UNIDADE 2 AMÉRICA INDEPENDENTE
CAPÍTULO 5 INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA LATINA
Em 1991, representantes dos governos do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai criaram um bloco econômico chamado Mercado Comum do Sul ( Mercosúl). O objetivo desse bloco é ampliar o comércio e estimular o desenvolvimento da região.
O Mercosúl não foi a primeira tentativa de criar algum tipo de integração na América Latina – nesse caso, uma integração econômica. No século dezenove, alguns líderes dos processos de independência também defenderam fórmas de integração latino-americana.
responda oralmente
para começar
1. Você sabe o que significa a expressão “América Latina”? E “América do Sul”?
2. Além do Mercosul, que outro bloco econômico você conhece?
América Latina
A expressão “América Latina” refere-se aos países da América que têm características históricas e culturais em comum. A maioria desses países fala línguas de origem latina, pois foi colônia de Portugal, Espanha ou França.
Boa parte das colônias da América Latina se libertou de suas metrópoles nas primeiras décadas do século dezenove. Várias condições favoreceram as lutas pela independência nesse período. Entre elas, a organização popular, a influência de ideias liberais iluministas, a busca por autonomia política e econômica e as lutas contra o trabalho forçado.
Neste capítulo, vamos conhecer os principais aspectos dos movimentos de independência que ocorreram no Haiti (ex-colônia francesa) e nas diversas colônias da América espanhola.
O mapa a seguir mostra as datas de independência de vários países da América.
responda oralmente
para pensar
Em sua opinião, o que é necessário para um país ser independente? E o que é preciso para uma pessoa ser independente? Reflita sobre o assunto.
Independências na América (séculos XVIII-XX)
Haiti
Na colônia francesa de São Domingos (atual Haiti), os escravizados e os homens e as mulheres livres de origem africana lutaram pela independência. Para compreender esse processo, vamos começar estudando a colonização do Haiti.
Colonização do Haiti
Os espanhóis conquistaram e colonizaram uma ilha no Mar do Caribe que ficou conhecida como Hispaniola. Esse foi o primeiro lugar onde Colombo desembarcou na América, em 1492.
Durante a colonização, os espanhóis ocuparam a parte leste da ilha e escravizaram a população indígena que vivia no local. Ao final do século dezesseis, os indígenas tinham sido quase totalmente exterminados.
No início do século dezessete, os franceses ocuparam o oeste da ilha. Em 1697, a Espanha cedeu oficialmente essa parte do território para a França. A partir desse momento, a região que hoje corresponde ao Haiti recebeu o nome de Sán Domangue (São Domingos) e se tornou a colônia francesa mais lucrativa. Lá, os colonizadores instalaram latifúndios (plantations) de cana-de-açúcar e de outros produtos, explorando o trabalho de escravizados vindos principalmente da África Ocidental.
No final da década de 1780, meio milhão de escravizados e milhares de pessoas livres viviam nessa colônia. Para evitar revoltas e controlar a enorme quantidade de trabalhadores, os fazendeiros organizaram uma estrutura militar.
Grupo |
População |
Percentual |
---|---|---|
Brancos |
32.000 |
6% |
Mestiços livres |
24.000 |
4% |
Negros escravizados |
500.000 |
90% |
Fonte: HAITI. In: insaiclopidia britânica. Disponível em: https://oeds.link/Wfp3vD. Acesso em: 3 março 2022. [Tradução dos autores].
Independência do Haiti
Desde a época da colonização francesa, sempre houve uma forte tradição de resistência dos escravizados. Assim como ocorria nos quilombos do Brasil, muitos escravizados fugiam das fazendas de São Domingos e passavam a viver escondidos, em pequenos grupos nas montanhas do interior. Eles eram conhecidos como marrons e lutavam contra as fôrças militares coloniais. Parte dos africanos e seus descendentes criou uma religião chamada vodu, enquanto outros se tornaram católicos.
Essa tradição de resistência ampliou-se com a Revolução Francesa (1789-1799). Milhares de trabalhadores escravizados e livres rebelaram-se contra o domínio colonial francês e passaram a lutar pela independência de São Domingos. Comparando o que ocorreu ali com a Revolução Francesa, o historiador Círo Él Ar Diêimis chamou os revolucionários coloniais de jacobinos negros.
