UNIDADE 1 CONSTRUÇÃO DA MODERNIDADE
CAPÍTULO 2 RENASCIMENTO E REFORMA
A partir do século , quinze houve na Europa Ocidental transformações relevantes nas mentalidades. Vamos destacar dois movimentos que ocorreram mais ou menos no mesmo período: o Renascimento e a Reforma.
O Renascimento representou uma renovação nas artes e nas ciências, e as reformas religiosas levaram ao surgimento de novas Igrejas cristãs.
responda oralmente
para começar
Em sua interpretação, o que significam “renascer” e “renascimento”? Troque ideias com os colegas.
Orientações e sugestões didáticas
Habilidades da Bê êne cê cê
- ê éfe zero sete agá ih zero quatro
- ê éfe zero sete agá ih zero cinco
Objetivos do capítulo
Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, o renascimento cultural e as reformas religiosas, e de assuntos correlatos, como as principais características e significados do humanismo e do renascimento; autores e obras renascentistas nas artes plásticas, literatura e ciências naturais; o contexto histórico de desenvolvimento do protestantismo na Europa; a formação das Igrejas Luterana, Calvinista e Anglicana; a Contrarreforma; e a expansão do protestantismo por diversas regiões do mundo, incluindo a América.
- Contextualizar os movimentos humanista e renascentista, identificando suas principais características.
- Estudar os desdobramentos do Renascimento no campo das artes plásticas, da literatura e das ciências.
- Conhecer aspectos do Renascimento italiano, com destaque para os trabalhos de Leonardo da vinti, miquelângelo buonarôti e Rafael Sanzio.
- Contextualizar a Reforma Protestante e suas relações com as críticas ao clero católico, o surgimento de uma ética burguesa, a consolidação dos Estados nacionais e a invenção da imprensa.
- Analisar a formação das Igrejas Luterana, Calvinista e Anglicana.
- Compreender as reações da Igreja Católica ao movimento protestante.
Para começar
As palavras “renascer” e “renascimento” se referem ao ato de nascer de novo, conquistar uma nova vida. Em termos históricos, essas palavras são utilizadas para denominar um movimento artístico-cultural que ocorreu na Europa, sobretudo entre os séculos quinze e dezesseis, o chamado Renascimento. De certo modo, os renascentistas recuperaram ou “fizeram renascer” elementos da cultura greco-romana.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
Leia a seguir texto do historiador Píter Burc sobre o “mito” em torno da ideia de Renascimento.
O Renascimento
“Esta imagem do Renascimento – com R maiúsculo – remonta a meados do século dezenove reticências acima de tudo, ao acadêmico suíço iácôb burcrrart. Foi bôquirrart quem reticências definiu o período em termos de dois conceitos: ‘individualismo’ e ‘modernidade’. ‘Na Idade Média’, segundo bôquirrart, reticências ‘o homem estava consciente de si próprio apenas como membro de uma raça, povo, partido, família, ou corporação – apenas através de uma qualquer categoria geral’. No entanto, na Itália do Renascimento, ‘ reticências o homem tornou-se um indivíduo espiritual e reconheceu-se a si mesmo como tal’. reticências.
Esta ideia de Renascimento é um mito. reticências Quando os historiadores se referem a ‘mitos’, habitualmente falam de afirmações sobre o passado de algum modo enganadoras ou cuja falsidade se pode provar. No caso da descrição do Renascimento por parte de bôquirrart, estes historiadores opõem-se aos vincados contrastes que ele estabelece entre o Renascimento e a Idade Média, entre a Itália e o resto da Europa. Consideram que são contrastes exagerados uma vez que ignoram as muitas inovações produzidas na Idade Média, a sobrevivência de atitudes tradicionais no século dezesseis e mesmo mais tarde, e o interesse italiano pela pintura e pela música de outros países, em especial dos Países Baixos.”
Bãrke, Peter. O Renascimento. Lisboa: Texto e Grafia, 2008. página 9-10.
Outras indicações
• O nascimento de Vênus, de Sandro Botitcheli. Disponível em: https://oeds.link/EHGbot. Acesso em: 15 março 2022.
Na página, é possível observar a tela em alta definição e assistir a um vídeo que analisa essa obra-prima do Renascimento. Além dos recursos visuais, há um texto descritivo, ambos disponíveis com tradução automática para o português.
Humanismos e Renascimentos
Entre os séculos quinze e , dezesseis desenvolveu-se na Europa Ocidental um movimento intelectual conhecido como Humanismo. Foram conhecidos como humanistas vários profissionais cultos, como escritores, artistas, professores universitários e médicos. Geralmente, os humanistas estavam ligados à burguesia.
O Humanismo expandiu-se pelos centros urbanos da Europa Ocidental e, em grande medida, deu origem ao Renascimento. Em cada região, esse humanismo renascentista teve características próprias. Por causa dessa diversidade, os historiadores costumam falar em Renascimentos e Humanismos, no plural.
O Renascimento ocorreu principalmente nos séculos quinze e . dezesseis Porém, o termo “Renascimento” se difundiu entre os historiadores europeus apenas no século . dezenove
Apesar de admirarem elementos da cultura greco-romana, os renascentistas não queriam que a Antiguidade pudesse “nascer de novo”, isto é, não queriam um simples retorno à Antiguidade. Afinal, não é possível fazer uma cultura renascer fóra de seu contexto histórico. Além disso, quase todos os renascentistas estavam influenciados pelos princípios cristãos, mesmo que desejassem renová-los.
Visão humanista
Os humanistas se incomodavam com os excessos da religião guiando todas as esferas da vida. Muitos deles criticavam, por exemplo, a visão dualista de que somos compostos de duas partes: espírito e corpo. Nesse dualismo, o espírito era considerado a parte superior e melhor, e o corpo era a parte inferior e pior. Por isso, o espírito deveria governar o corpo. Os humanistas procuravam recompor a integridade do ser humano, relacionando corpo e espírito com igual dignidade.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Humanismos e Renascimentos”, incluindo seus subitens e o boxe “Para pensar”, contribui para o desenvolvimento das competências cê gê três, cê ê cê agá quatro e cê ê cê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero quatro, ao identificar as principais características e significados dos Humanismos e Renascimentos na Europa.
Texto de aprofundamento
A seguir, leia um texto escrito pelo educador alemão Frederíque Máier sobre a influência das ideias educacionais de importantes humanistas como Erasmo de Roterdã.
Erasmo e os humanistas
“Os humanistas muito em prol da popularização do saber. As universidades tornaram-se, então, centros nervosos sociais e políticos, bem como agências de ativa reforma religiosa. Infelizmente, os humanistas preocupavam-se em demasia com a exatidão do saber. Veneravam autoridades gregas e latinas quase no mesmo grau em que os teólogos veneravam os trabalhos dos Padres da Igreja.
Ao mesmo tempo, o saber e a erudição tornaram-se mais cosmopolitas. Desidério Erasmo (1466?-1536) viajou por muitas terras; frequentemente admitia que era um cidadão da Europa e não de uma nação específica. Durante sua vida, ensinou em Cambridge e viveu em Paris, Veneza e Basileia. Os sábios o seguiam em toda parte, e suas cartas e livros tinham amplo público.
Erasmo acreditava que o homem é o centro do universo. Tinha grande fé em Deus, mas, odiando a superstição, estava em constante guerra contra os teólogos. Achava que a hipocrisia governa a maior parte da humanidade e que o educador tem de precaver-se contra a ostentação.
reticências [De acordo com Erasmo] Como poderiam os estudantes progredir? Em primeiro lugar, suas capacidades inatas tinham de ser estimuladas; nesse aspecto, a natureza devia ser o guia. Em segundo lugar, a direção tinha de ser consistente; isso podia ser mais bem determinado pelo amor do professor ao aluno. Em terceiro lugar, o estudante tinha de praticar o que aprendia. Segundo Erasmo, sabedoria é conhecimento aplicado.
A meta da educação, no sistema proposto por Erasmo, é o julgamento independente. Isso combina honestidade com conhecimento real. Não podemos confiar nos antigos; ao contrário, temos de aprender a andar com nossos próprios pés e a lidar inteligentemente com os problemas de nossa época.
Erasmo fez uma importante contribuição ao estudo da motivação. Se um professor usasse de fôrça e coação, motivaria seus alunos de uma maneira negativa. Esse professor tornar-se-ia uma influência positiva se desse um exemplo de saber. É fácil usar a vara como instrumento de disciplina: contudo, é muito mais importante usar a inspiração moral, de modo que o estudante possa querer aprender.”
Máier, Frederíque. História do pensamento educacional. Rio de Janeiro: zarrár, 1976. página 231-233.
