UNIDADE 1  REVOLUÇÕES: DO SÚDITO AO CIDADÃO

CAPÍTULO 2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Da enxada ao trator, a história do trabalho passou por muitas inovações tecnológicas. Essas inovações se aceleraram a partir do século dezoito, marcando um período conhecido como Revolução Industrial. Nesse período, surgiram invenções que modificaram as relações sociais e econômicas, como a locomotiva, o telégrafo, a fotografia e o telefone.

As transformações no mundo do trabalho e da produção prosseguem em nossos dias com o desenvolvimento da informática, da genética, da robótica, da inteligência artificial e da internet. Vivemos uma época de revolução tecnológica permanente.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Em sua opinião, é possível que as máquinas substituam todos os trabalhos realizados por seres humanos? Ou existem atividades que só podem ser feitas por pessoas?

Gravura em preto e branco. Um cômodo com duas máquinas de tear, formadas por vigas de madeira compondo estruturas verticais em forma de paralelepípedo, com rodas e bobinas ovaladas. Em destaque, dois homens. Cada um deles, trabalhando em um dos teares, e à direita, um terceiro homem, usando chapéu e observando a cena com olhos fixos e uma haste de madeira em sua mão.
Gravura representando aprendizes em seus teares, do ilustrador britânico William Hogarth, 1747.
Fotografia sépia. Em um grande salão no interior de uma fábrica repleta de maquinário, com janelas à esquerda, e máquinas à direita, no centro da imagem, um grupo de meninos em pé, lado a lado. À direita, atrás do grupo um homem. Os meninos usam boinas sobre suas cabeças. A maior parte deles veste camisa de botão fechada e quadriculada e calças curtas escuras com suspensórios. Há apenas um menino vestindo um paleto sobre suas vestes. Dois dos meninos se apoiam sobre  caixas de madeira com rodinhas,  dispostas sobre o chão.
O homem usa um chapéu preto com abas sobre sua cabeça, usa bigode e veste uma camisa branca, gravata escura, calça escura e suspensórios claros.
Supervisor e grupo de meninos que trabalhavam como doffers (encarregados de trocar as bobinas ou os cones de fios de algodão) em fábrica têxtil na Carolina do Norte, Estados Unidos. Fotografia de 1908.
Fotografia. Em uma sala de paredes brancas, à direita, uma pessoa vista parcialmente, vestindo um jaleco azul, em frente a uma maca coberta com lençol azul, acima da qual há uma máquina, um grande braço robotizado encapado por camadas plásticas.
Cirurgia feita com braços robóticos que reproduzem os movimentos do médico em Londrina, Paraná. Fotografia de 2020.

Momentos da Revolução Industrial

A Revolução Industrial transformou profundamente a natureza e as sociedades. De modo geral, as oficinas dos artesãos perderam espaço para as fábricas. As ferramentas simples foram trocadas por máquinas. Em vez das tradicionais fontes de energia – como água, vento e fôrça muscular –, passou-se a utilizar o carvão e, posteriormente, a eletricidade.

A Europa agrária foi se tornando industrializada, com cidades cada vez mais populosas. Talvez em nenhuma outra época o conhecimento tecnológico tenha gerado tanta riqueza.

O processo de industrialização é longo e costuma ser dividido em, pelo menos, três grandes momentos.

A Primeira Revolução Industrial foi um processo que se concentrou na Grã-Bretanha, entre os séculos dezoito e dezenove. O maior destaque desse período foi a invenção das máquinas a vapor e o desenvolvimento da fábrica de tecidos de lã e de algodão.

Pintura. Em um salão extenso, com paredes com janelas dos dois lados, piso de madeira e repleto de mesas retangulares até o fundo, há muitas mulheres, sentadas ao redor dessas mesas. As mesas estão cobertas por tecidos de cor branca com pequenos desenhos de flores. As mulheres estão pintando esses tecidos. Em destaque, no primeiro plano, três mulheres em pé. À esquerda, uma mulher com um lenço branco amarrado em torno de sua cabeça, uma fita preta no pescoço, um vestido longo com saia de pregas, vermelho e branco, e um avental rosa amarrado em sua cintura; ela calça tamancos com fivelas e segura uma haste de madeira apoiada sobre o chão. No centro, uma mulher de cabelos pretos, presos por um lenço branco, trajando uma blusa azul e uma saia de pregas verde, com um avental azul e manchado amarrado na cintura. Ela calça tamancos pretos e segura uma haste de madeira ao lado de seu corpo. À direita, uma mulher com um chapéu sobre a cabeça, os cabelos amarrados por um lenço branco em torno de sua cabeça e uma fita preta no pescoço; trajando um vestido azul, meias azuis e calçando tamancos cinza. Ela dobra um tecido branco à frente de seu corpo. Atrás delas, à esquerda, há uma mesa em que há um homem de cabelos brancos, de chapéu escuro e casaco cor de vinho, sentado, rodeado de mulheres, escrevendo sobre um papel.
Pintura de Joséf Marriá Gabriél Rossetí que representa mulheres estampando tecidos em fábrica em Orange, França, 1764. A indústria têxtil foi a principal impulsionadora da Primeira Revolução Industrial.

A Segunda Revolução Industrial difundiu-se, entre os séculos dezenove e vinte, por países como França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Japão. Entre as principais inovações desse momento, destacam-se a locomotiva e o navio a vapor. Além disso, posteriormente, foram criados, por exemplo, a lâmpada elétrica, o automóvel, o avião, o telefone, o rádio e o cinema.

