UNIDADE 2 AMÉRICA INDEPENDENTE

CAPÍTULO 5 INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA LATINA

Em 1991, representantes dos governos do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai criaram um bloco econômico chamado Mercado Comum do Sul (Mercosúl). O objetivo desse bloco é ampliar o comércio e estimular o desenvolvimento da região.

O Mercosúl não foi a primeira tentativa de criar algum tipo de integração na América Latina – nesse caso, uma integração econômica. No século dezenove, alguns líderes dos processos de independência também defenderam fórmas de integração latino-americana.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

1. Você sabe o que significa a expressão “América Latina”? E “América do Sul”?

2. Além do Mercosul, que outro bloco econômico você conhece?

Gravura. Destaque para a estátua do busto de um homem com cabelos escuros e curtos, bigode e trajando uma veste militar. O busto está sobre um palanque e ao seu redor há dois homens vestindo saias de penas e cocares sobre as cabeças. Eles estão com os peitos desnudos e seguram lanças. Do outro lado do busto, há uma mulher de cabelos longos e cacheados, trajando um vestido vermelho e um cocar de penas na cabeça. Sobrevoando ao redor do busto, dois seres de aspectos angelicais, vestindo túnicas brancas, cada um com um par de asas de penas brancas. Um deles porta dois instrumentos de sopro, semelhantes a trompetes, e o outro segura uma longa pena com uma das mãos. Em segundo plano, um navio no mar.
Viva Bolívar, libertador de sua pátria, gravura publicada na obra La victoria de Junín, de Rossê Roaquím de Olmêdo, 1826. Três figuras com feições europeias e roupas indígenas (possivelmente representando filhos de espanhóis nascidos na América) aparecem colocando uma coroa de flores no busto de Simón Bolívar, que liderou alguns dos processos de independência na América do Sul.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero oito agá ih zero sete
  • ê éfe zero oito agá ih zero oito
  • ê éfe zero oito agá ih zero nove
  • ê éfe zero oito agá ih um zero
  • ê éfe zero oito agá ih um um
  • ê éfe zero oito agá ih um três

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam pelo tema do capítulo, ou seja, as independências na América Latina, e por assuntos correlatos, como as limitações e os direitos alcançados nesses processos, as especificidades da América espanhola e do Haiti e o pan-americanismo nos séculos dezenove e vinte.

  • Conhecer, em linhas gerais, o processo de independência das colônias espanholas na América e da colônia francesa de São Domingos, atual Haiti.
  • Refletir sobre os limites e as conquistas das independências na América Latina.
  • Identificar as características do pan-americanismo.

Para começar

1. Os estudantes devem expressar seus conhecimentos e revelar suas fontes de informação (televisão, jornais, internet, livros ou capítulos anteriores deste ou de outros livros desta coleção, por exemplo). Depois de ouvir as respostas, explique que “América Latina” é o termo utilizado para se referir à parte do continente colonizada, predominantemente, por europeus que falavam línguas latinas (portugueses, espanhóis e franceses). Abrange os países da América do Sul e Central e também o México, na América do Norte. Já “América do Sul” é o nome dado à região mais ao sul do continente americano, que abrange os territórios de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

2. Como exemplo de outros blocos econômicos, há a União Europeia (formada por 27 países europeus), o u ésse ême cê á (formado por Canadá, Estados Unidos e México), a apéqui (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), o bríquis (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), entre outros.

Fotografia. Sobre um pedestal de pedra, a estátua de um homem vestindo uma armadura, montado em um cavalo. Em segundo plano, edifícios, um deles com uma cúpula azul. No pedestal está gravado o nome: Artigas.
Monumento a Rossê Artigas (1764-1850), líder da independência do Uruguai, na Praça Independência, em Montevidéu, capital do país. Fotografia de 2018. Artigas fez carreira militar durante a colonização espanhola no Rio da Prata e ajudou a combater portugueses, britânicos e brasileiros que queriam controlar a região.
Fotografia. Um grupo de pessoas, sobretudo homens, vestindo ternos escuros e gravatas, sentados em cadeiras de madeira ao redor uma mesa grande em formato de 'U'. Ao fundo, projeção sobre a parede com o texto: 'Mercosul' e 4 estrelas sobre uma linha curva verde. Em segundo plano, hastes com as bandeiras de diversos países da América do Sul, como Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.
Há apenas duas mulheres à mesa, uma vestindo uma camisa rosa, outra de óculos e blusa preta.
Reunião do Mercosúl com os chanceleres dos países-membros e dos associados em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Fotografia de 2019. Os Estados que fazem parte do bloco econômico são Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai (fundadores) e Venezuela (entrou em 2012, mas está suspensa desde 2017). Os Estados associados são Bolívia (em processo de adesão como membro permanente), Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Na conversa inicial, sugerimos um levantamento das informações sobre o Mercosúl que fazem parte do repertório dos estudantes. Em seguida, peça a eles que se organizem em grupos de trabalho. Cada grupo deverá escolher um país do bloco para pesquisar os seguintes aspectos: língua ou línguas falada ou faladas, principal ou principais religião ou religiões, fórma de governo, cultura e notícias recentes. Os grupos podem apresentar os resultados da pesquisa e depois comentar, oral e coletivamente, as semelhanças e as diferenças entre esses países.

América Latina

A expressão “América Latina” refere-se aos países da América que têm características históricas e culturais em comum. A maioria desses países fala línguas de origem latina, pois foi colônia de Portugal, Espanha ou França.

Boa parte das colônias da América Latina se libertou de suas metrópoles nas primeiras décadas do século dezenove. Várias condições favoreceram as lutas pela independência nesse período. Entre elas, a organização popular, a influência de ideias liberais iluministas, a busca por autonomia política e econômica e as lutas contra o trabalho forçado.

Neste capítulo, vamos conhecer os principais aspectos dos movimentos de independência que ocorreram no Haiti (ex-colônia francesa) e nas diversas colônias da América espanhola.

O mapa a seguir mostra as datas de independência de vários países da América.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Em sua opinião, o que é necessário para um país ser independente? E o que é preciso para uma pessoa ser independente? Reflita sobre o assunto.

Independências na América (séculos XVIII-XX)

