UNIDADE 2  AMÉRICA, ORIENTE MÉDIO E ÁFRICA

CAPÍTULO 6 EGITO ANTIGO E REINO DE CUXE

cêrca de 4 mil anos, duas sociedades poderosas se desenvolveram na África às margens do imenso Rio Nilo: o Egito antigo e o Reino de Cuxe.

Muitas pessoas já ouviram histórias sobre o Egito antigo, famoso por suas pirâmides, seus faraós, suas múmias e sua cultura. Apesar de pouco conhecido, o Reino de Cuxe destacou-se por seus faraós negros e por valorizar a presença das mulheres na vida pública.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Em sua interpretação, o que torna uma sociedade poderosa? Argumente justificando sua resposta.

Fotografia. Vista de três grandes pirâmides e três pirâmides menores, com bases quadradas e ápice triangular, sobre um solo arenoso. À frente, duas carroças guiadas por cavalos.
Pirâmides do Egito antigo, próximas à cidade do Cairo, capital do atual Egito. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis agá ih zero sete
  • ê éfe zero seis agá ih um três
  • ê éfe zero seis agá ih um seis
  • ê éfe zero seis agá ih um sete

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão do tema tratado, o Egito antigo e o Reino de Cuxe, e de assuntos correlatos, como a organização política, os grupos sociais, a religiosidade e o estudo das fórmasde registro dessas antigas sociedades africanas, lidando com aspectos relativos à cultura material e ao desenvolvimento da escrita.

  • Conhecer as diferentes fórmas de organização política existentes na África antiga, como impérios, reinos, cidades-Estado e aldeias.
  • Localizar as regiões ocupadas pelos antigos egípcios e cuxitas na África.
  • Caracterizar os grupos sociais e as fórmas de trabalho no Egito antigo e no Reino de Cuxe, com destaque para a escravidão e a servidão coletiva.
  • Estudar a religiosidade, a arte, a arquitetura e fórmas de registro desenvolvidas pelos egípcios e cuxitas antigos, principalmente seus sistemas de escrita.
  • Refletir sobre a importância das mulheres no Egito antigo e no Reino de Cuxe.

Para começar

Resposta pessoal. Esta atividade visa desenvolver a argumentação dos estudantes ao solicitar que eles expliquem as razões pelas quais uma sociedade se torna poderosa. Depois de ouvir as respostas, comente que o filósofo britânico Bertrand Russell (1872-1970) definiu “poder” como a capacidade de fazer as outras pessoas realizarem aquilo que queremos. Em outras palavras, uma sociedade poderosa é aquela que detém meios para dominar pessoas ou influenciá-las a fazer aquilo que suas lideranças desejam. Esse poder costuma ser exercido por meio de três formas: a econômica, a ideológica e a política. Por exemplo, na sociedade do Egito antigo, os “donos do poder”, liderados pelo faraó, dominavam os camponeses, que eram obrigados a entregar parte de sua produção agropastoril e a trabalhar na construção de obras públicas. Além disso, é importante promover um debate sobre o exercício cooperativo do poder, como alternativa ao poder exercido pelo faraó, que visava sobretudo à dominação.

Alerta ao professor

A abertura do capítulo, incluindo o boxe “Para começar”, favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê gê três e cê ê cê agá cincoponto

Estatueta. Escultura metálica representando um homem ajoelhado, segurando objetos redondos com as mãos, em direção a um grande falcão dourado a sua frente.
Estatueta em bronze que representa o faraó cuxita Taharqa prestando homenagem a um falcão, considerado um deus protetor dos vivos, cêrca de 690 antes de Cristo-664 antes de Cristo
Fotografia. Destaque para um conjunto de esculturas de sete homens, com diferentes estaturas. Todos vestem tecidos ao redor das cinturas, tem os peitos desnudos e utilizam adornos na cabeça. Ao fundo, paredes de um museu.
Esculturas dos faraós negros do Reino de Cuxe. Embora ignorados pelos arqueólogos por muito tempo, os faraós da Núbia (ou Reino de Cuxe, localizado ao norte do atual Sudão) chegaram a conquistar o Egito, além de terem construído e deixado para a posteridade pirâmides, como as de Nuri e Meroé, tal como seus vizinhos mais famosos. Fotografia de 2018.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

O fato de o Reino de Cuxe ser menos conhecido do que o Egito antigo está relacionado à herança da dominação colonial europeia na África. Sobre esse assunto, recomendamos a leitura do artigo “A superpotência africana que chegou a conquistar o Egito, mas foi esquecida pela história”, escrito pela sudanesa Zeinab badaui (disponível em: https://oeds.link/U1gD9W; acesso em: 26 abril 2022.). Esse artigo comenta a importância do Reino de Cuxe (também conhecido por Kush, Axum ou Aksum) na Antiguidade e seu esquecimento (que é parte do esquecimento deliberado da história de todo o continente africano) por influência do colonialismo europeu na África, destacando que mesmo estudiosos africanos conhecem pouco a história do continente.

Organizações políticas na África

A África é um continente imenso, com mais de 30 milhões de quilômetros quadrados. Nesse amplo território, as sociedades africanas desenvolveram diferentes fórmas de organização política, como aldeias, cidades-Estado, reinos e impérios.

De modo geral, podemos dizer que, na sua origem, todas essas fórmas de organização tinham como base as relações de parentesco e de lealdade a um chefe. Por isso, ficaram conhecidas como “sociedades de linhagem”.

Aldeias e cidades-Estado

As aldeias eram formadas por conjuntos de famílias. Cada família tinha um chefe, que liderava seus descendentes e agregados. Geralmente, o chefe de uma família era a pessoa mais velha, que se destacava por sua liderança e por seus conhecimentos. Entre os chefes de família, escolhia-se o chefe de aldeia. A autoridade dos chefes vinha da sua linhagem, isto é, do parentesco com os antepassados que teriam fundado a aldeia.

O chefe era o responsável pelo governo da comunidade. Ele comandava os guerreiros, administrava a economia e mandava aplicar castigos às pessoas que não cumpriam as normas do grupo. Mas o chefe de aldeia não governava sozinho. Para tomar decisões que afetavam a comunidade, ele contava com a ajuda dos chefes de família, como uma espécie de conselho comunitário. Às vezes, as aldeias se uniam para formar alianças.

Havia nas aldeias pessoas que exerciam funções religiosas. A religião influenciava profundamente o cotidiano. Os antepassados e os heróis míticos, considerados fundadores de suas sociedades, eram cultuados em cerimônias religiosas.

Em muitos lugares da África, também existiam cidades-Estado, cercadas por muralhas de madeira, barro ou pedra. Nessas cidades, vivia uma população composta de comerciantes, artesãos, funcionários do governo e o rei. Nos arredores dos centros urbanos, homens e mulheres dedicavam-se à agricultura e à criação de animais. Como exemplos de antigas cidades-Estado africanas, podemos citar Ifé e Oyo, localizadas perto da costa ocidental, e Cartago, localizada no norte do continente.

Fotografia. Vista de ruínas de uma cidade à beira mar, com construções em formato circular, corredores e duas colunas verticais ao fundo.
Vista das ruínas da cidade-Estado de Cartago, próximo à atual cidade de Túnis, capital da Tunísia. Fotografia de 2019.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia com os estudantes o texto a seguir sobre as várias fórmas de organização política existentes na África.

Provavelmente, havia também uma grande diversidade de organizações políticas na África

“É verdade. Alguns Estados estendiam-se por amplos territórios e eram formados por várias nações, sob o comando de uma delas – e a esses Estados chamamos impérios. Havia reinos menores, com uma ou mais nações. E outros ainda menores, que podemos comparar às cidades-Estado da Grécia antiga. Essas várias entidades políticas eram compostas geralmente de uma família real, ou de duas ou mais famílias reais que se revezavam no poder ou o disputavam pelo voto ou pelas armas. O rei comandava uma nobreza privilegiada e com essa minoria compartia o mando sobre os homens comuns e os escravos.

Em algumas sociedades, os ferreiros, os ourives, os escultores, as oleiras e os bardos formavam castas profissionais. Chamamos esses grupos de castas porque seus membros se casavam entre si e eram desprezados pelas demais pessoas. Eram desprezados, mas, ao mesmo tempo, temidos, porque tinham o poder de alterar a natureza. Os ferreiros transformavam o minério em facas, pontas de lanças e enxadas. Os escultores cortavam num pedaço de madeira a imagem de um ancestral. As oleiras faziam com o barro potes e gamelas. E os bardos, dielis ou griots, que eram músicos, poetas e historiadores, davam uma função nova às palavras quando compunham versos.

Mas havia povos, como os ibos, que, como você disse, não possuíam reis...

Nem reis, nem chefes permanentes, nem o que chamamos de Estados. A unidade social era a aldeia ou um pequeno agrupamento de aldeias, onde as decisões eram tomadas por um conselho dos chefes das famílias que ali viviam e impostas, em muitos casos, pelas associações de poder (as chamadas sociedades secretas), cujos membros usavam máscaras assustadoras e mantinham a ordem, castigando os que se desviavam das normas costumeiras.

A maioria das sociedades africanas era altamente hierarquizada. Nobres, plebeus, estrangeiros, escravos, homens e mulheres, cada qual conhecia o seu lugar – nele ficavam desde o nascimento e, em muitos povos, até após a morte, pois, de acordo com suas crenças, o morto, se era aristocrata, continuava, no além, aristocrata, e o escravo, escravo. Mas havia também sociedades que se regiam pelo mérito, nas quais o poder do sangue se restringia às estirpes reais, e tanto um plebeu quanto um escravo podiam ascender às mais altas funções do estado, à fama e à opulência. Em outras, era a riqueza que determinava a posição social de cada indivíduo. E em outras, ainda, não havia diferenças, só se distinguindo dos demais os idosos que formavam o conselho dos anciões e, em caso de guerra, momentaneamente, aqueles tidos por mais capazes para conduzir a luta.”

SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008.página18-20.

Alerta ao professor

O texto “Organizações políticas na África” contribui para o desenvolvimento do objeto de conhecimento “As diferentes fórmas de organização política na África: reinos, impérios, cidades-estados e sociedades linhageiras ou aldeias”, pois caracteriza e valoriza a diversidade de fórmas de organização política existentes no continente africano, identificando alguns reinos e impérios que ali se desenvolveram, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um trêsponto

Reinos e impérios

Algumas sociedades africanas organizaram-se em reinos e impérios, à medida que a população tornou-se mais numerosa e houve aumento do comércio e das tropas militares. De modo geral, o rei era aquele que recebia o poder de fórma hereditária e governava o povo com certa unidade cultural. Já o título de imperador era dado ao governante que expandia seu território, conquistando outros povos. Mas as diferenças entre reino e império não são rigorosas.

