UNIDADE 4 SOCIEDADE E RELIGIÃO
CAPÍTULO 11 EUROPA MEDIEVAL
Você, provavelmente, já viu filmes inspirados em sociedades medievais europeias. Suas histórias mostram, por exemplo, castelos, reis, rainhas e duelos de guerreiros. Podem mostrar também perseguições religiosas, doenças (como a peste negra), batalhas das Cruzadas etcétera
No passado, a Idade Média foi chamada “Idade das Trevas”. Atualmente, os historiadores reagem a essa imagem anacrônica apontando que o período medieval não se resumiu a um momento tenebroso da história. Porém, nem tudo foi um “mar de rosas”.
responda oralmente
para começar
Você já assistiu a algum filme ambientado no período medieval? Cite e comente.
Orientações e sugestões didáticas
Habilidades da Bê êne cê cê
- ê éfe zero seis agá ih um quatro
- ê éfe zero seis agá ih um seis
Objetivos do capítulo
Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, a formação da Europa medieval, e de assuntos correlatos, como os debates em torno da expressão “Idade Média”; as migrações e invasões germânicas; características sociais, econômicas e culturais dos povos germânicos; o desenvolvimento dos reinos germânicos, com destaque para o Império Carolíngio; e o surgimento do feudalismo e suas fórmas de organização do trabalho e da vida social, com destaque para as relações entre senhores e servos.
- Reconhecer os povos germânicos quanto à sua organização social, econômica, jurídica e religiosa.
- Compreender a formação e o desenvolvimento do Reino Franco, com destaque para o Império Carolíngio e o Renascimento Carolíngio.
- Analisar aspectos políticos, sociais e econômicos do feudalismo.
Alerta ao professor
Esta abertura de capítulo, incluindo o boxe “Para começar”, contribui para o desenvolvimento da competência cê gê três, ao possibilitar o contato com práticas diversas da produção artístico-cultural que remontam à Europa medieval.
Para começar
Resposta pessoal. Entre as diversas histórias que fazem referência à Idade Média, podemos citar: Crônicas de Nárnia, Malévola, Shrek, Branca de Neve e o caçador, Valente, O caçador e a rainha do gelo, Caldeirão mágico etcétera
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Para evitar o anacronismo, não podemos compreender as ações dos agentes históricos com base em valores predominantes no presente. Isso vale tanto para a Idade Média como para qualquer outro período histórico. O rótulo “Idade das Trevas” atribuído ao período medieval é expressão de anacronismo.
Idade Média
A expressão “Idade Média” é utilizada para se referir a um período da história europeia de aproximadamente mil anos. No entanto, os marcos exatos para determinar o início e o fim desse período variam de acordo com as interpretações dos historiadores.
Para os marcos iniciais, foram sugeridas datas como 476 (deposição do último imperador romano), 380 (oficialização do cristianismo) e 395 (divisão do Império Romano).
Para os marcos finais, foram apontados os anos de 1453 (tomada de Constantinopla) e 1492 (chegada de Colombo à América).
Além de se referir a um período da história europeia, a expressão Idade Média ganhou vários sentidos ao longo do tempo. Esse período já foi representado:
- de fórma negativa, como a “Idade das Trevas”, uma época obscura, marcada pela intolerância da Igreja, pelo atraso tecnológico e pelo declínio das atividades comerciais;
- de fórma positiva, como uma época de fé religiosa, de reis e rainhas poderosos, de castelos exuberantes e de nobres guerreiros.
Atualmente, os historiadores procuram não julgar, com critérios do presente, a Idade Média, mas, sim, compreender esse período, ou seja, entender da melhor maneira possível a história das sociedades daquela época.
responda oralmente
para pensar
Você já ouviu a expressão “Idade Média” ou “período medieval”? Com qual sentido?
dica livro
LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus filhos. São Paulo: Agir, 2007.
Com perguntas e respostas e um texto acessível, o livro apresenta as principais características da Idade Média.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Idade Média” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê agá dois, cê ê agá quatro e cê ê agá seis.
Orientação didática
Este capítulo permite que se discutam as noções de ruptura e continuidade na História. A periodização tradicional estabelece a queda do Império Romano como uma ruptura de estruturas políticas do mundo antigo, marcando o fim da Antiguidade. Contudo, muitos elementos daquele período fazem parte da Idade Média. Por exemplo, as sociedades medievais adotaram o cristianismo e a língua latina, o que aponta para a continuidade de aspectos da cultura romana.
Para pensar
Resposta pessoal. Com frequência, a palavra “medieval” é utilizada em sentido pejorativo, referindo-se a um período marcado pela intolerância religiosa, pelo obscurantismo e por um retrocesso nas atividades intelectuais, artísticas e econômicas. Porém, esse sentido pejorativo ignora a rica produção artística, intelectual e tecnológica do período, que também é marcado pelo surgimento das primeiras universidades europeias, de novos instrumentos e técnicas agrícolas, de grandiosos castelos e catedrais, entre outros.
fórmas de contato: migrações e invasões
O Império Romano do Ocidente enfrentou a pressão militar de diversos povos: germanos, hunos, celtas e eslavos. Entre os séculos dois e V, os germanos entraram no território do império por meio de migrações pacíficas e de invasões violentas. Isso contribuiu para desestruturar o Império Romano e, ao mesmo tempo, promoveu trocas culturais entre romanos e germanos.
Em um dos ataques a Roma, o imperador Rômulo Augústulo foi deposto por Odoacro, rei de um dos povos germânicos. De acordo com uma periodização tradicional, esse fim do Império Romano do Ocidente marca o início da Idade Média.
Migrações e invasões germânicas (séculos quatro- cinco)
integrar com Geografia
Responda no caderno
observando o mapa
O que os seguintes elementos da legenda do mapa indicam: amarelo-claro; laranja; linha preta tracejada; setas coloridas; e pontos pretos?
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “ fórmas de contato: migrações e invasões” contribui para o desenvolvimento das competências cê ê cê agá cinco e cê ê agá cinco, assim como da habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro, pois identifica diferentes interações dos povos germânicos com os romanos. Já o boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.
Observando o mapa
Atividade que tem por objetivo promover a alfabetização cartográfica, levando o estudante, nesse caso, a interpretar a legenda do mapa considerando: a extensão do Império Romano do Ocidente (amarelo-claro); a extensão do Império Romano do Oriente (laranja); a delimitação entre as extensões desses impérios (linha preta tracejada); as rotas percorridas por onze diferentes povos (setas coloridas) e a “localização” de cidades (pontos pretos). Ressalte aos estudantes que os elementos que aparecem nessa legenda fazem parte de uma simbologia cartográfica que pode ser encontrada em outros mapas. O mapa representa as rotas percorridas por onze povos, incluindo jutos, anglos, saxões, suevos, lombardos, francos, godos (visigodos e ostrogodos), burgúndios, vândalos, alanos e hunos. Desses povos, apenas os hunos não eram germânicos.
Texto de aprofundamento
O texto a seguir, escrito pelo filósofo medievalista Carlos Arthur Nascimento, permite compreender a origem do conceito de Idade Média.