A luta começou em 1791 e, em 1793, passou a ser liderada por tussãn lôvertíur (1743-1803), um homem que aprendeu a ler e a escrever no tempo em que foi escravizado. Isso fez com que ele entrasse em contato com ideais liberais provenientes da França revolucionária.
As ações dos revolucionários foram marcadas pelo enfrentamento de escravistas brancos na ilha, pela defesa da liberdade dos negros e por certa lealdade à França – governada naquela época (1793) pelos jacobinos, que decretaram a abolição da escravidão nas colônias.
Contudo, em 1801, o governo de Napoleão Bonaparte revogou a abolição da escravidão e enviou tropas a São Domingos para retomar o contrôle francês. lôvertíur foi preso em 1802 e levado para a França, onde morreu em 1803. As lutas pela independência continuaram sob o comando de dois outros ex-escravizados, jãn jaque dêssalínee Anrí Cristôfe.
Eles lideraram os revolucionários e derrotaram o exército francês. A independência do país foi proclamada em 1804. dêssalíne assumiu o governo e permaneceu no poder até 1806, quando foi assassinado por inimigos. Com a independência, o novo Estado passou a se chamar Haiti (nome indígena que significa “terra alta” ou “lugar montanhoso”).
Consequências da Revolução Haitiana
O Haiti foi a primeira colônia da América a extinguir a escravidão e o segundo Estado a proclamar a independência no continente. Lá ocorreu a maior revolta contra a escravidão de toda a América.
A independência do Haiti só foi reconhecida pelo governo francês em 1825, mediante o pagamento de uma alta indenização à antiga metrópole, que só foi quitada em 1887. Durante as lutas pela independência, a economia haitiana foi afetada: a escravidão foi abolida e houve uma reforma agrária. Para os revolucionários negros do Haiti, independência também era sinônimo de liberdade.
Os negros haitianos não foram os únicos a sonhar com a liberdade e a lutar por ela. Entretanto, foram os únicos que conquistaram o poder e proclamaram a independência do país. O exemplo da Revolução Haitiana apavorou os donos de escravizados do continente americano.
Independências na América espanhola
Durante quase três séculos, a Espanha dominou a maior parte da América. No início do século dezenove, os domínios coloniais espanhóis estavam divididos em quatro vice-reinos e quatro capitanias-gerais.
Os vice-reinos eram: Nova Espanha (criado em 1535), Peru (1543), Nova Granada (1717) e Rio da Prata (1776). As capitanias-gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.
O império colonial espanhol na América ruiu entre 1810 e 1828, quando a maioria das regiões conquistou sua independência. Estudaremos, a seguir, algumas interpretações sobre as raízes desse processo.
Elites coloniais
Na América espanhola, as elites coloniais eram formadas por grandes proprietários de terras, ricos comerciantes e donos de minas. Elas se dividiam em dois grupos: chapetones (colonizadores nascidos na Espanha) e criollos (filhos de espanhóis nascidos na América).
Os chapetones ocupavam os cargos mais importantes na administração, na Igreja e no exército. Já os criollos, apesar de terem poder econômico, não tinham os mesmos direitos políticos. O poder político deles estava ligado às câmaras municipais (cabildos), que cuidavam de questões locais. Os criollos também se sentiam prejudicados pelo monopólio comercial espanhol e pelos altos impostos sobre produtos exportados e importados.
A interferência da Espanha na vida econômica das colônias começava a incomodar as elites locais. Em busca de liberdade econômica e maior participação política, muitos criollos tornaram-se líderes das independências.
Camadas populares
As camadas populares também lutaram contra o governo espanhol, mas elas não tinham os mesmos interesses que as elites coloniais. De modo geral, indígenas, negros e mestiços estavam submetidos a péssimas condições de vida. Por isso, lutavam por igualdade de direitos, distribuição de terras e fim do trabalho forçado.
Assim, eles desempenharam papel fundamental nas lutas pela independência, integrando, inclusive, os exércitos coloniais que enfrentaram as fôrças da Espanha.
A Revolta de Túpaqui Amaru
Um exemplo das lutas populares na América sob domínio espanhol ocorreu nos atuais Peru e Bolívia. Essa revolta foi liderada pelo mestiço Rossê Gabriêl Condorcânqui, que adotou o sobrenome do último imperador inca, Túpaqui Amaru.
