”

A antropóloga francesa Hélène clastres estudou o mito Tupi-guarani da “Terra sem Mal”. clastres acredita que as regras e as necessidades da vida em sociedade (a coleta e produção de alimentos, a confecção de utensílios, os conflitos, as regras de convívio) teriam um peso muito grande para esses povos. Alcançar a “Terra sem Mal” fazia parte do ideário de sua religião e era uma fórma de diminuir esse peso. Nesse espaço imaginário, os Tupi-guarani viveriam sem ter de trabalhar, seriam eternamente jovens e felizes numa terra esplêndida.

Na crença desse povo, era possível ir para esse lugar sem ter de morrer. A “Terra sem Mal” é um local a ser buscado em vida, daí a necessidade de migrar, caminhar guiado pelo maracáglossário do caraíglossário .

Já o historiador brasileiro Ronaldo Vainfas não rejeita os motivos religiosos na busca pela “Terra sem Mal”, mas acrescenta outras razões, como o aumento da população e a necessidade de encontrar terras das quais se pudesse tirar o sustento de todos. Assim, além da religião, havia motivos sociais e econômicos para as migrações Tupi-guarani.

Texto elaborado pelos autores com base em: GUARANI: Mbya e Tupi. Comissão Pró-Índio de São Paulo [2018]. Disponível em: https://oeds.link/Ts0Y11. Acesso em: 2 dezembro2021; VAINFAS, Ronaldo. A heresia dos índios: catolicismo e rebeldia no Brasil colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Pintura. Representação de animais, plantas e flores, com linhas curvas, traços delicados e muitas cores, de forma não padronizada. As cores são vivas e se alteram por toda a obra.
Na Terra sem Males, pintura de Jaider Esbell, 2021. Indígena da etnia Macuxi, Esbell foi um dos principais representantes da arte contemporânea indígena. Nessa obra, o artista teve como inspiração o mito indígena da Terra sem Mal.

Responda no caderno

Atividades

  1. Segundo o texto, para os Tupi-guarani, a vida em sociedade oferecia grandes dificuldades? Por quê?
  2. Como os Tupi-guarani imaginavam que seria a “Terra sem Mal”?
  3. Em outras religiões também existe um lugar onde se desfruta da juventude, saúde e felicidade eterna? Cite um exemplo.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

A pintura Na Terra sem Males fez parte da 34ª edição da Bienal de São Paulo, na mostra moquem surari: arte indígena contemporânea, promovida no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), em 2021. Composta de camadas de desenhos, cores brilhantes, texturas e transparências sobre fundo preto, a obra remete ao mito indígena da “Terra sem Mal”. Em uma entrevista, quando questionado sobre o papel da arte contemporânea indígena, Jaider Esbell (falecido em 2021) afirmou que:

“[...] o intuito maior é provocar essa consciência, pelo menos convidar para uma amplitude. Para que a gente fale em vez de arte indígena contemporânea, a gente fale de arte indígena cosmopolítica. reticências Elevar o nível da conversa para esse lugar, passando diretamente por não deixar que nos coloquem num passado, o índio como coisa do passado, e atualizando a nossa existência enquanto povos plenos, com filosofias, com modelos de educação, direito, toda uma sociedade constituída. A gente passa basicamente por essa materialização nessas obras de arte, que já trazem em si espiritualidade, denúncia, identidade [...].”

OLIVEIRA, Caroline; SETZ, Raquel. Jaider Esbell: arte indígena desperta uma consciência que o Brasil não tem de si mesmo. Brasil de Fato, 3 novembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/mgb08T. Acesso em: 7 dezembro 2021.

Outras histórias

  1. De acordo com o texto, os Tupi-guarani consideravam que viver em sociedade era “um peso muito grande”, em razão do trabalho de coleta e produção dos alimentos, dos conflitos e guerras, além das regras e obrigações no convívio com outras pessoas.
  2. Os Tupi-guarani imaginavam a “Terra sem Mal” como um local onde é possível viver sem trabalhar e permanecer jovem e feliz por toda a eternidade. A busca pela “Terra sem Mal” justificava as migrações e os deslocamentos desse povo.
  3. Nas religiões cristãs, a ideia de “paraíso” é bastante próxima dessa concepção. Porém, diferentemente dos cristãos, os Tupi-guarani acreditavam que era possível chegar à “Terra sem Mal” durante a vida, e não depois dela.