Origem do conceito de Idade Média
“Um pedagogo alemão chamado Christoph Keller, em latim Cellarius (1638-1707), consagrou a divisão da história ocidental em antiga, medieval e moderna. Consagrou também a ideia que se generalizou sobre o período medieval.
Keller escreveu três manuais: um de história antiga (1685), um de história da Idade Média (1688) e um de história nova (1696).
Idade Média, segundo Keller, estende-se da época do imperador Constantino (324) até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453). Se, em vez da primeira data, adotarmos a da tomada de Roma pelo chefe germânico Odoacro, em 476, teremos a periodização corrente nas escolas.
Keller propôs também a ideia de que o período intermediário entre a Antiguidade e a Época Moderna nada produziu de importante. Foi um período não só estéril, mas de retrocesso: ‘a Idade das Trevas’.”
NASCIMENTO, Carlos Arthur. O que é filosofia medieval. São Paulo: Brasiliense, 1992. página 8-9.
Povos germânicos
Chamamos “germanos” um grupo de povos que falavam línguas de mesma origem, entre eles, saxões, visigodos, ostrogodos, vândalos, francos, alanos, suevos, burgúndios, lombardos e hérulos. Mas cada povo tinha sua própria cultura.
Supõe-se que os povos germânicos surgiram na região do Mar Báltico e do Mar do Norte, que atualmente compreende a Suécia, a Noruega e a Dinamarca. Entre 3000 antes de Cristo e 2500 , antes de Cristo esses povos começaram a migrar para a Europa Central e Oriental. No final do século dois , antes de Cristo os germanos e os romanos, ambos em expansão, entraram em contato direto e travaram confrontos.
Inicialmente, os germanos não construíram cidades nem organizaram governos centralizados. As bases de sua sociedade eram a família e a comunidade. O pai era a figura central nas famílias germânicas, exercendo autoridade sobre a esposa e os filhos. Por isso, dizemos que essas famílias eram do tipo patriarcal, assim como as gregas e as romanas.
A reunião de várias famílias em uma região podia formar uma aldeia. Nas aldeias, as decisões eram tomadas pelas assembleias de homens livres, entre os quais se destacavam os guerreiros. Nessas assembleias, eram escolhidos líderes para chefiar os soldados. Foram esses líderes que deram origem aos reis e ao poder hereditário, que passa de pai para filho.
Como não dominavam a escrita, suas leis eram transmitidas oralmente entre os membros da comunidade. O direito entre os germanos era consuetudinário, isto é, com base nos costumes. Vários aspectos desse direito consuetudinário foram integrados ao Direito romano, principalmente durante a formação dos reinos germânicos.
Os povos germânicos viviam da criação de gado, da agricultura (plantando trigo, cevada, centeio e legumes), da caça e da pesca. Fabricavam carroças, embarcações, tijolos e armas de metal.
Os germanos eram politeístas. Seus deuses eram associados a fenômenos da natureza, como tempestades, céu, raios, trovão. Contudo, depois do século V, muitos germanos tornaram-se monoteístas ao se converterem ao cristianismo.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Povos germânicos”, incluindo seu subitem, favorece o desenvolvimento da competência cê ê agá cinco ponto
Orientação didática
O texto “Povos germânicos” trabalha aspectos do tema contemporâneo transversal Vida familiar e social, ao mostrar que as famílias germânicas, gregas e romanas eram do tipo patriarcal. Nessas famílias, o pai exercia autoridade sobre esposa e filhos. O tipo de família patriarcal prevaleceu no Brasil e em várias sociedades do mundo até meados do século vinte. Essa situação vem se transformando lentamente, à medida que avançaram as lutas pela emancipação feminina. A atual Constituição Federal do Brasil declara que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”( Artigo 5º, primeiro). No entanto, essa norma do país “legal” somente será efetivada no país “real” por meio de atitudes concretas que façam valer as conquistas da cidadania plena.
Reinos germânicos
A formação dos reinos germânicos foi um processo longo e complexo. Após o período das invasões violentas, os diferentes povos germânicos passaram a dominar regiões da Europa Ocidental. Por exemplo, os visigodos ocuparam parte da Península Ibérica; os ostrogodos, a Península Itálica; os francos, a região da Gália. Durante a formação desses reinos, houve uma mescla de elementos culturais germânicos e romanos.
A maioria dos reinos germânicos não durou muito. Alguns reinos foram dominados e outros acabaram se dissolvendo. Apenas o reino dos francos conseguiu se estruturar e expandir seus domínios. O mapa a seguir mostra os territórios dos reinos germânicos na Europa do século . seis
Reinos germânicos e Império Romano do Oriente (século seis)
Responda no caderno
observando o mapa
Quais reinos germânicos ocupavam regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo no século ? seis
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.
Observando o mapa
Os reinos dos vândalos, dos visigodos e dos ostrogodos ocupavam as regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo no século VI. Ressalte que nessa época o Império Romano do Oriente também era banhado, a leste, pelo Mar Mediterrâneo.
Reino Franco
Os francos construíram um reino forte e duradouro. Os primeiros soberanos desse povo eram da dinastia merovíngia e governaram do século cinco ao século . oito O termo “merovíngio” vem de Meroveu, chefe de uma das tribos que deram início à unificação do reino dos francos.
O sucessor de Meroveu foi Clóvis, que fortaleceu o Reino Franco e expandiu seu território. Durante o reinado de Clóvis ( cêrca de 482-511), a maioria dos francos se converteu ao catolicismo, e o Reino Franco tornou-se importante aliado da Igreja Católica.
A partir de 639, a dinastia merovíngia entrou em crise, e as funções do rei passaram a ser exercidas por um alto funcionário da côrte – o prefeito do palácio, também chamado “mordomo do paço“. Um desses mordomos foi Carlos Martel, que governou de 714 a 741. Martel conquistou prestígio e poder, entre outros motivos, por ter comandado o exército cristão que, na Batalha de Poitiers (732), deteve o avanço dos muçulmanos na Europa. Por interromper esse avanço islâmico, Carlos Martel foi chamado de “salvador da cristandade”.
Após sua morte, Carlos Martel foi sucedido no cargo de mordomo do paço do Reino Franco por seu filho Pepino, conhecido como “o Breve”. Em 751, Pepino destronou o último rei merovíngio e fundou uma nova dinastia.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Reino Franco”, incluindo seus subitens, contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá cinco e da habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro, pois identifica e analisa diferentes interações entre os francos cristãos e outros povos ao longo do tempo em territórios na Europa.
Formação do Império Carolíngio
A segunda dinastia dos francos chamou-se carolíngia, termo derivado de Carlos Magno, um dos reis de mais destaque dessa dinastia. Os soberanos carolíngios governaram entre os séculos oito e . nove
Em 754, Pepino foi reconhecido como rei dos francos pelo papa Estêvão segundo. Em troca desse reconhecimento, o papa recebeu terras na Península Itálica (inclusive a cidade de Roma), onde foram formados os Estados Pontifícios (territórios governados diretamente pelo papa).
Pepino foi sucedido por seu filho Carlos Magno, que governou durante 46 anos (768-814). Nesse período, os francos conquistaram territórios na Península Ibérica, no norte da Península Itálica, na Saxônia e na Bavária (ambas na atual Alemanha). Os povos que viviam nos territórios conquistados foram obrigados pelos francos a se converter ao cristianismo.
