UNIDADE 3 BRASIL IMPÉRIO

CAPÍTULO 8 SEGUNDO REINADO

Durante o Segundo Reinado (1840-1889), o regime monárquico se consolidou no Brasil e o parlamentarismo foi adotado como sistema de governo. O café liderou as exportações, e o tráfico internacional de escravizados foi proibido. Houve um esforço para construir a identidade nacional.

Nessa época, cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belém e São Paulo foram modernizadas com a instalação de iluminação pública e a implantação de bondes e ferrovias.

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Em sua opinião, quais são os símbolos da identidade nacional brasileira na atualidade? Pense em pessoas, obras de arte, construções e compartilhe suas conclusões com os colegas.

Fotografia. Fachada de uma construção com dois andares, diversas janelas, paredes de coloração rósea, detalhes na cor branca. Possui colunas brancas e janelas brancas em arcos, no andar térreo; no andar superior, as  janelas são retangulares, na cor branca,  sem arcos. Ligado à fachada do térreo, um pórtico com seis arcos e um terraço com tonalidade marrom, sem pintura. À frente do edifício, jardins com arbustos e pequenas árvores
Fachada do Museu Imperial, localizado em Petrópolis, Rio de Janeiro. Fotografia de 2018. O museu foi instalado no antigo Palácio Imperial, residência de verão do imperador dom Pedro segundo, construído entre 1845 e 1862.
Fotografia. Colheita manual do café. No primeiro plano, galho de um cafezal repleto de grãos vermelhos de café. No segundo plano, uma mulher vestindo uma camiseta branca e uma jaqueta azul, um boné marrom sobre a cabeça e uma máscara de proteção à frente de seu nariz e boca, está tocando com as mãos as folhas e os grãos de café.
Trabalhadora rural colhendo grãos de café em Tomazina, Paraná. Fotografia de 2021. Durante o Segundo Reinado, o Brasil se tornou o maior produtor mundial de café, utilizando, sobretudo, mão de obra escravizada nas lavouras.
Pintura. Dezenas de pessoas, crianças, homens e mulheres, amontoados em um porto, com malas e baús, nas margens de águas com diversas embarcações à vela e vapor.
Os emigrantes, pintura do italiano Ândiolo Tomási, 1896. O incentivo à vinda de imigrantes europeus para o Brasil no século dezenove marcou a política do Segundo Reinado.

O novo imperador

O Segundo Reinado durou quase 50 anos. Foi um longo período da história da política brasileira que teve início quando Pedro de Alcântara tornou-se imperador, aos 15 anos de idade, após a antecipação de sua maioridade.

O novo imperador, coroado festivamente como dom Pedro segundo, tornou-se símbolo de um Estado centralizado e estável. Em torno do imperador, as elites do país queriam reunir fôrças capazes de conter as rebeliões provinciais e construir a unidade nacional do Brasil. A festa da coroação encenava uma espécie de recomeço do império.

Pintura. Em um salão da Capela Imperial, no centro da imagem, está dom Pedro segundo,  então, com quinze anos de idade. Ele está vestindo seu traje majestático: meia-calça branca, uma espécie de casaco até o joelho, com ramos de carvalho bordado a ouro, um longo manto de veludo verde forrado com seda amarela, por cima, uma capa curta que cobre os ombros e parte das costas e dos braços, e coroa dourada. Ele está ajoelhado sobre uma almofada. Ao seu lado direito, em pé, representado com os braços esticados e com as mãos próximas à cabeça de dom Pedro segundo, um arcebispo vestido com trajes eclesiásticos litúrgicos. Formando um semicírculo, em volta desses personagens centrais, estão diversos homens, bispos, civis e militares, com trajes de gala, paramentados de acordo com os papéis que exerciam na sociedade. No segundo plano, na tribuna, diversas mulheres,  vestidas à rigor observam a cena. Ao redor desses dois focos principais, diversas pessoas, entre homens e mulheres, vestindo traje de gala, acompanham o ato solene.
Sagração e coroação de dom Pedro segundo em 18 de julho de 1841, pintura de françuá renê morrô, 1842. Exibido no Paço Real até a proclamação da república, o quadro está hoje no acervo do Museu Imperial, em Petrópolis, Rio de Janeiro.

Disputas políticas

Apesar das pretensões de unidade, as disputas políticas entre dois partidos marcaram o Segundo Reinado:

  • Partido Conservador – surgiu da aliança entre os antigos restauradores e os liberais moderados;
  • Partido Liberal – herdeiro dos que queriam a abdicação de dom Pedro primeiro. Alguns liberais estiveram envolvidos nas revoltas ocorridas durante a Regência.

Ao assumir o trono, dom Pedro segundo convocou eleições para que novos deputados fossem eleitos e escolheu políticos do Partido Liberal para compor o primeiro ministério de seu reinado, como fórma de recompensar os políticos desse partido, favoráveis à antecipação de sua maioridade.

As eleições foram marcadas por tensão e disputas entre esses dois grupos. Homens contratados pelos liberais invadiram os locais de votação, agredindo eleitores e ameaçando seus adversários. Não por acaso, essas eleições ficaram conhecidas como eleições do cacete.

Os membros do Partido Conservador acusaram os liberais de vencer a disputa por meio de fraude e exigiram a anulação das eleições. Já os liberais queriam manter o resultado, que lhes era favorável. Diante do conflito, o imperador dissolveu a Câmara dos Deputados e convocou novas eleições.

