UNIDADE 4 SOCIEDADE E RELIGIÃO

CAPÍTULO 11 EUROPA MEDIEVAL

Você, provavelmente, já viu filmes inspirados em sociedades medievais europeias. Suas histórias mostram, por exemplo, castelos, reis, rainhas e duelos de guerreiros. Podem mostrar também perseguições religiosas, doenças (como a peste negra), batalhas das Cruzadas etcétera

No passado, a Idade Média foi chamada “Idade das Trevas”. Atualmente, os historiadores reagem a essa imagem anacrônica apontando que o período medieval não se resumiu a um momento tenebroso da história. Porém, nem tudo foi um “mar de rosas”.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Você já assistiu a algum filme ambientado no período medieval? Cite e comente.

Cena de animação. Imagem de uma menina de cabelos ruivos, cacheados e volumosos, trajando um vestido azul, e um homem de cabelos ruivos, barba e bigode espichado, vestindo uma roupa xadrez com detalhe de pele marrom nos ombros, frente a frente. Ambos estão sorridentes e empunham espadas, como se brincassem de duelar um contra o outro. Ao fundo sobre uma torre com paredes de pedra, uma mulher de cabelos castanhos, longos e lisos, trajando um vestido verde observa a cena com olhar de reprovação.
Cena da animação Valente, dirigida por Brenda tchápman e Mark éndrius, 2012. Embora não seja um retrato fiel da Idade Média, essa animação é nela ambientada e revela como esse período ainda nos fascina.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis agá ih um quatro
  • ê éfe zero seis agá ih um seis

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, a formação da Europa medieval, e de assuntos correlatos, como os debates em torno da expressão “Idade Média”; as migrações e invasões germânicas; características sociais, econômicas e culturais dos povos germânicos; o desenvolvimento dos reinos germânicos, com destaque para o Império Carolíngio; e o surgimento do feudalismo e suas fórmas de organização do trabalho e da vida social, com destaque para as relações entre senhores e servos.

  • Reconhecer os povos germânicos quanto à sua organização social, econômica, jurídica e religiosa.
  • Compreender a formação e o desenvolvimento do Reino Franco, com destaque para o Império Carolíngio e o Renascimento Carolíngio.
  • Analisar aspectos políticos, sociais e econômicos do feudalismo.

Alerta ao professor

Esta abertura de capítulo, incluindo o boxe “Para começar”, contribui para o desenvolvimento da competência cê gê três, ao possibilitar o contato com práticas diversas da produção artístico-cultural que remontam à Europa medieval.

Para começar

Resposta pessoal. Entre as diversas histórias que fazem referência à Idade Média, podemos citar: Crônicas de Nárnia, Malévola, Shrek, Branca de Neve e o caçador, Valente, O caçador e a rainha do gelo, Caldeirão mágico etcétera

Fotografia. Destaque para uma mulher vestindo uma fantasia de armadura, com luvas metálicas, uma coroa dourada na cabeça com pedras verdes e azuis, e redes de tecidos caindo na lateral de seu rosto.
Cosplayers caracterizados como personagens de um filme sobre a Idade Média em festival de cultura pop em San Diego, Estados Unidos. Fotografia de 2019. A Idade Média inspira inúmeros filmes, animações, quadrinhos e jogos.
Jogo de computador. Imagem de um tabuleiro com um mapa e peças distribuídas pelo território. Ao redor, sobre a mesa, diversos dados e sacos coloridos distribuídos aleatoriamente. No canto direito e no topo, ícones indicando diferentes funções.
Protótipo de Os triunfos de Tarlac, jogo de tabuleiro em plataforma digital ambientado na Idade Média dos séculos treze e catorze, desenvolvido em 2021 pelo pesquisador Vinicius Marino Carvalho, do Laboratório de Estudos Medievais (Lême), em parceria com o Grupo de Pesquisa Arqueologia Interativa e Simulações Eletrônicas (arise) da úspi
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Para evitar o anacronismo, não podemos compreender as ações dos agentes históricos com base em valores predominantes no presente. Isso vale tanto para a Idade Média como para qualquer outro período histórico. O rótulo Idade das Trevas atribuído ao período medieval é expressão de anacronismo.

Idade Média

A expressão “Idade Média” é utilizada para se referir a um período da história europeia de aproximadamente mil anos. No entanto, os marcos exatos para determinar o início e o fim desse período variam de acordo com as interpretações dos historiadores.

Para os marcos iniciais, foram sugeridas datas como 476 (deposição do último imperador romano), 380 (oficialização do cristianismo) e 395 (divisão do Império Romano).

Para os marcos finais, foram apontados os anos de 1453 (tomada de Constantinopla) e 1492 (chegada de Colombo à América).

Além de se referir a um período da história europeia, a expressão Idade Média ganhou vários sentidos ao longo do tempo. Esse período já foi representado:

  • de fórma negativa, como a “Idade das Trevas”, uma época obscura, marcada pela intolerância da Igreja, pelo atraso tecnológico e pelo declínio das atividades comerciais;
  • de fórma positiva, como uma época de fé religiosa, de reis e rainhas poderosos, de castelos exuberantes e de nobres guerreiros.

Atualmente, os historiadores procuram não julgar, com critérios do presente, a Idade Média, mas, sim, compreender esse período, ou seja, entender da melhor maneira possível a história das sociedades daquela época.

Quadrinho. História contada em dois quadros. Hagar, um homem vestindo uma túnica, capacete com dois chifres e um escudo, e Helga, uma mulher usando um vestido comprido, um capacete com dois chifres e um escudo. Quadro 1: Hagar, em pé, ao lado de um saco com a extremidade amarrada por um laço, e um balão de fala: Aconteceu alguma coisa importante enquanto estive fora?. Helga, a sua frente, segurando um talher no interior de um caldeirão sobre chamas, com um balão de fala: Bom, deixa ver... O Império Romano caiu... A Idade das Trevas começou em junho... O rei Clóvis converteu os francos... Os hunos saquearam a nossa aldeia e o teu velho cachorro teve filhotes. Quadro 2: Hagar, com um sorriso no rosto, e um balão de fala: Uau! Filhotes!.
Hagar, o Horrível, tirinha de Dik bráun, 1973. Perceba que a tirinha adota a expressão “Idade das Trevas”, hoje problematizada pelos historiadores.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Você já ouviu a expressão “Idade Média” ou “período medieval”? Com qual sentido?

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

LE GOFF, Jacques. A Idade Média explicada aos meus filhos. São Paulo: Agir, 2007.

Com perguntas e respostas e um texto acessível, o livro apresenta as principais características da Idade Média.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Idade Média” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê agá dois, cê ê agá quatro e cê ê agá seis.

Orientação didática

Este capítulo permite que se discutam as noções de ruptura e continuidade na História. A periodização tradicional estabelece a queda do Império Romano como uma ruptura de estruturas políticas do mundo antigo, marcando o fim da Antiguidade. Contudo, muitos elementos daquele período fazem parte da Idade Média. Por exemplo, as sociedades medievais adotaram o cristianismo e a língua latina, o que aponta para a continuidade de aspectos da cultura romana.

Para pensar

Resposta pessoal. Com frequência, a palavra “medieval” é utilizada em sentido pejorativo, referindo-se a um período marcado pela intolerância religiosa, pelo obscurantismo e por um retrocesso nas atividades intelectuais, artísticas e econômicas. Porém, esse sentido pejorativo ignora a rica produção artística, intelectual e tecnológica do período, que também é marcado pelo surgimento das primeiras universidades europeias, de novos instrumentos e técnicas agrícolas, de grandiosos castelos e catedrais, entre outros.

fórmas de contato: migrações e invasões

O Império Romano do Ocidente enfrentou a pressão militar de diversos povos: germanos, hunos, celtas e eslavos. Entre os séculos dois e V, os germanos entraram no território do império por meio de migrações pacíficas e de invasões violentas. Isso contribuiu para desestruturar o Império Romano e, ao mesmo tempo, promoveu trocas culturais entre romanos e germanos.

Em um dos ataques a Roma, o imperador Rômulo Augústulo foi deposto por Odoacro, rei de um dos povos germânicos. De acordo com uma periodização tradicional, esse fim do Império Romano do Ocidente marca o início da Idade Média.

