UNIDADE 2 AMÉRICA INDEPENDENTE
CAPÍTULO 6 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Os dias 21 de abril e 7 de setembro são feriados nacionais no Brasil. Você sabe por quê?
Essas datas relembram lutas contra o domínio colonial português. O feriado de 21 de abril homenageia Tiradentes, participante da Conjuração Mineira. Já o feriado de 7 de setembro celebra a independência do Brasil, proclamada em 1822.
responda oralmente
para começar
Além dos dias que relembram Tiradentes e a independência, que outros feriados celebram personagens e datas históricas no Brasil?
População e sociedade
No final do século , g dezoitorande parte da população brasileira vivia no litoral. No entanto, vilas e cidades no interior haviam se formado em decorrência de atividades como a pecuária e a mineração. Os núcleos urbanos eram distantes uns dos outros, os transportes e as comunicações eram difíceis. Muitas vezes era mais fácil o comércio ser feito diretamente com Portugal do que entre as capitanias, internamente.
Nessa época, calcula-se que a população brasileira era composta de aproximadamente 3 milhões de pessoas, sem contar os indígenas que não tinham contato com os colonizadores. Confira o quadro a seguir.
Brancos |
1.000.000 |
Negros |
1.600.000 (*) |
Indígenas e mestiços |
650.000 (**) |
Total |
3.250.000 |
asterisco Incluía uma minoria de libertos.
dois asteriscos Grupos que viviam em cidades, vilas ou aldeamentos religiosos, próximos das grandes cidades.
Fonte: WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. Formação do Brasil colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. página 336.
integrar com matemática
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para pensar
Qual é a população atual do Brasil? De 1798 até os dias atuais, essa população aumentou quantas vezes? Pesquise essas informações e converse com os colegas e o professor sobre o aumento da população ocorrido desde o final do século . dezoito Sugira hipóteses para explicar esse crescimento populacional.
Grupos sociais
A população do Brasil no final do século dezoito era formada por grupos com condições sociais e interesses diversos.
cêrca de 80% da população era composta de homens e mulheres escravizados (negros ou mestiços), indígenas, brancos pobres e mestiços livres e pobres. Essa população trabalhava em todas as atividades produtivas, como na lavoura, nas minas, nos transportes, no artesanato e no comércio urbano.
Os colonizadores eram, na maioria, reinóis, ou seja, pessoas nascidas em Portugal e que representavam os interesses do Reino Português. Eram grandes comerciantes, governadores de capitanias, juízes e desembargadores, funcionários da Coroa, oficiais militares, bispos e arcebispos. Eles ocupavam a maior parte dos cargos de poder e administrativos, controlavam o comércio e defendiam o domínio colonial.
Havia também os colonos, incluindo senhores de engenho, fazendeiros, proprietários de minas, pecuaristas e donos de charqueadas que podiam ter nascido em Portugal ou ser descendentes de portugueses nascidos na América. Muitas vezes os colonos se sentiam prejudicados pela interferência da metrópole nas atividades econômicas da colônia. O governo português proibia, por exemplo, a instalação de manufaturas de tecidos finos e tinha monopólio sobre a exploração de sal, tabaco e diamantes.
Processo de independência
Durante a época colonial, diversos conflitos foram promovidos por aqueles que questionaram a ordem colonial e o poder da Coroa portuguesa. Exemplos desses conflitos foram a Revolta de Bécman (1684), a Guerra dos Emboabas (1707-1709), a Guerra dos Mascates (1710-1711) e a Revolta de Vila Rica (1720), que pretendiam mudar aspectos da dominação colonial portuguesa.
Também houve movimentos como a Conjuração Mineira (1789), a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817), que contestaram o domínio português.
Observe no mapa a localização de alguns dos principais conflitos coloniais.
Principais conflitos no período colonial (séculos XVII-XIX)
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observando o mapa
Em qual porção do território ocorreu a maioria dos conflitos mencionados na legenda? Observe o mapa e comente com os colegas.
