UNIDADE 1 CONSTRUÇÃO DA MODERNIDADE
CAPÍTULO 1 ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO
Quase todas as pessoas vivem em um Estado nacional. Atualmente, existem 193 Estados que integram a Organização das Nações Unidas ( ônu). Cada um deles possui governo próprio, fronteiras definidas, língua oficial e um conjunto de leis. Porém, nem sempre foi assim. Na Europa, por exemplo, antes do século onze, não existiam Estados nacionais.
A seguir, vamos estudar a formação dos Estados nacionais europeus e seus desdobramentos. Um desses desdobramentos foi o absolutismo.
responda oralmente
para começar
Pense nos sentidos da palavra “absoluto”. Com base nisso, o que você acha que significa governar de fórma absoluta? Comente.
Modernidade
Nos dias atuais, a palavra “moderno” é utilizada para se referir a algo novo ou recente. Mas observe que nem tudo que é considerado novidade é, de fato, algo novo. Às vezes, por exemplo, é lançado um produto que retoma um design antigo. Nesse sentido, há um provérbio latino que diz “ nôn nóva, sêdi nóve” (em português, “não coisas novas, mas de maneira nova”).
O processo histórico, em todas as épocas, é marcado por continuidades e mudanças, permanências e rupturas. Isso também ocorreu com a chamada Idade Moderna que, apesar do nome, preservou diversos elementos culturais dos períodos anteriores e a eles acrescentou suas inovações.
Mas, afinal, o que significa Idade Moderna? Segundo a periodização tradicional, Idade Moderna é o momento da história europeia que vai do século quinze ao século dezoito. E o que podemos entender por “modernidade”? Esse termo pode ser utilizado para se referir a eventos variados que ocorreram desde o século quinze até os dias atuais.
Transformações na Idade Moderna
A modernidade europeia foi um processo longo caracterizado pelo desenvolvimento do capitalismo, que impulsionou a disputa por mercados, a concorrência entre produtores e a busca permanente por lucros. Nesse período, a burguesia obteve mais importância social. Com a burguesia, ganharam fôrça o espírito de competição, o individualismo e a ambição sistemática pela conquista material. A seguir, indicamos alguns marcos desse período.
- Renascimento – renovações nas artes, ciências e tecnologias, impulsionadas pelo humanismo.
- Reformas religiosas – rupturas na cristandade que abalaram a autoridade da Igreja Católica e deram origem a novas Igrejas cristãs.
- Estado moderno – fortalecimento do poder dos reis. Esse processo de centralização política contribuiu para o surgimento dos Estados nacionais.
- Grandes Navegações – a expansão marítima e a conquista da América ampliaram os limites do mundo conhecido pelos europeus.
Neste capítulo, vamos estudar a formação das monarquias nacionais e o absolutismo, com destaque para os casos de Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Nos próximos capítulos, trataremos do humanismo, do Renascimento, das reformas religiosas e das Grandes Navegações.
Fortalecimento dos reinos
Durante o período medieval, havia na Europa uma fragmentação do poder político. No início dos tempos modernos, porém, essa situação começou a mudar: alguns reis europeus ampliaram seu poder e fundaram monarquias que deram origem a Estados nacionais. Com essa centralização política, desenvolveu-se a noção de soberania, que consiste no poder que o governante tem de fazer valer suas decisões dentro do seu território. Nas monarquias nacionais, os reis tornaram-se soberanos e os habitantes tornaram-se súditos.
Em geral, os Estados nacionais dispunham de:
- tropas permanentes – fôrças militares próprias, como o Exército e a Marinha;
- servidores do governo – funcionários que trabalhavam nos vários setores da administração e diplomatas que defendiam os interesses do governo diante de Estados estrangeiros;
- leis e tributos – eram vigentes em todo o reino, mas não eram aplicados a todos igualmente. Os membros da nobreza e do clero, por exemplo, tinham privilégios como o não pagamento de tributos. Além disso, as leis costumavam ser mais duras com o povo e mais amenas com os nobres;
- unificação de pesos, medidas e moeda – a uniformização de pesos, medidas e moedas facilitou o comércio dentro dos Estados nacionais;
- fronteiras definidas – demarcação do território onde o governo do Estado exercia sua soberania;
- idioma oficial – língua adotada por um reino para facilitar a comunicação internamente e para construir uma identidade cultural.
