UNIDADE 2 CONTATOS E CONFRONTOS

CAPÍTULO 6 COLONIZAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA

Ao desembarcar na América, os espanhóis se lançaram à conquista de duas civilizações: a asteca e a inca. Após a conquista, eles começaram a ocupar, explorar e administrar os territórios dominados. Era a colonização espanhola, que tentou reproduzir na América tudo o que se encaixava no padrão cultural europeu.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para começar

Em sua interpretação, quais são as diferenças entre conquistar e colonizar? Explique o significado dessas palavras.

Pintura. Representação de uma batalha, com uma densa cavalaria de soldados, à direita, vestindo armaduras metálicas, bradando lanças e espadas. Pelo outro lado, à esquerda, homens indígenas em pequenas embarcações, portando arcos e flechas. Ao fundo, casas, construções e estradas de terras cortadas por caminhos fluviais.
A conquista de Tenochtitlán (capital do Império Asteca, atual Cidade do México), pintura espanhola do séculodezessete. Em primeiro plano, montado no cavalo, está representado o conquistador espanhol Hernán Cortez.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero sete agá ih zero oito
  • ê éfe zero sete agá ih zero nove
  • ê éfe zero sete agá ih um zero
  • ê éfe zero sete agá ih um quatro

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, a colonização espanhola na América, e de assuntos correlatos, como os processos de conquista europeia e de resistência das sociedades originárias americanas; as fórmas de organização social, econômica e política das colônias espanholas; as fórmas de trabalho impostas aos indígenas; e os impactos dessa colonização para o meio ambiente e as populações ameríndias.

  • Analisar o processo de colonização na América espanhola, destacando aspectos políticos, econômicos e sociais.
  • Estudar os impactos da conquista europeia e as fórmas de resistência dos povos indígenas.
  • Identificar as diferentes fórmas de trabalho impostas pelos europeus aos indígenas na América espanhola.
  • Refletir sobre os danos ambientais decorrentes da exploração econômica, principalmente da mineração.

Para começar

Nesse contexto, conquistar significa tomar posse, dominar pelas armas, submeter pessoas. Já “colonizar” significa ocupar, explorar e administrar um território conquistado. Muitas vezes, esses dois processos ocorrem de fórma simultânea.

Fotografia. Um grupo de homens trajando roupas sujas de terra, capacetes em suas cabeças e botas nos pés. Estão ao redor de um transporte metálico com rodas laterais, contendo pedras em seu interior.
Trabalhadores em mina de prata em Potosí, Bolívia. Fotografia de 2019. A extração de minério nessa região foi iniciada com os espanhóis no século dezesseis e se mantém até hoje.
Fotografia. Fachada de uma igreja, com paredes todas entalhadas e detalhadas, uma entrada e uma porta em formato de arco.
Detalhes da fachada da Igreja de San Lorenzo de Carangas, cuja construção foi iniciada em 1548 pelos espanhóis, em Potosí, Bolívia. Fotografia de 2019.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

1492: a conquista do paraíso (França/Espanha/Reino Unido/ Estados Unidos). Direção de Ridley iscót, 1992. 154 minutosponto

Filme sobre o navegador genovês Cristóvão Colombo e sua chegada à América em 1492. A narrativa se concentra nos preparativos para a viagem e em uma representação heroica de Colombo, algo que é questionado durante o filme por meio da construção de outros personagens e da relação dos conquistadores com os povos ameríndios.

Conquista da América

Os espanhóis começaram a conquista da América pelas ilhas do Caribe, que incluem os atuais Haiti, República Dominicana, Cuba, Porto Rico e Jamaica. Nessas ilhas, viviam povos indígenas como os aruaques (entre eles, os tainos) e os caraíbas.

Os primeiros conquistadores que exploraram as ilhas da América Central em nome da Coroa glossário espanhola foram Cristóvão Colombo (a partir de 1492), Rodrigo de Bastidas (a partir de 1493) e Vasco Núñez de Balboa (a partir de 1501). Eles, assim como outros conquistadores, entraram em guerra com os povos locais para garantir o poder dos espanhóis nas terras americanas.

Durante a colonização, os europeus forçaram os indígenas a trabalhar na extração de metais preciosos, na criação de animais, na agricultura e na construção de cidades, como Santo Domingo (atual capital da República Dominicana), San Juan (atual capital de Porto Rico) e Havana (atual capital de Cuba). Santo Domingo, fundada em 1496, foi a capital da primeira colônia espanhola no Novo Mundo.

Na América Central, os colonizadores rapidamente encontraram pepitas de ouro nas margens e nos leitos dos rios (ouro de aluvião). Mas a quantidade era pequena diante da ambição dos conquistadores. Não demorou para que as reservas se esgotassem e a população indígena fosse dizimada, principalmente devido a doenças e à intensa exploração de seu trabalho.

Gravura. Em primeiro plano, à esquerda, homens não indígenas, vestindo casacos, calções volumosos e chapéus, portando lanças, às margens da costa terrestre em contato com uma longa faixa de água, sob a qual se situam várias embarcações. À direita, um grupo de homens desnudos, vestindo tangas coloridas sobre suas cinturas, segurando colares e objetos dourados. Em segundo plano, à esquerda, três homens seguram uma cruz de madeira sobre o solo.
Desembarque de Colombo na Ilha de Hispaniola (atual Ilha de São Domingos), gravura colorizada de têodóre de bri, 1594. Note as joias e os objetos de ouro que os nativos trazem e os espanhóis ao fundo fincando uma cruz na terra, como símbolo da fé cristã.
Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Um dos principais objetivos dos conquistadores era enriquecer economicamente. Em sua opinião, o que é mais valorizado hoje: ser (crescer como pessoa) ou ter (possuir bens)? Reflita e argumente justificando sua resposta.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Conquista da América”, incluindo o boxe “Para pensar” que o acompanha, favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê gê seis, cê gê sete, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um e cê ê agá cinco, bem como das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih zero nove, ao tratar das fórmas de organização das sociedades americanas durante a colonização dos territórios conquistados e ao descrever os impactos da conquista europeia da América para as populações autóctones, além de identificar fórmas de resistência dos indígenas.

Para pensar

Resposta pessoal. Tema para reflexão e debate. Muitas pessoas acreditam que as sociedades contemporâneas valorizam mais o “ter” do que o “ser”. Isso estaria relacionado à supervalorização dos aspectos econômicos. Atualmente, uma pessoa é considerada bem-sucedida quando, acima de tudo, tem um grande patrimônio econômico. Na maioria dos casos, pessoas que têm mais condição financeira usufruem de melhor acesso a educação, tratamentos de saúde, moradia e uma enorme gama de bens de consumo (roupas, celulares, computadores, internet). Comente que, apesar das particularidades do momento atual, em outras épocas e sociedades também é comum observar a maior valorização do “ter” do que do “ser”.

Orientação didática

Sem imunização contra doenças trazidas pelos europeus, milhares de indígenas morreram, por exemplo, de varíola, sarampo e coqueluche. No entanto, constitui anacronismo imaginar que esse ataque por doenças contagiosas foi planejado pelos europeus, pois não havia, nos séculos quinze e dezesseis, conhecimentos científicos sobre microrganismos causadores de doenças e, tampouco, sobre guerra epidemiológica. A seguir, no “Texto de aprofundamento” intitulado “Guerras e alianças”, veremos que também constitui anacronismo imaginar que os grupos indígenas do início do século dezesseis sabiam das fórmas de dominação impostas pelos conquistadores europeus nas décadas posteriores.

Conquista dos astecas

Em 1519, uma expedição colonizadora liderada pelo espanhol Hernán Cortez (1485-1547) chegou às terras do atual México. Cortez fôra informado sobre a riqueza do Império Asteca, que possuía quantidades enormes de ouro. Entusiasmado com a notícia, ele decidiu atacar os astecas.

Cortez dispunha de aproximadamente seiscentos soldados, dez canhões de bronze, quatro canhões leves, treze mosquetes, dezesseis cavalos e onze embarcações. Era uma fôrça relativamente pequena diante da superioridade numérica dos soldados astecas. Por isso, os espanhóis estabeleceram alianças com indígenas tlaquissaltécas, que se opunham ao poder asteca. Assim, Cortez e seus homens, acompanhados de um exército tlaxcalteca, marcharam para Tenochtitlán, a capital do império.