Os reinos e os impérios apresentavam, assim, uma organização mais complexa do que as aldeias e as confederações. Observe, a seguir, alguns exemplos.

Império do Mali – consolidou-se na África Ocidental com a vitória do rei Sundiata Keita sobre o rei Sumanguru, em 1235, e perdurou até o século quinze.

Ilustração. Representação de um mapa com um homem à esquerda sentado sobre o dorso de um camelo, vestindo um lenço branco sobre a cabeça e uma túnica verde, e à direita um homem sentado sobre um trono, vestindo uma túnica verde, uma coroa dourada na cabeça, um cetro e uma esfera nas mãos, todos dourados. No mapa foram representadas diversas construções com torres altas e finas, chamadas minaretes, e vários textos escritos em árabe. O mapa é todo cortado por linhas que partem de diferentes pontos e se cruzam.
Detalhe de um mapa com a representação do rei Musa primeiro, que governou o Império do Mali entre 1312 e 1337, segurando um cetro e uma peça de ouro, cêrca de 1375. O reinado de Musa primeiro foi um período próspero, marcado por expressivo acúmulo de ouro e riquezas.
  • Império Songai – nos séculos quinze e dezesseis, expandiu-se do Reino de Gao e atingiu a costa atlântica até regiões que hoje correspondem ao Senegal e à Gâmbia.
  • Império de Gana – criado pelo povo soninke na região hoje correspondente ao norte do Senegal e ao sul da Mauritânia, atingiu seu maior poder no século onze.
  • Reino do Daomé – fundado no século dezessete, no Golfo da Guiné, perdurou até o final do século dezenove.

Além desses exemplos de organizações políticas e sociais duradouras, destaca-se o Egito antigo, um dos impérios mais conhecidos da África.

integrar com geografia

Responda no caderno

para pensar

Vimos que a África é um imenso continente. Quais continentes são maiores que a África? E quais são menores? Se necessário, consulte um planisfério atual.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Esta atividade interdisciplinar com Geografia visa trabalhar o conceito de continente e noções de extensão. Explique que os geógrafos convencionaram chamar de continentes as grandes extensões de terra emersas, cercadas pelas águas de mares e oceanos. Continentes maiores que a África: Ásia e América. Continentes menores que a África: Europa, Oceania e Antártida. Este pode ser um momento oportuno para incentivar a reflexão sobre a pluralidade de culturas e povos em um continente tão extenso como o africano.

Egito antigo

O Egito antigo desenvolveu-se às margens do Rio Nilo. Esse rio é um dos maiores do mundo, com cêrca de 6,8 mil quilômetros de extensão. O Nilo nasce no Lago Vitória, no atual território de Uganda, e deságua no Mar Mediterrâneo.

Unificação política

Observando o mapa a seguir, percebemos que a foz do Rio Nilo fórma um deltaglossário . Essa região, situada ao norte da África, ficou conhecida como Baixo Egito. No sentido sul, a partir da cidade de Mênfis, começava o Alto Egito.

Egito antigo (3000 a.C.-30 a.C.)

Mapa. Egito antigo (3.000 antes de Cristo a 30 antes de Cristo). Destaque para parte do Egito antigo banhada pelo Mar Vermelho e pelo Mar Mediterrâneo. O Rio Nilo corta o interior do continente africano e deságua no Mar Mediterrâneo. Em verde: terras cultiváveis, ocupando toda a extensão ao redor do Rio Nilo; Em amarelo: áreas desérticas, à leste e à oeste das terras cultiváveis. Do sul ao norte, uma sequência de cidades, representadas por um círculo preto: Napata, Siena/Assuã, Grande Oásis, Luxor, Karnak, Tínis, Licópolis, Akhetaton (El Amarna), Heliópolis, Avaris (Tânis), Náucratis, Sais; e cidades importantes, representadas por quadrados pretos: Tebas e Mênfis. Próximas à cidade de Napata há duas pirâmides, representadas por triângulos pretos. Próximas à Náucratis há três pirâmides. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 180 quilômetros.
FONTE: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 22.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

  1. Que mares banhavam o território do Egito antigo?
  2. Em qual mar o Rio Nilo deságua?

Por volta de 5000 antes de Cristo, já existiam aldeias sedentárias nas regiões do Alto e do Baixo Egito. Nelas, praticavam-se a agricultura e a produção de cerâmica. Mais tarde, desenvolveu-se a metalurgia.

Ao longo do tempo, as aldeias se unificaram, formando núcleos populacionais maiores. Aos poucos, esses núcleos também se reuniram politicamente, dando origem a dois grandes reinos: um no Baixo Egito e outro no Alto Egito. Em 3100 antes de Cristo, forças militares do Alto Egito conquistaram a região do Baixo Egito e, assim, os dois reinos foram submetidos ao comando de um único governante: o faraó.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Egito antigo”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê ê cê agá dois e cê ê agá um, bem como das habilidades ê éfe zero seis agá ih um seis e ê éfe zero seis agá ih um sete, pois diferencia escravidão de servidão na sociedade egípcia e compara essas fórmas de trabalho com as existentes durante a Antiguidade na Mesopotâmia, na Grécia e em Roma.

Observando o mapa

1 e 2. O território do Egito antigo era banhado pelos mares Mediterrâneo e Vermelho. O Rio Nilo deságua no Mar Mediterrâneo. Também é possível aproveitar esta oportunidade para mostrar a proximidade entre as regiões do Egito antigo e da Mesopotâmia. É importante ressaltar que o território do atual Egito está situado, em grande parte, no nordeste da África, mas inclui também a Península do Sinai, que fica na Ásia. Assim, o Egito atual é considerado um país transcontinental.

Desenvolvimento da agricultura

O Egito antigo era cercado por desertos. Ainda assim, os egípcios conseguiram desenvolver uma agricultura diversificada, produzindo trigo, linho, cevada, uva, algodão, entre outros. Isso foi possível por causa do aproveitamento das águas do Nilo.

No período das cheias, as águas do Rio Nilo inundavam as margens e depositavam no solo uma rica camada de húmus, uma substância produzida pela decomposição de restos vegetais e animais que fertilizava o solo. Quando o rio retornava ao nível normal, o terreno que tinha sido inundado se tornava fértil e adequado para o cultivo agrícola.

Além disso, os egípcios construíram canais de irrigação para levar as águas do Nilo até áreas mais afastadas de suas margens. Também construíram diques para armazenar água e barragens para se proteger das inundações mais fortes.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade altamente urbanizada, cortada por um grande rio. A cidade é repleta de casas e construções, plantações e áreas arborizadas. Duas grandes pontes, com fluxo intenso de veículos, cruzam o rio, promovendo a ligação entre suas margens. No rio trafegam diversas embarcações.
Vista do Rio Nilo, na cidade do Cairo, Egito. Fotografia de 2021. Além da irrigação agrícola, o Rio Nilo também é utilizado no atual Egito para o abastecimento de água das cidades, transporte de mercadorias, geração de energia e turismo.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

As sociedades do Egito antigo e da Mesopotâmia se desenvolveram perto de rios. Na região onde você mora existe algum rio? Qual é o estado de preservação ambiental desse rio? Existem projetos voltados a sua proteção?

Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Rio Nilo/Egito (Estados Unidos). TBS Productions, 1989. 8 minutos Série Sem Fronteiras.

Apresenta aspectos da geografia do Vale do Nilo e discute como a agricultura e a troca de produtos estimularam o sedentarismo e a miscigenação do povo egípcio.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

No século cinco antes de Cristo, o historiador grego Heródoto viajou por muitas regiões do mundo antigo, como a Babilônia, a Ásia Menor e o Egito. Sobre este último, Heródoto afirmou: “O Egito é uma dádiva do Nilo”, ou seja, um presente do Rio Nilo. Essa afirmação de Heródoto, tantas vezes repetida, já foi muito discutida e, algumas vezes, contestada. Por quê? Observe, por exemplo, o que o historiador brasileiro Jaime Pinsky diz a respeito.

“O rio, em si, oferece condições potenciais, que foram aproveitadas pela fôrça de trabalho dos camponeses egípcios [...]. Trabalho e organização foram, pois, os ingredientes principais da civilização egípcia. O rio, em si, reticências ao mesmo tempo que fertilizava, inundava.”

PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Atual, 1994. página 67.

De acordo com Pinsky, a frase de Heródoto pode ser interpretada como uma afirmação de que a natureza foi mais importante do que a ação dos egípcios na formação de sua sociedade. Porém, muitos historiadores pensam o contrário: defendem que a ação humana é mais importante do que as condições existentes na natureza. Após a leitura e a interpretação do texto, responda às questões a seguir.

1. Qual é a ideia defendida por Jaime Pinsky e por muitos historiadores a respeito da frase de Heródoto?

Resposta: Jaime Pinsky, assim como muitos outros historiadores, discorda da ideia da frase de Heródoto. Para ele, a ação humana é mais importante do que as condições existentes na natureza.

2. O conhecimento histórico transforma-se ao longo do tempo, seja pela descoberta de novas fontes ou por novas interpretações e debates entre os historiadores. Podemos dizer que a discussão sobre a frase de Heródoto é um exemplo disso? Por quê?

Resposta: Sim, porque essa frase foi tomada como “verdade” por séculos, mas a curiosidade e a investigação dos pesquisadores levaram a seu questionamento.

Alerta ao professor

O texto “Desenvolvimento da agricultura” trabalha o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia, pois aborda o contróle dos recursos naturais exigidos pelas atividades produtivas na sociedade egípcia. Já o boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco e cê ê agá um, bem como trabalha os temas contemporâneos transversais Educação ambiental e Vida familiar e social, ao propor que os estudantes identifiquem o estado de preservação dos rios de sua região.

Para pensar

Resposta pessoal. Esta atividade visa aproximar os conteúdos das vivências dos estudantes e promover a preservação ambiental, sobretudo dos rios. Caso exista um rio no município, é possível localizá-lo em um mapa e, depois, solicitar aos estudantes que pesquisem mais informações sobre ele, relacionando-o a atividades econômicas, meios de transporte, meio ambiente e vida cultural da região em que moram. Explique que os rios são patrimônios naturais e que deles depende a existência de todos os outros seres vivos no planeta, incluindo a nossa. Atualmente, podem ser implementados vários tipos de ação para preservar os rios, como: proteger e recuperar suas nascentes e matas ciliares; economizar água; tratar adequadamente o esgoto antes de despejá-lo nos rios; evitar jogar detritos sólidos no esgoto, nas ruas e nos rios etcétera Caso considere conveniente, solicite aos estudantes que promovam uma campanha de conscientização ambiental voltada à preservação dos rios junto à comunidade da região.

