UNIDADE 1 CONSTRUÇÃO DA MODERNIDADE

CAPÍTULO 1  ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO

Quase todas as pessoas vivem em um Estado nacional. Atualmente, existem 193 Estados que integram a Organização das Nações Unidas (ônu). Cada um deles possui governo próprio, fronteiras definidas, língua oficial e um conjunto de leis. Porém, nem sempre foi assim. Na Europa, por exemplo, antes do século onze, não existiam Estados nacionais.

A seguir, vamos estudar a formação dos Estados nacionais europeus e seus desdobramentos. Um desses desdobramentos foi o absolutismo.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para começar

Pense nos sentidos da palavra “absoluto”. Com base nisso, o que você acha que significa governar de fórma absoluta? Comente.

Fotografia. Caminho de grama que conduz ao pórtico de entrada de um edifício. O caminho é cercado em ambos os lados por hastes metálicas que sustentam dezenas de bandeiras hasteadas de diversos países (em primeiro plano), além de árvores (em segundo plano). O pórtico tem paredes claras, colunas de mesma cor e, no topo, o texto, gravado originalmente em duas línguas: em inglês (à esquerda) e em francês (à direita), com o nome 'Nações Unidas'. No centro do topo do pórtico, entre as versões do nome, o brasão que simboliza a Organização Geral das Nações Unidas: uma projeção cartográfica azimutal do mapa mundo rodeada de ramos de oliveira.
Fachada do Palácio das Nações, séde da ônu, em Genebra, Suíça, com as bandeiras dos países-membros no gramado em frente. Fotografia de 2020. Cada Estado nacional participante dessa organização tem autonomia e soberania sobre um território.
Fotografia. Vista de um salão amplo com janelas altas em formato de arco (à direita), decoradas com arcadas com detalhes dourados e em mármore, e espelhos de mesmo formato na parede oposta (à esquerda), formando um corredor (no centro da imagem).  Nas laterais, à esquerda e à direita, o salão é ornamentado por candelabros altos feitos de cristal dispostos sobre o piso, com pedestais na cor dourada adornados com figuras humanas. As laterais possuem paredes com frisos e ornamentos dourados e de mármore e há dois aparadores de mármore de cada lado do corredor, sustentando conjuntos de urnas de cor escura. Nas paredes da esquerda e do fundo do salão, há retábulos de mármore com esculturas com figuras humanas na cor branca. No teto, pinturas coloridas contornadas por molduras decoradas na cor dourada e três fileiras de lustres com pendentes de cristal. Na fileira de lustres do centro do salão, os lustres de cristal são maiores que os das laterais. Ao fundo, algumas pessoas organizadas em uma fila, separadas por pedestais metálicos e cordas, e uma porta alta, em formato de arco, contornada por colunas de mármore com capitéis dourados.
Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes, situado na cidade de Versalhes, nas imediações de Paris, França. Fotografia de 2020. Esse palácio foi construído entre 1661 e 1674 pelo rei Luís catorze, representante do absolutismo, para sediar a monarquia francesa. A suntuosidade de Versalhes contrastava com a miséria da maior parte da população.
Fotografia. Sob um céu com nuvens em um dia ensolarado, em primeiro plano, um navio do tipo galeão visto de lado, ancorado em um porto de águas escuras. Feito de madeira, o navio tem três mastros de velas, uma bandeira hasteada na proa, o casco na cor preta e três faixas horizontais nas laterais. De cima para baixo: a primeira faixa tem listras nas cores vermelha e bege, a segunda faixa, triângulos nas cores verde e bege, a terceira faixa, triângulos pequenos nas cores vermelha e azul. Em segundo plano, um conjunto de casas coloridas, a maior parte delas com três andares e próximas umas das outras, e uma pequena área verde.
Réplica da embarcação capitaneada pelo corsário inglês Frencis Dreic, próximo ao porto de Bríquisrãm, Reino Unido. Fotografia de 2015. Importante corsário do século dezesseis, Drêic ajudou a ampliar o poder e as riquezas da Inglaterra durante o reinado da rainha Elizabétiprimeira.

Modernidade

Nos dias atuais, a palavra “moderno” é utilizada para se referir a algo novo ou recente. Mas observe que nem tudo que é considerado novidade é, de fato, algo novo. Às vezes, por exemplo, é lançado um produto que retoma um design antigo. Nesse sentido, há um provérbio latino que diz nôn nóva, sêdi nóve (em português, “não coisas novas, mas de maneira nova”).

O processo histórico, em todas as épocas, é marcado por continuidades e mudanças, permanências e rupturas. Isso também ocorreu com a chamada Idade Moderna que, apesar do nome, preservou diversos elementos culturais dos períodos anteriores e a eles acrescentou suas inovações.

Mas, afinal, o que significa Idade Moderna? Segundo a periodização tradicional, Idade Moderna é o momento da história europeia que vai do século quinze ao século dezoito. E o que podemos entender por “modernidade”? Esse termo pode ser utilizado para se referir a eventos variados que ocorreram desde o século quinze até os dias atuais.

Transformações na Idade Moderna

A modernidade europeia foi um processo longo caracterizado pelo desenvolvimento do capitalismo, que impulsionou a disputa por mercados, a concorrência entre produtores e a busca permanente por lucros. Nesse período, a burguesia obteve mais importância social. Com a burguesia, ganharam fôrça o espírito de competição, o individualismo e a ambição sistemática pela conquista material. A seguir, indicamos alguns marcos desse período.

  • Renascimento – renovações nas artes, ciências e tecnologias, impulsionadas pelo humanismo.
  • Reformas religiosas – rupturas na cristandade que abalaram a autoridade da Igreja Católica e deram origem a novas Igrejas cristãs.
  • Estado moderno – fortalecimento do poder dos reis. Esse processo de centralização política contribuiu para o surgimento dos Estados nacionais.
  • Grandes Navegações – a expansão marítima e a conquista da América ampliaram os limites do mundo conhecido pelos europeus.

Neste capítulo, vamos estudar a formação das monarquias nacionais e o absolutismo, com destaque para os casos de Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Nos próximos capítulos, trataremos do humanismo, do Renascimento, das reformas religiosas e das Grandes Navegações.

Caricatura. Sobre um fundo branco, as figuras de três homens: um com as costas flexionadas, curvado para frente, outros dois montados nas costas do primeiro. O homem curvado tem cabelos ralos, curtos e brancos, uma barba longa branca, veste uma blusa branca com um rasgo na manga e uma calça azul e usa botas de cano alto na cor marrom. Ele apoia uma das mãos sobre uma enxada, que tem a base firmada sobre o solo. A outra mão está apoiada em seu joelho. No topo de suas costas curvadas, está sentado um homem de cabelos brancos, curtos no topo e longos na altura do pescoço, com as pontas curvadas em cachos. Ele usa um colar composto por uma fita vermelha com um crucifixo dourado e veste um traje composto de casaco, colete e calças, todos na cor roxa, além de sapatos na cor preta com fivelas. Apoia uma das mãos sobre o peito, junto à cruz, e a outra no ombro do homem curvado. Há alguns papeis saindo do bolso de seu casaco. Atrás do homem vestido de roxo, há outro homem sobre as costas daquele que está curvado. Ele é tem cabelos curtos, brancos e cacheados, a cabeça coberta por um chapéu de abas laterais na cor preta decorado com grandes plumas brancas, um colar composto por uma fita azul com um medalhão dourado em forma de estrela sobre o peito e uma espada atada a cintura. Veste um traje na cor vermelha composto de calça e casaco de botões, com detalhes na cor azul nas mangas, nos punhos e na cintura. Usa um adorno de tecido branco e franzido ao redor do pescoço, meias longas na cor branca até a altura do joelho, presas às pernas por um laço na cor azul e sapatos dourados com um pompom branco. Com um dos braços, apoia-se na cintura do homem vestido de roxo. Aos pés deles há animais, como passarinhos ciscando e duas lebres comendo um repolho.
Caricatura publicada em 1789 que representa uma permanência do período medieval até o final da Idade Moderna: clero e nobreza com privilégios, sendo “sustentados” pelo terceiro estamento (burguesia e povo).

