UNIDADE 3 COLONIZAÇÃO DO BRASIL

CAPÍTULO 8 ESTADO E RELIGIÃO

A Constituição Federal brasileira de 1988 garante liberdade de crença religiosa. Isso significa que as pessoas podem ser católicas, protestantes, espíritas, umbandistas, candomblecistas etcétera Podem, até mesmo, não seguir nenhuma religião, pois a Constituição também garante a liberdade de pensamento. Além disso, a Constituição Federal estabelece a separação entre Estado e religião. Por isso, o Brasil é um Estado laico, ou seja, não possui uma religião oficial. Mas isso nem sempre foi assim.

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para começar

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), o cristianismo tem o maior número de seguidores no Brasil, fazendo parte desse grupo as várias correntes cristãs: católica, protestantes etcétera Em sua interpretação, quais são as razões históricas da presença dominante do cristianismo no Brasil? Explique.

Fotografia. Vista da fachada de uma igreja em ruínas sobre um campo gramado, com paredes feitas em tijolos, uma torre lateral à esquerda, e uma porta central retangular.
Ruínas da Igreja de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, construída nos séculos dezessete e dezoito por jesuítas e indígenas que se estabeleceram na região. Fotografia de 2018. Desde 1983, as ruínas e o sítio arqueológico são considerados patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco).
Fotografia. Vista da fachada de uma construção com paredes brancas. À esquerda, a construção possui formato horizontal com nove janelas superiores e duas portas de entrada azuis e retangulares. Ao centro da construção, destaque para uma torre com telhado triangular. À direita, teto triangular com uma cruz na ponta. Abaixo, três janelas superiores e uma porta de entrada de madeira. À frente da construção, um pátio asfaltado com pessoas circulando.
Pátio do Colégio, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2018. Parte dessa construção foi erguida na década de 1950, tendo como modelo o conjunto arquitetônico edificado pelos jesuítas em 1554 no local, então chamado Vila de Piratininga. Estudiosos consideram que a cidade de São Paulo começou a se desenvolver nesse ponto.
Fotografia. Destaque para uma mulher ao centro, com um longo e volumoso vestido branco na parte superior e vermelho na parte inferior. Ela segura flores com as mãos, e sobre sua cabeça há um turbante vermelho. Está cercada de outras mulheres, todas trajando vestidos brancos, turbantes de mesma cor e segurando flores. Em segundo plano, a fachada de uma igreja de paredes brancas, com cinco janelas no piso superior.
Festa do Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, Bahia. Fotografia de 2020. A celebração, que une o catolicismo e a tradição afro-brasileira, foi reconhecida como patrimônio imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn).

A decisão de colonizar

Os reinos de Portugal e de Espanha dividiram as terras da América por meio do Tratado de Tordesilhas (1494). Como se sabe, os indígenas não foram consultados sobre o assunto.

Franceses, holandeses e ingleses não aceitaram esse tratado e, por isso, disputaram a posse dos territórios americanos. A disputa ficou mais intensa depois que os espanhóis descobriram ouro e prata em suas colônias.

Temendo perder sua colônia, a Coroa portuguesa decidiu enviar expedições militares para a América, mas elas não conseguiram impedir todos os ataques inimigos. Além do risco de perder a colônia, os portugueses enfrentavam outro problema: o lucro do comércio com o Oriente estava cada vez menor. Com isso, as terras da América foram vistas como uma alternativa de bons negócios.

Em 1530, o rei dom João terceiro (1502-1557) decidiu enviar para o Brasil uma expedição colonizadora comandada por Martim Afonso de Souza (1500-1564), iniciando efetivamente a colonização. O que eles fizeram? Combateram os estrangeiros, procuraram metais preciosos e, em 1532, fundaram São Vicente, a primeira vila da colônia. Em São Vicente, cultivaram cana-de-açúcar e instalaram um engenho.

Não foi fácil para os portugueses mapearem o litoral da colônia. Mais complicado ainda foi avançar para o interior, principalmente em razão da resistência dos povos nativos. Os indígenas não consentiram em entregar as terras onde viviam sem resistir e lutar.

Pintura. Um homem visto de frente, com cabelos e barba escuros, vestindo um calção volumoso, um casaco marrom com mangas volumosas e golas largas sobre uma armadura metálica azul e um chapéu escuro sem abas. Pende do pescoço uma fita vermelha com uma cruz na ponta. Com uma das mãos, segura espada atada em sua cintura. Apoia a outra mão sobre uma mesa ao seu lado, onde também se encontra uma esfera com hastes metálicas entrelaçadas. No canto superior esquerdo há um brasão, formado por um capacete metálico, faixas vermelhas e um escudo.
Martim Afonso de Souza, pintura de José vásti Rodrigues, 1932.

Capitanias hereditárias

Com o avanço da colonização do Brasil, o Reino de Portugal decidiu dividir o território em 15 grandes lotes de terra. Esses lotes foram entregues a 12 capitães donatários, que tinham a tarefa de investir nessas terras, protegê-las e torná-las produtivas.

O donatário era considerado a autoridade máxima da capitania. Com a morte dele, os direitos eram transmitidos a seu herdeiro. Por isso, essas terras eram chamadas capitanias hereditárias.

