UNIDADE 3  COLONIZAÇÃO DO BRASIL

CAPÍTULO 7  INÍCIO DA COLONIZAÇÃO

Atualmente, existem no Brasil seis grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa. A Amazônia é considerada um dos maiores biomas do mundo, ocupando áreas do território do Brasil, do Peru, da Colômbia, da Venezuela, da Bolívia, do Equador, do Suriname, da Guiana e da Guiana Francesa.

Estudaremos neste capítulo que alguns de nossos problemas ambientais, como o desmatamento, começaram há muito tempo, ainda no início da colonização da América.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para começar

Pense nos espaços ocupados por sua escola, seu bairro e sua cidade. Nesses espaços existem árvores? A presença de árvores melhora sua qualidade de vida? Reflita e debata o assunto com os colegas.

Fotografia. Vista aérea de uma paisagem com densa vegetação, distribuída, à esquerda, por um solo plano, e à direita, em morros. Ao fundo, um rio por entre a mata, em um caminho sinuoso.
Vista aérea do Parque Estadual da Serra do Mar, em Cubatão, São Paulo. Fotografia de 2021. O parque representa a maior porção contínua de Mata Atlântica preservada no Brasil.
Fotografia. Destaque para um tucano sobre um galho de árvore, cercado por folhas e frutos. Possui penas pretas pelo corpo, penas brancas no pescoço e um longo bico laranja, curvado para baixo na ponta.
O tucano é considerado uma ave endêmica da América do Sul e da América Central, ou seja, só pode ser encontrado nessas regiões do planeta. Fotografia de 2019.
Fotografia. Vista aérea para uma paisagem com áreas distintas: à frente, completamente desmatada, com focos de queimada generalizados, e ao fundo, área verde com densa vegetação.
Desmatamento e queimada em área de Floresta Amazônica em Maués, Amazonas. Fotografia de 2020.

Primeiros tempos

Já aprendemos que, no final do século quinze, os navegadores de Portugal encontraram um novo caminho para chegar às Índias. A partir daí, o comércio com a Ásia e a África se tornou bem vantajoso para os portugueses.

Nesse período, os portugueses também chegaram às terras que futuramente seriam chamadas de Brasil. Essas terras representariam uma grande conquista para a Coroa portuguesa e uma importante fonte de riquezas.

Porém, naquele momento, a exploração da América era menos lucrativa do que o comércio de produtos africanos e asiáticos. Assim, entre 1500 e 1530, o governo português enviou para a América expedições destinadas, principalmente, ao reconhecimento das terras e à garantia de sua posse.

Em uma dessas expedições pela América do Sul, os portugueses encontraram plantas, como o pau-brasil, que tinham valor comercial para os europeus. Além disso, a costa brasileira foi utilizada como possível lugar de parada para navios de comércio que iam para o Oriente. No litoral, esses navios recebiam reparos e eram reabastecidos de água e de alimentos, depois seguiam viagem.

De acordo com alguns historiadores, foi a partir de 1530 que a colonização portuguesa na América ganhou mais vigor.

Comércio de pau-brasil

Até 1530, o comércio de pau-brasil foi a principal atividade econômica realizada pelos portugueses na América. A madeira dessa árvore, já conhecida pelos europeus, podia ser utilizada na construção de casas e navios e, sobretudo, na produção de um corante avermelhado para tingir tecidos.

Gravura em preto e branco. Em uma área cercada por paredes de tijolos com janelas formando arcos, diversos homens desempenham diferentes atividades. À frente, dois homens seguram uma serra pelas extremidades, sobre um tronco de árvore. Abaixo do tronco há uma cesta oval contendo uma serragem fina. Ao fundo, um homem carrega caules de madeira com as mãos, sobre suas costas.
Prisioneiros obrigados a trabalhar raspando a madeira de pau-brasil na Holanda, em gravura de melquiór fóquens, 1662. O pó resultante da raspagem era utilizado na fabricação da tinta vermelha.

Durante o início da colonização, a maioria dos navios enviados ao Brasil era abastecida de enormes quantidades de pau-brasil. Depois, os carregamentos dessa madeira eram levados a Portugal e, de lá, partiam para Amsterdã (na atual Holanda), onde se extraía dela um corante avermelhado (brasilina), utilizado para tingir tecidos.

