UNIDADE 2 AMÉRICA INDEPENDENTE
CAPÍTULO 4 INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS
Atualmente, os Estados Unidos são a maior potência econômica do mundo e têm sua produção cultural difundida em grande parte dos países, além de deterem enorme arsenal militar. Segundo a publicação Balance of payments and international trade, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ( Ô cê dê É), em 2021, cêrca de 22% dos bens produzidos no mundo foram importados por eles. De acordo com dados da agência de energia dos Estados Unidos (U.S. Energy Information Administration), em 2019, o país foi responsável pelo consumo de quase 17% de toda a energia produzida no planeta.
No entanto, os Estados Unidos nem sempre foram uma grande potência. Seu passado colonial revela uma origem parecida com a de outros países da América.
responda oralmente
para começar
Seu estilo de vida é influenciado pela cultura dos Estados Unidos? Converse sobre o assunto com os colegas.
Orientações e sugestões didáticas
Habilidades da Bê êne cê cê
- ê éfe zero oito agá ih zero seis
- ê éfe zero oito agá ih zero sete
Objetivos do capítulo
Os objetivos a seguir se justificam pelo tema do capítulo, a independência dos Estados Unidos da América, e de assuntos correlatos, como a construção da nação e do Estado, as relações entre indígenas e colonizadores desde a época colonial, a escravização de africanos e as lutas pela independência contra os britânicos.
- Debater os conceitos de Estado, país e nação com base no exemplo dos Estados Unidos.
- Abordar as relações entre as Treze Colônias e os povos indígenas da região.
- Identificar aspectos da escravidão nas Treze Colônias.
- Debater os conflitos com a Grã-Bretanha e o processo de independência dos Estados Unidos.
- Refletir sobre a conquista da independência dos Estados Unidos e seus limites.
Para começar
Resposta pessoal. O objetivo dessa atividade é abordar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre a influência cultural dos Estados Unidos no Brasil a partir de experiências vivenciadas por eles. Eles poderão refletir sobre as influências culturais estadunidenses na atualidade no que diz respeito, por exemplo, à música, à televisão ou aos jogos eletrônicos.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
A independência das Treze Colônias representou a primeira experiência de separação política entre colônias americanas e metrópoles europeias. Essa e outras questões diferenciaram a colonização inglesa na América do Norte da colonização ibérica em outras partes do continente americano. O estudo do processo de independência ajuda a compreender a história posterior dos Estados Unidos: seu desenvolvimento como Estado, a política intervencionista e seu papel nas relações internacionais.
Estado, país e nação
Afinal, o que significa independência? Para iniciar esse estudo, vamos apresentar alguns conceitos importantes.
Estado é uma instituição política na qual um poder soberano exerce sua autoridade sobre a população de determinado território. A palavra “estado” (com letra minúscula) também se refere aos estados-membros de um Estado (com letra maiúscula). O Brasil, por exemplo, é formado pelo Distrito Federal e por 26 estados-membros, entre os quais Amazonas, Ceará, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo etcétera
País é um território com fronteiras definidas habitado por um povo. Por exemplo, o Brasil é o maior país da América Latina e é habitado pelo povo brasileiro.
Nação é a organização social e cultural de um povo, que se manifesta por meio da língua, dos costumes, das tradições e da história.
Apesar de terem sentidos diferentes, as palavras “Estado”, “país” e “nação” são usadas como sinônimos em muitas situações.
As Treze Colônias inglesas
A partir do século , dezessete algumas comunidades inglesas começaram a se fixar na América do Norte, na costa atlântica. Nessa região, os ingleses fundaram as Treze Colônias.
Confira no mapa a divisão política das Treze Colônias no século dezoito. Nem todas as colônias foram criadas ao mesmo tempo: a última colônia instalada foi a Geórgia, em 1724, após os britânicos vencerem disputas por esse território contra os espanhóis.
As Treze Colônias inglesas na América do Norte (século XVIII)
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
Os textos “Estado, país e nação” e “As Treze Colônias inglesas” favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá cinco, cê ê cê agá sete, cê ê agá um, cê ê agá dois, cê ê agá cinco, cê ê agá seis, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero seis, ao aplicarem os conceitos de Estado, país e nação para o entendimento de tensões.
Orientação didática
Com base na discussão sobre os Estados nacionais, busque problematizar com os estudantes as diferenças entre Estado e nação. Pode-se estabelecer um diálogo com Geografia, de modo a ressaltar povos que não contam atualmente com um Estado organizado, mas são considerados nações. Compreender a diferença entre essas duas categorias é fundamental para que eles entendam os movimentos separatistas e nacionalistas na atualidade. De fórma breve, pode-se compreender que:
“Estado é, portanto, um conjunto de instituições públicas que administra um território, procurando atender os anseios e interesses de sua população. Dentre essas instituições, podemos citar as escolas, os hospitais públicos, os departamentos de política, o governo e muitas outras. reticências [Já nação significa] uma união entre um mesmo povo com um sentimento de pertencimento e de união entre si, compartilhando, muitas vezes, um conjunto mais ou menos definido de culturas, práticas sociais, idiomas, entre outros. Assim sendo, nem sempre uma nação equivale a um Estado, ou a um país ou, até mesmo, a um território, havendo, dessa fórma, muitas nações sem território e sem uma soberania territorial constituída.”
PENA, Rodolfo F. Alves. Diferenças entre Estado, país, nação e território. Mundo educação. Disponível em: https://oeds.link/DFH8iH. Acesso em: 4 março 2022.
Sugerimos ainda ressaltar aos estudantes alguns dos povos que lutam pela constituição de seu Estado – entre eles, curdos, palestinos, tibetanos, bascos e catalães.
Orientação didática
Comente com os estudantes as diferenças entre povo, população e cidadão. Cabe observar que povo está relacionado a todos os indivíduos ligados a determinado território e que têm uma nacionalidade em comum. A população, por sua vez, é composta não apenas daqueles que partilham a nacionalidade, seja ela nata ou naturalizada, mas também de estrangeiros que residam no local. Já o conceito de cidadão implica a garantia e o exercício de direitos políticos. Foi possível, portanto, ao longo dos séculos e em muitas localidades, haver povos e populações sem necessariamente serem compostos de cidadãos. O caso das mulheres e dos escravizados que não gozavam de direitos políticos é um exemplo e pode ser apresentado para o aprofundamento do debate em sala de aula.
Formação das Treze Colônias
Na época, muitos ingleses deixaram seu país por terem sido expulsos de suas terras e para fugir de perseguições religiosas ou de dificuldades econômicas. Esse foi o caso dos puritanosglossário que migraram para a América nas décadas de 1620 e 1630. Ali, eles criaram a colônia de Massachusetts.
