UNIDADE 2  AMÉRICA, ORIENTE MÉDIO E ÁFRICA

CAPÍTULO 5 MESOPOTÂMIA

A palavra “Mesopotâmia” é de origem grega e significa “situado entre rios”. Ela foi utilizada para designar a região entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, localizado no continente asiático. Atualmente, essa região corresponde à maior parte do território do Iraque.

Os habitantes da Mesopotâmia desenvolveram um dos mais antigos sistemas de escrita. Ali foram criadas escolas para jovens aprenderem a ler e a escrever. Porém, somente poucos estudantes podiam frequentá-las. Nessa sociedade, o domínio da escrita representava uma fórma de poder.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Na atualidade, saber ler e escrever bem é uma fórma de poder? Reflita e debata expondo seus argumentos aos colegas.

Fotografia. Vista de um homem sentado sobre uma canoa vermelha flutuando em um rio cercado por vegetação densa.
Navegação na região de arruárón, no atual sul do Iraque. Fotografia de 2021. Alimentada pelos rios Tigre e Eufrates, essa região abriga pântanos conhecidos como Pântanos da Mesopotâmia. A região foi declarada Patrimônio Mundial pela Unesco em 2016.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero seis agá ih zero sete

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, as sociedades mesopotâmicas, e de assuntos correlatos, como as áreas que essas sociedades ocuparam, suas principais fórmas de organização social e política (famílias, aldeias, cidades e monarquia) e seus saberes e técnicas (agricultura e criação de animais, grandes obras, invenção da roda, sistemas de escrita e de numeração etcétera

  • Identificar as regiões ocupadas por sumérios, acádios, amoritas, assírios e caldeus.
  • Caracterizar o processo de ocupação territorial e o desenvolvimento de atividades agropastoris na Mesopotâmia.
  • Analisar aspectos da organização social e política dos povos da Mesopotâmia.
  • Estudar aspectos religiosos, saberes e técnicas desenvolvidos pelos povos da Mesopotâmia, com destaque para a escrita e o Direito.

Orientação didática

O capítulo aborda aspectos econômicos, políticos e culturais de povos que viveram na Mesopotâmia. Com isso, pretende-se comparar as sociedades da Mesopotâmia com outros povos antigos que se desenvolveram às margens de rios, como no Egito e na Núbia, apontando diferenças e semelhanças entre os processos históricos.

Fotografia. Destaque para uma escultura de pedra, representando um ser com o rosto de um homem, e o corpo de um animal, com seis patas, rabo e asas nas costas. Ao fundo, paredes de um museu com outras esculturas de pedra.
Representação de uma divindade com cabeça humana, corpo de leão e asas de águia, conhecida como Lamassu e cultuada pelos assírios. Os assírios viveram na Mesopotâmia por mais de treze séculos. Esta representação foi produzida entre os anos 883 antes de Cristo e 859 antes de Cristo
Fotografia. Vista de um muro de tijolos, com pequena abertura central, em ruínas. No centro, uma pessoa em pé sobre um calçamento de madeira rodeado de solo terroso, caminha em direção ao muro.
Ruínas da cidade suméria de Ur, na atual província de Dhi Qar, no Iraque, datadas de 2100 antes de Cristo Fotografia de 2020. Os sumérios habitaram uma região que corresponde hoje ao sul do Iraque.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A abertura deste capítulo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete ao abordar as formas de registro dos mesopotâmicos. Já a questão proposta no boxe “Para começar” possibilita desenvolver as competências cê gê dois, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco e cê ê agá umponto

Para começar

Resposta pessoal, em parte. Esta atividade busca desenvolver a argumentação dos estudantes, ao solicitar que eles expliquem as razões pelas quais a leitura e a escrita seriam atualmente fórmas de poder. Comente que, de modo geral, uma fórma de poder se refere a uma capacidade de exercer domínio ou influência sobre outras pessoas. Durante o debate, procure orientar a argumentação dos estudantes apontando que a leitura e a escrita podem ser consideradas fórmas de poder ideológico, ao lado de fórmas de poder econômico e de poder político. Para complementar esta atividade, os estudantes devem ser estimulados a pensar em outra questão: para que vocês utilizam a escrita? Espera-se que as respostas contemplem a necessidade de guardar e organizar informações, comunicar-se e expressar-se, entre outras possibilidades de uso da escrita. É importante relacionar essas necessidades com as dos povos da Mesopotâmia, que utilizaram a escrita para organizar a produção econômica, as regras sociais e políticas e, também, para criar obras literárias.

Povos da Mesopotâmia

Ao longo dos séculos, a Mesopotâmia foi habitada por povos que guerrearam entre si em diferentes momentos. Entre eles, podemos citar os sumérios, os acádios, os amoritas (ou antigos babilônios), os assírios e os caldeus (ou novos babilônios).

Esses povos tinham línguas e culturas diversas. No primeiro mapa a seguir, observe a área ocupada pelos antigos povos da Mesopotâmia. Depois, observe a divisão política atual do Oriente Médio.

Mesopotâmia: ocupação (IX-II milênio a.C.)

Mapa. Mesopotâmia: ocupação (nono a segundo milênio antes de Cristo). Destaque para os territórios ocupados por diferentes povos na região da Mesopotâmia, que atualmente corresponde à parte do Oriente Médio. Legenda: Amarelo, Período sumeriano (compreende a região entre os rios Tigre e Eufrates, próximo ao Golfo Pérsico, onde estão localizadas as cidades de Ur, Eridu, Larsa, Lagash, Uruk e Nippur); Marrom, Período acadiano (amplia os domínios sumerianos nos sentidos norte, noroeste e leste, abrangendo também as cidades de Kish e Babilônia); Rosa, Império Babilônico/Hamurábi (estende os domínios acadianos nos sentidos norte, noroeste e leste, ocupando praticamente toda a região localizada entre os rios Eufrates e Tigre, incluindo as cidades de Mari, Assur, Haran e Nínive); Verde, Império Assírio (amplia os domínios do Império Babilônico, ocupando um vasto território desde o Golfo Pérsico, na Ásia, até o Rio Nilo, na África, dominando regiões da Pérsia, Fenícia e Egito, compreendendo as cidades de Susa, Ugarit, Damasco, Tiro, Jerusalém e Mênfis). No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 240 quilômetros.
Fonte: quínder, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Ediciones Istmo, 1982. página 26, 28 e 30.