De modo geral, os humanistas defendiam um modo de ver o mundo com base nas seguintes características:
- antropocentrismo – o papel do ser humano na escolha dos rumos da própria vida era enaltecido. Alguns humanistas, como Píco Déla Mirândola (1463-1494), argumentavam que Deus criou o homem dando-lhe liberdade para construir a si mesmo. Isso entrava em choque com a cultura teocêntrica (centrada em Deus) que predominava desde a Idade Média. Assim, se antes a humildade cristã recomendava “desconfie sempre de si mesmo”, os humanistas cultivavam outra atitude: “confie em si e amplie suas potencialidades”;
- conhecimento racional – a pesquisa experimental, o estudo da natureza e os cálculos matemáticos eram valorizados. Isso se chocava com a supervalorização da fé (verdades reveladas pela religião) em todos os campos do conhecimento. Assim, se antes predominava o princípio do “crer para compreender”, os humanistas buscavam “compreender para crer”;
- valorização da Antiguidade Clássica – os humanistas resgataram saberes e artes greco-romanos em diversos campos, como na filosofia, literatura, escultura, arquitetura, objetos de decoração etc.;
- individualidade – a curiosidade intelectual, a vontade de fazer ciência, o desejo de aventura e a expansão da criatividade foram estimulados. Expressando admiração pelo ser humano, Xêiquispíer (1564-1616) escreveu: “Que obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio, tão infinito em capacidade”. Essa valorização do indivíduo se opunha ao coletivismo da cristandade, ou seja, à ideia de que os seres humanos pertenciam a um mesmo rebanho de Deus, ao qual deviam submissão, obediência e mansidão.
responda oralmente
para pensar
Você admira alguma cultura do passado? Qual? Explique por que você a admira.
Orientações e sugestões didáticas
Para pensar
Resposta pessoal. Espera-se que o estudante questione os motivos que o levam a admirar determinadas culturas e não outras. Com base nas respostas, discuta as idealizações históricas feitas até os dias de hoje, lembrando os estudantes de que, muitas vezes, nossa visão sobre o passado revela muito dos valores do presente.
Renascimento italiano
O Renascimento surgiu na Península Itálica, com destaque para as cidades de Florença, Bolonha, Gênova, Veneza e Roma, a partir do século . catorze Contribuíram para isso a presença, nessa região, de obras de arte da Roma antiga, bem como a circulação de textos da Antiguidade Clássica, como os de Aristóteles, Platão e Sêneca. Esses textos chegaram à Península Itálica com os bizantinos e os muçulmanos, povos com quem os italianos mantinham relações comerciais e culturais.
Além disso, o Renascimento italiano foi estimulado por ricos comerciantes e banqueiros chamados de mecenas, que, em busca de prestígio, financiavam artistas, intelectuais e cientistas. A atividade dos mecenas recebe o nome de mecenato. Uma das famílias que se destacou no mecenato foi a dos Méditchi, em Florença, no século . quinze
Da Península Itálica, o Renascimento difundiu-se por outras regiões da Europa. Assim, surgiram movimentos renascentistas em lugares como Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Holanda e Alemanha.
Europa: Renascimento e Humanismo
dica livro
CRUZ, Xosé A. Neira. O arminho dorme. São Paulo: Edições SM, 2009. (Coleção Comboio de corda).
Livro que mistura ficção e realidade ao tratar da família Méditchi, na Florença do século . quinze Na história, a jovem Bianca de Méditchi se apaixona por Giulio, um rapaz que não concorda com o domínio dos Méditchi sobre a cidade.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
A pintura do Renascimento pode ser interpretada como uma reação de grupos sociais emergentes (comerciantes e banqueiros, por exemplo). Tendo enriquecido, esses grupos passaram a incentivar o trabalho de artistas e a encomendar obras nas quais desejavam se ver representados como as figuras centrais da sociedade.
Os Médici foram uma importante família burguesa de Florença. Concentraram grande poder político para além da sua região de origem, que governaram por séculos. Alguns papas foram membros dessa família, cuja fortuna teve início no comércio de tecidos, “especialmente sedas e panos, que mandavam fabricar em Florença, e especiarias, amêndoas, cavalos e alúmen [uma pedra de uso medicinal], cuja produção dominavam” ( Delumô, Jãn. A civilização do Renascimento. Lisboa: Estampa, 1994. volume 1. página 225).
Orientação didática
No volume referente ao 6º ano, foram estudados aspectos da arte gótica e bizantina. Esses conteúdos podem ser recordados neste momento, como fórma de realizar um contraponto com as obras renascentistas, sobretudo em relação às técnicas de pintura.
O estudo da perspectiva nas pinturas e na arquitetura renascentista pode ser uma maneira interessante de integrar as habilidades desenvolvidas pelo estudante em História e em Matemática.
Para analisar a técnica da perspectiva, sugerimos a observação da obra Entrega das chaves a São Pedro, produzida em 1481-1482 por Piêtro Perudjíno sob encomenda do papa Sisto quarto para a Capela Sistina, em Roma. O afresco foi composto a partir de um ponto fixo centralizado, a chamada perspectiva linear, em torno do qual o restante da obra se desdobra. Linhas horizontais e diagonais, em sequência, criam a aparência de profundidade ao convergirem em um ponto fixo marcado na entrada do edifício, no plano de fundo. A paisagem se completa com um plano aéreo nas colinas, criando a ilusão de um espaço quase infinito.
Artes plásticas
As obras renascentistas apresentam algumas características em comum, sobretudo nas artes plásticas. Os artistas renascentistas, por exemplo, representavam temas da mitologia clássica e da religiosidade cristã, paisagens e cenas do cotidiano. Além disso, eles se destacaram pelo interesse no mundo à sua volta e no estudo da natureza.
Os artistas renascentistas preocuparam-se também em realizar obras duradouras. Era a busca da perenidade, isto é, daquilo que permanece por longo tempo. Para isso, desenvolveram novos materiais, como a tinta a óleo, que, quando seca, é mais resistente às mudanças de temperatura e umidade.
Além disso, os pintores renascentistas desenvolveram a técnica da perspectiva para conferir uma aparência tridimensionalglossário aos personagens e aos objetos representados. A perspectiva dá ao observador a ideia de que as figuras representadas têm altura, largura e profundidade, parecendo mais reais aos olhos humanos.
Durante o Renascimento, muitos artistas passaram a assinar suas próprias obras para marcar que elas eram uma criação autoral e individual. Além disso, pintaram autorretratos ou se representaram como um dos personagens da obra. O autorretrato era uma maneira de o artista estudar feições humanas e aperfeiçoar sua técnica. Os pintores alemães Albrechi Durrár (1471-1528) e Rans Rúlbaim ( cêrca de 1497-1543) fizeram vários retratos e autorretratos que são considerados obras-primas nesse gênero de pintura.
responda oralmente
para pensar
- Você tem uma assinatura para representar seu nome? Caso não tenha, que tal criar uma agora?
- Que características suas você considera importantes? Como você se representaria em um autorretrato?
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê oito e . cê ê cê agá um
Orientação didática
O boxe “Para pensar” é uma oportunidade para aprofundar reflexões sobre a percepção dos estudantes a respeito de suas características pessoais. A partir disso, proponha a eles questões como: será que existe alguém perfeito, alguém que só possua características consideradas positivas? Ou o contrário, alguém que só possua características negativas? Quais características seriam positivas e negativas? Qual seria o benefício de reconhecer nossas qualidades e nossos defeitos? Destaque para os estudantes que aquilo que consideramos muitas vezes “positivo”, “negativo”, “defeito” e “qualidade” depende do contexto histórico em que vivemos. Algo considerado valoroso em uma determinada cultura pode ser desonroso em outra.
Depois, comente que todas as pessoas possuem qualidades e defeitos. Assim, uma pessoa pode ser, ao mesmo tempo, corajosa, inteligente, egoísta etcétera Ou, ainda, ser corajosa em algumas situações e em outras apresentar um medo aparentemente injustificado. É importante que o professor destaque que muitas de nossas características são moldáveis e adquiridas com a aprendizagem e o hábito.
Para pensar
- Resposta pessoal. O professor pode incentivar os estudantes a realizar essa atividade mostrando tipos diferentes de assinatura. Além disso, comente que eles vão assinar muitos documentos ao longo de suas vidas, assim, desenvolver uma assinatura será útil no dia a dia.
- Resposta pessoal. Para auxiliar os estudantes a desenvolver essa atividade, comente que existem características físicas (relacionadas a altura, cor do cabelo, formato do rosto etcétera) e psicológicas (relacionadas a personalidade, tais como descontração, flexibilidade, timidez etcétera). Nos autorretratos, os artistas buscam expor as características que eles pretendem expressar publicamente.
