UNIDADE 1  REVOLUÇÕES: DO SÚDITO AO CIDADÃO

CAPÍTULO 2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Da enxada ao trator, a história do trabalho passou por muitas inovações tecnológicas. Essas inovações se aceleraram a partir do século dezoito, marcando um período conhecido como Revolução Industrial. Nesse período, surgiram invenções que modificaram as relações sociais e econômicas, como a locomotiva, o telégrafo, a fotografia e o telefone.

As transformações no mundo do trabalho e da produção prosseguem em nossos dias com o desenvolvimento da informática, da genética, da robótica, da inteligência artificial e da internet. Vivemos uma época de revolução tecnológica permanente.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Em sua opinião, é possível que as máquinas substituam todos os trabalhos realizados por seres humanos? Ou existem atividades que só podem ser feitas por pessoas?

Gravura em preto e branco. Um cômodo com duas máquinas de tear, formadas por vigas de madeira compondo estruturas verticais em forma de paralelepípedo, com rodas e bobinas ovaladas. Em destaque, dois homens. Cada um deles, trabalhando em um dos teares, e à direita, um terceiro homem, usando chapéu e observando a cena com olhos fixos e uma haste de madeira em sua mão.
Gravura representando aprendizes em seus teares, do ilustrador britânico William Hogarth, 1747.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero oito agá ih zero dois
  • ê éfe zero oito agá ih zero três

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, a Revolução Industrial, e de assuntos correlatos, como os grandes momentos dessa revolução, as particularidades político-sociais da Grã-Bretanha que favoreceram seu pioneirismo industrial, as principais inovações tecnológicas e os impactos da industrialização na produção e circulação de povos, produtos e culturas.

  • Estudar três grandes momentos da Revolução Industrial, desde o século dezoito até os dias atuais.
  • Conhecer algumas condições que favoreceram o pioneirismo industrial da Grã-Bretanha.
  • Identificar as principais inovações tecnológicas que marcaram a Revolução Industrial.
  • Refletir sobre os impactos da Revolução Industrial no mundo do trabalho, no meio ambiente, na urbanização, no crescimento populacional etcétera

Para começar

Resposta pessoal. Tema para debate e reflexão. De acordo com alguns pesquisadores, grande parte dos trabalhos realizados por humanos pode ser substituído por máquinas e por fórmas de inteligência artificial. No entanto, atividades que implicam cuidados com pessoas e que exijam criatividade, inteligência emocional, entre outros, ainda oferecem obstáculos para essa substituição. Comente com os estudantes que uma mudança dessa magnitude não depende apenas do desenvolvimento tecnológico de uma sociedade, mas também de decisões éticas e políticas. Afinal, em que tipo de mundo queremos viver?

Fotografia sépia. Em um grande salão no interior de uma fábrica repleta de maquinário, com janelas à esquerda, e máquinas à direita, no centro da imagem, um grupo de meninos em pé, lado a lado. À direita, atrás do grupo um homem. Os meninos usam boinas sobre suas cabeças. A maior parte deles veste camisa de botão fechada e quadriculada e calças curtas escuras com suspensórios. Há apenas um menino vestindo um paleto sobre suas vestes. Dois dos meninos se apoiam sobre  caixas de madeira com rodinhas,  dispostas sobre o chão.
O homem usa um chapéu preto com abas sobre sua cabeça, usa bigode e veste uma camisa branca, gravata escura, calça escura e suspensórios claros.
Supervisor e grupo de meninos que trabalhavam como doffers (encarregados de trocar as bobinas ou os cones de fios de algodão) em fábrica têxtil na Carolina do Norte, Estados Unidos. Fotografia de 1908.
Fotografia. Em uma sala de paredes brancas, à direita, uma pessoa vista parcialmente, vestindo um jaleco azul, em frente a uma maca coberta com lençol azul, acima da qual há uma máquina, um grande braço robotizado encapado por camadas plásticas.
Cirurgia feita com braços robóticos que reproduzem os movimentos do médico em Londrina, Paraná. Fotografia de 2020.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Neste capítulo, serão utilizados os termos Inglaterra, Grã-Bretanha e Reino Unido. Se necessário, esclareça aos estudantes a diferença entre eles. A Inglaterra é um país europeu. Grã-Bretanha é o nome da ilha em que a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales estão localizados. No século dezesseis, o País de Gales foi legalmente anexado à Inglaterra. A partir de 1707, um acordo uniu politicamente Inglaterra e Escócia e deu origem a um Estado soberano, liderado pela Inglaterra, chamado Reino Unido da Grã-Bretanha ou somente Grã-Bretanha. Em 1801, a Grã-Bretanha se uniu à Irlanda, passando a se chamar Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda ou somente Reino Unido, denominação utilizada ainda hoje para a união política dessas quatro nações: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

Momentos da Revolução Industrial

A Revolução Industrial transformou profundamente a natureza e as sociedades. De modo geral, as oficinas dos artesãos perderam espaço para as fábricas. As ferramentas simples foram trocadas por máquinas. Em vez das tradicionais fontes de energia – como água, vento e fôrça muscular –, passou-se a utilizar o carvão e, posteriormente, a eletricidade.

A Europa agrária foi se tornando industrializada, com cidades cada vez mais populosas. Talvez em nenhuma outra época o conhecimento tecnológico tenha gerado tanta riqueza.

O processo de industrialização é longo e costuma ser dividido em, pelo menos, três grandes momentos.

A Primeira Revolução Industrial foi um processo que se concentrou na Grã-Bretanha, entre os séculos dezoito e dezenove. O maior destaque desse período foi a invenção das máquinas a vapor e o desenvolvimento da fábrica de tecidos de lã e de algodão.

Pintura. Em um salão extenso, com paredes com janelas dos dois lados, piso de madeira e repleto de mesas retangulares até o fundo, há muitas mulheres, sentadas ao redor dessas mesas. As mesas estão cobertas por tecidos de cor branca com pequenos desenhos de flores. As mulheres estão pintando esses tecidos. Em destaque, no primeiro plano, três mulheres em pé. À esquerda, uma mulher com um lenço branco amarrado em torno de sua cabeça, uma fita preta no pescoço, um vestido longo com saia de pregas, vermelho e branco, e um avental rosa amarrado em sua cintura; ela calça tamancos com fivelas e segura uma haste de madeira apoiada sobre o chão. No centro, uma mulher de cabelos pretos, presos por um lenço branco, trajando uma blusa azul e uma saia de pregas verde, com um avental azul e manchado amarrado na cintura. Ela calça tamancos pretos e segura uma haste de madeira ao lado de seu corpo. À direita, uma mulher com um chapéu sobre a cabeça, os cabelos amarrados por um lenço branco em torno de sua cabeça e uma fita preta no pescoço; trajando um vestido azul, meias azuis e calçando tamancos cinza. Ela dobra um tecido branco à frente de seu corpo. Atrás delas, à esquerda, há uma mesa em que há um homem de cabelos brancos, de chapéu escuro e casaco cor de vinho, sentado, rodeado de mulheres, escrevendo sobre um papel.
Pintura de Joséf Marriá Gabriél Rossetí que representa mulheres estampando tecidos em fábrica em Orange, França, 1764. A indústria têxtil foi a principal impulsionadora da Primeira Revolução Industrial.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Momentos da Revolução Industrial” e seus subitens favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê gê seis, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um e cê ê agá cinco, bem como das habilidades ê éfe zero oito agá ih zero dois e ê éfe zero oito agá ih zero três, pois analisam os desdobramentos da Revolução Gloriosa e os impactos da Revolução Industrial na produção e na circulação de povos, produtos e culturas.

Orientação didática

Com o advento da Revolução Industrial, a relação entre os seres humanos e a produção econômica transformou-se radicalmente. A Grã-Bretanha foi a primeira região onde se desenrolaram essas mudanças, mas elas não se restringiram a esse local. O capítulo pretende apresentar uma visão geral desse processo e de seus desdobramentos. Além disso, aborda as chamadas Segunda e Terceira Revoluções Industriais, que se desenvolveram no decorrer dos séculos dezenove e vinte. Esses processos foram fundamentais para a transformação do cotidiano em países que hoje denominamos “desenvolvidos”.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto de Florestan Fernandes sobre o termo “revolução”.

O que é revolução

reticências a palavra ‘revolução’ encontra empregos correntes para designar alterações contínuas ou súbitas que ocorrem na natureza ou na cultura (coisas que devemos deixar de lado e que os dicionários registram satisfatoriamente). No essencial, porém, há pouca confusão quanto ao seu significado central: mesmo na linguagem de senso comum, sabe-se que a palavra se aplica para designar mudanças drásticas e violentas da estrutura da sociedade. Daí o contraste frequente de ‘mudança gradual’ e ‘mudança revolucionária’ que sublinha o teor da revolução como uma mudança que ‘mexe nas estruturas’, que subverte a ordem social imperante na sociedade.”

FERNANDES, Florestan. O que é revolução. São Paulo: Brasiliense, 1981. página 1.

Outras indicações

A seguir, sugerimos duas obras do historiador britânico ériqui róbisbáum que tratam da Revolução Industrial.

  • róbisbáum, ériqui J. A era das revoluções: 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
  • róbisbáum, ériqui J. Da Revolução Industrial inglesa ao imperialismo. quinta edição Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.

A Segunda Revolução Industrial difundiu-se, entre os séculos dezenove e vinte, por países como França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Japão. Entre as principais inovações desse momento, destacam-se a locomotiva e o navio a vapor. Além disso, posteriormente, foram criados, por exemplo, a lâmpada elétrica, o automóvel, o avião, o telefone, o rádio e o cinema.

Gravura em preto e branco. Gravura em formato vertical retratando o interior de uma fábrica, com maquinários e ao redor diversas pessoas trabalhando, sobretudo crianças. No centro, em um corredor formado pelas máquinas, dois homens em pé, vestindo ternos escuros e camisas brancas. Ao fundo, um homem calvo vestindo um terno escuro.
A composição, gravura de autoria desconhecida que representa mestres treinando aprendizes em uma tipografia francesa, cêrca de 1860. As áreas de comunicações e de transportes passaram por grandes transformações durante a Segunda Revolução Industrial.

