UNIDADE 4 DOMÍNIO DAS GRANDES POTÊNCIAS
CAPÍTULO 10 EUROPA NO SÉCULO dezenove
No século dezenove, uma série de revoluções agitou a Europa. Em janeiro de 1848, o historiador francês e então deputado Alêxís dê tôquevíl afirmou: “Estamos dormindo em cima de um vulcão. Sopra o vento das revoluções; uma tempestade se aproxima”.
Vamos estudar aspectos dessas revoluções e o nascimento de duas novas nações: a Itália e a Alemanha.
responda oralmente
para começar
As palavras “vulcão”, “vento” e “tempestade” se referem a fenômenos da natureza. Em sua interpretação, por que Tocqueville usou essas expressões para se referir à sociedade? Reflita e comente sua opinião com os colegas.
Novos governos, velhos problemas
Depois da queda de Napoleão, o Congresso de Viena (1814-1815) procurou restabelecer as monarquias absolutistas e as antigas divisões políticas (fronteiras) na Europa. Porém, as decisões desse congresso provocaram revoltas de diversos grupos sociais, que se sentiam prejudicados com a permanência dos velhos problemas econômicos e políticos.
Nesse contexto, surgiram movimentos revolucionários inspirados em correntes do liberalismo, do nacionalismo, do anarquismo e do socialismo. Estudaremos a seguir um resumo dessas correntes.
Revoltas liberais (século XIX)
Liberalismo
O liberalismo político defendia a divisão dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário. A divisão dos três poderes do Estado era inspirada nas ideias do filósofo francês Montesquiêem O espírito das leis. Esses poderes seriam limitados por uma Constituição elaborada por representantes do povo que garantiria os direitos e deveres dos cidadãos. Os liberais também defendiam a liberdade de expressão, de associação e de crença. Assim, por exemplo, todo cidadão poderia praticar livremente sua religião e expressar seu pensamento sobre qualquer assunto, nos limites da lei. Não se pode, por exemplo, usar a liberdade de expressão para acabar com a expressão da liberdade.
Já o liberalismo econômico era favorável ao direito à propriedade privada, ao livre comércio, ao trabalho livre e à livre concorrência. Para isso, defendiam uma menor intervenção estatal na economia e na vida das pessoas. O Estado serviria, por exemplo, para punir aqueles que desrespeitassem as leis, garantir o direito à propriedade privada e oferecer alguns serviços públicos. O principal pensador dessa corrente foi o economista britânico Adam Smifi, cujas ideias foram publicadas em A riqueza das nações.
Nacionalismo
O nacionalismo é um movimento social que exalta características de uma nação (idioma, costumes e tradições históricas) e defende que o Estado deve representar as instituições que administram a nação.
As ideias nacionalistas foram importantes para a formação de diversos Estados contemporâneos, como a Itália e a Alemanha. No entanto, vale lembrar que os exageros do nacionalismo podem levar à xenofobia, que significa ódio ou aversão a estrangeiros.
Anarquismo
Na linguagem política, o termo “anarquia” está relacionado à ausência de governo ou de autoridade. Em sua origem grega, “anarquia” deriva de êi ou an (contrário) e arquia (poder).
Os anarquistas defendiam a construção de uma sociedade mais igualitária, por isso criticavam a exploração do trabalhador e a concentração de riquezas nas mãos de poucos. Entre os representantes do anarquismo, destacaram-se:
• piérre jôzéf prudôn (1809-1865), filósofo e político francês, autor da conhecida frase “A propriedade é um roubo”;
• micaíl bakunín (1814-1876), filósofo e revolucionário russo, defensor da liberdade social das pessoas e de uma educação integral (desenvolvimento físico e intelectual).
No projeto desses autores, a propriedade privada dos meios de produção (terras e máquinas, por exemplo) deveria ser abolida, pois eles entendiam que essa propriedade foi constituída por meio da exploração da maioria dos trabalhadores. Desse modo, grande parte dos bens pertenceria à coletividade, formada por pessoas livres que produziriam o necessário para a vida comum. Sem a opressão do Estado, as pessoas desfrutariam de igualdade e liberdade, vivendo em uma sociedade harmônica, na qual cooperariam com o bem-estar coletivo.
responda oralmente
para pensar
Além do sentido apresentado no texto, em quais sentidos a palavra “anarquia” costuma ser utilizada?