Em Tenochtitlán, o imperador Montezuma (1466-1520) ficou surpreso com as notícias que lhe deram sobre as fôrças dos adversários (armas de fogo, espadas de aço, cavalos). Talvez por isso decidiu receber os espanhóis com presentes e chegou a hospedá-los em seu palácio. Provavelmente, procurou ser diplomático para evitar uma guerra. Quem seriam aqueles estrangeiros inesperados? O fato é que nunca saberemos ao certo as razões que levaram o imperador asteca a tomar essa decisão.

O contato amistoso durou pouco. Combinando habilidade e violência, Cortez aprisionou Montezuma em seu próprio palácio e procurou tomar Tenochtitlán.

Os habitantes da cidade resistiram por meses, mas foram atingidos por uma epidemia de varíola. As doenças, a superioridade das armas e as alianças com povos inimigos dos astecas contribuíram para a vitória dos espanhóis em 1521.

O rei espanhol recompensou Hernán Cortez por comandar essa vitória, nomeando-o governador e capitão-geral da Nova Espanha, novo nome atribuído ao antigo território dos astecas.

Gravura. Diversas pessoas vestindo cocares com penas coloridas, vestidos e túnicas. Algumas delas estão com o peito desnudo, trajando tecidos ornamentados ao redor da cintura. Elas observam o encontro entre dois homens no centro da imagem. À esquerda, um homem indígena, vestindo um manto verde claro com detalhes dourados sobre uma túnica branca ornamentada e um cocar de penas verdes. Ele está em posição de movimento, com um dos braços estendidos à frente, em direção a outro homem, à direita. Este outro homem também está com um dos braços estendidos à frente, possui barba no rosto, veste armadura metálica e tem uma espada atada em sua cintura. Atrás dele, outros homens vestindo armaduras metálicas, portando lanças e cavalos.  Às laterais, há construções com vários níveis de altura, com os andares contendo pessoas. Ao fundo, paisagem natural, com porção de água e montes.
Entrada de Cortez no México, gravura de curs e Allison, 1892. Na gravura, o imperador asteca Montezuma recebe Hernán Cortez.
Fotografia. Par de brincos metálicos, contendo uma cabeça de águia e miçangas pendendo.
Par de brincos de ouro em formato de cabeça de águia produzido por astecas ou mixtecas (povo que vivia no sul do atual México, em grande parte dominado pelos astecas), cêrca deséculos quinze a dezesseis. A maioria dos objetos de ouro e prata feitos pelos nativos foi derretida pelos conquistadores espanhóis e transformada em barras.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que analisa a complexidade das guerras e alianças entre castelhanos, mexicas e tlaxcaltecas durante a colonização.

Guerras e alianças

“Um anacronismo muito comum consiste em pensar que os grupos indígenas da primeira metade do século dezesseis sabiam, assim como nós, que olhamos retrospectivamente, o que ocorreria nas décadas posteriores, isto é, a progressiva diminuição de sua participação na organização política e a crescente exploração tributária e de mão de obra pelos castelhanos. Como seguramente não sabiam, a gama de variáveis levada em conta para tomarem suas decisões frente à nova ordem que se instaurava era outra, e dela não faziam parte uma aliança pan-indígena para combater os minoritários castelhanos reticências. reticências

Considerar essas forças políticas e agentes ameríndios para explicar a conquista de México-Tenochtitlán ou dos territórios da Nova Espanha não significa desconsiderar ou minimizar as atrocidades cometidas pelos castelhanos ou, muito menos, despolitizar a análise desse processo. Ao contrário, significa construir modelos de análise mais complexos, incorporando os povos indígenas como grupos identitariamente distintos entre si, com divisões e hierarquias sociais internas, com instituições próprias e como sujeitos de escolhas e alianças políticas.”

SANTOS, Eduardo Natalino dos. As conquistas de México-Tenochtitlán e da Nova Espanha: guerras e alianças entre castelhanos, mexicas e tlaquissaltécas. História Unizínus, São Leopoldo, volume 18, número 2, página 231, maio/agosto 2014.

Outras indicações

JOSÉ, Maria Emília Granduque. A imagem de Malinche pelas crônicas da conquista espanhola do México (século dezesseis). Dimensões, Vitória, número 29, página 333-350, 2012. Disponível em: https://oeds.link/xkMACr. Acesso em: 9 fevereiro2022.

A autora analisa as diferentes imagens construídas em crônicas do século dezesseis sobre a indígena Malinche, que atuou como intérprete de Hernán Cortez e foi responsável por auxiliar nas traduções das conversas entre os povos locais e os conquistadores espanhóis no caminho até Tenochtitlán. A compreensão dos idiomas utilizados pelos indígenas foi fundamental para os empreendimentos colonizadores de Hernán Cortez. A trajetória de Malinche aparece nas diversas crônicas do período, entre elas Historia verdadera de la conquista de Nueva España (1568), de Bernal Díaz del castilho, e Historia general de las cosas de Nueva España (1575), escrita por frei Bernardino de sarragun.

Conquista dos incas

Os espanhóis também receberam notícias de que havia muito ouro na região da Cordilheira dos Andes, em um território dominado pelo Império Inca. Sabendo disso, o espanhol Francisco Pizarro (cêrca de1476-1541) organizou uma expedição para conquistar o centro político desse império.

Pizarro contava com aproximadamente duzentos soldados, munições e cêrca de trinta cavalos. Porém, essa expedição enfrentou vários problemas como a resistência dos indígenas e a dificuldade de acesso a povoados que estavam localizados a mais de 3 mil metros de altitude.

Na época da conquista, o Império Inca atravessava uma grave crise política. Essa crise começou em 1527, quando o imperador Ruáina Cápaqui (cêrca de 1464-1527) morreu. Seus filhos Atarrualpa (cêrca de 1500-1533) e ruáscar (cêrca de 1491-1532) passaram a disputar o trono, dividindo o império em duas partes, uma com séde em Quito e outra em Cuzco. Nessa luta, Atarrualpa derrotou ruáscar, mas se tornou líder de um império enfraquecido.

Em 1532, Pizarro solicitou um encontro pessoal com o imperador Atahualpa, que estava na cidade de Cajamarca (norte do atual Peru) com um exército de cêrca de 30 mil homens. Confiante em seu exército, Atarrualpa não se sentiu ameaçado pelas tropas espanholas e, por isso, aceitou encontrar-se com Pizarro.

O primeiro encontro entre eles foi amistoso. Porém, logo depois, Pizarro e seus homens armaram uma emboscada e capturaram o imperador. Para libertar Atahualpa, os incas deram um enorme tesouro em ouro e prata para os espanhóis. Contudo, mesmo recebendo o tesouro, Pizarro decidiu matar o imperador.

Placa de ouro. Destaque para uma placa dourada em formato de pássaro, com asas circulares e um fino bico na cabeça.
Placa de ouro em formato de pássaro do Império Inca, cêrca de 1400-1533.

A morte de Atarrualpa provocou forte abatimento moral em suas tropas. Para alguns historiadores, a finalidade da execução de Atahualpa, como também a do imperador asteca Montezuma, era derrubar com um único golpe a figura suprema do império e a autoconfiança dos indígenas que tentavam resistir.

Em 1533, Pizarro comandou o ataque vitorioso à cidade de Cuzco. Posteriormente, em 1535, fundou Lima, capital colonial espanhola e atual capital do Peru.

Durante as guerras de conquista, houve povos que se aliaram aos conquistadores para destruir o Império Inca e povos que resistiram intensamente à dominação espanhola. As batalhas entre o líder inca Túpaqui Amaru (1545-1572) e os espanhóis, por exemplo, foram os últimos focos de resistência à colonização. Túpaqui Amaru foi preso e decapitado pelos espanhóis em 1572.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre o mito de Inkarrí, que foi provavelmente criado por sociedades dos Andes logo após a conquista espanhola dos incas.

O retorno do Inca

Muitos mitos sobre os incas que são compartilhados amplamente ao longo dos Andes na atualidade se articulam em torno do tema milenar do retorno do Inca. O personagem central nesses mitos é Inkarrí, um nome baseado na combinação das palavras ‘Inca’ e ‘rei’.