Migrações e invasões germânicas (séculos quatro-cinco)

Mapa. Migrações e invasões germânicas (séculos quatro e cinco). Destaque para a Europa, parte da Ásia e norte da África. Em amarelo-claro, Império Romano do Ocidente, compreendendo partes da Europa como Gália e Bretanha e o norte da África. Em laranja, Império Romano do Oriente, compreendendo partes da Europa como Grécia, partes da Ásia e do norte da África. Linha preta tracejada indica a Fronteira entre os dois impérios. Pontos pretos indicam a localização de diferentes cidades: Olisipo (Lisboa), Braga, Cartago Nova (Cartagena), Londres, Lutécia (Paris), Tolosa (Toulouse), Mediolanum (Milão), Verona, Ravena, Roma, Cosenza e Cartago, no Império Romano do Ocidente; Adrianópolis e Constantinopla, no Império Romano do Oriente. Setas coloridas indicam Rotas de penetração dos povos germânicos: em diferentes tons de laranja, Jutos, Anglos e Saxões cruzam o Mar do Norte em direção à Bretanha; em verde-claro, Francos partem da fronteira com a Germânia em direção à cidade de Lutécia (Paris); em roxo claro, Lombardos partem da Germânia em direção à cidade de Verona; em azul-claro, Suevos partem da Germânia em direção à cidade de Braga; em roxo escuro, Burgúndios avançam em direção à região de Mediolanum (Milão); em azul-escuro, Vândalos partem da Germânia em direção à Península Ibérica e ao norte da África, até a cidade de Cartago; em rosa escuro, Alanos avançam em direção à Mediolanum (Milão) e Verona; em rosa claro, Godos, Ostrogodos e Visigodos alcançam as cidades de Ravena, Constantinopla, Roma, Corsega, Tolosa (Toulouse) e Braga; em verde-escuro, Hunos avançam sobre a porção norte do Império Romano do Ocidente, as cidades de Mediolanum (Milão) e Verona, e sobre o oeste do Império Romano do Oriente, passando pela cidade de Adrianópolis. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 250 quilômetros.
Fonte: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 118.

integrar com Geografia

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

O que os seguintes elementos da legenda do mapa indicam: amarelo-claro; laranja; linha preta tracejada; setas coloridas; e pontos pretos?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “fórmas de contato: migrações e invasões” contribui para o desenvolvimento das competências cê ê cê agá cinco e cê ê agá cinco, assim como da habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro, pois identifica diferentes interações dos povos germânicos com os romanos. Já o boxe “Observando o mapa favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.

Observando o mapa

Atividade que tem por objetivo promover a alfabetização cartográfica, levando o estudante, nesse caso, a interpretar a legenda do mapa considerando: a extensão do Império Romano do Ocidente (amarelo-claro); a extensão do Império Romano do Oriente (laranja); a delimitação entre as extensões desses impérios (linha preta tracejada); as rotas percorridas por onze diferentes povos (setas coloridas) e a “localização” de cidades (pontos pretos). Ressalte aos estudantes que os elementos que aparecem nessa legenda fazem parte de uma simbologia cartográfica que pode ser encontrada em outros mapas. O mapa representa as rotas percorridas por onze povos, incluindo jutos, anglos, saxões, suevos, lombardos, francos, godos (visigodos e ostrogodos), burgúndios, vândalos, alanos e hunos. Desses povos, apenas os hunos não eram germânicos.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir, escrito pelo filósofo medievalista Carlos Arthur Nascimento, permite compreender a origem do conceito de Idade Média.

Origem do conceito de Idade Média

Um pedagogo alemão chamado Christoph Keller, em latim Cellarius (1638-1707), consagrou a divisão da história ocidental em antiga, medieval e moderna. Consagrou também a ideia que se generalizou sobre o período medieval.

Keller escreveu três manuais: um de história antiga (1685), um de história da Idade Média (1688) e um de história nova (1696).

Idade Média, segundo Keller, estende-se da época do imperador Constantino (324) até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453). Se, em vez da primeira data, adotarmos a da tomada de Roma pelo chefe germânico Odoacro, em 476, teremos a periodização corrente nas escolas.

Keller propôs também a ideia de que o período intermediário entre a Antiguidade e a Época Moderna nada produziu de importante. Foi um período não só estéril, mas de retrocesso: ‘a Idade das Trevas’.

NASCIMENTO, Carlos Arthur. O que é filosofia medieval. São Paulo: Brasiliense, 1992. página 8-9.

Povos germânicos

Chamamos germanos um grupo de povos que falavam línguas de mesma origem, entre eles, saxões, visigodos, ostrogodos, vândalos, francos, alanos, suevos, burgúndios, lombardos e hérulos. Mas cada povo tinha sua própria cultura.

Supõe-se que os povos germânicos surgiram na região do Mar Báltico e do Mar do Norte, que atualmente compreende a Suécia, a Noruega e a Dinamarca. Entre 3000 antes de Cristo e 2500 antes de Cristo, esses povos começaram a migrar para a Europa Central e Oriental. No final do século dois antes de Cristo, os germanos e os romanos, ambos em expansão, entraram em contato direto e travaram confrontos.

Relevo. Imagem entalhada em pedra de homens vestindo túnicas, lado a lado, próximos a uma mesa contendo cestos e muitas moedas.
Relevo representando colonos germânicos pagando tributos para utilizar terras do Império Romano, conforme acordos feitos com as autoridades romanas. A obra é proveniente da região de Neumagen-Dohr, na atual Alemanha, cêrca de séculos dois-três.

Inicialmente, os germanos não construíram cidades nem organizaram governos centralizados. As bases de sua sociedade eram a família e a comunidade. O pai era a figura central nas famílias germânicas, exercendo autoridade sobre a esposa e os filhos. Por isso, dizemos que essas famílias eram do tipo patriarcal, assim como as gregas e as romanas.

A reunião de várias famílias em uma região podia formar uma aldeia. Nas aldeias, as decisões eram tomadas pelas assembleias de homens livres, entre os quais se destacavam os guerreiros. Nessas assembleias, eram escolhidos líderes para chefiar os soldados. Foram esses líderes que deram origem aos reis e ao poder hereditário, que passa de pai para filho.

Como não dominavam a escrita, suas leis eram transmitidas oralmente entre os membros da comunidade. O direito entre os germanos era consuetudinário, isto é, com base nos costumes. Vários aspectos desse direito consuetudinário foram integrados ao Direito romano, principalmente durante a formação dos reinos germânicos.

Os povos germânicos viviam da criação de gado, da agricultura (plantando trigo, cevada, centeio e legumes), da caça e da pesca. Fabricavam carroças, embarcações, tijolos e armas de metal.

Os germanos eram politeístas. Seus deuses eram associados a fenômenos da natureza, como tempestades, céu, raios, trovão. Contudo, depois do século V, muitos germanos tornaram-se monoteístas ao se converterem ao cristianismo.

Amuleto. Objeto dourado de formato circular, contendo símbolos ao redor de um rosto visto de perfil ao centro. No topo, há um triângulo entalhado, contendo representações de rostos.
Amuleto de ouro fabricado por vikings, outro povo germânico, encontrado na Ilha de gótlend, na Suécia, séculoseis. No centro, vemos a representação de Odin, considerado o principal deus da mitologia nórdica.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Povos germânicos”, incluindo seu subitem, favorece o desenvolvimento da competência cê ê agá cincoponto

Orientação didática

O texto “Povos germânicos” trabalha aspectos do tema contemporâneo transversal Vida familiar e social, ao mostrar que as famílias germânicas, gregas e romanas eram do tipo patriarcal. Nessas famílias, o pai exercia autoridade sobre esposa e filhos. O tipo de família patriarcal prevaleceu no Brasil e em várias sociedades do mundo até meados do século vinte. Essa situação vem se transformando lentamente, à medida que avançaram as lutas pela emancipação feminina. A atual Constituição Federal do Brasil declara que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”(Artigo 5º, primeiro). No entanto, essa norma do país “legal somente será efetivada no país real por meio de atitudes concretas que façam valer as conquistas da cidadania plena.

Reinos germânicos

A formação dos reinos germânicos foi um processo longo e complexo. Após o período das invasões violentas, os diferentes povos germânicos passaram a dominar regiões da Europa Ocidental. Por exemplo, os visigodos ocuparam parte da Península Ibérica; os ostrogodos, a Península Itálica; os francos, a região da Gália. Durante a formação desses reinos, houve uma mescla de elementos culturais germânicos e romanos.

A maioria dos reinos germânicos não durou muito. Alguns reinos foram dominados e outros acabaram se dissolvendo. Apenas o reino dos francos conseguiu se estruturar e expandir seus domínios. O mapa a seguir mostra os territórios dos reinos germânicos na Europa do século seis.

Reinos germânicos e Império Romano do Oriente (século seis)

Mapa. Reinos germânicos e Império Romano do Oriente (século seis). Destaque para áreas da Europa, Ásia e norte da África. Em vermelho, ,Reino dos suevos,, compreendendo parte da Península Ibérica banhada pelo Oceano Atlântico e a cidade de Braga; em roxo, ,Reino dos visigodos,, compreendendo parte da Península Ibérica banhada pelo Oceano Atlântico e pelo Mar Mediterrâneo e a cidade de Cartagena; em verde-claro, ,Reino dos Francos,, compreendendo a parte noroeste da Europa, banhada pelo Oceano Atlântico, e as cidades de Paris e Toulouse; em laranja, ,Reino dos burgúndios,, em área no interior da Europa, próxima à cidade de Paris; em lilás, ,Reino dos Ostrogodos,, compreendendo a Península Itálica, parte do sul da Europa, banhada pelo Mar Mediterrâneo, e as cidades de Ravena e Roma; em marrom, ,Reino dos Vândalos,, compreendendo o norte da África (incluindo a cidade de Cartago) e as ilhas de Sardenha, Córsega e parte da Sicília, localizadas no Mar Mediterrâneo; em amarelo, ,Território ocupado por Anglo-saxões,, em região do norte europeu banhada pelo Mar do Norte, incluindo a parte leste da Bretanha; em rosa, ,Território ocupado por alanos,, em área no interior da Europa, entre os reinos dos francos e dos ostrogodos; em verde-escuro, ,Império Romano do Oriente,, com capital em Constantinopla, compreendendo a porção leste das terras banhadas pelo Mar Mediterrâneo nos continentes europeu, asiático e africano. No canto superior direito um mapa-múndi com destaque para área da Europa, África e Ásia. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 300 quilômetros.
Fonte: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenesa la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. p. 102.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Quais reinos germânicos ocupavam regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo no século seis?