Durante a conquista da América do Norte, colonos ingleses combateram os povos indígenas que ali viviam, como os powhatans, os cheyenes e os cherokees. Em outras ocasiões, fizeram alianças com eles. Nesse processo, alguns povos se deslocaram para o interior, porém a maior parte foi dizimada.
Os primeiros colonos puritanos foram considerados fundadores dos Estados Unidos e foram chamados “pais peregrinos”. No entanto, esses colonos seriam os “pais” apenas de uma parte da população, conhecida pela sigla Uáspi (em inglês, white anglo-saxon protestant), isto é, pessoas brancas de origem anglo-saxã e protestantes.
Além dos puritanos que fugiam das perseguições religiosas na Inglaterra, as Treze Colônias receberam pessoas que enfrentavam dificuldades com as transformações pelas quais o país passava naquele período. A tomada das terras dos camponeses concentrou boa parte da população inglesa nas cidades, onde a falta de trabalho ou de recursos para sobreviver fazia com que a promessa de um “Novo Mundo” atraísse essas pessoas para as colônias americanas. Órfãos, homens e mulheres sem posses e pessoas endividadas foram submetidos a contratos de trabalho forçado nas colônias.
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Os séculos dezessete e dezoito foram caracterizados pela resistência indígena aos avanços na colonização europeia na América do Norte. Além das armas e das habilidades militares, as doenças epidêmicas, o comércio de escravizados e o fluxo constante de novos habitantes foram fundamentais para a definição dos conflitos pela terra entre indígenas e colonizadores. Nesse período, muitos indígenas formaram alianças com os ingleses para combater outros grupos indígenas e mesmo os franceses que avançavam na região. Esse foi o caso, por exemplo, da aliança entre iroqueses e ingleses contra hurões e algonquinos. Durante esses conflitos, porém, os líderes indígenas também observaram como era estrategicamente vantajoso provocar rivalidades entre os próprios colonos, ingleses e franceses, mais do que formar coalizões contra grupos indígenas diversos. Essas alianças indicam que os indígenas tinham concepção de política, definiam estratégias e estabeleciam alianças, sendo protagonistas da própria história.
Atividade complementar
Após observar o mapa “As Treze Colônias inglesas na América do Norte (século dezoito)”, na página 78, responda: quais eram as colônias do norte, centrais e do sul?
Resposta: As colônias do norte eram New Hampshire, Massachusetts, Rhode Island e Connecticut; as centrais eram Nova iórque, Nova Jersey, Pensilvânia e Delaware; as colônias do sul eram Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia.
OUTRAS HISTÓRIAS
Os nativos e os primeiros colonos ingleses
No início do século , alg dezesseteuns povos originários da América do Norte ajudaram os colonos ingleses que lá chegavam. Os povos powhatan e wampanoag, por exemplo, ensinaram a esses colonos como cultivar alimentos locais, entre eles o milho, e mostraram os melhores locais para pescar. Desse modo, evitaram que muitos ingleses recém-chegados morressem de fome.
Nos primeiros anos, colonos e indígenas conviveram em paz. No entanto, vários outros grupos de homens e mulheres brancos continuaram chegando e invadindo as terras indígenas. Por toda parte ouviam-se disparos de tiros, barulho de machados e estrondos de árvores caindo. A ganância de ocupar e acumular riquezas dos europeus e seus descendentes gerava práticas violentas e os confrontos com os indígenas tornaram-se cada vez mais frequentes.
Nos Estados Unidos e no Brasil, escritores criaram obras importantes para a construção das identidades nacionais de seus países. Róbert Dêiél Ôuen escreveu a peça Pôcarrontas: um drama histórico em 1837, e José de Alencar escreveu Iracema: lenda do Ceará em 1865. Esses dois textos eram ficções e não tinham o compromisso de denunciar a invasão das terras indígenas pelos brancos.
Nas histórias de Pôcarrontas (indígena do povo powhatan que se une ao inglês djón smíf) e de Iracema (indígena Tupi que se une ao português Martim Soares Moreno), os autores queriam retratar os indígenas na história colonial de fórma idealizada: elas tinham filhos que se tornavam os primeiros americanos mestiços. Dessa forma, os escritores não mencionavam a colonização como um processo violento.
Povos indígenas e as Treze Colônias inglesas (século XVII)
Responda no caderno
Atividades
Em grupo, pesquisem sobre um dos povos originários da América do Norte. Reúnam informações sobre a história e a cultura desse povo. Depois, compartilhem o resultado com os colegas.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
A seção “Outras histórias” intitulada “Os nativos e os primeiros colonos ingleses” e o texto “Colônias do norte, centro e sul” favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá um, cê ê cê agá cinco, cê ê cê agá sete, cê ê agá um, cê ê agá dois e cê ê agá cinco.
Outras histórias
Atividade de pesquisa que visa favorecer a percepção dos estudantes sobre a diversidade de povos originários da América do Norte e destacar aspectos culturais. Divididos em grupos, incentive os estudantes a selecionar um dos povos indígenas mencionados no texto-base do capítulo ou na seção “Outras histórias”, bem como no mapa que a acompanha. Os estudantes devem pesquisar a história e a cultura do povo indígena selecionado e, depois, compartilhar o resultado com os colegas em sala de aula. Ao final da atividade, incentive a reflexão sobre a pluralidade cultural indígena nas Treze Colônias e como essa população foi afetada durante o processo de colonização. Se possível, comente sobre a luta dos povos indígenas que vivem no atual Estados Unidos. Os estudantes devem perceber que a luta pela garantia dos direitos indígenas permanece na atualidade.
Orientação didática
Os wampanoag são povos indígenas estadunidenses que falam o idioma algonquino e tradicionalmente ocuparam partes dos atuais estados de Rhode Island e Massachusetts. Eles tinham o hábito de se deslocar de tempos em tempos para locais que já conheciam. A dieta desse povo era baseada em milho, peixe e carne de caças. Os wampanoag organizavam-se em aldeias diversas, havendo um chefe em cada uma delas.
