UNIDADE 4DOMÍNIO DAS GRANDES POTÊNCIAS

CAPÍTULO 10 EUROPA NO SÉCULO dezenove

No século dezenove, uma série de revoluções agitou a Europa. Em janeiro de 1848, o historiador francês e então deputado Alêxís dê tôquevíl afirmou: “Estamos dormindo em cima de um vulcão. Sopra o vento das revoluções; uma tempestade se aproxima”.

Vamos estudar aspectos dessas revoluções e o nascimento de duas novas nações: a Itália e a Alemanha.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

As palavras “vulcão”, “vento” e “tempestade” se referem a fenômenos da natureza. Em sua interpretação, por que Tocqueville usou essas expressões para se referir à sociedade? Reflita e comente sua opinião com os colegas.

Gravura. No centro da ilustração, uma mulher com uma coroa dourada com louros verdes sobre sua cabeça, cabelos pretos, lisos e longos até o quadril, trajada um longo vestido e uma armadura metálica cobrindo o torso. Com os braços à frente do corpo, ela está envolvida em um longo ramo de louros e em um tecido nas cores verde, branco e vermelho, com um brasão vermelho com uma cruz branca contornado de azul. Ela segura uma espada de cabo dourado à frente de seu corpo, voltada para baixo. 
Em segundo plano, há cinco faixas distintas, com diferentes cenas e retratos. De cima para baixo, nesta ordem: 
Primeira faixa. Vista de uma praça, com um monumento.  Ao fundo, um porto com pequenas embarcações. À esquerda, o retrato de um homem de olhos claros, cabelos curtos, claros e lisos, vestindo um traje militar escuro e uma faixa verde cruzando o peito. Logo abaixo, o nome: 'Vitório Emanuel Terceiro'. À direita, o retrato de uma mulher de cabelos escuros e lisos, presos em um coque volumoso, encimado por uma coroa com pedras preciosas verdes, trajando um vestido claro,, uma gargantilha de pérolas e um colar com um longo pingente, também decorado com pedras preciosas verdes. Abaixo a inscrição, originalmente em italiano: 'Sua Majestade a Rainha Elena'.
Segunda faixa. À esquerda, passando por uma porta em formato de arco, quatro homens em pé, algemados, vestindo casacos longos e usando cartolas altas, cercados de soldados de botas de cano longo, portando baionetas e espadas presas à cintura. Abaixo deles, a inscrição: 'os carbonari, 1821'. À direita, em uma praça, atrás de uma barricada, alguns homens e uma mulher. Eles tem armas de fogo em suas mãos e um homem empunha uma bandeira com listras verticais nas cores verde, branco e vermelho. Ao fundo, soldados, fumaça e labaredas de fogo, que saem de uma construção em chamas. Logo acima, há uma inscrição originalmente em italiano: 'Os cinco dias de Milão. 1848'.
Terceira faixa. À esquerda, atrás de uma barricada, homens combatendo, alguns portando armas de fogo, outros caídos no solo.  Eles enfrentam um grupo grande de soldados vestidos com uniformes azuis e quepes vermelhos. No alto, a inscrição, originalmente em italiano: 'A defesa do Vascello. Roma. 1849. À direita, em um campo, com um exército avançando em formação linear, soldados vistos de costas, carregando mochilas e usando turbantes verdes. Há destaque, em primeiro plano, para militares com uniformes azuis, à cavalo, portando espadas. Os cavalos estão empinando e um dos homens leva sua espada ao alto. No alto da ilustração, a inscrição, originalmente em italiano 'A tomada de San Martino. 1859'.
Quarta faixa. À esquerda, em um porto, um grupo de homens vestindo camisas e quepes vermelhos e calças azuis, portando espadas e fuzis, correm, passando sob uma porta em forma de arco. Ao fundo, embarcações sobre a água. No alto, a inscrição originalmente em língua italiana: 'desembarque dos mil em Marsala'. À direita, em uma praça cercada por uma muralha, soldados vestindo uniformes militares azuis, usando chapéus com penas e portando fuzis com baionetas correm em direção a uma porta decorada em formado de arco, em que se encontram soldados  armados com uniformes e quepes azuis. Acima, a inscrição, originalmente em italiano, 'a violação da Porta Pia, Roma. 1870'.
Quinta faixa. Quatro retratos de homens em molduras circulares decoradas por ramos. À esquerda, Vitório Emanuele Segundo, homem de olhos claros, cabelos castanhos e curtos, uma longa barba e um bigode comprido de pontas altas, vestindo traje militar azul marinho. À direita dele,  Camillo Benso,  Conde de Cavour. Visto de frente, é um homem calvo na frente da cabeça, com cabelos grisalhos nas laterais, curtos e lisos. Veste casaco e colete azul escuro, uma camisa branca, um colarinho escuro e usa um par de óculos pequenos e redondos no rosto. À direita dele, General G. Garibaldi.  Visto de frente, é um homem de olhos claros,  calvo na frente da cabeça, cabelos lisos, claros e longos até abaixo das orelhas nas laterais. Tem uma barba clara no rosto. Veste um casaco azul claro e um lenço vermelho no pescoço. À direita dele, Giuseppe Mazzini.  Visto de frente, é um homem de olhos claros,  calvo na frente da cabeça, cabelos curtos, lisos, ralos e brancos nas laterais, e uma barba branca rente ao rosto. Veste um casaco escuro.
Alegoria da Itália unificada, ilustração de Colombo, 1911. Ao fundo da imagem alegórica envolta na bandeira nacional italiana estão representados momentos que marcaram o processo de unificação da Itália no século dezenove. Abaixo, alguns de seus líderes.
Pintura. Quatro bandeiras hasteadas, tremulando sob o fundo de um céu azul, com nuvens espessas à esquerda. Na linha do horizonte, mais baixa, o mar. À esquerda, uma bandeira branca, envolta em nuvens escuras, amarada à haste por uma fita branca. Ao lado direito dela, uma bandeira branca com um grande rasgo no centro. Ao lado direito dela, uma bandeira branca com um grande rasgo no centro e manchas vermelhas nas pontas, amarrada à haste com uma fita azul. À direita dela, a bandeira francesa, com faixas verticais nas cores azul, branca e vermelha.
A bandeira francesa, gravura de León Coniê, 1830. Na obra, a bandeira branca com flores de lis, que representava a dinastia burbôm e a restauração monárquica, dá lugar à bandeira tricolor erguida durante a Revolução de 1830, representando a França revolucionária.
Gravura. No centro da imagem, uma coroa de louros de folhas verdes ao redor de um feixe com sete bandeiras (com destaque para a bandeira da Alemanha, com suas faixas horizontais nas cores preta, vermelha e amarela). Ao redor das bandeiras, identificando-as, as inscrições: Baden, Alemanha do Norte, Bavaria, Alemanha, Prússia, Wirtenberg e Saxônia. Ao redor da coroa de louros, há três bandeiras à esquerda (Bremen, Resse-Kassel e Resse-Darmstadt) e três bandeiras à direita (Oldemburgo, Hanover, Meclemburgo), além dos retratos de cinco homens. Em sentido horário: No alto da imagem, no centro, um homem visto de frente. Ele é calvo, com cabelos ondulados, ralos e brancos na lateral da cabeça, com uma volumosa barba grisalha nas laterais do rosto e um bigode espesso de pontas finas. Veste um traje militar azul-escuro, com colarinho dourado com bordados, dragonas douradas nos ombros, uma estrela e medalhas douradas no peito, um grande medalhão dourado preso a uma corrente e uma faixa rosa cruzando seu peito. Em torno dele, uma inscrição em língua alemã, além da bandeira de Lübeck, à esquerda, e a bandeira de Hamburgo, à direita. No alto, à direita, um homem visto de frente, com o olhar voltado para a esquerda. Ele é calvo na frente na cabeça, tem cabelos castanhos, curtos e ondulados nas laterais, e um bigode espesso de pontas finas. Veste um traje militar azul-escuro, com botões dourados, colarinho dourado com bordados, um medalhão dourado e uma estrela dourada no peito e uma faixa rosa cruzando seu peito. No canto inferior direito, um homem visto de frente. Ele é calvo, tem cabelos ralos e castanhos nas laterais e no topo da cabeça. Com um bigode castanho, veste um casaco escuro, uma camisa branca e usa um medalhão dourado preso por um lenço escuro ao redor de seu pescoço. Ao lado dele, presa à coroa de louros no centro da imagem, a bandeira de Frankfurt. No canto inferior esquerdo, um homem visto de frente, com cabelos curtos, lisos e acinzentados, vestindo um traje militar azul-escuro, com colarinho vermelho e medalhas douradas no peito. Ao lado dele, presa à coroa de louros, a bandeira de Nassau. No alto, à esquerda, um homem visto de frente, com o olhar voltado para a esquerda. Ele tem cabelos castanhos, curtos e ondulados, uma barba espessa nas laterais do rosto e um bigode de pontas finas. Veste um traje militar azul-escuro, com colarinho vermelho, um medalhão e uma estrela dourada e várias medalhas no peito.
As bandeiras da Alemanha, gravura de cêrca de 1870. Na obra estão representadas as bandeiras dos principais Estados germânicos e os líderes da unificação alemã, como o imperador Guilherme primeiro (ao centro) e Otto vón Bismarque (abaixo, à direita).