A decisão de dom Pedro segundo desagradou os liberais paulistas e mineiros. Liderados por Diogo Antônio Feijó, em São Paulo, e Teófilo Ottoni, em Minas Gerais, o grupo promoveu a Revolta Liberal, em 1842. O governo imperial, então, enviou tropas para dominar a situação nas regiões de confronto.

A revolta de 1842 faz parte das últimas tentativas dos liberais para impedir o avanço do poder dos conservadores, mas não obteve sucesso. Sob o comando de Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, as tropas do exército imperial sufocaram a revolta, prendendo seus líderes. Eles foram anistiados em 1844, ano em que os liberais voltaram ao poder.

Charge em preto e branco. No centro da imagem, um homem sentado sobre um banquinho, vestindo um paletó e um chapéu, ambos escuros, e ao seu redor, caixas diversas com o texto: 'Cédulas'. Em segundo plano, uma cabana pequena, com uma faixa sobre a fachada, e o texto: 'Bazar eleitoral. (Não se fia)'.
Bazar eleitoral, charge de Ângelo Agostini, publicada no jornal caricato Cabrião, em 1867. “Deus louvado, meu partido é o cobre; voto por aquele que me der mais a ganhar”, esse é o texto que acompanha a charge. Ao comparar as eleições com o comércio, Agostíni denunciou a venda de votos e as fraudes eleitorais durante o Segundo Reinado.

OUTRAS HISTÓRIAS

Liberais e conservadores eram muito diferentes?

“Não há nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder.” Essa frase era comum em conversas políticas do século dezenove.

Liberais e conservadores não tinham grandes diferenças ideológicas. A preocupação de muitos políticos era chegar ao poder, pois isso garantia prestígio e benefícios. Conservadores e liberais usavam os mesmos recursos para ganhar as eleições, concedendo favores aos amigos e aliados e usando a violência contra os indecisos e os adversários.

O Partido Conservador representava os proprietários rurais das lavouras de exportação, os burocratas do serviço público e os grandes comerciantes. Já o Partido Liberal reunia principalmente profissionais liberais urbanos e proprietários rurais que vendiam para o mercado interno ou tinham se instalado em áreas de ocupação mais recente.

Os conservadores defendiam um governo imperial forte e centralizado, enquanto os liberais eram mais favoráveis à descentralização do poder e à autonomia das províncias.

Charge em preto e branco. Dois homens se equilibram respectivamente nos pratos de uma balança. Na base da balança está escrito 'eleição'. No prato da esquerda, sob uma placa gravada com a palavra 'Liberal', há um homem calvo, barba volumosa, vestindo um terno escuro; no prato da direita, sob a placa gravada com a palavra 'Conservador', há um homem de cabelos cacheados e curtos, também vestindo um paletó.
Para onde penderá a balança?, charge de Ângelo Agostinique representa liberais e conservadores, publicada na Revista Ilustrada em 1884.

Responda no caderno

Atividades

  1. Que diferenças ou semelhanças podem ser apontadas nos métodos empregados pelos partidos do período imperial?
  2. E hoje, de que fórma podemos conhecer as diferenças e semelhanças entre os partidos políticos do Brasil? Qual é a relação disso com o exercício da cidadania?

Parlamentarismo no império

Em 1847, durante o Segundo Reinado, o Brasil adotou o parlamentarismo. Nesse sistema de governo, o imperador nomeava o presidente do Conselho de Ministros, que escolhia os membros do ministério responsável pelo governo.

Se o ministério fosse aprovado pela Câmara dos Deputados, ele começava a governar. Caso contrário, o imperador poderia demitir os ministros ou dissolver a Câmara. Se a Câmara fosse dissolvida, novas eleições seriam convocadas. Dessa fórma, dom Pedro segundo exercia o Poder Moderador e podia impor o ministério que julgasse conveniente.

No Segundo Reinado, os conservadores estiveram no poder mais tempo do que os liberais. Mas houve um período em que liberais e conservadores governaram juntos: durante a vigência do chamado Gabinete da Conciliação (1853-1861), instalado após a Revolução Praieira, movimento que estudaremos a seguir.

Revolução Praieira (1848-1850)

Em meados do século dezenove, a produção de açúcar era a principal atividade econômica na província de Pernambuco. A maioria dos engenhos pertencia a poucas famílias, entre as quais a dos Cavalcanti.

Outra atividade importante era o comércio varejista, que estava nas mãos de portugueses. Em geral, eles ofereciam trabalho em suas lojas somente a imigrantes portugueses, negando empregos a brasileiros.

Além dos produtores de açúcar e dos grandes comerciantes, havia um grupo numeroso de profissionais liberais (pequenos comerciantes, jornalistas, artesãos, padres e militares). Esse grupo enfrentava dificuldades econômicas em razão da concentração de riquezas nas mãos de poucos na província.

Gravura. Pátio repleto de pessoas e alguns animais, como cachorros e cavalos. À direita, pequenas barracas com lonas de tecido. Há algumas pessoas com produtos, como frutas e vegetais sob guarda-sóis. Em segundo plano, uma construção com fachada branca, telhado triangular, e janelas distribuídas de forma simétrica.
Vista do Pátio da Penha (Mercado de Verduras), gravura de Frans Ráinríchi Cais, 1863-1865. A imagem representa a venda de produtos em uma das regiões de Recife, Pernambuco. Nota-se na imagem a presença de pequenos comerciantes e escravizados.