Oriente Médio: divisão política atual

Mapa. Oriente médio: divisão política atual. Destaque para os países do Oriente Médio e suas respectivas capitais. Afeganistão, capital Cabul (Rosa); Irã, capital Teerã (Verde); Turquia, capital Ancara (Amarelo escuro); Iraque, capital Bagdá (Lilás); Kuait, capital Al Kuait (Laranja); Síria, capital Damasco (Verde); Líbano, capital Beirute (Verde); Chipre, capital Nicósia (Magenta); Israel, capital Jerusalém (Laranja); Jordânia, capital Amã (Rosa); Arábia Saudita, capital Riad (Amarelo claro); Barein, capital Manama (Amarelo claro); Emirados Árabes Unidos, capital Abu Dabi (Lilás); Catar, capital Doha (Laranja); Omã, capital Mascate (Verde); Iêmen, capital Sana (Rosa). No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 470 quilômetros.
Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 49.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

  1. Em cada mapa, o que as áreas coloridas representam?
  2. Que povo mesopotâmico ocupou um território mais amplo?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Povos da Mesopotâmia”, incluindo o boxe “Observando o mapa” que o acompanha, contribui para o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete, na medida em que utiliza a linguagem cartográfica com o intuito de desenvolver o raciocínio espaço-temporal dos alunos.

Observando o mapa

  1. No mapa intitulado “Mesopotâmia: ocupação (do nono ao segundo milênio antes de Cristo)”, as áreas coloridas representam os territórios ocupados por cada povo que dominou aquela região ao longo do período indicado. No mapa “Oriente Médio: divisão política atual”, as áreas coloridas representam os territórios atuais dos países do Oriente Médio, incluindo o território da antiga Mesopotâmia.
  2. O povo da Mesopotâmia que ocupou e dominou um território maior foi o assírio. Seu império foi representado pela cor verde no mapa “Mesopotâmia: ocupação (do nono ao segundo milênio antes de Cristo)”.

Aldeias agrícolas

A agricultura e a criação de animais foram desenvolvidas pela humanidade em diferentes momentos e lugares do mundo. Na Mesopotâmia, por exemplo, existem vestígios muito antigos dessas práticas.

Inicialmente, os povos que viviam na Mesopotâmia eram caçadores-coletores e produziam instrumentos feitos de pedra, ossos e madeira. Aos poucos, alguns desses povos começaram a cultivar vegetais, a criar animais e a permanecer mais tempo nos lugares que ocupavam, formando aldeias sedentárias.

Entre os produtos agrícolas cultivados, podemos citar: cevada, trigo, linho, gergelim, tâmara, cebola e alho. Entre os animais domesticados, destacamos: ovelhas, cabras, porcos e bois.

Na Mesopotâmia, o desenvolvimento da agricultura e da criação de animais começou por volta de 8000 antes de Cristo Para melhorar a produção agropastoril, por exemplo, os sumérios e os acádios aprenderam a controlar a ocorrência de inundações pela água dos rios, pois, na época das cheias, os rios transbordavam e suas águas podiam destruir as plantações. Para impedir que isso ocorresse, povos da região construíram muros e diques capazes de conter a água. Além disso, fizeram canais de irrigação que levavam a água até os terrenos mais secos.

A construção de muros, diques e canais de irrigação foi realizada primeiro pelos moradores das aldeias. Depois, parte dessas atividades passou a ser controlada por administradores de templos e palácios.

A produção agrícola e a criação de animais transformaram o cotidiano dos habitantes da Mesopotâmia. Um exemplo dessas transformações foi a especialização de alguns trabalhos. Assim, havia pessoas que se dedicavam mais à produção de metais e cerâmicas, à confecção de tecidos ou ao comércio.

Mosaico. Imagem de mosaico com fundo azul, dividido em três linhas horizontais separadas. De cima para baixo, nesta ordem: linha 1. homens sentados em cadeiras, segurado copos, à esquerda, homens em pé parecem servi-los, à direita um homem segurando um instrumento musical; linha 2. homens em pé acompanhando rebanhos de bovinos, ovelhas e cabras; linha 3. homens em pé, segurando cestas nas costas, ao lado de burros e cavalos.
Representações encontradas em um túmulo da realeza de Ur mostrando, na linha de cima, um banquete do rei com nobres acompanhado de um homem tocando lira e, nas linhas inferiores, trabalhadores conduzindo ovelhas, cabras, bois, burros e carregando peixes e mantimentos para possivelmente serem entregues como tributos, cêrca de 2500 antes de Cristo
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Aldeias agrícolas” desenvolve aspectos dos temas contemporâneos transversais Ciência e tecnologia e Trabalho, ao abordar a divisão do trabalho entre grupos sociais e o contrôle dos recursos naturais exigidos pelas atividades produtivas nas sociedades mesopotâmicas.

Atividade complementar

Retomem os conceitos de Paleolítico e Neolítico, trabalhados no capítulo 2. Depois, respondam oralmente à questão: por que os povos da Mesopotâmia podem ser incluídos no Neolítico?

Resposta: Tema para reflexão e debate, que visa problematizar as periodizações tradicionais, contribuindo para o desenvolvimento das competências cê ê agá dois ecê ê agá seisponto Comente que as práticas agrícolas e de criação de animais, bem como a sedentarização, são características do Neolítico e compõem o conteúdo abordado neste capítulo.

Organização das famílias

Nas aldeias da Mesopotâmia, os trabalhos relacionados à agricultura e à criação de animais eram realizados basicamente pelas famílias. De início, eram famílias alargadas, ou seja, formadas por avós, pais, filhos, tios, primos, netos, genros ou noras que viviam em um mesmo local. Mas essa fórma de organização familiar modificou-se com o tempo. No começo do segundo milênio antes de Cristo, há indícios de que essas famílias começaram a ser substituídas por famílias nucleares, formadas apenas por pais, filhos e poucas pessoas próximas.

As famílias alargadas e nucleares foram importantes na organização da vida social. Os líderes das famílias procuravam resolver conflitos internos nas aldeias e defendiam os interesses dos moradores diante das autoridades dos templos e palácios.

Baixo-relevo. Placa esculpida, contendo a representação de uma mulher, um homem e duas crianças.
Detalhe de placa representando uma família composta de um casal e dois filhos, cêrca de 645 antes de Cristo Essa placa foi encontrada em palácio real na antiga cidade de Nínive, no atual Iraque.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Quantas pessoas compõem sua família? Como vocês convivem? O que cada um faz no dia a dia?

Primeiras cidades

Na Mesopotâmia, foram encontrados vestígios de cidades sumérias como Ur, Uruk, Nippur, Lagash e Eridu, que se desenvolveram por volta de 4000 antes de Cristo

Nas cidades, havia trabalhadores especializados em ofícios diferentes dos das pessoas que viviam nas aldeias. Entre os trabalhadores urbanos estavam os artesãos, que, dominando ferramentas e técnicas próprias, se dedicavam à produção de vários bens. Como exemplos de artesãos, podemos mencionar ceramistas, construtores de carroças, carpinteiros, moedores de cereais (moleiros) e tecelões.