A Terceira Revolução Industrial é um termo utilizado para afirmar que a industrialização está em pleno andamento. Desde meados do século vinte, houve um grande salto em inovações tecnológicas, com o desenvolvimento da informática, da microeletrônica, da robótica e da engenharia genética.

Fotografia. Vistos por entre as janelas da carroceria de um automóvel sendo montado, dois trabalhadores vestindo uniformes. Um, à esquerda, veste uma jaqueta branca com faixas vermelhas e detalhes pretos; usa uma calça branca e um boné branco sobre a cabeça. Ele usa luvas brancas e está manejando uma pequena peça preta em suas mãos; está olhando para a peça, com a cabeça baixa.
Outro, à direita, veste um jaleco branco de mangas compridas e um boné na cabeça, de mesma cor. Usa uma calça social azul marinho e segura um notebook em seus braços, olhando para a tela.
Ambos usam máscara de proteção na cor preta sobre seus narizes e bocas. 
Ao fundo, um piso branco brilhante e uma estante com caixas de plástico azuis e outras cinza.
Trabalhadores utilizando computadores para verificar a carroceria de um automóvel em indústria na cidade de Yelabuga, Rússia. Fotografia de 2021.

Os avanços tecnológicos das revoluções industriais provocaram nas sociedades ocidentais um entusiasmo exagerado acerca da capacidade humana de realizar coisas extraordinárias e mudar os rumos da história. Isso teve um efeito marcante na relação entre ciência e religião: afinal, por que ficar “esperando” soluções divinas quando a tecnologia já estava resolvendo tantos desafios (na produção de alimentos e no tratamento e cura de doenças, por exemplo)? Desse modo, a ciência foi ganhando mais espaço na vida pública e a religião foi se recolhendo à vida privada. Acompanhando esse movimento, a atitude laica passou a predominar nas relações sociais, ou seja, o modo de viver independente da influência dos credos religiosos passou a ter mais importância.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Alguns especialistas afirmam que, desde o início do século vinte e um, vivemos a Quarta Revolução Industrial, marcada pela tendência à total automatização das fábricas, por meio da internet das coisas e da chamada computação em nuvem. Além disso, esse novo momento da industrialização teria o potencial de mesclar tecnologias como inteligência artificial, manipulação genética e robótica. Para compreender melhor o assunto, sugerimos a leitura do artigo: PERASSO, Valeria. O que é a 4ª revolução industrial – e como ela deve afetar nossas vidas. bê bê cê, 22 outubro 2016. Disponível em: https://oeds.link/8uzu4o. Acesso em: 20 junho 2022.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre alguns fatores que levaram ao pioneirismo britânico na industrialização.

Condições do pioneirismo industrial britânico

Não por acaso a Grã-Bretanha foi pioneira no processo de mecanização da atividade industrial. Desde o triunfo da Revolução Gloriosa (século dezessete), a burguesia se tornou poderosa e, aliada à nobreza rural progressista, lançou as bases para o desenvolvimento da industrialização.

Para impulsionar o processo industrial, foram precisos capitais que a burguesia acumulou ao longo da Idade Moderna. Isso ocorreu por meio da expansão do comércio e da modernização da estrutura agrária. A seguir, apresentamos alguns fatores que contribuíram para o pioneirismo britânico.

  • Zona de livre comércio: a Grã-Bretanha tinha a mais importante região de intercâmbio comercial da Europa, que se expandiu após a abolição dos antigos direitos feudais.
  • Créditos financeiros: o país contava com um sistema de créditos bem desenvolvido, que se aprimorou desde a fundação do Banco da Inglaterra, em 1694.

Como resultado dessas transformações, os avanços industriais britânicos foram notáveis. Calcula-se que, por volta de 1850, as máquinas a vapor britânicas produziam 1,2 milhão de cavalo-vapor, o que equivalia à metade de toda a produção europeia da época. O cavalo-vapor é uma unidade de medida de potência que corresponde a cêrca de 735 Uótis.

A Grã-Bretanha passou a ser chamada de “a oficina do mundo”, tornando-se a nação mais rica do planeta. Dominava cêrca de 50% do mercado internacional de produtos manufaturados em meados do século dezenove.

Texto elaborado pelos autores.

Pioneirismo britânico

Uma série de condições favoreceu o início da Revolução Industrial na Grã-Bretanha, entre elas:

  • estabilidade social – a partir da Revolução Gloriosa (1688-1689), o desenvolvimento econômico passou a ser um dos principais objetivos do governo e da burguesia. Em 1694, foi fundado o Banco da Inglaterra, que disponibilizou créditos para financiar novas iniciativas econômicas;
  • concentração de riquezas – entre os séculos dezesseis e dezoito, os britânicos acumularam capital por meio do tráfico de escravizados e da exploração de suas colônias. Além disso, lucraram com o comércio de produtos manufaturados enviados para América, África e Ásia;
  • abundância de mão de obra – a população das cidades cresceu devido à migração de camponeses para áreas urbanas. As terras de uso comum onde os camponeses produziam seu sustento foram cercadas e transformadas em propriedades privadas, voltadas para produção de lã e outras mercadorias. Esse processo, chamado cercamento, começou nos séculos anteriores e, aos poucos, se intensificou;
  • disponibilidade de recursos naturais – existiam ricas jazidas de ferro e de carvão mineral na Grã-Bretanha, que possibilitaram o desenvolvimento industrial. Outros países contavam apenas com o carvão vegetal, obtido da madeira;
  • ética protestante – o puritanismo britânico, derivado do calvinismo, estimulava o trabalho árduo e disciplinado como um dever do cristão. Essa concepção religiosa não condenava a acumulação de riquezas. Lucrar, trabalhar e rezar eram valores fundamentais do puritanismo.
Aquarela. Vista de uma cidade com fábricas e construções distribuídas por um terreno amplo repleto de neve. A pintura é composta em tons de branco, cinza e preto. Algumas das fábricas possuem chaminés altas, das quais partem colunas de fumaça.
Alojamento de Crumpsall, aquarela de Henry Edward Tidmarsh, 1893-1894. Na cena foi representada a cidade de Manchester, que, como outros grandes centros industriais, desenvolveu-se perto de regiões mineradoras da Grã-Bretanha.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Leia a seguir trechos da “Canção de tecelões”, do século dezoito, retirada do livro Ballads and songs of Lancashire (Baladas e canções de Lancashire), de J. Rárlend. Depois, responda às questões.

Canção de tecelões

“Vamos, tecelões de algodão, vocês devem levantar-se muito cedo,

Pois precisam trabalhar nas fábricas, da manhã até o meio-dia:

Já não podem passear nas suas hortas durante duas ou três horas por dia,

Pois precisam estar à disposição deles, mantendo suas lançadeiras em ação.”

Rárlend, J. Ballads and songs of Lancashire. Londres: Whittaker & Co., 1865. página 253. [Tradução dos autores].

1. Em que época essa canção foi produzida? A que contexto histórico ela se refere?

Resposta: A “Canção de tecelões” foi produzida no século dezoito e se refere à Primeira Revolução Industrial.

2. Que impacto negativo da presença de máquinas na vida cotidiana, ou seja, dos efeitos da Revolução Industrial a canção evidencia?

Resposta: A “Canção de tecelões” evidencia o contrôle do tempo imposto à vida dos trabalhadores na Primeira Revolução Industrial.

Alerta ao professor

A atividade complementar favorece o desenvolvimento das competências cê gê três, cê ê cê agá dois e cê ê cê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três, ao analisar os impactos da Revolução Industrial.

fórmas de produção

Nos centros urbanos da Europa, a produção econômica vinha principalmente do artesanato e da manufatura. Essa situação mudou depois da Revolução Industrial.

No artesanato, os produtos são feitos manualmente, com o auxílio de ferramentas e em pequena escala. O artesão trabalha em casa ou em sua oficina, onde controla as fases da produção e administra seu tempo. Para produzir uma cadeira, por exemplo, um carpinteiro corta as tábuas de madeira, molda o encosto, o assento e os pés, encaixa essas partes e dá o acabamento final (polimento, pintura etcétera).

Com a expansão marítima e a conquista de mercados na América, África e Ásia, cresceu a demanda por artigos da Europa. Para dar conta dessa procura, comerciantes europeus organizaram grandes oficinas chamadas manufaturas, onde cada trabalhador executava uma parte da produção, que se somava às partes dos outros companheiros de profissão. Essa divisão do trabalho, com produção em série, aumentava a produtividade. Nesse momento, os produtos manufaturados já representavam cêrca de 50% das exportações britânicas.

A partir da Revolução Industrial, a produção ficou ainda mais rápida e eficiente com o desenvolvimento de máquinas e a implantação de fábricas, também chamadas maquinofaturas, nas quais a produção se multiplicou, pois, ao operar as máquinas, o trabalhador se especializava na mesma tarefa. Porém, esse operário especializado perdia a visão de conjunto do processo produtivo. A especialização do trabalho levou a uma fragmentaçãoglossário do saber e do fazer.

Apesar dessas alterações nas fórmas predominantes de produção, o artesanato e as manufaturas continuam a existir até nossos dias. Com a concorrência dos produtos industrializados, os artesãos, por exemplo, encontraram um novo espaço no mercado, voltando-se para a confecção de produtos mais exclusivos e personalizados.