Observe no mapa as capitanias hereditárias e o nome dos donatários que as receberam em 1534.

Capitanias hereditárias (1534)

Mapa. Capitanias hereditárias (1534). Parte do território que corresponde ao Brasil, divido por uma linha vertical vermelha, indicando 'Meridiano de Tordesilhas'. Linhas horizontais a partir desse meridiano para leste, indicam diferentes territórios, de sul a norte: 'Santana. Pero Lopes de Sousa (segundo lote)', 'São Vicente. Martim Afonso de Souza (primeiro lote)', 'Santo Amaro. Pero Lopes de Sousa (primeiro lote)', 'São Vicente. Martim Afonso de Souza (segundo lote)', 'São Tomé. Pero de Góis', 'Espírito Santo. Vasco Fernandes Coutinho', 'Porto Seguro. Pero de Campos Tourinho', 'Ilhéus. Jorge de Figueiredo Correia', 'Bahia de Todos-os-Santos. Francisco Pereira Coutinho', 'Pernambuco. Duarte Coelho', 'Itamaracá. Pero Lopes de Sousa (terceiro lote)', 'Rio Grande. João de Barros e Aires da Cunha (primeiro lote)', 'Ceará. Antônio Cardoso de Barros', 'Maranhão. Fernando Álvares de Andrade' e 'Maranhão. João de Barros e Aires da Cunha (segundo lote)'. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 310 quilômetros.
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de êti ól Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1986. página 16.

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observando o mapa

Quais nomes dados às capitanias hereditárias foram atribuídos a cidades e estados brasileiros atuais? Pesquise em um mapa político atual do Brasil.

O acordo jurídico entre os donatários e o rei de Portugal era estabelecido em dois documentos básicos:

  • carta de doação: concedia ao donatário a posse da capitania. A posse consistia no direito de ocupar, em nome do rei, a área demarcada da capitania. Porém, o donatário não podia vendê-la, porque não era proprietário dela;
  • carta foral: determinava os direitos e os deveres dos donatários. Confira alguns deles no quadro a seguir.

Direitos

Deveres

• Atuar como juiz e administrador.
• Ter uma sesmaria (porção de terra).
• Criar vilas e conceder sesmarias.
• Fazer a “guerra justa”, escravizando indígenas.
• Receber 5% dos lucros da venda do pau-brasil.

• Entregar ao rei de Portugal 10% dos lucros obtidos sobre os produtos da terra e 20% dos lucros sobre metais e pedras preciosas.
• Reconhecer que o monopólio do pau-brasil pertencia à Coroa portuguesa.
• Proteger o território com força militar.
• Expandir a fé cristã.

Resultados das capitanias

A maioria das capitanias não alcançou os resultados econômicos esperados pelo governo português e pelos donatários. Entre as capitanias que prosperaram com a produção de açúcar estavam Pernambuco, Bahia e São Vicente.

Administrar uma capitania envolveu problemas como falta de recursos e de experiência dos donatários, dificuldade na comunicação e no transporte e resistência dos povos indígenas. Alguns donatários, inclusive, nem vieram tomar posse das terras.

Apesar dos problemas, as capitanias estimularam a formação dos primeiros povoados da colônia como: São Vicente (1532) e Santos (1545), no atual estado de São Paulo; Porto Seguro (1535) e Ilhéus (1536), no atual estado da Bahia; e Olinda (1535), no atual estado de Pernambuco. Além disso, garantiram a posse do território do Brasil pelos portugueses.

Fotografia. Vista de uma paisagem com destaque para uma casa em ruínas, com paredes e vigas verticais de pedra, aberturas frontais e um telhado triangular. A construção é cercada por áreas gramadas e densa vegetação em segundo plano.
Ruínas do Engenho de São Jorge dos Erasmos, em Santos, São Paulo. Fotografia de 2019. Estudiosos de diversas áreas pesquisam o local, onde há vestígios do início da colonização.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Brevíssima história das gentes de Santos (Brasil). Direção de André clôtzél, 1996. 14 minutos

Disponível em: https://oeds.link/irOQlz. Acesso em: 7 fevereiro 2022.

O curta-metragem conta a história de várias gerações de moradores da cidade de Santos, em São Paulo, que está na origem da colonização do Brasil.

Mulheres na administração

No Brasil Colônia, a política, a economia e a religião eram dominadas por homens. A condição de vida da maioria das mulheres era precária: eram menos valorizadas do que os homens, não tinham os mesmos direitos e ainda podiam sofrer com a violência masculina. Muitas mulheres da elite tinham um cotidiano restrito ao ambiente doméstico.

Apesar das dificuldades, houve casos de mulheres que administraram mercearias, lojas, quitandas etcétera Além disso, estima-se que quase metade das famílias nos centros urbanos era chefiada por mulheres no Brasil Colônia.

Também houve senhoras que se tornaram donatárias de capitanias. Entre elas, estavam Ana Pimentel e Brites Mendes de Albuquerque, que viveram no século dezesseis.

Ana Pimentel assumiu a administração da capitania de São Vicente em 1534, quando seu marido, Martim Afonso de Souza, deixou o Brasil e foi para Portugal ocupar o cargo de capitão-mor da armada da Índia. Como donatária, Ana Pimentel organizou o cultivo de laranja, arroz e trigo e introduziu a criação de gado em suas terras.