Conjuração Mineira (1789)
Na segunda metade do século dezoito, as jazidas de ouro de Minas Gerais estavam se esgotando. Mesmo assim, o Reino Português continuou cobrando pesados impostos dos mineradores. Isso porque, para o governo, não era o ouro que estava acabando, mas sim o contrabandoglossário que tinha aumentado.
Um clima de tensão tomou conta de Minas Gerais quando o governador da capitania anunciou que haveria nova derrama ou cobrança dos impostos atrasados. Em reação à derrama, um grupo de colonos organizou um movimento contra as autoridades portuguesas, conhecido como Conjuração ou Inconfidência Mineira.
Entre os principais inconfidentes estavam Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), minerador e poeta, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), poeta e magistrado, e Carlos Correia de Toledo (1731-1803), padre e minerador. Um dos poucos inconfidentes que não faziam parte da elite econômica era Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), que recebeu o apelido de Tiradentes por exercer o ofício de dentista, além de ser um militar de baixa patente (alferes).
Planos e repressão
Para alguns historiadores, a Conjuração Mineira foi influenciada por ideias iluministas vindas da Europa e pela independência dos Estados Unidos (1776). Os planos dos conjurados incluíam proclamar uma república (com capital na cidade de São João del-Rei), implantar indústrias na região e criar uma universidade em Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto). Porém, não havia propostas efetivas para abolir a escravidão, tampouco para melhorar as condições de vida da maioria da população.
O movimento foi denunciado ao governador da capitania de Minas Gerais por Joaquim Silvério dos Reis (1756-1792). Em troca, ele conseguiu o perdão de suas dívidas. Ao saber da conspiração, o governador suspendeu a derrama e ordenou a prisão dos envolvidos.
Muitos participantes da conjuração foram presos, julgados e condenados. Onze deles receberam pena de morte, mas a rainha de Portugal, Maria I, mudou a punição para exílio perpétuo em colônias portuguesas na África. Só Tiradentes teve a pena de morte por enforcamento mantida.
Versões da revolta
Ao longo do tempo, a Conjuração Mineira foi interpretada de diferentes maneiras. Vamos conhecer algumas dessas interpretações, pois uma atitude historiadora envolve identificar e analisar diferentes versões de um processo histórico.
Até a independência do Brasil, predominou a versão dos colonizadores. O movimento mineiro foi chamado de inconfidência, palavra que significa “traição” – no caso, traição à Coroa portuguesa.
Durante o império, o movimento continuou sendo malvisto pelos governantes, que descendiam dos monarcas portugueses. Afinal, eles haviam reprimido violentamente a conjuração e punido seus líderes.
Foi apenas na república que o movimento foi interpretado como a primeira luta pela independência do Brasil. Tiradentes foi transformado em herói do país e a data de sua execução, 21 de abril, tornou-se feriado nacional.
Ao longo do tempo, o sentido negativo da palavra inconfidência caiu no esquecimento e passou a denominar os movimentos contrários ao domínio colonial. Ainda assim, alguns estudiosos evitam esse termo e preferem usar conjuração, que significa conspiração.
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para pensar
Em sua opinião, qual é a importância de debater diferentes versões históricas? Comente com os colegas.
dica internet
Impressões rebeldes – Inconfidência Mineira
Disponível em: https://oeds.link/MrLaEg. Acesso em: 6 março 2022.
No site estão disponíveis transcrições de documentos e artigos sobre diversos movimentos ocorridos na época colonial, incluindo informações sobre a Inconfidência Mineira.
Conjuração Baiana (1798)
Outra revolta, dessa vez na Bahia, ocorreu em 1798. Dela participaram alfaiates, sapateiros, soldados e escravizados de Salvador. Pela ação de grupos populares no movimento, a Conjuração Baiana também ficou conhecida como Revolta dos Alfaiates.
Um dos líderes da revolta foi Luís Gonzaga das Virgens e Veiga (1761-1799), um homem que era soldado e foi punido por abandonar o serviço militar várias vezes. Ele sabia ler e escrever, o que não era comum entre as pessoas das camadas populares naquela época.