Novos governos, velhos problemas

Depois da queda de Napoleão, o Congresso de Viena (1814-1815) procurou restabelecer as monarquias absolutistas e as antigas divisões políticas (fronteiras) na Europa. Porém, as decisões desse congresso provocaram revoltas de diversos grupos sociais, que se sentiam prejudicados com a permanência dos velhos problemas econômicos e políticos.

Nesse contexto, surgiram movimentos revolucionários inspirados em correntes do liberalismo, do nacionalismo, do anarquismo e do socialismo. Estudaremos a seguir um resumo dessas correntes.

Revoltas liberais (século XIX)

Mapa. Revoltas liberais. Século dezenove. Mapa da porção ocidental da Europa. Em rosa, Cantões liberais, envolvendo a parte norte da Suíça. Em roxo, Cantões conservadores – 1845-1847, envolvendo as partes sul e central da Suíça. Em amarelo, Países afetados pelas revoltas de 1848, compreendendo França, Reino da Sardenha, Reino das Duas Sicílias, Estados Pontifícios, toda a Península Itálica, a Prússia, a Boêmia, a Baviera, a Eslovênia e o Império da Áustria. Uma estrela de três pontas indica Movimentos revolucionários anteriores a 1848, em Gênova 1847, Ferrara 1847, Reggio 1847, Cracóvia 1846 e Leipzig 1845. Uma estrela vermelha indica Insurreições de 1848, em Palermo, Nápoles, Roma, Florença, Parma, Milão, Turim, Veneza, Paris, Munique, Sttutgart, Viena, Pest, Praga, Berlim, Hesse e Colônia. Um círculo rosa indica Movimentos operários – 1848, destacando Edimburgo, Newcastle, York, Leeds, Nottingham, Londres, Birmingham, Sheffield, Manchester e Bradford. Uma linha verde indica a Revolução Húngara – 1848-1849, compreendendo os limites da Hungria, no Leste Europeu. Setas roxas indicam A reação em 1848, partindo do Império da Áustria em direção ao norte da Península Itálica, de Viena para Praga, e de Praga para Viena, da Hungria para o Império da Áustria, e da Eslovênia para a Hungria. Setas azuis indicam A reação em 1849. Partindo do sul da França e do Mar Mediterrâneo (com a inscrição espanhóis) em direção aos arredores de Roma; de Messina para o Sul da Sicília; do Império da Áustria para a Veneza; da Rússia para o interior da Hungria. Uma linha laranja indica a Confederação Germânica, compreendendo, desde a fronteira com os Países Baixos, no litoral do Mar do Norte, até os Bálcãs, na região que hoje corresponde à Bósnia, próximo ao Mar Adriático até a fronteira com a Hungria, seguindo ao norte até o Mar Báltico, compreendendo a Prússia, a Baviera, parte do Império da Áustria e a Boêmia, bem como as cidades de Munique, Sttutgart, Viena, Praga, Berlim, Hesse e Colônia. Losangos verdes indicam batalhas ao redor de Milão, Parma e Veneza, e no interior da Hungria, em Temesvar em 1849, Vilagos em 1849 e Kapolha em 1849. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 160 quilômetros.
Fonte: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Madri: Editorial Debate, 1992. página 83.

Liberalismo

O liberalismo político defendia a divisão dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário. A divisão dos três poderes do Estado era inspirada nas ideias do filósofo francêsMontesquiêem O espírito das leis. Esses poderes seriam limitados por uma Constituição elaborada por representantes do povo que garantiria os direitos e deveres dos cidadãos. Os liberais também defendiam a liberdade de expressão, de associação e de crença. Assim, por exemplo, todo cidadão poderia praticar livremente sua religião e expressar seu pensamento sobre qualquer assunto, nos limites da lei. Não se pode, por exemplo, usar a liberdade de expressão para acabar com a expressão da liberdade.

Já o liberalismo econômico era favorável ao direito à propriedade privada, ao livre comércio, ao trabalho livre e à livre concorrência. Para isso, defendiam uma menor intervenção estatal na economia e na vida das pessoas. O Estado serviria, por exemplo, para punir aqueles que desrespeitassem as leis, garantir o direito à propriedade privada e oferecer alguns serviços públicos. O principal pensador dessa corrente foi o economista britânico Adam Smifi, cujas ideias foram publicadas em A riqueza das nações.

Cartaz. Na parte central, ilustração representando dois grupos de pessoas. À esquerda, um grupo de homens e um menino; vestidos com ternos, lenços no pescoço e gravatas; usam cartolas altas, boinas e chapéus redondos e seguram faixas e cartazes, com destaque para o texto: 'The people's budget'. À direita, um grupo de homens vestindo mantos reais aveludados, em tons de vermelho e vinho, com coroas sobre suas cabeças, portando uma bandeira com o texto, originalmente em língua inglesa: 'Pena dos duques, pobres, mas honestos'. Na parte superior, a pergunta, originalmente em língua inglesa: 'Sob qual bandeira?'.  E, na parte inferior, o texto, originalmente em língua inglesa: 'De que lado você está nessa grande luta, dos nobres ou do povo?'.
Cartaz do Partido Liberal para as eleições gerais no Reino Unido, em 1910, com as perguntas: Sob qual bandeira? De que lado você está nessa grande luta, dos nobres ou do povo?. O liberalismo político defendia a maior participação dos cidadãos na política e a diminuição de privilégios do rei e da nobreza.

Nacionalismo

O nacionalismo é um movimento social que exalta características de uma nação (idioma, costumes e tradições históricas) e defende que o Estado deve representar as instituições que administram a nação.

As ideias nacionalistas foram importantes para a formação de diversos Estados contemporâneos, como a Itália e a Alemanha. No entanto, vale lembrar que os exageros do nacionalismo podem levar à xenofobia, que significa ódio ou aversão a estrangeiros.

Fotografia. Detalhe de uma imagem com destaque para a mão de um homem segurando um cartaz feito de papelão, com o texto: 'Justiça por Moïse afronte o racismo e a xenofobia'.
Protesto contra o assassinato de Moísi Cabagâmbe, jovem congolês espancado até a morte na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2022. A xenofobia deixa os estrangeiros hostilizados em situação vulnerável e mais expostos à violência.

Anarquismo

Na linguagem política, o termo “anarquia” está relacionado à ausência de governo ou de autoridade. Em sua origem grega, anarquia deriva de êi ou an (contrário) e arquia (poder).