Socialismo
A palavra “socialismo” se refere a teorias políticas que valorizam mais os interesses sociais do que os individuais. Há uma grande variedade de teorias socialistas.
Entre os representantes das primeiras correntes socialistas estavam Clúde de San Simón e Róbert Ôuen. Eles acreditavam na transformação da sociedade por meios pacíficos e graduais. Isso seria difícil de ser alcançado, segundo seus adversários, que chamavam essa corrente de socialismo utópico.
- Clúde de San Simón (1760-1825), conde francês, criticou o liberalismo econômico e a exploração dos trabalhadores. Defendia a extinção da propriedade privada e das diferenças de classe. Desejava a construção de uma sociedade em que cada um ganhasse de acordo com o valor de seu trabalho.
- Róbert Ôuen (1771-1858), industrial britânico, acreditava na organização da sociedade em comunidades cooperativas de operários, em que cada um receberia de acordo com as horas trabalhadas. Ôuen implantou escolas e creches em suas fábricas na Escócia – atitude considerada incomum à época.
Socialismo marquicísta
O socialismo marquicísta foi criado pelos pensadores cál marcs(1818-1883) e Frídric ênguels (1820-1895), com base na observação da sociedade e na crítica ao capitalismo. Além disso, eles atuaram em associações comunistas que lutavam pelos direitos dos operários.
Entre as obras desses pensadores, destaca-se o Manifesto comunista (1848), no qual defendem que a história de todas as sociedades é a história das lutas de classes. Nas sociedades industriais, essa luta envolvia duas classes sociais opostas: a burguesia e o proletariado. Os burgueses são os donos dos meios de produção, ao passo que os proletários são os trabalhadores, que vendem sua fôrça de trabalho em troca de salário.
De acordo com márks e ênguels, os trabalhadores deveriam se unir para lutar contra as injustiças do sistema capitalista e fazer a revolução rumo ao socialismo.
Responda no caderno
para pensar
- Em sua opinião, por que alguns trabalhos são mais valorizados do que outros? Quem estabelece o valor ou o preço de um trabalho?
- Que profissão você gostaria de exercer no futuro? Quanto, em média, um profissional dessa área ganha?
França
Durante a primeira metade do século dezenove, ocorreram duas revoluções na França: em 1830 e em 1848.
Revolução de 1830
No Congresso de Viena, ficou decidido que o trono francês seria entregue a Luís dezoito, irmão do rei Luís dezesseis, que havia sido guilhotinado durante a Revolução Francesa. Assim, foi restaurada a dinastia dos burbôm.
Ao longo dos reinados de Luís dezoito (1814-1824) e de seu sucessor, Carlos décimo (1824-1830), houve repressões violentas aos opositores, especialmente aos partidários de Napoleão e do liberalismo. Carlos décimo, por exemplo, mandou censurar a imprensa e ofereceu o contrôle do ensino à Igreja Católica. Nesse contexto, boa parte da sociedade francesa organizou uma reação aos ultraconservadores que desejavam a volta do absolutismo.
Além da insatisfação com o regresso das monarquias, uma série de questões econômicas aumentou o descontentamento popular. Nesse cenário, a oposição deflagrou a Revolução de 1830. Carlos décimo foi derrubado e substituído por Luís Filipe de orlêans, que também pertencia a um dos ramos dinásticos dos burbôm, mas apoiava os liberais.
A Revolução de 1830 repercutiu em regiões da Europa, como a atual Itália, Bélgica, Prússia, Espanha, Portugal e Polônia. Seus efeitos foram sentidos de algum modo até no Brasil, quando dom Pedro primeiro abdicou do trono brasileiro, em 1831, e voltou para Portugal com o objetivo de garantir o trono para sua filha, Maria da Gloria.