O mito de Inkarrí é milenar no sentido de que profetiza um momento futuro no qual o mundo andino sofrerá uma transformação em meio a um cataclismo que supõe a destruição da esfera de domínio espanhol, que está vigente desde a invasão europeia no século dezesseis, e a restauração do Inca como governante supremo. O tom milenar se ajusta perfeitamente com a noção ancestral andina de Pachacuti, a revolução, a transformação profunda do tempo e do espaço. Um certo número de versões do mito do Inkarrí foi coletado desde os anos 50 do século vinte pelo grande antropólogo peruano José María Arguedas, na cidade peruana meridional de Puquio. reticências

A origem do mito Inkarrí, tal como era contado em Puquio e em muitas outras cidades, aldeias e assentamentos dos Andes, parece remontar a acontecimentos ocorridos durante aproximadamente os quarenta anos que sucederam imediatamente à conquista espanhola. Um acontecimento fundamental foi a decapitação do último governante inca, Atarrualpa, por Francisco Pizarro, pouco depois da derrota dos exércitos incas em Carramárca. O outro principal acontecimento traumático foi a decapitação também de um líder nativo pelas autoridades espanholas; nesse caso a vítima foi Túpaqui Amaru, que havia chefiado uma revolta contra os espanhóis entre 1560 e 1570. Túpac Amaru foi executado na Praça de Cuzco, por ordem de Francisco Toledo, em 1572.

Em ambos os casos de decapitação de um Inca – o segundo episódio, de um neoinca – difundiu-se por todo o país a notícia de que a cabeça fôra roubada e enterrada. Em alguns relatos, conta-se que a cabeça fôra levada a Lima; em outros, que fôra levada a Cuzco. Nas duas tradições, acreditava-se que, quando a cabeça havia sido depositada no chão, o corpo começara a crescer de novo. Quando o corpo se completar, o Inca retornará e o mundo sofrerá um novo Pachacuti.

úrton, guéri. Mitos incas. Madri: Akal, 2003. página 73-75. [Tradução dos autores].

Administração colonial

Inicialmente, a Coroa espanhola tinha o objetivo de tomar posse das terras americanas com rapidez, sem gastar muito. Para isso, concedeu o direito de ocupar e explorar essas terras a particulares, chamados adelantados. Homens como Hernán Cortez e Francisco Pizarro foram adelantados. Eles recebiam o direito de controlar a administração, a justiça e a economia. Em troca, eram obrigados a enviar para a Coroa espanhola um quinto de toda a riqueza que extraíam ou produziam.

A fiscalização dos ganhos obtidos pelos adelantados era feita pela Casa de Contratação, instituição da Coroa espanhola criada em 1503, com séde em Sevilha. A Casa estabeleceu que, na Espanha, somente os portos de Sevilha e, depois, de Cádiz seriam utilizados para controlar a chegada e a saída de navios em viagem para a América. Por sua vez, na América, tanto para sair quanto para entrar, as embarcações deveriam utilizar somente os portos de Havana (Cuba), Vera Cruz (México), Portobelo (Panamá) e Cartagena (Colômbia).

Gravura. Um porto, com faixas de água cercando porções de terra. Sobre as águas há várias embarcações. Nas faixas de terra, há uma torre, à direita, e ao fundo, um conjunto de casas lado a lado.
Gravura de djon ôguilbi representando o Pôrto de Cartagena, Colômbia, 1671. Esse foi um importante porto no Novo Mundo para a Coroa espanhola.

responda NO CADERNO

para pensar

A palavra “Pôrto” tem a mesma origem latina da palavra “porta”, que é lugar de entrada e saída. Pesquise quais são os principais portos do Brasil.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Administração colonial” e seus subitens contribuem para o desenvolvimento das competências cê ê cê agá cinco e cê ê agá um, bem como das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih um quatro, pois descrevem as fórmas de organização político-sociais e as dinâmicas comerciais das sociedades da América espanhola, analisando suas interações com sociedades da Europa. Já o boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá dois, cê ê agá um, cê ê agá dois e cê ê agá cinco.

Orientação didática

Em linhas gerais, a Casa de Contratação (Real Casa de la Contratación de Indias) era responsável pelo fluxo econômico e pela navegação no ultramar, atentando para as atividades comerciais e a arrecadação de impostos. A instituição também respondia por um conhecimento técnico sobre navegação, contando com cargos como o de piloto mayor, que deveria preparar e averiguar os resultados das expedições, além de cartógrafos e cronistas responsáveis pelo registro de informações sobre o Novo Mundo.

Outras indicações

Recomendamos as seguintes leituras sobre o processo de colonização da América espanhola:

  • élioti, djon. A Espanha e a América nos séculos dezesseis e dezessete. In: Betell, Leslie (organizador). História da América Latina: América Latina colonial. São Paulo: êduspi, 1998. volume 1.
  • ROMERO, José Luis. América Latina: a cidade e as ideias. Rio de Janeiro: Editora ú éfe érre jota, 2004.
  • VIANA, Larissa; SANTOS, Lincoln Marques dos. História da América um. Rio de Janeiro: Fundação ceciérgi, 2010. Disponível em: https://oeds.link/F49NWx. Acesso em: 9 fevereiro 2022.

Para pensar

De acordo com o Boletim informativo aquaviário (2018), produzido pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ântác), os dez principais portos brasileiros são: Santos (São Paulo), Itaguaí (Rio de Janeiro), Paranaguá (Paraná), Rio Grande (Rio Grande do Sul), Suape (Pernambuco), Itaqui (Maranhão), Vila do Conde (Pará), São Francisco do Sul (Santa Catarina), Santarém (Pará) e Vitória (Espírito Santo).

Presença da Coroa

Aos poucos, a Coroa espanhola ampliou o controle sobre as colônias e diminuiu o poder dos adelantados. Para isso, em 1524, criou o Conselho das Índias, que assessorava o rei nas questões da administração colonial. O Conselho tinha a função de nomear funcionários, criar normas e aplicar leis nas colônias espanholas.

A monarquia espanhola passou a administrar diretamente suas colônias. Com esse objetivo, foram criados os vice-reinos da Nova Espanha (1535), do Peru (1543), de Nova Granada (1717) e do Rio da Prata (1776). Os vice-reis atuavam como representantes do rei da Espanha na América. A atuação dos vice-reis era fiscalizada por outros altos funcionários enviados pelo rei.

Para combater invasões de estrangeiros e ataques de povos indígenas resistentes à conquista, foram criadas as capitanias-gerais. Entre elas, destacam-se as capitanias-gerais do Chile, da Guatemala, de Cuba e da Venezuela. Os capitães-gerais eram comandantes militares subordinados aos vice-reis, mas, em muitos casos, mantinham uma relação direta com a Coroa espanhola.

Também foram criados tribunais judiciários chamados audiências, formados por magistrados nomeados pelo rei. Aos poucos, as audiências passaram a ter também funções administrativas.

Nas cidades mais importantes foram criadas as câmaras municipais, chamadas de cabildos ou ayuntamientos. Esses órgãos dedicavam-se, principalmente, à administração e segurança locais, sendo controlados por espanhóis e criollos (descendentes de espanhóis nascidos na América).

América espanhola (séculos dezessete e dezoito)

Mapa. América espanhola (séculos dezessete e dezoito). Destaque para a América. Em laranja, 'Zona ocupada reconhecida até 1600', compreendendo a costa norte e oeste da América do Sul, a América Central e parte sul da América do Norte. Em amarelo, 'Progresso da ocupação nos séculos dezessete e dezoito', envolvendo o interior da América do Sul e a Nova Espanha, localizada ao sul da América do Norte. Identificados por uma bolinha vermelha, 'Vice-reinos em 1800'. Na América do Sul, destaque para Vice-Reino do Rio da Prata (no sudeste do território), Vice-Reino no Peru (na costa oeste) e Vice-Reino de Nova Granada (na porção noroeste). Identificado por um quadrado vermelho, 'Capitania geral'. Na América do Sul, destaque para a Capitania Geral do Chile (na costa sudoeste do território) e Capitania Geral da Venezuela (na costa norte). Na América Central, destaque para a Capitania Geral da Guatemala (ao centro do território) e Capitania Geral de Cuba (à leste). No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.080 quilômetros.
Fonte: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Madri: Debate, 1992. página 282.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto do historiador Rodrigo Ceballos sobre as fórmas de organização política adotadas pela Coroa espanhola na América.

Modos de governar a América espanhola

“Em 1503, para controlar o rápido crescimento do volume de negócios com a América espanhola foi criada a Casa de Contratação de Sevilha – responsável pela organização e contrôle do tráfego de homens, navios e mercadorias e centralização de todo o comércio americano nas mãos de Castela. Entretanto, em 1524 a especificidade da estrutura monárquica espanhola levou a uma divisão das funções sobre o monopólio nas Índias Ocidentais. O Conselho das Índias veio, então, a fornecer o mecanismo formal para que os negócios continuassem sob tutela do monarca e que sua vontade fosse transmitida à América através de leis, decretos e instituições. O Conselho das Índias era responsável pela produção de recomendações sobre as medidas a tomar nas possessões americanas, cabendo ao rei consultá-las.

