UNIDADE 3 ANTIGUIDADE CLÁSSICA

CAPÍTULO 8 ROMA: DA MONARQUIA À REPÚBLICA

Os antigos romanos foram grandes conquistadores e formaram um dos maiores impérios da história. Esse império era interligado por redes de estradas que facilitavam a comunicação entre Roma e suas províncias. Daí nasceu o ditado: “Todos os caminhos levam a Roma”. Vamos conhecer alguns aspectos importantes da Roma antiga.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Você já ouviu dizer que “todos os caminhos levam a Roma”? Qual é o significado dessa expressão?

Fotografia. Vista de uma área com ruínas de construções de pedras, altas colunas verticais e jardins. Ao centro, uma estrada com multidão de pessoas. Na lateral esquerda da estrada há um caminho de árvores plantadas lado a lado, com copas cônicas.
Turistas caminham por estrada romana conhecida como Via Sacra, em Roma, Itália. Fotografia de 2020.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis agá ih um um
  • ê éfe zero seis agá ih um dois
  • ê éfe zero seis agá ih um cinco
  • ê éfe zero seis agá ih um seis
  • ê éfe zero seis agá ih um sete
  • ê éfe zero seis agá ih um nove

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, a monarquia e a república da Roma antiga, e de assuntos correlatos, como o início do povoamento da Península Itálica, a periodização da história romana, as dinâmicas e fórmas de organização social e política, a cidadania e suas dinâmicas de inclusão e exclusão, os papéis das mulheres, as lutas dos plebeus e dos escravizados, a importância do Mar Mediterrâneo e a transição para o império.

  • Identificar os principais povos que habitavam a Península Itálica.
  • Caracterizar os principais períodos da história romana (monarquia, república e império).
  • Analisar aspectos da economia romana, destacando o escravismo e o trabalho livre, bem como a circulação de bens e pessoas no Mar Mediterrâneo.
  • Refletir sobre o conceito de cidadania e as dinâmicas de inclusão e exclusão na Roma antiga.
  • Conhecer os diferentes papéis que as mulheres desempenhavam na Roma antiga.

Para começar

Resposta pessoal. Atualmente, a expressão “todos os caminhos levam a Roma” tem o sentido de que não importa o percurso escolhido, pois todos vão levar ao mesmo ponto. Provavelmente, a expressão tem sua raiz no fato de que os romanos construíram milhares de quilômetros de estradas para conectar diversas províncias à capital do império – no caso, a cidade de Roma.

Fotografia. Vista de uma área com ruínas de construções de pedras, com altas colunas, lado a lado. Ao centro, parte de uma construção formada por colunas espaçadas sustentando um teto. À frente, um pátio plano com solo terroso.
Vista das ruínas do Fórum Romano, em Roma, Itália. Fotografia de 2020. Na Roma antiga, a vida pública acontecia no Fórum, espaço que reunia diferentes construções e abrigava atividades políticas, comerciais e religiosas.
Fotografia. Destaque para um aqueduto formado por uma sequência de estruturas de pedra em formato de arcos. Entre os arcos há dois níveis, um, inferior, de maior tamanho, indo até o solo, e outro, superior, de menor tamanho. Ao redor, vias asfaltadas, edificações e pessoas transitando.
Aqueduto romano construído em Segóvia, Espanha, no século um Fotografia de 2020. Os aquedutos conduzem a água de uma fonte até um reservatório na cidade. A arquitetura romana reflete o aspecto grandioso de sua história.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Os conteúdos referentes à Roma antiga foram divididos em dois capítulos. Neste capítulo, enfatizamos as questões políticas, sociais e econômicas da monarquia e da república. No capítulo seguinte, abordamos a época do Império Romano, bem como aspectos culturais ligados a arquitetura, Direito, língua e religião, presentes em todos os períodos da história da Roma antiga.

Origem de Roma

A atual cidade de Roma, capital da Itália, é um ­importante centro turístico da Europa. Todos os anos, milhares de ­pessoas visitam seus monumentos arquitetônicos e se interessam pela história de Roma, conhecida como “cidade eterna.

A história romana remonta ao povoamento da Península Itálica, localizada no sul da Europa, onde se estabeleceram vários povos, como italiotas, etruscos e gregos. O povo italiota subdividia-se em tribos como a dos latinos e a dos sabinos.

Existem dúvidas sobre a origem exata de Roma. No ­entanto, pesquisadores apontam que os italiotas fundaram essa cidade em meados do século oito antes de Cristo Posteriormente, Roma cresceu e se transformou na capital de um Estado poderoso.

Observe um mapa do povoamento da Península Itálica.

Península Itálica (séculos X a.C.-VIII a.C.)

Mapa. Península Itálica (séculos dez antes de Cristo a oito antes de Cristo). No sul da península, em roxo, destaque para Gregos, compreendendo as cidades de Velia, Crotona e Tarento. Os Gregos também ocuparam parte da região central da península, além de parte da Sicília, incluindo as cidades de Siracusa, Agrigento. Ao centro da Península Itálica, compreendendo a cidade de Roma, e em parte da Sicília, em laranja, Italiotas. Ao norte e em parte da região central, em verde, Etruscos. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 90 quilômetros.
Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel M. de et al. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 79; ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de S.Paulo/Times Books, 1995. página 86.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Que regiões da Península Itálica foram ocupadas pelos etruscos, pelos italiotas e pelos gregos?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Origem de Roma” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um um, ao caracterizar a formação da Roma antiga. Já o boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá seteponto

Observando o mapa

Os etruscos ocuparam a região norte e parte da região central; os italiotas ocuparam a região central da Península Itálica e parte da Sicília; e os gregos ocuparam o sul (a que chamaram Magna Grécia), parte da Sicília e uma pequena área da região central.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir o texto de Pedro Paulo Funari sobre as origens de Roma.

As origens de Roma, lendas e histórias

“Todos os povos procuram explicar de onde vieram, como surgiram, e os romanos contavam certas lendas sobre as origens de sua cidade. A mais conhecida e popular entre os próprios romanos conta que a cidade foi fundada por Rômulo, filho do Deus da Guerra, Marte, e de Reia Sílvia, filha do rei Numitor, de Alba Longa. reticências

reticências Pois outra lenda romana conta que Eneias era um troiano filho da Deusa Vênus e de Anquises, rei troiano de Dárdano. Após a vitória dos gregos sobre os troianos, Eneias vagou pelo Mediterrâneo, até chegar ao Lácio, onde reinou por alguns anos. Depois de morto, foi adorado como Júpiter Indiges. Seu filho Ascânio fundou Alba Longa e seu descendente Numitor, pai de Reia Sílvia, foi, pois, avô de Rômulo. Por essas lendas, Roma ligava-se ao deus da guerra, Marte, e à deusa da fertilidade, Vênus. Para os romanos era importante considerar que seu destino estava ligado aos deuses, pois estas nobres origens legitimavam seu poder sobre outros povos e servia como propaganda de suas qualidades.

Os arqueólogos encontraram vestígios de cabanas dos primeiros moradores de Roma e alguns aspectos das lendas puderam ser comprovados. Este é o caso do domínio dos etruscos, um povo que vivia ao norte de Roma, e cuja influência na cultura romana foi muito grande.

reticências Desde o início do primeiro milênio antes de Cristo, os povos que ocupavam a Península eram indo-europeus, como os latinos, sabinos e gregos, ao sul, e os etruscos, uma civilização original que combinava elementos gregos e orientais. Não se conhecem os detalhes da fundação histórica de Roma mas uma das hipóteses é que Roma teria sido fundada na região do Latium por chefes etruscos que teriam unido numa única comunidade diferentes povoados de sabinos e latinos. Entre 753 antes de Cristo e 509 antes de Cristo, Roma cresceu, deixou de ser uma pequena povoação e transformou-se numa cidade dotada de calçadas, fortificações e sistema de esgoto, tendo o latim consolidado-se como língua corrente. reticências

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2009. página 80-82.

OUTRAS HISTÓRIAS

Lenda da origem de Roma

Uma lenda conta que Roma foi fundada pelos irmãos gêmeos: Rômulo e Remo. Eles eram netos de um rei da cidade de Alba Longa chamado Numitor, que foi destronado por seus inimigos.

Ainda recém-nascidos, Rômulo e Remo foram colocados dentro de um cesto e abandonados no Rio Tibre. Levado pela correnteza, o cesto parou às margens do Monte Palatino. Ali, os gêmeos foram encontrados e amamentados por uma loba. Depois, um pastor ­chamado Faustolo acolheu as crianças e cuidou da educação delas.

Quando adultos, Rômulo e Remo reconquistaram o trono de Alba Longa para seu avô. Então, Numitor permitiu que os netos fundassem uma cidade na região onde a loba os tinha encontrado. Eles fundaram a cidade de Roma em 753 antes de Cristo

Surgiu uma disputa entre os dois irmãos para decidir quem reinaria na cidade. Rômulo matou Remo, tornando-se o primeiro rei de Roma.