Quando tentaram alargar seus domínios além da Marca da Espanha (consulte o mapa a seguir), em 778, os comandados de Carlos Magno foram derrotados pelos muçulmanos. Apesar dessa derrota, as conquistas alcançadas pelos francos conferiram grande prestígio a Carlos Magno dentro do mundo cristão. Assim, no ano 800, o papa Leão terceiro concedeu ao soberano dos francos o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente.
Império Carolíngio (século nove)
Dessa forma, o papa pretendia escapar da dominação dos governantes do Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino) e criar uma nova unidade na Europa Ocidental, agora sob o comando de um soberano franco e cristão aliado a ele.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um texto que aborda a importância do Império Carolíngio para a formação de uma identidade europeia.
Império Carolíngio e identidade europeia
“É um longo momento histórico em que se operam o nascimento e a desagregação de um novo império – o carolíngio –, em que são postas à prova a tendência para a centralização dos poderes e as fôrças centrífugas que irão atuar durante muitos séculos, em que se mede a relação de fôrças entre os príncipes e os papas, entre o Estado e a Igreja, e se avança para a construção de uma nova ordem social e econômica baseada no sistema feudal, na grande propriedade fundiária, na hereditariedade dos ofícios, na servidão dos camponeses, que – apesar das muitas e profundas transformações e inovações ocorridas – será o tecido conetivo do continente até o século dezenove. São também os séculos em que gradualmente se define uma identidade europeia perante o Islão e o Império Romano do Oriente, que, e não por acaso, é melhor dizer bizantino, e com novas vagas de bárbaros que pressionam as fronteiras orientais.”
BARLETTA, Laura. Introdução. In: ECO, Umberto ( organizador). Idade Média: bárbaros, cristãos e muçulmanos. Lisboa: Leya, 2012. página 37.
Administração do Império Carolíngio
Para administrar o império, Carlos Magno contou com funcionários e nobres. Entre os nobres, destacamos:
- os condes: responsáveis por territórios conhecidos como condados;
- os marqueses: responsáveis por territórios conhecidos como marcas, que ficavam nas fronteiras do império;
- os missi dominiti: inspetores reais que fiscalizavam os administradores locais.
Como líder de um império guerreiro, Carlos Magno selecionou um grupo de 12 homens para formar seu conselho de guerra, conhecidos como os Doze Pares de França. Esses conselheiros participavam de batalhas contra os inimigos dos francos e acabaram se tornando uma lenda no mundo cristão, inspirando obras da literatura medieval e festas populares até mesmo no Brasil, como as cavalhadas.
Renascimento Carolíngio
Apesar de ter permanecido analfabeto até a vida adulta, Carlos Magno preocupou-se com o desenvolvimento das artes e da literatura. Durante seu governo, artistas e estudiosos receberam proteção e patrocínio. Além disso, foram construídos mosteiros e escolas.
Nos mosteiros, alguns monges se dedicavam a traduzir e copiar livros de antigos autores gregos e romanos. Assim, preservou-se uma parte da cultura da Antiguidade Clássica.
Em função desse desenvolvimento cultural, historiadores chamam essa época de Renascimento Carolíngio. Porém, a maioria da população permaneceu analfabeta e não teve acesso às obras que foram produzidas ou recuperadas. Essas obras ficaram restritas a uma elite de nobres e sacerdotes que viviam nos palácios e nos mosteiros.
responda oralmente
para pensar
A maioria das pessoas que você conhece são alfabetizadas? Elas frequentaram a escola? Em sua opinião, qual é a importância de saber ler e escrever?
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Renascimento Carolíngio” favorece o desenvolvimento das competências cê gê três e cê ê agá cinco. Além disso, o boxe “Para pensar” contribui para o desenvolvimento das competências cê ê cê agá dois e cê ê agá um.
Para pensar
Resposta pessoal, em parte. Explique que a alfabetização consiste, em linhas gerais, no processo de aprendizagem de um sistema de leitura e escrita. Esse processo está ligado a outro, mais amplo, chamado letramento, que consiste na aprendizagem das funções e dos usos da escrita e da leitura em variados contextos e práticas sociais e culturais. Provavelmente, a maioria das pessoas que os estudantes conhecem foram alfabetizadas e frequentaram a escola. Ressalte que a alfabetização ligada ao letramento possibilita o pleno exercício da cidadania, que depende da capacidade de compreender e expressar informações de fórma contextualizada e crítica.
OUTRAS HISTÓRIAS
Livros valiosos
De acordo com o historiador Kenneth Clark, Carlos Magno armazenou tesouros (joias, camafeus, marfins, sedas preciosas) provenientes de várias partes do império. Mas sua contribuição mais importante foram os livros, não só os textos como também as ilustrações e as encadernações.
Naquela época, os livros eram tão valiosos que recebiam as mais ricas e trabalhadas encadernações. Muitas delas consistiam em placas de marfim com bordas incrustradas de ouro e pedras preciosas. Algumas sobreviveram quase intactas, sobretudo as placas de marfim, já que o ouro e as pedras preciosas foram roubados.
Nunca houve livros tão valiosos quanto aqueles feitos para a biblioteca da côrte carolíngia ou aqueles que eram enviados de presente por toda a Europa Ocidental.
Responda no caderno
Atividades
- Por que os livros são uma herança importante do período carolíngio?
- O que demonstra que os livros eram considerados valiosos na época do Império Carolíngio?
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
A seção “Outras histórias” intitulada “Livros valiosos” favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois e cê gê três.
Outras histórias
1 e 2. De acordo com o texto, os livros são considerados importantes por causa de seus textos, ilustrações e encadernações. Naquela época, a produção de um livro era complexa e trabalhosa, o que tornava os livros raros, pouco comuns. Assim, algumas dessas produções receberam encadernações sofisticadas (com ouro, pedras preciosas, marfim) para reforçar ou demonstrar essa raridade e seu valor. Comente que esse texto “Livros valiosos” foi inspirado nos estudos do historiador Kenneth Clark. Desse modo, é interessante destacar que, para ele, esses livros são importantes fontes históricas.
Texto de aprofundamento
O texto a seguir, escrito pelo historiador da arte britânico Kenneth Clark, comenta a produção artística dos livros no Renascimento Carolíngio.
A produção de livros no Renascimento Carolíngio
“Como chefe de um império que se estendia da Dinamarca ao Adriático, Carlos Magno armazenou tesouros – joias, camafeus, marfins, sedas preciosas – provenientes de todo o mundo conhecido. Mas o que nos legou de importante foram os livros, não só os textos, mas as ilustrações e as encadernações. Quanto a estas duas últimas, já havia uma longa tradição artística, e as obras de arte produzidas sob a influência do Renascimento Carolíngio são obras-primas. Nunca houve livros tão maravilhosos quanto os feitos para a biblioteca da côrte ou para serem enviados de presente por toda a Europa Ocidental. Muitas das ilustrações são calcadas em modelos bizantinos ou do fim da Antiguidade cujos originais se perderam. Como os textos da literatura romana, tornaram-se conhecidos por nós através das imitações carolíngias [...]. Naquela época, os livros eram tão preciosos que recebiam as mais ricas e mais trabalhadas encadernações. Muitas delas consistem numa placa de marfim com a borda incrustada de ouro e pedras preciosas. Algumas sobreviveram intactas, sobretudo o marfim, já que o ouro e as pedras preciosas foram roubados.”
