UNIDADE 1 CONSTRUÇÃO DA MODERNIDADE
CAPÍTULO 1 ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO
Quase todas as pessoas vivem em um Estado nacional. Atualmente, existem 193 Estados que integram a Organização das Nações Unidas ( ônu). Cada um deles possui governo próprio, fronteiras definidas, língua oficial e um conjunto de leis. Porém, nem sempre foi assim. Na Europa, por exemplo, antes do século onze, não existiam Estados nacionais.
A seguir, vamos estudar a formação dos Estados nacionais europeus e seus desdobramentos. Um desses desdobramentos foi o absolutismo.
responda oralmente
para começar
Pense nos sentidos da palavra “absoluto”. Com base nisso, o que você acha que significa governar de fórma absoluta? Comente.
Orientações e sugestões didáticas
Habilidades da Bê êne cê cê
- ê éfe zero sete agá ih zero um
- ê éfe zero sete agá ih zero sete
- ê éfe zero sete agá ih um sete
Objetivos do capítulo
Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, o absolutismo e o mercantilismo, e de assuntos correlatos, como o significado de “modernidade”; os processos de formação e consolidação das monarquias portuguesa, espanhola, francesa e inglesa; o conceito de absolutismo e seus principais teóricos; características do mercantilismo; razões pelas quais ocorreu a passagem do capitalismo comercial para o industrial.
- Debater a noção de modernidade, investigando as transformações ocorridas nos primeiros séculos da Idade Moderna.
- Explicar o processo de formação dos Estados nacionais modernos por meio dos exemplos de Portugal, Espanha, França e Inglaterra.
- Conceituar o absolutismo, destacando seus teóricos mais influentes.
- Especificar as características do absolutismo por meio dos casos da França e da Inglaterra.
- Definir o mercantilismo e apresentar suas principais características.
Para começar
Depois de ouvir as respostas dos estudantes, explique que a palavra “absoluto” significa “total, pleno, sem limites”. Dessa palavra originou-se o termo “absolutismo”, expressão criada no século dezoito para criticar o excesso de poder dos reis e os privilégios de grupos sociais ligados à monarquia durante a Idade Moderna.
Alerta ao professor
Nesta abertura de capítulo, o boxe “Para começar” contribui para o desenvolvimento da competência cê gê dois.
Modernidade
Nos dias atuais, a palavra “moderno” é utilizada para se referir a algo novo ou recente. Mas observe que nem tudo que é considerado novidade é, de fato, algo novo. Às vezes, por exemplo, é lançado um produto que retoma um design antigo. Nesse sentido, há um provérbio latino que diz “ nôn nóva, sêdi nóve” (em português, “não coisas novas, mas de maneira nova”).
O processo histórico, em todas as épocas, é marcado por continuidades e mudanças, permanências e rupturas. Isso também ocorreu com a chamada Idade Moderna que, apesar do nome, preservou diversos elementos culturais dos períodos anteriores e a eles acrescentou suas inovações.
Mas, afinal, o que significa Idade Moderna? Segundo a periodização tradicional, Idade Moderna é o momento da história europeia que vai do século quinze ao século dezoito. E o que podemos entender por “modernidade”? Esse termo pode ser utilizado para se referir a eventos variados que ocorreram desde o século quinze até os dias atuais.
Transformações na Idade Moderna
A modernidade europeia foi um processo longo caracterizado pelo desenvolvimento do capitalismo, que impulsionou a disputa por mercados, a concorrência entre produtores e a busca permanente por lucros. Nesse período, a burguesia obteve mais importância social. Com a burguesia, ganharam fôrça o espírito de competição, o individualismo e a ambição sistemática pela conquista material. A seguir, indicamos alguns marcos desse período.
- Renascimento – renovações nas artes, ciências e tecnologias, impulsionadas pelo humanismo.
- Reformas religiosas – rupturas na cristandade que abalaram a autoridade da Igreja Católica e deram origem a novas Igrejas cristãs.
- Estado moderno – fortalecimento do poder dos reis. Esse processo de centralização política contribuiu para o surgimento dos Estados nacionais.
- Grandes Navegações – a expansão marítima e a conquista da América ampliaram os limites do mundo conhecido pelos europeus.
Neste capítulo, vamos estudar a formação das monarquias nacionais e o absolutismo, com destaque para os casos de Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Nos próximos capítulos, trataremos do humanismo, do Renascimento, das reformas religiosas e das Grandes Navegações.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Modernidade” contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá dois, bem como da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero um, ao explicar o significado de “modernidade” e suas lógicas de inclusão e exclusão com base em uma concepção europeia.
Orientação didática
Alguns eventos mencionados neste capítulo ocorreram na Idade Média, como a formação de Portugal, mas seus impactos reverberaram no período moderno. Nesse sentido, vale discutir quais são os critérios que separam as continuidades e rupturas históricas. Esse exercício evidencia as dificuldades do ofício do historiador e do estabelecimento de uma periodização.
Fortalecimento dos reinos
Durante o período medieval, havia na Europa uma fragmentação do poder político. No início dos tempos modernos, porém, essa situação começou a mudar: alguns reis europeus ampliaram seu poder e fundaram monarquias que deram origem a Estados nacionais. Com essa centralização política, desenvolveu-se a noção de soberania, que consiste no poder que o governante tem de fazer valer suas decisões dentro do seu território. Nas monarquias nacionais, os reis tornaram-se soberanos e os habitantes tornaram-se súditos.
Em geral, os Estados nacionais dispunham de:
- tropas permanentes – fôrças militares próprias, como o Exército e a Marinha;
- servidores do governo – funcionários que trabalhavam nos vários setores da administração e diplomatas que defendiam os interesses do governo diante de Estados estrangeiros;
- leis e tributos – eram vigentes em todo o reino, mas não eram aplicados a todos igualmente. Os membros da nobreza e do clero, por exemplo, tinham privilégios como o não pagamento de tributos. Além disso, as leis costumavam ser mais duras com o povo e mais amenas com os nobres;
- unificação de pesos, medidas e moeda – a uniformização de pesos, medidas e moedas facilitou o comércio dentro dos Estados nacionais;
- fronteiras definidas – demarcação do território onde o governo do Estado exercia sua soberania;
- idioma oficial – língua adotada por um reino para facilitar a comunicação internamente e para construir uma identidade cultural.
O processo de centralização e fortalecimento do poder dos reis foi marcado por conflitos e negociações. Enquanto alguns grupos sociais (a nobreza e o clero) temiam que os reis interferissem muito em seus domínios, outros (como a burguesia) acreditavam que um governo centralizado poderia melhorar seus negócios com a adoção, por exemplo, de medidas em benefício do comércio.
A centralização política ocorreu em momentos diferentes nos reinos europeus. Em Portugal, por exemplo, teve início no século doze; na Espanha, na Inglaterra e na França, esse processo se intensificou a partir do século quinze; e, na Alemanha e na Itália, a centralização política se consolidou apenas no século dezenove.
responda oralmente
para pensar
Você sabe quais países adotam a monarquia como fórma de governo atualmente? Dê exemplos.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Fortalecimento dos reinos” e seus subitens favorecem o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero sete, ao descrever os processos de formação e consolidação das monarquias e suas principais características com vistas à compreensão das razões da centralização política, com destaque para Portugal, Espanha, França e Inglaterra.