Fortalecimento dos reinos

Durante o período medieval, havia na Europa uma fragmentação do poder político. No início dos tempos modernos, porém, essa situação começou a mudar: alguns reis europeus ampliaram seu poder e fundaram monarquias que deram origem a Estados nacionais. Com essa centralização política, desenvolveu-se a noção de soberania, que consiste no poder que o governante tem de fazer valer suas decisões dentro do seu território. Nas monarquias nacionais, os reis tornaram-se soberanos e os habitantes tornaram-se súditos.

Em geral, os Estados nacionais dispunham de:

  • tropas permanentes fôrças militares próprias, como o Exército e a Marinha;
  • servidores do governo – funcionários que trabalhavam nos vários setores da administração e diplomatas que defendiam os interesses do governo diante de Estados estrangeiros;
  • leis e tributos – eram vigentes em todo o reino, mas não eram aplicados a todos igualmente. Os membros da nobreza e do clero, por exemplo, tinham privilégios como o não pagamento de tributos. Além disso, as leis costumavam ser mais duras com o povo e mais amenas com os nobres;
  • unificação de pesos, medidas e moeda – a uniformização de pesos, medidas e moedas facilitou o comércio dentro dos Estados nacionais;
Pintura. Em uma sala fechada, um homem e uma mulher, lado a lado, ambos à frente de uma mesa de superfície plana e tampo verde sobre a qual há diferentes objetos: uma pilha de moedas, um espelho que reflete uma janela onde há uma pessoa apoiada, pequenos medidores de ouro redondos de diferentes tamanhos, um cilindro claro com quatro anéis de cor dourada com pedras coloridas, uma taça de cristal trabalhado com detalhes dourados, um punhado de pérolas dispostas sobre um tecido preto e um livro. O homem é branco, veste um casaco azul escuro com pelos marrons nos punhos e na gola e um cinto preto com fivela prateada em sua cintura. Usa um chapéu escuro sobre a cabeça, cobrindo todo o cabelo e com faixas de tecido escuro cobrindo as laterais e a parte posterior da cabeça. Em uma das mãos, usa um anel dourado com pedra verde no dedo indicador e segura uma moeda; com a outra, segura delicadamente uma pequena balança de pratos dourada. Há uma moeda depositada em um dos pratos.  O homem está com a cabeça inclinada; os olhos baixos estão atentos à balança. À direita, uma mulher branca que veste um casaco vermelho com pelos azuis nos punhos e na lapela. Ela usa um chapéu de forma oval marrom e uma touca branca com faixas de tecido branco nas laterais da cabeça cobrindo todo o cabelo. Usa dois anéis dourados no dedo mindinho e apoia a mão esquerda sobre um livro aberto. Com a outra mão, segura uma das páginas do livro, evidenciando a página seguinte, em que há uma ilustração da Virgem Maria segurando o menino Jesus no colo. A mulher está com  o olhar e a cabeça voltados para a direita,observando a balança e as moedas. Em segundo plano há duas prateleiras contendo objetos variados: na primeira, no alto, da esquerda para a direita, uma garrafa de vidro, um prato de cor prateada em pé, uma maçã à frente do prato, papeis e alguns livros; na segunda, logo abaixo, uma balança maior, livros e uma vela apagada.
O agiota e sua mulher, pintura de Cuêntin Méticis, 1514. No período medieval, cada feudo tinha uma moeda própria; o processo de unificação das moedas dentro de um mesmo Estado facilitou as transações comerciais.
  • fronteiras definidas – demarcação do território onde o governo do Estado exercia sua soberania;
  • idioma oficial – língua adotada por um reino para facilitar a comunicação internamente e para construir uma identidade cultural.

O processo de centralização e fortalecimento do poder dos reis foi marcado por conflitos e negociações. Enquanto alguns grupos sociais (a nobreza e o clero) temiam que os reis interferissem muito em seus domínios, outros (como a burguesia) acreditavam que um governo centralizado poderia melhorar seus negócios com a adoção, por exemplo, de medidas em benefício do comércio.

A centralização política ocorreu em momentos diferentes nos reinos europeus. Em Portugal, por exemplo, teve início no século doze; na Espanha, na Inglaterra e na França, esse processo se intensificou a partir do século quinze; e, na Alemanha e na Itália, a centralização política se consolidou apenas no século dezenove.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Você sabe quais países adotam a monarquia como fórma de governo atualmente? Dê exemplos.

Reinos ibéricos

Desde a época do Império Romano e da formação dos reinos germânicos, a Penínsulaglossário Ibérica (onde hoje se situam Portugal e Espanha) recebeu forte influência cristã. Porém, em virtude da ocupação de boa parte da região por muçulmanos vindos do norte da África entre os séculos oito e quinze, muitos cristãos se deslocaram para o norte da península e ali formaram reinos como Leão, Castela, Navarra e Aragão.

Nesse período de mais de 700 anos, cristãos e muçulmanos viveram épocas de luta e de paz, o que possibilitou trocas culturais entre eles. Ainda hoje é possível notar as marcas desse intercâmbio nas sociedades portuguesa e espanhola. A influência muçulmana pode ser identificada, por exemplo, na alimentação, no modo de vestir, na arquitetura, na música e nas palavras de origem árabe que fazem parte dos idiomas português e espanhol.

Formação de Portugal

Na Europa, Portugal foi pioneiro na formação de um Estado centralizado, e esse processo esteve relacionado às lutas entre cristãos e muçulmanos pelo contrôle da Península Ibérica. Para os cristãos, essas lutas foram chamadas de Reconquista.

Durante esse processo, os reinos de Leão e Castela contaram com a ajuda de nobres cristãos, como dom Henrique de Borgonha, de origem francesa. Em troca do apoio oferecido por Henrique e seus comandados a esses reinos, ele recebeu as terras do Condadoglossário Portucalense em 1096. Assim, Henrique tornou-se vassalo (nobre com dever de obediência e fidelidade) do rei de Leão e de Castela.

Formação de Portugal (séculos onze a quinze)

