UNIDADE 2 CONTATOS E CONFRONTOS

CAPÍTULO 4 POVOS AFRICANOS

Milhões de africanos foram forçados a trabalhar no Brasil entre os séculos dezesseis e dezenove. A maioria desses africanos era proveniente de povos que se desenvolveram ao sul do deserto do Saara. Esse processo tornou o Brasil o país que tem a maior população negra fóra da África.

A cultura brasileira é profundamente marcada por saberes e técnicas africanos. Por isso, estudar culturas da África contribui para compreender nossa própria cultura.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para começar

Quando você pensa na África, que imagens vêm à sua mente? Por que esses pensamentos acontecem?

Fotografia. Um grupo de pessoas, entre homens e mulheres, vestindo camisetas coloridas, com figuras geométricas laranjas, amarelas e contornos pretos, segurando diferentes instrumentos musicais, como surdos, tambores, caixas de percussão, e baquetas.
Ensaio do bloco Ilê aiê em rua de Salvador, Bahia. Fotografia de 2019. Fundado em 1974, o Ilê aiê foi o primeiro bloco afro do país e tem como objetivo valorizar e expandir a cultura afro-brasileira.
Fotografia. Um conjunto de mulheres, com cabelos escuros, longos e trançados. A maioria trajando vestidos brancos, com faixas de tecidos diferentes, marrons, vermelhos, beges e amarelos. Elas usam adornos sobre suas cabeças, pedrarias e pinturas em seus rostos. Algumas seguram instrumentos musicais com as mãos.
Apresentação do bloco IIú Obá De Min no carnaval de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2018. O bloco afro-paulistano, cujo nome em iorubá significa mãos femininas que tocam tambor para Xangô – um dos orixás cultuados nas religiões de origem africana –, foi criado em 2004.
Fotografia. Em primeiro plano, um conjunto de mulheres lado a lado, trajando vestidos brancos, turbantes de mesma cor ao redor de suas cabeças e colares de cores diferentes. Ao centro, destaque para algumas pessoas carregando cestas com rosas brancas.
Devotos de religiões afro-brasileiras fazem oferenda de flores no Dia de Iemanjá, em praia de Vitória, Espírito Santo. Fotografia de 2020.

A diversidade da África

Atualmente, a África é formada por 54 países, onde vivem cêrca de 1,3 bilhão de pessoas, que falam mais de duas mil línguas diferentes. A África é o segundo continente mais populoso do mundo, atrás apenas da Ásia. Tanto hoje como no passado, esse continente sempre se caracterizou pela diversidade de paisagens, sociedades e culturas. Ao descrever o território africano, o historiador Alberto da Costa e Silva afirmou:

“A África é um continente enorme, com uma grande diversidade geográfica. Nela há de tudo: altas montanhas – algumas, como Kilimanjaro, com os picos permanentemente cobertos de neve; grandes desertos, como o Saara; florestas que parecem sem fim, como a do Congo; grandes extensões de matas baixas e estepes reticências. cêrca de metade do continente é formada, porém, por savanas, uma paisagem na qual o relvadoglossário é interrompido por árvores baixas afastadas umas das outras.”

SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008. página 11-12.

Fotografia. Vista de uma paisagem natural, destacando elefantes sobre uma área de densa vegetação, e pássaros de penas brancas sobrevoando. Ao fundo, um monte elevado com o ápice em tons esbranquiçados.
Fauna na Savana do Santuário Kimana, no Quênia. Ao fundo, o Monte Kilimanjaro. Fotografia de 2021.

Superando preconceitos

A partir do século quinze, foram difundidos muitos preconceitos sobre a África que repercutem até os dias atuais. Desde o século vinte, pesquisas históricas vêm contribuindo para superar essas ideias, ampliando a compreensão da cultura africana.

Algumas ideias estereotipadasglossário afirmavam que o continente africano seria um lugar desolado, onde existiriam somente florestas tropicais e desertos áridos, habitados por animais selvagens e povos primitivos.

De acordo com essas ideias, os povos africanos seriam atrasados, não teriam história nem cultura. Nada mais incorreto que isso: como todos os grupos humanos, as sociedades africanas desenvolveram suas culturas. No Egito antigo, por exemplo, nasceu um dos primeiros sistemas de escrita conhecidos. Muito antes da chegada dos europeus àquele continente, os africanos ergueram grandes reinos, poderosos impérios e imensas cidades, com uma agitada vida urbana. Também já realizavam trocas culturais e econômicas entre si e com povos da Europa, do Oriente Médio e da Ásia.

Fontes da história da África

Para estudar a história africana, pesquisadores podem utilizar fontes escritas e não escritas. A seguir, conheça algumas delas:

  • fontes escritas – textos de viajantes que passaram pelo continente, como Íbini Batuta (1304-1369), que escreveu Presente oferecido aos observadores (mais conhecido como Viagens de Íbini Batuta), e Leão Africano (1494-1554), cuja obra intitula-se Descrição da África e das coisas notáveis que ali existem;
  • fontes não escritas – obras de arte, construções, vestimentas, tradições orais, costumes etcétera. Exemplos de fontes como essas podem ser observados nas imagens deste capítulo.