O processo de centralização e fortalecimento do poder dos reis foi marcado por conflitos e negociações. Enquanto alguns grupos sociais (a nobreza e o clero) temiam que os reis interferissem muito em seus domínios, outros (como a burguesia) acreditavam que um governo centralizado poderia melhorar seus negócios com a adoção, por exemplo, de medidas em benefício do comércio.
A centralização política ocorreu em momentos diferentes nos reinos europeus. Em Portugal, por exemplo, teve início no século doze; na Espanha, na Inglaterra e na França, esse processo se intensificou a partir do século quinze; e, na Alemanha e na Itália, a centralização política se consolidou apenas no século dezenove.
responda oralmente
para pensar
Você sabe quais países adotam a monarquia como fórma de governo atualmente? Dê exemplos.
Reinos ibéricos
Desde a época do Império Romano e da formação dos reinos germânicos, a Penínsulaglossário Ibérica (onde hoje se situam Portugal e Espanha) recebeu forte influência cristã. Porém, em virtude da ocupação de boa parte da região por muçulmanos vindos do norte da África entre os séculos oito e quinze, muitos cristãos se deslocaram para o norte da península e ali formaram reinos como Leão, Castela, Navarra e Aragão.
Nesse período de mais de 700 anos, cristãos e muçulmanos viveram épocas de luta e de paz, o que possibilitou trocas culturais entre eles. Ainda hoje é possível notar as marcas desse intercâmbio nas sociedades portuguesa e espanhola. A influência muçulmana pode ser identificada, por exemplo, na alimentação, no modo de vestir, na arquitetura, na música e nas palavras de origem árabe que fazem parte dos idiomas português e espanhol.
Formação de Portugal
Na Europa, Portugal foi pioneiro na formação de um Estado centralizado, e esse processo esteve relacionado às lutas entre cristãos e muçulmanos pelo contrôle da Península Ibérica. Para os cristãos, essas lutas foram chamadas de Reconquista.
Durante esse processo, os reinos de Leão e Castela contaram com a ajuda de nobres cristãos, como dom Henrique de Borgonha, de origem francesa. Em troca do apoio oferecido por Henrique e seus comandados a esses reinos, ele recebeu as terras do Condadoglossário Portucalense em 1096. Assim, Henrique tornou-se vassalo (nobre com dever de obediência e fidelidade) do rei de Leão e de Castela.
Formação de Portugal (séculos onze a quinze)
Posteriormente, Henrique transmitiu o Condado Portucalense a seu filho Afonso Henriques. Afonso e seus aliados lutaram pela independência do condado em relação ao Reino de Leão. A independência ocorreu em 1139 e Afonso Henriques tornou-se o primeiro rei de Portugal.
Com a independência de Portugal, a família Borgonha formou uma dinastiaglossário , ampliou seu território e governou por mais de 200 anos. Durante esse período, soldados portugueses continuaram a lutar contra os muçulmanos na Península Ibérica.
A formação do território português, do modo como ele existe atualmente, se completou em 1249, com a conquista do Algarve (sul do território), então sob o domínio dos muçulmanos. Terminadas as guerras, no século treze, os reis e funcionários do governo organizaram, mais efetivamente, a estrutura administrativa do Estado português.
Revolução de Avis
Em 1383, dom Fernando primeiro, último rei da dinastia de Borgonha, morreu sem deixar herdeiros homens. A partir desse momento, Portugal poderia ser anexado ao Reino de Castela. No entanto, diversos grupos de nobres e burgueses do país queriam evitar isso. Eles pretendiam manter a independência portuguesa sob o comando de um rei que apoiasse seus interesses políticos e econômicos. Para isso, esses grupos passaram a apoiar a ascensão de dom João, irmão “bastardoglossário ” do rei falecido.
Após um período de conflitos, que durou de 1383 a 1385, dom João assumiu o trono de Portugal e garantiu a independência do reino, dando início à dinastia de Avis. Ela recebeu esse nome porque o novo rei era mestre da Ordem de Cavalariaglossário de Avis. Por esse motivo, a luta contra a união entre os reinos de Portugal e Castela ficou conhecida como Revolução de Avis.
Dinastia de Avis
A dinastia de Avis permaneceu no poder entre 1385 e 1580. Nesse período, os reis reforçaram seu poder, centralizando a arrecadação de impostos, estimulando a construção naval e distribuindo lotes de terras chamados de sesmarias. Tudo isso favoreceu a expansão comercial e marítima portuguesa. Foi durante a dinastia de Avis que os portugueses chegaram às terras que mais tarde foram chamadas de Brasil.