Fotografia. Destaque para Escultura metálica de uma loba com os dentes afiados à mostra, e as mamas volumosas. Abaixo dela, duas crianças estão com as bocas abertas voltadas para as mamas do animal. Ao fundo, paredes de pedra com textos escritos.
Loba amamentando os gêmeos Rômulo e Remo, escultura etrusca, cêrca de séculos onze-doze. As figuras dos gêmeos teriam sido acrescentadas à escultura no século quinze e são atribuídas a Pollaiuolo.

Responda no caderno

Atividade

Você conhece lendas brasileiras? Quais? Faça uma pesquisa sobre uma das lendas que costumavam ser contadas para crianças brasileiras. Podem ser lendas com personagens como Saci-pererê, Curupira, Boto-cor-de-rosa, Iara, Uirapuru, entre outros. Em seguida, formem grupos e produzam uma história em quadrinhos ou uma cena teatral narrando a lenda pesquisada.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “Lenda da origem de Roma” contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá quatroponto

Outras histórias

Atividade de pesquisa e produção pessoal, que trabalha o tema contemporâneo transversal Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras, com o objetivo de desenvolver a criatividade e o repertório cultural dos estudantes. A seguir, sugerimos algumas fontes de pesquisa que podem ser utilizadas pelos estudantes. Para produzir a história em quadrinhos ou a cena teatral, cada grupo deve se organizar para definir quais membros ficarão responsáveis por elaborar um roteiro explicitando a sequência de ações e falas de cada personagem; criar os desenhos ou escolher vestimentas; apresentar sua produção para os demais colegas.

  • FURTADO, Paula; SOUZA, Maurício de [ilustrações]. Lendas para crianças. Barueri: Girassol, 2020.
  • MACHADO, Regina Coeli Vieira. Lendas indígenas. Pesquisa Escolar Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: https://oeds.link/Qq3t5K. Acesso em: 4 maio 2022.
  • PRANDI, Reginaldo; LIRA, Joana. Contos e lendas afro-brasileiros: a criação do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Periodização da história romana

A história da Roma antiga tem mais de mil anos e costuma ser dividida em três grandes períodos.

  • Monarquia (753 antes de Cristo-509 antes de Cristo) – período em que Roma era ainda uma pequena cidade. A organização econômica e política dessa sociedade foi influenciada pelos ­etruscos e gregos, povos que já viviam na Península Itálica.
  • República (509 antes de Cristo-27 antes de Cristo) – período em que os romanos consolidaram suas instituições sociais e econômicas e expandiram seu território. A civilização romana foi tornando-se uma das mais poderosas do mundo antigo.
  • Império (27 antes de Cristo-476 Depois de Cristo) – período em que os domínios romanos atingiram sua máxima expansão. O fim desse período culminou com sucessivas crises que afetaram a porção ocidental do Império Romano.
Cerâmica. Vaso de base redonda, corpo largo, abertura circular e duas alças. Na superfície, a representação de um homem e de uma mulher próximos, e linhas com desenhos geométricos.
Vaso funerário grego do século cinco a.C., encontrado no sul da Itália. A descoberta de objetos como esse na região demonstra a influência grega na Península Itálica.

Monarquia

Existem poucas evidências históricas sobre o período monárquico e, consequentemente, sobre a vida dos primeiros reis de Roma. Porém, de acordo com lendas apresen­tadas por escritores como Tito Lívioglossário , os sete reis do período monárquico foram: Rômulo; Numa Pompílio; Tulo Hostílio; Anco Márcio; Tarquínio, o Prisco; Sérvio Túlio; e Tarquínio, o ­Soberbo. Desses, os três últimos eram de origem etrusca.

Sob domínio etrusco, a cidade de Roma se fortaleceu. Foram construídas muralhas, pontes, praças, casas de pedra e redes de esgotos. Além disso, a cultura etrusca contribuiu para o desenvolvimento da metalurgia, do comércio de longa distância e da arquitetura usando arcos e abóbadasglossário .

Fotografia. Construção em pedras retangulares, formando um arco cercado por paredes. À frente, vias pavimentadas.
Vista do Arco Etrusco na cidade de Perúgia, capital da Úmbria, Itália. Fotografia de 2019. De origem etrusca, esse tipo de construção em arco foi incorporado posteriormente pela arquitetura romana.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Monarquia”, incluindo seu subitem, favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um um, pois caracteriza as configurações políticas e sociais do período monárquico na Roma antiga.

Na monarquia, o governo de Roma era exercido pelo rei, pelo Senado e pela Assembleia. Conheça as funções de cada um deles.

  • O rei era o chefe do governo. Ele tinha poder militar, religioso e judicial. Porém, no desempenho de suas funções, era fiscalizado pelo Senado e pela Assembleia.
  • O Senado era um conselho formado por anciãos que chefiavam as ­famílias romanas tradicionais. Esse conselho tinha o poder de aprovar ou vetar as leis propostas pelo rei. A palavra senado vem do latim senex, que significa “velho ou ancião”.
  • A Assembleia era formada por patrícios do sexo masculino com idade para servir no exército. Esses homens elegiam funcionários do governo, aprovavam ou rejeitavam as leis de Roma e decidiam também sobre as declarações de guerra e de paz.

Sociedade romana

No período monárquico, a sociedade estava dividida em quatro grupos sociais, descritos a seguir.

  • Patrícios: formavam a elite da sociedade, concentrando poder polí­tico e econômico. De modo geral, eram ricos e possuíam grandes ­propriedades de terra e rebanhos de gado. Durante um longo ­período, apenas os patrícios do sexo masculino tinham direitos políticos e ­podiam ocupar os principais cargos do governo.
  • Plebeus: formavam a maioria da população. Eram um grupo diversificado constituído de pessoas que trabalhavam na agricultura, no artesanato e no comércio. A princípio, os plebeus não tinham o direito de participar do governo. Além disso, caso não pagassem suas dívidas, podiam ser escravizados.
  • Clientes: população livre e pobre que prestava diversos serviços aos patrícios em troca de proteção e ajuda econômica.
  • Escravizados: população que perdia sua liberdade, constituída ­pelos prisioneiros de gue­rra e por pessoas que não conseguiam pagar suas dívidas. Os escravizados não tinham direitos políticos. Podiam ser vendidos, alugados ou re­ceber castigos de seu senhor.
Relevo. Homens vestindo túnicas, segurando ferramentas e produtos agrícolas. No centro, um bovino.
Relevo em mármore representando o trabalho no campo do século um As atividades agrícolas eram desempenhadas por escravizados e plebeus na Roma antiga.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Sociedade romana” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois, ao associar os direitos políticos a dinâmicas de inclusão e exclusão na Roma antiga. Além disso, favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um sete, ao caracterizar os grupos sociais e, consequentemente, as fórmas de trabalho no mundo romano antigo.

República

No final do século seis a.C., os patrícios, que já dominavam o Senado, pretendiam conquistar pleno poder sobre Roma. Em 509 antes de Cristo, derrubaram a monarquia e criaram uma nova organização política, a república.

A palavra “república” vem do latim res publica, que significa “coisa de todos”. Nessa organização, diferentemente da monarquia, o governo da sociedade não seria predominantemente exercido por uma única pessoa, mas sim por um conjunto de pessoas.

No entanto, o que se viu em Roma foi a instalação de um governo dominado pela aristocracia dos patrícios. Em grego, “aristocracia” vem de aristos = “o ­melhor” + cracia = “poder”. Na prática, aristocracia não é o “governo dos melhores”, mas sim de um grupo de privilegiados que geralmente herda o contrôle do poder.

Ao longo da República Romana, os plebeus conquistaram direitos políticos que antes eram reservados aos patrícios.

Governo da república

As principais instituições políticas da República Romana eram o Senado, as Magistraturas e as Assembleias.

O Senado era o órgão central do governo, sendo controlado pelos patrícios. Era responsável por assessorar os magistrados em assuntos como: relacionamento com as províncias, contrôle dos gastos públicos, declaração de guerras etcétera Os senadores exerciam seus cargos de fórma vitalícia, isto é, por toda a vida.

As Magistraturas eram responsáveis pelo Poder Executivo, ou seja, pela administração do Estado romano. Conheça, a seguir, as funções dos principais magistrados.

Cônsules: era o cargo mais importante da república. O poder era exercido por dois cônsules que dirigiam as finanças públicas, elaboravam leis, atuavam como juízes e comandavam o Exército. Se houvesse desacordo entre os cônsules, o Senado podia ser chamado para resolver a questão. Em tempo de grave crise, poderia ser nomeado um ditador, com mandato de até seis meses, que teria plenos poderes sobre Roma.