Orientação didática
A história de djón smíf e Pôcarrontas é narrada por ele, e não temos uma visão dos acontecimentos pela perspectiva dela. Pôcarrontas é descrita como uma mulher forte, boa e ingênua. Ela salva a vida de Smith, auxilia os ingleses a manterem sua colônia e acaba presa por eles, que a obrigam a aprender a língua deles e a se converter ao cristianismo. Ela recebe o nome cristão de Rebecca, casa-se com um inglês e eles têm um filho. Ao longo do tempo, as obras Pôcarrontas e Iracema foram adaptadas para o cinema, desenho animado e história em quadrinhos. Sendo assim, é possível sugerir que os estudantes vejam o filme Pôcarrontas: o encontro de dois mundos (direção de Maique Gabriel e Éric Gôldbêrg, 1995, 82 minutos) e percebam como essa história foi reproduzida ao longo do tempo com base em uma perspectiva idealizada. Também sugerimos o acesso a materiais que comparem as histórias de Iracema e Pôcarrontas e permitam a promoção de um debate em conjunto com o professor de Língua Portuguesa. Dessa fórma, sugerimos a leitura do artigo a seguir:
• Dân, Crístofer . Desvendando identidades nacionais: os discursos de raça e gênero em Pôcarrontas e Iracema. Letras de Hoje, volume 32, número 2, junho 1997.
Grafia dos nomes dos povos indígenas
Nos livros desta coleção, os nomes dos povos indígenas do Brasil foram escritos de acordo com a Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais, aprovada na Primeira Reunião Brasileira de Antropologia, em 1953.
• Com inicial maiúscula, quando usados como substantivo, e opcional, quando usados como adjetivo.
• Sem flexão de número ou de gênero.
Não estendemos esse padrão para os demais povos indígenas americanos e povos africanos.
Colônias do norte, centro e sul
Durante a colonização da América do Norte, os colonos ingleses conquistaram certa autonomia política e econômica em relação à Inglaterra. Eles podiam, por exemplo, fazer comércio com estrangeiros, o que não ocorria no Brasil colonial nem nas colônias espanholas da América. Conheça, a seguir, algumas características das colônias inglesas.
Nas colônias do sul, a agricultura era voltada principalmente para o mercado externo. Na maior parte das grandes fazendas – as chamadas plantations – cultivavam-se tabaco, algodão, arroz e um corante chamado índigo. Os trabalhadores eram em sua maioria africanos escravizados.
Já nas colônias do norte e do centro havia maior diversidade de produtos agrícolas. Nas pequenas e médias propriedades eram cultivadas plantas nativas da América (milho e batata) ou trazidas da Europa (trigo, cevada e centeio). Ali também eram praticadas a extração e a exportação de madeira, a pesca, a criação de gado e a caça de animais para a retirada de pele.
As manufaturas e o comércio com as Antilhas e a África se desenvolveram e, em todas essas atividades, havia tanto trabalhadores escravizados como trabalhadores livres.
Orientações e sugestões didáticas
Atividade complementar
O processo de independência das Treze Colônias ocorreu em meio a conflitos de interesses de diversos grupos. Essa ideia pode ser reforçada a partir de um debate encenado pelos estudantes. A turma pode ser dividida em grupos, cada um desempenhando o papel de um grupo social e político apresentado no decorrer no capítulo. Ao longo do estudo, incentive-os a prestar atenção aos diversos interesses mencionados. Antes do debate, é importante que os grupos se preparem relendo o capítulo e pesquisando em materiais indicados pelo professor, que pode também sugerir os materiais mencionados neste manual ou no próprio Livro do Estudante. No debate, um grupo representará os colonos das Treze Colônias, divididos entre as colônias do norte-centro e do sul e opondo-se à colonização; outro grupo representará o rei e os membros do Parlamento britânico (os interesses da metrópole), impondo leis que procuram ampliar a dominação colonial e aumentar a arrecadação de impostos; o terceiro grupo representará a comissão que redigiu a Declaração de Independência das Treze Colônias e também os congressistas que redigiram a Constituição dos Estados Unidos independente, argumentando e justificando as diferenças entre os direitos de homens, mulheres, negros, indígenas e brancos. Trata-se de abordagens que, ao serem feitas, precisam levar em conta o preconceito e a importância de contextualizar e circunscrever o tema ao período histórico em que os eventos aconteceram.
Escravidão nas Treze Colônias
Os africanos escravizados trabalharam em diversas colônias inglesas. No entanto, esse sistema de exploração foi mais intenso nas colônias do sul. Ali, quase metade da população era de pessoas escravizadas no século . dezoito
Havia algumas diferenças entre a vida dos escravizados nas grandes e pequenas propriedades. Uma delas era o trabalho que eles realizavam.
Nas propriedades rurais menores, os escravizados cumpriam várias tarefas na lavoura e na casa dos senhores. Já nas grandes fazendas (plantations), eles se especializavam em atividades como semear, colhêr, descascar grãos, produzir rum, entre outras.
Outra diferença era a moradia. Nas pequenas propriedades, senhores e cativos habitavam a mesma casa. Nas grandes fazendas, os escravizados dormiam em uma construção separada.
A alforria ou a libertação individual de escravizados quase não existiu durante a colonização inglesa, nem após a independência das Treze Colônias. Porém, onde havia a escravidão havia sempre a resistência dos escravizados. As revoltas eram frequentes e aconteceram, por exemplo, em Nova iórque, Carolina do Sul e Virgínia.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Escravidão nas Treze Colônias” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um, cê ê agá dois e cê ê agá cinco.
Orientação didática
A Festa do Chá de Boston foi um protesto político e mercantil que ocorreu em 16 de dezembro de 1773. O movimento foi realizado por um grupo de cêrca de 150 homens disfarçados como indígenas mohawk, que lançaram ao mar, no Pôrto de Boston, 342 baús de chá pertencentes à Companhia Britânica das Índias Orientais, o que equivalia a uma arrecadação de 18 mil libras.
Após o protesto de dezembro de 1773, o Parlamento aprovou as chamadas Leis Intoleráveis como fórma de controlar insurreições como a ocorrida em bóston. Todavia, essas medidas estimularam o sentimento de revolta dos súditos coloniais e impulsionaram o processo de independência.
Texto de aprofundamento
O trecho a seguir se refere ao paradoxo estadunidense no que concerne à coexistência da escravidão e das discussões sobre liberdade no período.
Paradoxos da escravidão
“Os americanos que buscam as origens do surgimento da liberdade, da democracia, e o homem comum tiveram de enfrentar, nas duas últimas décadas, o desafio lançado por outros historiadores que têm interesse na origem da história da opressão, exploração e racismo. reticências
Não superaremos o desafio pela mera execução da conhecida manobra de virar nossas velhas interpretações de cabeça para baixo. Já se percebe a tentação de argumentar que a escravidão e a opressão foram as marcas dominantes da história americana e que os esforços para fazer avançar a liberdade e a igualdade foram a exceção reticências. Tratar o surgimento da liberdade e da igualdade na história americana como mera hipocrisia não é apenas ignorar fatos concretos; é também evadir-se do problema que tais fatos apresentam. O surgimento da liberdade e da igualdade no país foi acompanhado pelo surgimento da escravidão reticências.
