UNIDADE 3 ANTIGUIDADE CLÁSSICA

CAPÍTULO 7 GRÉCIA ANTIGA: DAS ORIGENS ÀS POLIS

A sociedade grega surgiu há cêrca de 4 mil anos e influenciou profundamente outras culturas ao longo da história. Essa influência se revela, por exemplo, na presença de muitas palavras de origem grega em idiomas como inglês, alemão, português, espanhol, francês, entre outros.

Observe algumas palavras da língua portuguesa que têm origem grega: telefone, cinema, fotografia, eletricidade, tecnologia, política e democracia. Entre essas palavras, destaca-se democracia, que é um sistema político criado pelos gregos antigos.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

O que você entende por democracia? Comente.

Fotografia. Vista de um templo grego com colunas circulares por todo o perímetro da construção. Ao redor, ruínas de pedras e pessoas transitando.
Turistas observam as ruínas do Partenon, templo grego construído em tributo à deusa Atena. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis agá ih zero nove
  • ê éfe zero seis agá ih um zero
  • ê éfe zero seis agá ih um dois
  • ê éfe zero seis agá ih um seis
  • ê éfe zero seis agá ih um sete
  • ê éfe zero seis agá ih um nove

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, a Grécia antiga, e de assuntos correlatos, como o conceito de Antiguidade Clássica, a formação da pólis, a democracia e a cidadania atenienses, as fórmas de organização do trabalho e da vida social em Atenas e Esparta, as diferenças entre escravizados e servos nessas sociedades, os diferentes papéis sociais das mulheres atenienses, entre outros processos políticos, sociais e culturais.

  • Compreender o conceito de Antiguidade Clássica.
  • Caracterizar os principais acontecimentos da história grega, com destaque para as cidades-Estado Atenas e Esparta.
  • Avaliar criticamente os conceitos de democracia e cidadania, comparando a democracia ateniense com as democracias contemporâneas.
  • Compreender as influências da cultura grega no mundo ocidental, com destaque para o papel da religião, da mitologia, da filosofia e das Olimpíadas.

Para começar

Resposta pessoal, em parte. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que, para o filósofo grego Aristóteles, “democracia é o governo do povo”, de todos os cidadãos. Assim, esse conceito diferencia-se de monarquia, que é o governo de um soberano, e de aristocracia, que é o governo de poucos. Na Grécia antiga, onde surgiu o conceito de democracia, os cidadãos exerciam diretamente o poder votando nas assembleias (democracia direta), ao passo que na democracia moderna o povo exerce o poder por meio de representantes eleitos (democracia representativa). No entanto, permanece um princípio básico desenvolvido na democracia grega: a isonomia (do grego, iso = igual + nomos = lei), que deve ser interpretada segundo a legislação e os valores de cada época.

Alerta ao professor

A abertura do capítulo, incluindo o boxe “Para começar”, favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá três, cê ê agá um e cê ê agá trêsponto

Fotografia. Um aglomerado de pessoas em frente a uma construção de três andares, com várias janelas retangulares e colunas na entrada central.
Estudantes protestam contra reforma universitária em frente ao Parlamento em Atenas, Grécia, em 2021. A democracia, criada pelos gregos, é um sistema político que necessita de contínuo aperfeiçoamento.
Fotografia. Vista aérea de um patamar circular,  rodeado por lances de assentos em degraus. Ao redor, área arborizada.
Teatro de Epidauro (construído no século quatro antes de Cristo), o mais bem conservado dos teatros gregos, que tinha capacidade para 14 mil pessoas. A estrutura da construção dá ideia de sua imponência. Fotografia de 2018.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Formem grupos e analisem a primeira imagem da abertura do capítulo, que mostra as ruínas do Partenon. Em seguida, respondam às questões a seguir.

1. Na interpretação de vocês, essa construção era um espaço importante para os gregos antigos? Por quê?

Resposta: Os estudantes podem inferir que se trata de uma construção importante por causa, por exemplo, da grandiosidade da edificação.

2. vocês acham que essa construção foi feita com qual finalidade?

Resposta: O Partenon, como descrito na legenda da fotografia, é um templo dedicado à deusa Atena. Em geral, os templos são espaços criados para homenagear divindades.

3. Vocês já viram construções parecidas com essa? Onde?

Resposta: Possivelmente os estudantes já viram construções parecidas com o Partenon, porque ele inspirou muitas obras arquitetônicas. Atualmente, o Partenon é considerado um patrimônio da humanidade pela unêsco e uma das construções arquitetônicas mais importantes do mundo.

Antiguidade Clássica

“Antiguidade Clássica” é uma expressão de origem europeia utilizada para se referir a um período do passado das sociedades grega e romana. A palavra “antiguidade” traz a ideia de algo anterior e inaugural. Já o termo “clássico” se refere a um padrão, um modelo, uma referência.

Nesse sentido, a expressão “Antiguidade Clássica” considera a cultura greco-romana um momento inaugural e um modelo para outras sociedades.

Atualmente, também falamos em Antiguidade da América, da África, da Ásia e da Oceania. Isso ocorre porque a cultura greco-romana não é o único modelo para as sociedades. As diferentes sociedades antigas, em todos os continentes, desenvolveram culturas ricas e diversificadas, além de terem realizado trocas culturais com outros povos do mundo.

Ao refletir sobre o termo “Antiguidade Clássica”, percebemos que os usos da linguagem dependem de escolhas e interesses. Por isso, faz parte de uma atitude historiadora conhecer o contexto em que as expressões foram criadas. Questionar os sentidos da linguagem contribui para ampliar nossa consciência histórica.

Formação da Grécia antiga

A Grécia atual e a chamada Grécia antiga não são a mesma coisa. Hoje, a Grécia é um país com governo e fronteiras definidas. A Grécia antiga não era um país unificado, mas uma porção de cidades independentes, com seus governos e suas leis.

No território da Grécia antiga, podemos destacar três grandes partes:

  • Grécia continental: região sul dos Bálcãs, que estão no sudeste da Europa;
  • Grécia peninsular: Península do Peloponeso, região ao sul do Golfo de Corinto;
  • Grécia insular: região formada pelas diversas ilhas do Mar Egeu e do Mar Jônio, destacando-se entre elas a Ilha de Creta, a maior de todas.
Fotografia. Vista aérea de uma ilha, densamente urbanizada. Em destaque, construção fortificada com pedras e torres.
Vista aérea de Iráclio, capital de Creta, a maior ilha da Grécia e a quinta maior do Mar Mediterrâneo. Fotografia de 2018.
Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

Grécia antiga

Disponível em: https://oeds.link/ZHuqmC. Acesso em: 8 dezembro2021.

Site com conteúdo sobre arte, língua, literatura, música, mitologia, geografia e história da Grécia antiga. Apresenta trechos de textos escritos por autores desse período.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Antiguidade Clássica” favorece o desenvolvimento das competências cê ê cê agá um, cê ê cê agá cinco, cê ê agá dois e cê ê agá seis, além de mobilizar a ha­bilidade ê éfe zero seis agá ih zero nove, ao discutir o conceito de Antiguidade Clássica, seu alcance e limite na tradição ocidental e em outras sociedades e culturas. Já o texto “Formação da Grécia antiga”, incluindo seus subitens, contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um zero e ê éfe zero seis agá ih um seis, ao explicar a formação da Grécia antiga, destacando o surgimento da pólis e suas transformações políticas e sociais, bem como ao caracterizar as dinâmicas de abastecimento das cidades-Estado gregas.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto, escrito pelo historiador Norberto Luiz Guarinello, que discute a noção de Antiguidade.

A nova história antiga

“Embora seja uma disciplina consolidada em muitas universidades do mundo, não há uma definição explícita do que seja a história antiga. reticências Na prática, tanto no ensino como na pesquisa, a história antiga se limita a estudar os primórdios do Ocidente, após uma Pré-História vaga e geral. reticências

Não é a história antiga do mundo, portanto, mas a história de um recorte bem específico do passado: o das origens do Ocidente. Ao assumirmos e ensinarmos que esta é a nossa história, fazemos um trabalho de memória e, como vimos, de produção de identidade. Assumimos, de modo quase natural e inconsciente, que somos parte da história do Ocidente. reticências

Sem nos darmos conta, para o bem e para o mal, a História Antiga nos ocidentaliza. Coloca-nos numa linha do tempo, nos posiciona na história mundial como herdeiros do Oriente Próximo, da Grécia e de Roma. Por ela, viramos sucessores da história medieval, e a história do Brasil se torna um ramo da história europeia nos tempos modernos, quando nosso território foi colonizado pelos portugueses a partir do século XVI.

O efeito dessa fórma de reconstruir a história não é inócuo. Sua ação sobre a memória coletiva e sobre a identidade do Brasil é bastante evidente. Vemo-nos como ocidentais e os textos bíblicos, o Egito, a Mesopotâmia, a Grécia e Roma parecem-nos mais próximos que as histórias de outros povos e regiões. Não é uma visão falsa em si mesma: falamos uma língua latina, nossa escrita deve muito aos clássicos gregos e latinos, nossas leis e nossa democracia inspiram-se também em textos desse mundo ‘antigo’ e o cristianismo, que nasceu no Império Romano, é nossa religião dominante.

O problema central, para os historiadores, é o caráter implícito dessa memória. É isso que deve ser colocado em questão. Em que medida essa sequência temporal faz sentido? Basta-nos, hoje, uma história centrada na civilização europeia? Somos nós europeus? reticências

Os historiadores buscam atualmente por novas unidades de estudo, que possibilitem romper com as antigas sequências históricas de uma suposta história universal.”

GUARINELLO, Norberto Luiz. História antiga. São Paulo: Contexto, 2013. página 12-14.

Orientação didática

Sugerimos mostrar aos estudantes a localização e a extensão da Grécia antiga no mapa-múndi. Enfatize que a região era banhada pelos mares Mediterrâneo, Egeu e Jônio. O litoral grego apresenta portos e ilhas próximas umas das outras. As águas calmas e as pequenas distâncias entre as ilhas eram um estímulo à navegação. Além disso, as montanhas representavam a maior parte do território grego. Entre uma montanha e outra, encontram-se planícies férteis, onde surgiram diversas cidades. A Grécia antiga tinha como limite ao norte uma região denominada Macedônia.

Grécia antiga (século V a.C.fecha parênteses

Mapa. Grécia antiga (século cinco antes de Cristo). Destaque para parte dos continentes europeu e asiático. Em amarelo, a Grécia antiga, compreendendo áreas  banhadas pelo Mar Jônico e pelo Mar Egeu, na Europa e na Ásia. Representadas por um círculo preto, cidade gregas independentes: Esparta, Messena, Olímpia, Argos, Tirinto, Corinto, Patras, Atenas, Maratona, Pireu, Mégara, Plateia, Leutras, Tebas, Erétria, Delfos, Larissa, Bizâncio, Kérkira, Ílion (Troia), Issos, Clazômenas, Éfeso, Mileto, Halicarnasso, Cnido, Faistos e Cnossos. Representado por um triângulo, há um pico, o Monte Olimpo. Ao redor da Grécia antiga os territórios de Etólia, Epiro, Bálcãs, Macedônia, Trácia, Lídia, Cária e Lícia. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 80 quilômetros.
Fontes: DUBY, Georges. Atlas historique: l’histoire du monde en 317 cartes. Paris: Larousse, 1987. página 15; KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 56.

