UNIDADE 1 REVOLUÇÕES: DO SÚDITO AO CIDADÃO
CAPÍTULO 2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Da enxada ao trator, a história do trabalho passou por muitas inovações tecnológicas. Essas inovações se aceleraram a partir do século dezoito, marcando um período conhecido como Revolução Industrial. Nesse período, surgiram invenções que modificaram as relações sociais e econômicas, como a locomotiva, o telégrafo, a fotografia e o telefone.
As transformações no mundo do trabalho e da produção prosseguem em nossos dias com o desenvolvimento da informática, da genética, da robótica, da inteligência artificial e da internet. Vivemos uma época de revolução tecnológica permanente.
responda oralmente
para começar
Em sua opinião, é possível que as máquinas substituam todos os trabalhos realizados por seres humanos? Ou existem atividades que só podem ser feitas por pessoas?
Momentos da Revolução Industrial
A Revolução Industrial transformou profundamente a natureza e as sociedades. De modo geral, as oficinas dos artesãos perderam espaço para as fábricas. As ferramentas simples foram trocadas por máquinas. Em vez das tradicionais fontes de energia – como água, vento e fôrça muscular –, passou-se a utilizar o carvão e, posteriormente, a eletricidade.
A Europa agrária foi se tornando industrializada, com cidades cada vez mais populosas. Talvez em nenhuma outra época o conhecimento tecnológico tenha gerado tanta riqueza.
O processo de industrialização é longo e costuma ser dividido em, pelo menos, três grandes momentos.
A Primeira Revolução Industrial foi um processo que se concentrou na Grã-Bretanha, entre os séculos dezoito e dezenove. O maior destaque desse período foi a invenção das máquinas a vapor e o desenvolvimento da fábrica de tecidos de lã e de algodão.
A Segunda Revolução Industrial difundiu-se, entre os séculos dezenove e vinte, por países como França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Japão. Entre as principais inovações desse momento, destacam-se a locomotiva e o navio a vapor. Além disso, posteriormente, foram criados, por exemplo, a lâmpada elétrica, o automóvel, o avião, o telefone, o rádio e o cinema.
A Terceira Revolução Industrial é um termo utilizado para afirmar que a industrialização está em pleno andamento. Desde meados do século vinte, houve um grande salto em inovações tecnológicas, com o desenvolvimento da informática, da microeletrônica, da robótica e da engenharia genética.
Os avanços tecnológicos das revoluções industriais provocaram nas sociedades ocidentais um entusiasmo exagerado acerca da capacidade humana de realizar coisas extraordinárias e mudar os rumos da história. Isso teve um efeito marcante na relação entre ciência e religião: afinal, por que ficar “esperando” soluções divinas quando a tecnologia já estava resolvendo tantos desafios (na produção de alimentos e no tratamento e cura de doenças, por exemplo)? Desse modo, a ciência foi ganhando mais espaço na vida pública e a religião foi se recolhendo à vida privada. Acompanhando esse movimento, a atitude laica passou a predominar nas relações sociais, ou seja, o modo de viver independente da influência dos credos religiosos passou a ter mais importância.
Pioneirismo britânico
Uma série de condições favoreceu o início da Revolução Industrial na Grã-Bretanha, entre elas:
- estabilidade social – a partir da Revolução Gloriosa (1688-1689), o desenvolvimento econômico passou a ser um dos principais objetivos do governo e da burguesia. Em 1694, foi fundado o Banco da Inglaterra, que disponibilizou créditos para financiar novas iniciativas econômicas;
- concentração de riquezas – entre os séculos dezesseis e dezoito, os britânicos acumularam capital por meio do tráfico de escravizados e da exploração de suas colônias. Além disso, lucraram com o comércio de produtos manufaturados enviados para América, África e Ásia;
- abundância de mão de obra – a população das cidades cresceu devido à migração de camponeses para áreas urbanas. As terras de uso comum onde os camponeses produziam seu sustento foram cercadas e transformadas em propriedades privadas, voltadas para produção de lã e outras mercadorias. Esse processo, chamado cercamento, começou nos séculos anteriores e, aos poucos, se intensificou;
- disponibilidade de recursos naturais – existiam ricas jazidas de ferro e de carvão mineral na Grã-Bretanha, que possibilitaram o desenvolvimento industrial. Outros países contavam apenas com o carvão vegetal, obtido da madeira;
- ética protestante – o puritanismo britânico, derivado do calvinismo, estimulava o trabalho árduo e disciplinado como um dever do cristão. Essa concepção religiosa não condenava a acumulação de riquezas. Lucrar, trabalhar e rezar eram valores fundamentais do puritanismo.