O desafio reticências está em explicar como um povo pôde desenvolver a dedicação à liberdade e dignidade humanas mostrada pelos próceres da Revolução Americana e, ao mesmo tempo, desenvolver e manter um sistema de trabalho que negava essa liberdade e dignidade a cada hora do dia.”
MORGAN, Edmundo S. Escravidão e liberdade: o paradoxo americano. Estudos Avançados, volume 14, número 38, São Paulo, janeiro a abril 2000. página 121-122.
Conflitos com os britânicos
O processo de independência das Treze Colônias começou depois da Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Nessa guerra, britânicos e franceses disputaram territórios na América do Norte, na Ásia e em outras partes do mundo.
Os britânicos venceram a guerra e anexaram grande parte das colônias francesas na América. Apesar da vitória, as finanças britânicas ficaram prejudicadas pelos gastos militares. Para compensar esses gastos, o governo britânico aprovou medidas para cobrar mais impostos dos colonos americanos. Entre elas, destacaram-se:
- Lei do Açúcar (1764) – impunha taxas sobre o açúcar (melaço) que não viesse das Antilhas britânicas. Além disso, aumentava as taxas sobre outros produtos, como café, seda e vinho;
- Lei do Selo (1765) – determinava a cobrança de taxa sobre documentos comerciais, como contratos, jornais, livros e anúncios, que deveriam receber um selo do governo britânico;
- Lei dos Alojamentos (1765) – obrigava os colonos a alojar e alimentar as tropas britânicas em território americano;
- Lei do Chá (1773) – concedia o monopólio da venda do chá à Companhia Britânica das Índias Orientaisglossário . O governo britânico queria impedir a venda de chá pelos comerciantes americanos e obrigá-los a consumir o produto fornecido pela Companhia. Em reação, cêrca de 150 colonos atacaram três navios britânicos carregados de chá no Pôrto de Boston e jogaram a mercadoria no mar, em dezembro de 1773. O protesto ficou conhecido como a Festa do Chá de Boston;
• Leis Intoleráveis (1774) – foram criadas para buscar controlar as revoltas que estavam ocorrendo nas colônias. Essas leis impunham: fechamento do Pôrto de Boston e punição dos colonos, envio de tropas britânicas para controlar Massachusetts, restrição do direito de reunião dos colonos e julgamento dos rebeldes por tribunais britânicos.
Em vez de submeter as Treze Colônias, essas medidas acabaram por impulsionar o processo de independência.
Orientações e sugestões didáticas
Atividade complementar
Em relação à gravura que representa a Festa do Chá de Boston (1773), responda às questões a seguir.
1. Onde a cena representada se passa? Quais elementos da imagem indicam esse local?
Resposta: a cena se passa em um navio. Há elementos indicativos como a construção em madeira, os buracos no assoalho da navegação, as cordas e um grande mastro em destaque.
2. Como os personagens estão representados na cena?
Resposta: os elementos indicam que foram representados apenas homens. Eles estão vestidos com roupas simples e usam cocares indígenas, denotando o disfarce utilizado.
Texto de aprofundamento
A respeito da história da escravidão nos Estados Unidos, sugerimos o texto a seguir.
Contextos da escravização
“ reticências a era revolucionária ofereceu aos escravos novas oportunidades para desafiar tanto a instituição da escravidão como as estruturas aliadas à supremacia branca reticências.
Alguns [escravizados] abandonaram antigos vínculos com os proprietários para formar novas ligações entre eles próprios. Uns poucos formaram alianças com escravos. O surgimento dessas combinações levou senhores de escravos – agora divididos entre as facções legalistas e patriotas – a fazer concessões anteriormente inimagináveis, ocasionalmente chegando à liberdade reticências.
Todavia, os proprietários de escravos não cediam seu poder facilmente. Em muitos lugares, recuperaram seu equilíbrio reticências. No final da era revolucionária [Guerra de Independência], havia muito mais negros escravizados do que no começo reticências. O choque da revolução alterou profundamente a escravidão reticências.
A confusão da guerra marcou apenas o começo dos problemas dos proprietários de escravos. A invocação da igualdade universal [na Declaração de Independência dos Estados Unidos] reticências fortaleceu ainda mais os escravos. As queixas dos patriotas contra a escravização a que estavam submetidos na colônia e a insistência na universalidade da liberdade extravasavam os estreitos limites da luta pela independência política. Como os americanos podem ‘queixar-se tão alto de tentativas de os escravizar’, refletia Tom Pêini em 1775, ‘enquanto mantêm tantas centenas de milhares em escravidão?’.”
BERLIN, Ira. Gerações de cativeiro: uma história da escravidão nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: recór, 2006. página 123-125.
Processo de independência das Treze Colônias
A partir do momento em que o governo da Grã-Bretanha pressionou a colônia com uma política mercantilista, os norte-americanos das Treze Colônias passaram a se unir em torno de um sentimento antibritânico.
Em 1774, representantes das Treze Colônias reuniram-se na Filadélfia e escreveram um documento contra as Leis Intoleráveis para ser enviado ao rei da Grã-Bretanha, Jorge terceiro (1738-1820). O governo britânico não cedeu à reivindicação e mandou mais tropas para as colônias na América. Começava assim o rompimento entre a metrópole e a colônia.
Além do conflito de interesses econômicos, as ideias iluministas de liberdade, justiça e combate à opressão também influenciaram os norte-americanos das Treze Colônias e o processo de independência, destacando-se o liberalismo político do filósofo inglês John Locke.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
O texto “Processo de independência das Treze Colônias”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê agá um e cê ê agá dois, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero sete, ao identificar e contextualizar o processo de independência das Treze Colônias.
Orientação didática
O documento contra as Leis Intoleráveis foi produzido durante o Primeiro Congresso Continental ocorrido em 5 de setembro de 1774, na Filadélfia, onde se reuniram delegados de doze colônias – o representante da Geórgia não estava presente. A carta produzida estava endereçada ao Parlamento inglês e ao rei Jorge terceiro. O documento demandava uma avaliação de políticas que promoviam um entrave ao desenvolvimento colonial, o que vinha ocorrendo com a promulgação da Lei do Selo, das Leis de Townshend e, por fim, das Leis Intoleráveis.