CLARK, Kenneth. Civilização. São Paulo: Martins Fontes; Brasília: Editora ú êne bê, 1980. página 44.
Fragmentação do Império Carolíngio
Após a morte de Carlos Magno, em 814, seu filho Luís primeiro assumiu o poder. O império ainda se manteve unido, embora tenha enfrentado problemas políticos, como a excessiva influência do clero (sacerdotes da Igreja) sobre o monarca.
Após a morte de Luís , primeiro foi assinado o Tratado de Verdun (843), que dividiu o império entre seus filhos Carlos, Luís e Lotário. Observe no mapa a seguir a parte que coube a cada um.
Tratado de Vêrdun (843)
Essa divisão abriu caminho para que administradores locais (condes, marqueses, bispos) conquistassem mais poder e autonomia. Além disso, a partir do século , nove muçulmanos, hunos e vikings fizeram novas invasões à Europa Ocidental.
Entre o século dez e meados do século , quinze ocorreram diversas modificações no modo de vida das pessoas na Europa Ocidental. Com medo das invasões e das guerras, os povos dessa região reorganizaram-se em busca de segurança. Foi nesse período que muitos castelos foram construídos, pois ajudavam a proteger seus senhores dos inimigos externos.
Responda no caderno
para pensar
- Onde você mora é uma região segura ou violenta? Por que você acha que isso acontece? Argumente.
- Atualmente, como as pessoas procuram se proteger da violência e da insegurança?
- Em sua opinião, qual seria a melhor fórma de combater a violência? Justifique sua resposta expondo seus argumentos.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Fragmentação do Império Carolíngio” contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá cinco. Já o boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê gê nove, cê ê cê agá dois e cê ê cê agá três.
Para pensar
- Resposta pessoal. Comente que a violência pode ser percebida pelos índices de criminalidade, que indicam o número de roubos, homicídios, latrocínios, estupros, sequestros etc. em uma determinada região. Ressalte que existem várias fórmas de violência, como a física, a psicológica, a sexual, a patrimonial e a moral. Diversos fatores podem propiciar um ambiente violento, como as profundas desigualdades sociais e as ideologias que banalizam o valor da vida humana e naturalizam fórmas de violência.
- Resposta pessoal. Em geral, para se proteger da violência e da insegurança, as pessoas evitam andar em locais sem iluminação e pouco movimentados; evitam portar objetos valiosos; evitam expor informações pessoais para desconhecidos; e tentam reforçar a segurança de suas casas e comércios.
- Resposta pessoal. Infelizmente, há uma forte tendência punitivista daqueles que acreditam que a solução para a violência e a criminalidade seria a facilitação do acesso às armas pela população, o fortalecimento das polícias como órgãos de repressão e o recrudescimento das penas previstas para determinados crimes. Essa ideia é amplamente criticada por especialistas em segurança pública de vários países. Em geral, tais especialistas apontam que o punitivismo é uma solução simplista e imediatista para um problema complexo, que é a violência social. Assim, eles buscam as causas mais profundas da violência, apontando que ela seria reduzida por meio de investimentos na construção de uma sociedade mais justa, menos desigual, onde as pessoas tenham, por exemplo, acesso à educação de qualidade e à saúde pública. Dessa fórma, em vez de combater violência com mais violência, recorrendo a argumentos simplistas e falaciosos, deve-se almejar a construção de uma cultura da paz, baseada no diálogo e na prevenção da criminalidade, e não apenas no combate a seus efeitos.
PAINEL
Castelo medieval
A grandiosidade de um castelo medieval representava o poder de seu senhor. Muitos deles foram construídos entre os séculos dez e . catorze
Os castelos abrigavam nobres, empregados e guerreiros. Serviam de fortaleza militar, moradia e centro administrativo.
Conheça, na representação a seguir, o esboço artístico de alguns elementos comuns a castelos medievais europeus.
1. Fosso
O fosso era feito ao redor dos muros do castelo para dificultar a entrada de inimigos.
2. Ponte levadiça
A ponte levadiça era feita de madeira e podia ser levantada em segundos, caso o castelo fosse atacado.
3. Calabouço
O calabouço era o local onde os prisioneiros eram mantidos.
4. Quarto principal
O quarto principal era o cômodo privativo do senhor e da senhora do castelo. Costumava ter as paredes e o teto pintados, uma lareira e uma cama confortável de madeira.
5. Banheiro
O banheiro era um cômodo simples. Nele, por meio de um buraco, os dejetos eram jogados em uma fossa.
6. Salão principal
O salão era o local de refeições e festas. Os primeiros a serem servidos eram o senhor e sua família, que se sentavam em uma mesa mais alta. Reis e príncipes contratavam homens para provar a comida antes e garantir que não estivesse envenenada.
7. Capela
A capela podia ter paredes pintadas e janelas com vitrais coloridos.
8. Muros de defesa
Os muros eram largos e, ao longo deles, existiam torres e corredores de vigilância. Nos corredores havia uma mureta com aberturas retangulares chamadas ameias. Dessas aberturas, os arqueiros podiam atirar flechas e, ao mesmo tempo, se proteger. Os arqueiros eram capazes de disparar, em média, de dez a quinze flechas por minuto.
9. Despensa
Na despensa, que costumava ficar no térreo, eram armazenados lenha, armas e alimentos, como trigo, queijos, carnes salgadas, feijões e farinha. Ela deveria estar abastecida para garantir a sobrevivência dos moradores em caso de ataques.
10. Cozinha
A cozinha ficava longe dos cômodos principais do castelo. Os cozinheiros salgavam carne para conservação, aqueciam caldeirões com legumes e verduras e preparavam molhos. As refeições do senhor do castelo e de sua família podiam durar de duas a três horas.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Para complementar as informações apresentadas na seção “Painel”, destaque que os castelos medievais:
- possuíam função militar e residencial;
- eram construções tipicamente feudais;
- representavam a fragmentação política daquele período;
- surgiram no norte da França entre os séculos nove e dez;
- entraram em declínio juntamente com o feudalismo.
Alerta ao professor
A seção “Painel” intitulada “Castelo medieval” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis, ao caracterizar a organização de um castelo medieval e, por conseguinte, destacar aspectos da vida social.
Texto de aprofundamento
Leia a seguir parte do verbete “Castelo”, de um dicionário sobre a Idade Média.