Mapa. Formação de Portugal. Séculos onze a quinze. Composição vertical com três mapas representando a divisão da Península Ibérica, entre o Atlântico e o Mediterrâneo, e do Norte da África. Cada mapa se refere a um período.
MAPA 1. No alto, o primeiro mapa, representando a Península Ibérica e o Norte da África divididos em áreas destacadas nas cores verde (Domínio islâmico, século onze) e amarelo (Reinos ibéricos cristãos). Há cidades destacadas por bolinhas na cor preta. 
Em verde, “Domínio islâmico, século onze”, compreende o Califado de Córdoba, correspondente ao norte da África (se estendendo pela região que hoje corresponde ao litoral do Marrocos e da Argélia) e ao Sudoeste, Sul, Sudeste e parte do Leste da Península Ibérica (desde o estreito de Gibraltar até o litoral do Mar Mediterrâneo, incluindo as Ilhas Baleares), se estendendo pela região que hoje corresponde ao Sul de Portugal e ao Sul e Sudeste da Espanha. Destaque para as cidades de Córdoba e Granada. 
Em amarelo, “Reinos Ibéricos cristãos”, compreendendo: o Condado Portucalense e o Reino de Leão, no noroeste da Península Ibérica, correspondente ao norte do atual território português e a parte do noroeste do atual território da Espanha. O Reino de Castela, no norte e noroeste da Península Ibérica. Navarra, correspondente a parte do norte do atual território espanhol, em parte da região que hoje corresponde a fronteira com a França. Aragão, correspondente à parte central do norte do atual território da Espanha, que hoje compreende a fronteira com a França. E Barcelona, correspondente ao nordeste do atual território da Espanha, região que hoje compreende a fronteira espanhola com a França banhada pelo Mar Mediterrâneo.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 290 quilômetros.
MAPA 2. No centro, o segundo mapa. Representando a Península Ibérica e o Norte da África divididos em áreas destacadas nas cores verde (Domínio islâmico, século doze) e amarelo (Reinos ibéricos cristãos). Há cidades destacadas por bolinhas na cor preta. 
Em verde, “Domínio islâmico, século doze”, destacando o norte da África (se estendendo pela região que hoje corresponde ao litoral do Marrocos e da Argélia) e o Império Almorávida, correspondente ao Sul da Península Ibérica (desde o sudoeste da península, passando pelo Estreito de Gibraltar e o litoral do Mar Mediterrâneo, até as Ilhas Baleares), se estendendo pela região que hoje corresponde ao Sul de Portugal e parte do Sul da Espanha. Destaque para as cidades de Sevilha, Córdoba, Granada e Valência.
Em amarelo, “Reinos Ibéricos cristãos”, compreendendo: o Reino de Portugal, correspondente ao norte e ao centro do atual território português. O Reino de Leão, correspondente ao noroeste e ao norte do atual território espanhol. O Reino de Castela, correspondente ao centro e ao Norte do atual território espanhol. Destaque para a cidade de Toledo. Navarra, correspondente a parte do norte do atual território espanhol, na região dos Pirineus, que hoje compreende a fronteira com a França. E o Reino de Aragão, correspondente à parte do nordeste do atual território da Espanha, desde a região dos Pirineus que hoje compreende a fronteira com a França até o litoral banhado pelo Mar Mediterrâneo. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 290 quilômetros.
MAPA 3. Na parte inferior, o terceiro mapa. Representando a Península Ibérica e o Norte da África divididos em áreas destacadas nas cores verde (Domínio islâmico, séculos catorze e quinze), amarelo (Reinos ibéricos cristãos) e verde com listras amarelas (Conquista de Granada após o fim da Guerra de Granada, de 1482 a 1492). Há cidades destacadas por bolinhas na cor preta. 
Em verde, “Domínio islâmico, séculos catorze e quinze”, compreendendo o norte da África (se estendendo pela região que hoje corresponde ao litoral do Marrocos e da Argélia) e as Ilhas Baleares.
Em verde com listras amarelas, o Reino de Granada, compreendendo parte do sul da Espanha, na região do Estreito de Gibraltar, com destaque para a cidade de Granada.
Em amarelo, “Reinos Ibéricos cristãos”, compreendendo todo o restante do território da Península Ibérica, dividida do seguinte modo: No oeste e no sudeste da península, o Reino de Portugal, correspondente ao atual território português. No centro da Península, desde o norte, na região do Golfo de Biscaia, ao sul, na fronteira com o Reino de Granada, o Reino de Castela. Destaque para as cidades de Sevilha, Córdoba e Toledo. Na porção norte correspondente a parte do atual território espanhol com o litoral voltado para o Oceano Atlântico, Navarra. E no leste da península, na região que hoje corresponde desde a fronteira espanhola com a França até o sul do atual território espanhol banhado pelo Mediterrâneo, o Reino de Aragão. Destaque para a cidade de Valência.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 290 quilômetros.
Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel M. de êti ól Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 101-102; Quínder, Rírman; Rilgamán Véarná. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 192.

Posteriormente, Henrique transmitiu o Condado Portucalense a seu filho Afonso Henriques. Afonso e seus aliados lutaram pela independência do condado em relação ao Reino de Leão. A independência ocorreu em 1139 e Afonso Henriques tornou-se o primeiro rei de Portugal.

Com a independência de Portugal, a família Borgonha formou uma dinastiaglossário , ampliou seu território e governou por mais de 200 anos. Durante esse período, soldados portugueses continuaram a lutar contra os muçulmanos na Península Ibérica.

A formação do território português, do modo como ele existe atualmente, se completou em 1249, com a conquista do Algarve (sul do território), então sob o domínio dos muçulmanos. Terminadas as guerras, no século treze, os reis e funcionários do governo organizaram, mais efetivamente, a estrutura administrativa do Estado português.

Revolução de Avis

Em 1383, dom Fernando primeiro, último rei da dinastia de Borgonha, morreu sem deixar herdeiros homens. A partir desse momento, Portugal poderia ser anexado ao Reino de Castela. No entanto, diversos grupos de nobres e burgueses do país queriam evitar isso. Eles pretendiam manter a independência portuguesa sob o comando de um rei que apoiasse seus interesses políticos e econômicos. Para isso, esses grupos passaram a apoiar a ascensão de dom João, irmão “bastardoglossário ” do rei falecido.

Após um período de conflitos, que durou de 1383 a 1385, dom João assumiu o trono de Portugal e garantiu a independência do reino, dando início à dinastia de Avis. Ela recebeu esse nome porque o novo rei era mestre da Ordem de Cavalariaglossário de Avis. Por esse motivo, a luta contra a união entre os reinos de Portugal e Castela ficou conhecida como Revolução de Avis.

Iluminura. Em um plano aberto, verde e gramado, dois exércitos em confronto. Em primeiro plano, um grupo de homens feridos, vestindo armaduras e capacetes de cor metálica, está caído sobre o solo. Eles estão amontoados, uns sobre os outros. Ao redor deles, em pé, há homens vestindo armaduras e capacetes de cor metálica, segurando lanças, espadas e machados no alto, em posição de ataque. À esquerda, em destaque, um homem montado em um cavalo branco com sela verde. O cavalo está coberto por um tecido quadriculado, com os quadrados vermelhos com o desenho de torres amarelas no centro e os quadrados brancos estampados com a imagem de um leão vermelho no centro. O homem montado usa um capacete militar dourado sobre a cabeça, uma armadura metálica com detalhes dourados e um manto azul. Ao lado dele, um homem vestindo armadura metálica está montado em um cavalo marrom. Atrás deles, há uma longa fileira de militares, lado a lado, usando armaduras e capacetes metálicos do tipo elmo, e segurando lanças apoiadas em seus ombros. À direita, em destaque, um homem montado em um cavalo marrom com sela verde. O cavalo está coberto por um tecido com quadrados de cor branca, contornados de vermelho, com cinco pequenos escudos azuis, dispostos em formato de cruz, no centro. Os escudos azuis têm cinco pontos brancos em seu interior. O homem montado usa um capacete metálico com detalhes dourados e uma armadura metálica com detalhes dourados no peito. Ao lado dele, um homem vestindo armadura e capacete está montado em um cavalo branco. Atrás deles, há um grupo de homens, usando armaduras e capacetes metálicos do tipo elmo e segurando lanças e espadas levantadas para o alto acima de suas cabeças ou apoiadas em seus ombros. Em segundo plano, uma paisagem formada por dois castelos (um à esquerda, mais distante da batalha; outro à direita, mais próximo dela), uma estrada sinuosa no centro, árvores e morros montanhosos.
Iluminura representando a Batalha de Aljubarrota, de 14 de agosto de 1385, em que João, mestre de Avis, derrotou João primeiro de Castela, consolidando-se rei de Portugal, século quinze.

Dinastia de Avis

A dinastia de Avis permaneceu no poder entre 1385 e 1580. Nesse período, os reis reforçaram seu poder, centralizando a arrecadação de impostos, estimulando a construção naval e distribuindo lotes de terras chamados de sesmarias. Tudo isso favoreceu a expansão comercial e marítima portuguesa. Foi durante a dinastia de Avis que os portugueses chegaram às terras que mais tarde foram chamadas de Brasil.

Formação da Espanha

A formação da Espanha está relacionada às Guerras de Reconquista e ao casamento do príncipe Fernando e da princesa Isabel em 1469. Ele era membro da família real de Aragão e ela fazia parte da família real de Castela. Alguns anos depois do casamento, em 1479, Fernando e Isabel unificaram seus reinos, dando início a um processo de centralização política. Eles governaram juntos de 1479 até 1504, quando Isabel faleceu. Fernando permaneceu no trono até 1516.