A importância dos artistas italianos
Os artistas italianos ocuparam lugar de destaque no Renascimento. De acordo com o historiador Nicolau SEVITCHENCO (1952-2014), a obra dos grandes pintores italianos serviu de base para o estilo renascentista e teve enorme influência na arte ocidental até o início do século . vinte Entre os principais artistas italianos, destacam-se:
• Leonardo da vinti (1452-1519) foi considerado um grande humanista. Sua obra se estende a diversos campos: anatomia, engenharia, mecânica, física, escultura, pintura etcétera Pintou poucas telas e afrescosglossário , mas suas criações são consideradas obras-primas, como A última ceia, Mona Lisa (ou ) e Djiocônda A virgem dos rochedos;
Orientações e sugestões didáticas
Outras indicações
• SEVITCHENCO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994.
A obra é composta de capítulos temáticos em que o historiador aborda as artes plásticas, a literatura e o teatro, além de traçar um amplo panorama do Renascimento na Itália e em outras regiões da Europa.
• QUEIROZ, Tereza Aline P. de. O Renascimento. São Paulo: êduspi, 1995. (Coleção Acadêmica).
A historiadora faz uma análise aprofundada do Renascimento, incluindo um balanço historiográfico acerca do assunto.
• A vida de Leonardo da vinti (Itália). Direção de Renato Castellani, 1971. 325 minutos ponto
Minissérie biográfica filmada nos locais onde Leonardo da vinti circulou em vida. A produção foi baseada em uma cuidadosa pesquisa histórica sobre a vida e a obra do artista renascentista, sendo premiada com um Globo de Ouro.
• miquelângelo buonarôti (1475-1564) foi pintor, escultor e arquiteto. Pintou afrescos na Capela Sistina, em Roma (mais tarde integrada ao Vaticano). Como escultor, produziu obras-primas, como Moisés, Pietà e Davi. Como arquiteto, projetou a cúpula da Basílica de São Pedro, também no Vaticano;
• Rafael Sanzio (1483-1520) foi outro mestre da pintura influenciado por Leonardo da vinti e Miquelângelo. Esse artista produziu afrescos para decorar o Palácio Apostólico, projetou partes da Basílica de São Pedro (a partir de 1514) e pintou representações da Virgem Maria com o Menino Jesus. A seguir, na seção “Painel”, destacamos uma das mais importantes pinturas de Rafael, chamada Escola de Atenas.
dica internet
Capela Sistina
Disponível em: https://oeds.link/rt58h0. Acesso em: 15 março 2022.
No site é possível fazer um passeio virtual pela Capela Sistina, no Vaticano. Basta mover o mouse pela página e visualizar os afrescos nas paredes e no teto.
Gire o seu dispositivo para a posição vertical
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
A Capela Sistina, localizada no Vaticano, é um dos grandes ícones do Renascimento italiano. Seu nome faz referência ao papa Sisto quarto, que contratou a restauração da capela entre os anos de 1477 e 1480. Os afrescos que estão no local foram iniciados durante essa reforma e representam eventos narrados no Antigo e no Novo Testamento. A obra mais marcante é o teto concebido por miquelângelo buonarôti a pedido do papa Júlio segundo, entre 1508 e 1512.
Outras indicações
• Agonia e êxtase (Estados Unidos/Itália). Direção de , Quérol Ridi 1965. 138 minutos ponto
O filme traz os conflitos entre miquelângelo buonarôti e o papa Júlio segundo durante a concepção do teto da Capela Sistina. Na trama, Miquelângelo a princípio não aceita trabalhar na obra por se considerar um escultor e não um pintor. Apesar disso, ele decide realizá-la para não contrariar o desejo do papa, mas sente-se frustrado durante o processo.
PAINEL
Escola de Atenas
Rafael Sanzio pintou o afresco Escola de Atenas (1509-1511) para decorar uma sala do Palácio do Vaticano. Cada parede dessa sala foi pintada com um tema relacionado às seguintes áreas do conhecimento: Teologia, Poesia, Direito e Filosofia.
Nesse afresco, Rafael representou pensadores que viveram em épocas diferentes em um mesmo espaço. É provável que ele estivesse sugerindo que as fórmas de pensar mudaram ao longo do tempo, pois cada filósofo representa uma época da história da Filosofia.
O foco da obra está em dois personagens principais: os filósofos gregos Platão ( cêrca de 428 -347 antes de Cristo ) antes de Cristo e Aristóteles (384 - antes de Cristo322 ). antes de Cristo Platão foi representado apontando o dedo para cima. Aristóteles é aquele que tem a palma da mão voltada para baixo. A representação refere-se às ideias centrais desses filósofos: Platão é considerado defensor do pensamento abstrato e teórico (mundo das ideias) e Aristóteles é considerado defensor da Filosofia natural e prática (mundo concreto).
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
O afresco Escola de Atenas, de Rafael Sanzio, demonstra a coexistência entre a filosofia grega e a cultura cristã europeia. Nesse sentido, a representação das figuras de Platão e Aristóteles é fundamental.
As ideias de Platão inspiraram uma corrente filosófica chamada Patrística, que foi fundada nos primórdios do cristianismo pelos primeiros padres da Igreja Católica. Aristóteles, por sua vez, foi amplamente apropriado como autoridade por autores da Escolástica, uma filosofia desenvolvida nas universidades medievais que tinha como objetivo reconciliar o pensamento greco-romano e a teologia cristã. Abelardo, Francisco Suárez e Tomás de Aquino são exemplos de grandes pensadores escolásticos que buscaram tal reconciliação.
Uma obra como a de Rafael, encomendada por um papa e produzida em um dos cômodos do Vaticano (a Stanza della Segnatura), não é, portanto, casual. Esse afresco denota uma transição histórica mais lenta entre o mundo medieval e o moderno. Assim, a despeito das inúmeras figuras clássicas representadas em Escola de Atenas, é preciso considerar o aspecto teológico fundamental dessa encomenda, em um período no qual o laico e o religioso, a ciência e a fé não estavam separados em definitivo.
Nesse cenário, a aparência de volume e profundidade foi criada pelo uso da técnica da perspectiva. Para representar o cenário, Rafael inspirou-se na arquitetura greco-romana.
Rafael foi convidado a criar Escola de Atenas quando tinha 25 anos de idade. Nesse afresco, ele representou a si mesmo como um dos personagens (autorretrato), de boina escura, olhando para o observador da pintura.
Alexandre Magno (356 antes de Cristo-323 antes de Cristo), rei da Macedônia, foi representado no afresco ouvindo atentamente o filósofo Sócrates (470 antes de Cristo-399 antes de Cristo).
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
A seção “Painel” intitulada “Escola de Atenas” contribui para o desenvolvimento da competência cê gê três.
Expansão do Renascimento
Da Península Itálica, o movimento renascentista expandiu-se por várias regiões da Europa e, durante esse processo, foi adquirindo novas características e especificidades.
A seguir, vamos conhecer três grandes escritores renascentistas: o inglês , Uíliam Xêiquispíer o espanhol Miguel de Cervantes e o português Luís Vaz de Camões, que produziram obras de alcance universal, em sintonia com os ideais do Humanismo.
• Uíliam Xêiquispíer (1564-1616) ficou famoso por peças de teatro como Romeu e Julieta (1595), Hamlet (1601), Otelo ( cêrca de 1603) e Macbeth ( cêrca de 1607). Romeu e Julieta é uma história de amor entre dois jovens que são impedidos de vivê-lo por causa da rivalidade entre suas famílias.
dica livro
Xêiquispíer, Uilian. A megera domada. Tradução e adaptação de Flavio de Souza. São Paulo: éfe tê dê, 2018.
Comédia escrita por Xêiquispíer no século , dezesseis adaptada nesse livro para o público jovem, narra a história de Catarina, uma moça geniosa e mal-humorada, e seu marido, Petrúquio, que tem uma maneira muito peculiar de “domar” sua esposa.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
A seguir, leia um texto sobre a expansão do Renascimento pelo norte da Europa.
Renascentismo setentrional
“Na própria época renascentista, escritores e artistas debatiam entre si a respeito das transformações em curso. Aos poucos, seus ideais se disseminaram pelo resto da Europa. No final do século quinze, os franceses invadiram a Itália e ficaram encantados com a arte e os costumes italianos. Diplomatas italianos difundiram sua nova noção de valores por toda a Europa. Assim, quando começou a declinar na Itália, em meados do século décimo sexto, a cultura renascentista estava florescendo mais ao norte.
O aperfeiçoamento dos tipos móveis por Gutembergue em torno de 1450 reticências foi crucial para a disseminação do pensamento renascentista. Graças ao novo método de impressão e à proliferação dos livros, as ideias do Renascimento italiano puderam circular cada vez mais.
Europeus do norte passaram a patrocinar escritores e pintores italianos, atraídos por seus talentos. Henrique sétimo convidou eruditos italianos para que se instalassem na Inglaterra a fim de ensinar literatura clássica. E não demorou para que os pensadores humanistas passassem a criticar em seus textos tanto a Igreja como a sociedade.