Castelo
“[O castelo] Era a residência fortificada e a fortaleza residencial de um senhor; essa dualidade de função é peculiar ao castelo na história das fortificações e aponta para a sua feudalidade. Todos os edifícios refletem a sociedade que os produz, e os castelos são o produto característico de uma sociedade feudal, dominada por uma aristocracia militar para a qual eles são a moldura apropriada. Embora existissem também palácios e casas não fortificadas, assim como residências dotadas de fortificações relativamente ligeiras, conhecidas na Inglaterra como manors, na França como maisons fortes e em Portugal como solares, os castelos estavam entre as mais prestigiosas das casas senhoriais no período feudal e converteram-se também em símbolos da nobreza feudal. O castelo era a residência fortificada não só do rei ou príncipe, mas de qualquer senhor; e enquanto representa, portanto, aquela fragmentação ou delegação de poder civil e militar que é essencialmente feudal, também é propriedade estritamente privada, em oposição à pública, séde e centro do senhorio de um homem, de sua família, seus servidores e dependentes: um conceito muito diferente da vila ou cidade fortificada, a chamada praça forte.”
LOYN, Henry R. organização. Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991. página 78-80.
Feudalismo
O feudalismo é uma fórma de organização econômica, social e política que se desenvolveu na Europa Ocidental, sobretudo entre os séculos dez e . treze
Segundo historiadores, as sociedades feudais mesclavam elementos romanos e germânicos. A própria palavra feudo tem origem germânica e significa “coisa oferecida em troca de algo”. Um feudo podia ser, por exemplo, uma extensão de terra, um castelo ou uma quantia de dinheiro.
Apesar de não terem se desenvolvido do mesmo modo em todas as regiões da Europa, as sociedades feudais apresentavam algumas características em comum:
- o fortalecimento do poder dos senhores locais, que exerciam autoridade administrativa, judicial e militar em suas propriedades;
- a hierarquização social entre membros do clero, nobres e servos;
- o estabelecimento de vínculos de fidelidade entre nobres;
- o domínio dos senhores locais sobre um conjunto de servos que trabalhavam no campo;
- o declínio de atividades urbanas e a ampliação de atividades rurais como a agricultura e a criação de animais;
- a consolidação do poder religioso, político e econômico da Igreja Católica.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Feudalismo”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento das competências cê ê agá um e cê ê agá dois, bem como da habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis, sobretudo por caracterizar as fórmas de organização do trabalho e da vida social na Europa medieval, com destaque para as relações entre senhores e servos.
Orientação didática
É preciso frisar que “feudalismo” é uma nomenclatura criada por historiadores europeus tomando como base regiões específicas, particularmente a França. Assim, embora seja possível identificar aspectos comuns entre as diferentes sociedades da Europa Ocidental nesse período, elas também assumiram características próprias em regiões como Inglaterra, Península Ibérica e Europa central.
Divisões sociais
A sociedade feudal era comumente dividida em três ordensglossário ou grupos distintos:
- clero ou oratores (termo latino que significa “aqueles que oram”) – eram os membros da Igreja Católica. Lidavam com os temas religiosos, administravam os bens da Igreja e tinham muita influência sobre o restante da sociedade. No topo da hierarquia do clero estava o papa. Depois dele, vinham os altos dirigentes: o chamado alto clero (cardeais, arcebispos, bispos e abades). Logo abaixo, estavam os sacerdotes e os monges, que formavam o chamado baixo clero;
- nobreza ou bellatores (termo latino que significa “aqueles que combatem”) – eram donos de terras e dedicavam-se, principalmente, às atividades políticas, administrativas e militares. Entre os nobres havia uma hierarquia: no topo, ficava o rei, seguido por príncipes, duques, marqueses e condes. Abaixo, estavam os cavaleiros. Em tempos de paz, a nobreza dedicava-se a caçar e a fazer torneios, que serviam de treino para guerras e batalhas;
- trabalhadores ou laboratores (termo latino que significa “aqueles que trabalham”) – eram a maioria da população, que sustentava a sociedade com seu trabalho. Entre os trabalhadores havia artesãos, comerciantes e camponeses. A maior parte dos camponeses eram servos, que não tinham liberdade. Um senhor feudal podia negociar seus servos com outro senhor – dar, emprestar ou trocar. O servo não podia testemunhar contra um homem livre ou nobre, não podia se tornar membro do clero (padre, bispo ou outro) e era obrigado a pagar muitos impostos. Mas tinha de ser protegido pelo senhor feudal, podia ter alguns bens e não podia ser vendido.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um texto sobre as origens do feudalismo.
As origens do feudalismo
A palavra “feudalismo” vem de feudo, que deriva do germânico fehu (“gado”), significando um “bem oferecido em troca de algo”. Os feudos podiam ser não apenas uma extensão de terras, mas também um castelo, uma quantia em dinheiro ou outros direitos.
De acordo com o historiador francês Jacques Le Goff, especialista em história medieval, feudalismo é um sistema de organização econômica, social e política no qual uma camada de guerreiros especializados – os senhores –, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de vínculos de dependência, domina uma massa campesina que trabalha na terra e lhes fornece com que viver.
Embora o feudalismo tenha sido um sistema que caracterizou diversas regiões da Europa Ocidental entre os séculos dez e treze, podemos dizer que suas instituições resultaram de longa gestação, mesclando elementos romanos e germânicos.
Da herança romana, podemos destacar:
• colonato – sistema de trabalho servil que se desenvolveu com a crise do Império Romano, quando escravos e plebeus empobrecidos passaram a trabalhar como colonos em terras de um grande senhor. O proprietário oferecia terra e proteção ao colono, recebendo deste um rendimento do seu trabalho.
Da herança germânica, podemos assinalar:
- comitatus – instituição que estabelecia laços de fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros;
- beneficium – instituição pela qual os chefes militares carolíngios concediam a seus guerreiros, como recompensa, a posse de terras. Mais tarde, essas terras foram chamadas de feudos. Em troca, o beneficiado oferecia fidelidade, seu trabalho e ajuda militar ao senhor.
Texto elaborado pelos autores.
Mobilidade social
Nas sociedades medievais, era bem difícil uma pessoa sair de um grupo social e passar para outro, principalmente se fosse um camponês. Apenas os homens nobres podiam mudar de ordem, quando se tornavam sacerdotes.
No século onze, o bispo francês Adalbéron de Laon procurou justificar a existência das ordens sociais. Dizia ele que, enquanto uns rezam, alguns combatem e outros devem trabalhar. Assim, pelo argumento do bispo de Laon, se as partes cumprem suas obrigações, elas formam um conjunto que se apoia mutuamente.
Já no século , doze outro religioso francês, Estêvão de fugér, escreveu os seguintes versos, em tom de crítica, sobre a sociedade de sua época:
“Os clérigos devem por todos orar
Os cavaleiros sem demora
Devem defender e honrar
E os camponeses sofrer.
Cavaleiros e clero sem falha
Vivem de quem trabalha reticências ponto”
fugér, Estêvão de. In: DUBY, Georges. As três ordens ou o imaginário do feudalismo. segunda edição Lisboa: Estampa, 1994. página 304-305.
Outro religioso, o bispo Eadmer de Canterbury, que viveu na mesma época, deixou evidente a diferença entre as ordens sociais ao comparar os clérigos a carneiros, os nobres a cães e os trabalhadores a bois:
“[...] a razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois trabalhar a terra, a dos cães defender os carneiros e os bois dos lobos.”
CANTERBURY, Eadmer. apud FRANCO JR., H. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1999. página 72.