Iluminura. Sobre um fundo claro de papel amarelado, há o desenho de um arco, preenchido por uma cena: diante de um fundo verde, com pequenos raios dourados na parte superior, há três figuras: um homem e duas mulheres. Fora do arco, sobre o fundo branco, há a figura de um homem. Acima do arco, o texto, originalmente em castelhano: 'Os altos reis Dom Fernando e Dona Isabel e a infanta Dona Juana'. Dentro do arco, à esquerda, a figura de um homem de cabelos castanhos, longos, lisos e com franja, vestindo um manto vermelho e dourado, decorado com flores azuis. Sob o manto, um traje com mangas e colarinho vermelhos. Ele usa uma corrente com uma cruz dourada sobre o peito e uma coroa dourada decorada com pedras na cabeça; está em pé, com os braços flexionados, as mãos estendidas à frente do corpo. À direita dele, uma menina de cabelos loiros, longos, lisos e divididos ao meio. Ela usa um colar dourado com uma cruz e um vestido cujas mangas e centro são vermelhos. Nos antebraços, as mangas são enfeitadas por longas faixas de tecido branco. Sobre os ombros e nas laterais do corpo, o vestido é azul com bordados dourados. Ela usa uma fita vermelha com pontos dourados ao redor da cabeça e está em pé, com a cabeça inclinada para baixo, voltada para a esquerda, um braço dobrado em frente ao corpo e o outro estendido ao longo do corpo. À direita dela, mais alta que a primeira, uma mulher de cabelos loiros, longos, lisos e divididos ao meio. Sobre a cabeça, usa uma coroa dourada; sobre o peito, um colar dourado de fio duplo com pingente. Usa um vestido cujas mangas e centro são verdes; sobre os ombros e nas laterais do corpo, o vestido é vermelho com bordados dourados. Nos antebraços, as mangas são enfeitadas por longas faixas de tecido branco. Ela está em pé, com a cabeça inclinada para baixo, voltada para a esquerda, com um dos braços flexionado e erguido, com a palma estendida para a frente, em posição de juramento. O outro braço está estendido ao longo do corpo. Atrás deles, há um biombo verde decorado com frisos de cor verde escura; o piso é quadriculado, em branco, verde e vermelho. À esquerda, fora do arco, há a figura de um homem de cabelos castanhos, lisos, na altura dos ombros e com franja. Ele veste uma túnica vermelha de mangas compridas com colarinho preto e decote em V que mostra uma blusa branca. Seus dois braços estão flexionados para frente e ele está voltado para a cena à direita dele.
Iluminura representando o rei Fernando segundo de Aragão (1452-1516) e a rainha Isabel primeira de Castela (1451-1504) com sua filha Joana (1479-1555), conhecida posteriormente como Joana, a Louca, século dezesseis.

Os exércitos desses soberanos venceram diversas batalhas contra os muçulmanos. Entre os marcos dessas vitórias podemos citar a conquista de Granada, em 1492. O Reino de Granada, localizado no extremo sul da Península Ibérica, era o último território sob domínio muçulmano. Posteriormente, durante o governo de Fernando, o Reino de Navarra também foi conquistado, completando a formação do Reino da Espanha.

Com a formação do Estado nacional, a monarquia espanhola pôde financiar as viagens de Colombo à América e começar o processo de expansão colonial. A Coroa da Espanha tornou-se dona de um grande império mundial, que atingiu sua maior extensão durante o governo de Carlos primeiro de Habsburgo, que viveu entre 1500 e 1558. Carlos, além de rei da Espanha, foi ao mesmo tempo príncipe dos Países Baixos e imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Formação da França

Por volta do século dez, a dinastia dos Capeto iniciou um processo de unificação dos feudos na região da atual França. Entre os reis capetíngios que contribuíram para a centralização política da região, podemos destacar Filipe Augusto, que governou entre 1180 e 1223, Luís nono, que governou entre 1226 e 1270, e Filipe quarto, o Belo, que governou entre 1285 e 1314.

As principais medidas tomadas por esses reis foram: conquista de territórios; unificação da moeda; criação de um exército nacional; fortalecimento dos tribunais reais; e ampliação dos tributos, que passaram a ser cobrados também dos membros da Igreja Católica.

Foi, porém, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), entre França e Inglaterra, que cresceu o sentimento nacional francês. Durante os 116 anos desse conflito, o poder da nobreza feudal se enfraqueceu, aumentando a centralização do poder do rei.

O fim da Guerra dos Cem Anos marcou a consolidação do Estado monárquico francês. No século dezessete, a centralização do poder na França atingiu seu ponto máximo com o reinado de Luís catorze (1643-1715). Ele se tornou o símbolo do absolutismo, assunto que estudaremos mais adiante neste capítulo.

Pintura. Em um espaço aberto, sob um céu com nuvens, uma cena de batalha, em orientação vertical. Em primeiro plano, há um homem montado à cavalo, caindo do animal. O cavalo, de pelagem marrom, está empinado e assustado, com os olhos arregalados e a boca espumando. O homem montado é calvo, com cabelos brancos ralos nas laterais da cabeça, usa uma barba branca e uma armadura dourada. Com uma das mãos, ele segura as rédeas vermelhas do cavalo; com a outra, ele segura uma espada prateada sobre sua cabeça. Seu corpo está inclinado para trás; os olhos estão fechados; a boca está aberta. Ao redor dele, há diversos homens armados vestindo armaduras e capacetes prateados. Um deles, sem capacete, de cabelos escuros, está caído no chão segurando uma bandeira vermelha com um escudo dourado no centro; outro, de cabelos castanhos, olhos arregalados e boca aberta, está de joelhos, embaixo das patas dianteiras do cavalo. Há outro ainda que, em pé entre as patas dianteiras do cavalo, encara o animal de frente, com uma expressão de fúria no rosto e uma adaga nas mãos. Em pé, a lado do cavalo, há um homem com uma armadura prateada completa e um capacete com elmo cobrindo o rosto. Ele segura uma longa lança de metal à frente de seu corpo com uma das mãos. Com a outra, segura um machado sujo de sangue atrás de sua cabeça, com o braço flexionado, o cotovelo diante de seu rosto. Em segundo plano, há um numeroso exército com homens indistinguíveis. À frente deles, há um homem segurando uma haste com uma bandeira de cor escura decorada com flores de lis prateadas. Ele empunha uma espada prateada, levantada para o alto. Ao fundo, à esquerda, há fumaça escura e explosões; à esquerda, um castelo.
Batalha de Castiôn, 17 de julho de 1453, pintura de Charle Filípe Larriviér, 1838. A batalha entre ingleses e franceses, ocorrida durante a Guerra dos Cem Anos, foi uma das primeiras em que o uso de canhões foi decisivo para garantir a vitória dos franceses.

Formação da Inglaterra

No século onze, Guilherme, duque da Normandia (região da atual França), conquistou a Inglaterra, assumiu o trono, mudou a capital para Londres e proibiu as guerras entre a nobreza. Com ele, teve início um processo de centralização política. Posteriormente, reis da dinastia Plantageneta, fundada por Henrique segundo (1154-1189), adotaram medidas que impulsionaram a formação do Estado nacional inglês.

Durante essa dinastia, em 1215, foi assinada a Magna Carta (Constituição), documento que limitava o poder real. A partir de 1265, o Parlamento inglês (na época chamado de Grande Conselho) passou a ter duas casas: a Câmara dos Lordes (representantes da alta nobreza e do alto clero) e a Câmara dos Comuns (representantes da pequena nobreza e da burguesia). A Magna Carta e o Parlamento (instituído efetivamente em 1295) estão na origem da monarquia inglesa, que continua a existir até os dias de hoje.

Fotografia. Escultura em alto relevo, feita de mármore de cor branca, retratando um grupo de pessoas em pé em torno de um homem que está sentado à frente de uma mesa, com um grande rolo de pergaminho diante dele. Este homem sentado está à esquerda, tem cabelos lisos e curtos e barba comprida. Veste um manto longo e usa uma coroa sobre sua cabeça. Ele apoia uma das mãos sobre o pergaminho aberto à frente dele. Ao lado dele, em pé, também com uma das mãos sobre o pergaminho, há um homem de cabelos curtos, vestindo uma túnica e usando sobre a cabeça um chapéu alto, com uma dobra central e formato triangular no topo, como uma mitra papal. Atrás deles, um grupo de homens em pé, alguns deles segurando lanças e vestindo capacetes. Um dos homens, em primeiro plano, veste um manto longo e tem a mão apoiada no queixo, em um gesto pensativo. À direita, há um grupo mais numeroso, formado principalmente por homens, mas também há um menino descalço entre eles. Alguns apoiam escudos e espadas sobre o chão, e ao fundo, há cavalos. À frente desse grupo, um homem calvo na parte superior da cabeça, com cabelos curtos e cacheados nas laterais da cabeça, veste uma túnica amarrada na altura do ombro. Ele está com uma das mãos estendida e a outra segurando sua túnica.
Alto-relevo de mármore representando o rei João Sem-Terra assinando a Magna Carta, em 1215, obra de Frêncis Lêgati Chéntri, 1834-1840. Os ingleses foram pioneiros na criação deste documento jurídico tão importante: a Magna Carta (Constituição).