Entre as fontes não escritas, destacam-se as histórias contadas pelos griôs ou djélis, pessoas originárias da África Ocidental e responsáveis pela transmissão das tradições orais por várias gerações. Eles se especializaram em recitar as histórias de diversos povos africanos em longas narrativas faladas ou cantadas, que podem ser acompanhadas por instrumentos de corda ou percussão.

O conhecimento transmitido oralmente é fundamental para estudar a história dos povos da África, uma vez que muitas informações não foram registradas em papel, permanecendo apenas na memória das pessoas. Essas memórias permitem, por exemplo, conhecer os conflitos sociais, as tradições das famílias dominantes, a vida cotidiana das pequenas famílias e comunidades.

Até os dias atuais, os griôs ou djélis continuam guardando e transmitindo histórias de vários povos africanos. Suas narrativas são transmitidas por rádios e também gravadas por pesquisadores interessados na preservação da memória.

Fotografia. Em meio a um círculo de pessoas lado a lado, a maioria crianças, destaque para uma mulher, em pé, de cabelos longos e cacheados, trajando uma saia branca e uma blusa colorida. Ela está com um dos braços estendidos à frente. Atrás dela, uma mesa coberta por uma toalha laranja com estampas coloridas. Sobre a mesa, há alguns objetos.
Artista Juliana Correia contando histórias a um grupo de pessoas, no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2022.
Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Você escuta histórias contadas por pessoas mais velhas? O que aprende com essas histórias?

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica. Livro

dica livroS

curúma amadú. Homens da África. São Paulo: Edições SM, 2009.

O autor descreve os traços culturais da África por meio de quatro personagens: o griô ou djéli (contador de histórias), o caçador, o príncipe e o ferreiro.

PIRES LIMA, Heloisa; guinêca, jorge; LEMOS, Mário. A semente que veio da África. São Paulo: Salamandra, 2005.

O livro reúne relatos sobre a importância de uma árvore – chamada de embondeiro, baobá ou adansônia – para diferentes povos africanos, em especial os da Costa do Marfim e de Moçambique.

Civilizações ao sul do Saara

O Deserto do Saara ocupa uma longa faixa ao norte do continente africano. Como outros desertos, o Saara não é um lugar fácil de ser habitado. Ali há pouca água e os solos são arenosos. Isso dificulta a prática da agricultura e da pecuária. Porém, no deserto, existem regiões conhecidas como oásis, que têm água e solos férteis.

Os muçulmanos que viviam e circulavam em oásis nas regiões desérticas da Arábia e do norte da África mantinham relações comerciais e culturais com os povos da África Equatorial, situada ao sul do Saara. A partir do século onze, em função das conquistas militares e da conversão religiosa, a presença dos árabes muçulmanos se consolidou na região. Grande parte dos habitantes da África Equatorial foi islamizada, ou seja, convertida à religião islâmica.

Os árabes chamavam a África Equatorial de “terra dos negros”, região onde se desenvolveram várias civilizações. A seguir, vamos estudar as dinâmicas do funcionamento de algumas sociedades africanas.

Reinos africanos (séculos três-dezenove)

Mapa. Reinos africanos (séculos três a dezenove). Continente africano. Em verde, 'Reino de Gana (séculos três a treze)', compreendendo uma área na porção noroeste do continente. Em laranja, 'Reino do Mali (séculos treze a quinze)', se estendendo por áreas ao redor dos rios Senegal, Gâmbia e Níger, na porção noroeste do continente. Em rosa, 'Reinos iorubás (séculos treze a catorze)', compreendendo pequena área na porção oeste do continente, ao redor do Rio Benue, envolvendo as cidades de Oyó e Ifé. Em roxo, 'Reino do Daomé (séculos dezessete a dezenove)', a oeste dos Reinos iorubás. Em amarelo, 'Reino do Congo (séculos catorze a dezessete)', em área na porção sudoeste do continente, próximo ao Rio Congo. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 710 quilômetros.
Fontes: kízêrbô, joséf. História da África negra. Lisboa: Publicações Europa-América, sem data. página. 137; NASCIMENTO, Elisa Larkin (organizador). A matriz africana no mundo. São Paulo: Selo Negro, 2008. página 111; SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. página 15 e 39.

Integrar com Geografia

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Que reino africano representado no mapa é percorrido pelo maior número de rios?

Reino de Gana

O Reino de Gana foi um dos primeiros Estados formados ao sul do Saara. Localizado na região das nascentes dos rios Senegal e Níger, esse reino conquistou grande poder político e econômico entre os séculos quatro e doze. Havia diversas atividades econômicas, mas o ouro era a principal fonte da riqueza de Gana. Por isso, esse reino ficou conhecido como “terra do ouro”.