Ilustração. Um homem de cabelos curtos, grisalhos e lisos, vestindo uma toga branca comprida com duas listras vermelhas, sandálias nos pés e segurando uma haste com uma das mãos.
Representação artística de um cônsul romano.

Pretores: dedicavam-se sobretudo à aplicação da Justiça.

Ilustração. Um homem de cabelos escuros e curtos, vestindo uma toga branca com uma listra marrom e sandália nos pés. Com uma das mãos ele segura uma balança dourada com dois pesos laterais
Representação artística de um pretor romano.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “República”, incluindo seus subitens, contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um um, pois caracteriza as configurações políticas e sociais do período republicano romano.

Edis: cuidavam do policiamento urbano, vigilância dos mercados, fornecimento e distribuição de alimentos, manutenção dos edifícios públicos.

Ilustração. Um homem de cabelos escuros, curtos e lisos, vestindo uma toga branca e roxa e sandália nos pés, segurando uma haste com uma das mãos.
Representação artística de um edil romano.

Questores: cobravam impostos e administravam o dinheiro público.

Ilustração. Um homem de cabelos escuros, curtos e lisos, vestindo uma toga branca e verde e sandálias nos pés, segurando bolsas contendo moedas douradas.
Representação artística de um questor romano.

Censores: faziam o censo organizando a contagem da população e apuravam o número de cidadãos e de seus bens. Além disso, os censores cuidavam da moralidade pública e das finanças. Desta função, deriva o sentido da palavra censor, ligada à censura (fiscalização da moral).

Ilustração. Um homem de cabelos grisalhos, lisos e curtos, vestindo uma toga branca e vermelha e sandália nos pés, segurando rolos de papel com as mãos. Um deles encontra-se estendido, contendo textos.
Representação artística de um censor romano.

Assembleias

As Assembleias eram formadas por grupos de cidadãos (patrícios e plebeus) com poderes para decidir sobre determinados assuntos públicos. Entre as Assembleias destacamos:

  • Assembleia por tribos: tinha a função de eleger os magistrados que cuidavam mais diretamente das cidades, como os edis e os questores;
  • Assembleia por centúrias: tinha como função eleger os principais magistrados (cônsul, pretor, censor) e votar as leis. As centúrias eram grupos de militares organizados conforme seu nível de riqueza. O chefe de cada centúria era o centurião.
Fotografia. Vista superior de um palanque com uma mesa central, imagem da bandeira do Brasil, e à frente, uma sequência de mesas e cadeiras enfileiradas. A área é cercada por paredes circulares azuis.
Sessão do Senado Federal brasileiro em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 2021. As instituições de governo da República Romana influenciaram a organização política do mundo ocidental.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia o texto a seguir, sobre a República Romana e a expansão territorial que ocorreu no período, tema aprofundado no decorrer do capítulo.

República Romana e expansionismo

“Foi durante o período republicano reticências que Roma transformou-se em um dos impérios mais duradouros da História. Isso aconteceu ao mesmo tempo que movimentos sociais dentro de Roma levaram a um crescente envolvimento popular na política. reticências

Há controvérsias a respeito da natureza dessa expansão, reticências estariam os romanos deliberadamente adotando uma política intervencionista, com a intenção de conquistar povos e territórios — ou, ao contrário, teria sido a expansão uma consequência não pretendida da vitória de Roma em guerras nas quais ela se envolveu por necessidade, e não por escolha? Dadas as incertezas, reticências é relativamente claro que Roma já desempenhava um papel hegemônico no Mediterrâneo no início do século a.C. [...]”

SCOPACASA, Rafael. Poder popular e expansão da república romana, 200-150 antes de Cristo Topoi, Rio de Janeiro, volume 19, número 37, página 81-82, janeiro a abril 2018. Disponível em: https://oeds.link/dWoDI9. Acesso em: 4 maio 2022.

Cidadania romana

Atualmente, cidadão é a pessoa que cumpre certas condições jurídicas para exercer direitos e deveres dentro de um Estado. Na Roma antiga, havia diferentes graus de cidadania. Em seu grau pleno, por exemplo, o cidadão podia exercer cargos políticos, votar nas Assembleias, casar-se com outro cidadão e apresentar-se em juízo como sujeito de direito privado.

Na república, patrícios e plebeus eram considerados cidadãos, mas, a princípio, somente patrícios do sexo masculino tinham o direito de ser eleitos para as Magistraturas e votar nas principais Assembleias. Por conta dessa desigualdade, os plebeus passaram a lutar por direitos, ou seja, pela ampliação de sua cidadania.

Ao longo do tempo, a cidadania romana foi estendida, gradativamente, aos súditos de Roma. Assim, foram publicadas leis, como a Lex Plautia Papira, de 89 antes de Cristo, que concedeu cidadania aos aliados dos romanos residentes na Península Itálica. Posteriormente, em 212, o imperador Caracala concedeu cidadania a quase todos os habitantes livres do Império. Também havia leis que previam a perda da cidadania. Isso podia acontecer, por exemplo, se um cidadão fosse escravizado ou condenado à deportação.

Comparada com Atenas, a cidadania romana incluía as mulheres e tornou-se mais ampla, abrangendo pessoas que viviam de acordo com o Direito e a cultura romana.

Mulheres em Roma

Na Roma antiga, os principais papéis atribuídos às mulheres eram os de mãe, esposa e guardiã do lar. fóra do ambiente doméstico, o que predominou na sociedade romana foi uma situação social desfavorável às mulheres.

Uma das maiores desigualdades ocorria na política, pois as mulheres não tinham o direito de participar das decisões do governo. Todos os cargos políticos do Estado eram exercidos por homens.

Fotografia. Uma multidão de mulheres de diferentes idades, lado a lado, segurando faixas. Muitas delas usam máscaras e bandanas cobrindo partes de seus rostos.
Manifestação nacional pelo fim da violência contra as mulheres, em Roma, Itália. Fotografia de 2021. A luta pela garantia da cidadania é um processo constante na História.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Cidadania romana” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois, ao abordar o conceito de cidadania na Roma antiga. Já o texto “Mulheres em Roma” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um nove, ao descrever e analisar os diferentes papéis sociais das mulheres na Roma antiga.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto de José Murilo de Carvalho sobre a cidadania no Brasil contemporâneo.

A cidadania e os direitos

“Tornou-se comum desdobrar a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. O cidadão pleno seria aquele que fosse titular dos três direitos. Cidadãos incompletos seriam os que possuíssem apenas alguns dos direitos. reticências

Direitos civis são os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei.

Eles se desdobram na garantia de ir e vir. reticências Em geral, quando se fala de direitos políticos, é do direito de voto que se está falando. reticências Os direitos políticos têm como instituição principal os partidos e um parlamento livre e representativo. reticências Se os direitos civis garantem a vida em sociedade, se os direitos políticos garantem a participação no governo da sociedade, os direitos sociais garantem a participação na riqueza coletiva. Eles incluem o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria.”

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. página 9-10.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir discute os papéis sociais desempenhados pelas mulheres na Roma antiga.

As mulheres no mundo romano

“Já se mencionou que as mulheres romanas, à diferença das gregas, não viviam tão apartadas e interagiam mais com os homens. reticências Os estudiosos divergem, no entanto, quanto à caracterização das relações entre homens e mulheres no mundo romano.

Todos concordam que as romanas tinham relativamente uma inserção social bastante ampla, participavam de banquetes e reuniões sociais importantes, à diferença das esposas gregas, tinham direito de propriedade e podiam ser até mesmo proprietárias de empresas. Embora, por definição, não pudessem votar ou ser eleitas, as inscrições encontradas na cidade de Pompeia mostram que as mulheres não se furtavam a apoiar, com cartazes, seus candidatos aos cargos públicos, o que está a demonstrar sua influência social. Também graças à Arqueologia, possuímos alguns documentos escritos por romanas, já que a tradição literária não nos transmitiu sequer um texto latino de autoria feminina. Entre os documentos epigráficos escritos por mulheres, há poemas amorosos, tanto de lavra erudita como popular.

reticências há também outros documentos femininos, como um convite de uma senhora para sua festa de aniversário, por volta do ano 100 Depois de Cristo, na Bretanha:

‘Cláudia Severa para Lepidina, saudações. Convido-te a vir à comemoração do meu aniversário, no dia 11 de setembro, o que tornará o dia mais agradável, com a tua presença. Saudações a teu marido Cerealis. O meu Élio saúda-te e teus filhos. Espero-te, irmã. Saudações, irmã caríssima. Espero estar bem e saudações. Para Sulícia Lepidina, esposa de Flávio Cerealis, de Severa.’

Você notou como, neste convite, é a mulher que organiza a festinha e convida as pessoas, tudo de fórma autônoma? E isto vivendo em plena fronteira, em um acampamento militar. Podemos imaginar, portanto, como não seria a situação das mulheres em lugares menos isolados e civis. As romanas tinham uma posição ímpar que talvez só possa ser comparada àquela do século vinte, no Ocidente, algo notável.”

