UNIDADE 2 CONTATOS E CONFRONTOS
CAPÍTULO 4 POVOS AFRICANOS
Milhões de africanos foram forçados a trabalhar no Brasil entre os séculos dezesseis e dezenove. A maioria desses africanos era proveniente de povos que se desenvolveram ao sul do deserto do Saara. Esse processo tornou o Brasil o país que tem a maior população negra fóra da África.
A cultura brasileira é profundamente marcada por saberes e técnicas africanos. Por isso, estudar culturas da África contribui para compreender nossa própria cultura.
responda oralmente
para começar
Quando você pensa na África, que imagens vêm à sua mente? Por que esses pensamentos acontecem?
A diversidade da África
Atualmente, a África é formada por 54 países, onde vivem cêrca de 1,3 bilhão de pessoas, que falam mais de duas mil línguas diferentes. A África é o segundo continente mais populoso do mundo, atrás apenas da Ásia. Tanto hoje como no passado, esse continente sempre se caracterizou pela diversidade de paisagens, sociedades e culturas. Ao descrever o território africano, o historiador Alberto da Costa e Silva afirmou:
“A África é um continente enorme, com uma grande diversidade geográfica. Nela há de tudo: altas montanhas – algumas, como Kilimanjaro, com os picos permanentemente cobertos de neve; grandes desertos, como o Saara; florestas que parecem sem fim, como a do Congo; grandes extensões de matas baixas e estepes . reticências cêrca de metade do continente é formada, porém, por savanas, uma paisagem na qual o relvadoglossário é interrompido por árvores baixas afastadas umas das outras.”
SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008. página 11-12.
Superando preconceitos
A partir do século quinze, foram difundidos muitos preconceitos sobre a África que repercutem até os dias atuais. Desde o século vinte, pesquisas históricas vêm contribuindo para superar essas ideias, ampliando a compreensão da cultura africana.
Algumas ideias estereotipadasglossário afirmavam que o continente africano seria um lugar desolado, onde existiriam somente florestas tropicais e desertos áridos, habitados por animais selvagens e povos primitivos.
De acordo com essas ideias, os povos africanos seriam atrasados, não teriam história nem cultura. Nada mais incorreto que isso: como todos os grupos humanos, as sociedades africanas desenvolveram suas culturas. No Egito antigo, por exemplo, nasceu um dos primeiros sistemas de escrita conhecidos. Muito antes da chegada dos europeus àquele continente, os africanos ergueram grandes reinos, poderosos impérios e imensas cidades, com uma agitada vida urbana. Também já realizavam trocas culturais e econômicas entre si e com povos da Europa, do Oriente Médio e da Ásia.
Fontes da história da África
Para estudar a história africana, pesquisadores podem utilizar fontes escritas e não escritas. A seguir, conheça algumas delas:
- fontes escritas – textos de viajantes que passaram pelo continente, como Íbini Batuta (1304-1369), que escreveu Presente oferecido aos observadores (mais conhecido como Viagens de Íbini Batuta), e Leão Africano (1494-1554), cuja obra intitula-se Descrição da África e das coisas notáveis que ali existem;
- fontes não escritas – obras de arte, construções, vestimentas, tradições orais, costumes etcétera. Exemplos de fontes como essas podem ser observados nas imagens deste capítulo.
Entre as fontes não escritas, destacam-se as histórias contadas pelos griôs ou djélis, pessoas originárias da África Ocidental e responsáveis pela transmissão das tradições orais por várias gerações. Eles se especializaram em recitar as histórias de diversos povos africanos em longas narrativas faladas ou cantadas, que podem ser acompanhadas por instrumentos de corda ou percussão.
O conhecimento transmitido oralmente é fundamental para estudar a história dos povos da África, uma vez que muitas informações não foram registradas em papel, permanecendo apenas na memória das pessoas. Essas memórias permitem, por exemplo, conhecer os conflitos sociais, as tradições das famílias dominantes, a vida cotidiana das pequenas famílias e comunidades.
Até os dias atuais, os griôs ou djélis continuam guardando e transmitindo histórias de vários povos africanos. Suas narrativas são transmitidas por rádios e também gravadas por pesquisadores interessados na preservação da memória.
responda oralmente
para pensar
Você escuta histórias contadas por pessoas mais velhas? O que aprende com essas histórias?
dica livroS
curúma amadú. Homens da África. São Paulo: Edições SM, 2009.