No século quinze, duas poderosas famílias da nobreza, os Lancaster e os York, disputaram o trono inglês. Esse conflito teve fim quando Henrique Tudor assumiu o trono, em 1485. Henrique tinha laços de parentesco tanto com os Lancaster quanto com os iórque e tornou-se rei da Inglaterra, com o título de Henrique sétimo, dando início ao absolutismo inglês.

Pintura. Retrato de um homem sobre um fundo azul celeste. O retrato tem o formato de arco e uma moldura na cor dourada. O homem tem cabelos castanhos, lisos e na altura dos ombros, e é visto de frente, com o rosto voltado para a direita. Ele veste um manto dourado com detalhes em vermelho e lapela branca, sobre uma blusa de pelos na cor marrom escuro. Usa um colar grosso e dourado com um pingente ao redor do pescoço. Sobre a cabeça usa um chapéu sem abas na cor preta. Ele tem as mãos apoiadas em uma tira horizontal cinza na frente do retrato, com texto ilegível em amarelo. Em uma de suas mãos, segura uma rosa.
Henrique sétimo, pintura de autor desconhecido, 1505.

Absolutismo monárquico

Ao longo da Idade Moderna, o fortalecimento do poder de alguns reis europeus foi chamado de absolutismo. Essa expressão foi criada no século dezoito por intelectuais que criticavam o poder dos reis e os privilégios da nobreza e do clero.

No absolutismo, o poder político estava concentrado na pessoa do rei. No entanto, devemos considerar que o rei não governava sozinho, nem exercia sua vontade de fórma ilimitada. Ele era auxiliado pela burocracia do Estado, constituída por um grupo de pessoas nomeadas pelo rei (os ministros) para cuidar das finanças, elaborar leis, trabalhar nos tribunais, comandar os exércitos profissionais etcétera Mas o rei tinha sempre a última palavra.

Entre os séculos quinze e dezoito, o absolutismo monárquico assumiu diferentes fórmas e predominou em momentos variados em países como França, Inglaterra, Espanha e Portugal.

Pintura. Retrato de um homem visto de corpo inteiro, voltado para o lado esquerdo, a perna esquerda à frente, em um aposento com um trono real, um grande dossel vermelho com detalhes dourados, tapetes bordados e uma coluna decorada em dourado ao fundo. O homem tem cabelos pretos, cacheados e longos, na altura do peito. O cabelo está dividido ao meio, com um espaço na risca no centro da cabeça. Ele veste um longo manto de pele, de aspecto aveludado, na cor azul, decorado com flores de lis douradas. As bordas e a parte interna do manto tem a cor branca e são decoradas com pequenas bolinhas pretas. No pescoço, cobrindo seu peito, usa uma peça de renda branca com pregas. Sobre o manto, nos ombros, ao redor das pregas de renda, há um colar grosso e dourado, com uma cruz dourada abaixo de seu peito. Seu braços estão cobertos por mangas volumosas, em tecido de cor branca, decorado por renda. Nos punhos, há ornamentos em renda branca, volumosa e pregueada. Suas pernas estão cobertas por meias brancas presas por fivelas abaixo dos joelhos. Há uma espada dourada, incrustada com pedras coloridas presa à sua cintura. Ele usa sapatos brancos com fivelas decoradas com pedras brilhantes e saltos quadrados na cor vermelha. Uma de suas mãos está apoiada sobre a cintura. A outra, está apoiada sobre um cetro, que por sua vez, está firmado sobre um pequeno branco coberto pelo mesmo material do manto (aveludado, azul com flores de lis douradas). Sobre essa peça há também uma coroa dourada com detalhes azuis e pedras brilhantes, além de outra peça composta por uma haste dourada que termina em uma mão feita de prata, com os dedos indicador e médio estendidos, e os demais dedos flexionados. Atrás do homem, o trono real dourado, que é recoberto por um material semelhante ao do manto (aveludado, azul, com flores de lis douradas). Em segundo plano, uma coluna de cor escura, cuja base é decorada por cenas com figuras humanas gravadas na cor dourada.
Luís catorze em trajes reais, pintura de Frãnçuá Riacinti Rigô, 1701. Atualmente, essa pintura é considerada uma das principais representações iconográficas do absolutismo monárquico.
Pintura. Em um salão com um altar com um grande crucifixo dourado ao fundo, há várias pessoas reunidas em uma cerimônia. No centro da imagem, destaque para uma mulher (à esquerda) e um homem (à direita), um de frente para o outro, de mãos dadas. Ela é uma mulher de cabelos loiros, longos, cacheados e presos; usa um colar com pedras ao redor do pescoço e um vestido de cauda muito longa  na cor azul com detalhes dourados. Ao menos três mulheres usando vestidos escuros decorados com pedrarias seguram a cauda do vestido da mulher que está no centro. Ele é um homem de cabelos castanhos, longos, cacheados e soltos. Veste um manto azul escuro com detalhes dourados e um traje de mangas bufantes volumosas na cor branca com detalhes vermelhos. Atrás deles, no centro da pintura, há um homem de cabelos curtos e castanhos vestindo um traje vermelho e dourado. Sobre a cabeça, ele usa um chapéu alto e dourado, de ponta triangular, decorado com pedras coloridas enfileiras em uma linha vertical no centro e uma pérola sobre a ponta. Ao redor deles há diversas pessoas, homens e mulheres, usando trajes finos de diferentes cores, com joias, rendas e bordados. Em segundo plano, sobre o altar, seis velas longas sustentadas por castiçais dourados e ornamentados, três à esquerda e três à direita. No centro do altar, um grande crucifixo dourado com a imagem de Cristo crucificado. Atrás do altar, no centro, uma pintura representando Cristo, no colo de uma mulher, após a crucificação. Ao redor do quadro, duas colunas de cor verde com detalhes dourados de cada lado. Em primeiro plano, há um tablado, duas almofadas, duas poltronas e uma mesa, todos cobertos por um material de aspecto aveludado na cor azul decorado com flores de lis.
Casamento de Luís catorze com Maria Teresa da Áustria, pintura de Jáque Lomuniê, século dezessete.

Em defesa do absolutismo

O fortalecimento do poder real e a centralização do Estado foram defendidos por alguns pensadores. Entre eles, destacamos: Nicolau Maquiavel, Tômas Róbese jáque bossuê.

  • Nicolau Maquiavel (1469-1527) – diplomata nascido em Florença, na Itália, considerado o precursor da teoria política do Estado moderno por sua obra O príncipe, de 1513. Defendeu a construção de um Estado forte, independente da Igreja e dirigido de modo absoluto por um príncipe. Expondo suas ideias com grande franqueza, Maquiavel rompeu com a religiosidade medieval, separando a moral individual (das pessoas) da moral pública (dos Estados). Para ele, o resultado das ações do soberano é o que conta, e não os meios por ele usados para alcançar seus objetivos. Com base nos escritos de Maquiavel, há pessoas que defendem que os fins justificam os meios quando se trata da política do Estado.
  • Tômas Róbes (1588-1679) – filósofo inglês que publicou, em 1651, o livro Leviatã, no qual compara o Estado a um monstro chamado Leviatãglossário . Para rróbis, sem a instituição do poder político, os seres humanos viveriam em um estado de guerra permanente que só terminaria com um pacto chamado contrato social. Pelo contrato social, cada indivíduo abriria mão de parte de sua liberdade em favor de um governo poderoso e com poder absoluto, capaz de garantir a ordem, a direção e a segurança no convívio social. Marcado por certo pessimismo, o pensamento robesiânotinha o pressuposto de que “o homem é lobo do próprio homem”.
Gravura em preto e branco. Em um ambiente marítimo, com ondas agitadas e grandes nuvens escuras, no centro da imagem, há um ser monstruoso sobre as ondas, e um ser celestial com aspecto humano, saindo de entre as nuvens. No centro da imagem caído sobre águas com ondas altas e violentas, há uma criatura com aspecto de dragão, alado, com pele escamosa e uma longa cauda. Ele está com a boca aberta, uma língua fina para fora da boca, os olhos arregalados voltados para o céu. No céu, em uma área iluminada entre as nuvens escuras, há uma figura de formas humanas masculinas, envolta em tecidos, segurando uma espada com umas das mãos.
A destruição do Leviatã, na visão do ilustrador Pôl gustáve dorrê (1832-1883), xilogravura de 1866. A representação relaciona o Estado à figura de um monstro, tal como na acepção de rróbis.

jáque bossuê (1627-1704) – bispo francês defensor da monarquia absolutista e cristã. Dizia que o poder do rei era absoluto porque tinha direito divino. Predestinado por Deus a governar, o rei estava acima de todos os súditos, não precisando explicar suas atitudes a ninguém – somente Deus poderia julgar o monarca. bossuê foi autor da frase “Um rei, uma fé, uma lei”, que se tornou lema das monarquias absolutistas.