A maioria da população ganense dedicava-se à agricultura, ao comércio e ao artesanato (marcenaria, cestaria, tecelagem, metalurgia etcétera. Por meio da metalurgia, eram fabricados objetos como armas, utensílios agrícolas, máscaras e adornos.

No comércio, era comum os ganenses trocarem ouro por diversos produtos. Entre eles, destaca-se o sal, que era raro e muito apreciado. As trocas comerciais eram feitas com povos vizinhos e com comerciantes que cruzavam o Deserto do Saara.

A sociedade era organizada com base em uma rígida hierarquia. O chefe do governo era o rei, também chamado gana, que significa “senhor da guerra”. O poder dos reis apoiava-se em exércitos que chegaram a ter 200 mil soldados equipados com armas de ferro e bronze.

Os reis ganenses eram considerados autoridades políticas, militares e religiosas, intermediários entre os humanos e os deuses. Entre os membros da elite, podemos citar: os sacerdotes das religiões politeístas tradicionais, os nobres e os altos funcionários do governo.

A partir do século onze, a influência muçulmana se intensificou na região. Isso pode ser observado pela construção de mesquitas e pela conversão de muitos ganenses ao islamismo. No século doze, o Reino de Gana se desestruturou após ser conquistado por tropas do Reino do Mali.

Fotografia. Destaque para a mão de uma pessoa com anéis e braceletes dourados. Os anéis, possuem formatos de conchas e de tartaruga. Os braceletes contornam o pulso.
Anéis e braceletes tradicionais de ouro, feitos por artesãos do povo axântiglossário . Fotografia de 2012.
Fotografia. Vista da fachada de uma casa com paredes brancas, vigas verticais com bases laranja sustentando tetos triangulares cobertos por palha. As paredes possuem janelas e portas de madeira.
Construções tradicionais axântis em êjisú, Gana, que utilizam terra, madeira e palha como materiais e, por isso, têm de ser constantemente reconstruídas. Fotografia de 2018. Construções feitas com essa técnica foram reconhecidas como patrimônio cultural da humanidade pela Unesco em 1980.

Reino do Mali

O Reino do Mali desenvolveu-se às margens dos rios Níger e Senegal, onde vestígios indicam a existência de uma sociedade organizada desde o século três. As águas desses rios fertilizavam o solo e também eram usadas como via de transporte. O solo fértil favorecia a produção agrícola que alimentava a população do reino.

No século treze, esse reino se fortaleceu sob a liderança de Sundiata Keita (1217-1255), que se converteu ao islamismo. Nessa época, o Reino do Mali iniciou a conquista de territórios vizinhos. O Mali tornou-se um império influente na região e sua expansão prosseguiu até o século catorze, sobre áreas do Reino de Gana e dos atuais Senegal e Gâmbia.

Uma das mais importantes cidades do mundo muçulmano na época, Tombuctu, pertencia ao Império do Mali. Nessa cidade, foi construída a Universidade de Sankore, criada por volta do século doze e frequentada por milhares de estudantes.

Até hoje há várias bibliotecas em Tombuctu. Em algumas delas, é possível encontrar mais de 20 mil manuscritos antigos e livros ilustrados com ouro, que tratam de temas como medicina, gramática do árabe, poesia, religião e tratados jurídicos. Atualmente, o centro dessa cidade é considerado patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco).

Fotografia. Destaque para um pedaço de papel retangular, contendo diversas escritas, e imagem semelhante a de uma árvore com cinco ramos, cada um deles contendo diferentes textos nas extremidades.
Manuscrito do século quinze encontrado em uma biblioteca islâmica em Tombuctu, Mali.
Fotografia. Um grupo de pessoas ao redor de quatro mesas expositoras, com bordas de madeira, tampas de vidro e fundos vermelhos, dispostas ao centro, pelas quais se observam diferentes papéis retangulares contendo escritos.
Visitantes observam manuscritos que remontam à história e à cultura malinesas do século onze na biblioteca al imãn essaúti, em Tombuctu, Mali. Fotografia de 2015.

Além de Tombuctu, destacavam-se outras cidades malinesas, como Dijenê. Na cidade de Dijenê, foi construída uma mesquita que é considerada a maior construção em adobeglossário do mundo.

Entre as principais atividades econômicas do Mali, estavam a produção de tecidos, cestas, barcos, objetos de ferro e ouro. Praticavam-se ainda o cultivo de cereais, a pesca fluvial e a criação de bois, camelos e cabras.

O Mali manteve-se como um império poderoso até o século quinze. A partir desse período, o reino sofreu invasões de grupos vindos do atual Marrocos e enfrentou rebeliões dos povos que havia conquistado.