Artefato. Ave de metal, contendo duas asas laterais, olho e bico. O animal é dividido simetricamente e possui aplicações de vidro em algumas de suas formas.
Águia de bronze com detalhes de vidro incolor, de 9,5 centímetros de altura, fabricada pelos visigodos no século seise encontrada em uma sepultura em Cutry, no nordeste da França.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.

Observando o mapa

Os reinos dos vândalos, dos visigodos e dos ostrogodos ocupavam as regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo no século VI. Ressalte que nessa época o Império Romano do Oriente também era banhado, a leste, pelo Mar Mediterrâneo.

Reino Franco

Os francos construíram um reino forte e duradouro. Os primeiros soberanos desse povo eram da dinastia merovíngia e governaram do século cinco ao século oito. O termo “merovíngio” vem de Meroveu, chefe de uma das tribos que deram início à unificação do reino dos francos.

O sucessor de Meroveu foi Clóvis, que fortaleceu o Reino Franco e expandiu seu território. Durante o reinado de Clóvis (cêrca de 482-511), a maioria dos francos se converteu ao catolicismo, e o Reino Franco tornou-se importante aliado da Igreja Católica.

Iluminura. Imagem de um homem com o peito desnudo no interior de uma grande tina. Acima dele, a imagem de uma pomba branca, simbolizando o Espírito Santo. À esquerda, homens vestindo túnicas com mantos e chapéus triangulares representando autoridades religiosas. À direita, homens vestindo túnicas e capas, um deles segurando uma coroa com as mãos.
Iluminura representando o batismo de Clóvis, de um manuscrito do séculotreze. A cerimônia, ocorrida em 496, selou a aliança entre os francos e a Igreja Católica e contribuiu para a unificação da Gália.

A partir de 639, a dinastia merovíngia entrou em crise, e as funções do rei passaram a ser exercidas por um alto funcionário da côrte – o prefeito do palácio, também chamado mordomo do paço. Um desses mordomos foi Carlos Martel, que governou de 714 a 741. Martel conquistou prestígio e poder, entre outros motivos, por ter comandado o exército cristão que, na Batalha de Poitiers (732), deteve o avanço dos muçulmanos na Europa. Por interromper esse avanço islâmico, Carlos Martel foi chamado de “salvador da cristandade”.

Pintura. Cena de batalha com pessoas portando capacetes, espadas, lanças, machados e escudos. Algumas pessoas estão caídas no solo. À esquerda, uma cruz com um círculo, apoiada sobre uma base de pedra branca.
A Batalha de Poitiers, pintura de Charles de steuben, 1837. Com essa vitória, a expansão dos muçulmanos em território europeu foi refreada.

Após sua morte, Carlos Martel foi sucedido no cargo de mordomo do paço do Reino Franco por seu filho Pepino, conhecido como “o Breve”. Em 751, Pepino destronou o último rei merovíngio e fundou uma nova dinastia.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Reino Franco”, incluindo seus subitens, contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá cinco e da habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro, pois identifica e analisa diferentes interações entre os francos cristãos e outros povos ao longo do tempo em territórios na Europa.

Formação do Império Carolíngio

A segunda dinastia dos francos chamou-se carolíngia, termo derivado de Carlos Magno, um dos reis de mais destaque dessa dinastia. Os soberanos carolíngios governaram entre os séculos oito e nove.

Em 754, Pepino foi reconhecido como rei dos francos pelo papa Estêvão segundo. Em troca desse reconhecimento, o papa recebeu terras na Península Itálica (inclusive a cidade de Roma), onde foram formados os Estados Pontifícios (territórios governados diretamente pelo papa).

Pepino foi sucedido por seu filho Carlos Magno, que governou durante 46 anos (768-814). Nesse período, os francos conquistaram territórios na Península Ibérica, no norte da Península Itálica, na Saxônia e na Bavária (ambas na atual Alemanha). Os povos que viviam nos territórios conquistados foram obrigados pelos francos a se converter ao cristianismo.

Quando tentaram alargar seus domínios além da Marca da Espanha (consulte o mapa a seguir), em 778, os comandados de Carlos Magno foram derrotados pelos muçulmanos. Apesar dessa derrota, as conquistas alcançadas pelos francos conferiram grande prestígio a Carlos Magno dentro do mundo cristão. Assim, no ano 800, o papa Leão terceiro concedeu ao soberano dos francos o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente.

Império Carolíngio (século nove)

Mapa. Império Carolíngio (século nove). Destaque para Europa e norte da África. Em amarelo, Império Carolíngio, compreendendo regiões de Aquitânia, Borgonha e Saxônia, onde estão localizadas as cidades de Marselha, Gênova, Veneza, Estrasburgo, Poitiers, Órleans, Verdun, Paris, Colônia e Le Mans, além da Marca da Bretanha, à oeste, e da Marca da Espanha, no limite sudoeste do território. Em roxo, Estados da Igreja, compreendendo parte da Península Itálica na qual está localizada a cidade de Roma. Em verde, Domínios muçulmanos, compreendendo áreas da Península Ibérica, incluindo as cidades de Lisboa, Toledo, Cádiz e Granada,  e do norte da África, abrangendo as cidades de Tânger e Cartago. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 260 quilômetros.
Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de êti ól Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 94. KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 130.

Dessa forma, o papa pretendia escapar da dominação dos governantes do Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino) e criar uma nova unidade na Europa Ocidental, agora sob o comando de um soberano franco e cristão aliado a ele.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que aborda a importância do Império Carolíngio para a formação de uma identidade europeia.

Império Carolíngio e identidade europeia

“É um longo momento histórico em que se operam o nascimento e a desagregação de um novo império – o carolíngio –, em que são postas à prova a tendência para a centralização dos poderes e as fôrças centrífugas que irão atuar durante muitos séculos, em que se mede a relação de fôrças entre os príncipes e os papas, entre o Estado e a Igreja, e se avança para a construção de uma nova ordem social e econômica baseada no sistema feudal, na grande propriedade fundiária, na hereditariedade dos ofícios, na servidão dos camponeses, que – apesar das muitas e profundas transformações e inovações ocorridas – será o tecido conetivo do continente até o século dezenove. São também os séculos em que gradualmente se define uma identidade europeia perante o Islão e o Império Romano do Oriente, que, e não por acaso, é melhor dizer bizantino, e com novas vagas de bárbaros que pressionam as fronteiras orientais.”

BARLETTA, Laura. Introdução. In: ECO, Umberto (organizador). Idade Média: bárbaros, cristãos e muçulmanos. Lisboa: Leya, 2012. página 37.

Administração do Império Carolíngio

Para administrar o império, Carlos Magno contou com funcionários e nobres. Entre os nobres, destacamos:

  • os condes: responsáveis por territórios conhecidos como condados;
  • os marqueses: responsáveis por territórios conhecidos como marcas, que ficavam nas fronteiras do império;
  • osmissi dominiti: inspetores reais que fiscalizavam os administradores locais.

Como líder de um império guerreiro, Carlos Magno selecionou um grupo de 12 homens para formar seu conselho de guerra, conhecidos como os Doze Pares de França. Esses conselheiros participavam de batalhas contra os inimigos dos francos e acabaram se tornando uma lenda no mundo cristão, inspirando obras da literatura medieval e festas populares até mesmo no Brasil, como as cavalhadas.

Fotografia. Dois homens montando cavalos, segurando espadas esticadas para cima. O homem da esquerda veste camisa e calça azuis, o homem da direita veste camisa e calça vermelhas. Os cavalos tem o dorso coberto por capas na mesma cor do traje de seus cavaleiros.
Festa de São Benedito, em Poconé, Mato Grosso, com a apresentação de cavalhada, encenação das batalhas entre cristãos (de azul) e mouros (ou árabes, de vermelho). Fotografia de 2018. As cavalhadas medievais eram torneios que serviam de exercício militar nos intervalos das guerras. Essa tradição religiosa foi trazida ao Brasil pelos portugueses.

Renascimento Carolíngio

Apesar de ter permanecido analfabeto até a vida adulta, Carlos Magno preocupou-se com o desenvolvimento das artes e da literatura. Durante seu governo, artistas e estudiosos receberam proteção e patrocínio. Além disso, foram construídos mosteiros e escolas.

Nos mosteiros, alguns monges se dedicavam a traduzir e copiar livros de antigos autores gregos e romanos. Assim, preservou-se uma parte da cultura da Antiguidade Clássica.

