UNIDADE 1  REVOLUÇÕES: DO SÚDITO AO CIDADÃO

CAPÍTULO 3 REVOLUÇÃO FRANCESA E ERA NAPOLEÔNICA

No século dezoito, os franceses derrubaram o absolutismo monárquico em um processo revolucionário que ficou conhecido como Revolução Francesa. Lutando por ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, os revolucionários franceses aboliram o regime feudal e proclamaram a república. A Revolução Francesa inspirou movimentos sociais em várias partes do mundo.

Ícone. Atividade oral.

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para começar

O que você entende por “liberdade, igualdade e fraternidade”? Já ouviu esses ideais serem citados em seu dia a dia? Comente.

Fotografia. Um grupo de pessoas em manifestação, homens, mulheres e crianças. 
As pessoas ao fundo estão desfocadas na imagem. À frente, predominam mulheres usando hijab   com diferentes cores (rosa, azul claro, cinza e azul escuro).  Algumas portam aparelhos celulares elevados para o alto, em posição de quem filma. À esquerda há uma criança no colo de um homem de jaqueta azul. Ela está vestida com moletom rosa e  sorri.  
Destaque para um cartaz, em uma folha de papel branco, contendo as palavras, originalmente em francês, 'liberdade'(escrita com caneta azul), 'igualdade'(escrita com caneta preta) e 'fraternidade' (escrita com caneta vermelha).
Manifestante segura cartaz com as palavras, em francês, “liberdade”, “ igualdade” e “fraternidade”, durante manifestação contra a islamofobia em Toulouse, França. Fotografia de 2019.
Fotografia. Diante de um céu azul com nuvens, nove aviões organizados em formato de 'V' invertido liberam colunas de fumaça de diferentes cores: os três da ponta esquerda liberam fumaça azul, os três do centro, fumaça branca, e os três da ponta direita liberam fumaça vermelha. Eles sobrevoam uma área urbanizada, com várias pessoas reunidas sobre o solo, olhando para o alto observando os aviões e segurando câmeras e celulares. Na parte inferior da imagem, sobre o solo, à esquerda uma grande construção de três andares, de cor bege, com uma cúpula no centro, mais alta, de cor cinza. No centro da imagem, na parte inferior, uma pirâmide de vidro com armação metálica; à direita, na parte inferior, um poste de iluminação pública de cor preta com quatro lâmpadas dispostas em formato quadrado e uma lâmpada mais alta, no centro.
Pessoas assistem a uma apresentação acrobática aérea no Dia da Bastilha, comemorado em 14 de julho, em frente ao Museu do Louvre, em Paris, França. Fotografia de 2020. A data é uma referência à Revolução Francesa e um dos mais importantes feriados franceses.
Fotografia. Sob um céu azul sem nuvens, em primeiro plano, três esculturas sobre bases de pedra. 
No centro da imagem, sobre uma base retangular de pedra de cor avermelhada, uma escultura de metal de cor azul esverdeada representando um homem montado à cavalo, com uma capa longa sobre os ombros e uma coroa de louros na cabeça. À esquerda dela, sobre uma base circular de pedra de cor cinza,  uma escultura de metal de cor azul esverdeada representando um homem em pé, de cabelos curtos, vestindo um longo manto até seus tornozelos, descalço, com uma das mãos estendida à frente e a outra segurando uma folha de papel enrolada.
À esquerda dela, sobre uma base circular de pedra de cor cinza,  uma escultura de metal de cor azul esverdeada representando um homem em pé, de cabelos curtos, vestindo um manto comprido, com uma das mãos sobre a cintura e outra segurando um cetro pequeno. 
Ao fundo, um edifício de seis andares, de tijolos cor bege, com janelas pretas retangulares.
Estátuas de Napoleão Bonaparte e seus irmãos na Praça de Gaulle, em Córsega, França. Fotografia de 2021. Nessa obra, Napoleão (com uma coroa de louros dourada) foi representado de fórma heroica, como um imperador romano, mas sua figura gera polêmicas.

Crise do absolutismo francês

Após a morte de Luís catorze, o trono francês foi ocupado por mais dois reis absolutistas: Luís quinze, que permaneceu no poder de 1715 a 1774, e Luís dezesseis, que governou de 1774 a 1792.

Durante o absolutismo, a França conquistou enorme poder e tornou-se o Estado mais populoso da Europa Ocidental, atingindo cêrca de 25 milhões de habitantes. Nessa época, como estudamos no capítulo 1, a sociedade de diversos reinos europeus estava dividida em três grupos, chamados estados ou ordens. Cada um deles tinha subdivisões e, muitas vezes, rivalidades internas.

Conheça a seguir como era a organização social na França durante o Antigo Regime.

  • Primeiro estado (clero): reunia cêrca de 120 mil pessoas que exerciam funções religiosas. Subdividia-se em alto e baixo clero. O alto clero era formado por cardeais, bispos e abades nascidos em famílias nobres. O baixo clero era composto de sacerdotes das paróquias mais pobres.
  • Segundo estado (nobreza): reunia em torno de trezentas e cinquenta mil pessoas e subdividia-se em nobreza cortesã, provincial e togada. A nobreza cortesã vivia luxuosamente no Palácio de Versalhes, ao redor do rei. Recebia pensões do Estado e não precisava trabalhar. A nobreza provincial, em geral, vivia em grandes propriedades rurais, dedicava-se a atividades militares e cobrava impostos dos camponeses que trabalhavam em suas terras. A nobreza togada era um grupo rico, composto de burgueses que compravam títulos de nobreza e cargos políticos.
Pintura. Sob um céu azul com uma catedral vista de lado, à direita, há no centro da imagem um homem de cabelos grisalhos, lisos e na altura das orelhas, com uma veste eclesiástica nas cores branca e vermelha e um pequeno chapéu vermelho cobrindo o topo de sua cabeça. Ele está sentado e usa um manto vermelho e um pingente sobre o peito. Uma de suas mãos repousa sobre seu colo e a outra está dobrada para o lado, com a palma voltada para cima, apontando para o fundo da pintura. Ao redor do assento dele, há livros empilhados, um chapéu dourado em formato de losango, documentos e, um pouco à frente, uma urna de incenso emanando fumaça. Atrás dele, há uma escultura representando uma pessoa sentada, vista parcialmente.  Em segundo plano, à direita, em frente à catedral, há um grupo de homens ao lado de um pedestal de pedra branca. Alguns deles estão manejando um grande bloco de pedra branca com estacas de madeira utilizadas como alavanca. Outros estão segurando marretas e trabalhando sobre a pedra.
Retrato do cardeal francês Luí Antuán de Nuáie, pintura de autoria desconhecida, cêrca de 1729.

Terceiro estado (maioria do povo): reunia mais de 24 milhões de pessoas, que se subdividiam em diferentes grupos, como camponeses, sans-culottesglossário e burgueses. Os camponeses representavam cêrca de 80% dos franceses, incluindo desde trabalhadores livres até servos. Nas cidades, havia os sans-culottes, grupo composto de cêrca de 200 mil aprendizes de ofício, assalariados e desempregados. Já os burgueses incluíam desde os pequenos comerciantes, artesãos e profissionais liberais (pequena burguesia) até banqueiros e grandes empresários (alta burguesia).

Pintura. Um homem em pé sobre um campo terroso e escuro, com montanhas ao fundo.  Ele tem cabelos castanhos, longos até os ombros e ondulados; veste uma camisa com listras verticais laranjas e amarelas, um casaco marrom e uma calça preta, além de um chapéu preto, com um detalhe arredondado vermelho e azul no centro, sobre sua cabeça. Porta um mastro em uma de suas mãos, do qual pende uma bandeira com três faixas verticais: azul escuro, branco e vermelho.
Retrato do cantor Saimón Chunár vestido como um sans-culotte, pintura de Louis-Léopold Boilly, cêrca de 1792.

Apesar das rivalidades internas, o primeiro e o segundo estados tinham mais poder, terras e privilégios do que o terceiro estado. Os camponeses, por exemplo, eram obrigados a pagar pesados tributos. Já os membros da alta burguesia, mesmo enriquecidos, não podiam ocupar grande parte dos cargos políticos e administrativos, que estavam reservados aos nobres.