Graças a seu valor econômico, não demorou para que o governo de Portugal decretasse que a exploração do pau-brasil era monopólio da Coroa. Com isso, ninguém poderia extrair essas árvores sem permissão do governo e sem pagar impostos. Mas o monopólio do pau-brasil não foi totalmente respeitado. Comerciantes ingleses, espanhóis, franceses e mesmo portugueses contrabandeavam a madeira.

A primeira concessão da Coroa para a exploração do pau-brasil foi dada ao comerciante português Fernão de Noronha (cêrca de1470-1540), em 1501. Seus navios foram os primeiros a chegar à ilha que mais tarde recebeu seu nome. Posteriormente, a partir de 1513, o governo autorizou que seus súditos fizessem a livre exploração de pau-brasil desde que fossem pagos os tributos à Coroa portuguesa.

Fotografia. Vista de uma paisagem natural, em que águas azuis banham uma costa terrestre com densa vegetação, havendo um caminho de pedras adentrando no mar, em formato de 'L'. Ao fundo morros e montanhas.
Vista do Porto de Santo Antônio, em Fernando de Noronha, Brasil. Fotografia de 2019. A primeira concessão para explorar o pau-brasil foi obtida por Fernão (ou Fernando) de Noronha. Atualmente, o arquipélago que recebeu seu nome faz parte do estado de Pernambuco.

Responda no caderno

para pensar

  1. Você já ouviu falar em desenvolvimento sustentável? Pesquise o assunto e compartilhe com os colegas o que você descobrir.
  2. Você conhece outra árvore cuja madeira é muito utilizada no cotidiano das grandes cidades? Faça uma breve pesquisa e compartilhe o resultado com os colegas.

Árvore símbolo

No início da colonização, havia grandes quantidades de pau-brasil nas regiões de Mata Atlântica, próximas do litoral. No entanto, devido ao caráter predatório da exploração, o pau-brasil começou a desaparecer.

A exploração dessa madeira marcou a história do Brasil até mesmo no aspecto simbólico. Em tupi, a árvore é chamada de ibirapitanga, que significa “madeira vermelha” e, em português, é chamada de pau-brasil, expressão que deriva de “brasa”, pois a cor avermelhada da madeira lembrava o fogo. O nome dado à árvore deu origem ao nome de nosso país.

Durante o período colonial, a Coroa portuguesa passou a regulamentar a derrubada do pau-brasil, com o objetivo de impedir o contrabando de sua madeira por espanhóis, franceses e ingleses. Essa regulamentação deu origem à expressão “madeira de lei”, pois sua exploração dependia de autorização legal do governo de Portugal.

Posteriormente, na segunda metade do século vinte, algumas medidas foram tomadas para preservar essa espécie vegetal, e o pau-brasil passou a ser considerado um dos símbolos do país. No entanto, o pau-brasil está, desde 1992, na lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção.

Fotografia. Destaque para árvore com galhos finos, altos e levemente retorcidos. Possui folhas verdes numerosas.
Árvore pau-brasil no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2016. O pau-brasil era abundante no litoral entre os atuais estados do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro. A altura média dessa árvore é de 8 a 12 metros.

responda NO CADERNO

para pensar

Existem plantas ou animais que são considerados símbolos da região onde você mora? Quais? Pesquise.

Trabalho indígena

Para extrair tanta madeira, os europeus precisavam do trabalho dos indígenas. Eram os nativos que localizavam o pau-brasil, derrubavam as árvores, cortavam as toras e carregavam as madeiras até os navios ou feitoriasglossário .

Esse trabalho era complexo, pois a madeira do pau-brasil é pesada e compacta, sendo difícil de cortar e de transportar. Em troca de seu trabalho, os indígenas recebiam dos portugueses objetos como tecidos, espelhos e pentes. Além disso, também recebiam objetos de ferro como facas, anzóis, tesouras, machados e foices. As trocas de produtos entre europeus e indígenas eram chamadas escambo.

Segundo o historiador Uóren Dian, os instrumentos que os europeus deram aos indígenas promoveram outro modo de exploração dos recursos naturais. Ele calcula que as novas ferramentas de ferro:

reticências encurtavam em cêrca de oito vezes o tempo gasto para derrubar árvores e esculpir canoas reticências. [Não] é difícil imaginar o quanto isso foi destrutivo para a floresta.”

dín Uóren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. página 65.