Brites Mendes de Albuquerque assumiu o governo da capitania de Pernambuco em 1554, após a morte de seu marido, Duarte Coelho Pereira. Nesse período, viviam cêrca de mil colonos e mil escravizados em Pernambuco, que era a capitania mais próspera do Brasil, com dezenas de engenhos.

Pintura. Em um ambiente doméstico, uma mulher de cabelos castanhos e lisos, presos em um coque alto, usando um vestido laranja e um xale azul, sentada sobre um banco, segurando uma tesoura em contato com um tecido. À sua frente, uma menina de cabelos castanhos e curtos, trajando um vestido branco, segurando uma folha de papel a frente de seu rosto. Ao redor, mulheres e crianças negras sentadas no chão. À esquerda, uma mulher com um vestido longo azul, vista de perfil, costurando; ao centro, duas crianças pequenas, na idade de engatinhar; à direita, uma outra mulher, com vestes simples, cabelos curtos, segurando um tecido branco e estreito com as duas mãos. Em pé, um rapaz, descalço, vestindo um macacão branco de alças sobre o peito desnudo e segurando uma bandeja com um recipiente.
Uma senhora de algumas posses em sua casa, pintura de Jãn Batiste Dêbret, 1823. A imagem que se cristalizou no imaginário da época foi a da mulher “do lar”, responsável pelos cuidados da casa e pela administração dos escravizados domésticos.

Governo-geral

Em vista do fracasso econômico da maioria das capitanias, a Coroa portuguesa decidiu ampliar o contrôle sobre sua colônia na América. Para isso, centralizou o poder político criando um governo-geral no Brasil, que existiu de 1548 a 1714. Assim, o governo-geral coexistiu com o sistema de capitanias hereditárias, que durou até 1759.

Os governadores-gerais enviados para o Brasil deviam incentivar a colonização das terras. Para isso, eles concentravam em suas mãos os poderes militar, administrativo, judiciário e eclesiástico. Foram encarregados de ajudar os donatários, defender a colônia dos ataques estrangeiros, incentivar a busca por metais preciosos, nomear padres para as igrejas e lutar contra os indígenas que resistissem à conquista.

Para exercer suas funções, os governadores-gerais contavam com auxiliares, como:

  • ouvidor-mor, responsável pela justiça;
  • provedor-mor, que cuidava de assuntos financeiros;
  • capitão-mor, responsável pela defesa da colônia.

Os governadores-gerais e seus funcionários também enfrentaram problemas, como as gigantescas distâncias e a dificuldade de comunicação entre as capitanias. Em documentos dessa época, os colonos relatam que era mais fácil receber notícias de Portugal do que de regiões do Brasil.

Aquarela. Paisagem de um rio cercando uma extensa porção de terra com densa vegetação e casebres construídos às margens.
Prospecto da nova povoação de Nossa Senhora da Conceição, situada na margem oriental do Rio Branco, na distância de oitenta e duas léguas de sua foz, aquarela de José Joaquim Freire, século dezoito. Esse povoado estava localizado no atual estado de Roraima. Apesar de as povoações às margens de rios poderem contar com o transporte fluvial, era pequeno o fluxo de embarcações, o que dificultava a comunicação.

Primeiros governadores-gerais

Os três primeiros governadores-gerais do Brasil foram Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá. Conheça alguns acontecimentos de seus governos.

Tomé de Souza governou de 1549 a 1553 e veio para o Brasil com mais de mil pessoas, incluindo os altos funcionários e os primeiros jesuítas, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega (1517-1570). Seu governo incentivou a produção açucareira e a pecuária. Também fundou a cidade de Salvador (1549), que se tornou a primeira capital do Brasil. Salvador só deixou de ser a capital colonial em 1763 e continua a ser uma das mais importantes cidades do país até os nossos dias.

Pintura. Um homem visto de frente, com uma densa barba, bigode e cabelos castanhos, vestindo um casaco de golas altas e brancas e um chapéu com plumas brancas e vermelhas no topo.
Tomé de Souza, pintura de Manoel Vítor Filho, década de 1960.

Duarte da Costa governou de 1553 a 1558 e veio acompanhado de colonos e jesuítas. Um desses jesuítas foi o padre José de Anchieta (1534-1597), que participou da fundação do Colégio de São Paulo em 1554. Mais tarde, em torno desse local, desenvolveu-se a cidade de São Paulo. Durante o governo de Duarte da Costa, os franceses aliaram-se aos Tupinambá e invadiram a Baía de Guanabara, no atual estado do Rio de Janeiro, onde fundaram um povoamento chamado França Antártica em 1555.

Mem de Sá ficou no cargo por 14 anos, de 1558 a 1572. Durante seu governo, os franceses foram expulsos da Baía de Guanabara e ocorreram intensos combates contra os indígenas que resistiram à colonização. Nessas lutas, Mem de Sá contou com a ajuda de seu sobrinho Estácio de Sá, que é considerado um dos fundadores da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

A partir de 1621, o Reino Português adotou outra divisão administrativa para a colônia brasileira. Além do Estado do Brasil, cuja séde era Salvador, criou o Estado do Maranhão, cuja capital era São Luís. Posteriormente, em 1751, o Estado do Maranhão passou a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão, com séde em Belém.