Os praieiros

Alguns liberais reunidos no Partido da Praia tinham planos para diminuir as desigualdades sociais existentes em Pernambuco. Eles publicavam suas ideias no Diário Novo, jornal com séde na Rua da Praia, em Recife. Por isso eram chamados de praieiros. Os dois principais líderes praieiros eram o militar Pedro Ivo e o jornalista republicano Antônio Borges da Fonseca.

Os praieiros se revoltaram contra o império em 1848, quando dom Pedro segundo nomeou um político conservador para governar Pernambuco. Insatisfeitos, divulgaram o Manifesto ao Mundo, no qual reivindicavam:

  • o voto livre e universal para todos os brasileiros;
  • a plena liberdade de imprensa;
  • garantias de trabalho para os cidadãos brasileiros;
  • a extinção do Poder Moderador (exclusivo da monarquia);
  • que o comércio varejista fosse feito só por brasileiros (os portugueses seriam proibidos de exercer essa atividade).

O manifesto, no entanto, nada dizia sobre a escravidão.

Para combater os praieiros, o governo imperial enviou tropas à província de Pernambuco e derrotou os revoltosos em 1850. Os líderes do movimento foram condenados à prisão perpétua, mas receberam anistia em 1851.

Fotografia. Recorte de anúncio de jornal com o título: 'Escravos fugidos', e texto abaixo.
Anúncio de fugas de escravizados no jornal Diário Novo, em 30 de dezembro de 1848. A escravidão não era uma questão que preocupasse os praieiros. Em plena revolta, o jornal continuava a publicar esses anúncios.
Fotografia. Vista de uma rua de paralelepípedos, cercada pelas laterais com casas em estilo colonial de dois ou mais andares, com fachadas de paredes coloridas, como verde, laranja, amarelo e azul. Pela rua, pedestres e automóveis.
Rua da Praia, em Recife, Pernambuco. Fotografia de 2022. A rua onde se situava a redação do Diário Novo no século dezenove é hoje um local de comércio popular no centro da cidade.

Transformações na sociedade

Durante a segunda metade do século dezenove, o Brasil passou por outras transformações, além da política. Essas mudanças estavam relacionadas à exportação de café, ao fim do tráfico transatlântico de escravizados e à implantação das primeiras indústrias no país.

Café: o “ouro verde”

O cultivo do café foi introduzido no Brasil nas primeiras décadas do século dezoito. Mas sua produção só foi estimulada a partir do século dezenove, quando beber café tornou-se um hábito popular na Europa e nos Estados Unidos.

O clima e o solo de áreas do sudeste brasileiro favoreciam a lavoura cafeeira, estabelecida em grandes propriedades monocultoras que utilizavam mão de obra escravizada e tinham a produção voltada para a exportação.

Aproveitando as condições favoráveis do mercado externo, o Brasil tornou-se o maior produtor mundial de café. A partir da década de 1830, o café era o principal produto exportado pelo país. Observe o gráfico a seguir.

Brasil: principais produtos agrícolas exportados em porcentagem sobre o valor global das exportações (1831-1900)

Gráfico de barras. Brasil: principais produtos agrícolas exportados em porcentagem sobre o valor global das exportações (1831-1900). 
Linha vertical indica números de 0 a 80. Linha horizontal indica período. Em laranja, café, em verde, açúcar, em azul, algodão, em vermelho, fumo, em amarelo, cacau. 1831-1840: café: 43,8; açúcar: 24,0; algodão: 10,8; fumo: 1,9; cacau: 0,6. 1841-1850: café: 41,4; açúcar: 26,7; algodão: 7,5; fumo: 1,8; cacau: 1,0. 1851-1860: café: 48,8; açúcar: 21,2; algodão: 6,2; fumo: 2,6; cacau: 1,0. 1861-1870: café: 45,5; açúcar: 12,3; algodão: 18,3; fumo: 3,0; cacau: 0,9. 1871-1880: café: 56,6; açúcar: 11,8; algodão: 9,5; fumo: 3,4; cacau: 1,2. 1881-1890: café: 61,5; açúcar: 9,9; algodão: 4,2; fumo: 2,7; cacau: 1,6. 1891-1900: café: 64,5; açúcar: 6,0; algodão: 2,7; fumo: 2,2; cacau: 1,5.
Fonte: í bê gê É. Anuário Estatístico do Brasil: 1939-1940. Rio de Janeiro: í bê gê É, 1940.

A renda obtida com a exportação de café ajudou no bom desempenho da economia. Os cafeicultores das províncias do sudeste tornaram-se influentes na sociedade, ampliando seu poder político e econômico.

O café foi cultivado, sobretudo, na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba. As províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo concentravam os maiores cafezais. A partir de 1870, as fazendas de café expandiram-se para o Oeste Paulista e a Zona da Mata mineira. Nesse processo de expansão, muitas terras indígenas foram invadidas.

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Em sua casa, as pessoas têm o hábito de beber café? Em que situações? Esse hábito pode ser relacionado ao fato de o Brasil ser um grande produtor de café há séculos?

PAINEL

Museu do Café

Para divulgar a importância do café na história do Brasil, foi criado o Museu do Café na cidade de Santos, no estado de São Paulo. A seguir, observe alguns detalhes do prédio do museu e conheça um pouco mais sobre essa bebida que faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros.

