UNIDADE 1CONSTRUÇÃO DA MODERNIDADE

CAPÍTULO 3 NAVEGAÇÕES E CONEXÕES

Na Europa do século quinze, navegadores de Portugal e Espanha foram os pioneiros glossário das grandes viagens marítimas. Navegando pelo Oceano Atlântico, entraram em contato com povos e terras que desconheciam, e expandiram seu comércio e sua cultura. Do outro lado, os povos da América, África e Ásia também transmitiram suas culturas aos europeus. Essas conexões geraram contatos e confrontos que marcaram a Idade Moderna.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para começar

Nos dias atuais, contatos entre grupos ou povos diferentes costumam gerar confrontos? Reflita sobre os motivos que levam a esses conflitos e exponha seus argumentos.

Pintura. Em um campo aberto, sob a luz do sol e um céu sem nuvens, em um solo terroso com pouca vegetação, ao fundo, a representação de uma batalha, à frente, um grupo de pessoas reunidas em torno de dois homens, um sobre um leito inclinado, o outro, em pé. No centro da pintura, há um homem deitado de lado sobre um leito coberto de tecidos estampados com listras e uma pele de felino. O leito, está em posição inclinada e é segurado por outros homens. O homem deitado tem cabelos longos, lisos e pretos, seu torso está nu, a cintura coberta por um pano na cor branca. Ele usa um colar colorido, brincos, pulseiras e tornozeleiras. Sobre sua cabeça, um cocar de penas amarelas com uma grande pena vermelha no centro. Com uma das mãos, ele segura a pele de um felino que está sobre o leito e olha para a esquerda, onde há um homem tocando seu ombro. É um homem de cabelos castanhos e barba volumosa, vestindo um colete amarelo sobre uma blusa vermelha, gola de renda branca ao redor de seu pescoço, um chapéu claro, com abas laterais e uma pluma vermelha sobre sua cabeça. Ele estende uma de suas mãos em direção ao homem indígena a sua frente, tocando seu ombro, e, na outra mão, segura uma espada para o alto. Há pessoas caídas e debruçadas no solo. À esquerda, há um homem desfalecido no chão. À direita, sentada sobre a terra, uma mulher abraça uma criança, protegendo-a. O grupo em primeiro plano está cercado por homens com espadas, capacetes metálicos e armaduras, concentrados no plano de fundo da pintura. Em segundo plano, à direita, um homem usando um capacete metálico e uma armadura, aponta uma adaga para as costas de um homem desarmado, de costas, com as mãos sobre a cabeça.
Pizarro captura o Inca do Peru, pintura de Djon Évereti Milé, 1846.
Tapeçaria. Envolta em uma moldura com frisos dourados, verdes e vermelhos, uma cena de desembarque de uma frota naval. Em forma de ferradura, ocupando a esquerda, a parte inferior e a direita da tapeçaria, a terra firme. No centro, as águas, sobre as quais há três embarcações à vela, naus grandes, com um único mastro, com as velas recolhidas, e diversos botes de madeira ao redor delas. Ao fundo, em segundo plano, mais uma nau, com um bote de madeira ao lado. À esquerda, uma cidade protegida por uma muralha de tijolos de pedra. Por um dos portões da cidade, alto, em formato de arco, com duas torres laterais, passa uma comitiva formada por diversos homens vestindo túnicas e mantos coloridos. Alguns deles portam lanças. Dois homens destacam-se à frente desse grupo. Um, em pé, com longos cabelos e barba comprida de cor clara, usa um chapéu arredondado verde sem abas com uma barra dourada decorada por uma pedra preciosa no centro. Ele veste um traje longo, com mangas verdes e um colete comprido até os tornozelos de cor vermelha por cima. Tem uma das mãos estendidas à frente do corpo, recebendo um envelope de um homem que está com um dos joelhos dobrados à sua frente. O homem com um dos joelhos dobrados, é visto de lado, voltado para a esquerda, ele tem cabelos castanhos, compridos até o ombro e uma barba castanha. Veste um traje verde com mangas vermelhas a partir da altura do cotovelo. Usa um manto vermelho enrolado em volta de seu corpo e botas de cano alto na cor bege. Em uma de suas mãos, segura seu chapéu. Um chapéu pequeno, redondo, sem abas e bege. Com a outra mão, oferece ao homem de barba comprida à sua frente um pequeno envelope claro com um selo de cera vermelha no centro. Na parte inferior da tapeçaria, sobre a terra, coberta por grama e flores, há três jaulas com animais. Nas naus sobre as águas, no centro, alguns homens nas embarcações manejam cordas, recolhendo as velas. Nos botes, há homens embarcados e remando. Em um dos botes, além de homens, também há aves embarcadas. Na proa desse bote, há um homem em pé, tocando uma corneta. Diante da nau em primeiro plano, há dois botes, frente a frente. Um com dois homens, segurando a ponta de uma corda; outro com um homem segurando a ponta de uma corda. Essas cordas passam em torno do mastro da nau e são usadas para içar um cavalo branco, que está suspenso no ar, ao lado do casco da embarcação, seguro por uma faixa vermelha presa à sua barriga. À direta, sobre a terra, outra comitiva. Há um homem e uma mulher de braços dados à frente. Ambos vestem trajes bordados na cor vermelha. Ele, à esquerda,  com uma túnica longa com mangas compridas verdes e um turbante vermelho sobre a cabeça. Ela, à direita, com um vestido longo de mangas compridas e um véu verde cobrindo a cabeça e os cabelos.
Tapeçaria do século dezesseis encomendada pelo rei dom Manuel segundo para celebrar a chegada de Vasco da Gama à Índia.
Gravura. Gravura colorida retratando uma cena de batalha naval. Na parte superior da imagem, a costa. Coberta de verde, com árvores à esquerda, e uma aldeia protegida por uma cerca em formato arredondado, feita de estacas fincadas na terra, à direita. Dos dois lados, diante das águas, há pessoas nuas correndo com arcos e flechas em suas mãos. Na parte inferior da gravura, as águas, em cor azul clara. Sobre elas, há três embarcações. Uma no centro, e uma em cada ponta, à direta e à esquerda. São embarcações à vela, feitas de madeira, com cascos arredondados com canhões acoplados. Há três mastros de velas em cada; as velas estão abertas e arredondadas, são brancas. Em cada uma das embarcações, há gáveas em formato de cesto no alto dos dois mastros mais elevados. As três embarcações têm castelos de proa e de popa coloridos, nas cores vermelha, azul, e verde. Na embarcação à esquerda, há duas bandeiras içadas no alto dos mastros. Elas têm o fundo branco e um xis vermelho no centro. Há canhões, mas eles não estão disparando. Na embarcação no centro, há duas bandeiras com fundo azul e flores de lis douradas hasteadas nos mastros. Há também uma longa flâmula vermelha, tremulando ao vento no mastro principal. Jatos de fogo e de fumaça saem dos canhões do casco e do castelo de popa. A embarcação à esquerda tem duas bandeiras içadas no alto de cada um dos mastros mais elevados. Elas têm o fundo branco e um xis vermelho no centro. Jatos de fogo e de fumaça saem dos canhões do casco. Sobre as águas, há homens: uns nadando, outros boiando, outros ainda, mergulhando. Além deles, há duas grandes tartarugas marinhas.
Batalha naval entre portugueses e franceses nos territórios Potiguara, gravura de têodóre de bri, 1592. A obra mostra uma batalha entre duas nações europeias para assegurar o domínio de terras do Novo Mundo.

Expansão marítima

Desde a Idade Média, mercadores das cidades italianas de Gênova e Veneza dominaram o lucrativo comércio com a Ásia e a África feito pelo Mar Mediterrâneo. Nesse comércio eram negociados artigos de luxo (tapetes, tecidos de seda, objetos de porcelana) e especiarias (cravo, pimenta, noz-moscada, canela, gengibre).