Os planos dos revoltosos incluíam o fim da escravidão e do domínio português, a proclamação de uma república e a permissão para que navios de todas as nações ancorassem nos portos baianos.
Inspirados nas ideias iluministas, revoltosos escreveram panfletos e cartazes, distribuídos na porta das igrejas e colados nos muros da cidade. Em um desses documentos, estava escrito: “Está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade. O tempo em que todos seremos irmãos. O tempo em que todos seremos iguais”.
O governador da Bahia mandou investigar quem eram os autores dos panfletos e chegou ao nome de Luís Gonzaga.
Mais de trinta participantes do movimento foram presos e processados. As penas mais severas foram aplicadas aos líderes mais pobres. Em novembro de 1799, quatro deles, todos mestiços, foram enforcados e esquartejados: os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira e os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga.
Família real no Brasil
No início do século , a dezenove França era governada por Napoleão Bonaparte. Nessa época, o exército francês dominou diversos países europeus e o continente foi assolado por guerras. Sem conseguir vencer os britânicos, o governo francês decretou o Bloqueio Continental, proibindo o comércio de outros países com o Reino Unido.
O governo português não obedeceu à proibição de Bonaparte e manteve a aliança e o comércio com os britânicos. Em 1807, os franceses enviaram um ultimato ao príncipe regente dom João (1767-1826) para que ele rompesse com os inimigos de Napoleão. Por resistir à ordem, Portugal foi invadido por tropas francesas e espanholas.
Sem poder conter a invasão francesa, a côrte portuguesa, composta de cêrca de 15 mil pessoas, veio para o Brasil com o apôio do Reino Unido. Desembarcaram na Bahia em 22 de janeiro de 1808. Depois, dom João e a côrte seguiram para o Rio de Janeiro, onde foi instalado o governo português, em 8 de março de 1808.
O governo português se instala na colônia
A côrte portuguesa permaneceu treze anos no Brasil, entre 1808 e 1821, período em que o tráfico de africanos escravizados foi ampliado e a própria escravidão se estendeu pelo território. Esse período também foi marcado por outros acontecimentos, tais como:
- abertura dos portos (1808) – levou ao fim do monopólio comercial de Portugal. Essa medida interessava aos comerciantes europeus, mas beneficiou sobretudo os britânicos;
- autorização para instalação de indústrias (1808) – a ação não promoveu a industrialização do Brasil. Isso foi dificultado pela falta de capital, mão de obra especializada e tecnologia. Além do mais, era muito difícil concorrer com os produtos manufaturados britânicos;
- implantação do Ensino Superior (1808) – foi instituído com a fundação das primeiras faculdades de Medicina, em Salvador e no Rio de Janeiro;
- criação de instituições (1808-1810) – como o Banco do Brasil, a Imprensa Régia e a Biblioteca Real, que deu origem à atual Biblioteca Nacional;
- assinatura do Tratado de Comércio e Navegação (1810) – reduziu as taxas alfandegárias para produtos britânicos;
- elevação do Brasil à categoria de reino, unido a Portugal e Algarves (1815) – com isso, o Brasil ganhou autonomia administrativa e deixou de ser colônia de Portugal, tornando-se séde do Reino Português;
- contratação de artistas e professores franceses (1816) – a chamada “Missão Artística Francesa”. Faziam parte desse grupo os pintores Jãn Batiste Dêbret e Nicolas Taunay, entre outros;
- aclamação de dom João sexto (1818) – dois anos após a morte de sua mãe, Maria I, dom João tornou-se o soberano do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Ele foi o único rei europeu a assumir o trono na América.
A presença da côrte portuguesa e as medidas tomadas por dom João sexto foram chamadas de “interiorização da metrópole” por Maria Odila da Silva Dias, historiadora que estudou o período. As medidas não beneficiaram a maioria da população, mas satisfaziam as elites coloniais e a côrte portuguesa.
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para pensar
Na época de sua criação, o Ensino Superior (que hoje corresponde ao estudo nas faculdades e universidades) no Brasil era acessível a pouquíssimas pessoas. Atualmente, essa situação mudou? Reflita com os colegas.