Responda no caderno

para pensar

  1. Pesquise o significado de “maquiavélico” e crie frases utilizando esse termo.
  2. Nos dias atuais, o que justificaria o poder dos governantes? Debata essa questão com os colegas e, depois, escreva um texto sobre o assunto.

Absolutismo francês

O auge do absolutismo francês ocorreu no reinado de Luís catorze, que durou 72 anos (1643-1715). Luís catorze adotou o Sol como seu símbolo e, por isso, foi chamado de Rei Sol. Atribui-se a esse monarca a frase “O Estado sou eu”, uma espécie de síntese das ideias do absolutismo.

Durante o governo de Luís catorze, o ministro de Estado Jan Batiste Colbér foi responsável por medidas que dinamizaram a economia francesa. Sob sua orientação, houve estímulos à produção manufatureira e ao comércio naval, à organização da marinha e das finanças públicas, bem como à construção de estradas, portos e canais. Desse modo, o rei conquistou o apoio da burguesia e ampliou o poder colonial do império francês.

Além disso, Luís catorze patrocinou artistas e ordenou a construção de monumentos e palácios. A expressão máxima dessas obras foi o Palácio de Versalhes (apresentado no início do capítulo), onde o rei chegou a reunir cêrca de 6 mil pessoas que faziam parte da côrte, muitas delas vivendo luxuosamente à custa do Estado.

No Palácio de Versalhes, os nobres aprimoraram e seguiram severas regras de etiqueta. Essas regras determinavam fórmas adequadas de falar, comer, cumprimentar e se vestir. A etiqueta não servia apenas para demonstrar boa educação ou refinamento da nobreza, mas, sobretudo, para afirmar uma posição na hierarquia social.

Luís catorze escreveu um livro de memórias para instruir seu filho, o príncipe Luís quinze. A seguir, leia trechos desse texto, que refletem as ideias absolutistas:

“Todo poder, toda autoridade estão nas mãos do rei e não pode haver outra no reino que aquela por ele estabelecida reticências.

Sua vontade [de Deus] é que todo aquele que nasceu súdito obedeça sem discernimento. reticências É somente à cabeça que compete deliberar e resolver, e todas as funções dos outros membros consistem apenas na execução das ordens que lhes são dadas.”

LUÍS catorze. Memórias. In: ISAAC, Jules; ALBA, André. Tempos modernos. São Paulo: Mestre ju, 1968. página 165.

Pintura. Em um salão com paredes ornamentadas com frisos dourados, iluminação clara e quadros nas paredes, há diversos homens. Nas laterais do salão, eles estão em pé; no centro do salão, estão ajoelhados. Os homens têm cabelos longos, cacheados e soltos. Alguns tem cabelo preto, outros, cabelos branco; outros ainda, cabelos grisalhos. Eles vestem trajes de diferentes cores (marrom, vermelho, verde, azul) com camisas de cor clara, casacos compridos até os joelhos com botões dourados na frente e pregas na parte inferior, além de calças justas nas mesmas cores dos casacos. Muitos deles seguram seus chapéus nas mãos. Alguns estão apoiados sobre espadas, firmadas sobre o piso. No centro do salão, há seis homens ajoelhados e em fila. Eles estão diante de um homem de cabelos castanhos, longos e cacheados; o único no salão usando seu chapéu sobre a cabeça. O chapéu é preto com abas laterais e detalhes dourados. Este homem veste um casaco marrom, com uma faixa azul atravessada em linha diagonal sobre seu corpo e luvas brancas cobrindo suas mãos. Ele está com um dos braços esticado para frente, empunhando uma espada sobre os ombros de um indivíduo ajoelhado diante dele. Sua outra mão está apoiada sobre a cintura.
Instituição da Ordem Militar de Saint-Louis, 10 de maio de 1695, pintura de Frãnçuá Marrô, 1710. Essa ordem foi criada por Luís catorze.
Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Atualmente, a etiqueta é utilizada para hierarquizar as pessoas? Além da etiqueta, existem outros instrumentos de diferenciação social? Cite exemplos.

Absolutismo inglês

O absolutismo inglês teve início com Henrique sétimo (1485-1509), fundador da dinastia Tudor. Depois dele, a Inglaterra foi governada por Henrique oitavo (1509-1547), Eduardo sexto (1547-1553), Maria primeira (1553-1558) e Elizabéti primeira (1558-1603).

O rei Henrique oitavo criou a Igreja Anglicana (subordinada ao rei), rompendo com a Igreja Católica. Em seu governo, o poder da monarquia foi ampliado e a estabilidade política do reino foi mantida. No reinado de sua sucessora, Elizabéti primeira, a monarquia fortaleceu-se ainda mais.

Elizabéti primeira, que era filha de Henrique oitavo e Ana Bolena, assumiu o trono aos 25 anos e governou a Inglaterra por quase meio século. Ela teve habilidade política para manter boas relações com o Parlamento e controlar disputas religiosas entre católicos e protestantes. Seu reinado foi considerado o auge do absolutismo inglês.

Durante o período elizabetano, a Inglaterra se tornou uma potência marítima e comercial. Com a autorização da rainha, corsáriosglossário ingleses saqueavam navios estrangeiros e, depois, entregavam parte de suas riquezas ao governo. Em reação a esses ataques, a Espanha tentou invadir a Inglaterra usando uma grande frota naval (a Invencível Armada). Porém, a armada espanhola foi derrotada pelas fôrças inglesas, o que aumentou a popularidade da rainha.

Além da prosperidade econômica, ocorreu um florescimento das artes no reinado de Elizabéti primeira. O grande destaque foi o escritor e dramaturgo renascentista Uíliam Xêiquispíer (1564-1616), que estudaremos no próximo capítulo.

Ao longo de sua vida, Elizabéti recebeu diversas propostas de casamento, mas permaneceu solteira, ganhando a fama de “Rainha Virgem”. Ela morreu em 1603 sem deixar descendentes diretos. Assim, seu primo Jaime, que era da família real da Escócia, assumiu o trono inglês (1603-1625).

Pintura. Sob um céu com nuvens, em um cenário litorâneo, sobre um mar calmo de águas azuis, há dezenas de embarcações de tipos e tamanhos diferentes, com bandeiras coloridas hasteadas. No canto esquerdo, alguns homens acenam com os braços para o alto no convés de um navio com velas escuras. Ao lado dele, um bote e uma embarcação menor.  Há colunas de fumaça horizontais e chamas saindo dos casos dos navios à esquerda. No centro da pintura, algumas embarcações menores usadas como brulotes, lançadas em chamas contra a armada à esquerda, estão tomadas por chamas e expelindo fumaça. À direita, à frente de uma frota, destaca-se uma embarcação grande, com as velas brancas e cheias, e uma cruz vermelha no centro das velas, além de bandeiras hasteadas nos mastros. No canto direito, a costa litorânea, com morros cobertos de verde, alguns deles encimados por castelos. À direita, na parte central da praia, há um grupo de pessoas. Destaca-se uma mulher de vestido dourado montada à cavalo; ao lado dela, um homem também à cavalo, e ao redor deles, um grupo de militares armados com lanças. Na parte inferior da imagem, à direita, há um grupo de homens, a maior parte deles em pé sobre um pequeno morro na costa, usando chapéus e trajes coloridos. Um deles, em pé sobre o morro, com uma das mãos sobre a cintura, empunha uma bandeira branca com uma cruz vermelha ao centro. Atrás deles, na costa, há um pequeno exército.
Pintura flamenga de autoria desconhecida representando a partida dos navios de guerra ingleses da cidade de Calé, na França, para investida contra a armada espanhola, cêrca de 1604-1609. Do lado direito da tela, mais ao centro, é possível ver a rainha Elizabéti primeira observando a cena, montada em um cavalo.