Fotografia. Fachada de um edifício com três andares, e uma torre central, redonda, com uma entrada com colunas. Várias janelas retangulares com vitrais distribuídas pelas paredes de forma homogênea.
Vista da fachada do Museu do Café, no centro histórico da cidade de Santos, São Paulo. Fotografia de 2018.

HISTÓRIA DO EDIFÍCIO

O luxuoso palácio em estilo ecléticoglossário foi construído em 1922 para ser a Bolsa Oficial do Café. Nesse local, o café era classificado e negociado antes de ser exportado. Em 1986, a Bolsa encerrou suas atividades e o edifício foi desocupado. Posteriormente, o prédio passou por um processo de restauração e, em 1998, foi reinaugurado como Museu do Café. Esse museu reúne exposições permanentes e temporárias sobre a história do café no Brasil, obras de arte, objetos de época, entre outras atrações.

Fotografia. Um amplo salão, com teto em cúpula, contendo vitrais coloridos, e pelas paredes, entre colunas que terminam em arcos, pinturas e quadros expostos. No meio do salão, pessoas em pé agrupadas.
Visitantes no antigo salão do pregão da Bolsa Oficial do Café, hoje museu dedicado ao tema, em Santos, São Paulo. Fotografia de 2019. No teto, um dos primeiros vitrais com temática brasileira, elaborado por meio de desenho e orientação do artista Benedito Calixto.

SALÃO DO PREGÃO

No salão do pregão, ocorria a principal atividade da Bolsa. Ali os corretores oficiais negociavam o valor das sacas de café. Na imagem, podemos observar a sofisticação do palácio que foi construído com materiais de alta qualidade: madeiras brasileiras, mármores italianos e luminárias francesas.

Fim do tráfico de escravizados

Em 1831, pela primeira vez, o comércio de escravizados através do Atlântico para o Brasil foi proibido por lei. No entanto, essa lei foi desobedecida pelos traficantes escravistas, e milhares de africanos continuaram sendo trazidos ilegalmente e escravizados no campo e nas cidades do país. Apenas em 1850, entrou em vigor a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu efetivamente o tráfico de escravizados para o Brasil.

O dinheiro que era investido no tráfico de escravizados passou a ser usado em outros setores da economia. Parte dele financiou, por exemplo, a vinda de imigrantes, a instalação de indústrias e a construção das primeiras ferrovias no Brasil.

A partir da Lei Eusébio de Queirós, aumentou o tráfico interno de escravizados. Os senhores das províncias do sul e do nordeste venderam milhares de cativos para os fazendeiros do centro-sul, onde as plantações de café precisavam de mão de obra. Assim, o preço dos escravizados praticamente duplicou.

Até a extinção do tráfico, os escravizados eram cêrca de 33% da população brasileira. Em 1850, eles constituíam quase a metade dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro. Vinte anos depois, a participação deles na população dessa cidade diminuiu para menos de 20%.

Pintura. Pequena embarcação à vela em águas movimentadas, abarrotada de homens e mulheres sentados muito próximos uns aos outros, em sua maioria, com o peito desnudo. Na extremidade direita, um homem em pé, vestindo um paletó e um chapéu, bradando um chicote para os demais. À extremidade esquerda, a vela ao vento. Em segundo plano, montanhas e um navio sobre as águas.
Ilha de Santana, desembarque de escravos, pintura de pôl árôu rérin, cêrca de 1840. A obra denuncia o contrabando que continuou a existir após a lei que proibiu o tráfico de africanos em 1831.

Primeiros imigrantes

Após a proibição do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas, os cafeicultores optaram por contratar a mão de obra de imigrantes europeus para o trabalho na lavoura. Ao mesmo tempo, também por preconceitos raciais, não queriam empregar trabalhadores negros livres ou libertos e ter que pagar salários a eles.

O primeiro fazendeiro a trazer imigrantes europeus para o trabalho na cafeicultura foi o senador paulista Nicolau de Campos Vergueiro. Nas décadas de 1840 e 1850, portugueses, alemães, suíços e belgas chegaram ao país. Eles foram levados à Fazenda Ibicaba, no interior de São Paulo (atual município de Cordeirópolis), que pertencia ao senador Vergueiro. Mesmo com a contratação de imigrantes, ainda havia milhares de negros escravizados trabalhando nas fazendas de café.

Fotografia em preto e branco. Sobre um grande campo, plano e terroso, diversas pessoas distribuídas, algumas portando enxadas. Em segundo plano, cadeias de montanhas pelo horizonte.
Escravizados trabalhando em uma fazenda de café na região do Vale do Paraíba, Rio de Janeiro. Fotografia de Marc Ferrez, cêrca de 1882.

Sistema de parceria

Os imigrantes eram contratados por meio do sistema de parceria. Nesse sistema, os trabalhadores davam uma parte da colheita ao dono das terras e ficavam com a outra parte, que geralmente era vendida para o próprio fazendeiro.

Pelo sistema de parceria, a maioria dos imigrantes já chegava às fazendas com dívidas. Primeiro, deviam os custos da viagem (a passagem de navio da Europa ao Brasil e a passagem do trem até as fazendas). Depois, acumulavam despesas com alimentação e ferramentas de trabalho. Além disso, tinham de pagar aluguel das casas onde moravam. Essa política de imigração representava uma espécie de “escravidão por dívidas”.

Como eram bastante explorados pelos fazendeiros, os imigrantes frequentemente se revoltavam. Assim, o sistema de parceria fracassou.