Tutela dos indígenas
Durante o domínio português, os colonizadores tinham interesses econômicos, políticos e religiosos em relação aos povos indígenas da América. Por meio de violência, muitos deles foram catequizados, escravizados ou exterminados.
Do início da colonização até meados do século , o dezoitos indígenas ficaram basicamente sob a tutela de religiosos, principalmente jesuítas. Em sentido amplo, tutela é a responsabilidade que alguém assume para administrar os bens e a integridade de outra pessoa quando ela é considerada “incapaz”.
Nas missões jesuíticas, os indígenas foram catequizados e obrigados a trabalhar seguindo os costumes dos europeus. Posteriormente, no século , dezoito por ordem do marquês de Pombal, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, inclusive do Brasil.
Na década de 1750, com a criação do Diretório dos Índios, a tutela passou diretamente para as mãos do Estado. Os antigos aldeamentos indígenas foram transformados em vilas e a antiga administração religiosa tornou-se civil, semelhante à dos outros municípios que já existiam no Brasil.
O Diretório dos Índios funcionou até 1798 e, durante seu funcionamento, a escravização de indígenas foi combatida. No entanto, a tutela nem sempre significou proteção. Os indígenas foram explorados tanto nas missões jesuíticas como durante o Diretório.
A partir de 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, dom João assumiu uma postura ainda mais agressiva contra os indígenas, retomando as chamadas “guerras justas”. Assim, autorizou a guerra contra os botocudos de Minas Gerais e do Espírito Santo e a escravização de outros povos indígenas.
Revolução Pernambucana (1817)
Em 1817, uma nova revolta aconteceu, dessa vez em Pernambuco. O movimento foi chamado de Insurreição ou Revolução Pernambucana.
Essa revolução teve várias motivações, como o aumento dos impostos para sustentar a côrte portuguesa no Rio de Janeiro, os prejuízos à agricultura e a fome causados pela seca, a queda no preço do açúcar e do algodão (importantes mercadorias pernambucanas) e a concorrência de produtos das Antilhas e dos Estados Unidos.
O movimento pernambucano contou com a participação de setores da elite econômica e das camadas populares, incluindo negros, mestiços e brancos pobres. A presença popular inquietava os líderes da revolta. Apesar das divergências de interesses, todos concordavam em proclamar uma república na região.
Eclode a revolta
A insurreição eclodiu quando um comerciante português denunciou os planos do movimento ao governador de Pernambuco, que acabou por enviar fôrças militares para reprimir os envolvidos, mas os revoltosos venceram e, em seguida, prenderam o governador.
Os revoltosos tomaram o poder em Pernambuco e o movimento expandiu-se para o Ceará, a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Em Recife, foi formado um governo provisório que extinguiu impostos e elaborou uma Constituição que garantia liberdade religiosa e de imprensa. Contudo, a escravidão foi mantida. Para não contrariar os senhores de engenho, os revoltosos diziam que a escravidão seria abolida de modo lento e gradual.
O governo de dom João sexto mandou tropas, armas e navios para combater a Revolução Pernambucana. Portos foram bloqueados e navios pernambucanos, confiscados. Após governarem por 75 dias, os revoltosos se renderam em maio de 1817 e seus líderes foram condenados à morte.
Alguns historiadores avaliam que a Revolução Pernambucana foi o único movimento anterior à independência do Brasil que ultrapassou a fase de conspiração.
dica internet
Catálogo da exposição sobre a Revolução Pernambucana de 1817
Disponível em: https://oeds.link/76bfvL. Acesso em: 7 março 2022.
Documento com imagens e textos sobre a Revolução Pernambucana de 1817, que completou 200 anos em 2017.
Regência de dom Pedro
Em 1820, ocorreu uma revolta envolvendo diversos setores da sociedade portuguesa, conhecida como Revolução Liberal do Pôrto. Os rebeldes formaram uma Assembleia, elaboraram uma Constituição e exigiram que dom João sexto voltasse para Portugal. Além disso, pretendiam retomar o monopólio do comércio do Brasil, que desde o tratado de 1810 estava aberto a todas as nações, mas era dominado pelos britânicos, que também ocuparam o Reino de Portugal depois da expulsão dos franceses.