Os anarquistas defendiam a construção de uma sociedade mais igualitária, por isso criticavam a exploração do trabalhador e a concentração de riquezas nas mãos de poucos. Entre os representantes do anarquismo, destacaram-se:

piérre jôzéf prudôn (1809-1865), filósofo e político francês, autor da conhecida frase “A propriedade é um roubo”;

Caricatura. No centro da imagem, um homem de cabelos curtos, lisos, divididos para o lado, com uma volumosa barba em torno de seu rosto, vestindo um casaco, colete, camisa, gravata e calças escuras, e um par de óculos sobre o rosto; segura uma picareta com as mãos, em direção a uma chaminé de tijolos em ruínas sobre uma construção destelhada.
Única maneira de destruir a propriedade, caricatura de autoria desconhecida representando piérre jôzéf prudôn, 1848.

micaíl bakunín (1814-1876), filósofo e revolucionário russo, defensor da liberdade social das pessoas e de uma educação integral (desenvolvimento físico e intelectual).

Gravura. Em um salão, há um grupo de pessoas, a maior parte delas homens. Eles estão sentados em cadeiras dispostas no salão, outros ocupam uma bancada ao fundo, atras da qual há uma bandeira vermelha com um triângulo ao centro e inscrições não legíveis. À esquerda, em primeiro plano, um homem em pé, com cabelos cheios, ondulados e grisalhos e uma longa barba branca, vestindo um casaco marrom escuro. Um de seus braços está esticado para frente em pose de discurso.
Gravura do século dezenove de autoria desconhecida que representa micaíl bakunín expondo suas ideias no Congresso da Basileia, na Suíça, em 1869.

No projeto desses autores, a propriedade privada dos meios de produção (terras e máquinas, por exemplo) deveria ser abolida, pois eles entendiam que essa propriedade foi constituída por meio da exploração da maioria dos trabalhadores. Desse modo, grande parte dos bens pertenceria à coletividade, formada por pessoas livres que produziriam o necessário para a vida comum. Sem a opressão do Estado, as pessoas desfrutariam de igualdade e liberdade, vivendo em uma sociedade harmônica, na qual cooperariam com o bem-estar coletivo.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Além do sentido apresentado no texto, em quais sentidos a palavra anarquia costuma ser utilizada?

Socialismo

A palavra “socialismo” se refere a teorias políticas que valorizam mais os interesses sociais do que os individuais. Há uma grande variedade de teorias socialistas.

Entre os representantes das primeiras correntes socialistas estavam Clúde de San Simón e Róbert Ôuen. Eles acreditavam na transformação da sociedade por meios pacíficos e graduais. Isso seria difícil de ser alcançado, segundo seus adversários, que chamavam essa corrente de socialismo utópico.

  • Clúde de San Simón (1760-1825), conde francês, criticou o liberalismo econômico e a exploração dos trabalhadores. Defendia a extinção da propriedade privada e das diferenças de classe. Desejava a construção de uma sociedade em que cada um ganhasse de acordo com o valor de seu trabalho.
  • Róbert Ôuen (1771-1858), industrial britânico, acreditava na organização da sociedade em comunidades cooperativas de operários, em que cada um receberia de acordo com as horas trabalhadas. Ôuen implantou escolas e creches em suas fábricas na Escócia – atitude considerada incomum à época.

Socialismo marquicísta

O socialismo marquicísta foi criado pelos pensadores cál marcs(1818-1883) e Frídric ênguels (1820-1895), com base na observação da sociedade e na crítica ao capitalismo. Além disso, eles atuaram em associações comunistas que lutavam pelos direitos dos operários.

Fotografia. Monumento com a estátua de dois homens, lado a lado, ambos vestindo casacos, coletes e calças compridas, com cabelos curtos, bigodes e barbas volumosas. Um deles, à esquerda, está sentado. Outro, à direita, está em pé.
Monumento dedicado a márks (à esquerda) e ênguels, criado pelo escultor Lúdvig Ênguel ráte instalado em Berlim, Alemanha. Fotografia de 2021.

Entre as obras desses pensadores, destaca-se o Manifesto comunista (1848), no qual defendem que a história de todas as sociedades é a história das lutas de classes. Nas sociedades industriais, essa luta envolvia duas classes sociais opostas: a burguesia e o proletariado. Os burgueses são os donos dos meios de produção, ao passo que os proletários são os trabalhadores, que vendem sua fôrça de trabalho em troca de salário.

De acordo com márks e ênguels, os trabalhadores deveriam se unir para lutar contra as injustiças do sistema capitalista e fazer a revolução rumo ao socialismo.

Responda no caderno

para pensar

  1. Em sua opinião, por que alguns trabalhos são mais valorizados do que outros? Quem estabelece o valor ou o preço de um trabalho?
  2. Que profissão você gostaria de exercer no futuro? Quanto, em média, um profissional dessa área ganha?

França

Durante a primeira metade do século dezenove, ocorreram duas revoluções na França: em 1830 e em 1848.

Revolução de 1830

No Congresso de Viena, ficou decidido que o trono francês seria entregue a Luís dezoito, irmão do rei Luís dezesseis, que havia sido guilhotinado durante a Revolução Francesa. Assim, foi restaurada a dinastia dos burbôm.

Ao longo dos reinados de Luís dezoito (1814-1824) e de seu sucessor, Carlos décimo (1824-1830), houve repressões violentas aos opositores, especialmente aos partidários de Napoleão e do liberalismo. Carlos décimo, por exemplo, mandou censurar a imprensa e ofereceu o contrôle do ensino à Igreja Católica. Nesse contexto, boa parte da sociedade francesa organizou uma reação aos ultraconservadores que desejavam a volta do absolutismo.

Além da insatisfação com o regresso das monarquias, uma série de questões econômicas aumentou o descontentamento popular. Nesse cenário, a oposição deflagrou a Revolução de 1830. Carlos décimo foi derrubado e substituído por Luís Filipe de orlêans, que também pertencia a um dos ramos dinásticos dos burbôm, mas apoiava os liberais.

A Revolução de 1830 repercutiu em regiões da Europa, como a atual Itália, Bélgica, Prússia, Espanha, Portugal e Polônia. Seus efeitos foram sentidos de algum modo até no Brasil, quando dom Pedro primeiro abdicou do trono brasileiro, em 1831, e voltou para Portugal com o objetivo de garantir o trono para sua filha, Maria da Gloria.

Pintura. Em uma praça, à porta de um edifício imponente, homens em confronto em um conflito armado. No centro, curvado, um homem de cabelos curtos e costeletas castanhas, com vestes civis (fraque marrom, colete, camisa e calças claras) empunha uma baioneta em direção a um militar caído no chão, vestido com um uniforme de oficial na cor vermelha, com calças brancas e um chapéu escuro, alto, encimado por uma pluma branca. O homem caído tem cabelos, bigode e olhos claros. Está apoiado no chão sobre uma das mãos e leva o outro braço flexionado em direção ao seu corpo, segurando uma espada sobre seu ombro, em posição de defesa. 
Ao redor deles, a fumaça de um disparo de arma de fogo. 
À direita, acuado, um exército de homens vestindo uniformes militares vermelhos com calças brancas, com armas de cano longo com baionetas. Três deles estão caídos no solo. 
À esquerda, em rebuliço e posição de ataque, um grupo de homens portando armas de fogo e espadas, com roupas e chapéus variados; alguns deles civis - com cartolas ou sem chapéu; outros militares, com uniformes azuis.  
Neste grupo, um homem visto de costas, vestindo uma camisa branca com mangas arregaçadas, é abraçado por outro homem, que  veste um casaco escuro, e segura uma haste com a bandeira francesa. No primeiro plano, à esquerda, dois civis, um sentado no chão, próximo a um corpo caído, vestindo casaco marrom e portando uma espada, e outro em pé, vestindo casaco escuro e colete amarelo claro, portando uma pistola, tentam desarmar um militar de olhar assustado que veste uniforme vermelho e calça branca e segura seu fuzil.
Tomada do Louvre em 29 de julho de 1830: massacre dos guardas suíços, pintura de Jan Luí Bizár, 1832.