Além disso, as cidades se diferenciavam das aldeias por apresentarem uma população mais numerosa vivendo de maneira mais adensada. Nelas havia diversos tipos de construção, como casas, templos, ruas, pontes e palácios. Dessas construções, destacavam-se os templos e o palácio real, que eram centros de poder.

Ao redor de algumas cidades foram erguidas muralhas protetoras e torres de vigilância. A cidade suméria de Uruk, por exemplo, foi rodeada por uma muralha com aproximadamente 10 quilômetros de extensão.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Em sua casa, existem objetos artesanais? Quais? Onde eles foram produzidos?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Organização das famílias”, incluindo o boxe “Para pensar” que o acompanha, trabalha o tema contemporâneo transversal Vida familiar e social, ao estabelecer diferenças entre as noções de família alargada e família nuclear e ao solicitar aos estudantes que falem sobre as próprias famílias..

Para pensar

Resposta pessoal. O objetivo desta atividade é aproximar os assuntos estudados das vivências cotidianas dos estudantes. Eles podem mencionar parentes, como pais, irmãos, tios ou avós, e descrever como sua família convive nos dias de hoje. Além disso, eles podem explicar quais são as pessoas que trabalham fóra de casa, quais estudam e quais cuidam das tarefas domésticas. Em relação à divisão de tarefas domésticas, é possível relacionar esta atividade com a questão proposta no boxe “Para pensar” (página 44) do capítulo 2, “Origens da humanidade”.

Orientação didática

Caso considere oportuno, comente que há hoje diversos modelos de família e que todos devem ser respeitados. O IBGE, por exemplo, define família como um “conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou pessoa que mora só em uma unidade domiciliar. Entende-se por dependência doméstica a relação estabelecida entre a pessoa de referência e os empregados domésticos e agregados da família e, por normas de convivência, as regras estabelecidas para o convívio de pessoas que moram juntas, sem estarem ligadas por laços de parentesco ou dependência doméstica. Consideram-se famílias conviventes as constituídas de, no mínimo, duas pessoas cada uma, que residam na mesma unidade domiciliar” (SCHLITHLER, Ana; CERON, Mariane; GONÇALVES, Daniel. Famílias em situação de vulnerabilidade ou risco psicossocial. Disponível em: https://oeds.link/ClorLR. Acesso em: 26 abril 2022.).

Para pensar

Resposta pessoal. O objetivo desta atividade é estabelecer relações entre o passado e o presente por meio da reflexão sobre a importância de objetos artesanais na Mesopotâmia e no mundo atual. É provável que os estudantes encontrem exemplos de objetos artesanais na própria casa, como vestimentas, peças de decoração ebarraou móveis. Caso isso não ocorra, solicite a eles que pesquisem e selecionem um objeto produzido artesanalmente na região em que vivem. É importante comentar que a produção artesanal é realizada manualmente ou com o uso de instrumentos simples de trabalho, diferentemente da produção industrial, realizada principalmente por máquinas e em larga escala. Comente que o artesanato é responsável pela renda de muitas famílias no Brasil atual.

OUTRAS HISTÓRIAS

A invenção da roda

A roda utilizada em veículos de transporte é considerada uma das maiores invenções humanas. Um dos mais antigos veículos com rodas foi desenvolvido na região mesopotâmica da Suméria. A seguir, leia o texto de um especialista em história suméria sobre a invenção da roda.

“No quarto milênio antes de Cristo, algum hábil artífice da Suméria construiu o primeiro veículo de rodas que se conhece, provavelmente bem parecido com o pequeno modelo a seguir [...]. A roda sumeriana de madeira inteiriça, o maior invento mecânico de todas as épocas, permaneceu durante séculos inalterada em sua essência. cêrca de .1900 anos depois, rodas com raios, mais leves, levavam à batalha os carros de guerra egípcios [...], e na Idade Média [entre os séculos cinco Depois de Cristo e quinze Depois de Cristo] rodas dianteiras, girando sobre eixos, fizeram manobráveis os carros [...].

Veículos de rodas agora já se moviam mais depressa, porém não eram bastante velozes e baratos para satisfazer aos reclamos da Revolução Industrial. A solução, que surgiu em 1804, foi a locomotiva a vapor com rodas de ferro, que transportava com rapidez cargas 15 vezes maiores do que as dos carroções de tração animal. Ficou assegurada, assim, a movimentação de pessoas e bens. Mas o êxito maior alcançado pela roda veio no século vinte. Então, com pneumáticosglossário de borracha, ela inaugurou a era do automóvel.”

crãmer, Samuel Noah. Mesopotâmia: o berço da civilização. São Paulo: José Olympio, 1969. página 174.

Fotografia. Destaque para uma estrutura com quatro rodas laterais, um panorama retangular ao centro e uma haste de madeira.
Modelo de carro feito pelos mesopotâmicos por volta de 4000 antes de Cristo
Fotografia. Destaque para uma locomotiva de metal sobre trilhos. De suas chaminés saem fumaças de coloração branca.
Locomotiva no Reino Unido. Fotografia de 2020. O transporte ferroviário ganhou grande importância a partir do século dezenove, com a Revolução Industrial.

Responda no caderno

Atividades

  1. Qual é o tema do texto? Quem o escreveu?
  2. Com base no texto, construa uma linha do tempo relacionando os marcos do desenvolvimento da roda com as épocas em que ocorreram.
Versão adaptada acessível

Com base no texto, construa uma linha do tempo tátil relacionando os marcos do desenvolvimento da roda com as épocas em que ocorreram. Para essa atividade, você pode utilizar materiais emborrachados, papéis com texturas e espessuras variadas, bem como, palitos, linhas, botões etc.

Orientação para acessibilidade

Caso possível, proponha a construção de uma linha do tempo tátil, auxiliando na seleção dos materiais a serem utilizados na realização da atividade. O uso de materiais com espessuras e texturas variadas contribui para a demarcação e classificação das informações na linha do tempo. Para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que a linha principal seja feita com materiais mais espessos, como os emborrachados. Já os marcos temporais podem ser representados por materiais mais finos, como fios de linha ou pequenos palitos. Após a montagem dessa estrutura, oriente que os estudantes escrevam e colem próximos aos marcos temporais os acontecimentos relacionados ao desenvolvimento da roda. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Os estudantes também podem destacar a cronologia dos acontecimentos em forma de texto ou oralmente, desde que as relações de anterioridade e posterioridade sejam evidenciadas.