Por exemplo, em 1516, Tômas Mór, que era conselheiro de Henrique oitavo, escreveu uma obra de ficção intitulada Utopia, na qual imaginava uma sociedade ideal, governada pela razão, onde a propriedade era comum, as mulheres podiam se divorciar ou ser sacerdotisas e todos os indivíduos eram iguais e prósperos.
Um pouco menos controverso foi o inglês Tômas Élioti, que sugeriu maneiras pelas quais os homens de distinção e privilégio social poderiam dedicar seus esforços ao serviço público.
Erasmo de Roterdã, amigo de Tômas Mór, viajara por toda a Europa e tinha conhecimento aprofundado dos clássicos. Seu livro Elogio da Loucura, publicado em 1509, zomba da tendência humana a ignorar a razão e fustiga a corrupção e os abusos da Igreja. Na década de 1530, o francês François Rabelais escreveu Gargântua e Pantagruel, com história de aventura a respeito de dois gigantes que caçoavam da Igreja, das universidades e de outras instituições.
Nos séculos quinze e dezesseis, artistas holandeses, alemães e franceses empenharam-se em mesclar as novas técnicas italianas com suas próprias tradições artísticas, pintando retratos realistas e cenas da vida no campo. Pintores flamengos criaram cenas da Bíblia e da vida cotidiana com detalhes aguçados e realistas. iân van êiqui introduziu a pintura a óleo, obtendo cores mais luminosas. Os franceses se destacaram na arquitetura erguendo elegantes castelos no Vale do Loire, ao sul de Paris. reticências
Assim como se pode dizer que artistas como Miquelângelo e Leonardo da vinti transcenderam sua época, o mesmo vale para Uíliam Xêiquispíer. Todavia, antes de tudo ele foi um homem do Renascimento inglês, sendo inegáveis as tendências humanistas e clássicas em peças como Júlio César, Antônio e Cleópatra. reticências”
. Déniels, Patricia S.; Ríslopi, Estíven G.; Bríncli, Douglas Atlas da história do mundo. São Paulo: Abril barraNational Geographic, 2004. página 166-167.
• Miguel de Cervantes (1547-1616) se destacou pela obra Dom Quixote de la Mancha (1605), que satiriza os ideais da cavalaria medieval. Seus protagonistas são Dom Quixote e Sancho Pança. Dom Quixote é um sonhador fascinado por histórias em que heroicos cavaleiros defendem injustiçados e desamparados. Sancho Pança é mais realista e preso a valores materiais.
• Luís Vaz de Camões (1524-1580) ficou conhecido por sua obra Os lusíadas (1572), que narra de fórma heroica a história de Portugal, desde sua origem até a época das Grandes Navegações, no século . quinze A palavra “lusíadas” significa “portugueses” e deriva de Lusitânia, nome dado pelos antigos romanos para a região de Portugal.
Ciências
No Renascimento, muitos cientistas dedicaram-se a observar fenômenos naturais, fazer experimentos, propor hipóteses, testá-las e reavaliá-las. O próprio Leonardo da vinti defendia que repetir ensinamentos do passado sem uma verificação pessoal significava apenas valorizar a memória, e não o entendimento verdadeiro dos fenômenos do mundo. A seguir, vamos conhecer cientistas daquela época que contribuíram para o desenvolvimento da astronomia.
O astrônomo e sacerdote polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) propôs a teoria heliocêntrica, segundo a qual a Terra e outros planetas se movem em torno do Sol. Essa teoria contrariava a interpretação bíblica da época, segundo a qual o Sol se movia em torno da Terra (teoria geocêntrica). Copérnico evitou divulgar suas ideias porque temia a reação das autoridades católicas. Seu livro Da revolução de esferas celestes foi publicado no ano de sua morte, provocando indignação entre os religiosos.
Posteriormente, analisando a teoria de Copérnico, cientistas como o alemão iorrânes quépler(1571-1630) e o italiano Galileu Galilei (1564-1642) passaram a defendê-la. Por isso, Galileu foi acusado de heresia pelas autoridades católicas. No entanto, para livrar-se das acusações e da pena de morte, ele negou publicamente suas convicções.
Atualmente, a religião não tem mais a influência que exerceu no passado sobre as pesquisas científicas. Mesmo assim, algumas pesquisas geram polêmicas no campo religioso. É o caso, por exemplo, daquelas feitas com células-tronco, que podem ajudar no tratamento de pessoas afetadas por doenças cardíacas, leucemia, trombose etcétera No Brasil, as pesquisas com células-tronco foram autorizadas pela Justiça em 2008, mas esse assunto continua dividindo opiniões.
responda oralmente
para pensar
Em sua opinião, existe diferença entre memorizar e entender um assunto? Responda utilizando argumentos consistentes.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Ciências” favorece o desenvolvimento da competência cê ê agá quatro. Já o boxe “Para pensar” contribui para o desenvolvimento da competência cê gê dois. Além disso, ambos trabalham aspectos do tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia, ao abordarem o contexto de desenvolvimento do método científico experimental e as relações entre os processos de memorização e entendimento.
Para pensar
Tema para reflexão. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, explique que memorizar e entender são processos complementares e essenciais para o desenvolvimento do conhecimento. A princípio, o ato de memorizar está relacionado à capacidade de reter informações. Já o ato de entender está relacionado à capacidade de compreender o sentido de algo, de perceber intenções e significados. Ressalte que tanto a memorização quanto o entendimento são processos fundamentais para a produção e socialização do conhecimento científico, inclusive na área de Ciências Humanas.
Orientação didática
Cada vez mais, as teorias pedagógicas, entre elas as teses de David Auzúbel, enfatizam que a aprendizagem deve ser significativa e que somente a memorização mecânica não propicia uma formação adequada às novas demandas sociais. A formação de estudantes críticos, conscientes e criativos é construída por meio de atividades contínuas que contemplem diversas habilidades cognitivas. É fundamental que o estudante compreenda, portanto, que o aprendizado não está limitado à transmissão mecânica de conhecimento. Ele envolve uma troca significativa de conteúdos entre educador e educando.
Orientação didática
O processo inquisitorial (1633) movido contra Galileu Galilei baseava-se “na visão cosmológica aristotélica, com mediação da construção ontológica de Tomás de Aquino. Essa construção consistia em um complexo desenvolvimento de argumentos com chave explicativa para todas as coisas e fenômenos e exibia a presunção de que se havia chegado a um termo ideal, a uma convergência entre a busca do saber e o entendimento da ordem natural estabelecida por Deus. Essa visão oficial da Igreja Católica se opunha a todas as novas descobertas científicas que contrariassem a ordem universal nela sugerida” (BAIARDI, Amílcar êti ól Processos cavilosos, sentença vingativa e abjura humilhante: o caso Galileu. Cadernos de História da Ciência – Instituto Butantan, volume 8, número 2, página 191, julho a dezembro 2012).
Reforma Protestante
Atualmente, os cristãos representam cêrca de 30% da população mundial, porém não formam um grupo homogêneo. Existem vários ramos do cristianismo, sendo mais numerosos os formados por católicos, ortodóquissos e protestantes.
Os católicos são seguidores da Igreja Católica Romana, que tem suas origens no século primeiro , Depois de Cristo sediada em Roma, no atual Estado do Vaticano. Chefiada pelo papa, essa Igreja é a maior instituição cristã do mundo, reunindo cêrca de 1,3 bilhões de fiéis.
Os ortodóquissos surgiram no século onze com a separação entre a Igreja Católica do Ocidente (com séde em Roma) e a Igreja Católica do Oriente (com séde em Constantinopla). Atualmente, a Igreja ortodóquissa possui cêrca de 250 milhões de seguidores em diferentes países, sobretudo da Europa Oriental e da Ásia – como Romênia e Rússia.
Os protestantes surgiram no século , dezesseis após cristãos da Europa Ocidental romperem com a Igreja Católica Romana.
A seguir, vamos conhecer os principais motivos que provocaram essa ruptura do cristianismo ocidental, a chamada Reforma Protestante.
responda NO CADERNO
para pensar
Quais são os significados das palavras “reformar” e “protestar”? Crie frases utilizando essas palavras.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Reforma Protestante” e seus subitens, bem como os textos “Reforma Luterana”, “Reforma Calvinista”, “Reforma Anglicana” e “Reforma Católica”, apresentados em sequência, contribuem para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero cinco, ao caracterizar as reformas religiosas no século dezesseis e seus desdobramentos. Já o boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento da competência cê gê dois.
Para pensar
Consultando dicionários, os estudantes poderão encontrar alguns dos seguintes significados: (a) reformar: reconstruir, corrigir, retificar, melhorar, aprimorar; (b) protestar: rebelar-se, insurgir-se, assegurar, afirmar.
Depois de ouvir as respostas, explique que a expressão “Reforma Protestante” identifica um movimento religioso ocorrido no século dezesseis, cujos membros se rebelaram contra a Igreja Católica, propondo mudanças que abalavam a estrutura de poder dessa instituição.