fórmas de produção
Nos centros urbanos da Europa, a produção econômica vinha principalmente do artesanato e da manufatura. Essa situação mudou depois da Revolução Industrial.
No artesanato, os produtos são feitos manualmente, com o auxílio de ferramentas e em pequena escala. O artesão trabalha em casa ou em sua oficina, onde controla as fases da produção e administra seu tempo. Para produzir uma cadeira, por exemplo, um carpinteiro corta as tábuas de madeira, molda o encosto, o assento e os pés, encaixa essas partes e dá o acabamento final (polimento, pintura etcétera).
Com a expansão marítima e a conquista de mercados na América, África e Ásia, cresceu a demanda por artigos da Europa. Para dar conta dessa procura, comerciantes europeus organizaram grandes oficinas chamadas manufaturas, onde cada trabalhador executava uma parte da produção, que se somava às partes dos outros companheiros de profissão. Essa divisão do trabalho, com produção em série, aumentava a produtividade. Nesse momento, os produtos manufaturados já representavam cêrca de 50% das exportações britânicas.
A partir da Revolução Industrial, a produção ficou ainda mais rápida e eficiente com o desenvolvimento de máquinas e a implantação de fábricas, também chamadas maquinofaturas, nas quais a produção se multiplicou, pois, ao operar as máquinas, o trabalhador se especializava na mesma tarefa. Porém, esse operário especializado perdia a visão de conjunto do processo produtivo. A especialização do trabalho levou a uma fragmentaçãoglossário do saber e do fazer.
Apesar dessas alterações nas fórmas predominantes de produção, o artesanato e as manufaturas continuam a existir até nossos dias. Com a concorrência dos produtos industrializados, os artesãos, por exemplo, encontraram um novo espaço no mercado, voltando-se para a confecção de produtos mais exclusivos e personalizados.
responda oralmente
para pensar
- Você conhece pessoas que se dedicam ao arte- sanato? Que tipo de artesanato elas fazem?
- Em sua opinião, a produção artesanal contemporânea pode acabar devido à crescente industrialização? Exponha seus argumentos.
Inovações tecnológicas
Os seres humanos sempre utilizaram sua inteligência e criatividade para modificar o mundo à sua volta. Isso lhes permitiu inventar coisas extraordinárias, como a roda e o barco a vela. No entanto, a partir do século dezoito, as inovações tecnológicas deram um salto, tornando-se cada vez mais eficientes. A seguir, destacamos alguns dos marcos dessas inovações tecnológicas.
O tear mecânico foi inventado em 1785, sendo utilizado na fabricação de tecidos de lã e de algodão. Usava-se, sobretudo, a lã produzida na Grã-Bretanha e o algodão produzido nas colônias britânicas da América e da Ásia.
A máquina a vapor, aperfeiçoada por djêimes uót em 1765, teve várias finalidades, mas ganhou destaque no século dezenove, quando foi aplicada a meios de transporte como a locomotiva e o navio a vapor.
A locomotiva a vapor foi, talvez, o maior avanço no transporte terrestre desde a construção das estradas romanas. Pelas locomotivas, circulavam pessoas, alimentos, cartas, jornais e grande diversidade de produtos, como roupas e livros. As viagens tornaram-se mais rápidas e os trens chegavam às estações em horários previstos. O percurso entre as cidades de Londres (na Grã-Bretanha) e Glasgow (na Escócia), que levava doze dias a cavalo no século dezoito, passou a ser feito em dois dias de trem. O inventor da primeira locomotiva a vapor foi o engenheiro britânico geórge istefenson, em 1714.