Sociedades Tupi-guarani

Os Tupi-guarani estavam divididos em diversos grupos. Cada um desses grupos abrangia um conjunto de aldeias que, em geral, reuniam entre quinhentas e duas mil pessoas. Eles moravam em casas coletivas feitas de madeira e cobertas com palha. Essas aldeias eram lideradas por chefes e conselheiros, como os pajés e os caraíbas, que tinham funções religiosas.

Os Tupi-guarani podiam deslocar suas aldeias para novos locais quando havia desgaste do solo, diminuição de animais de caça, disputas internas entre grupos rivais ou quando ocorria a morte de um líder.

A guerra era um aspecto fundamental das culturas Tupi-guarani, sendo praticada pelos homens. Eles guerreavam com outros povos e também entre eles. Entre os objetivos da guerra, estava o domínio dos locais mais apropriados à lavoura, caça e pesca. Havia também o objetivo de capturar inimigos para praticar a antropofagia ritual. Entre os Tupi-guarani não havia a prática de escravizar os vencidos ou exigir deles o pagamento de tributos.

Para realizar os rituais antropofágicos, eles cuidavam bem de seus prisioneiros por dias ou meses. Depois, o prisioneiro era executado, geralmente na época da colheita. Nessa ocasião, pessoas de outras aldeias eram convidadas a participar do ritual.

Ao praticar a antropofagia, os indígenas acreditavam que assumiriam as qualidades do guerreiro sacrificado. Faziam o mesmo com a onça, animal que admiravam e temiam. Isso explica por que eles não comiam animais como o bicho-preguiça, que era considerado lento e indefeso, algo que ninguém desejava ser.

Gravura. Uma aldeia cercada por hastes verticais de madeira, dispostas em um círculo, contendo quatro moradias coletivas e diversos indígenas portando arcos e flechas voltados para fora da área delimitada. Ao redor, diversos indígenas portando arcos e flechas, vestindo penas coloridas apontam diretamente para a aldeia em destaque.
Ataque Tupiniquim a uma aldeia Tupinambá, gravura colorizada de Théodore de Bry, 1592. Bry não visitou a América no século dezesseis e representou, segundo sua visão europeia, o conflito entre diferentes grupos Tupi-guarani no território do atual Brasil.
Cerâmica. Uma urna de formato oval, com base de menor diâmetro que o corpo e coloração amarronzada.
Urna funerária Tupi-guarani, feita de cerâmica e utilizada pelos indígenas para enterrar seus mortos. Fotografia de 2010.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

mundurukú, Daniel. Coisas de índio: versão infantil. terceira edição São Paulo: Callis, 2019.

O livro apresenta um panorama sobre a pluralidade e a cultura das comunidades indígenas do Brasil.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

A gravura Ataque Tupiniquim a uma aldeia Tupinambá, de Théodore de Bry, apresenta cenas dos conflitos que ocorriam no século dezesseis, no território do Brasil atual, entre diferentes grupos indígenas. Aqui, é bom ressaltar aos estudantes que gravuras como essa não constituem um retrato fiel da realidade, mas uma representação da cultura dos povos originários feita com base na visão e na concepção de mundo de um homem europeu.

Texto de aprofundamento

Para aprofundar aspectos da cultura Tupi-guarani de fórma interdisciplinar com Ciências, é possível ler com os estudantes o texto a seguir, sobre a astronomia desenvolvida por essa sociedade.

A astronomia Tupi-guarani

“Os indígenas há muito perceberam que as atividades de caça, pesca, coleta e lavoura estão sujeitas a flutuações sazonais e procuraram desvendar os fascinantes mecanismos que regem esses processos cósmicos, para utilizá-los em favor da sobrevivência da comunidade.

Diferentes entre si, os grupos indígenas tiveram em comum a necessidade de sistematizar o acesso a um rico e variado ecossistema de que sempre se consideraram parte. Mas não bastava saber onde e como obter alimentos. Era preciso definir também a época apropriada para cada uma das atividades de subsistência. Esse calendário era obtido pela leitura do céu. reticências

Os indígenas são profundos conhecedores do seu ambiente, plantas e animais, nomeando as várias espécies. Os Tupi-guarani, por exemplo, associam as estações do ano e as fases da Lua com o clima, a fauna e a flora da região em que vivem. Para eles, cada elemento da Natureza tem um espírito protetor. As ervas medicinais são preparadas obedecendo a um calendário anual bem rigoroso.”