Formação da Espanha
A formação da Espanha está relacionada às Guerras de Reconquista e ao casamento do príncipe Fernando e da princesa Isabel em 1469. Ele era membro da família real de Aragão e ela fazia parte da família real de Castela. Alguns anos depois do casamento, em 1479, Fernando e Isabel unificaram seus reinos, dando início a um processo de centralização política. Eles governaram juntos de 1479 até 1504, quando Isabel faleceu. Fernando permaneceu no trono até 1516.
Os exércitos desses soberanos venceram diversas batalhas contra os muçulmanos. Entre os marcos dessas vitórias podemos citar a conquista de Granada, em 1492. O Reino de Granada, localizado no extremo sul da Península Ibérica, era o último território sob domínio muçulmano. Posteriormente, durante o governo de Fernando, o Reino de Navarra também foi conquistado, completando a formação do Reino da Espanha.
Com a formação do Estado nacional, a monarquia espanhola pôde financiar as viagens de Colombo à América e começar o processo de expansão colonial. A Coroa da Espanha tornou-se dona de um grande império mundial, que atingiu sua maior extensão durante o governo de Carlos primeiro de Habsburgo, que viveu entre 1500 e 1558. Carlos, além de rei da Espanha, foi ao mesmo tempo príncipe dos Países Baixos e imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
Formação da França
Por volta do século dez, a dinastia dos Capeto iniciou um processo de unificação dos feudos na região da atual França. Entre os reis capetíngios que contribuíram para a centralização política da região, podemos destacar Filipe Augusto, que governou entre 1180 e 1223, Luís nono, que governou entre 1226 e 1270, e Filipe quarto, o Belo, que governou entre 1285 e 1314.
As principais medidas tomadas por esses reis foram: conquista de territórios; unificação da moeda; criação de um exército nacional; fortalecimento dos tribunais reais; e ampliação dos tributos, que passaram a ser cobrados também dos membros da Igreja Católica.
Foi, porém, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), entre França e Inglaterra, que cresceu o sentimento nacional francês. Durante os 116 anos desse conflito, o poder da nobreza feudal se enfraqueceu, aumentando a centralização do poder do rei.
O fim da Guerra dos Cem Anos marcou a consolidação do Estado monárquico francês. No século dezessete, a centralização do poder na França atingiu seu ponto máximo com o reinado de Luís catorze (1643-1715). Ele se tornou o símbolo do absolutismo, assunto que estudaremos mais adiante neste capítulo.
Formação da Inglaterra
No século onze, Guilherme, duque da Normandia (região da atual França), conquistou a Inglaterra, assumiu o trono, mudou a capital para Londres e proibiu as guerras entre a nobreza. Com ele, teve início um processo de centralização política. Posteriormente, reis da dinastia Plantageneta, fundada por Henrique segundo (1154-1189), adotaram medidas que impulsionaram a formação do Estado nacional inglês.
Durante essa dinastia, em 1215, foi assinada a Magna Carta (Constituição), documento que limitava o poder real. A partir de 1265, o Parlamento inglês (na época chamado de Grande Conselho) passou a ter duas casas: a Câmara dos Lordes (representantes da alta nobreza e do alto clero) e a Câmara dos Comuns (representantes da pequena nobreza e da burguesia). A Magna Carta e o Parlamento (instituído efetivamente em 1295) estão na origem da monarquia inglesa, que continua a existir até os dias de hoje.
No século quinze, duas poderosas famílias da nobreza, os Lancaster e os York, disputaram o trono inglês. Esse conflito teve fim quando Henrique Tudor assumiu o trono, em 1485. Henrique tinha laços de parentesco tanto com os Lancaster quanto com os iórque e tornou-se rei da Inglaterra, com o título de Henrique sétimo, dando início ao absolutismo inglês.
Absolutismo monárquico
Ao longo da Idade Moderna, o fortalecimento do poder de alguns reis europeus foi chamado de absolutismo. Essa expressão foi criada no século dezoito por intelectuais que criticavam o poder dos reis e os privilégios da nobreza e do clero.