Mapa. Independências na América. Séculos dezoito a vinte. Mapa da América dividida politicamente; cada unidade representada por cores ou padrões diferentes. Entre parênteses, sobre cada território, o ano com a Data de Independência. A legenda tem três categorias: 
Colonização espanhola,  Colonização portuguesa, e Outras colonizações.
Colonização espanhola. 
Em verde, Vice-Reino da Nova Espanha, compreendendo a região que hoje corresponde ao México (independência em 1821) e a Califórnia, Nevada, Utah, Arizona, Novo México, Colorado, Texas e Oklahoma, nos Estados Unidos. Em laranja, Vice-Reino da Nova Granada, compreendendo as regiões que hoje compreendem o Panamá (independência em 1903), a Colômbia (independência em 1819) e o Equador (independência em 1822). 
Em rosa, Vice-Reino do Peru, compreendendo a região que hoje compreende o Peru (independência em1824), parte do atual território do Acre, no Brasil, e o norte do Chile. 
Em marrom claro, Vice-Reino do Rio da Prata, compreendendo territórios que hoje correspondem à Bolívia (independência em 1825), Paraguai (independência em 1811), Argentina (independência em 1816) e Uruguai (independência em 1828).
Em roxo, Capitania-geral da Guatemala, compreendendo territórios que hoje correspondem à Guatemala (independência em 1838), Honduras (independência em 1838), El Salvador (independência em 1838), Nicarágua (independência em 1838), Costa Rica (independência em 1838) e Belize (Inglesa) (independência em 1981). 
Em amarelo, Capitania-geral de Cuba, compreendendo o território que hoje compreende Cuba (independência em 1898), República Dominicana (independência em 1844) e Porto Rico (hoje Estados Unidos).  
Em vermelho, capitania-geral da Venezuela, compreendendo o território que hoje compreende a Venezuela (independência em 1811). 
Em vermelho claro, Capitania-geral do Chile, compreendendo sul do território que hoje corresponde ao Chile (independência em 1818). 
Território com listras horizontais indica Territórios perdidos no século dezenove, compreendendo parte dos atuais México e Estados Unidos, sobretudo no centro até costa Oeste, nos estados da Califórnia, Nevada, Utah, Arizona, Novo México, Colorado, Texas e Oklahoma. 
Colonização portuguesa.
Em amarelo claro, Brasil (independência em 1822).
Outras colonizações.
 Em marrom, colonização inglesa, francesa, holandesa. Canadá (Inglesa) (independência em 1867), Estados Unidos da América (Inglesa) (independência em 1776), Bahamas (Inglesa) (independência em 1973), Haiti (Francesa) (independência em 1804), Jamaica (Inglesa) (independência em 1962), Guadalupe (Francesa), Dominica (Inglesa) (independência em 1978), Martinica (Francesa), Trinidad e Tobago (Inglesa) (independência em 1962), Guiana (Inglesa) (independência em 1966), Suriname (Holandesa) (independência em 1975) e Guiana Francesa (Francesa). No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.040 quilômetros.
FONTES: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de et al. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: Méqui Fenâme, 1986. página 66-69; DUBY, G. Atlas histórico mundial. Madri: Debate, 1992. página 285.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “América Latina” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih um três, na medida em que trata das condições que favoreceram as lutas pela independência na América Latina.

Para pensar

Resposta pessoal. Tema para reflexão em aula. A questão traz uma oportunidade importante para conhecer a concepção dos estudantes em relação ao conceito de independência. De fórma geral, ressalte que independente é aquele que tem autonomia e responsabilidade em suas escolhas e decisões, aquele que tem liberdade em relação a alguém ou algo.

Texto de aprofundamento

Para aprofundar a discussão sobre a denominação “América Latina”, sugerimos a leitura do artigo a seguir, do qual selecionamos um trecho.

A construção do termo “América Latina”

“O ‘descobrimento’ da América teve um impacto não somente no cenário social e econômico europeu, mas principalmente revolucionou o imaginário moderno sobre as extensões além-mar. Qual deveria ser o nome desse continente tão diverso? A história da construção da denominação dessa vasta faixa de terra coincide com a história das tentativas de apropriação desse imaginário – e consequentemente das riquezas materiais que o acompanhavam. Primeiro os ibéricos, depois os franceses, mais tarde os ‘norte-americanos’. A construção do nome deixou na penumbra e no esquecimento qualquer tentativa de valorizar os povos autóctones, indígenas ou negros. Sempre da perspectiva europeia, a América Latina foi se estabelecendo no mundo ocidental moderno como periferia, inferiorizada e explorada. Compreender o processo de construção do nome compõe um esforço maior de entender nossa situação colonial, de questionar nossa identidade reticências.”

FARRET, Rafael Leporace; PINTO, Simone Rodrigues. América Latina: da construção do nome à consolidação da ideia. Topoi, Rio de Janeiro, volume 12, número 23, página 31, julho a dezembro 2011.

Haiti

Na colônia francesa de São Domingos (atual Haiti), os escravizados e os homens e as mulheres livres de origem africana lutaram pela independência. Para compreender esse processo, vamos começar estudando a colonização do Haiti.

Colonização do Haiti

Os espanhóis conquistaram e colonizaram uma ilha no Mar do Caribe que ficou conhecida como Hispaniola. Esse foi o primeiro lugar onde Colombo desembarcou na América, em 1492.

Durante a colonização, os espanhóis ocuparam a parte leste da ilha e escravizaram a população indígena que vivia no local. Ao final do século dezesseis, os indígenas tinham sido quase totalmente exterminados.

No início do século dezessete, os franceses ocuparam o oeste da ilha. Em 1697, a Espanha cedeu oficialmente essa parte do território para a França. A partir desse momento, a região que hoje corresponde ao Haiti recebeu o nome de Sán Domangue (São Domingos) e se tornou a colônia francesa mais lucrativa. Lá, os colonizadores instalaram latifúndios (plantations) de cana-de-açúcar e de outros produtos, explorando o trabalho de escravizados vindos principalmente da África Ocidental.

No final da década de 1780, meio milhão de escravizados e milhares de pessoas livres viviam nessa colônia. Para evitar revoltas e controlar a enorme quantidade de trabalhadores, os fazendeiros organizaram uma estrutura militar.

Gravura. Grupos de homens em uma floresta com mata exuberante e diferentes árvores. À esquerda, homens com trajes militares azuis e chapéus, portando armas de fogo em suas mãos, e à direita, homens vestindo camisas ou com os peitos desnudos, portando lanças e espingardas.
São Domingos Batalha de Ravine-à-Couleuvres, gravura de Jean-Jacques Outhwaite, século dezenove. Essa batalha ocorrreu em 1802, durante a Revolução Haitiana.
População estimada do Haiti (1789)

Grupo

População

Percentual

Brancos

32.000

6%

Mestiços livres

24.000

4%

Negros escravizados

500.000

90%

Fonte: HAITI. In: insaiclopidia britânica. Disponível em: https://oeds.link/Wfp3vD. Acesso em: 3 março 2022. [Tradução dos autores].

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Haiti”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um, cê ê agá dois e cê ê agá cinco, bem como das habilidades ê éfe zero oito agá ih zero sete, ê éfe zero oito agá ih um zero e ê éfe zero oito agá ih um um, pois aborda o processo de independência do Haiti destacando características singulares e identificando os protagonistas.

Atividade complementar

Analise o quadro sobre a distribuição da população no Haiti. O que é possível concluir com base nas informações mostradas no quadro? Relacione sua conclusão com pelo menos um aspecto da sociedade haitiana do século dezoito.

Resposta: De acordo com as informações, a população do Haiti era formada predominantemente por negros escravizados e uma pequena parcela de brancos e mestiços livres. Apesar de maioria, os negros escravizados eram expostos a péssimas condições de vida, enquanto uma minoria de brancos detinha o poder e as riquezas, retrato da extrema desigualdade social imposta ao país.

Independência do Haiti

Desde a época da colonização francesa, sempre houve uma forte tradição de resistência dos escravizados. Assim como ocorria nos quilombos do Brasil, muitos escravizados fugiam das fazendas de São Domingos e passavam a viver escondidos, em pequenos grupos nas montanhas do interior. Eles eram conhecidos como marrons e lutavam contra as fôrças militares coloniais. Parte dos africanos e seus descendentes criou uma religião chamada vodu, enquanto outros se tornaram católicos.

