UNIDADE 3 BRASIL IMPÉRIO
CAPÍTULO 8 SEGUNDO REINADO
Durante o Segundo Reinado (1840-1889), o regime monárquico se consolidou no Brasil e o parlamentarismo foi adotado como sistema de governo. O café liderou as exportações, e o tráfico internacional de escravizados foi proibido. Houve um esforço para construir a identidade nacional.
Nessa época, cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belém e São Paulo foram modernizadas com a instalação de iluminação pública e a implantação de bondes e ferrovias.
responda oralmente
para começar
Em sua opinião, quais são os símbolos da identidade nacional brasileira na atualidade? Pense em pessoas, obras de arte, construções e compartilhe suas conclusões com os colegas.
O novo imperador
O Segundo Reinado durou quase 50 anos. Foi um longo período da história da política brasileira que teve início quando Pedro de Alcântara tornou-se imperador, aos 15 anos de idade, após a antecipação de sua maioridade.
O novo imperador, coroado festivamente como dom Pedro segundo, tornou-se símbolo de um Estado centralizado e estável. Em torno do imperador, as elites do país queriam reunir fôrças capazes de conter as rebeliões provinciais e construir a unidade nacional do Brasil. A festa da coroação encenava uma espécie de recomeço do império.
Disputas políticas
Apesar das pretensões de unidade, as disputas políticas entre dois partidos marcaram o Segundo Reinado:
- Partido Conservador – surgiu da aliança entre os antigos restauradores e os liberais moderados;
- Partido Liberal – herdeiro dos que queriam a abdicação de dom Pedro primeiro. Alguns liberais estiveram envolvidos nas revoltas ocorridas durante a Regência.
Ao assumir o trono, dom Pedro segundo convocou eleições para que novos deputados fossem eleitos e escolheu políticos do Partido Liberal para compor o primeiro ministério de seu reinado, como fórma de recompensar os políticos desse partido, favoráveis à antecipação de sua maioridade.
As eleições foram marcadas por tensão e disputas entre esses dois grupos. Homens contratados pelos liberais invadiram os locais de votação, agredindo eleitores e ameaçando seus adversários. Não por acaso, essas eleições ficaram conhecidas como eleições do cacete.
Os membros do Partido Conservador acusaram os liberais de vencer a disputa por meio de fraude e exigiram a anulação das eleições. Já os liberais queriam manter o resultado, que lhes era favorável. Diante do conflito, o imperador dissolveu a Câmara dos Deputados e convocou novas eleições.
A decisão de dom Pedro segundo desagradou os liberais paulistas e mineiros. Liderados por Diogo Antônio Feijó, em São Paulo, e Teófilo Ottoni, em Minas Gerais, o grupo promoveu a Revolta Liberal, em 1842. O governo imperial, então, enviou tropas para dominar a situação nas regiões de confronto.
A revolta de 1842 faz parte das últimas tentativas dos liberais para impedir o avanço do poder dos conservadores, mas não obteve sucesso. Sob o comando de Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, as tropas do exército imperial sufocaram a revolta, prendendo seus líderes. Eles foram anistiados em 1844, ano em que os liberais voltaram ao poder.
OUTRAS HISTÓRIAS
Liberais e conservadores eram muito diferentes?
“Não há nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder.” Essa frase era comum em conversas políticas do século dezenove.
Liberais e conservadores não tinham grandes diferenças ideológicas. A preocupação de muitos políticos era chegar ao poder, pois isso garantia prestígio e benefícios. Conservadores e liberais usavam os mesmos recursos para ganhar as eleições, concedendo favores aos amigos e aliados e usando a violência contra os indecisos e os adversários.
O Partido Conservador representava os proprietários rurais das lavouras de exportação, os burocratas do serviço público e os grandes comerciantes. Já o Partido Liberal reunia principalmente profissionais liberais urbanos e proprietários rurais que vendiam para o mercado interno ou tinham se instalado em áreas de ocupação mais recente.
Os conservadores defendiam um governo imperial forte e centralizado, enquanto os liberais eram mais favoráveis à descentralização do poder e à autonomia das províncias.