Gravura em preto e branco. Gravura em formato vertical retratando o interior de uma fábrica, com maquinários e ao redor diversas pessoas trabalhando, sobretudo crianças. No centro, em um corredor formado pelas máquinas, dois homens em pé, vestindo ternos escuros e camisas brancas. Ao fundo, um homem calvo vestindo um terno escuro.
A composição, gravura de autoria desconhecida que representa mestres treinando aprendizes em uma tipografia francesa, cêrca de 1860. As áreas de comunicações e de transportes passaram por grandes transformações durante a Segunda Revolução Industrial.

A Terceira Revolução Industrial é um termo utilizado para afirmar que a industrialização está em pleno andamento. Desde meados do século vinte, houve um grande salto em inovações tecnológicas, com o desenvolvimento da informática, da microeletrônica, da robótica e da engenharia genética.

Fotografia. Vistos por entre as janelas da carroceria de um automóvel sendo montado, dois trabalhadores vestindo uniformes. Um, à esquerda, veste uma jaqueta branca com faixas vermelhas e detalhes pretos; usa uma calça branca e um boné branco sobre a cabeça. Ele usa luvas brancas e está manejando uma pequena peça preta em suas mãos; está olhando para a peça, com a cabeça baixa.
Outro, à direita, veste um jaleco branco de mangas compridas e um boné na cabeça, de mesma cor. Usa uma calça social azul marinho e segura um notebook em seus braços, olhando para a tela.
Ambos usam máscara de proteção na cor preta sobre seus narizes e bocas. 
Ao fundo, um piso branco brilhante e uma estante com caixas de plástico azuis e outras cinza.
Trabalhadores utilizando computadores para verificar a carroceria de um automóvel em indústria na cidade de Yelabuga, Rússia. Fotografia de 2021.

Os avanços tecnológicos das revoluções industriais provocaram nas sociedades ocidentais um entusiasmo exagerado acerca da capacidade humana de realizar coisas extraordinárias e mudar os rumos da história. Isso teve um efeito marcante na relação entre ciência e religião: afinal, por que ficar “esperando” soluções divinas quando a tecnologia já estava resolvendo tantos desafios (na produção de alimentos e no tratamento e cura de doenças, por exemplo)? Desse modo, a ciência foi ganhando mais espaço na vida pública e a religião foi se recolhendo à vida privada. Acompanhando esse movimento, a atitude laica passou a predominar nas relações sociais, ou seja, o modo de viver independente da influência dos credos religiosos passou a ter mais importância.

Pioneirismo britânico

Uma série de condições favoreceu o início da Revolução Industrial na Grã-Bretanha, entre elas:

  • estabilidade social – a partir da Revolução Gloriosa (1688-1689), o desenvolvimento econômico passou a ser um dos principais objetivos do governo e da burguesia. Em 1694, foi fundado o Banco da Inglaterra, que disponibilizou créditos para financiar novas iniciativas econômicas;
  • concentração de riquezas – entre os séculos dezesseis e dezoito, os britânicos acumularam capital por meio do tráfico de escravizados e da exploração de suas colônias. Além disso, lucraram com o comércio de produtos manufaturados enviados para América, África e Ásia;
  • abundância de mão de obra – a população das cidades cresceu devido à migração de camponeses para áreas urbanas. As terras de uso comum onde os camponeses produziam seu sustento foram cercadas e transformadas em propriedades privadas, voltadas para produção de lã e outras mercadorias. Esse processo, chamado cercamento, começou nos séculos anteriores e, aos poucos, se intensificou;
  • disponibilidade de recursos naturais – existiam ricas jazidas de ferro e de carvão mineral na Grã-Bretanha, que possibilitaram o desenvolvimento industrial. Outros países contavam apenas com o carvão vegetal, obtido da madeira;
  • ética protestante – o puritanismo britânico, derivado do calvinismo, estimulava o trabalho árduo e disciplinado como um dever do cristão. Essa concepção religiosa não condenava a acumulação de riquezas. Lucrar, trabalhar e rezar eram valores fundamentais do puritanismo.
Aquarela. Vista de uma cidade com fábricas e construções distribuídas por um terreno amplo repleto de neve. A pintura é composta em tons de branco, cinza e preto. Algumas das fábricas possuem chaminés altas, das quais partem colunas de fumaça.
Alojamento de Crumpsall, aquarela de Henry Edward Tidmarsh, 1893-1894. Na cena foi representada a cidade de Manchester, que, como outros grandes centros industriais, desenvolveu-se perto de regiões mineradoras da Grã-Bretanha.

fórmas de produção

Nos centros urbanos da Europa, a produção econômica vinha principalmente do artesanato e da manufatura. Essa situação mudou depois da Revolução Industrial.

No artesanato, os produtos são feitos manualmente, com o auxílio de ferramentas e em pequena escala. O artesão trabalha em casa ou em sua oficina, onde controla as fases da produção e administra seu tempo. Para produzir uma cadeira, por exemplo, um carpinteiro corta as tábuas de madeira, molda o encosto, o assento e os pés, encaixa essas partes e dá o acabamento final (polimento, pintura etcétera).

Com a expansão marítima e a conquista de mercados na América, África e Ásia, cresceu a demanda por artigos da Europa. Para dar conta dessa procura, comerciantes europeus organizaram grandes oficinas chamadas manufaturas, onde cada trabalhador executava uma parte da produção, que se somava às partes dos outros companheiros de profissão. Essa divisão do trabalho, com produção em série, aumentava a produtividade. Nesse momento, os produtos manufaturados já representavam cêrca de 50% das exportações britânicas.