Sociedade egípcia

Os grupos sociais do Egito antigo dividiam-se principalmente de acordo com o trabalho ou a função social que cada um desempenhava. A maioria da população egípcia era composta de camponeses, seguidos pelos diferentes tipos de artesãos.

Alguns historiadores consideram que também havia escravizados. Porém, eles não eram numerosos e não constituíam a principal fôrça de trabalho nessa sociedade.

No topo da hierarquiaglossário social encontravam-se o faraó e membros de sua família. Logo abaixo, vinham sacerdotes, chefes militares e funcionários do governo.

Vamos conhecer alguns aspectos da sociedade egípcia.

Colar. Objeto semi-circular com folhas de ouro e pedras preciosas coloridas. Nas extremidades há cabeças de gaviões dourados.
Colar egípcio feito com folhas de ouro, turquesa e cerâmica, cêrca de 1850 antes de Cristo-1775 antes de Cristo Esse colar foi encontrado na tumba de Senebtisi, uma mulher que pertencia, provavelmente, às classes mais altas da hierarquia egípcia.

Escravizados

A prática de escravizar pessoas é antiga e existiu em diversas sociedades. De modo geral, chamamos escravizado aquele que está sob o domínio de um senhor. Esse senhor pode utilizar o trabalho sem remunerá-lo, pode vendê-lo e até alugá-lo.

Na Mesopotâmia e no Egito antigo, havia um número pequeno de escravizados, por isso não representavam a principal fôrça de trabalho. Esses homens e mulheres tinham uma vida bem diferente da dos escravizados da Grécia e de Roma.

Alguns historiadores afirmam que, na Mesopotâmia e no Egito, em certas condições, os escravizados podiam ter alguns bens, casar-se com pessoas livres e prestar testemunhos em tribunais.

No Egito antigo, eram escravizados, sobretudo, os prisioneiros de guerra. Eles realizavam desde tarefas domésticas até trabalhos em construções públicas, minas e pedreiras.

Escultura. Objeto de madeira representando quatro homens vestindo tecidos brancos ao redor de suas cinturas e peitos desnudos. Dois deles estão em pé, um ajoelhado e outro sentado com um dos braços erguido.
Escultura de madeira representando escravizados realizando tarefas domésticas no Egito antigo, cêrca de 2125 antes de Cristo-1975 antes de Cristo
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Sociedade egípcia”, incluindo seus subitens, mobiliza o tema contemporâneo transversal Trabalho, ao identificar e caracterizar as principais forma s de trabalho exercidas pelos principais grupos sociais do Egito antigo.

Camponeses

Os camponeses egípcios, conhecidos como felás, viviam em aldeias e dedicavam-se à agricultura e à criação de animais. Cultivavam principalmente trigo (usado para fazer pães), cevada (para o preparo da cerveja), linho (para a produção de tecidos), legumes, verduras e uvas (para fazer vinho). Também criavam bois, carneiros, cabras, porcos e, posteriormente, cavalos.

Além dessas atividades, eles também caçavam e pescavam. No entanto, a carne era um alimento de luxo para a maior parte da população. Os mais pobres só a comiam em ocasiões especiais.

No final do período das cheias do Rio Nilo, os camponeses aravam e semeavam a terra, trabalhando em duplas. Enquanto um revolvia a terra usando arados e enxadas, outro lançava as sementes.

Para colher os cereais, eles utilizavam instrumentos de madeira, pedra ou metal. Depois de separar as cascas, armazenavam os grãos em celeiros.

Os camponeses egípcios viviam em regime de servidão coletiva. Isso porque a maioria deles estava ligada à terra que cultivavam e era obrigada a entregar parte dos produtos agrícolas e dos rebanhos como imposto ao governo. Além disso, era frequentemente convocada para trabalhar em obras públicas, como a construção de palácios, templos e pirâmides. Portanto, nessa sociedade havia trabalho compulsório ou obrigatório.

Pintura. Egípcios em diferentes atividades, como plantação, manuseio e utilização do arado, inclusive com tração animal, semeadura, colheita e armazenagem de alimentos.
Cópia de uma cena pintada na parede de uma tumba na cidade egípcia de Tebas, cêrca de 1410 antes de Cristo-1370 antes de Cristo A cena mostra camponeses realizando diferentes atividades, como plantio, criação de animais e colheita.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

De modo geral, os funcionários do governo e os sacerdotes formavam uma elite no Egito antigo que contrastava, sobretudo, com os camponeses e os escravizados. Esse contraste se manifestava, por exemplo, na alimentação e no padrão de beleza. Leia o texto a seguir e responda às questões.

“Os camponeses alimentam-se de pão, cerveja e legumes. Às vezes, peixe e fruta podem entrar no seu cardápio. Com uma alimentação simples como essa, os camponeses e demais homens do povo mantêm-se muito magros. Aqueles que comem muito, que engordam, pertencem à classe dos ricos: nobres, sacerdotes, escribas. Só estes têm uma barriga saliente. Ter esse tipo de barriga era considerado elegante.

O camponês que observa passar um barrigudo inveja-o, pois ele certamente tem uma vida agradável e próspera.”

KOENIG, Viviane. Às margens do Nilo: os egípcios. São Paulo: Augustus, 1990. página 16-19.

1. De acordo com o texto, que característica física era considerada elegante pelos egípcios?

Resposta: De acordo com o texto, ter uma barriga saliente era considerado elegante para os egípcios, pois era um sinal de riqueza e prosperidade. Nessa época, somente as pessoas mais ricas podiam se alimentar com fartura e, consequentemente, engordar. Esta atividade é uma oportunidade para destacar que os ideais de beleza são construções históricas e, por isso, variam de uma sociedade para outra. A atividade possibilita uma reflexão sobre o tema na sociedade atual e viabiliza o exercício de colocar-se no lugar do outro. Os alunos podem ser estimulados a se identificar com um ou outro grupo social (funcionários, sacerdotes ou camponeses, por exemplo) do Egito antigo e explicar as razões dessa identificação.

2. Em sua opinião, o que torna uma pessoa elegante? A elegância está relacionada apenas com a aparência física ou existem outros aspectos que devem ser considerados?

Resposta pessoal. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, é possível comentar que, para muitas pessoas, além da beleza física, outros elementos tornam uma pessoa elegante. Entre esses elementos, podemos citar o jeito de falar, os gestos, as fórmas de se vestir, ter um talento musical ou esportivo.

Artesãos

No Egito antigo, havia diferentes tipos de artesãos, como barqueiros, tecelões, padeiros e cervejeiros. Havia também artesãos especializados em mumificar corpos e decorar túmulos, pintando ou esculpindo.

Quase sempre, os artesãos que produziam artigos considerados de luxo trabalhavam em oficinas dos templos ou palácios. Eles produziam esculturas de pedra e de madeira, peças de ourivesariaglossário , vasos de alabastroglossário ou faiançaglossário e tecidos finos.

Além dos artesãos urbanos, existiam aqueles que trabalhavam em oficinas no campo, produzindo tecidos, artigos de couro e vasilhas de cerâmica, entre outros objetos.

Fotografia. Exposição de vários sarcófagos egípcios em posição horizontal, com destaque para um, ao centro, em posição vertical, apresentando a escultura de um rosto humano no topo, com longos cabelos escuros, e ilustrações por toda a superfície.
Sarcófagos egípcios em exposição no Museu de Turim, Itália. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir apresenta aspectos sobre o ofício dos artesãos no Egito antigo.

Artesãos no Egito antigo

“No Egito faraônico não havia uma distinção entre artesão e artista. Escultores e pintores eram vistos da mesma fórma que carpinteiros, por exemplo. Esses trabalhadores participavam, de acordo com a ideologia corrente, da principal tarefa da sociedade: manter a ordem do cosmo. Isso quer dizer que o resultado global contava mais do que o próprio artífice e com isso poucos homens são identificados no exercício de sua função. Principalmente no Reino Novo isso vai depender da estima do soberano, que dava importância às habilidades dos trabalhadores em realizar as obras dentro do sistema canônico [...].

Ao realizar o seu trabalho de maneira adequada, os artesãos poderiam obter um status maior e uma boa remuneração, galgando em alguns casos posições de comando sobre outros trabalhadores, sendo possível até ganhar acesso à côrte faraônica.”

SOUSA, Aline Fernandes. A mulher-faraó: representações da rainha Hatshepsut como instrumento de legitimação (Egito antigo – século quinze antes de Cristo)pontoDissertação (Mestrado) – Programa de pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2010. página18-19.

Funcionários do governo e sacerdotes

Os escribas eram funcionários do governo que sabiam ler, escrever e contar. Eles geralmente trabalhavam nos palácios e nos templos copiando decretos do governo, contabilizando a saída e a entrada de mercadorias, anotando o pagamento das taxas, escrevendo obras literárias e religiosas.

Escultura. Um homem com peito desnudo, sentado no solo com as pernas cruzadas, apoiando uma folha de papiro sobre seu colo.
O escriba sentado, escultura produzida no Egito antigo, cêrca de 2450 antes de Cristo-2325 antes de Cristo A obra, que representa um escriba egípcio durante o seu trabalho, foi encontrada no século dezenove durante escavações arqueológicas no Egito.

O vizir (tjati) também era um importante funcionário do governo. Ele chefiava a administração e a justiça, comandando uma enorme quantidade de outros funcionários, como administradores locais, juízes e supervisores das obras públicas.

Os sacerdotes conduziam as cerimônias religiosas, administravam os templos e recebiam as oferendas dos fiéis. Por isso, detinham muitas riquezas e exerciam forte influência política.

Faraó

O ponto mais alto da escala social era ocupado pelo faraó. Além de rei, ele era considerado um deus vivo que tinha poderes para controlar as forças da natureza e proteger a sociedade.

Os egípcios acreditavam, por exemplo, que as cheias do Nilo e as boas colheitas dependiam do poder do faraó. A crença de que ele era uma divindade sofreu variações no decorrer da história do Egito antigo, sendo às vezes fortalecida e, em outros momentos, enfraquecida.

O faraó controlava boa parte das terras e das atividades econômicas no Egito antigo, auxiliado por nobres, sacerdotes e funcionários do governo.

Máscara. Representação egípcia com traços humanos, dois olhos, um nariz e lábios, uma longa barbicha no queixo, e adornos ao redor da cabeça que caem sobre os ombros.
Máscara do faraó Tutancâmon, cujo reinado foi de 1333 antes de Cristo a 1323 antes de Cristo
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir apresenta aspectos sobre o ofício de escriba e a produção escrita no Egito antigo.