Responda no caderno
Atividades
- Que diferenças ou semelhanças podem ser apontadas nos métodos empregados pelos partidos do período imperial?
- E hoje, de que fórma podemos conhecer as diferenças e semelhanças entre os partidos políticos do Brasil? Qual é a relação disso com o exercício da cidadania?
Parlamentarismo no império
Em 1847, durante o Segundo Reinado, o Brasil adotou o parlamentarismo. Nesse sistema de governo, o imperador nomeava o presidente do Conselho de Ministros, que escolhia os membros do ministério responsável pelo governo.
Se o ministério fosse aprovado pela Câmara dos Deputados, ele começava a governar. Caso contrário, o imperador poderia demitir os ministros ou dissolver a Câmara. Se a Câmara fosse dissolvida, novas eleições seriam convocadas. Dessa fórma, dom Pedro segundo exercia o Poder Moderador e podia impor o ministério que julgasse conveniente.
No Segundo Reinado, os conservadores estiveram no poder mais tempo do que os liberais. Mas houve um período em que liberais e conservadores governaram juntos: durante a vigência do chamado Gabinete da Conciliação (1853-1861), instalado após a Revolução Praieira, movimento que estudaremos a seguir.
Revolução Praieira (1848-1850)
Em meados do século dezenove, a produção de açúcar era a principal atividade econômica na província de Pernambuco. A maioria dos engenhos pertencia a poucas famílias, entre as quais a dos Cavalcanti.
Outra atividade importante era o comércio varejista, que estava nas mãos de portugueses. Em geral, eles ofereciam trabalho em suas lojas somente a imigrantes portugueses, negando empregos a brasileiros.
Além dos produtores de açúcar e dos grandes comerciantes, havia um grupo numeroso de profissionais liberais (pequenos comerciantes, jornalistas, artesãos, padres e militares). Esse grupo enfrentava dificuldades econômicas em razão da concentração de riquezas nas mãos de poucos na província.
Os praieiros
Alguns liberais reunidos no Partido da Praia tinham planos para diminuir as desigualdades sociais existentes em Pernambuco. Eles publicavam suas ideias no Diário Novo, jornal com séde na Rua da Praia, em Recife. Por isso eram chamados de praieiros. Os dois principais líderes praieiros eram o militar Pedro Ivo e o jornalista republicano Antônio Borges da Fonseca.
Os praieiros se revoltaram contra o império em 1848, quando dom Pedro segundo nomeou um político conservador para governar Pernambuco. Insatisfeitos, divulgaram o Manifesto ao Mundo, no qual reivindicavam:
- o voto livre e universal para todos os brasileiros;
- a plena liberdade de imprensa;
- garantias de trabalho para os cidadãos brasileiros;
- a extinção do Poder Moderador (exclusivo da monarquia);
- que o comércio varejista fosse feito só por brasileiros (os portugueses seriam proibidos de exercer essa atividade).
O manifesto, no entanto, nada dizia sobre a escravidão.
Para combater os praieiros, o governo imperial enviou tropas à província de Pernambuco e derrotou os revoltosos em 1850. Os líderes do movimento foram condenados à prisão perpétua, mas receberam anistia em 1851.
Transformações na sociedade
Durante a segunda metade do século dezenove, o Brasil passou por outras transformações, além da política. Essas mudanças estavam relacionadas à exportação de café, ao fim do tráfico transatlântico de escravizados e à implantação das primeiras indústrias no país.
Café: o “ouro verde”
O cultivo do café foi introduzido no Brasil nas primeiras décadas do século dezoito. Mas sua produção só foi estimulada a partir do século dezenove, quando beber café tornou-se um hábito popular na Europa e nos Estados Unidos.
O clima e o solo de áreas do sudeste brasileiro favoreciam a lavoura cafeeira, estabelecida em grandes propriedades monocultoras que utilizavam mão de obra escravizada e tinham a produção voltada para a exportação.