PAINEL

A Liberdade guiando o povo

A obra A Liberdade guiando o povo, do artista Eugêne Delacroá, está exposta no Museu do Louvre, em Paris. Ela retrata os revolucionários franceses de 1830 atacando seus inimigos.

O movimento de 1830 durou três dias (27, 28 e 29 de julho) e contou com a participação de diversos grupos sociais que estavam descontentes com a situação política e econômica do país. O pintor delacroá testemunhou essa revolução e decidiu representá-la. Sua obra tornou-se um símbolo desse movimento.

Pintura. Em um espaço aberto, sob um céu encoberto com nuvens e com a silhueta de uma cidade ao fundo, no centro da pintura, uma mulher, em pé, indicada pelo número '1'. 
Descalça, com o peito desnudo, cabelos presos e olhando para trás, ela usa um barrete vermelho na cabeça e traja um vestido longo amarelo claro. Um tecido vermelho está atado à sua cintura. Em uma das mãos, a mulher segura uma arma de cano longo com uma baioneta acoplada e, na outra, sustenta com o braço erguido uma haste com que empunha a bandeira da França, com listras verticais nas cores vermelha, branca e azul, da esquerda para a direita.  
Ao lado dela, um menino, destacado com o número '2'. Ele está em pé, ao lado da mulher, portando duas pistolas, uma em cada mão. Um braço erguido ao alto; o outro abaixado, ao lado do corpo. Ele tem os cabelos cheios e castanhos e usa uma boina azul sobre a cabeça. Veste uma camisa branca com as mangas arregaçadas, um colete com os botões abertos na cor azul escuro e calças largas, claras e remendadas em um dos joelhos. Leva uma bolsa a tiracolo, com uma alça muito comprida para sua altura, ultrapassando sua coxa.
Diante deles, no solo, à frente da cena, homens caídos entre pedras e pedaços de madeira, restos de uma barricada. Em primeiro plano, dois homens caídos desfalecidos no chão. Um deles, veste apenas uma camisa branca e uma meia azul no pé direito. Um pouco acima, um homem de casaco azul e lenço vermelho amarrado na cabeça está ajoelhado sobre os escombros, olhando para a mulher ao centro. 
Ao lado esquerdo dela, o número '3' indica um homem em pé, de cabelos e barba escura, portando uma espingarda, vestindo um casaco azul escuro e um colete da mesma cor com os botões metálicos fechados; ele tem a camisa aberta, um colarinho escuro e uma cartola em sua cabeça. Ao lado dele,  à esquerda, o número '4' indica um homem em pé, vestindo uma camisa branca entreaberta, suspensórios, macacão de trabalho de cor clara e uma boina, portando uma espada em uma das mãos e uma pistola presa à cintura.  
Ao fundo, uma multidão de pessoas empunhando espadas e armas de fogo.
A Liberdade guiando o povo, pintura de Eugêne Delacroá, 1830. A jovem que aparece no centro da obra se transformou em um símbolo da liberdade e da República Francesa.
  1. A jovem no centro da obra representa o ideal de liberdade e, ao mesmo tempo, uma mulher do povo. Sua mão direita ergue a bandeira azul, branca e vermelha, que foi concebida durante a Revolução Francesa de 1789 e retomada pelo movimento de 1830.
  2. O garoto ao lado da Liberdade representa a forte presença dos jovens no movimento de 1830. Conta-se que a figura desse garoto inspirou a criação do personagem Gavroche, do livro Os miseráveis, do escritor Victor Hugo, símbolo da revolta juvenil contra a injustiça.
  3. A figura do homem de cartola é polêmica entre os historiadores. Para alguns, ele é um burguês. Para outros, é Delacroix, que se autorretratou. Para o historiador Píter Burc, o homem é um trabalhador manual. É difícil saber quem ele representa, sobretudo porque o movimento de 1830 teve a participação de muitos grupos sociais.
  4. O homem vestido como um operário de fábrica representa a presença dos trabalhadores na Revolução de 1830.

Revolução de 1848

Durante o reinado de Luís Filipe (1830-1848), houve um desenvolvimento dos setores financeiro e industrial na França. Além disso, o governo francês iniciou sua expansão imperialista em direção à África, à Ásia e à Oceania.

Luís Filipe ficou conhecido como “rei burguês” ou “rei dos banqueiros” porque governou oferecendo liberdade econômica a industriais, banqueiros e grandes comerciantes. O objetivo era favorecer o desenvolvimento capitalista francês.

Contudo, a partir de 1846, uma sucessão de problemas sociais e econômicos espalhou uma crise pelo país. Essa crise se fez sentir, por exemplo, no aumento da miséria, nas más colheitas agrícolas, na queda da produção industrial, nas greves operárias e nas campanhas políticas pela reformulação do sistema eleitoral. Assim, o governo de Luís Filipe foi se enfraquecendo.

Nesse contexto, a burguesia liberal e os trabalhadores uniram-se temporariamente contra o governo. Um grande levante de trabalhadores, estudantes e setores da Guarda Nacional derrubou Luís Filipe do poder, na chamada Revolução de 1848.

Gravura. No centro da imagem, um trono real com estofamento vermelho e detalhes dourados queima em uma fogueira em uma praça, envolto em fumaça. Ao redor da fogueira, um grupo de homens, civis e militares, portando baionetas e bandeiras com faixas verticais nas cores azul, branca e vermelha, nesta ordem, da esquerda para a direita, observa a queima. Dois homens, um de cada lado, adicionam mais pedaços de madeira à fogueira.
O povo queimando o trono na Praça da Bastilha, gravura de autoria desconhecida, 1848.

Segunda República

Com a queda do monarca francês Luís Filipe, organizou-se, em fevereiro de 1848, um governo provisório, que tomou as seguintes medidas:

  • proclamou a Segunda República (1848-1852);
  • promoveu a liberdade de imprensa;
  • aboliu a escravidão nas colônias francesas;
  • estabeleceu o direito ao voto para todos os cidadãos do sexo masculino. As mulheres não tinham direito de votar ou de ser eleitas.

Esse governo provisório era formado por socialistas e por liberais. Uma vez no poder, porém, esses grupos não chegaram a um acordo sobre os rumos do governo. Os socialistas exigiam mudanças sociais mais profundas do que as exigências de setores da burguesia liberal.

Em 23 de abril de 1848, realizaram-se eleições parlamentares em todo o país. Foi eleita uma Assembleia Nacional Constituinte composta de uma maioria de parlamentares liberais-burgueses (republicanos moderados). Derrotados nas eleições, os socialistas organizaram rebeliões contra as decisões da Assembleia Constituinte.

Em junho de 1848, o governo francês ordenou que tropas armadas reprimissem as rebeliões populares. Calcula-se que mais de dez mil pessoas morreram nesses confrontos. Vários líderes socialistas foram mortos ou tiveram de fugir da França.

Nesse período, rebeliões liberais e operárias se espalharam por diversas regiões da França e por outros países europeus industrializados. Esses movimentos ficaram conhecidos como Primavera dos Povos e, na visão dos historiadores, contribuíram para dar novos rumos às sociedades europeias, reivindicando mudanças como: implantação de governos constitucionais, separação entre a Igreja e o Estado, realização de eleições para os cargos políticos. Como estudamos, foi em 1848 que márks e ênguels publicaram o Manifesto Comunista convocando os operários a participar das lutas sociais.