Em função desse desenvolvimento cultural, historiadores chamam essa época de Renascimento Carolíngio. Porém, a maioria da população permaneceu analfabeta e não teve acesso às obras que foram produzidas ou recuperadas. Essas obras ficaram restritas a uma elite de nobres e sacerdotes que viviam nos palácios e nos mosteiros.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

A maioria das pessoas que você conhece são alfabetizadas? Elas frequentaram a escola? Em sua opinião, qual é a importância de saber ler e escrever?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Renascimento Carolíngio” favorece o desenvolvimento das competências cê gê três e cê ê agá cinco. Além disso, o boxe “Para pensar” contribui para o desenvolvimento das competências cê ê cê agá dois e cê ê agá um.

Para pensar

Resposta pessoal, em parte. Explique que a alfabetização consiste, em linhas gerais, no processo de aprendizagem de um sistema de leitura e escrita. Esse processo está ligado a outro, mais amplo, chamado letramento, que consiste na aprendizagem das funções e dos usos da escrita e da leitura em variados contextos e práticas sociais e culturais. Provavelmente, a maioria das pessoas que os estudantes conhecem foram alfabetizadas e frequentaram a escola. Ressalte que a alfabetização ligada ao letramento possibilita o pleno exercício da cidadania, que depende da capacidade de compreender e expressar informações de fórma contextualizada e crítica.

OUTRAS HISTÓRIAS

Livros valiosos

De acordo com o historiador Kenneth Clark, Carlos Magno armazenou tesouros (joias, camafeus, marfins, sedas preciosas) provenientes de várias partes do império. Mas sua contribuição mais importante foram os livros, não só os textos como também as ilustrações e as encadernações.

Naquela época, os livros eram tão valiosos que recebiam as mais ricas e trabalhadas encadernações. Muitas delas consistiam em placas de marfim com bordas incrustradas de ouro e pedras preciosas. Algumas sobreviveram quase intactas, sobretudo as placas de marfim, já que o ouro e as pedras preciosas foram roubados.

Nunca houve livros tão valiosos quanto aqueles feitos para a biblioteca da côrte carolíngia ou aqueles que eram enviados de presente por toda a Europa Ocidental.

Relevo. Placa esculpida em pedra, representando um homem vestindo uma túnica, sentado, segurando um livro com as mãos. Tem uma auréola ao redor de sua cabeça e, acima, uma pomba. Nas laterais há colunas decoradas.
Placa de marfim representando São João Evangelista produzida no início do século nove, no período carolíngio, na cidade de Aachen, na atual Alemanha.
Capa de livro. Objeto retangular, com pedras preciosas e um crucifixo dourado entalhado no centro.
Capa de livro contendo os evangelhos escritos em latim, conhecido como Evangelhos de Lindau, em ouro cravejado com pedras preciosas e pérolas do período carolíngio, cêrca de 875.

Responda no caderno

Atividades

  1. Por que os livros são uma herança importante do período carolíngio?
  2. O que demonstra que os livros eram considerados valiosos na época do Império Carolíngio?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “Livros valiosos” favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois e cê gê três.

Outras histórias

1 e 2. De acordo com o texto, os livros são considerados importantes por causa de seus textos, ilustrações e encadernações. Naquela época, a produção de um livro era complexa e trabalhosa, o que tornava os livros raros, pouco comuns. Assim, algumas dessas produções receberam encadernações sofisticadas (com ouro, pedras preciosas, marfim) para reforçar ou demonstrar essa raridade e seu valor. Comente que esse texto “Livros valiosos” foi inspirado nos estudos do historiador Kenneth Clark. Desse modo, é interessante destacar que, para ele, esses livros são importantes fontes históricas.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir, escrito pelo historiador da arte britânico Kenneth Clark, comenta a produção artística dos livros no Renascimento Carolíngio.

A produção de livros no Renascimento Carolíngio

“Como chefe de um império que se estendia da Dinamarca ao Adriático, Carlos Magno armazenou tesouros – joias, camafeus, marfins, sedas preciosas – provenientes de todo o mundo conhecido. Mas o que nos legou de importante foram os livros, não só os textos, mas as ilustrações e as encadernações. Quanto a estas duas últimas, já havia uma longa tradição artística, e as obras de arte produzidas sob a influência do Renascimento Carolíngio são obras-primas. Nunca houve livros tão maravilhosos quanto os feitos para a biblioteca da côrte ou para serem enviados de presente por toda a Europa Ocidental. Muitas das ilustrações são calcadas em modelos bizantinos ou do fim da Antiguidade cujos originais se perderam. Como os textos da literatura romana, tornaram-se conhecidos por nós através das imitações carolíngias [...]. Naquela época, os livros eram tão preciosos que recebiam as mais ricas e mais trabalhadas encadernações. Muitas delas consistem numa placa de marfim com a borda incrustada de ouro e pedras preciosas. Algumas sobreviveram intactas, sobretudo o marfim, já que o ouro e as pedras preciosas foram roubados.”

CLARK, Kenneth. Civilização. São Paulo: Martins Fontes; Brasília: Editora ú êne bê, 1980. página 44.

Fragmentação do Império Carolíngio

Após a morte de Carlos Magno, em 814, seu filho Luís primeiro assumiu o poder. O império ainda se manteve unido, embora tenha enfrentado problemas políticos, como a excessiva influência do clero (sacerdotes da Igreja) sobre o monarca.

Após a morte de Luís primeiro, foi assinado o Tratado de Verdun (843), que dividiu o império entre seus filhos Carlos, Luís e Lotário. Observe no mapa a seguir a parte que coube a cada um.

Tratado de Vêrdun (843)

Mapa. Tratado de Verdum (843). Destaque para parte da Europa Ocidental. Em verde, Reino de Carlos, o Calvo, abrangendo parcela do território correspondente à atual França, incluindo a cidade de Paris. Em laranja, Reino de Lotário I, abrangendo uma faixa de terra correspondente à parte dos atuais territórios de Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Itália e França, incluindo as cidades de Aquisgrã, Verdun e Estrasburgo. Em roxo, Reino de Luís, o Germânico, compreendendo parte da atual Alemanha, incluindo a cidade de Ratisbona. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 190 quilômetros.
Fonte: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 118.

Essa divisão abriu caminho para que administradores locais (condes, marqueses, bispos) conquistassem mais poder e autonomia. Além disso, a partir do século nove, muçulmanos, hunos e vikings fizeram novas invasões à Europa Ocidental.

Entre o século dez e meados do século quinze, ocorreram diversas modificações no modo de vida das pessoas na Europa Ocidental. Com medo das invasões e das guerras, os povos dessa região reorganizaram-se em busca de segurança. Foi nesse período que muitos castelos foram construídos, pois ajudavam a proteger seus senhores dos inimigos externos.

Responda no caderno

para pensar

  1. Onde você mora é uma região segura ou violenta? Por que você acha que isso acontece? Argumente.
  2. Atualmente, como as pessoas procuram se proteger da violência e da insegurança?
  3. Em sua opinião, qual seria a melhor fórma de combater a violência? Justifique sua resposta expondo seus argumentos.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Fragmentação do Império Carolíngio” contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá cinco. Já o boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê gê nove, cê ê cê agá dois e cê ê cê agá três.

Para pensar

  1. Resposta pessoal. Comente que a violência pode ser percebida pelos índices de criminalidade, que indicam o número de roubos, homicídios, latrocínios, estupros, sequestros etc. em uma determinada região. Ressalte que existem várias fórmas de violência, como a física, a psicológica, a sexual, a patrimonial e a moral. Diversos fatores podem propiciar um ambiente violento, como as profundas desigualdades sociais e as ideologias que banalizam o valor da vida humana e naturalizam fórmas de violência.
  2. Resposta pessoal. Em geral, para se proteger da violência e da insegurança, as pessoas evitam andar em locais sem iluminação e pouco movimentados; evitam portar objetos valiosos; evitam expor informações pessoais para desconhecidos; e tentam reforçar a segurança de suas casas e comércios.
  3. Resposta pessoal. Infelizmente, há uma forte tendência punitivista daqueles que acreditam que a solução para a violência e a criminalidade seria a facilitação do acesso às armas pela população, o fortalecimento das polícias como órgãos de repressão e o recrudescimento das penas previstas para determinados crimes. Essa ideia é amplamente criticada por especialistas em segurança pública de vários países. Em geral, tais especialistas apontam que o punitivismo é uma solução simplista e imediatista para um problema complexo, que é a violência social. Assim, eles buscam as causas mais profundas da violência, apontando que ela seria reduzida por meio de investimentos na construção de uma sociedade mais justa, menos desigual, onde as pessoas tenham, por exemplo, acesso à educação de qualidade e à saúde pública. Dessa fórma, em vez de combater violência com mais violência, recorrendo a argumentos simplistas e falaciosos, deve-se almejar a construção de uma cultura da paz, baseada no diálogo e na prevenção da criminalidade, e não apenas no combate a seus efeitos.

PAINEL

Castelo medieval

A grandiosidade de um castelo medieval representava o poder de seu senhor. Muitos deles foram construídos entre os séculos dez e catorze.

Os castelos abrigavam nobres, empregados e guerreiros. Serviam de fortaleza militar, moradia e centro administrativo.