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2009. página 103-105.

O acesso à educação era um privilégio. Meninas e meninos podiam aprender a ler, escrever e calcular. No entanto, o caminho dos estudos terminava mais cedo para as meninas.

Entre as famílias mais ricas, o pai exercia autoridade sobre a esposa, os filhos, os clientes e os escravizados. Era o pai quem decidia sobre o casamento de seus filhos. Os principais objetivos do casamento eram aumentar o patrimônio, estabelecer as alianças políticas e sociais e gerar descendentes. Apesar dessa tradição, a partir do século um aumentaram os casos de mulheres que participavam da escolha de seus futuros maridos e administravam seus próprios bens.

Pintura. Rosto de uma mulher de pele clara, cabelos cacheados, com adorno na cabeça e brincos dourados, vestindo uma túnica colorida. Ela segura um livro em uma das mãos e, na outra, um objeto semelhante a uma caneta.
Retrato de uma jovem de Pompeia, cêrca de 55-79. Por suas vestimentas e por ter um livro em mãos, trata-se, provavelmente, de uma mulher da aristocracia romana.

Na vida cotidiana, atividades como cozinhar, tecer e cuidar de crianças eram desempenhadas sobretudo por mulheres. Além dessas atividades, elas realizavam outros trabalhos, por exemplo, na agricultura, no comércio, no artesanato. Também houve mulheres que se dedicaram às atividades religiosas e se tornaram importantes sacerdotisas.

As mulheres participavam de vários eventos públicos, assistindo, por exemplo, às lutas de gladiadoresglossário , às apresentações teatrais e aos jogos. De modo geral, alguns historiadores indicam que, em comparação com as mulheres gregas, as romanas tinham mais liberdade e não ficavam tão limitadas ao ambiente doméstico.

Relevo. Representação de uma mulher e de uma criança sentados em uma espécie de sofá, e ao lado, outra mulher, em pé, com os braços flexionados para frente, segurando uma bandeja de alimentos.
Relevo representando uma serva trazendo comida para uma mulher e seu filho na Roma antiga, século dois As atividades desempenhadas pelas mulheres variavam de acordo com a sua condição social.

Conquistas da plebe

No início da república, os plebeus eram excluídos do governo. Eles não podiam, por exemplo, exercer cargos da magistratura ou se casar com ­patrícios, mas eram obrigados a pagar impostos e a servir no exército.

Insatisfeitos com essa situação, os plebeus passaram a exigir mais participação na vida política de Roma. Para demonstrar sua força, em 494 antes de Cristovírgula eles se negaram a servir no exército, a pagar impostos e retiraram-se da cidade. Com isso, os patrícios perceberam que Roma não conseguiria sobreviver sem a participação da plebe e fizeram concessões. Ao longo do tempo, a plebe conquistou:

  • Tribunato da plebe (494 antes de Cristo): criação da magistratura do tribuno da plebe, figura inviolável, que tinha poderes para anular as decisões que prejudicassem os interesses dos plebeus;
  • Lei das Doze Tábuas (450 antes de Cristo): conjunto de leis escritas, que eram válidas para patrícios e plebeus. Embora o conteúdo dessas leis fosse geralmente favorável ao patriciado, o código escrito deu clareza às normas e evitava arbitrariedades dos magistrados patrícios;
  • casamento com patrícios (445 antes de Cristo): lei que autorizava o casamento entre plebeus e patrícios. Porém, na prática, só plebeus ricos conseguiam casar-se com patrícios;
  • eleição de magistrados (367 antes de Cristo): os plebeus conquistaram o direito de serem eleitos às magistraturas como questor, edil, pretor. Em 367 ­antes de Cristo, foi eleito o primeiro cônsul plebeu que, após o cumprimento de seu mandato, ingressou no Senado;
  • proibição da escravização por dívida (366 antes de Cristo): proibição decorrente de muitos plebeus terem sido escravizados pelos patrícios por não conseguirem pagar suas dívidas.

As diversas conquistas não beneficiaram igualmente todos os plebeus. Cargos públicos e privilégios ficaram concentrados entre os plebeus ricos – que, por sua vez, desprezavam a maioria pobre da plebe da mesma maneira que os patrícios. Dessa forma, o povo romano continuou sendo governado por uma oligarquiaglossário de ricos poderosos que incluía tanto patrícios quanto plebeus.

Relevo. Representação de diversos homens exercendo atividades manuais. Ao centro, um deles segura uma marreta. Na parte superior há uma balança, cestos e vários objetos em formato circular sobre prateleiras.
Relevo em mármore representando plebeus exercendo o ofício de ferreiro, na cidade de Pompeia, na Península Itálica, século um
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia o texto a seguir, sobre as Guerras Púnicas.

Aníbal, de Cartago

“Apesar de Roma e Cartago terem disputado durante anos o domínio do Mediterrâneo, os generais romanos não esperavam enfrentar na Europa adversários oriundos do norte da África, a mais de .1500 quilômetros de distância. No entanto, foi bem uma invasão com que se depararam em 217 antes de Cristo, sob a liderança do general cartaginês Aníbal.

As duas potências já haviam travado um longo e destruidor conflito – a Primeira Guerra Púnica –, no qual o líder cartaginês Amílcar Barca morrera em ação. De acordo com lendas, Barca jurou que seu filho Aníbal se vingaria; verdade ou não, o fato é que, quando estava na casa dos 20 anos, Aníbal já promovia agressivas incursões ao território romano. Quando se recusou a entregar aos romanos uma cidade espanhola, Roma declarou guerra em 218 antes de Cristo, dando início à Segunda Guerra Púnica.

Em um mês, Aníbal já estava a caminho de Roma com cêrca de 40 mil soldados, incluindo cavalaria, infantaria e 37 elefantes de batalha. Sua rota o conduziu por terra através da Espanha, por sobre os Pireneus, atravessando o Rio Ródano (que os elefantes cruzaram em balsas), e por sobre os Alpes, em uma travessia montanhosa de 15 dias que se tornaria lendária. Avançando sob tempestades de neve e avalanches, o exército de Aníbal também sofreu ataques dos gauleses, que lançaram pedras do alto das montanhas, semeando o pânico em homens e animais. Apesar disso, Aníbal conseguiu penetrar na Península Itálica com 20 mil soldados, 6 mil integrantes da cavalaria e um elefante sobrevivente.

Na Itália, Aníbal recrutou mais cêrca de 20 mil soldados entre os gauleses do norte. Em 216 antes de Cristovírgula enfrentou um enorme exército romano, de 86 mil homens, na cidade de Canas, na Apúlia. Como sabia que os romanos costumavam investir contra o centro da linha inimiga, Aníbal preparou-lhes uma armadilha. Fez com que os soldados adotassem uma formação de arco. A porção central de seus homens recuou diante do avanço romano, ao mesmo tempo em que os dois lados do arco fechavam-se sobre as fôrças inimigas. Roma perdeu cêrca de 50 mil soldados na pior derrota de sua história.

Essa vitória não impediu que a maré virasse contra Aníbal. Incapazes de alcançar Roma, os cartagineses isolaram-se de seus aliados e viram-se sobrepujados pelas legiões romanas. Nesse ínterim, Roma passou a atacar o território cartaginês na Espanha. No final, Aníbal foi convocado de volta ao norte da África para defender sua terra natal. Cartago foi conquistada pelos romanos, Aníbal fugiu para a Bitínia, na atual Turquia, onde se suicidou em 183 antes de Cristo, sem se entregar a seus inimigos.”

DANIELS, Patricia S.; HYSLOP, Stephen G. Atlas da história do mundo. São Paulo: Abril/National Geographic, 2004. página 83.

Alerta ao professor

O texto “Conquistas da plebe” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois, ao associar os direitos políticos a dinâmicas de inclusão e exclusão na Roma antiga.

Guerras e conquistas

Durante a república, Roma participou de várias guerras para defender e ampliar seu poder, território e riqueza. Entre os séculos cinco antes de Cristo e três antes de Cristo, por exemplo, os exércitos romanos passaram a controlar toda a Península Itálica.

Após a conquista da península, Roma enfrentou Cartago, próspera cidade no norte da África em plena expansão comercial. Esses confrontos, chamados Guerras Púnicas, ocorreram entre 264 antes de Cristo e 146 antes de Cristo A palavra “púnico” vem do latim e quer dizer “fenício”, em referência ao povo que fundou Cartago.

As batalhas das Guerras Púnicas foram longas e violentas, sacrificando ambos os povos em combate. Ao final, em 146 antes de Cristo, os romanos derrotaram os cartagineses. Além disso, ao longo dos séculos dois antes de Cristo e um antes de Cristo, o exército romano lutou e conquistou diversas regiões, como a da Macedônia, da Grécia, da Gália, da Hispânia, do Egito, da Capadócia e da Judeia (observe o mapa da página a seguir). Com as conquistas, os novos territórios foram transformados em províncias de Roma.