No século quinze, as especiarias eram utilizadas pelos europeus como temperos, remédios e perfumes. Esses temperos serviam para melhorar o sabor, o aroma e a conservação dos alimentos. Especiaria significava “substância ativa, valiosa e rara”, daí a sua importância.

As especiarias e os artigos de luxo eram comprados pelos comerciantes italianos nos portos de cidades como Constantinopla, Trípoli, Alexandria e Túnis. Esses produtos eram levados pelo Mar Mediterrâneo até a Europa Ocidental, onde eram revendidos a altos preços.

Para romper o domínio dos italianos sobre esse comércio lucrativo, portugueses e espanhóis começaram a buscar outros caminhos para o Oriente pelo Oceano Atlântico e pelo Oceano Índico, realizando um conjunto de viagens marítimas de longa distância, que ficaram conhecidas como Grandes Navegações ou expansão marítima.

Fotografia. Pequenas divisões quadradas e retangulares, dispostas de forma diagonal, cada uma delas diferentes especiarias.  À esquerda, pimenta seca; ao lado, de cima para baixo; grãos de pimenta branca, canela em pau, um pó de cor bege e grãos pretos de zimbro. No centro, de cima para baixo, ervas finas secas, um pó amarelo de coloração forte, folhas de louro, sementes moídas na cor vermelha, e uma semente arredondada preta. À direita, de cima para baixo, grãos de pimenta do reino preta, anis estrelado e alcaparras secas. À direita, pequenas sementes azuis secas e folhas de calêndula.
Especiarias consumidas até os dias de hoje, como pimentas, gengibre, canela e noz-moscada.
Pintura. Sobre um fundo preto, em um ambiente com pouca iluminação, há um homem em pé, no canto esquerdo da pintura. Este está ao lado de um gabinete de madeira com gavetas atrás do tampo de uma mesa de madeira. O gabinete e a mesa ocupam a parte inferior da imagem. O homem é tem cabelos castanhos e lisos cobertos por uma boina vermelha. Ele veste um traje escuro de mangas compridas com punhos vermelhos dobrados até a altura do cotovelo. Sobre o traje, ele veste um colete de cor marrom fechado com pequenos botões na frente de seu corpo. Usa um avental escuro, pregueado, sobre sua cintura. Está ao lado da mesa, com a cabeça inclinada e os olhos baixos, segurando com as mãos uma espécie de pilão cor de bronze, apoiado sobre a mesa. Uma de suas mãos segura o recipiente arredondado. A outra segura a haste do pilão, dentro do recipiente. Sobre a mesa diante dele, além do pilão, há uma balança com pratos em formato de cuia dourados e presos por uma linha vermelha a hastes de metal. Há também um pote branco sem tampa com detalhes azuis e um prato de vidro. Ao fundo, o gabinete tem oito gavetas, dispostas de duas em duas, com puxadores dourados e etiquetas com texto ilegível. Uma delas está aberta. Sobre o gabinete, há vários recipientes transparentes, no formato de grandes garrafas, cada um deles contém diferentes produtos e especiarias, como grãos brancos, marrons e sementes.
A loja de especiarias, pintura de Paolo Antonio Barbieri, 1637.

Riquezas, fé e conhecimentos

Diversos grupos sociais interessaram-se pela expansão marítima, pois ela possibilitava acumular riquezas, difundir a fé cristã e buscar novos conhecimentos.

O acúmulo de riquezas era desejado, sobretudo, por reis e burgueses que queriam lucrar com o comércio de produtos vindos da África e da Ásia. Como vimos, as rotas comerciais do Mar Mediterrâneo eram dominadas pelos genoveses e venezianos. Por isso, rotas alternativas foram buscadas nos oceanos Atlântico e Índico.

A difusão da fé cristã interessava, principalmente, à Igreja Católica, que pretendia conquistar mais seguidores. Esse interesse intensificou-se a partir da Contrarreforma, que estudamos no capítulo anterior.

Já a busca por novos conhecimentos estava ligada à mentalidade renascentista e humanista de boa parte dos europeus dessa época. Como vimos no capítulo anterior, essa mentalidade estava associada à curiosidade científica, ao desejo de aventura e à vontade de investigar o mundo.

Comércio europeu (século catorze)

Mapa. Comércio europeu. Século catorze. Mapa representando o continente europeu, o norte da África e parte do Oriente Médio, na Ásia, com destaque para importantes cidades comerciais, feiras, os principais centros do comércio mediterrânico, além de linhas vermelhas indicando rotas marítimas e linhas verdes indicando rotas terrestres. Um círculo escuro indica 'Importantes cidades comerciais', entre elas, no norte da África, de leste para oeste: Alexandria, Trípoli, Túnis, Bugia, Ceuta e Salé. Na Europa, de leste para oeste, Cazã, Novgorod, Smolensk, Caffa, Odessa, Reval, Königsberg, Estocolmo, Visbi, Dantzig, Cândia, Negroponto, Modon, Schonen, Lübeck, Bari, Barletta, Palermo, Nápoles, Roma, Florença, Pisa, Milão, Brêmen, Marselha, Lyon, Calais, Bruges, Southampton, Amiens, La Rochelle, Toulouse, Barcelona, Toledo, Cádiz, Santiago de Compostela, Lisboa. Na divisão entre a Europa e a Ásia, no Estreito do Bósforo, Constantinopla. Na Ásia, Bagdá, Trebizonda, Jerusalém, São João D'Acre, Tiro, Farmagusta e Antioquia. Um círculo vermelho indica 'Feiras', todas elas na Europa, entre as quais, de leste para oeste, Yaroslav, Kiev, Riga, Praga, Leipzig, Nuremberg, Frankfurt, Colônia, Estrasburgo, Reims, Bar, Paris, Londres, Limoges e Montpellier. Uma estrela roxa indica 'Principais centros do comércio mediterrâneo', destacando Constantinopla, Veneza e Gênova. Linhas vermelhas indicam 'Principais rotas marítimas': com destaque para as seguintes rotas: No Mar Negro, partindo de Constantinopla, no estreito do Bósforo, duas rotas, uma de Constantinopla até Trebizonda, na Ásia; e outra de Constantinopla até Odessa, na Europa, encerrando-se em Caffa, na Península da Criméia. Partindo de Veneza, no Mar Adriático, com paradas em Barletta e Bari, na Península Itálica, uma rota se divide no Adriático: um trecho pelo Mar Mediterrâneo até Trípoli, no Norte da África; outro trecho seguindo a Leste, em direção ao Mar Egeu, passando por Modon, na Grécia, dividindo-se em uma rota no sentido de Constantinopla, passando pelo Mar Egeu, com uma parada em Negroponto, ilha hoje conhecida como Eubeia, e dali até o Mar de Mármara, chegando a Constantinopla. Outro trecho da rota de Modon até Cândia, na Ilha de Creta, e de lá para o leste, dividindo-se novamente: um trecho até Farmagusta na Ilha de Chipre e daí até Antioquia, Tiro e São João D’Acre, na Ásia, próximo à Jerusalém; outro trecho partindo do Mar Egeu até Alexandria, no Norte da África. Partindo de Gênova, na Península Itálica, uma rota passando por Pisa, Nápoles, Palermo,  Ilha da Sicília, e de lá, dividindo-se em duas rotas; uma seguindo para o oeste, no Mediterrâneo, em direção ao norte da África, com paradas em Túnis e Bugia. Outra, a partir de Palermo, para o leste em direção a Constantinopla, passando pelos mares Mediterrâneo, Egeu e de Mármara. Partindo de Gênova, outra rota, seguindo para o oeste e o norte da Europa, passando por Marselha, Montpellier, Barcelona, Ceuta e Salé, no Norte da África, retornando a Europa, em Lisboa, e seguindo para La Rochelle, dividindo-se novamente: um trecho em direção ao sul da ilha da Grã-Bretanha, em Southampton; outro trecho em direção ao Mar do Norte, passando por Bruges, Bremen e Hamburgo. No Mar Báltico, uma rota conectando as cidades de Lübeck, Schonen, Estocolmo, Visbi, Reval, Riga e Dantzig. Uma linha verde indica 'Principais rotas terrestres', compreendendo uma rota vinda do leste, além dos Montes Urais, passando por Cazã, no território que hoje compreende a Rússia, e seguindo rumo oeste até Yaroslav e Novgorod, tomando o rumo sul em direção a Smolensk, Kiev, Odessa e, por fim, Constantinopla. Na parte inferior à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 390 quilômetros.
Fonte: Quínder, Rérmãn; Ríguelmãn, Vérner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madrí: Istmo, 1982. página 188.