Conheça, na representação a seguir, o esboço artístico de alguns elementos comuns a castelos medievais europeus.

Ilustração. Representação de um castelo formado por paredes de pedra, cômodos diversos, duas torres ao centro contendo telhados triangulares, muralha e área alagada ao redor de seu perímetro, além de uma ponte levadiça. Possui indicação de ícones enumerados de 1 a 10. 
Ícone 1: Fosso. Área alagada ao redor do território que envolve o castelo. 
Ícone 2: Ponte levadiça. Uma ponte de madeira presa por hastes metálicas à parede de entrada do castelo. 
Ícone 3: Calabouço. Uma pequena área restrita na lateral do castelo, com grades nas paredes. 
Ícone 4: Quarto Principal. Cômodo retangular em área central do castelo, contendo uma cama. 
Ícone 5: Banheiro. Cômodo próximo ao quarto principal. 
Ícone 6: Salão Principal. Cômodo extenso na lateral do castelo, contendo mesas diversas e aberturas laterais. 
Ícone 7: Capela. Cômodo alto, contendo uma torre lateral, uma entrada central e vitrais nas paredes. 
Ícone 8: Muros de defesa. Muros de pedra ao redor de todo o perímetro do castelo.  
Ícone 9: Despensa. Pequena área próxima ao salão principal. 
Ícone 10: Cozinha. Pequena área no interior do salão principal.

1. Fosso

O fosso era feito ao redor dos muros do castelo para dificultar a entrada de inimigos.

2. Ponte levadiça

A ponte levadiça era feita de madeira e podia ser levantada em segundos, caso o castelo fosse atacado.

3. Calabouço

O calabouço era o local onde os prisioneiros eram mantidos.

4. Quarto principal

O quarto principal era o cômodo privativo do senhor e da senhora do castelo. Costumava ter as paredes e o teto pintados, uma lareira e uma cama confortável de madeira.

5. Banheiro

O banheiro era um cômodo simples. Nele, por meio de um buraco, os dejetos eram jogados em uma fossa.

6. Salão principal

O salão era o local de refeições e festas. Os primeiros a serem servidos eram o senhor e sua família, que se sentavam em uma mesa mais alta. Reis e príncipes contratavam homens para provar a comida antes e garantir que não estivesse envenenada.

7. Capela

A capela podia ter paredes pintadas e janelas com vitrais coloridos.

8. Muros de defesa

Os muros eram largos e, ao longo deles, existiam torres e corredores de vigilância. Nos corredores havia uma mureta com aberturas retangulares chamadas ameias. Dessas aberturas, os arqueiros podiam atirar flechas e, ao mesmo tempo, se proteger. Os arqueiros eram capazes de disparar, em média, de dez a quinze flechas por minuto.

9. Despensa

Na despensa, que costumava ficar no térreo, eram armazenados lenha, armas e alimentos, como trigo, queijos, carnes salgadas, feijões e farinha. Ela deveria estar abastecida para garantir a sobrevivência dos moradores em caso de ataques.

10. Cozinha

A cozinha ficava longe dos cômodos principais do castelo. Os cozinheiros salgavam carne para conservação, aqueciam caldeirões com legumes e verduras e preparavam molhos. As refeições do senhor do castelo e de sua família podiam durar de duas a três horas.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Para complementar as informações apresentadas na seção “Painel”, destaque que os castelos medievais:

  • possuíam função militar e residencial;
  • eram construções tipicamente feudais;
  • representavam a fragmentação política daquele período;
  • surgiram no norte da França entre os séculos nove e dez;
  • entraram em declínio juntamente com o feudalismo.

Alerta ao professor

A seção “Painel” intitulada “Castelo medieval” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis, ao caracterizar a organização de um castelo medieval e, por conseguinte, destacar aspectos da vida social.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir parte do verbete “Castelo”, de um dicionário sobre a Idade Média.

Castelo

[O castelo] Era a residência fortificada e a fortaleza residencial de um senhor; essa dualidade de função é peculiar ao castelo na história das fortificações e aponta para a sua feudalidade. Todos os edifícios refletem a sociedade que os produz, e os castelos são o produto característico de uma sociedade feudal, dominada por uma aristocracia militar para a qual eles são a moldura apropriada. Embora existissem também palácios e casas não fortificadas, assim como residências dotadas de fortificações relativamente ligeiras, conhecidas na Inglaterra como manors, na França como maisons fortes e em Portugal como solares, os castelos estavam entre as mais prestigiosas das casas senhoriais no período feudal e converteram-se também em símbolos da nobreza feudal. O castelo era a residência fortificada não só do rei ou príncipe, mas de qualquer senhor; e enquanto representa, portanto, aquela fragmentação ou delegação de poder civil e militar que é essencialmente feudal, também é propriedade estritamente privada, em oposição à pública, séde e centro do senhorio de um homem, de sua família, seus servidores e dependentes: um conceito muito diferente da vila ou cidade fortificada, a chamada praça forte.

LOYN, Henry R. organização. Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.página 78-80.

Feudalismo

O feudalismo é uma fórma de organização econômica, social e política que se desenvolveu na Europa Ocidental, sobretudo entre os séculos dez e treze.

Segundo historiadores, as sociedades feudais mesclavam elementos romanos e germânicos. A própria palavra feudo tem origem germânica e significa “coisa oferecida em troca de algo”. Um feudo podia ser, por exemplo, uma extensão de terra, um castelo ou uma quantia de dinheiro.

Apesar de não terem se desenvolvido do mesmo modo em todas as regiões da Europa, as sociedades feudais apresentavam algumas características em comum:

  • o fortalecimento do poder dos senhores locais, que exerciam autoridade administrativa, judicial e militar em suas propriedades;
  • a hierarquização social entre membros do clero, nobres e servos;
  • o estabelecimento de vínculos de fidelidade entre nobres;
  • o domínio dos senhores locais sobre um conjunto de servos que trabalhavam no campo;
  • o declínio de atividades urbanas e a ampliação de atividades rurais como a agricultura e a criação de animais;
  • a consolidação do poder religioso, político e econômico da Igreja Católica.
Fotografia. Vista aérea de um castelo cercado por muros de pedra. Na entrada, uma torre. No interior das muralhas, diversas construções. A área externa é cercada por árvores e um rio.
Vista aérea do Castelo de Granadilla, antiga vila feudal amuralhada fundada no século dozepor Fernando segundo de Leão, em Cáceres, Espanha. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Feudalismo”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento das competências cê ê agá um e cê ê agá dois, bem como da habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis, sobretudo por caracterizar as fórmas de organização do trabalho e da vida social na Europa medieval, com destaque para as relações entre senhores e servos.

Orientação didática

É preciso frisar que “feudalismo” é uma nomenclatura criada por historiadores europeus tomando como base regiões específicas, particularmente a França. Assim, embora seja possível identificar aspectos comuns entre as diferentes sociedades da Europa Ocidental nesse período, elas também assumiram características próprias em regiões como Inglaterra, Península Ibérica e Europa central.

Divisões sociais

A sociedade feudal era comumente dividida em três ordensglossário ou grupos distintos:

  • clero ou oratores (termo latino que significa “aqueles que oram”) – eram os membros da Igreja Católica. Lidavam com os temas religiosos, administravam os bens da Igreja e tinham muita influência sobre o restante da sociedade. No topo da hierarquia do clero estava o papa. Depois dele, vinham os altos dirigentes: o chamado alto clero (cardeais, arcebispos, bispos e abades). Logo abaixo, estavam os sacerdotes e os monges, que formavam o chamado baixo clero;
  • nobreza ou bellatores (termo latino que significa “aqueles que combatem”) – eram donos de terras e dedicavam-se, principalmente, às atividades políticas, administrativas e militares. Entre os nobres havia uma hierarquia: no topo, ficava o rei, seguido por príncipes, duques, marqueses e condes. Abaixo, estavam os cavaleiros. Em tempos de paz, a nobreza dedicava-se a caçar e a fazer torneios, que serviam de treino para guerras e batalhas;
  • trabalhadores ou laboratores (termo latino que significa “aqueles que trabalham”) – eram a maioria da população, que sustentava a sociedade com seu trabalho. Entre os trabalhadores havia artesãos, comerciantes e camponeses. A maior parte dos camponeses eram servos, que não tinham liberdade. Um senhor feudal podia negociar seus servos com outro senhor – dar, emprestar ou trocar. O servo não podia testemunhar contra um homem livre ou nobre, não podia se tornar membro do clero (padre, bispo ou outro) e era obrigado a pagar muitos impostos. Mas tinha de ser protegido pelo senhor feudal, podia ter alguns bens e não podia ser vendido.
Iluminura. Representação de homens e mulheres em uma lavoura. Ao centro, homens segurando foices para a colheita. À direita, mulheres ajoelhadas na grama, próximas a um rebanho de ovelhas. Em segundo plano, nota-se um castelo com muros altos e torres com telhados triangulares. No canto superior há um calendário com as divisões de dias e meses, e as imagens de um caranguejo e um leão, em referência aos signos do zodíaco.
Iluminura do livro Riquíssimas horas do duque de béri, do séculoquinze, representando as atividades do mês de julho: camponeses tosquiando ovelhas e trabalhando na terra. Ao fundo, vê-se o castelo do senhor.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre as origens do feudalismo.