Orientação didática
A expressão “servidores do governo” é sinônima de burocracia, ou seja, do conjunto de servidores públicos. Se julgar conveniente, promova uma discussão sobre o quanto a palavra “burocracia” é estigmatizada, sendo por vezes considerada como abuso do Estado, excesso de exigências de documentos e obrigações impostas aos cidadãos ou, então, como sinônimo de funcionários públicos que trabalham pouco. Procure lembrar aos estudantes que professores e médicos de escolas e hospitais públicos, por exemplo, são parte do conjunto de funcionários do Estado chamado de burocracia.
Para pensar
Depois de ouvir os estudantes, comente que há cêrca de 44 monarquias no mundo atual. Essas monarquias podem adotar sistemas políticos diferentes, como o constitucionalismo e o absolutismo. Entre as monarquias constitucionais, destacamos as do Reino Unido, da Bélgica, da Noruega, do Japão e da Espanha. Entre as monarquias absolutistas, destacamos as instituídas na Arábia Saudita, em Omã e no Catar.
Reinos ibéricos
Desde a época do Império Romano e da formação dos reinos germânicos, a Penínsulaglossário Ibérica (onde hoje se situam Portugal e Espanha) recebeu forte influência cristã. Porém, em virtude da ocupação de boa parte da região por muçulmanos vindos do norte da África entre os séculos oito e quinze, muitos cristãos se deslocaram para o norte da península e ali formaram reinos como Leão, Castela, Navarra e Aragão.
Nesse período de mais de 700 anos, cristãos e muçulmanos viveram épocas de luta e de paz, o que possibilitou trocas culturais entre eles. Ainda hoje é possível notar as marcas desse intercâmbio nas sociedades portuguesa e espanhola. A influência muçulmana pode ser identificada, por exemplo, na alimentação, no modo de vestir, na arquitetura, na música e nas palavras de origem árabe que fazem parte dos idiomas português e espanhol.
Formação de Portugal
Na Europa, Portugal foi pioneiro na formação de um Estado centralizado, e esse processo esteve relacionado às lutas entre cristãos e muçulmanos pelo contrôle da Península Ibérica. Para os cristãos, essas lutas foram chamadas de Reconquista.
Durante esse processo, os reinos de Leão e Castela contaram com a ajuda de nobres cristãos, como dom Henrique de Borgonha, de origem francesa. Em troca do apoio oferecido por Henrique e seus comandados a esses reinos, ele recebeu as terras do Condadoglossário Portucalense em 1096. Assim, Henrique tornou-se vassalo (nobre com dever de obediência e fidelidade) do rei de Leão e de Castela.
Formação de Portugal (séculos onze a quinze)
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Durante o período moderno, difundiu-se um mito que associava a independência de Portugal ao milagre de Ourique. Segundo esse mito, Afonso Henriques havia adormecido sobre o Livro Sagrado quando, em sonho, um ancião o visitou para anunciar que Jesus Cristo daria a vitória aos portugueses nos campos de Ourique e que haveria um sinal disso pela manhã.
Na manhã seguinte, Afonso Henriques ouviu um som estrondoso e viu um forte clarão no céu que desenhava a imagem de Cristo pregado à cruz. Cristo teria, então, garantido a vitória ao povo português e apenas exigido, em retorno, que Afonso Henriques criasse um reino cuja missão seria defender a fé cristã e levar a Verdade aos povos de todo o mundo.
Cabe observar como essa narrativa foi fundamental em vários momentos da história moderna de Portugal, sendo argumento, por exemplo, para a expansão marítima, o genocídio dos povos da América e as lutas de portugueses que defendiam a dinastia dos Bragança em oposição ao domínio dos Filipes durante a chamada União Ibérica. O milagre de Ourique consagraria, portanto, o destino profético e a missão dos portugueses pelo mundo como representantes legítimos da fé católica.
Outras indicações
• LIMA, Luís Filipe Silvério. Imagens e figuras de um rei sonhador: representações do milagre de Ourique e do juramento de Afonso Henriques no século dezessete. História, São Paulo, volume 26, número 2, página 311-339, 2007. Disponível em: https://oeds.link/h0QQbl. Acesso em: 14 março 2022.
Artigo que analisa representações iconográficas do milagre do Ourique, lenda relacionada à independência de Portugal.
Posteriormente, Henrique transmitiu o Condado Portucalense a seu filho Afonso Henriques. Afonso e seus aliados lutaram pela independência do condado em relação ao Reino de Leão. A independência ocorreu em 1139 e Afonso Henriques tornou-se o primeiro rei de Portugal.
Com a independência de Portugal, a família Borgonha formou uma dinastiaglossário , ampliou seu território e governou por mais de 200 anos. Durante esse período, soldados portugueses continuaram a lutar contra os muçulmanos na Península Ibérica.
A formação do território português, do modo como ele existe atualmente, se completou em 1249, com a conquista do Algarve (sul do território), então sob o domínio dos muçulmanos. Terminadas as guerras, no século treze, os reis e funcionários do governo organizaram, mais efetivamente, a estrutura administrativa do Estado português.
Revolução de Avis
Em 1383, dom Fernando primeiro, último rei da dinastia de Borgonha, morreu sem deixar herdeiros homens. A partir desse momento, Portugal poderia ser anexado ao Reino de Castela. No entanto, diversos grupos de nobres e burgueses do país queriam evitar isso. Eles pretendiam manter a independência portuguesa sob o comando de um rei que apoiasse seus interesses políticos e econômicos. Para isso, esses grupos passaram a apoiar a ascensão de dom João, irmão “bastardoglossário ” do rei falecido.
Após um período de conflitos, que durou de 1383 a 1385, dom João assumiu o trono de Portugal e garantiu a independência do reino, dando início à dinastia de Avis. Ela recebeu esse nome porque o novo rei era mestre da Ordem de Cavalariaglossário de Avis. Por esse motivo, a luta contra a união entre os reinos de Portugal e Castela ficou conhecida como Revolução de Avis.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um fragmento do texto escrito por Miriam Cabral Coser sobre a relação entre a Revolução de Avis e a construção de uma identidade nacional em Portugal.
Dinastia de Avis e identidade nacional
“A preocupação com a produção de uma memória do Reino Português antecede a dinastia de Avis reticências. Entretanto, a decisão de dom Duarte de financiar um cronista oficial do reino transforma essa preocupação num projeto cuidadosamente desenvolvido, dentro de um movimento mais amplo de legitimação e glorificação da dinastia de Avis.
O discurso desenvolvido pela nova dinastia, para além da afirmação de sua legitimidade, objetivava promover o rei a um soberano de fato no Reino Português. E o rei como verdadeiro soberano seria o rei capaz de unir todos os segmentos sociais, justamente por sobrepor-se a eles, formando uma unidade reconhecível por todos, que viria a constituir a nação portuguesa. Tal discurso implicava portanto a apresentação do rei como aquele que reunia as qualidades necessárias para a promoção dessa unidade. Qualidades baseadas em virtudes que a um só tempo permitiam a proteção aos humildes, o contrôle dos mercadores, o afastamento dos inimigos e uma ‘ação civilizadora’ reticências que colocaria os senhores sob o domínio da realeza.