PAINEL

integrar com Geografia

Inovações técnicas das Grandes Navegações

Várias inovações técnicas ajudaram a desenvolver a navegação dos europeus nos séculos quinze e dezesseis. Eram inovações relacionadas principalmente aos tipos de embarcações e às fórmas de se orientar nos mares e nos oceanos. Confira a seguir algumas delas.

  • Caravela portuguesa – navio com dois ou três mastros e velas em formato triangular, que podiam ser ajustadas para navegar a favor do vento ou contra sua direção. Essa embarcação passou a ser muito usada pelos portugueses a partir de 1441.
  • Cartografia – prática de produção e estudo de mapas que foi aprimorada com as viagens marítimas. A partir do século quinze, cartógrafos europeus fizeram os primeiros registros das terras onde os navegadores chegavam. Esses mapas eram guardados em segredo pelos navegadores e seus patrocinadores. No entanto, certas informações circulavam porque havia espionagem de navegadores a serviço de um Estado que passavam a trabalhar para outro.
Mapa histórico. Um mapa de formato retangular, com a representação da América, no centro, em um grande círculo. Em cada uma das extremidades do mapa, há também pequenos círculos, cada um destacando uma pequena área, o círculo do canto direito inferior contém apenas texto. No centro, o continente americano é representado com contornos um diferentes daqueles encontrados nos mapas atuais, sobretudo no sul da América do Sul e na América do Norte. O território aparece cercado pelos oceanos, Pacífico, à esquerda, (na carta nomeado como 'Mar Pacífico'), e Atlântico, à direita. Pelo território, há indicação de muitos rios rios e portos. Estão destacados em verde os territórios da região que hoje corresponde ao México, o Caribe e o norte da América do Sul, além do litoral dos territórios que hoje correspondem ao Brasil, Uruguai e Argentina. Ao sul da América do Sul, há um grande território destacado em branco, nomeado, em latim, como 'Terra Australis Nondum Cognita'. Acima dela, no Pacífico, uma grande ilha, em verde, nomeada como 'Nova Guiné'. Há textos em latim nos territórios e nos oceanos não legíveis na reprodução. No centro do mapa, uma linha tracejada em vermelho, com o nome, originalmente em latim: 'Círculo equatorial'. No alto, à direita, um pequeno círculo destaca Cuba, Jamaica e outras ilhas. Na parte inferior, à direita, um pequeno círculo destaca o título do mapa, em latim: 'América' e 'Índia Nova', o restante do texto está ilegível na reprodução.  Na parte inferior esquerda, um pequeno círculo destaca uma ilha, com o texto originalmente em latim: 'Haiti, hoje, Espanhola', há outras pequenas ilhas em torno dela. No alto, à esquerda, um pequeno círculo destaca o Golfo do México, com a indicação do nome de diversos rios.
América ou Nova Índia, mapa produzido pelo cartógrafo flamengo Máicol Mercátor, publicado em atlas de 1595.
  • Bússola – instrumento de orientação que se tornou essencial para os navegadores nas longas viagens marítimas. Sua invenção é atribuída aos antigos chineses, mas foram os árabes que levaram a bússola para a Europa.
  • Astrolábio – instrumento de orientação que permite conhecer a localização de um navio pela posição dos astros. Esse instrumento foi inventado na Grécia antiga e divulgado na Europa Ocidental pelos árabes, que dominaram a Península Ibérica.
Fotografia. Astrolábio, um objeto metálico circular, cor de cobre, cortado por uma faixa diagonal, contendo um pequeno ponteiro no centro e entalhes na superfície toda, com textos em caracteres do alfabeto árabe. Na parte superior, tem a forma triangular e um aro de metal.
Astrolábio árabe produzido entre os séculos onze e doze.

Temores e perigos

As Grandes Navegações despertaram fascínio e desconfiança da população. Não era fácil encontrar pessoas dispostas a trabalhar em uma viagem pelo Oceano Atlântico, conhecido como mar tenebroso. Havia o temor de que esse mar fosse habitado por monstros marinhos e sereias. Existiam também perigos reais, como tempestades com ventos fortes e ondas imensas, que poderiam fazer os navios naufragarem.

Além disso, o cotidiano nos navios era difícil. A tripulação alimentava-se da comida embarcada no porto onde a viagem começava. Quase não havia verduras e legumes frescos, que eram fontes de vitamina C. Isso causava uma doença chamada escorbuto. A comida disponível (carne-seca, farinha, cereais e biscoitos) era vigiada e controlada pelo capitão do navio e pelo despenseiro, homem que cuidava do depósito de mantimentos. Devido à higiene da época, ratos e baratas circulavam pelos navios, disputando os alimentos com os marinheiros.

Pintura. Sobre um fundo azul, à esquerda, sobre águas com espuma de ondas na cor branca, uma embarcação de madeira com dois mastros de velas, as velas brancas parcialmente içadas, uma carranca com formato de cabeça humana na proa. Há algumas silhuetas de pessoas, pintadas na cor preta, no convés. À direita, há uma grande nuvem branca disposta verticalmente; no centro dela, uma mulher de cabelos castanhos presos com flores, vestindo uma túnica branca e um manto azul, esvoaçante, e um círculo prateado com estrelas em torno de sua cabeça. Ela tem as palmas das mãos unidas em posição de oração e está em pé sobre um globo azul com chifres rodeado por uma serpente verde. A pintura foi feita sob madeira. Os veios da madeira são visíveis embaixo da tinta. Há também muitos pontinhos pretos irregulares sobre a superfície.
Pintura do século dezoito, de autoria desconhecida, que representa católicos portugueses agradecendo à Nossa Senhora da Conceição por terem conseguido se livrar da morte no mar.

Responda no caderno

para pensar

  1. Atualmente, quais locais são pouco visitados pelos seres humanos? Eles despertam fascínio ou desconfiança nas pessoas?
  2. Como você representaria esses locais? Crie um mapa com desenhos.
Versão adaptada acessível

1. Atualmente, quais locais são pouco visitados pelos seres humanos? Eles despertam fascínio ou desconfiança nas pessoas?

2. Como você descreveria esses locais? Utilize materiais táteis ou sonoros e crie uma representação deles.

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica. Livro

DICA livro

FARIA, Antonio Augusto da Costa. Caravelas no Novo Mundo. São Paulo: Ática, 2003. (Coleção O cotidiano da História).

O livro aborda as Grandes Navegações portuguesas, as dificuldades enfrentadas pela tripulação dos navios e os contatos entre os navegadores e os povos indígenas da América Portuguesa.