Declaração de independência
Em abril de 1775, a Batalha de Lexington deu início à guerra pela independência. Em maio do mesmo ano, líderes das colônias reuniram-se novamente na Filadélfia e nomearam George Uashington comandante das tropas coloniais na luta contra os britânicos.
Em 4 de julho de 1776, foi publicada a Declaração de Independência dos Estados Unidos, que havia sido aprovada pelos representantes das Treze Colônias. Seus redatores foram Thomas Jefferson, Sêmiuél Ádamis e Benjamin Franklin. Leia trechos desse documento a seguir.
“ reticências todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade.
reticências a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; reticências sempre que qualquer fórma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo reticências.
A história do reticências [atual] Rei da Grã-Bretanha compõe-se de repetidas injúrias e usurpações, tendo reticências [todas] por reticências objetivo reticências [direto] o estabelecimento da tirania absoluta sobre estes Estados.”
A DECLARAÇÃO de Independência dos Estados Unidos da América. O Portal da História. Disponível em: https://oeds.link/yXW7IZ. Acesso em: 29 abril 2022.
Orientações e sugestões didáticas
Texto de aprofundamento
O excerto a seguir oferece algumas indicações sobre a questão do público ao qual a Declaração de Independência dos Estados Unidos se direcionava.
Independência para quem?
“A mudança de público implícita da Declaração em julho de 1776 – de comunidades específicas dentro do Império Britânico ao ‘mundo cândido’ como um todo – representava a reivindicação principal do movimento em si: que as Colônias Unidas haviam deixado de ser membros do Império Britânico e agora se situavam ao lado dos ‘poderes da terra’. Na realidade, durante quase dois anos antes da elaboração da Declaração, o Congresso vinha exercendo grande parte dos direitos reivindicados pelos Estados Unidos no documento. Ele negociara com representantes britânicos, nomeando agentes para dedicar-se a seus interesses na Europa, correspondendo-se com potências estrangeiras e recorrendo a várias espécies de ajuda para a causa revolucionária. Para os partidários da Declaração no Congresso, portanto, ‘a pergunta não era se, mediante uma declaração de independência, deveríamos nos transformar no que não somos; mas se deveríamos declarar um fato que já existia’.
Para alguns, a Declaração em si era apenas o último de uma série de atos que haviam desfeito o vínculo entre Grã-Bretanha e Colônias Unidas nos meses anteriores a julho de 1776. Em agosto de 1775, Jorge terceiro já havia declarado, por decreto, que os colonos americanos eram rebeldes e, por conseguinte, achavam-se excluídos de sua proteção monárquica. O Parlamento confirmara o decreto real em seu Ato Proibitivo de dezembro de 1775. Djón Adams, escrevendo em março de 1776, alertou um correspondente para que não se confundisse a mera liberdade de comércio com a independência internacional madura, afirmando que ‘a independência é um fantasma de semblante tão terrível que uma pessoa sensível teria ataques só de olhá-lo na cara’. Só a dissolução política dos vínculos com o império poderia corresponder a um passo tão assustador. Além disso, Adams achava que a dissolução já fôra levada a cabo pelo ‘Ato proibitivo, Ato pirata, Ato defraudador, ou Ato de Independência’. ‘É um completo desmembramento do Império Britânico’, disse ádams. ‘Retira treze colônias da Proteção Real, iguala todas as diferenças e nos torna independentes, a despeito de todas as nossas súplicas e apelos reticências. Mas é muito estranho que os americanos hesitem em aceitar tal dádiva.’ Eles não hesitariam por muito tempo. Embora a essa altura fossem rebeldes aos olhos do rei e do Parlamento britânicos, os americanos ainda não eram beligerantes legítimos aos olhos do resto do mundo.”
ARMITAGE, David. Declaração de Independência: uma história global. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. página 33-34.
Atividade complementar
Após ler os trechos da Declaração de Independência dos Estados Unidos, responda às questões a seguir.
1. Consulte em um dicionário o significado das palavras que você desconhece. Depois, releia o texto.
Resposta pessoal.
2. Quais são os “direitos inalienáveis” mencionados no documento?
Resposta: A vida, a liberdade e a procura da felicidade.
3. O que o povo deve fazer caso esses direitos não sejam respeitados?
Resposta: O povo tem o direito de alterar ou abolir qualquer fórma de governo injusto e instituir novo governo.
4. De acordo com a Declaração, como estava composta a história da Grã-Bretanha?
Resposta: Segundo o documento, tratava-se de uma história de repetidas injúrias e usurpações, e o monarca tinha o objetivo direto de estabelecer uma tirania absoluta sobre os Estados Unidos.
Fim da guerra
Durante a guerra pela independência, entre 1775 e 1783, morreram aproximadamente 70 mil combatentes, de ambos os lados.
Nas primeiras batalhas, as tropas coloniais foram derrotadas pelos britânicos. Mas, a partir de 1778, os colonos tiveram a ajuda de franceses, espanhóis e holandeses e, em 1781, os britânicos foram derrotados. Dois anos depois, o governo da Grã-Bretanha reconheceu a independência. Assim, os Estados Unidos se tornaram o primeiro país independente da América.
Orientações e sugestões didáticas
Outras indicações
Sobre a independência e a consolidação da Constituição dos Estados Unidos, recomendamos:
• KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. terceira edição São Paulo: Contexto, 2016.
Na obra, os autores discutem a formação da nação, desde o processo de colonização até a influência dos Estados Unidos na época contemporânea.
PAINEL
Estátua da Liberdade
Em 1886, foi inaugurada em Nova iórque a Estátua da Liberdade, um presente do governo francês pelo centenário da independência dos Estados Unidos. O nome oficial dessa estátua é Liberdade iluminando o mundo. Ela representa a deusa romana Libertas.
A obra foi criada pelo escultor Fréderic-Auguste Bartholdi e pelo engenheiro Gustáve Eifél, que também projetou a famosa torre de Paris.
Atualmente, a Estátua da Liberdade é considerada um símbolo dos Estados Unidos, sendo visitada por milhões de turistas todos os anos.
- A coroa de sete pontas simboliza um Sol. Nessa coroa, existe um mirante aberto aos visitantes.
- Aos pés da estátua, há uma corrente quebrada que representa a conquista da liberdade.
- A mão esquerda carrega uma tábua gravada com a data da Declaração de Independência dos Estados Unidos: 4 de julho de 1776.
- A mão direita ergue uma tocha folheada a ouro para “iluminar o mundo”.
- Altura da estátua: 46,5 metros. Altura total, incluindo a base: 93 metros.