Painel. Envolta em uma moldura quadrada com friso dourado, verde e rosa, uma pintura no centro. Na parte superior da pintura, uma faixa azul com o texto em dourado 'Horologia ferrea'.
Abaixo, a representação de uma oficina com parede de tijolos, uma janela pequena em forma de arco à esquerda e uma porta de mesmo formato, à direita. Diante de porta, há uma escada que dá acesso ao pavimento mais baixo onde está a oficina. Um homem de chapéu dourado está abrindo a porta. No centro da sala, sobre um tablado de madeira, há uma máquina com grandes rodas encaixadas umas nas outras e uma roldana de metal, presa ao teto. Dois homens de chapéu trabalham nessa máquina, um à direita, outro, à esquerda dela. 
Nas laterais da sala, dois homens trabalham, sentados em bancos de madeira diante de mesas com instrumentos mecânicos, cada um deles está em um dos cantos da imagem. Ao fundo, um rapaz trabalha sobre uma bancada de madeira. 
Nas paredes da sala, há dois modelos de relógio mecânico, feitos em madeira. Um ao fundo, retangular e com ponteiros dourados, outro à direita, arredondado e com ponteiros pretos. Logo abaixo, apoiado em um banco ocupado por um dos trabalhadores, há um disco de fundo branco com uma faixa preta na borda, números romanos gravados em dourado sobre a borda e um furo no centro.
Painel dinamarquês de madeira entalhada representando trabalhadores, cada qual com uma tarefa específica, em uma relojoaria, século dezessete.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Você conhece pessoas que se dedicam ao arte- sanato? Que tipo de artesanato elas fazem?
  2. Em sua opinião, a produção artesanal contemporânea pode acabar devido à crescente industrialização? Exponha seus argumentos.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê gê três, cê gê seis e cê gê nove, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três, pois propõe reflexões sobre os impactos da Revolução Industrial na produção de mercadorias.

Para pensar

  1. Resposta pessoal. Após ouvir as respostas dos estudantes, comente que ainda hoje existem milhares de pessoas que se dedicam ao artesanato tanto como uma fórma de trabalho quanto de lazer ou hobby. É interessante ressaltar também que o artesanato brasileiro é considerado um dos mais belos e sofisticados do mundo. Essa produção reflete a criatividade e a sabedoria de vários artesãos que se dedicam a atividades como cerâmica, renda, entalhos em madeiras, cestaria, gastronomia etcétera Caso considere conveniente, mostre alguns tipos de artesanato feitos no Brasil, como as peças de barro produzidas em Caruaru (Pernambuco), cerâmicas desenhadas pelos cadiuéu e as cestas de capim dourado feitas no Jalapão (Tocantins) e em outras regiões do Cerrado.
  2. Resposta pessoal, em parte. O processo de industrialização afeta a sobrevivência da produção artesanal na medida em que oferece, por exemplo, produtos mais baratos, por serem feitos em grande quantidade. No entanto, atualmente, muitos artesãos estão:
  • ampliando a consciência de seus saberes tradicionais;
  • valorizando mais os próprios trabalhos e o artesanato em geral;
  • aprimorando suas técnicas de produção e fórmas de divulgação de seus trabalhos, por exemplo, por meio das mídias sociais;
  • estudando arte, design e história para compreender melhor seu ramo de atuação.

Inovações tecnológicas

Os seres humanos sempre utilizaram sua inteligência e criatividade para modificar o mundo à sua volta. Isso lhes permitiu inventar coisas extraordinárias, como a roda e o barco a vela. No entanto, a partir do século dezoito, as inovações tecnológicas deram um salto, tornando-se cada vez mais eficientes. A seguir, destacamos alguns dos marcos dessas inovações tecnológicas.

O tear mecânico foi inventado em 1785, sendo utilizado na fabricação de tecidos de lã e de algodão. Usava-se, sobretudo, a lã produzida na Grã-Bretanha e o algodão produzido nas colônias britânicas da América e da Ásia.

A máquina a vapor, aperfeiçoada por djêimes uót em 1765, teve várias finalidades, mas ganhou destaque no século dezenove, quando foi aplicada a meios de transporte como a locomotiva e o navio a vapor.

A locomotiva a vapor foi, talvez, o maior avanço no transporte terrestre desde a construção das estradas romanas. Pelas locomotivas, circulavam pessoas, alimentos, cartas, jornais e grande diversidade de produtos, como roupas e livros. As viagens tornaram-se mais rápidas e os trens chegavam às estações em horários previstos. O percurso entre as cidades de Londres (na Grã-Bretanha) e Glasgow (na Escócia), que levava doze dias a cavalo no século dezoito, passou a ser feito em dois dias de trem. O inventor da primeira locomotiva a vapor foi o engenheiro britânico geórge istefenson, em 1714.

O navio a vapor transformou profundamente o transporte marítimo. A partir dessa invenção, foi possível navegar sem ventos e por caminhos difíceis, como os estreitos marítimos. Com a construção do Canal de Suez, em 1869, ligando o Mar Mediterrâneo ao Oceano Índico, os navios a vapor reduziram pela metade a distância entre a Índia e a Europa. O inventor do primeiro barco a vapor bem-sucedido foi o engenheiro estadunidense Róbert Fúlton, em 1807.

Gravura. A gravura é cortada ao meio por uma linha horizontal, compondo duas faixas horizontais em que estão representados dois trens diferentes. Acima, puxado por uma locomotiva de formato retangular, com uma chaminé soltando fumaça na parte frontal, um trem com vagões fechados e pequenas janelas transparentes. Eles são amarelos na parte inferior e pretos na parte superior. O último vagão é cor de rosa.  O trem atravessa uma paisagem rochosa. 
Abaixo, puxado por uma locomotiva de formato cilíndrico, com uma chaminé soltando fumaça na parte frontal, um trem com vagões abertos, nas cores verde e azul, expondo os diversos passageiros amontoados. Os três primeiros vagões são maiores, em formato retangular. Os três últimos são divididos em dois quadrados sobre o mesmo eixo. O trem atravessa uma paisagem com um campo com algumas árvores sob um céu azul.
Viagem pela estrada de ferro Liverpool-Manchester, Reino Unido, gravura de Áisac Cháu, 1831. Desde aquela época, havia diferentes tipos de vagões para diferentes grupos sociais: aqueles mais confortáveis e fechados, para proteger os passageiros; e os menos confortáveis e abertos.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Inovações tecnológicas” trabalha aspectos do tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia e favorece o desenvolvimento das competências cê ê cê agá dois, cê ê cê agá três, cê ê cê agá cinco e cê ê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três, pois analisa os impactos de algumas inovações tecnológicas na circulação de povos, produtos e culturas. o boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento, principalmente, da competência cê gê seis. Além disso, o boxe dialoga com o tema contemporâneo transversal Trabalho, ao solicitar que os estudantes identifiquem as profissões que desejam exercer no futuro e ao levantar hipóteses sobre os impactos dos avanços tecnológicos sobre as profissões escolhidas.

Fontes de energia e comunicação

A partir, sobretudo, de meados do século dezenove, a industrialização se expandiu por outros países. Esse período foi marcado pelo desenvolvimento de novos materiais e fontes de energia.

O aço, por exemplo, passou a ser utilizado no lugar do ferro na produção de ferramentas, máquinas, trilhos de trem, edifícios e pontes.

A energia elétrica foi utilizada em vez do carvão para fornecer iluminação e movimentar máquinas industriais, trens e bondes.

O petróleo e seus derivados, como a gasolina e o diesel, tornaram-se os principais combustíveis dos novos meios de transporte.

Nos meios de comunicação, podemos destacar a invenção do telégrafo e do telefone.

O telégrafo (do grego, tele = longe + grafia = escrita) foi outra invenção extraordinária, que facilitou a comunicação. Esse aparelho, capaz de enviar mensagens codificadas por meio de fios, foi inventado por Sêmiuel Morse (1791-1872) por volta de 1832. Mórsse também inventou um código (Código Mórsse) que foi o grande marco desse sistema. Além da via terrestre, foram instalados cabos submarinos de telégrafo. No final do século dezenove, uma mensagem telegráfica podia ser transmitida mundo afora em cêrca de 24 horas.

Desenho em preto e branco. Sobre um fundo branco, há cinco grupos de ilustrações representando pessoas sentadas, trabalhando em equipamentos de telégrafo de modelos distintos e três ilustrações representando diferentes modelos do aparelho. Abaixo de cada ilustração, há o nome do modelo, que está ilegível na reprodução. No alto, uma mulher sentada diante de um telégrafo sobre uma mesa e, à direita, um homem sentado operando alguns discos sobre uma mesa. À direita, uma ilustração grande representando um telégrafo de formato retangular com o topo em formato triangular.  No centro, sentado diante de um telégrafo sobre uma mesa, um homem trabalha com uma folha de papel elevada diante de si. À direita, uma ilustração de um modelo de telégrafo feito de uma caixa retangular com uma roda sobre a qual há um suporte em que há folhas de papel apoiadas. Na parte inferior, uma mulher à esquerda e um homem à direita, ambos sentados diante de diferentes modelos de telégrafo sobre mesas de escritório. Ele é visto de costas manuseando uma fita. Ela é vista de lado operando uma máquina com a base retangular, o topo em forma de trapézio e um disco apoiado sobre a base. Na parte inferior, uma ilustração representando outro modelo de telégrafo composto sobre uma base de madeira, com um cilindro no centro, e um braço mecânico com um pequeno disco.
Desenho de pessoas trabalhando em uma central britânica de telégrafos, 1874. A invenção do telégrafo revolucionou o sistema de comunicação, aumentando a velocidade da divulgação de informações por todo o mundo.

O telefone (do grego tele = longe + fone = som) foi inventado, em 1876, por Alexandre Grem Bél (1847-1922) nos Estados Unidos. Não demorou muito para que fossem instaladas linhas telefônicas de longa distância nos Estados Unidos e em outras regiões do mundo.

Pintura. Uma área ao ar livre, à noite, com diversas árvores ao fundo e lustres dos quais pendem bolas iluminadas. Por todo o pátio, homens e mulheres aglomerados. Elas usam vestidos longos, e eles, em sua maioria, usam chapéus arredondados ou cartolas, paletós e calças escuras.
O baile público, pintura de Jan Berrô, 1880. Essa pintura representa uma das primeiras ruas iluminadas com lâmpadas elétricas em Paris, França.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Que profissão você gostaria de exercer no futuro? Como você ima- gina que essa profissão será afetada pelos avanços tecnológicos?