O autor descreve os traços culturais da África por meio de quatro personagens: o griô ou djéli (contador de histórias), o caçador, o príncipe e o ferreiro.
PIRES LIMA, Heloisa; guinêca, jorge; LEMOS, Mário. A semente que veio da África. São Paulo: Salamandra, 2005.
O livro reúne relatos sobre a importância de uma árvore – chamada de embondeiro, baobá ou adansônia – para diferentes povos africanos, em especial os da Costa do Marfim e de Moçambique.
Civilizações ao sul do Saara
O Deserto do Saara ocupa uma longa faixa ao norte do continente africano. Como outros desertos, o Saara não é um lugar fácil de ser habitado. Ali há pouca água e os solos são arenosos. Isso dificulta a prática da agricultura e da pecuária. Porém, no deserto, existem regiões conhecidas como oásis, que têm água e solos férteis.
Os muçulmanos que viviam e circulavam em oásis nas regiões desérticas da Arábia e do norte da África mantinham relações comerciais e culturais com os povos da África Equatorial, situada ao sul do Saara. A partir do século onze, em função das conquistas militares e da conversão religiosa, a presença dos árabes muçulmanos se consolidou na região. Grande parte dos habitantes da África Equatorial foi islamizada, ou seja, convertida à religião islâmica.
Os árabes chamavam a África Equatorial de “terra dos negros”, região onde se desenvolveram várias civilizações. A seguir, vamos estudar as dinâmicas do funcionamento de algumas sociedades africanas.
Reinos africanos (séculos - três dezenove)
Integrar com Geografia
Responda no caderno
observando o mapa
Que reino africano representado no mapa é percorrido pelo maior número de rios?
Reino de Gana
O Reino de Gana foi um dos primeiros Estados formados ao sul do Saara. Localizado na região das nascentes dos rios Senegal e Níger, esse reino conquistou grande poder político e econômico entre os séculos quatro e doze. Havia diversas atividades econômicas, mas o ouro era a principal fonte da riqueza de Gana. Por isso, esse reino ficou conhecido como “terra do ouro”.
A maioria da população ganense dedicava-se à agricultura, ao comércio e ao artesanato (marcenaria, cestaria, tecelagem, metalurgia etcétera. Por meio da metalurgia, eram fabricados objetos como armas, utensílios agrícolas, máscaras e adornos.
No comércio, era comum os ganenses trocarem ouro por diversos produtos. Entre eles, destaca-se o sal, que era raro e muito apreciado. As trocas comerciais eram feitas com povos vizinhos e com comerciantes que cruzavam o Deserto do Saara.
A sociedade era organizada com base em uma rígida hierarquia. O chefe do governo era o rei, também chamado gana, que significa “senhor da guerra”. O poder dos reis apoiava-se em exércitos que chegaram a ter 200 mil soldados equipados com armas de ferro e bronze.
Os reis ganenses eram considerados autoridades políticas, militares e religiosas, intermediários entre os humanos e os deuses. Entre os membros da elite, podemos citar: os sacerdotes das religiões politeístas tradicionais, os nobres e os altos funcionários do governo.
A partir do século onze, a influência muçulmana se intensificou na região. Isso pode ser observado pela construção de mesquitas e pela conversão de muitos ganenses ao islamismo. No século doze, o Reino de Gana se desestruturou após ser conquistado por tropas do Reino do Mali.
Reino do Mali
O Reino do Mali desenvolveu-se às margens dos rios Níger e Senegal, onde vestígios indicam a existência de uma sociedade organizada desde o século três. As águas desses rios fertilizavam o solo e também eram usadas como via de transporte. O solo fértil favorecia a produção agrícola que alimentava a população do reino.
No século treze, esse reino se fortaleceu sob a liderança de Sundiata Keita (1217-1255), que se converteu ao islamismo. Nessa época, o Reino do Mali iniciou a conquista de territórios vizinhos. O Mali tornou-se um império influente na região e sua expansão prosseguiu até o século catorze, sobre áreas do Reino de Gana e dos atuais Senegal e Gâmbia.
Uma das mais importantes cidades do mundo muçulmano na época, Tombuctu, pertencia ao Império do Mali. Nessa cidade, foi construída a Universidade de Sankore, criada por volta do século doze e frequentada por milhares de estudantes.