Fotografia. Vista de uma praça com algumas barracas montadas expondo produtos, e ao fundo, casas lado a lado, com paredes de cores variadas e janelas por toda a fachada.
Praça da Sé, em Salvador, Bahia. Fotografia de 2019. Localizada no centro histórico da cidade, a praça abriga construções do período colonial.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica. Livro

dica livro

NUNES, Antonieta daguiár. Salvador: a primeira capital do Brasil. São Paulo: Cortez, 2007. (Coleção Nossa capital).

O livro traz uma breve história da cidade de Salvador e dos personagens que dela fizeram parte: indígenas, jesuítas, africanos etcétera

Confederação dos Tamoios

No sudeste do Brasil, povos indígenas se uniram para combater os colonizadores portugueses. Participaram dessa união os Tupinambá, os Carijó, os Guayaná e os Tupiniquim. A aliança foi chamada de Confederação dos Tamoios. Na língua Tupi, tamoio significa “nativos, os mais velhos do lugar”.

Durante o governo de Mem de Sá, os tamoios lutaram contra a invasão de suas terras e a escravidão imposta pelos colonizadores. Apesar de vencerem algumas batalhas, os indígenas foram afetados por uma epidemia de varíola e estavam em desvantagem militar.

O governo de Mem de Sá foi considerado um dos mais violentos do Brasil Colônia em relação aos povos indígenas. Nesse contexto, a Confederação dos Tamoios foi o primeiro grande movimento de resistência contando com o apoio dos franceses que estavam no Brasil. Ao final, os portugueses venceram a resistência dos nativos. Calcula-se que essa rebelião terminou com cêrca de 2 mil indígenas mortos e 4 mil escravizados.

Gravura. Uma porção de terra banhada por águas e com caminhos fluviais pelo interior. Pela terra, nota-se indígenas portando arcos e flechas, fogueiras e florestas. Há também redomas cercadas, contendo homens vestindo armaduras e portando armas de fogo. Sobre os rios há embarcações contendo vários homens portando armas.
Cerco a Igarassu, gravura de têodóre de bri, século dezesseis. A gravura mostra portugueses atacando um assentamento indígena (na parte superior) enquanto indígenas revidam o ataque.

Câmaras municipais

As câmaras municipais eram importantes órgãos de governo de vilas e cidades do Brasil Colônia. A primeira delas foi instalada na Vila de São Vicente.

As atuais câmaras municipais têm como principal função elaborar as leis do município e fiscalizar as atividades do prefeito. No período colonial, as câmaras tinham funções mais amplas, como cuidar da defesa militar, dos transportes, da limpeza, da cobrança dos impostos e do cumprimento das leis. Além disso, as câmaras podiam autorizar lutas contra os indígenas que resistiam à dominação, administravam a construção de novos povoados e definiam preços dos produtos.

Algumas câmaras concentraram muito poder, conseguindo se contrapor ao poder central. Inclusive, em muitas localidades elas eram o único órgão de governo que existia.

Em geral, as câmaras eram controladas pelos grandes proprietários da região, que exerciam o cargo de vereadores e eram conhecidos como homens-bons. Esse termo não quer dizer que eles eram bondosos, mas, sim, que se distinguiam dos demais grupos sociais. Na época, era considerado homem-bom quem tivesse:

  • “sangue puro” – expressão que os cristãos usavam à época para se referir àqueles que não possuíam parentes judeus, muçulmanos ou negros;
  • boa linhagem – significava pertencer a uma família rica e com alguma condição de nobreza;
  • atividades de prestígio – significava não exercer trabalhos considerados rústicos.

Portanto, as exigências para ser um homem-bom impediam que a maioria da população tivesse acesso ao poder político. Essas exigências discriminavam as pessoas por gênero, religião, cor, riqueza e ocupação profissional.

Fotografia. Fachada de uma casa de paredes brancas, janelas e porta azuis, e um telhado triangular, com algumas árvores ao redor.
Antiga cadeia e câmara municipal de Itanhaém, São Paulo. Fotografia de 2018. A construção foi erguida no século dezesseis e hoje abriga o Museu Conceição de Itanhaém.
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para pensar

Em sua avaliação, existe discriminação social hoje em dia? O que mudou e o que permaneceu em relação ao passado? O que podemos fazer para combater o preconceito social?

Igreja Católica e vida colonial

A Igreja Católica teve um papel muito importante na colonização do Brasil. Na época, o catolicismo era a religião oficial do Reino de Portugal. Isso significava que as pessoas submetidas à vontade do rei, isto é, os súditos desse reino, deveriam, obrigatoriamente, ser católicos. Do contrário, poderiam sofrer perseguições.

Além disso, havia um acordo entre a Igreja Católica e o Reino de Portugal. Esse acordo, chamado padroado, determinava os deveres e os direitos da Coroa em relação à Igreja. Na Espanha e na América espanhola também havia um acordo semelhante, que era chamado, em espanhol, patronato.

Conheça os principais pontos desse acordo.