No absolutismo, o poder político estava concentrado na pessoa do rei. No entanto, devemos considerar que o rei não governava sozinho, nem exercia sua vontade de fórma ilimitada. Ele era auxiliado pela burocracia do Estado, constituída por um grupo de pessoas nomeadas pelo rei (os ministros) para cuidar das finanças, elaborar leis, trabalhar nos tribunais, comandar os exércitos profissionais etcétera Mas o rei tinha sempre a última palavra.
Entre os séculos quinze e , dezoito o absolutismo monárquico assumiu diferentes fórmas e predominou em momentos variados em países como França, Inglaterra, Espanha e Portugal.
Em defesa do absolutismo
O fortalecimento do poder real e a centralização do Estado foram defendidos por alguns pensadores. Entre eles, destacamos: Nicolau Maquiavel, Tômas Róbese jáque bossuê.
- Nicolau Maquiavel (1469-1527) – diplomata nascido em Florença, na Itália, considerado o precursor da teoria política do Estado moderno por sua obra O príncipe, de 1513. Defendeu a construção de um Estado forte, independente da Igreja e dirigido de modo absoluto por um príncipe. Expondo suas ideias com grande franqueza, Maquiavel rompeu com a religiosidade medieval, separando a moral individual (das pessoas) da moral pública (dos Estados). Para ele, o resultado das ações do soberano é o que conta, e não os meios por ele usados para alcançar seus objetivos. Com base nos escritos de Maquiavel, há pessoas que defendem que os fins justificam os meios quando se trata da política do Estado.
- Tômas Róbes (1588-1679) – filósofo inglês que publicou, em 1651, o livro Leviatã, no qual compara o Estado a um monstro chamado Leviatãglossário . Para rróbis, sem a instituição do poder político, os seres humanos viveriam em um estado de guerra permanente que só terminaria com um pacto chamado contrato social. Pelo contrato social, cada indivíduo abriria mão de parte de sua liberdade em favor de um governo poderoso e com poder absoluto, capaz de garantir a ordem, a direção e a segurança no convívio social. Marcado por certo pessimismo, o pensamento robesiânotinha o pressuposto de que “o homem é lobo do próprio homem”.
• jáque bossuê (1627-1704) – bispo francês defensor da monarquia absolutista e cristã. Dizia que o poder do rei era absoluto porque tinha direito divino. Predestinado por Deus a governar, o rei estava acima de todos os súditos, não precisando explicar suas atitudes a ninguém – somente Deus poderia julgar o monarca. bossuê foi autor da frase “Um rei, uma fé, uma lei”, que se tornou lema das monarquias absolutistas.
Responda no caderno
para pensar
- Pesquise o significado de “maquiavélico” e crie frases utilizando esse termo.
- Nos dias atuais, o que justificaria o poder dos governantes? Debata essa questão com os colegas e, depois, escreva um texto sobre o assunto.
Absolutismo francês
O auge do absolutismo francês ocorreu no reinado de Luís , catorze que durou 72 anos (1643-1715). Luís catorze adotou o Sol como seu símbolo e, por isso, foi chamado de Rei Sol. Atribui-se a esse monarca a frase “O Estado sou eu”, uma espécie de síntese das ideias do absolutismo.
Durante o governo de Luís , catorze o ministro de Estado Jan Batiste Colbér foi responsável por medidas que dinamizaram a economia francesa. Sob sua orientação, houve estímulos à produção manufatureira e ao comércio naval, à organização da marinha e das finanças públicas, bem como à construção de estradas, portos e canais. Desse modo, o rei conquistou o apoio da burguesia e ampliou o poder colonial do império francês.
Além disso, Luís catorze patrocinou artistas e ordenou a construção de monumentos e palácios. A expressão máxima dessas obras foi o Palácio de Versalhes (apresentado no início do capítulo), onde o rei chegou a reunir cêrca de 6 mil pessoas que faziam parte da côrte, muitas delas vivendo luxuosamente à custa do Estado.
No Palácio de Versalhes, os nobres aprimoraram e seguiram severas regras de etiqueta. Essas regras determinavam fórmas adequadas de falar, comer, cumprimentar e se vestir. A etiqueta não servia apenas para demonstrar boa educação ou refinamento da nobreza, mas, sobretudo, para afirmar uma posição na hierarquia social.
Luís catorze escreveu um livro de memórias para instruir seu filho, o príncipe Luís . quinze A seguir, leia trechos desse texto, que refletem as ideias absolutistas:
“Todo poder, toda autoridade estão nas mãos do rei e não pode haver outra no reino que aquela por ele estabelecida reticências.