Grécia atual

Mapa. Grécia atual. Destaque para parte do continente europeu. Em amarelo, a Grécia atual, compreendendo áreas banhadas pelo Mar Jônico e parte do Mar Egeu no continente europeu. Representada por um círculo preto e um halo ao redor, a capital do país: Atenas. Demais cidades são representadas por um círculo preto: Esparta, Trípolis, Argos, Cnossos, Olímpia, Pireu, Corinto, Patras, Agrínion, Lamía, Vólos, Tríkala, Larissa, Janina, Kérkira, Veroia, Salônica, Sérrai, Drama, Kariaí, Kavala e Komotin. Ao norte, a Grécia faz fronteira com a Albânia, Macedônia, Bulgária e Turquia. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de de 0 a 80 quilômetros.
Fontes: ATLAS 2000. São Paulo: Círculo do LivrobarraNova Cultural, 1995. página 37; MCNALLY, Randi. Atlas Delta universal. Rio de Janeiro: Delta, 1980. página 89.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Que semelhanças e diferenças você observa entre os territórios da Grécia atual e da Grécia antiga? Quem detinha o maior território?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá seteponto

Observando o mapa

O território da Grécia atual restringe-se ao continente europeu, enquanto o da Grécia antiga também abrangia localidades na Ásia, tendo, portanto, um maior território. Comparando os mapas que representam o passado e o presente, observa-se ainda que, ao norte da Grécia, as fronteiras com os outros países eram diferentes. Além disso, é interessante ressaltar que o território grego atual conta com um governo unificado e centralizado; na Grécia antiga, as cidades-Estado tinham autonomia política.

Primeiros povoadores e a pólis

Por volta de 2000 a.C., diversos povos – como aqueus, jônios, eólios e dórios – começaram a se estabelecer na região da Grécia. Ali misturaram seus modos de viver. Ao longo do tempo, construíram uma unidade cultural e passaram a se identificar como helenos ou gregos.

A partir do século oito a.C., formaram-se na Grécia antiga cidades que eram chamadas de pólis. Cada pólis, ou cidade-Estado, era independente e tinha seu governo, suas leis, seu calendário e sua moeda.

É possível reconhecer duas partes em cada pólis: a urbana e a rural. Na parte urbana, era comum existirem praças, construções públicas, templos e oficinas, onde os artesãos produziam tecidos, roupas, sandálias, armas, cerâmicas, vidros, entre outros produtos. Na parte rural, era comum a população cultivar oliveiras, videiras, trigo e cevada, assim como criar cabras, ovelhas, porcos e cavalos.

No mundo grego, surgiram cidades-Estado, como Atenas, Esparta, Messena, Mégara, Corinto e Tebas. Entre elas, Atenas e Esparta destacaram-se pela liderança que tiveram em certas ocasiões. Mais adiante, estudaremos algumas características dessas duas cidades.

Afresco. Representação de golfinhos com nadadeiras laterais, cauda e uma nadadeira no dorso. São de coloração azul. Ao redor, peixes coloridos. Na base inferior, uma faixa horizontal com flores de pétalas azuis e miolo branco.
Afresco de golfinhos restaurado em palácio da cidade de Cnossos, produzido entre os séculos dezoito antes de Cristo e quinze antes de Cristo As ruínas de nossos foram encontradas em 1900 pelo arqueólogo britânico artur évans. Na época, évans contratou uma equipe de artistas para restaurar a antiga cidade. Atualmente, muitos arqueólogos e historiadores defendem que grande parte da restauração de évans foi uma recriação modernizada de Cnossos.
Ânfora. Vaso com base redonda, corpo largo, pescoço fino e duas hastes laterais. Sobre sua superfície há desenhos com linhas e figuras geométricas e uma faixa horizontal representando cavalos e pessoas em tons de marrom.
Ânfora grega produzida no século oito antes de Cristo Note a diferença de cores e fórmas entre os desenhos da ânfora e do afresco de Cnossos.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Comente que os povos que viviam na Grécia antiga se reconheciam como “helenos”. O termo “grego” é de origem romana. Com o tempo, esses dois termos, “gregos” e “helenos”, foram utilizados para se referir à sociedade estudada neste capítulo.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir trata do conceito e da formação da pólis grega.

A pólis

“Consideremos primeiro uma famosa passagem da História da Guerra do Peloponeso, de Tucídides. O ano é 413 antes de Cristo e a armada enviada pelos atenienses dois anos antes para conquistar toda a Sicília está prestes a ser aniquilada. Nícias, o ateniense que mantém a custo o comando supremo, procura encorajar os desanimados atenienses e suas tropas aliadas, desamparados como estão, bem longe de casa e totalmente conscientes do provável e iminente destino: carnificina imediata, ou a morte um pouco mais lenta, de fome, nas pedreiras de Siracusa, ou a humilhação desesperadora de ser vendido como escravo. Nícias, nesse momento de clímax, decide lembrar aos ouvintes que ‘os homens são a pólis’ [...].

Essa definição tem um duplo significado. A pólis, para os gregos da época de Nícias, como o fóra nos últimos três séculos mais ou menos, não era uma abstração, como a que para nós evoca a palavra ‘Estado’, mas sim uma entidade viva, que respira e é humana – uma corporação de cidadãos, ou seja, de gregos que desfrutam certos privilégios e responsabilidades públicas e privadas aceitas, e que os destacava como uma forte comunidade política. A pólis, deve-se dizer (e Nícias, em Tucídides, efetivamente afirma isso), não era uma questão de muros ou navios, que são meros artefatos, mas sim uma comunidade espiritual. Em segundo lugar, a palavra que Nícias emprega para designar ‘homens’ ãndres significa membros do sexo masculino, física, social e politicamente adultos. A pólis grega era um grupo exclusivo tanto em termos de gênero quanto de nacionalidade.

Outra maneira pela qual a pólis diferia dos estados, seja do período medieval, seja do moderno, era em termos espaciais. Às vezes, a palavra ‘pólis’ é traduzida pela canhestra perífrase ‘cidade-Estado’. Esta ideia quer destacar que não estamos lidando com Estados nacionais de grande porte [...]. A expressão ‘cidade-Estado’ também engloba o fato de que no coração da maioria das pólis gregas havia uma espécie de centro urbano, em geral concentrado na ágora, ponto de reuniões (seja para propósitos comerciais ou mais estritamente políticos). Mas a pólis sempre teve uma região rural distante que muitas vezes constituía a sua principal base econômica. Além disso, idealmente o relacionamento entre o núcleo e a periferia, o centro da cidade e o campo, não era antagônico, mas sim o contrário – um relacionamento de simbiose. Nenhuma palavra pode dar conta com justiça de todos os muitos significados e conotações da palavra pólis. ‘Cidade-Estado’ talvez seja a melhor solução porque corresponde mais de perto do que qualquer outra expressão ao espírito e à substância da pólis grega.”

cartléd pi História ilustrada: Grécia antiga. São Paulo: Ediouro, 2009. página 216-217.

Colonização grega

Entre os séculos oito antes de Cristo e seis a.C., milhares de gregos saíram das cidades onde nasceram e foram viver em outras regiões, onde fundaram colônias. Várias questões motivaram a colonização grega, como: a escassez de terras para a agricultura na parte continental da Grécia, o aumento da população e o crescimento do comércio, que estimulou os comerciantes a buscar matérias-primas em outros locais.

No início, a atividade econômica mais importante nas colônias gregas era a agricultura. Posteriormente, muitas colônias transformaram-se em centros comerciais que faziam trocas entre várias regiões. A colonização ajudou no desenvolvimento da navegação, fez crescer o comércio e o artesanato. Além disso, favoreceu as trocas culturais entre gregos e outros povos.

Ânfora. Vaso com base redonda, corpo largo, pescoço fino e duas hastes laterais. Sobre sua superfície foram representadas pessoas próximas a plantas e árvores, portando hastes nas mãos.
Ânfora do século seis antes de Cristo retratando a colheita das olivas na Grécia antiga, importante atividade agrícola para a economia ateniense.

Observe a localização dessas colônias no mapa a seguir.

Colonização grega (séculos VIII a.C.-VI a.C.fecha parênteses

Mapa. Colonização grega (séculos oito antes de Cristo a seis antes de cristo). Em rosa, o território grego antigo, compreendendo áreas descontínuas ao redor dos mares Mediterrâneo, Adriático, Jônico, Egeu e Negro, na Europa, na Ásia e na África. Um círculo preto indica cidades: Rode, Agatê, Marselha, Nice, Alália, Ádria, Ancona, Tragirium, Epidauro, Epidamus, Cumas, Nápoles, Tarento, Possidônia, Eleia, Sibares, Crotona, Catânia, Gela, Siracusa, Cnossos, Esparta, Corinto, Atenas, Bizâncio, Odessa, Tiras, Ólbia, Teodósia, Fanagória, Piteas, Fasis, Trapésio, Sinope, Sezamos, Calcedônia, Troia, Mileto e Pafos, Baska, Cirene, Apolônio, Náucratis. À leste da Grécia antiga, na Ásia, o Império Persa. Ao sul da Grécia antiga, na África, Egito. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 200 quilômetros.
FONTES: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 50; ALBUQUERQUE, Manoel M. et alponto Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 87.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Após ler o texto “Colonização grega”, faça o que se pede.

1. Que motivos levaram os gregos a colonizar outras regiões? Quais foram os impactos dessa colonização?

Resposta: Os gregos colonizaram outras regiões devido a fatores como: escassez de terras para agricultura, aumento da população e crescimento do comércio. A colonização contribuiu para o desenvolvimento da navegação, do comércio e do artesanato. Além disso, favoreceu trocas culturais entre gregos e outros povos.

2. Observe o mapa “Colonização grega (séculos oito a.C.- seis a.C.) e identifique uma cidade grega banhada pelo:

a. Mar Adriático.

Resposta: Ancona, Ádria, Epidauro.

b. Mar Jônico.

Resposta: Crotona e Sibares.

c. Mar Negro.

Resposta: Odessa, Trapésio e Tiras.

Atenas

A cidade de Atenas fica próximo do Mar Egeu. Como em outras cidades-Estado gregas, o centro de Atenas situava-se em uma colina chamada acrópole (cidade alta).

Fotografia. No segundo plano, um monte contendo um templo com colunas circulares, ao centro, e outros templos em ruínas, à direita. No primeiro e terceiro planos, uma cidade com casas muito próximas. Ao fundo, um mar de águas azuis com várias embarcações.
Vista do Partenon, na acrópole de Atenas, com o Mar Egeu ao fundo. Fotografia de 2021.

Caminhos da democracia

Até meados do século oito antes de Cristo, Atenas era comandada por um rei, que realizava tarefas de juiz, sacerdote e chefe militar. No final do século sete antes de Cristovírgula o poder do rei passou a ser exercido por representantes da aristocracia (em grego, aristós = o melhor + cracia = poder). Originalmente, aristocracia significava o “governo dos melhores”.

A aristocracia ateniense era formada por homens ricos, que possuíam grandes propriedades de terra e alegavam descender de algum deus ou herói. A concentração de poder nas mãos da aristocracia gerou tensões com outros grupos sociais. Na época, por exemplo, pequenos proprietários e camponeses reivindicavam o acesso a terras mais produtivas e o fim da escravidão por dívidas.

A escravidão por dívidas afetava a vida da população mais pobre de Atenas, principalmente a dos camponeses. Caso eles fizessem um empréstimo e não conseguissem pagá-lo, perdiam seus bens e, até mesmo, sua liberdade para quitar a dívida.

Nesse cenário de tensões sociais, a maioria da população ateniense começou a exigir reformas que, em alguns casos, foram atendidas. Em 594 antes de Cristo, o aristocrata Sólon (638 antes de Cristo-558 antes de Cristo) pôs fim à escravidão por dívidas. Posteriormente, por volta de 507 antes de Cristo, outro político aristocrata chamado Clístenes (565 antes de Cristo-492 antes de Cristo) aprofundou as reformas de Sólon e introduziu a democracia em Atenas.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Caminhos da democracia” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois, sobretudo ao relacionar o conceito de cidadania às dinâmicas de inclusão e exclusão na Grécia antiga.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir apresenta alguns trechos de uma entrevista com o historiador francês Jean-Pierre Vernant, que discute temas como cidadania e democracia.