Fotografia em preto e branco. Diversas pessoas vestindo roupas claras, homens, mulheres e crianças, distribuídos por entre as fileiras de um cafezal. Alguns portam sacolas de pano.
Imigrantes italianos durante colheita de café em uma fazenda no interior de São Paulo. Fotografia de Juan Gutierrez, final do século dezenove. Na imagem, é possível notar que havia homens, mulheres e crianças trabalhando na colheita. Hoje, o trabalho infantil é proibido no Brasil e em vários outros países do mundo.

Sistema de colonato

A partir da década de 1870, os imigrantes passaram a trabalhar pelo sistema de colonato.

As famílias dos colonos viviam em casas que pertenciam ao fazendeiro e deviam cuidar de certo número de pés de café. O colono recebia um salário fixo para cuidar do plantio e outra remuneração que variava conforme a colheita. Para se manter, o colono podia plantar legumes e verduras e vender o excedente.

Com o novo sistema, a imigração ganhou fôrça. Ao longo do século dezenove, chegaram mais de 400 mil imigrantes ao Brasil. Eram portugueses, italianos, espanhóis e alemães, entre outras nacionalidades.

Fotografia. Sob um céu azul,  a fachada de um prédio de dois andares, com colunas formando arcos,  e acesso por várias portas. À frente do prédio, um jardim verdejante, com arbustos e uma escultura em pedra representando uma pessoa.
Fachada do Museu da Imigração do Estado de São Paulo, na cidade de São Paulo. Fotografia de 2021. Em 1887, no prédio onde hoje funciona o museu, foi inaugurada a Hospedaria de Imigrantes, um dos principais locais de abrigo e recepção aos imigrantes que chegavam ao Brasil.
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para pensar

Você conhece alguém que descende dos imigrantes que vieram trabalhar no Brasil entre o final do século dezenove e o começo do século vinte? Pergunte aos colegas e familiares.

Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica Internet

Museu da Imigração do Estado de São Paulo

Disponível em: https://oeds.link/EzmN8b. Acesso em: 9 março. 2022.

A página virtual do museu reúne diversas reportagens sobre o tema imigração e permite o acesso a um amplo conjunto de documentos e fotografias que compõem o acervo da instituição.

Instalação de indústrias

A instalação de indústrias no Brasil foi estimulada por uma série de condições. Entre elas, destacam-se:

  • os investimentos feitos pelos produtores de café;
  • a Tarifa Alves Branco (1844), que aumentava o preço dos produtos importados, levando os consumidores a procurar mercadorias nacionais.

Na década de 1880, o país contava com 600 indústrias, concentradas no sudeste, onde trabalhavam quase 55 mil operários nos setores têxtil, alimentício, metalúrgico, de móveis e de vestuário. No entanto, as atividades econômicas mais importantes no país ainda eram aquelas ligadas à agricultura de exportação.

Em áreas como a Amazônia e o nordeste e em províncias como Mato Grosso e Goiás, a agricultura, o extrativismo vegetal e a criação de gado eram as principais atividades econômicas.

Etiqueta. Estampa contendo o texto no centro: 'Indústria Nacional. Macarrão e Massas para Sopa. De qualquer qualidade. Bahia'. No topo, um brasão com uma estrela e louros; no canto inferior, uma fábrica com chaminés fumegantes. E ao redor, nas laterais, crianças entre flores e folhas.
Etiqueta da Fábrica Progresso, localizada em Salvador, Bahia, do final do século dezenove. Com o passar do tempo, a industrialização foi expandida no país. Na imagem, nota-se a expressão “indústria nacional” aplicada na etiqueta.
Fotografia. Vista frontal das ruínas uma pequena fábrica com paredes de tijolos, dois fornos, duas chaminés ao centro, e um pequeno pátio plano à frente.
Vista da Fábrica de Ferro São João de Ipanema, na atual região do município de Iperó, São Paulo. Fotografia de 2019. Essa fábrica operou durante quase todo o século dezenove com mão de obra de escravizados, negros libertos, imigrantes europeus, indígenas e pessoas pobres em geral.

Lei de Terras

No ano em que o comércio internacional de escravizados foi extinto (1850), também foi aprovada no Brasil a Lei de Terras. Com essa lei, ficou estabelecido que, para adquirir uma propriedade, era preciso comprá-la do Estado ou de um particular. Esse ato jurídico gerava uma escritura de compra que seria assinada nos cartórios de registro de imóveis.

Além da compra, era possível adquirir propriedades por meio da posse prolongada, chamada usucapião. Pelo usucapião, aquele que comprovasse a posse de um terreno há dez anos ou mais poderia adquirir a propriedade. A partir dessa lei, a terra passou a ser comprada e vendida por preços mais elevados. Na prática, as famílias pobres não tinham dinheiro para contratar advogados e provar sua posse pelo usucapião, ainda que várias gerações vivessem no mesmo lugar.

Em consequência, a Lei de Terras preservou e permitiu ampliar o patrimônio dos fazendeiros, impedindo que grupos mais pobres se tornassem proprietários rurais. Isso aconteceu no momento em que ocorria no Brasil um aumento do número de trabalhadores livres em comparação com os escravizados.

Além disso, os imigrantes que chegavam ao país tinham dificuldade para comprar terras. Por isso, trabalhavam como assalariados nas fazendas. Os libertos e suas famílias enfrentavam problemas semelhantes, com o agravante de terem menos possibilidades de conseguir trabalho assalariado.