Mapa. Representação de parte da costa brasileira, contendo indígenas, pássaros, animais silvestres e árvores. Os indígenas foram representados cortando e carregando troncos de árvores. O território é banhado por mares contendo diversos navios e embarcações, que se aproximam em direção à costa. O mapa possui várias finas linhas diagonais em muitos sentidos, que se cruzam em diferentes pontos.
Terra Brasilis, um dos mapas do Atlas Miller, publicado em 1519, de autoria dos cartógrafos portugueses Lopo Homem, Pedro Reinel e Jorge Reinel, com ilustrações de António de Holanda.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

  1. Quando o mapa foi publicado? Quem são seus autores?
  2. Utilizando elementos do mapa, explique os interesses que estão representados.

Escambo, escravidão e riquezas

Os contatos entre os europeus e os indígenas nem sempre foram marcados pela violência e pela exploração do trabalho. Também houve casos de negociações e alianças.

Inicialmente, os portugueses conseguiram fazer negócios com os Tupi, trocando pau-brasil por objetos europeus de pouco valor. Caso semelhante ocorreu entre os espanhóis e os Guarani em relação à erva-mate e entre os ingleses e os iroqueses (povo indígena da América do Norte) em relação às peles de animais. Posteriormente, ficou difícil fazer trocas como essas, e os colonos passaram a fornecer ferramentas, armas e cavalos aos nativos.

Alguns nativos usaram essas armas nas guerras contra povos rivais com o objetivo de aprisionar os vencidos e entregá-los aos colonos para serem escravizados. Assim, o escambo deixou de ser uma simples troca de produtos por recursos naturais, como era nos primeiros anos da colonização, e passou a incluir também a troca de produtos por seres humanos.

Gravura. Uma mata densa, com diferentes tipos de árvores, e um caminho de terra ao centro. À esquerda, destaque para um grupo de indígenas. Alguns estão nus, outros estão com peitos desnudos, vestindo faixas de tecidos ao redor de suas cinturas. À direita, um grupo de homens sobre cavalos, vestindo camisas, calças e chapéus com abas em suas cabeças.
Encontro dos indígenas com viajantes europeus, gravura de iôrram mórritis ruguendás, 1825, publicada no livro Viagem pitoresca através do Brasil.

Alguns historiadores defendem, contudo, que o escambo não foi inventado pelos europeus, pois outros povos, inclusive na América, já faziam trocas entre si antes da conquista europeia. Outros entendem que essas trocas foram introduzidas pelos portugueses e estavam ligadas às práticas econômicas na Europa da época. De qualquer modo, os indígenas foram explorados para produzir riquezas que ficavam nas mãos dos comerciantes e governos europeus. Atualmente, o escambo é conhecido como permuta. São exemplos de locais de permutas as feiras ou os sites de troca de objetos usados.

Gravura. Um grupo de pessoas enfileiradas, em pé sobre um grande tronco de árvore disposto na horizontal. Às extremidades, homens descalços, vestindo camisas e calças brancas, coletes coloridos e chapéus em suas cabeças, portando armas de fogo. Entre eles, mulheres e crianças indígenas, desnudos, algemados e amarrados uns aos outros.
Soldados índios de Curitiba escoltando selvagens prisioneiros, gravura de Jãn Batiste Dêbret, 1834-1839, publicada no livro Viagem pitoresca e histórica ao Brasil.
Fotografia. Três mulheres atrás de uma bancada de madeira em formato de “L” com exposição de diferentes livros. Algumas pessoas estão à frente dos livros expostos.
Feira de troca de livros na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2017. Atualmente, a permuta de mercadorias está vinculada ao consumo sustentável.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica. Livro

dica Livro

iscatamáquia, Maria Cristina M. O encontro entre culturas: europeus e indígenas no Brasil. São Paulo: Atual, 2008. (Coleção A vida no tempo).

A obra trata do choque cultural entre os Tupi-guarani e os portugueses no século dezesseis por meio de crônicas da época.

Mata Atlântica: patrimônio verde

A Mata Atlântica é um conjunto de formações vegetais que se estende pelo Brasil, pela Argentina e pelo Paraguai. No Brasil, essas formações vegetais abrangiam originalmente dezessete estados, onde hoje vive mais da metade da população do país.

Áreas imensas da Mata Atlântica foram desmatadas, sobretudo, para extração de pau-brasil. Em razão da exploração intensa, o pau-brasil tornou-se uma madeira rara. Possivelmente, os conquistadores agiram assim por acreditar que, nas terras conquistadas, tudo era inesgotável. Mas, desde o século dezessete, percebeu-se que a abundância não duraria para sempre. Naquela época, já se notava a escassez de outras árvores da Mata Atlântica.