As origens do feudalismo

A palavra “feudalismo” vem de feudo, que deriva do germânico fehu (“gado”), significando um “bem oferecido em troca de algo”. Os feudos podiam ser não apenas uma extensão de terras, mas também um castelo, uma quantia em dinheiro ou outros direitos.

De acordo com o historiador francês Jacques Le Goff, especialista em história medieval, feudalismo é um sistema de organização econômica, social e política no qual uma camada de guerreiros especializados – os senhores –, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de vínculos de dependência, domina uma massa campesina que trabalha na terra e lhes fornece com que viver.

Embora o feudalismo tenha sido um sistema que caracterizou diversas regiões da Europa Ocidental entre os séculos dez e treze, podemos dizer que suas instituições resultaram de longa gestação, mesclando elementos romanos e germânicos.

Da herança romana, podemos destacar:

colonato – sistema de trabalho servil que se desenvolveu com a crise do Império Romano, quando escravos e plebeus empobrecidos passaram a trabalhar como colonos em terras de um grande senhor. O proprietário oferecia terra e proteção ao colono, recebendo deste um rendimento do seu trabalho.

Da herança germânica, podemos assinalar:

  • comitatus – instituição que estabelecia laços de fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros;
  • beneficium – instituição pela qual os chefes militares carolíngios concediam a seus guerreiros, como recompensa, a posse de terras. Mais tarde, essas terras foram chamadas de feudos. Em troca, o beneficiado oferecia fidelidade, seu trabalho e ajuda militar ao senhor.

Texto elaborado pelos autores.

Mobilidade social

Nas sociedades medievais, era bem difícil uma pessoa sair de um grupo social e passar para outro, principalmente se fosse um camponês. Apenas os homens nobres podiam mudar de ordem, quando se tornavam sacerdotes.

No século onze, o bispo francês Adalbéron de Laon procurou justificar a existência das ordens sociais. Dizia ele que, enquanto uns rezam, alguns combatem e outros devem trabalhar. Assim, pelo argumento do bispo de Laon, se as partes cumprem suas obrigações, elas formam um conjunto que se apoia mutuamente.

Já no século doze, outro religioso francês, Estêvão de fugér, escreveu os seguintes versos, em tom de crítica, sobre a sociedade de sua época:

“Os clérigos devem por todos orar

Os cavaleiros sem demora

Devem defender e honrar

E os camponeses sofrer.

Cavaleiros e clero sem falha

Vivem de quem trabalha reticênciasponto

fugér, Estêvão de. In: DUBY, Georges. As três ordens ou o imaginário do feudalismo. segunda edição Lisboa: Estampa, 1994. página 304-305.

Outro religioso, o bispo Eadmer de Canterbury, que viveu na mesma época, deixou evidente a diferença entre as ordens sociais ao comparar os clérigos a carneiros, os nobres a cães e os trabalhadores a bois:

“[...] a razão de ser dos carneiros é fornecer leite e lã, a dos bois trabalhar a terra, a dos cães defender os carneiros e os bois dos lobos.

CANTERBURY, Eadmer. apud FRANCO JR., H. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1999. página 72.

Ao interpretar essa metáfora, podemos dizer que os religiosos seriam como carneiros porque faziam orações (leite) e forneciam proteção (lã). Os nobres seriam como cães porque defendiam a sociedade de seus inimigos (lobos). Já os trabalhadores seriam como bois porque trabalhavam por todos.

Pintura. Representação de homens vestindo armaduras sobre o dorso de cavalos. Portam escudos, lanças e bandeiras. À esquerda, uma torre de castelo.
Pintura em madeira representando cavaleiros medievais, século treze.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir, escrito pelo historiador Hilário Franco Júnior, apresenta algumas características da sociedade feudal.

As estruturas feudais

“O estudo das relações sociais na Idade Média Central remete-nos diretamente a um dos mais polêmicos temas da historiografia contemporânea: o do feudalismo. reticências

O que se deve chamar de feudalismo ou termo correlato (modo de produção feudal, sociedade feudal, sistema feudal etcétera) é o conjunto da formação social dominante no Ocidente da Idade Média Central, com suas facetas política, econômica, ideológica, institucional, social, cultural, religiosa. Em suma, uma totalidade histórica, da qual o feudo foi apenas um elemento. No entanto reticências, vamos aqui nos prender apenas à análise das relações sociais do feudalismo. Ou melhor, do feudo-clericalismo. Realmente, este rótulo parece-nos mais conveniente, na medida em que explicita o papel central da Igreja naquela sociedade. Fato fundamental e geralmente pouco considerado. Foi por intermédio dela que se deu a conexão entre os vários elementos (já anteriormente presentes) que comporiam aquela formação social. reticências Foi ela a legitimadora das relações horizontais sacralizando o contrato feudo-vassálico, e das relações verticais justificando a dependência servil.

reticências o clero é colocado fóra do âmbito da lei humana, pois, estando mais próximo de Deus, a quem serve, possui inegável superioridade. Por sua vez, nobres e servos não são categorias celestes, apenas terrenas, daí se definirem pelo nascimento. E a genética deu aos nobres boas condições, de fôrça, de beleza. Daí o fato de o clero, grupo social que não se autorreproduz devido ao celibato, requisitar seus membros na nobreza, toda ela ‘de sangue de reis’, portanto algo sagrada. Ao contrário, a natureza reservou aos servos o trabalho, a tarefa de, por meio do seu esforço, do suor do seu rosto, alimentar os demais. Feios e grosseiros (como os textos repetem à saciedade), os servos expressavam por essas características físicas sua condição de pecadores. O trabalho era imposto a eles como fórma de resgatar as faltas. Era uma penitência.

reticências A sociedade de ordens dividia os homens em grupos de relativa fixidez, pois a classificação de cada indivíduo partia de uma determinação, de uma ordem, divina. reticências Da parte dos oratores, esse estado de coisas estava, segundo a mentalidade da época, plenamente justificado na medida em que eles realizavam um serviço essencial para toda a sociedade: a mediação com as forças sobrenaturais. reticências

À medida que se ia acentuando o enfraquecimento do poder monárquico, os bispos assumiam funções tipicamente reais, procurando proteger suas terras, que tinham recebido imunidade, arriscada porém a nada valer diante da debilitação do poder central. reticências

Os laboratores, por sua vez, apresentavam um leque de condições conforme os locais e os momentos. Subsistiam camponeses livres, donos de uma terra que escapara aos vínculos feudais, o alódio. reticências

Mas era a mão de obra servil que predominava. De origem e caracterização problemáticas, que geraram muitas polêmicas historiográficas, os servos eram trabalhadores dependentes. Recebiam do senhor lotes de terra, os mansos, de cujo cultivo dependia sua sobrevivência e em troca da qual realizavam o pagamento de determinadas taxas àquele senhor. Trabalhavam ainda em lugares e tarefas indicados pelo senhor, sem nenhum tipo de remuneração. Em contrapartida, tinham a posse vitalícia e hereditária de seus mansos e a proteção militar proporcionada pelo senhor.

Tínhamos, portanto, naquela sociedade de ordens, de um lado, duas camadas identificadas quanto às origens e aos interesses, detentoras de terra e, assim, de poder econômico, político e judicial (clérigos e guerreiros); de outro lado, uma massa formada principalmente por despossuídos e dependentes, os trabalhadores. Assim, davam-se três fórmas de relações sociais, uma horizontal na camada dominante, outra horizontal na camada dominada e outra vertical entre os dois grandes grupos.”

FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1999. pê ponto 120-124.

Suserania e vassalagem

No feudalismo, houve um fortalecimento do poder local dos nobres. Esses nobres tornaram--se senhores feudais porque detinham terras chamadas de feudos. O senhor feudal governava seu território, onde podia cobrar impostos, manter exércitos e julgar crimes.

Para manter o poder, a nobreza feudal estabeleceu, entre si, relações de fidelidade da seguinte maneira:

  • aquele que tinha mais terras (chamado de suserano) concedia uma parte delas (um feudo) para outro nobre (denominado vassalo);
  • em troca, o vassalo devia fidelidade ao suserano e, também, prestava-lhe diversos serviços.

Provavelmente essa prática se disseminou a partir da época carolíngia. Os reis francos (povo germânico) costumavam doar terras em troca de fidelidade, serviços e obrigações militares.

Miniatura. Representação de um homem vestindo uma túnica laranja, usando uma coroa na cabeça, sentado em um trono. À sua frente, uma mulher vestindo uma túnica laranja está ajoelhada. Eles têm as mãos entrelaçadas. Ao redor diversas pessoas observando a cena.
Miniatura do manuscrito Liber Feudorum Maior, do século doze, com representação da condessa de Bearn que, em ato de vassalagem, jura fidelidade ao rei Alfonso segundo de Aragão, prometendo não se casar sem o consentimento dele.
Iluminura. Representação de um homem vestindo um manto azul, branco e dourado, sentado sobre um trono, utilizando uma coroa dourada sobre sua cabeça. A sua frente, um homem de cabelos curtos e castanhos, vestindo um manto vermelho, ajoelhado, ambos com as mãos entrelaçadas. Ao redor, diversas pessoas observam a cena.
Iluminura de 1469 representando jeãn de saint mór, barão de lá é julãn, jurando fidelidade ao rei Renato primeiro de Nápoles e duque de Anjou. O vassalo está ajoelhado e com a cabeça descoberta, em homenagem a seu suserano.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

FERNANDES, Fátima Regina. O vassalo fiel na Baixa Idade Média portuguesa. Revista Tiempo y Espacio, número 14, página 107-118, 2004. Universidad del Bío-Bío, departamento Ciencias Sociales, Chile. Disponível em: https://oeds.link/4ThZ5m. Acesso em: 21 janeiro 2022.