Sua vontade [de Deus] é que todo aquele que nasceu súdito obedeça sem discernimento. reticências É somente à cabeça que compete deliberar e resolver, e todas as funções dos outros membros consistem apenas na execução das ordens que lhes são dadas.”
LUÍS . catorze Memórias. In: ISAAC, Jules; ALBA, André. Tempos modernos. São Paulo: Mestre ju, 1968. página 165.
responda oralmente
para pensar
Atualmente, a etiqueta é utilizada para hierarquizar as pessoas? Além da etiqueta, existem outros instrumentos de diferenciação social? Cite exemplos.
Absolutismo inglês
O absolutismo inglês teve início com Henrique sétimo (1485-1509), fundador da dinastia Tudor. Depois dele, a Inglaterra foi governada por Henrique oitavo (1509-1547), Eduardo sexto (1547-1553), Maria primeira (1553-1558) e Elizabéti primeira (1558-1603).
O rei Henrique oitavo criou a Igreja Anglicana (subordinada ao rei), rompendo com a Igreja Católica. Em seu governo, o poder da monarquia foi ampliado e a estabilidade política do reino foi mantida. No reinado de sua sucessora, Elizabéti primeira, a monarquia fortaleceu-se ainda mais.
Elizabéti primeira, que era filha de Henrique oitavo e Ana Bolena, assumiu o trono aos 25 anos e governou a Inglaterra por quase meio século. Ela teve habilidade política para manter boas relações com o Parlamento e controlar disputas religiosas entre católicos e protestantes. Seu reinado foi considerado o auge do absolutismo inglês.
Durante o período elizabetano, a Inglaterra se tornou uma potência marítima e comercial. Com a autorização da rainha, corsáriosglossário ingleses saqueavam navios estrangeiros e, depois, entregavam parte de suas riquezas ao governo. Em reação a esses ataques, a Espanha tentou invadir a Inglaterra usando uma grande frota naval (a Invencível Armada). Porém, a armada espanhola foi derrotada pelas fôrças inglesas, o que aumentou a popularidade da rainha.
Além da prosperidade econômica, ocorreu um florescimento das artes no reinado de Elizabéti primeira. O grande destaque foi o escritor e dramaturgo renascentista Uíliam Xêiquispíer (1564-1616), que estudaremos no próximo capítulo.
Ao longo de sua vida, Elizabéti recebeu diversas propostas de casamento, mas permaneceu solteira, ganhando a fama de “Rainha Virgem”. Ela morreu em 1603 sem deixar descendentes diretos. Assim, seu primo Jaime, que era da família real da Escócia, assumiu o trono inglês (1603-1625).
OUTRAS HISTÓRIAS
A imagem da rainha
A rainha Elizabéti primeira tinha um enorme conjunto de vestidos sofisticados e ornamentados com ricas joias. Sua paixão por vestidos estava ligada à preservação de sua imagem soberana. Nesse sentido, ela buscou controlar os retratos reais que circulavam pela Inglaterra e pelo estrangeiro.
Em suas aparições públicas, Elizabéti primeira se exibia de fórma deslumbrante com o objetivo de construir uma imagem gloriosa do poder real.
Até hoje, Elizabéti primeira é associada à autoridade feminina, à grandiosidade real e ao orgulho nacional.
Responda no caderno
Atividades
- De acordo com o texto, Elizabéti primeira preocupava-se com sua aparência apenas por vaidade pessoal? Explique expondo o objetivo da rainha.
- Atualmente, os governantes se preocupam com a construção de sua imagem pública? Comente a questão com os colegas e, depois, escreva um texto sobre o assunto.