Orientações e sugestões didáticas

Outras histórias

  1. O tema do texto é a invenção e o aperfeiçoamento da roda. Seu autor é o especialista em história e língua sumérias Samuel Noah Kramer (1897-1990).
  2. O objetivo desta atividade é transpor informações escritas para a linguagem gráfica, como a de uma linha do tempo. Sugerimos que essa linha do tempo seja criada sem escala; ela deve apresentar os seguintes marcos temporais:
  • 4000 antes de Cristo-3001 antes de Cristo: invenção do primeiro veículo com rodas, na Suméria;
  • 2001 antes de Cristo-1101 antes de Cristo: uso de rodas mais leves em carros de guerra egípcios;
  • 401-1500: uso de rodas dianteiras que giravam sobre eixos;
  • 1804: invenção da locomotiva a vapor com rodas de ferro;
  • 1901-2000: uso de pneus de borracha em automóveis.

Comente que especialistas afirmam ser possível que a roda tenha sido inventada por volta da mesma época em diversas regiões do mundo, por diferentes povos.

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” contribui para o desenvolvimento das competências cê gê cinco, cê ê cê agá cinco, cê ê cê agá sete e cê ê agá umponto

Religiões e divindades

Atualmente no Brasil, o cristianismo abrange religiões que reúnem grande quantidade de seguidores. O cristianismo possui ramos como o catolicismo, o protestantismo (anglicano, luterano, calvinista) e o neopentecostalismo.

Os cristãos acreditam na existência de um Deus único, criador do universo. Portanto, o cristianismo é uma religião monoteísta (do grego, mono = um + theo = deus).

Já os diferentes povos que viveram na Mesopotâmia eram politeístas (do grego, poli = muitos + theo = deus). Eles acreditavam em diversos deuses que tinham características humanas e estavam relacionados a elementos da natureza. Observe alguns exemplos desses deuses:

  • Anu (deus do céu);
  • Ishtar (deusa do amor e da guerra);
  • Enlil (deus do ar e do destino);
  • Shamash (deus do Sol e da justiça);
  • Ninmah (deusa da terra e da fertilidade);
  • Enki (deus das águas, da sabedoria e das técnicas);
  • Abu (deus da vegetação e das plantas).
Relevo. Representação, em uma placa, de um ser com rosto e corpo de mulher, mas com garras nos pés e asas nas costas. Aos seus pés figuras de dois leões e, ao lado, duas corujas.
Placa de terracota representando uma divindade mesopotâmica com asas e garras de ave, sobre leões e cercada por corujas, cêrca de 1800 antes de Cristo-1750 antes de Cristo Especialistas acreditam ser uma representação de Ishtar, deusa do amor e da guerra.

Diversos povos da Mesopotâmia acreditavam também que, depois da morte, o espírito da pessoa ia para um mundo inferior, um lugar deprimente e terrível. Assim, não havia a crença em uma vida melhor após a morte. Por esse motivo, homens e mulheres queriam aproveitar ao máximo sua existência e, talvez por causa disso, a juventude era considerada a melhor fase da vida.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Em sua opinião, qual é a melhor fase da vida? Reflita e debata expondo seus argumentos aos colegas.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Religiões e divindades” contribui para o desenvolvimento da competência cê ê cê agá cincoponto Já a questão proposta no boxe “Para pensar” possibilita desenvolver as competências cê gê nove,cê ê cê agá um,cê ê cê agá seise cê ê cê agá quatroponto

Para pensar

Resposta pessoal. Tema para debate e reflexão. Esta atividade visa desenvolver a argumentação dos estudantes, ao solicitar que eles explicitem os fundamentos de seus sentimentos e ideias em relação a si mesmos e aos outros, exercitando a empatia e respeitando os direitos humanos. Talvez seja interessante ponderar que toda fase da vida tem suas alegrias e tristezas, encantos e desencantos, conquistas e desafios, e que, por isso, é importante viver bem cada uma delas.

Atividade complementar

Leia o texto “Religiões e divindades” e, depois, responda: de acordo com o texto, qual seria a melhor fase da vida para os povos da Mesopotâmia?

Resposta: Segundo o texto, para esses povos, a melhor fase da vida é a juventude. Se julgar oportuno, o professor pode explicar que a ideia de “juventude” é uma construção histórico-social. Segundo o Estatuto da Juventude (Lei nº 12 852barra2013), jovens são pessoas que têm entre 15 e 29 anos.

Sacerdotes e templos

Os templos religiosos eram importantes na vida social da Mesopotâmia. Nesses locais, havia culto aos deuses, realização de rituais e recebimento de oferendas. Cada templo era considerado o “lar dos deuses”.

Cada cidade podia ter vários templos. Só na Babilônia, capital da antiga Suméria (no atual Iraque), havia cêrca de cinquenta templos dedicados a diferentes deuses.

Fotografia. Vista de uma construção retangular de tijolos, com destaque para uma longa escadaria ao centro, partindo da base até o topo.
Zigurate localizado na antiga cidade de Ur (próximo da atual província de Dhi Qar, no Iraque) e construído em cêrca de 2100 antes de Cristo Fotografia de 2021. Zigurates eram construções religiosas típicas da Mesopotâmia. Sua aparência é de uma torre de tijolos em degraus.

No templo, os sacerdotes e as sacerdotisas conduziam as cerimônias religiosas e administravam seus bens e negócios. Com as oferendas que recebiam dos fiéis, os sacerdotes acumulavam riquezas em fórma de terras, rebanhos ou sementes, por exemplo.

Para controlar as atividades econômicas, os sacerdotes desenvolveram um sistema de escrita e numeração (como veremos mais adiante). Em razão do poder religioso e econômico, muitos sacerdotes tiveram forte influência política, sobretudo nas cidades sumérias.

Escultura. Um homem, com cabelo e barbas longos, vestindo uma longa túnica, com as mãos unidas próximas ao seu peito.
Escultura de alabastro representando um homem em adoração, encontrada no templo dedicado ao deus Abu, deus da vegetação e das plantas, na antiga cidade de Esnuna (atual Tel Asmar, no Iraque), cêrca de 2900 antes de Cristo-2600 antes de Cristo
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Para se aprofundar na religiosidade dos povos da Mesopotâmia, leia o texto a seguir.