A devastação das florestas brasileiras continuou ao longo do tempo. Houve a derrubada de árvores para a plantação da cana-de-açúcar e do café, para a criação de pasto, para a construção de vilas e cidades etcétera

Fotografia. Destaque para um bando de macacos de pelagem amarronzada e rostos escuros, dependurados em galhos de árvores.
Bando de macacos muriqui-do-norte fotografado em Caratinga, Minas Gerais. Fotografia de 2019. Essa espécie é endêmica da Mata Atlântica e está ameaçada de extinção.
Fotografia. Vista aérea de uma área de floresta cercada por terrenos com plantações rasteiras e territórios gramados.
Vista aérea de trecho de Mata Atlântica remanescente em área desmatada para a agricultura e a pecuária em Bragança Paulista, São Paulo. Fotografia de 2017.
Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica. Internet.

dica INTERNET

Fundação ésse ó ésse Mata Atlântica

Disponível em: https://oeds.link/99WPrX. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

O portal reúne diversas informações sobre a Fundação ésse ó ésse Mata Atlântica, organização que atua na promoção de políticas públicas para a preservação da Mata Atlântica. No link https://oeds.link/s90V5D (acesso em: 31 março 2022) é possível consultar um gerador de mapas.

Calcula-se que, em 1500, a Mata Atlântica era uma floresta densa que abrangia cêrca de 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Atualmente, restam aproximadamente 12,4% da floresta original e muitos animais e plantas que vivem nela estão ameaçados de extinção.

Apesar disso, a Mata Atlântica ainda tem uma das mais ricas biodiversidades do mundo, cuja preservação depende da conscientização ambiental de pessoas, comunidades, empresas e governos.

A seguir, observe no mapa as extensões original e remanescente da Mata Atlântica.

Extensão da Mata Atlântica (2020)

Mapa. Extensão da Mata Atlântica (2020). Destaque para o território brasileiro. Em verde claro, 'Mata Atlântica original', compreendendo grande parte da costa leste e se estendendo para o interior nos estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. Em verde escuro, 'Remanescentes de Mata Atlântica (2020)', compreendendo pequenas áreas dispersas e desconexas nos estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. Entre eles, destaque para uma maior concentração de áreas em verde escuro na costa dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro e no interior de Minas Gerais, Bahia e Piauí. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 290 quilômetros.
Fonte: FUNDAÇÃO ésse ó ésse MATA ATLÂNTICA. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica: período 2019barra2020. São Paulo: Fundação ésse ó ésse Mata Atlântica, 2021. página 71.

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Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

A Mata Atlântica original abrangia quais estados brasileiros atuais? Analise quais desses estados não são banhados pelo Oceano Atlântico.

PAINEL

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Espécies da Mata Atlântica

Atualmente, a Mata Atlântica é considerada patrimônio nacional dos brasileiros e muitas de suas áreas foram declaradas patrimônio natural mundial pela Unesco. A seguir, vamos conhecer algumas espécies vegetais e animais que vivem na Mata Atlântica.

Palmeira-juçara – está ameaçada de extinção principalmente por causa da extração intensa de seu palmito. Para ajudar a preservar a palmeira-juçara e gerar uma fonte sustentável de renda, muitas comunidades têm extraído apenas seus frutos para fazer uma polpa parecida com a do açaí.

Fotografia. Destaque para uma árvore com ramos finos, pelos quais pendem frutos redondos e pequenos. Em um dos galhos há um pássaro de penas pretas, vermelhas, laranjas e verdes, e um longo bico. Acompanha texto explicativo: Ficha técnica.  Nome científico: Euterpe edulisEutérpe edúlis. Nomes populares: juçara, palmito, palmiteiro-doce, palmito-branco, palmito-vermelho, ripa, ripeira, açaí-do-sul.  Altura média: até 20 metros.
Frutos da palmeira-juçara. Fotografia de 2021.

Pintor-verdadeiro – ave encontrada exclusivamente no Nordeste brasileiro. Essa espécie é perseguida por caçadores e criadores de aves. Está ameaçada de extinção principalmente em razão da degradação de seu hábitat e do comércio ilegal de animais silvestres.