Rossê Gabriêl Túpaqui Amáru era descendente da nobreza inca e líder (ou kuraka, em língua quíchua) de uma comunidade indígena no sul do Peru. Em 1776, ele denunciou à justiça colonial as péssimas condições de trabalho impostas aos indígenas. Como não foi ouvido, ele e seus seguidores se revoltaram e, em 1780, atacaram órgãos do governo colonial, fazendas e manufaturas que exploravam os povos originários.
Objetivos e consequências da revolta
Seus principais objetivos eram expulsar os espanhóis, restaurar o Império Inca e pôr fim ao trabalho forçado. Para enfrentar as tropas espanholas, Túpaqui Amaru reuniu um exército de 50 mil pessoas composto, em sua maioria, de indígenas. A revolta se espalhou por áreas das atuais Bolívia e Argentina.
Em 1781, Túpaqui Amaru e sua família foram capturados, torturados e executados. A revolta prosseguiu até 1783, quando as fôrças espanholas conseguiram sufocá-la. Calcula-se que cêrca de 100 mil pessoas (sobretudo indígenas) morreram durante os confrontos.
A Revolta de Túpaqui Amaru ajudou a construir um sentimento de identidade na região. Por isso, alguns historiadores afirmam que esse movimento influenciou as lutas pela independência do Peru e da Bolívia. Túpaqui Amaru tornou-se símbolo de resistência, e seu nome é usado em movimentos de reivindicação popular não só no Peru e na Bolívia, mas em toda a América do Sul.
Enfraquecimento do governo espanhol
Em 1808, a Espanha foi invadida por tropas francesas que cumpriam ordens de Napoleão Bonaparte. O rei espanhol Fernando sétimo foi afastado do poder e o trono foi ocupado pelo irmão de Napoleão, José Bonaparte.
Aproveitando-se desse momento, os colonos da América espanhola formaram juntas de governo em cidades como Buenos Aires, Caracas, Quito e Santiago, reunindo os representantes das elites criollas. O objetivo era lutar pela liberdade de comércio e pela independência política da região, ainda que muitas juntas de governo tenham se declarado fiéis ao rei espanhol destronado.
Quando as tropas francesas foram expulsas da Espanha, Fernando sétimo reconquistou o trono e tentou reassumir o contrôle das colônias. Mas o processo de independência na América já avançava em todo o continente.
Independências nas Américas do Norte e Central
Na América do Norte, as primeiras lutas pela independência do México (Nova Espanha) tiveram apôio popular. Essas lutas ocorreram entre 1810 e 1815 e foram lideradas pelos padres Miguel Hidalgo e Rossê Maria Morelos. Entre outras reivindicações, o movimento exigia a distribuição de terras e o fim do trabalho forçado e dos impostos pagos pelos indígenas.
O movimento foi reprimido pela elite local e pelas tropas leais aos espanhóis. Muitos perderam a vida durante os conflitos, inclusive Hidalgo e Morelos, que foram presos e fuzilados.
Nos anos seguintes, as lutas se afastaram das reivindicações populares. Chapetones e criollos assumiram a liderança do processo de independência, tentando manter seus privilégios e poderes.
A partir desse momento, destacou-se a figura do general Agustín de Itúrbide, que havia feito carreira combatendo os rebeldes populares mexicanos. Depois, ele rompeu com a Coroa espanhola e passou a lutar pela libertação do México. Após vencer diversas batalhas, declarou a independência do país em 1821. Aproveitando-se da vitória, Itúrbide se autoproclamou imperador, em julho de 1822, ficando no poder até março de 1823, quando grupos políticos o derrubaram e proclamaram a república no México.
Durante a república, os criollos ampliaram seus direitos políticos, mas a maior parte da população continuou na miséria. Estima-se que as lutas pela independência provocaram a morte de cêrca de um milhão de mexicanos.
A independência do México influenciou outras lutas na América Central. Em 1823, formou-se, nos territórios da capitania-geral da Guatemala, uma república intitulada Províncias Unidas da América Central. Depois de um período de guerra civil, entre 1838 e 1839, as Províncias Unidas fragmentaram-se em cinco novos países: Guatemala, Honduras, Costa Rica, El Salvador e Nicarágua.