Essa tradição de resistência ampliou-se com a Revolução Francesa (1789-1799). Milhares de trabalhadores escravizados e livres rebelaram-se contra o domínio colonial francês e passaram a lutar pela independência de São Domingos. Comparando o que ocorreu ali com a Revolução Francesa, o historiador Círo Él Ar Diêimis chamou os revolucionários coloniais de jacobinos negros.

A luta começou em 1791 e, em 1793, passou a ser liderada por tussãn lôvertíur (1743-1803), um homem que aprendeu a ler e a escrever no tempo em que foi escravizado. Isso fez com que ele entrasse em contato com ideais liberais provenientes da França revolucionária.

As ações dos revolucionários foram marcadas pelo enfrentamento de escravistas brancos na ilha, pela defesa da liberdade dos negros e por certa lealdade à França – governada naquela época (1793) pelos jacobinos, que decretaram a abolição da escravidão nas colônias.

Gravura. Sobre um fundo branco, um homem montado à cavalo, vestindo traje militar azul com detalhes dourados, calça branca, botas escuras de cano alto e um chapéu com abas laterais na cabeça. O homem levanta uma espada ao alto com uma das mãos. 
O cavalo, marrom com crina e rabo de cor preta, está empinado, se apoiando sobre as patas traseiras.
Gravura de autoria desconhecida representando Toussaint L’Ouverture, líder da Revolução Haitiana, cêrca de 1800.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Sugerimos uma discussão com os estudantes sobre a repercussão da independência do Haiti em outros países da América. Ressaltamos a seguir o que houve na América portuguesa.

O exemplo do Haiti no Brasil

“As reivindicações dos escravos no Brasil já eram recorrentes antes do exemplo bem-sucedido do Haiti, mas, conforme a notícia da vitória dos negros sobre os brancos alcançava mais e mais ouvidos, as reivindicações dos escravos tomaram um tom mais exigente. Os negros, que antes de 1800 entoavam nas revoltas pedidos de maiores benefícios e menos castigos, foram encorajados pelos heróis haitianos, aos quais chamavam pelo nome sem medo, a exigir a liberdade. A Revolução Haitiana contribuiu de duas fórmas para o aumento e a intensidade dos movimentos negros. Primeiro: deu aos escravos e negros livres, não só do Brasil mas de todo mundo atlântico, a certeza de que era, sim, possível inverter a ordem que até então colocava os negros sob as botas dos brancos. Segundo: assim como havia motivos para que o Haiti fosse um exemplo a ser seguido, havia também motivos para ser evitado; com a independência, o Haiti não conseguiu reorganizar sua política e economia e acabou levando o país ao declínio. Dessa maneira, não foi possível manter-se como um dos maiores exportadores de açúcar e de café.

Para as elites proprietárias, a Revolução de São Domingos unificou todas as ameaças em um só corpo e uma só cor, o negro. Enquanto para os escravos a revolução propagou uma onda de liberdade, para as elites propagou apenas o medo.”

SAMPAIO, Claudineide Rodrigues Lima. O haitianismo no Brasil e o medo de uma onda revolucionária. In: COLÓQUIO DE HISTÓRIA DA Unicáp, 10., 2016, Recife. Anais reticências, Recife: Unicáp, 2016. página 79. Disponível em: https://oeds.link/Vba5Bp. Acesso em: 4 março 2022.

Outras indicações

GENTINI, Alfredo Martin; Prospér, Renel. O vodu no universo simbólico haitiano. Universitas: Relações Internacionais, Brasília, Distrito Federal, volume 11, número 1, página 73-81, janeiro até junho 2013.

O vodu, religião praticada no Haiti, é bastante estigmatizado. Isso talvez se deva à maneira como o cinema e a televisão abordam o assunto. Esse artigo é uma leitura útil sobre o tema, pois aborda também os preconceitos contra esse modelo religioso. O vodu é uma crença religiosa que inclui também cuidados de saúde e promoção do bem-estar coletivo e individual, práticas de cura e fórmas de prevenção de doenças. Tem como base o princípio de que o homem é parte da natureza e deve estar em conexão com ela, não para adorar seus elementos, mas para garantir o equilíbrio do mundo.

Contudo, em 1801, o governo de Napoleão Bonaparte revogou a abolição da escravidão e enviou tropas a São Domingos para retomar o contrôle francês. lôvertíur foi preso em 1802 e levado para a França, onde morreu em 1803. As lutas pela independência continuaram sob o comando de dois outros ex-escravizados, jãn jaque dêssalínee Anrí Cristôfe.

Eles lideraram os revolucionários e derrotaram o exército francês. A independência do país foi proclamada em 1804. dêssalíne assumiu o governo e permaneceu no poder até 1806, quando foi assassinado por inimigos. Com a independência, o novo Estado passou a se chamar Haiti (nome indígena que significa “terra alta” ou “lugar montanhoso”).

Consequências da Revolução Haitiana

O Haiti foi a primeira colônia da América a extinguir a escravidão e o segundo Estado a proclamar a independência no continente. Lá ocorreu a maior revolta contra a escravidão de toda a América.

A independência do Haiti só foi reconhecida pelo governo francês em 1825, mediante o pagamento de uma alta indenização à antiga metrópole, que só foi quitada em 1887. Durante as lutas pela independência, a economia haitiana foi afetada: a escravidão foi abolida e houve uma reforma agrária. Para os revolucionários negros do Haiti, independência também era sinônimo de liberdade.

Os negros haitianos não foram os únicos a sonhar com a liberdade e a lutar por ela. Entretanto, foram os únicos que conquistaram o poder e proclamaram a independência do país. O exemplo da Revolução Haitiana apavorou os donos de escravizados do continente americano.

Fotografia. Cinco homens, lado a lado, todos uniformizados com traje militar, vestindo paletós na cor azul marinho, calças brancas, e quepes azuis Três deles usam máscaras pretas à frente dos narizes e bocas. Os três homens no centro seguram  bandeiras em pé, ao lado deles, e os dois nas laterais, à esquerda e à direita, portam armas de fogo de cano longo.
Membros das fôrças armadas do Haiti durante cerimônia de comemoração do 218o aniversário da Batalha de Vertières, que culminou na independência do Haiti, em Pôrto Príncipe, capital do país. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Para aprofundar o estudo da independência do Haiti, integrando esse assunto a questões mais recentes – especificamente o terremoto ocorrido em janeiro de 2010 –, sugerimos a leitura do texto e a atividade a seguir.

“Sem Estado e diante da inoperância da ônu, os haitianos estão entregues à própria sorte. Após o terremoto, as ruas da capital reticências ficaram absolutamente obstruídas. reticências

Diante da falta absoluta de ação de qualquer instância para atender uma cidade subitamente transformada num campo de refugiados, os saques são inevitáveis, e escutamos tiroteios em distintas partes da cidade.

A comoção inicial reticências cede pouco a pouco a uma sensação de frustração sem limites, de raiva. Historicamente, o mundo insistiu em ignorar o Haiti e sua grandeza.