Fotografia. Destaque para um pássaro sobre um galho de árvore, com penas azuis e cabeça com penas verdes. Possui um bico preto e fino. Acompanha texto explicativo: Ficha técnica. Nome científico: Tangara fastuosatangará fastuósa.  Nomes populares: saíra-pintor, pintor, sete-cores-do-nordeste.  Altura média: alcança 13,5 centímetros.  Alimentação: frutos, sementes e insetos.
Pintor-verdadeiro. Fotografia de 2017.

FOTOMONTAGEM: MARCEL LISBOA/ARQUIVO DA EDITORA

Mico-leão-dourado – primata encontrado no Sudeste brasileiro. Essa espécie quase entrou em extinção, mas diversas ações têm ajudado a recuperar sua população, que ainda está ameaçada. O mico-leão-dourado virou símbolo da luta pela conservação da biodiversidade.

Fotografia. Destaque para um mico-leão-dourado sobre um galho de árvore, com pelagem laranja e um longo rabo traseiro. Acompanha texto explicativo: Ficha técnica.  Nome científico: Leontopithecus rosalialeontopitécus rosália. Nomes populares: saium-piranga, mico-leão. Altura média: entre 20 e 30 centímetros. Alimentação: sobretudo frutos, insetos e pequenos vertebrados.
Mico-leão-dourado. Fotografia de 2021.

Cajueiro – nativo do Nordeste brasileiro, atualmente é cultivado em diversas regiões do país. Dele são extraídos alimentos, madeira e óleos industriais. O fruto do cajueiro é a castanha, que é sustentada por um pseudofruto conhecido como caju.

Fotografia. Uma árvore com tronco e galhos retorcidos, com poucas folhas verdes. Acompanha texto explicativo: Ficha técnica. Nome científico: Anacardium occidentaleanacárdium ocidentále.  Nomes populares: acajaíba, caju-banana, caju-da-praia. Altura média: entre 5 e 10 metros. Fruto: castanha. Pseudofruto: caju.
Cajueiro de Pirangi, na cidade de Parnamirim, Rio Grande do Norte. Fotografia de 2019. Ele é considerado o maior cajueiro do mundo.

Populações em áreas de proteção

Em regiões preservadas da Mata Atlântica vivem indígenas, caiçaras, quilombolas, roceiros e caboclos ribeirinhos. Essas populações dependem da proteção dos recursos naturais para sobreviver e preservar seus modos de vida. Por isso, eles apoiam o desenvolvimento sustentável.

Os caiçaras, descendentes de ameríndios, africanos e europeus, praticam a pesca, a agricultura familiar e o extrativismo. Já os quilombolas, descendentes, em sua maioria, dos africanos escravizados no Brasil, praticam atividades agrícolas e extrativistas com mão de obra familiar. E também alguns imigrantes europeus, geralmente associados à devastação da Mata Atlântica, construíram comunidades que têm ajudado a afastar desmatadores e caçadores.

Fotografia. Sobre um rio cercado por uma densa vegetação há uma canoa de casco azul, contendo um homem sentado em seu interior.
Pescador na comunidade caiçara de Guaraqueçaba, Paraná, que tem promovido o turismo ecológico. Fotografia de 2017.
Fotografia. Uma mulher de cabelos castanhos, lisos e presos, vestindo uma camiseta regata com listras pretas e brancas, e uma bermuda colorida, em pé sobre um terreno arenoso cercado por árvores diversas, segurando ramos secos com frutinhas redondas e escuras em uma caixa à sua frente.
Colheita de açaí na comunidade quilombola de Mangabeira, na Ilha de Ingapijó, Pará. Fotografia de 2020. O trabalho sustentável de quilombolas não está presente apenas na Mata Atlântica, mas também na Amazônia e em outros biomas do país.

Consciência ambiental

Conhecer as origens do desmatamento na Mata Atlântica ajuda a promover a consciência ambiental. Além disso, precisamos cada vez mais apoiar os movimentos que lutam pelo desenvolvimento sustentável, pois os recursos naturais são limitados e sua ausência prejudica a vida no planeta.

Sustentabilidade significa promover o equilíbrio entre proteção ambiental, produção econômica e bem-estar da população. Desde 1988, a Constituição Federal brasileira apresenta um capítulo sobre o meio ambiente. Conheça um trecho desse capítulo da Constituição:

Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Distrito Federal: Presidência da República, 1988. Disponível em: https://oeds.link/zYmmuE. Acesso em: 31 março 2022.