Todos esses conflitos provocaram mudanças na sociedade romana. Entre elas, a expansão do território, o aumento do ­número de escravizados e da miséria social em contraste com as riquezas do Estado. Essas riquezas cresceram por meio dos espólios de guerra e da arrecadação de impostos das ­pro­víncias. Além disso, houve o fortalecimento do exército.

Pintura. Uma multidão de pessoas, vestindo roupas coloridas, portando espadas, lanças, arcos, flechas e escudos. Muitos estão sobre o dorso de cavalos, e alguns sobre o dorso de elefantes. Entre as pessoas há diferentes bandeiras hasteadas.
A Batalha de Zama, pintura de Giulio Romano, cêrca de 1570-1580. A batalha representada ocorreu durante as Guerras Púnicas. Uma das características do exército cartaginense era o uso de elefantes nos combates.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

asterics e obelics contra César (Alemanha/França/Itália). Direção de clôd zidí, 1999. 109 min.

Adaptação dos quadrinhos centrada na invasão da Gália pelos romanos. Comédia que conta a versão dos gauleses, que, ao menos nas histórias em quadrinhos e no cinema, sempre venciam os romanos.

Roma e o Mediterrâneo

Os romanos dominaram grande parte do território ao redor do Mar Mediterrâneo e, com isso, passaram a controlar a navegação que ocorria por lá. Por volta do século um antes de Cristo, boa parte dessa região estava sob o domínio romano.

Domínio romano (século I a.C.)

Mapa. Domínio romano (século um antes de Cristo). Destaque para partes da Europa, da África e da Ásia banhadas pelos mares Mediterrâneo, Negro, Tirreno e Adriático. Em vermelho, Conquistas feitas durante a República, compreendendo áreas conquistas pelos romanos na Lusitânia, Hispânia, Aquitânia, Gália, Cisalpina, Ilíria, Bélgica, Itália, Macedônia, Acaia, Frígia, Lídia, Bitínia, Paflagônia, Capadócia, Cilícia, Mesopotâmia, Síria, Judeia, Cirenaica e Tripolitânia. Um quadrado preto marca as cidades importantes: Roma e Cartago. Um círculo preto marca cada uma das seguintes cidades: Olisipo (Lisboa), Gades, Málaca, Cartago Nova (Cartagena), Valência, Toledo, Numância, Narbona, Massília (Marselha), Niceia, Lyon, Lutécia (Paris), Trèves, Milão, Gênova, Aquileia, Pisa, Ancona, Nápoles, Tarento, Crotona, Messina, Agrigento, Siracusa, Tessalônica, Corinto, Atenas, Esparta, Bizâncio, Heracleia, Sinope, Éfeso, Selûcia, Salamina, Antioquia, Trípoli, Damasco, Jerusalém, Gaza, Pelúsio, Apolônia, Berenice, Trípoli, Útica. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 320 quilômetros.
Fontes: ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de São Paulo/Times Books, 1985. página 88-89; KINDER, Hermann; HILDEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 102.

Em latim, “mediterrâneo” significa “no meio das terras”. O Mar Mediterrâneo recebeu esse nome porque suas águas estão rodeadas por três continentes: Europa ao norte, África ao sul e Ásia a leste. O Mediterrâneo alcança o Oceano Atlântico através do Estreito de Gibraltar.

No Mediterrâneo, ocorreram intensas trocas culturais de mercadorias, pessoas, saberes e valores. Nele, navegaram pequenos barcos a remo e grandes navios de mercadores, que transportavam até mesmo milhares de escravizados.

Nessa época, o transporte marítimo era mais rápido do que o terrestre, sobretudo em regiões de relevo montanhoso como a Península Itálica.

Atualmente, o Mediterrâneo é uma das principais rotas migratórias do mundo. ­Milhares de pessoas que vivenciam situações de violência e ­miséria, principalmente na África e na Ásia, atravessam esse mar em busca de refúgio na Europa.

Fotografia. Pequenas embarcações repletas de passageiros sobre as águas do mar. Os passageiros vestem coletes salva-vidas laranjas.
Imigrantes atravessam o Mar Mediterrâneo para chegar à costa de Malta. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Roma e o Mediterrâneo” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco, ao abordar as dinâmicas de circulação de pessoas, produtos e culturas no Mediterrâneo no mundo antigo e atualmente.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre alguns meios de transporte e de comunicação utilizados pelos romanos antigos.

Transporte e comunicação

Viagens

As viagens nunca foram muito rápidas. Por mar, os barcos que transportavam passageiros viajavam quase exclusivamente a vela. Por terra, se havia algumas boas estradas [...], os meios de locomoção eram lentos: o correio imperial (cursus publicus), reservado em princípio aos empregados do Estado, fazia cêrca de 150 quilômetros por dia; as empresas particulares de transporte eram muito numerosas, mas seus postos de muda [abrigo para trocar animais cansados por descansados] eram mais espaçados e só viajavam durante o dia, de modo que não ultrapassavam 60 quilômetros diários. Só os ricos, que possuíam liteiras, cavalos, carruagens e postos de muda próprios, iam mais depressa.

Para ir depressa, preferia-se o cavalo. Do contrário, empregava-se a liteira (lectica), munida de cortinas e transportada nos ombros de dois, quatro, seis ou oito escravos, conforme as dimensões; o carpentum, carruagem de duas rodas, munida de um dossel com cortinas; para saídas urgentes, usava-se o cissium ou o essedum, pequeno carro descoberto, com duas rodas, que só comportava duas pessoas; e principalmente a raeda (ou reda), de quatro rodas, carro de viagem por excelência. Fabricavam-se veículos muito confortáveis. reticências

À lentidão das viagens e às inconveniências dos hotéis acrescentava-se a insegurança dos caminhos; nunca foi possível suprimir completamente os ladrões de estrada, mesmo na Itália. reticências

A correspondência

Numerosas cartas eram trocadas entre os romanos: cartas de negócios, cartas particulares, e, à falta de jornais, cartas para estar a par dos acontecimentos.

Os bilhetes eram escritos em tabuinhas, que se devolviam escrevendo nelas próprias a resposta [...]. Para as cartas, o material utilizado era o papiro. Cartas e bilhetes eram atados com um fio e lacrados [...].

A correspondência oficial circulava rapidamente, sobretudo quando o correio imperial reticências foi criado. Os particulares davam um jeito de fazer suas cartas chegarem ao destino quer por intermédio de portadores (mercadores, amigos, funcionários etcétera os quais, aliás, podiam demorar, quer no caso de possuírem grande número de escravos, por meio de escravos que faziam as vezes de correio, quer enfim tratando-se de Roma e seus arredores, entregando-as a moços de recado (tabellarii).”

BORNECQUE, H.;mornet dê Roma e os romanos. São Paulo: ê pê u/Edusp, 1976. página 152-155; 170-171.

PAINEL

Estradas romanas

Durante séculos, os romanos controlaram muitos territórios, impuseram suas leis e transmitiram sua cultura. Nesse processo, foi decisiva a construção de estradas. Vamos conhecer mais sobre as estradas romanas?

Estruturas das estradas

Não foram os romanos os primeiros a construir estradas, aquedutos ou pontes. No entanto, o que chama a atenção em suas obras é a qualidade do acabamento e o tamanho. Calcula-se que o percurso total das estradas pavimentadas tinha aproximadamente 85 mil quilômetros.

Para fazer uma boa estrada, era neces­sário seguir vários passos, entre eles:

  • escolher e estudar a rota da estrada;
  • preparar o terreno, cortando vegetações e retirando pedras do caminho;
  • fazer um buraco de mais ou menos um metro no terreno;
  • sobrepor algumas camadas de pedras e areia para construir uma estrutura sólida que aguentasse peso;
  • construir um sistema de escoamento de água de chuva.
Ilustração. Representação de um recorte de estrada sobre um solo terroso. Em uma vala aberta sobre a terra, há o preenchimento com níveis de diferentes tipos de solo, como areia, pedregulhos, terra e pedras. Há pessoas portando instrumentos de trabalho e carregando sacos em direção à estrada. No lado esquerdo há um círculo com destaque para as camadas da estrada, mostrando as divisões entre os níveis da estrutura, com camadas de areia, pedregulhos e terra sob o calçamento de pedras.
Representação artística da construção de uma estrada romana e, no recorte, é mostrado detalhe da estrutura de uma estrada, composta de camadas de pedra e areia.