Portugal e as navegações

Financiados pelo Estado, os navegadores portugueses foram os primeiros a realizar viagens marítimas de longa distância pelo Oceano Atlântico nos tempos modernos. Segundo historiadores, o pioneirismo português foi impulsionado por aspectos como:

  • a experiência com navegação – desde o século treze os portugueses participavam do comércio marítimo europeu, e Lisboa foi se transformando em um dos portos mais movimentados da Europa;
  • a posição geográfica – a localização de Portugal garantia livre acesso ao Oceano Atlântico, bons ventos e correntes marítimas favoráveis à navegação;
  • a centralização política – na época, Portugal já era um Estado independente e unificado, com um governo capaz de financiar um projeto complexo e caro como a expansão marítima;
  • o interesse de diversos grupos sociais – a expansão marítima tornou-se um projeto que despertou o interesse de comerciantes, nobres, membros da Igreja Católica e trabalhadores em Portugal. A expansão era uma oportunidade para acumular riquezas, adquirir prestígio, difundir a fé católica, buscar novos conhecimentos e melhorar de vida.
Gravura. Em um campo aberto plano, gramado, com montanhas ao fundo e casas amarelas em formato circular com telhados em forma de cone feitos de palha. No centro da imagem, dispostos em uma linha horizontal, quatro grupos de homens presos uns às outros, em grupos formados por quatro indivíduos, atados por correntes presas aos seus pescoços e tornozelos. Eles vestem calças coloridas. Entre um grupo e outro, há dois homens vestindo blusa branca curta de alças e calça rosa, segurando lanças em suas mãos. Em primeiro plano, à esquerda, cavalos carregando grandes cestos cheios de um material na cor branca; à direita, há outro grupo de quatro homens presos uns aos outros por correntes em seus pescoços, e dois homens segurando lanças à frente e atrás do grupo de pessoas aprisionadas.
Gravura de autoria desconhecida representando pessoas capturadas no continente africano para serem escravizadas, século dezessete. Parte dos comerciantes interessados na expansão marítima portuguesa enriqueceu com o comércio de africanos escravizados.

Expansão portuguesa

Em 1415, os portugueses conquistaram e saquearam Ceuta, um importante centro comercial dominado pelos muçulmanos no norte da África. Essa conquista é considerada o início da expansão marítima portuguesa.

Prosseguindo com a expansão, os navegadores portugueses tiveram de superar várias dificuldades para alcançar o Oriente contornando a África. Entre elas, destacamos a travessia do Cabo Bojador, região onde muitas embarcações afundavam, e do Cabo das Tormentas, que foi rebatizado pelo rei dom João segundo (1455-1495) de Cabo da Boa Esperança por ter criado a possibilidade de se chegar às Índias.

Os navegadores portugueses levaram mais de oitenta anos para conseguir contornar a costa da África. Durante esse processo, os portugueses criaram feitoriasglossário para o comércio de ouro, sal, ferro, marfim, tecidos, pessoas escravizadas etcétera Esse comércio enriqueceu a burguesia e a Coroa portuguesas, financiando a continuidade da expansão.

Em 1498, uma frota portuguesa liderada por Vasco da Gama (1469-1524) chegou à cidade de Calicute, na atual Índia. Essa viagem foi muito comemorada pelos portugueses, e Vasco da Gama retornou a Lisboa levando um carregamento que valia 60 vezes mais do que o custo da expedição. Assim, dois grandes objetivos foram alcançados: encontrar um novo caminho para o Oriente e romper com o monopólio comercial dos genoveses e venezianos.

Navegações portuguesas (século quinze)

Mapa. Navegações portuguesas. Século quinze. Planisfério com os cinco continentes com destaque para rotas marítimas. Os continentes estão destacados em cores distintas: a América, somada à Groenlândia na cor laranja, a África na cor rosa, a Europa (exceto Portugal e Espanha) na cor roxa, a Ásia na cor verde, a Oceania na cor amarela.  Destaque para Portugal (em verde escuro) e Espanha (em marrom). Destaque para os arquipélagos dos Açores, Madeira e Cabo Verde e também para o Cabo da Boa Esperança. Uma seta verde indica 1434. Gil Eanes ultrapassa o Cabo Bojador. A seta parte de Lisboa, em Portugal, passa pelo Atlântico, pelo arquipélago da Madeira, e chega à costa oeste da África na altura do leste de Cabo Verde, no hemisfério norte. Uma seta laranja indica 1488. Bartolomeu Dias atinge o Cabo das Tormentas. A seta parte de Lisboa, em Portugal, passa pelo Atlântico, a leste de Cabo Verde, atravessa a linha do Equador, e chega ao extremo sul da África, atravessando o Meridiano de Greenwich e alcançando o Cabo da Boa Esperança. A ponta da seta indica o movimento de retorno. Uma seta azul indica 1498. Vasco da Gama chega à cidade de Calicute, na atual Índia. A seta parte de Lisboa, em Portugal, passa pelo Atlântico, a leste de Cabo Verde, atravessa a linha do Equador, contornando o continente africano, atravessa o Meridiano de Greenwich, contorna o Cabo da Boa Esperança e chega ao Oceano Índico. Há indicação de paradas em Moçambique, na Baía de Sofala e Melinde, na Baía da Somália, na costa Leste da África. A seta atravessa o Índico até Calicute e Cochim, no Sudoeste da Índia. Uma seta vermelha indica 1500. Pedro Álvares Cabral chega à atual região de Porto Seguro, Bahia. Depois, a expedição rumou para a Índia. A seta parte de Lisboa, em Portugal, atravessa o Atlântico, passa a oeste de Cabo Verde, atravessa a linha do Equador, chega até Porto Seguro, no território que hoje corresponde ao Brasil, e de lá parte de volta ao Atlântico, atravessando o oceano Atlântico em direção à África. Atravessa o Meridiano de Greenwich. Contorna o Cabo da Boa Esperança, passa a oeste da Ilha de Madagascar, e segue pelo Índico, até ilha que hoje corresponde ao território do Sri Lanka. A ponta da seta indica o movimento de retorno. Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.300 quilômetros.
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de et al. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 112-113.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

A respeito das navegações portuguesas, responda:

  1. Quais continentes cada navegador alcançou?
  2. Quais navegadores atravessaram a linha do Equador e o meridiano de Greenwich?

OUTRAS HISTÓRIAS

Rinoceronte de durrár

Em 1515, o rei português dom Manuel primeiro (1469-1521) recebeu um presente especial: um rinoceronte indiano. O animal foi transportado da Índia para Portugal em uma viagem que durou 120 dias. Transportar um rinoceronte vivo com cêrca de 1,5 tonelada não deve ter sido fácil.

Quando o rinoceronte chegou a Lisboa, muita gente que nunca tinha visto esse animal ficou curiosa e quis conhecê-lo. Depois disso, circularam pela Europa relatos e desenhos do rinoceronte. Com base nessas descrições, o artista alemão Albrechi Durrár (1471-1528) criou uma xilogravura que ficou conhecida como Rinoceronte de durrár.

Além da representação do animal, a xilogravura traz um texto informando que: “[Em maio de 1515] foi trazido da Índia para o grande e poderoso rei Manuel de Portugal, em Lisboa, um animal vivo chamado rinoceronte. Sua fórma é representada aqui. Tem a cor de uma tartaruga manchada e é coberto de grossas escamas. É do tamanho de um elefante, mas com pernas mais curtas e quase invulnerável reticências”.

Essa xilogravura pode ser vista como símbolo de um momento histórico importante, quando os europeus ampliaram seus conhecimentos e entraram em contato com povos de outros continentes. O contato com outras culturas influenciou a maneira de ver e pensar o mundo e a si mesmos.