O navio a vapor transformou profundamente o transporte marítimo. A partir dessa invenção, foi possível navegar sem ventos e por caminhos difíceis, como os estreitos marítimos. Com a construção do Canal de Suez, em 1869, ligando o Mar Mediterrâneo ao Oceano Índico, os navios a vapor reduziram pela metade a distância entre a Índia e a Europa. O inventor do primeiro barco a vapor bem-sucedido foi o engenheiro estadunidense Róbert Fúlton, em 1807.
Fontes de energia e comunicação
A partir, sobretudo, de meados do século dezenove, a industrialização se expandiu por outros países. Esse período foi marcado pelo desenvolvimento de novos materiais e fontes de energia.
O aço, por exemplo, passou a ser utilizado no lugar do ferro na produção de ferramentas, máquinas, trilhos de trem, edifícios e pontes.
A energia elétrica foi utilizada em vez do carvão para fornecer iluminação e movimentar máquinas industriais, trens e bondes.
O petróleo e seus derivados, como a gasolina e o diesel, tornaram-se os principais combustíveis dos novos meios de transporte.
Nos meios de comunicação, podemos destacar a invenção do telégrafo e do telefone.
O telégrafo (do grego, tele = longe + grafia = escrita) foi outra invenção extraordinária, que facilitou a comunicação. Esse aparelho, capaz de enviar mensagens codificadas por meio de fios, foi inventado por Sêmiuel Morse (1791-1872) por volta de 1832. Mórsse também inventou um código (Código Mórsse) que foi o grande marco desse sistema. Além da via terrestre, foram instalados cabos submarinos de telégrafo. No final do século dezenove, uma mensagem telegráfica podia ser transmitida mundo afora em cêrca de 24 horas.
O telefone (do grego tele = longe + fone = som) foi inventado, em 1876, por Alexandre Grem Bél (1847-1922) nos Estados Unidos. Não demorou muito para que fossem instaladas linhas telefônicas de longa distância nos Estados Unidos e em outras regiões do mundo.
responda oralmente
para pensar
Que profissão você gostaria de exercer no futuro? Como você ima- gina que essa profissão será afetada pelos avanços tecnológicos?
PAINEL
Torre Eiffel
Para comemorar os avanços tecnológicos e industriais, governos e empresários decidiram realizar exposições universais. Nelas, os industriais exibiam seus melhores produtos. Entre 1851 e 1900, ocorreram dezesseis exposições desse tipo, em países como Reino Unido, França, Áustria e Estados Unidos.
Em 1889, por exemplo, nas comemorações do centenário da Revolução Francesa, a exposição universal foi sediada em Paris. Para essa exposição, foi construída a Torre Eiffel.
Naquele período, a Torre Eiffel era a mais alta do mundo. Ela deveria ser uma estrutura temporária, como todas as construções para a exposição, mas acabou ficando definitivamente em Paris e tornou-se um símbolo da França.
- Elevadores levam os visitantes aos três andares da torre. Mais de 6 milhões de turistas passam pela torre todos os anos. Desde sua inauguração, mais de 300 milhões de pessoas já visitaram o monumento.
- O 1º andar e o 2º andar ficam, respectivamente, a 57 e 115 metros do chão. Neles, há restaurantes, lojas, espaços para descanso e uma sala de conferências.
- Toda a estrutura é de ferro e calcula-se que ela pese mais de mil toneladas.
- O 3º andar, que está a 276 metros do chão, abriga um mirante e um museu de cera, com uma representação do encontro entre o francês Gustave Eiffel e o estadunidense Thomas Edison.
- A torre tem 324 metros de altura. No topo, há antenas de estações de rádio e de canais de televisão.
Impactos da industrialização
As revoluções industriais provocaram transformações no mundo do trabalho, na contagem do tempo, no meio ambiente e na dinâmica de circulação de pessoas, mercadorias e culturas.