Deveres da Coroa

Direitos da Coroa

• Promover a expansão do catolicismo em todas as terras conquistadas pelos portugueses.
• Construir templos e cuidar de sua conservação.
• Remunerar os sacerdotes pelo seu trabalho religioso.

• Nomear bispos e indicar a criação de dioceses (região administrada pelo bispo).
• Recolher o
dízimo (a décima parte dos ganhos) pago pelos fiéis da Igreja Católica.

Fotografia. Vista da fachada de uma igreja, com paredes e vigas verticais brancas, um pátio cercado e um telhado superior. Há uma entrada central retangular, e sobre a construção, uma cruz no topo.
Capela de São Miguel, que ficava no centro de um aldeamento cuja área corresponde hoje ao bairro de São Miguel Paulista, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2016. No século dezessete, em São Paulo, só os nativos que viviam nos aldeamentos passaram a ser chamados "índios". Os que continuavam a viver em suas aldeias eram chamados “negros da terra.

Estrutura da Igreja Católica

Os sacerdotes da Igreja Católica dividiam-se em clero secular (sacerdotes que viviam fóra dos mosteiros e conventos) e clero regular (sacerdotes que pertenciam às ordens religiosas).

Os franciscanos, os beneditinos, os carmelitas e os jesuítas pertenciam a ordens religiosas que vieram da Europa para as Américas portuguesa (Brasil) e espanhola com a tarefa de evangelizar e educar indígenas e colonos dentro da doutrina católica.

Ao longo do tempo, essas ordens espalharam-se pelo território, e escolas religiosas foram fundadas nas principais vilas e cidades. As ordens também acumularam grande patrimônio econômico, formado por engenhos, fazendas de gado, imóveis urbanos etcétera

Muitos indígenas foram dizimados no litoral e, por isso, os movimentos missionários avançaram para o interior da colônia a fim de catequizar novos nativos. Em relação aos negros escravizados que trabalhavam nos engenhos, praticamente nenhuma autoridade católica lutou contra sua escravização.

Gravura. Uma paisagem com destaque para um grupo de indígenas rodeando um homem de cabelos grisalhos, vestindo uma longa túnica e um chapéu com aba, ambos pretos. Ele segura uma bengala com uma das mãos, apoiada sobre o chão em uma das extremidades. Alguns homens indígenas exercem diferentes atividades, à direita, dois deles seguram picaretas contra o solo, e ao fundo outros dois seguram troncos de árvores sobre os ombros. Há pequenas casas por toda a paisagem, cercadas de exuberante e variada vegetação e morros.
Aldeia de tapuias, gravura de iôrram mórritis ruguendás, 1835. Observe na litografia a presença do religioso católico em meio aos indígenas.

A presença da Igreja Católica

Em vários momentos, ocorreram conflitos entre sacerdotes católicos, colonos e autoridades da Coroa. Existiam conflitos sobre a fórma de administrar o trabalho dos indígenas e de controlar suas terras. No entanto, de modo geral, a Igreja Católica e o Estado português atuavam em sintonia.

Havia uma divisão das tarefas entre o Estado e a Igreja. Cabia ao Estado administrar a colônia e decidir, por exemplo, as fórmas de ocupação, povoamento, produção econômica etcétera Os sacerdotes da Igreja tinham a tarefa de ensinar a obediência a Deus e ao rei.

As atividades religiosas faziam parte do cotidiano da população. Nas igrejas ocorriam cerimônias que marcavam a vida das pessoas desde o nascimento até a morte, como batismo, casamento e missas rezadas pelos falecidos. Além disso, a Igreja Católica organizava os momentos festivos da comunidade, como quermesses, procissões e celebrações de Páscoa, córpus crísti, Natal etcétera

Durante as missas, o sermãoglossário do padre servia também para divulgar informações sobre a vida na comunidade. Por tudo isso, a paróquia tornou-se quase uma unidade administrativa do governo local, sendo responsável pela emissão de uma série de registros públicos, como certidões de nascimento, casamento e óbito.

Fotografia. Imagem de uma construção em ruínas, com uma estrada central cercada por muros de pedras, em direção a torres e cômodos com ação do tempo, paredes esburacadas, e ausência de um teto.
Ruínas da Missão Jesuítica de Santíssima Trindade do Paraná, Paraguai. Fotografia de 2018. Os jesuítas criaram missões e atuaram nas Américas portuguesa e espanhola com o intuito de evangelizar os indígenas e propagar a fé cristã.
Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

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para pensar

Em sua opinião, as religiões atuais são tão influentes quanto foram no passado? Debata esse tema com os colegas.

Inquisição colonial

A Inquisição católica funcionou de fórmas diferentes na América espanhola e na América portuguesa.

Os espanhóis criaram tribunais da Inquisição na América, sendo o primeiro deles estabelecido em Lima, no Peru, em 1570. Posteriormente, outros dois tribunais foram instalados: no México (1571) e em Nova Granada (1610).

Já os portugueses não criaram tribunais da Inquisição no Brasil. Eles enviaram representantes da Inquisição portuguesa para a América. A atuação desses representantes era chamada de visitação. As últimas visitações ocorreram em Pernambuco e na Bahia (1591 e 1618), no sul da colônia (1605 e 1627) e no Grão-Pará (1769).