Ao embargo político e intelectual secular – como definir de outra fórma o ostracismo ao qual foi relegado o Haiti após sua vitoriosa revolução que culminou com sua independência em 1804? – sucederam-se intervenções e ocupações que sempre procuraram negar aos haitianos o sentimento do orgulho dos seus feitos reticências. reticências

Não são poucos os agentes das organizações internacionais que anunciam que a ‘comunidade internacional’ estaria cansada do Haiti. Após escutar os haitianos ao longo de anos, de tentar entender o sentido de sua história, digo que são os haitianos que estão fartos das promessas daqueles que dizem representar a ‘comunidade internacional’.

THOMAZ, Omar Ribeiro. O Haiti já estava de joelhos; agora, está prostrado. Folha de São Paulo, São Paulo, 14 janeiro 2010. Disponível em: https://oeds.link/1gTBDX. Acesso em: 4 março 2022.

Escreva uma redação relacionando esse texto à independência do Haiti.

Resposta pessoal. O Haiti foi a única colônia que conseguiu obter a independência de sua metrópole por meio de uma insurreição dos escravizados, estabelecendo uma república cujos líderes eram ex-escravizados negros. tussãn lôvertíurfoi, segundo o historiador C. L. R. Djeimes, um dos maiores estrategistas de seu tempo, ao lado de Napoleão Bonaparte.

Dessa fórma, a história haitiana guarda riquezas e valores que foram esquecidos por aqueles que apenas recordam a crítica situação política e econômica do país na atualidade – situação cuja responsabilidade pertence, em grande parte, às atitudes dos governos de países que afirmam o desejo de ajudar os haitianos. A repercussão na mídia sobre o terremoto ocorrido em janeiro de 2010 é um exemplo dessa imagem negativa a respeito do Haiti.

Independências na América espanhola

Durante quase três séculos, a Espanha dominou a maior parte da América. No início do século dezenove, os domínios coloniais espanhóis estavam divididos em quatro vice-reinos e quatro capitanias-gerais.

Os vice-reinos eram: Nova Espanha (criado em 1535), Peru (1543), Nova Granada (1717) e Rio da Prata (1776). As capitanias-gerais eram Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.

O império colonial espanhol na América ruiu entre 1810 e 1828, quando a maioria das regiões conquistou sua independência. Estudaremos, a seguir, algumas interpretações sobre as raízes desse processo.

Elites coloniais

Na América espanhola, as elites coloniais eram formadas por grandes proprietários de terras, ricos comerciantes e donos de minas. Elas se dividiam em dois grupos: chapetones (colonizadores nascidos na Espanha) e criollos (filhos de espanhóis nascidos na América).

Os chapetones ocupavam os cargos mais importantes na administração, na Igreja e no exército. Já os criollos, apesar de terem poder econômico, não tinham os mesmos direitos políticos. O poder político deles estava ligado às câmaras municipais (cabildos), que cuidavam de questões locais. Os criollos também se sentiam prejudicados pelo monopólio comercial espanhol e pelos altos impostos sobre produtos exportados e importados.

A interferência da Espanha na vida econômica das colônias começava a incomodar as elites locais. Em busca de liberdade econômica e maior participação política, muitos criollos tornaram-se líderes das independências.

Fotografia. Sob um céu azul sem nuvens, vista da fachada de uma construção colonial de dois andares, com uma torre no centro, paredes brancas, colunas verticais que se unem em formato de arco e uma entrada central em forma de arco. As janelas e a porta são de madeira pintada de cor verde. Na torre central, há um relógio e, no topo dela, um crucifixo. Ao redor, árvores e edifícios.
Fachada do edifício onde funcionava o cabildo de Buenos Aires, inaugurado em 1740. Fotografia de 2021. Situado na Praça de Maio, no centro da capital argentina, o prédio abriga hoje um museu.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Independências na América espanhola”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê nove, cê ê cê agá um, cê ê agá um, cê ê agá dois e cê ê agá quatro, bem como das habilidades ê éfe zero oito agá ih zero sete e ê éfe zero oito agá ih um um, pois contextualiza as especificidades dos diversos processos de independência nas Américas, destacando seus aspectos populacionais e suas conformações territoriais, além de identificar protagonistas de diferentes grupos sociais e étnicos que participaram das lutas pelas independências.

Orientação didática

Na América espanhola, a participação das camadas populares, incluindo mulheres e indígenas, no processo de independência foi marcante. Juntamente com o empenho das elites em conduzir o processo, essa é uma questão relevante que merece ser aprofundada.

Camadas populares

As camadas populares também lutaram contra o governo espanhol, mas elas não tinham os mesmos interesses que as elites coloniais. De modo geral, indígenas, negros e mestiços estavam submetidos a péssimas condições de vida. Por isso, lutavam por igualdade de direitos, distribuição de terras e fim do trabalho forçado.

Assim, eles desempenharam papel fundamental nas lutas pela independência, integrando, inclusive, os exércitos coloniais que enfrentaram as fôrças da Espanha.

Pintura. Sobre um fundo azul, um homem branco de cabelos brancos, longos e cacheados, vestindo um paletó vermelho, com um chapéu de abas laterais colocado entre seu braço e tronco. Está com o corpo voltado para a esquerda, onde há uma mulher indígena de cabelos pretos, trajando um vestido de fundo branco e detalhes florais e geométricos coloridos, com um véu branco na cabeça, sobre os cabelos. No centro da pintura,  duas crianças, um bebê com um laço vermelho na cabeça sobre um tecido amarrado nas costas de uma criança pequena.
Espanhol e índia produzem um mestiço, pintura de Juan Rodríguez Juárez, cêrca de1715. Observe o casal: uma mulher de origem indígena e um homem com características europeias. Os filhos dessa união são mestiços. Trata-se de um exemplo da “pintura de castas”, gênero artístico que retratava as diferenças sociais na América espanhola.

A Revolta de Túpaqui Amaru

Um exemplo das lutas populares na América sob domínio espanhol ocorreu nos atuais Peru e Bolívia. Essa revolta foi liderada pelo mestiço Rossê Gabriêl Condorcânqui, que adotou o sobrenome do último imperador inca, Túpaqui Amaru.

Rossê Gabriêl Túpaqui Amáru era descendente da nobreza inca e líder (ou kuraka, em língua quíchua) de uma comunidade indígena no sul do Peru. Em 1776, ele denunciou à justiça colonial as péssimas condições de trabalho impostas aos indígenas. Como não foi ouvido, ele e seus seguidores se revoltaram e, em 1780, atacaram órgãos do governo colonial, fazendas e manufaturas que exploravam os povos originários.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir, de autoria de uma das maiores especialistas brasileiras em História da América Latina, discute os movimentos de independência e seus significados.