O ofício de escriba

“Os escribas egípcios foram profissionais que alcançaram reconhecimento social documentado em textos instrutivos e na iconografia. O ofício de escriba teve início ainda nas primeiras dinastias após a unificação faraônica, estando sempre relacionado ao poder administrativo. A invenção da escrita, a composição dos primeiros registros e a institucionalização do ofício ocorreram em meio às camadas ligadas ao Estado faraônico [...]. O lugar dos escribas na sociedade se tornou ambicionado, mas a possibilidade de ler e escrever permaneceu reservada a uma pequena parcela.

Por quase todo o terceiro milênio antes de Cristo é possível que a produção escrita tenha correspondido majoritariamente a registros administrativos. Uma parte menor servia às práticas de culto dos templos. A elaboração de textos não administrativos, hoje considerados literários, se destinou a preencher tumbas reais e particulares desde o Reino Antigo, além da literatura didática – textos chamados pelos próprios egípcios de instruções [...].”

RAMOS, Érika Rodrigues de Maynart. Os escribas e a cultura mnemônica: status e intermediação de práticas culturais no Reino Médio egípcio (cêrca de 2040-1650 antes de Cristo). Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017. página 3.

Mulheres no Egito antigo

As mulheres desempenhavam importantes papéis sociais e políticos no Egito antigo. O sistema jurídico garantia igualdade entre homem e mulher.

Assim, houve mulheres faraós, sacerdotisas, funcionárias do governo, artesãs e camponesas. É certo que a maioria dos faraós egípcios foram homens, mas algumas mulheres também governaram com esse título.

Uma delas foi Hatshepsut, que reinou durante cêrca de duas décadas no século quinze antes de Cristo Sob o governo dela, foram construídas e restauradas edificações em várias partes do Egito. Seu reinado foi considerado pacífico e próspero. Além de Hatshepsut, outra faraó muito conhecida foi Cleópatra, que governou entre 51 antes de Cristo e 30 antes de Cristo, época em que o Egito foi dominado pelos romanos.

Escultura. Esfinge com rosto humano e corpo de animal, com quatro patas e um longo rabo traseiro.
Esfinge em homenagem à faraó Hatshepsut, cêrca de 1479 antes de Cristo-1458 antes de Cristo
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Atualmente, no Brasil, existem atividades que são exercidas predominantemente por mulheres? E por homens? Em sua opinião, por que isso acontece? Reflita e debata o assunto com os colegas.

Cultura e religião

A religião teve grande importância em diversos aspectos da vida dos egípcios. Eles eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Muitos desses deuses estavam relacionados às forças da natureza, sendo representados em fórma animal, humana ou misturando as duas formas.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir trata da distribuição de bens no Egito antigo segundo a ideia de igualdade jurídica.

A igualdade jurídica e a divisão da herança

“A igualdade jurídica entre mulheres e homens no Egito antigo pode ser vista, por exemplo, na divisão da herança. No segundo milênio a.C., quando uma pessoa morria no Egito antigo, seus bens eram divididos em partes iguais entre os filhos e o cônjuge (marido ou mulher, conforme o sexo do morto). A norma era essa, mas havia casos em que o indivíduo escrevia um testamento, pelo qual distribuía os bens que deixava de acordo com sua vontade. Leia a seguir o testamento escrito a pedido de Naunakté, esposa de um homem que trabalhava no lugar onde as pessoas eram sepultadas em Tebas, no século catorze antes de Cristo:

‘Eu criei esses oito [filhos], vossos servidores que aqui estão fornecendo-lhes um equipamento [para fundar seu lar] de todas as coisas que se constituem para quem está nessa situação. Vede, porém, tornei-me velha, vede, e eles por sua vez não se ocupam de mim! A cada um deles que colocou as mãos sobre as minhas, darei meus bens, mas quanto àquele que nada me deu, não lhe darei meus bens.’”

noblecourt , Christiane D. A mulher no tempo dos faraós. Campinas: Papirus, 1994. página 213.

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê seis e cê ê cê agá quatro, bem como trabalha os temas contemporâneos transversais Trabalho e Vida social e familiar, ao solicitar que os estudantes reflitam sobre temas ligados ao gênero na atual divisão social do trabalho.

Para pensar

Depois de ouvir as respostas, comente que, atualmente, certas atividades são exercidas com mais frequência por mulheres ou por homens. A relação entre gênero e profissão é um tema bastante abordado na mídia, por isso recomendamos uma pesquisa prévia para apresentar reportagens à turma. É possível comentar que, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2016, algumas profissões comuns entre as mulheres eram: operadora de caixa, professora da Educação Básica, enfermeira e cozinheira. Em contraste, algumas profissões comuns entre os homens eram: motorista de caminhão, vigilante, pedreiro e trabalhador agropecuário. Essa divisão por gênero está ligada a questões históricas e a preconceitos de gênero, que devem ser combatidos.

Deuses e templos

Geralmente, cada cidade tinha um deus principal que era cultuado em um templo. Entre os templos mais conhecidos, estão os de lúcsor e de Karnak, próximos a Tebas, antiga capital egípcia.

O templo de Karnak era dedicado à principal divindade egípcia: Amon-Rá, o deus Sol, cultuado em todo o Egito, a quem eram oferecidas as conquistas militares. Para a maioria da população, também era importante o culto a Osíris (deus dos mortos e da ressurreição), a Ísis (deusa da vida, esposa e irmã de Osíris) e a Hórus (deus do céu e dos faraós, filho de Ísis e Osíris).

Fotografia. Vista das ruínas de um templo, com grossas colunas circulares e estátuas representando homens sentados sobre tronos.
Ruínas do templo de Karnak na cidade de lúcsor, Egito. Fotografia de 2018.

Os antigos egípcios prestavam homenagens aos deuses e dedicavam-lhes tributos ou oferendas. Acreditando que os deuses tinham desejos parecidos com os dos humanos, os egípcios ofereciam-lhes presentes como bebidas, comidas e festas.

Estátua. Mulher egípcia, com longos cabelos escuros e lisos, usando um longo vestido colorido. Ela segura uma cesta com uma das mãos, apoiada em sua cabeça.
Mulher carregando oferendas. Estátua de madeira pintada, cêrca de 1981 antes de Cristo-1975 antes de Cristo
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Qual é a importância da religião em sua vida? Ela influencia seu dia a dia? Comente.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê seis, cê ê cê agá dois e cê ê agá umponto

Para pensar

Resposta pessoal. O objetivo desta atividade é aproximar os conteúdos estudados das vivências pessoais dos estudantes. Depois de ouvir as respostas deles, comente que a religião é um dos elementos que formam a identidade cultural de pessoas e povos e, por isso, pode influenciar a vida cotidiana. Ressalte que, no Brasil, existem diversas religiões e que a liberdade religiosa é um direito fundamental estabelecido pela Constituição Federal de 1988.

Mumificação

Os egípcios antigos acreditavam na vida após a morte no reino de Osíris. Lá, os mortos seriam julgados e, se fossem absolvidos, poderiam retornar a seus próprios corpos. Por isso, havia uma preocupação em conservar o corpo após a morte, o que contribuiu para o desenvolvimento de técnicas de mumificação.

A mumificação era um processo que visava preservar o corpo da pessoa que havia morrido. Para isso, retiravam-se partes internas do organismo, desidratava-se o corpo e nele eram introduzidas substâncias químicas que evitavam a decomposição.

Havia vários tipos de mumificação. Alguns eram mais simples e baratos, outros mais caros e duradouros. A escolha do tipo de mumificação dependia das possibilidades de cada família para pagar o artesão que fazia esse trabalho.

Ao realizar mumificações, os egípcios desenvolveram também estudos sobre o corpo humano que resultaram em conhecimentos médicos, como a criação de fórmulas químicas para diminuir a dor (analgésicos), tratamento dos dentes e técnicas cirúrgicas.

Gravura. Imagem representando um homem deitado em posição horizontal sobre uma cama, com o corpo envolvido em tecido branco. Ao seu lado, há um ser com cabeça de chacal e corpo humano, representando o deus Anúbis. Duas pessoas encontram-se nas extremidades da cama, ambas ajoelhadas, vestindo túnicas brancas e com os braços cruzados sobre seus peitos. À esquerda, sobre um palanque, há dois seres com rostos humanos e corpos de pássaros.
Representação de um processo de mumificação no Egito antigo, em gravura produzida entre os séculos onze antes de Cristo e dez antes de Cristo O deus Anúbis, considerado o deus dos mortos, foi representado realizando o processo.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

As técnicas de mumificação desenvolvidas pelos egípcios antigos abrem caminho para a interdisciplinaridade com Ciências. Se possível, leia o texto a seguir para a turma.

Aspectos científicos da mumificação

“Ao prepararem as múmias, os egípcios tinham uma verdadeira lição de anatomia. Aproveitavam o momento para aprender as relações das estruturas internas do corpo humano [...]. Esse processo de mumificação contribuiu muito para a medicina e justifica o destaque que os egípcios antigos possuíram nesta área. Naquele tempo já existiam médicos, os quais no Egito antigo eram chamados de ‘sunu’, palavra equivalente a ‘doutor’. Dentre os três tipos de categorias de sunus, merece destaque uma que atendia as pessoas em espécies de consultórios, parecido com o que acontece hoje. O mais interessante disso tudo é que eles eram especialistas em determinadas áreas do corpo. Cito o exemplo do mais antigo sunu do Egito antigo, Hesy-Ra, que viveu por volta de 3000 antes de Cristo e só cuidava de dentes.reticências

No antigo Egito surgiu uma corporação especial de profissionais da morte. Conhecidos como embalsamadores, esses especialistas em desidratação tomaram o conhecimento básico da preservação de caça e peixes e foram gradualmente aperfeiçoando-o até criarem uma elaborada tecnologia da imortalidade. Estima-se que estes mumificadores começaram suas práticas há pelo menos 5 000 anos antes de Cristo e foram evoluindo em suas técnicas até o declínio, por volta de 300 antes de Cristo No período de esplendor desta prática, por volta do ano 1000 a.C., a primeira fase da mumificação envolvia a remoção do cérebro, seguido por todos os órgãos internos. Em relação ao coração, os egípcios acreditavam que ele era o centro de todos os aspectos de vida emocional, físico e intelectual. O coração era tratado separadamente e enterrado na tumba, ao lado do corpo, em um jarro lacrado.

reticências Na tentativa de simular a ação dessecante da areia sêca e quente, os egípcios usavam o ‘natrão’ (minério de carbonato de sódio [...]). Este era trazido principalmente do oásis Uadi el-Natrun, a noroeste da capital, Cairo. Os egípcios empacotavam o natrão dentro do corpo da múmia em pequenas bolsas, além de esparramarem sobre o corpo, sendo este minério um eficiente composto na absorção de água do cadáver.