A afirmação da identidade nacional e a construção de uma imagem da realeza carismática e aliada ao ‘povo’ na dinastia de Avis foi o que a historiadora Vânia Fróes (1993) denominou ‘discurso do paço’. Discurso no sentido mais amplo da palavra, incluindo festas, teatro e literatura. reticências
O discurso produzido ao longo da primeira fase da dinastia de Avis, sobretudo aquele das crônicas oficiais do reino, tinha a dupla função de anunciar uma nova era em Portugal, legitimando o reinado de dom João e afirmando sua diferença em relação ao reinado anterior, mas também a de reafirmar uma determinada continuidade na história do povo português e conferir um caráter singular a esse povo.”
COSER, Miriam Cabral. A dinastia de Avis e a construção da memória do reino português: uma análise das crônicas oficiais. Cadernos de Ciências Humanas: Especiaria, Ilhéus, volume 10, número 18, página 703-727, julho/ dezembro 2007.
Dinastia de Avis
A dinastia de Avis permaneceu no poder entre 1385 e 1580. Nesse período, os reis reforçaram seu poder, centralizando a arrecadação de impostos, estimulando a construção naval e distribuindo lotes de terras chamados de sesmarias. Tudo isso favoreceu a expansão comercial e marítima portuguesa. Foi durante a dinastia de Avis que os portugueses chegaram às terras que mais tarde foram chamadas de Brasil.
Formação da Espanha
A formação da Espanha está relacionada às Guerras de Reconquista e ao casamento do príncipe Fernando e da princesa Isabel em 1469. Ele era membro da família real de Aragão e ela fazia parte da família real de Castela. Alguns anos depois do casamento, em 1479, Fernando e Isabel unificaram seus reinos, dando início a um processo de centralização política. Eles governaram juntos de 1479 até 1504, quando Isabel faleceu. Fernando permaneceu no trono até 1516.
Os exércitos desses soberanos venceram diversas batalhas contra os muçulmanos. Entre os marcos dessas vitórias podemos citar a conquista de Granada, em 1492. O Reino de Granada, localizado no extremo sul da Península Ibérica, era o último território sob domínio muçulmano. Posteriormente, durante o governo de Fernando, o Reino de Navarra também foi conquistado, completando a formação do Reino da Espanha.
Com a formação do Estado nacional, a monarquia espanhola pôde financiar as viagens de Colombo à América e começar o processo de expansão colonial. A Coroa da Espanha tornou-se dona de um grande império mundial, que atingiu sua maior extensão durante o governo de Carlos primeiro de Habsburgo, que viveu entre 1500 e 1558. Carlos, além de rei da Espanha, foi ao mesmo tempo príncipe dos Países Baixos e imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um texto sobre a formação do Estado espanhol.
A unificação de Aragão e Castela
“Em 1479, ano em que foi firmado o Tratado de Alcáçovas com o rei de Portugal e em que morreu João segundo de Aragão, deixando Fernando como soberano de Aragão, Sicília e Sardenha, já se pode falar de uma união política entre Castela e Aragão. Apesar disso, cada um desses reinos mantinha suas instituições, as côrtes se reuniam com independência, as moedas eram distintas, cada um tinha suas próprias leis e entre ambos os reinos as alfândegas cobravam direitos a quem cruzava a fronteira, porque, legalmente, castelhanos eram estrangeiros em Aragão e vice-versa. A única instituição comum era a Inquisição. Para isso, a união de Castela e Aragão se baseava na união pessoal de seus reis, que tinham poderes idênticos. Ambos os soberanos empreenderam a conquista do reino de Granada (2 de janeiro de 1492) e, com o objetivo de assegurar seus reinos frente ao avanço turco, a conquista de Melilha (em 1497). Falecida Isabel em 1504, Fernando continuou essa política com a conquista de Orã em 1509 e Bugia em 1510 [ambas são cidades ao norte da atual Argélia]. Suas complicadas relações políticas com a França levariam Fernando a conquistar Navarra em 1512 e, curiosamente, o rei de Aragão incorporaria Castela a esse reino.”
. dubí jórj Atlas histórico mundial. Barcelona: Debate, 1992. página 111. [Tradução dos autores].
Formação da França
Por volta do século dez, a dinastia dos Capeto iniciou um processo de unificação dos feudos na região da atual França. Entre os reis capetíngios que contribuíram para a centralização política da região, podemos destacar Filipe Augusto, que governou entre 1180 e 1223, Luís nono, que governou entre 1226 e 1270, e Filipe quarto, o Belo, que governou entre 1285 e 1314.
As principais medidas tomadas por esses reis foram: conquista de territórios; unificação da moeda; criação de um exército nacional; fortalecimento dos tribunais reais; e ampliação dos tributos, que passaram a ser cobrados também dos membros da Igreja Católica.
Foi, porém, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), entre França e Inglaterra, que cresceu o sentimento nacional francês. Durante os 116 anos desse conflito, o poder da nobreza feudal se enfraqueceu, aumentando a centralização do poder do rei.
O fim da Guerra dos Cem Anos marcou a consolidação do Estado monárquico francês. No século dezessete, a centralização do poder na França atingiu seu ponto máximo com o reinado de Luís catorze (1643-1715). Ele se tornou o símbolo do absolutismo, assunto que estudaremos mais adiante neste capítulo.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um texto sobre a Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra.
A Guerra dos Cem Anos
“Entre 1337 e 1453, a chamada Guerra dos Cem Anos opõe o reino de França ao reino de Inglaterra, essencialmente por motivos dinásticos e de sucessão. Esta longa guerra por episódios atinge a população, especialmente através dos impostos cobrados pelos senhores para as suas necessidades militares e da pilhagem dos campos pelas tropas.
Até 1380, os ingleses somam uma série de vitórias que se traduzem para a França na perda de uma parte do seu território. A partir de 1380, Carlos quinto e o seu condestável Bêrtrã di Guesclã reconquistam grande parte dessas terras perdidas. Mas os franceses são novamente derrotados por várias vezes durante o reinado de Carlos sexto, reinado também assinalado por numerosas guerras civis, que obrigam à assinatura do Tratado de Truá, em 1420, entregando praticamente a França aos ingleses.
Joana Dárc (1412-431), que desde a idade de treze anos ouvira as vozes celestes de São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida confiando-lhe a missão de salvar a França, desperta o patriotismo francês, liberta Orleans e faz sagrar Carlos sétimo, rei da França, em 1429. Mas, traída pelos seus, é entregue aos ingleses. Citada perante um tribunal vendido à Inglaterra, declarada herética, feiticeira e relapsa, Joana Dárc é condenada à fogueira e queimada em Rouen, em 1431.
Em 1435, pela Paz de Arras, Carlos sétimo termina com as lutas intestinas que minam o reino e liberta a França dos ingleses, graças a um reagrupamento eficaz das fôrças militares francesas. Em 1453, só a cidade de Calé está ainda ocupada pelos ingleses.”
Rérman, Jáque. Guia de história universal. Lisboa: Edições 70, 1981. página 104.
Formação da Inglaterra
No século onze, Guilherme, duque da Normandia (região da atual França), conquistou a Inglaterra, assumiu o trono, mudou a capital para Londres e proibiu as guerras entre a nobreza. Com ele, teve início um processo de centralização política. Posteriormente, reis da dinastia Plantageneta, fundada por Henrique segundo (1154-1189), adotaram medidas que impulsionaram a formação do Estado nacional inglês.