Mercantilismo
O termo mercantilismo refere-se às práticas econômicas de boa parte das monarquias europeias desde o século quinze até o século . dezoito Essas práticas variavam conforme o país, mas tinham em comum o objetivo de fazer com que o Estado controlasse a economia, fortalecendo as atividades comerciais ou mercantis (daí o nome “mercantilismo”). Entre suas principais características, podemos citar:
- metalismo – a riqueza de um Estado podia ser medida pela quantidade de metais preciosos que ele possuía, especialmente ouro e prata. Assim, acumular esses metais era um dos objetivos dos Estados mercantilistas;
- balança comercial favorável – um dos meios utilizados para acumular riquezas era manter uma balança comercial favorável. Em outras palavras, era preciso exportar mais do que importar, de preferência vendendo produtos mais caros e em quantidade maior do que aqueles comprados de outros países;
- protecionismo – os governos adotavam medidas para proteger seu mercado interno e o de suas colônias. Assim, incentivavam a produção de manufaturadosglossário que levassem vantagem na concorrência com artigos estrangeiros e dificultavam a entrada de produtos feitos em outros países;
- intervenção estatal – as autoridades de cada Estado agiam em vários setores da economia: estimulavam os produtores de manufaturas, controlavam os preços e a quantidade de mercadorias comercializadas e definiam as taxas que produtores e comerciantes pagariam sempre que comprassem ou vendessem artigos no exterior.
A riqueza acumulada servia a todos?
Vimos que um dos objetivos do mercantilismo era acumular riquezas nos cofres dos Estados. Mas será que toda a população desses Estados tinha uma vida confortável?
Não era bem isso o que acontecia. Parte dos europeus passou fome entre os séculos dezesseis e . dezenove Apesar disso, a população do continente aumentou de 84 milhões, em 1500, para 111 milhões em 1600.
Além do mais, muitas famílias deixaram de trabalhar no campo e foram viver nas cidades, em busca de melhores oportunidades. Assim, como poucas pessoas permaneceram nas áreas rurais, a produção de alimentos não cresceu tanto quanto o número de bocas famintas.
Na Inglaterra e na França do século dezessete ao século dezenove, a fome provocou saques a padarias e a outros locais onde se vendiam farinha e pão. Quando as colheitas se perdiam, a fome também se espalhava pelos campos.
Do mercantilismo ao capitalismo industrial
No mercantilismo, o comércio tornou-se uma das principais fontes de acumulação de riqueza. Isso significa que a maior parte do lucro estava nas mãos dos intermediários – comerciantes que compravam e vendiam mercadorias –, e não nas mãos daqueles que produziam mercadorias, em setores como a agricultura e o artesanato. Por isso, muitos estudiosos consideram o mercantilismo uma fórma de capitalismo comercial.
A partir do século dezoito, teve início um novo sistema econômico conhecido como capitalismo industrial. Esse processo surgiu na Inglaterra, com a Revolução Industrial. Entre os motivos do pioneirismo inglês está o fato de a Inglaterra ter acumulado grande capitalglossário em função de seu poder naval e comercial. Boa parte do capital acumulado foi investido em transformações técnicas que levaram à criação de máquinas e à implantação de fábricas.
Com a difusão da Revolução Industrial, os empresários do ramo industrial tornaram-se figuras centrais da economia, superando, muitas vezes, os comerciantes. Além disso, o trabalho assalariado foi substituindo outras fórmas de trabalho como a servidão.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
- Levando em conta as transformações que marcaram o início da modernidade europeia, identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
- A Idade Moderna foi um período marcado por acontecimentos como a invenção da escrita, a sedentarização e o surgimento da agricultura.
- O Estado nacional é uma construção histórica, e não um produto da natureza.
- As Guerras de Reconquista contribuíram para a formação de Portugal e da Espanha.
- A França e a Inglaterra foram os países pioneiros da expansão marítima europeia que levou à conquista da América.
- Os Estados modernos valorizaram os idiomas nacionais.
- O Brasil é um país soberano. O que significa a expressão “soberano”? Explique com suas palavras.
- Construa uma linha do tempo sobre a formação dos Estados nacionais europeus. Para isso, identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala. Depois, responda às questões.
- Fim da Revolução de Avis.
- Início da Guerra dos Cem Anos.
- Fim da Guerra dos Cem Anos.
- Unificação dos reinos de Aragão e Castela.
- Independência do Condado Portucalense.
- Conquista de Granada.
- Assinatura da Magna Carta.
- Quais desses acontecimentos marcaram a centralização política em Portugal, Espanha, França e Inglaterra?
- Dentre esses países, qual foi o primeiro a se consolidar como Estado nacional?
Versão adaptada acessível
3. Construa uma linha do tempo sobre a formação dos Estados nacionais europeus. Para isso, podem ser utilizados materiais táteis, como papéis com diferentes texturas, linhas, botões, palitos e materiais emborrachados. A linha do tempo também pode ser registrada em áudio ou compartilhada oralmente com os colegas. Identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala. Depois, responda às questões.