Pressionado, dom João sexto voltou para a Europa, mas deixou no Brasil seu filho dom Pedro (1798-1834) como príncipe regente. Insatisfeita com isso, a Assembleia portuguesa também exigiu a volta de dom Pedro.
No Brasil, setores da elite se organizaram em torno do príncipe regente e deram-lhe apôio para desobedecer às ordens vindas de Portugal. Surgiu, então, o Partido Brasileiro, que reunia políticos como José Bonifácio e Joaquim Gonçalves Ledo. Eles e outros ajudaram a coletar milhares de assinaturas pedindo que dom Pedro ficasse no Brasil.
Em 9 de janeiro de 1822, o príncipe aceitou o pedido de ficar no país (Dia do Fico) e, dois meses depois, decretou que as ordens vindas de Lisboa só seriam cumpridas se ele as autorizasse.
Os líderes da Revolução Liberal do Pôrto desejavam o liberalismo para Portugal e o colonialismo para o Brasil. No entanto, o objetivo de recolonizar o Brasil não teve êxito, pois encontrou resistência de fazendeiros e grandes comerciantes que apoiaram dom Pedro e seu projeto político.
Proclamação da independência
Em 7 de setembro de 1822, dom Pedro proclamou a independência do Brasil, na cidade de São Paulo, e regressou ao Rio de Janeiro. Posteriormente, o príncipe foi aclamado imperador, sendo coroado com o título de dom Pedro , em 1 primeiroº de dezembro de 1822.
A proclamação da independência marcou a quebra dos laços coloniais. Isso representava o surgimento do Estado nacional brasileiro, no qual foi adotada a monarquia como fórma de governo. Esse processo foi diferente do que ocorreu na maioria dos países da América, que se tornaram repúblicas após suas independências.
Em linhas gerais, essas fórmas de governo se diferenciam porque:
- na monarquia, o Estado é dirigido por um governante com poder hereditário (o governante é o rei, imperador etcétera);
- na república, o Estado é dirigido por governantes eleitos periodicamente pela população (o governante é o presidente, primeiro-ministro etcétera).
Apesar das diferentes fórmas de governo adotadas, tanto no Brasil como nos outros países latino-americanos, a maioria da população continuou lutando por direitos políticos e sociais.
dica filme
Museu Paulista da úspi (Brasil). Projeto Conhecendo Museus, 2013. 24 minutos
O vídeo apresenta o Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga, que tem um acervo com mais de quatrocentas e cinquenta mil peças históricas e preserva parte da história do Brasil. Disponível em: https://oeds.link/JDw8Tc. Acesso em: 7 março 2022.
Lutas pela independência
Em algumas regiões do Brasil, as elites locais estavam mais ligadas a Portugal do que às demais capitanias, não havendo uma identidade que unisse todos os brasileiros. Nessas regiões, ocorreram guerras para garantir a independência e a unidade territorial do Brasil.
• Na Bahia, tropas portuguesas que resistiram à independência foram vencidas pelos baianos e por reforços imperiais em 2 de julho de 1823. A Batalha de Pirajá foi decisiva para isso.
- No Piauí, proprietários de terra aliaram-se às tropas portuguesas. Depois de batalhas (como a do Jenipapo, em Campo Maior) e do apôio de algumas câmaras municipais (Parnaíba e Oeiras, por exemplo), eles acabaram aderindo à independência.
- No Grão-Pará e no Maranhão, comerciantes e proprietários rurais aliaram-se às tropas portuguesas. As tropas imperiais sufocaram esses focos de resistência em 1823, após bloquearem os portos de Belém e São Luís.