Durante essa dinastia, em 1215, foi assinada a Magna Carta (Constituição), documento que limitava o poder real. A partir de 1265, o Parlamento inglês (na época chamado de Grande Conselho) passou a ter duas casas: a Câmara dos Lordes (representantes da alta nobreza e do alto clero) e a Câmara dos Comuns (representantes da pequena nobreza e da burguesia). A Magna Carta e o Parlamento (instituído efetivamente em 1295) estão na origem da monarquia inglesa, que continua a existir até os dias de hoje.
No século quinze, duas poderosas famílias da nobreza, os Lancaster e os York, disputaram o trono inglês. Esse conflito teve fim quando Henrique Tudor assumiu o trono, em 1485. Henrique tinha laços de parentesco tanto com os Lancaster quanto com os iórque e tornou-se rei da Inglaterra, com o título de Henrique sétimo, dando início ao absolutismo inglês.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Até a atualidade, o governo britânico busca vincular as origens de seu sistema político ao chamado Parlamento Modelo (Model Parliament), convocado pelo rei Eduardo primeiro em 1295. Esse Parlamento foi composto por arcebispos e bispos, mas também por membros do baixo clero, sete condes, 42 barões, além de dois cavaleiros para cada condado e dois burgueses para cada cidade. A convocação ocorreu porque o rei necessitava de apoio financeiro para batalhas na Escócia e na França. Essa não foi a primeira convocação de um Parlamento, tampouco seria a última. No entanto, tal momento é considerado importante para a organização do sistema político inglês pelo modo como camadas distintas da sociedade foram envolvidas, o que colaborou para práticas subsequentes de eleições para os membros comuns. A organização do Parlamento nesses moldes, bem como a promulgação de vários estatutos entre 1275 e 1290, foi entendida como uma estratégia de Eduardo primeiro para fortalecer a sua autoridade real contando com o apoio dos súditos.
Alerta ao professor
O texto “Absolutismo monárquico” e seus subitens favorecem o desenvolvimento da habilidade , ê éfe zero sete agá ih zero sete ao descrever os processos de consolidação das monarquias com vistas à compreensão das razões da centralização política, com destaque para os teóricos defensores do absolutismo e os casos francês e inglês.
Absolutismo monárquico
Ao longo da Idade Moderna, o fortalecimento do poder de alguns reis europeus foi chamado de absolutismo. Essa expressão foi criada no século dezoito por intelectuais que criticavam o poder dos reis e os privilégios da nobreza e do clero.
No absolutismo, o poder político estava concentrado na pessoa do rei. No entanto, devemos considerar que o rei não governava sozinho, nem exercia sua vontade de fórma ilimitada. Ele era auxiliado pela burocracia do Estado, constituída por um grupo de pessoas nomeadas pelo rei (os ministros) para cuidar das finanças, elaborar leis, trabalhar nos tribunais, comandar os exércitos profissionais etcétera Mas o rei tinha sempre a última palavra.
Entre os séculos quinze e , dezoito o absolutismo monárquico assumiu diferentes fórmas e predominou em momentos variados em países como França, Inglaterra, Espanha e Portugal.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um texto sobre a relação entre centralismo e poder local nas monarquias absolutistas.
Centralismo e poder local nas monarquias absolutistas
“O que as monarquias do século dezessete pretendiam não era tanto a centralização, mas o fortalecimento das suas dinastias, a imposição do princípio de autoridade sobre os seus súditos reticências, especialmente em matéria fiscal e na reputação na cena internacional, reputação essa considerada impossível sem um exército vitorioso e temível. Para poderem alcançar estes objetivos, os grandes estadistas da época puseram em marcha ambiciosos programas de disciplina social, reforma política e fomento econômico, programas esses que os impeliram a intervir na área provincial e local reticências.
A conduta de colaboração ou de resistência das classes dirigentes locais e provinciais reticências foi tão importante como a ação dos governos. reticências.
O grande paradoxo do absolutismo nasce pois do seguinte: uma crescente concentração de poderes num centro cada vez mais reduzido e, ao mesmo tempo, uma dependência deste centro em relação às fôrças periféricas. Esta ambivalência foi sublinhada com maior frequência reticências na França de richeliê e de Luís catorze reticências.”
. Pujól, Xaviér Gil Centralismo e localismo? Sobre as relações políticas e culturais entre capital e territórios nas monarquias europeias dos séculos dezesseis e dezessete. Penélope, Lisboa, número 6, página 122-130, 1991.
Atividade complementar
Analise a pintura Luís catorze em trajes reais, de Frãnçuá Riacinti Rigô, e indique quais elementos da pintura permitem afirmar que o personagem representado é um rei. Pense nos objetos do cenário, nas vestimentas e na pose do personagem.
Resposta: Na obra, observamos Luís catorze e alguns símbolos do poder real, como o cetro (na mão direita), a coroa (abaixo do cetro) e o trono (ao fundo). Luís catorze foi representado em pose solene, vestindo roupas suntuosas e um manto. Além disso, o rei está em um ambiente que possui cortina, tapete e uma coluna, o que reforça a ideia de sofisticação e poder.
Em defesa do absolutismo
O fortalecimento do poder real e a centralização do Estado foram defendidos por alguns pensadores. Entre eles, destacamos: Nicolau Maquiavel, Tômas Róbese jáque bossuê.
- Nicolau Maquiavel (1469-1527) – diplomata nascido em Florença, na Itália, considerado o precursor da teoria política do Estado moderno por sua obra O príncipe, de 1513. Defendeu a construção de um Estado forte, independente da Igreja e dirigido de modo absoluto por um príncipe. Expondo suas ideias com grande franqueza, Maquiavel rompeu com a religiosidade medieval, separando a moral individual (das pessoas) da moral pública (dos Estados). Para ele, o resultado das ações do soberano é o que conta, e não os meios por ele usados para alcançar seus objetivos. Com base nos escritos de Maquiavel, há pessoas que defendem que os fins justificam os meios quando se trata da política do Estado.
- Tômas Róbes (1588-1679) – filósofo inglês que publicou, em 1651, o livro Leviatã, no qual compara o Estado a um monstro chamado Leviatãglossário . Para rróbis, sem a instituição do poder político, os seres humanos viveriam em um estado de guerra permanente que só terminaria com um pacto chamado contrato social. Pelo contrato social, cada indivíduo abriria mão de parte de sua liberdade em favor de um governo poderoso e com poder absoluto, capaz de garantir a ordem, a direção e a segurança no convívio social. Marcado por certo pessimismo, o pensamento robesiânotinha o pressuposto de que “o homem é lobo do próprio homem”.
• jáque bossuê (1627-1704) – bispo francês defensor da monarquia absolutista e cristã. Dizia que o poder do rei era absoluto porque tinha direito divino. Predestinado por Deus a governar, o rei estava acima de todos os súditos, não precisando explicar suas atitudes a ninguém – somente Deus poderia julgar o monarca. bossuê foi autor da frase “Um rei, uma fé, uma lei”, que se tornou lema das monarquias absolutistas.
Responda no caderno
para pensar
- Pesquise o significado de “maquiavélico” e crie frases utilizando esse termo.