Aproveitando as condições favoráveis do mercado externo, o Brasil tornou-se o maior produtor mundial de café. A partir da década de 1830, o café era o principal produto exportado pelo país. Observe o gráfico a seguir.
Brasil: principais produtos agrícolas exportados em porcentagem sobre o valor global das exportações (1831-1900)
A renda obtida com a exportação de café ajudou no bom desempenho da economia. Os cafeicultores das províncias do sudeste tornaram-se influentes na sociedade, ampliando seu poder político e econômico.
O café foi cultivado, sobretudo, na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba. As províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo concentravam os maiores cafezais. A partir de 1870, as fazendas de café expandiram-se para o Oeste Paulista e a Zona da Mata mineira. Nesse processo de expansão, muitas terras indígenas foram invadidas.
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para pensar
Em sua casa, as pessoas têm o hábito de beber café? Em que situações? Esse hábito pode ser relacionado ao fato de o Brasil ser um grande produtor de café há séculos?
PAINEL
Museu do Café
Para divulgar a importância do café na história do Brasil, foi criado o Museu do Café na cidade de Santos, no estado de São Paulo. A seguir, observe alguns detalhes do prédio do museu e conheça um pouco mais sobre essa bebida que faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros.
HISTÓRIA DO EDIFÍCIO
O luxuoso palácio em estilo ecléticoglossário foi construído em 1922 para ser a Bolsa Oficial do Café. Nesse local, o café era classificado e negociado antes de ser exportado. Em 1986, a Bolsa encerrou suas atividades e o edifício foi desocupado. Posteriormente, o prédio passou por um processo de restauração e, em 1998, foi reinaugurado como Museu do Café. Esse museu reúne exposições permanentes e temporárias sobre a história do café no Brasil, obras de arte, objetos de época, entre outras atrações.
SALÃO DO PREGÃO
No salão do pregão, ocorria a principal atividade da Bolsa. Ali os corretores oficiais negociavam o valor das sacas de café. Na imagem, podemos observar a sofisticação do palácio que foi construído com materiais de alta qualidade: madeiras brasileiras, mármores italianos e luminárias francesas.
Fim do tráfico de escravizados
Em 1831, pela primeira vez, o comércio de escravizados através do Atlântico para o Brasil foi proibido por lei. No entanto, essa lei foi desobedecida pelos traficantes escravistas, e milhares de africanos continuaram sendo trazidos ilegalmente e escravizados no campo e nas cidades do país. Apenas em 1850, entrou em vigor a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu efetivamente o tráfico de escravizados para o Brasil.
O dinheiro que era investido no tráfico de escravizados passou a ser usado em outros setores da economia. Parte dele financiou, por exemplo, a vinda de imigrantes, a instalação de indústrias e a construção das primeiras ferrovias no Brasil.
A partir da Lei Eusébio de Queirós, aumentou o tráfico interno de escravizados. Os senhores das províncias do sul e do nordeste venderam milhares de cativos para os fazendeiros do centro-sul, onde as plantações de café precisavam de mão de obra. Assim, o preço dos escravizados praticamente duplicou.
Até a extinção do tráfico, os escravizados eram cêrca de 33% da população brasileira. Em 1850, eles constituíam quase a metade dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro. Vinte anos depois, a participação deles na população dessa cidade diminuiu para menos de 20%.
Primeiros imigrantes
Após a proibição do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas, os cafeicultores optaram por contratar a mão de obra de imigrantes europeus para o trabalho na lavoura. Ao mesmo tempo, também por preconceitos raciais, não queriam empregar trabalhadores negros livres ou libertos e ter que pagar salários a eles.
O primeiro fazendeiro a trazer imigrantes europeus para o trabalho na cafeicultura foi o senador paulista Nicolau de Campos Vergueiro. Nas décadas de 1840 e 1850, portugueses, alemães, suíços e belgas chegaram ao país. Eles foram levados à Fazenda Ibicaba, no interior de São Paulo (atual município de Cordeirópolis), que pertencia ao senador Vergueiro. Mesmo com a contratação de imigrantes, ainda havia milhares de negros escravizados trabalhando nas fazendas de café.