- A estátua possui estrutura de ferro envolvida por grandes peças de cobre. Por isso, quando foi inaugurada, ela apresentava uma cor avermelhada. Mas, com o tempo, ficou esverdeada devido à oxidação do cobre.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
A seção “Painel” intitulada “Estátua da Liberdade” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um e cê gê três.
Atividade complementar
Observe a imagem da Estátua da Liberdade e responda às questões.
1. Pelas características da Estátua da Liberdade, você diria que ela é um símbolo religioso ou laico? Justifique sua resposta.
Resposta: Trata-se de um símbolo laico. Mesmo remetendo à imagem de uma deusa romana da Antiguidade Clássica, ela não faz referência a alguma religião, e sim ao direito (laico e civil) de liberdade a ser exercido por todas as pessoas, independentemente de crenças religiosas.
2. O que os detalhes, os materiais e a altura da estátua sugerem?
Resposta: O tipo de materiais utilizados (pedra e alvenaria no pedestal, e ferro, cobre e ouro na estátua) sugere que a estátua foi produzida visando à durabilidade. A altura do conjunto (93 metros) equivale a um edifício de mais de trinta andares, dando a impressão de grandiosidade.
Constituição dos Estados Unidos
A Constituição dos Estados Unidos entrou em vigor em 1787 e, com alterações, vigora até hoje. O início do texto da Constituição declara:
“Nós, o povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma União mais perfeita, estabelecer a justiça, assegurar a tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da liberdade, promulgamos e estabelecemos esta Constituição para os Estados Unidos da América.”
CONSTITUIÇÃO dos Estados Unidos da América. Disponível em: https://oeds.link/VlY8Fp. Acesso em: 29 abril 2022.
Destacamos aqui três pontos fundamentais dessa Constituição:
- tipo de Estado – os Estados Unidos tornaram-se uma república federativa presidencialista, ou seja, constituída de estados associados em uma federação chefiada por um presidente;
- cidadania – assegurava-se aos cidadãos o exercício de direitos políticos e civis. Criaram-se leis garantindo a liberdade de expressão, de imprensa, de religião e de reunião, assim como a inviolabilidade do domicílio e o direito de ninguém ser preso e condenado sem passar por processo judicial;
- divisão dos poderes – os poderes do Estado foram separados em Executivo, Legislativo e Judiciário.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
Os textos “Constituição dos Estados Unidos” e “Limites da cidadania” favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê agá um e cê ê agá dois, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero sete, ao contextualizarem especificidades do processo de independência das Treze Colônias e seus aspectos populacionais.
Texto de aprofundamento
O trecho abaixo ajuda a entender aspectos da origem da Constituição estadunidense.
Constituição e democracia?
“Artigos Federalistas buscavam reticências fornecer argumentos políticos para a ratificação, e convencer os grandes grupos econômicos das vantagens do novo sistema: um governo central forte para garantir a propriedade contra as maiorias e capaz de restringir os abusos legislativos dos Estados. E a disputa entre os interesses econômicos fica evidente no processo de ratificação da Constituição reticências. Charles Bird reticências enfatizou a falta de qualquer elemento social ou econômico na análise da Constituição norte-americana. reticências A Constituição reticências é essencialmente um documento econômico, fundado na concepção de que o direito de propriedade é anterior a ela e deve ser protegido das maiorias populares. A Constituição de 1787 não foi criada pelo povo, nem pelos Estados, mas por um grupo consolidado de interesses econômicos reticências.”
Bercoviti, Gilberto. A Constituição invertida: a Suprema côrte americana no combate à ampliação da democracia. Lua Nova, número 89, São Paulo, 2013. página 114-115.
Limites da cidadania
O direito à liberdade e à busca da felicidade constava na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Posteriormente, a Constituição do país declarou o objetivo de estabelecer a justiça, o bem-estar geral e os benefícios da liberdade para o povo. Porém, esses direitos não eram válidos para todos na vida cotidiana. A escravidão, por exemplo, foi mantida até a Guerra de Secessão, entre 1861 e 1865, como estudaremos no capítulo 12.
Os líderes da independência não se preocuparam com os mais de 500 mil africanos e seus descendentes escravizados. Thomas Jefferson, um dos autores da Declaração de Independência e da Constituição dos Estados Unidos, era proprietário de pessoas escravizadas.
Os indígenas também não eram considerados cidadãos plenos. O “direito à liberdade e à busca da felicidade” garantido aos homens brancos pela Constituição não se estendia a todas as pessoas. Durante o período colonial e após a independência, muitos povos indígenas foram massacrados e expulsos de suas terras e tiveram sua cultura destruída.
Assim como negros e indígenas, as mulheres também tinham direitos restritos. Naquela época, elas eram consideradas frágeis e deveriam estar subordinadas ao poder masculino. As mulheres conquistaram o direito de votar nas eleições nos Estados Unidos somente em 1920.
Afinal, quem tinha os direitos de cidadão assegurados na Constituição dos Estados Unidos? A cidadania plena podia ser exercida apenas por homens adultos, brancos e com renda alta (burguesia industrial e comercial, proprietários de fazendas e de escravizados e profissionais liberais).
Orientações e sugestões didáticas
Orientação didática
Apesar de consideradas frágeis e lhes ser imposta a subordinação aos homens, muitas mulheres lutaram pela independência dos Estados Unidos. Ambos os lados combatentes não aceitavam o alistamento de mulheres, por acharem que elas deveriam ficar confinadas à esfera doméstica e familiar. No entanto, houve casos de mulheres que se disfarçaram de homens e se juntaram aos combatentes, e outras que serviram como enfermeiras ou espiãs. Muitas delas conseguiram passar facilmente pelos exames físicos nada rigorosos do período e misturavam-se aos jovens rapazes que se alistavam sem também cumprir alguns requisitos, como a idade oficial mínima de 18 anos. Tais mulheres só eram de fato descobertas e enviadas para suas casas por conta de doenças causadas pela precária situação em que os soldados se encontravam ou por ferimentos ocorridos em combates. Ainda que essa prática não fosse oficial, ela era conhecida por muitas pessoas. A combatente Méri Ôuens, por exemplo, foi descoberta devido a um ferimento no braço após ter combatido por dezoito meses sob o pseudônimo de Dión Évans. Após a descoberta, ela foi mandada para casa, na Pensilvânia, onde foi exaltada pela imprensa e pela sociedade da região. Frêncis Clêiten é outro exemplo: disfarçou-se de homem, usou o nome Diác Uílhâmis e se alistou com seu marido, lutando ao lado dele em diversas batalhas. Esses casos foram narrados na literatura e na imprensa do período, e muitas mulheres eram consideradas heroínas militares.