AFONSO, G. Mitos e estações no céu Tupi-guarani. Scientific American Brasil. Disponível em: https://oeds.link/CI0G2Asciam.com.br/mitos-e-estacoes-no-ceu-tupi-guarani/. Acesso em: 7 dezembro 2021.

PAINEL

integrar com arte

Mantos Tupinambá

Havia artesãos muito habilidosos entre os Tupinambá. Muitas peças feitas por eles atraíram a atenção dos conquistadores europeus, como os mantos confeccionados com fibras naturais e penas de aves. Ao menos seis desses mantos foram levados para a Europa nos séculos dezesseis e dezessete e hoje se encontram em museus, mas nenhum museu brasileiro possui um manto Tupinambá.

Este manto encontra-se no Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhague. Há outros exemplares semelhantes em museus da França, Itália, Bélgica, Alemanha e Suíça. Os mantos eram, ao mesmo tempo, obras de arte e objetos ritualísticos, utilizados nas cerimônias de antropofagia, por exemplo. As penas vermelhas são de uma ave chamada guará.

Fotografia. Destaque para um manto comprido coberto de penas vermelhas.
Manto Tupinambá coberto com penas de aves, feito no século dezesseis.

A comunidade indígena de Olivença afirma ser descendente de Tupinambá e reivindica, desde o início dos anos 2000, a devolução do manto. Como não conseguiram repatriar o objeto, em 2021, as artistas indígenas Glicéria Tupinambá e Daiara Tukano resolveram recriá-lo como forma de resistência e preservação da cultura Tupinambá.

Fotografia. Uma mulher indígena de cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo uma camisa azul e saia branca, um cocar com penas e colares ao redor do pescoço, observa um manto comprido coberto de penas vermelhas.
Nivalda Amaral de Jesus, líder da comunidade indígena de Olivença, na Bahia, observa manto Tupinambá trazido da Europa para uma exposição na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2000.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Com base na seção “Painel” sobre mantos Tupinambá, é possível refletir sobre a construção da identidade de diferentes pessoas e grupos sociais, no passado e no presente. Ressalte que a identidade é algo que se transforma no decorrer do tempo e que muitos indivíduos e grupos sociais buscam construí-la. Os mantos Tupinambá tinham um significado no século dezesseis e, mais tarde, foram levados pelos conquistadores da América para coleções de arte na Europa. Grupos que reconhecem a si mesmos como descendentes do povo Tupinambá querem repatriar os mantos, como o grupo que vive em Olivença, ou recriar os significados dos mantos com suas obras, como as artistas Glicéria Tupinambá (assista ao vídeo da exposição Essa é a grande volta do manto Tupinambá em: https://oeds.link/D4d8Qh; acesso em: 7 março 2022) e Daiara Tukano (cuja obra catiti eoro Espelho da Vida, inspirada nos mantos Tupinambá, foi exposta na 34ª Bienal Internacional de São Paulo São Paulo em 2021 (confira imagens da releitura do manto Tupinambá em: https://oeds.link/Pv30sf; acesso em: 7 março 2022).

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Leia um texto sobre o mito asteca de fundação da cidade de Tenochtitlán e responda às questões.

“Segundo as lendas da tradição asteca, a escolha do local de fundação da cidade [de Tenochtitlán] foi determinada por uma profecia do deus Colibri-Azul [Huitzilopochtli]. Dizia o deus que os astecas receberiam um sinal quando encontrassem o local ideal para a fundação de sua cidade. O sinal esperado era uma águia pousada num cacto sobre uma rocha, trazendo em seu bico uma serpente, e teria sido encontrado no centro do lago tescôco, onde fundaram Tenochtitlán – que quer dizer ‘rocha de cactos.

HUMBERG, Flávia Ricca; NEVES, Ana Maria Bergamin. Os povos da América: dos primeiros habitantes às primeiras civilizações urbanas. São Paulo: Atual, 1996. página 64.

  1. De acordo com o mito de fundação de Tenochtitlán, que sinal os astecas receberam quando encontraram o local ideal para construir sua cidade?
  2. Pesquise qual é a bandeira atual do México. Que desenho aparece em seu centro? O que esse desenho simboliza?