Ressalte que movimentos de contestação ao catolicismo aconteceram desde o século doze na Europa. Alguns precursores podem ser mencionados, como os cátaros (século doze), Djon Uiclifi (século catorze) na Inglaterra e Ian Rus (século quinze) na atual República Tchéca.
Outras indicações
• Cosmos: uma odisseia do espaço-tempo (Estados Unidos). Direção de Brénon Braga, Bil Pôupi e Én Drúian, 2014. Cada um dos 13 episódios tem cêrca de 44 minutos.
A série documental é narrada pelo físico Nil de Grásse Táisson e discute o processo de formação do universo e do planeta Terra. Além disso, há uma discussão sobre diversas expectativas em relação ao futuro.
• Galileu: a batalha pelo céu (Estados Unidos). Direção de Peter Jones, 2002. 120 minutos.
Série documental que narra as modernas descobertas de Galileu Galilei e suas dificuldades com a Igreja Católica. A produção foi baseada no livro de Dava Sobel sobre a filha de Galileu (Galileo’s daughter), Maria Celeste, uma noviça enclausurada que deixou correspondências importantes para a compreensão da história da ciência no século dezessete.
Crítica ao clero
Durante a modernidade, o clero católico foi alvo de diversas críticas, entre as quais destacamos:
- vida luxuosa: a Igreja Católica acumulou grande riqueza e poder, o que proporcionou uma vida luxuosa, sobretudo para o papa e os membros do alto clero. A riqueza ostentada pelo clero contrastava com a miséria da maioria dos fiéis e com alguns valores católicos, como a simplicidade e a humildade;
- comércio de falsas relíquias: vários sacerdotes enganavam os fiéis vendendo-lhes objetos falsificados como se fossem relíquias sagradas, por exemplo: “espinhos da coroa de Cristo”, “pedaços de madeira da cruz em que Jesus morreu”, “pedaços do tecido do manto sagrado” ; etcétera
- venda de indulgências: a Igreja vendia indulgências, isto é, o perdão dos pecados em troca de dinheiro ou artigos de luxo. Desse modo, os fiéis poderiam comprar sua “entrada para o reino do céu”;
- despreparo intelectual: apesar de a Igreja Católica afirmar que os sacerdotes eram intermediários entre Deus e os fiéis, muitos deles não tinham boa formação religiosa nem escolar.
Ética da burguesia
A Igreja Católica recomendava aos comerciantes a prática de preços justos, evitando os lucros desenfreados. Além disso, a Igreja condenava a usura, que é a prática de cobrar jurosglossário sobre empréstimos. Isso porque alguns teólogos católicos consideravam que o “tempo” pertencia a Deus e, por isso, não se podia cobrar juros sobre o tempo em que o dinheiro permanecia emprestado.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
Os textos “Crítica ao clero” e “Ética da burguesia” contribuem para o desenvolvimento das competências cê gê seis e . cê ê agá quatro
Texto de aprofundamento
A seguir, leia um texto sobre a venda de indulgências, prática que provocou várias críticas à Igreja Católica.
Vendendo entrada para o céu
“Na Europa, a todo-poderosa Igreja Católica encontrava-se em perigo. Ela havia tolerado muitos acessos suspeitos e obscuros que permitiam que os ricos e os desonrosos, ao pagarem uma taxa prescrita, esperassem poder entrar seguramente nos céus. Acreditava-se que os santos mantinham sob vigilância um quarto cheio de misericórdias e indulgências do qual podiam distribuir uma porção àqueles pecadores ricos que, no último momento, desejassem a salvação e pudessem pagar por ela. Algumas indulgências e concessões, dadas em troca de dinheiro ou de serviços prestados, baseavam-se num perfeito fundamento espiritual. Assim, em 1095, durante as cruzadas para resgatar Jerusalém dos infiéis, o papa Urbano segundo prometeu perdoar os pecados dos cruzados que atravessassem os mares ‘por pura devoção, e não com o objetivo de obter honra e dinheiro’.
O dinheiro doado para a construção de catedrais era reconhecido como um passaporte sagrado que poderia ser apresentado ao entrar na porta eterna do céu. Quando a imponente igreja de Speyer, na Alemanha, estava sendo reconstruída em 1451, pelo menos 50 sacerdotes sentavam-se tranquilamente e, após ouvirem as confissões, davam seu perdão aos peregrinos que doassem dinheiro. Um quarto de século depois, o papa permitiu que se vendessem indulgências pelo bem das pessoas já mortas e que viviam no purgatório. Em suma, os ricos podiam comprar o perdão dos pecados cometidos por parentes falecidos que, na época de sua morte, podiam não ter sentido necessidade alguma de perdão. Aos pobres, por serem pobres, era praticamente negada tal concessão.”
Blêini, Djeófri. Uma breve história do mundo. São Paulo: Fundamento Educacional, 2007. página 184-185.
A atitude da Igreja Católica de condenar a cobrança de juros e controlar os preços das mercadorias incomodava os burgueses, que se preocupavam basicamente em expandir seus negócios e aumentar seus lucros. Por isso, muitos burgueses passaram a apoiar uma nova ética que valorizasse suas práticas econômicas ao invés de criticá-las.
Estados nacionais
Com a consolidação dos Estados nacionais, alguns príncipes e reis passaram a encarar o papa e outras autoridades católicas como “estrangeiros” que interferiam em assuntos de seu país. Isso aconteceu, por exemplo, em regiões da Europa que atualmente correspondem a Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça, Holanda, Inglaterra e Escócia.
Na época, a Igreja Católica divulgava suas doutrinas em latim, possuía grandes propriedades de terras e enviava o dinheiro que recebia dos fiéis para sua séde em Roma. Entretanto, os novos monarcas tinham interesse em ampliar seus territórios, exercer sua autoridade, impedir que recursos saíssem de seus reinos e fortalecer a língua nacional de seu Estado. Assim, a ruptura com a Igreja Católica e as mudanças nas doutrinas religiosas favoreceriam os interesses de alguns monarcas.
Interpretações da Bíblia
Durante o período medieval, a Bíblia (livro sagrado do cristianismo) era escrita em latim e interpretada, principalmente, por sacerdotes católicos. Além disso, existiam poucos exemplares da Bíblia, que eram copiados à mão e custavam caro.
A partir do século , quinze isso foi mudando devido a dois fatores principais: a invenção da imprensa e as traduções da Bíblia, que passaram a ser escritas também nos idiomas nacionais dos Estados.
A imprensa que utilizava tipos móveis de metal foi inventada pelo alemão Iorrãn gutembérgue(1398-1468). Essa invenção facilitou a reprodução gráfica, aumentando a produção de livros e barateando seus preços.
Alguns reformadores, que estudaremos a seguir, traduziram a Bíblia para as línguas nacionais. Desse modo, não era mais necessário saber latim para entender os textos sagrados.
Com essas inovações, a Bíblia chegou a um número maior de leitores, que fizeram novas interpretações, às vezes diferentes dos ensinamentos dos sacerdotes católicos.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Interpretações da Bíblia” favorece o desenvolvimento da competência . cê ê agá cinco
Outras indicações
• . A Bíblia inglesa e as revoluções do século ril, crístofer . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. dezessete
No livro é abordado o impacto da tradução da Bíblia para o inglês nas transformações religiosas, políticas, econômicas e sociais do século . dezessete
• Bíblia de Gutenberg. Disponível em: https://oeds.link/qyKEnx. Acesso em: 15 março 2022.
No site está disponível para consulta a Bíblia tipografada por Gutenberg na década de 1450.
Orientação didática
No século dezesseis, pessoas que lessem a Bíblia e dela tirassem conclusões que não fossem as permitidas e autorizadas pela Igreja Católica sofriam perseguições, sobretudo pela Inquisição. Esse foi o caso do moleiro Menocchio, que na Itália seiscentista lia as Escrituras Sagradas e fazia interpretações próprias que misturava com antigas tradições da cultura oral da região onde ele vivia (ao norte da atual Itália), tendo sido, por isso, perseguido por inquisidores. Essa história pode ser trabalhada em sala de aula pelo professor a partir de trechos da obra O queijo e os vermes, de Carlo guínzburg (São Paulo: Companhia de Bolso, 2006).
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um fragmento do texto do historiador inglês crístofer ril sobre a importância das novas interpretações bíblicas, sobretudo, dos livros proféticos.
Interpretações da Bíblia
“A erudição protestante desmascarou muitas superstições católicas e popularizou a Bíblia nas línguas vernáculas. Da mesma fórma, o estudo pelos protestantes dos livros proféticos da Bíblia visava dar base racional à ciência da profecia. reticências A invenção da imprensa, proporcionando um registro permanente das profecias, talvez tenha contribuído para a denúncia de suas ambiguidades e falácias. A sensação de liberdade que podia vir da confiança em tais predições era ilusória. Pois a Bíblia, se fosse compreendida de maneira adequada, realmente libertaria os homens do destino e da predestinação. Entendendo-se os propósitos de Deus e cooperando com eles, acreditava-se que seria possível escapar das fôrças cegas que pareciam reger o mundo, e até mesmo do próprio tempo; os homens assim alcançariam a liberdade.”
ril, crístofer . O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. página 104.