PAINEL
A Guerra de Independência do México
A imagem reproduzida nesta página é parte do mural Epopeia do povo mexicano, do artista Diego Rivera (1886-1957). Esse mural foi pintado nas paredes da escadaria do Palácio Nacional do México, séde do Poder Executivo federal. Rivera é considerado um dos pintores mais importantes de seu país e um dos expoentes do movimento artístico chamado muralismo.
O muralismo foi influenciado pela Revolução Mexicana de 1910, movimento que reuniu diversos setores da sociedade e lutou pelo fim do autoritarismo político no país e pelo direito à terra. O muralismo retrava temas históricos, lutas populares e tradições indígenas. Observe, a seguir, alguns elementos de um detalhe do mural de Rivera que trata da independência do México e representa outros aspectos da história mexicana.
- Miguel Hidalgo é retratado no centro da obra. Na mão direita, ele segura uma corrente quebrada. Com a mão esquerda, ergue uma bandeira com a imagem da Virgem de Guadalupe, padroeira do México.
- Rossê Maria Morelos e outros personagens apontam na mesma direção, como se indicassem o caminho do futuro.
- A águia, que carrega uma serpente no bico, faz referência a uma tradição asteca.
- A faixa com o lema “Tierra y libertad” (em português, “Terra e liberdade”) é uma referência às reivindicações camponesas e indígenas desde os tempos da independência até a Revolução Mexicana de 1910.
Independências na América do Sul
Na América do Sul, rossê de sãn martín e Simón Bolívar foram alguns dos líderes nas lutas pela independência. Eles comandaram exércitos que se opuseram às fôrças da Espanha no continente.
sãn martín liderou tropas que atuaram no vice-reino do Rio da Prata, na capitania-geral do Chile e no vice-reino do Peru. Já as tropas comandadas por Bolívar lutaram no vice-reino de Nova Granada, na capitania-geral da Venezuela e também no vice-reino do Peru.
Apesar das semelhanças entre esses processos, as independências dos países sul-americanos tiveram características próprias.
responda oralmente
para pensar
- Que características costuma-se esperar que o líder de um país tenha? Reflita e comente com os colegas.
- Em sua opinião, que qualidades um líder deve ter na atualidade? Pense em lideranças que se destacam no esporte, nas artes e nas ciências, entre outros.
sãn martín
Durante o período colonial, no território que corresponde à atual Argentina, a elite local enriqueceu com a criação de gado, produzindo carne e couro em fazendas denominadas estâncias. Esses produtos movimentavam o Pôrto de Buenos Aires, que se tornou capital do vice-reino do Rio da Prata em 1776. Foi nessa região que nasceu rossê de sãn martín.
Membro de uma família da elite, sãn martín foi viver na Espanha quando ainda era bem jovem. Lá estudou e, posteriormente, iniciou sua carreira militar, participando de várias batalhas para defender os interesses da Espanha, inclusive lutando contra a invasão francesa em 1808.
Argentina, Chile e Peru
Em 1810, a junta de Buenos Aires expulsou o vice-rei espanhol (em um evento que ficou conhecido como Revolução de Maio), iniciando a Guerra de Independência, que seria formalizada em 1816. Em 1812, sãn martín retornou para a América para se juntar aos movimentos revolucionários. Dois anos depois, assumiu o comando do Exército do Norte. Seu exército avançou para o Chile (libertado em 1817) e o Peru (libertado em 1821). Devido à participação nessas lutas, sãn martín é considerado libertador e herói nacional na Argentina, no Chile e no Peru.
Simón Bolívar
Bolívar nasceu na capitania-geral da Venezuela, em uma família proprietária de fazendas de cacau cultivado por africanos escravizados. Aos 15 anos, foi estudar na Europa, onde conheceu ideais iluministas e os desdobramentos da independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa. Ao voltar para América, ele aderiu às lutas pela independência.
Inicialmente, Bolívar procurou libertar a Venezuela, sem sucesso. Fugiu para a Jamaica, onde, em 1815, tentou obter apôio do governo britânico à independência da América espanhola e escreveu a Carta de Jamaica. Nela, Bolívar propôs a formação de repúblicas com governos constitucionais na América e a união desses novos Estados. Em seguida, viajou ao Haiti, onde recebeu ajuda militar e financeira do governo daquele país.
Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia
Fortalecido, Bolívar retornou para Nova Granada e ali comandou batalhas decisivas. Em 1819, declarou a independência da região, atual Colômbia, da qual se tornou presidente.