2. A revista çaience divulgou um estudo sobre os quipos incas, realizado pelos antropólogos guéri Urton e quéri Brezine, da Universidade de Harvard (Estados Unidos). A seguir, leia o trecho de uma reportagem sobre o assunto e responda às questões.

‘Esta fórma de comunicação foi usada para registrar informações cruciais para o Estado. Incluía registros contábeis como censos, finanças e números militares’, disse [o antropólogo guéri Urton].

‘Nesse sentido, a descoberta de que os quipos foram usados como livros de contabilidade revela uma nova coincidência da cultura inca com outras da Antiguidade’, acrescentou. reticências

Apesar de os antropólogos não terem conseguido decifrar de fórma precisa os quipos, para Urton é possível que eles também tenham sido usados como calendários.

Segundo ele, nos locais fúnebres dos incas foram encontrados quipos com setecentas e trinta cordas, reunidas em 24 conjuntos, o que equivale exatamente ao número de dias e meses de dois anos.”

ESTUDO revela que quipos incas eram documentos contábeis. UOL, 11 agosto 2005. Disponível em: https://oeds.link/1vEYDG. Acesso em: 5 fevereiro 2021.

  1. De acordo com o estudo citado, quais eram os possíveis usos dos quipos incas?
  2. Por que as descobertas a respeito dos quipos, indicadas na reportagem, revelam uma “nova coincidência da cultura inca com outras [culturas] da Antiguidade”? Explique.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê dois (atividades 2 e 3);
  • cê gê três (atividades 3 e 4);
  • cê ê cê agá quatro (atividade 3);
  • cê ê cê agá cinco (atividades 1, 2 e 4);
  • cê ê cê agá seis (atividade 3);
  • cê ê agá três (atividades 2, 3 e 4);
  • cê ê agá quatro (atividade 3);
  • ê éfe zero seis agá ih zero sete (atividades 1 e 2);
  • ê éfe zero seis agá ih zero oito (atividades 1, 2 e 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. a) Segundo o mito de fundação de Tenochtitlán, o sinal que os astecas receberam quando encontraram o local ideal para construir a cidade era uma águia pousada em um cacto sobre uma rocha, segurando uma serpente em seu bico. Esse sinal teria sido encontrado no meio do Lago Texcoco, local onde foi fundada a capital asteca.

b) No centro da bandeira atual do México, há o sinal esperado pelos astecas para construir a cidade, segundo o mito de fundação de Tenochtitlán. Esse desenho simboliza uma homenagem aos astecas e a continuidade da cultura indígena entre os mexicanos. É interessante comentar que, no local onde estava situada Tenochtitlán, capital do Império Asteca, foi construída a Cidade do México, que é a capital do país.

2. a) Segundo os antropólogos citados, os quipos serviam para registrar informações contábeis, como censos, finanças e números militares. Além disso, supõe-se que os quipos tenham sido utilizados também como calendários.

b) Essas descobertas a respeito dos quipos revelam que os incas, assim como outras sociedades antigas, registravam informações contábeis. Caso considere conveniente, acesse a página da fonte e leia a reportagem completa com os estudantes.

Interpretar texto e imagem

integrar com arte

3. No século XVII, o artista holandês álbert équirráut criou pinturas inspirando-se nos indígenas que viviam no Brasil. A seguir, vamos analisar duas obras desse artista que representam uma mulher Tupi e uma mulher tapuia da etnia Tarairiú.

Pintura. Representação de uma mulher indígena, de cabelos escuros e lisos, vestindo uma saia de tecido branco e peito desnudo. Em seu colo, apoiado em uma de suas mãos, uma criança pequena. Com a outra mão, a mulher apoia uma cesta contendo diversos objetos sobre a sua cabeça. Ao seu lado há uma bananeira com frutos. Em segundo plano uma grande área de plantação direcionada a uma casa, no canto esquerdo.
Mulher Tupi, pintura de álbert Eckhout, 1641.
Pintura. Representação de uma mulher indígena, de cabelos escuros e lisos, vestindo uma tanga de folhas ao redor da cintura, e o peito desnudo. Com uma das mãos ela segura ramos de plantas, e com a outra segura uma mão humana. Sobre suas costas há um cesto contendo objetos e um pé humano. Ao seu lado há um cachorro de pelagem escura. Em segundo plano uma área como vegetação, árvores e um riacho.
Mulher Tarairiú (tapuia), pintura de álbert Eckhout, 1641.
  1. Descreva os cenários e as personagens das duas pinturas.
  2. Qual das personagens foi representada com elementos da cultura europeia? Explique.
  3. Debata, por meio de argumentos, esta frase com seus colegas: As imagens das mulheres indígenas falam mais sobre o colonizador do que sobre o colonizado.