Entrevista com Jean Piér Vêrnan

Pergunta: Para começar, os gregos inventaram a política e a democracia?

Vernant: Certamente que sim [...]. A partir do século sete a.C., vemos surgir na Grécia um comportamento social, práticas institucionais que constituem, na verdade, o que podemos chamar o nascimento da política. Em todas as grandes civilizações que precederam a civilização grega reticências não se tinha visto nada comparável. reticências O comércio retorna, lá pelo século nove antes de Cristo O que aparece então reticências é um mundo marcado por uma nova maneira de considerar o poder.

Pergunta: O que ocorre?

Vernant: Pode-se dizer reticências que nesse mundo mediterrâneo o rei cumpre um papel essencial. Ele tem em si algo de divino, ele é o intermediário entre os deuses e os homens. O grupo humano se encontra, em relação ao poder, à soberania, numa situação de inferioridade, de submissão e de obediência reticências. O que vemos surgir na Grécia, nesse contexto? Algo de totalmente novo: a ideia de que só reticências pode haver vida social se todos os membros de uma comunidade tiverem direitos iguais para gerir os interesses comuns – o que é também um modo de instaurar uma diferença entre o público e o privado.

Pergunta: O que define o espaço público?

Vernant: O fato, justamente, reticências de não abrir espaço a um poder despótico. reticências Em outras palavras, nesse mundo de aristocracia guerreira, todos os príncipes ostentam o título de ‘basileus’ e já desponta a ideia de que, para as grandes decisões, a serem tomadas no curso de uma guerra, é preciso reunir o conjunto do exército reticências. É na verdade uma revolução, uma atitude radicalmente diversa no trato com reticências o poder de um só. reticências

Pergunta: E de onde lhes vem a mentalidade ‘revolucionária’?

Vernant: Vai saber! Na origem, nos povos indo-europeus, o poder real é pensado em moldes pastoris: o rei é o pastor de seu povo. Ele alimenta seu rebanho, mas também lhe impõe o açoite, a canga. reticências Em ruptura com essa ideologia, os aristoi sustentam, segundo a fórmula que se encontra em todos os textos, que é preciso ‘depositar o poder no centro’. reticências Os que estão na periferia se acham todos a igual distância do centro, e, estando o poder localizado no centro, ninguém lhe põe as mãos. Essa ideia abstrata ganha corpo na arquitetura: desde essa época, a praça pública situa-se nas cidades gregas ao lado da acrópole, onde se erguem os templos – o espaço dos deuses e de outros espaços comunitários, como o estádio, a escola, os banhos... Quando os gregos, a partir do século oito a.C., começam a fundar colônias no exterior, a primeira coisa que fazem é abrir espaço, no centro, para que se possa construir não um palácio, não uma simples habitação privada, mas o espaço público. Esta é a invenção da política.”

MACEDO, José Marcos (trad.). Os gregos inventaram tudo. Folha de S.Paulo, 31 outubro 1999. Mais!, página 5-4 a 5-5.

Democracia direta

A democracia ateniense apresentava uma ideia básica: todos os cidadãos tinham os mesmos direitos perante a lei. Essa igualdade, que é chamada de isonomia (do grego, iso = igual + nomia = o que é de direito), abriu caminho para que todos os cidadãos (ricos e pobres, aristocratas e não aristocratas) participassem do governo da cidade.

Porém, a expressão “todos os cidadãos” não queria dizer “todos os habitantes” da cidade. Em Atenas, cidadãos eram só os homens atenienses livres maiores de 21 anos. Assim, estrangeiros, escravizados, mulheres e menores de 21 anos não tinham direitos de cidadania. Calcula-se que, no século cinco antes de Cristo, Atenas tinha por volta de 310 mil habitantes, dos quais apenas cêrca de 42 mil eram cidadãos.

Os cidadãos atenienses podiam ocupar cargos públicos e participar da Assembleia do Povo (Eclésia), que aprovava ou rejeitava projetos para a cidade. Esses projetos eram elaborados pelo Conselho dos Quinhentos, composto de 500 cidadãos sorteados todo ano. Os projetos aprovados eram executados pelos estrategos, chefes de governo que cuidavam da administração e dos assuntos militares. Todos os anos, dez estrategos eram eleitos pela Assembleia.

A participação dos cidadãos na Eclésia era direta, ou seja, os cidadãos compareciam pessoalmente para votar os assuntos da vida pública. Eles decidiam quais obras deveriam ser construídas, onde aplicar o dinheiro, com quem deveriam manter paz ou declarar guerra. Além disso, era pelo voto que os cidadãos puniam quem fosse considerado um perigo para a democracia. Umas das punições para os condenados era o ostracismo, isto é, a expulsão de Atenas por um período de dez anos.

Fotografia. Destaque para a imagem de uma mulher idosa, vestindo uma camisa colorida, uma máscara cobrindo o nariz e a boca. À frente dela, uma cabina de votação, com o brasão federativo do Brasil e o texto: ‘Justiça Eleitoral’. No canto direito, em imagem desfocada, um mesário de cabelos escuros e curtos, vestindo uma camisa branca a observa.
Senhora em cabine de votação nas eleições municipais de Santana, Amapá. Fotografia de 2020.

Responda no caderno

para pensar

Em Atenas, somente eram considerados cidadãos as pessoas livres, do sexo masculino, filhos de pais atenienses e maiores de 21 anos. Atualmente, de acordo com o Artigo 14, parágrafo 1º, da Constituição Federal, quais são as condições necessárias para o cidadão exercer direito de voto no Brasil?

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Segundo a legislação brasileira, o direito de voto deve ser exercido obrigatoriamente pelas pessoas que têm entre 18 e 69 anos. E o direito de votar é facultativo para os analfabetos; os maiores de 70 anos; e pessoas maiores de 16 anos e menores de 18 anos.

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” que acompanha o texto “Democracia direta” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um e cê ê cê agá cincoponto

Consolidação da democracia

Em meados do século cinco antes de Cristo, os estrategos Efialtes e Péricles consolidaram a democracia de Atenas. Eles fizeram reformas que reduziram o poder político da aristocracia e aumentaram a participação dos cidadãos no governo. Foi criada, por exemplo, a remuneração para funções públicas. Com isso, cidadãos pobres puderam se dedicar à vida política de Atenas.

Péricles foi estratego por cêrca de 15 anos. Durante seu governo, Atenas atingiu prosperidade econômica e esplendor cultural. Ele construiu grandes obras e embelezou a cidade, encomendando trabalhos a grandes artistas.

Fotografia. Vista de um templo com estátuas representando figuras femininas, vestindo longas túnicas, sustentando o teto de uma construção de pedra.
Templo de Erecteu, edificado no governode Péricles, noséculo cinco a.C., durante a reconstrução da acrópole de Atenas (que fôra destruída pelos persas). Fotografia de 2019. Observe as cariátides, estátuas que sustentam a parte superior da construção.

A democracia ateniense, por ser direta, era bem diferente das democracias de hoje em dia. Atualmente no Brasil, por exemplo, o regime político em vigor é a democracia representativa, em que cidadãos e cidadãs elegem seus representantes para o parlamento ou para o governo.

Responda no caderno

para pensar

  1. Em sua opinião, as habilidades de falar ou escrever bem são valorizadas na sociedade brasileira atual? Argumente justificando sua opinião.
  2. Como as pessoas participam da vida política de sua cidade? Existem conselhos, organizações sociais, reuniões de cidadãos? Pergunte a seus familiares e conhecidos.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

LEMOS, Sueli. Grécia: arte na Idade Antiga. São Paulo: Callis, 2011.

O livro trata da arte produzida na Grécia antiga, com textos, ilustrações e fotografias.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Consolidação da democracia” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois, pois associa o conceito de cidadania a dinâmicas de inclusão e exclusão na Grécia antiga. Já o boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê cinco, cê ê cê agá dois, cê ê agá um e cê ê agá trêsponto

Para pensar

  1. Atividade que desenvolve a argumentação ao provocar uma reflexão sobre a importância das habilidades de falar e escrever bem no Brasil atual. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que é possível dizer que as habilidades de falar e escrever bem são valorizadas tanto na sociedade brasileira atual como em outras sociedades. Isso pode ser constatado, por exemplo, pelos elogios dirigidos às pessoas que desenvolvem essas habilidades e pela existência de profissionais que se dedicam às áreas de comunicação, como jornalistas, escritores, influenciadores digitais etcétera Além disso, comente que é por meio da argumentação e da comunicação, seja ela escrita ou não, que o conhecimento é construído e difundido.
  2. Resposta pessoal, em parte. Depois de ouvir as respostas da turma, explique que a participação política pode ocorrer de várias maneiras: uma delas, talvez a mais evidente, está relacionada ao direito de votar e de ser votado. Além dessa, existem outras fórmas de participação política, como frequentar uma associação de bairro ou um grêmio estudantil; integrar uma passeata para reivindicar direitos ou protestar; preservar o meio ambiente e praticar o consumo responsável (práticas individuais que têm alcance coletivo); combater fórmas de preconceito e discriminação social etcétera Nesse sentido, observamos que a participação política pode ser exercida por meio do respeito ao meio ambiente e às outras pessoas.

Divisão social em Atenas

Já estudamos que os direitos de cidadania pertenciam apenas a uma minoria que excluía: as mulheres, os estrangeiros (metecos), os escravizados e os jovens menores de 21 anos. Por isso, alguns historiadores caracterizam a cidade grega como uma espécie de “clube masculino” no qual as mulheres apareciam como “convidadas”. A seguir, conheça características dos principais grupos sociais de Atenas.

  • Cidadão: homem adulto (maior de 21 anos), filho de pais atenienses. Tinha direito político e podia participar do governo da cidade. Nesse grupo havia homens ricos e pobres, como grandes e pequenos proprietários de terra ou comerciantes. Os atenienses quase nunca concediam cidadania a pessoas vindas de outras cidades.
  • Meteco: heleno que morava em Atenas, mas que nasceu em outra cidade. Pagava impostos, mas não tinha direitos políticos. Mesmo que fosse rico, não podia comprar terras, mas podia trabalhar no comércio e no artesanato. Os homens metecos podiam ser convocados para o serviço militar. Em raros casos, um meteco podia se tornar cidadão ou adquirir alguns direitos, como o de comprar terras.
  • Escravizado: a maioria dos escravizados era composta de estrangeiros derrotados em guerras e vendidos aos moradores de Atenas. Nas Guerras Greco-Pérsicas, que estudaremos adiante, muitos estrangeiros foram escravizados. Caso o escravizado viesse a ter filhos, eles também se tornariam escravizados. Em situações excepcionais, eram libertados e se tornavam metecos.

Mulheres em Atenas

Em Atenas, assim como em outras cidades-Estado, as mulheres eram menos valorizadas do que os homens. Entre os atenienses, prevalecia um idealglossário de que as mulheres deveriam conviver apenas no espaço familiar, sob a autoridade do pai ou do marido, e teriam como principais funções cozinhar, tecer e gerar filhos. No entanto, quando se observa o cotidiano de Atenas, é possível encontrar várias mulheres que não se enquadram nesse ideal grego. Aliás, as mulheres desempenhavam papéis importantes na vida religiosa e econômica da pólis.