PAINEL
A Liberdade guiando o povo
A obra A Liberdade guiando o povo, do artista Eugêne Delacroá, está exposta no Museu do Louvre, em Paris. Ela retrata os revolucionários franceses de 1830 atacando seus inimigos.
O movimento de 1830 durou três dias (27, 28 e 29 de julho) e contou com a participação de diversos grupos sociais que estavam descontentes com a situação política e econômica do país. O pintor delacroá testemunhou essa revolução e decidiu representá-la. Sua obra tornou-se um símbolo desse movimento.
- A jovem no centro da obra representa o ideal de liberdade e, ao mesmo tempo, uma mulher do povo. Sua mão direita ergue a bandeira azul, branca e vermelha, que foi concebida durante a Revolução Francesa de 1789 e retomada pelo movimento de 1830.
- O garoto ao lado da Liberdade representa a forte presença dos jovens no movimento de 1830. Conta-se que a figura desse garoto inspirou a criação do personagem Gavroche, do livro Os miseráveis, do escritor Victor Hugo, símbolo da revolta juvenil contra a injustiça.
- A figura do homem de cartola é polêmica entre os historiadores. Para alguns, ele é um burguês. Para outros, é Delacroix, que se autorretratou. Para o historiador Píter Burc, o homem é um trabalhador manual. É difícil saber quem ele representa, sobretudo porque o movimento de 1830 teve a participação de muitos grupos sociais.
- O homem vestido como um operário de fábrica representa a presença dos trabalhadores na Revolução de 1830.
Revolução de 1848
Durante o reinado de Luís Filipe (1830-1848), houve um desenvolvimento dos setores financeiro e industrial na França. Além disso, o governo francês iniciou sua expansão imperialista em direção à África, à Ásia e à Oceania.
Luís Filipe ficou conhecido como “rei burguês” ou “rei dos banqueiros” porque governou oferecendo liberdade econômica a industriais, banqueiros e grandes comerciantes. O objetivo era favorecer o desenvolvimento capitalista francês.
Contudo, a partir de 1846, uma sucessão de problemas sociais e econômicos espalhou uma crise pelo país. Essa crise se fez sentir, por exemplo, no aumento da miséria, nas más colheitas agrícolas, na queda da produção industrial, nas greves operárias e nas campanhas políticas pela reformulação do sistema eleitoral. Assim, o governo de Luís Filipe foi se enfraquecendo.
Nesse contexto, a burguesia liberal e os trabalhadores uniram-se temporariamente contra o governo. Um grande levante de trabalhadores, estudantes e setores da Guarda Nacional derrubou Luís Filipe do poder, na chamada Revolução de 1848.
Segunda República
Com a queda do monarca francês Luís Filipe, organizou-se, em fevereiro de 1848, um governo provisório, que tomou as seguintes medidas:
- proclamou a Segunda República (1848-1852);
- promoveu a liberdade de imprensa;
- aboliu a escravidão nas colônias francesas;
- estabeleceu o direito ao voto para todos os cidadãos do sexo masculino. As mulheres não tinham direito de votar ou de ser eleitas.
Esse governo provisório era formado por socialistas e por liberais. Uma vez no poder, porém, esses grupos não chegaram a um acordo sobre os rumos do governo. Os socialistas exigiam mudanças sociais mais profundas do que as exigências de setores da burguesia liberal.
Em 23 de abril de 1848, realizaram-se eleições parlamentares em todo o país. Foi eleita uma Assembleia Nacional Constituinte composta de uma maioria de parlamentares liberais-burgueses (republicanos moderados). Derrotados nas eleições, os socialistas organizaram rebeliões contra as decisões da Assembleia Constituinte.
Em junho de 1848, o governo francês ordenou que tropas armadas reprimissem as rebeliões populares. Calcula-se que mais de dez mil pessoas morreram nesses confrontos. Vários líderes socialistas foram mortos ou tiveram de fugir da França.