Artigo em português publicado em uma revista acadêmica chilena sobre fidelidade e traição nas relações de vassalagem entre nobres de Portugal na Baixa Idade Média.

Trabalho nos feudos

Nos lugares onde predominou o feudalismo, as principais atividades econômicas eram a agricultura e a criação de animais. Outras atividades – como comércio, artesanato e serviços – também eram praticadas, mas não tiveram a mesma importância que o trabalho na terra.

Assim, o feudo era a principal unidade produtora da economia feudal. O tamanho de um feudo variava conforme a região. Mas, no geral, tinha em média de 200 a 250 hectaresglossário .

Nos feudos eram produzidos cereais, carnes, leite, roupas e utensílios domésticos para o consumo de quem nele vivia. Alguns produtos vinham de fora, como sal e ferramentas. De modo geral, os feudos eram divididos em três áreas principais: os campos abertos, as reservas senhoriais e os mansos servis.

Ilustração. Representação de um feudo, com um castelo de pedra ao fundo, com torres e muros em seu perímetro, cercado por água e conectado ao restante do território por uma ponte. À esquerda, pessoas trabalhando em uma grande área de plantação. Em primeiro plano, diversas habitações simples, com telhados de palha, pessoas trabalhando em pequenas áreas de cultivo e de criação de animais e uma igreja com paredes de pedra e uma torre central contendo uma cruz no topo.
Representação artística de um feudo durante a Idade Média.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre as relações de vassalagem que caracterizam a Alta Idade Média.

As instituições feudo-vassálicas

No início da Idade Média (do século seteum ao nove, as relações feudo-vassálicas são uma das fórmas possíveis de relações entre um homem e outro.

Tendo-se dado desde há muito a desagregação do Estado romano, os laços pessoais entre os homens constituem o cimento da sociedade, quer se trate da vida pública, quer da vida privada.

Tais laços, colocados sob o signo da hierarquia e da assimetria, são geralmente caracterizados pela proteção concedida por uma personagem poderosa a um homem livre (os escravos, então muito numerosos, são ainda excluídos desta estrutura de relações), em troca da sua solicitude e fidelidade. O ‘homem de um outro homem’ é designado por ‘vassalo’ ou ‘antrustião’, dois termos sinônimos de origem germânica. Todavia, reticências rapidamente revestem uma importância muito particular. O direito-dever de participar nas campanhas militares como homem livre e membro das hordas armadas caracterizou, desde sempre, as democracias guerreiras das tribos germânicas.

Tal direito só começa a enfraquecer a partir do século sete, face a duas transformações irreversíveis e interdependentes: por um lado, a especialização da atividade guerreira (sobretudo à medida que a imagem do combatente e a do cavaleiro se vão sobrepondo) e, por outro lado, o custo cada vez mais elevado do equipamento e da manutenção militar necessários à guerra. Este processo de transformação, com todas as consequências sociais, técnicas, econômicas e até de prestígio que ele implica, só atinge o apogeu nos séculos dez e onze, embora seja só perceptível durante a dinastia carolíngia.

Para poder prestar vassalagem militar a um senhor, o vassalo deve receber dele um ‘benefício’ (o termo germânico ‘feudo’ substituirá, com o tempo, o de origem latina), ou seja, um conjunto maior ou menor de terras e de servos que permita ao ‘fiel’ uma dedicação exclusiva ao serviço das armas.

Nas cerimônias de investidura feudal – codificadas desde finais do século oito –, a ‘homenagem’ e o ‘juramento de fidelidade’ prestados pelo vassalo são anteriores e independentes da concessão do benefício. Ulteriormente, a homenagem será prestada pelo vassalo a fim de lhe ser acordado um feudo.

Tendo surgido originaria- mente no noroeste da Gália (a ‘França’, no senti­do estrito), onde os fran­cos constituíam a maioria, as relações feudo-vassálicas estendem-se depois do Loire ao Reno e a uma grande parte da Europa."

DELOUCHE, Frédéric. História da Europa. Coimbra: Minerva, 1992. página 132-133.

Condição servil

As pessoas que viviam na condição de servos não podiam deixar as terras do senhor feudal. Tinham de trabalhar ali durante toda a vida para o próprio sustento e para manter as outras ordens sociais (nobreza e clero).

Os servos tinham uma série de obrigações que deviam ser pagas ao senhor feudal. Entre essas obrigações estavam:

  • corveia – trabalho de alguns dias por semana nas reservas senhoriais;
  • talha – entrega para o senhor feudal de parte dos produtos agrícolas que cultivavam ou dos animais que criavam;
  • banalidade – taxa paga ao senhor pelo uso de celeiros, fornos, moinhos.

Analisando a situação dos servos, percebemos que eles eram explorados pelos senhores. Porém, naquela época, a relação servil tinha como base valores que faziam do senhor também um protetor, e não apenas um explorador. De qualquer modo, a exploração existiu e, por isso, houve uma série de rebeliões dos servos contra os senhores.

Fotografia. Imagem de uma construção com paredes de pedra, abertura central em forma de arco e telhado triangular.
Forno comum de propriedade do senhor feudal usado pelos camponeses para assar pão, mediante pagamento, localizado em Chanaz, França. Fotografia de 2021. Esse privilégio da nobreza, criado na Idade Média, perdurou até a Revolução Francesa.

Responda no caderno

OFICINA DE HISTÓRIA

Conferir e refletir

1. Construa uma linha do tempo sobre o Reino Franco. Para isso, identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala.

  • Assinatura do Tratado de Verdun, que dividiu o Império Carolíngio entre os filhos de Luís primeiro.ícone de altura
  • Início do reinado de Carlos Magno, que conquistou territórios na atual Alemanha e nas penínsulas Ibérica e Itálica.
  • Início do governo de Carlos Martel, prefeito do palácio franco que conquistou grande prestígio e poder.
  • Início do reinado de Luís I, que manteve o Império Carolíngio unificado.
  • Pepino, filho de Carlos Martel, destrona o último rei merovíngio e funda uma nova dinastia.
  • Carlos Magno recebe o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente do papa Leão terceiro.
  • Pepino é reconhecido como rei dos francos pelo papa Estêvão II, firmando aliança política entre o Reino Franco e a Igreja Católica.
Versão adaptada acessível

Construa uma linha do tempo tátil sobre o Reino Franco. Para isso, identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala.

• Assinatura do Tratado de Verdun, que dividiu o Império Carolíngio entre os filhos de Luís primeiro.

• Início do reinado de Carlos Magno, que conquistou territórios na atual Alemanha e nas penínsulas Ibérica e Itálica.

• Início do governo de Carlos Martel, prefeito do palácio franco que conquistou grande prestígio e poder. Início do reinado de Luís primeiro, que manteve o Império Carolíngio unificado.

• Pepino, filho de Carlos Martel, destrona o último rei merovíngio e funda uma nova dinastia.

• Carlos Magno recebe o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente do Papa Leão terceiro.

• Pepino é reconhecido como rei dos francos pelo papa Estêvão segundo, firmando aliança política entre o Reino Franco e a Igreja Católica.

Orientação para acessibilidade

Caso possível, proponha a construção de uma linha do tempo tátil a partir de materiais de diferentes texturas. Uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero ou fino e espesso tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados material emborrachado, diversos tipos de papéis, palitos, linhas, botões etc. Auxilie os estudantes durante a seleção e a organização dos materiais. Para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que a linha principal seja feita com materiais mais espessos, como os emborrachados. Já os marcos temporais podem ser representados por materiais mais finos, como fios de linha ou pequenos palitos. Após a montagem dessa estrutura, oriente os estudantes que escrevam e colem as informações relativas aos acontecimentos do Reino Franco próximos aos marcos temporais representados na linha do tempo. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Os estudantes também podem destacar a cronologia dos acontecimentos em forma de texto ou oralmente, desde que as relações de anterioridade e posterioridade sejam evidenciadas.