4. Copie em seu caderno o quadro a seguir e complete-o com as informações que estão faltando. Para isso, observe as imagens e leia suas legendas.

10%

Objeto 1

Objeto 2

Data de produção

Povo que produziu

Materiais

Animal representado

Significado cultural

Objeto 1

Estátua. Objeto de ouro representando uma lhama, com quatro patas, duas orelhas para cima e um focinho longo.
Estátua representando uma lhama, produzida pelos incas entre 1400 e 1550. Essa peça foi feita em folhas de ouro e tem 1 centímetro de largura e 6 centímetros de altura. Provavelmente foi utilizada como oferenda religiosa. Na religião inca, o ouro estava associado ao deus Sol, Inti.

Objeto 2

Estátua. Serpente com duas cabeças, uma em cada extremidade do corpo, feita com pedras azuis. Cada uma das cabeças possui focinho e boca vermelhos e grandes dentes brancos.
Estátua de serpente de duas cabeças produzida pelos astecas entre 1400 e 1600. A peça tem 40 centímetros de largura e 20 centímetros de altura. Seu corpo é um mosaico de turquesas. O nariz e a boca foram preenchidos com conchas vermelhas e brancas. Provavelmente foi usada em cerimônias religiosas representando o deus Quetzalcóatl.
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

    1. A obra Mulher Tupi representa uma indígena cuidando de seu filho, vestindo um tipo de saia de tecido e carregando uma cesta com objetos sobre a cabeça. O cenário ao fundo parece ser uma fazenda, com uma casa no canto esquerdo. Já a obra Mulher Tarairiú (tapuia) retrata uma indígena com o corpo seminu, coberto com poucas folhagens, carregando pedaços de um corpo humano em sua mão direita e em um cesto que leva nas costas. O cenário é uma mata, que representa a natureza.
    2. A personagem representada com elementos da cultura europeia é a mulher Tupi. Entre esses elementos, destacam-se a roupa de tecido e a casa ao fundo, que sugerem que os Tupi tinham um contato mais amigável com os europeus. Essa representação contrasta com a mulher tapuia, seminua em meio à mata, carregando pedaços de um corpo humano, o que sugere a participação dela em rituais de antropofagia.
    3. Tema para reflexão e debate. Depois de ouvir as respostas, é possível comentar que essas representações foram criadas por um europeu com base em ideias estereotipadas e preconceituosas. Destaque que os Tupi e os tapuias eram grupos indígenas formados por diversos povos que, dependendo da época e da ocasião, aliavam-se ao colonizador europeu ou o combatiam. Ressalte também que a própria palavra “tapuia” passou a ser utilizada para designar um conjunto de povos que, apesar de diferentes entre si, apresentavam certas semelhanças aos olhos do colonizador, como a língua (que era diferente da dos Tupi) e o lugar onde viviam (afastado do litoral).
  1. É interessante observar que a expressão “significado cultural” é bastante ampla e pode ter várias respostas. O quadro deve ser preenchido no caderno dos estudantes da seguinte maneira:
Objeto 1

Data de produção

1400-1550

Povo que produziu

Incas

Material

Folhas de ouro

Animal representado

Lhama

Significado cultural

Oferenda religiosa relacionada ao deus Sol, Inti

Objeto 2

Data de produção

1400-1600

Povo que produziu

Astecas

Materiais

Turquesas e conchas vermelhas e brancas

Animal representado

Serpente

Significado cultural

Representação do deus Quetzalcóatl

Glossário

Índias
: termo usado pelos europeus para se referir às terras do Oriente, como a Índia, a China e o Japão.
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Aqueduto
: canal elevado, construído para conduzir água.
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Maracá
: tipo de chocalho indígena usado em cerimônias.
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Caraí
: líder indígena, o mesmo que caraíba.
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