Ao interpretar essa metáfora, podemos dizer que os religiosos seriam como carneiros porque faziam orações (leite) e forneciam proteção (lã). Os nobres seriam como cães porque defendiam a sociedade de seus inimigos (lobos). Já os trabalhadores seriam como bois porque trabalhavam por todos.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
O texto a seguir, escrito pelo historiador Hilário Franco Júnior, apresenta algumas características da sociedade feudal.
As estruturas feudais
“O estudo das relações sociais na Idade Média Central remete-nos diretamente a um dos mais polêmicos temas da historiografia contemporânea: o do feudalismo. reticências
O que se deve chamar de feudalismo ou termo correlato (modo de produção feudal, sociedade feudal, sistema feudal etcétera) é o conjunto da formação social dominante no Ocidente da Idade Média Central, com suas facetas política, econômica, ideológica, institucional, social, cultural, religiosa. Em suma, uma totalidade histórica, da qual o feudo foi apenas um elemento. No entanto reticências, vamos aqui nos prender apenas à análise das relações sociais do feudalismo. Ou melhor, do feudo-clericalismo. Realmente, este rótulo parece-nos mais conveniente, na medida em que explicita o papel central da Igreja naquela sociedade. Fato fundamental e geralmente pouco considerado. Foi por intermédio dela que se deu a conexão entre os vários elementos (já anteriormente presentes) que comporiam aquela formação social. reticências Foi ela a legitimadora das relações horizontais sacralizando o contrato feudo-vassálico, e das relações verticais justificando a dependência servil.
reticências o clero é colocado fóra do âmbito da lei humana, pois, estando mais próximo de Deus, a quem serve, possui inegável superioridade. Por sua vez, nobres e servos não são categorias celestes, apenas terrenas, daí se definirem pelo nascimento. E a genética deu aos nobres boas condições, de fôrça, de beleza. Daí o fato de o clero, grupo social que não se autorreproduz devido ao celibato, requisitar seus membros na nobreza, toda ela ‘de sangue de reis’, portanto algo sagrada. Ao contrário, a natureza reservou aos servos o trabalho, a tarefa de, por meio do seu esforço, do suor do seu rosto, alimentar os demais. Feios e grosseiros (como os textos repetem à saciedade), os servos expressavam por essas características físicas sua condição de pecadores. O trabalho era imposto a eles como fórma de resgatar as faltas. Era uma penitência.
reticências A sociedade de ordens dividia os homens em grupos de relativa fixidez, pois a classificação de cada indivíduo partia de uma determinação, de uma ordem, divina. reticências Da parte dos oratores, esse estado de coisas estava, segundo a mentalidade da época, plenamente justificado na medida em que eles realizavam um serviço essencial para toda a sociedade: a mediação com as forças sobrenaturais. reticências
À medida que se ia acentuando o enfraquecimento do poder monárquico, os bispos assumiam funções tipicamente reais, procurando proteger suas terras, que tinham recebido imunidade, arriscada porém a nada valer diante da debilitação do poder central. reticências
Os laboratores, por sua vez, apresentavam um leque de condições conforme os locais e os momentos. Subsistiam camponeses livres, donos de uma terra que escapara aos vínculos feudais, o alódio. reticências
Mas era a mão de obra servil que predominava. De origem e caracterização problemáticas, que geraram muitas polêmicas historiográficas, os servos eram trabalhadores dependentes. Recebiam do senhor lotes de terra, os mansos, de cujo cultivo dependia sua sobrevivência e em troca da qual realizavam o pagamento de determinadas taxas àquele senhor. Trabalhavam ainda em lugares e tarefas indicados pelo senhor, sem nenhum tipo de remuneração. Em contrapartida, tinham a posse vitalícia e hereditária de seus mansos e a proteção militar proporcionada pelo senhor.
Tínhamos, portanto, naquela sociedade de ordens, de um lado, duas camadas identificadas quanto às origens e aos interesses, detentoras de terra e, assim, de poder econômico, político e judicial (clérigos e guerreiros); de outro lado, uma massa formada principalmente por despossuídos e dependentes, os trabalhadores. Assim, davam-se três fórmas de relações sociais, uma horizontal na camada dominante, outra horizontal na camada dominada e outra vertical entre os dois grandes grupos.”
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1999. pê ponto 120-124.
Suserania e vassalagem
No feudalismo, houve um fortalecimento do poder local dos nobres. Esses nobres tornaram--se senhores feudais porque detinham terras chamadas de feudos. O senhor feudal governava seu território, onde podia cobrar impostos, manter exércitos e julgar crimes.
Para manter o poder, a nobreza feudal estabeleceu, entre si, relações de fidelidade da seguinte maneira:
- aquele que tinha mais terras (chamado de suserano) concedia uma parte delas (um feudo) para outro nobre (denominado vassalo);
- em troca, o vassalo devia fidelidade ao suserano e, também, prestava-lhe diversos serviços.
Provavelmente essa prática se disseminou a partir da época carolíngia. Os reis francos (povo germânico) costumavam doar terras em troca de fidelidade, serviços e obrigações militares.
Orientações e sugestões didáticas
Outras indicações
• FERNANDES, Fátima Regina. O vassalo fiel na Baixa Idade Média portuguesa. Revista Tiempo y Espacio, número 14, página 107-118, 2004. Universidad del Bío-Bío, departamento Ciencias Sociales, Chile. Disponível em: https://oeds.link/4ThZ5m. Acesso em: 21 janeiro 2022.
Artigo em português publicado em uma revista acadêmica chilena sobre fidelidade e traição nas relações de vassalagem entre nobres de Portugal na Baixa Idade Média.
Trabalho nos feudos
Nos lugares onde predominou o feudalismo, as principais atividades econômicas eram a agricultura e a criação de animais. Outras atividades – como comércio, artesanato e serviços – também eram praticadas, mas não tiveram a mesma importância que o trabalho na terra.
Assim, o feudo era a principal unidade produtora da economia feudal. O tamanho de um feudo variava conforme a região. Mas, no geral, tinha em média de 200 a 250 hectaresglossário .
Nos feudos eram produzidos cereais, carnes, leite, roupas e utensílios domésticos para o consumo de quem nele vivia. Alguns produtos vinham de fora, como sal e ferramentas. De modo geral, os feudos eram divididos em três áreas principais: os campos abertos, as reservas senhoriais e os mansos servis.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um texto sobre as relações de vassalagem que caracterizam a Alta Idade Média.
As instituições feudo-vassálicas
“No início da Idade Média (do século sete um ao nove, as relações feudo-vassálicas são uma das fórmas possíveis de relações entre um homem e outro.
Tendo-se dado desde há muito a desagregação do Estado romano, os laços pessoais entre os homens constituem o cimento da sociedade, quer se trate da vida pública, quer da vida privada.
Tais laços, colocados sob o signo da hierarquia e da assimetria, são geralmente caracterizados pela proteção concedida por uma personagem poderosa a um homem livre (os escravos, então muito numerosos, são ainda excluídos desta estrutura de relações), em troca da sua solicitude e fidelidade. O ‘homem de um outro homem’ é designado por ‘vassalo’ ou ‘antrustião’, dois termos sinônimos de origem germânica. Todavia, reticências rapidamente revestem uma importância muito particular. O direito-dever de participar nas campanhas militares como homem livre e membro das hordas armadas caracterizou, desde sempre, as democracias guerreiras das tribos germânicas.