Reforma Luterana
No século , dezesseis o monge Martinho Lutéro(1483-1546) iniciou um movimento de ruptura com a Igreja Católica. Lutéro nasceu na cidade de Eisleben (atual Alemanha) e faleceu nessa mesma cidade. Aos 22 anos, entrou para a ordem dos agostinianos, um grupo religioso católico inspirado pelas ideias de Santo Agostinho (354-430).
Em seus estudos, Lutéro encontrou na Bíblia frases que lhe pareceram fundamentais:
“O justo viverá da fé.”
Bíblia sagrada. São Paulo: Escala, 2014. Romanos Capítulo 1, versículo 17.
“Concluímos reticências que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei.”
Idem. Romanos Capítulo 3, versículo 28.
Interpretando essas frases, Lutéro argumentava que homens e mulheres, corrompidos pelo pecado original, só poderiam se salvar pela fé em Deus. Assim, o único instrumento de salvação seria a fé, e não as obras.
Em 1527, Lutéro publicou um manifesto (95 teses) condenando as práticas da Igreja Católica. Entre os princípios da doutrina luterana, destacam-se:
- o direito dos fiéis ao livre exame das Escrituras Sagradas (Bíblia);
- a fé cristã como único caminho para a salvação eterna;
- a Bíblia como a única fonte para a fé;
- o batismo e a eucaristia como os dois únicos sacramentos;
- não aceitação do culto aos santos católicos, da adoração de imagens e da autoridade universal do papa.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Explique aos estudantes que, para os cristãos, o pecado original é aquele que nasce com toda pessoa. Foi Santo Agostinho, religioso que viveu entre os séculos quatro e cinco, quem desenvolveu essa doutrina para explicar a imperfeição humana, o sofrimento e a expulsão da humanidade do paraíso.
Além disso, ressalte que a tradução da Bíblia para o alemão, língua utilizada pela população local, tinha muito mais abrangência do que a Bíblia em latim, idioma dominado por uma restrita camada social, em geral sacerdotes e nobres.
Outras indicações
• Lutero: 500 anos da Reforma. Disponível em: https://oeds.link/ppK8Sq. Acesso em: 15 março 2022.
Exposição virtual da Biblioteca Nacional com textos, imagens e documentos digitalizados relacionados à Reforma Protestante. Destacamos as 95 teses de Lutero e a galeria de imagens sobre ele.
Reação católica
Os líderes católicos reagiram à doutrina luterana e decidiram expulsar Lutéro da Igreja Católica. Fugindo de perseguições, Lutéro refugiou-se no castelo de um príncipe, onde traduziu a Bíblia para o alemão.
As ideias de Lutéro ganharam seguidores entre camponeses, trabalhadores urbanos, burgueses e nobres do norte da Europa. Em 1529, nobres alemães luteranos protestaram contra as medidas da Igreja Católica que impediam cada Estado de escolher a própria religião. A partir daí, o nome protestante passou a designar os cristãos não católicos seguidores das novas igrejas que surgiram nesse período.
responda oralmente
para pensar
- Você já assistiu a algum ato de protesto? Comente.
- Contra o que você protestaria hoje? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O boxe “Para pensar” contribui para o desenvolvimento das competências cê gê seis, cê gê nove, cê gê dez, cê ê cê agá um, cê ê cê agá seis, cê ê agá um e cê ê agá três.
Para pensar
- O estudante deve responder se já viu ou tomou conhecimento de algum ato de protesto pelos meios de comunicação. Deve relatar qual seria o objetivo desse ato de protesto e comentar sua posição sobre o episódio.
- O estudante deve relatar alguma situação, compatível com sua faixa etária, contra a qual gostaria de protestar e explicar os motivos de seu protesto.
As questões do boxe “Para pensar” podem ser realizadas oralmente em sala de aula. O objetivo é levar os estudantes a refletir sobre temas do mundo atual que ensejam debates e protestos.
Reforma Calvinista
João Calvino (1509-1564) nasceu em Noyon, na França. Era católico e estudou teologia e direito. Durante a juventude, recebeu a influência dos reformadores protestantes de sua época, como . Lutéro Mas, posteriormente, criou seu próprio movimento reformista, chamado de calvinismo.
Calvino pregava que somente a fé traz a salvação e defendia a existência de uma predestinação ao céu. Explicava que algumas pessoas eram eleitas por Deus para serem salvas e ninguém poderia interferir no plano divino. Em razão de sua doutrina, Calvino foi perseguido pelas autoridades católicas francesas e fugiu para a Suíça, onde se tornou líder do governo da cidade de Genebra, de 1541 a 1560.
Em Genebra, o governo calvinista exigiu dos habitantes um comportamento moral rigoroso, incluindo a proibição do jogo, do culto às imagens de santos, das danças, do uso de roupas luxuosas e de joias. Assim, os calvinistas pregavam que os cristãos deveriam trabalhar muito, evitar gastos desnecessários e orar a Deus. O trabalho intenso, recompensado com o sucesso econômico, era interpretado como um sinal da salvação predestinada.
O calvinismo espalhou-se por regiões da França, Inglaterra e Escócia, dando origem a outras correntes religiosas que ficaram conhecidas, respectivamente, como huguenotes, puritanos e presbiterianos.
No livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, o sociólogo Máquis Vêber (1864-1920) argumentou que os ideais calvinistas favoreciam os interesses da burguesia e do capitalismo, pois estimulavam o trabalho e o acúmulo de riquezas, além de defenderem o lucro.
Vêber é considerado um dos fundadores da Sociologia. Seu trabalho destacou-se por analisar dimensões do capitalismo na modernidade, como a preocupação com a eficiência dos resultados, baseada em cálculos e planejamentos para a redução de riscos.
Orientações e sugestões didáticas
Outras indicações
• SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
No livro são analisados os textos de Dante, Maquiavel, Lutero, Calvino e Bodin, procurando identificar os fundamentos da política moderna.
• MONTEIRO, Rodrigo Bentes. As Reformas Religiosas na Europa Moderna: notas para um debate historiográfico. Varia História, Belo Horizonte, volume 23, número 37, p. 130-150, janeiro até junho 2007.
Artigo que permite ampliar os conhecimentos sobre as principais discussões historiográficas em torno das reformas religiosas.
Reforma Anglicana
No século dezesseis também ocorreu uma reforma religiosa na Inglaterra, conduzida pelo rei Henrique oitavo (1509-1547). Dessa reforma surgiu a Igreja Anglicana.
Um dos principais motivos da ruptura entre o rei inglês e a Igreja Católica foi a disputa pelo poder. O monarca pretendia limitar a influência da Igreja Católica, que também era proprietária de muitas terras na Inglaterra. Além disso, Henrique oitavo queria anular seu casamento com Catarina de Aragão (1485-1536). O rei alegava que Catarina não conseguia ter um filho homem para sucedê-lo no trono. Assim, solicitou ao papa a anulação de seu matrimônio para poder se casar com Ana Bolena ( cêrca de 1501-1536). Mas o pedido do rei foi negado pelo papa.
Rompimento com a Igreja Católica
Diante da recusa do papa, Henrique oitavo rompeu com a Igreja Católica e casou-se novamente com a aprovação do Parlamento inglês. Posteriormente, o mesmo Parlamento aprovou uma lei (o Ato de Supremacia) que tornava Henrique oitavo o chefe supremo de uma nova Igreja na Inglaterra, denominada Igreja Anglicana. Em seguida, o rei confiscou os bens da Igreja Católica.
O papa Paulo terceiro (1468-1549) reagiu, excomungando o rei inglês. Porém, não conseguiu impedir a criação da Igreja Anglicana, que não era muito diferente da Católica em termos de doutrina e de culto.
Desse modo, o anglicanismo tornou-se a religião oficial do Estado. Houve perseguições aos fiéis e às autoridades católicas. Porém, muitos católicos continuaram a viver no reino, embora não pudessem praticar livremente sua religião.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
O texto a seguir apresenta alguns outros fatores que contribuíram para o surgimento da Igreja Anglicana.