Até hoje há várias bibliotecas em Tombuctu. Em algumas delas, é possível encontrar mais de 20 mil manuscritos antigos e livros ilustrados com ouro, que tratam de temas como medicina, gramática do árabe, poesia, religião e tratados jurídicos. Atualmente, o centro dessa cidade é considerado patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( unêsco).
Além de Tombuctu, destacavam-se outras cidades malinesas, como Dijenê. Na cidade de Dijenê, foi construída uma mesquita que é considerada a maior construção em adobeglossário do mundo.
Entre as principais atividades econômicas do Mali, estavam a produção de tecidos, cestas, barcos, objetos de ferro e ouro. Praticavam-se ainda o cultivo de cereais, a pesca fluvial e a criação de bois, camelos e cabras.
O Mali manteve-se como um império poderoso até o século . quinze A partir desse período, o reino sofreu invasões de grupos vindos do atual Marrocos e enfrentou rebeliões dos povos que havia conquistado.
O povo do Mali também era chamado de mandinga, nome pelo qual ficaram conhecidos homens e mulheres escravizados e enviados dessa região para o Brasil. Hoje, os territórios do antigo Império Malinês correspondem ao Mali e a Burkina Faso, entre outros países.
OUTRAS HISTÓRIAS
Viagens e memórias
Leia, a seguir, um texto da historiadora Marina de Mello e Souza sobre dois viajantes que relataram suas impressões sobre o Mali.
“Muito do que sabemos sobre o Império do Mali foi contado por Íbini Batuta, nascido em Tânger, mas que passou a maior parte da vida circulando entre o Oriente e a África. Esteve no Mali em torno de 1350, depois de ter viajado por todo o Norte da África, pela costa oriental, onde visitou as cidades suaílis, pela Arábia, Pérsia e Turquia. Na África saelinaglossário ele percebeu a convivência e mistura entre o islã e as religiões tradicionais, e admirou o alto nível de segurança e o sistema de aplicação da justiça no Mali. reticências Parece que já nessa época [a compra e venda de] escravos começavam a ser tão importantes quanto o ouro . reticências
Outro viajante que deixou relatos sobre a região do delta interior do Níger foi Leão Africano, nascido em Granada, capturado por piratas a caminho de Fez em 1518 e dado de presente como escravo ao papa Leão décimo. A este, que o estimulou a escrever suas memórias, relatou suas viagens, publicadas em Roma em 1525. Leão Africano descreveu a riqueza do mansa [imperador] do Mali, que quando ele esteve em Tombuctu possuía enorme quantidade de ouro, grande infantaria armada de arcos e trezentos cavaleiros. Ficou muito impressionado como as pessoas da cidade davam valor ao conhecimento, e disse que lá os livros manuscritos valiam tanto quanto o sal, que valia tanto quanto o ouro.”
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. página 34.
Responda no caderno
Atividade
Que características do Império do Mali foram apresentadas por Íbini Batuta e Leão Africano?
Reinos de Ifé e do Daomé
Nas regiões das atuais Nigéria, Benin e Togo, viviam povos como os iorubás e os jejês.
Os iorubás fundaram diversos reinos que se fortaleceram entre os séculos treze e catorze. Um deles foi o Reino de Ifé, que era governado por um soberano intitulado oni. O poder do oni era sobretudo político e religioso. Os demais reinos iorubás eram governados por chefes chamados obás. Segundo a historiadora Marina de Mello e Souza:
“Todos os obás dos reinos iorubás diziam que seus antepassados haviam saído de Ifé, sendo membros de uma mesma família real. O oni reticências tinha ascendênciaglossário espiritual sobre quase todos os reinos iorubás reticências e era ele quem distribuía os símbolos reais.”
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. página 37.
Os jejês formaram o Reino do Daomé. Esse reino desenvolveu-se entre os séculos dezessete e dezenove e possuía um exército poderoso, sendo parte dele formado por mulheres. Viajantes europeus que estiveram na região associaram essas mulheres guerreiras às lendárias amazonas da Antiguidade. Os daometanos as chamavam de arrôsi, palavra que significa “esposas do rei”, pois eram mulheres treinadas militarmente para serem guardiãs do rei do Daomé.
As mulheres guerreiras do Daomé eram nascidas no próprio reino ou capturadas em conflitos com os povos vizinhos. Como as guerras eram constantes nesse período, as fôrças militares masculinas e femininas aumentaram bastante nesse reino.