Sistema de parceria
Os imigrantes eram contratados por meio do sistema de parceria. Nesse sistema, os trabalhadores davam uma parte da colheita ao dono das terras e ficavam com a outra parte, que geralmente era vendida para o próprio fazendeiro.
Pelo sistema de parceria, a maioria dos imigrantes já chegava às fazendas com dívidas. Primeiro, deviam os custos da viagem (a passagem de navio da Europa ao Brasil e a passagem do trem até as fazendas). Depois, acumulavam despesas com alimentação e ferramentas de trabalho. Além disso, tinham de pagar aluguel das casas onde moravam. Essa política de imigração representava uma espécie de “escravidão por dívidas”.
Como eram bastante explorados pelos fazendeiros, os imigrantes frequentemente se revoltavam. Assim, o sistema de parceria fracassou.
Sistema de colonato
A partir da década de 1870, os imigrantes passaram a trabalhar pelo sistema de colonato.
As famílias dos colonos viviam em casas que pertenciam ao fazendeiro e deviam cuidar de certo número de pés de café. O colono recebia um salário fixo para cuidar do plantio e outra remuneração que variava conforme a colheita. Para se manter, o colono podia plantar legumes e verduras e vender o excedente.
Com o novo sistema, a imigração ganhou fôrça. Ao longo do século dezenove, chegaram mais de 400 mil imigrantes ao Brasil. Eram portugueses, italianos, espanhóis e alemães, entre outras nacionalidades.
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para pensar
Você conhece alguém que descende dos imigrantes que vieram trabalhar no Brasil entre o final do século dezenove e o começo do século vinte? Pergunte aos colegas e familiares.
dica Internet
Museu da Imigração do Estado de São Paulo
Disponível em: https://oeds.link/EzmN8b. Acesso em: 9 março. 2022.
A página virtual do museu reúne diversas reportagens sobre o tema imigração e permite o acesso a um amplo conjunto de documentos e fotografias que compõem o acervo da instituição.
Instalação de indústrias
A instalação de indústrias no Brasil foi estimulada por uma série de condições. Entre elas, destacam-se:
- os investimentos feitos pelos produtores de café;
- a Tarifa Alves Branco (1844), que aumentava o preço dos produtos importados, levando os consumidores a procurar mercadorias nacionais.
Na década de 1880, o país contava com 600 indústrias, concentradas no sudeste, onde trabalhavam quase 55 mil operários nos setores têxtil, alimentício, metalúrgico, de móveis e de vestuário. No entanto, as atividades econômicas mais importantes no país ainda eram aquelas ligadas à agricultura de exportação.
Em áreas como a Amazônia e o nordeste e em províncias como Mato Grosso e Goiás, a agricultura, o extrativismo vegetal e a criação de gado eram as principais atividades econômicas.
Lei de Terras
No ano em que o comércio internacional de escravizados foi extinto (1850), também foi aprovada no Brasil a Lei de Terras. Com essa lei, ficou estabelecido que, para adquirir uma propriedade, era preciso comprá-la do Estado ou de um particular. Esse ato jurídico gerava uma escritura de compra que seria assinada nos cartórios de registro de imóveis.
Além da compra, era possível adquirir propriedades por meio da posse prolongada, chamada usucapião. Pelo usucapião, aquele que comprovasse a posse de um terreno há dez anos ou mais poderia adquirir a propriedade. A partir dessa lei, a terra passou a ser comprada e vendida por preços mais elevados. Na prática, as famílias pobres não tinham dinheiro para contratar advogados e provar sua posse pelo usucapião, ainda que várias gerações vivessem no mesmo lugar.
Em consequência, a Lei de Terras preservou e permitiu ampliar o patrimônio dos fazendeiros, impedindo que grupos mais pobres se tornassem proprietários rurais. Isso aconteceu no momento em que ocorria no Brasil um aumento do número de trabalhadores livres em comparação com os escravizados.