A partir da Revolução Industrial, a produção ficou ainda mais rápida e eficiente com o desenvolvimento de máquinas e a implantação de fábricas, também chamadas maquinofaturas, nas quais a produção se multiplicou, pois, ao operar as máquinas, o trabalhador se especializava na mesma tarefa. Porém, esse operário especializado perdia a visão de conjunto do processo produtivo. A especialização do trabalho levou a uma fragmentaçãoglossário do saber e do fazer.

Apesar dessas alterações nas fórmas predominantes de produção, o artesanato e as manufaturas continuam a existir até nossos dias. Com a concorrência dos produtos industrializados, os artesãos, por exemplo, encontraram um novo espaço no mercado, voltando-se para a confecção de produtos mais exclusivos e personalizados.

Painel. Envolta em uma moldura quadrada com friso dourado, verde e rosa, uma pintura no centro. Na parte superior da pintura, uma faixa azul com o texto em dourado 'Horologia ferrea'.
Abaixo, a representação de uma oficina com parede de tijolos, uma janela pequena em forma de arco à esquerda e uma porta de mesmo formato, à direita. Diante de porta, há uma escada que dá acesso ao pavimento mais baixo onde está a oficina. Um homem de chapéu dourado está abrindo a porta. No centro da sala, sobre um tablado de madeira, há uma máquina com grandes rodas encaixadas umas nas outras e uma roldana de metal, presa ao teto. Dois homens de chapéu trabalham nessa máquina, um à direita, outro, à esquerda dela. 
Nas laterais da sala, dois homens trabalham, sentados em bancos de madeira diante de mesas com instrumentos mecânicos, cada um deles está em um dos cantos da imagem. Ao fundo, um rapaz trabalha sobre uma bancada de madeira. 
Nas paredes da sala, há dois modelos de relógio mecânico, feitos em madeira. Um ao fundo, retangular e com ponteiros dourados, outro à direita, arredondado e com ponteiros pretos. Logo abaixo, apoiado em um banco ocupado por um dos trabalhadores, há um disco de fundo branco com uma faixa preta na borda, números romanos gravados em dourado sobre a borda e um furo no centro.
Painel dinamarquês de madeira entalhada representando trabalhadores, cada qual com uma tarefa específica, em uma relojoaria, século dezessete.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Você conhece pessoas que se dedicam ao arte- sanato? Que tipo de artesanato elas fazem?
  2. Em sua opinião, a produção artesanal contemporânea pode acabar devido à crescente industrialização? Exponha seus argumentos.

Inovações tecnológicas

Os seres humanos sempre utilizaram sua inteligência e criatividade para modificar o mundo à sua volta. Isso lhes permitiu inventar coisas extraordinárias, como a roda e o barco a vela. No entanto, a partir do século dezoito, as inovações tecnológicas deram um salto, tornando-se cada vez mais eficientes. A seguir, destacamos alguns dos marcos dessas inovações tecnológicas.

O tear mecânico foi inventado em 1785, sendo utilizado na fabricação de tecidos de lã e de algodão. Usava-se, sobretudo, a lã produzida na Grã-Bretanha e o algodão produzido nas colônias britânicas da América e da Ásia.

A máquina a vapor, aperfeiçoada por djêimes uót em 1765, teve várias finalidades, mas ganhou destaque no século dezenove, quando foi aplicada a meios de transporte como a locomotiva e o navio a vapor.

A locomotiva a vapor foi, talvez, o maior avanço no transporte terrestre desde a construção das estradas romanas. Pelas locomotivas, circulavam pessoas, alimentos, cartas, jornais e grande diversidade de produtos, como roupas e livros. As viagens tornaram-se mais rápidas e os trens chegavam às estações em horários previstos. O percurso entre as cidades de Londres (na Grã-Bretanha) e Glasgow (na Escócia), que levava doze dias a cavalo no século dezoito, passou a ser feito em dois dias de trem. O inventor da primeira locomotiva a vapor foi o engenheiro britânico geórge istefenson, em 1714.

O navio a vapor transformou profundamente o transporte marítimo. A partir dessa invenção, foi possível navegar sem ventos e por caminhos difíceis, como os estreitos marítimos. Com a construção do Canal de Suez, em 1869, ligando o Mar Mediterrâneo ao Oceano Índico, os navios a vapor reduziram pela metade a distância entre a Índia e a Europa. O inventor do primeiro barco a vapor bem-sucedido foi o engenheiro estadunidense Róbert Fúlton, em 1807.

Gravura. A gravura é cortada ao meio por uma linha horizontal, compondo duas faixas horizontais em que estão representados dois trens diferentes. Acima, puxado por uma locomotiva de formato retangular, com uma chaminé soltando fumaça na parte frontal, um trem com vagões fechados e pequenas janelas transparentes. Eles são amarelos na parte inferior e pretos na parte superior. O último vagão é cor de rosa.  O trem atravessa uma paisagem rochosa. 
Abaixo, puxado por uma locomotiva de formato cilíndrico, com uma chaminé soltando fumaça na parte frontal, um trem com vagões abertos, nas cores verde e azul, expondo os diversos passageiros amontoados. Os três primeiros vagões são maiores, em formato retangular. Os três últimos são divididos em dois quadrados sobre o mesmo eixo. O trem atravessa uma paisagem com um campo com algumas árvores sob um céu azul.
Viagem pela estrada de ferro Liverpool-Manchester, Reino Unido, gravura de Áisac Cháu, 1831. Desde aquela época, havia diferentes tipos de vagões para diferentes grupos sociais: aqueles mais confortáveis e fechados, para proteger os passageiros; e os menos confortáveis e abertos.

Fontes de energia e comunicação

A partir, sobretudo, de meados do século dezenove, a industrialização se expandiu por outros países. Esse período foi marcado pelo desenvolvimento de novos materiais e fontes de energia.