Com frequência, essas desigualdades sociais e econômicas provocavam revoltas na França. Mas foi no reinado de Luís dezesseis que a indignação popular se transformou em uma das maiores revoluções da Europa.

Gravura. Sobre um fundo branco, uma mulher em pé, de cabelos loiros em um penteado preso, trajando um longo vestido azul claro, luvas verdes até o cotovelo, e um chapéu alto, azul com uma fita rosa sobre sua cabeça. Ao seu lado, uma menina de menor estatura, também em pé, trajando um longo vestido marrom, com o centro com listras brancas e vermelhas, vestindo um chapéu com abas e uma fita azul em sua cabeça, e segurando uma pequena bengala com uma das mãos.
Mulher burguesa caminhando com sua filha, gravura de Nicolá Diupán, 1778.

Sinais da crise

No reinado de Luís dezesseis, o governo enfrentou uma grave crise econômica, social e política. Nessa época, o Estado francês gastava mais dinheiro do que arrecadava. Mesmo assim, a monarquia francesa manteve os privilégios do clero e da nobreza, além de elevar os gastos do Estado ao ajudar os colonos americanos, com tropas e dinheiro, na guerra pela independência dos Estados Unidos (1776).

Para piorar a situação, a produção agrícola caiu drasticamente na década de 1780, o que aumentou o preço de alimentos básicos, como trigo e pão. As manufaturas francesas também passavam por dificuldades e enfrentavam a concorrência de produtos industrializados britânicos. Muitos trabalhadores ficaram desempregados e, por toda parte, crescia o número de pessoas sofrendo com a fome e a miséria.

Diante desse cenário, Luís dezesseis decidiu aumentar os impostos, o que gerou enormes protestos. O rei passou, então, a ser visto como um monarca insensível, que ficava a maior parte de seu tempo no Palácio de Versalhes e, portanto, longe de Paris e dos problemas que abatiam o povo.

Sem conseguir conter as insatisfações do terceiro estado e, tampouco, deixar de privilegiar o clero e a nobreza, a monarquia francesa foi perdendo fôrça e apôio político.

Gravura. Sob um céu azul em um campo aberto, dois homens, lado a lado, estão em pé sobre uma rocha grossa. A rocha está sobre o corpo de um homem caído sobre o chão, que a segura com uma das mãos. Sobre a rocha, o homem à esquerda, veste um traje longo roxo com mangas compridas e um chapéu alto, cilíndrico, na cor preta. Segura um pequeno livro de capa vermelho em um de seus braços. O outro homem sobre a rocha, à direita, tem cabelos cheios e escuros e veste um traje militar: casaco azul aberto, camisa branca, calça bege e botas de cano alto pretas, além de um chapéu preto com abas laterais e um adorno vermelho e azul. Apoia-se em uma espada firmada sobre a rocha com uma das mãos.
 O homem caído no chão veste um casaco vermelho, uma camisa clara, uma calça bege, meias brancas longas até os joelhos, polainas azuis, sapato preto e um chapéu preto com abas sobre a cabeça. Ao lado do homem caído, uma pá. À direita da cena, próximo a um tronco de árvore cortada, uma pequena carriola com duas rodas e uma haste em forma de cruz. Em segundo plano, um campo gramado com algumas ovelhas pastoreadas por um homem sentado portando um cajado.
No passado as multidões eram mais úteis aos pés, gravura de autoria desconhecida publicada em Paris, 1789. Essa gravura satiriza os privilégios da nobreza e do clero, que são representados esmagando o terceiro estado.

Assembleia dos Estados Gerais

Em 1787, discutiu-se a possibilidade de a nobreza e o clero pagarem mais impostos. Mas esses dois estados queriam manter seus privilégios tributários e, por isso, pressionaram o rei para convocar a Assembleia dos Estados Gerais, que não se reunia havia cêrca de 175 anos. O objetivo era obrigar o terceiro estado a assumir sozinho os novos impostos e legitimar essa decisão perante a sociedade.

De acordo com as regras dessa Assembleia, os representantes dos três estados poderiam participar da votação. No entanto, cada estado tinha direito a um voto. Como o clero e a nobreza tinham interesses em comum, eles votariam juntos. Ou seja, era impossível para o terceiro estado ganhar a votação, por mais numeroso que fosse. Seriam dois votos (nobreza e clero) contra um (terceiro estado).

A convocação dos Estados Gerais, em 1788, teve consequências devastadoras para o regime absolutista. Representantes do clero e da nobreza subestimaram a fôrça política do terceiro estado.

Pintura. Um grande salão, repleto de pessoas sentadas por todos os lados. A maior parte são homens. Alguns estão sentados na área central, plana, em cadeiras lado a lado e enfileiradas. Outros estão sentados em arquibancadas de níveis, separadas por colunas altas. Nas arquibancadas há algumas mulheres. No centro, uma mesa retangular, quatro homens sentados à frente dela, e um em pé, vestido de vermelho, com um dos braços esticado para cima. 
No alto da pintura, à esquerda, em um patamar mais elevado, separado do salão por uma escadaria com três degraus largos,  há um trono, ocupado por um homem, ao redor do qual há diversas pessoas, algumas em pé outras sentadas.
Abertura dos Estados Gerais em Versalhes, 5 de maio de 1789, pintura de Oguíste Cudê, 1839. A obra representa a sessão inaugural da Assembleia dos Estados Gerais.

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para pensar

No Brasil atual, o voto de todos os eleitores tem o mesmo peso na escolha de um governante? Em grupo, pesquisem como funcionam os sistemas de eleição majoritário e proporcional no país.

Processo revolucionário

A Revolução Francesa foi um processo complexo que durou cêrca de dez anos, de 1789 a 1799. Nesse período, houve divisões e conflitos entre os participantes do movimento. A seguir, destacamos alguns momentos do processo revolucionário francês.

Assembleia Constituinte

Em 1789, os deputados eleitos para a Assembleia dos Estados Gerais reuniram-se no Palácio de Versalhes. Durante essa reunião, os representantes da nobreza e do clero queriam manter a fórma tradicional de um voto por estado, o que lhes garantia dois terços da votação. Já os deputados do terceiro estado, que eram maioria na Assembleia, queriam a contagem individual dos votos.

Apoiados pelo rei, os conservadores da nobreza e do clero não concordaram com a mudança nas regras e os trabalhos foram paralisados. Em reação, os deputados do terceiro estado se transferiram para o salão de jogos de Versalhes (sala do jogo da pelaglossário ) e proclamaram-se em Assembleia Nacional Constituinte. O objetivo era elaborar uma Constituição para a França, limitando o poder do rei.

Pintura. Uma multidão de pessoas em um salão de paredes escuras e altas, e teto retangular. No centro, em pé sobre o tampo de uma mesa, um homem de cabelos brancos e cacheados, presos para trás, com um traje de cor preta, segura um pedaço de papel com uma das mãos a frente de seu rosto, enquanto o outro braço está levantado para cima. À frente dele,  três homens de braços dados, um,  à esquerda, veste uma túnica branca, outro, no centro veste um traje escuro, outro, à direita veste casaco e calça marrons. Ao redor, a multidão tem os braços levantados, a maioria voltados para o homem no centro.
O juramento do jogo da pela, pintura de jác lui daví, cêrca de 1791. A obra representa o momento de formação da Assembleia Nacional Constituinte.

Queda da Bastilha

Para conter a insubordinação dos representantes do terceiro estado, o rei mandou tropas dissolverem a Assembleia Constituinte. Porém, nessa altura, a revolução já havia se espalhado pelas ruas de Paris, onde o povo exigia “liberdade, igualdade e fraternidade”. Tal lema inspirava-se em ideias iluministas que haviam se popularizado por meio de eventos públicos (debates, leituras, discursos) e de publicações (jornais, panfletos, gravuras). Em geral, esses eventos e publicações eram realizados clandestinamente, pois o governo reprimia e censurava seus opositores.