A independência garantiu a autonomia política do país. Porém, isso não trouxe grandes mudanças para a vida dos brasileiros, e a escravidão não só foi mantida como ganhou força, com a ampliação do número de escravizados e a incorporação de novas áreas de plantio com uso dessa fôrça de trabalho.
dica filme
O corneteiro Lopes (Brasil). Direção de Lázaro Faria, 2003. 21 minutos
Em meio às lutas contra as forças portuguesas que sitiavam Salvador, o general que comandava as tropas baianas manda o corneteiro Lopes anunciar a retirada, mas ele acaba tocando para a cavalaria avançar, na Batalha de Pirajá. Disponível em: https://oeds.link/5CKf1Y. Acesso em: 7 março 2022.
PAINEL
Independência ou morte
Independência ou morte é uma pintura feita em 1888 pelo pintor paraibano Pedro Américo (1843-1905). A obra foi encomendada pela família real no fim do Império Brasileiro e é muito conhecida até os dias atuais.
O pintor representou no quadro o momento da proclamação da independência, ocorrido em São Paulo no dia 7 de setembro de 1822. Essa obra ajudou a difundir o imaginárioglossário da fundação do Estado nacional brasileiro.
- Dom Pedro aparece usando trajes de gala, montado sobre um cavalo e erguendo sua espada. A imagem lembra uma estátua e contrasta com o movimento das personagens ao redor. Ele foi representado como um herói e principal responsável pela independência do Brasil.
- Os homens que estão em torno de dom Pedro montam belos cavalos e usam trajes e chapéus elegantes. Alguns deles erguem o chapéu para saudar dom Pedro.
- No canto esquerdo, foi retratado um camponês de pés descalços, usando roupas esfarrapadas e conduzindo um carro de bois. O camponês aparece como um espectador do acontecimento e representa uma pessoa do povo.
- A guarda de honra do imperador foi representada ao redor da cena central. Porém, essa guarda não existia na época da proclamação da independência.
- Essa pequena casa era parecida com alguns dos locais de pouso das tropas comerciais que viajavam entre São Paulo e Santos. Porém, ela não existia em 1822 e foi construída em meados do século , dezenove sendo hoje chamada de Casa do Grito.
Participação dos negros na independência
No período colonial, grande parte da população do país era constituída de negros escravizados e libertos. Embora lutassem por seus direitos e resistissem à escravidão, eles permaneciam em uma condição subalterna.
Ao final do período colonial, negros livres e escravizados também lutaram pela independência do Brasil. Porém, muitos senhores não queriam que as pessoas escravizadas por eles fossem recrutadas. Na Bahia, os grandes proprietários de terras temiam que a independência fosse interpretada pelos escravizados como uma luta pela abolição. O texto a seguir trata desse assunto.
“ Labatú [um líder militar na luta contra os portugueses] encaminhou reticências às câmaras da região o pedido de que os proprietários libertassem alguns de seus escravos para servirem nas tropas baianas. Os vereadores negaram, argumentando que havia homens livres de sobra e que, de qualquer forma, consideravam um risco armar ex-escravos. Afinal, que garantia teriam eles de que o recém-adquirido poder de fogo dos libertos não seria colocado a serviço dos parceiros ainda cativos?
Muitos escravos não esperaram que seus senhores os liberassem para a luta e fugiram para se unir às fôrças brasileiras.”
REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. página 90.
Liberdade e independência
A independência não teve o mesmo sentido para todos os que viviam no Brasil. As tensões relacionadas à escravidão aumentaram. Para muitos escravizados, a independência do Brasil representava um ideal da liberdade que queriam alcançar. Porém, a situação da maioria dos escravizados não mudou depois de ela ser proclamada. Afinal, a independência foi liderada por uma elite de proprietários de terras e comerciantes que também eram senhores de escravizados.
Além de escravizados e senhores, também participaram da construção do Brasil independente outros grupos sociais, como artesãos, pequenos e médios produtores rurais, pequenos e médios comerciantes.
Num sentido amplo, podemos dizer que as lutas por independência não acabaram no Brasil, pois milhões de brasileiros ainda lutam por uma cidadania plena, sem as enormes desigualdades sociais que marcam nossos dias.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
- Em grupo, criem um podcast sobre um dos temas estudados no capítulo. Se possível, divulguem o resultado em uma rede social, compartilhada por colegas e professores, ou apresentem em sala de aula o roteiro elaborado. Para isso, sigam as orientações a seguir.