Pintura. Três pessoas em um parque arborizado. Sentados sobre uma pedra há dois homens, um de idade avançada, longa barba grisalha, vestindo uma túnica amarela, com um pergaminho sobre uma de suas pernas, e ao seu lado, um jovem de cabelos curtos, castanhos e lisos, vestindo uma túnica escura. À frente, em pé, uma mulher de cabelos escuros e cacheados, vestindo uma túnica rosa. Ao fundo, nota-se outros grupos de pessoas, morros e árvores.
Sócrates com um discípulo e Diotima, pintura de Franc Caucig, 1810. Alguns supõem que Diotima de Mantineia tenha sido mentora de Sócrates, um dos grandes filósofos gregos, como vamos ver mais adiante.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

A seguir, leia um texto sobre a educação em Atenas e, depois, responda às questões.

As escolas eram particulares e nem todas as pessoas podiam pagá-las. Não havia escolas para meninas. Elas estudavam em casa.

Os meninos que iam à escola aprendiam a ler, escrever, fazer contas com o ábaco, tocar lira, cantar, dançar e recitar poesias. Era importante recitar bem, pois a poesia era para ser ouvida e não lida. E passavam as tardes no ginásio fazendo exercícios, treinando.

Aos 15 anos, os jovens atenienses saíam da escola. Tornavam-se aprendizes, por exemplo, de oleiro, de pedreiro ou de médico. Se desejavam estudar mais, precisavam achar um professor, porque não havia universidades. Mas podiam encontrar um filósofo que ensinasse grupos de jovens, ao ar livre, na ágora ou no ginásio.”

CROSHER, Judith. Os gregos. São Paulo: Melhoramentos, 1974. página 46-47.

1. Na Grécia antiga, todas as crianças tinham acesso à escola? Explique.

Resposta: De acordo com o texto, nem todas as crianças podiam frequentar as escolas, pois havia restrições relacionadas à renda e ao gênero. As escolas eram frequentadas apenas por meninos de famílias que tinham condições de pagar os estudos. Não havia escolas para as meninas, mas elas podiam estudar em casa.

2. Identifique semelhanças e diferenças entre o que era ensinado nas escolas gregas e o que é ensinado nas escolas brasileiras atuais.

Resposta: Com base nas informações apresentadas no texto, é possível estabelecer as seguintes comparações entre o ensino em Atenas antiga e no Brasil atual:

  • escolas públicas e privadas – em Atenas, as escolas eram particulares. No Brasil, há mais estabelecimentos de ensino básico públicos do que privados. cêrca de 85% dos alunos da educação básica estão matriculados em escolas públicas, de acordo com o Censo da Educação Básica do í bê gê É de 2010;
  • ensino para meninos emeninas – em Atenas, não havia escolas para meninas. No Brasil atual, meninos e meninas frequentam a escola e possuem os mesmos direitos de aprendizagem;
  • disciplina e conteúdo – em Atenas, os meninos que iam à escola aprendiam a ler, escrever, fazer contas com o ábaco, tocar lira, cantar, dançar e recitar poesias. Além disso, os estudantes passavam as tardes no ginásio fazendo exercícios, treinando. No Brasil, é possível que esses mesmos conteúdos sejam ensinados nas escolas. Porém, fazem parte do currículo obrigatório dos Anos Finais do Ensino Fundamental os componentes curriculares de Língua Portuguesa, Inglês, Matemática, História, Geografia, Ciências, Arte, Ensino Religioso e Educação Física;
  • tempo de estudo – em Atenas, os jovens saíam da escola aos 15 anos. No Brasil, segundo a Lei de Diretrizes e Bases (Lei norteº 9.394barra1996), a Educação Básica é um direito para as crianças e os jovens que tenham entre 4 e 17 anos de idade.

Alerta ao professor

O texto “Divisão social em Atenas” favorece o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um dois, ê éfe zero seis agá ih um seis e ê éfe zero seis agá ih um sete, pois relaciona o conceito de cidadania às dinâmicas de inclusão e exclusão, caracteriza as fórmas de organização do trabalho e da vida social e diferencia a escravidão e o trabalho livre em Atenas durante a Antiguidade. Já o texto “Mulheres em Atenas” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um nove, pois descreve e analisa os diferentes papéis sociais das mulheres no mundo grego antigo.

O trabalho das mulheres

Em certos templos, existiam sacerdotisas que eram consultadas por pessoas de toda a Grécia. Na luta pela sobrevivência, como a maioria da população de Atenas era pobre, muitas mulheres precisavam trabalhar fóra de casa. Elas atuavam na agricultura, no pequeno comércio, nas oficinas artesanais, nas tabernas. Mesmo as mulheres ricas, que não trabalhavam fóra de casa, contribuíam para a prosperidade do lar, administrando e executando as tarefas domésticas.

Além disso, diversos mitos e peças teatrais da Grécia destacam figuras femininas. Há histórias protagonizadas por deusas e heroínas como Atena, Ártemis e Antígona.

Fotografia. Imagem de uma apresentação em um palco, com mulheres em posições de danças, com os braços levantados em diferentes ângulos. Ao centro, destaque para uma mulher de vestido azul claro, cercada de outras mulheres de roupas escuras com faixas azuis.
Antígona, espetáculo de dança da companhia húngara Yvette Bozsik baseado na tragédia homônima do dramaturgo grego Sófocles. Fotografia de 2014. Antígona é protagonista e heroína da tragédia de Sófocles por ter resistido bravamente à proibição de enterrar seu irmão.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Atualmente, muitas mulheres protagonizam filmes, propagandas e programas de televisão. Em sua avaliação, como elas são representadas?

Escravidão em Atenas

No século quatro antes de Cristo, milhares de escravizados viviam em Atenas. Calcula-se que as famílias de cidadãos ou metecos ricos chegavam a ter vinte escravizados trabalhando em suas casas. A família que não tivesse pelo menos um escravizados era considerada pobre.

No meio urbano, os escravizados podiam trabalhar nas casas, nas oficinas de artesanato, nos mercados, nos portos, nas escolas e em outros estabelecimentos. Misturados à população livre, não usavam nada que os identificasse como escravizados. A cidade-Estado possuía escravizados públicos que podiam atuar como fôrça policial para manter a ordem nas assembleias.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê ê cê agá dois, cê ê agá um e cê ê agá trêsponto

Para pensar

Atualmente, em muitos países, as mulheres protagonizam filmes, propagandas e programas de televisão. Elas desempenham funções variadas e são representadas de diferentes maneiras. No entanto, em seus trabalhos, as mulheres ainda enfrentam problemas como a diferença salarial em relação aos homens e o assédio sexual.

No caso de filmes, seriados e novelas, é frequente as mulheres protagonizarem histórias cujas tramas giram em torno do casamento, das frustrações amorosas, de intrigas com outras mulheres etcétera Assim, muitas atrizes reivindicam outros tipos de papel, com temas e abordagens diversificados. Além disso, cada vez mais, as mulheres estão denunciando crimes e se engajando na luta por direitos.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir fala sobre o teatro (dramaturgia) na Grécia antiga.

Dramaturgia grega antiga

No Ocidente, a arte de escrever e representar peças de teatro (dramaturgia) surgiu na Grécia. Em Atenas, atingiu seu auge entre 500 antes de Cristo e 338 antes de Cristo

Os autores gregos escreveram muitas peças teatrais. Mas só algumas estão preservadas até os nossos dias. A maioria das peças narra histórias baseadas na mitologia grega e aborda questões sociais, políticas e religiosas das cidades-Estado. A dramaturgia grega antiga pode ser dividida em dois tipos:

  • tragédias: comoviam a plateia com histórias de dramas da vida. Representavam a história de personagens ilustres e heroicos e, no final, quase sempre havia algum acontecimento fatal;
  • comédias: sátiras que despertavam o riso ou a indignação dos espectadores. Ironizavam alguém ou alguma situação do cotidiano.

Em Atenas, peças teatrais eram apresentadas em um festival religioso que homenageava o deus Dionísio. Esse festival contava com a presença de cidadãos, metecos e pessoas vindas de outras pólis. As melhores peças teatrais ganhavam prêmios e alcançavam enorme prestígio social.

O palco, ao ar livre, tinha fórma circular. E apenas homens podiam ser atores. Eles usavam máscaras que ajudavam a projetar a voz e permitiam a uma única pessoa interpretar vários papéis. Mulheres não podiam atuar, mas ainda não se sabe exatamente se elas tinham autorização para ver as apresentações. Os teatros eram construídos em locais silenciosos e em morros, para aproveitar a elevação do terreno na construção da arquibancada. A inclinação era calculada de modo que a voz dos atores pudesse ser escutada por todos os presentes.

Texto elaborado pelos autores.

Havia também escravizados nas minas de chumbo ou de prata que levavam uma vida extremamente difícil e arriscada. Eles trabalhavam em túneis estreitos e quentes. Para impedir as fugas desses escravizados, muitos proprietários os acorrentavam dentro das minas.

Em Atenas, a escravidão era a fórma de trabalho predominante. Mas isso não quer dizer que era a única. Muitos cidadãos e metecos também tinham de trabalhar para se sustentar.

Cerâmica. Disco com pintura representando dois homens próximos. Um de maior estatura, sentado sobre uma cadeira, com a parte inferior de seu corpo envolto em tecidos. A sua frente, um homem representado com estatura bem menor, em referência a sua condição de escravizado, em pé, segurando tecidos com as mãos.
Representação de um jovem grego escravizado trabalhando, século cinco antes de Cristo

Esparta

Esparta localizava-se na Península do Peloponeso, em uma região chamada Lacônia. Daí é que vem a palavra “lacônico”, que significa “resumido” ou “expresso em poucas palavras”, isso porque os espartanos tinham a reputação de não gostar de falar e escrever. Talvez por isso tenham deixado poucos vestígios escritos.

Segundo historiadores, a cidade de Esparta foi fundada pelos dórios. Eles conquistaram os povos das regiões vizinhas, anexando seus territórios e submetendo seus habitantes. Os povos gregos dominados pelos dórios foram transformados em dois grupos sociais: os periecos e os hilotas (que abordaremos na próxima página).

Para manter o contrôle sobre os povos conquistados, os espartanos desenvolveram uma sociedade altamente militarizada. Eles estavam sempre se preparando para a guerra, o que influenciou a educação dos jovens, as instituições políticas, a construção de moradias. A cidade de Esparta parecia um acampamento militar.

Governo oligárquico

Esparta era, portanto, muito diferente de Atenas. Seu governo era formado por dois reis de famílias distintas, com funções religiosas e militares. Portanto, podemos dizer que o governo espartano era uma oligarquia (do grego, óligos = poucos + arquia = poder), ou seja, um pequeno grupo controlava o poder da cidade de acordo com seus interesses.

Quem controlava o poder era um conselho chamado Gerúsia. Ele era composto de dois reis e 28 cidadãos com mais de 60 anos. Esse conselho tinha autoridade para propor leis, julgar crimes e opinar sobre assuntos importantes da pólis. Também existiam cinco chefes chamados éforos, que na prática eram o governo de Esparta. Entre suas funções estava executar as decisões da Gerúsia.

Os éforos e os membros da Gerúsia eram eleitos por uma Assembleia chamada Ápela. A Ápela era composta de cidadãos do sexo masculino com mais de 30 anos, que se reuniam uma vez por mês para votar as propostas elaboradas pela Gerúsia. Não havia muitas discussões, e essa assembleia tinha muito menos poder do que a Assembleia de Atenas.