Exemplos de estradas

  • Via Appia: construída no ano de 312 antes de Cristo, seu projeto inicial traçava uma rota entre duas cidades, Roma e Cápua. Essa estrada era tão bem-acabada que foi chamada pelos romanos de “A Rainha das Estradas”, em latim, Regina Viarum. Mas não se pode considerar a Via Appia um modelo típico de estrada romana, pois cada uma era construída de acordo com as condições de seu terreno.
  • Via Salaria: a construção de estradas ampliou as possibilidades de comunicação e comércio entre várias regiões. Um exemplo de estrada comercial era a Via Salaria, que ficou assim conhecida porque foi construída em uma antiga rota utilizada para transportar sal. Assim como nos dias atuais, naquela época o sal era um importante tempero e conservante de alimentos.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Depois de ler com os estudantes a seção “Painel” intitulada “Estradas romanas”, se possível, apresente algumas informações a respeito das rodovias brasileiras. A situação das rodovias do país é frequentemente retratada em matérias jornalísticas. Recomendamos uma pesquisa prévia sobre o tema para apresentar a eles algumas dessas matérias. Esse tema pode instigá-los a estabelecer relações entre passado e presente.

Veja alguns dados divulgados pela Confederação Nacional de Transportes (CNT), em 2021, sobre a situação das rodovias brasileiras:

  • o Brasil tem cérca de 1,7 milhão de quilômetros de rodovias, mas apenas 12,4% delas são pavimentadas;
  • no Brasil, o transporte rodoviário é responsável pela movimentação de cêrca de 65% das cargas e de cêrca de 95% dos passageiros; as rodovias brasileiras apresentam problemas como a falta de sinalização e pavimentação.

Fonte: CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE (CNT). Pesquisa cê êne tê de rodovias 2021. Brasília: CNT/SEST/Senat, 2021. página 12 e 14. Disponível em: https://oeds.link/HbFYpg. Acesso em: 4 maio 2022.

Apesar desses problemas, é possível comentar que existem no país rodovias de boa qualidade, que contam com pavimentação e sinalização adequada. Além disso, algumas delas são conhecidas por sua beleza e admiradas tanto por profissionais do transporte como por aqueles que circulam por elas de modo geral. Assim, se considerar conveniente, é possível mostrar imagens de rodovias como a Via-Serrana/Rota Romântica (Rio Grande do Sul) e a Maceió-Maragogi (Alagoas).

Lutas pela liberdade

Com as conquistas territoriais, milhares de prisioneiros de guerra foram escravizados. A escravidão tornou-se uma das bases da economia romana, fornecendo mão de obra para os mais diversos trabalhos na agricultura, no artesanato, no comércio e nos serviços em geral. Apesar do predomínio da escravidão, isso não significou a eliminação do trabalho livre.

A população escravizada era formada por pessoas de diferentes origens, como cartagineses, gregos, macedônios e asiáticos. Essa ­população resistia à escravidão de várias formas.

Entre 136 antes de Cristo e 132 antes de Cristo, por exemplo, escravizados se revoltaram e ­saquearam a Sicília. Posteriormente, em 73 antes de Cristo, ocorreu a maior revolta de escravizados da história romana. Calcula-se que a rebelião reuniu cêrca de 90 mil pessoas. Foi liderada por Espártaco, um gladiador forte e hábil.

Após dois anos de batalhas, os rebeldes foram cruelmente punidos. ­Espártaco morreu durante os confrontos com as fôrças romanas, e 6 mil de seus combatentes foram capturados e crucificados ao longo da Via Appia, para servir de exemplo aos demais escravizados.

Fotografia. Um palco de teatro com pessoas vestindo armaduras, portando escudos quadrados e espadas pontiagudas. Ao fundo, um homem em posição mais elevada, vestindo uma armadura e segurando um cetro em uma das mãos. Ao seu redor, diferentes hastes verticais com esculturas e símbolos diversos.
Bailarinos do Teatro Bolshoi encenam Spartacus (Espártaco, em português) na cidade de Minsk, Belarus. Fotografia de 2019. O espetáculo se baseia na história de Espártaco, líder de uma das maiores revoltas de escravizados ocorridas na Roma antiga.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Os textos “Lutas pela liberdade” e “Lutas por terra e trabalho” contribuem para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um seis e ê éfe zero seis agá ih um sete, ao caracterizar aspectos sobre a escravidão e o trabalho livre na Roma antiga.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre o convívio entre romanos e os não romanos após as conquistas territoriais.

Os não romanos entre os romanos

“Os romanos conquistaram primeiro a Itália e, depois, toda a Bacia do Mediterrâneo e, pouco a pouco, povos e mais povos foram sendo incorporados ao mundo romano. Ainda que esses outros povos fossem sendo considerados parte de Roma e que, até mesmo, a cidadania fosse concedida a indivíduos ou grupos inteiros, sempre muitos foram os não romanos. Dentre estes, os mais numerosos eram os escravos, muitas vezes provenientes dos lugares mais distantes de Roma. Ao se tornarem escravos deviam aprender a língua, os usos e costumes dos romanos, mas não deixavam de continuar com muitas de suas crenças e valores originais. Talvez o mais famoso exemplo seja o de Espártaco, homem nascido na Trácia, na Europa Oriental. Serviu no exército romano, desertou e tornou-se líder de uma quadrilha. Tendo sido preso, foi vendido como escravo para um treinador de gladiadores. E, em 73 antes de Cristo, em Cápua, convenceu outros gladiadores a fugirem. A revolta espalhou-se e noventa mil escravos juntaram-se a eles, sob comando de Espártaco, derrotando os dois cônsules, em 72 antes de Cristo Mas no ano seguinte, foram, finalmente, vencidos. Houve muitas outras revoltas e fugas, mas nenhuma tão grande quanto esta. (A referência à Revolta de Espártaco ultrapassa sua época, pois seu nome foi usado para designar movimentos de resistência e revoltas contra variadas fórmas de opressão ao longo da História, inclusive no século vinte, como no Movimento Espartaquista, na Alemanha, em 1917.)

Quando os romanos conquistaram os gregos, no século dois antes de Cristo, encontraram uma civilização que acharam grandiosa. Passaram a estudar a língua e a Literatura gregas, a conhecer a Filosofia, a importar obras de arte e professores gregos. Os romanos de posses passaram a conhecer o grego até melhor do que o latim, como hoje em dia, quando alguns consideram o inglês mais importante que o português. Os gregos, mesmo conquistados pelos romanos, não se preocupavam em aprender o latim de seus dominadores e, ao contrário, os romanos passaram a usar o grego em tudo o que se publicava no mundo de fala grega. reticências

A maioria dos povos conquistados, contudo, não era assim tão respeitada pelos romanos. Os povos podiam continuar a usar suas línguas e praticar seus costumes, mas apenas o latim era aceito como veículo de comunicação oficial.”

FUNARI, Pedro P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2009. página 125-126.

Lutas por terra e trabalho

As guerras de conquista ­territorial aprofundaram as desigualdades ­sociais em Roma. De modo geral, a ­elite romana beneficiou-se com os conflitos, pois aumentou seu patrimônio em termos de terras, escravizados e metais preciosos. Nesse período, houve o crescimento de latifúndios escravistas (grandes fazendas) que produziam gêneros agrícolas e criavam animais.

Ao contrário da elite, a maioria da população ficou mais pobre. Quando retornavam das batalhas, muitos soldados plebeus, por exemplo, ficavam sem trabalho e sem terras, em consequência do aumento da escravidão e da perda de suas propriedades.

Essa situação levou vários plebeus a deixar o campo e se mudar para a cidade em busca de uma vida melhor. Nas cidades, no entanto, muitos passaram a viver na miséria e, por isso, foram chamados de proletários, isto é, aqueles que tinham filhos (prole, em latim) e poucos bens.

Mosaico. Um conjunto de pessoas em trabalhos rurais. Algumas pessoas estão próximas a animais, como bois e cavalos; outras estão voltadas para plantações.
Mosaico representando uma cena da vida rural, séculotrês Essa peça foi encontrada na atual Tunísia, região que fazia parte do Império Romano na época.
Relevo. Homens vestindo armaduras, colhendo trigo e carregando ramos do cereal sobre suas costas, em área de plantação.
Detalhe em relevo representando soldados romanos colhendo trigo, século dois
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Após ler o texto de aprofundamento “Os não romanos entre os romanos” para a turma, peça aos estudantes que respondam às questões a seguir.

1. Quem foi Espártaco e o que ele fez?

Resposta: Espártaco foi o líder de uma importante revolta de escravizados na Roma antiga. Nascido na Trácia, localizada na Europa Oriental, ele serviu no exército romano e, depois, desertou, sendo preso e vendido como escravo para um treinador de gladiadores. Em 73 antes de Cristo, comandou uma grande revolta que reuniu cêrca de 90 mil escravizados e derrotou dois cônsules.

2. Que povo dominado pelos romanos conquistou a admiração deles? Explique.

Resposta: Os gregos foram dominados pelos romanos no século doisantes de Cristo Mas os romanos passaram a admirar e a difundir a cultura da Grécia antiga, estudando a língua, a Literatura, a Arte e a Filosofia gregas, por considerarem a civilização grega grandiosa.