Pintura. Em uma rua envolta em fumaça branca há, destacada no centro da imagem, bloqueando a rua, uma barricada, feita de pedras e pedaços de madeira. 
De um lado da barricada,  em primeiro plano, há um grupo de homens vestidos com roupas civis, como camisas claras e calças nas cores cinza e azul. Um deles, de costas para o observador usa suspensórios; outro, ao lado deste, também de costas, usa um casaco azul marinho e tem um chapéu sobre a cabeça. Ele segura um homem, vítima de um tiro, que caí para trás com os braços abertos. Os homens portam espadas e armas de fogo, como pistolas e fuzis, apontando-os para o outro lado da barricada. Alguns homens estão agachados, com as costas apoiadas sobre a barricada, mirando e observando o outro lado. Em cima da barricada, há um homem erguendo uma pedra acima de sua cabeça, pronto para atirá-la. Ao lado dele, fincada na barricada, uma bandeira vermelha.
Do outro lado da barricada, tropas a cavalo, um estandarte e homens com uniformes militares. À frente, oficiais de cavanhaque, vestindo calças vermelhas e casacos azuis escuros apontam suas baionetas para os homens do outro lado da barricada. Um deles, dispara um tiro. 
Ao fundo, o panteão de Paris, uma construção sustentada por um pórtico de colunas com um frontão em formato triangular com imagens indiscerníveis e uma grande cúpula arrendonda.
Barricada na Rua Soufflot, Paris, 25 de junho de 1848, pintura de Orráce Verné, 1848. As ruas estreitas de Paris, na época, favoreciam a construção de barricadas.

Governo de Luís Bonaparte: Segundo Império

Em novembro de 1848, a Assembleia Constituinte promulgou uma nova Constituição na França. Um mês depois, foram realizadas eleições para a Presidência da República. O candidato vitorioso, com 73% dos votos, foi Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte.

Luís Bonaparte aproveitou a imagem de seu tio para conquistar o apôio de setores da população que temiam a continuidade das revoltas e agitações sociais. Ele era o candidato do Partido da Ordem e prometia prosperidade econômica e social. Assim, conquistou a confiança de parte dos funcionários públicos, do exército, dos sacerdotes, da classe média urbana e da população rural.

Pouco antes do fim de seu mandato presidencial, em 1851, Luís Bonaparte deu um golpe de Estado para continuar no poder. Alguns meses depois, por meio de intensa propaganda, ele conseguiu 95% dos votos em um plebiscito que, na prática, decidiu pelo fim da república e pelo restabelecimento da monarquia na França.

Em 1852, Luís Bonaparte foi coroado como Napoleão terceiro e governou por cêrca de 18 anos. Seu governo ditatorial restabeleceu a ordem pública e desenvolveu os transportes, a indústria e o comércio. Mas a situação geral dos trabalhadores pouco se modificou, mantendo-se a jornada de trabalho de 12 horas e a proibição de greves e associações de operários. Foi nesse período que ocorreram as exposições universais, nas quais o imperador aproveitou para divulgar pela Europa a prosperidade do capitalismo francês.

Fotografia em preto e branco. No centro da imagem, há um homem de cabelos escuros, curtos e lisos, um longo cavanhaque e um bigode espesso com as pontas longas e muito finas. Veste um casaco e um colete ambos escuros, uma camisa clara, uma gravata borboleta escura e calças em tom mais claro. Uma pequena corrente adorna o colete e ele usa sapatos pretos. Um de seus braços está solto ao longo do corpo, um dos pés à frente; o outro braço está flexionado, apoiado sobre sua cintura. Ele está em um cômodo, em pé, ao lado de uma poltrona alta e ornamentada com estofado bordado e disposta sobre um tapete com estampa floral. Atrás dele, há uma pequena mesa adornada que sustenta dois grandes livros. Ao fundo, uma cortina de cor clara.
Napoleão terceiro. Fotografia de cêrca de 1858.

Na política externa, o governo de Napoleão terceiro foi agressivo e expansionista, enviando tropas para diversas regiões do mundo. Em 1861, por exemplo, o governo francês invadiu o México sob a alegação de falta de pagamento de empréstimos. Em 1870, declarou guerra à Prússia, que lutava pela unificação do Estado germânico, deflagrando a Guerra Franco-Prussiana. Nessa guerra, Napoleão terceiro foi derrotado e capturado. Formou-se na França um novo governo republicano, dando início à Terceira República.

OUTRAS HISTÓRIAS

Mulheres administram a pobreza

No século dezenove, nas famílias pobres da França, as mulheres tinham a difícil tarefa de administrar o orçamento doméstico.

Era comum o marido entregar uma parcela do salário à esposa, responsável por controlar as despesas da família. Com frequência, ela reservava para o marido a melhor parte dos alimentos, como um pouco de vinho e um bom pedaço de carne. Destinava também para os filhos o necessário à sua alimentação, enquanto ela se alimentava com o que sobrava. Por isso, as mulheres pobres viviam frequentemente subnutridas. Ao administrarem a casa e a comida, impunham sacrifícios a si mesmas. Em média, suas despesas com roupas eram menores que as do marido.

Elas ficavam sempre atentas às mudanças de preço dos alimentos e, em caso de aumentos excessivos, revoltavam-se. Por isso, vários protestos sociais foram iniciados por mulheres.

Pintura. No centro da imagem, sentada em uma cadeira, uma mulher de cabelos castanhos, lisos e presos, vestindo um vestido azul claro na parte superior e azul escuro na parte inferior. Há uma longa peça de tecido branco sobre seu colo, que ela segura entre suas mãos, próximo de seu rosto. Ao lado da mulher, à esquerda, sobre uma cadeira, uma pilha com mais tecido na cor branca. Aos pés da mulher, há um balde de metal. À direita dela, um fogão à lenha, feito de metal. No cômodo, iluminado por uma janela à direita, há mais uma cadeira ao fundo e uma mesa que ampara uma vela em um castiçal, um prato e um pequeno jarro. Na parede, uma prateleira, com alguns objetos.
Camareira, pintura de León Delachô, 1905. Muitas mulheres complementavam o salário do marido trabalhando fóra de casa como camareiras, faxineiras, lavadeiras, entregadoras de pães etcétera
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

Perrô, Michéll. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.

Em cinco capítulos, a autora narra a crescente visibilidade das mulheres em seus combates e suas conquistas nos espaços público e privado ao longo do tempo.

Responda no caderno

Atividade

Em sua família, quem administra o orçamento doméstico? Como você faria para administrar o orçamento de sua casa?

Comuna de Paris (1871)

Em 1871, com a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana e a proclamação da república, Adôlfe Tiér assumiu o poder. O novo governo republicano francês rapidamente negociou a paz com os prussianos. Mas o país vivia um clima de humilhação, fome e miséria. Nesse cenário, milhares de trabalhadores franceses se engajaram em uma revolução, que derrubou o governo republicano da capital francesa e instalou a Comuna de Paris. O antigo governo republicano abandonou Paris e fugiu para a cidade de Versalhes.

O governo da Comuna de Paris era uma administração autônoma formada por pessoas de diversas correntes políticas, como socialistas, liberais radicais e anarquistas. Pela primeira vez, representantes dos trabalhadores assumiam o poder. Todos concordavam em não obedecer ao governo republicano, que começou a reunir fôrças para reprimir os rebeldes.

Apesar das diferenças internas, o governo da Comuna divulgou um manifesto com propostas para melhorar a vida dos trabalhadores. O manifesto incluía medidas como congelar os preços dos alimentos e criar creches e escolas gratuitas para as crianças. Além disso, o governo pretendia substituir o exército regular francês por milícias populares. No entanto, a Comuna ficou isolada em Paris, sem vínculos com os trabalhadores de fóra da capital e de outras regiões da Europa.

Apoiado por militares alemães e pela burguesia local, o governo francês conseguiu armar cêrca de 100 mil homens para destruir a Comuna de Paris. Calcula-se que mais de 20 mil pessoas morreram e mais de 35 mil foram presas ou expulsas do país. Embora tenha durado só dois meses, a Comuna foi considerada a primeira tentativa de criação de um governo de inspiração socialista.