O povo do Mali também era chamado de mandinga, nome pelo qual ficaram conhecidos homens e mulheres escravizados e enviados dessa região para o Brasil. Hoje, os territórios do antigo Império Malinês correspondem ao Mali e a Burkina Faso, entre outros países.

Fotografia. Vista de uma mesquita com torres frontais e tetos triangulares, e muros formados por altas vigas verticais. Ao redor, pessoas transitam por estradas de terra, a pé ou sobre carroças puxadas por burros.
Mesquita de Dijenê, Mali. Fotografia de 2019. A construção data do final do século treze, embora pareça recém-inaugurada. Essa impressão se deve ao fato de que, todos os anos, no período da seca, os moradores da cidade se reúnem e fazem a manutenção do edifício de adobe, reforçando os laços sociais nessa comunidade muçulmana.

OUTRAS HISTÓRIAS

Viagens e memórias

Leia, a seguir, um texto da historiadora Marina de Mello e Souza sobre dois viajantes que relataram suas impressões sobre o Mali.

“Muito do que sabemos sobre o Império do Mali foi contado por Íbini Batuta, nascido em Tânger, mas que passou a maior parte da vida circulando entre o Oriente e a África. Esteve no Mali em torno de 1350, depois de ter viajado por todo o Norte da África, pela costa oriental, onde visitou as cidades suaílis, pela Arábia, Pérsia e Turquia. Na África saelinaglossário ele percebeu a convivência e mistura entre o islã e as religiões tradicionais, e admirou o alto nível de segurança e o sistema de aplicação da justiça no Mali. reticências Parece que já nessa época [a compra e venda de] escravos começavam a ser tão importantes quanto o ouro reticências.

Outro viajante que deixou relatos sobre a região do delta interior do Níger foi Leão Africano, nascido em Granada, capturado por piratas a caminho de Fez em 1518 e dado de presente como escravo ao papa Leão décimo. A este, que o estimulou a escrever suas memórias, relatou suas viagens, publicadas em Roma em 1525. Leão Africano descreveu a riqueza do mansa [imperador] do Mali, que quando ele esteve em Tombuctu possuía enorme quantidade de ouro, grande infantaria armada de arcos e trezentos cavaleiros. Ficou muito impressionado como as pessoas da cidade davam valor ao conhecimento, e disse que lá os livros manuscritos valiam tanto quanto o sal, que valia tanto quanto o ouro.”

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. página 34.

Gravura. Em primeiro plano, dois homens, ambos acima de uma estrutura rochosa elevada. Um, à esquerda, com o peito desnudo, descalço, trajando um tecido branco envolto na cintura e outro sobre a cabeça. Ele está de costas, com o rosto em perfil, um dos braços estendidos e mão apontando para a frente. Ao seu lado, outro homem, trajando uma túnica amarela e um turbante preto sobre a cabeça. Seu rosto, de perfil, está voltado para o segundo plano da imagem, onde há uma construção de colunas verticais unidas no topo, dispostas sobre um chão arenoso, e algumas pessoas circulando. Ao fundo, céu azul e pássaros sobrevoando.
Íbini Batuta no Egito, gravura de Pôl dumuzá para ilustrar a obra As grandes viagens e os grandes viajantes, de Júlio Verne, publicada em 1878. Êbnú Batuta, viajante e erudito marroquino, nasceu em Tânger em 1304 e morreu no Marrocos entre 1368 e 1369.

Responda no caderno

Atividade

Que características do Império do Mali foram apresentadas por Íbini Batuta e Leão Africano?

Reinos de Ifé e do Daomé

Nas regiões das atuais Nigéria, Benin e Togo, viviam povos como os iorubás e os jejês.

Os iorubás fundaram diversos reinos que se fortaleceram entre os séculos treze e catorze. Um deles foi o Reino de Ifé, que era governado por um soberano intitulado oni. O poder do oni era sobretudo político e religioso. Os demais reinos iorubás eram governados por chefes chamados obás. Segundo a historiadora Marina de Mello e Souza:

“Todos os obás dos reinos iorubás diziam que seus antepassados haviam saído de Ifé, sendo membros de uma mesma família real. O oni reticências tinha ascendênciaglossário espiritual sobre quase todos os reinos iorubás reticências e era ele quem distribuía os símbolos reais.”

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. página 37.

Os jejês formaram o Reino do Daomé. Esse reino desenvolveu-se entre os séculos dezessete e dezenove e possuía um exército poderoso, sendo parte dele formado por mulheres. Viajantes europeus que estiveram na região associaram essas mulheres guerreiras às lendárias amazonas da Antiguidade. Os daometanos as chamavam de arrôsi, palavra que significa “esposas do rei”, pois eram mulheres treinadas militarmente para serem guardiãs do rei do Daomé.