3. Em sua opinião, na atualidade, a língua inglesa é mais valorizada do que a língua portuguesa no Brasil? Debata o assunto com os colegas pensando em situações do cotidiano.

Resposta: Resposta pessoal, em parte. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que, assim como os romanos admiravam a língua grega, existem atualmente muitos brasileiros que admiram a língua inglesa e procuram aprender esse idioma. Explique que o poder econômico, político e cultural dos Estados Unidos se manifesta, entre outras fórmas, pela difusão da língua inglesa em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Além disso, é possível mencionar que há muitas expressões inglesas incorporadas ao nosso cotidiano, tais como mouse, marketing, hot dog, pendrive, notebook, web, on-line, entre outras.

Tibério e Caio Graco

O aumento da miséria e da escravidão gerou conflitos sociais. Procurando resolver esses problemas, os tribunos da plebe faziam propostas de reformas, mas não conseguiam aprová-las no Senado. Foi o caso dos irmãos Tibério e Caio Graco, eleitos em diferentes momentos para o cargo de tribuno da plebe.

Em 133 antes de Cristo, Tibério Graco fez as primeiras propostas: limitar o tamanho dos latifúndios (grandes propriedades rurais) e distribuir terras e trigo aos plebeus. Os patrícios derrotaram o projeto de reforma agrária no Senado e Tibério foi morto por seus opositores.

Dez anos depois, Caio Graco retomou os projetos do irmão Tibério. ­Conseguiu ­alguns avanços, como a venda de trigo para a população por preços mais baixos. No ­entanto, a oposição do Senado acabou levando Caio Graco à morte. As reformas sociais fracassaram e a república enfrentou novas turbulências sociais.

Escultura. Busto de dois homens, lado a lado, ambos com cabelos lisos e curtos, vestindo togas. Os dois apoiam uma das mãos sobre uma folha de papel com textos escritos.
Escultura de bronze representando os irmãos Graco, de Jean-Baptiste Claude Eugène Guillaume, 1853.

Crise e fim da república

Diante dos conflitos políticos em Roma, o Senado perdeu poderes para os chefes militares. Isso ficou mais evidente em 59 antes de Cristo, quando os senadores nomearam três chefes militares: Júlio César, Crasso e Pompeu. Eles formaram uma cúpula de governo, o chamado primeiro triunvirato.

Posteriormente, surgiram disputas entre esses três chefes militares. No final, Júlio César venceu seus rivais, assumiu altos cargos e obteve grande popularidade. Acumulou o cargo de cônsul, tribuno, sumo sacerdote, supremo comandante do exército e, por fim, de ditador vitalício. Durante seu governo, construiu obras monumentais, reorganizou o governo, distribuiu terras aos cidadãos com famílias maiores e impulsionou a colonização das províncias.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

A população brasileira vive de maneira extremamente desigual. Como essas desigualdades sociais se expressam em seu dia a dia? De que modo você as percebe?

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que detalha a história dos irmãos Graco como tribunos da plebe.

A revolução dos Graco

“Em 133 antes de Cristo, Tibério Graco (163-133 antes de Cristo), que descendia de uma das mais honradas famílias de Roma, foi eleito tribuno. Insatisfeito com a injustiça imposta aos camponeses e reconhecendo que o exército romano dependia da lealdade dos pequenos proprietários, Tibério tornou-se o porta-voz da reforma agrária. Propôs uma solução simples e moderada para o problema dos camponeses sem terra: a reaplicação de uma lei antiga que proibia a qualquer pessoa usar mais de 312 acres de terra pertencentes ao Estado, obtida durante a unificação da Itália. Por muitos anos a classe alta ignorara essa lei, ocupando ilegalmente imensos lotes de terra pública e tratando-os como se fossem seus. Ao colocar em vigor a lei, Tibério esperava liberar os lotes para redistribuí-los aos sem terra.

As principais famílias romanas consideravam Tibério como um revolucionário que lhes ameaçava as propriedades e a autoridade política. Julgavam-no um democrata que enfraqueceria o Senado, séde do poder aristocrático, em benefício da Assembleia, que representava os plebeus. Acaso não propusera Tibério que a Assembleia organizasse os negócios e dispusesse do tesouro de Pérgamo, a mais nova província romana? Certamente essa atitude violou o direito senatorial de controlar as finanças e administrar as províncias, afirmavam os senadores. Para alguns, Tibério era um agitador de massas cujo objetivo era destruir a constituição romana e tornar-se um governante absoluto. O fato de Tibério tentar reeleger-se tribuno favoreceu esse julgamento, uma violação à tradição constitucional. Para preservar esse status quo, em que o poder e a riqueza se concentravam nas mãos de algumas centenas de famílias, os senadores extremados assassinaram Tibério e cérca de 300 de seus partidários, cujos corpos foram lançados ao Tibre.

A causa da reforma agrária foi outra vez retomada por Caio Graco (153-121 antes de Cristo), irmão mais novo de Tibério. Este, um orador talentoso e emotivo, conquistou o apoio dos pobres da cidade e foi eleito tribuno em 123 antes de Cristo Por ser um político mais astuto do que o seu irmão, Caio aumentou o número dos seus partidários, favorecendo os Equites, a nova classe de mercadores plebeus e prometendo cidadania plena a todos os italianos. Ajudou os pobres ao reapresentar o plano de seu irmão de distribuição de terras e ao lhes possibilitar a compra de cereais do Estado por menos da metade do preço do mercado. No entanto, tal como seu irmão, despertou o ódio da classe senatorial. Desencadeou-se em Roma uma rápida guerra civil em que Caio Graco (que talvez tenha cometido suicídio) e 3.000 dos seus seguidores morreram.

Ao matar os irmãos Graco, o Senado substituíra a razão por violência e tornara o assassinato um meio de se desfazer da oposição incômoda. Uma classe governante não pode comportar-se como arruaceiros. Logo a clava e a adaga tornaram-se armas comuns na política romana, mergulhando, desse modo, Roma numa era de violência política que terminou com a destruição da república.”

PERRY, Marvinêti ól Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985. página 120.

Para pensar

Resposta pessoal. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, explique que as desigualdades sociais no Brasil podem ser percebidas em diversas situações cotidianas, como aquelas relacionadas à moradia, à educação, à saúde, ao trabalho, ao transporte e ao consumo em geral.

Com tantas realizações e tantos poderes, César ­despertou contra si o ódio de muitos patrícios. Diziam que César pretendia proclamar-se rei. Foi então que um grupo de sena­dores, liderado por Bruto e Cássio, acusou César de pretender acabar com a república. Ao comparecer ao ­Senado, César foi assassinado pelos opositores, em 44 antes de Cristo

Escultura. Homem de cabelos curtos, vestindo uma armadura e uma capa em suas costas. Está em pé, e tem um de seus braços flexionado para frente.
Júlio César representado em escultura de mármore do século um

Com a morte de César, líderes políticos como Marco Antônio (apoiado pelos plebeus), Otávio (sobrinho e herdeiro de César) e Lépido (general competente) formaram o segundo triunvirato, em 43 antes de Cristo Aliaram-se para combater os senadores que conspiraram contra Júlio César. Sufocada a conspiração, Marco Antônio, Otávio e Lépido entraram em disputas políticas. Ao final dessas disputas, Otávio saiu-se vitorioso e, a partir de 27 antes de Cristo, tornou-se o principal governante de Roma e suas províncias, como estudaremos no próximo capítulo.

Fotografia. Vista de ruínas de uma construção, com uma pequena escadaria direcionada para um salão plano retangular com colunas cilíndricas em seu perímetro. A área é cercada por prédios e construções atuais, além de árvores e terreno gramado.
Vestígios da Cúria de Pompeu, em Roma, Itália. Fotografia de 2021. O local era um dos salões onde o Senado romano se reunia e onde Júlio César foi morto.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Relacione os nomes dos grupos sociais com suas descrições.

  1. Patrícios
  2. Plebeus
  3. Clientes
  4. Escravizados
  1. Grupo formado, basicamente, por prisioneiros de guerra e por plebeus que não conseguiram pagar suas dívidas.
  2. Parcela da população que trabalhava para os patrícios em troca de proteção e ajuda econômica.
  3. Formavam a elite romana, que concentrava poder político e econômico.
  4. Formavam a maioria da população, trabalhando em diversas atividades. Podiam enriquecer e, até o início da república, não tinham direitos políticos.
  1. Durante a república, os plebeus lutaram por uma vida melhor e, com isso, conseguiram alguns direitos. Cite exemplos de conquistas dos plebeus e, depois, explique se essas conquistas beneficiaram todos os plebeus igualmente.
  2. Identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta em seu caderno.
    1. As conquistas militares promoveram expansão territorial, concentração de riquezas, aumento do número de escravizados e o domínio do Mar Mediterrâneo.
    2. O contrôle do Mar Mediterrâneo impediu as trocas culturais entre Europa, África e Oriente Médio.
    3. As mulheres romanas não tinham direitos políticos, mas podiam participar de eventos públicos, como lutas de gladiadores e apresentações de teatro.
    4. A revolta liderada por Espártaco foi um grande exemplo de resistência contra a escravidão.
    5. Júlio César foi acusado de conspirar contra o Império e, por isso, foi assassinado.

integrar com matemática

Interpretar texto e imagem

4. Em dupla, leiam o texto a seguir sobre a Roma antiga. Depois, façam os cálculos e reflitam sobre a diferença de remuneração conforme o tipo de trabalho.