No dia 14 de julho de 1789, revolucionários invadiram a prisão da Bastilha, considerada um símbolo do poder absolutista. De Paris, a revolta popular alastrou-se pela França, sendo apoiada também pelos camponeses. O rei foi, então, obrigado a aceitar as medidas da Assembleia Nacional Constituinte, que aboliu o regime feudal e alguns privilégios do clero e da nobreza.

Pintura. Sob um céu azul, diante de uma construção alta, feita de pedra, com torres verticais e colunas de fumaça pelos ares, diversas pessoas, em lados opostos, portando lanças, espadas e canhões. Há algumas pessoas caídas ao chão.
Tomada da Bastilha e prisão do marquês de Launay, o governador da Bastilha, em 14 de julho de 1789, pintura de autoria desconhecida, século dezoito. Nessa data, a população francesa invadiu a Bastilha e, atualmente, comemora-se a Revolução Francesa.
Gravura. Sobre um fundo branco, diversas mulheres reunidas em  um grupo numeroso. Elas são vistas de lado, com o corpo voltado para direita. Todas elas usam vestidos de diferentes cores (azul, verde, amarelo, rosa, vermelho); a maior parte das mulheres tem os cabelos cobertos por toucas de tecido na cor branca. Elas seguram lanças, machados e bastões de madeira, erguidos para o alto. Destaque para um grupo de mulheres em primeiro plano puxando, com o auxílio de cordas,  uma carriola de madeira com um canhão.
A Versalhes, a Versalhes, gravura de autoria desconhecida, século dezoito. A imagem representa a marcha das mulheres em direção ao palácio real em outubro de 1789.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

Em 26 de agosto de 1789, a Assembleia Constituinte proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que se inspirava em ideias iluministas. Os principais pontos desse documento eram:

  • respeito pela dignidade humana;
  • liberdade de pensamento e de opinião;
  • igualdade dos cidadãos perante a lei;
  • direito à propriedade individual;
  • direito de resistência contra a opressão política.

A Declaração anunciava a passagem dos súditos, que têm o dever de obedecer ao soberano no Antigo Regime, para a condição de cidadãos, que têm o direito de participar das decisões políticas nos Estados contemporâneos.

No ano seguinte, em 1790, a Assembleia confiscou terras da Igreja Católica e subordinou os sacerdotes à autoridade do Estado. Descontentes, muitos sacerdotes e monarquistas fugiram do país, levando consigo suas riquezas. No exterior, eles passaram a organizar, o mais rapidamente possível, um exército para reagir à Revolução Francesa.

Pintura. Entre nuvens e sob um céu azul, no alto e no centro da imagem, um triângulo com feixes de luzes, contendo, em seu interior, um olho aberto. Abaixo,  ocupando o centro da imagem um monumento de pedra cinza, retangular, com duas colunas verticais laterais, contendo uma placa central de cor preta com um texto, em parágrafos separados por números romanos, escrito em caracteres dourados e disposto em duas colunas. As colunas de texto são separadas por um feixe vertical de madeiras amarradas, com uma lança em cada ponta; na parte superior, uma lança metálica com um barrete vermelho na ponta. Na parte inferior uma lança com ponta de madeira. 
Na parte superior do monumento, há duas figuras alegóricas, com formas femininas, sentadas, uma em cada extremidade. À esquerda, a representação de uma mulher de cabelos castanhos, vestindo uma túnica vermelha e um manto azul, segurando correntes quebradas em suas mãos, e à direita, uma figura de aspecto feminino e angelical, com um par de asas com penas brancas e acinzentadas, vestindo uma túnica branca e manto rosa, portando um cetro em dourado uma das mãos, apontando para o olho no alto da pintura.  
Logo abaixo delas, cordões verdes com flores azuis decoram a parte superior do monumento.
Na parte inferior da pintura, uma faixa horizontal preta, com o texto em dourado, originalmente em francês 'Aos representantes do povo francês'.
Representação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, pintura de Jean-Jacques-François Le Barbier, cêrca de 1789. Essa pintura exalta a Declaração por meio de alegorias, como a da França quebrando as correntes da tirania (à esquerda) e a do Espírito da Nação segurando o cetro do poder (à direita).

OUTRAS HISTÓRIAS

Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembleia Nacional em 1789, limitava a cidadania aos homens. Muitas mulheres, porém, participaram ativamente do processo revolucionário. Em 1791, Olamp de Gúge apresentou, para a aprovação da Assembleia Nacional, a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, em que defendia a igualdade de direitos entre homens e mulheres:

Artigo 1º. A mulher nasce livre e mantém-se igual ao homem em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum. reticências

Artigo 11. A livre expressão do pensamento e da opinião é um dos mais preciosos direitos da mulher reticências. reticências

Artigo 13. Para a manutenção da fôrça pública e para as despesas da administração, as contribuições da mulher e do homem são iguais. Ela participa de todos os trabalhos ingratos, de todas as tarefas penosas; portanto, deve ter a mesma participação na distribuição dos postos, dos empregos, dos encargos, das honrarias e das profissões.

GOUGES, Olympe de. Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã e outros textos. Brasília, Distrito Federal: Edições Câmara, 2021. página 41 e 45.

Pintura. Retrato de uma mulher branca de olhos castanhos, cabelos acinzentados e volumosos presos em um penteado, vestindo um lenço branco sobre seus ombros e peito. Seus olhos estão abertos e os lábios cerrados.
Retrato de Olamp de Gúge, pintura de Alequissânder Currársqui, século dezoito.

Esse documento não foi aprovado pela Assembleia Nacional e Olamp de Gúge, ao criticar os rumos da revolução, foi condenada à morte na guilhotinaglossário , em 1793, durante a fase mais radical da Revolução Francesa.

Responda no caderno

Atividades

  1. O que cada um dos artigos citados defende? Explique com suas palavras.
  2. Além dos direitos citados por Gúge, a garantia de quais outros direitos é fundamental às mulheres no mundo contemporâneo? Faça uma pesquisa sobre o tema e compartilhe o resultado com os colegas.

Monarquia constitucional

Em 1791, a Assembleia Nacional Constituinte promulgou uma Constituição que limitava o poder do rei, pondo fim ao absolutismo no país. Assim, a França tornava-se uma monarquia constitucional. Essa Constituição também instituiu:

  • igualdade jurídica – eliminação dos privilégios do clero e da nobreza, igualando juridicamente os cidadãos. No entanto, o documento mantinha a escravidão nas colônias francesas e estabelecia o voto censitário. Ou seja, as mulheres, os trabalhadores rurais, os pequenos artesãos e os desempregados – que representavam 80% da população francesa – não tinham o direito de votar e de se eleger para cargos públicos;
  • liberdade econômica – diminuição da interferência do Estado na economia, mas com proibição de greves de trabalhadores. Isso favoreceu os ricos burgueses, que se tornaram ainda mais poderosos na França;
  • liberdade religiosa – separação do Estado e da Igreja, garantia da livre manifestação de diferentes expressões religiosas e nacionalização dos bens do clero católico;
  • divisão dos três poderes – direção do Estado por três poderes independentes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Em contrapartida, o rei Luís dezesseis se recusou a ter seus poderes limitados pela Constituição e passou a tramar contra a revolução. Ele aliou-se a grupos que pretendiam deter o processo revolucionário, tais como os monarcas da Áustria e da Prússia e nobres franceses.

Com a ajuda de Luís dezesseis, a aliança contrarrevolucionária organizou um exército para invadir a França e restabelecer o absolutismo. Em paralelo, o monarca francês e sua família fugiriam do país. No entanto, durante a tentativa de fuga, a família real foi reconhecida e presa.

Por fim, quando o exército estrangeiro invadiu a França, milhares de populares se uniram ao exército francês em defesa da pátria. Em 20 de setembro de 1792, o exército invasor foi derrotado na Batalha de Valmy.