As mulheres guerreiras do Daomé eram nascidas no próprio reino ou capturadas em conflitos com os povos vizinhos. Como as guerras eram constantes nesse período, as fôrças militares masculinas e femininas aumentaram bastante nesse reino.

Fotografia em preto e branco. Uma mulher vista de frente, com cabelos escuros e trançados, vestindo uma camisa clara e colares sobre o peito e ao redor do pescoço, segurando uma lança com uma das mãos.
Guerreira arrôsi, do Daomé, cêrca de 1890. Essas mulheres treinavam combates corpo a corpo, com lanças, facões e armas de fogo. No final do século dezenove, causaram inúmeras baixas ao exército francês durante a guerra franco-daometana.

Tráfico de escravizados

Uma das principais fontes de riqueza do Daomé era o tráfico de pessoas escravizadas. A escravidão marcou a história de vários Estados africanos, principalmente depois da conquista europeia.

Entre os séculos dezesseis e dezenove, milhares de iorubás e jejês foram escravizados e trazidos para o Brasil, Cuba e outras partes da América, enriquecendo os reis do Daomé e os traficantes europeus.

Reino do Congo

Em meados do século treze, um dos povos bantos (bacongos) formou o Reino do Congo. Esse reino desenvolveu-se nos territórios dos atuais Estados do Congo, da República Democrática do Congo e de Angola.

As atividades econômicas mais importantes do reino eram a agricultura, a criação de animais, o comércio e o artesanato. No Reino do Congo, as trocas comerciais eram facilitadas pelo uso de conchas, que serviam como dinheiro para aquisição de produtos agrícolas, gado e objetos de uso cotidiano.

Na monarquia congolesa, o rei era chamado manicongo (“senhor do Congo”) e concentrava os poderes político e econômico. Ele atribuía poderes a funcionários de destaque, como o chefe de palácio, chefes das províncias, coletores de impostos, juiz supremo e sacerdote principal.

A capital do reino era imbânza Congo, uma cidade grande, cercada por muralhas e que existia antes da chegada dos portugueses. Historiadores consideram que imbânza Congo (situada na atual Angola) era uma cidade tão grande quanto as maiores cidades da Europa no mesmo período. Atualmente seus vestígios são considerados patrimônio cultural da humanidade pela unêsco.

Na capital, o rei e sua côrte viviam em belas construções que se destacavam das demais por sua arquitetura imponente e pela decoração sofisticada. Além da elite, vivia na cidade uma numerosa população que se dedicava às mais variadas atividades e que pagava impostos ao manicongo por meio de alimentos, tecidos de ráfia, sal e cobre.

imbânza Congo era o ponto de encontro de rotas comerciais que ligavam diversas aldeias do reino. A população dessas aldeias estava submetida ao governo central, a quem devia fidelidade e, em troca, recebia proteções terrena e espiritual.

Gravura. Um homem com o peito desnudo, vestindo uma longa faixa de tecido azul ao redor da cintura, pendendo até o chão, e um longo chapéu pontudo e colorido na cabeça, de onde parte, pelo ápice, um longo cabelo escuro. Ele possui braceletes dourados nos braços e adornos nas pernas, além de segurar uma lança com uma das mãos.
Representação de João primeiro (Nzinga-a-Nkuwu), manicongo do Reino do Congo entre 1470 e 1506. Gravura de Pierre Duflos, século dezenove.

Congoleses e portugueses

Em 1483, os portugueses chegaram ao Reino do Congo. Depois dos primeiros contatos, portugueses e congoleses estabeleceram relações amistosas e parcerias comerciais.

Consolidando a aliança com os portugueses, o rei congolês Nzinga-a-Nkuwu (1440-1506) abandonou sua religião tradicional e converteu-se ao cristianismo em 1491. Rebatizou a cidade de imbânza Congo com o nome de São Salvador do Congo e adotou para si o nome de dom João primeiro. Em 1506, o trono do Congo foi ocupado por seu filho imbêmba a inzinga, rebatizado de Afonso primeiro.

Afonso primeiro (1456-1543) continuou o projeto de criar um reino cristão no Congo. Enviou seu filho Henrique para estudar em Portugal. Em 1518, o papa Leão décimo nomeou dom Henrique bispo de Útica, cidade na região da atual Tunísia. No entanto, a conversão ao cristianismo ficou limitada à família real e aos nobres. A maioria da população congolesa manteve a religião que praticava anteriormente, politeísta e com a presença de elementos da natureza.

Crucifixo metálico. Na parte central do objeto, destaque para um homem representado com os braços esticados para os lados, na horizontal, e as pernas unidas ao centro, na vertical.
Crucifixo do Reino do Congo, cêrca de séculos dezesseis-dezessete. Crucifixos e outros símbolos cristãos foram trazidos para o Congo pelos missionários europeus depois da conversão de parte da elite local ao cristianismo no final do século quinze.