- Nos dias atuais, o que justificaria o poder dos governantes? Debata essa questão com os colegas e, depois, escreva um texto sobre o assunto.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O boxe “Para pensar” contribui para o desenvolvimento das competências , cê gê um cê gê dois e . cê ê cê agá dois
Para pensar
- A palavra “maquiavélico” é utilizada para se referir a pessoas sem escrúpulos, calculistas, falsas ou maldosas, destacando o significado negativo da expressão. Esse sentido aparece atualmente em discursos eruditos, no debate político e no cotidiano, com a finalidade de desqualificar um adversário. Explique que autores importantes, como , jeãn jác russô procuraram restituir o prestígio de Maquiavel. Em Do contrato social, Russô afirmou que o florentino, enquanto fingia dar lições aos príncipes, deu lições ao povo. Por isso, especialistas como o professor Nilton Binhôto destacam que Maquiavel nunca foi maquiavélico. A má reputação do autor decorreria de uma interpretação parcial de sua obra, que foi proibida pela Igreja Católica e criticada por diversos pensadores. Observando o sentido pejorativo da palavra “maquiavélico”, os estudantes podem construir frases como: “Fulano é maquiavélico”, “Não podemos ser maquiavélicos se queremos conviver pacificamente” etcétera Explique que, para se referir ao pensamento de Maquiavel sem incorrer em preconceitos, alguns estudiosos preferem a palavra “maquiaveliano” a “maquiavélico”.
- No Brasil atual, o poder dos governantes é justificado pelo voto nas eleições. Nesse sentido, é bom lembrar que o Brasil adota dois sistemas eleitorais. Pelo sistema majoritário, é eleito o candidato mais votado para cada vaga (como nos casos de presidente, governadores, prefeitos e senadores). Pelo sistema proporcional, são eleitos os vereadores e deputados (estaduais e federais). O sistema proporcional privilegia o partido, e não exatamente o candidato.
Orientação didática
O absolutismo monárquico foi uma fórma de governar que teve suas bases discutidas por diferentes teóricos, tanto de opiniões contrárias como favoráveis a esse modelo político. No capítulo, são apresentados os principais teóricos que justificaram o Estado absolutista. Os termos “Antigo Regime” e “absolutismo monárquico” foram criados posteriormente, no século dezoito, para se referir de fórma crítica às sociedades estamentais que se desenvolveram na Europa a partir da época medieval.
Absolutismo francês
O auge do absolutismo francês ocorreu no reinado de Luís , catorze que durou 72 anos (1643-1715). Luís catorze adotou o Sol como seu símbolo e, por isso, foi chamado de Rei Sol. Atribui-se a esse monarca a frase “O Estado sou eu”, uma espécie de síntese das ideias do absolutismo.
Durante o governo de Luís , catorze o ministro de Estado Jan Batiste Colbér foi responsável por medidas que dinamizaram a economia francesa. Sob sua orientação, houve estímulos à produção manufatureira e ao comércio naval, à organização da marinha e das finanças públicas, bem como à construção de estradas, portos e canais. Desse modo, o rei conquistou o apoio da burguesia e ampliou o poder colonial do império francês.
Além disso, Luís catorze patrocinou artistas e ordenou a construção de monumentos e palácios. A expressão máxima dessas obras foi o Palácio de Versalhes (apresentado no início do capítulo), onde o rei chegou a reunir cêrca de 6 mil pessoas que faziam parte da côrte, muitas delas vivendo luxuosamente à custa do Estado.
No Palácio de Versalhes, os nobres aprimoraram e seguiram severas regras de etiqueta. Essas regras determinavam fórmas adequadas de falar, comer, cumprimentar e se vestir. A etiqueta não servia apenas para demonstrar boa educação ou refinamento da nobreza, mas, sobretudo, para afirmar uma posição na hierarquia social.
Luís catorze escreveu um livro de memórias para instruir seu filho, o príncipe Luís . quinze A seguir, leia trechos desse texto, que refletem as ideias absolutistas:
“Todo poder, toda autoridade estão nas mãos do rei e não pode haver outra no reino que aquela por ele estabelecida reticências.
Sua vontade [de Deus] é que todo aquele que nasceu súdito obedeça sem discernimento. reticências É somente à cabeça que compete deliberar e resolver, e todas as funções dos outros membros consistem apenas na execução das ordens que lhes são dadas.”
LUÍS . catorze Memórias. In: ISAAC, Jules; ALBA, André. Tempos modernos. São Paulo: Mestre ju, 1968. página 165.
responda oralmente
para pensar
Atualmente, a etiqueta é utilizada para hierarquizar as pessoas? Além da etiqueta, existem outros instrumentos de diferenciação social? Cite exemplos.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Convide os estudantes a refletir sobre a questão da etiqueta social nos dias de hoje, a partir de perguntas como: o que é etiqueta social? Para que ela serve? Quem a define e quem a adota? Perceba como eles se relacionam com essa questão, tida por muitas pessoas como própria de determinados grupos sociais, em geral, os mais privilegiados economicamente. Contudo, ressalte a adoção da etiqueta em diversas circunstâncias da vida, como na escola, com modos de falar e de se comportar variando de acordo com o interlocutor (diretores, professores, funcionários e colegas) ou em seus locais de moradia (no momento das refeições, na maneira de tratar os mais velhos etcétera). Incentive-os a perceber que qualquer pessoa está submetida a regras de etiqueta e códigos de conduta social.
Para pensar
Depois de ouvir as respostas dos estudantes, é possível dizer que as regras de etiqueta ainda são utilizadas para diferenciar pessoas. Com frequência, as pessoas são julgadas, por exemplo, pelas roupas que vestem, pelas músicas que ouvem, pela fórma de falar e se comportar. Além da etiqueta, critérios como renda, idade, gênero e raça também são utilizados para diferenciar pessoas. Comente que atualmente as diferenciações sociais que hierarquizam setores da população estão sendo combatidas. Em sociedades democráticas, deve-se acolher e valorizar a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, suas identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza, exercitando-se a empatia, o diálogo e a cooperação.
Alerta ao professor
O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê nove, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá quatro e cê ê agá um.
Outras indicações
• . Bãrke, Peter A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís catorze. Rio de Janeiro: zarrár 1994.
O autor busca explicar o funcionamento da máquina de propaganda de Luís catorze e a construção da imagem do rei.
• Palácio de Versalhes: tour virtual. Disponível em: https://oeds.link/IfsMm6. Acesso em: 14 março 2022.
Página com passeio virtual, objetos, pinturas e textos sobre o Palácio de Versalhes, na França.
Absolutismo inglês
O absolutismo inglês teve início com Henrique sétimo (1485-1509), fundador da dinastia Tudor. Depois dele, a Inglaterra foi governada por Henrique oitavo (1509-1547), Eduardo sexto (1547-1553), Maria primeira (1553-1558) e Elizabéti primeira (1558-1603).
O rei Henrique oitavo criou a Igreja Anglicana (subordinada ao rei), rompendo com a Igreja Católica. Em seu governo, o poder da monarquia foi ampliado e a estabilidade política do reino foi mantida. No reinado de sua sucessora, Elizabéti primeira, a monarquia fortaleceu-se ainda mais.