Posteriormente, foi criada a Grã-Colômbia, que abrangia os territórios de Nova Granada e Venezuela, em parte ainda sob domínio espanhol. As tropas lideradas por Bolívar passaram a lutar pela emancipação das demais regiões, conquistando a independência da Venezuela em 1821 e do Equador em 1822.
Em 1822, sãn martín e Simón Bolívar estiveram na Conferência de Guayaquil (no atual Equador) para discutir estratégias de libertação das últimas regiões sob contrôle espanhol na América do Sul. Depois desse encontro, Bolívar assumiu a liderança das tropas para consolidar a independência do Peru (1824) e libertar o Alto Peru (1825), que passou a se chamar Bolívia, em homenagem a ele.
Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.
Integração da América Latina
Bolívar tinha um projeto para integrar as repúblicas hispano-americanas. A língua, o passado histórico comum e os problemas enfrentados sugeriam a possibilidade de formar uma grande nação nos antigos territórios coloniais espanhóis. Bolívar acreditava que, separadas, as novas repúblicas seriam Estados frágeis. Mas o plano de unificação fracassou. Um dos motivos foram as divergências entre as elites locais, que pretendiam manter seus poderes sobre a terra e os trabalhadores. Submeter-se a um governo central diminuiria o poder que tinham em sua região.
Aos poucos, a Grã-Colômbia se desmembrou, formando a Venezuela, o Equador, a Colômbia e, mais tarde, o Panamá. Além disso, nas décadas seguintes, muitos países latino-americanos entraram em conflito.
Bolívar morreu em 1830 na atual Colômbia, recebendo homenagens e honras militares nos países vizinhos. Suas ideias e ações foram contraditórias, tendendo ora para a cooperação, ora para o autoritarismo. Ainda assim, ele é reconhecido como um importante líder militar e político em várias regiões da América Latina, onde é chamado de El Libertador.
dica internet
Memorial da América Latina
Disponível em: https://oeds.link/kFCQvm. Acesso em: 3 março 2022.
Galeria de arte virtual que reúne obras de arte contemporânea da América Latina.
OUTRAS HISTÓRIAS
Mulheres na luta pela independência
As lutas latino-americanas por independência contaram com a presença de mulheres, principalmente da população mais pobre. Leia um texto que trata desse assunto.
“Quando se fala em exército, nesse período, imaginamos sempre homens marchando a pé ou a cavalo, lutando. Esquecemo-nos de que as mulheres, muitas vezes com filhos, acompanhavam seus maridos-soldados; além disso, como não havia abastecimento regular das tropas, muitas trabalhavam – cozinhando, lavando ou costurando – em troca de algum dinheiro. Encontramo-las nos exércitos camponeses de Hidalgo e Morelos, assim como, um século depois, nas fotografias dos exércitos zapatistasglossário da Revolução Mexicana de 1910. Expostas à dureza das campanhas e aos perigos das batalhas, enfrentavam corajosamente os azares das guerras.
reticências Manuela Eras i Gandarilhas e Rossêfa Montessinos, ambas de Cochabamba [na Bolívia] participaram de várias ações armadas. reticências conta-se que Manuela, ao ver aproximar-se um ataque à cidade, notando certa vacilação por parte do pequeno grupo de soldados, teria afirmado: reticências ‘Se não há mais homens, aqui estamos nós, para enfrentar o inimigo e morrer pela pátria’.”
PRADO, Maria Ligia C. América Latina no século dezenove: tramas, telas e textos. São Paulo: êduspi; Bauru, São Paulo: êdúsqui, 1999. página 34-36.
Responda no caderno
Atividade
No texto, são citadas duas fórmas de atuação das mulheres nas lutas pela independência da América espanhola. Quais foram essas fórmas?
Pan-americanismo
As raízes do pan-americanismo estão ligadas a líderes como Bolívar e sãn martín. Trata-se de um movimento para promover a cooperação entre os Estados do continente por meios políticos, econômicos, sociais e diplomáticos. O termo “pan” é de origem grega e tem o sentido de “totalidade”.