O Reino do Congo sobreviveu até as primeiras décadas do século dezessete, quando foi destruído pelas disputas entre portugueses e holandeses pelo tráfico de pessoas escravizadas.

Fotografia. Vista da fachada de uma construção em ruínas, com paredes de pedra, formato triangular e uma abertura central em forma de arco, indicando um pequeno altar.
Ruínas da Catedral de São Salvador do Congo, em imbânza Congo, Angola. Fotografia de 2019.

OUTRAS HISTÓRIAS

Bantos

A palavra “banto”, que significa “pessoas” ou “povo”, é também o nome dado a um conjunto de cêrca de 400 idiomas do mesmo tronco linguístico, composto de línguas como o quimbundo, o quicongo e o umbundu. Atualmente, elas são faladas por mais de 300 milhões de pessoas em países como Gabão, Congo, Angola, entre outros.

As pessoas que vivem nesses países podem compreender palavras usadas por habitantes de países vizinhos. Algo semelhante ocorre com os brasileiros, que conseguem entender diversas palavras faladas por argentinos, paraguaios e bolivianos.

A maioria dos africanos escravizados que vieram para o Brasil eram bantos. Várias palavras da língua portuguesa são de origem banta, como: axé, batucada, banguela, caçula, carimbo, encafifar, fubá, gangorra, lenga-lenga, moleque, quilombo e quitute.

Origem dos principais grupos de africanos escravizados no Brasil (séculos dezesseis a dezenove)

Mapa. Origem dos principais grupos de africanos escravizados no Brasil (séculos dezesseis a dezenove). Destaque para América do Sul e África. Em verde claro, área na África referente ao território de sudaneses, compreendendo porção do centro à costa oeste do continente, envolvendo a cidade ou feitoria Cabo Verde e São Jorge da Mina. Em lilás, território referente aos bantos, compreendendo porção do centro à costa sudoeste e à costa sudeste do continente, envolvendo a cidade ou feitoria Benguela, Moçambique e Mombaça. Setas verdes contínuas indicam 'Tráfico de escravizados para o Brasil', da África ao Brasil, partindo de Cabo Verde para São Luís e Olinda, de São Jorge da Mina para Olinda e Salvador, de Benguela para Salvador e Rio de Janeiro, e de Moçambique e Mombaça para Rio de Janeiro. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.120 quilômetros.
Fonte: CAMPOS, Flavio de; dounicóf, Miriam. Atlas da história do Brasil. São Paulo: Scipione, 1994. página 9.

Responda no caderno

Atividades

  1. Você já ouviu pessoas falando espanhol? Conseguiu compreender o que elas diziam? Dê exemplos de palavras semelhantes e diferentes entre o idioma português e o espanhol.
  2. O português que falamos hoje é idêntico ao que é falado em Portugal? Por quê?
  3. Por que o estudo das línguas pode ser útil para quem estuda a história dos povos?

Culturas africanas no Brasil

Entre os séculos dezesseis e dezenove, milhões de africanos foram forçados a vir para o Brasil. Eles enfrentaram dificuldades e vários tipos de violência.

Apesar de tudo, não abandonaram seu modo de viver, mas o transformaram. Por isso, a presença cultural dos africanos permanece viva no cotidiano dos brasileiros.

Essa presença é vigorosa em áreas como literatura, música, artes, dança, ciência, alimentação, religião, vestuário e conhecimentos técnicos. Espalhadas por todas as regiões do país, as culturas africanas fazem parte do modo de ser, de pensar e de viver dos brasileiros.

Fotografia. Um conjunto de mulheres em posição de dança, dispostas lado a lado, em um círculo. Elas vestem trajes brancos, faixas de tecidos coloridos e bandanas ou turbantes em suas cabeças. Ao fundo, destaque para uma mulher com um tambor de madeira.
Apresentação de jongo em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Fotografia de 2019. O jongo é uma manifestação artística afro-brasileira, que envolve música e dança, praticada por escravizados nas fazendas de café e até hoje presente em comunidades rurais do Sudeste. Foi declarado patrimônio imaterial brasileiro.
Escultura. Um homem vestindo uma armadura, segurando um arco em suas mãos, e um cachorro sentado aos seus pés.
Escultura criada por Valentim da Fonseca e Silva (cêrca de 1745-1813) ou Mestre Valentim. Filho de um português e de uma escravizada, ele foi um dos principais artistas do Brasil entre o fim do século dezoito e início do século dezenove.
Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para pensar

O que você sabe sobre a influência dos africanos no Brasil? Converse sobre esse assunto com os colegas e o professor.

Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica. Filme.

dica filme

Série Nova África (Brasil). Direção: Henry Daniel ágil e Luiz Carlos Azenha. 2009.

Série exibida pela televisão entre 2009 e 2010. Os 32 episódios mostram o cotidiano da população de diferentes países da África na atualidade. Você pode assistir aos episódios no link: https://oeds.link/5xxvXK. Acesso em: 3 fevereiro 2022.

Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica. Internet.

dica internet

Museu Afro Brasil

Disponível em: https://oeds.link/e8XAUL. Acesso em: 3 fevereiro 2022.

Conheça o sáite do Museu Afro Brasil, situado na cidade de São Paulo e dedicado à cultura africana e afro-brasileira.

PAINEL

Tecidos africanos

A tecelagem no continente africano começou a ser desenvolvida há mais de mil anos. As sociedades africanas produziram belos tecidos usando diversos tipos de instrumentos e matérias-primas. A seguir, conheça um pouco das técnicas artesanais de produção dos tecidos no continente africano e observe alguns exemplares.

Adire

Os iorubás decoram seus tecidos com uma técnica chamada adire. No adire, uma substância impermeabilizante (geralmente amido) é usada para desenhar sobre o tecido. Assim, durante o banho de tintura, as partes desenhadas ficam protegidas e permanecem na cor original.

Fotografia. Duas mulheres, lado a lado, em pé sobre um palco, ambas trajando túnicas semelhantes, com cores escuras e detalhes formados por linhas e figuras geométricas.
Mulheres vestindo roupas feitas com a técnica adire em um festival em abeôkutá, Nigéria. Fotografia de 2019.

Adinkra

Em Gana, o povo axânti decora tecidos com uma técnica de impressão que utiliza carimbos chamada adíncra. Cada figura na padronagem do tecido tem um significado na cultura axânti. A região próxima à cidade de Ntonso, em Gana, é considerada um dos principais centros de produção de tecidos com essa técnica.

Além de estampados em tecidos e adereços, os símbolos utilizados na técnica adíncra são esculpidos em madeira ou moldados em peças de ferro.

Fotografia. Destaque para a mão de uma pessoa segurando um pequeno objeto com marcação de linhas entrelaçadas sobre um tecido vermelho estendido com detalhes e contornos pintados em preto.
Um artesão carimba tecido com a técnica adíncra na cidade de Ntonso, região axânti, em Gana. Fotografia de 2012.

quentê

Os axântis também fabricam tecidos chamados quentê, feitos de fios de algodão e seda que formam figuras geométricas com intensos contrastes de cor.

Os tecidos quentê eram originalmente reservados à realeza axânti, sendo usados apenas em ocasiões especiais. Atualmente, esses tecidos se popularizaram e são utilizados em desfiles de moda pelo mundo. São um dos símbolos da identidade de Gana.

Fotografia. Destaque para o rosto de um homem, de cabelos curtos, com os dentes à mostra, e uma faixa de tecido colorido estendido a sua frente.
Vendedor mostrando tecido quentê em Accra, Gana. Fotografia de 2020.

bogolanfíni

No Mali, os bambaras desenham sobre tecidos usando pigmentos amarelos e banhos de argila. Essa técnica, conhecida como bogolanfíni, é um símbolo da cultura do Mali.

Com a modernização dessa técnica, atualmente, os tecidos bogolanfíni são produzidos em quantidades maiores e exportados para diversas regiões do mundo, sendo usados na moda, na arte e na decoração.

Fotografia. Tecido contendo desenho de uma mesquita ao fundo, com torres verticais, tetos triangulares e muros altos. Ao redor, diversas pessoas carregando cestas, caules de árvores e alguns sobre o dorso de cavalos.
Tecido de algodão tingido com argila (método bogolanfíni) representando a Mesquita de Dijenê exposto na feira de beledugú, Mali. Fotografia de 2021. Esses tecidos abastecem o mercado interno e são exportados para outros países.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Em seu caderno, relacione as frases com uma das sociedades africanas.

  1. Fundado pelos iorubás, era governado por um rei chamado oni, que detinha poder político e religioso.
  2. Formado por um povo banto no século treze, sua capital era imbânza Congo, que passou a se chamar São Salvador do Congo após a conversão do rei ao cristianismo.
  3. Formado pelos jejês entre os séculos dezessete e dezenove, possuía um poderoso exército, composto de guerreiros homens e mulheres.
  4. Tombuctu era um de seus centros comerciais e culturais, onde havia uma importante universidade e várias bibliotecas.
  5. Tornou-se poderoso entre os séculos seis e doze, chegando a ter um exército de 200 mil soldados. Ficou conhecido como “terra do ouro”.
    1. Reino de Gana.
    2. Reino do Mali.
    3. Reino de Ifé.
    4. Reino do Daomé.
    5. Reino do Congo.

Interpretar texto e imagem

integrar com Língua Portuguesa

2. Em grupo, leia a frase do escritor malinês Tiérno Bocár Salíf Tal(1875-1940): “A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si”.