Gravura. Sobre um fundo amarelado, a figura de um rinoceronte, na cor preta. É um animal de grande porte, com a pele escamosa, com a aparência de uma carapaça. Ele tem um chifre na parte frontal da cabeça, duas orelhas pequenas e pontudas no alto do crânio, olhos pequenos nas laterais do crânio e quatro patas curtas. No alto da gravura, à direita, o texto: 1515. Rhinocerus. Logo abaixo, as iniciais A, e dentro do A, D.
Detalhe de Rinoceronte de durrár, xilogravura de Albrechi Durrár, 1515.
Fotografia. Um rinoceronte de couro acinzentado sobre um terreno gramado, com quatro patas, um chifre na parte frontal da cabeça, duas orelhas pequenas e pontudas no alto do crânio, olhos pequenos nas laterais do crânio e quatro patas curtas. Ele está com a cabeça inclinada para baixo em direção à grama.
O nome científico do rinoceronte indiano é rainóceros unicórnis. Fotografia de 2020. Essa espécie pode chegar a 2 metros de altura e pesar entre 1,5 e 3 toneladas. É encontrado em países como Índia e Nepal, mas corre risco de extinção, principalmente em razão da caça ilegal.

Responda no caderno

Atividade

Albrechi Durrár representou o rinoceronte sem tê-lo visto, com base em relatos. Identifique semelhanças e diferenças entre a xilogravura e a fotografia do rinoceronte indiano. Em sua opinião, durrár conseguiu representar bem o animal?

Chegada ao Brasil

Em 1500, o governo português enviou uma esquadra à Índia com a intenção de estabelecer comércio com os povos do Oriente. Em 9 de março daquele ano, treze navios partiram de Lisboa com destino a Calicute. Mais de mil tripulantes estavam a bordo, incluindo navegadores experientes. O comando dessa esquadra foi entregue ao nobre português Pedro Álvares Cabral (1467-1520). No decorrer da viagem, os navios da esquadra se afastaram da costa africana, indo em direção às terras americanas. As razões desse afastamento têm sido motivo de debate entre os historiadores: a mudança de rumo foi intencional ou ocorreu por acaso?

Na tarde de 22 de abril de 1500, os portugueses avistaram as terras do atual estado da Bahia, próximo a Porto Seguro. O lugar era habitado por indígenas e recebeu o nome de Vera Cruz, mas durante anos os europeus chamaram esse território de Terra de Santa Cruz, Terra dos Papagaios ou Brasil.

O nome Brasil estava associado à árvore pau-brasil e começou a ser usado nas primeiras décadas do século dezesseis. Os comerciantes dessa madeira foram chamados “brasileiros”, mas essa expressão passou a designar, com o tempo, os colonos nascidos no Brasil.

As áreas do continente americano dominadas por Portugal também são chamadas de América Portuguesa.

Fotografia. Sob um céu azul sem nuvens, destaque para um monumento feito de pedras cor de areia. No alto da imagem, há um grande bloco central com três curvas concêntricas criando três níveis diferentes de profundidade. No centro da imagem, em uma linha diagonal, diversas esculturas representando homens em fila, voltados para a direita, com vestes distintas e carregando diferentes objetos: o primeiro da fila, na parte direita da fotografia, tem nas mãos a miniatura de uma caravela, à esquerda, há um homem ajoelhado; atrás dele, um homem que segura um astrolábio; outro, logo atrás, segura uma esfera armilar. No centro da imagem, há um homem que segura uma paleta de pintor e um pincel. Atrás dele, outro homem segura um longo pergaminho aberto. Todos eles estão sobre uma base de formato triangular, feita de pedra.
Detalhe do monumento Padrão dos descobrimentos, do escultor Leopoldo de Almeida, em Lisboa, Portugal. Fotografia de 2020. Sua fórma é a de uma caravela estilizada: em cada lado do monumento há estátuas de portugueses ligados ao período da expansão marítima, como cartógrafos e navegadores.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica. Filme.

dica filme

Caramuru, a invenção do Brasil (Brasil). Direção de Guel Arraes, 2001. 100 minutos

A chegada dos portugueses ao território que hoje compreende o Brasil é o tema dessa comédia que mistura ficção e realidade.

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica. Livro

dica livro

AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A formação do império português (1415-1580). São Paulo: Atual, 1999. (Coleção Discutindo a História).

No livro são apresentadas as viagens marítimas como parte fundamental da formação do Império Português e as disputas pelas rotas com outros comerciantes europeus.

Espanha e as navegações

No final do século quinze, o governo espanhol financiou o projeto de navegação do genovês Cristóvão Colombo (1451-1506). Esse navegador pretendia chegar à Índia percorrendo uma rota diferente da que foi usada pelos portugueses.

Com base na ideia de que a Terra era redonda, como muitos estudiosos defendiam, Colombo elaborou um plano para atingir o Oriente navegando rumo ao oeste, isto é, em direção ao Ocidente.

Com três navios – Santa Maria, Pinta e Niña – concedidos pelos reis espanhóis, Colombo e sua tripulação partiram do porto espanhol de Palos em 3 de agosto de 1492. Em 12 de outubro, chegaram a terras que pensavam ser as Índias e, por isso, chamaram seus habitantes de índios. Mas o lugar em que aportaram era uma ilha no Mar do Caribe, chamada pelos nativos de Guanahani, à qual os espanhóis deram o nome de São Salvador.

Colombo retornou à Espanha e, nos anos seguintes, comandou mais três viagens pelo Oceano Atlântico, sempre acreditando que havia chegado à Índia. Morreu sem saber que chegara a outro continente. Somente com as viagens de outros navegadores, sobretudo do florentino Américo Vespúcio (1454-1512), é que o engano foi esclarecido. O continente passou a ser chamado de América em homenagem a esse navegador.

As áreas do continente americano que, posteriormente, foram dominadas pela Espanha também podem ser chamadas de América Espanhola.

Pintura. Em um salão fechado recoberto por cortinas de cor marrom, há uma mulher, em pé, no centro do salão, segurando uma pequena urna dourada. No chão, à frente dela, há um homem com uma folha de papel apoiada sobre o piso, apontando para o centro da folha. No centro da pintura, a mulher em pé, tem cabelos cacheados de cor clara presos sob uma boina na cor vinho com detalhes dourados, a boina tem uma barra dourada com um pingente de pérolas. A mulher usa um  vestido longo cor de laranja com detalhes brancos de mangas compridas e bufantes e saia armada com pregas. A saia tem uma cauda longa, segurada por uma criança ao fundo. Com as duas mãos à frente de seu corpo, a mulher segura uma pequena urna dourada com uma tampa decorada. Aos pés dela, apontando para um mapa em papel sobre o chão, com um círculo no centro, há um homem de cabelos pretos, cacheados até a altura dos pescoço. Ele veste um traje de cor preta com mangas compridas, babados de cor preta na altura dos ombros, os punhos e o colarinho de renda branca, calça justa e botas de cano alto pretas. Uma de suas pernas está flexionada, a outra esticada atrás do corpo. O torso dele está inclinado, a cabeça para o alto, olhando para a mulher à frente dele. Ao fundo, à esquerda, há um trono vazio e uma cadeira, duas crianças próximas, uma delas segurando a cauda do vestido da mulher, e um cachorrinho sentado sobre a cadeira. À direita, além da cortina, há um homem visto de lado, usando uma armadura cobrindo o torso e um elmo metálico e segurando uma lança; ao lado dele, um homem de barba comprida castanha, com um chapéu de abas sobre a cabeça, vestindo um traje na cor preta, portando uma espada.
Colombo e rainha Isabel, pintura de Énton Rômaco, século dezenove. A obra mostra a rainha doando suas joias para financiar a expedição marítima de Cristóvão Colombo.