Em diversas regiões do Brasil, a Inquisição portuguesa montou uma rede de denunciantes, que, com a ajuda de sacerdotes, enviava os suspeitos para responderem a processos no Tribunal do Santo Ofícioglossário de Lisboa. As penas variavam conforme a gravidade da acusação. Os acusados podiam ser punidos com doutrinação (missas, peregrinações), perda dos bens, degredoglossário ou morte.

Os principais alvos das Inquisições espanhola e portuguesa foram os judeus, cristãos-novosglossário , protestantes e indígenas que insistiam em manter suas crenças originais. Além disso, foram perseguidos homossexuais e pessoas acusadas de heresia, isto é, de praticar atos que ofendiam a doutrina católica.

Gravura. Uma longa fila curva, formada por diferentes pessoas, portando objetos como cruzes e crucifixos, bandeiras e hastes. A fila é direcionada para a entrada de uma construção ao fundo, com quatro torres, duas frontais e duas traseiras, com paredes brancas e janelas quadradas distribuídas por todas as fachadas.
Procissão de auto de fé das pessoas consideradas culpadas pelo Tribunal do Santo Ofício, em Lisboa, em gravura de autoria desconhecida, séculos dezessete e dezoito Nos autos de fé, pessoas consideradas culpadas pela Inquisição eram punidas publicamente.
Gravura. Uma longa fila curva, formada por diferentes pessoas, portando objetos como cruzes e crucifixos, bandeiras e hastes. A fila é direcionada para a entrada de uma construção ao fundo, com quatro torres, duas frontais e duas traseiras, com paredes brancas e janelas quadradas distribuídas por todas as fachadas.
Execução de condenados pela Inquisição em Portugal representada em gravura de autor desconhecido, 1760. Os acusados no Brasil eram levados para Portugal e julgados pelo Tribunal do Santo Ofício de Lisboa.

OUTRAS HISTÓRIAS

Círio de Nazaré

No século dezessete, os jesuítas introduziram no Brasil o culto à Nossa Senhora de Nazaré, que no catolicismo é um dos nomes dados à mãe de Jesus Cristo. Atualmente, a maior manifestação desse culto no país é o Círio de Nazaré, uma celebração que reúne uma diversidade de pessoas com diferentes crenças, sendo realizada anualmente no Pará há mais de dois séculos. O Círio foi declarado patrimônio imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco).

A palavra círio vem do latim cerêus, que significa vela de cera. É uma referência às velas de cera que os fiéis utilizam para homenagear Nossa Senhora de Nazaré. Durante a celebração, autoridades e fiéis conduzem a imagem da santa nas diversas procissões que compõem o Círio. A procissão principal já chegou a reunir mais de duas milhões de pessoas.

Além das tradições religiosas, aos poucos o Círio de Nazaré foi incorporando festas, feiras, comidas e apresentações artísticas. O almoço do Círio, por exemplo, tem dois pratos tradicionais: a maniçoba e o pato no tucupi, ambos de origem indígena. Além do almoço, também se tornou tradicional a feira de brinquedos feitos de miriti, uma palmeira da região amazônica.

Em muitas dessas tradições, o aspecto religioso se confundiu com o não religioso, e a devoção à santa ganhou histórias e símbolos de origem africana e indígena.

Fotografia. Multidão de pessoas lado a lado, com destaque para a estátua de uma mulher vestindo um longo manto dourado, no interior de um altar dourado com proteções de vidro, cercado de rosas vermelhas e flores brancas.
Procissão principal do Círio de Nazaré realizada em Barcarena, no Pará, com destaque para a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Fotografia de 2021.
Fotografia. Três barquinhos de brinquedo, lado a lado, com cascos brancos e detalhes coloridos. À frente há uma janela e uma entrada em cada barquinho.
Barquinhos de miriti vendidos durante feira de brinquedos de Abaetetuba, Pará, que acontece há mais de um século durante o Círio de Nazaré. Fotografia de 2021.

Responda no caderno

Atividades

  1. O Círio de Nazaré é celebrado apenas por seguidores do catolicismo? Explique.
  2. Existem festas tradicionais em sua região? Quais? Você participa delas?

Religiosidades coloniais

Já estudamos que a Igreja Católica tinha uma presença marcante em vários aspectos da vida social no Brasil Colônia. No entanto, parte da população também praticava religiões diferentes do catolicismo oficial. Com isso, surgiram religiosidades populares que misturavam crenças católicas com crenças de origem indígena e africana.

Religiões africanas

A religião é um aspecto fundamental das culturas africanas que não foi apagado pela violência da escravidão. Após viagens longas e cruéis, escravizados de diferentes povos conviveram entre si e recriaram seus modos de vida. Aqui, mesclaram suas crenças e criaram religiões afro-brasileiras como o tambor de mina maranhense, o xangô pernambucano, o candomblé baiano e o batuque gaúcho.

O candomblé, por exemplo, possui um conjunto de divindades chamadas orixás. Entre os orixás, destacam-se Ogum (ligado à metalurgia e à agricultura), Oxum (ligada à água doce e à beleza) e Iemanjá (ligada à maternidade e à água). Para essa religião, os orixás têm comportamentos semelhantes aos dos seres humanos, podendo oscilar entre a bondade e a raiva.