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal, em parte. É importante que os jovens estudantes reflitam sobre o mundo do trabalho e pesquisem informações sobre profissões contemporâneas. De modo geral, os avanços tecnológicos têm impactado diversos aspectos da vida social, incluindo o mundo do trabalho. Nesse novo contexto, várias atividades estão sendo criadas, sobretudo ligadas à área de tê Í (Tecnologia da Informação), porém muitas outras estão sendo extintas, pois se tornaram obsoletas com as inovações tecnológicas. Segundo o historiador Yuval rárari:

“Não temos ideia de como será o mercado de trabalho em 2050. Sabemos que o aprendizado de máquina e a robótica vão mudar quase todas as modalidades de trabalho – desde a produção de iogurte até o ensino do yoga. Contudo, há visões conflitantes quanto à natureza dessa mudança e sua iminência. Alguns creem que dentro de uma ou duas décadas milhões de pessoas serão redundantes. Outros sustentam que mesmo no longo prazo a automação continuará a gerar novos empregos e maior prosperidade para todos.”

Rarári, Iuvel. 21 lições para o século 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. página 40.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre a invenção do automóvel.

O impacto da invenção do automóvel

“O automóvel como o conhecemos exigia um novo salto tecnológico, que seria dado com a invenção do motor a explosão e a descoberta de que se podia usar petróleo como combustível, o que ocorreu a partir de 1850. Ainda no final do século dezenove, dois engenheiros alemães, carl Bens e Gótlib Dáimilér, montaram duas fábricas concorrentes de automóveis movidos a gasolina e, por isso, são considerados os pioneiros do carro moderno. Dáimilér e Bens iriam, aliás, se unir em 1926, criando a Dáimilér-Bens, cujos carros reticências são vendidos ainda hoje. reticências Os Estados Unidos, que até o início do século vinte só copiavam os avanços tecnológicos, mudaram essa história em 1908, quando o industrial Enri fórd passou a produzir carros padronizados em massa.

reticências Essa popularização levou à construção de estradas e ruas asfaltadas, influenciando a evolução das cidades e da vida moderna. Não à toa, o século vinte foi diversas vezes chamado de ‘o século do automóvel’.”

GODINHO, Renato Dômit. Como foi inventado o automóvel? Assim como o avião, ele tem diversos pais. Superinteressante, São Paulo, 14 fevereiro 2020. Disponível em: https://oeds.link/pQDNyn. Acesso em: 22 fevereiro 2022.

PAINEL

Torre Eiffel

Para comemorar os avanços tecnológicos e industriais, governos e empresários decidiram realizar exposições universais. Nelas, os industriais exibiam seus melhores produtos. Entre 1851 e 1900, ocorreram dezesseis exposições desse tipo, em países como Reino Unido, França, Áustria e Estados Unidos.

Em 1889, por exemplo, nas comemorações do centenário da Revolução Francesa, a exposição universal foi sediada em Paris. Para essa exposição, foi construída a Torre Eiffel.

Naquele período, a Torre Eiffel era a mais alta do mundo. Ela deveria ser uma estrutura temporária, como todas as construções para a exposição, mas acabou ficando definitivamente em Paris e tornou-se um símbolo da França.

Fotografia. Sob um céu azul com algumas nuvens, vista de uma torre alta feita de metal em meio a uma cidade densamente urbanizada, com uma área arborizada ao redor. Na base, mais larga com um formato arqueado, a indicação do número 1. Entre o primeiro e o segundo andar da torre, que, junto à base tem o formato da letra A, a indicação do número 2.  Na estrutura mais afilada e comprida da torre, composta de metal trançado, a indicação do número 3. No terceiro e último andar da torre, um pequeno topo de formato quadrado, a indicação do número 4.  Em cima do topo da torre, onde há uma haste fina de metal na posição vertical, a indicação do número 5.
Vista aérea da Torre Eiffel, em Paris, França. Fotografia de 2020.
  1. Elevadores levam os visitantes aos três andares da torre. Mais de 6 milhões de turistas passam pela torre todos os anos. Desde sua inauguração, mais de 300 milhões de pessoas já visitaram o monumento.
  2. O 1º andar e o 2º andar ficam, respectivamente, a 57 e 115 metros do chão. Neles, há restaurantes, lojas, espaços para descanso e uma sala de conferências.
  3. Toda a estrutura é de ferro e calcula-se que ela pese mais de mil toneladas.
  4. O 3º andar, que está a 276 metros do chão, abriga um mirante e um museu de cera, com uma representação do encontro entre o francês Gustave Eiffel e o estadunidense Thomas Edison.
  5. A torre tem 324 metros de altura. No topo, há antenas de estações de rádio e de canais de televisão.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Painel” intitulada “Torre Eiffel” favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê gê três, cê ê cê agá cinco e cê ê agá cinco.

Atividade complementar

Leia a seção “Painel” sobre a Torre Eiffel. Depois, em grupo, pesquisem quais feiras tecnológicas são realizadas aqui no Brasil e respondam às questões.

1. Vocês já visitaram alguma dessas feiras?

Resposta pessoal. Atualmente, existem muitas feiras de tecnologias no Brasil, como a Campus Party Brasil, versão brasileira da Campus Party, uma das maiores feiras de tecnologias do mundo; a Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), evento organizado na Universidade de São Paulo (São Paulo); o Fórum Internacional de Software Livre, realizado anualmente em Pôrto Alegre (Rio Grande do Sul); e a Fecón (Feira de Conhecimentos) de Recife (Pernambuco), uma das maiores feiras de ciências e projetos de escolas públicas do Brasil.

2. Que invenções são apresentadas nesse tipo de feira?

Resposta: As feiras tecnológicas costumam apresentar lançamentos de produtos e protótipos, como televisores, computadores, eletrodomésticos, celulares, robôs, softwares etcétera

3. Você acha que esse tipo de evento é importante? Por quê?

Resposta pessoal, em parte. Depois de ouvir as respostas, comente que essas feiras costumam estimular a produção e o consumo de novas tecnologias. No entanto, os investimentos públicos em Ciência e Tecnologia no Brasil sofrem muitas oscilações, o que dificulta o desenvolvimento científico e tecnológico no país.

Impactos da industrialização

As revoluções industriais provocaram transformações no mundo do trabalho, na contagem do tempo, no meio ambiente e na dinâmica de circulação de pessoas, mercadorias e culturas.

Trabalho nas fábricas

Nesse período, surgiram duas classes sociais: a burguesia industrial (patrões) e o proletariadoglossário (operários). De modo geral, os burgueses eram donos das matérias-primas, das máquinas e das fábricas. Já os proletários vendiam sua fôrça de trabalho em troca de um salário.

Em geral, as fábricas tinham instalações insalubresglossário , onde os operários eram submetidos a uma disciplina rigorosa e a uma intensa fiscalização. Frequentemente, sofriam maus-tratos, que incluíam desde ameaças até agressões físicas.

As tarefas dos operários tinham horários definidos e a vida deles passou a ser controlada pela “tirania do relógio”. O atraso no trabalho era punido com redução salarial, embora quase nenhum operário ganhasse o suficiente para comprar um relógio pessoal.

O salário era tão baixo que o operário precisava cumprir longas jornadas diárias, de até 15 horas, para sobreviver. Mesmo assim, muitos operários e suas famílias passavam por grandes dificuldades, como falta de alimentos, e viviam em condições precárias. Em diversos casos, diferentes famílias moravam em um mesmo cômodo para dividir os gastos com o aluguel.

Gravura em preto e branco. Em uma rua cercada de construções de dois andares feitas de tijolos, diante das construções. há várias pessoas aglomeradas e cabisbaixas, homens, mulheres e crianças, vestindo roupas largas. Alguns estão em pé, outros sentados nas calçadas.
Rua Wentworth, ilustração de gustáv dorrê, 1872. Na imagem foram representadas pessoas em uma rua do bairro operário londrino de Whitechapel.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Impactos da industrialização” e seus subitens favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê gê seis, cê ê cê agá três, cê ê cê agá cinco e cê ê agá dois, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três, ao analisarem os impactos da Revolução Industrial na produção, na cultura e na circulação de pessoas. Além disso, os textos “Trabalho nas fábricas”, “Trabalho feminino e infantil” e “Movimentos operários” desenvolvem aspectos dos temas contemporâneos transversais Trabalho e Educação em direitos humanos, ao abordarem as condições precárias de trabalho no início da industrialização e a gradual conquista de direitos fundamentais, ligados ao trabalho, à educação, ao lazer e à associação.

Outras indicações

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto do partido comunista. São Paulo: Paz e Terra, 2008.

O manifesto apresenta uma crítica ao capitalismo e à burguesia, conclamando o proletariado a lutar por direitos. A obra foi publicada em 1848, período de intensas reivindicações e lutas contra a exploração do trabalhador, sendo posteriormente apropriada por diversos movimentos operários.

tompison, E. P. A formação da classe operária inglesa: a árvore da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 2004. volume 1.

A obra analisa a sociedade de artesãos e da classe operária na Grã-Bretanha entre 1780 e 1832.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre o Relatório de Ciências da unêsco, de 2021. Esse relatório dedica um capítulo exclusivo para a situação paradoxal da pesquisa científica e tecnológica no Brasil.