Outros navegantes

Depois de Cristóvão Colombo, outros navegadores a serviço dos reis espanhóis exploraram novas terras. Entre eles:

  • Vicente iãnhes Pinzón (1462-1514) e seus comandados chegaram à foz do Rio Amazonas em 1500;
  • Vasco Nuñez de Balboa (1475-1519) e seus comandados alcançaram o Oceano Pacífico, em 1513, após atravessarem a pé o istmoglossário do Panamá;
  • Fernão de Magalhães (1480-1521) comandou, em 1519, a primeira viagem de circum-navegação da Terra, mas ele morreu durante o trajeto. A viagem foi completada em 1522 sob a liderança de Sebastião d’el Cano (1476-1526).

Disputas pelas novas terras

Os governantes de Portugal e Espanha quase entraram em conflito para assegurar a posse das novas terras. Por fim, assinaram um acordo na cidade espanhola de Tordesilhas, em 1494. Por esse acordo, conhecido como Tratado de Tordesilhas, traçou-se uma linha vertical imaginária que passava 370 léguas a oeste de Cabo Verde. As terras a oeste da linha pertenceriam à Espanha, enquanto as terras a leste seriam de Portugal.

Tratado de Tordesilhas (1494)

Mapa. Tratado de Tordesilhas. 1494. Mapa representando parte da América, Groenlândia, África, Europa (com destaque para Portugal e Espanha) e parte da Ásia. Portugal está destacado na cor verde. A Espanha está destacada na cor laranja. Destaque também para as ilhas de Cabo Verde. Uma linha vertical na cor vermelha divide o mapa em duas partes. Na América do Sul, essa linha atravessa a região que corresponde à ilha de Marajó. A maior parte da América fica à oeste da linha; a porção leste do território que hoje corresponde ao Brasil, a maior parte da Groenlândia e a África, a Europa e a Ásia ficam à Leste da linha. Na parte inferior do mapa, há o texto, escrito verticalmente, próximo à linha vermelha: 'Meridiano de Tordesilhas'. Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.070 quilômetros.
Fonte: Quínder, Rérmãn; Ríguelmãn, Vérner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 236.
Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

A maior parte da atual costa brasileira estava localizada a leste ou a oeste do meridiano de Tordesilhas?

Navegações francesas, inglesas e holandesas

Reis de outros Estados, como França e Inglaterra, não concordaram com o Tratado de Tordesilhas. Tendo seus interesses contrariados por esse tratado, o rei francês Francisco primeiro (1515-1547) teria dito: “Onde está o testamento de Adão, dividindo o mundo entre Portugal e Espanha?”.

Assim, franceses, ingleses e holandeses também investiram nas navegações marítimas e colonizaram regiões da América (Haiti e Estados Unidos, por exemplo), concorrendo com os portugueses e os espanhóis a partir do final do século dezesseis. Eles buscaram um novo caminho para o Oriente pelo norte do Oceano Atlântico. Isso porque os espanhóis e os portugueses já dominavam as rotas pelo sul do oceano. Embora um novo caminho não tenha sido encontrado, essas navegações possibilitaram a exploração e a ocupação da América do Norte.

Mais tarde, no século dezessete, holandeses e franceses se envolveram no comércio com os africanos, principalmente na África Ocidental. O objetivo dos europeus era comprar seres humanos para trabalharem como escravizados em suas colônias na América.

Também nessa época, parte dos territórios controlados pelos portugueses no Oriente foi entregue aos ingleses em troca de acordos de proteção militar. Bombaim, por exemplo, que estava sob domínio luso desde 1534, foi dada como dote da princesa Catarina de Bragança (1638-1705) ao se casar com o rei Carlos segundo (1630-1685) da Inglaterra, em 1661. Bombaim é hoje uma das maiores cidades indianas.

Pintura. Sobre um fundo marrom escuro, o retrato de um homem visto até altura dos joelhos. Ele é um homem de olhos claros, calvo na parte frontal da cabeça, com cabelos castanhos e curtos, barba clara no rosto, bochechas rosadas, sobrancelhas finas, com uma pequena verruga na lateral do nariz, à direita. Veste um traje preto, com um colarinho do tipo rufo, de renda pregueada branca, uma capa escura sobre os ombros, um cinto escuro ao redor de sua cintura e um grande pingente com uma pedra preta rodeada por pedras vermelhas e uma pérola.  Leva uma espada na cintura e tem as mãos cobertas por luvas marrons. Uma mão apoiada na cintura, a outra solta, ao lado do cabo da espada. À esquerda, há uma mesa coberta por uma toalha de aspecto aveludado na cor verde. Sobre a mesa, um globo terrestre. No alto, à esquerda, há um brasão, com um escudo azul com duas estrelas brancas no centro e folhagens brancas e vermelhas ao redor dele.
Retrato do navegante inglês sir Frencis Dreic (1540-1596), pintado por Márcus Guirrértis, 1591. A Coroa inglesa apoiou as navegações marítimas em nome do reino e favoreceu quem se destacava, como sir Drêic, que empreendeu uma viagem de circum-navegação.
Pintura. Cena de batalha naval. Sob um céu azul com muitas nuvens espessas, há dezenas de embarcações à vela e botes de madeira sobre a água azulada.  No centro da imagem, há duas embarcações com cascos de madeira arredondados, canhões saindo dos cascos e mastros de velas com velas na cor branca atadas por feixes de cordas e abertas. A embarcação no centro,  à esquerda, tem uma grande bandeira hasteada na popa, com três listras horizontais nas cores branca, vermelha e azul. A popa é vista de frente. No castelo de popa, há um brasão vermelho com uma coroa dourada e dois leões dourados nas laterais gravados na madeira. Há bandeiras menores com as mesmas cores (branco, vermelho e azul) hasteadas nos mastros dessa embarcação. Um dos mastros de velas está quebrado, caindo para o lado com uma bandeira rasgada. As velas da embarcação estão rasgadas. De um canhão no casco arredondado saí um jato vertical de fumaça branca. Há homens no convés e na gávea, peça em forma de cesto no topo de um dos mastros. A embarcação à direita, é a maior representada na pintura; ela é vista a partir da proa, onde há uma carranca com forma de leão na cor dourada. Sobre o mastro principal há uma bandeira de fundo azul com um quadrado branco na lateral esquerda. No centro do quadrado, há uma cruz vermelha. As velas estão rasgadas e em um canhão no casco da embarcação há uma explosão, de onde sai um jato de fumaça branca. Em primeiro plano há embarcações menores afundando. À esquerda, uma delas tem somente a popa fora da água, com vários homens aglomerados no convés, outros escalando o mastro. Há um bote ao lado dela, com homens segurando remos, com os quais puxam outros homens caídos no mar. À direita, há outra embarcação em situação semelhante: todo o casco dela está submerso; ela tem um bandeira vermelha hasteada na popa. A embarcação está inclinada para a direita. Há homens no convés, outros escalando os mastros, outros ainda pendurados nas cordas. Dois botes de madeira estão ao lado dela, recolhendo homens que estão sobre as águas. No centro da pintura, há outra embarcação menor, afundando, com a popa submersa, homens escalando o mastro e outros caídos na água, em torno dela. Mais ao fundo há diversos grupos de embarcações à vela, muitas delas, com as velas rasgadas. Nos grupos de embarcações à esquerda, no centro e à direita, há colunas de fumaça preta subindo pelos ares.
A Batalha de terrréide, pintura de Iãn Abrarãms Birstráten, cêrca de 1653. A obra mostra uma cena da batalha naval entre ingleses e holandeses no século dezessete. França, Inglaterra e Holanda disputavam territórios com Portugal e Espanha e também entre si.

Navegações árabes e chinesas

No século quinze, os navegadores árabes dominaram importantes rotas comerciais no Oceano Índico. Essas rotas ligavam a Índia à Península Arábica e à África Oriental. Assim, quando chegaram à Índia em 1498, os portugueses disputaram com os árabes um espaço nesse comércio.