Fotografia. Destaque para várias pessoas sobre uma rua, trajando vestimentas de cor branca, e algumas com colares e turbantes ao redor de suas cabeças. Estão ao redor de uma estátua, em primeiro plano, de uma mulher de longos cabelos escuros, vestindo uma túnica azul claro com detalhes dourados. A estátua está cercada por rosas brancas, amarelas e vermelhas.
Candomblecistas fazem oferendas durante a Festa de Iemanjá em praia do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2022.

Religiões afro-brasileiras no passado e no futuro

No Brasil Colônia, as religiões afro-brasileiras foram perseguidas pelo Estado e pela Igreja Católica, que consideravam suas cerimônias manifestações de pecado, idolatria e feitiçaria. Apesar de reprimidas, essas religiões conseguiram preservar suas tradições.

Atualmente, as religiões afro-brasileiras reúnem milhares de seguidores de diferentes grupos sociais. Além disso, seus ritos e divindades inspiraram escritores, como Jorge Amado; pintores, como Djanira; e escultores, como Mestre Didi.

Pintura. Três mulheres, lado a lado, e nas extremidades, dois homens com suas mãos em tambores. À esquerda, uma mulher trajando um vestido branco com caimento vermelho, colares ao redor do pescoço e do peito, com um pingente de sereia, e um chapéu com véu caindo sobre seu rosto. Ao centro, uma mulher trajando um longo vestido branco e um chapéu com véu caindo sobre seu rosto, portando com uma das mãos um cetro vertical azul claro, que tem três discos ao redor e um pássaro na ponta. À direita, uma mulher trajando um longo vestido branco com detalhes dourados. Ela segura um objeto circular por um cabo vertical, e tem um chapéu circular sobre sua cabeça, com duas faixas laterais de tecido amarelo caindo pelo seu corpo.
Três orixás, pintura de Djanira da Motta e Silva, 1966. Na obra, observam-se elementos da religiosidade afro-brasileira.
Escultura. Um manto de palha pende do topo da cabeça até às extremidades da figura representada. A estrutura de seu corpo é feita de palha, disposta em posição vertical. Ao redor, dando sustentação, couro pintado nas cores azul, vermelho, preto, amarelo e amarelo claro, enfeitado com búzios e miçangas, distribuído da base à região superior. No topo da escultura, representação de um rosto, de uma pessoa negra, com destaque para olhos e boca.
sasára áti áso áilo, escultura do Mestre Didi, 1960, feita em couro pintado, com palha da costa, búzios e miçangas sobre nervura de palmeira.

Religiões indígenas

Na época colonial, os indígenas que conseguiram evitar o contato com os portugueses mantiveram suas religiões. Já os que conviveram com os colonos criaram novas expressões religiosas. As mais comuns foram as santidades.

Santidade foi o nome dado pelos jesuítas a uma cerimônia tradicional dos Tupi que combinava aspectos da crença indígena – por exemplo, no paraíso terrestre – com elementos do catolicismo – como a celebração de santos e de Maria, rezas utilizando o terço católico, nomes da hierarquia católica (“papa”, “bispo”, “missionário”) etcétera

Na celebração dos cultos da santidade, um caraíba (sacerdote Tupi) conduzia o transe dos indígenas e os instruía a fazer a guerra contra seus inimigos ou a migrar para outras terras.

O movimento de rebeldia mais conhecido ligado à santidade Tupi ocorreu em Jaguaripe, na Bahia, na década de 1580. Para os colonos portugueses, “santidade Tupi” virou sinônimo de “ajuntamento de indígenas rebeldes”.

Estado e tolerância religiosa

A separação entre religião e Estado é uma característica de muitas sociedades contemporâneas. Essa separação dá origem ao Estado laico. No entanto, Estado laico não significa nação de ateus. No Brasil, por exemplo, as pesquisas demonstram que a maioria da população (mais de 90%) acredita em Deus e se identifica com alguma religião.

Após a independência do Brasil (1822), nossa primeira Constituição (1824) declarava que o catolicismo era a religião do império. Posteriormente, com a proclamação da república (1889), o Brasil tornou-se um Estado laico, isto é, a administração pública foi proibida de apoiar ou discriminar qualquer religião ou crença.

Nos Estados laicos não é adotada uma religião oficial, a tolerância religiosa deve ser garantida, e os cidadãos são livres para praticar sua religião e devem respeitar as crenças diferentes da sua.