  1. Cada sociedade cria explicações para justificar as divisões entre grupos sociais. Reúna-se com um colega para responder às questões.
    1. Como certas autoridades da Igreja Católica justificavam as “ordens sociais” na sociedade medieval? Vocês concordam com essas justificativas? Comentem.
    2. Na sociedade brasileira atual, existem divisões sociais? Na opinião de vocês, é possível superar essas desigualdades? Elaborem argumentos que justifiquem suas respostas.
  2. A palavra “vândalo” designa um povo germânico que, no século cinco, invadiu algumas regiões do Império Romano. Atualmente, esse termo ganhou um sentido depreciativo, referindo-se àqueles que estragam ou destroem bens públicos. Agora formem grupos e criem um painel sobre locais públicos que vocês gostariam de preservar no município onde vivem. Para isso, sigam as orientações a seguir.
    • Pesquisem alguns locais públicos por meio de visitas guiadas.
    • Depois, selecionem fotografias e vídeos ou criem desenhos representando os locais visitados que vocês gostariam que fossem preservados em seu município.
    • Escrevam uma legenda sobre a história desse patrimônio.
    • Apresentem as fotografias, os vídeos ou os desenhos com legendas na plataforma digital da escola.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidade da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividades 2 e 4);
  • cê gê dois (atividades 2 e 4);
  • cê gê três (atividades 3 e 5);
  • cê gê quatro (atividade 3);
  • cê gê cinco (atividade 3);
  • cê gê seis (atividade 4);
  • cê gê sete (atividades 2 e 4);
  • cê gê nove (atividade 4);
  • cê gê dez (atividade 3);
  • cê ê cê agá um (atividade 4);
  • cê ê cê agá dois (atividades 2, 3 e 4);
  • cê ê cê agá cinco (atividades 2, 3 e 4);
  • cê ê cê agá seis (atividade 4);
  • cê ê agá um (atividades 2 e 4);
  • cê ê agá dois (atividade 1);
  • cê ê agá três (atividades 2 e 4);
  • cê ê agá quatro (atividade 2);
  • cê ê agá sete (atividade 3);
  • ê éfe zero seis agá ih um seis (atividades 2 e 4).

Oficina de História

Conferir e refletir

  1. Os acontecimentos citados devem ficar na seguinte ordem cronológica:
  • 714 – Início do governo de Carlos Martel, prefeito do palácio franco que conquistou grande prestígio e poder.
  • 751 – Pepino, filho de Carlos Martel, destrona o último rei merovíngio e funda uma nova dinastia.
  • 754 – Pepino é reconhecido como rei dos francos pelo papa Estêvão segundo, firmando aliança política entre o Reino Franco e a Igreja Católica.
  • 768 – Início do reinado de Carlos Magno, que conquistou territórios na atual Alemanha e nas penínsulas Ibérica e Itálica.
  • 800 – Carlos Magno recebe o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente do papa Leão terceiro.
  • 814 – Início do reinado de Luís primeiro, que manteve o Império Carolíngio unificado.
  • 843 – Assinatura do Tratado de Verdun, que dividiu o Império Carolíngio entre os filhos de Luís primeiro.
    1. A Igreja Católica justificava a divisão social em três “ordens” como algo definido pelo nascimento. Para a Igreja, rezar, lutar e trabalhar eram funções necessárias e complementares. Mas também havia alguns religiosos que criticavam essa organização social. De qualquer modo, tanto o clero quanto a nobreza constituíam “ordens” sociais privilegiadas, que procuravam defender seus próprios interesses.

b) Tema para debate em grupo. Com base nessa questão, é possível comentar que existem vários tipos de desigualdades no Brasil, entre as quais se destaca a desigualdade de renda. No entanto, é importante mencionar que no Brasil atual, segundo o Artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]”. Essa concepção de igualdade é uma conquista histórica, pois em diversos momentos nas mais diversas sociedades as pessoas não foram consideradas iguais. Além dessa igualdade formal, pode-se estimular os estudantes a discutir caminhos para a igualdade material, por meio do acesso à educação, moradia, saúde etcétera.

3. Antes de realizar a atividade, pode-se comentar o sentido pejorativo da palavra “vândalo” nos dias atuais. É possível também refletir com os estudantes que certos atos tachados de vandalismo por determinado grupo social podem ser considerados ato de protesto por outros grupos. É o caso, por exemplo, da pichação de monumentos públicos que homenageiam um escravocrata. Aliás, há um debate contemporâneo sobre a fórma como certas figuras ou certos eventos do passado devem ser lembrados.

A atividade procura valorizar o estudo do espaço social e do local de atuação de estudantes e professores. É recomendado explicar que “bens públicos” abrangem vários espaços, como praças, mercados, ruas, parques, teatros, edifícios, locais de reunião de pessoas etcétera. Enfim, a pesquisa pode tratar de lugares que as pessoas valorizam, e não apenas de monumentos oficiais. Para orientações mais detalhadas sobre a realização de visitas guiadas, recomendamos a consulta ao roteiro disponível no tópico 5.6., “Estudo do espaço social”, deste manual.

Interpretar texto e imagem

4. Leia o texto a seguir e depois faça o que se pede.

“[Na Alta Idade Média], o esporte e a caça são aprendizados sempre internos à família. reticências desde a idade de catorze anos e até antes, nadar, correr, marchar e montar a cavalo são esportes que os meninos aprendem bem depressa [...]. Bem cedo, portanto, estabelecem-se vínculos particulares entre o homem e o animal doméstico. reticências

A caça continuava sendo o treinamento mais importante, atividade ideal para se aprender a matar animais de grande porte e agarrar presas pequenas. Instaurava-se uma dupla relação de familiaridade e amizade com os animais domésticos que ajudam a caçar, [como o cavalo, os cães, os pássaros treinados, e] de hostilidade e agressividade em relação ao mundo selvagem [javalis, lobos, ursos etc.]. A finalidade da caça não consiste apenas em abastecer as cozinhas, mas também em treinar para a guerra, para a arte de matar.”

DUBY, Georges; ARIÈS, Philippe (org.). História da vida privada: do Império Romano ao ano mil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. volume1. página 467-469.

  1. Procure no dicionário o significado das palavras que você não conhece.
  2. Por que era tão importante para a nobreza aprender a montar a cavalo e a caçar?
  3. Em sua opinião, o que é importante na educação dos jovens atualmente? O que deveria ser ensinado e aprendido em termos de valores, atitudes e conhecimentos? Por quê?
  4. O texto trata da educação dos rapazes, e não das moças. Naquela época, a educação era bem diferente para homens e para mulheres. Em sua avaliação, existem atualmente diferenças entre a educação dos homens e a das mulheres, até mesmo fóra da escola? Debata o tema, argumente e dê exemplos.

integrar com arte

5. Observe essa iluminura do século treze e responda às questões.

Iluminura. Imagem representando, ao centro, um homem vestindo uma armadura, com um capacete cobrindo todo o seu rosto, segurando um escudo vermelho. À esquerda, um homem com o topo da cabeça raspado, vestindo uma túnica azul e um manto marrom, gesticula com as mãos, parecendo conversar com o homem ao centro. À direita, observando a cena, um homem com uma touca na cabeça, vestimenta simples marrom e uma pá nas mãos.
Iluminura do século treze representando as três ordens medievais.
  1. O que é uma iluminura? Pesquise e escreva um breve texto sobre esse tema.
  2. Nessa iluminura, quais personagens representam o clero, a nobreza e os trabalhadores (artesãos, comerciantes e camponeses)? Justifique sua resposta com base em elementos da imagem.
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

    1. Resposta pessoal. O objetivo é estimular a autonomia intelectual dos estudantes.
    2. A nobreza considerava importante aprender a montar a cavalo e a caçar, pois são atividades importantes para a guerra. Essas atividades estavam associadas à masculinidade e à agressividade, tidas na época como virtudes.
    3. e d) Estas atividades podem ser realizadas em grupo e apresentadas para a classe. Entre valores e atitudes a serem estimulados no mundo contemporâneo estão: a empatia, o diálogo, a cooperação e a resolução de conflitos. Além disso, é essencial o respeito aos outros, acolhendo as pessoas em sua diversidade. É possível comentar que os jovens devem receber uma educação capaz de desenvolvê-los plenamente como pessoas, preparando-os para o exercício da cidadania e qualificando-os para o trabalho. Além disso, é interessante ressaltar a importância de construir um sistema educacional que proporcione oportunidades iguais para meninos e meninas e que ajude a desconstruir desigualdades de gênero.
  1. Esta atividade pode ser trabalhada de fórma interdisciplinar com Arte.
    1. A Iluminura consiste na arte de decorar um texto com grafismos ou desenhos. Essa arte foi muito praticada nos manuscritos medievais, seja no Ocidente, seja no Oriente.
    2. Essa iluminura do século treze representa três homens. Cada personagem usa roupas e porta instrumentos que ajudam a identificar as três ordens medievais. No centro, o cavaleiro com armadura e escudo representa a nobreza. À direita, o homem com uma pá representa o camponês. À esquerda, o homem gesticulando com as duas mãos representa o clero. Além disso, é interessante perceber que a nobreza e o clero conversam entre si, enquanto o trabalhador apenas os observa.

Glossário

Ordem
: essa palavra pode ser entendida em dois sentidos complementares. No primeiro, significa um grupo social isolado e com suas próprias responsabilidades. No segundo sentido, diz respeito a uma organização que era considerada justa e necessária pela nobreza e pelo clero.
Voltar para o texto
Hectare
: unidade de medida que corresponde a .10000 metros quadrados. Uma área de 200 hectares é equivalente a .2000 quilômetros quadrados.
Voltar para o texto