Tráfico de escravizados
Uma das principais fontes de riqueza do Daomé era o tráfico de pessoas escravizadas. A escravidão marcou a história de vários Estados africanos, principalmente depois da conquista europeia.
Entre os séculos dezesseis e dezenove, milhares de iorubás e jejês foram escravizados e trazidos para o Brasil, Cuba e outras partes da América, enriquecendo os reis do Daomé e os traficantes europeus.
Reino do Congo
Em meados do século treze, um dos povos bantos (bacongos) formou o Reino do Congo. Esse reino desenvolveu-se nos territórios dos atuais Estados do Congo, da República Democrática do Congo e de Angola.
As atividades econômicas mais importantes do reino eram a agricultura, a criação de animais, o comércio e o artesanato. No Reino do Congo, as trocas comerciais eram facilitadas pelo uso de conchas, que serviam como dinheiro para aquisição de produtos agrícolas, gado e objetos de uso cotidiano.
Na monarquia congolesa, o rei era chamado manicongo (“senhor do Congo”) e concentrava os poderes político e econômico. Ele atribuía poderes a funcionários de destaque, como o chefe de palácio, chefes das províncias, coletores de impostos, juiz supremo e sacerdote principal.
A capital do reino era imbânza Congo, uma cidade grande, cercada por muralhas e que existia antes da chegada dos portugueses. Historiadores consideram que imbânza Congo (situada na atual Angola) era uma cidade tão grande quanto as maiores cidades da Europa no mesmo período. Atualmente seus vestígios são considerados patrimônio cultural da humanidade pela unêsco.
Na capital, o rei e sua côrte viviam em belas construções que se destacavam das demais por sua arquitetura imponente e pela decoração sofisticada. Além da elite, vivia na cidade uma numerosa população que se dedicava às mais variadas atividades e que pagava impostos ao manicongo por meio de alimentos, tecidos de ráfia, sal e cobre.
imbânza Congo era o ponto de encontro de rotas comerciais que ligavam diversas aldeias do reino. A população dessas aldeias estava submetida ao governo central, a quem devia fidelidade e, em troca, recebia proteções terrena e espiritual.
Congoleses e portugueses
Em 1483, os portugueses chegaram ao Reino do Congo. Depois dos primeiros contatos, portugueses e congoleses estabeleceram relações amistosas e parcerias comerciais.
Consolidando a aliança com os portugueses, o rei congolês Nzinga-a-Nkuwu (1440-1506) abandonou sua religião tradicional e converteu-se ao cristianismo em 1491. Rebatizou a cidade de imbânza Congo com o nome de São Salvador do Congo e adotou para si o nome de dom João primeiro. Em 1506, o trono do Congo foi ocupado por seu filho , imbêmba a inzinga rebatizado de Afonso primeiro.
Afonso primeiro (1456-1543) continuou o projeto de criar um reino cristão no Congo. Enviou seu filho Henrique para estudar em Portugal. Em 1518, o papa Leão décimo nomeou dom Henrique bispo de Útica, cidade na região da atual Tunísia. No entanto, a conversão ao cristianismo ficou limitada à família real e aos nobres. A maioria da população congolesa manteve a religião que praticava anteriormente, politeísta e com a presença de elementos da natureza.
O Reino do Congo sobreviveu até as primeiras décadas do século dezessete, quando foi destruído pelas disputas entre portugueses e holandeses pelo tráfico de pessoas escravizadas.
OUTRAS HISTÓRIAS
Bantos
A palavra “banto”, que significa “pessoas” ou “povo”, é também o nome dado a um conjunto de cêrca de 400 idiomas do mesmo tronco linguístico, composto de línguas como o quimbundo, o quicongo e o umbundu. Atualmente, elas são faladas por mais de 300 milhões de pessoas em países como Gabão, Congo, Angola, entre outros.
As pessoas que vivem nesses países podem compreender palavras usadas por habitantes de países vizinhos. Algo semelhante ocorre com os brasileiros, que conseguem entender diversas palavras faladas por argentinos, paraguaios e bolivianos.
A maioria dos africanos escravizados que vieram para o Brasil eram bantos. Várias palavras da língua portuguesa são de origem banta, como: axé, batucada, banguela, caçula, carimbo, encafifar, fubá, gangorra, lenga-lenga, moleque, quilombo e quitute.