Ciência e tecnologia no Brasil

“De acordo com dados do Relatório de Ciências da unêsco que acaba de ser divulgado no Brasil, 80% dos países do mundo investem menos de 1% de seu Produto Interno Bruto (Píbi) em Pesquisa e Desenvolvimento (pê ê dê). Apesar de ter ocorrido um aumento de 20% nos investimentos globais em ciência e tecnologia entre os anos de 2013 e 2018, há uma desigualdade demarcada pela excessiva concentração em alguns países. Desses 20%, 63% representam investimentos de China e Estados Unidos somados. O Brasil destina cêrca de 1,15% de seu Píbi em pê ê dê. Entre 2014 e 2018, período analisado no relatório, o total aplicado em ciência diminuiu quase 16%, com queda de 50% no orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (ême cê tê Í). No entanto, a resiliência de pesquisadores tem permitido que o número de trabalhos científicos e a contribuição mundial da ciência brasileira não decresça.”

DARÉ, Eliane da Fonseca. Menos investimento em ciência. Mais produção científica. Jornal da unicâmpi, Campinas, 18 junho 2021. Disponível em: https://oeds.link/AVwh2m. Acesso em: 22 fevereiro 2022.

OUTRAS HISTÓRIAS

Santos Dumont: o avião e o relógio de pulso

O inventor Alberto Santos Dumôn (1873-1932) é patrono da aviação no Brasil e considerado um dos brasileiros mais influentes do século vinte.

Os primeiros modelos de avião foram inventados pelo brasileiro Alberto Santos Dumôn e pelos irmãos estadunidenses Wright. Entre 1902 e 1903, os irmãos Wright voaram a bordo do Flyer, nos Estados Unidos. Em 1906, Dumôn voou a bordo do avião 14-bis na França. Contudo, enquanto o invento dos irmãos Ruáit precisava ser impulsionado por outro veículo para voar, o 14-bis decolava de fórma autônoma.

Em 1904, Dumôn encomendou a seu amigo Luí Cartiê um relógio de pulso, que seria mais prático para ver as horas enquanto pilotava o avião. Os voos de Santos Dumôn encantaram diversas pessoas e isso ajudou a popularizar o relógio de pulso, que passou a ser comercializado em 1911. Até então, o relógio de bolso era mais comum entre os homens. Atualmente, o relógio de pulso tornou-se um acessório popular e vem ganhando novos recursos tecnológicos, como medição de passos, batimentos cardíacos e pressão arterial.

Cartão-postal.  Sob um céu azul sem nuvens, um avião branco, com corpo retangular, uma estrutura em formato de cubo na ponta, rodinhas de base vazadas e asas formadas por três estruturas quadradas e vazadas que se encontram junto ao motor, de onde sai uma hélice. Sobre o avião, em pé, um homem de terno segurando o manche. 
Ele sobrevoa uma área gramada extensa, em que há um pequeno grupo de pessoas, árvores e montanhas ao fundo.
Cartão-postal britânico representando Santos Dumôn com o 14-bis, cêrca de 1910. O brasileiro Alberto Santos Dumôn foi a primeira pessoa a pilotar um dirigível movido a gasolina, em 1898. Depois, com o 14-bis, foi pioneiro na decolagem e voo de uma aeronave sem auxílio externo, em 1906.
Fotografia.  Sobre um fundo azul, um relógio de pulso em formato quadrado, com ponteiros prateados, números romanos e pulseira de couro marrom.
Relógio de pulso de Santos Dumont, de 1912. Esse relógio está em exibição no Museu do Design, em Londres, Reino Unido.

Responda no caderno

Atividade

Que tecnologias fazem parte de seu cotidiano? Em sua opinião, elas melhoram ou pioram a vida das pessoas? Argumente e dê exemplos.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “Santos Dumôn: o avião e o relógio de pulso” favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê gê três, cê gê cinco, cê gê sete, cê gê oito, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê cê agá seis, cê ê agá um e cê ê agá três, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três, ao analisar impactos da Revolução Industrial na produção e na cultura.

Orientação didática

As mulheres também se dedicaram ao desenvolvimento tecnológico ao longo da história. Entre o final do século dezenove e o início do vinte, algumas delas se interessaram pela aviação e chegaram a projetar aeronaves; outras se tornaram pilotas e instrutoras de voo.

A estadunidense êma Lilian Tód (1865-1937) é considerada a primeira mulher a desenhar e construir um avião, em 1906. Tód realizou um voo demonstrativo com seu avião em 1910. E a francesa Terrêse Peltiê (1873-1926) realizou diversos voos de exibição na França e na Itália, entre 1908 e 1910.

Já a francesa Remôn de Larróche (1882-1919) é considerada a primeira mulher a obter oficialmente uma licença de piloto. Na década de 1920, a estadunidense Neta Isnúc (1896-1991) tornou-se professora de aviação e trabalhou como pilota de voos comerciais.

Outras histórias

Resposta pessoal. A vida de milhares de pessoas está cercada de tecnologias como carro, avião, celular, computador, micro-ondas, máquina de lavar roupa, geladeira, câmeras de vigilância, elevadores, internet etcétera As tecnologias podem gerar efeitos benéficos (cura de doenças, acesso a alimentos, acesso à informação) e prejudiciais (ansiedade, atrofiamento muscular, desemprego estrutural, desinformação). Comente que muitas tecnologias não são boas ou ruins em si, porque seu uso depende de valores éticos e decisões políticas e econômicas. Sobre esse tema, propomos as seguintes questões para reflexão: como as novas tecnologias são utilizadas? Quais são seus objetivos? Quem tem acesso a essas tecnologias? Elas estão sendo utilizadas para emancipar as pessoas ou para gerar novas fórmas de exploração e de dominação?

Trabalho feminino e infantil

Desde os tempos mais antigos, mulheres e crianças trabalhavam na agricultura, na criação de animais e no artesanato. No entanto, com a Revolução Industrial, elas passaram a cumprir longas jornadas de trabalho, recebendo salários bem mais baixos que os dos homens.

As mulheres, além de trabalharem nas fábricas, cuidavam da casa e dos filhos. É a chamada dupla ou tripla jornada de trabalho, uma injustiça que ainda permanece em várias regiões do mundo.

Gravura em preto e branco. Em um túnel estreito,  uma criança debruçada sobre o solo, acorrentada a um carrinho com quatro rodas, preenchido com pedras escuras.
Gravura de autoria desconhecida que representa menina trabalhando em mina de carvão em Yorkshire, Reino Unido, 1842. Por serem menores, mulheres e crianças eram preferencialmente designadas para trabalhar nesses túneis estreitos, arrastando-se para transportar carvão.

As crianças trabalhavam em condições semelhantes às dos adultos, o que provocava sérios danos à saúde, como dores no corpo e doenças crônicas (bronquites e alergias). Elas também não tinham acesso à educação. Atualmente, no Brasil, a exploração do trabalho infantil é considerada crime e o acesso à educação é um direito de todas as crianças.

Quadrinho. História contada em quatro quadros. Um menino de cabelos crespos, curtos e escuros, vestindo uma camisa preta e uma bermuda roxa, e ao seu lado, um menino de cabelos lisos, escuros e curtos, vestindo uma camisa branca com o número 21 e uma bermuda preta. Quadro 1. Os meninos estão deitados de barriga no chão, lado a lado, segurando controles de videogame, com os olhares voltados para uma televisão à frente. O menino de camisa branca com um balão de fala: 'Frazz estava me contando sobre a Revolução Industrial'. Quadro 2. Destaque para o rosto do menino de camisa branca, coma cabeça virada para a esquerda com um balão de fala: 'Crianças (crianças!) eram forçadas a ficar nas máquinas, tipo 12 horas por dia!'. Quadro 3. Os dois meninos deitados em frente à televisão se entreolham. Quadro 4.  Sobre um fundo branco, a  televisão com tela escura, e os dois controles de video game sobre o chão.
Frazz, tirinha de Diéf Mélét, 2005. A tirinha resgata um dado histórico sobre a Revolução Industrial e faz uma crítica ao uso excessivo de recursos tecnológicos por crianças.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Você conhece mulheres que cumprem dupla jornada de trabalho? Como essa situação poderia ser superada?

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

DICKENS, Charles. Oliver Twist. Tradução e adaptação de Sandra Pina. São Paulo: Melhoramentos, 2012. (Clássicos da Literatura).

Romance clássico que narra a história de um menino órfão chamado Oliver e suas dificuldades para sobreviver no ambiente de pobreza do Reino Unido do início do século dezenove.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” da página 41 favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê seis, cê gê sete, cê gê nove, cê gê dez, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá quatro, cê ê cê agá seis e cê ê agá um.

Para pensar

Resposta pessoal, em parte. Depois de ouvir as respostas, comente que dupla jornada de trabalho se refere à situação em que uma pessoa exerce duas jornadas de trabalho: uma fóra de casa e outra dentro de casa (a chamada jornada tripla acrescenta o cuidado dos filhos). Em geral, essa situação é mais comum entre as mulheres, provavelmente devido a questões culturais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), em 2019, os homens dedicavam 11 horas semanais em média a trabalhos domésticos e de cuidado, enquanto as mulheres dedicavam vinte e duas horas semanais. Com isso, as mulheres têm menos tempo livre para os estudos, o lazer e a carreira. Existem várias fórmas de superar essa situação, como problematizar os papéis de gênero, valorizar o trabalho doméstico, buscar uma divisão mais igualitária das tarefas domésticas e de cuidado.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre a expansão das fábricas e o perfil de seus trabalhadores.