Movimentos de independência: as consequências da Revolta de Túpaqui Amaru

“A independência das colônias espanholas da América é tema consagrado desde o alvorecer das historiografias nacionais do século dezenove, amplamente visitado e carregado de interpretações estabelecidas. Consensualmente, apenas se pode afirmar que a independência é vista como momento da quebra da dominação política exercida pela metrópole e do nascimento dos Estados Nacionais. Tema, ainda, atravessado por paixões político-ideológicas, tanto da parte daqueles que defendiam uma perspectiva oficialista e ufanista, que no século dezenove elegeram os heróis que comporiam os panteões nacionais, como da parte de uma historiografia crítica, que em particular nos anos 1960 e 1970 entendeu a independência como um movimento destituído de significativa relevância, pois não teria propiciado a ruptura das grandes estruturas que continuariam a manter a dependência do continente.

reticências Durante o século dezoito, a sociedade colonial no vice-reinado do Peru experimentou um fenômeno cultural reticências. Esse movimento, liderado pela nobreza incaica, envolveu o ressurgimento e a reelaboração de várias tradições incas e tomou fórma no teatro, na pintura, nos desenhos e em outras representações artísticas. O desenlace desse processo aconteceu com a grande rebelião de Túpaqui Amaru, que se iniciou em novembro de 1780 e terminou em abril do ano seguinte, com o suplício de seu líder. reticências Túpaqui Amaru propôs um programa que se pode resumir em três pontos centrais: 1) a expulsão dos espanhóis, com a abolição de toda a sua organização administrativa; 2) a restituição do Império Incaico, que deveria ser restaurado tendo à frente os descendentes da aristocracia inca; 3) a introdução de transformações substantivas na estrutura econômica; entre elas, a supressão da mita indígena e a liberdade de comércio.

Mas a revolução indígena ultrapassou os objetivos inicialmente propostos por seu líder. Ao lado da proclamação de Túpaqui Amaru como rei, as massas camponesas destruíram, com violência inédita, as propriedades espanholas e todos os símbolos da dominação. Não fizeram distinções entre peninsulares e criollos. Desejavam a volta do Toantinsuio, o Império Incaico. A derrota da rebelião deixou marcas profundas. De um lado, entre os criollos, um verdadeiro terror diante da possibilidade de novas rebeliões. Da parte dos índios, os resultados foram devastadores: desde 1782 se suprimiram os títulos de nobreza incaica e determinou-se a explícita proibição entre as populações indígenas de qualquer tipo de manifestação que pudesse servir para reviver as tradições incas. Os indígenas foram até mesmo proibidos de se autoidentificarem como incas quando falavam os seus nomes. Os nobres incaicos terminaram política e economicamente derrotados. Restou apenas a esperança messiânica indígena, com sentimentos populares que persistiram mesmo que de maneira subterrânea.”

PRADO, Maria Ligia Coelho. Esperança radical e desencanto conservador na independência da América espanhola. História, São Paulo, volume 22, número 2, página 15, 26-27, 2003.

Objetivos e consequências da revolta

Seus principais objetivos eram expulsar os espanhóis, restaurar o Império Inca e pôr fim ao trabalho forçado. Para enfrentar as tropas espanholas, Túpaqui Amaru reuniu um exército de 50 mil pessoas composto, em sua maioria, de indígenas. A revolta se espalhou por áreas das atuais Bolívia e Argentina.

Em 1781, Túpaqui Amaru e sua família foram capturados, torturados e executados. A revolta prosseguiu até 1783, quando as fôrças espanholas conseguiram sufocá-la. Calcula-se que cêrca de 100 mil pessoas (sobretudo indígenas) morreram durante os confrontos.

A Revolta de Túpaqui Amaru ajudou a construir um sentimento de identidade na região. Por isso, alguns historiadores afirmam que esse movimento influenciou as lutas pela independência do Peru e da Bolívia. Túpaqui Amaru tornou-se símbolo de resistência, e seu nome é usado em movimentos de reivindicação popular não só no Peru e na Bolívia, mas em toda a América do Sul.

Fotografia. Em uma rua, destaque para um homem vestindo uma camisa xadrez azul e branca e um chapéu com abas marrom sobre sua cabeça, portando uma haste com uma bandeira branca, contendo a imagem de três rostos de pessoas distintas, (Guevara, Evita Peron e Tupac Amaru) e o texto, parcialmente legível, em que se lê: 'Tupac Amaru'.
Membros da associação de moradores tupác amarú de Jujuy, Argentina, protestam contra a prisão da líder indígena Milagro Sala, presidente da entidade. Fotografia de 2016.
Fotografia. Em uma sala com poltronas de madeira, um homem de bigode, sobrancelhas e cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo um paletó azul sobre um suéter roxo e uma camisa branca, sentado à frente de uma mesa, com um microfone à frente de seu rosto. Ele aponta para a frente com uma das mãos.
Rossê Murríca, presidente do Uruguai entre 2010 e 2015. Fotografia de 2020. Na juventude, Murríca passou anos preso por integrar o grupo Tupamaros (derivação de Túpaqui Amaru), movimento contra a ditadura militar uruguaia e em favor dos mais pobres.

Enfraquecimento do governo espanhol

Em 1808, a Espanha foi invadida por tropas francesas que cumpriam ordens de Napoleão Bonaparte. O rei espanhol Fernando sétimo foi afastado do poder e o trono foi ocupado pelo irmão de Napoleão, José Bonaparte.

Aproveitando-se desse momento, os colonos da América espanhola formaram juntas de governo em cidades como Buenos Aires, Caracas, Quito e Santiago, reunindo os representantes das elites criollas. O objetivo era lutar pela liberdade de comércio e pela independência política da região, ainda que muitas juntas de governo tenham se declarado fiéis ao rei espanhol destronado.

Quando as tropas francesas foram expulsas da Espanha, Fernando sétimo reconquistou o trono e tentou reassumir o contrôle das colônias. Mas o processo de independência na América já avançava em todo o continente.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir elabora a questão das revoltas indígenas do final do século dezoito terem inspirado os processos de independência na América espanhola e influenciado a formação de identidades nacionais no continente.

Revoltas indígenas e independência

“Ainda que a historiografia tenha abandonado, sobretudo a partir dos anos 1980, a fantasiosa ideia segundo a qual as rebeliões tupamaristas e kataristas foram responsáveis diretamente pelas independências dos territórios hispano-americanos, é inegável o fato de que tais movimentos mantêm uma franca conexão com o ocaso do Império Espanhol neste continente. O impacto dos feitos de seus líderes, em especial Túpaqui Amaru segundo e Túpaqui Catári, foi certamente uma inspiração para os próceres das emancipações, pelo menos do ponto de vista dos discursos. Na Argentina, Pedro De Anrrêlis recupera o martírio de Amáru e seus familiares, em sua tentativa de dar sentido a uma certa ideia de nação para aquela jovem república platina. Na década de 1780, uma série de rebeliões animam os Andes, desde a região de Nova Granada, passando pelo Cuzco, meseta do Titicaca, até o norte dos atuais Chile e Argentina. Com inúmeros cercos a povoados e até grandes cidades como Charcas, La Paz e Cuzco, muitos padeceram de fome reticências. Através dos documentos, percebemos redes de lideranças indígenas entre três dos quatro vice-reinos espanhóis. A Coroa espanhola toma medidas extremas, na tentativa de conter a verdadeira onda de rebeliões que se alastrou pelo altiplano e parte dos vales e terras baixas, deixando perceber uma sangrenta história de lutas. É possível supor uma rede de sociabilidade entre essas áreas, contrariando antigas teses sobre o isolamento de partes de uma mesma América hispânica, sob o jugo de sistemas de exploração e contrôle muito parecidos e conectados dinamicamente. Em que pese as diferenças entre essas várias sublevações, alguns dados nos permitem pensar em um processo revolucionário que, começando de modo silencioso, através de resistências culturais e mitos que se difundem pelo altiplano andino, chega-se a demandar um autogoverno nativo reticências.”