Reforma Anglicana
“ reticências o senso comum tende a pensar que a Igreja Anglicana surgiu apenas porque o rei Henrique oitavo queria se casar novamente, o que não é verdade. Havia uma insatisfação dos ingleses em prestar contas ao papa em Roma. Um exemplo disso era o pagamento das anáte, tributo que os ingleses pagavam a Roma e que, ironicamente, desde o século catorze, era revertido à França para financiar a guerra contra os próprios ingleses. Além disso, o luteranismo se espalhou pela Inglaterra graças à literatura clandestina proveniente da Alemanha, cujas ideias de Lutero eram traduzidas para o inglês sem levar o seu nome, reticências juntamente com a tradução da Bíblia para o inglês por Uíliãn Tindêil. Até hoje a Igreja Anglicana é subordinada ao rei da Inglaterra e seu principal documento, oriundo do Ato de Supremacia, são os 39 artigos de religião reticências.
O sucesso de Henrique oitavo em obter apoio do clero, da burguesia e de boa parte da população para romper com Roma se deu, em boa parte, graças ao fato de novas ideias penetrarem no reino por escrito. Muitas vezes se disseminavam as ideias sem dizer que seu autor era Lutero ou um luterano. Somente depois que a ideia tinha tido aceitação é que se descobria que ela vinha da movimentação religiosa que estava acontecendo na região central do continente. Com isso, vemos o papel fundamental que a invenção da imprensa por Iorranes Gutembergue reticências desenvolveu para o sucesso da Reforma Protestante.”
RAMOS NETO, João Oliveira. Fé subversiva: uma análise do conflito sociopolítico da ideologia anabatista com as demais propostas da Reforma Protestante na Europa Central entre os anos de 1525 a 1555. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Faculdade de História () éfe agá, Programa de Pós-Graduação em História, Goiânia, 2016. página 16-17.
Reforma Católica
A reação da Igreja Católica ao protestantismo ficou conhecida como Contrarreforma ou Reforma Católica e incluiu medidas como:
- repressão aos protestantes: na França, por exemplo, ocorreu o episódio conhecido como a Noite de São Bartolomeu (1572), quando milhares de huguenotes foram massacrados pelos católicos;
- criação da Ordem dos Jesuítas: o militar e religioso espanhol Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus (1534), também chamada de Ordem dos Jesuítas. Os jesuítas consideravam-se “soldados da Igreja” com a missão principal de combater o protestantismo e expandir o catolicismo na Europa e em outras partes do mundo. Para cumprir sua missão, os jesuítas criaram escolas religiosas e catequizaram povos dos continentes americano, asiático e africano;
- convocação do Concílioglossário de Trento (1545-1563): o papa Paulo terceiro convocou um concílio, reunido na cidade de Trento, na Península Itálica. O objetivo era promover uma reforma no catolicismo e fazer frente às críticas que a Igreja Católica enfrentava. Depois de anos de trabalho, os membros do concílio reafirmaram pontos básicos da doutrina católica, como os sete sacramentosglossário , a autoridade do papa e as fontes da fé cristã católica, sendo a Bíblia a principal fonte da doutrina religiosa e sua interpretação correta atribuída ao clero católico;
• volta da Inquisição: os inquisidores tinham o objetivo de julgar e punir pessoas acusadas de crimes contra a fé católica, recebendo do papa autorização para utilizar até mesmo a tortura como fórma de obter a confissão dos acusados. Além disso, a Igreja Católica elaborou, em 1559, o Índequis librórum proibitórum, uma lista de livros proibidos aos católicos. Dessa lista constavam, por exemplo, obras de Galileu Galilei, Nicolau Copérnico e todas as obras de autores protestantes.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
No que se refere à Contrarreforma, vale comentar que Nicolau Copérnico e Galileu Galilei, cientistas que tentaram explicar o universo por meio da ciência, sofreram perseguições por parte das autoridades da Igreja Católica.
Posteriormente, as autoridades católicas procuraram rever certos posicionamentos. Nesse sentido, em 1822, o livro de Copérnico foi retirado do Índequis librórum proibitórum (a lista de obras proibidas pela Igreja Católica).
Em 1978, o papa João Paulo segundo nomeou uma comissão para estudar a reabilitação de Galileu Galilei. O cientista foi oficialmente reabilitado em 1992. Se desde o século quinze as autoridades católicas defendiam que o inferno era um castigo eterno aos pecadores, o papa Francisco primeiro revisou essa afirmação em 2015, dizendo que a Igreja “não condena para sempre”.
Texto de aprofundamento
Leia a seguir um texto sobre a relação entre a fundação da Companhia de Jesus e a Contrarreforma.
A Companhia de Jesus
“A Companhia de Jesus foi fundada em pleno desenrolar do movimento de reação da Igreja Católica contra a Reforma Protestante, podendo ser considerada um dos principais instrumentos da Contrarreforma nessa luta. Seu objetivo era tentar sustar o grande avanço protestante da época, e para isso utilizou-se de duas estratégias: por meio da educação dos homens e dos índios; e por intermédio da ação missionária, procurando converter à fé católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas. reticências Para atingir seus objetivos, os jesuítas – soldados de Cristo –, deveriam passar por uma reciclagem intelectual e científica para combater os vícios e os pecados e purificá-los contra o mal.”
chigunóv NETO, Alexandre; MACIEL, Lizete S. B. O ensino jesuítico no período colonial brasileiro: algumas discussões. Educar em Revista. Curitiba: Editora ú éfe pê érre, número 31, página 172, 2008.
Difusão das reformas religiosas
O protestantismo se difundiu rapidamente pelo continente europeu, conquistando vários seguidores. Em aproximadamente 50 anos, cêrca de 40% dos europeus ocidentais se tornaram protestantes.
Observe o alcance do protestantismo no mapa a seguir.
Europa: difusão das reformas religiosas (século ) dezesseis
Responda no caderno
observando o mapa
Identifique e escreva o nome dos países que hoje correspondem às regiões em que o catolicismo, o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo predominaram no século dezesseis.
No atual Brasil, o protestantismo ganhou novos ramos com as Igrejas evangélicas, que se baseiam nos poderes do Espírito Santo para fazer milagres, como curar doenças, promover a prosperidade e expulsar o mal da vida dos fiéis.
Segundo levantamento estatístico realizado em 2020 pelo Instituto Datafolha, cêrca de 31% dos brasileiros se declaram evangélicos, enquanto por volta de 50% da população se declara católica.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.
Observando o mapa
Catolicismo: Portugal, Espanha, Itália, França, Irlanda e Países Baixos; luteranismo: Alemanha, Dinamarca e Suécia; calvinismo: Escócia e Suíça; anglicanismo: Inglaterra.
Orientação didática
Tanto católicos como protestantes demonstraram, por vezes, intolerância uns contra os outros e também em relação a festas populares como o Carnaval. A alegria, a fantasia e o deboche carnavalescos eram condenados pelos religiosos. Essa festa era rotulada de pagã, isto é, associada a celebrações anteriores ao cristianismo.
As atitudes de intolerância e ódio de certas autoridades religiosas chocam-se com a caridade, que é uma das virtudes mais valorizadas no cristianismo. Segundo os ensinamentos pregados pelas religiões cristãs, quem pratica caridade não pode provocar dor ao outro, mas sim amá-lo e respeitá-lo. No entanto, em nome do cristianismo, muitas pessoas cometeram atos de violência, tais como guerras religiosas e perseguições a hereges e judeus. Do mesmo modo, praticantes de outras religiões também se envolveram em conflitos com grupos considerados “inimigos”.
Atualmente, a intolerância religiosa continua provocando diversos conflitos no mundo. Para construirmos uma sociedade mais democrática e menos violenta, devemos desenvolver atitudes de diálogo, respeito e tolerância ao outro. Esse tema permite desenvolver as seguintes competências da Bê êne cê cê: cê gê um, cê gê oito, cê gê nove, cê ê cê agá um, cê ê cê agá quatro e cê ê agá um.
OUTRAS HISTÓRIAS
Inquisição espanhola
Em 1478, o papa Sisto quarto (1414-1484) permitiu a fundação da Inquisição espanhola, a pedido dos reis Fernando e Isabel. Nomeados pelos reis, os inquisidores passaram a julgar as heresias. A grande diferença com relação à Inquisição medieval era justamente o poder que os reis teriam, a partir do final do século , quinze na nomeação dos inquisidores, misturando a ação do Estado com as práticas religiosas.
A primeira cidade espanhola a ter um tribunal da Inquisição foi Sevilha, lugar onde tradicionalmente havia grandes comunidades de católicos, judeus e muçulmanos. A tolerância deixou de existir e passou a vigorar uma forte repressão a todos os que não fossem católicos.
Mais tarde, durante a colonização da América pelos espanhóis, foram criados tribunais na Cidade do México e em Lima (no Peru) em meados do século , dezesseis e em Cartagena (em Nova Granada, atual Colômbia) no começo do século . dezoito
Até sua extinção, em 1834, a Inquisição espanhola condenou cêrca de trezentas mil pessoas a diversas penas.
Responda no caderno
Atividade
A Inquisição espanhola durou quantos anos? Nesse período, a Inquisição também atingiu as colônias da Espanha na América? Explique.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
A seção “Outras histórias” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero cinco, ao caracterizar a ação da Inquisição espanhola na América no contexto de reações da Igreja Católica aos movimentos de ruptura da cristandade.