O aço, por exemplo, passou a ser utilizado no lugar do ferro na produção de ferramentas, máquinas, trilhos de trem, edifícios e pontes.

A energia elétrica foi utilizada em vez do carvão para fornecer iluminação e movimentar máquinas industriais, trens e bondes.

O petróleo e seus derivados, como a gasolina e o diesel, tornaram-se os principais combustíveis dos novos meios de transporte.

Nos meios de comunicação, podemos destacar a invenção do telégrafo e do telefone.

O telégrafo (do grego, tele = longe + grafia = escrita) foi outra invenção extraordinária, que facilitou a comunicação. Esse aparelho, capaz de enviar mensagens codificadas por meio de fios, foi inventado por Sêmiuel Morse (1791-1872) por volta de 1832. Mórsse também inventou um código (Código Mórsse) que foi o grande marco desse sistema. Além da via terrestre, foram instalados cabos submarinos de telégrafo. No final do século dezenove, uma mensagem telegráfica podia ser transmitida mundo afora em cêrca de 24 horas.

Desenho em preto e branco. Sobre um fundo branco, há cinco grupos de ilustrações representando pessoas sentadas, trabalhando em equipamentos de telégrafo de modelos distintos e três ilustrações representando diferentes modelos do aparelho. Abaixo de cada ilustração, há o nome do modelo, que está ilegível na reprodução. No alto, uma mulher sentada diante de um telégrafo sobre uma mesa e, à direita, um homem sentado operando alguns discos sobre uma mesa. À direita, uma ilustração grande representando um telégrafo de formato retangular com o topo em formato triangular.  No centro, sentado diante de um telégrafo sobre uma mesa, um homem trabalha com uma folha de papel elevada diante de si. À direita, uma ilustração de um modelo de telégrafo feito de uma caixa retangular com uma roda sobre a qual há um suporte em que há folhas de papel apoiadas. Na parte inferior, uma mulher à esquerda e um homem à direita, ambos sentados diante de diferentes modelos de telégrafo sobre mesas de escritório. Ele é visto de costas manuseando uma fita. Ela é vista de lado operando uma máquina com a base retangular, o topo em forma de trapézio e um disco apoiado sobre a base. Na parte inferior, uma ilustração representando outro modelo de telégrafo composto sobre uma base de madeira, com um cilindro no centro, e um braço mecânico com um pequeno disco.
Desenho de pessoas trabalhando em uma central britânica de telégrafos, 1874. A invenção do telégrafo revolucionou o sistema de comunicação, aumentando a velocidade da divulgação de informações por todo o mundo.

O telefone (do grego tele = longe + fone = som) foi inventado, em 1876, por Alexandre Grem Bél (1847-1922) nos Estados Unidos. Não demorou muito para que fossem instaladas linhas telefônicas de longa distância nos Estados Unidos e em outras regiões do mundo.

Pintura. Uma área ao ar livre, à noite, com diversas árvores ao fundo e lustres dos quais pendem bolas iluminadas. Por todo o pátio, homens e mulheres aglomerados. Elas usam vestidos longos, e eles, em sua maioria, usam chapéus arredondados ou cartolas, paletós e calças escuras.
O baile público, pintura de Jan Berrô, 1880. Essa pintura representa uma das primeiras ruas iluminadas com lâmpadas elétricas em Paris, França.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Que profissão você gostaria de exercer no futuro? Como você ima- gina que essa profissão será afetada pelos avanços tecnológicos?

PAINEL

Torre Eiffel

Para comemorar os avanços tecnológicos e industriais, governos e empresários decidiram realizar exposições universais. Nelas, os industriais exibiam seus melhores produtos. Entre 1851 e 1900, ocorreram dezesseis exposições desse tipo, em países como Reino Unido, França, Áustria e Estados Unidos.

Em 1889, por exemplo, nas comemorações do centenário da Revolução Francesa, a exposição universal foi sediada em Paris. Para essa exposição, foi construída a Torre Eiffel.

Naquele período, a Torre Eiffel era a mais alta do mundo. Ela deveria ser uma estrutura temporária, como todas as construções para a exposição, mas acabou ficando definitivamente em Paris e tornou-se um símbolo da França.

Fotografia. Sob um céu azul com algumas nuvens, vista de uma torre alta feita de metal em meio a uma cidade densamente urbanizada, com uma área arborizada ao redor. Na base, mais larga com um formato arqueado, a indicação do número 1. Entre o primeiro e o segundo andar da torre, que, junto à base tem o formato da letra A, a indicação do número 2.  Na estrutura mais afilada e comprida da torre, composta de metal trançado, a indicação do número 3. No terceiro e último andar da torre, um pequeno topo de formato quadrado, a indicação do número 4.  Em cima do topo da torre, onde há uma haste fina de metal na posição vertical, a indicação do número 5.
Vista aérea da Torre Eiffel, em Paris, França. Fotografia de 2020.
  1. Elevadores levam os visitantes aos três andares da torre. Mais de 6 milhões de turistas passam pela torre todos os anos. Desde sua inauguração, mais de 300 milhões de pessoas já visitaram o monumento.
  2. O 1º andar e o 2º andar ficam, respectivamente, a 57 e 115 metros do chão. Neles, há restaurantes, lojas, espaços para descanso e uma sala de conferências.
  3. Toda a estrutura é de ferro e calcula-se que ela pese mais de mil toneladas.
  4. O 3º andar, que está a 276 metros do chão, abriga um mirante e um museu de cera, com uma representação do encontro entre o francês Gustave Eiffel e o estadunidense Thomas Edison.
  5. A torre tem 324 metros de altura. No topo, há antenas de estações de rádio e de canais de televisão.