Perfil dos operários das fábricas têxteis no século dezenove

reticências tivemos de esperar pela tecnologia dos meados do século dezenove para que se concretizasse a semi-automação ou automação da produção fabril reticências. Antes do advento das estradas de ferro não existia, provavelmente, nenhum empreendimento (com a possível exceção de ocasionais usinas de gás ou de produtos químicos) que para um engenheiro de hoje tivesse mais que interesse arqueológico. Entretanto, também é significativo o fato de as fábricas de tecidos inspirarem tais visões de trabalhadores desumanizados e reduzidos à condição ‘mecânica’ ou de ‘braço’, antes de serem inteiramente substituídos por ‘máquinas automáticas’. A fábrica era realmente uma fórma revolucionária de trabalho, com seu fluxo lógico de processos, cada qual uma máquina especializada a cargo de um ‘braço’ especializado, todos ligados pelo ritmo constante e desumano do ‘motor’ e pela disciplina da mecanização. Acrescente-se a isto a iluminação a gás, a arquitetura metálica e o fumo das chaminés. Embora os salários fabris tendessem a ser mais altos que os da ‘indústria doméstica’ (exceto os pagos a trabalhadores manuais altamente qualificados e versáteis), os trabalhadores relutavam em trabalhar nelas, pois ao fazê-lo as pessoas perdiam aquele direito com que haviam nascido – a independência. Na verdade, essa era uma das razões por que se contratavam, de preferência, mulheres e crianças, mais dóceis: em 1838 apenas 23% dos trabalhadores das fábricas de tecidos eram homens adultos.”

róbisbáum, ériqui. Da Revolução Industrial inglesa ao imperialismo. quinta edição Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. página 63-64.

Movimentos operários

No início da industrialização, não havia direitos trabalhistas para regular as condições de trabalho. A maioria dos contratosglossário eram verbaisglossário e podiam ser encerrados a qualquer instante pela livre vontade do patrão. Às vezes, impunham-se contratos verbais vitalícios, que equivaliam a uma servidão disfarçada.

Havia, então, motivos de sobra para que os operários organizassem movimentos de resistência. Em 1791, por exemplo, operários anônimos incendiaram a primeira fábrica londrina a usar energia a vapor, que foi chamada de “moinho satânico”. Entre 1811 e 1812, outros operários destruíram máquinas fabris por considerá-las culpadas pela opressão. Esse movimento, conhecido como ludismoglossário , foi severamente reprimido pelo governo britânico.

Apesar da repressão, os movimentos operários seguiram em busca de ideais. Assim, nasceram os primeiros sindicatos, associações de empregados que lutavam por melhores condições de trabalho.

Em 1824, no Reino Unido, entrou em vigor uma lei que permitiu a existência dos primeiros sindicatos. Em 1834 foi fundada por róbert Ôuen a União Nacional dos Sindicatos, que reuniu meio milhão de trabalhadores. Após anos de lutas, os operários britânicos conquistaram direitos trabalhistas, como a redução das jornadas de trabalho e a proibição do trabalho infantil.

Ilustração. Um grupo de homens e mulheres aglomerados, portando marretas e martelos, voltados para uma máquina de tear.
Ilustração de autoria desconhecida, de 1935, que representa ludistas quebrando máquina de fiar durante protestos ocorridos entre 1811 e 1816 no Reino Unido.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Tempos modernos (Estados Unidos). Direção de Tcharls Tcháplin, 1936. 85 minutos

Filme clássico sobre a vida dos trabalhadores nas fábricas dos Estados Unidos no início do século vinte. O protagonista é um operário em crise depois de perder o emprego e ser confundido com um manifestante na rua.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre as lutas do movimento operário pela conquista de direitos.

A conquista de direitos dos trabalhadores

“O nascimento do movimento operário esbarra em obstáculos que vão atrasá-lo ou embaraçá-lo, em primeiro lugar, obstáculos jurídicos e políticos.

A este respeito é preciso recordar a ordem social saída da Revolução Francesa, que dificulta a organização de um movimento operário. reticências

Assim, a legislação decretou a dissolução de todas as associações, corporações e outras organizações e tomou disposições contra a sua eventual reconstituição. reticências

Os trabalhadores não podem formar associações nem coligarem-se reticências. Em vários países, a lei prevê que, em caso de conflito, ao empregador basta a sua palavra enquanto o empregado deve fazer prova das suas afirmações. reticências

Todavia, reticências as reações de defesa teriam sido lentas por uma razão sociológica que tem a ver com o fato de a classe operária ser uma classe nova, sem tradições nem experiência de luta, formada por indivíduos desenraizados do seu meio natural, lançados num mundo desconhecido e hostil a suportar com resignação as fomes, as intempéries, os golpes do destino. Obrigados a trabalhar desde os 4 ou 5 anos, são analfabetos, não têm quadros nem elite e desconhecem as horas de lazer que lhes teria possibilitado a conversação, a troca de ideias. Não é em tais condições que pode pôr-se de pé uma greve ou uma luta reivindicativa.

Por isso, não é destes elementos que vai nascer o movimento operário, mas dos artífices e dos oficiais, uma espécie de aristocracia do trabalho que vai constituir a vanguarda e lançar as bases do movimento operário. São eles os precursores, os promotores, do movimento operário a que as massas aderirão pouco a pouco, embora tardiamente. reticências

O primeiro objetivo do movimento operário nascente é naturalmente obter uma modificação da legislação que lhe permita sair da clandestinidade e organizar-se abertamente; é, pois, uma luta pela conquista da igualdade jurídica. Pouco a pouco, o movimento operário irá obtendo disposições legais que autorizam um começo de organização em virtude das mudanças de regime ou também graças ao apôio dos partidos interessados em ganhar votos operários à medida que o direito ao voto se alarga.”

RÉMOND, René. Introdução à história do nosso tempo: do Antigo Regime aos nossos dias. Lisboa: Gradiva, 1994. página 205-207.

No ritmo do relógio

Antes da Revolução Industrial, o tempo era basicamente contado em função das estações do ano, das atividades agrícolas, das festas populares e das celebrações religiosas. Essa contagem estava associada a fenômenos da natureza (chuvas e sêcas, calor e frio, o dia e a noite).

Com a Revolução Industrial, os trabalhadores, cumprindo as exigências da empresa, foram obrigados a se adaptar ao ritmo do relógio, que conta o tempo em horas e minutos. Difundiram-se, então, frases como “Tempo é dinheiro” e “Não perca tempo”. Tais expressões estavam ligadas ao funcionamento das fábricas, iluminadas pela energia elétrica, onde os trabalhadores se revezavam em turnos diurnos e noturnos. Com isso, os relógios mecânicos tornaram-se símbolos desse tempo que a indústria impôs aos trabalhadores.

Nos dias atuais, as relações das pessoas com o tempo também foram impactadas pelas tecnologias de comunicação, que trouxeram uma instantaneidade na troca de informações. Essa instantaneidade contribui, por exemplo, para dinamizar a economia. Hoje, é possível conversar por videoconferência com pessoas de diferentes países ao mesmo tempo, sem sair de casa. No entanto, essa rapidez nas comunicações também provoca problemas, como o aumento de casos de ansiedade, hiperatividade, depressão e insônia.

Vivemos numa “aldeia global”, conectados via internet em nossas “cabanas digitais” por meio de smartphones e computadores. Com a pandemia de covid-19, muitas pessoas passaram a trabalhar em casa (home office) usando aplicativos de mensagens, teleconferência e acesso remoto.

Fotografia. Duas pessoas vistas de lado e parcialmente. Em primeiro plano, uma pessoa cujo rosto não aparece, vestindo blusa de manga comprida e calça jeans, sentada, com uma mochila apoiada no colo, segurando um aparelho celular com as duas mãos. Ao seu lado, um homem cujo rosto aparece pela metade, vestindo blusa de manga comprida, segurando um aparelho celular com as duas mãos.
Passageiros utilizando smartphones em metrô na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2019. Com os smartphones, muitas informações podem ser acessadas na palma da mão.

Responda no caderno

para pensar

Como você organiza seu tempo? Quanto tempo você usa para comer, dormir, estudar, ver amigos e familiares, praticar esportes e se locomover até a escola?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê oito e cê ê cê agá um.

Para pensar

Resposta pessoal. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que ampliar nossa consciência sobre como utilizamos o tempo pode nos ajudar a desenvolver projetos de vida, aproveitando cada fase de fórma plena. Assim, estimule-os a pensar sobre quanto tempo eles usam para fazer suas atividades cotidianas e se eles acham que seria melhor fazer alguma alteração em suas rotinas, como destinar mais tempo para realizar alguma atividade física, comer com mais calma, conversar pessoalmente com amigos e familiares, ler um livro ou ver um filme.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto do historiador Eric róbisbáum sobre as mudanças que a produção industrializada trouxe para a rotina dos trabalhadores.

A mudança de ritmo provocada pelo trabalho industrial

“O trabalho industrial, principalmente o que é realizado numa fábrica mecanizada, impõe regularidade e rotina totalmente diferentes dos ritmos pré-industriais de trabalho – que dependem da variação das estações e do tempo, dos caprichos de outros seres humanos ou de animais e até mesmo do desejo de se divertir em vez de trabalhar.

Os artesãos, por exemplo, gostavam de começar a semana apenas na terça-feira, o que levava seus patrões ao desespero. A indústria trazia consigo a tirania do relógio e a medida do tempo não em estações, semanas ou dias, mas em minutos. A partir da Revolução Industrial passou a existir, acima de tudo, a regularidade mecanizada do trabalho, que se chocava com a tradição e com a falta de condicionamento da população. Como as pessoas não aceitavam espontaneamente esses novos costumes, tinham de ser forçadas por leis, disciplina, multas e salários tão baixos que somente o trabalho incessante e sem interrupções permitia ganharem o suficiente para sobreviver.”

róbisbáum, Eric. Da Revolução Industrial inglesa ao imperialismo. quinta edição Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. página 80.

Outras indicações

PIMENTA, João Paulo. O livro do tempo. São Paulo: Edições 70, 2021.

O livro oferece um panorama histórico da fórma como diferentes sociedades lidaram com o tempo.

Devastação ambiental e sustentabilidade

Nas sociedades industriais, o carvão mineral (a partir de 1760) e os derivados de petróleo (a partir do século dezenove) tornaram-se importantes fontes de energia. A queima desses combustíveis, no entanto, libera substâncias tóxicas que contaminam o ar, o solo e as águas.

Até meados do século vinte, na maioria dos países industrializados, não era obrigatório o uso de filtros nas chaminés das fábricas e nos escapamentos dos automóveis, tampouco havia tratamento adequado de esgoto nas cidades. A poluição impactou a vida de milhares de pessoas, causando doenças e mortes decorrentes, por exemplo, de problemas respiratórios.