Depois de quarenta dias, o mesmo estava encolhido e duro. Para restabelecer a aparência em vida, os egípcios enchiam o corpo com uma gama de materiais. Antes de envolver o corpo em linho, eles o lavavam, massageavam-no com uma variedade de bálsamos, como de cedro e cominho, e cobriam-no com agentes de embalsamento orgânico – resina ou cera de abelha para excluir alguma umidade que ainda restasse.”

CHEMELLO, Emiliano. Aspectos científicos da mumificação. Química Virtual, novembro 2006. página 4-12.

Alerta ao professor

Os textos “Mumificação” e “Pirâmides” trabalham o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia, ao abordarem técnicas e saberes médicos e de construção desenvolvidos pelos antigos egípcios.

Pirâmides

A crença na vida após a morte também esteve relacionada com a construção de sofisticadas tumbas, o que exigiu conhecimentos avançados de matemática e engenharia. As tumbas egípcias mais conhecidas são as pirâmides.

Na região de Gizé (próxima ao Cairo, a atual capital egípcia), estão localizadas as pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. A maior delas é a de Quéops, com cêrca de 150 metros de altura, o que corresponde a um prédio de mais ou menos 50 andares. A menor é a de Miquerinos.

Para a construção dessas pirâmides, foram utilizados blocos de pedra resistentes, como o granito ou o basalto. Calcula-se que na pirâmide de Quéops tenham sido utilizados mais de dois milhões de blocos de pedra.

À frente dessas três pirâmides, foi construída a Esfinge de Gizé. Trata-se de uma enorme escultura que tem por volta de 20 metros de altura e representa uma cabeça humana em corpo de leão. Acreditava-se que ela era a guardiã das pirâmides.

Fotografia. Vista de uma pirâmide de base quadrada e ápice triangular, e ao lado, uma esfinge em pedra, com cabeça humana. A área está cercada. Há um caminho pelo qual um homem sobre um camelo atravessa.
Vista da esfinge de Gizé e da pirâmide de Quéops, próximo ao Cairo, Egito. Fotografia de 2021.

A parte interna das pirâmides, onde ficavam os túmulos, podia ser decorada com expressões artísticas que retratavam cenas da história do morto ou as características pelas quais ele queria ser lembrado.

Estatueta. Objeto dourado representando um homem sentado no solo, com os joelhos flexionados para frente, segurando hastes em uma de suas mãos. Apresenta colar ao redor de seu pescoço e uma coroa adornada na cabeça.
Estatueta de ouro representando o faraó Amenófis três, esculpida em cêrca de 1403 antes de Cristo-1365 antes de Cristo, encontrada na tumba do faraó Tutancâmon, em Tebas, no Egito.

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Transcrição do áudio

Egito antigo

[Narradora]

No norte da África, formou-se uma das primeiras sociedades da história da humanidade: o Egito antigo. Há cerca de .9000 anos, iniciou-se um progressivo ressecamento climático responsável pela formação do grande deserto do Saara. Gradativamente, as populações africanas deslocaram-se em busca de áreas férteis, com vegetação abundante e acesso a água. O vale do rio Nilo tornou-se a região de maior concentração populacional da África. Ao longo das suas margens, desenvolveu-se a agricultura de irrigação com aproveitamento e controle das cheias anuais.

Em torno de 3100 a.C., grande parte das comunidades dispersas ao longo do rio Nilo foram unificadas sob o comando de Menés. Fundador da primeira dinastia egípcia, Menés é considerado também o primeiro faraó do Egito, espécie de rei que concentrava os poderes políticos, religiosos e econômicos.

[Narradora] Os egípcios ergueram enormes pirâmides que se tornaram símbolos de sua cultura. Quéops, Quéfrin e Miquerinos, as mais famosas pirâmides, foram construídas a partir de 2550 a.C., no planalto de Gizé, na margem esquerda do rio Nilo, próximo à atual cidade do Cairo. A pirâmide de Quéops foi o edifício mais alto do mundo até o século dezenove. Suas dimensões são impressionantes: cerca de 140 metros de altura, área de mais de .50000 metros quadrados e mais de 2 milhões de blocos de calcário, cada qual pesando cerca de 2,5 toneladas. Na planície de Gizé, há também a imponente esfinge, uma enorme escultura construída ao lado da pirâmide de Quéfrin. Trata-se de uma figura antropozoomórfica, ou seja, uma imagem que combina elementos humanos e animais, no caso da esfinge, o corpo de leão e a cabeça humana.

As pirâmides eram grandes túmulos erguidos sobre uma câmara, na qual era sepultado o corpo do faraó. Os egípcios acreditavam que existia uma outra vida após a morte e, para isso, preservavam os corpos dos seus mortos. Nas pirâmides, havia também uma câmara de oferendas, localizada na sua parte leste, nela eram depositados objetos de uso pessoal do morto e aplicados afrescos, relevos e inscrições nas paredes.

[Narradora] Para conservação dos corpos dos mortos, os egípcios desenvolveram técnicas de mumificação. Isso era feito para que o corpo permanecesse intacto até que a alma pudesse encontrá-lo novamente. Anúbis, deus com cabeça de chacal e corpo de homem, era encarregado de conduzir a alma para a sala de seu julgamento. O coração do morto era colocado num dos pratos de uma balança e deveria pesar menos que a pena da verdade, que se encontrava no outro prato. Se a balança ficasse equilibrada, a alma poderia apresentar-se diante de Osíris e retornar para encontrar o corpo e, assim, viver a vida eterna. Se o coração fosse muito pesado, a alma seria oferecida ao monstro devorador, com cabeça de crocodilo e corpo de leão e hipopótamo, posicionado ao lado direito de Anúbis.  Como um escriba, Tot, deus com cabeça de ave e corpo humano, registrava os resultados do julgamento. A alma então era conduzida por Hórus, com cabeça de falcão e corpo humano, até a presença de Osíris, sentado no trono com os símbolos de poder, coroa e cetro, e acompanhado das deusas Ísis e Néftis. A passagem pelo trono de Osíris indicava também a passagem para a vida eterna.

[Narradora] Dentre todos os deuses cultuados no Antigo Egito, Osíris era o mais popular. Senhor dos mortos e da vida além-túmulo, era visto como a encarnação das forças da natureza, representava o ciclo anual da renovação e do renascimento da terra do Egito após as inundações do Nilo. Além de ser considerado o primeiro governante da Terra, teria ensinado as técnicas de agricultura e domesticação de animais aos seres humanos. Morto pelo seu irmão Set, foi vingado pelo seu filho Hórus e ressuscitado por Ísis, sua esposa, não como humano, mas como rei mumificado. Todos os faraós, ao morrerem, tornavam-se Osíris. Por essa razão, em diversos templos e pirâmides, as imagens dos faraós eram representadas com o rosto de Osíris.

PAINEL

integrar com arte

Expressões artísticas do Egito

Grande parte da produção artística do Egito antigo foi influenciada pela religião. Além da construção de templos, o culto aos deuses motivou a criação de esculturas e pinturas que representavam as divindades e a religiosidade dos egípcios. Mas os temas espirituais não eram os únicos, pois existiam também expressões artísticas de cenas do cotidiano.

Pintura. Homens vestindo tecidos brancos ao redor de suas cinturas, lado a lado, apoiando um sarcófago em suas mãos, sobre suas cabeças. Acima, imagens de hieróglifos.
Pintura mural representando um cortejo fúnebre, em uma tumba de Tebas, no Egito, cêrca de 1370 antes de Cristo

Na pintura, as figuras humanas frequentemente apareciam em posição rígida e respeitosa, com a cabeça e os pés de perfil e o tronco de frente. Essa era a fórma mais comum de representar a figura humana na arte egípcia.

As obras artísticas do Egito antigo foram feitas com diferentes materiais, como madeira, calcário, alabastro, mármore e basalto. Conheça algumas delas a seguir.

Escultura. Rosto de uma mulher, com um longo chapéu azul sem abas na cabeça e um grosso colar adornando seu pescoço.
Busto de calcário da rainha Nefertiti, cêrca de 1345 antes de Cristo
Artefato. Uma placa de pedra de formato ovalado, contendo vários hieróglifos.
Placa de basalto com inscrição em hieróglifos, feita entre os séculos sete antes de Cristo e seis antes de Cristo
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

A produção artística egípcia é um tema interdisciplinar com Arte, que pode ser aprofundado pela leitura do texto a seguir.

Arte egípcia

“Os antigos egípcios não tinham, como nós, uma noção da arte como atividade que se autojustifica: arquitetos, escultores ou pintores viam-se como funcionários ou como artesãos que produziam objetos funcionais para uso religioso, funerário ou de outro tipo.

A arte em todos os seus aspectos – arquitetura, escultura, pintura, artes menores – girava em torno dos deuses, do rei-deus e da corte. Sendo o faraó o construtor principal e o maior consumidor de objetos de arte, por concentrar a riqueza e a mão de obra especializada e não especializada necessária, as épocas de apogeu artístico coincidem com os auges do poderio faraônico. A não ser em arquitetura, pois templos e tumbas mudaram muito até sua fixação sob o Reino Novo, desde o Reino Antigo estavam fixados padrões ou cânones artísticos que variavam sem perda de suas características fundamentais, pelo que se constata, apesar de inevitáveis alterações do gosto, do grau de refinamento e de inúmeros detalhes ao longo dos séculos, uma grande unidade de estilo, tornando reconhecível à primeira vista como egípcia uma obra de arte de qualquer época. A única quebra realmente radical desses cânones se deu durante a heresia religiosa de Akhenaton e os anos imediatamente subsequentes, época chamada ‘amarniana’, caracterizada por forte tendência ao naturalismo ou mesmo à caricatura e à decoração profusa. Em arquitetura, o que melhor conhecemos são os templos e tumbas, construídos com materiais imperecíveis, ao passo que quase não temos restos de palácios reais e residências particulares. Os templos egípcios se caracterizam sobretudo pela sua monumentalidade. A partir do Reino Novo, fixou-se um padrão em tal tipo de edifício: entradas monumentais (pilonos), pátios abertos, salas hipóstilas (isto é, com o teto suportado por colunas), um santuário obscuro, capelas para a barca do deus e outros fins, depósitos etcétera À frente dos pilonos havia estátuas gigantescas dos reis e monólitos de pedra (os obeliscos, símbolos solares), além de mastros com bandeirolas encostados à fachada. O maior conjunto arquitetônico é o constituído pelos templos de Amon em lúcsor e Karnak, em Tebas, com múltiplos anexos.