Os vice-reis de Nova Espanha e Peru eram os representantes maiores do monarca em território americano. Escolhidos pelo rei entre os fidalgos de sangue nobre do reino, levavam consigo os títulos de governador, capitão-geral e presidente da audiência. Entretanto, neste último caso, por não serem letrados não tinham direito ao voto na solução de sentenças judiciais.

Por sua vez, as audiências – vinculadas diretamente ao Conselho das Índias – eram responsáveis pela adequada observância das leis na América e serviam como tribunais de justiça e órgãos de governo. Também tiveram importante papel administrativo podendo substituir um vice-rei em períodos de ausência reticências. Estes corpos de justiça estavam espalhados pelos dois vice-reinos, tendo também a responsabilidade de fiscalizar o tesouro real. reticências

Seguindo a escala hierárquica das funções administrativas, os governadores, corregidores e alcaldes mayores (este cargo existente apenas na Nova Espanha) estavam subordinados às audiências e ao vice-rei. Muitos eram moradores da própria região e deviam ser escolhidos pelo próprio monarca ou vice-rei. Sua função era administrar as províncias mais distantes das capitais dos vice-reinos habitadas por peninsulares (espanhóis radicados na América), criollos (descendentes de espanhóis nascidos na América) e índios tributários da Coroa.

Finalmente, os moradores das cidades tinham o direito a vecindad e de participação em seu conselho, o cabildo (ayuntamiento). A responsabilidade deste órgão era fiscalizar a vida dos habitantes e as propriedades públicas, tendo como presidente o corregidor. Quando este não estava presente, um vecino com o título de alcalde poderia presidir as reuniões e ser o juiz das decisões. Os rerridôres eram os conselheiros e representantes da cidade nas funções cerimoniais, responsáveis pelo seu abastecimento e administração.

O cabildo possuía uma autoridade institucional capaz de estender seus pedidos e reclamações aos governadores, audiências, vice-reis e ao Conselho das Índias. reticências

Com tantas fórmas de exercício de poder permeando desde a mais alta esfera de funcionários reais até o morador da mais longínqua cidade das capitais do Império hispano-americano, são vários os exemplos na historiografia sobre a prática jurídica do ‘observar, mas não obedecer’ às ordens régias.”

cebálhos, R. À margem do Império: autoridades, negociações e conflitos – Modos de governar na América espanhola (séculos dezesseis e dezessete). Sæculum – Revista de História, número 21, página 161-162, 2009.

Sociedade

Na América espanhola, havia uma divisão social em função da origem de cada indivíduo. Conheça alguns grupos que se formaram:

  • chapetones – colonizadores nascidos na Espanha que ocupavam os principais cargos na administração pública, na Igreja e no exército. Além disso, possuíam estabelecimentos comerciais e grandes propriedades de terra;
  • criollos – colonos descendentes de espanhóis nascidos na América. Alguns tornaram-se importantes proprietários de terras e comerciantes bem-sucedidos. Mesmo conquistando poder econômico, não tinham os mesmos direitos políticos que os chapetones;
  • mestiços – filhos de espanhóis ou de criollos com mulheres indígenas. Formavam um conjunto de pessoas livres que podiam trabalhar como comerciantes, artesãos e capatazes nas fazendas;
  • indígenas povos originários da América que constituíam a maior parte da população. Embora as relações entre indígenas e colonizadores variassem muito, o que predominava era a exploração de seu trabalho nas fazendas, nas minas e nas obras públicas;
  • negros – africanos e seus descendentes. Formavam uma população pouco numerosa no início da colonização da América espanhola. Foram escravizados principalmente nas ilhas do Caribe e no vice-reino de Nova Granada.
Pintura. Uma mulher, à direita, usando um longo vestido branco, e faixas de tecido laranja. Sobre sua cabeça há um tecido branco. Ao seu lado, um homem vestindo um casaco azul, um chapéu preto de formato triangular sobre a cabeça e uma peruca branca. Entre eles, uma menina de cabelos escuros, usando um vestido branco e um colar ao redor de seu pescoço.
Espanhol com índia mestiça, pintura de Miguel Cabrera, 1763. A filha dessa união é uma mestiça. Trata-se de um exemplo da “pintura de castas”, gênero artístico que reforçava as diferenças sociais na América espanhola por meio de um discurso visual.
Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Vimos que, na América espanhola, havia uma divisão social das pessoas com base em suas origens. Atualmente, no Brasil, a Constituição Federal estabelece que “Todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”. Na vida prática, existe discriminação em nossa sociedade? Justifique indicando exemplos.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê sete, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois e cê ê agá um.

Para pensar

Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que o trecho mencionado pertence ao capúthi do artigo 5o da Constituição Federal e representa uma grande conquista para os cidadãos brasileiros. No entanto, na prática, ainda existem inúmeros casos de discriminação em nossa sociedade, decorrentes, por exemplo, de questões de gênero e sexualidade, classe social, raça e etnia, capacitismo, etarismo, gordofobia, misoginia etcétera Incentive os estudantes a pesquisar sobre essas e outras fórmas de discriminação e a pensar em fórmas de combatê-las em sua vida cotidiana, até mesmo no ambiente escolar.

Economia e trabalho

A busca por ouro e prata foi um dos principais motivos que impulsionaram a colonização espanhola na América. Nas ilhas do Caribe, os conquistadores acabaram rapidamente com o ouro que haviam encontrado. Mas, em 1545, os espanhóis descobriram grandes quantidades de prata em Potosí (atual Bolívia) e, no ano seguinte, em Zacatecas (atual México).

No século dezessete, a maior parte da prata extraída no mundo vinha das minas de Potosí. Calcula-se que, em 1573, cêrca de 120 mil pessoas habitavam Potosí. Para se ter uma comparação, a importante cidade de Sevilha, na Espanha, tinha 90 mil habitantes na mesma época.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade formada por várias casas lado a lado, com telhados triangulares e paredes coloridas. Ao fundo, uma igreja com três torres, uma ao centro, de menor tamanho, e duas laterais, mais altas, todas com telhados em formato de cúpula. Ao fundo uma cadeia montanhosa.
Vista da cidade de Potosí, Bolívia. Fotografia de 2015. Potosí começou a ser construída pelos espanhóis em 1546 e ainda hoje preserva muitas características de seu passado colonial.

Ao explorar essas minas, os espanhóis usaram técnicas de metalurgia, fizeram obras hidráulicas e outras construções. As minas eram administradas por nobres espanhóis, que pagavam os custos com mão de obra e equipamentos utilizados na extração, bem como os impostos cobrados pela Coroa espanhola.

Além da exploração de metais, os espanhóis implantaram outras atividades econômicas, como agricultura, criação de animais e oficinas de tecelagem. As principais plantas cultivadas foram o milho, o cacau, a batata, o tabaco e a cana-de-açúcar. Criavam animais como mulas, cavalos e bois. Com os bois, produziam couro e charque, que é uma carne salgada e sêca ao sol. As mulas e os cavalos foram utilizados como animais de transporte.

As atividades econômicas coloniais visavam produzir artigos tanto para o mercado externo como para o mercado interno. Assim, grandes quantidades de ouro, prata, açúcar e cacau foram exportadas para a Europa. E, ao mesmo tempo, eram produzidos e utilizados nas colônias variados gêneros alimentícios, tecidos, animais para o transporte de carga, metais para cunhar moedas etcétera.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

A cidade de Potosí foi considerada patrimônio mundial pela Unesco em 1987 por causa de seu complexo industrial que remonta ao século dezesseis, tendo sido preservados: a cidade colonial, onde se localiza a Casa da Moeda; a Igreja de São Lorenzo; e o bairro no qual viviam os trabalhadores mineiros. Em 2014, porém, Potosí foi inscrita na lista de patrimônio mundial em perigo pela própria Unesco, uma vez que a exploração de minério segue acontecendo na montanha de Cerro Rico.