Trabalho nas fábricas
Nesse período, surgiram duas classes sociais: a burguesia industrial (patrões) e o proletariadoglossário (operários). De modo geral, os burgueses eram donos das matérias-primas, das máquinas e das fábricas. Já os proletários vendiam sua fôrça de trabalho em troca de um salário.
Em geral, as fábricas tinham instalações insalubresglossário , onde os operários eram submetidos a uma disciplina rigorosa e a uma intensa fiscalização. Frequentemente, sofriam maus-tratos, que incluíam desde ameaças até agressões físicas.
As tarefas dos operários tinham horários definidos e a vida deles passou a ser controlada pela “tirania do relógio”. O atraso no trabalho era punido com redução salarial, embora quase nenhum operário ganhasse o suficiente para comprar um relógio pessoal.
O salário era tão baixo que o operário precisava cumprir longas jornadas diárias, de até 15 horas, para sobreviver. Mesmo assim, muitos operários e suas famílias passavam por grandes dificuldades, como falta de alimentos, e viviam em condições precárias. Em diversos casos, diferentes famílias moravam em um mesmo cômodo para dividir os gastos com o aluguel.
OUTRAS HISTÓRIAS
Santos Dumont: o avião e o relógio de pulso
O inventor Alberto Santos Dumôn (1873-1932) é patrono da aviação no Brasil e considerado um dos brasileiros mais influentes do século vinte.
Os primeiros modelos de avião foram inventados pelo brasileiro Alberto Santos Dumôn e pelos irmãos estadunidenses Wright. Entre 1902 e 1903, os irmãos Wright voaram a bordo do Flyer, nos Estados Unidos. Em 1906, Dumôn voou a bordo do avião 14-bis na França. Contudo, enquanto o invento dos irmãos Ruáit precisava ser impulsionado por outro veículo para voar, o 14-bis decolava de fórma autônoma.
Em 1904, Dumôn encomendou a seu amigo Luí Cartiê um relógio de pulso, que seria mais prático para ver as horas enquanto pilotava o avião. Os voos de Santos Dumôn encantaram diversas pessoas e isso ajudou a popularizar o relógio de pulso, que passou a ser comercializado em 1911. Até então, o relógio de bolso era mais comum entre os homens. Atualmente, o relógio de pulso tornou-se um acessório popular e vem ganhando novos recursos tecnológicos, como medição de passos, batimentos cardíacos e pressão arterial.
Responda no caderno
Atividade
Que tecnologias fazem parte de seu cotidiano? Em sua opinião, elas melhoram ou pioram a vida das pessoas? Argumente e dê exemplos.
Trabalho feminino e infantil
Desde os tempos mais antigos, mulheres e crianças trabalhavam na agricultura, na criação de animais e no artesanato. No entanto, com a Revolução Industrial, elas passaram a cumprir longas jornadas de trabalho, recebendo salários bem mais baixos que os dos homens.
As mulheres, além de trabalharem nas fábricas, cuidavam da casa e dos filhos. É a chamada dupla ou tripla jornada de trabalho, uma injustiça que ainda permanece em várias regiões do mundo.
As crianças trabalhavam em condições semelhantes às dos adultos, o que provocava sérios danos à saúde, como dores no corpo e doenças crônicas (bronquites e alergias). Elas também não tinham acesso à educação. Atualmente, no Brasil, a exploração do trabalho infantil é considerada crime e o acesso à educação é um direito de todas as crianças.
responda oralmente
para pensar
Você conhece mulheres que cumprem dupla jornada de trabalho? Como essa situação poderia ser superada?
dica livro
DICKENS, Charles. Oliver Twist. Tradução e adaptação de Sandra Pina. São Paulo: Melhoramentos, 2012. (Clássicos da Literatura).
Romance clássico que narra a história de um menino órfão chamado Oliver e suas dificuldades para sobreviver no ambiente de pobreza do Reino Unido do início do século dezenove.