Impactos da industrialização

As revoluções industriais provocaram transformações no mundo do trabalho, na contagem do tempo, no meio ambiente e na dinâmica de circulação de pessoas, mercadorias e culturas.

Trabalho nas fábricas

Nesse período, surgiram duas classes sociais: a burguesia industrial (patrões) e o proletariadoglossário (operários). De modo geral, os burgueses eram donos das matérias-primas, das máquinas e das fábricas. Já os proletários vendiam sua fôrça de trabalho em troca de um salário.

Em geral, as fábricas tinham instalações insalubresglossário , onde os operários eram submetidos a uma disciplina rigorosa e a uma intensa fiscalização. Frequentemente, sofriam maus-tratos, que incluíam desde ameaças até agressões físicas.

As tarefas dos operários tinham horários definidos e a vida deles passou a ser controlada pela “tirania do relógio”. O atraso no trabalho era punido com redução salarial, embora quase nenhum operário ganhasse o suficiente para comprar um relógio pessoal.

O salário era tão baixo que o operário precisava cumprir longas jornadas diárias, de até 15 horas, para sobreviver. Mesmo assim, muitos operários e suas famílias passavam por grandes dificuldades, como falta de alimentos, e viviam em condições precárias. Em diversos casos, diferentes famílias moravam em um mesmo cômodo para dividir os gastos com o aluguel.

Gravura em preto e branco. Em uma rua cercada de construções de dois andares feitas de tijolos, diante das construções. há várias pessoas aglomeradas e cabisbaixas, homens, mulheres e crianças, vestindo roupas largas. Alguns estão em pé, outros sentados nas calçadas.
Rua Wentworth, ilustração de gustáv dorrê, 1872. Na imagem foram representadas pessoas em uma rua do bairro operário londrino de Whitechapel.

OUTRAS HISTÓRIAS

Santos Dumont: o avião e o relógio de pulso

O inventor Alberto Santos Dumôn (1873-1932) é patrono da aviação no Brasil e considerado um dos brasileiros mais influentes do século vinte.

Os primeiros modelos de avião foram inventados pelo brasileiro Alberto Santos Dumôn e pelos irmãos estadunidenses Wright. Entre 1902 e 1903, os irmãos Wright voaram a bordo do Flyer, nos Estados Unidos. Em 1906, Dumôn voou a bordo do avião 14-bis na França. Contudo, enquanto o invento dos irmãos Ruáit precisava ser impulsionado por outro veículo para voar, o 14-bis decolava de fórma autônoma.

Em 1904, Dumôn encomendou a seu amigo Luí Cartiê um relógio de pulso, que seria mais prático para ver as horas enquanto pilotava o avião. Os voos de Santos Dumôn encantaram diversas pessoas e isso ajudou a popularizar o relógio de pulso, que passou a ser comercializado em 1911. Até então, o relógio de bolso era mais comum entre os homens. Atualmente, o relógio de pulso tornou-se um acessório popular e vem ganhando novos recursos tecnológicos, como medição de passos, batimentos cardíacos e pressão arterial.

Cartão-postal.  Sob um céu azul sem nuvens, um avião branco, com corpo retangular, uma estrutura em formato de cubo na ponta, rodinhas de base vazadas e asas formadas por três estruturas quadradas e vazadas que se encontram junto ao motor, de onde sai uma hélice. Sobre o avião, em pé, um homem de terno segurando o manche. 
Ele sobrevoa uma área gramada extensa, em que há um pequeno grupo de pessoas, árvores e montanhas ao fundo.
Cartão-postal britânico representando Santos Dumôn com o 14-bis, cêrca de 1910. O brasileiro Alberto Santos Dumôn foi a primeira pessoa a pilotar um dirigível movido a gasolina, em 1898. Depois, com o 14-bis, foi pioneiro na decolagem e voo de uma aeronave sem auxílio externo, em 1906.
Fotografia.  Sobre um fundo azul, um relógio de pulso em formato quadrado, com ponteiros prateados, números romanos e pulseira de couro marrom.
Relógio de pulso de Santos Dumont, de 1912. Esse relógio está em exibição no Museu do Design, em Londres, Reino Unido.

Responda no caderno

Atividade

Que tecnologias fazem parte de seu cotidiano? Em sua opinião, elas melhoram ou pioram a vida das pessoas? Argumente e dê exemplos.

Trabalho feminino e infantil

Desde os tempos mais antigos, mulheres e crianças trabalhavam na agricultura, na criação de animais e no artesanato. No entanto, com a Revolução Industrial, elas passaram a cumprir longas jornadas de trabalho, recebendo salários bem mais baixos que os dos homens.

As mulheres, além de trabalharem nas fábricas, cuidavam da casa e dos filhos. É a chamada dupla ou tripla jornada de trabalho, uma injustiça que ainda permanece em várias regiões do mundo.

Gravura em preto e branco. Em um túnel estreito,  uma criança debruçada sobre o solo, acorrentada a um carrinho com quatro rodas, preenchido com pedras escuras.
Gravura de autoria desconhecida que representa menina trabalhando em mina de carvão em Yorkshire, Reino Unido, 1842. Por serem menores, mulheres e crianças eram preferencialmente designadas para trabalhar nesses túneis estreitos, arrastando-se para transportar carvão.

As crianças trabalhavam em condições semelhantes às dos adultos, o que provocava sérios danos à saúde, como dores no corpo e doenças crônicas (bronquites e alergias). Elas também não tinham acesso à educação. Atualmente, no Brasil, a exploração do trabalho infantil é considerada crime e o acesso à educação é um direito de todas as crianças.