Gravura.  Na esquina de uma via urbana, cercada de edifícios,  destaque para um grupo de mulheres usando saias longas vermelhas e azuis. Elas portam armas de fogo. Ao fundo, uma manifestação indistinta, com pessoas aglomeradas e fumaça. No centro da manifestação, uma bandeira vermelha hasteada. Em primeiro plano, no meio da rua, uma mulher vestindo uma saia vermelha e uma blusa cinza, usando botas e um cinto. Ela apoia sua arma ao ombro com uma das mãos, estendendo a outra a um homem à cavalo, fardado, de costas para a cena. Ao lado dele, outro homem à cavalo, fardado, aponta para a manifestação. No canto direito da imagem, uma mulher de saia e blusa azul e boina vermelha recarrega sua arma, encostada no muro de uma construção.
Gravura do século dezenove de autoria desconhecida que representa mulheres defendendo a barricada na Praça Blanche durante a Comuna de Paris, em 1871. Nesse período, as mulheres participaram ativamente das lutas sociais. luíze michél foi uma das mais conhecidas líderes da Comuna.

Unificação italiana

Até a primeira metade do século dezenove, não existia um país chamado Itália. Essa região era composta de diversos reinos e ducadosglossário . Após o Congresso de Viena (1814-1815), a Península Itálica foi dominada por Áustria, França e Igreja Católica. Somente o Reino do Piemonte-Sardenha era autônomo, sendo governado pela dinastia de Saboia.

Os mapas a seguir representam as divisões políticas da Península Itálica em dois momentos: antes da unificação e na atualidade.

Península Itálica (1815-1860)

Mapa. Península Itálica (1815-1860). Destaque para a Península Itálica, localizada no sul da Europa, entre os mares Mediterrâneo, a sudoeste, e Tirreno, a oeste, Jônico, a sudeste, e Adriático, à leste. Em amarelo, Reino do Piemonte-Sardenha, compreendendo área noroeste do continente, envolvendo as cidades de Turim e Gênova, e a ilha de Sardenha, com as cidades de  Cagliari e Sassari. 
Em laranja, Ex-domínio do Império Austríaco, compreendendo o norte da Península Itálica, abarcando regiões como a Lombardia, Veneza, Emília, Emília-Romagna, Toscana, Lucca, Módena, e Parma, incluindo as cidades de Florença, Parma, Verona, Milão, Módena, Bolonha, Ravena, Veneza e Udine.
Em rosa, Territórios cedidos à França (1860), compreendendo a Savoia, a noroeste de Piemonte, e Nice, a sudoeste de Piemonte, banhada pelo Mar Mediterrâneo, em território que hoje corresponde à Mônaco e à França. 
Em verde claro, Ex-domínio da dinastia francesa dos Bourbon, compreendendo o Reino das Duas Sicílias, que engloba a ilha da Sicília, e o sul da Península Itálica, incluindo cidades como Siracusa e Palermo, Nápoles, Tarento e Ancona. 
Em verde escuro, Estado da Igreja Católica, compreendendo toda a região ao redor da cidade de Roma. Em linha tracejada, Territórios anexados à Itália em mil novecentos e dezenove, compreendendo a região de Trentino, no norte da península, incluindo a cidade de Trento. E a região da Ístria, a leste de Veneza, incluindo as cidades de Trieste e Fiume, localizada na atual Croácia. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 140 quilômetros.
Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel M. de et al. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: Méqui/fei , 1986. página 136-137; dubí jórj. Atlas histórico mundial. Madri: Debate, 1992. página 154.

Itália: divisão política atual

Mapa. Itália: divisão política atual. Destaque para o território italiano, na Península Itálica, entre os mares Mediterrâneo, a sudoeste, e Tirreno, a oeste; Jônico, a sudeste, e Adriático, à leste.  
Em roxo, está demarcado o 'Território atual', compreendendo o território insular, com as ilhas de Sardenha, incluindo as cidades de Cagliari, Oristano, Nuoro e Sassari; e Sicília, incluindo as cidades de Palermo, Messina, Catânia, Siracusa e Agrigento.
E as regiões continentais na Península Itálica: no sul, a região da Calábria e as cidades de Reggio di Calábria, Catanzaro, Cosenza, Lecce, Tarento e Bari; no Lácio Itália, as cidades de Nápoles, Salermo, Foggia e Pescara.
No centro da península, o Vaticano; a cidade de Roma; a região da Toscana; San Marino, capital da República de San Marino; e as cidades de Terni, Civitavecchia, Siena, Perúgia, Ancona, Rimini, Florença, Pisa, Livorno, Bolonha.
No norte da península, a região da Lombardia e as cidades de Cuneo, Gênova, Milão Novara, Turim, Trento, Bolzano, Udine, Pádua, Veneza, Verona e Trieste. Em destaque, a capital Roma. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 150 quilômetros.
Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 43.

integrar com Geografia

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Compare o mapa atual da Itália com o mapa da Península Itálica entre 1815 e 1860. Que mudanças você observa?

Processo de unificação

No norte da península, o Reino do Piemonte-Sardenha, governado por Vitor Emanuel segundo, era o único que tinha uma Constituição liberal. Ali teve início o movimento pela unificação da Itália. Esse movimento contou com o apôio do governo francês, que estava interessado em ampliar o comércio com os italianos e diminuir o poder dos austríacos na Península Itálica. As tropas sardo-piemontesas combateram os austríacos em várias batalhas. Vitoriosas, essas tropas anexaram ao seu reino as regiões que eram dominadas pela Áustria.

No sul da península, Diusépe Garibáldi (1807-1882) foi um importante líder nas lutas pela unificação italiana. Ele ajudou a formar um exército de aproximadamente mil voluntários para ocupar o Reino das Duas Sicílias. Essa ocupação fez com que os franceses retirassem seu apôio ao processo de unificação, pois o rei que governava as Duas Sicílias pertencia a uma dinastia francesa.

Em 1860, a unificação da Itália estava praticamente concluída. Em 1861, Vitor Emanuel segundo foi proclamado rei da Itália.

Pintura. Em campo aberto, um conflito armado sobre um terreno gramado e acidentado. Há um grupo de militares vestidos com casacos azuis e calças vermelhas. Eles usam capacetes altos e escuros e portam baionetas. No canto inferior esquerdo da pintura, há um oficial empunhando uma espada. Acima dele, um militar com o braço levantado montado em um cavalo empinado e assustado. O outro grupo veste camisas vermelhas, calças claras e usa um lenço escuro amarrado em torno do pescoço. Alguns dos homens usam boinas vermelhas, outros chapéus de abas na cor preta. Na parte direita da pintura, destaca-se um homem de camisa vermelha, em pé, acima de todos os demais, que aponta uma espada para a esquerda e segura uma baioneta com a outra mão. Logo abaixo dele, há um militar soprando uma corneta. Os homens de camisas vermelhas estão armados com baionetas, fuzis e espadas. No centro da imagem, um canhão. Os homens atacam uns aos outros. Em segundo plano, uma casa, carroças e árvores no horizonte.
djiuzépeGaribaldi na Batalha de Calatafimi, 15 de maio de 1860, pintura de Remídio Lêgat, 1860.

A unificação italiana era um ideal nacionalista que contava com apôio popular. Contudo, ela não resolveu problemas básicos da maioria do povo italiano. Diante da concentração de terras e de altos níveis de desemprego, milhões de italianos emigraram para a América nessa época, inclusive para o Brasil.

Charge. Mapa ilustrado da Península Itálica. Na porção norte, o território foi representado na cor verde e há três homens: um na região de Piemonte, um na região da Lombardia e outro na região da Toscana dando as mãos. O último estende a mão para um homem localizado na parte sul da península, representada na cor vermelha, mas eles não conseguem alcançar um ao outro. No centro da península, há a imagem de uma caveira, com objetos cruzados e um chapéu do papado.  No Mar Tirreno, a ilha da Sicília é retratada em vermelho e com feições humanas; a ilha da Sardenha é retratada nas cores verde (ao norte) e vermelha (ao sul).
Charge de autoria desconhecida sobre a unificação da Itália, 1866. Nela, notam-se as regiões do norte Vêneto, Piemonte e Toscana tentando se unir ao sul, mas Roma (no centro), sob o papado, bloqueia o caminho.