A religião mesopotâmica

A religião mesopotâmica é certamente uma designação demasiado genérica para traduzir o caráter heterogêneo das suas práticas, das crenças e das concepções teológicas que a definem. Não devemos desprezar a amplitude geográfica e cronológica que suporta a realidade cultural mesopotâmica. reticências a sensibilidade religiosa dos assírios é diferente da dos babilônios. É prudente reticências evitar pensar a religião mesopotâmica como se constituísse uma realidade uniforme e inalterável ao longo de aproximadamente três milênios [...].

A religião mesopotâmica não tem cânone e não apresenta uma teologia sustentada por dogmas. Trata-se, pelo contrário, de uma teologia difusa, que se manifesta em expressões locais e que se traduz num sincretismo religioso que a torna uma religião inclusiva e não exclusiva. reticências Os hinos e as orações, produzidos num ambiente literário, muitos deles encomendados ou dedicados ao rei, expressam essa teologia e a profunda religiosidade do homem mesopotâmico.”

CARAMELO, Francisco. A religião mesopotâmica: entre o relativo e o absoluto. Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, número 13, página 165-175, 2007.

Reis e palácios

Existem diferentes hipóteses para explicar a origem e o fortalecimento do poder dos reis nas cidades antigas da Mesopotâmia. Segundo uma delas, no início da vida urbana não existiam reis nem palácios. No entanto, conforme as cidades foram crescendo e acumulando riquezas, elas passaram a correr risco de invasões e saques.

Diante disso, a defesa das cidades tornou-se uma preocupação para seus habitantes, o que levou à organização de tropas e à escolha de um chefe permanente para comandá-las. Esse chefe seria transformado posteriormente no rei.

Nas sociedades da Mesopotâmia, o rei exercia funções políticas e militares. Tinha também liderança religiosa, pois era visto como um representante dos deuses e, por isso, tinha o poder de fazer valer as vontades divinas entre os humanos. A partir do segundo milênio antes de Cristo, o poder do rei passou a ser transmitido a seus parentes, dando origem às monarquias hereditárias.

Os reis e os funcionários do governo também dominaram boa parte das atividades econômicas. Controlavam, por exemplo, algumas oficinas de artesanato, onde eram produzidos objetos de metal, cerâmica, tecidos e mobiliário, entre outros bens.

Baixo-relevo. Placa de pedra escura, com a imagem de um homem vestindo uma armadura e um chapéu comprido, visto de perfil, segurando um arco e uma flecha.
Detalhe de marco de limite de terras feito de um tipo de rocha chamado diorito, representando o rei Marduquenadique, que governou a Babilônia entre 1099 antes de Cristoe 1082 antes de Cristo Chamadas de kudurrus (em acádio, “fronteira” ou “limite”), essas pedras de registro também são testemunhos artísticos do período babilônico.

Com exceção da elite, ou seja, pessoas de posição social elevada, a maior parte da população vivia, de certo modo, em regime de servidão. Isso porque era obrigada a:

  • trabalhar para o Estado na construção de edifícios (palácios, templos), muralhas, canais de irrigação, diques e celeiros;
  • pagar impostos ao Estado, arrecadados em fórma de alimentos, rebanhos e sementes.

A imposição dessas obrigações constitui o que alguns historiadores chamam de servidão coletiva. Essa servidão foi comum tanto na região mesopotâmica como no Egito antigo, onde o Estado exercia domínio sobre as terras. No entanto, os camponeses usufruíam da sua posse: eles produziam para seu sustento e o de suas famílias e eram obrigados a entregar parte da produção ao governo.

Fotografia. Vista da entrada de uma construção, com paredes azuis e imagens de animais dourados. No centro, uma grande abertura com formato arqueado no topo.
Portão de Ishtar, reconstrução com fragmentos originais do portão da antiga cidade babilônica, construído por volta do século seis antes de Cristo
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Sugerimos a leitura do seguinte texto, sobre o monarca caldeu Nabucodonosor segundo (ou Nebuchadrezzar segundo), que governou a Babilônia entre 605 antes de Cristo e 562 antes de Cristo, e a Torre de Babel.

Nabucodonosor segundo e a Torre de Babel

“O monarca de maior relevo do que foi denominado império neobabilônico foi Nebuchadrezzar segundo. reticências Foi ele reticências quem embelezou Babilônia e fez dela o centro cosmopolita e cultural de sua época. Dominando a cidade renovada, erguia-se a fabulosa Torre de Babel, um zigurate colossal cuja altura atingia quase 100 metros; os portões da cidade, os palácios e os templos reluziam com ladrilhos de cor vermelha, creme, azul e amarela; e os ‘jardins suspensos’ reticências causaram reticênciasadmiração [...].

reticências Só pelo seu tamanho a Torre de Babel se tornou a maior maravilha arquitetônica do mundo antigo. reticências A sua base, com mais de 100 metros de cada lado, assentava-se num pátio com cérca de 560 metros quadrados; reticênciashavia depósito e aposentos para sacerdotes.

A originária Torre de Babel, referida no livro do Gênesis como epítome [exemplo] da vaidade humana, foi construída centenas de anos antes do reinado de Nebuchadrezzar. No decurso dos séculos, foi destruída, reconstruída e destruída novamente.

KRAMER, Samuel Noah. Mesopotâmia: o berço da civilização. São Paulo: José Olympio, 1969. página 64 e 162.

Atividade complementar

Leia o texto “Reis e palácios” e, depois, responda às questões a seguir.

1. Quais eram as funções exercidas pelos reis na Mesopotâmia?

Resposta: Os reis exerciam as funções de chefe político, militar e religioso. Além disso, controlavam boa parte das atividades econômicas.

2. Qual era o nome da principal fórma de exploração do trabalho na Mesopotâmia?

Resposta: Segundo alguns historiadores, a principal fórma de exploração do trabalho na Mesopotâmia era a servidão coletiva.

Escrita suméria

A escrita não foi inventada por um único povo. Diversas sociedades criaram seus próprios sistemas de escrita em momentos e lugares distintos da história. Um desses lugares foi a região da Suméria, na Mesopotâmia. Lá, os sumérios desenvolveram um sistema de escrita por volta de 3300 antes de Cristo

Segundo pesquisadores, a escrita suméria surgiu quando a vida nas cidades se tornava cada vez mais complexa. Os sacerdotes teriam percebido que já não podiam confiar apenas na memória e na transmissão oral dos conhecimentos para registrar as atividades dos templos. E essas atividades eram muitas: empréstimos de animais, pagamento a comerciantes, contrôle de produtos estocados em seus armazéns, entre outras. Para gravar essas informações, supõe-se que aos poucos eles tenham desenvolvido um sistema de escrita. Foram, então, criando sinais que representavam números e outros que representavam coisas como animais, pessoas e mercadorias.