BELMONTE, Alexandre. Rebeliões indígenas em Charcas (1780-1782): cosmovisão andina, messianismo e revolução. Disponível em: https://oeds.link/eS5NUU. Acesso em: 9 março 2022.

Independências nas Américas do Norte e Central

Na América do Norte, as primeiras lutas pela independência do México (Nova Espanha) tiveram apôio popular. Essas lutas ocorreram entre 1810 e 1815 e foram lideradas pelos padres Miguel Hidalgo e Rossê Maria Morelos. Entre outras reivindicações, o movimento exigia a distribuição de terras e o fim do trabalho forçado e dos impostos pagos pelos indígenas.

O movimento foi reprimido pela elite local e pelas tropas leais aos espanhóis. Muitos perderam a vida durante os conflitos, inclusive Hidalgo e Morelos, que foram presos e fuzilados.

Nos anos seguintes, as lutas se afastaram das reivindicações populares. Chapetones e criollos assumiram a liderança do processo de independência, tentando manter seus privilégios e poderes.

A partir desse momento, destacou-se a figura do general Agustín de Itúrbide, que havia feito carreira combatendo os rebeldes populares mexicanos. Depois, ele rompeu com a Coroa espanhola e passou a lutar pela libertação do México. Após vencer diversas batalhas, declarou a independência do país em 1821. Aproveitando-se da vitória, Itúrbide se autoproclamou imperador, em julho de 1822, ficando no poder até março de 1823, quando grupos políticos o derrubaram e proclamaram a república no México.

Durante a república, os criollos ampliaram seus direitos políticos, mas a maior parte da população continuou na miséria. Estima-se que as lutas pela independência provocaram a morte de cêrca de um milhão de mexicanos.

A independência do México influenciou outras lutas na América Central. Em 1823, formou-se, nos territórios da capitania-geral da Guatemala, uma república intitulada Províncias Unidas da América Central. Depois de um período de guerra civil, entre 1838 e 1839, as Províncias Unidas fragmentaram-se em cinco novos países: Guatemala, Honduras, Costa Rica, El Salvador e Nicarágua.

Pintura. Sobre um fundo azul, um homem, à esquerda, em pé, calvo, com casaco preto e calça preta, pisando sobre um homem caído no chão, com cabelos castanhos, curtos e lisos, vestindo uma camisa azul e uma calça bege. O homem calvo segura uma coroa de folhas verdes sobre a cabeça de uma mulher ao seu lado, no centro da pintura, de cabelos escuros e longos, trajando um longo vestido branco, um manto vermelho em suas costas e um cocar com penas na cabeça, nas cores verde, vermelho e branco. Ela está sentada sobre uma banqueta. À direita, um homem em pé, com cabelos castanhos, curtos e lisos, vestindo traje militar. Ele segura correntes quebradas com uma das mãos. No centro, sob o solo, uma esfera azul e branca, do qual partem correntes em direção aos pés da mulher, do homem caído e do homem à direita. No canto inferior, em espanhol, o texto: 'Ano de 1834'.
Alegoria da independência, pintura de autoria desconhecida, 1834. Na obra foram representados o padre Miguel Hidalgo, em pé, à esquerda, pisando em um representante da Espanha e coroando uma mulher que simboliza o México; à direita, Agustín de Itúrbide.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Independências nas Américas do Norte e Central” favorece o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero oito agá ih zero oito e ê éfe zero oito agá ih um um, pois apresenta líderes importantes do processo de independência das colônias hispano-americanas, bem como identifica a atuação de diferentes grupos sociais e étnicos nessas lutas.

Outras indicações

CAPOZZI, Rebeca. Miguel Hidalgo: um homem e seus significados. Trilhas da História, Três Lagoas, volume 7, número 14, página 213-230, janeiro até junho 2018. Disponível em: https://oeds.link/3sScET. Acesso em: 4 março 2022.

Para aprofundar as reflexões sobre as diferentes representações acerca de líderes da independência mexicana, especificamente de Miguel Hidalgo, sugerimos a leitura desse artigo. O trabalho analisa as possíveis apropriações e ressignificações de Hidalgo no âmbito da iconografia de dois murais mexicanos pintados no século vinte.

SILVA, Caio Pedrosa da; KALIL, Luis Guilherme Assis. Varia História, Belo Horizonte, volume 29, número 49, página 361-365, janeiro a abril 2013.

Para mais informações sobre a história do México e seu processo de independência, sugerimos a leitura dessa resenha da obra Historia de México, feita sob coordenação de Gisela von Vôbesá.

PAINEL

A Guerra de Independência do México

A imagem reproduzida nesta página é parte do mural Epopeia do povo mexicano, do artista Diego Rivera (1886-1957). Esse mural foi pintado nas paredes da escadaria do Palácio Nacional do México, séde do Poder Executivo federal. Rivera é considerado um dos pintores mais importantes de seu país e um dos expoentes do movimento artístico chamado muralismo.

O muralismo foi influenciado pela Revolução Mexicana de 1910, movimento que reuniu diversos setores da sociedade e lutou pelo fim do autoritarismo político no país e pelo direito à terra. O muralismo retrava temas históricos, lutas populares e tradições indígenas. Observe, a seguir, alguns elementos de um detalhe do mural de Rivera que trata da independência do México e representa outros aspectos da história mexicana.

Pintura. Sob um arco de concreto, pintura representando diversos grupos de pessoas e símbolos. O número '1' indica um homem no centro, calvo, com traje preto e bigodes brancos. O número '2' indica um homem vestindo uma túnica escura, com um dos braços esticados para a direita, e sua mão com o indicador esticado para o mesmo sentido. O número '3' indica uma águia grande com penas douradas, carregando uma serpente no bico, na parte inferior do mural. O número '4' indica um grupo de homens no alto do mural,  vestindo paletós escuros e chapéus com abas largas sobre suas cabeças, portando uma faixa vermelha com os dizeres, em espanhol, 'Terra e liberdade'.
Detalhe do mural Epopeia do povo mexicano, de Diego Rivera, pintado entre 1929 e 1935. A parte central da obra representa a Guerra de Independência do México.
  1. Miguel Hidalgo é retratado no centro da obra. Na mão direita, ele segura uma corrente quebrada. Com a mão esquerda, ergue uma bandeira com a imagem da Virgem de Guadalupe, padroeira do México.
  2. Rossê Maria Morelos e outros personagens apontam na mesma direção, como se indicassem o caminho do futuro.
  3. A águia, que carrega uma serpente no bico, faz referência a uma tradição asteca.
  4. A faixa com o lema Tierra y libertad (em português, “Terra e liberdade”) é uma referência às reivindicações camponesas e indígenas desde os tempos da independência até a Revolução Mexicana de 1910.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Painel” intitulada “A Guerra de Independência do México favorece o desenvolvimento das competências cê gê três, cê gê nove, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá quatro, cê ê agá um e cê ê agá três.

Texto de aprofundamento

Para aprofundar as discussões sobre o mural de Diego Rivera, selecionamos o trecho a seguir.