Fotografia. Uma multidão de pessoas sobre uma via pavimentada, todos vestindo camisetas brancas, segurando uma larga faixa com o texto: 'Contra a intolerância! Pela liberdade religiosa'.
Caminhada realizada na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, quando católicos, evangélicos, muçulmanos, candomblecistas, judeus e adeptos de outras crenças se uniram em defesa da tolerância religiosa. Fotografia de 2019.
Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Cite exemplos de tolerância e de intolerância religiosa nos dias atuais. Podem ser exemplos retirados de seu dia a dia ou de notícias com que você tenha se deparado em sites, revistas, jornais ou TV.
  2. Como a intolerância pode ser combatida? Converse com os colegas e formule algumas sugestões.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. Que motivos impulsionaram a Coroa portuguesa a colonizar efetivamente o Brasil? Cite, pelo menos, dois exemplos.
  2. Em seu caderno, relacione as palavras a seguir com suas definições.
    1. Capitania hereditária.
    2. Padroado.
    3. Câmara municipal.
    4. Governo-geral.
    1. fórma de centralização do poder instituída pela Coroa portuguesa para administrar a colonização do Brasil.
    2. Órgão de governo das vilas e cidades do Brasil colonial que tinha funções como cuidar da defesa militar, da cobrança de impostos e do cumprimento das leis.
    3. Grande lote de terra entregue a um capitão donatário, que detinha sua posse e transmitia aos seus herdeiros os direitos sobre ele.
    4. Acordo estabelecido entre a Igreja Católica e o Reino de Portugal em que eram determinados os deveres da Coroa de construir templos religiosos e remunerar sacerdotes e, em contrapartida, os direitos de nomear bispos e receber dízimos.
  3. Em grupos, elaborem um mapa temático representando os principais centros de poder de sua cidade. Pensem em centros de poder político, econômico e cultural. Ao construir os mapas, criem um título, elaborem legendas e indiquem a localização e as funções dos centros de poder. Após coletarem dados, vocês podem identificar, por exemplo:
    • órgãos do poder Executivo (prefeitura, polícia), Legislativo (câmara municipal) e Judiciário (fórum);
    • empresas que concentram as principais atividades econômicas da região (comércio, serviços, indústria, agricultura);
    • órgãos difusores de cultura (museus, cinemas, teatros, bibliotecas, rádios, jornais, emissoras de televisão etc.);
    • centros alternativos ao poder oficial (pontos de encontro da população, praças, feiras de trocas etc.).

Apresentem aos outros grupos o mapa temático que vocês elaboraram. Que semelhanças e diferenças vocês observam entre os mapas?

4. Em dupla, elaborem uma pesquisa sobre a câmara municipal do município em que vocês vivem.

  1. Pesquisem informações para responder às seguintes questões:
    • quantos vereadores compõem a câmara municipal do município?
    • de quanto tempo é o mandato dos vereadores?
    • que tipo de trabalho os vereadores realizam?
    • quais projetos de lei foram aprovados recentemente?
  1. Entrevistem pessoas de seu convívio e perguntem:
    • como você avalia o trabalho dos vereadores?
    • que projeto você gostaria que fosse votado na câmara do município?

c. Apresentem os resultados da pesquisa aos colegas.

Interpretar texto e imagem

5. Leia o texto a seguir sobre a introdução do catolicismo no Brasil colonial e, depois, responda às questões.

“No Brasil, desde os primeiros momentos da atividade missionária, muitos jesuítas demonstraram seu espanto com a nudez, o canibalismo e a estranha religiosidade indígena, por vezes associada à feitiçaria, mas não deixaram de registrar a decadência moral do clero secular encontrado no além-mar. Escrevendo de Pernambuco em 1551, Nóbrega comparava os costumes dos religiosos àqueles dos demais pecadores da colônia: reticências Antônio Vieira, quando chegou ao Maranhão, em 1653, só encontrou dois padres, ‘pouco instruídos e sem zêlo religioso’. reticências A falta de preparo e a insuficiência de padres no Brasil deveram-se, em grande parte, à fragilidade da estrutura eclesiástica montada pela Coroa portuguesa.”

CAPITANIAS hereditárias. In: VAINFAS, Ronaldo direção Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. página 93.

  1. Que aspectos da cultura indígena espantaram os missionários?
  2. Quais críticas Antônio Vieira fez ao clero secular da colônia?
  3. Como era a estrutura eclesiástica colonial? Ela era sólida ou frágil?

integrar com Arte

6. Analise a obra a seguir do pintor Benedito calísto e, depois, responda às questões.

Pintura. Representação de uma paisagem natural, com densa vegetação e um território banhado por águas, sobre as quais estão embarcações e navios. Em terra, há homens indígenas, cabanas, e homens vestindo armaduras, portando espadas. À direita, próximos às árvores, alguns indígenas estão em pé, outros permanecem sentados, em posição descontraída. Em segundo plano, ao  centro, diversas pessoas. Algumas vestindo armaduras, outras com casacos e calças de diferentes cores. Entre elas, destaque para um grupo de homens, em círculo, um de frente para o outro.
Fundação de São Vicente, pintura de Benedito calísto, 1900.
  1. Que acontecimento histórico foi representado na pintura?
  2. Descreva a paisagem e os personagens representados.
  3. Em sua interpretação, a cena apresenta algum confronto entre os personagens?

Glossário

Sermão
: discurso religioso feito pelo padre; pregação.
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Tribunal do Santo Ofício
: sinônimo de Tribunal da Inquisição.
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Degredo
: afastamento forçado do sujeito de sua moradia; exílio.
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Cristãos-novos
: judeus (e seus descendentes) que, em 1497, foram obrigados a se converter ao catolicismo em Portugal. Na Espanha aconteceu um processo semelhante: os judeus convertidos à fôrça ao catolicismo eram conhecidos como marranos.
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