Fotografia. Destaque para um tronco de árvore, longo e fino, com o topo cortado. Ao fundo, densa vegetação.
Palmeira-juçara cortada ilegalmente para extração de palmito, em Juquitiba, São Paulo. Fotografia de 2020.
Ilustração. Imagem de um selo redondo, contendo o desenho de uma árvore com tronco e ramos marrons, e folhas verdes. Abaixo, o texto 'Madeira LEGAL'.
O selo Madeira Legal é concedido pela Secretaria do Meio Ambiente para as pessoas jurídicas com séde ou filial no estado de São Paulo e que comercializam de fórma responsável produtos e subprodutos florestais de origem nativa da flora brasileira. Para receber o certificado, as empresas passam por vistorias que verificam, por exemplo, se elas adquirem e comercializam produtos de origem florestal com licenças regularizadas.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

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Conferir e refletir

  1. Debata com os colegas as seguintes questões: a região onde vocês vivem apresenta problemas ambientais? O que vocês poderiam fazer para ajudar a resolvê-los?
  2. Neste capítulo, vimos que as origens do desmatamento no Brasil estão ligadas ao início da colonização, com a extração de pau-brasil da Mata Atlântica. Forme um grupo e pesquisem uma árvore nativa do Brasil. Procurem as informações a seguir.
    • Nomes científico e popular.
    • Em que regiões do país essa árvore é mais comum?
    • Tamanho médio (altura e diâmetro).
    • Essa árvore é utilizada pelos seres humanos? Como?
    • É uma espécie em extinção? Por quê?

Em seguida, com a supervisão do professor, narrem essas informações no formato de podcast e o publiquem em uma mídia social.

Interpretar texto e imagem

3. No século dezesseis, o cronista francês Jãn dê lêrri (1534-1611) viveu no Brasil e registrou suas experiências. Leia, a seguir, parte do diálogo dele com um Tupinambá.

“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu [pau-brasil] reticências. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perrô (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra? Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos reticências, mas dela extraíamos tinta para tingir reticências.

Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? — Sim reticências, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. reticências

Mas os selvagens são grandes discursadores reticências por isso perguntou-me de novo: E quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho reticências, agora vejo que vós outros reticências sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos reticências e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! reticências Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois de nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá reticências.”

lêrri, jãn dê. Viagem à terra do Brasil.Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: êduspi, 1980. página 169-170.

  1. Pesquise informações sobre o autor.
  2. Quando o texto foi publicado pela primeira vez? Ele faz parte de qual obra?
  1. Qual é o tema central do discurso indígena?
  2. Por que o indígena chama os europeus de “grandes loucos”?

4. No início do século vinte e um, uma comissão internacional de estudiosos elaborou a Carta da Terra. Esse documento apresenta princípios e valores ecológicos que orientam pessoas e povos a buscar o desenvolvimento sustentável. A seguir, leia trecho da Carta da Terra e faça o que se pede.

“Estamos diante de um momento crítico na história da Terra reticências. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e fórmas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz.

Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida e com as futuras gerações.”

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Carta da Terra. Disponível em: https://oeds.link/TeiUEp. Acesso em: 31 março 2022.

  1. Quem elaborou a Carta da Terra? A quem ela se destina? Pesquise.
  2. Em sua interpretação, por que o texto cita que “somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum”?
  3. Reflita sobre a questão a seguir e de-bata com os colegas: você acredita que suas escolhas podem afetar o futuro do mundo? Argumente.

5. Observe as imagens a seguir e faça as atividades.

Mapa. Detalhe de um mapa, representando parte de um território com a presença de indígenas, de homens não indígenas, vestindo roupas azuis e vermelhas, florestas, madeiras, tocos de árvores cortadas, e uma redoma cercada ao centro.
Representação de escambo de pau--brasil entre indígenas e traficantes franceses. Detalhe do mapa de jãn róts na obra Livro de hidrografia, 1542.
Fotografia. Vista aérea de uma área desmatada cercada por uma floresta de vegetação densa.
Área desmatada na Floresta Amazônica, em Brasnorte, Mato Grosso. Fotografia de 2021.
  1. Descreva, brevemente, cada uma das imagens. O que elas têm em comum?
  2. Com base nos textos deste capítulo e na interpretação dessas imagens, elabore uma redação sobre o seguinte tema: “O desmatamento no Brasil: problema histórico”.

Glossário

Feitoria
: local ao longo da costa que foi construído para armazenar produtos e defender o território.
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