Gravura. Em um campo aberto, coberto de fumaça branca, no centro, um homem de cabelos curtos, cacheados, com traje militar, portando, em uma das mãos, uma arma de cano longo com uma lança acoplada na ponta,  uma baioneta. Ele aponta para a esquerda com a outra mão. Atrás dele, à esquerda, um grupo de homens armados, vistos de lado, com o corpo voltado para a esquerda, usando trajes militares, compostos por casacos azuis com detalhes vermelhos e calças com listras verticais nas cores azul, branco e vermelho.
Os voluntários de tamancos na Batalha de Valmy, 1792, gravura de Caran d’Ache, 1890. Essa representação destaca a participação popular no confronto.

Convenção Nacional

Após vencer os exércitos estrangeiros, os revolucionários elegeram uma Convenção Nacional e proclamaram a república. Nesse momento, as principais fôrças políticas do país dividiam-se em três grupos:

  • girondinos – representavam a alta burguesia. Defendiam o voto censitário (com base na renda) e temiam que as camadas populares assumissem o contrôle da revolução;
  • jacobinos – representavam a pequena burguesia, o operariado de Paris e os interesses mais populares. Defendiam o voto universal masculino e eram apoiados pelos sans-culottes;
  • planície – representava principalmente uma burguesia considerada oportunista. Mudava de posição de acordo com as circunstâncias, quase sempre apoiando quem estivesse no poder.

Na sala onde os membros da Convenção se reuniam, os girondinos sentavam-se à direita, os jacobinos à esquerda e os membros da planície ao centro. Isso deu origem aos termos esquerda, direita e centro, ainda utilizados na linguagem política.

Durante a Convenção, o rei Luís dezesseis foi acusado de traição à pátria. Os girondinos o defendiam, mas os jacobinos queriam condená-lo à morte. Depois de julgado, o rei foi condenado à morte na guilhotina. Posteriormente, sua esposa Maria Antonieta recebeu a mesma condenação.

Fotografia. Vista de lado, uma touca de tecido vermelho, liso, com as laterais alongadas e  um adereço costurado no centro. O adereço é formado por uma flor de tecido circular com três círculos concêntricos de diferentes cores: o centro, azul; o segundo círculo, branco; as bordas, vermelhas.
Barrete frígio em exposição no Memorial da Marselhesa, em Marselha, França. Fotografia de 2019. Essa espécie de touca vermelha era usada pelos revolucionários franceses e tornou-se um dos principais símbolos da revolução.
Gravura. Em uma praça ampla, com uma construção bege com colunas ao fundo, um grande grupo de soldados vestindo trajes militares compostos por casaco azul com detalhes vermelhos, faixas brancas cruzadas sobre o corpo, calças brancas e chapéus escuros, todos lado a lado e enfileirados, ao redor de um cadafalso, um palanque elevado de madeira com uma guilhotina, sobre a qual está deitada uma mulher com vestes brancas. No cadafalso, à esquerda, um homem vestindo um casaco vermelho segura uma cabeça decapitada.
Execução de Maria Antonieta na Praça da Revolução, gravura de autoria desconhecida, século dezoito. A rainha foi guilhotinada em 1793, quando tinha 37 anos.

Ditadura jacobina

A execução do rei provocou a revolta dos girondinos e uma reorganização das fôrças monarquistas estrangeiras. Nesse contexto de conflitos internos e externos, os jacobinos tomaram o poder, liderados por Maquissimilián de Rubespiér.

O governo jacobino recrutou milhares de jovens para o exército, tabelou o preço de alimentos, aumentou os impostos para os ricos, instituiu o ensino primário obrigatório e gratuito, aboliu a escravidão nas colônias francesas e concedeu maior proteção para pobres, idosos e desempregados. Essas medidas agradaram as camadas populares, mas provocaram reações violentas de grupos conservadores.

Gravura. Sobre um fundo branco circular,  retrato de um homem visto de perfil. Ele é negro, tem cabelos crespos, curtos, escuros. Usa um barrete vermelho sobre sua cabeça e um tecido azul sobre seu peito nu.
Também sou livre, gravura de Luí Darcí, 1794. Ao representar um ex-escravizado usando o barrete frígio, a imagem faz referência à abolição da escravidão nas colônias francesas pelo governo jacobino.

Foi então que, em 5 de setembro de 1793, Rubespiér implantou uma ditadura que perseguiu duramente quem fosse considerado inimigo da revolução. Nesse período, calcula-se que cêrca de 40 a 50 mil pessoas foram condenadas à morte na guilhotina. Os julgamentos eram sumários, sem direito de defesa. Em razão desse elevado número de mortes, a ditadura jacobina ficou conhecida como fase do Terror, o período mais radical da Revolução Francesa.

Fotografia. Sobre um palco de teatro, no centro e à direita, um grupo de pessoas sentadas sobre dois bancos longos enfileirados, vestindo trajes de época: casacos (nas cores marrom e cinza), coletes, lenços ao redor de seus pescoços, calças nas cores marrom e cinza, meias longas brancas ou pretas, até a altura dos joelhos e sapatos escuros com saltos baixos. Nos bancos, sentados, há apenas homens. Ao fundo, à direita, em pé, há algumas mulheres e homens. 
À esquerda, em pé, à frente dos demais, um homem de cabelos castanhos, longos e ondulados, vestindo um casaco cinza escuro, colete bege, calça cinza, meias longas até os joelhos brancas e um sapato marrom, segura uma folha de papel em uma das mãos.
Encenação da peça A morte de Dantún, no Teatro Nacional, em Londres, Reino Unido. Fotografia de 2010. Escrita originalmente por Gueórg Bíuxná em 1835, a peça conta a trajetória do revolucionário Geórge Dantún, antigo aliado de Rubespiér que, ao se opor à ditadura jacobina, foi condenado à morte na fase do Terror.

Além de lideranças políticas, como Danton, foram guilhotinados até mesmo cientistas notáveis como Antoane Lavoazier (1743-1794), considerado atualmente pai da Química moderna. Entre suas brilhantes contribuições à ciência estão: a descoberta da função do oxigênio na combustão, a enunciação da fórmula da água (agádoisóh) e a formulação do princípio de conservação da matéria (“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”).

No final de 1793, o governo jacobino conteve as fôrças contrarrevolucionárias estrangeiras. No entanto, internamente, o governo perdeu apôio político. Sem a ameaça de invasão, os girondinos e os membros da planície uniram-se contra o governo de Robespierre. Ele e seus aliados mais próximos foram presos em 1794 e guilhotinados logo depois.

Pintura. Retrato de um homem visto de lado, com o corpo voltado para a esquerda. Ele é branco,  tem cabelos  brancos, ondulados, cheios e divididos no meio. Veste um casaco marrom com listras escuras verticais e lapela alta, um colarinho alto branco e um lenço branco com um grande laço ao redor do pescoço.
Retrato de Maquissimilián de Rubespiér, pintura de autoria desconhecida, cêrca de 1790.

A fase do Terror chegou ao fim com o novo governo liderado pelos girondinos. Com isso, foram canceladas várias medidas adotadas pelos jacobinos, como o tabelamento dos preços e o fim da escravidão nas colônias francesas.

Fotografia. Sob um céu azul sem nuvens, vista de uma praça com destaque para dois monumentos, um, à esquerda, uma fonte circular com esculturas com formas humanas, rodeada por uma mureta baixa circular com esculturas com formas humanas, e o outro, à direita, uma torre alta, estreita e vertical, de ápice triangular na cor dourada. No canto inferior direito, um homem com trajes esportivos vermelhos correndo. Ao fundo, à direita, uma construção retangular, com colunas na fachada e um frontão de formato triangular.
Praça da Concórdia, em Paris, França. Fotografia de 2019. Chamada de Praça da Revolução no final do século dezoito, nela foi instalada a guilhotina que executou milhares de pessoas durante o processo revolucionário francês.

PAINEL

A morte de marrá

Em 1793, ano de fortes agitações políticas, o líder jacobino jãn pôl marrá foi morto com uma punhalada no coração por Charlóte Cordé, a mando dos girondinos.