Divisão social em Esparta

Os habitantes de Esparta podem ser divididos em três grupos sociais:

  • esparciatas: eram os cidadãos descendentes dos fundadores da cidade. Dedicavam sua vida ao Estado, ao exército ou à administração pública. Eram donos das terras mais produtivas e não podiam trabalhar no comércio e na agricultura. Eram os líderes guerreiros de Esparta;
  • periecos: eram livres como os esparciatas, mas não tinham direitos políticos. Pagavam impostos e serviam nas tropas em tempos de guerra. Trabalhavam no comércio e no artesanato;
  • hilotas: eram obrigados pelos esparciatas a trabalhar em nome do Estado. Alguns historiadores equiparam os hilotas à condição de servos presos à terra. Cultivavam as terras durante a vida toda para sustentar os cidadãos. Os hilotas organizaram muitas revoltas contra a opressão em que viviam. Porém, os esparciatas mantinham os hilotas em clima de terror, perseguindo e matando quem fosse considerado perigoso.
Baixo-relevo. Destaque para guerreiros entalhados em pedra. Portam lanças e escudos redondos. Na cabeça, capacetes com longos adornos no topo.
Detalhe de baixo-relevo do século cinco antes de Cristo representando guerreiros gregos típicos, equipados para o combate com lanças e escudos.
Baixo-relevo. Destaque para guerreiros entalhados em uma vasilha metálica. Vestem capacetes adornados, portam escudos redondos, e controlam uma carruagem com cavalos à frente.
Baixo-relevo do século seis antes de Cristo representando guerreiros espartanos, feito em uma vasilha (cratera) usada para misturar água e vinho. O treinamento militar era um dos principais objetivos da educação espartana.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Divisão social em Esparta” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois, sobretudo ao relacionar o conceito de cidadania às dinâmicas de inclusão e exclusão na Grécia antiga.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir permite aprofundar os estudos sobre a história de Esparta e a sociedade espartana.

Esparta

“Esparta fórma o centro natural da Lacônia, o fértil Vale do Eurotas. Pouco sabemos do começo da sua história. Na Era Greco-Egeia, a Lacônia contava-se entre os mais poderosos reinos do Peloponeso. Na época da guerra de Troia era governada pelo ‘louro’ Menelau e pela ‘bela’ Helena, sua mulher que, segundo Homero, foi a causa da guerra. Homero apresenta Menelau como um dos mais ricos e esclarecidos reis greco-egeus; isto é natural porque o Vale do Eurotas produz excelentes colheitas e o Golfo da Lacônia, onde deságua o Eurotas, tem vários portos convenientes que proporcionam os trajetos mais curtos de Creta para a Grécia.

Segundo a tradição, a Lacônia foi conquistada pelos dórios no fim da invasão destes e tornou-se o principal baluarte desse ramo no Peloponeso. No oitavo a.C., e novamente no sétimo, Esparta, tendo se tornado a capital da Lacedemônia dória, levou a cabo uma guerra ferrenha contra sua vizinha, a Messênia, para obter as terras férteis de propriedade desse distrito, o mais rico de toda a península. Sobre a segunda dessas guerras, temos informações nos versos de Tirteu, poeta nascido em Atenas e que desempenhou importante papel na vitória alcançada por Esparta sobre a Federação dos Estados do Peloponeso que haviam ajudado a Messênia a defender sua liberdade. Escavações realizadas pelos ingleses em Esparta têm mostrado que, nessa época, ela era uma terra rica e estava na vanguarda da civilização grega. Sua cultura é do tipo semioriental, e juntamente com considerável número de remanescentes egeus, observáveis em todos os distritos progressistas da Grécia desse tempo.

Não sabemos se os traços peculiares do sistema espartano já haviam tomado fórma nessa época tão recuada. Segundo a tradição espartana, eles são atribuídos a um único reformador, Licurgo, provavelmente um personagem mítico. Ainda assim, é bem possível que a tradição esteja certa ao considerar o último sistema, que sabemos ter existido entre o sexto e quarto séculos, como o resultado de uma ou várias reformas realizadas sucessivamente. Podemos supor que essas reformas tiveram início entre os perigos e as dificuldades das guerras messênias, quando os habitantes foram obrigados a usar toda sua fórça para salvar o reino.

A principal característica é a seguinte: um grupo residente em Esparta, e chamado espartano, dominava a população muitas vezes mais numerosa. Parte dessa população subordinada recebia o nome de hilotas. Eles viviam em fazendas isoladas no domínio da cidade e em algumas regiões da Messênia conquistada; sua posição era a de escravos do Estado e as famílias dos espartanos utilizavam seu trabalho. Outra parte era chamada perioeci ou provincianos. Eles viviam na Lacônia e na Messênia, nas cidades e domínios destas: gozavam de liberdade pessoal e certa dose de autogoverno; mas nos assuntos políticos e militares estavam inteiramente subordinados ao grupo dominante.”

ROSTOVTZEFF, M. História da Grécia. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. página 91-92.

OUTRAS HISTÓRIAS

Educação em Esparta

O governo de Esparta cuidava da educação dos jovens esparciatas. Ao nascer, a criança espartana só merecia cuidados se fosse considerada saudável. Caso contrário, podia ser morta ou abandonada.

A partir dos 7 anos, os filhos dos cidadãos eram entregues à orientação do Estado, que tinha professores para educá-los.

O objetivo principal da educação era transformar os jovens em soldados vigorosos. Para isso, eram importantes os exercícios físicos, como salto, corrida, lançamento de disco e de dardo.

Os adolescentes cuidavam da segurança da cidade. No entanto, qualquer cidadão adulto podia vigiá-los e puni-los. O respeito aos mais velhos era uma regra básica. Na hora das refeições, por exemplo, os jovens deviam ficar calados, só respondendo de fórma breve às perguntas que os adultos fizessem.

Com 20 anos, o jovem espartano ingressava no exército. Mas só aos 30 anos adquiria todos os direitos políticos.

As mulheres espartanas recebiam educação semelhante à dos homens, com torneios e atividades esportivas. A ideia era que, se elas tivessem corpos fortes, gerariam filhos sadios e fortes também.

Escultura. Mulher vestindo uma túnica na altura dos joelhos, com um longo cabelo trançado. Ela está em posição de corrida, com as pernas afastadas e flexionadas, e os braços em posições contrárias.
Escultura de bronze que representa uma mulher espartana praticando corrida, cêrca de 520 a.C.-500 antes de Cristo

Responda no caderno

Atividade

Com base no texto, explique quais eram os principais valores e objetivos da educação em Esparta.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá cinco e da habilidade ê éfe zero seis agá ih um nove, pois contribui para a reflexão sobre o papel social feminino em Esparta.

Outras histórias

Em Esparta, a educação tinha como principal finalidade transformar os jovens esparciatas em bons guerreiros. Para isso, valorizavam-se os exercícios físicos, as privações, os castigos e a obediência. As mulheres espartanas recebiam uma educação semelhante à dos homens, mas o objetivo era diferente: acreditava-se que mulheres com corpos fortes gerariam filhos sadios e fortes.

Expansão e conflitos

O crescimento econômico das cidades gregas provocou disputas por mercados, rotas comerciais e matérias-primas da região. Entre essas disputas, podemos destacar as guerras com os persas. Além disso, os gregos também guerrearam entre si. Vamos conhecer um pouco da história desses conflitos.

Guerras Greco-Pérsicas

No século seis antes de Cristo teve início a formação do Império Persa no Oriente Médio, que chegou a atingir cêrca de 5 milhões de quilômetros quadrados de extensão. Nesse Império, havia importantes cidades, como Pasárgada, Persépolis, Ecbátana, Susa e Sardes.

Para controlar seu vasto território, o Império Persa foi dividido em províncias (chamadas satrapias), cujos administradores eram denominados sátrapas. Além disso, construíram grandes estradas que ligavam as principais cidades, destacando-se a Estrada Real, entre Susa e Sardes, com cêrca de 2,6 mil quilômetros de extensão.

Expansão dos persas (séculos VI a.C.-V a.C.fecha parênteses

Mapa. Expansão dos persas (séculos seis antes de Cristo a cinco antes de Cristo). Destaque para parte do Oriente Médio, Europa e África, indicando a expansão do Império Pérsia. Em rosa, em área próxima ao Golfo Pérsico, Pérsia primitiva, concentrando as cidades de Persépolis e Pasárgada. Em amarelo, as Conquistas de Ciro, avançando para áreas a leste, ao norte e a oeste da Pérsia primitiva, abrangendo as regiões da Mesopotâmia, Ásia Menor e Palestina, e as cidades de Susa, Ecbátana, Babilônia, Sardes, Damasco, Tiro e Jerusalém. Em verde, as Conquistas de Cambises, avançando para sudoeste abarcando áreas do Egito, incluindo as cidades de Mênfis e Tebas. Em roxo as Conquistas de Dario I, compreendendo áreas ao norte, incluindo a cidade de Bizâncio, e a leste, incluindo a cidade de Gândara. Uma linha pontilhada indica a Estrada real, que conecta a cidade de Susa a Sardes. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 410 quilômetros.
Fonte: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 44.

Os persas conquistaram cidades gregas da Ásia Menor. Depois, avançaram em direção à região da Ática, onde se encontrava a cidade de Atenas. Diante da invasão persa, várias cidades gregas uniram-se sob a liderança de Atenas e de Esparta. O objetivo era juntar forças e enfrentar um inimigo em comum.

Iniciadas em 499 a.C., as Guerras Greco-Pérsicas, ou Guerras Médicas, duraram algumas dezenas de anos. O nome “Guerras Médicas” deriva de medos, um dos povos que deram origem ao Império Persa. Os gregos alcançaram a vitória final e puseram fim ao conflito por volta de 448 antes de Cristo

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir aborda aspectos do Império Persa e das Guerras Greco-Pérsicas.

A formação de umgrande império

Por volta de 1500 antes de Cristo, os povos indo-europeus ocuparam o Planalto do Irã, a sudeste da Mesopotâmia. Entre esses povos, destacaram-se os medos e os persas.

Ao final do século sete antes de Cristo, os medos tinham se expandido e dominavam os persas. Mas, por volta de 550 antes de Cristo, os persas reagiram sob a liderança de Ciro e venceram os exércitos dos medos. Em seguida, promoveram a unificação dos dois povos. Formou-se assim um império, sob o comando de Ciro.

Por meio de sucessivas conquistas militares, tanto esse rei como seus sucessores – Cambises (que conquistou o Egito) e Dario primeiro – expandiram os domínios territoriais do Império Persa, que alcançou uma área de aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados.

No entanto, ao tentar conquistar a Grécia, os exércitos persas foram derrotados na Batalha de Maratona (490 antes de Cristo). Foi o fim de sua expansão em direção ao oeste, na Europa.

Novas tentativas foram feitas posteriormente pelos persas, mas seus exércitos acabaram fracassando diante de seus oponentes gregos.

Em meados do século cinco antes de Cristo, os governantes persas desistiram definitivamente de conquistar as colônias gregas na Ásia Menor, comprometendo-se a não mais interferir em sua política.

Esse conflito entre persas e gregos é conhecido como Guerras Médicas (499 antes de Cristo- 448 antes de Cristo), pois os gregos chamavam os persas de “medos”, ainda que esses fossem apenas um dos povos sob o domínio do Império Persa.

As autoridades persas também tiveram de enfrentar inúmeras revoltas de povos conquistados, como os egípcios e os babilônios. Até que em 330 antes de Cristo, enfraquecido por essa longa resistência, o Império Persa foi invadido pelos poderosos exércitos de Alexandre Magno e integrado ao Império Macedônio.

Texto elaborado pelos autores.