Entre os sumérios, predominava o sistema numérico sexagesimal, que tinha como base o número 60. Esse sistema é utilizado até nossos dias para medir os graus angulares (30graus, 90graus, 360graus) e também o tempo: uma hora tem 60 minutos, 1 minuto tem 60 segundos.

Além das atividades dos templos, a escrita passou a registrar ensinamentos religiosos, normas jurídicas, literatura. Assim, os sumérios puderam escrever histórias até então transmitidas entre eles apenas de fórma oral.

Para escrever, os sumérios utilizavam argila e um tipo de estilete em fórma de cunha. A cunha é uma peça de madeira ou metal que serve para esculpir materiais como pedra, madeira e barro. Por causa desse instrumento, a escrita foi chamada de cuneiforme. A escrita cuneiforme foi utilizada para registrar várias línguas faladas na Mesopotâmia, como o sumério, o acádio, o babilônio e o assírio.

Relevo. Placa com a representação de homens vistos de perfil, vestindo longas túnicas, com as mãos flexionadas para frente, segurando objetos em forma de cunha.
Escribas usando tablete e cunha para escrever. Relevo encontrado em um palácio da antiga cidade de Nínive (no atual Iraque), produzido por volta do século oito antes de Cristo
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Escrita suméria”, incluindo seu subitem e o boxe “Para pensar” que o acompanha, contribui para o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê gê quatro, cê gê sete, cê gê nove, cê ê cê agá quatro, cê ê cê agá cinco, cê ê cê agá seis, cê ê agá um, cê ê agá três e cê ê agá quatro, bem como da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete, ao identificar as fórmas de registro oral e escrito dessa sociedade antiga. Além disso, este texto trabalha o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia, ao apresentar aspectos do sistema de escrita e numeração utilizado pelos sumérios.

Escolas, ontem e hoje

Na Mesopotâmia, estudar em escolas era privilégio das elites e, nas aulas, os estudantes aprendiam a ler, escrever e resolver problemas de Matemática.

As turmas eram pequenas, com cérca de quatro alunos, e eles estudavam com uma tábua de argila elaborada pelo professor. A disciplina era rígida e os castigos físicos eram aplicados com frequência.

Hoje, o ensino escolar é bem diferente do daquela época. Atualmente no Brasil, por exemplo, as leis asseguram que todas as crianças têm direito à educação. A alfabetização é um dos objetivos de aprendizagem nos primeiros anos de estudo e, depois, durante o Ensino Fundamental, as crianças continuam estudando sua língua e aprendendo assuntos de outras áreas do conhecimento, como Matemática, História, Geografia, Ciências e Arte.

Evidentemente, hoje em dia, a disciplina nas salas de aula não é tão rígida como era em muitas sociedades antigas. Os castigos físicos, por exemplo, são proibidos por lei tanto no Brasil como em muitos outros países.

Tábua de argila. Objeto em formato circular, com linhas verticais e horizontais encunhadas.
Tábua escolar suméria, com exercício de escrita cuneiforme, possivelmente corrigido pelo professor.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Em sua opinião, as escolas são importantes espaços de convívio? O que você aprende ao conviver com seus colegas? Reflita e exponha seus argumentos.

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 2011.

Reconstituição das organizações sociais e econômicas, das relações políticas, da cultura e dos modos de vida dos antigos povos da Mesopotâmia com base em documentos escritos e arqueológicos.

Direito

Foi na região da Mesopotâmia que se criaram os primeiros códigos jurídicosglossário escritos. Entre os códigos mais antigos, destaca-se aquele que foi instituído no governo de Hamurábi, rei da Babilônia.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal. Esta atividade visa desenvolver a argumentação dos estudantes, ao lhes solicitar que exponham os fundamentos de seus sentimentos e crenças a respeito do convívio escolar. Depois de ouvir as respostas, comente que a escola é um importante espaço de convívio no qual aprendemos coisas novas e criamos laços de amizade. É interessante ressaltar que, na Mesopotâmia, provavelmente a escola também era um importante espaço de convívio. Além disso, é fundamental trabalhar o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos, estimulando os estudantes a refletir sobre a necessidade de construir, na escola, um ambiente livre de fórmas de intimidação sistemática (bullying), caracterizadas pela violência física ou psicológica contra colegas, professores e funcionários. Essa violência pode se manifestar em ataques físicos, insultos pessoais, apelidos pejorativos, expressões preconceituosas, isolamento social consciente e premeditado etcétera

Chamado de Código de Hamurábi, ali estavam reunidas normas sobre diversos assuntos da vida social: crimes (homicídios, lesões corporais, roubos), questões comerciais, divisão social, casamento e herança, entre outros.

Boa parte dessas normas foi estabelecida com base em costumes que já eram praticados entre os povos da Mesopotâmia. Mas, ao organizá-las em um código, Hamurábi reafirmava a importância do rei como aquele que impõe ordem à sociedade.

Estela. Um bloco de pedra escura, com imagens escupidas no topo: duas figuras masculinas, frente a frente, uma delas, à esquerda, em pé, vestindo uma túnica; a outra, a sua frente, à direita, sentada em um trono, vestindo uma túnica e um longo chapéu, segurando um cetro em uma de suas mãos.
Estela de Hamurábi, bloco de pedra de cêrca de 1700 antes de Cristo que traz gravada a lei do talião e representa o rei Hamurábi recebendo do deus Sol o poder de elaborar o código.

Princípio de talião

Em muitas sociedades antigas, o criminoso era punido com diversos tipos de revide, isto é, várias fórmas de vingança. Muitas vezes, esses revides se transformavam em violência sem fim entre grupos rivais.

O Código de Hamurábi instituiu um meio para limitar esses excessos. Era o princípio ou lei de taliãoglossário , pelo qual a pena seria proporcional à ofensa cometida: olho por olho, dente por dente”. Os artigos do Código de Hamurábi descrevem casos que serviam de modelos a serem aplicados em questões semelhantes. Observe alguns exemplos:

Artigo 229 – Se um construtor edificou uma casa para um homem livre, sem dar solidez à sua obra, e a casa desabou matando o proprietário, então esse construtor será morto.

Artigo 230 – Se a casa desabou matando o filho do proprietário, então o filho do construtor também será morto.

Artigo 231 – Se a casa desabou matando um escravo do proprietário, então o construtor dará outro escravo ao dono da casa.

CÓDIGO de Hamurábi. dê agá nét. Disponível em: https://oeds.link/nQsvOG. Acesso em: 21 dezembro 2021.