Quadrinho. História contada em quatro quadros. Um menino de cabelos crespos, curtos e escuros, vestindo uma camisa preta e uma bermuda roxa, e ao seu lado, um menino de cabelos lisos, escuros e curtos, vestindo uma camisa branca com o número 21 e uma bermuda preta. Quadro 1. Os meninos estão deitados de barriga no chão, lado a lado, segurando controles de videogame, com os olhares voltados para uma televisão à frente. O menino de camisa branca com um balão de fala: 'Frazz estava me contando sobre a Revolução Industrial'. Quadro 2. Destaque para o rosto do menino de camisa branca, coma cabeça virada para a esquerda com um balão de fala: 'Crianças (crianças!) eram forçadas a ficar nas máquinas, tipo 12 horas por dia!'. Quadro 3. Os dois meninos deitados em frente à televisão se entreolham. Quadro 4.  Sobre um fundo branco, a  televisão com tela escura, e os dois controles de video game sobre o chão.
Frazz, tirinha de Diéf Mélét, 2005. A tirinha resgata um dado histórico sobre a Revolução Industrial e faz uma crítica ao uso excessivo de recursos tecnológicos por crianças.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Você conhece mulheres que cumprem dupla jornada de trabalho? Como essa situação poderia ser superada?

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

DICKENS, Charles. Oliver Twist. Tradução e adaptação de Sandra Pina. São Paulo: Melhoramentos, 2012. (Clássicos da Literatura).

Romance clássico que narra a história de um menino órfão chamado Oliver e suas dificuldades para sobreviver no ambiente de pobreza do Reino Unido do início do século dezenove.

Movimentos operários

No início da industrialização, não havia direitos trabalhistas para regular as condições de trabalho. A maioria dos contratosglossário eram verbaisglossário e podiam ser encerrados a qualquer instante pela livre vontade do patrão. Às vezes, impunham-se contratos verbais vitalícios, que equivaliam a uma servidão disfarçada.

Havia, então, motivos de sobra para que os operários organizassem movimentos de resistência. Em 1791, por exemplo, operários anônimos incendiaram a primeira fábrica londrina a usar energia a vapor, que foi chamada de “moinho satânico”. Entre 1811 e 1812, outros operários destruíram máquinas fabris por considerá-las culpadas pela opressão. Esse movimento, conhecido como ludismoglossário , foi severamente reprimido pelo governo britânico.

Apesar da repressão, os movimentos operários seguiram em busca de ideais. Assim, nasceram os primeiros sindicatos, associações de empregados que lutavam por melhores condições de trabalho.

Em 1824, no Reino Unido, entrou em vigor uma lei que permitiu a existência dos primeiros sindicatos. Em 1834 foi fundada por róbert Ôuen a União Nacional dos Sindicatos, que reuniu meio milhão de trabalhadores. Após anos de lutas, os operários britânicos conquistaram direitos trabalhistas, como a redução das jornadas de trabalho e a proibição do trabalho infantil.

Ilustração. Um grupo de homens e mulheres aglomerados, portando marretas e martelos, voltados para uma máquina de tear.
Ilustração de autoria desconhecida, de 1935, que representa ludistas quebrando máquina de fiar durante protestos ocorridos entre 1811 e 1816 no Reino Unido.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Tempos modernos (Estados Unidos). Direção de Tcharls Tcháplin, 1936. 85 minutos

Filme clássico sobre a vida dos trabalhadores nas fábricas dos Estados Unidos no início do século vinte. O protagonista é um operário em crise depois de perder o emprego e ser confundido com um manifestante na rua.

No ritmo do relógio

Antes da Revolução Industrial, o tempo era basicamente contado em função das estações do ano, das atividades agrícolas, das festas populares e das celebrações religiosas. Essa contagem estava associada a fenômenos da natureza (chuvas e sêcas, calor e frio, o dia e a noite).

Com a Revolução Industrial, os trabalhadores, cumprindo as exigências da empresa, foram obrigados a se adaptar ao ritmo do relógio, que conta o tempo em horas e minutos. Difundiram-se, então, frases como “Tempo é dinheiro” e “Não perca tempo”. Tais expressões estavam ligadas ao funcionamento das fábricas, iluminadas pela energia elétrica, onde os trabalhadores se revezavam em turnos diurnos e noturnos. Com isso, os relógios mecânicos tornaram-se símbolos desse tempo que a indústria impôs aos trabalhadores.

Nos dias atuais, as relações das pessoas com o tempo também foram impactadas pelas tecnologias de comunicação, que trouxeram uma instantaneidade na troca de informações. Essa instantaneidade contribui, por exemplo, para dinamizar a economia. Hoje, é possível conversar por videoconferência com pessoas de diferentes países ao mesmo tempo, sem sair de casa. No entanto, essa rapidez nas comunicações também provoca problemas, como o aumento de casos de ansiedade, hiperatividade, depressão e insônia.

Vivemos numa “aldeia global”, conectados via internet em nossas “cabanas digitais” por meio de smartphones e computadores. Com a pandemia de covid-19, muitas pessoas passaram a trabalhar em casa (home office) usando aplicativos de mensagens, teleconferência e acesso remoto.

Fotografia. Duas pessoas vistas de lado e parcialmente. Em primeiro plano, uma pessoa cujo rosto não aparece, vestindo blusa de manga comprida e calça jeans, sentada, com uma mochila apoiada no colo, segurando um aparelho celular com as duas mãos. Ao seu lado, um homem cujo rosto aparece pela metade, vestindo blusa de manga comprida, segurando um aparelho celular com as duas mãos.
Passageiros utilizando smartphones em metrô na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2019. Com os smartphones, muitas informações podem ser acessadas na palma da mão.