OUTRAS HISTÓRIAS

integrar com CIÊNCIAS

Erva-mate

A erva-mate é uma árvore e suas folhas são usadas para preparar chimarrão, tereré e chá. Os quíchuas, povo que vivia sob o domínio do Império Inca, foram provavelmente os primeiros a usar essa erva. Ela também era um dos principais alimentos dos Guarani, que viviam entre os rios Paraná, Uruguai e Paraguai. Os Guarani produziam e trocavam erva-mate com outros povos originários da América do Sul.

Ao conquistarem o Peru, os espanhóis passaram a consumir a chamada “erva do Paraguai” e a levaram para a Europa. O contato mais direto dos conquistadores com os Guarani reforçou o hábito de tomar essas bebidas e estimulou a produção da erva-mate nas missões jesuíticas estabelecidas na região do Guairá a partir de 1610. Os jesuítas tiveram o monopólio do cultivo da erva até 1768, ano em que foram expulsos da América espanhola.

Os portugueses instalados em São Paulo atacaram as missões do Guairá na primeira metade do século dezessete e, nesse processo, também conheceram e passaram a consumir o mate, que se tornou popular no sul da América portuguesa.

Para produzir o chá da erva-mate, cortavam-se os galhos do arbusto. Depois, fazia-se uma fogueira, e uma fileira de trabalhadores mantinha os galhos sobre o fogo até tostá-los (no caso do chimarrão e do tereré, a erva não passa pelo processo de tostadura). Em seguida, a erva era colocada sobre uma armação e acendia-se outra fogueira, com madeira verde, para terminar o processo de secagem. Secas, as folhas eram retiradas dos galhos e transformadas em pó. Todo o processo dependia dos conhecimentos e da mão de obra indígena e de madeira para ser queimada – portanto, com um custo para o meio ambiente, especialmente depois que a produção foi ampliada pelos jesuítas.

Fotografia. Um homem de cabelos e barba grisalhos, vestindo uma camiseta laranja, um boné vermelho sobre a cabeça e um par de óculos no rosto. Ao fundo, uma densa vegetação.
Agricultor em plantação de erva-mate em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. Fotografia de 2018.
Fotografia. Destaque para uma colher contendo um amontoado de ervas e folhas de aspecto escuro. Abaixo, um amontoado dessa erva no interior de uma panela de alumínio.
Chá de erva-mate sendo preparado. Observe que, para essa bebida, a erva foi tostada.
Fotografia. Destaque para um homem com cabelos lisos, escuros e curtos, vestindo uma camiseta amarela, segurando um recipiente com um canudo em direção a sua boca, com o auxílio das mãos.
Cacique da etnia Guarani tomando chimarrão na aldeia tecoá coenjú, em São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul. Fotografia de 2016. O chimarrão (feito com a água quente) e o tereré (feito com a água fria) são duas outras fórmas de consumir a erva-mate.

Responda no caderno

Atividade

O chá feito com erva-mate é rico em cafeína, substância considerada estimulante. Pesquise outras bebidas que contêm cafeína e os problemas de saúde provocados pelo consumo excessivo dessa substância.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” contribui para o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê três, cê ê cê agá três, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um e cê ê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro, pois descreve as dinâmicas comerciais das sociedades americanas em relação à erva-mate e analisa as interações dessas sociedades com espanhóis e portugueses. Além disso, esta seção trabalha aspectos do tema contemporâneo transversal Educação alimentar e nutricional, ao solicitar que os estudantes pesquisem outras bebidas que contêm cafeína e os problemas de saúde que o consumo excessivo dessa substância pode causar.

Outras histórias

Atividade interdisciplinar com Ciências.

Podem ser citadas bebidas como café, chá-verde, chá-preto, guaraná, além de refrigerantes e bebidas energéticas que também utilizam ingredientes com cafeína em suas fórmulas.

Há inúmeras pesquisas indicando as quantidades diárias recomendadas para o consumo de cafeína, uma vez que, por se tratar de uma substância estimulante, o consumo em excesso pode causar dores de estômago, ansiedade, insônia, tremores etcétera, além de riscos específicos para mulheres grávidas e crianças.

fórmas de trabalho

Durante o processo de colonização, os espanhóis utilizaram diferentes fórmas de exploração do trabalho. A seguir, vamos estudar quatro delas: a escravidão, a encomienda, o repartimiento e a peonaje.

Escravidão

A escravidão transformava indígenas e negros em mercadorias, que tinham um dono e podiam ser comprados e vendidos. Os escravizados perdiam contato com seu povo e eram obrigados a trabalhar para seu dono pelo resto de suas vidas ou até serem libertados.

A escravização de indígenas ocorreu sobretudo no início da colonização, nas ilhas do Caribe. Em 1542, a Coroa espanhola proibiu a escravização de nativos devido, em parte, a pressões da Igreja Católica. A Igreja denunciou os maus-tratos sofridos pelos indígenas e pretendia convertê-los ao cristianismo. Apesar da proibição, a escravidão era admitida se os indígenas resistissem ao domínio espanhol e à conversão religiosa.

A escravização de africanos, por sua vez, continuou a existir na América espanhola, principalmente nas fazendas de Santo Domingo, Cuba e Nova Granada (correspondente aos atuais Equador, Panamá, Colômbia e Venezuela). Foi chamada de plantation a grande fazenda que tinha as seguintes características: a) utilizava mão de obra escrava; b) produzia um gênero agrícola tropical (cana-de-açúcar, tabaco etcétera); c) destinava sua produção à exportação.

Pintura. Um campo com plantações. Ao redor da lavoura há várias pessoas, lado a lado, utilizando instrumentos de corte contra o caule das plantas. Outras pessoas têm seus corpos inclinados para plantas cortadas deitadas sobre o solo. Elas utilizam vestimentas simples. À direita, há um homem sobre um cavalo de pelagem marrom e uma carroça guiada por outros cavalos. Sobre a carroça, caules das plantas agrupados e amarrados.
Escravos trabalhando numa plantation em Antígua, pintura de uíliãn clárque, 1823. Antígua foi uma colônia espanhola até 1632.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Formas de trabalho” contribui para o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê seis, cê gê sete, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um e cê ê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero nove, pois analisa os impactos da conquista espanhola na América para as populações ameríndias, particularmente em relação ao trabalho.

Orientação didática

Durante a colonização, foram discutidas questões morais sobre os direitos dos povos indígenas e o tratamento que lhes era dado pelos colonizadores europeus. Na publicação Brevíssima relação da destruição das Índias: o paraíso destruído, o frei Bartolomeu de Las Casas descreve o modo como os indígenas eram tratados pelos espanhóis. Em um discurso marcadamente teológico, o frei demonstra que os colonos não estavam cumprindo o acordo com a Coroa espanhola de evangelizar os indígenas em troca de sua mão de obra.

Atividade complementar

Em grupo, analisem a pintura de uíliãn clárque. A cena de trabalho representada parece pacífica ou violenta? Justifique.

Resposta: A pintura representa homens e mulheres escravizados trabalhando em uma plantação de cana. Esses escravizados possuem vestimentas e chapéus simples e suas feições não estão registradas em detalhe. Há também um homem branco a cavalo vestindo roupas formais típicas do século dezenove. Espera-se que os estudantes percebam o cenário idealizado da composição de Clark, visto que os personagens aparecem de maneira ordenada em um trabalho realizado de maneira calma. Não há menção à violência. Essa representação tinha o objetivo de produzir uma narrativa pacífica e positiva da escravidão no Caribe.

Encomienda: tributos em produtos e trabalho

A encomienda era um sistema pelo qual o colono fazia um acordo com a Coroa espanhola para explorar o trabalho dos indígenas. Nesse acordo, o colono (chamado “encomendero”) recebia o direito de cobrar tributos de uma comunidade indígena na fórma de produtos e de trabalhos na agricultura, na pecuária ou nas minas. Em contrapartida, o encomendero tinha o dever de alimentar os indígenas e promover o ensino da religião católica.

A encomienda era diferente da escravidão, pois preservava um pouco da liberdade dos indígenas. Nesse sistema, os nativos poderiam manter relação com sua aldeia de origem, deviam trabalhar por tempo determinado e não seriam comprados e vendidos como mercadorias.

Porém, muitos encomenderos usufruíram de seus direitos sem cumprir seus deveres. Na prática, milhares de indígenas foram forçados a trabalhar por tempo indeterminado e morreram por maus-tratos. Além disso, com o tempo, os encomenderos se tornaram tão poderosos que representavam uma ameaça ao poder da Coroa espanhola nas colônias americanas. Tudo isso contribuiu para que ocorressem mudanças nas fórmas de exploração do trabalho indígena.