Atualmente, as penas do Código de Hamurábi podem parecer brutais, segundo os valores predominantes na atualidade. No entanto, para a época, o princípio de talião foi considerado uma fórma de expressão da justiça. Ao mal provocado pelo crime, retribuía-se com o mal previsto pela pena. No Código de Hamurábi também existia a possibilidade de a pena ser paga na fórma de recompensa econômica (gado, armas, moedas).

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Em sua opinião, para combater um crime, basta punir o criminoso? Argumente explicando sua opinião.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Direito”, incluindo seu subitem e o boxe “Para pensar” que o acompanha, contribui para o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê gê sete, cê gê nove, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um e cê ê agá quatro, bem como da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete, pois aborda aspectos e fórmas de registro da sociedade mesopotâmica.

Orientação didática

O texto "Princípio de talião" possibilita identificar e criticar situações de anacronismo, uma vez que apresenta o Código de Hamurábi como expressão da justiça na época em que foi produzido, há cêrca de 4 mil anos. Como aponta o texto, esse Código instituiu o princípio da proporcionalidade da pena, visando combater fórmasde vingança que levavam a ciclos viciosos de violência.

Além disso, por ser escrito, ele explicita os atos que eram considerados crimes, reduzindo a arbitrariedade dos julgamentos. Desse modo, embora possa parecer brutal para os padrões éticos e sociais atuais, o Código de Hamurábi não deve ser interpretado com base nesses padrões.

Para pensar

Tema para reflexão e debate. Esta atividade visa trabalhar o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos e desenvolver a argumentação dos estudantes, ao lhes solicitar que se posicionem de modo fundamentado sobre um problema social atual, estabelecendo relações entre o passado e o presente e promovendo os direitos humanos. Espera-se que os estudantes reflitam sobre o assunto considerando que, certamente, o combate ao crime não pode ser resumido à punição do criminoso. Como muitos problemas sociais, alguns crimes podem ser evitados promovendo acesso à educação, à saúde, ao lazer, à moradia etcétera A partir disso, é possível comentar que estabelecer punições, como as que existem no Código de Hamurábi ou no nosso Código Penal, não é o suficiente para combater a criminalidade.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. Na Mesopotâmia desenvolveram-se cidades cujos centros de poder eram os templos e o palácio real. Nas cidades brasileiras atuais, quais são os centros de poder? Como eles interferem em nossas vidas? Em grupo, deem exemplos e justifiquem a resposta.
  2. Os mesopotâmicos desenvolveram um sistema de escrita e numeração. Em grupo, levando isso em consideração, observem e comparem as duas imagens a seguir por meio das perguntas propostas.
Fotografia. Destaque para uma placa retangular contendo linhas verticais e horizontais entalhadas, distribuídas uniformemente por toda a extensão da placa.
Reprodução de uma placa suméria com escrita cuneiforme contendo um problema de Matemática, cêrca de 2000 antes de Cristo-1600 antes de Cristo
Fotografia. Uma menina de cabelos loiros, longos e lisos, vista de perfil, vestindo uma jaqueta rosa, sentada a frente de uma mesa contendo caderno, livro, estojo com canetas, um aparelho de celular e um computador ligado. Em seu caderno há contas de matemática.
Fotografia de uma adolescente do século vinte e um estudando Matemática em aula on-line, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Fotografia de 2021.
  1. Que instrumentos foram utilizados para produzir as inscrições no bloco reproduzido na imagem 1? Que instrumentos a estudante está usando na imagem 2?
  2. As duas imagens representam a necessidade de fazer registros? Argumente explicando sua resposta.
  1. Alguns especialistas atribuem a invenção da roda aos sumérios, que viveram na Mesopotâmia. Essa invenção foi continuamente aperfeiçoada e é, até os dias atuais, utilizada nos meios de transporte. Tendo isso em vista, faça o que se pede.
    • Pesquise na internet, em livros ou em revistas imagens de veículos de rodas de diferentes épocas e selecione-as.
    • Elabore legendas para as imagens selecionadas. Essas legendas podem apresentar informações como data, origem e material do veículo.
    • Crie um painel com as imagens e suas legendas. A atividade pode ser realizada em cartolina, papel pardo ou em uma plataforma digital.
    • Apresente o resultado da pesquisa para a classe.
Versão adaptada acessível

3. Alguns especialistas atribuem a invenção da roda aos sumérios, que viveram na Mesopotâmia. Essa invenção foi continuamente aperfeiçoada e é, até os dias atuais, utilizada nos meios de transporte. Tendo isso em consideração, faça o que se pede.

Pesquise na internet, em livros ou em revistas informações de veículos de rodas de diferentes épocas.

Selecione informações como data, origem e material do veículo.

Crie um painel tátil com as informações pesquisadas. Você pode utilizar materiais emborrachados, linhas, palitos, botões e papéis com diferentes espessuras, texturas e dimensões.

Apresente o resultado da pesquisa para a classe.

Orientação para acessibilidade

Caso seja possível, proponha a construção de um painel tátil para os alunos. Uma aula antes, auxilie-os na seleção dos materiais a serem utilizados na elaboração da atividade. Para a estrutura do painel e para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que a base seja projetada sobre materiais mais espessos, como os emborrachados. Já as demais informações relativas aos veículos de rodas de diferentes tempos podem ser representadas por materiais mais finos, como fios de linha ou pequenos palitos. Após a montagem dessa estrutura, oriente os estudantes a disporem elementos que representem as informações a respeito dos veículos pesquisados. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem.  Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Os estudantes também podem destacar as informações pesquisadas em forma de texto ou oralmente.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidade da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividade 1);
  • cê gê dois (atividades 4 e 5);
  • cê gê três (atividades 4 e 5);
  • cê gê cinco (atividade 3);
  • cê ê cê agá um (atividade 1);
  • cê ê cê agá cinco (atividade 2);
  • cê ê cê agá sete (atividade 3);
  • cê ê agá um (atividade 1);
  • cê ê agá três (atividades 4 e 5);
  • ê éfe zero seis agá ih zero sete (atividade 2).