Guerras Médicas (499 a.C.-475 a.C.fecha parênteses

Mapa. Guerras Médicas (499 antes de Cristo a 475 antes de Cristo). Destaque para as regiões da Grécia e do Império Persa. Em laranja, Pólis gregas rebeladas (499 antes de Cristo – 494 antes de Cristo), compreendendo áreas gregas no litoral asiático do Mar Egeu, incluindo as cidades de Éfeso e Mileto. Em rosa, as Pólis gregas em guerra, compreendendo sobretudo áreas das Penínsulas do Peloponeso e da Ática, incluindo as cidades de Esparta e de Atenas. Em verde, o Império Persa, ocupando áreas da Ásia, com destaque para a cidade de Sardes, e da costa europeia do Mar Egeu. Em amarelo, os Territórios gregos ou helenizados, compreendendo a Ilha de Creta e regiões ao norte, como Macedônia, Trácia e Epiro. Uma seta verde indica a Rota dos exércitos persas, partindo de Sardes em direção norte, contornando a costa próxima ao Mar Egeu, chegando em Atenas. Uma seta vermelha indica as Rotas dos navios de guerra persas, partindo da costa asiática do Mar Egeu em duas direções distintas, para o norte, contornando a região costeira até chegar à Grécia, e outra no sentido leste, atravessando o mar em direção à Ilha de Delos, e a Atenas. Nos territórios das pólis gregas em guerra: uma estrela vermelha indica a Batalha de Plateia (479 antes de Cristo); uma estrela roxa indica Batalha de Salamina (480 antes de Cristo); e uma estrela verde indica a Batalha de Maratona (490 antes de Cristo). Nos territórios gregos ou helenizados, uma estrela azul indica a Batalha de Termópilas (480 antes de Cristo). No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 60 quilômetros.
FONTE: DUBY, Georges. Atlas historique: l’histoire du monde en 317 cartes. Paris: Larousse, 1987. página 14.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

  1. Qual é o assunto do mapa? A que período se refere?
  2. De acordo com a legenda do mapa, identifique o que representam:
    1. as áreas coloridas;
    2. as setas coloridas;
    3. as estrelas coloridas.

Liga de Delos e Guerra do Peloponeso

Após as guerras contra os persas, os atenienses criaram a Liga de Delos: uma aliança militar de cidades gregas cuja séde ficava na Ilha de Delos. As cidades que participavam da Liga forneciam navios, soldados e dinheiro, mas continuavam com sua autonomia. Entretanto, os atenienses foram assumindo cada vez mais o contrôle dos recursos dessa aliança. Aos poucos, a Liga de Delos tornou-se um conjunto de cidades dominadas por Atenas.

Depois de algum tempo, algumas cidades gregas se rebelaram contra o domínio de Atenas. Lideradas por Esparta, fundaram a Liga do Peloponeso e passaram a lutar contra Atenas e seus aliados. O resultado foi a Guerra do Peloponeso, um conflito que durou 27 anos (de 431 antes de Cristo a 404 antes de Cristo), com alguns períodos de trégua.

Ao final, os atenienses e seus aliados foram derrotados. Foi então que os aristocratas espartanos dominaram o mundo grego durante cêrca de 30 anos (de 404 antes de Cristo a 371 antes de Cristo).

Mais tarde, o domínio espartano também foi questionado por novas revoltas nas cidades gregas, dessa vez comandadas pelos líderes de Tebas. Após vencer as tropas espartanas, os tebanos conquistaram a supremacia entre os gregos por alguns anos (de 371 antes de Cristo a 362 a.C.).

Orientações e sugestões didáticas

Observando o mapa

  1. O assunto são as Guerras Médicas, entre gregos e persas. Ele se refere ao período entre 499 antes de Cristo e 475 antes de Cristo Ressalte que esse conflito durou de 499 antes de Cristo a 448 antes de Cristo Se considerar oportuno, construa uma linha do tempo na lousa marcando as datas.
    1. De acordo com a legenda do mapa, a área laranja representa as áreas em que havia cidades-Estado gregas rebeladas contra o domínio persa; a área rosa indica as pólis gregas envolvidas na guerra; a área verde mostra os territórios do Império Persa; e a área amarela indica os territórios gregos ou helenizados.
    2. As setas verdes representam a rota dos exércitos persas e as setas vermelhas indicam as rotas dos navios de guerra persas.
    3. A estrela azul indica o local onde ocorreu a Batalha de Termópilas (480 antes de Cristo); a estrela vermelha representa o local da Batalha de Plateia (479 antes de Cristo); a estrela lilás mostra o local da Batalha de Salamina (480 antes de Cristo); e a estrela verde corresponde ao local da Batalha de Maratona (490 antes de Cristo).

Outras indicações

Para mais informações sobre a Grécia antiga, sugerimos os vídeos com o professor Donald Kagan, da Yale University, publicados pela univéspi com legendas em português. A seguir, indicamos os dois primeiros vídeos de uma lista de mais de 20 aulas.

  • História da Grécia antiga 1 (Estados Unidos). Univesp, 2012. 33 minutos Disponível em: https://oeds.link/EGIlmz. Acesso em: 9 junho 2022.
  • História da Grécia antiga 2 (Estados Unidos). Univesp, 2012. 68 minutos Disponível em: https://oeds.link/XrWTuE. Acesso em: 3 maio 2022.

Conquista macedônica e helenismo

Depois de tantos anos de guerras, o conjunto das cidades gregas ficou muito enfraquecido. Aproveitando-se disso, em 338 antes de Cristo, o rei Filipe, da Macedônia – reino localizado ao norte da Grécia –, preparou um forte exército para conquistar a Grécia. As cidades gregas foram, então, politicamente unificadas sob domínio macedônico.

Em 336 antes de Cristo, o filho e sucessor de Filipe, Alexandre Magno (ou Alexandre, o Grande), assumiu o trono macedônico e continuou a expansão militar. À frente de um poderoso exército, Alexandre construiu um dos maiores impérios da Antiguidade.

Observe no mapa a seguir a extensão territorial alcançada pelas conquistas macedônicas.

Império Macedônico (336 a.C.-323 a.C.)

Mapa. Império Macedônico (336 antes de Cristo a 323 antes de Cristo). Em verde, Aliados dos macedônios, compreendendo partes da Grécia, Bitína e Frígia, além das cidades de Bizâncio e Heracleia. Em rosa, no sudoeste da Europa, Macedônia no início do governo de Alexandre (336 antes Cristo), abrangendo as cidades de Pela e Ílion (Troia); e em amarelo, avançando para regiões da Ásia e da África, o Império de Alexandre, compreendendo áreas no Egito, Líbia, Capadócia, Síria, Mesopotâmia, Armênia, Assíria, Média, Pártia, Pérsia, Carmânia, Bactriana, Sogdiana, Aracódia e Gedrósia. Uma linha vermelha contínua indica o Itinerário de Alexandre, passando pelas cidades, nessa ordem: Pela, Ílion (Troia), Sardes, Éfeso, Mileto, Patara, Ancira, Issos, Alexandria de Issos, Sídon, Tiro, Gaza, Mênfis, Alexandria, Paretônio, Templo de Amon, Mênfis, Jerusalém, Damasco, Chalibon, Nésibis, Nínive, Gaugamelos, Arbela, Babilônia, Susa, Persépolis, Pasárgada, Ecbátana, Ragas, Hecatômpilos, Zadracarta, Alexandria de Ária, Alexandria, Samarcanda, Pagas, Alexandria, Alexandria do Cáucaso, Taxila, Niceia, Alexandria, Patala, Alexandria, Persépolis e Babilônia. Indicados por um círculo branco, as Principais cidades fundadas por Alexandre: Alexandria de Issos,  Alexandria de Margiana, Alexandria de Ária,  Alexandria do Cáucaso, Niceia, Porto de Alexandria e cinco cidades chamadas apenas de  Alexandria (uma na África, outra a sudeste de Alexandria de Ária, a terceira ao norte de Alexandria do Cáucaso, a quarta ao sul de Niceia e a quinta a oeste de Porto de Alexandria). No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 320 quilômetros.
Fontes: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 64; ALBUQUERQUE, Manoel M. êti ól Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 88.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Os territórios conquistados por Alexandre no século quatro antes de Cristo estavam localizados em quais continentes? Se necessário, consulte um atlas geopolítico atual.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir aprofunda os estudos acerca da cultura helenística.

Cultura helenística

A expansão militar do Império Macedônico contribuiu para aproximar a cultura grega dos povos do Oriente. Por outro lado, a cultura dos povos orientais também passou a exercer influência sobre a cultura grega. Dessa interação cultural surgiu a cultura helenística.

Os principais centros de difusão da cultura helenística foram as cidades de Antioquia, Pérgamo e Alexandria (no Egito). Alexandria, por exemplo, se destacou graças à sua biblioteca, que possuía mais de 100 mil rolos de papiro, reunindo importante acervo científico e filosófico.

As trocas culturais entre estudiosos gregos e orientais impulsionou o conhecimento científico. A Geometria desenvolveu-se com Euclides; a Astronomia e a Geografia, com Hiparco e Eratóstenes; e a Física, com Arquimedes.

No campo filosófico, o período helenístico foi marcado por incertezas, descrenças e materialismo. Destacaram-se Zenão (336-263 a.C.), fundador de uma corrente filosófica conhecida como estoicismo, e Epicuro (342-271 a.C.), que desenvolveu teses de outra corrente, o hedonismo.

No campo artístico, a arte helenística adquiriu um caráter mais dramático, plástico e emotivo do que o equilíbrio e o racionalismo do classicismo grego. Um exemplo emblemático da arte helenística é a escultura Grupo de Laocoonte (também conhecida como Laocoonte e seus filhos).

Texto elaborado pelos autores.

Alerta ao professor

O boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá seteponto

Observando o mapa

Os territórios conquistados por Alexandre no século quatro antes de Cristo fazem parte das atuais Europa, África e Ásia.

Alexandre Magno, no entanto, não conseguiu montar um governo duradouro para um império tão grande. Quando ele morreu, aos 32 anos, seus generais começaram a disputar o poder, e o Império Macedônico acabou dividido.

A expansão macedônica ampliou o contato entre as culturas grega, egípcia, persa e de outros povos do Oriente. Esse processo de trocas culturais entre orientais e gregos resultou na cultura helenística.

A cultura helenística deixou marcas duradouras nos territórios conquistados por Alexandre Magno. O desenvolvimento das ciências, da Filosofia e das artes foi impulsionado pelo contato entre sábios gregos e orientais.

Religião

A religião foi um dos principais elementos de integração entre os gregos. Eles cultuavam diversos deuses (politeísmo), que eram representados com fórma e comportamentos semelhantes aos dos seres humanos (antropomorfismo; do grego, antropos = homem + morfés = forma).

Além dos deuses, os gregos reverenciavam seus antepassados e os heróis, ou semideuses, que eram filhos de um deus (imortal) com um ser humano (mortal). Entre os heróis gregos, destaca-se Hércules, o mais forte de todos, filho do deus Zeus com a mortal Alcmena.

Os gregos acreditavam que os deuses podiam se comunicar com os seres humanos de várias maneiras, uma delas era por meio de um oráculoglossário . As consultas aos oráculos podiam revelar questões sobre o passado, o presente ou o futuro.

Um dos mais conhecidos oráculos da Grécia foi o de Apolo, deus da beleza e das artes. O templo de Apolo foi construído na cidade de Delfos e, na entrada, podia-se ler: “Conhece-te a ti mesmo”.

Fotografia. Vista de um templo em ruínas, com colunas partidas, dispostas em um círculo, e três colunas maiores sustentando uma haste horizontal. Ao redor, área arborizada.
Ruínas do templo dedicado aos deus Apolo, na cidade de Delfos, Grécia. Fotografia de 2019.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Na Grécia antiga, havia diversos templos em homenagem aos deuses. No templo dedicado a Apolo, situado na cidade de Delfos, havia a seguinte inscrição: “Conhece-te a ti mesmo”. Sobre essa inscrição, responda às questões a seguir.

1. A inscrição “Conhece-te a ti mesmo” é um aforismo famoso. O que é um aforismo? Pesquise em dicionários ou na internet.

Resposta: Aforismo é, basicamente, uma breve sentença que contém uma mensagem filosófica, uma lição de vida.

  1. Por que é importante o autoconhecimento?
  2. Quais são as principais características de sua personalidade?
  3. Quais características de personalidade você admira em outras pessoas?