OUTRAS HISTÓRIAS

A imagem da rainha

A rainha Elizabéti primeira tinha um enorme conjunto de vestidos sofisticados e ornamentados com ricas joias. Sua paixão por vestidos estava ligada à preservação de sua imagem soberana. Nesse sentido, ela buscou controlar os retratos reais que circulavam pela Inglaterra e pelo estrangeiro.

Em suas aparições públicas, Elizabéti primeira se exibia de fórma deslumbrante com o objetivo de construir uma imagem gloriosa do poder real.

Até hoje, Elizabéti primeira é associada à autoridade feminina, à grandiosidade real e ao orgulho nacional.

Pintura. Sobre um fundo azul escuro, o retrato de uma mulher vista de frente, com o corpo voltado para a direita; um dos braços estendido ao longo do corpo, (à frente dele, uma grande flor rosa e verde); e o outro, flexionado, à sua frente; a mão com palma voltada para cima, em frente à sua cintura. A mulher tem as sobrancelhas raspadas, cabelos ruivos, cacheados e curtos, encimados por uma coroa dourada decorada com pedras coloridas e pérolas formando flores. Um pingente dourado com uma pérola cai sobre sua testa. Está trajando um vestido com corpete vermelho, saia armada e volumosa, repleto de bordados com pedras, pérolas e detalhes dourados.  Ao redor do alto dos braços, mangas curtas em tecido vermelho, arredondadas e volumosas, com detalhes circulares brancos e pedras e pérolas formando bordados de flores com detalhes dourados. Seus ombros e braços estão cobertos por tecido de cor branca com bordados em formato de vinha dourados e azuis. O punho das mangas é decorado por renda volumosa e pregueada na cor branca; ela usa um anel com uma pedra escura no polegar. Seu pescoço está coberto por um adereço feito de renda branca pregueada, que a cobre até a altura do queixo. Ela usa diversos colares: uma gargantilha de pérolas e pedras vermelhas com um pingente com uma grande pérola no centro e diversos colares de pérolas sobre o colo e sobre os ombros. Na altura do corpete do vestido, destacam-se dois pingentes: um dourado com uma grande pedra escura quadrada, outro, logo abaixo, na cor branca, no formato de ave com as asas abertas, o pescoço longo, bicando o próprio peito. Em segundo plano, sobre o fundo azul, a sombra da mulher retratada. À esquerda dela, um brasão em forma de flor; à direita, um brasão dourado.
Retrato da rainha Elizabéti primeira, pintura atribuída a Nícolas Riliárd, cêrca de 1574. O quadro também ficou conhecido como O retrato do pelicano por causa do pingente em formato do animal que aparece no peito da rainha. À época, acreditava-se que a fêmea do pelicano alimentava os filhotes com seu sangue, em autossacrifício (na joia, a ave aparece bicando o próprio corpo); essa imagem faria uma alusão à rainha, mãe abnegada da nação inglesa.

Responda no caderno

Atividades

  1. De acordo com o texto, Elizabéti primeira preocupava-se com sua aparência apenas por vaidade pessoal? Explique expondo o objetivo da rainha.
  2. Atualmente, os governantes se preocupam com a construção de sua imagem pública? Comente a questão com os colegas e, depois, escreva um texto sobre o assunto.

Mercantilismo

O termo mercantilismo refere-se às práticas econômicas de boa parte das monarquias europeias desde o século quinze até o século dezoito. Essas práticas variavam conforme o país, mas tinham em comum o objetivo de fazer com que o Estado controlasse a economia, fortalecendo as atividades comerciais ou mercantis (daí o nome “mercantilismo”). Entre suas principais características, podemos citar:

  • metalismo – a riqueza de um Estado podia ser medida pela quantidade de metais preciosos que ele possuía, especialmente ouro e prata. Assim, acumular esses metais era um dos objetivos dos Estados mercantilistas;
  • balança comercial favorável – um dos meios utilizados para acumular riquezas era manter uma balança comercial favorável. Em outras palavras, era preciso exportar mais do que importar, de preferência vendendo produtos mais caros e em quantidade maior do que aqueles comprados de outros países;
  • protecionismo os governos adotavam medidas para proteger seu mercado interno e o de suas colônias. Assim, incentivavam a produção de manufaturadosglossário que levassem vantagem na concorrência com artigos estrangeiros e dificultavam a entrada de produtos feitos em outros países;
  • intervenção estatal – as autoridades de cada Estado agiam em vários setores da economia: estimulavam os produtores de manufaturas, controlavam os preços e a quantidade de mercadorias comercializadas e definiam as taxas que produtores e comerciantes pagariam sempre que comprassem ou vendessem artigos no exterior.
Pintura. Paisagem  com densa vegetação e um pequeno rio ao fundo, no lado direito. No centro da pintura, destaque para uma mulher de cabelos longos e pretos e peito desnudo, vestindo uma saia de penas brancas e um cocar de penas brancas e vermelhas. Ela está sentada sobre um caixote. Em uma de suas mãos, está pousada uma ave de penas verdes, cabeça amarela e peito branco. Sobre a terra, aos pés dela, há um feixe de cana-de-açúcar, sobre o qual ela apoia um dos pés, um cesto sobre o qual ela apoia o outro pé, um baú com metais e pedras preciosas, um tecido branco em rolo, um arco e uma flecha. Ao redor há grande diversidade de plantas, sobretudo frutíferas: há um pé de abacaxi, bananeiras e árvores carregadas de frutas como jaca, mamão e manga, além de coqueiros. Em torno da mulher, há também diferentes aves, entre as quais uma arara azul e amarela pousada em uma mangueira, e animais como uma serpente junto a um ninho com ovos, um bovino, uma onça-pintada, um jacaré, entre outros.
América, pintura de 1810 atribuída ao artista baiano José Teófilo de Jesus (1758-1847). Nessa representação do continente, há vários elementos que simbolizam as peculiaridades do Novo Mundo, como a indígena, a fauna e flora nativas e bens de interesse comercial para as metrópoles europeias, como a cana-de-açúcar e os metais preciosos.

A riqueza acumulada servia a todos?

Vimos que um dos objetivos do mercantilismo era acumular riquezas nos cofres dos Estados. Mas será que toda a população desses Estados tinha uma vida confortável?

Não era bem isso o que acontecia. Parte dos europeus passou fome entre os séculos dezesseis e dezenove. Apesar disso, a população do continente aumentou de 84 milhões, em 1500, para 111 milhões em 1600.

Além do mais, muitas famílias deixaram de trabalhar no campo e foram viver nas cidades, em busca de melhores oportunidades. Assim, como poucas pessoas permaneceram nas áreas rurais, a produção de alimentos não cresceu tanto quanto o número de bocas famintas.

Na Inglaterra e na França do século dezessete ao século dezenove, a fome provocou saques a padarias e a outros locais onde se vendiam farinha e pão. Quando as colheitas se perdiam, a fome também se espalhava pelos campos.

Gravura em preto e branco. Em uma rua, diante de três prédios baixos, uma multidão de pessoas aglomeradas, algumas delas com os braços para o alto segurando pedaços de madeira, e outras com as mãos levantadas para cima. No canto esquerdo da gravura, no meio da multidão, há uma fileira de policiais usando chapéus altos na cor preta e segurando baionetas. No centro da gravura, um prédio de quatro andares, com uma placa, com o texto originalmente em francês, 'Padaria'. À direita, à frente da entrada de um prédio em primeiro plano, envolto por sombras, um homem está com um dos joelhos apoiados no chão, pegando algo sobre o calçamento; outro está em pé com um dos braços levantados.
Gravura representando o saque a uma padaria na Rua do Foburg Sãn Antuãne, em Paris, publicada no periódico Dê ilustreitedi lôndon nius, em 10 de outubro de 1846.

Do mercantilismo ao capitalismo industrial

No mercantilismo, o comércio tornou-se uma das principais fontes de acumulação de riqueza. Isso significa que a maior parte do lucro estava nas mãos dos intermediários – comerciantes que compravam e vendiam mercadorias –, e não nas mãos daqueles que produziam mercadorias, em setores como a agricultura e o artesanato. Por isso, muitos estudiosos consideram o mercantilismo uma fórma de capitalismo comercial.