Responda no caderno

para pensar

Como você organiza seu tempo? Quanto tempo você usa para comer, dormir, estudar, ver amigos e familiares, praticar esportes e se locomover até a escola?

Devastação ambiental e sustentabilidade

Nas sociedades industriais, o carvão mineral (a partir de 1760) e os derivados de petróleo (a partir do século dezenove) tornaram-se importantes fontes de energia. A queima desses combustíveis, no entanto, libera substâncias tóxicas que contaminam o ar, o solo e as águas.

Até meados do século vinte, na maioria dos países industrializados, não era obrigatório o uso de filtros nas chaminés das fábricas e nos escapamentos dos automóveis, tampouco havia tratamento adequado de esgoto nas cidades. A poluição impactou a vida de milhares de pessoas, causando doenças e mortes decorrentes, por exemplo, de problemas respiratórios.

A maioria das pessoas não tinha consciência de que os recursos naturais são limitados e de que as ações humanas causam fortes impactos no meio ambiente. Atualmente, isso está mudando.

A preservação do meio ambiente é uma das principais questões do mundo contemporâneo. Cada vez mais, cidadãos e instituições preocupam-se com ecologia e desenvolvimento sustentável. É urgente a conscientização de que os recursos naturais podem acabar e de que o meio ambiente não suporta um crescimento econômico irresponsável. Assim, multiplicam-se iniciativas que visam à redução da produção de resíduos, ao uso responsável da água, à implantação de fontes de energia limpa, entre outras.

Fotografia. Sob um céu escuro e nublado, vista de chaminés de fábricas e usinas, lado a lado. Em primeiro plano uma faixa de vegetação formada por copas de árvores.
Chaminés de indústrias emitindo fumaça em Cubatão, São Paulo. Fotografia de 2021. Na década de 1980, Cubatão foi considerada pela Organização das Nações Unidas (ônu) a cidade mais poluída do mundo. Esse alerta estimulou a diminuição em 90% da emissão de gases poluentes na década seguinte, mas pesquisadores ainda hoje procuram medidas para melhorar a qualidade do ar e do meio ambiente da região.

População e urbanização

Outro efeito marcante da Revolução Industrial foi o crescimento da população urbana. Isso ocorreu devido a três condições principais:

  • migrações de pessoas do campo para a cidade, atraídas pela possibilidade de conseguir empregos e melhores condições de vida;
  • melhorias nos padrões de saúde com a descoberta da vacina contra a varíola, da anestesia com éter, do bacilo causador da tuberculose (e de fórmas de combatê-lo) e da necessidade de assepsia nos procedimentos médicos;
  • maior oferta de alimentos, devido à modernização agrícola, com a adoção de novos arados, debulhadoras e ceifadeiras.

Calcula-se que, em 1801, existiam apenas 23 cidades europeias com mais de 100 mil habitantes. Em 1900, já eram 135 cidades. No final do século dezenove já havia 19 cidades com mais de meio milhão de moradores na Europa.

Confira, no quadro Estimativas da população mundial”, o impressionante crescimento a partir de 1750.

Estimativas da população mundial

Ano

Habitantes

1

0,5 bilhão

1750

0,8 bilhão

1801

1 bilhão

1927

2 bilhões

1960

3 bilhões

1974

4 bilhões

1987

5 bilhões

2000

6 bilhões

2010

7 bilhões

2023

8 bilhões

Fontes: durên, J. D. Historical Estimates of World Population: An Evaluation. Filadélfia: Universidade da Pensilvânia, 1974; ônu. Population Division. World Population Prospects 2019. Disponível em: https://oeds.link/LWzMMu. Acesso em: 31 maio 2022.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade densamente urbanizada. No canto inferior esquerdo, uma praça arborizada. No canto superior direito, o mar azul. Na parte superior da imagem, uma faixa de céu azul. 
Da esquerda à direita, duas vias largas pavimentadas e paralelas cortam a imagem horizontalmente, entre quarteirões repletos de prédios altos. À esquerda, à frente da praça, uma via larga pavimentada corta a imagem verticalmente.
Vista aérea de bairro de Fortaleza, Ceará, a quinta cidade mais populosa do Brasil em 2021. Fotografia de 2018.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. Explique o que você entendeu por Revolução Industrial, citando as principais características de cada fase desse processo.
  2. No caderno, relacione as condições que favoreceram o pioneirismo industrial da Grã-Bretanha a suas explicações.
    1. Estabilidade social.
    2. Concentração de riquezas.
    3. Abundância de mão de obra.
    4. Disponibilidade de recursos naturais.
    5. Ética protestante.
    1. Normas morais e religiosas que valorizavam o trabalho, o lucro e a disciplina, não condenando a acumulação de riquezas.
    2. Após a Revolução Gloriosa, o reino viveu um período de estabilidade social, o que contribuiu para a ascensão da burguesia e o desenvolvimento do capitalismo industrial.
    3. Existência de jazidas de ferro e de carvão mineral. O ferro foi uma das principais matérias-primas utilizadas na confecção de máquinas e o carvão foi largamente utilizado como combustível nas indústrias.
    4. Foi viabilizada pelos lucros com o tráfico de pessoas escravizadas, a exploração de colônias e a venda de produtos manufaturados para América, África e Ásia.
    5. Aumento da população urbana devido às migrações de camponeses para as cidades, processo que está relacionado ao chamado cercamento.
  3. A ampliação da divisão do trabalho e a produção em série são características da Revolução Industrial. Observe a foto a seguir e responda: essas características ainda existem nos dias de hoje? Dê exemplos.
Fotografia. Uma linha de montagem demarcada por um piso de cor preta, formando uma faixa inclinada que corta a imagem da esquerda até a direita. Sobre uma esteira, de cor preta com bordas verdes, há uma linha de motocicletas idênticas, nas cores laranja e branco, formando uma fila. Ao lado de cada uma das motocicletas, dos dois lados da esteira há trabalhadores vestindo uniforme branco, boné verde e protetor para orelhas na cor amarela.  À esquerda, há uma caixa verde, metálica de formato retangular com botões com lâmpadas pequenas e coloridas. Ao lado dela, um painel de cor branca com uma faixa azul, com o texto Controle diário da linha de montagem. Sobre a esteira, no alto, há estruturas amarelas com luminárias de luz branca.
Linha de montagem em fábrica instalada em Manaus, Amazonas. Fotografia de 2018.
  1. Até o final do século dezesseis, os relógios mecânicos não tinham o ponteiro dos minutos. De acordo com a historiadora Quiára Frugoni, esses relógios tinham uma defasagem de pelo menos uma hora por dia. A ausência da contagem dos minutos pode demonstrar que, até então, ninguém havia sentido falta dessa fórma mais detalhada de marcar o tempo. Com essa informação, explique como a industrialização afetou a relação das pessoas com o tempo.
  2. Vamos projetar um Museu do Objeto. Para isso, escolha um objeto que você considera importante em seu dia a dia. Em seguida, faça o que se pede.
    1. Pesquise as origens desse objeto, quem o inventou, as alterações que sofreu e os usos que teve ao longo do tempo.
  1. Monte uma linha do tempo com ilustrações desse objeto em diferentes épocas.
  2. Exponha sua linha do tempo ilustrada em um mural (físico ou virtual) da escola.
Versão adaptada acessível