Fotografia. Pátio com caixas de plástico e chão parcialmente forrado com lona contendo alimentos perecíveis em que é possível identificar abóboras, laranjas, cenouras, mandiocas e bananas.
Distribuição de produtos agrícolas cultivados nos assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (ême ésse tê), em Recife, Pernambuco. Fotografia de 2021. A luta pela posse de terras ainda é uma realidade. Movimentos sociais como o ême ésse tê lutam, entre outros aspectos, pela democratização do acesso às terras no Brasil.

Os povos originários

Durante todo o império, houve grandes polêmicas em relação às populações indígenas que viviam no território brasileiro. Uns defendiam que elas deveriam ser “civilizadas”, o que significava “integrá-las” à ordem estabelecida. Outros, mais radicais, pregavam o extermínio dos nativos em caso de resistência.

A primeira Constituição brasileira, de 1824, não fez nenhuma menção aos povos originários. Mas, em 1831, foram revogadas as leis que autorizavam as chamadas “guerras justas”. Durante as regências, o Ato Adicional de 1834 determinou que as províncias criassem estabelecimentos para catequizar e “civilizar” os indígenas.

Durante o Segundo Reinado, o decreto de 1845 instituiu que, em todas as províncias, haveria um Diretor-Geral de Índios nomeado pelo imperador. Além disso, em todas as aldeias também haveria um Diretor Local, que seria indicado pelo Diretor-Geral da Província. As funções desses diretores incluíam administrar as relações de trabalho entre nativos e brancos, servir como representantes dos povos originários, defender as reservas indígenas etcétera. No entanto, esses objetivos não foram cumpridos de modo efetivo.

Fotografia em preto e branco. Uma cabana feita de folhagens, estacas e barro, em um terreno plano, com alguns arbustos. Ao fundo, árvores e palmeiras.
Indígenas em cabana próxima ao Rio Tarumá, afluente do Rio Negro, Amazonas. Fotografia de Álbert Fríchi, cêrca de 1867.

Nessa época, as terras dos indígenas tornaram-se mais cobiçadas do que a exploração de sua mão de obra. Nesse contexto, a Lei de Terras veio regular a questão da propriedade.

A lei exigia que todos, inclusive os povos originários, provassem o direito de propriedade sobre as áreas onde viviam. Como os indígenas nunca foram aos cartórios legalizar a posse ou a propriedade das terras que lhes pertenciam, a lei os prejudicou ainda mais.

Apenas um artigo da Lei de Terras afirmava o direito dos indígenas ao território de suas aldeias. Mas ele não foi cumprido, e o processo de invasão e expropriação das terras indígenas avançou violentamente.

Fotografia. Mapa antigo da província de São Paulo, com representação topográfica indicando tipos de terrenos, bem como textos no topo.
Mapa da província de São Paulo publicado no Atlas do Império do Brasil, de Cândido Mendes de Almeida, 1868. No oeste da província, região da expansão da lavoura cafeeira, lê-se a inscrição “terrenos ocupados pelos indígenas ferozes”.
Fotografia. Uma multidão de homens e mulheres indígenas, reunidos em uma via pavimentada, vestindo trajes com penas, folhas e utilizando pinturas corporais. Em segundo plano, uma cúpula maior, voltada para cima, seguida de uma cúpula menor, voltada para baixo, caracterizando a arquitetura do Congresso Nacional, ao fundo, a esplanada dos ministérios, formada por diversos prédios retangulares semelhantes entre si.
Manifestação dos povos indígenas em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 2021. A luta indígena pela garantia da posse e demarcação de suas terras persiste no mundo contemporâneo.

O imaginário de nação

No século dezenove, o governo e uma geração de intelectuais ajudaram a construir a identidade e o imaginárioglossário nacional. Historiadores, escritores, pintores, militares, músicos, professores, médicos e sacerdotes participaram dessa construção nacionalista. Para consolidar o Brasil como uma nação, era necessário que os brasileiros se reconhecessem como membros de uma sociedade unida por laços culturais.

No plano artístico, a construção do imaginário nacional se expressou, sobretudo, pelo Romantismo. Esse movimento envolveu a literatura, a música, a pintura, a escultura etcétera. Entre as características do Romantismo, podemos destacar:

  • nacionalismo – valorização das culturas populares e eruditas do país, das belas paisagens geográficas, da história e de seus heróis;
  • liberdade de expressão – valorização da originalidade dos artistas, da imaginação criativa, da personalidade individual, dos sonhos e dos ideais.

Na literatura, os autores ligados ao Romantismo exaltavam, entre outros aspectos, a natureza exuberante e os indígenas como símbolos da nação. Apesar de serem exaltados nas artes, os povos originários continuaram excluídos da sociedade nacional no século dezenove. Além disso, a imagem romântica idealizada sobre eles ajudou a consolidar preconceitos e estereótipos que repercutem até os dias atuais.

Fotografia. Sob um céu azul com nuvens,no centro, uma estátua em praça pública. Destaque para um homem sobre o dorso de um cavalo, em cima de um grande pedestal. Ao redor do pedestal, estátuas de outras pessoas. No perímetro, postes com iluminação em conjunto à uma pequena cerca em volta do monumento. Em segundo plano, árvores de copa verde.
Estátua de dom Pedro primeiro, projetada pelo artista brasileiro João Maquissimiano Mafra e produzida pelos franceses Luí Roché e Oguíst Rodán, inaugurada em 1862, na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2021. Nela, dom Pedro primeiro foi representado montando um cavalo e segurando a Constituição de 1824. Ao redor, quatro indígenas são representados de fórma idealizada. Para os românticos, a figura dos indígenas era associada à pureza e à exuberância da natureza.