Nesse período, rebeliões liberais e operárias se espalharam por diversas regiões da França e por outros países europeus industrializados. Esses movimentos ficaram conhecidos como Primavera dos Povos e, na visão dos historiadores, contribuíram para dar novos rumos às sociedades europeias, reivindicando mudanças como: implantação de governos constitucionais, separação entre a Igreja e o Estado, realização de eleições para os cargos políticos. Como estudamos, foi em 1848 que márks e ênguels publicaram o Manifesto Comunista convocando os operários a participar das lutas sociais.
Governo de Luís Bonaparte: Segundo Império
Em novembro de 1848, a Assembleia Constituinte promulgou uma nova Constituição na França. Um mês depois, foram realizadas eleições para a Presidência da República. O candidato vitorioso, com 73% dos votos, foi Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte.
Luís Bonaparte aproveitou a imagem de seu tio para conquistar o apôio de setores da população que temiam a continuidade das revoltas e agitações sociais. Ele era o candidato do Partido da Ordem e prometia prosperidade econômica e social. Assim, conquistou a confiança de parte dos funcionários públicos, do exército, dos sacerdotes, da classe média urbana e da população rural.
Pouco antes do fim de seu mandato presidencial, em 1851, Luís Bonaparte deu um golpe de Estado para continuar no poder. Alguns meses depois, por meio de intensa propaganda, ele conseguiu 95% dos votos em um plebiscito que, na prática, decidiu pelo fim da república e pelo restabelecimento da monarquia na França.
Em 1852, Luís Bonaparte foi coroado como Napoleão terceiro e governou por cêrca de 18 anos. Seu governo ditatorial restabeleceu a ordem pública e desenvolveu os transportes, a indústria e o comércio. Mas a situação geral dos trabalhadores pouco se modificou, mantendo-se a jornada de trabalho de 12 horas e a proibição de greves e associações de operários. Foi nesse período que ocorreram as exposições universais, nas quais o imperador aproveitou para divulgar pela Europa a prosperidade do capitalismo francês.
Na política externa, o governo de Napoleão terceiro foi agressivo e expansionista, enviando tropas para diversas regiões do mundo. Em 1861, por exemplo, o governo francês invadiu o México sob a alegação de falta de pagamento de empréstimos. Em 1870, declarou guerra à Prússia, que lutava pela unificação do Estado germânico, deflagrando a Guerra Franco-Prussiana. Nessa guerra, Napoleão terceiro foi derrotado e capturado. Formou-se na França um novo governo republicano, dando início à Terceira República.
OUTRAS HISTÓRIAS
Mulheres administram a pobreza
No século dezenove, nas famílias pobres da França, as mulheres tinham a difícil tarefa de administrar o orçamento doméstico.
Era comum o marido entregar uma parcela do salário à esposa, responsável por controlar as despesas da família. Com frequência, ela reservava para o marido a melhor parte dos alimentos, como um pouco de vinho e um bom pedaço de carne. Destinava também para os filhos o necessário à sua alimentação, enquanto ela se alimentava com o que sobrava. Por isso, as mulheres pobres viviam frequentemente subnutridas. Ao administrarem a casa e a comida, impunham sacrifícios a si mesmas. Em média, suas despesas com roupas eram menores que as do marido.
Elas ficavam sempre atentas às mudanças de preço dos alimentos e, em caso de aumentos excessivos, revoltavam-se. Por isso, vários protestos sociais foram iniciados por mulheres.
dica livro
Perrô, Michéll. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.
Em cinco capítulos, a autora narra a crescente visibilidade das mulheres em seus combates e suas conquistas nos espaços público e privado ao longo do tempo.
Responda no caderno
Atividade
Em sua família, quem administra o orçamento doméstico? Como você faria para administrar o orçamento de sua casa?
Comuna de Paris (1871)
Em 1871, com a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana e a proclamação da república, Adôlfe Tiér assumiu o poder. O novo governo republicano francês rapidamente negociou a paz com os prussianos. Mas o país vivia um clima de humilhação, fome e miséria. Nesse cenário, milhares de trabalhadores franceses se engajaram em uma revolução, que derrubou o governo republicano da capital francesa e instalou a Comuna de Paris. O antigo governo republicano abandonou Paris e fugiu para a cidade de Versalhes.