Respostas 2, 3 e 4: Respostas pessoais, em parte. Estimule os estudantes a refletir sobre si mesmos, a descobrir os traços de personalidade que os identificam, a reconhecer os outros, a respeitar a diversidade. O autoconhecimento leva ao cuidado de si e dos outros.

Mito e mitologia

Os gregos criaram um conjunto de mitos (mitologia) que narram a vida dos deuses e heróis e, também, o relacionamento deles com os seres humanos. De modo geral, os mitos gregos são histórias ricas em simbolismos e reflexões sobre a vida humana. Vale mencionar que a mitologia grega inspirou a arte e o pensamento de muitos povos ocidentais.

Hoje em dia, a palavra mito também é utilizada com outros sentidos: para falar de uma ideia ou notícia falsa ou da idealização de uma pessoa, como um artista, um esportista etcétera

Observe no quadro a seguir alguns dos principais deuses da mitologia grega.

DEUSES

Zeus: deus do céu (Olimpo, o lugar onde os deuses moram), considerado o mais poderoso dos deuses.

Deméter: deusa da agricultura.

Hades: deus do mundo subterrâneo.

Hera: esposa e irmã de Zeus, deusa do casamento e da maternidade.

Héstia: deusa do lar.

Poseidon: deus dos mares.

Escultura. Homem com músculos definidos e corpo desnudo, cabelos cacheados curtos e uma barba volumosa. Está em pé, com as pernas afastadas e os braços em direções contrárias, esticados para as laterais.
Escultura de bronze representando Zeus, cêrca de 470 antes de Cristo

FILHOS DE ZEUS

Afrodite: deusa do amor e da beleza.

Apolo: deus do Sol, das artes e da razão.

Ares: deus da guerra.

Ártemis: irmã gêmea de Apolo, deusa da Lua, da caça e da fecundidade.

Atena: deusa da inteligência.

Dionísio: deus do vinho, do prazer e da aventura.

Hefestos: deus do fogo, protetor dos metalúrgicos.

Hermes: deus do comércio e da comunicação, era o mensageiro de Zeus.

Escultura. Homem com o corpo desnudo, visto de perfil, com cabelos curtos e uma faixa de tecido sobre seu ombro.
Representação de Apolo, cêrca de 460 antes de Cristo
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

GRENIER, Christian. Contos e lendas dos heróis da Grécia antiga. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Coleção de contos sobre os heróis da Antiguidade grega.

Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Hércules (Estados Unidos). Direção de djón mãsquer e ron clements, 1997. 92 minutos

Esse desenho animado conta a história de Hércules, o herói mais conhecido da Antiguidade, que precisa mostrar seu valor a seu pai, Zeus.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Mito e mitologia” contribui para o desenvolvimento da competência cê gê trêsponto

Texto de aprofundamento

Para ampliar as reflexões sobre outros aspectos da cultura grega antiga, sugerimos a leitura do texto a seguir, que trata do alfabeto e da literatura desenvolvidos pelos gregos antigos.

Alfabeto e literatura

O alfabeto grego deriva do sistema de escrita desenvolvido pelo povo fenício. A região da Fenícia corresponde ao atual Líbano, parte da Síria e de Israel. Entre os séculos dez antes de Cristo e dois antes de Cristo, os fenícios colonizaram regiões litorâneas do Mar Mediterrâneo. Eles se dedicavam principalmente à navegação marítima e ao comércio com as populações vizinhas.

Para facilitar a comunicação, os fenícios compreenderam a necessidade de utilizar uma escrita mais prática e eficiente. Assim, desenvolveram um alfabeto com base nas letras que representavam os sons da fala.

Os gregos elaboraram seu alfabeto com base no alfabeto fenício, mas incluíram as letras vogais. O resultado foi o alfabeto grego, composto de 24 letras, que foi transmitido a diversos povos. O alfabeto contribuiu para a divulgação da escrita, deixando de ser utilizada apenas por especialistas, como os escribas.

Os gregos criaram gêneros literários (lírica, epopeia e drama), dos quais derivam o romance, a novela, o ensaio e a biografia.

Homero é o nome de um grande poeta grego que teria vivido no século seis antes de Cristo e a quem se atribui a autoria de dois poemas épicos monumentais: a Ilíada e a Odisseia. Essas obras de ficção literária mesclam mitos e aspectos históricos da formação da sociedade grega. Segundo historiadores, são resultado de longa tradição oral da qual participaram outros poetas (os aedos) que declamavam e recriavam essas narrativas.

A Ilíada, poema com cêrca de 15 mil versos, conta episódios da Guerra de Troia (Troia, em grego, é Ilion). A causa dessa guerra foi o rapto de Helena (esposa de Menelau, rei de Esparta) por Páris, príncipe de Troia. Em reação ao rapto, os gregos atacaram os troianos e acabaram por destruir Troia.

A Odisseia, poema com cêrca de 12 mil versos, conta as aventuras de Ulisses (em grego, Odisseu), rei lendário de Ítaca, marido de Penélope, em seu longo regresso à terra natal após a Guerra de Troia. Durante sua longa ausência, centenas de homens assediaram sua esposa. Depois de chegar à sua terra, Ulisses vingou-se terrivelmente desses pretendentes.

Texto elaborado pelos autores.

Filosofia: o uso da razão

Os mitos contavam histórias baseadas principalmente em seres sobrenaturais. Já a Filosofia é uma fórma de pensar diferente dos mitos, pois utiliza, sobretudo, a razão para explicar a realidade. Na Grécia antiga, esse modo filosófico de pensar surgiu no momento da formação e do desenvolvimento da pólis, por volta do século seis antes de Cristo

“Filosofia” é uma palavra formada por dois termos gregos: filos (amor) e sofia (sabedoria). Assim, filósofo seria aquele que ama e busca o saber. No mundo grego, esse saber abrangia vários campos do conhecimento, como a Matemática, a Astronomia, a Biologia, a Política, a Lógica, a Ética e a Física.

Entre os filósofos gregos, podemos destacar Sócrates (469 antes de Cristo-399 antes de Cristo), Platão (427 antes de Cristo-347 antes de Cristo) e Aristóteles (384 antes de Cristo-322 antes de Cristo).

Escultura. Busto de um homem com cabelos cacheados e curtos, e barbas longas e volumosas. Tem uma faixa de tecido ao redor de seu ombro cobrindo metade de seu tronco.
Busto romano de Platão que é cópia de original grego do século quatro antes de Cristo
Escultura. Busto de um homem com cabelos curtos e lisos, e barba densa. Uma veste cobre todo o seu peito.
Busto romano de Aristóteles, século I, cópia do original grego do século quatro antes de Cristo
Pintura. Um homem idoso sentado sobre uma cama, vestindo uma túnica branca ao redor de sua cintura. Um de seus braços está esticado para cima, e, no lado oposto, sua mão está voltada para um recipiente pequeno e arredondado. Ao redor, diversos homens cabisbaixos, com as mãos levadas ao rosto.
A morte de Sócrates, pintura de Jacques-Louis David, 1787. O comportamento questionador de Sócrates, sempre em busca do saber, não agradava aos poderosos. Sócrates (no centro da pintura) foi, então, condenado à morte por envenenamento.

As Olimpíadas

Um evento cultural que unia gregos de diversas cidades-Estado eram os jogos realizados em Olímpia e que, por isso, ficaram conhecidos como Jogos Olímpicos ou Olimpíadas.

Os Jogos Olímpicos, realizados de quatro em quatro anos, eram cerimônias religiosas e esportivas em honra a Zeus. Além dos esportes, havia nesse evento competições musicais e poéticas.

Os gregos davam tanta importância às Olimpíadas que chegavam a interromper guerras para não prejudicar a realização dos jogos. Pessoas de lugares distantes viajavam até a cidade de Olímpia para participar e assistir às competições. Calcula-se que o estádio de Olímpia tinha capacidade para receber cêrca de 40 mil pessoas sentadas.

Escultura. Homem desnudo, com o corpo definido, em pé, com os joelhos flexionados para frente, um dos braços para trás, segurando um disco redondo para cima, e o outro braço para frente.
Discóbolo, cópia romanada escultura de Míron (século cincoantes de Cristo), a qual representa o corpo atlético de um lançador de discos.

Os atletas competiam representando sua cidade. Para isso, não podiam ser escravos ou ter sido condenados. As mulheres eram proibidas de participar dos jogos, seja como esportistas, seja como espectadoras.

Iniciados em 776 a.C., os Jogos Olímpicos da Antiguidade foram celebrados até o ano de 393Depois de Cristo Nesse ano, o imperador romano Teodósio I, que era cristão e combatia os cultos pagãos (não cristãos), mandou fechar o templo de Zeus em Olímpia.

Fotografia. Duas mulheres com vestidos longos e brancos, e cintos marrons. Uma delas, à esquerda, tem um dos joelhos flexionados, os braços para frente e segura uma vasilha. À direita, a outra mulher está em pé, segurando uma tocha em chamas em direção à vasilha. Em segundo plano, um grupo de mulheres com a mesma vestimenta observa a cena. Ao fundo, colunas arredondadas e árvores.
Tocha dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 é acesa no Templo de Hera em Olímpia, Grécia. Fotografia de 2020. A tocha olímpica é tradicionalmente acesa na cidade que é o berço das Olimpíadas.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Na Grécia antiga, os atletas olímpicos representavam ideais de coragem, beleza e força. Em sua interpretação, quais ideais os atletas olímpicos representam na atualidade?
  2. Você é praticante de algum esporte? Qual? Você considera a atividade física importante para as pessoas? Argumente justificando sua resposta com exemplos.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “As Olimpíadas” e o boxe “Para pensar” que o acompanha desenvolvem as competências cê gê dois, cê gê três, cê gê oito e cê ê cê agá cincoponto Além disso, o boxe “Para pensar” trabalha o tema contemporâneo transversal Saúde, ao promover uma reflexão sobre valores esportivos e a prática de exercícios físicos.

Para pensar

  1. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que, até os dias atuais, os atletas olímpicos representam ideais de coragem, beleza e força. Eles também representam ideais de superação, perseverança, disciplinaetcétera
  2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes compreendam que a prática de atividade física ou esportiva promove e beneficia a saúde das pessoas. Aproveite o momento para estimular a turma a desenvolver hábitos saudáveis, o que inclui a prática de esportes.

Atividade complementar

O sítio arqueológico de Olímpia, na Grécia, é considerado patrimônio material da humanidade pela Unesco. Ali também é acesa a chama dos Jogos Olímpicos modernos, em uma cerimônia simbólica que remete aos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Você acompanha os Jogos Olímpicos atuais? De quais modalidades olímpicas mais gosta? Em quais cidades serão realizados os próximos Jogos? O Brasil já sediou os Jogos Olímpicos? Em que ano?

Resposta: O objetivo dessas perguntas é aproximar os conteúdos estudados das vivências cotidianas dos estudantes. Caso eles não saibam onde serão realizados os próximos Jogos, solicite que façam uma pesquisa na internet e em periódicos esportivos. O Brasil sediou as Olimpíadas na cidade do Rio de Janeiro em 2016.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir trechos de um artigo escrito pela especialista em Letras Clássicas Flávia Vasconcellos Amaral sobre as semelhanças e as diferenças entre os Jogos Olímpicos e os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, realizados a cada dois anos desde 1996.

Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas

“Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas não são os Jogos Olímpicos Indígenas. reticências

Ao me voltar às origens dos Jogos Olímpicos, pude perceber que a associação natural que era feita entre Jogos Olímpicos e os Jogos Indígenas ia além reticências da palavra jogos em si, por ser um evento esportivo, mas contemplava também muitas semelhanças entre os dois eventos. reticências

A prática esportiva na Grécia antiga estava atrelada a um conceito bem amplo de educação grega. Em linhas gerais, a paideia grega era um grande aprendizado que passava pela ética, dança, canto, escrita e prática de diversos jogos. Afinal, o vigor físico atrelado à saúde era necessário para defender a pólis, a cidade, tanto nas guerras quanto nos estádios, onde os jogos públicos aconteciam. [Isso] reticências soa familiar quando pensamos nos povos indígenas, pois, embora o sistema educacional indígena não partilhe das mesmas premissas, as crianças e jovens estão também inseridos em um contexto de proteção do território e do seu povo. Além disso, no contexto atual, um dos objetivos da realização dos Jogos dos Povos Indígenas nacionais, evento bienal desde 1996, é utilizar o esporte como uma ferramenta importante para a manutenção da cultura tradicional reticênciasponto

reticências Não podemos só viver do lado romântico dos Jogos. Apesar de a idealização dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas ter advindo de um sonho e apesar de possuir um ideal integrador e de disseminação da cultura indígena em nível internacional, não podemos deixar de lado o fator comercial, determinante para a realização de um evento de tal porte. Tal como acontece em uma escala absurdamente maior nos Jogos Olímpicos, a comercialização dos Jogos também se fez presente pela feira de artesanato e outros espaços de consumo, mas nada comparado ao escancarado apelo comercial dos Jogos Olímpicos hoje em dia. reticências Embora os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas não sejam os Jogos Olímpicos de hoje, meu desejo é que eles se mantenham mais alinhados aos jogos gregos da Antiguidade, no sentido de visarem o kléos [do grego, ‘glória’] dos esportistas e a união e hospitalidade entre os povos.”

AMARAL, Flávia Vasconcellos. Entre o originário e o olímpico: semelhanças entre os Jogos Olímpicos e os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Wall Street International, 14 janeiro 2016. Disponível em: https://oeds.link/GZSx5C. Acesso em: 3 maio 2022.

Diversidade e integração

No mundo grego antigo havia uma combinação de diversidade e integração cultural. No campo político, havia independência entre as cidades. Porém, nos momentos de guerra, os gregos podiam se unir para enfrentar inimigos estrangeiros.

Em relação às crenças religiosas, cada pólis tinha seu deus protetor. De modo geral, os gregos cultuavam o mesmo conjunto de deuses. Quanto à língua, as diversas cidades-Estado conseguiam se entender por meio da fala e da escrita. A língua era um elemento cultural em comum, embora existissem variações regionais. Outro elemento de integração entre os gregos era a prática do esporte, que estava presente nos Jogos Olímpicos.

Em razão dessas semelhanças culturais, os moradores das diversas cidades-Estado gregas reconheciam-se como helenos. Já os povos que não pertenciam à Hélade (mundo grego) eram chamados bárbaros. Para os gregos, bárbaro era todo aquele que não falava a língua dos helenos e não tinha seus costumes e sua cultura.

Fotografia. Destaque para uma pira olímpica feita com hastes metálicas laterais, com superfície externa branca e interna metalizada. Ao centro da pira, uma chama de fogo. Ao redor, três pessoas sentadas em cadeiras de rodas seguram tochas em direção a chama central. Os três vestem camisas e bermudas brancas com detalhes amarelos.
Cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, no Japão. Fotografia de 2021. Os Jogos Paralímpicos são disputados entre atletas do mundo todo com algum tipo de deficiência física, visual ou intelectual.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Atenas e Esparta foram cidades-Estado importantes no mundo grego. No caderno, complete o quadro-resumo, mostrando as diferenças entre elas.

Pólis

Atenas

Esparta

Regime político

Quem votava

Grupos sociais

2. Mapas conceituais são representações gráficas que organizam e relacionam os principais conceitos de um assunto. Agora, formem grupos e façam o que é pedido.

a) Preencham um mapa conceitual sobre o conceito de Filosofia. Para isso, reproduzam o seguinte mapa em seus cadernos e completem as lacunas selecionando alguns dos termos indicados a seguir do esquema.

Esquema. Filosofia é uma: LACUNA A. Que busca: LACUNA B, LACUNA C,  demonstração de validade e verdade.  Para: explicar fenômenos naturais e sociais. 
Abaixo do esquema, as seguintes opções de respostas para as lacunas: “forma de religião”; “provas racionais”; “evidências sobrenaturais”; “cultuar deuses”; “forma de pensar”; “argumentos lógicos”.

b) Com base na representação gráfica que vocês preencheram no caderno, elaborem um mapa conceitual sobre um dos temas abordados neste capítulo, como democracia ou Olimpíadas. Para isso, sigam estas orientações:

  1. escolham um tema que vocês consideram relevante;
  2. identifiquem os principais conceitos ou palavras-chaves relacionados ao tema escolhido;
  3. escrevam frases ligando os conceitos identificados, considerando que os conceitos mais gerais devem anteceder os conceitos mais específicos;
  4. elaborem seu mapa conceitual escrevendo os conceitos dentro de fórmas geométricas ligadas por setas. No meio de cada seta, escrevam um texto para formar uma frase relacionando os conceitos. Lembrem-se de que a ordem de leitura do mapa conceitual pode ser de cima para baixo, da esquerda para a direita ou do centro para as margens.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê dois (atividades 2 e 4);
  • cê gê quatro (atividade 2);
  • cê gê quatro (atividade 2);
  • cê ê agá três (atividades 2, 3, 4 e 5);
  • ê éfe zero seis agá ih um zero (atividade 1);
  • ê éfe zero seis agá ih um dois (atividade 1).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. Observe, a seguir, uma sugestão de quadro-resumo. Durante o preenchimento do quadro, retome as discussões sobre os regimes políticos de Atenas e Esparta e suas especificidades, bem como sobre a noção de cidadania na Grécia antiga.

Pólis

Atenas

Esparta

Regime político

Democracia

Oligarquia

Quem votava

Cidadãos: homens livres, maiores de 21 anos, filhos de pais atenienses.

Cidadãos: esparciatas (homens livres com mais de 30 anos, filhos de pais espartanos).

Grupos sociais

Cidadãos, metecos e escravizados.

Esparciatas, periecos e hilotas.


2. a) O mapa conceitual apresentado deve ser preenchido da seguinte forma: lacuna a – “fórma de pensar”; lacuna B e lacuna C – “provas racionais” e “argumentos lógicos”. Ressalte que os itens “provas racionais” e “argumentos lógicos” podem ser posicionados tanto na lacuna B quanto na lacuna C.

b. Atividade que usa como metodologia ativa a produção de um mapa conceitual sobre um tema do capítulo escolhido pelos estudantes. Além disso, a atividade desenvolve pilares do pensamento computacional, como: a decomposição para a identificação dos conceitos relacionados a um tema da história da Grécia antiga; a abstração para filtragem e classificação dos conceitos identificados; e o reconhecimento de padrões para a elaboração de um novo mapa conceitual com base em um modelo fornecido. O objetivo desta atividade é aprender a sistematizar informações variadas em uma linguagem graficamente sintética, clara e coerente. Acompanhe o trabalho dos grupos e explique que, com os mesmos conceitos e partindo da mesma questão, é possível produzir diferentes mapas conceituais, porque eles dependem de diferentes interpretações. Os mapas conceituais podem ser elaborados manualmente, em um papel, ou digitalmente, por meio de programas disponíveis gratuitamente em páginas da internet. Explique que esses programas têm como vantagem facilitar a edição posterior de um mapa já construído, em contraste com mapas conceituais elaborados no papel. Além disso, o uso de tais programas contribui para o desenvolvimento das competências cê gê cinco e cê ê agá sete. Após a realização da atividade, procure estimular os estudantes a adotarem a construção de mapas conceituais como prática de estudo para outros temas, inclusive de outros componentes curriculares.

integrar com Língua Portuguesa

3. A influência cultural grega está presente em palavras e expressões que usamos. Observe os exemplos.

Em grego

Significado

Exemplo de palavra

biblios

livro

biblioteca

bios

vida

biologia

gene

origem

genética

cine

movimento

cinema

cardio

coração

cardiologia

Reunidos em duplas, pesquisem o significado dos seguintes termos gregos: geo, micro, grafia, grama, logia e teca. Depois, deem exemplos de palavras formadas com esses termos.


4. A Grécia antiga era um conjunto de cidades-Estado independentes. Quais características integravam as cidades helênicas, dando certa unidade ao mundo grego?

integrar com Língua Portuguesa

Interpretar texto e imagem

5. Acredita-se que Esopo (620 a.C.- 564 a.C.) tenha sido um pensador da Grécia antiga que viveu como escravizado até ser libertado por seu último dono. Esopo teria criado o gênero literário fábula. Nesse gênero, personagens animais ou mitológicos apresentam características humanas como falar, pensar, julgar e criticar. Em geral, as fábulas procuram transmitir ensinamentos morais. Leia, a seguir, uma das fábulas de Esopo e responda às questões.

Héraclesglossário e Atena

“Quando caminhava por uma rua estreita, Héracles viu no chão alguma coisa que se parecia com uma maçã e quis esmagá-la. A coisa então aumentou de volume diante de seus olhos. Ele a pisoteou com mais fôrça ainda e a golpeou com a clava. Mas a coisa engrossou de tal fórma que bloqueou o caminho. Héracles jogou fóra a clavaglossário e ficou ali, presaglossário do espanto, quando Atena lhe apareceu e disse:

— Para, irmão, o que estás vendo é o espírito da querela e da discórdia. Quanto mais a gente deixa de provocá-lo, menos ele reage. Mas, quando o atacamos, ele cresce da fórma que estás vendo.”

ESOPO. Fábulas de Esopo. Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2010. página 12.

  1. Quais são os personagens dessa fábula?
  2. Que ensinamento moral essa história quis transmitir?
  3. Você concorda com esse ensinamento? Argumente justificando sua posição.
Orientações e sugestões didáticas

3. Esta atividade pode ser trabalhada de forma interdisciplinar com Língua Portuguesa. É possível obter um quadro semelhante a este:

Termo grego

Significado

Exemplo de palavras

geo

terra

geografia, apogeu, geologia

micro

pequeno

micróbio, microcomputador

grafia

escrita

caligrafia, ortografia

grama

escrito, letra

diagrama, anagrama

logia

estudo, ciência

biologia, sociologia

teca

coleção, quantidade

discoteca, biblioteca

4. Os gregos estavam ligados por tradições e costumes, língua, religião e esporte. É possível sugerir que os estudantes deem exemplos mais específicos, como o detalhamento de um dos aspectos da cultura grega abordados neste capítulo.

Interpretar texto e imagem

5. Esta atividade oferece a oportunidade de ser trabalhada em conjunto com o professor de Língua Portuguesa e pode focar no gênero fábula ou no próprio autor da fábula, o grego Esopo.

  1. Os personagens da fábula são o herói Herácles (ou Hércules), a deusa Atena e o espírito da querela e da discórdia.
  2. A fábula busca transmitir o ensinamento de que o conflito, representado pela maçã, cresce quando é atacado e diminui quando é ignorado.
  3. Resposta pessoal, em parte. Ressalte que muitos conflitos não deixam de existir apenas porque são ignorados. Para superá-los, é necessário compreendê-los: entender suas origens, seus desdobramentos e impactos. Além disso, cultivar atitudes de diálogo, respeito, escuta e argumentação contribui para a resolução de conflitos.

Glossário

Ideal
: modelo, padrão que se busca atingir.
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Oráculo
: na Antiguidade, designava tanto a divindade consultada quanto a resposta dada por ela ou o lugar onde era feita a consulta.
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Héracles
: nome do herói grego que os romanos chamaram de Hércules.
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Clava
: tipo de arma feita de madeira, tacape.
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Presa
: nesse contexto, vítima.
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