Movimentos operários
No início da industrialização, não havia direitos trabalhistas para regular as condições de trabalho. A maioria dos contratosglossário eram verbaisglossário e podiam ser encerrados a qualquer instante pela livre vontade do patrão. Às vezes, impunham-se contratos verbais vitalícios, que equivaliam a uma servidão disfarçada.
Havia, então, motivos de sobra para que os operários organizassem movimentos de resistência. Em 1791, por exemplo, operários anônimos incendiaram a primeira fábrica londrina a usar energia a vapor, que foi chamada de “moinho satânico”. Entre 1811 e 1812, outros operários destruíram máquinas fabris por considerá-las culpadas pela opressão. Esse movimento, conhecido como ludismoglossário , foi severamente reprimido pelo governo britânico.
Apesar da repressão, os movimentos operários seguiram em busca de ideais. Assim, nasceram os primeiros sindicatos, associações de empregados que lutavam por melhores condições de trabalho.
Em 1824, no Reino Unido, entrou em vigor uma lei que permitiu a existência dos primeiros sindicatos. Em 1834 foi fundada por róbert Ôuen a União Nacional dos Sindicatos, que reuniu meio milhão de trabalhadores. Após anos de lutas, os operários britânicos conquistaram direitos trabalhistas, como a redução das jornadas de trabalho e a proibição do trabalho infantil.
dica filme
Tempos modernos (Estados Unidos). Direção de Tcharls Tcháplin, 1936. 85 minutos
Filme clássico sobre a vida dos trabalhadores nas fábricas dos Estados Unidos no início do século vinte. O protagonista é um operário em crise depois de perder o emprego e ser confundido com um manifestante na rua.
No ritmo do relógio
Antes da Revolução Industrial, o tempo era basicamente contado em função das estações do ano, das atividades agrícolas, das festas populares e das celebrações religiosas. Essa contagem estava associada a fenômenos da natureza (chuvas e sêcas, calor e frio, o dia e a noite).
Com a Revolução Industrial, os trabalhadores, cumprindo as exigências da empresa, foram obrigados a se adaptar ao ritmo do relógio, que conta o tempo em horas e minutos. Difundiram-se, então, frases como “Tempo é dinheiro” e “Não perca tempo”. Tais expressões estavam ligadas ao funcionamento das fábricas, iluminadas pela energia elétrica, onde os trabalhadores se revezavam em turnos diurnos e noturnos. Com isso, os relógios mecânicos tornaram-se símbolos desse tempo que a indústria impôs aos trabalhadores.
Nos dias atuais, as relações das pessoas com o tempo também foram impactadas pelas tecnologias de comunicação, que trouxeram uma instantaneidade na troca de informações. Essa instantaneidade contribui, por exemplo, para dinamizar a economia. Hoje, é possível conversar por videoconferência com pessoas de diferentes países ao mesmo tempo, sem sair de casa. No entanto, essa rapidez nas comunicações também provoca problemas, como o aumento de casos de ansiedade, hiperatividade, depressão e insônia.
Vivemos numa “aldeia global”, conectados via internet em nossas “cabanas digitais” por meio de smartphones e computadores. Com a pandemia de covid-19, muitas pessoas passaram a trabalhar em casa (home office) usando aplicativos de mensagens, teleconferência e acesso remoto.
Responda no caderno
para pensar
Como você organiza seu tempo? Quanto tempo você usa para comer, dormir, estudar, ver amigos e familiares, praticar esportes e se locomover até a escola?
Devastação ambiental e sustentabilidade
Nas sociedades industriais, o carvão mineral (a partir de 1760) e os derivados de petróleo (a partir do século dezenove) tornaram-se importantes fontes de energia. A queima desses combustíveis, no entanto, libera substâncias tóxicas que contaminam o ar, o solo e as águas.
Até meados do século vinte, na maioria dos países industrializados, não era obrigatório o uso de filtros nas chaminés das fábricas e nos escapamentos dos automóveis, tampouco havia tratamento adequado de esgoto nas cidades. A poluição impactou a vida de milhares de pessoas, causando doenças e mortes decorrentes, por exemplo, de problemas respiratórios.