A Guerra de Independência do México retratada no mural de Rivera

reticências Rivera retrata alguns personagens da Guerra de Independência iniciada em 1810 por meio da represen­tação pictórica dos líderes de maior vulto desse fato histórico: Hidalgo e Morelos, de um lado, ocupam o centro desta cena, enquanto, no canto esquerdo, o imperador Itúrbide aparece com um peso negativo, aliás o único a ser representado com esta co­notação. reticências

Seus inter­locutores são os camponeses mas também o espectador dos murais. reticências

Na parte inferior, vemos a águia, símbolo da na­ção mexicana; na parte superior a faixa Tierra y libertad, alusão à Revolução Mexicana de 1910. reticências

Rivera estabelece uma ruptu­ra cronológica que bem repre­senta a visão do artista acerca da história do México pós-re­volucionário. reticências

Há que se lembrar que esta parte do mural provocou uma forte polêmica em torno do pintor e de sua obra, inclu­sive com a acusação dos comu­nistas de que Rivera havia se vendido à esquerda contrarre­volucionária, o que teria levado, segundo o próprio pintor, à sua expulsão dos quadros do Parti­do Comunista do México. reticências

Finalmente, essa composição evidencia o momento histórico em que essa cena é produzida: o momento da consolidação da nação mexicana, ou melhor, da necessidade de sua apreensão, de sua representação e de sua sustentação como símbolo da comunidade dos mexicanos.”

VASCONCELLOS, Camilo de Mello. As representações das lutas de independência no México na ótica do muralismo: Diego Rivera e Ruán Ô Gôrman. Revista de História, São Paulo, número 153, página 283-304, 2005.

Atividade complementar

Observe o detalhe do mural Epopeia do povo mexicano, de Diego Rivera, reproduzido na seção “Painel”, na página 104. Depois, responda às questões.

1. Em sua opinião, o que a corrente quebrada (detalhe 1) simboliza?

Resposta: Simboliza a conquista da liberdade e o rompimento com o domínio colonial espanhol.

2. O detalhe 3, onde vemos a águia com a serpente no bico, remete a símbolos astecas. O que o artista quis reforçar destacando esses símbolos?

Resposta: Ao representar a águia no mural, Rivera pretendia reforçar o vínculo do México contemporâneo com seu passado indígena, asteca.

3. Como o pintor Diego Rivera representou os indígenas e as pessoas mais pobres?

Resposta: Rivera procurava representar os indígenas e as pessoas mais pobres como protagonistas, e não apenas como espectadores da história.

4. Em sua opinião, qual é a diferença entre ser protagonista e espectador de uma história?

Resposta: Depois de ouvir as respostas dos estudantes, o professor poderá apontar que “ser espectador” se refere a observar passivamente a história e “ser protagonista” expressa a participação ativa na construção da história.

5. Em que momentos você se considera protagonista de sua própria história? E espectador? Reflita.

Resposta pessoal. É importante que os estudantes sejam estimulados a falar sobre o assunto a partir de suas vivências. Se possível, estimule a discussão sobre o tema em sala de aula.

Independências na América do Sul

Na América do Sul, rossê de sãn martín e Simón Bolívar foram alguns dos líderes nas lutas pela independência. Eles comandaram exércitos que se opuseram às fôrças da Espanha no continente.

sãn martín liderou tropas que atuaram no vice-reino do Rio da Prata, na capitania-geral do Chile e no vice-reino do Peru. Já as tropas comandadas por Bolívar lutaram no vice-reino de Nova Granada, na capitania-geral da Venezuela e também no vice-reino do Peru.

Apesar das semelhanças entre esses processos, as independências dos países sul-americanos tiveram características próprias.

Pintura. Sobre um fundo escuro, retrato de um homem visto de frente, até a altura dos joelhos, com o corpo voltado para a direita. Ele tem cabelos escuros, curtos e lisos, com costelas escuras na lateral do rosto, veste um uniforme militar azul escuro com adornos dourados, uma medalha no peito, uma faixa azul atravessando seu corpo, e um cinto branco em sua cintura. Uma das mãos está sobre o cinto. Outra, dentro do casaco, na altura da barriga. À sua esquerda, uma mesa com potes e duas penas brancas. À direita, um brasão dourado.
Retrato do general rossê de sãn martín, pintura de José Gil de Castro, 1818. Apelidado de Mulato Gil, José Gil de Castro (1775-1841) era pardo, livre e pobre. Entre seus quadros, destacam-se os retratos dos líderes militares das independências latino-americanas.
Pintura. Retrato de um homem, visto de corpo inteiro. Ele tem cabelos castanhos, veste um uniforme militar escuro com adornos dourados, uma calça branca, botas pretas de cano alto, e porta uma espada em uma de suas mãos. A outra mão, está dentro do casaco, na altura do peito. Acima de sua cabeça, uma faixa de tecido vermelho com texto ilegível. À direita, uma mesa com um globo terrestre, potes, folhas e duas penas brancas.
Retrato de Simón Bolívar, pintura de José Gil de Castro, 1830. Esse pintor nasceu em Lima, no Peru, e produziu boa parte de sua obra em Santiago, no Chile.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Que características costuma-se esperar que o líder de um país tenha? Reflita e comente com os colegas.
  2. Em sua opinião, que qualidades um líder deve ter na atualidade? Pense em lideranças que se destacam no esporte, nas artes e nas ciências, entre outros.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Independências na América do Sul”, incluindo seus subitens, e o boxe “Para pensar” favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê ê cê agá dois e cê ê cê agá cinco, bem como das habilidades ê éfe zero oito agá ih zero sete e ê éfe zero oito agá ih zero oito, pois contextualizam diversos processos de independência que ocorreram na América do Sul, descrevendo suas conformações territoriais e o ideário de sãn martín e de Simón Bolívar, identificando-os como protagonistas que atuaram nas lutas pela independência da região.

Para pensar

1 e 2. Respostas pessoais. Estimule os estudantes a pensarem nas características que costumam ser esperadas do líder de um país, normalmente positivas, como determinação, inteligência, responsabilidade, tomada de decisão e estratégia, entre outras. Na segunda parte da discussão, é importante saber a opinião dos estudantes sobre quais seriam, na visão deles, as características de um líder ideal, adequadas às demandas da atualidade.

sãn martín

Durante o período colonial, no território que corresponde à atual Argentina, a elite local enriqueceu com a criação de gado, produzindo carne e couro em fazendas denominadas estâncias. Esses produtos movimentavam o Pôrto de Buenos Aires, que se tornou capital do vice-reino do Rio da Prata em 1776. Foi nessa região que nasceu rossê de sãn martín.

Membro de uma família da elite, sãn martín foi viver na Espanha quando ainda era bem jovem. Lá estudou e, posteriormente, iniciou sua carreira militar, participando de várias batalhas para defender os interesses da Espanha, inclusive lutando contra a invasão francesa em 1808.

Argentina, Chile e Peru

Em 1810, a junta de Buenos Aires expulsou o vice-rei espanhol (em um evento que ficou conhecido como Revolução de Maio), iniciando a Guerra de Independência, que seria formalizada em 1816. Em 1812, sãn martín retornou para a América para se juntar aos movimentos revolucionários. Dois anos depois, assumiu o comando do Exército do Norte. Seu exército avançou para o Chile (libertado em 1817) e o Peru (libertado em 1821). Devido à participação nessas lutas, sãn martín é considerado libertador e herói nacional na Argentina, no Chile e no Peru.