Além disso, os imigrantes que chegavam ao país tinham dificuldade para comprar terras. Por isso, trabalhavam como assalariados nas fazendas. Os libertos e suas famílias enfrentavam problemas semelhantes, com o agravante de terem menos possibilidades de conseguir trabalho assalariado.
Os povos originários
Durante todo o império, houve grandes polêmicas em relação às populações indígenas que viviam no território brasileiro. Uns defendiam que elas deveriam ser “civilizadas”, o que significava “integrá-las” à ordem estabelecida. Outros, mais radicais, pregavam o extermínio dos nativos em caso de resistência.
A primeira Constituição brasileira, de 1824, não fez nenhuma menção aos povos originários. Mas, em 1831, foram revogadas as leis que autorizavam as chamadas “guerras justas”. Durante as regências, o Ato Adicional de 1834 determinou que as províncias criassem estabelecimentos para catequizar e “civilizar” os indígenas.
Durante o Segundo Reinado, o decreto de 1845 instituiu que, em todas as províncias, haveria um Diretor-Geral de Índios nomeado pelo imperador. Além disso, em todas as aldeias também haveria um Diretor Local, que seria indicado pelo Diretor-Geral da Província. As funções desses diretores incluíam administrar as relações de trabalho entre nativos e brancos, servir como representantes dos povos originários, defender as reservas indígenas etcétera. No entanto, esses objetivos não foram cumpridos de modo efetivo.
Nessa época, as terras dos indígenas tornaram-se mais cobiçadas do que a exploração de sua mão de obra. Nesse contexto, a Lei de Terras veio regular a questão da propriedade.
A lei exigia que todos, inclusive os povos originários, provassem o direito de propriedade sobre as áreas onde viviam. Como os indígenas nunca foram aos cartórios legalizar a posse ou a propriedade das terras que lhes pertenciam, a lei os prejudicou ainda mais.
Apenas um artigo da Lei de Terras afirmava o direito dos indígenas ao território de suas aldeias. Mas ele não foi cumprido, e o processo de invasão e expropriação das terras indígenas avançou violentamente.
O imaginário de nação
No século dezenove, o governo e uma geração de intelectuais ajudaram a construir a identidade e o imaginárioglossário nacional. Historiadores, escritores, pintores, militares, músicos, professores, médicos e sacerdotes participaram dessa construção nacionalista. Para consolidar o Brasil como uma nação, era necessário que os brasileiros se reconhecessem como membros de uma sociedade unida por laços culturais.
No plano artístico, a construção do imaginário nacional se expressou, sobretudo, pelo Romantismo. Esse movimento envolveu a literatura, a música, a pintura, a escultura etcétera. Entre as características do Romantismo, podemos destacar:
- nacionalismo – valorização das culturas populares e eruditas do país, das belas paisagens geográficas, da história e de seus heróis;
- liberdade de expressão – valorização da originalidade dos artistas, da imaginação criativa, da personalidade individual, dos sonhos e dos ideais.
Na literatura, os autores ligados ao Romantismo exaltavam, entre outros aspectos, a natureza exuberante e os indígenas como símbolos da nação. Apesar de serem exaltados nas artes, os povos originários continuaram excluídos da sociedade nacional no século dezenove. Além disso, a imagem romântica idealizada sobre eles ajudou a consolidar preconceitos e estereótipos que repercutem até os dias atuais.
Artistas românticos
No século dezenove, entre os autores românticos brasileiros, destacaram-se escritores e poetas como o maranhense Gonçalves Dias, o paulista Álvares de Azevedo, o baiano Castro Alves e o cearense José de Alencar. Este último escreveu três romances importantes com temáticas indianistas: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). Os três romances retratam os povos originários como heróis e representantes da identidade nacional brasileira.
Os romances de José de Alencar serviram de inspiração para músicos como o compositor Carlos Gomes, autor da ópera O Guarani, que estreou no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1870, em homenagem ao aniversário do imperador. Uma obra de José de Alencar também inspirou a pintura Iracema (1881), de José Maria de Medeiros, que retrata a protagonista do romance como uma mulher indígena bela e serena.
dica internet
Portal Domínio Público
Disponível em: https://oeds.link/Z6l1xI. Acesso em: 9 março. 2022.