O governo da Comuna de Paris era uma administração autônoma formada por pessoas de diversas correntes políticas, como socialistas, liberais radicais e anarquistas. Pela primeira vez, representantes dos trabalhadores assumiam o poder. Todos concordavam em não obedecer ao governo republicano, que começou a reunir fôrças para reprimir os rebeldes.
Apesar das diferenças internas, o governo da Comuna divulgou um manifesto com propostas para melhorar a vida dos trabalhadores. O manifesto incluía medidas como congelar os preços dos alimentos e criar creches e escolas gratuitas para as crianças. Além disso, o governo pretendia substituir o exército regular francês por milícias populares. No entanto, a Comuna ficou isolada em Paris, sem vínculos com os trabalhadores de fóra da capital e de outras regiões da Europa.
Apoiado por militares alemães e pela burguesia local, o governo francês conseguiu armar cêrca de 100 mil homens para destruir a Comuna de Paris. Calcula-se que mais de 20 mil pessoas morreram e mais de 35 mil foram presas ou expulsas do país. Embora tenha durado só dois meses, a Comuna foi considerada a primeira tentativa de criação de um governo de inspiração socialista.
Unificação italiana
Até a primeira metade do século , não existia um país chamado Itália. Essa região era composta de diversos reinos e dezenove ducadosglossário . Após o Congresso de Viena (1814-1815), a Península Itálica foi dominada por Áustria, França e Igreja Católica. Somente o Reino do Piemonte-Sardenha era autônomo, sendo governado pela dinastia de Saboia.
Os mapas a seguir representam as divisões políticas da Península Itálica em dois momentos: antes da unificação e na atualidade.
Península Itálica (1815-1860)
Itália: divisão política atual
integrar com Geografia
Responda no caderno
observando o mapa
Compare o mapa atual da Itália com o mapa da Península Itálica entre 1815 e 1860. Que mudanças você observa?
Processo de unificação
No norte da península, o Reino do Piemonte-Sardenha, governado por Vitor Emanuel segundo, era o único que tinha uma Constituição liberal. Ali teve início o movimento pela unificação da Itália. Esse movimento contou com o apôio do governo francês, que estava interessado em ampliar o comércio com os italianos e diminuir o poder dos austríacos na Península Itálica. As tropas sardo-piemontesas combateram os austríacos em várias batalhas. Vitoriosas, essas tropas anexaram ao seu reino as regiões que eram dominadas pela Áustria.
No sul da península, Diusépe Garibáldi (1807-1882) foi um importante líder nas lutas pela unificação italiana. Ele ajudou a formar um exército de aproximadamente mil voluntários para ocupar o Reino das Duas Sicílias. Essa ocupação fez com que os franceses retirassem seu apôio ao processo de unificação, pois o rei que governava as Duas Sicílias pertencia a uma dinastia francesa.
Em 1860, a unificação da Itália estava praticamente concluída. Em 1861, Vitor Emanuel segundo foi proclamado rei da Itália.
A unificação italiana era um ideal nacionalista que contava com apôio popular. Contudo, ela não resolveu problemas básicos da maioria do povo italiano. Diante da concentração de terras e de altos níveis de desemprego, milhões de italianos emigraram para a América nessa época, inclusive para o Brasil.
Questão Romana
Em 1870, Roma foi anexada à Itália e tornou-se a capital do novo país. Na época, a Igreja Católica não concordava com a perda de seus territórios. O papa Pio nono permaneceu no Palácio do Vaticano e declarou-se “prisioneiro” do novo Estado.
A disputa territorial entre o papado e o governo da Itália ficou conhecida como Questão Romana. Essa questão só foi definitivamente resolvida em 1929, por meio de um acordo entre o papa Pio décimo primeiro e o governo italiano, liderado por Benito Mussolini (1883-1945).
O acordo de 1929 estabeleceu a criação do Estado do Vaticano, que passou a ser governado pelo papa. O Vaticano é o menor Estado do mundo, com uma área de 0,44 quilômetro quadrado.