Entre os séculos doze e quinze, os chineses vivenciaram um período de apogeu na navegação e intensificaram o comércio marítimo com povos asiáticos, africanos e árabes.

Um dos grandes navegadores chineses foi djãng rãã (1371-1435). Ele liderou sete expedições nos oceanos Pacífico e Índico entre 1405 e 1433, alcançando a Península Arábica e a África Oriental. Seu objetivo era estabelecer relações diplomáticas, fazer comércio e cobrar tributos de regiões vizinhas.

Ilustração. Duas embarcações vistas de lado, sobre águas azuladas, lado a lado. Ao fundo, uma embarcação de maior tamanho, quase três vezes maior que a embarcação à frente.  Essa embarcação em segundo plano tem um casco azul com detalhes vermelhos nas bordas e uma âncora pendurada na proa. Sua estrutura é formada por linhas retas: um trapézio na parte frontal, um retângulo grande no centro, um retângulo menor na parte posterior. O mesmo ocorre com o casco, que tem linhas retas. O convés, amplo e espaçoso, tem a cor marrom. Há, no total, nove mastros de velas com as velas içadas: um mastro pequeno na proa e dois mastros maiores, lado a lado, atrás dele. No centro da embarcação, há dois mastros mais altos que os demais, seguidos por um mastro um pouco mais baixo. Há dois mastros mais baixos no castelo de popa e, por fim, um pequeno mastro na popa da embarcação. As velas, atadas à feixes de cordas, são brancas, tem o formato retangular e o aspecto de um leque, com com dobras em linhas horizontais e hastes de madeira atravessando-as, também horizontalmente. A outra embarcação, à frente, tem tamanho menor. O casco e o convés são marrons, na cor de madeira, com contornos em marrom mais escuro. O casco dessa embarcação tem o formato arredondado, como uma meia lua. A proa, parte frontal da embarcação, é mais estreita, em formato triangular. Há, no total, quatro mastros de velas: um na proa, o gurupés, baixo e inclinado, direcionado para frente da embarcação. Outro, ainda na proa, mais alto que o primeiro e na posição vertical; o terceiro, no centro da embarcação, o mais alto de todos, na posição vertical, e o último mais baixo, em posição vertical, próximo à popa. As velas estão içadas, são de tecido na cor branca, com uma cruz vermelha no centro. O primeiro mastro, o gurupés, tem uma vela pequena quadrada. Os dois mastros seguintes, mais altos, têm duas velas de formato quadrado cada: uma vela maior, na parte mais baixa do mastro, outra menor, na parte de cima. No mastro próximo à popa, há apenas uma vela, de formato triangular. Todas as velas estão atadas por feixes de cordas.
Representação artística de navios utilizados em viagens de longa distância no século quinze. A embarcação maior foi comandada pelo navegador chinês djãng rãã. A menor é uma das caravelas lideradas pelo português Vasco da Gama.

Apesar de terem desenvolvido uma sofisticada tecnologia de navegação, os chineses passaram a se concentrar no desenvolvimento de seu mercado interno em meados do século quinze. Com isso, a expansão marítima chinesa foi interrompida e seu comércio exterior sofreu restrições.

Navegações de djãng rãã (século quinze)

Mapa. Navegações de Zheng He. Século quinze. Mapa representando rotas de viagem em uma área que compreende parte do continente asiático e da costa leste da África. Destaque na cor laranja para o Império Ming, se estendendo, no litoral, desde o litoral do Mar da China Oriental até ao litoral do Golfo de Tonkim. E, no interior do continente, acompanhando parte do curso dos rios Amarelo (Hoang-Ho), Azul (Yang Tsé-Kiang) e Si-Kiang. Estão destacados por meio de texto: a África, a Arábia, a Pérsia, a Índia, o Tibete, Burma, Sião, Champa e Hainan; as ilhas de Taiwan, Filipinas, Bornéu, Java, Sumatra, Ceilão (hoje Sri Lanka), a cidade de Guangzhou e as cidades de parada da rota. Uma linha pontilhada vermelha indica: Viagens sob o comando de Zheng He. 1405-1433. A linha pontilhada vermelha parte de Yangzhou, na foz do Rio Azul, no Império Ming, contornando a costa pelo Mar da China Oriental, seguindo pelo Estreito de Formosa até a cidade de Fuzhou, seguindo para o sul pelo Mar da China Meridional, até Chaban, na Península da Indochina. No rumo sul, a rota se divide. Um trecho segue rumo ao Sul até a Ilha de Java, e de lá, até a Ilha de Sumatra, aportando em Palembanbg. Outro trecho, contorna a Península da Indochina até Sião, no Golfo de Sião, contornando-o até atingir o Estreito de Malaca, onde a rota se divide: um trecho seguindo para o Leste, aportando em Palembang, na Ilha de Sumatra, depois, seguindo para Sudeste, até a Ilha de Java, e retornando na direção norte à rota que segue até Chaban. O outro trecho segue na direção oeste a partir do Estreito de Malaca, atravessando o Oceano Índico até a costa leste da África, aportando em Mogadiscio, na altura da linha do Equador, e seguindo para o Sudoeste, até cidade de Melinde. A partir de Mogadiscio, outro trecho da rota segue para o norte, contornando o Chifre da África até o Golfo de Áden, aportando na cidade de Áden, contornando a Península Arábica até Hormuz, na entrada do Golfo Pérsico, e de lá, partindo na direção sudeste pelo Mar Arábico, até a costa oeste da Índia, aportando em Calicute. Em Calicute, a rota se divide. Há um trecho da rota que segue na direção oeste, atravessando o Mar Arábico e o Golfo de Áden, entrando pelo Mar Vermelho e aportando em Jiddah, no Oeste da Península Arábica. Outro trecho da Rota a partir de Calicute segue até Colombo, na Ilha do Ceilão (hoje Sri Lanka). Em Colombo, um trecho da rota segue no rumo norte, atravessando a Baía de Bengala, aportando na região da foz do Rio Ganges, e seguindo pelo sul, descendo a Baía de Bengala até encontrar as rotas no Estreito de Malaca. Outro trecho da rota parte de Colombo pelo sul da Ilha do Ceilão (hoje Sri Lanka) até encontrar as rotas no Estreito de Malaca. Na parte superior, no centro, rosa dos ventos e escala de 0 a 830 quilômetros.
Fonte: Férbenqui, Djon Quing; Gôldiman, Mêr. China: uma nova história. terceira edição Porto Alegre: Ele e Pê ême, 2008. página 138.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. A partir do século quinze, diversas inovações tecnológicas contribuíram para o desenvolvimento das Grandes Navegações. Reúna-se com um colega e façam as atividades a seguir sobre esse assunto.

  1. Citem algumas dessas inovações. Entre as inovações citadas, quais são utilizadas até hoje?
  2. A quem é atribuída a invenção da bússola e do astrolábio? Que povo apresentou esses instrumentos aos europeus?

Interpretar texto e imagem

integrar com geografia

2. A cartografia teve um grande desenvolvimento durante as Grandes Navegações. Com base nessa informação, analise o mapa e faça o que se pede.