A partir do século dezoito, teve início um novo sistema econômico conhecido como capitalismo industrial. Esse processo surgiu na Inglaterra, com a Revolução Industrial. Entre os motivos do pioneirismo inglês está o fato de a Inglaterra ter acumulado grande capitalglossário em função de seu poder naval e comercial. Boa parte do capital acumulado foi investido em transformações técnicas que levaram à criação de máquinas e à implantação de fábricas.

Com a difusão da Revolução Industrial, os empresários do ramo industrial tornaram-se figuras centrais da economia, superando, muitas vezes, os comerciantes. Além disso, o trabalho assalariado foi substituindo outras fórmas de trabalho como a servidão.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. Levando em conta as transformações que marcaram o início da modernidade europeia, identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
    1. A Idade Moderna foi um período marcado por acontecimentos como a invenção da escrita, a sedentarização e o surgimento da agricultura.
    2. O Estado nacional é uma construção histórica, e não um produto da natureza.
    3. As Guerras de Reconquista contribuíram para a formação de Portugal e da Espanha.
    4. A França e a Inglaterra foram os países pioneiros da expansão marítima europeia que levou à conquista da América.
    5. Os Estados modernos valorizaram os idiomas nacionais.
  2. O Brasil é um país soberano. O que significa a expressão “soberano”? Explique com suas palavras.
  3. Construa uma linha do tempo sobre a formação dos Estados nacionais europeus. Para isso, identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala. Depois, responda às questões.
    • Fim da Revolução de Avis.
    • Início da Guerra dos Cem Anos.
    • Fim da Guerra dos Cem Anos.
    • Unificação dos reinos de Aragão e Castela.
    • Independência do Condado Portucalense.
    • Conquista de Granada.
    • Assinatura da Magna Carta.
    1. Quais desses acontecimentos marcaram a centralização política em Portugal, Espanha, França e Inglaterra?
    2. Dentre esses países, qual foi o primeiro a se consolidar como Estado nacional?
Versão adaptada acessível

3. Construa uma linha do tempo sobre a formação dos Estados nacionais europeus. Para isso, podem ser utilizados materiais táteis, como papéis com diferentes texturas, linhas, botões, palitos e materiais emborrachados. A linha do tempo também pode ser registrada em áudio ou compartilhada oralmente com os colegas. Identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala. Depois, responda às questões.

• Fim da Revolução de Avis.

• Início da Guerra dos Cem Anos.

• Fim da Guerra dos Cem Anos.

• Unificação dos reinos de Aragão e Castela.

• Independência do Condado Portucalense.

• Conquista de Granada.

• Assinatura da Magna Carta.

a)    Quais desses acontecimentos marcaram a centralização política em Portugal, Espanha, França e Inglaterra?

b)    Dentre esses países, qual foi o primeiro a se consolidar como Estado nacional?

  1. Leia as afirmações e associe suas ideias aos pensadores.
    1. Em estado de natureza, as pessoas vivem uma guerra de todos contra todos. Por isso, é necessário um poder absoluto para garantir a ordem e a segurança na vida social.
    2. O sucesso da ação de um governante deve ser medido por seu resultado, e não pelos meios utilizados para alcançá-lo.
    3. O poder absoluto dos reis é justificado pela vontade de Deus.
      1. Nicolau Maquiavel.
      2. Tômas Róbes.
      3. jáque bossuê.
  2. No caderno, dê continuidade ao texto a seguir.

Com Luís catorze, o Rei Sol, o absolutismo monárquico atingiu seu ponto máximo na França. É dele a famosa frase “O Estado sou eu”, com a qual ele queria dizer que...

Interpretar texto e imagem

integrar com Língua Portuguesa

6. Leia o trecho de um texto sobre a história de Portugal e responda às questões.

reticências Com d. Dinis (1279-1325), o português foi adotado como língua da chancelaria régia, reticências passo decisivo para a oficialização da língua escrita reticências. O português reticências tendo por base o latim reticências e incorporando vocábulos de origem árabe, cotou-se, pois, como um elemento fundamental para afirmar e enraizar uma identidade e uma tradição cultural próprias reticências.”

RAMOS, Rui (coordenação). História de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2009. página 132.

  1. De acordo com o texto, quando o idioma português se tornou língua oficial do Estado?
  2. A língua portuguesa recebeu a influência de quais línguas?
  3. Além da língua, que elementos fazem parte da identidade cultural de um povo?

7. Em grupo, interpretem e debatam a frase de Djon Écton reproduzida a seguir. Argumentem a favor ou contra a ideia expressa na frase, justificando suas posições.

“Todo poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente.”

Écton, Djon dê (lorde Écton). Carta ao arcebispo Mendél Críron, 5 abril 1887. [Tradução dos autores]. Disponível em: https://oeds.link/0txRQQ. Acesso em: 13 março 2022.

integrar com ARTE

8. Em grupo, observem o retrato da rainha inglesa Elizabéti primeira e respondam às questões.

Pintura. Sobre um fundo azul escuro discretamente quadriculado, o retrato de uma mulher vista de frente, até a altura dos joelhos. A retratada é uma mulher de cabelos loiros, longos, lisos, repartidos ao meio, com uma joia com pérolas sobre a risca do cabelo. Sobre a cabeça, ela usa uma coroa dourada com uma cruz no centro, decorada com pérolas e pedras vermelhas e pretas. Ao redor do pescoço, ela usa um adereço de tecido branco, pregueado, com detalhes dourados, uma gargantilha dourada com pérolas e pedras vermelhas e pretas e um colar largo e dourado sobre seus ombros, também com pérolas e pedras vermelhas e pretas. Ela veste um manto de pele de aspecto aveludado na cor dourada e decorado com bordados. Sobre os ombros e na barra lateral, o manto é cor branca com pontinhos pretos. Sob o manto, usa um vestido de mangas longas na cor dourada, com um corpete bordado com detalhes com pérolas e pedras vermelhas e pretas e uma saia armada. Os punhos das mangas são de arminho, de aspecto aveludado, na cor branca com pontinhos pretos. Em uma de suas mãos, enfeitada com um anel dourado com uma pedra escura, ela segura um cetro dourado decorado com pérolas e pedras vermelhas e pretas; e com a outra mão, em que usa dois anéis dourados com pedras pretas, ela segura um globo metálico na cor azul, decorado com uma faixa dourada com pérolas, pedras vermelhas e pretas e uma cruz com uma pedra preciosa no centro.
Pintura inglesa de autoria desconhecida representando a rainha Elizabéti primeira durante sua coroação, em 1558, usando trajes reais, 1600.
  1. Que elementos permitem identificar que a mulher representada é uma rainha?
  2. Que título você daria a essa pintura?

Glossário

Península
: porção de terra cercada de água por todos os lados, exceto um, pelo qual se liga ao continente.
Voltar para o texto
Condado
: território, na Idade Média, administrado por um conde.
Voltar para o texto
Dinastia
: série de monarcas ou soberanos de uma mesma família que se sucedem no trono.
Voltar para o texto
Bastardo
: filho nascido fórado casamento oficial.
Voltar para o texto
Ordem de Cavalaria
: instituição militar e religiosa surgida na Idade Média que reunia apenas nobres, com o objetivo de combater hereges – pessoas ou grupos que seguiam uma religião diferente da católica.
Voltar para o texto
Leviatã
: monstro citado na Bíblia que, às vezes, é identificado como um dragão ou uma serpente gigante.
Voltar para o texto
Corsário
: navegador que agia sob as ordens de um soberano, praticando ataques e saques aos navios e territórios de um rei inimigo. O objetivo era atingir o poderio comercial e colonial do adversário.
Voltar para o texto
Manufaturados
: refere-se a “produtos manufaturados”, aqueles que resultam de trabalho mecânico, feitos em locais denominados manufaturas, por trabalhadores que são supervisionados pelos donos do negócio ou por seus encarregados.
Voltar para o texto
Capital
: todo bem econômico que se transforma em riqueza. O capital pode se expressar em dinheiro, que é o meio de troca utilizado para compra e venda de bens, serviços, fôrça de trabalho etcétera O domínio dos donos do capital em uma sociedade é chamado de capitalismo.
Voltar para o texto