Atividade complementar
Organize uma atividade na qual os estudantes possam pesquisar sobre as mulheres que combateram ou atuaram como enfermeiras e espiãs nas lutas pela independência dos Estados Unidos. Algumas das mulheres que podem ser estudadas são Méri Istívens Diênquins, Quérui Maquigávéc, Méri Ôuens, Clara Barton, Frêncis Clêiten e Mériene Pítmen . A pesquisa pode ser realizada em grupos de três a cinco estudantes, e os dados coletados, apresentados oralmente, para que os demais estudantes conheçam as trajetórias dessas personagens.
Orientação didática
Na obra Uma cavalgada para a liberdade: os escravos fugitivos, o pintor recriou uma cena recorrente durante a Guerra de Secessão em que as pessoas escravizadas cruzavam campos de batalhas do sul confederado em direção ao norte com o intuito de fugir da escravidão. A pintura apresenta três personagens afro-estadunidenses montadas sobre um cavalo: pai, mãe e filho. Nota-se como o pai olha para a frente, fazendo alusão ao futuro em condições melhores, e a mãe, olhando para trás, faz alusão ao passado e aos horrores vividos pela família. Sugerimos que seja realizada uma leitura da imagem junto com os estudantes para apontar algumas dessas questões sobre a produção da pintura.
Contradições e lutas
A história dos Estados Unidos traz exemplos de grandes contradições sociais. A formação das Treze Colônias começou com a chegada de pessoas perseguidas na Inglaterra e que buscavam melhores condições de vida ou fugiam da intolerância religiosa. Porém, ao se estabelecerem na América, muitos mantiveram a intolerância de que eram vítimas, massacrando os indígenas para conquistar as terras deles, escravizando africanos e seus descendentes e impedindo que as mulheres tivessem direitos iguais. As contradições continuam até os dias atuais, com a perseguição aos imigrantes considerados ilegais.
A independência dos Estados Unidos acabou com a opressão exercida pelo governo britânico. Esse processo serviu de exemplo para aqueles que lutavam pela independência em outras regiões da América. Porém, a própria Constituição dos Estados Unidos excluía da vida política negros, indígenas e mulheres. Esses grupos tiveram de lutar pelo reconhecimento de seus direitos, luta que é ainda necessária e persiste na realidade do país.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
Os textos “Contradições e lutas” e “Luta por direitos” favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um, cê ê agá dois, cê ê agá três e cê ê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero sete, ao identificarem e contextualizarem especificidades do processo de independência dos Estados Unidos.
Orientação didática
Debata as questões trazidas pelo texto “Contradições e lutas” por meio de um viés contemporâneo, por exemplo, aproximando a discussão sobre o período com a política de imigração adotada pelo governo dônald tramp (2017-2021). Tal política, sobretudo, tinha como base o Ato de Imigração e Nacionalidade, promulgado em 1952 e que garante as deportações realizadas no país. De acordo com essa legislação, uma pessoa que entra ilegalmente nos Estados Unidos pode vir a ser processada em tribunal criminal ou civil, porém a aplicação fica a critério de cada governo. A política desse governo de separação de familiares entre adultos e crianças é uma interpretação extrapolada dessa legislação e pode ser entendida à luz do contexto aqui estudado e da perseguição aos imigrantes considerados ilegais. Os renovados protestos contra o preconceito racial e a violência policial ocorridos em grande parte dos Estados Unidos em 2020, após o assassinato por asfixia do afro-americano George Flóid por um policial branco de Minneapolis (Minnesota), também podem contribuir para o debate sobre as contradições da democracia no país.
Luta por direitos
Ao longo do século XX, os afro-estadunidenses lutaram por seus direitos e pelo fim do preconceito nos Estados Unidos. Muitos participaram do movimento pelos direitos civis da população negra no país. Um exemplo foi Mártin Lúter King (1929-1968), ativista político que organizou marchas e campanhas pelo direito ao voto, pelo fim da segregação e da discriminação e por outros direitos. Esses direitos foram conquistados com a aprovação da Lei de Direitos Civis, em 1964, e da Lei de Direitos Eleitorais, em 1965.
Até hoje os povos indígenas dos Estados Unidos também lutam por seus direitos. Muitos procuram retomar o contrôle de suas terras e de seus recursos naturais, bem como reconstruir suas comunidades. Outros buscam maior inserção na sociedade. Há povos indígenas em praticamente todos os estados e 30% deles vivem em reservas.
Refletir sobre as origens dessas desigualdades e desses preconceitos pode nos ajudar a construir sociedades mais justas e igualitárias. Reflexão e ação são instrumentos fundamentais na luta pela ampliação da cidadania.
responda oralmente
para pensar
Em sua opinião, estudar o passado ajuda a compreender as contradições que existem nas sociedades nos dias atuais? Reflita e debata suas conclusões com os colegas.
Orientações e sugestões didáticas
Para pensar
Resposta pessoal, em parte. Tema para reflexão e debate. Aponte que o estudo da História permite a interpretação dos conflitos sociais e dos interesses que estão em jogo nos diferentes momentos históricos. Além disso, é importante que os estudantes percebam como alguns desses temas têm relação direta com questões atuais. O intuito da atividade é desenvolver competências de análise e comparação de conflitos ocorridos em tempos históricos distintos, a fim de identificar e compreender permanências e rupturas.
OFICINA DE HISTÓRIA
Responda no caderno
Conferir e refletir
1. Organize um quadro comparativo entre as colônias inglesas do centro-norte e do sul, considerando o tipo de produção econômica, a fôrça de trabalho e o tipo de propriedade predominante.
Versão adaptada acessível
1. Estabeleça comparações entre as colônias inglesas do centro-norte e do sul, considerando o tipo de produção econômica, a força de trabalho e o tipo de propriedade predominante. As informações podem ser apresentadas por meio de uma produção textual, de um relato oral ou de um quadro comparativo tátil. Para elaborá-lo, você pode utilizar materiais como papéis com diferentes texturas, linhas, botões, palitos, materiais emborrachados, entre outros.