Elizabéti primeira, que era filha de Henrique oitavo e Ana Bolena, assumiu o trono aos 25 anos e governou a Inglaterra por quase meio século. Ela teve habilidade política para manter boas relações com o Parlamento e controlar disputas religiosas entre católicos e protestantes. Seu reinado foi considerado o auge do absolutismo inglês.
Durante o período elizabetano, a Inglaterra se tornou uma potência marítima e comercial. Com a autorização da rainha, corsáriosglossário ingleses saqueavam navios estrangeiros e, depois, entregavam parte de suas riquezas ao governo. Em reação a esses ataques, a Espanha tentou invadir a Inglaterra usando uma grande frota naval (a Invencível Armada). Porém, a armada espanhola foi derrotada pelas fôrças inglesas, o que aumentou a popularidade da rainha.
Além da prosperidade econômica, ocorreu um florescimento das artes no reinado de Elizabéti primeira. O grande destaque foi o escritor e dramaturgo renascentista Uíliam Xêiquispíer (1564-1616), que estudaremos no próximo capítulo.
Ao longo de sua vida, Elizabéti recebeu diversas propostas de casamento, mas permaneceu solteira, ganhando a fama de “Rainha Virgem”. Ela morreu em 1603 sem deixar descendentes diretos. Assim, seu primo Jaime, que era da família real da Escócia, assumiu o trono inglês (1603-1625).
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
A partir da discussão sobre a figura de Elizabéti primeira, incentive o debate sobre os diferentes papéis das mulheres na Idade Moderna. Ressalte que os modos de viver e os direitos da maioria das mulheres do século dezesseis não se assemelhavam aos de Elizabéti, detentora de privilégios. De modo geral, as mulheres sofriam uma série de limitações em seus direitos políticos e sociais.
Contudo, isso não quer dizer que não houvesse mulheres agindo por conta própria ou que comandassem famílias ou negócios. Por toda a Europa, muitas mulheres assumiam o controle em diversas situações de suas vidas. Assim, por exemplo, no norte da Península Ibérica, havia mulheres que comandavam mosteiros, ao passo que na França as mulheres camponesas tinham direito de opinar sobre os homens com quem quisessem se casar.
OUTRAS HISTÓRIAS
A imagem da rainha
A rainha Elizabéti primeira tinha um enorme conjunto de vestidos sofisticados e ornamentados com ricas joias. Sua paixão por vestidos estava ligada à preservação de sua imagem soberana. Nesse sentido, ela buscou controlar os retratos reais que circulavam pela Inglaterra e pelo estrangeiro.
Em suas aparições públicas, Elizabéti primeira se exibia de fórma deslumbrante com o objetivo de construir uma imagem gloriosa do poder real.
Até hoje, Elizabéti primeira é associada à autoridade feminina, à grandiosidade real e ao orgulho nacional.
Responda no caderno
Atividades
- De acordo com o texto, Elizabéti primeira preocupava-se com sua aparência apenas por vaidade pessoal? Explique expondo o objetivo da rainha.
- Atualmente, os governantes se preocupam com a construção de sua imagem pública? Comente a questão com os colegas e, depois, escreva um texto sobre o assunto.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
A seção “Outras histórias” contribui para o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá dois e cê ê agá um.
Outras histórias
- Além da vaidade, a rainha Elizabéti primeira preocupava-se com sua aparência com o objetivo de construir uma imagem imponente e gloriosa do poder real.
- Depois de ouvir os estudantes, comente que até hoje os governantes se preocupam com a construção de sua imagem pública. Muitos deles contratam profissionais especializados em consultoria de imagem e assessoria de imprensa. Em geral, as vestimentas, as posturas do corpo, os córtes de cabelo, os pronunciamentos dos políticos não são escolhas aleatórias, mas intencionais, que têm objetivos específicos relacionados à manutenção e ao exercício do poder.
Outras indicações
• ELIAS, Norbert. A sociedade de côrte. Rio de Janeiro: zarrár 2001.
O autor analisa a côrte de Luís catorze por meio de seus símbolos de státus e prestígio, tais como habitação e etiqueta. Essa obra mostra que a análise da sociedade de côrte é importante para a compreensão das sociedades atuais.
• HESPANHA, António Manoel. A mobilidade social na sociedade de Antigo Regime. Tempo, Niterói, ano 9, volume 11, número 21, junho 2006.
Neste artigo, o autor problematiza a mobilidade social no Antigo Regime, que, embora não fosse corriqueira na época moderna, era possível em alguns casos devido a poderes extraordinários, como o do rei.
Mercantilismo
O termo mercantilismo refere-se às práticas econômicas de boa parte das monarquias europeias desde o século quinze até o século . dezoito Essas práticas variavam conforme o país, mas tinham em comum o objetivo de fazer com que o Estado controlasse a economia, fortalecendo as atividades comerciais ou mercantis (daí o nome “mercantilismo”). Entre suas principais características, podemos citar:
- metalismo – a riqueza de um Estado podia ser medida pela quantidade de metais preciosos que ele possuía, especialmente ouro e prata. Assim, acumular esses metais era um dos objetivos dos Estados mercantilistas;
- balança comercial favorável – um dos meios utilizados para acumular riquezas era manter uma balança comercial favorável. Em outras palavras, era preciso exportar mais do que importar, de preferência vendendo produtos mais caros e em quantidade maior do que aqueles comprados de outros países;
- protecionismo – os governos adotavam medidas para proteger seu mercado interno e o de suas colônias. Assim, incentivavam a produção de manufaturadosglossário que levassem vantagem na concorrência com artigos estrangeiros e dificultavam a entrada de produtos feitos em outros países;
- intervenção estatal – as autoridades de cada Estado agiam em vários setores da economia: estimulavam os produtores de manufaturas, controlavam os preços e a quantidade de mercadorias comercializadas e definiam as taxas que produtores e comerciantes pagariam sempre que comprassem ou vendessem artigos no exterior.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Explique aos estudantes que a pintura América, atribuída a José Teófilo de Jesus, possui elementos que simbolizam práticas econômicas do mercantilismo, como a exploração de matérias-primas das colônias e a extração de metais preciosos, que contribuíam para a balança comercial favorável e o metalismo.
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um trecho do verbete sobre mercantilismo do Dicionário de conceitos históricos.
Mercantilismo
“O estudo das práticas mercantilistas deve, assim, considerar que são práticas e teorias econômicas elaboradas em um momento em que o capitalismo ainda não existia, logo não é possível interpretá-las à luz de concepções capitalistas. Tal distinção pode ser mais bem entendida se professores trabalharem o mercantilismo ao lado não apenas do estudo do estado absolutista, mas também da cultura barroca, na qual é possível visualizar os diferentes significados que a riqueza tinha para essa sociedade, facilitando, assim, a compreensão do pensamento econômico.
Outra importante questão a considerarmos ao estudar o mercantilismo é termos o cuidado de não generalizar as práticas de um único país, a França, por exemplo, para toda a Europa Ocidental. A Holanda é um bom exemplo de um particularismo que precisa ser observado. A organização política e econômica da Holanda, que na Idade Moderna integrava as Províncias Unidas, foi um caso à parte, e hoje é motivo de controvérsias entre historiadores. Alguns consideram que sua economia era mercantilista, apesar de suas características peculiares, pois não havia Estado absoluto nem intervenção do Estado na economia. Mas o direcionamento dessa economia para o comércio se aproximaria do modelo mercantilista. Outros estudiosos, por sua vez, afirmam que a economia holandesa no século dezessete já dava indícios de liberalismo.