5. Vamos projetar um Museu do Objeto. Para isso, escolha um objeto que você considera importante em seu dia a dia. Em seguida, faça o que se pede.

a) Pesquise as origens desse objeto, quem o inventou, as alterações que sofreu e os usos que teve ao longo do tempo.

b) Monte uma linha do tempo tátil desse objeto em diferentes épocas. Você pode usar materiais emborrachados, palitos, linhas, tipos de papéis com texturas variadas para realizar as marcações temporais.

c) Apresente sua linha do tempo aos colegas.

Interpretar texto e imagem

6. Durante a Revolução Industrial, o Parlamento britânico solicitou investigações sobre as condições de trabalho dos operários. A seguir, leia o trecho de um dos relatórios produzidos e faça o que se pede.

Relatório dos Comissários do Trabalho Infantil (1832)

“Nas fábricas antigas e pequenas o relato uniforme é: suja; mal ventilada; mal drenada; sem banheiros ou vestiários; sem exaustores para a poeira; maquinaria solta; passagens muito estreitas; alguns tetos são tão baixos que se torna difícil ficar em pé no centro da sala.

Disso resulta:

  • Que as crianças empregadas em todos os ramos de manufatura do reino trabalham o mesmo número de horas que os adultos;
  • Que os efeitos de trabalho tão prolongado são: a deterioração permanente da constituição física; a aquisição de doenças incuráveis; a exclusão (por excesso de fadiga) dos meios de obtenção da educação adequada;
  • Que, na idade em que as crianças sofrem prejuízos com o trabalho, elas ainda não são emancipadas sendo alugadas e seus salários recebidos pelos pais ou responsáveis.”

REPORT of commissioners on the employment of children in factories (1832). Apud: GOVERNO do Estado de São Paulo. Secretaria de Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: SE/sêmp, 1979. página 84.

  1. Explique com suas palavras como era o ambiente das fábricas.
  2. As crianças trabalhavam menos horas do que os adultos?
  3. O trabalho nas fábricas oferecia riscos à saúde das crianças? Explique.
  4. Quem recebia o salário das crianças?

7. Enquanto alguns industriais, comerciantes e banqueiros exibiam seu progresso nas exposições universais, as organizações de trabalhadores desenvolveram uma postura crítica em relação a esses eventos. Leia a seguir o trecho de um manifesto convocando operários para um congresso em Paris e responda: qual é a mensagem principal desse manifesto? O que ele critica?

“A classe capitalista convida os ricos e poderosos a vir contemplar e admirar a Exposição Universal [de Paris], obra dos trabalhadores condenados à miséria em meio às mais colossais riquezas que nenhuma sociedade humana jamais possuiu. Nós, socialistas, perseguimos a libertação do trabalho, a abolição do regime de salários, a criação de uma ordem de coisas na qual, sem distinção de sexo nem de nacionalidade, todos e todas tenham direitos às riquezas frutificadas no trabalho comum. São os produtores a quem nós convocamos a Paris para o 14 de Julho.”

HARDMAN, Francisco Foot. Trem fantasma: a modernidade na selva. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. página 65.

Glossário

Fragmentação
: divisão em pequenas partes.
Voltar para o texto
Proletariado
: palavra de origem latina, deriva de prole (filhos), referindo-se pejorativamente às pessoas que tinham poucos bens, mas muitos filhos.
Voltar para o texto
Insalubre
: nocivo; prejudicial à saúde.
Voltar para o texto
Contrato verbal
: acordo não escrito, firmado oralmente.
Voltar para o texto
Ludismo
: nome que se refere a Ned Lud, personagem fictício que teria, em protesto, quebrado máquinas em seu local de trabalho.
Voltar para o texto