No mesmo ano, jác lui daví criou a obra-prima A morte de Marat. Nela, marrá é transformado em mártir, um herói que teria morrido defendendo sua causa. Essa pintura marcante inspira artistas até os dias atuais.

Na recriação da obra feita pelo brasileiro Vik Muniz, por exemplo, o líder jacobino marrá foi substituído por Sebastião Carlos dos Santos, fundador e presidente da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro.

A seguir, verifique um detalhamento da obra de jác lui daví e conheça a recriação artística de Vik Muniz.

Pintura. Sobre um fundo esverdeado e escuro, em gradiente, do tom mais claro, no canto superior direito, ao mais escuro, em uma faixa inclinada no centro da pintura, há um homem sentado sobre uma banheira. 
De peito desnudo, está com o corpo caído para o lado e com um ferimento próximo à clavícula. A banheira está coberta por faixas de tecido verde e branco. 
A cabeça do homem pende para o lado, ele tem um tecido branco amarrado em torno da cabeça e seus olhos estão fechados. 
O homem tem uma pena branca em uma das mãos, caída ao lado da banheira, e um papel com textos na outra mão, apoiada sobre o tecido verde sobre a banheira.
Há um punhal afiado sobre o chão, com manchas vermelhas, ao lado da banheira. Ele está destacado com o número 1. 
Um caixote de madeira clara de formato retangular, está disposto em posição vertical ao lado da banheira. Sobre ele há um tinteiro e algumas folhas de papel.  Na parte frontal do caixote há o texto: À Marat. David. O caixote está destacado com o número 2. 
O braço esquerdo do homem, que está sobre o tecido verde, com a folha de papel com escritos segura  em sua mão, está destacado com o número 3.
O fundo escuro, em gradiente de tons de verde escuro em segundo plano, está destacado com o número 4.
A morte de marrá, pintura de Jacques-Louis David, 1793.
  1. Segundo registros policiais da época, marrá foi assassinado durante o banho. Na pintura, é possível observar a arma do crime – um punhal – no chão.
  2. marrá sofria de uma doença de pele que o obrigava a passar longos períodos em banhos de imersão. Por isso, sua banheira teria uma pequena escrivaninha, que lhe permitia trabalhar durante o banho. Essa escrivaninha foi representada como um simples caixote de madeira.
  3. Para criar essa pintura, jác lui daví estudou anatomia e arte greco-romana. Os músculos e tendões de marrá foram desenhados com tanta habilidade que tornaram belo um corpo sem vida.
  4. O fundo é escuro, destacando a figura de Marat. Na obra, Deivid busca simplicidade e ignora detalhes que considera sem importância.
Fotografia. Uma figura composta pelo agrupamento de lixo e de objetos descartados. No centro, a disposição dos materiais forma a imagem de um homem de peito nu sentado em uma banheira, com a cabeça caída para o lado, a mão direita caída ao lado da banheira segurando uma pena, a mão esquerda sobre um apoio na banheira segurando uma folha de papel, faixas de tecido ao redor de sua cabeça e ao lado da banheira. Os olhos dele estão fechados e a cabeça pende para a lateral. Essa figura está composta em tons de branco, marrom, cinza e preto.
Ao redor dela, há tecidos descartados, plásticos, sacos, pneus, embalagens e diversos tipos de objetos descartados.
marrá (Sebastião), composição de Vik Muniz, 2008. Para produzir essa obra, o artista brasileiro utilizou diferentes materiais encontrados no lixo e, depois, fotografou sua instalação. Esse processo de produção pode ser visto com mais detalhe no documentário Lixo extraordinário, de 2010.

Diretório

Em 1795, a Convenção Nacional, agora controlada pelos girondinos, elaborou uma nova Constituição para a França, que permaneceria como uma república com um governo comandado pelo Diretório (órgão composto de cinco deputados eleitos pelo Legislativo).

Durante o governo do Diretório (1795 a 1799), a burguesia ampliou seu contrôle sobre o país, investindo na industrialização francesa e nas atividades comerciais. Porém, o governo sofria duas fórmas de pressão:

  • ameaça interna de revoltas promovidas por jacobinos e monarquistas franceses;
  • ameaça externa de ataques de monarquias absolutistas vizinhas.

Observe no mapa a seguir.

Revoluções na Europa (1789-1799)

Mapa. Revoluções na Europa. 1789-1799. Mapa representando parte do continente europeu. 
Uma estrela amarela com contorno laranja indica Início da Revolução Francesa (1789), em Paris e Versalhes, no norte território que hoje corresponde à França, no antigo Império Francês.
Em laranja, estão destacadas Áustria, Rússia e Prússia, no leste do continente, agregando o Reino da Prússia, o Império da Rússia, o Império Austríaco e o Grão-Ducado de Varsóvia. 
Em vermelho, está destacada a região da Guerra de Vendeia (1793) – Reação monarquista, ao redor da cidade de Vendeia, no noroeste do Império Francês. 
Em amarelo, Zona de insurreição federalista (1793), destaca áreas espalhadas por todo o território do Império Francês.
Em verde, Conquistas e anexações francesas (1792-1795), destaca áreas no norte do território que hoje corresponde à Itália e nos territórios que hoje correspondem à Bélgica e parte dos Países Baixos.
Uma seta marrom indica Ataques austríacos e prussianos (1792), partindo da área destacada em verde que hoje corresponde aos territórios da Bélgica e dos Países Baixos em direção ao Império Francês. 
Setas roxas indicam Ataques da coligação entre Espanha, Holanda, Grã-Bretanha, Áustria e Prússia (1793), partindo do Reino da Espanha, do Mar Mediterrâneo, da Holanda, do Reino Unido da Grã Bretanha e do território que hoje corresponde à Alemanha em direção ao Império Francês. 
Setas vermelhas indicam Exércitos da Convenção Nacional, partindo do noroeste, sudoeste, sudeste e nordeste do Império Francês para o Reino da Espanha, a região que hoje compreende a cidade de Brest no norte do território que hoje compreende a França, e os territórios que hoje compreendem a Bélgica, os Países Baixos e a Alemanha.  
Setas verdes indicam Campanhas dos exércitos franceses (1796-1799), partindo do Império Francês, do norte da região que hoje corresponde à Itália e da região que hoje compreende a Bélgica e os Países Baixos em direção ao Império Austríaco.
Bolinhas de cor preta indicam Batalhas, destacadas no norte da região que hoje corresponde à Itália, na região que hoje corresponde à Bélgica e na fronteira nordeste do Império Francês.
As cidades de Paris e de Versalhes, no norte do Império Francês, estão destacadas por quadradinhos  na cor preta.
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 210 quilômetros.
Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Madri: Editorial Debate, 1992. página 76.

Com a persistência das rivalidades e tensões internas, o governo do Diretório puniu seus adversários. Em meio a essa situação, o jovem general do exército francês Napoleão Bonaparte ganhou prestígio por seu desempenho militar. Com o apôio de vários setores da sociedade, inclusive do exército, ele derrubou o Diretório em 1799.

O episódio ficou conhecido como o Golpe de 18 Brumário, que corresponde a 9 de novembro do calendário cristão. A palavra “brumário” deriva do francês “brumeux”, que significa “bruma” ou “névoa”. A data marca o início da Era Napoleônica.

Governo de Napoleão

Em sua carreira militar e política, Napoleão Bonaparte teve uma ascensão impressionante. Ele nasceu em 1769, na Córsega, uma ilha pertencente à França. Aos 10 anos de idade, ingressou na escola militar e, aos 16 anos, foi promovido a tenente do exército.

Durante a Revolução Francesa, Napoleão demonstrou um brilhante talento militar. Por isso, com apenas 24 anos, foi nomeado general, tornando-se o homem mais jovem a ocupar esse posto no exército francês.

Além da ascensão militar meteórica, a vida de Napoleão é repleta de contradições. Quem diria que o jovem oficial, que era amigo de Rubespiér e dos jacobinos, leitor entusiasmado de Voltaire, se tornaria imperador da França, senhor da Europa, ora agindo como déspota esclarecido, ora como um ditador cruel?