Três grandes marcos do pan-americanismo podem ser apontados:
- Congresso do Panamá (1826) – convocado por Simón Bolívar, pretendia articular a criação de uma confederação de países hispano-americanos independentes. Representantes de México, Grã-Colômbia, Peru e Províncias Unidas da América Central compareceram ao encontro, onde foi planejada a criação de uma assembleia e de fôrças militares formadas por membros desses países. As decisões não foram postas em prática, mas inspiraram projetos posteriores de integração regional;
- Conferência de Washington (1889) – convocada pelo governo dos Estados Unidos, visava à integração econômica do continente como um todo. Dezoito países enviaram seus representantes. No encontro, foi criada a União Internacional das Repúblicas Americanas, mais tarde chamada de União Pan-Americana. A partir dessa conferência, representantes dos países americanos passaram a se reunir periodicamente;
- Conferência de Bogotá (1948) – reuniu representantes de 21 países, que assinaram a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e transformaram a União Pan-Americana em Organização dos Estados Americanos ( ô ê á).
Os ideais do pan-americanismo também incentivaram projetos de aproximação dos países sul-americanos. Um desses projetos é o Mercosúl, que procura estimular as fôrças econômicas da região. Alguns bons resultados foram alcançados, mas ainda há muito a ser feito para a integração do continente americano.
Responda no caderno
para pensar
- Quais países formam a América do Sul?
- Quais são os dois países da América do Sul que não fazem fronteira com o Brasil?
Situação da América Latina pós-independências
Praticamente nenhum governo europeu colaborou com os movimentos de independência. Apenas o Reino Unido foi favorável à emancipação das antigas colônias espanholas e do Brasil, tendo em vista os interesses dos industriais britânicos que defendiam a liberdade de comércio. Essa liberdade significava abolir os monopólios comerciais das antigas metrópoles. Desse modo, após as independências, os mercados consumidores da América Latina foram dominados pelo Reino Unido. A situação mudou no século vinte, quando os Estados Unidos passaram a ser mais influentes na região.
Comércio exterior
Depois das independências, a economia da maioria dos países latino-americanos continuou baseada na exportação de produtos primários. Segundo o economista Celso Furtado, havia três tipos de economia na América Latina:
- exportadora de produtos agrícolas e pecuários de clima temperado (carne, lã e cereais, como trigo e milho), representada por Argentina e Uruguai;
- exportadora de produtos agrícolas tropicais (açúcar, fumo, café, cacau, banana), representada por Brasil, Colômbia, Equador, países da América Central e do Caribe e certas regiões do México e da Venezuela;
- exportadora de produtos minerais (cobre, prata, ouro, estanho), representada por México, Chile, Peru, Bolívia e, a partir de 1920, Venezuela, como exportadora de petróleo.
Autoritarismo e caudilhismo
Outra característica compartilhada pelos países latino-americanos foi o autoritarismo das elites governantes. Ao longo do século dezenove, os governos da região foram dominados por caudilhos, chefes políticos e militares locais que assumiram o poder após as independências e eram, geralmente, ligados às oligarquias rurais. Alguns caudilhos assumiram o poder pelo voto, outros, pela fôrça, mas todos governavam de fórma autoritária.
Após as independências, os líderes políticos latino-americanos não governaram em sintonia com a maioria da população: mantiveram uma aparência democrática (os cidadãos votavam e elegiam seus representantes), mas os governos eram controlados pelos representantes das elites, e não elaboraram projetos políticos para melhorar as condições de vida da população.
Responda no caderno
OFICINA DE HISTÓRIA
Conferir e refletir
- A maior parte das colônias da América Latina se libertou de suas metrópoles até a segunda metade do século dezenove. Relacione, no caderno, os líderes dos movimentos de independência a seus ideais.
- Miguel Hidalgo e Rossê Maria Morelos.
- sãn martín e Simón Bolívar.
- tussãn lôvertíur e . jãn jaque dêssalíne
- Distribuição de terras e fim do trabalho forçado e dos impostos pagos por indígenas.
- Integração entre os países da América Latina, que compartilhavam um mesmo idioma e o passado de exploração colonial.
- Abolição da escravidão, distribuição de terras e independência.
- Compare a independência do Haiti com os demais processos de independência na América Latina estudados. Depois, aponte as diferenças entre eles.
- Quais eram os ideais e as reivindicações dos criollos e das camadas populares na época dos movimentos de independência na América espanhola?
integrar com Arte
- Os países da América Latina possuem uma cultura rica que se manifesta nas áreas de música, literatura, pintura, escultura, cinema, dança etcétera Na área da literatura, podemos destacar Gabriela Mistral (Chile), Gabriel García Márquez (Colômbia), Mario Vargas Llosa (Peru), Pablo Neruda (Chile), Jorge Luis Borges (Argentina), entre outros. O que você sabe sobre as produções culturais dos países latino-americanos?