Origem dos principais grupos de africanos escravizados no Brasil (séculos dezesseis a dezenove)
Responda no caderno
Atividades
- Você já ouviu pessoas falando espanhol? Conseguiu compreender o que elas diziam? Dê exemplos de palavras semelhantes e diferentes entre o idioma português e o espanhol.
- O português que falamos hoje é idêntico ao que é falado em Portugal? Por quê?
- Por que o estudo das línguas pode ser útil para quem estuda a história dos povos?
Culturas africanas no Brasil
Entre os séculos dezesseis e dezenove, milhões de africanos foram forçados a vir para o Brasil. Eles enfrentaram dificuldades e vários tipos de violência.
Apesar de tudo, não abandonaram seu modo de viver, mas o transformaram. Por isso, a presença cultural dos africanos permanece viva no cotidiano dos brasileiros.
Essa presença é vigorosa em áreas como literatura, música, artes, dança, ciência, alimentação, religião, vestuário e conhecimentos técnicos. Espalhadas por todas as regiões do país, as culturas africanas fazem parte do modo de ser, de pensar e de viver dos brasileiros.
responda oralmente
para pensar
O que você sabe sobre a influência dos africanos no Brasil? Converse sobre esse assunto com os colegas e o professor.
dica filme
Série Nova África (Brasil). Direção: Henry Daniel ágil e Luiz Carlos Azenha. 2009.
Série exibida pela televisão entre 2009 e 2010. Os 32 episódios mostram o cotidiano da população de diferentes países da África na atualidade. Você pode assistir aos episódios no link: https://oeds.link/5xxvXK. Acesso em: 3 fevereiro 2022.
dica internet
Museu Afro Brasil
Disponível em: https://oeds.link/e8XAUL. Acesso em: 3 fevereiro 2022.
Conheça o sáite do Museu Afro Brasil, situado na cidade de São Paulo e dedicado à cultura africana e afro-brasileira.
PAINEL
Tecidos africanos
A tecelagem no continente africano começou a ser desenvolvida há mais de mil anos. As sociedades africanas produziram belos tecidos usando diversos tipos de instrumentos e matérias-primas. A seguir, conheça um pouco das técnicas artesanais de produção dos tecidos no continente africano e observe alguns exemplares.
Adire
Os iorubás decoram seus tecidos com uma técnica chamada adire. No adire, uma substância impermeabilizante (geralmente amido) é usada para desenhar sobre o tecido. Assim, durante o banho de tintura, as partes desenhadas ficam protegidas e permanecem na cor original.
Adinkra
Em Gana, o povo axânti decora tecidos com uma técnica de impressão que utiliza carimbos chamada adíncra. Cada figura na padronagem do tecido tem um significado na cultura axânti. A região próxima à cidade de Ntonso, em Gana, é considerada um dos principais centros de produção de tecidos com essa técnica.
Além de estampados em tecidos e adereços, os símbolos utilizados na técnica adíncra são esculpidos em madeira ou moldados em peças de ferro.
quentê
Os axântis também fabricam tecidos chamados quentê, feitos de fios de algodão e seda que formam figuras geométricas com intensos contrastes de cor.
Os tecidos quentê eram originalmente reservados à realeza axânti, sendo usados apenas em ocasiões especiais. Atualmente, esses tecidos se popularizaram e são utilizados em desfiles de moda pelo mundo. São um dos símbolos da identidade de Gana.
bogolanfíni
No Mali, os bambaras desenham sobre tecidos usando pigmentos amarelos e banhos de argila. Essa técnica, conhecida como bogolanfíni, é um símbolo da cultura do Mali.
Com a modernização dessa técnica, atualmente, os tecidos bogolanfíni são produzidos em quantidades maiores e exportados para diversas regiões do mundo, sendo usados na moda, na arte e na decoração.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
1. Em seu caderno, relacione as frases com uma das sociedades africanas.
- Fundado pelos iorubás, era governado por um rei chamado oni, que detinha poder político e religioso.
- Formado por um povo banto no século , sua capital era treze imbânza Congo, que passou a se chamar São Salvador do Congo após a conversão do rei ao cristianismo.
- Formado pelos jejês entre os séculos dezessete e , possuía um poderoso exército, composto de guerreiros homens e mulheres. dezenove
- Tombuctu era um de seus centros comerciais e culturais, onde havia uma importante universidade e várias bibliotecas.