Com o Golpe de 18 Brumário, Napoleão chegou ao poder e governou a França durante aproximadamente 15 anos. Seu governo costuma ser dividido em três períodos: Consulado (1799 a 1804), império (1804 a 1815) e Governo dos Cem Dias (1815).

Pintura. Um grande salão repleto de homens em pé aglomerados e próximos, muitos com os olhos arregalados, boca aberta, braços e mãos levantados para o alto. À direita, sobre um palanque elevado, um grupo de homens amontoados uns aos outros. No centro do salão, destaque para um homem de cabelos castanhos, curtos e lisos, vestindo casaco azul com detalhes dourados e calça branca, cercado de homens vestindo mantos vermelhos sobre seus trajes.
O general Bonaparte no Conselho dos Quinhentos, em Saint-Cloud, 10 de novembro de 1799, pintura de François Bouchot, 1840. A obra representa o golpe de Estado de 1799, conhecido como 18 Brumário, que colocou Napoleão Bonaparte no poder.

Consulado

Durante o Consulado, o regime republicano foi mantido. O governo da França era composto de três cônsules, mas quem de fato mandava era Napoleão, eleito primeiro-cônsul. Ele comandava o exército, nomeava os membros da administração pública, propunha leis e orientava a política externa.

Nesse período, Napoleão perseguiu seus opositores por meio da censura e da repressão policial. Apesar do perfil ditatorial e antidemocrático, ele não abandonou certos princípios da Revolução Francesa. Ao longo de seu governo, implementou reformas na economia, na educação e no direito, tais como:

  • criação do Banco da França (1800) – que controlava a emissão de moedas, regulava a inflação, concedia empréstimos;
  • reorganização do ensino público – que passou a ter como objetivo formar cidadãos para servirem ao Estado. Difundiu-se também a ideia de que o ensino deveria ser laico e universal, ou seja, de que todos deveriam ter acesso à educação;
  • elaboração de um Código Civil (1804) – que aboliu de vez os antigos privilégios da nobreza e do clero e consagrou alguns ideais iluministas, como a liberdade individual, a igualdade perante a lei, o respeito à propriedade privada e o casamento civil separado do religioso. O Código Civil francês influenciou a legislação de diversos outros países, inclusive a brasileira. Porém, o código proibia a atuação de sindicatos e de grevistas e mantinha a mulher submetida à autoridade do marido.

Essas medidas aumentaram a popularidade de Napoleão. Com a aprovação do Senado, Napoleão foi proclamado cônsul vitalício em 1802, conquistando o direito de indicar seu sucessor ao governo. Na prática, isso significou a volta da monarquia hereditária.

Fotografia. Destaque para um livro aberto contendo o texto, em francês, 'Código Civil francês'. À esquerda, imagem do livro fechado, com a capa marrom clara e um brasão dourado ao centro.
Capa e folha de rosto da primeira edição do Código Civil francês, 1804.
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para pensar

Por que o acesso à educação deve ser um direito de todos? Reflita e debata o assunto com os colegas.

Império

Em 1804, Napoleão e seu grupo político mobilizaram a opinião pública para implantar definitivamente o império. Assim, foi realizada uma consulta popular (plebiscito) na qual quase 60% dos eleitores escolheram a monarquia como fórma de governo, e Napoleão tornou-se imperador.

O novo imperador foi coroado em uma festa solene na Catedral de Notre-Dame. O papa Pio sétimo viajou a Paris para participar desse evento e coroar Napoleão. Durante a cerimônia, em um gesto surpreendente, o imperador tirou a coroa das mãos do papa e coroou a si próprio. Com essa atitude, quis mostrar que não admitia autoridade superior à sua. Em seguida, coroou sua esposa, a imperatriz Josefina. Conta-se que, admirado com a pompa da cerimônia, Napoleão virou-se para seu irmão mais velho, José, e disse: “Que diria monsieurglossário nosso pai se estivesse aqui hoje?”.

Pintura. Em um grande salão repleto de pessoas, algumas ao fundo,  sentadas em escadarias de níveis, há, à direita, um altar com um crucifixo dourado, e diante do altar, diversos homens lado a lado. Em destaque, um homem em pé, vestindo um longo manto vermelho segura uma coroa dourada em direção à uma mulher à sua frente, ajoelhada, trajando um vestido branco e um longo manto vermelho, com a cabeça inclinada para frente. Ao redor deles, diversas pessoas voltadas para a cena em pé.
Sagração do imperador Napoleão e coroação da imperatriz Josefina na Catedral de Notre-Dame, 2 de dezembro de 1804, pintura de Jacques-Louis David, 1805-1807.
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para pensar

Quando uma pessoa acumula poder, ela consegue governar sozinha? Exponha seus argumentos para os colegas.

Expansão militar

Durante o Império Napoleônico, formou-se uma côrte composta de oficiais militares, membros da alta burguesia e da antiga nobreza. Também foram construídos grandes monumentos simbolizando o poder do império, como o Arco do Triunfo (1806-1836), inspirado na arquitetura romana.

Fotografia. Sob um céu azul sem nuvens, um monumento de forma retangular, com duas colunas verticais unidas no topo, formando uma passagem em formato de arco. A luz avermelhada do sol ilumina o monumento, que tem figuras gravadas nas colunas laterais e frisos gravados no topo.
Vista do Arco do Triunfo, na Avenida chãnzelizê, Paris, França. Fotografia de 2021. Esse monumento foi construído entre 1806 e 1836 para celebrar as conquistas militares francesas na época de Napoleão.

Além disso, Napoleão comandou uma série de campanhas militares para expandir os domínios da França.

Em 1805, o exército francês tentou invadir o Reino Unido, mas foi derrotado na Batalha de Trafalgar, devido à superioridade naval britânica. Entretanto, Napoleão venceu outras batalhas no continente nos anos seguintes, derrotando tropas da Áustria, Rússia e Prússia.

O Império Francês se expandiu com as guerras napoleônicas, atingindo sua máxima extensão em 1812. Nesse território, viviam cêrca de 50 milhões de pessoas (quase um terço da população europeia na época).

Depois de tantos conflitos, milhares de franceses lamentavam a morte de seus familiares, enviados como soldados aos campos de batalha. fóra da França, as invasões napoleônicas despertavam inúmeras insatisfações e um forte sentimento nacionalista.

Império Napoleônico (1812)

Mapa. Império Napoleônico (1812). Mapa representando o continente europeu, com áreas coloridas destacadas.
Em rosa, França em 1789, compreendendo o Império Francês, com a capital Paris, e as cidades de Toulouse e Marselha. 
Em laranja, Territórios anexados pela França até 1812, compreendendo um território a oeste do Reino da Itália (destaque para as cidades de Turim, Gênova, Nice, Roma e a ilha de Córsega), um território a leste do Reino da Itália (destaque para Províncias Ilírias e a cidade de Trieste) e  um território no norte do continente europeu, que hoje corresponde à Bélgica e aos países Baixos com destaque para as cidade de Bremen e Amsterdã. 
Em verde, Aliados da França, compreendendo o Reino da Espanha, com a capital Madri e as cidades de Gibraltar e Cádiz. Reino da Itália, com capital em Milão e as cidades de Bolonha e Veneza. Reino de Nápoles, com capital em Nápoles. Confederação do Reno e as cidades de Frankfurt e Munique. Grão-Ducado de Varsóvia, com capital em Varsóvia. Suíça e a cidade de Berna. 
Em amarelo, Territórios fora da influência do Império Francês, compreendendo o Reino de Portugal, com capital em Lisboa e destaque para cidade do Porto. Reino Unido, com capital em Londres. Império Austríaco, com capital em Viena e as cidades de Praga e Belgrado. Império Turco Otomano e a cidade de Bucareste. Reino da Sicília, com capital em Palermo. Reino da Sardenha, com capital em Cagliari. Império da Rússia, com capital em São Petersburgo e as cidades de Moscou e Odessa. Reino da Suécia, com capital em Estocolmo. Reino da Dinamarca e Noruega, com capital em Copenhague e a cidade de Hamburgo. África, com destaque para o território ao norte do continente africano. 
No canto esquerdo, centralizadas, rosa dos ventos e escala de 0 a 280 quilômetros.