A escultura real, às vezes associada aos edifícios, era com frequência também monumental e idealizada, representando o faraó segundo certas convenções bastante rígidas quanto às atitudes e às vestimentas. Já a escultura de particulares – que conhecemos através das bimbas – era mais realista. A pintura, que não conhecia a perspectiva, refinou muito as suas técnicas no Reino Novo, quando comparada aos períodos anteriores; também neste caso, porém, certos cânones e convenções se mantiveram com pouca mudança ao longo dos milênios. Particularmente notáveis – e úteis como documentação – são as pinturas e relevos encontrados nos túmulos. Certos manuscritos – em especial, edições luxuosas do Livro dos Mortos – são também decorados com belas ilustrações.”

CARDOSO, Ciro Flamarion S. O Egito antigo. São Paulo: Brasiliense, 1982. página 100.

Alerta ao professor

A seção “Painel” contribui para o desenvolvimento da competência cê gê trêsponto

Para construir tumbas, era preciso fazer cálculos matemáticos complexos. Os tipos de tumba variavam conforme a riqueza do morto e a época em que foram construídos. As mais simples chamavam-se mastabas, e as mais grandiosas eram as pirâmides.

Fotografia. Vista de uma pirâmide em níveis retangulares, decrescentes da base para o ápice. Ao redor, terreno arenoso e céu azul com nuvens.
Mastaba de Djoser, situada no sítio arqueológico de Saqqara, ao sul do Cairo, capital do atual Egito. Fotografia de 2022.

Os artistas egípcios mais habilidosos conquistavam prestígio e riquezas. Para elaborar suas obras, eles seguiam regras e padrões de execução. De fórma geral, o artista não assinava suas obras.

Estátua. Homem ajoelhado, segurando um objeto redondo em cada uma de suas mãos. Sobre sua cabeça há um adorno que recai sobre seus ombros.
Estátua de mármore do faraó Tutmés terceiro, esculpida no século quinze antes de Cristo
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

ANDE, Edna. Egito: arte na Idade Antiga. São Paulo: Callis, 2011.

Acompanhado de imagens e ilustrações, o livro apresenta um panorama da arte produzida no Egito antigo.

Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

A importante coleção História geral da África dedica dois volumes à Pré-História e à Antiguidade africana. A coleção completa pode ser lida ou baixada gratuitamente no site da unêsco.

  • KI-ZERBO,Joséf (ed.). Metodologia e Pré-História da África. 4. edição Brasília: Unesco/Instituto Humanize, 2021. volumeum Disponível em: https://oeds.link/GsprPH. Acesso em: 21 junho 2022.
  • moctar gamal (ed.). África antiga. 4. edição Brasília: Unesco/Instituto Humanize, 2021. volume dois Disponível em: https://oeds.link/fdinoI. Acesso em: 21 junho2022.

Escrita egípcia

Assim como os sumérios, os egípcios criaram um sistema de escrita que é considerado um dos mais antigos do mundo. Há registros da escrita egípcia que datam de cêrca de 3000 antes de Cristo

Os egípcios desenvolveram fórmas de escrita como a hieroglífica, a hierática e a demótica, que eram utilizadas em diferentes situações. A escrita hieroglífica é a mais antiga e tinha um uso restrito, sendo encontrada principalmente em templos e túmulos. A hierática, uma variação da hieroglífica, aparece em textos sagrados, administrativos e literários. E a demótica, a mais recente e popular, era empregada sobretudo para tratar das questões comerciais e cotidianas. Nesse tipo de escrita, os sinais passaram a representar os sons das palavras.

Com a dominação romana sobre o Egito, iniciada no século um a.C., o conhecimento da escrita egípcia foi se perdendo. Séculos se passaram até que antigos textos egípcios fossem compreendidos novamente. Isso ocorreu apenas no século XIX.

Em 1822, o estudioso francês jeãn franssôá champolióncomeçou a decifrar as escritas egípcias. Para isso, ele estudou um documento conhecido como Pedra de Roseta, um fragmento de granito que tinha inscrições talhadas em grego, hieroglífico e demótico. Com base no texto escrito em grego, champolión decifrou as duas versões da escrita egípcia.

Dessa maneira, abriu-se uma enorme porta para o conhecimento da história do Egito antigo. Foi a partir da decifração da Pedra de Roseta que se desenvolveu a egiptologia.

Fragmento de estela. Pedra de formato irregular e bordas assimétricas contendo escritos em hieróglifos, grego e demótico.
Pedra de Roseta, com inscrições em grego, hieroglífico e demótico, cêrca de 196 antes de Cristo
Quadrinho. História contada em um quadro. Há dois homens vestindo camisas e bermudas marrons e chapéus com abas laterais na cabeça. Ambos seguram lupas com as mãos. Eles estão em uma área escavada, com montes de terra e uma parede repleta de hieróglifos. O homem à direita possui um balão de fala: A parte difícil é descobrir quais deles são emojis.
Frank e Ernest, tirinha de Bob Teives, 2013. Ao investigar os símbolos da escrita egípcia, os personagens arqueólogos mencionam os emojis, símbolos utilizados atualmente na comunicação virtual.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Escrita egípcia” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete, pois trabalha as fórmas de registro dessa sociedade antiga.

OUTRAS HISTÓRIAS

Dos papiros ao texto digital

Por volta de 3000 antes de Cristo, os egípcios usavam o papiro para registrar sua escrita. O termo “papiro deu origem à palavra papel.

No entanto, o papel é uma invenção chinesa muito diferente do papiro. O vestígio mais antigo de papel data do século dois antes de Cristo Essa invenção chinesa difundiu-se pelo mundo, sendo amplamente utilizada até os dias de hoje.

No século vinte, foram criados novos suportes para a escrita, como computadores e celulares. Esses suportes promoveram uma revolução na maneira de ler e escrever.

O uso de diferentes suportes para a escrita mudou ao longo do tempo. No entanto, o que permanece é a necessidade que as pessoas têm de se comunicar e de registrar suas vivências e memórias.

Fotografia. Imagem de estudantes no interior de uma biblioteca, próximas à telas de computadores sobre suportes de madeira. As mulheres utilizam véus de diferentes cores e estampas, que cobrem a cabeça e o pescoço.
Estudantes egípcios utilizam computadores na nova Biblioteca de Alexandria, Egito. Fotografia de 2017. Cada vez mais, o uso de novas tecnologias vem sendo incorporado ao cotidiano da vida escolar.

Responda no caderno

Atividades

  1. Ao longo do tempo, o ser humano utilizou diferentes suportes para escrever. Cite alguns exemplos.
  2. Para escrever, que suporte você mais utiliza em seu dia a dia?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá cinco, assim como trabalha o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia, ao abordar transformações tecnológicas que impactaram nos modos de ler e escrever.

Outras histórias

  1. Os estudantes podem citar como exemplos de suportes para a escrita: argila, pedra, metal, papiro, papel, computadores, tablets, smartphones etcétera
  2. Resposta pessoal. Esta atividade de contextualização pode ser utilizada para mostrar que utilizamos diferentes suportes para a escrita. Por exemplo, é possível que os estudantes respondam que usam diversos suportes (computadores, smartphones, tablets, cadernos), mas em situações diferentes.

Reino de Cuxe

Ao sul do vale do Rio Nilo, havia uma região chamada pelos egípcios de Núbia, palavra que significa “terra do ouro”. Ali, a partir do segundo milênio a.C., desenvolveu-se o Reino de Cuxe. Essa sociedade surgiu nas terras que correspondem, mais ou menos, ao atual território do Sudão. Observe o mapa.

Região da Núbia na Antiguidade (II milênio a.C.)

Mapa. Região da Núbia na Antiguidade (segundo milênio antes de Cristo). Continente africano, com área nordeste, próxima ao Rio Nilo, destacada na cor rosa, indicando “Extensão aproximada da região da Núbia na Antiguidade”. Compreende as cidades de Assuã, Kerma, Meroé, Napata e Cartum, nas proximidades do Rio Nilo. Na parte inferior, ao centro, rosa dos ventos e escala de 0 a 810 quilômetros.
FONTE: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 22.

Inicialmente, o Reino de Cuxe tinha a cidade de Kerma como capital. Depois, a séde do governo deslocou-se para Napata e, posteriormente, para Meroé. Essas cidades foram importantes centros comerciais, religiosos e artísticos.

Na região de Meroé, foram encontradas centenas de pirâmides construídas pelos cuxitas. Hoje, essas obras são consideradas Patrimônios da Humanidade pela Unesco.

Fotografia. Vista de diversas pirâmides. Algumas apresentam ápices destruídos.
Pirâmides cuxitas na cidade de Meroé, no atual Sudão. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Antes de iniciar a aula sobre o Reino de Cuxe, é possível destacar as trocas culturais e comerciais entre os cuxitas e outros povos da Antiguidade, incluindo os egípcios. Sobre esse assunto, recomendamos a leitura do texto a seguir.

O Reino de Cuxe

“O comércio era largamente praticado pelos cuxitas, portanto, boas estradas ligavam os ativos portos do Mar Vermelho com os territórios desse povo e muitos outros países estrangeiros. Um grande número de embaixadores cuxitas viajavam e negociavam com vários países da época. Na Bíblia é possível encontrar citações dos referidos funcionários negros. Negociavam com os faraós do Egito e, por intermédio deles, faziam intercâmbio comercial com povos do Mediterrâneo, especialmente gregos, romanos e palestinos.

A prática comercial com tantos países estrangeiros proporcionava uma troca cultural intensa. Os meroítas tanto influenciaram, trocaram e criaram quanto absorveram muito da cultura dos povos indianos, chineses e egípcios. Entretanto, sempre foram cautelosos na proteção de sua independência e da sua própria cultura. A exemplo disso, podemos citar o hábito de fabricar cerâmica em estilo, talvez recebidos da China, através dos produtos recebidos nos portos; alguns templos eram modelados, tomando por base os moldes egípcios, sob o domínio dos gregos e romanos e a prática de esculpir a imagem do deus Apedemeque com duas cabeças e quatro braços, pode indicar a influência do estilo indiano extraídos de seus templos. O povo de Cuxe tinha orgulho de sua cultura, recebia muitas coisas de alguns povos, contudo, inventava muitas técnicas próprias. Através de suas negociações com povos tão distintos, os cuxitas espalharam sua influência por todo o Vale do Nilo e região vizinha. reticências

A vida econômica e social

A Núbia era uma região muito cobiçada pelos egípcios, possuía riquezas naturais capazes de fornecer produtos e vantagens econômicas para quem tivesse o contrôle político da referida área. Nela existiam grandes quantidades de minas de ouro e outras pedras preciosas. A agricultura e a pecuária eram largamente praticadas, tendo em vista as estepes, as savanas e o clima ameno da região de Meroé. A cerâmica artesanal era outra atividade que fazia dos núbios um povo destacado na África Oriental, dentre os povos nilóticos. Portanto, os artesãos compunham uma categoria considerável de trabalhadores urbanos.”