- Tornou-se poderoso entre os séculos seis e , chegando a ter um exército de 200 mil soldados. Ficou conhecido como “terra do ouro”. doze
- Reino de Gana.
- Reino do Mali.
- Reino de Ifé.
- Reino do Daomé.
- Reino do Congo.
Interpretar texto e imagem
integrar com Língua Portuguesa
2. Em grupo, leia a frase do escritor malinês (1875-1940): “A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si”. Tiérno Bocár Salíf Tal
- Ao fazer distinção entre escrita e saber, o autor utilizou uma metáfora. Pesquisem o que é “metáfora” e expliquem como ela foi utilizada na frase.
- Vários historiadores antigos afirmavam que a invenção da escrita marcava o início da História. Antes da escrita, havia a Pré-história. Tendo em vista o contexto africano, escrevam sobre a importância de destacar que escrita e saber são coisas distintas.
- A frase aplica-se aos povos africanos anteriores à conquista europeia? Justifiquem.
Integrar com Arte
3. Em 1938, foram descobertas treze cabeças de latão no palácio real em Ifé, atual Nigéria. Essa descoberta provocou uma revisão na História da Arte, explicada pelo professor de arte nigeriano Babatunde Lawal:
“Dar-se conta de que seus antepassados não eram tão atrasados como se costuma retratar foi uma dupla fonte de alegria para [muitos nigerianos]. A descoberta despertou neles um novo tipo de nacionalismo, e eles começaram a andar com confiança, orgulhosos de seu passado.”
. Lauál, Babatúnde citado por: meecgrigor nil. A história do mundo em 100 objetos. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013. página 457.
- Segundo o texto, qual foi a importância da descoberta das esculturas de Ifé?
- Escolha um objeto pessoal que tenha valor para você. Escreva uma história explicando o significado desse objeto em sua vida. Depois, compartilhe sua história com os colegas e ouça as experiências deles.
4. Leia o texto do historiador Alberto da Costa e Silva e responda às questões.
“Nos filmes, nas histórias em quadrinhos, nos seriados de TV, nos romances, a África é sempre um continente misterioso e mágico, onde são possíveis todas as aventuras. A imagem que nos transmitem diariamente os jornais e os noticiários de rádio e televisão é outra: a de uma parte do mundo assolada por secas, fomes, epidemias, guerras e tiranos.
Uma visão não desmente a outra, e ambas são incompletas. Se uma região da África foi atacada por nuvens de gafanhotos reticências, e nela há fome, nas outras a colheita se fez normalmente, os celeiros estão repletos e há abundância de comida. Se em determinado lugar há uma feroz luta armada, noutros as crianças vão regularmente à escola, de roupa limpa e sapatos lustrados. E a vida familiar transcorre normalmente, sem faltar alegria.”
SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008. página 11.
- De acordo com o texto, quais visões sobre a África são veiculadas nos meios de comunicação?
- Em sua interpretação, por que essas visões são incompletas? Elabore hipóteses.
Integrar com Arte
5. No Reino do Benin, por volta dos séculos , foram criadas placas de latão que revelam um grande talento artístico e um conhecimento técnico sofisticado de fundição de metais. Embora africanos e europeus trocassem diversos produtos entre si, essas placas não podiam ser vendidas. Elas eram utilizadas na decoração do palácio do rei do Benin. dezesseis a dezessete
Em geral, essas placas exaltam o governante e sua côrte (imagem 1), mas também existem algumas representações de povos estrangeiros, como os portugueses (imagem 2). Observe as imagens e responda às questões.
- Em sua interpretação, que personagem representa o rei na imagem 1? Argumente.
- Que elementos da imagem 2 identificam o soldado português?
Glossário
- Relvado
- : terreno coberto de relva, que é um tipo de vegetação rala e rasteira.
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- Estereotipado
- : algo ou alguém que carrega um estereótipo, uma ideia preconcebida, fruto de prejulgamento ou generalizações.
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- Axânti
- : povo que construiu um reino poderoso entre os séculos dezoito e dezenove na região onde atualmente se situa Gana. Hoje, os axântis se destacam no comércio e no artesanato de ouro e marfim.
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- Adobe
- : tijolos feitos de argila e palha secos ao sol.
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- África saelina
- : o mesmo que Sahel, área situada na transição entre o Saara e as áreas mais úmidas ao sul do continente.
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- Ascendência
- : significa, no texto, poder que alguém tem sobre outra pessoa.
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