Mas, deixando de lado a controvérsia, qual seria a importância de estudarmos o mercantilismo hoje? Como conjunto de práticas econômicas, ele está na origem mesma da colonização promovida pelos países ibéricos, direcionando as economias desses países para a formação de colônias e a exploração comercial. Precisamos levar sempre em conta as dificuldades inerentes a esse conceito, tanto por se tratar de uma abordagem que requer um bom entendimento dos princípios da economia (para se trabalhar com os alunos a balança comercial favorável e o protecionismo, por exemplo) quanto pelas sutilezas distintas entre a mentalidade barroca da época e a mentalidade burguesa à qual nós pertencemos. Por outro lado, o professor deve ainda ter bastante cuidado para não considerar o mercantilismo uma corrente filosófica reticências.”
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006. página 284-285.
A riqueza acumulada servia a todos?
Vimos que um dos objetivos do mercantilismo era acumular riquezas nos cofres dos Estados. Mas será que toda a população desses Estados tinha uma vida confortável?
Não era bem isso o que acontecia. Parte dos europeus passou fome entre os séculos dezesseis e . dezenove Apesar disso, a população do continente aumentou de 84 milhões, em 1500, para 111 milhões em 1600.
Além do mais, muitas famílias deixaram de trabalhar no campo e foram viver nas cidades, em busca de melhores oportunidades. Assim, como poucas pessoas permaneceram nas áreas rurais, a produção de alimentos não cresceu tanto quanto o número de bocas famintas.
Na Inglaterra e na França do século dezessete ao século dezenove, a fome provocou saques a padarias e a outros locais onde se vendiam farinha e pão. Quando as colheitas se perdiam, a fome também se espalhava pelos campos.
Do mercantilismo ao capitalismo industrial
No mercantilismo, o comércio tornou-se uma das principais fontes de acumulação de riqueza. Isso significa que a maior parte do lucro estava nas mãos dos intermediários – comerciantes que compravam e vendiam mercadorias –, e não nas mãos daqueles que produziam mercadorias, em setores como a agricultura e o artesanato. Por isso, muitos estudiosos consideram o mercantilismo uma fórma de capitalismo comercial.
A partir do século dezoito, teve início um novo sistema econômico conhecido como capitalismo industrial. Esse processo surgiu na Inglaterra, com a Revolução Industrial. Entre os motivos do pioneirismo inglês está o fato de a Inglaterra ter acumulado grande capitalglossário em função de seu poder naval e comercial. Boa parte do capital acumulado foi investido em transformações técnicas que levaram à criação de máquinas e à implantação de fábricas.
Com a difusão da Revolução Industrial, os empresários do ramo industrial tornaram-se figuras centrais da economia, superando, muitas vezes, os comerciantes. Além disso, o trabalho assalariado foi substituindo outras fórmas de trabalho como a servidão.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Com base no texto “A riqueza acumulada servia a todos?”, é possível propor um debate sobre a realidade brasileira, tendo como pergunta instigadora: no Brasil atual, como é feita a distribuição de renda? Espera-se que os estudantes percebam que o Brasil ainda é um país extremamente desigual, apesar de alguns esforços para realizar uma distribuição mais equitativa da renda nacional, por meio de programas de assistência social e de repasses de verbas da União aos estados e municípios mais necessitados.
Alerta ao professor
O texto “Do mercantilismo ao capitalismo industrial” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih um sete, pois discute as razões da passagem do mercantilismo (ou capitalismo comercial) para o capitalismo (ou capitalismo industrial).
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
- Levando em conta as transformações que marcaram o início da modernidade europeia, identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
- A Idade Moderna foi um período marcado por acontecimentos como a invenção da escrita, a sedentarização e o surgimento da agricultura.
- O Estado nacional é uma construção histórica, e não um produto da natureza.
- As Guerras de Reconquista contribuíram para a formação de Portugal e da Espanha.
- A França e a Inglaterra foram os países pioneiros da expansão marítima europeia que levou à conquista da América.
- Os Estados modernos valorizaram os idiomas nacionais.
- O Brasil é um país soberano. O que significa a expressão “soberano”? Explique com suas palavras.
- Construa uma linha do tempo sobre a formação dos Estados nacionais europeus. Para isso, identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala. Depois, responda às questões.
- Fim da Revolução de Avis.
- Início da Guerra dos Cem Anos.
- Fim da Guerra dos Cem Anos.
- Unificação dos reinos de Aragão e Castela.
- Independência do Condado Portucalense.
- Conquista de Granada.
- Assinatura da Magna Carta.
- Quais desses acontecimentos marcaram a centralização política em Portugal, Espanha, França e Inglaterra?
- Dentre esses países, qual foi o primeiro a se consolidar como Estado nacional?
Versão adaptada acessível
3. Construa uma linha do tempo sobre a formação dos Estados nacionais europeus. Para isso, podem ser utilizados materiais táteis, como papéis com diferentes texturas, linhas, botões, palitos e materiais emborrachados. A linha do tempo também pode ser registrada em áudio ou compartilhada oralmente com os colegas. Identifique as datas dos seguintes acontecimentos e organize-os em ordem cronológica. Não é necessário utilizar escala. Depois, responda às questões.
• Fim da Revolução de Avis.
• Início da Guerra dos Cem Anos.
• Fim da Guerra dos Cem Anos.
• Unificação dos reinos de Aragão e Castela.
• Independência do Condado Portucalense.
• Conquista de Granada.
• Assinatura da Magna Carta.
a) Quais desses acontecimentos marcaram a centralização política em Portugal, Espanha, França e Inglaterra?
b) Dentre esses países, qual foi o primeiro a se consolidar como Estado nacional?
Orientação para acessibilidade
Caso possível, proponha a construção de uma linha do tempo tátil a partir de materiais de diferentes texturas. Uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero, fino e espesso, tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados materiais emborrachados, diversos tipos de papéis, palitos, linhas, botões etc. Auxilie os estudantes durante a seleção e a organização dos materiais. Para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que linha principal seja feita com materiais mais espessos, como o material emborrachado. Já os marcos temporais podem ser representados por materiais mais finos, como fios de linha ou pequenos palitos. Após a montagem dessa estrutura, oriente os estudantes a colar os acontecimentos sobre a formação dos Estados nacionais europeus próximos aos marcos temporais. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Os estudantes também podem indicar a cronologia dos acontecimentos textual ou oralmente, desde que as relações de anterioridade e posterioridade sejam evidenciadas.
- Leia as afirmações e associe suas ideias aos pensadores.
- Em estado de natureza, as pessoas vivem uma guerra de todos contra todos. Por isso, é necessário um poder absoluto para garantir a ordem e a segurança na vida social.
- O sucesso da ação de um governante deve ser medido por seu resultado, e não pelos meios utilizados para alcançá-lo.
- O poder absoluto dos reis é justificado pela vontade de Deus.
- Nicolau Maquiavel.
- . Tômas Róbes
- . jáque bossuê
- No caderno, dê continuidade ao texto a seguir.
Com Luís catorze, o Rei Sol, o absolutismo monárquico atingiu seu ponto máximo na França. É dele a famosa frase “O Estado sou eu”, com a qual ele queria dizer que...