A maioria das pessoas não tinha consciência de que os recursos naturais são limitados e de que as ações humanas causam fortes impactos no meio ambiente. Atualmente, isso está mudando.

A preservação do meio ambiente é uma das principais questões do mundo contemporâneo. Cada vez mais, cidadãos e instituições preocupam-se com ecologia e desenvolvimento sustentável. É urgente a conscientização de que os recursos naturais podem acabar e de que o meio ambiente não suporta um crescimento econômico irresponsável. Assim, multiplicam-se iniciativas que visam à redução da produção de resíduos, ao uso responsável da água, à implantação de fontes de energia limpa, entre outras.

Fotografia. Sob um céu escuro e nublado, vista de chaminés de fábricas e usinas, lado a lado. Em primeiro plano uma faixa de vegetação formada por copas de árvores.
Chaminés de indústrias emitindo fumaça em Cubatão, São Paulo. Fotografia de 2021. Na década de 1980, Cubatão foi considerada pela Organização das Nações Unidas (ônu) a cidade mais poluída do mundo. Esse alerta estimulou a diminuição em 90% da emissão de gases poluentes na década seguinte, mas pesquisadores ainda hoje procuram medidas para melhorar a qualidade do ar e do meio ambiente da região.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto Devastação ambiental e sustentabilidade trabalha aspectos do tema contemporâneo transversal Educação ambiental, ao abordar os impactos ambientais da produção industrial e a necessidade de construção de um mundo ecologicamente sustentável.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre a despoluição do Rio Tâmisa. Esse rio, que atravessa o centro de Londres, já foi considerado o mais poluído do mundo devido à contaminação gerada pelo crescimento industrial e urbano, sobretudo durante o século dezenove.

Tâmisa: um rio morto que renasceu com a tecnologia

“A despoluição do Tâmisa é um dos exemplos seguidos por várias cidades que tiveram o mesmo problema. Um rio biologicamente morto reviveu em menos de 50 anos. O investimento e a tecnologia necessários não foram poupados nesse trabalho de quase três gerações.

No século dezenove, o rio era conhecido como ‘O Grande Mau Cheiro’. Eram comuns as epidemias de cólera. Em pleno reinado da rainha Vitória, as sessões do Parlamento, que fica bem na margem do rio, tinham que ser suspensas quando o vento levava o odor para dentro do prédio. [Para evitar esses problemas] Primeiro, foi construído um sistema de captação de esgoto, em 1958. A solução não resistiu ao crescimento da população. E [ainda] na década de 50 do século vinte, vieram mais estações de tratamento.

Hoje, a empresa de saneamento de Londres continua a investir na infraestrutura. Dois barcos percorrem o Tâmisa de segunda a sexta e retiram 30 toneladas de lixo por dia. Todos os detritos são coletados por grades instaladas na proa e por esteiras que varrem o leito do rio. Câmeras de vídeo, radares e sonares informam a localização do lixo. O sistema funciona. Hoje, existem 121 espécies de peixes no Tâmisa e mais de 400 espécies de invertebrados.

Um rio como esse é o centro da vida na cidade.”

DESPOLUIÇÃO do Rio Tâmisa, em Londres é seguida por várias cidades. gê um, Rio de Janeiro, 30 maio 2012. Disponível em: https://oeds.link/BGVLdX. Acesso em: 22 fevereiro 2022.

População e urbanização

Outro efeito marcante da Revolução Industrial foi o crescimento da população urbana. Isso ocorreu devido a três condições principais:

  • migrações de pessoas do campo para a cidade, atraídas pela possibilidade de conseguir empregos e melhores condições de vida;
  • melhorias nos padrões de saúde com a descoberta da vacina contra a varíola, da anestesia com éter, do bacilo causador da tuberculose (e de fórmas de combatê-lo) e da necessidade de assepsia nos procedimentos médicos;
  • maior oferta de alimentos, devido à modernização agrícola, com a adoção de novos arados, debulhadoras e ceifadeiras.

Calcula-se que, em 1801, existiam apenas 23 cidades europeias com mais de 100 mil habitantes. Em 1900, já eram 135 cidades. No final do século dezenove já havia 19 cidades com mais de meio milhão de moradores na Europa.

Confira, no quadro Estimativas da população mundial”, o impressionante crescimento a partir de 1750.

Estimativas da população mundial

Ano

Habitantes

1

0,5 bilhão

1750

0,8 bilhão

1801

1 bilhão

1927

2 bilhões

1960

3 bilhões

1974

4 bilhões

1987

5 bilhões

2000

6 bilhões

2010

7 bilhões

2023

8 bilhões

Fontes: durên, J. D. Historical Estimates of World Population: An Evaluation. Filadélfia: Universidade da Pensilvânia, 1974; ônu. Population Division. World Population Prospects 2019. Disponível em: https://oeds.link/LWzMMu. Acesso em: 31 maio 2022.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade densamente urbanizada. No canto inferior esquerdo, uma praça arborizada. No canto superior direito, o mar azul. Na parte superior da imagem, uma faixa de céu azul. 
Da esquerda à direita, duas vias largas pavimentadas e paralelas cortam a imagem horizontalmente, entre quarteirões repletos de prédios altos. À esquerda, à frente da praça, uma via larga pavimentada corta a imagem verticalmente.
Vista aérea de bairro de Fortaleza, Ceará, a quinta cidade mais populosa do Brasil em 2021. Fotografia de 2018.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre o crescimento populacional e a urbanização na Europa no século dezenove.

Crescimento populacional e urbanização

“No decurso do século dezenove, a superioridade econômica da Europa desencadeia um crescimento de população nitidamente mais forte do que no resto do mundo. A população da Europa, incluindo a Rússia, passa de cêrca de 190 milhões de pessoas em 1800 a cêrca de 420 milhões em 1900. Mas este crescimento não foi uniforme no seio da Europa, diferindo o aumento da população consoante os países e os anos.

Esta explosão demográfica sem precedentes é, desde seu início, objeto de estudos e de teorias. Assim, Tômas Malthus, pastor e economista inglês, escreve o seu Ensaio sobre o princípio da população (1798, 1803). Defende que, se não for travado por fatores tais como a pobreza, a fome, a doença, a guerra ou o contrôle dos nascimentos, o poder multiplicador da população é infinitamente maior do que o poder que a terra tem de produzir a subsistência dos homens. O fundamento das ideias de Malthus não pode ser aplicado no século dezenove. O desenvolvimento das cidades e os melhoramentos agrícolas, industriais, bancários, permitem fazer face às necessidades de uma população em crescimento, e mesmo melhorar as condições gerais de vida. reticências

Vários fatores contribuem para este crescimento da população: na Europa Ocidental, as taxas de mortalidade diminuem sob efeito dos progressos da saúde pública. Na Inglaterra e no País de Gales, por exemplo, a esperança média de vida passa de cêrca de 35 anos, por volta de 1780, a cêrca de 40 anos por volta de 1840. reticências no conjunto, o excedente natural dos nascimentos sobre os óbitos desencadeia um pouco por toda a parte um forte impulso demográfico. reticências

Em finais do século [dezenove], a sociedade britânica é a mais urbanizada do mundo: nove em dez ingleses vivem na cidade. reticências a população urbana aumenta por toda a parte com uma velocidade espetacular: em 1880, Londres possui cêrca de 900 mil habitantes; Paris, 600 mil; Berlim, 170 mil. Em 1900, estes números elevam-se reticências a 4,7 [milhões em Londres], 3,6 [milhões em Paris] e 2,7 milhões de habitantes [em Berlim]. reticências

A urbanização exacerba os problemas sociais já existentes antes da industrialização. Muitas vezes, as cidades em pleno crescimento não dispõem de instalações urbanas de base tais como sistemas sanitários, redes necessárias de distribuição de água ou mesmo serviços de limpeza nas ruas. Uma população numerosa vive na miséria, amontoada em locais superpovoados, com importantes riscos de epidemias.”

Delúxe, Frédéric (org.). História da Europa. Coimbra: Minerva, 1992. página 297-298.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. Explique o que você entendeu por Revolução Industrial, citando as principais características de cada fase desse processo.
  2. No caderno, relacione as condições que favoreceram o pioneirismo industrial da Grã-Bretanha a suas explicações.
    1. Estabilidade social.
    2. Concentração de riquezas.
    3. Abundância de mão de obra.
    4. Disponibilidade de recursos naturais.
    5. Ética protestante.
    1. Normas morais e religiosas que valorizavam o trabalho, o lucro e a disciplina, não condenando a acumulação de riquezas.
    2. Após a Revolução Gloriosa, o reino viveu um período de estabilidade social, o que contribuiu para a ascensão da burguesia e o desenvolvimento do capitalismo industrial.
    3. Existência de jazidas de ferro e de carvão mineral. O ferro foi uma das principais matérias-primas utilizadas na confecção de máquinas e o carvão foi largamente utilizado como combustível nas indústrias.
    4. Foi viabilizada pelos lucros com o tráfico de pessoas escravizadas, a exploração de colônias e a venda de produtos manufaturados para América, África e Ásia.
    5. Aumento da população urbana devido às migrações de camponeses para as cidades, processo que está relacionado ao chamado cercamento.
  3. A ampliação da divisão do trabalho e a produção em série são características da Revolução Industrial. Observe a foto a seguir e responda: essas características ainda existem nos dias de hoje? Dê exemplos.
Fotografia. Uma linha de montagem demarcada por um piso de cor preta, formando uma faixa inclinada que corta a imagem da esquerda até a direita. Sobre uma esteira, de cor preta com bordas verdes, há uma linha de motocicletas idênticas, nas cores laranja e branco, formando uma fila. Ao lado de cada uma das motocicletas, dos dois lados da esteira há trabalhadores vestindo uniforme branco, boné verde e protetor para orelhas na cor amarela.  À esquerda, há uma caixa verde, metálica de formato retangular com botões com lâmpadas pequenas e coloridas. Ao lado dela, um painel de cor branca com uma faixa azul, com o texto Controle diário da linha de montagem. Sobre a esteira, no alto, há estruturas amarelas com luminárias de luz branca.
Linha de montagem em fábrica instalada em Manaus, Amazonas. Fotografia de 2018.
  1. Até o final do século dezesseis, os relógios mecânicos não tinham o ponteiro dos minutos. De acordo com a historiadora Quiára Frugoni, esses relógios tinham uma defasagem de pelo menos uma hora por dia. A ausência da contagem dos minutos pode demonstrar que, até então, ninguém havia sentido falta dessa fórma mais detalhada de marcar o tempo. Com essa informação, explique como a industrialização afetou a relação das pessoas com o tempo.
  2. Vamos projetar um Museu do Objeto. Para isso, escolha um objeto que você considera importante em seu dia a dia. Em seguida, faça o que se pede.
    1. Pesquise as origens desse objeto, quem o inventou, as alterações que sofreu e os usos que teve ao longo do tempo.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividades 3, 4 e 5);
  • cê gê dois (atividades 3, 4 e 5);
  • cê gê quatro (atividade 5);
  • cê ê cê agá dois (atividades 3, 4 e 5);
  • cê ê cê agá três (atividades 1 e 5);
  • cê ê cê agá cinco (atividade 3);
  • cê ê cê agá seis (atividade 4);
  • cê ê cê agá sete (atividades 6 e 7);
  • cê ê agá dois (atividades 2 e 3);
  • cê ê agá três (atividades 6 e 7);
  • ê éfe zero oito agá ih zero dois (atividade 2);
  • ê éfe zero oito agá ih zero três (atividades 1, 3, 4, 5, 6 e 7).