Questão Romana

Em 1870, Roma foi anexada à Itália e tornou-se a capital do novo país. Na época, a Igreja Católica não concordava com a perda de seus territórios. O papa Pio nono permaneceu no Palácio do Vaticano e declarou-se “prisioneiro” do novo Estado.

A disputa territorial entre o papado e o governo da Itália ficou conhecida como Questão Romana. Essa questão só foi definitivamente resolvida em 1929, por meio de um acordo entre o papa Pio décimo primeiro e o governo italiano, liderado por Benito Mussolini (1883-1945).

O acordo de 1929 estabeleceu a criação do Estado do Vaticano, que passou a ser governado pelo papa. O Vaticano é o menor Estado do mundo, com uma área de 0,44 quilômetro quadrado.

No Vaticano, destaca-se a Basílica de São Pedro, que é o templo católico mais visitado do mundo, com capacidade para receber até 60 mil pessoas. Ao lado da Basílica, encontra-se a Capela Sistina, cujo teto foi pintado por Miquelângelo. Na frente da Basílica está a monumental Praça de São Pedro, que foi desenhada pelo arquiteto Lorenzo Bernini no século dezessete.

Fotografia. Vista aérea de uma praça em formato circular, com um obelisco no centro, rodeada, em seu entorno, por uma construção também circular com centenas de colunas. Na parte inferior da imagem, ao centro, sobre o telhado de um edifício, estátuas de homens, lado a lado, representando os apóstolos. Acima da vista da praça, uma cidade densamente urbanizada, com casas, edifícios e algumas árvores às margens de um rio de águas esverdeadas.
Vista aérea da Praça de São Pedro, no Vaticano. Fotografia de 2020.

Unificação alemã

Até a primeira metade do século dezenove não existia um país chamado Alemanha. O que havia eram 39 Estados independentes na área central da Europa. A partir de 1815, ficou acertado no Congresso de Viena que esses Estados seriam reunidos na Confederação Germânica.

Entre esses Estados, uns eram agrícolas e outros começavam a se industrializar. Em alguns, principalmente ao norte, a maioria da população era protestante. Já ao sul, a população era predominantemente católica. No entanto, elementos comuns uniam as populações desses Estados, como a língua alemã. Os Estados mais poderosos da Confederação Germânica eram a Prússia e a Áustria.

O nacionalismo ganhou fôrça na Confederação Germânica. A Prússia liderava os esforços pela unificação alemã. Já o governo da Áustria era contrário à unificação.

Os mapas desta página mostram as divisões políticas na região germânica antes da unificação e a Alemanha atual.

Unificação alemã (século XIX)

Mapa. Unificação alemã. Século dezenove. Mapa representando a porção norte da Europa Ocidental, ao sul do Mar do Norte e do Mar Báltico.
Em vermelho, 'Prússia em 1815', estendendo-se pelo litoral do Mar Báltico, e estabelecendo fronteiras com a Rússia, a Áustria-Hungria, a Saxônia, a Turíngia, Hesse-Kassel, Hannover, Mecklemburg, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo e a região da Lorena. Englobando territórios que hoje pertencem à Polônia e à Rússia, com destaque para as cidades de Breslau, Posen, Dantzig, Königsberg, Tilsit, Stettin, Magdeburgo, Berlim; Münster, Dortmund e Colônia. 
Em verde claro, 'Territórios conquistados da Dinamarca', no extremo norte, na Península da Jutlândia, compreendendo a região de Holstein e Schleswig, com destaque para as cidades de Lubeck, Kiel e Schleswig. 
Em amarelo, 'Incorporações em 1866', envolvendo as regiões de Mecklemburg, Hannover, Hesse-Kassel, Hesse, Nassau, Turíngia, Saxônia e Oldemburgo; com destaque para as cidades de Dresden, Erfurt, Leipzig, Kassel, Frankfurt, Göttingen, Hannover, Bremen, Hamburgo e Rostock.
Em verde escuro, 'Territórios anexados em 1870', envolvendo a região mais ao sul, estabelecendo fronteiras com a Suíça, a Áustria-Hungria, a região da Alsácia e da Lorena, compreendendo as regiões da Baviera, Würtemberg, Baden e Palatinado, com destaque para as cidades de Munique, Ulm, Nuremberg, Stuttgart, Karisruhe e Darmstad.
Em roxo, 'Anexação resultante da Paz de Frankfurt (fim da guerra Franco-Prussiana), compreendendo as regiões da Lorena e da Alsácia, que hoje correspondem à França, estabelecendo fronteiras com a Suíça, a França e Luxemburgo, com destaque para as cidades de Estrasburgo e Metz. 
Uma linha vermelha determina a 'Confederação Germânica do Norte', compreendendo as áreas da Prússia, os territórios das Incorporações em 1866 e os territórios conquistados da Dinamarca. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 130 quilômetros.
Fontes: Albuquerque, Manoel M. de et al. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: Méqui/fei , 1986. página 134-135; Quínder, Rírman; Rilgamán Véarná. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madri: Istmo, 1982. página 78.

Alemanha: divisão política atual

Mapa. Alemanha: divisão política atual. Mapa representando a porção norte da Europa Ocidental, ao sul do Mar do Norte e do Mar Báltico. 
Em amarelo, Território alemão, com as fronteiras, ao norte, com a Dinamarca; ao sul, com a Áustria e a Suíça; a oeste, com os Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo e França;  e a leste, com a República Tcheca e Polônia. Destaque para a capital Berlim, e as cidades de Munique, Stuttgart, Frankfurt, Colônia e Hannover. 
Na parte superior, rosa dos ventos; na parte inferior, escala de 0 a 180 quilômetros.
Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar.oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 43.

integrar com Geografia

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Compare as fronteiras alemãs do século dezenove com o traçado atual da mesma região. Que mudanças você observa?

Zollverein: o início da unificação

Em 1834, com a liderança dos prussianos, foi criada uma união alfandegária conhecida como Zollverein. Por meio dessa integração, as alfândegas dos Estados da Confederação Germânica passaram a cobrar os mesmos impostos, facilitando a circulação de mercadorias. A união alfandegária trouxe bons resultados econômicos. Várias cidades cresceram, a exploração de carvão foi estimulada, indústrias e estradas de ferro foram construídas. Porém, quando a Áustria tentou fazer parte do Zollverein, foi impedida pela Prússia.

Liderança de bísmarc

Com o sucesso do Zollverein, a Prússia ganhou fôrça econômica e militar. Liderados pelo rei Guilherme primeiro e pelo primeiro-ministro Otto von Bismark, os prussianos lutaram para unificar os Estados alemães.

O militarismo e o nacionalismo foram os pilares fundamentais da unificação. Nesse processo, os prussianos venceram guerras contra a Dinamarca (1864), a Áustria (1866) e a França (1870).

Gravura. Em uma área elevada, com vista para uma cidade bombardeada ao longe,  onde tiros de canhão cortam o céu e há focos de incêndio, há um grupo militares em pé, diante de uma bateria de canhões. 
No centro, vestindo casacos azuis com colarinhos e punhos vermelhos, calças azuis e capacetes pretos pontudos com detalhes dourados, há três oficiais. Um deles, vestindo botas de cano longo e um cinto branco, segura uma grande folha de papel com marcas de dobradura. À esquerda dele, há dois oficiais lado a lado; ambos usam cintos dourados. Um aponta para a folha de papel. O outro mantém as mãos atrás do corpo. 
À esquerda, um oficial vestindo um uniforme azul com calças azuis com uma listra vermelha e um capacete preto pontudo com detalhes dourados, lê um pequeno papel, que segura com as duas mãos. Ao lado dele, um militar vestindo uniforme vermelho com calças pretas e botas pretas de cano alto leva à mão ao chapéu, em continência.
À direita, soldados vestidos com uniformes e quepes azuis com detalhes vermelhos seguram duas hastes que sustentam um projétil de canhão. Outros dois militares estão manejando o canhão, ao fundo.
cêrco e bombardeamento de Paris pelos prussianos (Guerra de 1870), gravura de autoria desconhecida, 1870.