No Vaticano, destaca-se a Basílica de São Pedro, que é o templo católico mais visitado do mundo, com capacidade para receber até 60 mil pessoas. Ao lado da Basílica, encontra-se a Capela Sistina, cujo teto foi pintado por Miquelângelo. Na frente da Basílica está a monumental Praça de São Pedro, que foi desenhada pelo arquiteto Lorenzo Bernini no século dezessete.
Unificação alemã
Até a primeira metade do século dezenove não existia um país chamado Alemanha. O que havia eram 39 Estados independentes na área central da Europa. A partir de 1815, ficou acertado no Congresso de Viena que esses Estados seriam reunidos na Confederação Germânica.
Entre esses Estados, uns eram agrícolas e outros começavam a se industrializar. Em alguns, principalmente ao norte, a maioria da população era protestante. Já ao sul, a população era predominantemente católica. No entanto, elementos comuns uniam as populações desses Estados, como a língua alemã. Os Estados mais poderosos da Confederação Germânica eram a Prússia e a Áustria.
O nacionalismo ganhou fôrça na Confederação Germânica. A Prússia liderava os esforços pela unificação alemã. Já o governo da Áustria era contrário à unificação.
Os mapas desta página mostram as divisões políticas na região germânica antes da unificação e a Alemanha atual.
Unificação alemã (século XIX)
Alemanha: divisão política atual
integrar com Geografia
Responda no caderno
observando o mapa
Compare as fronteiras alemãs do século dezenove com o traçado atual da mesma região. Que mudanças você observa?
Zollverein: o início da unificação
Em 1834, com a liderança dos prussianos, foi criada uma união alfandegária conhecida como Zollverein. Por meio dessa integração, as alfândegas dos Estados da Confederação Germânica passaram a cobrar os mesmos impostos, facilitando a circulação de mercadorias. A união alfandegária trouxe bons resultados econômicos. Várias cidades cresceram, a exploração de carvão foi estimulada, indústrias e estradas de ferro foram construídas. Porém, quando a Áustria tentou fazer parte do Zollverein, foi impedida pela Prússia.
Liderança de bísmarc
Com o sucesso do Zollverein, a Prússia ganhou fôrça econômica e militar. Liderados pelo rei Guilherme primeiro e pelo primeiro-ministro Otto von Bismark, os prussianos lutaram para unificar os Estados alemães.
O militarismo e o nacionalismo foram os pilares fundamentais da unificação. Nesse processo, os prussianos venceram guerras contra a Dinamarca (1864), a Áustria (1866) e a França (1870).
Ao final das conquistas, em 1871, o rei Guilherme primeiro foi proclamado imperador da Alemanha em cerimônia realizada no Palácio de Versalhes. Para os franceses, isso representou uma humilhação.
Com o país fortalecido e industrializado, os alemães se projetaram como potência europeia. O crescimento da produção fez com que os industriais procurassem novos mercados consumidores em várias partes do mundo.
O governo da Alemanha disputou colônias na África e na Ásia. Isso provocou conflitos entre Alemanha, Reino Unido e França.
dica internet
dê dábliu – Alemanha notícias Disponível em: https://oeds.link/pnIryz. Acesso em: 15 março 2022.
Página da rede pública de comunicações alemã com notícias em português sobre o país.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
1. Elabore uma linha do tempo sobre a história política da França, utilizando informações deste capítulo e do capítulo 3, “Revolução Francesa e Era Napoleônica”.Para elaborar a linha do tempo, organize as datas e os acontecimentos em ordem cronológica. Além disso, a linha do tempo deve começar com o Golpe de 18 Brumário, em 1799, e terminar com a Comuna de Paris, em 1871.
Versão adaptada acessível
1. Elabore uma linha do tempo sobre a história política da França, utilizando informações deste capítulo e do capítulo 3, “Revolução Francesa e Era Napoleônica”. Para elaborar a linha do tempo, organize as datas e os acontecimentos em ordem cronológica. Além disso, a linha do tempo deve começar com o Golpe de 18 Brumário, em 1799, e terminar com a Comuna de Paris, em 1871. Você pode usar materiais emborrachados, palitos, linhas, tipos de papéis com texturas variadas, entre outros, para realizar essas marcações.