- Definição dos grupos – formem cinco grupos e, de fórma cooperativa, definam a função de cada um dos participantes. Entre essas funções estão: pesquisar e elaborar o roteiro, falar na gravação, editar o áudio etcétera
- Escolha do tema – sugerimos que cada grupo escolha um dos seguintes temas do capítulo: um) Conjuração Mineira; dois) Conjuração Baiana; três) vinda da família real para o Brasil; quatro) Revolução Pernambucana; cinco) proclamação da independência do Brasil.
- Criação do roteiro – criem o roteiro do podcast. Para isso, pesquisem o assunto neste próprio livro e em outras fontes confiáveis na internet ou na biblioteca.
- Ensaio e gravação – antes de gravar, ensaiem e treinem várias vezes a leitura do roteiro, controlando o tempo e aperfeiçoando a interpretação.
- Editar – após escutar a gravação, avaliem se é preciso editá-la. Isto é, fazer modificações no arquivo, tais como cortar os trechos que não ficaram bons.
- Publicação – o podcast pode ser publicado numa mídia social, com a supervisão do professor, para ser acessado por colegas e outros membros da comunidade escolar. O roteiro elaborado para o podcast também pode ser apresentado em sala de aula pelos grupos.
Interpretar texto e imagem
2. A Biblioteca Real criada pela monarquia portuguesa deu origem à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Seu acervo atual conta com aproximadamente 9 milhões de documentos, entre livros, revistas, jornais e fotografias. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( unêsco), é uma das dez maiores bibliotecas do mundo. A historiadora e antropóloga brasileira lília môritz chuárts afirma que:
“A Real Biblioteca é hoje conhecida como Biblioteca Nacional – acrescida em acervos, coleções e obras –, e, aberta ao público, representa um patrimônio que poucos brasileiros conhecem ou de que reconhecem a importância.”
SCHWARCZ, Lilia Moritz. A longa viagem da biblioteca dos reis: do terremoto de Lisboa à independência do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. página 430.
- Em sua opinião, qual é a importância das bibliotecas no mundo atual?
- Sua escola tem biblioteca? Você já a visitou?
integrar com Arte
3. A obra A proclamação da independência foi criada pelo artista francês François-René Moreaux em 1844. Essa pintura foi encomendada pelo governo imperial do Brasil para representar o dia 7 de setembro de 1822. No quadro, a proclamação é apresentada como uma alegre festa. Em comemoração ao ato de dom Pedro, as pessoas acenam, trocam abraços e correm. Já dom Pedro e membros do exército erguem seus chapéus para saudar homens, mulheres e crianças. A seguir, compare a obra de Morrô com a de Pedro Américo, reproduzida na página 129.
- Compare as duas obras descrevendo elementos como cenário e personagens.
- Em qual dessas obras dom Pedro é retratado como herói militar? E como herói popular? Explique.
- Nas obras, são representados mulheres, negros e indígenas? Formule uma hipótese para explicar por que isso acontece.
- Como você representaria a independência do Brasil? Crie uma expressão artística (desenho, fotomontagem, letra de música) para esse momento histórico. Depois, dê um título para sua obra.
4. A Missão Artística Francesa foi liderada por Joaquim Lebretón e chegou ao Rio de Janeiro em março de 1816. Um de seus artistas mais conhecidos foi Jean-Baptiste Debret. A seguir, observe uma pintura desse artista sobre o Rio de Janeiro no início do século dezenove e, em grupo, respondam às questões: quais atividades cotidianas são retratadas nessa imagem? Elas têm alguma relação com atividades ainda realizadas no presente? Expliquem.
Glossário
- Contrabando
- : desvio de produtos ou comércio sem o pagamento dos impostos.
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- Imaginário
- : conjunto de símbolos, ideias e mitos representativos das pessoas em determinada época.
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