  1. Ao fazer distinção entre escrita e saber, o autor utilizou uma metáfora. Pesquisem o que é “metáfora” e expliquem como ela foi utilizada na frase.
  2. Vários historiadores antigos afirmavam que a invenção da escrita marcava o início da História. Antes da escrita, havia a Pré-história. Tendo em vista o contexto africano, escrevam sobre a importância de destacar que escrita e saber são coisas distintas.
  3. A frase aplica-se aos povos africanos anteriores à conquista europeia? Justifiquem.

Integrar com Arte

3. Em 1938, foram descobertas treze cabeças de latão no palácio real em Ifé, atual Nigéria. Essa descoberta provocou uma revisão na História da Arte, explicada pelo professor de arte nigeriano Babatunde Lawal:

“Dar-se conta de que seus antepassados não eram tão atrasados como se costuma retratar foi uma dupla fonte de alegria para [muitos nigerianos]. A descoberta despertou neles um novo tipo de nacionalismo, e eles começaram a andar com confiança, orgulhosos de seu passado.

Lauál, Babatúnde. citado por: meecgrigor nil. A história do mundo em 100 objetos. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013. página 457.

Escultura. Destaque para a cabeça de um homem, utilizando um chapéu com detalhes laterais e uma pequena haste na frente, com uma ponta de base arredondada.
Cabeça de Ifé, encontrada na Nigéria, cêrca de séculos doze a catorze
  1. Segundo o texto, qual foi a importância da descoberta das esculturas de Ifé?
  2. Escolha um objeto pessoal que tenha valor para você. Escreva uma história explicando o significado desse objeto em sua vida. Depois, compartilhe sua história com os colegas e ouça as experiências deles.

4. Leia o texto do historiador Alberto da Costa e Silva e responda às questões.

“Nos filmes, nas histórias em quadrinhos, nos seriados de TV, nos romances, a África é sempre um continente misterioso e mágico, onde são possíveis todas as aventuras. A imagem que nos transmitem diariamente os jornais e os noticiários de rádio e televisão é outra: a de uma parte do mundo assolada por secas, fomes, epidemias, guerras e tiranos.

Uma visão não desmente a outra, e ambas são incompletas. Se uma região da África foi atacada por nuvens de gafanhotos reticências, e nela há fome, nas outras a colheita se fez normalmente, os celeiros estão repletos e há abundância de comida. Se em determinado lugar há uma feroz luta armada, noutros as crianças vão regularmente à escola, de roupa limpa e sapatos lustrados. E a vida familiar transcorre normalmente, sem faltar alegria.”

SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008. página 11.

  1. De acordo com o texto, quais visões sobre a África são veiculadas nos meios de comunicação?
  2. Em sua interpretação, por que essas visões são incompletas? Elabore hipóteses.

Integrar com Arte

5. No Reino do Benin, por volta dos séculos dezesseis a dezessete, foram criadas placas de latão que revelam um grande talento artístico e um conhecimento técnico sofisticado de fundição de metais. Embora africanos e europeus trocassem diversos produtos entre si, essas placas não podiam ser vendidas. Elas eram utilizadas na decoração do palácio do rei do Benin.

Em geral, essas placas exaltam o governante e sua côrte (imagem 1), mas também existem algumas representações de povos estrangeiros, como os portugueses (imagem 2). Observe as imagens e responda às questões.

Escultura sobre placa. Ao fundo, guerreiros vestindo armaduras, portando escudos, lanças, e capacetes em suas cabeças. Em primeiro plano, ao centro, destaque para um homem, de capacete e peito desnudo, com os braços semi abertos lateralmente, segurando com uma das mãos uma espada voltada para cima e com a outra uma lança voltada para baixo.
Placa de latão representando o rei do Benin em trajes de batalha com seus assistentes, cêrca de séculos dezesseis-dezessete.
Escultura sobre placa. Representação de um guerreiro visto de lado, em pé, vestindo uma armadura, botas e um capacete na cabeça. Ele segura um armamento com as duas mãos e possui uma faca atada à sua cintura. Aos seus pés há um cachorro.
Placa de latão do Palácio de Obá, em Benin, mostra soldado português, cêrca de século dezesseis.
  1. Em sua interpretação, que personagem representa o rei na imagem 1? Argumente.
  2. Que elementos da imagem 2 identificam o soldado português?

Glossário

Relvado
: terreno coberto de relva, que é um tipo de vegetação rala e rasteira.
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Estereotipado
: algo ou alguém que carrega um estereótipo, uma ideia preconcebida, fruto de prejulgamento ou generalizações.
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Axânti
: povo que construiu um reino poderoso entre os séculos dezoito e dezenove na região onde atualmente se situa Gana. Hoje, os axântis se destacam no comércio e no artesanato de ouro e marfim.
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Adobe
: tijolos feitos de argila e palha secos ao sol.
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África saelina
: o mesmo que Sahel, área situada na transição entre o Saara e as áreas mais úmidas ao sul do continente.
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Ascendência
: significa, no texto, poder que alguém tem sobre outra pessoa.
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