A maioria das pessoas não tinha consciência de que os recursos naturais são limitados e de que as ações humanas causam fortes impactos no meio ambiente. Atualmente, isso está mudando.
A preservação do meio ambiente é uma das principais questões do mundo contemporâneo. Cada vez mais, cidadãos e instituições preocupam-se com ecologia e desenvolvimento sustentável. É urgente a conscientização de que os recursos naturais podem acabar e de que o meio ambiente não suporta um crescimento econômico irresponsável. Assim, multiplicam-se iniciativas que visam à redução da produção de resíduos, ao uso responsável da água, à implantação de fontes de energia limpa, entre outras.
População e urbanização
Outro efeito marcante da Revolução Industrial foi o crescimento da população urbana. Isso ocorreu devido a três condições principais:
- migrações de pessoas do campo para a cidade, atraídas pela possibilidade de conseguir empregos e melhores condições de vida;
- melhorias nos padrões de saúde com a descoberta da vacina contra a varíola, da anestesia com éter, do bacilo causador da tuberculose (e de fórmas de combatê-lo) e da necessidade de assepsia nos procedimentos médicos;
- maior oferta de alimentos, devido à modernização agrícola, com a adoção de novos arados, debulhadoras e ceifadeiras.
Calcula-se que, em 1801, existiam apenas 23 cidades europeias com mais de 100 mil habitantes. Em 1900, já eram 135 cidades. No final do século dezenove já havia 19 cidades com mais de meio milhão de moradores na Europa.
Confira, no quadro “Estimativas da população mundial”, o impressionante crescimento a partir de 1750.
Ano |
Habitantes |
---|---|
1 |
0,5 bilhão |
1750 |
0,8 bilhão |
1801 |
1 bilhão |
1927 |
2 bilhões |
1960 |
3 bilhões |
1974 |
4 bilhões |
1987 |
5 bilhões |
2000 |
6 bilhões |
2010 |
7 bilhões |
2023 |
8 bilhões |
Fontes: durên, J. D. Historical Estimates of World Population: An Evaluation. Filadélfia: Universidade da Pensilvânia, 1974; ônu. Population Division. World Population Prospects 2019. Disponível em: https://oeds.link/LWzMMu. Acesso em: 31 maio 2022.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
- Explique o que você entendeu por Revolução Industrial, citando as principais características de cada fase desse processo.
- No caderno, relacione as condições que favoreceram o pioneirismo industrial da Grã-Bretanha a suas explicações.
- Estabilidade social.
- Concentração de riquezas.
- Abundância de mão de obra.
- Disponibilidade de recursos naturais.
- Ética protestante.
- Normas morais e religiosas que valorizavam o trabalho, o lucro e a disciplina, não condenando a acumulação de riquezas.
- Após a Revolução Gloriosa, o reino viveu um período de estabilidade social, o que contribuiu para a ascensão da burguesia e o desenvolvimento do capitalismo industrial.
- Existência de jazidas de ferro e de carvão mineral. O ferro foi uma das principais matérias-primas utilizadas na confecção de máquinas e o carvão foi largamente utilizado como combustível nas indústrias.
- Foi viabilizada pelos lucros com o tráfico de pessoas escravizadas, a exploração de colônias e a venda de produtos manufaturados para América, África e Ásia.
- Aumento da população urbana devido às migrações de camponeses para as cidades, processo que está relacionado ao chamado cercamento.
- A ampliação da divisão do trabalho e a produção em série são características da Revolução Industrial. Observe a foto a seguir e responda: essas características ainda existem nos dias de hoje? Dê exemplos.
- Até o final do século dezesseis, os relógios mecânicos não tinham o ponteiro dos minutos. De acordo com a historiadora Quiára Frugoni, esses relógios tinham uma defasagem de pelo menos uma hora por dia. A ausência da contagem dos minutos pode demonstrar que, até então, ninguém havia sentido falta dessa fórma mais detalhada de marcar o tempo. Com essa informação, explique como a industrialização afetou a relação das pessoas com o tempo.