Artistas românticos

No século dezenove, entre os autores românticos brasileiros, destacaram-se escritores e poetas como o maranhense Gonçalves Dias, o paulista Álvares de Azevedo, o baiano Castro Alves e o cearense José de Alencar. Este último escreveu três romances importantes com temáticas indianistas: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). Os três romances retratam os povos originários como heróis e representantes da identidade nacional brasileira.

Pintura. Em uma praia, uma mulher indígena, com cabelos escuros, longos e lisos, com o peito desnudo, vestindo penas coloridas atadas a um cinto preso em sua cintura. Ela está em pé, sobre uma faixa de areia branca à margem de águas verdes. Em segundo plano, vegetação densa.
Iracema, pintura de José Maria de Medeiros, 1881.

Os romances de José de Alencar serviram de inspiração para músicos como o compositor Carlos Gomes, autor da ópera O Guarani, que estreou no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1870, em homenagem ao aniversário do imperador. Uma obra de José de Alencar também inspirou a pintura Iracema (1881), de José Maria de Medeiros, que retrata a protagonista do romance como uma mulher indígena bela e serena.

Fotografia. Um homem em um palco, vestindo uma túnica longa, repleta de galhos secos, e um cocar sobre sua cabeça, com penas coloridas. Está em pé, com os braços abertos, os olhos arregalados, a boca aberta.
Encenação da ópera O Guarani, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Fotografia de 2016. Criada por Carlos Gomes, essa ópera foi o primeiro sucesso de uma obra musical brasileira no exterior.
Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

Portal Domínio Público

Disponível em: https://oeds.link/Z6l1xI. Acesso em: 9 março. 2022.

O portal permite o acesso ao texto integral de obras literárias escritas por autores do período imperial, como Raul Pompeia, Artur de Azevedo, José de Alencar e Machado de Assis.

Artes plásticas

Nas artes plásticas, os românticos brasileiros buscavam inspiração no trabalho dos europeus e produziam obras com temas nacionais, como a natureza, os indígenas e os fatos históricos do país. Entre os pintores, destacaram-se o catarinense Vítor Meirelles, o paraibano Pedro Américo, o carioca Estêvão Roberto da Silva e o italiano, mas que vivia no Brasil, Eliseu Visconti.

Vítor Meirelles foi um artista protegido pelo imperador dom Pedro segundo. Ele se destacou, por exemplo, pela obra A primeira missa do Brasil (1860). Esse quadro representa o nascimento do país como um momento de união e de fé.

Estêvão Roberto da Silva era negro, livre e filho de pais africanos. Na década de 1880, ele passou a trabalhar como professor no Rio de Janeiro, atuando no Liceu de Artes e Ofícios da Academia Imperial. Mas sua obra ainda é pouco conhecida pela maioria dos brasileiros.

Retrato em preto e branco. Busto de um homem visto de perfil, com cabelos pretos, crespos, barba no rosto, vestindo um paletó. À esquerda, imagens de árvores e uma prancheta de pintura, com pincéis.
O pranteado artista Estêvão Silva, retrato feito por Antônio Bernardes Pereira Netto, publicado na Revista Ilustrada de novembro de 1891, ano em que o artista faleceu, no Rio de Janeiro.
Pintura. No centro da imagem, frutas sobre um solo terroso, destaque para a melancia aberta. À esquerda, goiabas; à direita, um abacate aberto. Ao fundo, folhas e plantas.
Natureza-morta, pintura de Estêvão Silva, 1884. O artista é considerado um dos mais importantes pintores brasileiros de natureza-morta. Repare nos detalhes das frutas neste óleo sobre tela.

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Cultura popular

O Romantismo brasileiro exaltava os valores da cultura popular, mas os distorcia em função dos ideais românticos. Ao longo do século dezenove, a cultura popular continuou vibrante nas festas, na produção de alimentos, no artesanato, nas danças, nas trovas poéticas e nos lundus, choros e maxixes. Ela marcou profundamente a identidade do país, mas ficava à margem dos salões frequentados pelas elites, que se consideravam “a boa sociedade”.

A capoeira é um exemplo de manifestação da cultura popular que envolve brincadeira, dança e luta. Foi desenvolvida há mais de 200 anos por pessoas de origem africana, escravizados e libertos, em cidades como Salvador, Recife e Rio de Janeiro.

No século dezenove, o governo considerava as rodas de capoeira uma ameaça à ordem pública e os capoeiristas eram tratados como desordeiros. No entanto, para muitos escravizados e libertos, a capoeira era uma fórma de superar as dificuldades do dia a dia. Por meio dessa prática, eles criavam laços de solidariedade e enfrentavam as violências do regime escravista.

Durante o império e no início da república, essa manifestação cultural sofreu repressão das autoridades, até ser enquadrada como crime em 1890. Porém, a capoeira resistiu e foi reconhecida como esporte a partir de 1930.

A capoeira tornou-se um dos símbolos da identidade brasileira e atualmente conta com aproximadamente 10 milhões de praticantes em vários países do mundo. Desde 2014, ela é considerada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco).