Ilustração em sépia. Algumas pessoas em pé no chão, com hastes sobre seus corpos, sustentando um homem sentado sobre um assento. Ele traja uma roupa de golas largas e um chapéu longo com abas e adereço.
O encomendero, ilustração retirada da obra Nova crônica e bom governo, de Felipe Guamán Poma de Ayala, cronista de ascendência inca, 1615. Na imagem, é possível perceber que o encomendero, transportado em um carro puxado por pessoas, abusava do trabalho dos indígenas.

Na luta pela defesa dos povos indígenas, destacou-se o frei dominicano espanhol Bartolomeu de Las Casas (cêrca de 1474-1566). Ele argumentava que a evangelização dos indígenas deveria seguir os princípios fundamentais do cristianismo. Isso significa levar a mensagem cristã de fórma pacífica, dialogando com as culturas indígenas para transformá-las pelo convencimento, e não pela violência física.

Gravura em sépia. Homens, mulheres e crianças indígenas, com os corpos flexionados para frente, alguns caídos no solo, segurando sacos volumosos sobre as costas. Ao redor há homens não indígenas, portando lanças, espadas e tacos de madeira em direção aos indígenas.
Gravura publicada em livro de Bartolomeu de Las Casas,1552. A gravura representa indígenas – entre eles, mulheres e crianças –, sob o sistema de encomienda, sendo maltratados por seus opressores espanhóis.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um trecho da obra de Bartolomeu de Las Casas sobre a exploração dos povos indígenas.

Os dois tipos de extermínio dos povos indígenas

“Aqueles que foram de Espanha para esses países (e se têm na conta de cristãos) usaram de duas maneiras gerais e principais para extirpar da face da terra aquelas míseras nações. Uma foi a guerra injusta, cruel, tirânica e sangrenta. Outra foi matar todos aqueles que podiam ainda respirar ou suspirar e pensar em recobrar a liberdade ou subtrair-se aos tormentos que suportam, como fazem todos os senhores naturais e os homens valorosos e fortes; pois comumente na guerra não deixam viver senão as crianças e as mulheres: e depois oprimem-nos com a mais horrível e áspera servidão a que jamais se tenham submetido homens ou animais. A essas duas espécies de tirania diabólica podem ser reduzidas e levadas, como subalternas do mesmo gênero, todas as outras inumeráveis e infinitas maneiras que se adotam para extirpar essas gentes reticências, e quando os índios acreditaram encontrar algum acolhimento favorável entre esses bárbaros, viram-se tratados pior que animais e como se fossem menos ainda que o excremento das ruas; e assim morreram, sem fé e sem sacramentos, tantos milhões de pessoas.”

LAS CASAS, Frei Bartolomé de. Brevíssima relação da destruição das Índias: o paraíso destruído. Porto Alegre: LP&M, 1984. página 29-30.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir analisa a atuação de Las Casas em defesa dos indígenas.

A defesa dos indígenas

reticências [A] submissão involuntária da Igreja [Católica à Coroa espanhola] chega a um ponto culminante quando ela resolve pegar para si a causa indígena, denunciando os atos de crueldade e quase escravidão pelo qual os povos nativos eram submetidos pelos espanhóis nas encomiendas.

Mas por que, com seu histórico de torturas, teria a Igreja adotado uma causa humanitária como esta?

Possivelmente porque se deu preferência ao envio, para as colônias, de um tipo de frade chamado de ‘reformado’ ou ‘observante’, que mostrava entusiasmo pela missão de pregação, havia feito votos de pobreza e não tinha pretensões senhoriais reticências. Eram padres que não viam os indígenas como ferramentas de trabalho para interesses econômicos.

É neste perfil que se encaixa o padre Antônio de Montesinos, reticências que daria início a esta luta eclesiástica pela causa indígena, além de inspirar o então encomendero Bartolomé de Las Casas a eventualmente abrir mão de suas posses e se juntar à causa reticências.

É importante notar, no entanto, que Montesinos, Las Casas, e todos como eles, eram, sobretudo, membros do clero e reticências tinham por objetivo principal não só a libertação indígena contra o sistema abusivo de 16 encomiendas, mas também a conversão destes povos nativos à fé cristã.

CARVALHO, Maria Alice M. C. Las Casas e a escravidão na América Espanhola. Epígrafe, volume 10, número 1, página 442-444, 2021.

Repartimiento: pagamento pelo trabalho forçado

O repartimiento era uma fórma de trabalho forçado na qual cada comunidade indígena tinha que ceder aos espanhóis, por certo período, uma parcela de sua população masculina. Esses homens eram pagos por seu trabalho, mas recebiam salários menores do que os trabalhadores livres.

O repartimiento era administrado por um funcionário real. Com esse sistema, a Coroa tinha maior controle sobre o trabalho indígena. O repartimiento foi chamado mita no Peru e cuátequíl no México, pois era uma adaptação de fórmas de trabalho já utilizadas pelos incas e astecas para dominar outros povos vizinhos.

De acordo com o pesquisador Charles guíbisson, a principal fórma de trabalho utilizada pelos espanhóis nas minas de Potosí era a mita. Para a região de Potosí, foram recrutados milhares de trabalhadores que, juntamente com suas famílias, atingiram imensas proporções na história da colonização espanhola.

Peonaje: trabalho livre assalariado

Importantes proprietários de terra adotaram fórmas de trabalho livre, como a peonaje, palavra que deriva de peón (peão, trabalhador não qualificado). Nesse sistema, o trabalhador tinha acesso à terra e se comprometia a fazer as tarefas combinadas em troca de empréstimos financeiros, pois o salário era baixíssimo.

Com o tempo, os indígenas que trabalhavam nas haciendas (grandes propriedades ou fazendas) tornavam-se praticamente servos, pois só podiam deixar a terra quando pagassem as dívidas que tinham contraído com seus patrões. Os patrões cobravam dos indígenas uma parte do que produziam e lhes emprestavam dinheiro a juros altos. Famílias inteiras de nativos ficavam, assim, presas às fazendas.

Ilustração. Uma redoma cercada, com homens por detrás das cercas, no entorno, com os olhares voltados para o interior, contendo diversos cavalos. Na redoma, há um homem, em pé, segurando um chicote com uma das mãos.
Ilustração de adestramento de cavalos feito por indígenas em trurrílho, Peru, retirada da obra Códice trurrílho del Perú, elaborada pelo bispo Baltasar Jaime Martínez companhón, 1775-1800.

responda NO CADERNO

para pensar

Vimos diferentes fórmas de exploração do trabalho praticadas na América espanhola. Atualmente, no Brasil, existem leis trabalhistas que protegem os direitos dos trabalhadores. Mesmo com essas leis, ainda existem casos de trabalhadores em situação análoga à escravidão em alguns lugares do país. Pesquise sobre esses casos e fórmas de combatê-los.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Esta atividade trabalha aspectos dos temas contemporâneos transversais Trabalho e Educação em direitos humanos, ao solicitar que os estudantes pesquisem casos e fórmas de combater o trabalho análogo à escravidão no Brasil contemporâneo. Comente que, de acordo com a legislação brasileira, o trabalho análogo à escravidão se refere à situação em que uma pessoa está submetida a trabalhos forçados, condições degradantes, jornadas exaustivas e servidão por dívidas. De acordo com o Artigo. 149 do Código Penal, reduzir uma pessoa à condição análoga à escravidão é crime, com pena de reclusão de dois a oito anos e multa, além da pena correspondente à violência. Os estudantes podem realizar suas pesquisas em sites como o Escravo, nem pensar!, programa educacional da associação Repórter Brasil, voltada para a denúncia de violações de direitos trabalhistas e ambientais (disponível em: https://oeds.link/vm8WwT; acesso em: 5 maio 2022).

Texto de aprofundamento

Leia a seguir uma análise sobre os limites da defesa dos indígenas pela Igreja Católica na América espanhola.

A defesa dos indígenas e a contradição de Las Casas

“Ao transacionar de um encomendero para um reformista, Las Cássas logo começou uma campanha contra os antigos companheiros colonizadores apelando para a Coroa, ferramenta que ele usaria constantemente ao longo de sua vida.