“Havia grande desigualdade social em Roma antiga. Em meados do século dois antes de Cristo, historiadores estimam que um trabalhador livre ganhava cêrca de 50 sestérciosglossário por mês. Já um senador ganhava por volta de 8300 sestércios por mês.”

CORASSIN, Maria Luiza. A reforma agrária na Roma antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988. página 47-48.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividades 2, 4 e 5);
  • cê gê dois (atividade 4);
  • cê ê cê agá dois (atividade 4);
  • cê ê cê agá cinco (atividade 4);
  • cê ê agá um (atividades 4 e 5);
  • cê ê agá três (atividades 4 e 5);
  • cê ê agá quatro (atividade 2);
  • cê ê agá cinco (atividades 3 e 5);
  • ê éfe zero seis agá ih um um (todas as atividades);
  • ê éfe zero seis agá ih um dois (atividade 1);
  • ê éfe zero seis agá ih um nove (atividade 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

    1. quatro; b) três; c) um; e d) dois. Ressalte que a escravidão por dívidas foi proibida em 366 antes de Cristo, durante a República Romana.
  1. Entre as principais conquistas dos plebeus na Roma antiga, podemos citar: a criação da magistratura do Tribunato da plebe (494 antes de Cristo), que podia anular decisões prejudiciais aos plebeus; a formulação da Lei das Doze Tábuas (450 antes de Cristo), que buscava evitar arbitrariedades dos magistrados patrícios; a autorização do casamento entre plebeus e patrícios (445 antes de Cristo); a proibição da escravidão por dívidas (366 antes de Cristo), que atingia principalmente os plebeus; e o direito de eleger e ser eleito magistrado (367 antes de Cristo). Com exceção do fim da escravidão por dívidas, essas conquistas beneficiaram principalmente os plebeus mais ricos.
  2. Estão incorretas as frases b e e, que podem ser corrigidas da seguinte fórma:

b) O contrôle do Mar Mediterrâneo contribuiu para que ocorressem intensas trocas culturais entre Europa, África e Oriente Médio.

e) Júlio César foi acusado de conspirar contra a república e, por isso, foi assassinado.

  1. Quanto recebiam por mês, aproximadamente, um trabalhador livre e um senador romano? Calcule quantas vezes um senador romano ganhava a mais que um trabalhador comum.
  2. Atualmente, qual é o valor do salário mínimo no Brasil e quanto recebe por mês um senador brasileiro? Calcule quantas vezes um senador brasileiro recebe a mais que um trabalhador que ganha salário mínimo.
  3. Pesquise quais profissões, em média, recebem remuneração mais alta e quais recebem baixa remuneração. Levante hipóteses que poderiam explicar a diferença de rendimento entre as profissões. Elabore argumentos e compartilhe com os colegas um breve relatório com suas conclusões.

5. Leia o texto a seguir com atenção e, depois, responda às questões.

Mundo interligado

Com a expansão do Império Romano, expandiram-se também suas estradas. Elas­ foram importantes do ponto de vista militar, porque permitiam o deslocamento rápido das t­ropas, e comercial, uma vez que por elas circulavam viajantes e mercadorias. Ao facilitar o transporte e a comunicação, as estradas aproximaram culturas variadas.

No mundo atual, os setores de transporte e de comunicação passaram por transformações aceleradas. Vivemos em um planeta interligado por redes físicas (estradas, linhas aéreas, rotas marítimas) e virtuais, especialmente redes de comunicação. É cada vez maior a quantidade de pessoas, informações, bens e serviços que circulam pelo mundo.

Texto elaborado pelos autores.

  1. Qual era a importância das redes de comunicação e transporte para o Império Romano?
  2. Quais são os meios de transporte e de comunicação que você mais utiliza?

6. No século dois a.C., durante a República Romana, Tibério Graco fez o seguinte discurso sobre os soldados plebeus:

“Os animais selvagens espalhados pela Itália têm, cada um, seu buraco, seu antro reticências e aqueles que combatem e morrem pela Itália só têm o ar e a luz: nada mais. Sem casa, sem morada fixa, perambulam com suas mulheres e filhos. reticências

[Esses soldados] Fazem a guerra e morrem unicamente pelo luxo e a opulência de outrem: nós os chamamos de senhores do mundo, mas eles não possuem sequer um torrão de terra.”

PLUTARCO. Vida de Tibério Graco. apud GOVERNO do Estado de São Paulo. Secretaria de Educação/Cenp. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: ésse ê/Cenp, 1979. página 65.

  1. Quem é o autor do discurso? Qual é data do documento?
  2. O que o autor está denunciando?
  3. Que cargo político o autor do texto desempenhou em Roma? Que reformas ele propôs?
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

  1. Esta atividade desenvolve o tema contemporâneo transversal Trabalho, ao solicitar que os estudantes pesquisem e levantem hipóteses sobre as diferenças de rendimento entre as profissões.
    1. Um senador romano ganhava cêrca de 8.300 sestércios por mês e um trabalhador livre recebia, em média, 50 sestércios mensais. Assim, na Roma antiga, um senador recebia aproximadamente 166 vezes mais do que um trabalhador livre.
    2. Em 2022, o valor do salário mínimo nacional era de R$ 1.212,00mil duzentos e doze reais e o salário de um senador era de R$ 33.763,00trinta e três mil setecentos e sessenta e três reais. Porém, cada senador (e deputado federal) pode receber também benefícios como auxílio-moradia, ajuda de custo, carro oficial e verba de gabinete. Assim, no Brasil, em 2022, um senador recebia mais de 27 salários mínimos, desconsiderando os benefícios a que tem direito.
    3. Atividade de pesquisa e levantamento de hipóteses. Uma possível fonte de pesquisa é a reportagem disponível em: https://oeds.link/Luh1Yu (acesso em: 25 abril 2022). Espera-se que, em seus relatórios, os estudantes apontem que as diferenças de rendimento entre as profissões podem decorrer de diversas condições, incluindo o grau de qualificação exigida, eventuais riscos à saúde física e mental, contextos históricos e decisões políticas.
    1. As redes de comunicação e transporte eram importantes no Império Romano, assim como em outras sociedades, porque viabilizavam o contrôle militar e econômico e a circulação de pessoas, produtos, cultura e informações. Para responder a essa questão, sugerimos a leitura do texto de aprofundamento “Transporte e comunicação” (página 158-159).
    2. Resposta pessoal. É possível que os estudantes mencionem redes sociais e aplicativos de mensagens como os meios de comunicação que eles mais utilizam. Aproveite para explorar mudanças e permanências que ocorreram ao longo do tempo, comentando outros meios, como a televisão, o rádio, o jornal impresso e o telefone. Sobre os meios de transporte, procure explorar com os estudantes os meios mais utilizados e os meios alternativos, destacando os impactos ambientais de cada um deles.
    1. O autor é Tibério Graco, e seu discurso foi proferido no século dois antes de Cristo, durante a República Romana.
    2. Em seu discurso, Tibério denunciava a miséria em que viviam os soldados plebeus depois que voltavam das batalhas. Na época da República Romana, muitos plebeus participavam dos exércitos. Eles lutavam para que Roma conquistasse diversos territórios ao redor do Mar Mediterrâneo. Porém, ao retornarem para casa, muitos soldados ficavam sem trabalho e sem terras. Já a elite romana se beneficiava das conquistas militares, aumentando suas riquezas.
    3. Tibério Graco era tribuno da plebe e, em 133 antes de Cristo, ele propôs reformas para limitar o tamanho dos latifúndios (grandes propriedades rurais) e distribuir terras e trigo aos plebeus. Foi morto por seus opositores.

Glossário

Tito Lívio
: escritor romano nascido aproximadamente em 59 a.C., que buscou relatar a história de Roma do momento de sua fundação até o início do séculoum
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Abóbada
: construção em forma de arco, que se apoia sobre paredes ou colunas e serve para cobrir um espaço.
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Gladiador
: pessoa que lutava com outras pessoas ou animais ferozes para entretenimento do público. Em geral, os gladiadores eram escravizados ou prisioneiros de guerra.
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Oligarquia
: governo exercido por um pequeno grupo de pessoas, por uma elite da sociedade.
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Sestércio
: antiga moeda romana.
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