- Faça uma pesquisa e selecione músicas, filmes, livros e pinturas produzidos na América Latina. Escolha uma obra e faça uma breve descrição sobre ela.
- Pesquise sobre a obra escolhida e a biografia do autor ou autora. Depois, elabore um painel para apresentar esse artista aos colegas.
Versão adaptada acessível
4. Os países da América Latina possuem uma cultura rica que se manifesta nas áreas de música, literatura, pintura, escultura, cinema, dança etc. Na área da literatura, podemos destacar Gabriela Mistral (Chile), Gabriel García Márquez (Colômbia), Mario Vargas Llosa (Peru), Pablo Neruda (Chile), Jorge Luis Borges (Argentina), entre outros. O que você sabe sobre as produções culturais dos países latino-americanos?
a) Faça uma pesquisa e selecione músicas, filmes, livros e pinturas produzidos na América Latina. Escolha uma obra e faça uma breve descrição sobre ela.
b) Pesquise sobre a obra escolhida e a biografia do autor ou autora. Depois, apresente o resultado da pesquisa oralmente ou elabore um painel tátil para apresentar esse artista aos colegas. Você pode usar materiais emborrachados, palitos, linhas, tipos de papéis com texturas variadas, entre outros.
Interpretar texto e imagem
5. Em 1819, o congresso revolucionário de Angostura, na Venezuela, proclamou a República da Grã-Colômbia. Simón Bolívar foi nomeado presidente do novo país. Leia a seguir trecho do discurso feito por ele na ocasião e responda à questão.
“ reticências nem todos os homens nascem igualmente aptos para a obtenção de todas as posições; pois todos devem praticar a virtude e nem todos a praticam; todos devem ser valorosos e nem todos o são; todos devem possuir talentos e nem todos os possuem reticências. As leis corrigem esta diferença, porque colocam o indivíduo na sociedade, para que a educação, a indústria, as artes, os serviços, as virtudes lhe deem uma igualdade fictícia, propriamente chamada política e social reticências.”
BOLÍVAR, Simón. Discurso ao Congresso de Angostura, 1819. In: BELLOTO, Manoel L; CORRÊA, Ana Maria M. ( organizador). A América Latina de colonização espanhola: antologia de textos históricos (seleção). São Paulo: Ucitéc/ êduspi, 1979. página 164.
De acordo com o discurso de Simón Bolívar, qual é a função das leis?
integrar com Arte
6. Roaquim Torres García (1874-1949) foi um importante pintor uruguaio do século vinte. Por meio de seu trabalho, ele buscava uma identidade para o continente latino-americano e procurava desenvolver uma arte original. Observe o desenho América invertida, de sua autoria, e responda à questão a seguir.
Nessa criação, o artista inverte a maneira habitual de representar o mapa da América do Sul. Há uma famosa frase relacionada a esse desenho: “Nosso norte é o sul”. O que essa frase quer dizer? Reescreva-a com suas palavras.
7. Analise e interprete a frase e a escultura do arquiteto Oscar Niemáier (1907-2012). Depois, responda às questões.
“Suor, sangue e pobreza marcaram a história dessa América Latina tão desarticulada e oprimida. Agora urge reajustá-la, uni-la, transformá-la num monobloco intocável, capaz de fazê-la independente e feliz.”
NIEMEYER, Oscar. Mão no Memorial da América Latina. Fundação Oscar Niemáier. Rio de Janeiro, sem data. Disponível em: https://oeds.link/KA4X1d. Acesso em: 30 abril 2022.
- Em sua interpretação, o que a fórma em vermelho que se encontra no meio da escultura representa?
- Que relações podemos estabelecer entre a obra Mão e a frase de Oscar Niemeyer?
- Inspirando-se nas imagens deste capítulo, crie uma representação artística (desenho, música, escultura, montagem com fotografias etcétera) sobre a independência das colônias espanholas e a do Haiti.
Glossário
- Exército zapatista
- : organização armada liderada por Emiliano Zapata e composta de integrantes das camadas populares e grupos indígenas durante o processo revolucionário mexicano iniciado em 1910.
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