Tal direito só começa a enfraquecer a partir do século sete, face a duas transformações irreversíveis e interdependentes: por um lado, a especialização da atividade guerreira (sobretudo à medida que a imagem do combatente e a do cavaleiro se vão sobrepondo) e, por outro lado, o custo cada vez mais elevado do equipamento e da manutenção militar necessários à guerra. Este processo de transformação, com todas as consequências sociais, técnicas, econômicas e até de prestígio que ele implica, só atinge o apogeu nos séculos dez e onze, embora seja só perceptível durante a dinastia carolíngia.
Para poder prestar vassalagem militar a um senhor, o vassalo deve receber dele um ‘benefício’ (o termo germânico ‘feudo’ substituirá, com o tempo, o de origem latina), ou seja, um conjunto maior ou menor de terras e de servos que permita ao ‘fiel’ uma dedicação exclusiva ao serviço das armas.
Nas cerimônias de investidura feudal – codificadas desde finais do século oito –, a ‘homenagem’ e o ‘juramento de fidelidade’ prestados pelo vassalo são anteriores e independentes da concessão do benefício. Ulteriormente, a homenagem será prestada pelo vassalo a fim de lhe ser acordado um feudo.
Tendo surgido originaria- mente no noroeste da Gália (a ‘França’, no sentido estrito), onde os francos constituíam a maioria, as relações feudo-vassálicas estendem-se depois do Loire ao Reno e a uma grande parte da Europa."
DELOUCHE, Frédéric. História da Europa. Coimbra: Minerva, 1992. página 132-133.
Condição servil
As pessoas que viviam na condição de servos não podiam deixar as terras do senhor feudal. Tinham de trabalhar ali durante toda a vida para o próprio sustento e para manter as outras ordens sociais (nobreza e clero).
Os servos tinham uma série de obrigações que deviam ser pagas ao senhor feudal. Entre essas obrigações estavam:
- corveia – trabalho de alguns dias por semana nas reservas senhoriais;
- talha – entrega para o senhor feudal de parte dos produtos agrícolas que cultivavam ou dos animais que criavam;
- banalidade – taxa paga ao senhor pelo uso de celeiros, fornos, moinhos.
Analisando a situação dos servos, percebemos que eles eram explorados pelos senhores. Porém, naquela época, a relação servil tinha como base valores que faziam do senhor também um protetor, e não apenas um explorador. De qualquer modo, a exploração existiu e, por isso, houve uma série de rebeliões dos servos contra os senhores.
Responda no caderno
OFICINA DE HISTÓRIA
Conferir e refletir
1. Construa uma linha do tempo sobre o Reino Franco. Para isso, identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala.
- Assinatura do Tratado de Verdun, que dividiu o Império Carolíngio entre os filhos de Luís . primeiro ícone de altura
- Início do reinado de Carlos Magno, que conquistou territórios na atual Alemanha e nas penínsulas Ibérica e Itálica.
- Início do governo de Carlos Martel, prefeito do palácio franco que conquistou grande prestígio e poder.
- Início do reinado de Luís I, que manteve o Império Carolíngio unificado.
- Pepino, filho de Carlos Martel, destrona o último rei merovíngio e funda uma nova dinastia.
- Carlos Magno recebe o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente do papa Leão . terceiro
- Pepino é reconhecido como rei dos francos pelo papa Estêvão II, firmando aliança política entre o Reino Franco e a Igreja Católica.
Versão adaptada acessível
Construa uma linha do tempo tátil sobre o Reino Franco. Para isso, identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala.
• Assinatura do Tratado de Verdun, que dividiu o Império Carolíngio entre os filhos de Luís primeiro.
• Início do reinado de Carlos Magno, que conquistou territórios na atual Alemanha e nas penínsulas Ibérica e Itálica.
• Início do governo de Carlos Martel, prefeito do palácio franco que conquistou grande prestígio e poder. Início do reinado de Luís primeiro, que manteve o Império Carolíngio unificado.
• Pepino, filho de Carlos Martel, destrona o último rei merovíngio e funda uma nova dinastia.
• Carlos Magno recebe o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente do Papa Leão terceiro.
• Pepino é reconhecido como rei dos francos pelo papa Estêvão segundo, firmando aliança política entre o Reino Franco e a Igreja Católica.
Orientação para acessibilidade
Caso possível, proponha a construção de uma linha do tempo tátil a partir de materiais de diferentes texturas. Uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero ou fino e espesso tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados material emborrachado, diversos tipos de papéis, palitos, linhas, botões etc. Auxilie os estudantes durante a seleção e a organização dos materiais. Para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que a linha principal seja feita com materiais mais espessos, como os emborrachados. Já os marcos temporais podem ser representados por materiais mais finos, como fios de linha ou pequenos palitos. Após a montagem dessa estrutura, oriente os estudantes que escrevam e colem as informações relativas aos acontecimentos do Reino Franco próximos aos marcos temporais representados na linha do tempo. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Os estudantes também podem destacar a cronologia dos acontecimentos em forma de texto ou oralmente, desde que as relações de anterioridade e posterioridade sejam evidenciadas.
- Cada sociedade cria explicações para justificar as divisões entre grupos sociais. Reúna-se com um colega para responder às questões.
- Como certas autoridades da Igreja Católica justificavam as “ordens sociais” na sociedade medieval? Vocês concordam com essas justificativas? Comentem.
- Na sociedade brasileira atual, existem divisões sociais? Na opinião de vocês, é possível superar essas desigualdades? Elaborem argumentos que justifiquem suas respostas.
- A palavra “vândalo” designa um povo germânico que, no século , cinco invadiu algumas regiões do Império Romano. Atualmente, esse termo ganhou um sentido depreciativo, referindo-se àqueles que estragam ou destroem bens públicos. Agora formem grupos e criem um painel sobre locais públicos que vocês gostariam de preservar no município onde vivem. Para isso, sigam as orientações a seguir.
- Pesquisem alguns locais públicos por meio de visitas guiadas.
- Depois, selecionem fotografias e vídeos ou criem desenhos representando os locais visitados que vocês gostariam que fossem preservados em seu município.
- Escrevam uma legenda sobre a história desse patrimônio.
- Apresentem as fotografias, os vídeos ou os desenhos com legendas na plataforma digital da escola.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidade da Bê êne cê cê:
- cê gê um (atividades 2 e 4);
- cê gê dois (atividades 2 e 4);
- cê gê três (atividades 3 e 5);
- cê gê quatro (atividade 3);
- cê gê cinco (atividade 3);
- cê gê seis (atividade 4);
- cê gê sete (atividades 2 e 4);
- cê gê nove (atividade 4);
- cê gê dez (atividade 3);
- cê ê cê agá um (atividade 4);
- cê ê cê agá dois (atividades 2, 3 e 4);
- cê ê cê agá cinco (atividades 2, 3 e 4);
- cê ê cê agá seis (atividade 4);
- cê ê agá um (atividades 2 e 4);
- cê ê agá dois (atividade 1);
- cê ê agá três (atividades 2 e 4);
- cê ê agá quatro (atividade 2);
- cê ê agá sete (atividade 3);
- ê éfe zero seis agá ih um seis (atividades 2 e 4).