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da : Bê êne cê cê
• cê gê um (atividade 7);
• cê gê dois (atividade 2);
• cê gê três (atividades 6 e 8);
• cê gê quatro (atividade 3);
• cê gê sete (atividades 2, 5 e 7);
• cê gê nove (atividade 7);
• cê ê cê agá um (atividade 6);
• cê ê cê agá dois (atividade 7);
• cê ê cê agá cinco (atividade 3);
• cê ê cê agá seis (atividade 7);
• cê ê cê agá sete (atividade 3);
• cê ê agá um (atividades 2 e 7);
• cê ê agá três (atividades 7 e 8);
• cê ê agá quatro (atividade 7);
• ê éfe zero sete agá ih zero um (atividades 1 e 3);
• ê éfe zero sete agá ih zero sete (atividades 1, 3, 4, 5, 6 e 8).
Oficina de História
Conferir e refletir
- Estão incorretas as frases a e d, que podem ser corrigidas da seguinte maneira:
- A Idade Moderna foi um período marcado por acontecimentos como o Renascimento, as reformas religiosas, o surgimento do Estado moderno e as Grandes Navegações.
- Portugal e Espanha foram os países pioneiros da expansão marítima europeia que levou à conquista da América.
- Um país soberano é aquele que tem soberania, ou seja, o poder de fazer valer sua autoridade dentro de seu território, atuando com autonomia e independência em relação aos demais Estados, sem sofrer interferências de terceiros. Nesse sentido, o Brasil é reconhecido internacionalmente como um país soberano. Ressalte que o conceito de soberania começou a ser construído no século dezesseis, por filósofos e teóricos políticos como Jean Bodin, no contexto da formação e consolidação dos Estados modernos. Esse conceito permanece em construção nos dias atuais.
- A ordem cronológica dos acontecimentos é a seguinte: independência do Condado Portucalense (1139); assinatura da Magna Carta (1215); início da Guerra dos Cem Anos (1337); fim da Revolução de Avis (1385); fim da Guerra dos Cem Anos (1453); unificação dos reinos de Aragão e Castela (1479); e conquista de Granada (1492).
- Em Portugal: independência do Condado Portucalense (1139) e o fim da Revolução de Avis (1385); na Espanha: unificação dos reinos de Aragão e Castela (1479) e a conquista de Granada (1492); na Inglaterra e na França: início e fim da Guerra dos Cem Anos (1337-1453); e na Inglaterra: assinatura da Magna Carta (1215).
- Portugal foi o primeiro país onde se consolidou um Estado nacional.
-
- dois; b) primeiro; e c) três.
- Resposta pessoal, em parte. Após ouvir as respostas dos estudantes, comente que a frase de Luís catorze está relacionada à concentração de poder nas mãos do rei, cuja figura às vezes se confundia com o próprio Estado.
Interpretar texto e imagem
integrar com Língua Portuguesa
6. Leia o trecho de um texto sobre a história de Portugal e responda às questões.
“ reticências Com d. Dinis (1279-1325), o português foi adotado como língua da chancelaria régia, reticências passo decisivo para a ‘oficialização’ da língua escrita reticências. O português reticências tendo por base o latim reticências e incorporando vocábulos de origem árabe, cotou-se, pois, como um elemento fundamental para afirmar e enraizar uma identidade e uma tradição cultural próprias reticências.”
RAMOS, Rui (). coordenação História de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2009. página 132.
- De acordo com o texto, quando o idioma português se tornou língua oficial do Estado?
- A língua portuguesa recebeu a influência de quais línguas?
- Além da língua, que elementos fazem parte da identidade cultural de um povo?
7. Em grupo, interpretem e debatam a frase de Djon Écton reproduzida a seguir. Argumentem a favor ou contra a ideia expressa na frase, justificando suas posições.
“Todo poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente.”
Écton, Djon dê (lorde Écton). Carta ao arcebispo Mendél Críron, 5 abril 1887. [Tradução dos autores]. Disponível em: https://oeds.link/0txRQQ. Acesso em: 13 março 2022.
integrar com ARTE
8. Em grupo, observem o retrato da rainha inglesa Elizabéti primeira e respondam às questões.
- Que elementos permitem identificar que a mulher representada é uma rainha?
- Que título você daria a essa pintura?
Orientações e sugestões didáticas
Interpretar texto e imagem
- Atividade interdisciplinar com Língua Portuguesa, que aborda as influências e dimensões culturais da língua.
- De acordo com o texto, o português se tornou idioma oficial do Estado português durante o reinado de dom Dinis (1279-1325).
- A língua portuguesa recebeu influências do latim e do árabe. Explique que o português falado no Brasil recebeu ainda as influências de línguas africanas e indígenas. Além disso, ressalte que toda a língua é dinâmica, sendo transformada em cada tempo e espaço.
- Espera-se que os estudantes reconheçam que muitos elementos fazem parte da identidade cultural de um povo, como a literatura, os hábitos alimentares, as fórmas de se vestir, os tipos de moradia, as fórmas de organização social, as festas, entre outros.
- A frase do lorde Djon Écton é uma crítica ao exercício do poder, pois afirma que uma pessoa que detém qualquer tipo de poder tende a abusar dele. Para , Écton esse abuso seria ainda maior no absolutismo, que é caracterizado pelo acúmulo de poder nas mãos do rei. Proponha aos estudantes que reflitam e discutam se a frase de Écton ainda pode ser considerada válida nos dias atuais. É importante que eles argumentem com base em exemplos de suas vivências, incluindo as informações de que dispõem sobre o cenário político nacional.
- Atividade interdisciplinar com Arte.
- Entre os elementos que permitem identificar que a mulher representada é uma rainha estão os símbolos de poder como a coroa, o manto e o cetro.
- Resposta pessoal. Esta atividade visa estimular a criatividade dos estudantes sobre o assunto. Os títulos criados podem fazer referência ao poder centralizado e absoluto exercido pela rainha.
Glossário
- Península
- : porção de terra cercada de água por todos os lados, exceto um, pelo qual se liga ao continente.
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- Condado
- : território, na Idade Média, administrado por um conde.
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- Dinastia
- : série de monarcas ou soberanos de uma mesma família que se sucedem no trono.
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- Bastardo
- : filho nascido fórado casamento oficial.
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- Ordem de Cavalaria
- : instituição militar e religiosa surgida na Idade Média que reunia apenas nobres, com o objetivo de combater hereges – pessoas ou grupos que seguiam uma religião diferente da católica.
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- Leviatã
- : monstro citado na Bíblia que, às vezes, é identificado como um dragão ou uma serpente gigante.
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- Corsário
- : navegador que agia sob as ordens de um soberano, praticando ataques e saques aos navios e territórios de um rei inimigo. O objetivo era atingir o poderio comercial e colonial do adversário.
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- Manufaturados
- : refere-se a “produtos manufaturados”, aqueles que resultam de trabalho mecânico, feitos em locais denominados manufaturas, por trabalhadores que são supervisionados pelos donos do negócio ou por seus encarregados.
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- Capital
- : todo bem econômico que se transforma em riqueza. O capital pode se expressar em dinheiro, que é o meio de troca utilizado para compra e venda de bens, serviços, fôrça de trabalho etcétera O domínio dos donos do capital em uma sociedade é chamado de capitalismo.
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