CUNHA, Sonia Ortiz da; GONÇALVES, José Henrique Rollo. Cuxe: o resgate histórico de um antigo reino núbio. Maringá: Secretaria de Estado da Educação; Universidade Estadual de Maringá, 2008. Disponível em: https://oeds.link/rUwVc1 Acesso em: 26 abril 2022.

Alerta ao professor

O texto “Reino de Cuxe”, incluindo seus subitens, contribui para o desenvolvimento da competência cê gê três e da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete, pois identifica fórmas de registro da sociedade cuxita, distinguindo alguns significados presentes em sua cultura material. Além disso, este texto trabalha o tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, na medida em que aponta as interações entre os povos do Vale do Nilo e as contribuições entre as culturas que se desenvolveram naquela região.

Faraós cuxitas

O Reino de cuxe manteve relações instáveis com o Egito. Em certos momentos, os cuxitas foram submetidos pelos faraós egípcios. Em outros, os egípcios viveram sob o domínio dos reis de Cuxe.

Historiadores indicam que, em 713 a.C., um rei cuxita chamado Xabaca comandou tropas para conquistar o Egito. Após sua vitória, o Egito foi incorporado ao Reino de Cuxe.

Pingente. Objeto de formato arredondado, composto de uma cabeça humana dourada, com longos cabelos e uma coroa com dois chifres laterais e um círculo no centro.
Pingente representando Hathor, deusa egípcia da beleza, da música e do amor. Supõe-se que essa peça, feita no século oito a.C., foi um presente egípcio oferecido ao rei cuxita Pianki, irmão e antecessor de Xabaca.

Por mais de 50 anos, os reis cuxitas Xabaca, Xabataca e Taharqa governaram tanto a Núbia quanto o Egito. Esses reis ficaram conhecidos como faraós negros, mas essa classificação foi feita por estudiosos posteriormente. A verdade é que não temos certeza se os cuxitas e os egípcios eram negros ou não.

Estátua. Homem em pé, vestindo um tecido ao redor de sua cintura, com o peito desnudo, um colar ao redor do pescoço e um adorno ao redor da cabeça.
Estátua feita de bronze do faraó Taharqa, produzida no século sete antes de Cristo

A dominação cuxita no Egito antigo terminou por volta de 664 a.C., quando tropas assírias invadiram o território egípcio. Após a invasão dos assírios, os reis cuxitas se retiraram do Egito e se instalaram na região entre Napata e Meroé. Aos poucos, os cuxitas se distanciaram das influências egípcias. O Reino de Cuxe durou até aproximadamente o século quatro

Os egípcios, por sua vez, destruíram muitos vestígios que representavam o domínio cuxita, como estátuas de faraós desse povo.

Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

A expressão “faraós negros”, utilizada para se referir aos governantes cuxitas que reinaram sobre a Núbia e o Egito na Antiguidade, não significa que os egípcios eram brancos. Alguns historiadores, como o senegalês Cheikh Anta Diop (1923-1986), defenderam que os antigos egípcios também eram negros, mas essa tese gera polêmica até os dias atuais. Sobre esse assunto, recomendamos as leituras a seguir.

  • SAGREDO, Raisa. Egípcios negros ou brancos? Uma pesquisa sobre a memória do Egito antigo. In: Anais do vinte e oito Simpósio Nacional de História. Florianópolis, 2015. Disponível em: https://oeds.link/QveBeB; acesso em: 9 jun. 2022.
  • VIEIRA, Fábio Amorim. Os filhos da Núbia: cultura e deslocamentos na África antiga sob a dezoito dinastia egípcia (1550-1307 a.C.). Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2017. Disponível em: https://oeds.link/5Jf48z; acesso em: 9 jun. 2022.

Expressões culturais

Os cuxitas foram influenciados pela cultura do Egito antigo e de outros povos africanos. Essas trocas podem ser percebidas, por exemplo, no artesanato, na escultura, na arquitetura, na religião, nas técnicas militares e na escrita.

Apesar das influências, os cuxitas desenvolveram uma escrita própria, a meroítica. Algumas de suas características são: alfabeto de 23 sinais, valores fonéticos e fórma cursiva. A escrita meroítica ainda não foi decifrada.

Selo. Uma pequena placa arredondada contendo diferentes símbolos simétricos.
Selo com elementos da escrita meroítica, cêrca de 500 a.C.-300 Depois de Cristo
Cerâmica. Vaso redondo com bocal de menor tamanho. Sua superfície é amarronzada e possui símbolos de círculos, cujo lado esquerdo projeta três linhas, duas curvas e uma reta, ao centro.
Vaso cuxita, cêrca de 100 a.C.-300 Depois de Cristo
Pingente. Objeto dourado representando uma mulher de cabelos longos e lisos, vestindo uma túnica. Está com os braços abertos e, abaixo deles, possui um par de asas abertas.
Pingente da deusa egípcia Ísis encontrado em uma pirâmide de Nuri, próximo à cidade de Karima, Sudão. Ali, diversas tumbas foram construídas para sepultar reis cuxitas. Esse pingente foi esculpido por um ourives da Núbia, aproximadamente entre os séculos seis antes de Cristo e dois antes de Cristo
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir aborda aspectos do desenvolvimento da escrita por povos africanos antigos.

Povos africanos antigos e a escrita

“Na realidade, [os africanos] reticências estão entre os primeiros a desenvolver a escrita. Os africanos que constituíram o Egito desenvolviam sua grafia desde antes de 4000 a.C., e a escrita meroítica, que ainda está sendo decifrada, é uma das mais antigas do mundo. Além desses hieróglifos egípcios e meroíticos, existem vários outros sistemas de escrita desenvolvidos por povos negro-africanos antes, e depois da invasão muçulmana que introduziu a escrita árabe. reticências

reticências Na África, os pictogramas constituem uma rica e variada fórma de expressão, registrando saudações, histórias e advertências. reticências

A escrita meroítica reticências diferente dos hieróglifos egípcios, reticências é uma escrita essencialmente alfabética.”

NASCIMENTO, Elisa Larkin. O tempo dos povos africanos. Ministério da Educação – MEC/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad, 2007. página 16-17. Disponível em: https://oeds.link/c8WFxU. Acesso em: 27 abril 2022.

Mulheres de cuxe

As mulheres exerceram papel importante na sociedade cuxita, ocupando cargos de poder e prestígio. Havia, por exemplo, mulheres que exerciam a função de sacerdotisas, como Amenirdis primeiro e Chepemipet II.

Estátua. Mulher vestindo uma longa túnica, um adorno na cabeça com faixas caindo por seu ombro e uma coroa. Um de seus braços está flexionado sobre o seu peito, segurando um chicote.
Estátua representando Amenirdis I, cêrca de século oito antes de Cristo

Em diversos momentos, o Reino de Cuxe foi governado por rainhas-mães, chamadas de candaces, nome derivado de um título de nobreza de origem meroítica. Elas influenciavam questões religiosas, militares, econômicas e o relacionamento com os povos vizinhos.

Entre as candaces, destacam-se Amanirenas, Amanishaketo e Amamitere. Muitas delas também foram guerreiras e comandaram exércitos, até mesmo em batalhas contra o Império Romano. Posteriormente, negociaram os limites e as fronteiras de Cuxe em relação aos domínios de Roma.

Anel. Objeto dourado com a imagem da cabeça de um carneiro entalhada na superfície. Apresenta um semicírculo inferior com losangos e linhas curvas.
Anel de proteção feito em ouro, com a representação de uma cabeça de carneiro, cêrca de século ih antes de Cristo Esse anel pertenceu a Amanishaketo, uma das rainhas guerreiras do Reino de Cuxe.

Responda no caderno

para pensar

Atualmente, no Brasil, a maior parte dos cargos políticos é exercida por homens. Procure explicar por que isso acontece e como superar essa situação.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Candace é um título derivado da palavra meroíta ktke ou kdke, cujo significado é “rainha-mãe”. Além de candaces, algumas mulheres núbias desempenharam o papel de sacerdotisas do Templo de Amon, o que era também considerado uma posição de grande prestígio social. Amenirdis ih foi a primeira sacerdotisa do deus Amon no Egito antigo. Embora fosse originária do Reino de Cuxe, ela ocupou esse cargo durante o período em que os cuxitas dominaram o Egito.

Para pensar

A situação minoritária das mulheres ocupando cargos públicos decorre de um longo processo histórico. Durante o Brasil colônia e o império, as mulheres eram proibidas de assumir cargos públicos eletivos. Somente com as lutas femininas e a edição do Código Eleitoral de 1932 é que essa situação começou a mudar. No entanto, a tradição machista de excluir as mulheres da política só será superada por meio de permanentes lutas femininas em prol da conquista da cidadania plena.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. No Egito antigo, todas as pessoas viviam da mesma maneira ou havia desigualdades sociais? Explique sua resposta.

Interpretar texto e imagem

2. A seguir, leia dois trechos que abordam as visões da morte e as práticas funerárias no Egito antigo e na Mesopotâmia. Depois, faça o que se pede.

Fonte 1 – Egito antigo

“De acordo com as crenças egípcias, o espírito seria julgado no além-túmulo no tribunal dos deuses [...]. [Se o espírito fosse considerado inocente,] iria para o paraíso, chamado de campos da paz, vivendo eternamente em total felicidade. reticências Mesmo assim, a sobrevivência do espírito reticências dependia da constante provisão de víveres alimentares [comidas], que deveriam regularmente ser depositados na tumba.

xinaidêr, Maurício Elvis. O Egito antigo. São Paulo: Saraiva, 2001. página 38-39. (Coleção Que história é esta?).

Fonte 2 – Mesopotâmia

“A religião não oferecia aos mesopotâmios a possibilidade de uma salvação ou de uma vida no além. reticências Apenas os cuidados dos parentes vivos podiam amenizar um pouco o sofrimento dos mortos: para isso, eram feitas oferendas [...]. Essa visão explica, certamente, por que eles não ergueram grandes monumentos funerários, nem se preocuparam com a preservação do corpo do morto [...].”

REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 1997. página 30. (Coleção Que história é esta?).

  1. Identifique semelhanças e diferenças entre as visões da morte e as práticas funerárias no Egito e na Mesopotâmia.
  2. Em sua interpretação, qual visão em relação à morte era mais otimista: a dos egípcios ou a dos mesopotâmios? Argumente explicando sua resposta.