Fontes: Chalhán, Gerrár; Rajô, jân piérr. Atlas dos impérios. Lisboa: Teorema, 1995. página 73; ALBUQUERQUE, Manoel M. de et al. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: FAE, 1986. página 128.

Bloqueio Continental

Frustrado com a impossibilidade de invadir o Reino Unido, Napoleão procurou pressionar o país por meios econômicos. Para isso, proibiu os países europeus que estavam sob a influência francesa de comercializar com o Reino Unido ou de autorizar navios britânicos a atracar em seus portos. Essa proibição foi chamada Bloqueio Continental.

Decretado em 1806, o Bloqueio não atingiu plenamente seus objetivos. Em várias regiões da Europa, a economia era predominantemente agrícola, o que aumentava a demanda por produtos industrializados britânicos.

Um dos reinos que não respeitaram o Bloqueio Continental foi Portugal. Por isso, o exército francês invadiu o território português. Essa invasão motivou a vinda da família real portuguesa e de toda a sua côrte para o Brasil em 1808. Com isso, a séde do governo português foi transferida para o Rio de Janeiro (estudaremos melhor o assunto no capítulo 6).

A transferência da côrte para o Rio de Janeiro pode ser considerada uma inteligente estratégia política, e não uma fuga covarde de dom João e sua família. O Brasil, que era colônia de Portugal, tornou-se metrópole do Reino Português. Essa inversão colonial constituiu um fato inédito na história da colonização.

Pintura. Vista de um porto, com uma margem de terra contendo casas e pequenos edifícios, cercada de água com várias embarcações à vela. Destaque para uma embarcação próxima do porto, com muitas pessoas aglomeradas ao redor dela, mulheres, crianças e homens. No canto direito, carruagens transportam diversas pessoas.
Embarque da família real para o Brasil, pintura de Nicolá Luí Albér Deleríve, cêrca de 1807-1810.

Invasão da Rússia

Em 1812, os franceses invadiram a Rússia para obrigá-la a manter o Bloqueio Continental ao Reino Unido. As tropas francesas avançavam pelo imenso território da Rússia, ao mesmo tempo que os exércitos russos recuavam e destruíam tudo o que pudesse ser útil aos invasores.

Ao chegar a Moscou, depois de uma viagem difícil, os soldados franceses, que já padeciam de fome, passaram a sofrer também com temperaturas de -30 graus Célsius. Sem condições de prosseguir a invasão, o exército francês retirou-se da Rússia, mas a maioria dos soldados morreu na viagem de volta. Essa campanha militar desastrosa estimulou outros países europeus a reagirem contra a França.

Em 1814, um poderoso exército formado por britânicos, austríacos, russos e prussianos invadiu Paris. Nessa campanha, Napoleão foi derrubado do poder e enviado para Elba, uma ilha no Mar Mediterrâneo. Depois, o trono francês foi entregue a Luís dezoito (1755-1824), irmão do último rei absolutista Luís dezesseis.

Pintura.  Em uma rua coberta de neve, rodeada por casas e construções em ruínas, árvores destroçadas e colunas de fumaça com reflexos na  cor rosa em ambos os lados. No centro, um grupo de homens em duas fileiras, lado a lado,  montados em cavalos de pelagem marrom e vestindo trajes militares compostos por capacetes dourados, casacos azuis, coletes brancos e tiras brancas cruzadas sobre o torso, segurando armas em posição vertical ao lado de seus corpos. Ao fundo, há mais fileiras de homens.
Napoleão, a Campanha da Rússia, litografia de Philippe de Segur, 1912. Na obra foram representadas as tropas napoleônicas em Moscou, Rússia, em 1812.
Pintura. Sob um céu enevoado, em um campo aberto, sobre um terreno coberto de lama, com rastros e pegadas, uma fileira de homens montados à cavalo.  No centro da pintura, o primeiro da fileira é um homem montado em um cavalo branco, vestindo um casaco comprido cinza e um chapéu preto de abas laterais sobre sua cabeça. Ele tem uma das mãos dentro de um bolso do casaco na frente de seu corpo.  Atrás dele, há outros homens vestindo casacos e montados à cavalo, seguindo-o.
Campanha da França, 1814, pintura de Ernest Meissonier, 1864. A obra representa Bonaparte durante a campanha militar no inverno de 1814.

OUTRAS HISTÓRIAS

Museu do Louvre

O Museu do Louvre, em Paris, é um dos maiores museus do mundo. Seu acervo conta com 35 mil obras expostas em um palácio de 135 mil metros quadrados. A atual equipe do museu reúne quase 2 mil profissionais, incluindo pintores, historiadores, artistas e educadores.

De acordo com o historiador Jéremie Benoit, muitas obras do Louvre foram tomadas nas campanhas militares francesas, principalmente durante o governo de Napoleão. Depois do Congresso de Viena (1814-1815), parte das obras foi devolvida aos seus locais de origem. No entanto, até os dias de hoje, alguns países reclamam seu direito sobre peças expostas no Louvre e em outros museus europeus.

Fotografia. Sob um céu azul com poucas nuvens, vista de um pátio extenso. Circundando o pátio, à esquerda e no fundo da fotografia, um edifício longo na cor bege, com três andares, o térreo formado cor arcos sustentados por colunas, janelas em forma de arco nos demais andares, e duas cúpulas centrais de cor cinza, à esquerda e ao fundo. No centro do pátio, uma pirâmide de estrutura de metal trançado coberta por vidro. À esquerda da pirâmide, uma estátua sobre um pedestal cor de areia, representando um homem montado à cavalo. Há diversas pessoas caminhando ou reunidas diante do edifício.
Vista da parte externa do Museu do Louvre, Paris, França. Fotografia de 2019. Construído no século dezesseis para ser a moradia da família real francesa, o Palácio do Louvre passou por diversas reformas até ser transformado em museu na época da Revolução Francesa. Uma das reformas mais chamativas ocorreu em 1989, com a construção de uma pirâmide de vidro na fachada do museu.

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Atividades

  1. Você já visitou algum museu? Qual?
  2. Em sua avaliação, qual é a função dos museus? Explique.

Governo dos Cem Dias

Em março de 1815, Napoleão fugiu da Ilha de Elba e regressou à França. As tropas enviadas para prendê-lo acabaram unindo-se a ele.

Napoleão reconquistou o poder e obrigou o rei Luís dezoito e sua família a deixar a França. Diante disso, os governos estrangeiros organizaram uma aliança militar com cêrca de 1 milhão de soldados que marcharam contra as fôrças napoleônicas.

Depois de cem dias à frente do governo, Napoleão foi definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo, em junho de 1815. Preso pelos britânicos, foi exilado na Ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, onde permaneceu até morrer, em 1821.

Fotografia. Visto de costas, diante de um muro, à direita, em primeiro plano, há um homem de cabelos escuros e curtos, vestindo uma camiseta amarela,  segurando uma câmera fotográfica em frente ao seu rosto, voltado para uma grafite sobre um muro. O grafite, no centro da imagem, representa uma pessoa montada em um cavalo de pelagem branca. Essa pessoa está com o corpo e a cabeça cobertos por um manto vermelho. veste calças brancas, e usa botas de cano alto pretas. O cavalo está empinado,  apoiado apenas sobre suas patas traseiras, com o corpo inclinado para cima.
Grafite do artista de rua Banksy, em Paris, França. Fotografia de 2018. O grafite foi inspirado na pintura de jác lui daví (ver página 75). As obras de Banksy expressam críticas sociais e, neste caso, o artista questiona o heroísmo de Napoleão ao representá-lo coberto por um manto vermelho.

Congresso de Viena

As conquistas militares na época napoleônica modificaram a divisão política de boa parte da Europa. Com a derrota francesa, os dirigentes dos países vencedores organizaram o Congresso de Viena (1814-1815). Entre eles estavam representantes do Reino Unido, Áustria, Rússia, Prússia e França.