- Sobre a situação política da França, identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
- A Revolução Francesa terminou oficialmente em 1789, mas, por décadas, diversos conflitos sociais e políticos continuaram a acontecer no país.
- Em 1851, Luís Bonaparte estabeleceu uma nova república na França, contrariando a vontade da maioria da população.
- As revoluções que ocorreram na França, sobretudo entre 1830 e 1871, foram influenciadas por movimentos liberais e socialistas.
- O liberalismo econômico defendia o fim da propriedade privada.
- Conhecido como “rei dos banqueiros”, Luís Filipe foi derrubado do poder por trabalhadores, estudantes e setores da Guarda Nacional francesa na Revolução de 1848.
- Sobre os processos de unificação da Itália e da Alemanha, responda às questões a seguir.
- Quando essas unificações foram concluídas? Quem liderou esses processos?
- O que foi a Questão Romana e como ela foi resolvida?
- O que contribuiu para a unificação alemã?
- Em dupla, analisem a afirmação e façam o que se pede: As unificações italiana e alemã foram impulsionadas por movimentos nacionalistas.
- Qual é a importância do nacionalismo na construção de um país? Reflitam.
- Quais são as possíveis consequências do exagero do nacionalismo? Pesquisem em livros, revistas e na internet situações atuais de conflito em que grupos rivais exploram suas “diferenças nacionais”.
Interpretar texto e imagem
5. Analise um trecho do Manifesto comunista, de autoria dos filósofos socialistas cál marcse fréderique ênguels. A análise de qualquer texto tem como objetivo decifrá-lo e compreendê-lo, porém quem analisa não tem o propósito de concordar com o documento. O Manifesto foi escrito para expressar os objetivos da Liga Comunista e foi publicado em 21 de fevereiro de 1848, na época das rebeliões europeias conhecidas como “Primavera dos Povos”. Tornou-se um documento político de grande repercussão e foi traduzido do alemão para vários idiomas. Com base nessa introdução e na leitura do trecho a seguir, responda às questões.
“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e oficial, numa palavra, opressores e oprimidos reticências têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou, sempre, ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira ou pela destruição das suas classes em luta. reticências
A sociedade burguesa moderna reticências não aboliu os antagonismos de classes. Não fez senão substituir velhas classes, velhas condições de opressão, velhas fórmas de luta por outras novas. reticências
Todos os movimentos históricos têm sido, até hoje, movimentos de minorias ou em proveito de minorias. O movimento proletário é o movimento espontâneo da imensa maioria, em proveito da imensa maioria. reticências
Proletários de todos os países, uni-vos.”
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. São Paulo: Chéd Editorial, 1980. página 8, 9, 22 e 55.
- Pesquise o significado de “manifesto” utilizado no título desse documento.
- Em qual contexto histórico márks e ênguels escreveram o Manifesto comunista?
- Como márks e ênguels caracterizam a história de todas as sociedades?
- Para os autores, a sociedade burguesa moderna eliminou os conflitos de classes? Explique o pensamento dos autores do texto.
- De acordo com o texto, os movimentos históricos têm beneficiado que grupos? Você concorda com essa ideia? Argumente.
6. Leia um trecho do poema “Os dias da Comuna”, do dramaturgo e poeta alemão bértold Brécht, que faz alusão à Comuna de Paris. Em seguida, debata com os colegas quais afirmações foram utilizadas pelo poeta para justificar a Comuna.
“4. Considerando que está sobrando carvão
Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão
Nós decidimos que vamos tomá-lo
Considerando que ele nos aquecerá
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e com canhões
Nós decidimos, de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte. reticências
6. Considerando que o que o governo nos promete sempre
Está muito longe de nos inspirar confiança
Nós decidimos tomar o poder
Para podermos levar uma vida melhor.”
Brécht, Bértold. Os dias da Comuna. In: Teatro completo. São Paulo: Paz e Terra, 1993. volume10. página 47.
Glossário
- Ducado
- : território governado por um duque ou uma duquesa.
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