Considerando-se representantes do rei no Novo Mundo, os colonizadores defendiam as encomiendas por serem, segundo eles, a melhor fórma de conter o instinto animalesco dos índios, enquanto Las Cássas e seus companheiros reformistas consideravam que estes [os colonizadores] na verdade realizavam apenas as próprias vontades e passavam por cima da soberania absoluta da Coroa no território americano, usando do nome do rei para justificar atos de tortura para com os indígenas.

Os reformistas defendiam como alternativa o fim das encomiendas e o ‘uso’ dos indígenas pela Coroa espanhola, julgando que esta saberia tratá-los de uma maneira menos cruel e permitiria uma conversão humanizada dos nativos. É importante notar como a total independência dos povos e a devolução de seu território nunca foi uma pauta considerada por estes autodeclarados defensores dos índios. reticências Las Casas também não demonstrava nenhum descontentamento com a exploração das terras e de suas riquezas pela Coroa, muito pelo contrário. Ele chegou a usar como argumento ao rei, em favor do fim das encomiendas, o grande benefício econômico que se daria se o trabalho indígena fosse usufruído de fórma direta pela Coroa.

Las Casas e seus companheiros não pareciam também perceber a violência que a conversão à religião e aos costumes católicos infligia aos nativos, por mais pacífica que se tentasse fazê-la. Em relação a um episódio trágico, em que um grupo de índios cometeu suicídio em massa para que não fossem convertidos, o reformista explicou que isso aconteceu por causa do impacto das atrocidades feitas pelos colonizadores reticências.

Esta alienação para o fato de que a violência vem em outras fórmas além da física (aculturação, exploração de terras etcétera), bem como sua vontade de ‘mediar’ o interesse dos indígenas com os da Coroa, se tornam peça-chave para entender a contradição existente em Las Casas na sua luta pelos povos do Novo Mundo.”

CARVALHO, Maria Alice M. C. Las Casas e a escravidão na América Espanhola. Epígrafe, volume 10, número 1, página 444-445, 2021.

OUTRAS HISTÓRIAS

integrar com matemática

Mineração e danos ambientais

A mineração em larga escala começou a ser feita em Potosí no século dezesseis. A região foi ocupada sem planejamento, a partir da chegada de milhares de aventureiros dispostos a explorar a mina de prata de Cerro Rico, a maior do mundo, descoberta em 1545 pelos conquistadores espanhóis.

No início da exploração, os espanhóis usaram as técnicas de mineração e introduziram algumas ferramentas que antes não eram utilizadas, retirando cêrca de 80 toneladas de prata em 1529. A produção aumentou para duzentas e vinte toneladas em meados do século dezesseis, quando a exploração da mão de obra (a mita) tornou-se mais intensa e quando os espanhóis começaram a usar mercúrio na extração da prata.

Na mineração, há uma grande necessidade de água para separar a terra dos minerais. Em Potosí havia pouca água e, para resolver esse problema, foi construído um sistema de represas e canais entre 1573 e 1621. A contaminação da água pelo mercúrio e outros metais e a erosão da terra provocaram graves danos ambientais em Potosí. Esses danos perduram até os dias atuais.

Responda no caderno

Atividade

Observe o quadro a seguir.

Exportação de ouro e prata americanos para a Espanha (1503-1600)

Períodos

Prata (em kg)

Ouro (em kg)

1503-1510

0

4.965

1511-1520

0

9.153

1521-1530

148

4.889

1531-1540

86.193

14.466

1541-1550

177.573

24.957

1551-1560

303.121

42.620

1561-1570

942.858

11.530

1571-1580

1.118 592

9.429

1581-1590

2.103 027

12.101

1591-1600

2.707 626

19.451

Fonte: VILAR, Pierre. Ouro e moeda na história (1450-1920). In: VAINFAS, Ronaldo. Economia e sociedade na América espanhola. Rio de Janeiro: Graal, 1984. p. 70.

  1. Ao longo de todo o século dezesseis, quantos quilogramas de ouro e prata americanos foram enviados para a Espanha?
  2. Entre quais períodos a exportação de prata americana aumentou mais de 500 vezes?
  3. Em que período foram descobertas grandes quantidades de prata em Potosí (na atual Bolívia) e Zacatecas (no atual México)? Essas descobertas provocaram aumento na exportação do metal?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção Outras histórias favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê gê sete, cê ê cê agá três, cê ê cê agá seis, cê ê agá dois e cê ê agá três. Além disso, trabalha aspectos do tema contemporâneo transversal Educação ambiental, pois trata dos impactos da mineração sobre o meio ambiente.

Outras histórias

Atividade interdisciplinar com Matemática que trabalha com dados numéricos, visando à sua leitura e interpretação.

  1. Foram enviados 7.439.138 quilogramas de prata e 153.561 quilogramas de ouro.
  2. O aumento expressivo ocorreu entre os períodos de 1521-1530 e 1531-1540.
  3. Em 1545, os espanhóis descobriram grandes quantidades de prata em Potosí e, em 1546, na cidade de Zacatecas. Segundo a tabela, há um crescimento considerável na exportação de prata justamente a partir dos anos de 1541-1550.

Orientação didática

A exploração das minas de Potosí provocou impacto ambiental, pois o minério da prata contém também outros metais como zinco, chumbo e mercúrio. Esses outros metais são lançados no meio ambiente, gerando toneladas de rejeitos que contaminam ecossistemas e assoreiam rios.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Em duplas, construam uma linha do tempo sobre a conquista espanhola da América. Para isso, identifiquem as datas dos acontecimentos a seguir e organizem-nos em ordem cronológica.

  • Conquista espanhola, sob a liderança de Hernán Cortez, da cidade de Tenochtitlán, capital do Império Asteca.
  • Prisão e decapitação do líder inca Túpac Amaru, que liderava a resistência contra a dominação espanhola.
  • Chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano.
  • Fundação da cidade de Santo Domingo, capital da primeira colônia espanhola na América.
  • Conquista espanhola, sob a liderança de Francisco Pizarro, da cidade de Cuzco, capital do Império Inca.

Depois, respondam: os indígenas resistiram à conquista espanhola? Citem exemplos da resistência indígena.

2. Leia as palavras do quadro a seguir e identifique quais delas destoam do conjunto. Depois, utilize as palavras que pertencem ao conjunto para escrever, no caderno, um texto sobre a colonização espanhola da América.

ChapetonesCabildosCriollosMestiçosRepartimientoIndígenas Negros

  1. Em seu caderno, relacione as fórmas de exploração do trabalho listadas a seguir com suas explicações e características.
    1. Escravidão.
    2. Encomienda.
    3. Repartimiento.
    4. Peonaje.
      1. Parte da população indígena era obrigada a trabalhar para os espanhóis em troca de baixos salários. Incas e astecas utilizavam uma fórma de exploração do trabalho semelhante para dominar povos indígenas vizinhos.
      2. Indígenas e negros eram transformados em propriedades de seus donos, por isso podiam ser negociados como se fossem mercadorias.
      3. Indígenas passaram a viver como se fossem servos, pois eram considerados livres, mas presos às terras de seus patrões. Em troca de seu trabalho, essas pessoas recebiam baixos salários e, por isso, eram obrigadas a fazer empréstimos que não conseguiam pagar.
      4. As populações indígenas eram obrigadas a pagar tributos na fórma de produtos ou trabalho para os colonos espanhóis. Em contrapartida, o colono tinha a obrigação de alimentar e evangelizar os indígenas.
  2. Os adelantados eram pessoas a quem a Coroa espanhola concedia o direito de conquistar e governar territórios na América em troca do pagamento de tributos. Eles tinham amplos poderes militares e civis vitalícios, o que abriu espaço para abusos e violências. Parecia que os adelantados agiam com base no seguinte lema: “Deus está no céu, o rei está longe, e eu mando aqui”.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

cê gê dois (atividade 4);

cê gê três (atividades 4 e 5);

cê gê quatro (atividade 4);

cê gê oito (atividade 5);

cê gê nove (atividade 5);

cê ê cê agá um (atividade 5);

cê ê cê agá dois (atividades 4 e 5);

cê ê cê agá cinco (atividade 1);

cê ê agá dois (atividades 1, 2 e 3);

cê ê agá quatro (atividade 4);

ê éfe zero sete agá ih zero nove (atividades 1, 2 e 3);

ê éfe zero sete agá ih um zero (atividade 4);

ê éfe zero sete agá ih um quatro (atividades 2 e 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. Os acontecimentos citados devem ficar na seguinte ordem cronológica:

  • 1492 – Chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano.
  • 1496 – Fundação da cidade de Santo Domingo, capital da primeira colônia espanhola na América.
  • 1520 – Conquista espanhola, sob a liderança de Hernán Cortez, da cidade de Tenochtitlán, capital do Império Asteca.
  • 1533 – Conquista espanhola, sob a liderança de Francisco Pizarro, da cidade de Cuzco, capital do Império Inca.
  • 1572 – Prisão e decapitação do líder inca Túpac Amaru, que liderava a resistência contra a dominação espanhola.