Gravura. Grupo de pessoas dispostas em uma roda, sobre um pátio à frente de uma casa com paredes brancas. Alguns deles portam instrumentos musicais, e outros dois estão gingando. Ao redor, homens e mulheres observam a cena.
Jogo de capoeira ou dança de guerra, gravura de iôrrán morits Rugendas, 1835. Essa gravura representa uma roda de capoeira, com pessoas ao redor, batida de palmas, uso de instrumentos musicais e com a ginga corporal dos capoeiristas.
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Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Explique quem eram os praieiros, o que eles combatiam e quais eram os principais objetivos da Revolta Praieira.

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  1. Observe o gráfico da página 167 e, em seguida, faça uma tabela de dupla entrada em seu caderno usando as informações e o título do gráfico. O gráfico e a tabela mostram o percentual que cada produto representa no valor econômico total das exportações brasileiras. Para construir a tabela, siga as orientações a seguir.
    1. Atribua um título à tabela, que deve corresponder ao título do gráfico.
    2. A tabela deve ter seis colunas e oito linhas. Na primeira linha e coluna, à esquerda, escreva a palavra “Período” e copie as datas que aparecem no gráfico nas linhas correspondentes abaixo.
    3. À direita da primeira coluna, faça uma coluna com o nome de cada produto agrícola exportado e complete seu quadro com as porcentagens apresentadas no gráfico.
    4. Analisando sua tabela, responda às questões a seguir.
      • Além do café, quais eram os principais produtos agrícolas exportados pelo Brasil no século dezenove?
      • Em qual período o café representou mais de metade das exportações de produtos agrícolas brasileiros?
  2. Como era feita a distribuição de terras durante o período colonial e parte do império? Que mudanças a Lei de Terras (1850) trouxe e o que isso acabou garantindo em relação à distribuição de terras?

integrar com Língua Portuguesa

4. A seguir, leia trechos do romance Iracema, de José de Alencar. Depois, escreva no caderno a alternativa que apresenta características dessa obra.

“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúnaglossário , e mais longos que seu talheglossário de palmeira. reticências

reticências a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeavaglossário sua guerreira tribo, da grande nação tabajaraglossário .”

ALENCAR, J. Iracema. Brasília: Ministério da Cultura/Fundação Biblioteca Nacional. página. 5. Disponível em: https://oeds.link/rgf0Je. Acesso em: 9 março. 2022.

  1. O desprezo pelas paisagens regionais.
  2. A exaltação dos indígenas e das paisagens naturais.
  3. A exaltação do progresso e da vida em sociedade.
  4. O desencanto pelas questões nacionais.
  1. Com base no conteúdo deste capítulo, elabore textos relacionando as seguintes palavras:
    1. dom Pedro segundo, políticos liberais e políticos conservadores;
    2. escravidão, cafeicultura e imigração.

Interpretar texto e imagem

6. Leia as seguintes trovas populares, elaboradas durante o início do reinado de dom Pedro segundo.

reticências Por subir Pedrinho ao trono

Não fique o povo contente;

Não pode ser boa coisa,

Servindo com a mesma gente. reticências

Quem põe governança

Na mão de criança,

Põe geringonça glossário

No papo de onça reticências

POESIA popular. Crônica da cidade. Dom Pedro segundo através do folclore. Jornal do Comércio. 3. setembro 1958. Recife, Pernambuco.

Em sua interpretação, essas estrofes criticam ou elogiam o início do reinado de dom Pedro segundo? Explique.


7. O estadunidense Rêrbert Ismíf fez várias viagens ao Brasil na década de 1870 e publicou um livro em 1879, contando suas impressões sobre o país. A seguir, leia um relato extraído dessa obra, sobre o trabalho escravo em uma fazenda de café.

“Os negros são sujeitos a uma fiscalização rígida e o trabalho é regulado como uma máquina. Às quatro horas da madrugada todos os escravos são reunidos a fim de entoarem rezas, depois do que se põem em fila para irem trabalhar. Às seis horas dão-lhes café; às nove horas almoçam carne-sêca, farinha de mandioca, feijão e broa de milho; ao meio-dia, tomam uma pequena porção de aguardente; às quatro horas jantam, precisamente como ao almoço e, como este, é servido ao ar livre, com a menor interrupção possível do trabalho. Às sete horas, os negros cansados retornam em filas para os barracões, ao som de uma corneta reticências depois disso, entregam-se a trabalhos caseiros ou nas máquinas até às nove horas; os homens e mulheres são, então, fechados à chave reticências onde deixam-nos dormir durante sete horas, a fim de que se restaurem para o trabalho no dia seguinte reticências.

Aos domingos há um feriado nominal, pois não dura mais de três ou quatro horas reticências.”

SMITH, Herbert H. Uma fazenda de café no tempo do império. Rio de Janeiro: Departamento Nacional do Café, 1941. página 15. Disponível em: https://oeds.link/tigdNq. Acesso em: 9 março. 2022.

  1. Que trechos do documento indicam uma fiscalização rígida?
  2. Por que as refeições dos escravizados eram servidas ao ar livre?

Glossário

Estilo eclético
: no contexto, refere-se à mistura de estilos arquitetônicos em uma construção.
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Imaginário
: no contexto, refere-se ao conjunto de símbolos, mitos e ideias de um povo em determinada época.
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Graúna
: ave de plumagem e bico pretos.
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Talhe
: aspecto, fórma.
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Campear
: procurar animais no campo.
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Tabajara
: povo indígena Tupi que habitava a região entre os rios Paraíba do Norte e São Francisco, especialmente áreas dos atuais estados do Ceará e da Paraíba.
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