Outras histórias
A Inquisição espanhola foi criada em 1478 e extinta em 1834, com duração de 356 anos. Nesse período, condenou cêrca de trezentas mil pessoas a diversas penas, e sua atuação também se deu nas colônias espanholas da América. Foram criados tribunais na Cidade do México e em Lima (no Peru), em meados do século dezesseis, e em Cartagena (em Nova Granada, atual Colômbia), no começo do século . dezoito
Outras indicações
• SANTOS, João Henrique dos; Foladôr, quélen djêicobssein. Algumas considerações sobre o quadro Auto-da-fé ou Tribunal da Inquisição, de Francisco José de góia i luciêntes. primeiro Encontro de História da Arte, unicâmpi, 2005. Disponível em: https://oeds.link/fr8wuh. Acesso em: 15 março 2022.
No artigo é feita uma contextualização das práticas da Inquisição a partir da análise de uma pintura de góia.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
1. Identifique as frases incorretas sobre o Renascimento. Depois, reescreva-as de fórma correta.
- O Humanismo e o Renascimento compartilharam características como antropocentrismo, racionalismo, individualismo e valorização da cultura clássica.
- Os renascentistas romperam definitivamente com a Igreja Católica para aderir ao paganismo greco-romano.
- O Renascimento foi um movimento cultural que ficou restrito à Península Itálica.
- O movimento renascentista está relacionado a uma mudança de mentalidade e de valores que contribuíram para o desenvolvimento da ciência.
- Ao desenvolverem suas pesquisas, os cientistas do Renascimento receberam total apoio da Igreja Católica.
- Relacione os itens a seguir aos itens numerados em algarismo romano.
- Iorrãn gutembérgue (1398-1468).
- Ordem dos Jesuítas.
- Igreja Anglicana.
- Martinho Lutéro (1483-1546).
- João Calvino (1509-1564).
- No século , desenvolveu uma tipografia que aumentou a produção de livros, entre os quais a Bíblia. quinze
- Foi fundada na Inglaterra pelo rei Henrique oitavo com um culto e uma doutrina semelhantes aos da Igreja Católica.
- Pregava que somente a fé trazia a salvação e defendia a existência de uma predestinação ao céu.
- Tinha como principal missão combater o protestantismo e expandir o catolicismo.
- Em 1517, publicou um manifesto com 95 teses contra as práticas da Igreja Católica, sendo considerado o iniciador da Reforma Protestante.
Interpretar texto e imagem
3. Leia o texto a seguir, escrito por Leonardo da vinti (1452-1519), e faça o que se pede.
“Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso [particular] uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos.”
DA VINCI, Leonardo. . carnês In: FEITOSA, Elisa Geralda êti ól Filosofia: alguns de seus caminhos no Ocidente. São Paulo: Baraúna, 2014. página 275.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
Esta seção contribui para o desenvolvimento das seguintes competências da Bê êne cê cê:
• cê gê um (atividades 1, 2 e 4);
• cê gê dois (atividade 5);
• cê gê três (atividades 4 e 5);
• cê ê cê agá dois (atividade 4);
• cê ê cê agá cinco (atividade 4);
• cê ê agá um (atividade 4);
• cê ê agá três (atividades 3, 4 e 5).
Oficina de História
Conferir e refletir
- Estão incorretas as frases b, c e e, que poderiam ser corrigidas da seguinte forma:
- Muitos renascentistas questionavam a influência excessiva da Igreja Católica e valorizavam a cultura greco-romana.
- O Renascimento foi um movimento cultural que nasceu na Península Itálica e, depois, expandiu-se para diversas regiões da Europa, como Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Holanda e Alemanha.
- Ao desenvolverem suas pesquisas, muitos cientistas do Renascimento foram perseguidos pela Igreja Católica.
-
- ; primeiro b. ; quatro c. ; dois d. ; e cinco ê . três
- Qual é a comparação estabelecida na primeira frase? Explique-a.
- Segundo o texto, como um caso particular pode ser considerado uma regra geral?
- Relacione o texto com as novas práticas adotadas pelos cientistas do Renascimento.
4. A seguir, você lerá um texto do escritor, teólogo e filósofo holandês Erasmo de Roterdã, que viveu de 1469 a 1536. Em sua obra Elogio da Loucura, quem fala em seu nome é a Loucura, o que lhe permite criticar os costumes e as pessoas da época, colocando-se em uma posição inatacável.
“ reticências as armas dos papas não consistem todas naquelas doces bênçãos de que fala São Paulo (95) e das quais são eles tão avaros. Consistem elas em interdições, suspensões, gravames, anátemas, pinturas vingadoras e naquele terribilíssimo castigo pelo qual um beatíssimo padre pode mandar à vontade qualquer alma para o inferno. Os nossos Santíssimos Pais de Cristo e o seus vigários gerais nunca empregam com maior zelo esse espantoso castigo do que no caso daqueles que, à instigação do demônio, tentam diminuir ou danificar o patrimônio de São Pedro. Dizia este bom apóstolo ao seu Mestre: — Deixamos tudo para te seguir. — Entendeis que imenso sacrifício fez o pobre pescador! Ele conseguiu a fortuna em razão dessa renúncia; é por esse motivo que Sua Santidade glorificada [o papa] possui terras, cidades, domínios . reticências E é sobretudo para defender e conservar essa rica aquisição que os pontífices romanos costumam condenar as almas. É verdade que nem ao menos poupam os corpos, e, inflamados pelo zelo de Jesus Cristo, reticências sem piedade, empregam o ferro e o fogo para sustentar as suas razões.”
ROTERDÃ, Erasmo de. Elogio da Loucura. página 56. Disponível em: https://oeds.link/yJORAY. Acesso em: 16 maio 2022.
- Qual é a crítica à ideia de salvação presente no texto?
- Dê sua opinião sobre o enriquecimento material de diversas Igrejas atualmente.
5. Observe as obras a seguir e responda às questões.
- Quem é o autor de cada obra? Quando elas foram produzidas?
- Qual dessas obras pode ser considerada renascentista? Que características do Renascimento artístico ela apresenta?
- De que obra você mais gosta? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas
Interpretar texto e imagem
-
- A primeira frase estabelece uma comparação entre a prática científica e a navegação, defendendo que ambas necessitariam de instrumentos específicos para existir: a ciência necessita da experimentação; a navegação, de leme e bússola.
- Um caso particular pode ser considerado uma regra geral somente após a realização de diversos experimentos para comprovar a recorrência dos mesmos efeitos ou resultados.
- Os cientistas do Renascimento valorizavam a observação de fenômenos naturais, a experimentação, a investigação e o levantamento de hipóteses. Assim, Da vinti está alinhado a essa mentalidade renascentista, pois valoriza a realização de experiências para a confirmação de hipóteses científicas.
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- O texto critica a associação entre a ideia de salvação e o dinheiro.
- Resposta pessoal. O professor pode estimular o debate em grupo sobre a questão. Contudo, é importante que o debate ocorra em um ambiente de respeito e tolerância às diferentes visões acerca do assunto.
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- A obra Madôna Rutchelái foi produzida em cerca de 1285 pelo artista Duccio di Buoninsegna. Já a Madôna dél grãndúca foi produzida em aproximadamente 1504 pelo artista Rafael Sanzio.
- A obra de Rafael Sanzio é um exemplo típico da pintura renascentista. Nela observamos a utilização da perspectiva, o que confere à imagem volume e profundidade. Além disso, infere-se que o artista tinha conhecimentos de anatomia humana e dominava técnicas de luz e sombra. Essa sofisticação técnica na pintura é característica do Renascimento.
- Resposta pessoal, a ser justificada pelos estudantes. O objetivo é levá-los a refletir sobre seus próprios gostos artísticos e também a respeitar as preferências dos colegas.
Glossário
- Tridimensional
- : aquilo que tem ou é representado pelas três dimensões (altura, largura e profundidade).
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- Afresco
- : tipo de pintura feita em paredes, tetos ou muros, em geral numa base de gesso ou de argamassa. Neles são utilizadas tintas à base de água. Os afrescos têm grande durabilidade.
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- Juros
- : diferença no valor entre a quantia emprestada e a quantia cobrada por aquele que empresta dinheiro. Nessa situação, quem toma o dinheiro emprestado (o devedor) paga uma determinada quantia a mais pelo empréstimo ao credor (aquele que empresta o dinheiro).
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- Concílio
- : reunião de autoridades da Igreja (por exemplo, bispos), presidida ou sancionada pelo papa, para discutir e decidir questões ligadas à fé, à doutrina ou aos costumes eclesiásticos.
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- Sete sacramentos
- : batismo, crisma, eucaristia, matrimônio, penitência, ordem e extrema-unção.
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