Muitos indígenas resistiram ao avanço da colonização. Os astecas lutaram durante meses contra os espanhóis, mas foram atingidos por uma epidemia de varíola. A doença favoreceu a vitória dos espanhóis. Os incas também lutaram contra o avanço da conquista, sendo que um dos últimos focos de resistência foi liderado por Túpac Amaru.

  1. Atividade de raciocínio conceitual, que promove a capacidade de classificação por meio da identificação de um aspecto comum a elementos heterogêneos. O conjunto refere-se aos principais grupos sociais da América espanhola: chapetones, criollos, mestiços, indígenas e negros. Destoam, portanto, as palavras cabildos (mesmo que câmaras municipais) e repartimiento (fórma de exploração do trabalho indígena). Espera-se que o texto produzido pelos estudantes apresente os grupos sociais e identifique as relações que eles mantinham entre si.
  2. Atividade de raciocínio conceitual, que promove a capacidade de descrição de aspectos relevantes ligados a conceitos provenientes de determinado contexto histórico, no caso, as principais fórmas de trabalho desenvolvidas na América espanhola. A relação correta é: a. três; b. um; c. quatro; e d. dois.
  1. Quais poderes os adelantados tinham no início da colonização? E quais obrigações? Qual órgão os fiscalizava?
  2. A Coroa espanhola manteve os adelantados à frente da administração da América ao longo de toda a colonização? Que outros órgãos e cargos foram criados?
  3. Crie um desenho crítico sobre a colonização da América espanhola inspirando-se na frase: “Deus está no céu, o rei está longe, e eu mando aqui”.
Versão adaptada acessível

a) Quais poderes os adelantados tinham no início da colonização? E quais obrigações? Qual órgão os fiscalizava?

b) A Coroa espanhola manteve os adelantados à frente da administração da América ao longo de toda a colonização? Que outros órgãos e cargos foram criados?

c) Crie uma representação crítica sobre a colonização da América espanhola inspirando-se na frase: “Deus está no céu, o rei está longe, e eu mando aqui”.

Orientação para acessibilidade

A sugestão de atividade adaptada para a alternativa c promove o posicionamento crítico ao promover associações entre a linguagem verbal (a frase) com diferentes tipos de representações, como desenho, colagem, escultura, encenação teatral, entre outras. 

Interpretar texto e imagem

5. O Dia dos Mortos é uma celebração tradicional latino-americana em homenagem aos antepassados. Essa celebração teve origem em rituais realizados por povos indígenas que viviam no atual México e na América Central, como os astecas e os maias. Após a conquista espanhola, muitos nativos foram convertidos ao catolicismo, e a comemoração passou a ocorrer nos mesmos dias das celebrações católicas do Dia de Todos os Santos e do Dia de Finados (1º e 2 de novembro). Leia a seguir um texto sobre o significado dessa festividade, registrada como patrimônio imaterial da humanidade pela Unesco.

“Com a certeza de que os mortos seriam insultados pelo luto ou pela tristeza, o Dia dos Mortos celebra a vida dos falecidos com comida, bebida, festas e atividades que os mortos apreciavam em vida. O Dia dos Mortos reconhece a morte como uma parte natural da experiência humana, uma continuação do nascimento, da infância reticências. No Dia dos Mortos, os mortos também são parte da comunidade, despertados de seu sono eterno para compartilhar celebrações com seus entes queridos.

O símbolo mais comum do Dia dos Mortos são provavelmente as calacas [esqueletos] e calaveras [crânios], que aparecem em todos os lugares durante a festividade: em doces cristalizados, como máscaras de desfile, como bonecas. Calacas e calaveras são quase sempre retratadas desfrutando a vida, muitas vezes em roupas extravagantes e situações divertidas.”

DIA dos Mortos: festividade mexicana em honra aos mortos. National Geographic, Washington dê cê, 17 outubro 2012. [Tradução dos autores]. Disponível em: https://oeds.link/pWcRVH. Acesso em: 8 fevereiro 2022.

Fotografia. Destaque para duas mulheres, uma, à frente, com pintura branca e vermelha cobrindo todo o seu rosto, vestindo um chapéu de flores vermelhas e pretas, uma roupa preta com desenhos de rosas vermelhas, segurando um guarda-chuva florido apoiado em um de seus ombros. A outra, em segundo plano, com pintura branca e preta cobrindo seu rosto, vestindo um chapéu preto com abas largas e flores vermelhas, um traje preto, luvas pretas e um leque, também preto.
Comemoração do Dia dos Mortos na Cidade do México, México. Fotografia de 2021.
  1. Qual é a origem da festa do Dia dos Mortos? Quando ela é comemorada?
  2. De acordo com o texto, como a vida dos falecidos é celebrada no Dia dos Mortos?
  3. No Dia dos Mortos, esqueletos e caveiras estão por toda parte e até pessoas se fantasiam utilizando maquiagem com esse tema. Por que os antepassados são homenageados dessa fórma? Argumente.
  4. Você e sua família prestam algum tipo de homenagem aos seus antepassados? Contam histórias sobre eles? Como você se lembra deles?
  5. Luto e tristeza ou festa e alegria? Por que culturas diferentes celebram os mortos de fórma tão diversa? Reflita e argumente.
Orientações e sugestões didáticas

4. á Os adelantados tinham o direito de ocupar e explorar as terras no Novo Mundo, podendo controlar a administração, a justiça e a economia. Eles tinham a obrigação de enviar à Coroa espanhola um quinto de toda a riqueza que extraíam ou produziam. A atuação dos adelantados era fiscalizada pela Casa de Contratação.

  1. Não, aos poucos a Coroa espanhola foi ampliando seu contrôle direto nas colônias. Para isso, foram criados: o Conselho das Índias, os vice-reinos, as capitanias-gerais, as audiências e os cabildos ou ayuntamientos.
  2. Produção pessoal. Atividade que promove o posicionamento crítico ao promover associações entre a linguagem verbal (a frase) e visual (o desenho). Espera-se que o estudante compreenda que os adelantados agiam livremente sem considerar suas obrigações com a Coroa ou a Igreja, sobretudo aquelas relativas à evangelização dos indígenas, aspecto tido como central para o projeto colonizador espanhol.

Interpretar texto e imagem

5. Esta atividade apresenta noções introdutórias de análise documental (sensibilização para a análise de discurso), pois questiona a origem social do Dia dos Mortos; destaca como essas culturas indígenas celebram o Dia dos Mortos; e relaciona o tema do texto com as concepções de seus intérpretes.

a) O Dia dos Mortos tem origem em homenagens que os indígenas do atual México e da América Central prestavam aos seus antepassados. Essa celebração é feita, dentro do calendário católico, no Dia de Todos os Santos e no Dia de Finados, que ocorrem em 1º e 2 de novembro.

b) A vida dos falecidos é celebrada por meio de uma festa, com comidas, bebidas e atividades que os mortos apreciavam em vida, e não por meio do luto e da tristeza.

c) Resposta pessoal. Comentar com os estudantes que as pessoas homenageiam seus ancestrais no Dia dos Mortos, mas também estão conscientes de que a morte é apenas uma parte da vida, e as caveiras e os esqueletos as fazem lembrar-se disso.

d) Respostas pessoais. Atividade de contextualização, que promove o ensino-aprendizagem significativo aproximando os conteúdos das vivências dos estudantes. O estudante poderá notar possíveis semelhanças e diferenças entre o modo como sua família presta homenagem aos seus antepassados e a maneira como isso ocorre no Dia dos Mortos, compreendendo, portanto, a diversidade dessas cerimônias e da experiência do luto.

e) Na cultura dos povos indígenas mencionados no texto, considerava-se um insulto aos mortos lembrá-los com luto ou tristeza. Em vez disso, os mortos eram celebrados com festas e alegrias. Já em boa parte da cultura ocidental, os mortos representam a perda de um ente querido e, por isso, as celebrações remetem a sentimentos de tristeza, pêsames e luto.

Glossário

Coroa
: o Estado monárquico, a monarquia.
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