• Fim da Revolução de Avis.
• Início da Guerra dos Cem Anos.
• Fim da Guerra dos Cem Anos.
• Unificação dos reinos de Aragão e Castela.
• Independência do Condado Portucalense.
• Conquista de Granada.
• Assinatura da Magna Carta.
a) Quais desses acontecimentos marcaram a centralização política em Portugal, Espanha, França e Inglaterra?
b) Dentre esses países, qual foi o primeiro a se consolidar como Estado nacional?
- Leia as afirmações e associe suas ideias aos pensadores.
- Em estado de natureza, as pessoas vivem uma guerra de todos contra todos. Por isso, é necessário um poder absoluto para garantir a ordem e a segurança na vida social.
- O sucesso da ação de um governante deve ser medido por seu resultado, e não pelos meios utilizados para alcançá-lo.
- O poder absoluto dos reis é justificado pela vontade de Deus.
- Nicolau Maquiavel.
- . Tômas Róbes
- . jáque bossuê
- No caderno, dê continuidade ao texto a seguir.
Com Luís catorze, o Rei Sol, o absolutismo monárquico atingiu seu ponto máximo na França. É dele a famosa frase “O Estado sou eu”, com a qual ele queria dizer que...
Interpretar texto e imagem
integrar com Língua Portuguesa
6. Leia o trecho de um texto sobre a história de Portugal e responda às questões.
“ reticências Com d. Dinis (1279-1325), o português foi adotado como língua da chancelaria régia, reticências passo decisivo para a ‘oficialização’ da língua escrita reticências. O português reticências tendo por base o latim reticências e incorporando vocábulos de origem árabe, cotou-se, pois, como um elemento fundamental para afirmar e enraizar uma identidade e uma tradição cultural próprias reticências.”
RAMOS, Rui (). coordenação História de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2009. página 132.
- De acordo com o texto, quando o idioma português se tornou língua oficial do Estado?
- A língua portuguesa recebeu a influência de quais línguas?
- Além da língua, que elementos fazem parte da identidade cultural de um povo?
7. Em grupo, interpretem e debatam a frase de Djon Écton reproduzida a seguir. Argumentem a favor ou contra a ideia expressa na frase, justificando suas posições.
“Todo poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente.”
Écton, Djon dê (lorde Écton). Carta ao arcebispo Mendél Críron, 5 abril 1887. [Tradução dos autores]. Disponível em: https://oeds.link/0txRQQ. Acesso em: 13 março 2022.
integrar com ARTE
8. Em grupo, observem o retrato da rainha inglesa Elizabéti primeira e respondam às questões.
- Que elementos permitem identificar que a mulher representada é uma rainha?
- Que título você daria a essa pintura?
Glossário
- Península
- : porção de terra cercada de água por todos os lados, exceto um, pelo qual se liga ao continente.
- Voltar para o texto
- Condado
- : território, na Idade Média, administrado por um conde.
- Voltar para o texto
- Dinastia
- : série de monarcas ou soberanos de uma mesma família que se sucedem no trono.
- Voltar para o texto
- Bastardo
- : filho nascido fórado casamento oficial.
- Voltar para o texto
- Ordem de Cavalaria
- : instituição militar e religiosa surgida na Idade Média que reunia apenas nobres, com o objetivo de combater hereges – pessoas ou grupos que seguiam uma religião diferente da católica.
- Voltar para o texto
- Leviatã
- : monstro citado na Bíblia que, às vezes, é identificado como um dragão ou uma serpente gigante.
- Voltar para o texto
- Corsário
- : navegador que agia sob as ordens de um soberano, praticando ataques e saques aos navios e territórios de um rei inimigo. O objetivo era atingir o poderio comercial e colonial do adversário.
- Voltar para o texto
- Manufaturados
- : refere-se a “produtos manufaturados”, aqueles que resultam de trabalho mecânico, feitos em locais denominados manufaturas, por trabalhadores que são supervisionados pelos donos do negócio ou por seus encarregados.
- Voltar para o texto
- Capital
- : todo bem econômico que se transforma em riqueza. O capital pode se expressar em dinheiro, que é o meio de troca utilizado para compra e venda de bens, serviços, fôrça de trabalho etcétera O domínio dos donos do capital em uma sociedade é chamado de capitalismo.
- Voltar para o texto