- Vamos projetar um Museu do Objeto. Para isso, escolha um objeto que você considera importante em seu dia a dia. Em seguida, faça o que se pede.
- Pesquise as origens desse objeto, quem o inventou, as alterações que sofreu e os usos que teve ao longo do tempo.
- Monte uma linha do tempo com ilustrações desse objeto em diferentes épocas.
- Exponha sua linha do tempo ilustrada em um mural (físico ou virtual) da escola.
Versão adaptada acessível
5. Vamos projetar um Museu do Objeto. Para isso, escolha um objeto que você considera importante em seu dia a dia. Em seguida, faça o que se pede.
a) Pesquise as origens desse objeto, quem o inventou, as alterações que sofreu e os usos que teve ao longo do tempo.
b) Monte uma linha do tempo tátil desse objeto em diferentes épocas. Você pode usar materiais emborrachados, palitos, linhas, tipos de papéis com texturas variadas para realizar as marcações temporais.
c) Apresente sua linha do tempo aos colegas.
Interpretar texto e imagem
6. Durante a Revolução Industrial, o Parlamento britânico solicitou investigações sobre as condições de trabalho dos operários. A seguir, leia o trecho de um dos relatórios produzidos e faça o que se pede.
Relatório dos Comissários do Trabalho Infantil (1832)
“Nas fábricas antigas e pequenas o relato uniforme é: suja; mal ventilada; mal drenada; sem banheiros ou vestiários; sem exaustores para a poeira; maquinaria solta; passagens muito estreitas; alguns tetos são tão baixos que se torna difícil ficar em pé no centro da sala.
Disso resulta:
- Que as crianças empregadas em todos os ramos de manufatura do reino trabalham o mesmo número de horas que os adultos;
- Que os efeitos de trabalho tão prolongado são: a deterioração permanente da constituição física; a aquisição de doenças incuráveis; a exclusão (por excesso de fadiga) dos meios de obtenção da educação adequada;
- Que, na idade em que as crianças sofrem prejuízos com o trabalho, elas ainda não são emancipadas sendo alugadas e seus salários recebidos pelos pais ou responsáveis.”
REPORT of commissioners on the employment of children in factories (1832). Apud: GOVERNO do Estado de São Paulo. Secretaria de Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: SE/ sêmp, 1979. página 84.
- Explique com suas palavras como era o ambiente das fábricas.
- As crianças trabalhavam menos horas do que os adultos?
- O trabalho nas fábricas oferecia riscos à saúde das crianças? Explique.
- Quem recebia o salário das crianças?
7. Enquanto alguns industriais, comerciantes e banqueiros exibiam seu progresso nas exposições universais, as organizações de trabalhadores desenvolveram uma postura crítica em relação a esses eventos. Leia a seguir o trecho de um manifesto convocando operários para um congresso em Paris e responda: qual é a mensagem principal desse manifesto? O que ele critica?
“A classe capitalista convida os ricos e poderosos a vir contemplar e admirar a Exposição Universal [de Paris], obra dos trabalhadores condenados à miséria em meio às mais colossais riquezas que nenhuma sociedade humana jamais possuiu. Nós, socialistas, perseguimos a libertação do trabalho, a abolição do regime de salários, a criação de uma ordem de coisas na qual, sem distinção de sexo nem de nacionalidade, todos e todas tenham direitos às riquezas frutificadas no trabalho comum. São os produtores a quem nós convocamos a Paris para o 14 de Julho.”
HARDMAN, Francisco Foot. Trem fantasma: a modernidade na selva. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. página 65.
Glossário
- Fragmentação
- : divisão em pequenas partes.
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- Proletariado
- : palavra de origem latina, deriva de prole (filhos), referindo-se pejorativamente às pessoas que tinham poucos bens, mas muitos filhos.
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- Insalubre
- : nocivo; prejudicial à saúde.
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- Contrato verbal
- : acordo não escrito, firmado oralmente.
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- Ludismo
- : nome que se refere a Ned Lud, personagem fictício que teria, em protesto, quebrado máquinas em seu local de trabalho.
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