Os objetivos do Congresso eram restaurar o poder das antigas monarquias e traçar um novo mapa político da Europa para superar as alterações provocadas na época napoleônica.

Além disso, soberanos da Áustria, Rússia, Prússia e de outros Estados europeus estabeleceram acordos de defesa mútua. Nesses acordos, declaravam ter o direito de intervir em qualquer país cujo governo fosse ameaçado por movimentos revolucionários e nacionalistas. Com o objetivo de colocar em prática essa política de mútua defesa, foi criada uma organização chamada Santa Aliança.

Europa após o Congresso de Viena (1815)

Mapa. Europa após o Congresso de Viena (1815). Mapa representando o continente europeu dividido politicamente, com áreas destacadas por cores distintas.
 Em laranja com listras diagonais, territórios anexados ao Império Russo, compreendendo um território grande ao redor da cidade de Varsóvia e um território entre o sul do Império Russo e o norte do Império Turco Otomano, próximo ao Mar Negro. 
Em verde com listras diagonais, territórios anexados ao Império Austríaco, compreendendo parte dos territórios ao redor de Trento, Veneza, Milão e Elba e do litoral do Mar Adriático. 
Em vermelho com listras cruzadas, território anexado ao Reino da Sardenha-Piemonte, compreendendo áreas próximas de Turim e Gênova, ao sul da Suíça. 
Em roxo com bolinhas, territórios anexados ao Reino da Dinamarca, compreendendo, no norte do continente europeu, a área ao redor de Hamburgo. Em rosa com listras horizontais, territórios anexados ao Reino da Prússia, compreendendo áreas ao redor de Colônia, à leste do Reino dos Países Baixos, áreas à oeste do Reino da Saxônia e áreas à leste de Berlim, no norte do continente. 
Em verde escuro, Pequenos Estados, compreendendo pequena áreas próximas à Frankfurt e Berlim e outras no Império Turco Otomano, na região dos Bálcãs. 
Uma linha vermelha delimita a Fronteira da Confederação Germânica, compreendendo o Reino de Hannover, o Reino da Saxônia, o Reino da Baviera e as cidades de Munique, Trento, Praga, Berlim, Colônia, Frankfurt e Bremen. 
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 240 quilômetros.
Fontes: KINDER, Hermann; HILGEMANN, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982, página 40; ALBUQUERQUE, Manoel M. de et al. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1986. página 130; ATLAS historique Larousse Paris: Larousse, 1987. página 71.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Observe o mapa Império Napoleônico (1812), na página 68, e compare-o com o mapa acima. Após o Congresso de Viena, a França manteve ou perdeu os territórios anexados no período napoleônico?

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. Identifique as frases incorretas em relação à Revolução Francesa e à Era Napoleônica. Depois, reescreva-as de fórma correta em seu caderno.
    1. A revolução de 1789 representou o fim do absolutismo na França.
    2. Luís dezesseis aceitou a proposta de uma monarquia constitucional para a França, o que limitava seus poderes.
    3. A ditadura jacobina condenou milhares de pessoas à morte na guilhotina.
    4. Entre as maiores vitórias militares de Napoleão estão a Batalha de Trafalgar, a invasão da Rússia e a Batalha de Waterloo.
    5. Napoleão Bonaparte foi um destacado general francês que, posteriormente, consagrou-se imperador.
  2. Em dezembro de 1792, o rei Luís dezesseis respondeu deste modo à acusação de haver cometido vários crimes contra o povo francês: Não havia leis que me impedissem. Em dupla, leiam e interpretem essa frase. Depois, respondam às perguntas.
    1. Que princípios da Revolução Francesa poderiam ser utilizados para acusar o rei da França? Expliquem.
    2. Que características do Estado absolutista explicam a resposta do rei?
    3. O que mudou a esse respeito após a Assembleia Constituinte?
    4. Em sua opinião, uma ação que não é proibida por lei é sempre justa? Debata o assunto com os colegas dando exemplos atuais.
  3. Explique o que foi o Bloqueio Continental. Havia alguma garantia de que os governos europeus cumprissem esse bloqueio? Quais foram as implicações dessa medida para o governo francês?

Interpretar texto e imagem

4. Leia a seguir trecho de um panfleto de 1789, escrito pelo pensador francês Emanuél Sieiés (1748-1836). Depois, em dupla, respondam às questões.

“O que é o terceiro estado? Tudo.

O que tem sido até agora na ordem política? Nada.

O que pretende ser? Alguma coisa.”

SIEYÈS, Emmanuel Joseph. Qu’est-ce que le tiers état?: précéde de l’Essai Sur les Privilèges. Paris: A. Correard, 1822. página 57-58. [Tradução dos autores].

  1. Como estava organizada a sociedade francesa antes da revolução de 1789?
  2. Qual é a mensagem desse trecho do panfleto? Explique.

5. A seguir, leia trechos da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, publicada em 1789, e faça o que se pede.

Artigo 6º. A lei é a expressão da vontade geral. reticências Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. reticências

Artigo 11º. A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.”

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Disponível em: https://oeds.link/4utX8i. Acesso em: 26 abril 2022.

  1. Explique os artigos 6º e 11º com suas palavras. Qual é o assunto principal de cada um deles?
  2. Em sua opinião, os direitos estabelecidos nesses artigos são respeitados no Brasil atual? Reflita e debata com os colegas.

integrar com arte

6. Observe atentamente as reproduções dos quadros a seguir. Eles retratam o mesmo episódio histórico: uma viagem feita por Napoleão Bonaparte e seu exército na primavera de 1800. Na ocasião, as fôrças francesas tentavam surpreender as tropas austríacas na Itália.

Pintura.  Sob um céu com nuvens, em uma região montanhosa, em um desfiladeiro, visto de lado, um homem montado sobre um cavalo com pelagem predominantemente branca.
O homem veste um manto amarelo brilhante sobre um casaco militar azul marinho, além de um chapéu preto com aba linear decorada em dourado.  Ele segura as rédeas do animal com uma das mãos e aponta para o alto com a outra. 
O cavalo está empinado, apoiando seu corpo apenas sobre as patas traseiras em um terreno rochoso. A patas dianteiras do animal estão flexionadas no alto, sem contato com o chão.
Bonaparte cruzando os Alpes em Grand-Saint Bernard, pintura de jác lui daví, 1800. Esse quadro foi encomendado pelo rei espanhol Carlos quarto para presentear Napoleão.
Pintura. Em um caminho estreito e inclinado em uma montanha rochosa coberta de neve, visto de frente, um homem montado em um cavalo marrom. O homem veste um casaco cinza e tem um chapéu preto com aba linear e  bordas douradas sobre sua cabeça. Ele tem uma das mãos dentro do casaco, na frente de seu corpo, sobre sua barriga. A outra mão segura as rédeas do animal. O cavalo, com cabrestos, tem a cabeça inclinada frente e aparenta cansaço.  Ao lado do cavalo, há um homem  de chapéu de abas marrom, em pé, segurando um cajado de madeira com uma das mãos, guiando o animal e homem montado. Ao fundo, em plano mais baixo, há outro cavalo subindo pelo mesmo caminho.
Napoleão cruzando os Alpes, pintura de Pôl Delarróche, 1850.
  1. Faça uma breve descrição de cada imagem.
  2. A representação de uma personagem pode influenciar a opinião do público? Como?

Glossário

Sans-culottes
: expressão francesa que significa “sem culotes”. Refere-se a pessoas que deixaram de usar calções ou culotes (vestimenta semelhante à da nobreza) e passaram a usar calças compridas.
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Jogo da pela
: jogo que se assemelhava ao tênis, consistindo em jogar uma bola de um lado para o outro com auxílio de uma espécie de raquete. O nome “pela” deriva do latim pilella, que significa “bola”.
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Guilhotina
: aparelho desenvolvido pelo médico e deputado Joséf-Iniáce Guilhotán. Esse aparelho compõe-se de uma armação que sustenta uma lâmina pesada que, ao descer, corta a cabeça do condenado.
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Monsieur
: em francês, significa “senhor” e era um sinal de respeito.
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