Oficina de História
Conferir e refletir
- Os acontecimentos citados devem ficar na seguinte ordem cronológica:
- 714 – Início do governo de Carlos Martel, prefeito do palácio franco que conquistou grande prestígio e poder.
- 751 – Pepino, filho de Carlos Martel, destrona o último rei merovíngio e funda uma nova dinastia.
- 754 – Pepino é reconhecido como rei dos francos pelo papa Estêvão segundo, firmando aliança política entre o Reino Franco e a Igreja Católica.
- 768 – Início do reinado de Carlos Magno, que conquistou territórios na atual Alemanha e nas penínsulas Ibérica e Itálica.
- 800 – Carlos Magno recebe o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente do papa Leão terceiro.
- 814 – Início do reinado de Luís , primeiro que manteve o Império Carolíngio unificado.
- 843 – Assinatura do Tratado de Verdun, que dividiu o Império Carolíngio entre os filhos de Luís . primeiro
-
- A Igreja Católica justificava a divisão social em três “ordens” como algo definido pelo nascimento. Para a Igreja, rezar, lutar e trabalhar eram funções necessárias e complementares. Mas também havia alguns religiosos que criticavam essa organização social. De qualquer modo, tanto o clero quanto a nobreza constituíam “ordens” sociais privilegiadas, que procuravam defender seus próprios interesses.
b) Tema para debate em grupo. Com base nessa questão, é possível comentar que existem vários tipos de desigualdades no Brasil, entre as quais se destaca a desigualdade de renda. No entanto, é importante mencionar que no Brasil atual, segundo o Artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]”. Essa concepção de igualdade é uma conquista histórica, pois em diversos momentos nas mais diversas sociedades as pessoas não foram consideradas iguais. Além dessa igualdade formal, pode-se estimular os estudantes a discutir caminhos para a igualdade material, por meio do acesso à educação, moradia, saúde etcétera.
3. Antes de realizar a atividade, pode-se comentar o sentido pejorativo da palavra “vândalo” nos dias atuais. É possível também refletir com os estudantes que certos atos tachados de vandalismo por determinado grupo social podem ser considerados ato de protesto por outros grupos. É o caso, por exemplo, da pichação de monumentos públicos que homenageiam um escravocrata. Aliás, há um debate contemporâneo sobre a fórma como certas figuras ou certos eventos do passado devem ser lembrados.
A atividade procura valorizar o estudo do espaço social e do local de atuação de estudantes e professores. É recomendado explicar que “bens públicos” abrangem vários espaços, como praças, mercados, ruas, parques, teatros, edifícios, locais de reunião de pessoas etcétera. Enfim, a pesquisa pode tratar de lugares que as pessoas valorizam, e não apenas de monumentos oficiais. Para orientações mais detalhadas sobre a realização de visitas guiadas, recomendamos a consulta ao roteiro disponível no tópico 5.6., “Estudo do espaço social”, deste manual.
Interpretar texto e imagem
4. Leia o texto a seguir e depois faça o que se pede.
“[Na Alta Idade Média], o esporte e a caça são aprendizados sempre internos à família. reticências desde a idade de catorze anos e até antes, nadar, correr, marchar e montar a cavalo são esportes que os meninos aprendem bem depressa [...]. Bem cedo, portanto, estabelecem-se vínculos particulares entre o homem e o animal doméstico. reticências
A caça continuava sendo o treinamento mais importante, atividade ideal para se aprender a matar animais de grande porte e agarrar presas pequenas. Instaurava-se uma dupla relação de familiaridade e amizade com os animais domésticos que ajudam a caçar, [como o cavalo, os cães, os pássaros treinados, e] de hostilidade e agressividade em relação ao mundo selvagem [javalis, lobos, ursos etc.]. A finalidade da caça não consiste apenas em abastecer as cozinhas, mas também em treinar para a guerra, para a arte de matar.”
DUBY, Georges; ARIÈS, Philippe (org.). História da vida privada: do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. volume1. página 467-469.
- Procure no dicionário o significado das palavras que você não conhece.
- Por que era tão importante para a nobreza aprender a montar a cavalo e a caçar?
- Em sua opinião, o que é importante na educação dos jovens atualmente? O que deveria ser ensinado e aprendido em termos de valores, atitudes e conhecimentos? Por quê?
- O texto trata da educação dos rapazes, e não das moças. Naquela época, a educação era bem diferente para homens e para mulheres. Em sua avaliação, existem atualmente diferenças entre a educação dos homens e a das mulheres, até mesmo fóra da escola? Debata o tema, argumente e dê exemplos.
integrar com arte
5. Observe essa iluminura do século treze e responda às questões.
- O que é uma iluminura? Pesquise e escreva um breve texto sobre esse tema.
- Nessa iluminura, quais personagens representam o clero, a nobreza e os trabalhadores (artesãos, comerciantes e camponeses)? Justifique sua resposta com base em elementos da imagem.
Orientações e sugestões didáticas
Interpretar texto e imagem
-
- Resposta pessoal. O objetivo é estimular a autonomia intelectual dos estudantes.
- A nobreza considerava importante aprender a montar a cavalo e a caçar, pois são atividades importantes para a guerra. Essas atividades estavam associadas à masculinidade e à agressividade, tidas na época como virtudes.
- e d) Estas atividades podem ser realizadas em grupo e apresentadas para a classe. Entre valores e atitudes a serem estimulados no mundo contemporâneo estão: a empatia, o diálogo, a cooperação e a resolução de conflitos. Além disso, é essencial o respeito aos outros, acolhendo as pessoas em sua diversidade. É possível comentar que os jovens devem receber uma educação capaz de desenvolvê-los plenamente como pessoas, preparando-os para o exercício da cidadania e qualificando-os para o trabalho. Além disso, é interessante ressaltar a importância de construir um sistema educacional que proporcione oportunidades iguais para meninos e meninas e que ajude a desconstruir desigualdades de gênero.
- Esta atividade pode ser trabalhada de fórma interdisciplinar com Arte.
- A Iluminura consiste na arte de decorar um texto com grafismos ou desenhos. Essa arte foi muito praticada nos manuscritos medievais, seja no Ocidente, seja no Oriente.
- Essa iluminura do século treze representa três homens. Cada personagem usa roupas e porta instrumentos que ajudam a identificar as três ordens medievais. No centro, o cavaleiro com armadura e escudo representa a nobreza. À direita, o homem com uma pá representa o camponês. À esquerda, o homem gesticulando com as duas mãos representa o clero. Além disso, é interessante perceber que a nobreza e o clero conversam entre si, enquanto o trabalhador apenas os observa.
Glossário
- Ordem
- : essa palavra pode ser entendida em dois sentidos complementares. No primeiro, significa um grupo social isolado e com suas próprias responsabilidades. No segundo sentido, diz respeito a uma organização que era considerada justa e necessária pela nobreza e pelo clero.
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- Hectare
- : unidade de medida que corresponde a .10000 metros quadrados. Uma área de 200 hectares é equivalente a .2000 quilômetros quadrados.
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