Oficina de História

Conferir e refletir

  1. A Revolução Industrial pode ser entendida, basicamente, como um processo de grandes mudanças tecnológicas nas fórmas de produção de mercadorias. O processo de industrialização é longo e, por isso, costuma ser dividido em três momentos principais. A Primeira Revolução Industrial ocorreu entre os séculos dezoito e dezenove, principalmente na Grã-Bretanha. Nesse período, foram inventadas as máquinas a vapor e as fábricas de tecidos de lã e de algodão. A Segunda Revolução Industrial ocorreu entre os séculos dezenove e vinte, difundindo-se por países como França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos e Japão. Nessa época, as principais inovações foram a locomotiva e o navio a vapor, a lâmpada elétrica, o automóvel, o avião, o telefone, o rádio e o cinema. A Terceira Revolução Industrial ocorre desde o século vinte até os dias de hoje. Nessa fase, houve um salto em inovações tecnológicas, com o desenvolvimento da informática, da microeletrônica, da robótica e da engenharia genética.
    1. cinco; b) um; c) quatro; d) dois; e e) três.
  2. Sim, essas duas características são muito presentes nos dias de hoje. Aliás, desde o início da Revolução Industrial, a divisão do trabalho tem se acentuado, levando milhares de trabalhadores a se especializar e a fragmentar seus saberes, como nas fábricas de automóveis, alimentos e eletrônicos. A produção em série também tem crescido, ou seja, cada vez mais são fabricados produtos do mesmo tipo industrial em larga escala, o que leva à padronização do consumo, por exemplo, de vestuário e jogos eletrônicos, e à massificação cultural.
  3. Antes da industrialização, a relação das pessoas com o tempo estava associada aos fenômenos da natureza (chuvas e sêcas, calor e frio, dia e noite), bem como a atividades sociais (festas populares, celebrações religiosas etcétera). A partir da Revolução Industrial, essa relação mudou, pois os trabalhadores foram obrigados a se adaptar ao ritmo das máquinas e aos horários impostos pelos empresários. Nas sociedades industriais, exacerbou-se a monetização do tempo, com a difusão de sentenças como “Tempo é dinheiro” e “Não perca tempo”.
  1. Monte uma linha do tempo com ilustrações desse objeto em diferentes épocas.
  2. Exponha sua linha do tempo ilustrada em um mural (físico ou virtual) da escola.
Versão adaptada acessível

5. Vamos projetar um Museu do Objeto. Para isso, escolha um objeto que você considera importante em seu dia a dia. Em seguida, faça o que se pede.

a) Pesquise as origens desse objeto, quem o inventou, as alterações que sofreu e os usos que teve ao longo do tempo.

b) Monte uma linha do tempo tátil desse objeto em diferentes épocas. Você pode usar materiais emborrachados, palitos, linhas, tipos de papéis com texturas variadas para realizar as marcações temporais.

c) Apresente sua linha do tempo aos colegas.

Orientação para acessibilidade

Para a construção de uma linha do tempo tátil a partir de materiais de diferentes texturas, uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero, fino e espesso tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados material emborrachado, diversos tipos de papéis, palitos, linhas, botões etc. Auxilie os estudantes durante a seleção e a organização dos materiais. Para facilitar a percepção em alto-relevo, sugerimos que a linha principal seja feita com materiais mais espessos, como o material emborrachado. Já os marcos temporais podem ser representados por materiais mais finos, como fios de linha ou pequenos palitos. Após a montagem dessa estrutura, oriente os estudantes a escrever e colar, próximo aos marcos temporais, as informações selecionadas. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. Outra possibilidade de trabalho é pedir aos estudantes que apresentem a linha do tempo do objeto escolhido em forma de texto ou oralmente, desde que as relações de anterioridade e posterioridade sejam evidenciadas.

Interpretar texto e imagem

6. Durante a Revolução Industrial, o Parlamento britânico solicitou investigações sobre as condições de trabalho dos operários. A seguir, leia o trecho de um dos relatórios produzidos e faça o que se pede.

Relatório dos Comissários do Trabalho Infantil (1832)

“Nas fábricas antigas e pequenas o relato uniforme é: suja; mal ventilada; mal drenada; sem banheiros ou vestiários; sem exaustores para a poeira; maquinaria solta; passagens muito estreitas; alguns tetos são tão baixos que se torna difícil ficar em pé no centro da sala.

Disso resulta:

  • Que as crianças empregadas em todos os ramos de manufatura do reino trabalham o mesmo número de horas que os adultos;
  • Que os efeitos de trabalho tão prolongado são: a deterioração permanente da constituição física; a aquisição de doenças incuráveis; a exclusão (por excesso de fadiga) dos meios de obtenção da educação adequada;
  • Que, na idade em que as crianças sofrem prejuízos com o trabalho, elas ainda não são emancipadas sendo alugadas e seus salários recebidos pelos pais ou responsáveis.”

REPORT of commissioners on the employment of children in factories (1832). Apud: GOVERNO do Estado de São Paulo. Secretaria de Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: SE/sêmp, 1979. página 84.

  1. Explique com suas palavras como era o ambiente das fábricas.
  2. As crianças trabalhavam menos horas do que os adultos?
  3. O trabalho nas fábricas oferecia riscos à saúde das crianças? Explique.
  4. Quem recebia o salário das crianças?

7. Enquanto alguns industriais, comerciantes e banqueiros exibiam seu progresso nas exposições universais, as organizações de trabalhadores desenvolveram uma postura crítica em relação a esses eventos. Leia a seguir o trecho de um manifesto convocando operários para um congresso em Paris e responda: qual é a mensagem principal desse manifesto? O que ele critica?

“A classe capitalista convida os ricos e poderosos a vir contemplar e admirar a Exposição Universal [de Paris], obra dos trabalhadores condenados à miséria em meio às mais colossais riquezas que nenhuma sociedade humana jamais possuiu. Nós, socialistas, perseguimos a libertação do trabalho, a abolição do regime de salários, a criação de uma ordem de coisas na qual, sem distinção de sexo nem de nacionalidade, todos e todas tenham direitos às riquezas frutificadas no trabalho comum. São os produtores a quem nós convocamos a Paris para o 14 de Julho.”

HARDMAN, Francisco Foot. Trem fantasma: a modernidade na selva. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. página 65.

Orientações e sugestões didáticas

5. Atividade que usa metodologia ativa de análise de fontes não escritas contextualizadas em relação ao cotidiano dos estudantes. A atividade pode ser realizada em grupo. Instrua os estudantes a procurarem informações sobre o objeto escolhido em enciclopédias, livros e na internet, bem como a montar a linha do tempo e a expor em um mural (físico ou virtual).

Interpretar texto e imagem

  1. Atividade de análise de documento histórico escrito.
  1. As fábricas eram locais sujos, poeirentos, mal ventilados, sem banheiros ou vestiários e, além disso, perigosos.
  2. De acordo com o relatório, as crianças trabalhavam o mesmo número de horas que os adultos.
  3. Sim. O trabalho nas fábricas prejudicava muito a saúde das crianças, provocando danos permanentes em seu corpo e também comprometendo sua educação.
  4. De acordo com o relatório, as crianças não recebiam salários. Quem os recebia eram seus pais ou responsáveis.

7. Atividade de análise de documento histórico escrito. O manifesto é uma crítica às desigualdades sociais que não foram superadas pelo advento do capitalismo industrial. Destaque que os operários aproveitavam ocasiões como a Exposição Universal de Paris para chamar a atenção dos trabalhadores e convocá-los para participar de congressos que debatiam fórmas de alcançar melhores condições de trabalho e de vida.

Glossário

Fragmentação
: divisão em pequenas partes.
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Proletariado
: palavra de origem latina, deriva de prole (filhos), referindo-se pejorativamente às pessoas que tinham poucos bens, mas muitos filhos.
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Insalubre
: nocivo; prejudicial à saúde.
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Contrato verbal
: acordo não escrito, firmado oralmente.
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Ludismo
: nome que se refere a Ned Lud, personagem fictício que teria, em protesto, quebrado máquinas em seu local de trabalho.
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