Oficina de História

Conferir e refletir

  1. Podemos citar como exemplos de centros de poder nas cidades brasileiras as câmaras municipais, as prefeituras, as secretarias municipais e os tribunais. Esses centros de poder são responsáveis por uma série de serviços que utilizamos em nosso cotidiano, como a coleta de lixo, o transporte público, a educação etcétera É importante ressaltar que, no Brasil, a responsabilidade por muitos desses serviços é compartilhada entre os governos municipal, estadual e federal.
    1. A primeira imagem retrata uma placa suméria com escrita cuneiforme, de cêrca de 2000 antes de Cristo-1600 antes de Cristo Essa placa traz um problema de Matemática entalhado em argila, provavelmente feito com o auxílio de cunhas. A segunda fotografia mostra uma adolescente estudando Matemática no século vinte e um. Ela utiliza papel, caneta e computador.
    2. Resposta pessoal, em parte. Tema para reflexão. O objetivo da atividade é desenvolver a argumentação dos estudantes ao lhes solicitar que fundamentem suas respostas na análise e na comparação das imagens apresentadas. Além disso, a atividade instiga os estudantes a identificar semelhanças entre contextos históricos variados. Depois de ouvir as respostas, comente que a necessidade de registrar números está presente nas duas imagens.
  2. Resposta pessoal, em parte. Esta atividade trabalha o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia, na medida em que lida com a noção de que os inventos e seu impacto na vida cotidiana fazem parte de um processo histórico de longa duração que alcança os dias de hoje. Seu objetivo é promover a autonomia intelectual e a criatividade dos estudantes, estimulando-os a pesquisar, selecionar e sintetizar informações. Eles podem buscar imagens de veículos de diferentes épocas, como a locomotiva, a bicicleta, o automóvel e a motocicleta. Seguem alguns exemplos de legenda:

Locomotiva: Entre 1801 e 1804, richard trvitic desenvolveu dois modelos de locomotiva a vapor. Tempos depois, esses modelos foram aperfeiçoados por George Stephenson. A locomotiva é um dos inventos mais marcantes do século dezenove. Com ela, foi possível transportar de fórma cada vez mais rápida cargas bastante pesadas.

Bicicleta: Entre os séculos dezoito e dezenove, foram desenvolvidos diversos modelos de bicicleta. O modelo que se consolidou possui duas rodas. A bicicleta é um veículo movido pela fórça de uma ou mais pessoas por meio de pedais. Por não gerar poluição, ocupar pouco espaço e ter um preço mais acessível, as bicicletas são apontadas atualmente como alternativa sustentável para o transporte urbano.

Automóvel: Entre os séculos dezenove e vinte, foi inventado e aperfeiçoado o automóvel. Esse veículo é movido a motor (de combustão, elétrico, a gás) e geralmente possui quatro rodas. Atualmente, o automóvel é um dos meios de transporte mais utilizados no mundo. No entanto, ele trouxe problemas como a poluição.

Motocicleta: Em 1885, apareceu pela primeira vez a motocicleta. Esse invento foi elaborado por Gótlib Dáimilér na Alemanha. A motocicleta é um veículo de duas rodas que, diferentemente da bicicleta, possui motor a combustão. Após a Segunda Guerra Mundial, a motocicleta passou a ser muito procurada pelas pessoas como uma alternativa para o transporte.

É interessante que os estudantes apresentem seus painéis aos demais colegas da sala.

Interpretar texto e imagem

4. Em um palácio assírio na antiga cidade de Nínive (localizada no atual Iraque) foram encontrados relevos com cenas de caça a leões, prática comum entre os reis daquela época. Essa prática simbolizava o dever do monarca de proteger e lutar por seu povo. Observe a representação e responda às questões.

Baixo-relevo. Placa de pedra esculpida em baixo-relevo, com a imagem de um homem caracterizado como rei, segurando o pescoço de um leão em posição de salto e empunhando uma espada que atravessa o peito do animal. Na testa do leão há uma flecha cravada. Próximo ao rei há uma pessoa segurando flechas e um arco.
Baixo-relevo representando o rei Assurbanípal matando um leão, cêrca de645 antes de Cristo-640 antes de Cristo
  1. Qual é o objeto mostrado na imagem? Quando ele foi produzido? Onde foi encontrado? Quais personagens estão representados no objeto?
  2. Como o rei está matando o leão? Na sua interpretação, o rei parece estar fazendo um grande esforço para matá-lo? Explique.
  3. Que características do rei podemos destacar na cena? Explique.

5. A Epopeia de Gilgamesh é um poema épico da antiga Mesopotâmia que narra as aventuras de Gilgamesh. A obra é, em grande parte, uma exaltação à amizade, exemplificada na relação dos heróis Gilgamesh e Enkidu. Segundo o poema, com a morte de Enkidu, Gilgamesh sofre muito e toma consciência de sua condição de mortal. Em sua busca pela imortalidade, ele ouve o conselho de um herói, que lhe diz que quem encontrasse uma certa planta seria eternamente jovem.

No final do poema, Gilgamesh consegue encontrar essa planta, mas ela lhe é roubada por uma serpente. Assim, fica claro que a imortalidade só pertence aos deuses.

Lendo a Epopeia, podemos perceber diversos elementos da cultura dos povos da Mesopotâmia.

A seguir, leia um trecho dessa epopeia, em que a divindade Sidúri dá conselhos ao herói Gilgamesh, procurando fazê-lo desistir de sua busca pela imortalidade:

“Tu, Gilgamesh, enche tua barriga;

Alegra-te dia e noite reticências

Cuida do jovem que tu tens nas mãos.

Que tua amada alegre-se em teus braços.

Eis tudo o que pode fazer à humanidade.

EPOPEIA de Gilgamesh. Tablete dez, III: 6-14. In: REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 1997. página 30.

  1. Qual foi o conselho dado por Sidúri ao herói Gilgamesh?
  2. Qual seria a ligação entre o conselho de Sidúri e as ideias que os povos da Mesopotâmia tinham sobre a vida e a morte?
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

    1. A fotografia mostra um baixo-relevo produzido por volta de 645 antes de Cristo-640 antes de Cristo e encontrado em um palácio assírio na cidade de Nínive, no atual Iraque. Nesse objeto, estão representados o rei Assurbanípal, um leão e um ajudante carregando arco e flechas.
    2. Observando o baixo-relevo com atenção, é possível identificar uma flecha na testa do leão e uma espada enfiada em seu peito. O rei, que está empunhando a espada e segurando o pescoço do leão, permanece com o corpo ereto. Por isso, não parece estar fazendo um grande esforço para matar o animal.
    3. Essa cena procura demonstrar a fôrça e o poder do rei – que foi representado em um tamanho maior que o personagem ao seu lado e da mesma altura que o leão agonizante.
    1. A deusa Sidúri aconselha Gilgamesh a viver bem, com alegria e amor.
    2. Para os povos da Mesopotâmia, a vida após a morte não significava uma existência melhor, cheia de recompensas. Por isso, a vida na Terra e, sobretudo, a juventude, deveria ser aproveitada ao máximo.

Glossário

Pneumático
: o mesmo que pneu.
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Códigos jurídicos
: conjuntos sistematizados de leis escritas.
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Talião
: do latim, talis = tal, igual; significa “retaliação”, “revide”.
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