Ao final das conquistas, em 1871, o rei Guilherme primeiro foi proclamado imperador da Alemanha em cerimônia realizada no Palácio de Versalhes. Para os franceses, isso representou uma humilhação.

Pintura.  Um grupo de homens fardados em trajes militares de gala em um amplo salão decorado com espelhos. À esquerda, sobre um altar, há dois homens com uma faixa amarela cruzando o peito e correntes douradas com medalhões. Um, à esquerda, é idoso, calvo, com cabelos nas laterais, ralos, lisos e brancos, uma barba branca na lateral do rosto e um denso bigode.  O outro, à direita dele, tem cabelos curtos e claros, olhos claros, uma barba espessa e um bigode, e eleva uma das mãos enluvadas para o alto. 
À esquerda, abaixo dos degraus que levam ao altar, entre os homens fardados, muitos dos quais levantam suas espadas e capacetes ao alto, destaca-se uma figura masculina, que veste um casaco na cor branca, uma faixa amarela cruzando o peito, medalhas sobre o peito, botas pretas de cano longo até as coxas. É um homem idoso, com cabelos curtos, lisos e brancos, o rosto redondo, olhos claros e um bigode espesso e branco. Com uma das mãos, ele segura seu capacete pela ponta de metal, na outra, segura uma pequena pasta vermelha.
Detalhe de A proclamação do Império Alemão (18 de janeiro de 1871), pintura de Ânton fon Vérnar, 1885. Na tela, que representa o evento ocorrido no Palácio de Versalhes, em 1871, vemos Guilherme primeiro (à esquerda, em destaque), então rei da Prússia, sendo proclamado imperador alemão na presença de Otto vón Bismarque(ao centro, de farda branca). 

Com o país fortalecido e industrializado, os alemães se projetaram como potência europeia. O crescimento da produção fez com que os industriais procurassem novos mercados consumidores em várias partes do mundo.

O governo da Alemanha disputou colônias na África e na Ásia. Isso provocou conflitos entre Alemanha, Reino Unido e França.

Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

dê dábliu – Alemanha notícias Disponível em: https://oeds.link/pnIryz. Acesso em: 15 março 2022.

Página da rede pública de comunicações alemã com notícias em português sobre o país.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Elabore uma linha do tempo sobre a história política da França, utilizando informações deste capítulo e do capítulo 3, Revolução Francesa e Era Napoleônica.Para elaborar a linha do tempo, organize as datas e os acontecimentos em ordem cronológica. Além disso, a linha do tempo deve começar com o Golpe de 18 Brumário, em 1799, e terminar com a Comuna de Paris, em 1871.

Versão adaptada acessível

1. Elabore uma linha do tempo sobre a história política da França, utilizando informações deste capítulo e do capítulo 3, “Revolução Francesa e Era Napoleônica”. Para elaborar a linha do tempo, organize as datas e os acontecimentos em ordem cronológica. Além disso, a linha do tempo deve começar com o Golpe de 18 Brumário, em 1799, e terminar com a Comuna de Paris, em 1871. Você pode usar materiais emborrachados, palitos, linhas, tipos de papéis com texturas variadas, entre outros, para realizar essas marcações.

  1. Sobre a situação política da França, identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
    1. A Revolução Francesa terminou oficialmente em 1789, mas, por décadas, diversos conflitos sociais e políticos continuaram a acontecer no país.
    2. Em 1851, Luís Bonaparte estabeleceu uma nova república na França, contrariando a vontade da maioria da população.
    3. As revoluções que ocorreram na França, sobretudo entre 1830 e 1871, foram influenciadas por movimentos liberais e socialistas.
    4. O liberalismo econômico defendia o fim da propriedade privada.
    5. Conhecido como “rei dos banqueiros”, Luís Filipe foi derrubado do poder por trabalhadores, estudantes e setores da Guarda Nacional francesa na Revolução de 1848.
  2. Sobre os processos de unificação da Itália e da Alemanha, responda às questões a seguir.
    1. Quando essas unificações foram concluídas? Quem liderou esses processos?
    2. O que foi a Questão Romana e como ela foi resolvida?
    3. O que contribuiu para a unificação alemã?
  3. Em dupla, analisem a afirmação e façam o que se pede: As unificações italiana e alemã foram impulsionadas por movimentos nacionalistas.
    1. Qual é a importância do nacionalismo na construção de um país? Reflitam.
    2. Quais são as possíveis consequências do exagero do nacionalismo? Pesquisem em livros, revistas e na internet situações atuais de conflito em que grupos rivais exploram suas “diferenças nacionais”.

Interpretar texto e imagem

5. Analise um trecho do Manifesto comunista, de autoria dos filósofos socialistas cál marcse fréderique ênguels. A análise de qualquer texto tem como objetivo decifrá-lo e compreendê-lo, porém quem analisa não tem o propósito de concordar com o documento. O Manifesto foi escrito para expressar os objetivos da Liga Comunista e foi publicado em 21 de fevereiro de 1848, na época das rebeliões europeias conhecidas como “Primavera dos Povos”. Tornou-se um documento político de grande repercussão e foi traduzido do alemão para vários idiomas. Com base nessa introdução e na leitura do trecho a seguir, responda às questões.

“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes.

Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e oficial, numa palavra, opressores e oprimidos reticências têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou, sempre, ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira ou pela destruição das suas classes em luta. reticências

A sociedade burguesa moderna reticências não aboliu os antagonismos de classes. Não fez senão substituir velhas classes, velhas condições de opressão, velhas fórmas de luta por outras novas. reticências

Todos os movimentos históricos têm sido, até hoje, movimentos de minorias ou em proveito de minorias. O movimento proletário é o movimento espontâneo da imensa maioria, em proveito da imensa maioria. reticências

Proletários de todos os países, uni-vos.”

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. São Paulo: Chéd Editorial, 1980. página 8, 9, 22 e 55.

  1. Pesquise o significado de “manifesto” utilizado no título desse documento.
  2. Em qual contexto histórico márks e ênguels escreveram o Manifesto comunista?
  3. Como márks e ênguels caracterizam a história de todas as sociedades?
  4. Para os autores, a sociedade burguesa moderna eliminou os conflitos de classes? Explique o pensamento dos autores do texto.
  5. De acordo com o texto, os movimentos históricos têm beneficiado que grupos? Você concorda com essa ideia? Argumente.

6. Leia um trecho do poema “Os dias da Comuna”, do dramaturgo e poeta alemão bértold Brécht, que faz alusão à Comuna de Paris. Em seguida, debata com os colegas quais afirmações foram utilizadas pelo poeta para justificar a Comuna.

“4. Considerando que está sobrando carvão

Enquanto nós gelamos de frio por falta de carvão

Nós decidimos que vamos tomá-lo

Considerando que ele nos aquecerá

Considerando que os senhores nos ameaçam

Com fuzis e com canhões

Nós decidimos, de agora em diante

Temeremos mais a miséria que a morte. reticências

6. Considerando que o que o governo nos promete sempre

Está muito longe de nos inspirar confiança

Nós decidimos tomar o poder

Para podermos levar uma vida melhor.”

Brécht, Bértold. Os dias da Comuna. In: Teatro completo. São Paulo: Paz e Terra, 1993. volume10. página 47.

Glossário

Ducado
: território governado por um duque ou uma duquesa.
Voltar para o texto