O portal permite o acesso ao texto integral de obras literárias escritas por autores do período imperial, como Raul Pompeia, Artur de Azevedo, José de Alencar e Machado de Assis.
Artes plásticas
Nas artes plásticas, os românticos brasileiros buscavam inspiração no trabalho dos europeus e produziam obras com temas nacionais, como a natureza, os indígenas e os fatos históricos do país. Entre os pintores, destacaram-se o catarinense Vítor Meirelles, o paraibano Pedro Américo, o carioca Estêvão Roberto da Silva e o italiano, mas que vivia no Brasil, Eliseu Visconti.
Vítor Meirelles foi um artista protegido pelo imperador dom Pedro segundo. Ele se destacou, por exemplo, pela obra A primeira missa do Brasil (1860). Esse quadro representa o nascimento do país como um momento de união e de fé.
Estêvão Roberto da Silva era negro, livre e filho de pais africanos. Na década de 1880, ele passou a trabalhar como professor no Rio de Janeiro, atuando no Liceu de Artes e Ofícios da Academia Imperial. Mas sua obra ainda é pouco conhecida pela maioria dos brasileiros.
integrar com Arte
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Você já ouviu falar em algum dos artistas românticos citados no texto? Comente.
Cultura popular
O Romantismo brasileiro exaltava os valores da cultura popular, mas os distorcia em função dos ideais românticos. Ao longo do século dezenove, a cultura popular continuou vibrante nas festas, na produção de alimentos, no artesanato, nas danças, nas trovas poéticas e nos lundus, choros e maxixes. Ela marcou profundamente a identidade do país, mas ficava à margem dos salões frequentados pelas elites, que se consideravam “a boa sociedade”.
A capoeira é um exemplo de manifestação da cultura popular que envolve brincadeira, dança e luta. Foi desenvolvida há mais de 200 anos por pessoas de origem africana, escravizados e libertos, em cidades como Salvador, Recife e Rio de Janeiro.
No século dezenove, o governo considerava as rodas de capoeira uma ameaça à ordem pública e os capoeiristas eram tratados como desordeiros. No entanto, para muitos escravizados e libertos, a capoeira era uma fórma de superar as dificuldades do dia a dia. Por meio dessa prática, eles criavam laços de solidariedade e enfrentavam as violências do regime escravista.
Durante o império e no início da república, essa manifestação cultural sofreu repressão das autoridades, até ser enquadrada como crime em 1890. Porém, a capoeira resistiu e foi reconhecida como esporte a partir de 1930.
A capoeira tornou-se um dos símbolos da identidade brasileira e atualmente conta com aproximadamente 10 milhões de praticantes em vários países do mundo. Desde 2014, ela é considerada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( unêsco).
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para pensar
Você já viu ou participou de uma roda de capoeira? Onde? Converse sobre o assunto com os colegas.
Versão adaptada acessível
Você já participou ou conhece alguém que já participou de uma roda de capoeira? Onde? Converse sobre o assunto com os colegas.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
1. Explique quem eram os praieiros, o que eles combatiam e quais eram os principais objetivos da Revolta Praieira.
integrar com Matemática
- Observe o gráfico da página 167 e, em seguida, faça uma tabela de dupla entrada em seu caderno usando as informações e o título do gráfico. O gráfico e a tabela mostram o percentual que cada produto representa no valor econômico total das exportações brasileiras. Para construir a tabela, siga as orientações a seguir.
- Atribua um título à tabela, que deve corresponder ao título do gráfico.
- A tabela deve ter seis colunas e oito linhas. Na primeira linha e coluna, à esquerda, escreva a palavra “Período” e copie as datas que aparecem no gráfico nas linhas correspondentes abaixo.
- À direita da primeira coluna, faça uma coluna com o nome de cada produto agrícola exportado e complete seu quadro com as porcentagens apresentadas no gráfico.
- Analisando sua tabela, responda às questões a seguir.
- Além do café, quais eram os principais produtos agrícolas exportados pelo Brasil no século dezenove?