3. As esfinges são criaturas míticas que têm o corpo de leão e a cabeça de outro animal. Observe as duas esfinges reproduzidas a seguir, criadas por cuxitas e egípcios. Que diferenças e semelhanças podem ser observadas entre elas? Construa um quadro comparando seus personagens, materiais, tamanhos e datas de produção.Explique que, embora ambas as representações sejam esfinges, elas diferem quanto aos personagens representados (embora ambos sejam faraós), aos materiais, ao tamanho e à data de criação.

Escultura. Esfinge de pedra, com rosto humano e corpo de animal, com as quatro patas sobre o solo.
Esfinge de Taharqa, feita de granito em 680 antes de Cristo Ela mede 40 centímetros de altura por 73 centímetros de comprimento.
Fotografia. Vista de uma esfinge com rosto humano e corpo de animal, com as quatro patas sobre o solo. Ao fundo, duas pirâmides.
Esfinge de Gizé, feita de calcário em 2500 antes de Cristo Ela mede 20 metros de altura e 70 metros de comprimento. Provavelmente, sua cabeça representa o faraó Quéfren. Fotografia de 2022.
Versão adaptada acessível

As esfinges são criaturas míticas que têm o corpo de leão e a cabeça de outro animal. Considere as duas esfinges apresentadas, criadas por cuxitas e egípcios. Que diferenças e semelhanças podem ser notadas entre elas? Destaque informações sobre personagens representados, materiais, tamanhos e datas de produção.

Orientação para acessibilidade

O objetivo da atividade é que os estudantes comparem os dois artefatos compreendendo suas semelhanças e diferenças. Professor, auxilie-os na estruturação das respostas. Os estudantes podem produzir dois textos, orais ou escritos, um para cada esfinge, com as seguintes informações: personagem representado, material utilizado na produção da escultura, tamanho e data da construção. A ordem de abordagem das informações a respeito de cada esfinge deve ser fixa para facilitar a comparação entre os artefatos. Se considerar pertinente, os estudantes também podem elaborar um quadro tátil feito de materiais emborrachados, papéis com diferentes texturas e espessuras, além de linhas, palitos e botões. Nesse caso, é importante auxiliar na organização e na disposição correta das informações pelas linhas e colunas do quadro.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê dois (atividades 1 e 4);
  • cê gê três (atividade 3);
  • cê ê cê agá cinco (atividades 2 e 3);
  • cê ê cê agá sete (atividade 4);
  • cê ê agá três (atividades 1, 2 e 5);
  • cê ê agá quatro (atividade 2);
  • ê éfe zero seis agá ih zero sete (atividades 2, 3 e 5);
  • ê éfe zero seis agá ih um seis (atividades 1 e 5).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. No Egito antigo havia desigualdades sociais. A sociedade era hierarquizada em grupos que se dividiam de acordo com o trabalho ou a função social que desempenhavam. No topo dessa hierarquia, estavam o faraó e sua família. O faraó era cultuado como um deus vivo e possuía a maioria das terras do Egito. Ligada a ele, havia uma elite privilegiada (nobres, sacerdotes, altos dignitários etcéteraalém de vários funcionários, como escribas, administradores e militares, que também se beneficiavam com o trabalho da maioria da população, formada por camponeses, artesãos e escravizados – submetidos ao pagamento de tributos e a trabalhos forçados. No entanto, é interessante ressaltar que, diferentemente das demais civilizações da Antiguidade, no Egito as mulheres possuíam alguns direitos garantidos por lei, como ter propriedades e receber heranças e remunerações, podendo, inclusive, pedir o divórcio e casar-se novamente.

Interpretar texto e imagem

  1. Esta atividade trabalha o tema contemporâneo transversal Vida familiar e social, ao solicitar que os estudantes identifiquem e se posicionem sobre as diferentes visões a respeito da morte.
    1. Para os egípcios antigos, o espírito do morto tinha uma vida no além, onde era possível desfrutar a felicidade eterna, caso o espírito fosse julgado inocente pelo tribunal dos deuses. Entre suas práticas funerárias estavam a mumificação, a construção de grandes tumbas em fórma de pirâmide e o abastecimento do túmulo com comidas para garantir a vida do espírito após a morte. Já para os povos da Mesopotâmia, não havia salvação ou vida após a morte. Por isso, eles não construíram grandes monumentos funerários (como as pirâmides egípcias) ou desenvolveram técnicas de preservação do corpo do morto (como a mumificação).
    2. Resposta pessoal. Pode-se dizer que a visão da morte egípcia parece ser a mais otimista, em um primeiro momento, pois abre espaço para a salvação eterna. Porém, no caso de o espírito não ser julgado inocente no tribunal dos deuses, ele poderia passar a eternidade sendo severamente punido. Assim, a visão da morte egípcia também pode ser considerada menos otimista do que a dos povos da Mesopotâmia.
  2. A seguir, apresentamos um exemplo de quadro.

Esfinge de Taharqa

Esfinge de Gizé

Personagem

Faraó cuxita Taharqa

Faraó egípcio Quéfren

Material

Granito

Calcário

Tamanho

40 centímetros de altura por 73 centímetros de comprimento

20 metros de altura por 70 metros de comprimento

Data

680 a.C.

2500 a.C.

Explique que, embora ambas as representações sejam esfinges, elas diferem quanto aos personagens representados (embora ambos sejam faraós), aos materiais, ao tamanho e à data de criação.

integrar com geografia

4. Leia o texto a seguir. Depois, responda às questões propostas.

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indica que o Rio Amazonas é 140 quilômetros mais extenso do que o Nilo e, portanto, o maior rio do mundo. A pesquisa foi a primeira a utilizar imagens de satélite para medir ambos os rios e deve colocar um ponto final na discussão sobre qual é o maior curso de água do planeta.

AMATO, Fábio. Amazonas é maior que o Nilo, afirma Inpe. Folha de São Paulo, 3 julho 2008. Disponível em: https://oeds.link/A6fWt3. Acesso em: 16 dezembro 2021.

  1. Qual instituto realizou o estudo mencionado?
  2. Que objetivo tinha o estudo?
  3. A que conclusão chegou?
  4. Qual foi o principal recurso utilizado nessa pesquisa?

5. Em um documento, escrito em torno de 1500 a.C., um escriba mais velho comenta com o filho as dificuldades da vida dos camponeses, artesãos e militares, tentando convencê-lo a escolher sua profissão. Leia trechos desse documento e, em seguida, responda às questões.

“Já pensaste na vida do camponês que cultiva a terra? O cobrador de impostos fica no cais ocupado em receber os dízimosglossário das colheitas. Está acompanhado de agentes armados de bastões e negros munidos com pedaços de pau. Todos gritam: 'Vamos, os grãos!'. Se o camponês não os possui, eles o atiram ao solo. Amarrado, arrastado para o canal é jogado de cabeça.

O entalhador de pedra permanece agachado desde o nascer do sol, seus joelhos e sua espinha dorsal estão alquebradosglossário . O pedreiro fica sobre vigas dos andaimes, exposto a todos os ventos, pendurado nos capitéisglossário das colunas; seus braços se gastam nos trabalhos, suas roupas ficam em desordem, ele só se lava uma vez por dia.

reticências Conto-te a respeito do oficial de infantariaglossário ? Ainda pequeno, é levado e encerrado na caserna. Agora, queres que te conte suas expedições em países longínquos? Carrega seus víveres e água nas costas como um burro de carga; suas costas estão feridas. Bebe água podre. Deve montar guarda sem cessar. Chega diante do inimigo? Não passa de um pássaro trêmulo. Regressa ao Egito? Não é mais que um velho pedaço de madeira roído de vermes.

Só vi violência por toda parte! Por isso, consagra teu coração às letras. Contempla os trabalhos manuais e, em verdade, nada existe acima das letras. Ama a literatura [...]. Ela é mais importante do que todos os ofícios. Aquele que, desde a infância, se dispõe a tirar proveito dela, será venerado.”

MALLET, Albert; ISAAC, Jules. L’Orient et la Grèce. Apud: GOVERNO do Estado de São Paulo. Secretaria de Educação/Cenp. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: Sudeste/sêmp, 1979. página 56.

  1. Quem é o narrador desse texto e a quem ele se dirige?
  2. Que tipos de trabalhadores são mencionados?
  3. Que recomendação é dada pelo narrador a seu interlocutor?
Orientações e sugestões didáticas

  1. Atividade interdisciplinar com Geografia que trabalha o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia, ao propor o uso de informações coletadas por meio de recursos científicos para solucionar uma questão sobre a qual pairava dúvida.
    1. O estudo foi realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
    2. O objetivo do estudo foi medir a extensão dos rios Nilo e Amazonas.
    3. O estudo chegou à conclusão de que o Rio Amazonas é 140 quilômetros mais extenso do que o Rio Nilo, encerrando a discussão sobre qual é o maior curso de água do planeta, de acordo com a reportagem.
    4. A pesquisa em questão foi a primeira a utilizar imagens de satélite, o que permitiu uma medição mais precisa e confiável.
  2. Esta atividade possibilita discutir o combate a preconceitos e estereótipos contra o exercício de trabalhos manuais, frequentemente considerados inferiores em relação a trabalhos intelectuais. Ressalte que essa distinção, entre trabalhos manuais e intelectuais, é frágil, uma vez que todo tipo de trabalho depende, em algum grau, de habilidades cognitivas, socioemocionais e físicas.
    1. O narrador é um escriba egípcio, que se dirige a seu filho.
    2. São mencionados trabalhadores como o cobrador de impostos, o camponês, o pedreiro, o militar da infantaria (soldado) e o profissional das letras (escriba).
    3. O narrador recomenda que seu filho se dedique às letras, para não ter de se empregar em um dos trabalhos manuais e ser vítima de más condições de trabalho ou de violências.

Glossário

Delta
: nome da quarta letra do alfabeto grego, correspondente à letra D do alfabeto que usamos no Ocidente. A letra delta se escreve assim, em sua fórma maiúscula: delta. Ou seja, tem a fórma de um triângulo. Por isso, em Geografia, quando a foz ou ponto de desaguamento de um rio tem a fórma triangular com ilhas, ela é chamada de delta.
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Hierarquia
: classificação em ordem crescente ou decrescente que mostra a importância de pessoas ou coisas.
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Ourivesaria
: arte praticada por aqueles que trabalham com ouro e prata.
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Alabastro
: variedade de rocha granulada e branca, usada por muitos artesãos egípcios para fazer vasos.
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Faiança
: tipo de cerâmica feita de barro esmaltado ou vidrado.
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Dízimo
: imposto sobre 10% de toda a produção.
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Alquebrado
: curvado, torto.
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Capitel
: parte superior de uma coluna, geralmente entalhada ou ornamentada.
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Infantaria
: tropa terrestre que se posiciona nas primeiras linhas de ataque.
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