Orientação para acessibilidade
O objetivo da atividade é que o estudante compare o tipo de produção econômica, a força de trabalho e o tipo de propriedade predominante nas colônias inglesas do centro-norte e do sul, compreendendo suas semelhanças e diferenças. No caso da produção textual ou oral, deve-se estar atento na percepção em averiguar se o estudante estabeleceu as mesmas categorias comparativas para as colônias, evidenciando dessa forma que o objetivo da atividade foi alcançado independentemente do formato de sua execução. Em um quadro comparativo, indicam-se categorias fixas que devem constar nas linhas e colunas dessa representação. Caso se opte pela construção de um quadro comparativo tátil, oriente os estudantes no passo a passo dessa construção a partir de materiais de diferentes texturas. Uma aula antes, oriente-os a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero, fino e espesso tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Eles podem utilizar diferentes materiais para elaborar essa representação, como palitos ou fios de barbante para representar o contorno das linhas, recortes de papéis de diferentes texturas para representar as colônias inglesas, as categorias comparativas etc. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade.
- Relacione as ideias iluministas à luta pela independência das Treze Colônias e aos princípios da Declaração de Independência. Se necessário, retome o capítulo 1.
- Os direitos apresentados na Declaração de Independência dos Estados Unidos beneficiaram de fórma igualitária a todos que lá viviam? Explique.
- Em grupo, releiam o trecho da Constituição dos Estados Unidos na página 88 e pesquisem em livros, filmes e na internet a condição dos Estados Unidos atualmente no que se refere à tranquilidade interna, ao bem-estar geral e aos benefícios da liberdade. Depois, escrevam um texto sobre o assunto e debatam o tema em sala de aula.
integrar com arte
Interpretar texto e imagem
5. No final do século , o dezoito conflito entre os colonos da América do Norte e a metrópole britânica motivou intelectuais e artistas a publicar ilustrações, caricaturas e folhetos. Um dos folhetos mais conhecidos desse período foi produzido por Tômas Pêini (1737-1809) e chamado Senso comum (1776). Nele, seu autor defendia a independência dos Estados Unidos. Leia um trecho do documento a seguir e observe com atenção a caricatura de djêimes guílrêi (1756-1815) sobre Thomas Paine. Depois, responda às questões.
“A 10 de janeiro de 1776, o folheto Senso comum chega às livrarias da Filadélfia [...]. Diz o autor:
‘ reticências onde quer que estoure uma guerra entre a Inglaterra e qualquer outra potência estrangeira, o comércio da colônia sofre ruínas por causa de sua conexão com a Grã-Bretanha... Tudo o que é justo ou razoável advoga em favor da separação’.”
KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século . vinte e um segunda edição São Paulo: Contexto, 2008. página 85.
Orientações e sugestões didáticas
Alerta ao professor
Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências da Bê êne cê cê:
• cê gê três (atividades 5 e 6);
• cê gê quatro (atividade 6);
• cê ê cê agá dois (atividade 4);
• cê ê cê agá cinco (atividade 2);
• cê ê cê agá seis (atividade 4);
• cê ê agá um (atividade 4);
• cê ê agá três (atividades 5 e 6).
Oficina de História
Conferir e refletir
1. Sugestão de quadro comparativo:
Colônias inglesas |
Tipo de produção econômica |
Força de trabalho |
Tipo de propriedade predominante |
---|---|---|---|
Centro e norte |
Agricultura diversificada, inclusive para consumo local |
Escravizada e livre |
Pequena e média |
Sul |
Agricultura para exportação |
Escravizada (em sua maioria) |
Latifúndio (plantations) |
- As ideias iluministas de liberdade, justiça e combate à opressão política foram divulgadas na América do Norte pelo escritor Tômas Pêini e pelo político Sêmiuél Ádamis. Tais ideias influenciaram os colonos daquela região a lutarem pela independência e também os responsáveis pela elaboração da Declaração de Independência dos Estados Unidos.
- Não, beneficiaram aqueles que estavam diretamente ligados à sua elaboração e ao processo de separação de colônia e metrópole: os colonos proprietários de terras e comerciantes. Os demais – trabalhadores livres, escravizados, mulheres e outros – continuaram submetidos às mesmas condições em que viviam até então.
- Resposta pessoal. O objetivo da atividade é promover o diálogo passado-presente. Reflita com os estudantes sobre as diferenças entre o “plano legal” e o “plano real”.
- Qual é a ação do personagem retratado na caricatura? O que essa ação pode representar?
- De que modo esses dois documentos históricos, o texto e a caricatura, estão relacionados?
6. No início do século dezenove, surgiu nos Estados Unidos um grupo de paisagistas denominado Escola do Rio Hudson. Segundo a historiadora méri âne Junqueira, esses pintores buscavam representar a grandiosidade da natureza estadunidense, diferenciando a jovem nação independente de sua ex-metrópole, a Grã-Bretanha. Dessa forma, eles procuravam uma identidade para o novo país. Observe as pinturas de dois artistas dessa escola.
- Em dupla, façam uma breve descrição de cada pintura.
- Com base na descrição das pinturas feita por vocês e na interpretação da historiadora citada, escrevam um texto sobre a imagem que esses artistas buscavam construir para a nova nação.
- Leiam o texto de vocês para os colegas e ouçam a apresentação dos textos deles.
Orientações e sugestões didáticas
Interpretar texto e imagem
- Atividade interdisciplinar com Arte que permite o desenvolvimento de leitura inferencial.
- A personagem Tômas Pêini mede uma gigantesca coroa britânica com sua fita métrica. Pêini é representado de fórma depreciativa como um alfaiate esfarrapado, cuja fita métrica (que representa as críticas) não consegue medir a grandiosidade da Coroa britânica.
- No texto, Pêini aponta a fragilidade do comércio entre as Treze Colônias e a Grã-Bretanha como argumento em favor da independência. Na caricatura, as críticas de Pêini à Coroa britânica são satirizadas.
- Atividade que permite interdisciplinaridade com Arte.
a., b. e c. Respostas pessoais. Discuta com os estudantes a grandiosidade da natureza em comparação com as figuras humanas representadas. Essas personagens são pequenas diante da paisagem, que ocupa praticamente todo o espaço das pinturas. Dessa fórma, as obras possivelmente constroem a imagem de uma terra repleta de riquezas, de vastidão sem limites a ser conquistada e transformada. Além disso, a amplitude da paisagem estadunidense indica as potencialidades de um mundo a ser construído, uma nova Grã-Bretanha.
Para mais informações sobre a questão que norteia a atividade, consultar:• JUNQUEIRA, Méri A. Representações políticas do território latino-americano na Revista Seleções. Revista Brasileira de História, São Paulo, volume 21, número 42, página 323-342, 2001.
Glossário
- Puritanos
- : protestantes radicais, em sua maioria calvinistas, que queriam purificar a Igreja inglesa.
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- Companhia Britânica das Índias Orientais
- : empresa criada por investidores ingleses em 1600 para comercializar produtos coloniais.
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