- Em qual período o café representou mais de metade das exportações de produtos agrícolas brasileiros?
- Como era feita a distribuição de terras durante o período colonial e parte do império? Que mudanças a Lei de Terras (1850) trouxe e o que isso acabou garantindo em relação à distribuição de terras?
integrar com Língua Portuguesa
4. A seguir, leia trechos do romance Iracema, de José de Alencar. Depois, escreva no caderno a alternativa que apresenta características dessa obra.
“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúnaglossário , e mais longos que seu talheglossário de palmeira. reticências
reticências a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeavaglossário sua guerreira tribo, da grande nação tabajaraglossário .”
ALENCAR, J. Iracema. Brasília: Ministério da Cultura/Fundação Biblioteca Nacional. página. 5. Disponível em: https://oeds.link/rgf0Je. Acesso em: 9 março. 2022.
- O desprezo pelas paisagens regionais.
- A exaltação dos indígenas e das paisagens naturais.
- A exaltação do progresso e da vida em sociedade.
- O desencanto pelas questões nacionais.
- Com base no conteúdo deste capítulo, elabore textos relacionando as seguintes palavras:
- dom Pedro segundo, políticos liberais e políticos conservadores;
- escravidão, cafeicultura e imigração.
Interpretar texto e imagem
6. Leia as seguintes trovas populares, elaboradas durante o início do reinado de dom Pedro segundo.
“ reticências Por subir Pedrinho ao trono
Não fique o povo contente;
Não pode ser boa coisa,
Servindo com a mesma gente. reticências
Quem põe governança
Na mão de criança,
No papo de onça ” reticências
POESIA popular. Crônica da cidade. Dom Pedro segundo através do folclore. Jornal do Comércio. 3. setembro 1958. Recife, Pernambuco.
Em sua interpretação, essas estrofes criticam ou elogiam o início do reinado de dom Pedro segundo? Explique.
7. O estadunidense Rêrbert Ismíf fez várias viagens ao Brasil na década de 1870 e publicou um livro em 1879, contando suas impressões sobre o país. A seguir, leia um relato extraído dessa obra, sobre o trabalho escravo em uma fazenda de café.
“Os negros são sujeitos a uma fiscalização rígida e o trabalho é regulado como uma máquina. Às quatro horas da madrugada todos os escravos são reunidos a fim de entoarem rezas, depois do que se põem em fila para irem trabalhar. Às seis horas dão-lhes café; às nove horas almoçam carne- sêca, farinha de mandioca, feijão e broa de milho; ao meio-dia, tomam uma pequena porção de aguardente; às quatro horas jantam, precisamente como ao almoço e, como este, é servido ao ar livre, com a menor interrupção possível do trabalho. Às sete horas, os negros cansados retornam em filas para os barracões, ao som de uma corneta reticências depois disso, entregam-se a trabalhos caseiros ou nas máquinas até às nove horas; os homens e mulheres são, então, fechados à chave reticências onde deixam-nos dormir durante sete horas, a fim de que se restaurem para o trabalho no dia seguinte . reticências
Aos domingos há um feriado nominal, pois não dura mais de três ou quatro horas .” reticências
SMITH, Herbert H. Uma fazenda de café no tempo do império. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1941. página 15. Disponível em: https://oeds.link/tigdNq. Acesso em: 9 março. 2022.
- Que trechos do documento indicam uma fiscalização rígida?
- Por que as refeições dos escravizados eram servidas ao ar livre?
Glossário
- Estilo eclético
- : no contexto, refere-se à mistura de estilos arquitetônicos em uma construção.
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- Imaginário
- : no contexto, refere-se ao conjunto de símbolos, mitos e ideias de um povo em determinada época.
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- Graúna
- : ave de plumagem e bico pretos.
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- Talhe
- : aspecto, fórma.
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- Campear
- : procurar animais no campo.
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- Tabajara
- : povo indígena Tupi que habitava a região entre os rios Paraíba do Norte e São Francisco, especialmente áreas dos atuais estados do Ceará e da Paraíba.
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