Península Ibérica: divisão política atual

Mapa. Península Ibérica. Divisão Política Atual. Mapa representando a Península Ibérica, entre o Oceano Atlântico, a oeste, parte do norte, sudoeste e parte do sul da península, e o Mar Mediterrâneo, a leste, nordeste, sudoeste e parte do sul da península. Ao sul da península, além do Estreito de Gibraltar, localizado entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo, dividindo a Europa e a África, o Norte da África. Ao norte, em parte do nordeste da península, a fronteira da Espanha com a França. Destaque, em cores, para Portugal, em verde, e Espanha, em roxo. Uma bolinha preta com um círculo indica a capital. Bolinhas pretas indicam as principais cidades. Em verde, no oeste da península, Portugal, estendendo-se pelo noroeste, oeste e parte do sudoeste da Península Ibérica. Seu litoral banhado pelo Oceano Atlântico, no oeste e no sul do país. A capital, Lisboa, na costa oeste, voltada para o Atlântico. Destaque para as cidades de Faro, no litoral sul do país, banhado pelo Atlântico; Coimbra, na região central do país, e Porto, no norte do país, na costa oeste, voltada para o Atlântico. Em roxo, ao norte e a leste de Portugal, a Espanha, estendendo-se por parte do noroeste, pelo norte, centro, nordeste, leste, sudeste e a maior parte do sul da península; além das Ilhas Baleares (Maiorca, Minorca e o arquipélago de Ibiza), a leste da península, no Mar Mediterrâneo. Seu litoral, é banhado pelo Oceano Atlântico, no norte do país, no Golfo de Biscaia, e no sudoeste do país, na região do Estreito de Gibraltar, que divide a península com a África e liga o Atlântico e o Mar Mediterrâneo. No nordeste, leste, sudeste e parte do sul da Espanha, até o Estreito de Gibraltar, o litoral do país é banhado pelo Mar Mediterrâneo. A capital, Madri, no centro do país, está representada no mapa a dois centímetros de Lisboa. Destaque para as cidades de Santiago de Compostela e La Coruña, no noroeste, na costa voltada para o Atlântico; Bilbao, na costa norte banhada pelo Atlântico; Valladolid, no norte do país; Zaragoza, no nordeste do país; Barcelona, no nordeste do país, na costa banhada pelo Mar Mediterrâneo; Valência, no leste do país, na costa banhada pelo Mar Mediterrâneo; Córdoba, no sul do país, Cartagena, Málaga e Gibraltar, no sul do país, na costa banhada pelo Mar Mediterrâneo e Sevilha, no sudoeste do país. Na parte inferior direita, a rosa dos ventos com o norte orientado para cima; e abaixo, a escala que indica um centímetro no mapa para 210 quilômetros na realidade.
Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 43.
  1. Qual é o tema desse mapa?
  2. Pesquise o significado da palavra península.
  3. Quais são os dois principais países situados na Península Ibérica?
  4. Com base na rosa dos ventos do mapa, responda:
    • a Espanha está a leste ou a oeste de Portugal?
    • o Mar Mediterrâneo banha o sul de Portugal ou o sul da Espanha?
    • qual oceano está a leste de Portugal?
  1. Qual é o nome do estreito que liga o Mar Mediterrâneo ao Oceano Atlântico?
  2. Observando o mapa, responda às questões.
    • Quais são os nomes da capital de Portugal e da capital da Espanha?
    • Qual é a escala utilizada no mapa?
    • Com base na escala, qual é a distância em linha reta entre as capitais de Portugal e da Espanha?

integrar com Língua Portuguesa

3. Leia a seguir versos do poema Mar português, escrito pelo poeta Fernando Pessoa (1888-1935).

“Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.”

PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1969. página 82.

  1. O poema se refere à conquista marítima portuguesa. Destaque dois versos que mostram as dificuldades dessa conquista.
  2. Segundo o poeta, “valeu a pena” enfrentar os desafios da conquista marítima? Comente.

integrar com arte

4. Observe a imagem e responda às questões.

Gravura. Vista a partir do mar, diante de uma costa montanhosa ao fundo. Há duas embarcações, vistas de trás e parcialmente. Em uma delas, a maior, no centro, há um homem em pé, no convés.  No canto esquerdo da gravura, vista parcial da proa de uma embarcação de madeira com casco preto; presa ao casco, uma âncora cinza. Há uma carranca em formato de dragão na proa, e o gurupés, mastro inclinado à frente da embarcação, tem uma vela quadrada de cor vermelha içada. No centro da gravura, ocupando a maior parte da imagem, parte de uma embarcação à vela feita de madeira. Ela é vista por trás. Há um mastro no centro do convés, com as velas brancas, atadas por feixes de cordas, recolhidas, e outro mastro, na proa, com as velas brancas, atadas por feixes de cordas, também recolhidas. Na proa, no gurupés, há uma uma vela içada, cheia de vento, e uma pequena ave marinha branca pousada. De cada lado do casco da embarcação, saem estruturas cilíndricas na cor laranja, bocas de canhões acoplados ao casco. Presa ao casco por cordas, há uma âncora de metal, à direita. No centro do convés, ao lado de uma corda enrolada, há um homem em pé, visto de lado, voltado para a direita. Esse homem é a única pessoa formando a tripulação à bordo. Ele usa uma armadura metálica, com um elmo de metal decorado com plumas sobre sua cabeça. Veste uma calça justa vermelha e sapatos pretos. Tem uma espada presa na cintura e, na mão direita, segura um pergaminho enrolado. Na esquerda, segura a haste de um estandarte na cor verde contendo com crucifixo dourado com a imagem de Cristo crucificado estampada no centro. Sobre as águas ao redor, há diversas criaturas parcialmente submersas algumas com aspecto humano, outras de criaturas marinhas. À esquerda da embarcação, uma cabeça de uma enorme ave de cor verde sobre as águas. À frente dela, dois seres com a parte superior do corpo de homem e a parte inferior de bode. Eles estão sobre as águas, levando conchas em forma de cones espiralados às suas bocas. Um pouco mais à frente, em pé, sobre uma concha em formato de vieira puxada por três cavalos brancos com nadadeiras vermelhas sobre os pescoços, há um homem visto de lado, nu, com uma coroa dourada sobre a cabeça e um tridente em uma das mãos. Atrás dele, uma outra criatura, com o corpo submerso e a cabeça marrom para fora da água. Essa criatura tem olhos grandes, redondos e amarelos, e uma espécie de chifre na frente do rosto. À direita da embarcação, há três mulheres. Uma delas, sozinha, as outras duas, lado a lado, conversando. A mulher que está sozinha, é vista de costas, com o rosto voltado para a esquerda, tem as pernas submersas, e um de seus braços está estendido para o lado esquerdo, segurando uma corda ao lado da âncora presa ao casco do navio. Ela carrega consigo uma aljava, cheia de flechas, presa por uma correia dourada que atravessa suas costas. Na outra mão, tem um arco, parcialmente submerso. A mulher tem cabelos loiros e longos, presos em um coque, e está nua. Sobre sua cabeça há um adereço em formato de meia lua na cor dourada. À frente dela, as duas mulheres que estão juntas, lado a lado, estão submersas desde a altura das costelas. Elas são vistas de frente. Têm cabelos loiros, cacheados, médios e soltos. Se entreolham entre si, com as mãos abertas, braços flexionados acima da linha da água. Ao redor delas há três criaturas marinhas com formato de peixe e traços monstruosos, como grandes dentes, tubos saindo do alto da cabeça expelindo água e conjuntos de barbatanas vermelhas.
Cristóvão Colombo a caminho das ilhas de Cuba, Hispaniola e Jamaica, gravura de têodóre de bri, 1594.
  1. O que Colombo está segurando na mão esquerda? O que isso simbolizaria?
  2. Durante a expansão marítima, os navios costumavam ter uma tripulação numerosa, mas, no navio representado, Colombo aparece sozinho. Que explicação você daria para isso?
  3. Que criaturas foram representadas no mar? Elas faziam parte do imaginário europeu na época dessa expansão?

Glossário

Pioneiro
: aquele que é o primeiro, que está na liderança.
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Feitoria
: armazém fortificado no litoral onde se guardavam e negociavam mercadorias com os nativos.
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Istmo
: estreita faixa de terra situada entre dois mares, que une duas áreas maiores de terra.
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