Fotografia. Dentro de uma catedral, um mausoléu em mármore vermelho, no centro de um salão, cercado de estátuas de pedra branca, representando pessoas vestindo túnicas longas, em pé, sobre pedestais de mármore retangulares, com brasão e textos ilegíveis. Em segundo plano, nas laterais, castiçais acesos.
Mausoléu de sãn martín, localizado em uma ala da Catedral Metropolitana de Buenos Aires, na Praça de Maio, Argentina. Fotografia de 2021. O mausoléu é aberto à visitação e considerado um dos pontos turísticos da cidade.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Para aprofundar as refle­xões sobre sãn martín, sugerimos a leitura do artigo indicado abaixo.

O sabre do general sãn martín

“Consagrado pela historio­grafia oficial como o maior herói militar nacional reticências, a figura do general José de San Mar­tín (1778-1850) possui um peso significativo na cultura e na política argentinas. A necessidade do Estado de construir esta figura histó­rica emblemática foi articu­lada principalmente a partir de dois ângulos: em primeiro lugar, destacando a grandeza de suas façanhas militares reticências; em segundo lugar, tor­nando a pessoa de San Mar­tín um exemplo ético, que preferiu se retirar da cena política em pleno apogeu por não querer derramar ‘sangue argentino’ em guerras civis, como as que aconteceram depois. Enquanto isso, o sa­bre que o acompanhou em todas as batalhas pela inde­pendência desses três países foi considerado como uma extensão da figura do seu dono, ficando assim vincula­do ao tempo mítico da histó­ria, à origem da nação. Desde 1967, essa ‘relíquia histórica’ está custodiada por uma ins­tituição militar: o reticências corpo de cavalaria do exército argentino criado em 1812 pelo próprio sãn martín (e, desde 1907, grupo militar responsável pela es­colta presidencial dentro do país). Os granaderos também custodiam permanentemente o túmulo do herói, localizado na Catedral Metropolitana, na cidade de Buenos Aires reticências.”

ROCA, Andrea. A vida social de um emblema nacional: o caso do sabre do general rossê de sãn martín (1778-1850). Mana, Rio de Janeiro, volume 18, número 1, página 121, 2012.

Atividade complementar

Apresente aos estudantes o excerto do artigo de Andrea Roca sobre o sabre de rossê de sãn martín e peça a eles que respondam às questões a seguir.

1. De que modo a historiografia oficial consagrou sãn martín?

Resposta: A historiografia o consagrou como o maior herói militar da história do país.

2. A necessidade do Estado de construir essa figura histórica emblemática foi articulada principalmente sob dois ângulos. Quais são eles? Explique.

Resposta: Os dois ângulos são as proezas militares e o segundo é a figura de sãn martín como exemplo de comportamento ético. sãn martín defendeu as independências das colônias espanholas na América, mas não quis participar das lutas internas pelo poder que se seguiram a esses processos.

3. Por que o sabre é considerado um objeto tão importante?

Resposta: Porque o sabre era entendido como uma continuação da pessoa de seu dono, estando ligado ao tempo (mítico) da História e da origem da nação argentina.

Essa atividade possibilita que os estudantes reflitam, mais uma vez, sobre a construção da figura emblemática de sãn martín e como ela é reforçada por determinados setores da sociedade.

Simón Bolívar

Bolívar nasceu na capitania-geral da Venezuela, em uma família proprietária de fazendas de cacau cultivado por africanos escravizados. Aos 15 anos, foi estudar na Europa, onde conheceu ideais iluministas e os desdobramentos da independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa. Ao voltar para América, ele aderiu às lutas pela independência.

Inicialmente, Bolívar procurou libertar a Venezuela, sem sucesso. Fugiu para a Jamaica, onde, em 1815, tentou obter apôio do governo britânico à independência da América espanhola e escreveu a Carta de Jamaica. Nela, Bolívar propôs a formação de repúblicas com governos constitucionais na América e a união desses novos Estados. Em seguida, viajou ao Haiti, onde recebeu ajuda militar e financeira do governo daquele país.

Colômbia, Venezuela, Equador e Bolívia

Fortalecido, Bolívar retornou para Nova Granada e ali comandou batalhas decisivas. Em 1819, declarou a independência da região, atual Colômbia, da qual se tornou presidente.

Posteriormente, foi criada a Grã-Colômbia, que abrangia os territórios de Nova Granada e Venezuela, em parte ainda sob domínio espanhol. As tropas lideradas por Bolívar passaram a lutar pela emancipação das demais regiões, conquistando a independência da Venezuela em 1821 e do Equador em 1822.

Em 1822, sãn martín e Simón Bolívar estiveram na Conferência de Guayaquil (no atual Equador) para discutir estratégias de libertação das últimas regiões sob contrôle espanhol na América do Sul. Depois desse encontro, Bolívar assumiu a liderança das tropas para consolidar a independência do Peru (1824) e libertar o Alto Peru (1825), que passou a se chamar Bolívia, em homenagem a ele.

Fotografia. Uma rua cercada de casas por ambos os lados, com diversos jovens e crianças em pé, lado a lado.
Celebração da Batalha de Jumbati que marcou uma estratégica vitória dos revolucionários contra as tropas espanholas, em Tarabuco, Bolívia. Fotografia de 2019.
Fotografia. Sob um céu azul com nuvens, uma estrutura de colunas dispostas em semicírculo com diferentes bandeiras expostas no topo das colunas. Destaque para duas estátuas, no centro, à frente da estrutura, representando dois homens diferentes, lado a lado, sobre um pedestal em uma área circular. À frente das estátuas, três lances de escadas em formato circular com áreas delimitadas contendo árvores e arbustos.
Monumento em homenagem ao encontro de Simón Bolívar e sãn martín em Guayaquil, Equador. Fotografia de 2020.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

BOLÍVAR, Simón. Carta da Jamaica. Brasília, Distrito Federal: Embaixada da Venezuela, 2015.

Com base na Carta da Jamaica, disponível na íntegra na página da Embaixada Venezuelana no Brasil, é possível desenvolver um trabalho segundo análise de fontes históricas, de modo a complementar a reflexão dos estudantes sobre o assunto.

Texto de aprofundamento

De acordo com a análise das cartas de Símon Bolívar, a autora do texto a seguir propõe reflexões sobre o processo de construção da sua figura histórica.

A correspondência de Simón Bolívar

“De fórma dedicada e delicada, Simón Bolívar lidou com a sua correspondência porque esteve entre seus objetivos oferecer à posteridade um personagem: o homem público irretocável, desprovido de vida privada. De imediato, a localização desse desejo no epistolário, bem como das estratégias narrativas que tentavam executá-lo, impõe uma relação cristalina entre a escrita de cartas, um projeto de memória e a historiografia. O cruzamento entre a memória individual e coletiva, ambas captadas no interior do epistolário, permite compreender como o missivista constrói-se para si, para seu grupo e para a posteridade.”

FREDRIGO, Fabiana de Souza. As guerras de independência, as práticas sociais e o código de elite na América do século dezenove: leituras da correspondência bolivariana. Varia Historia, Belo Horizonte, volume 23, número 38, página 294, julho a dezembro 2007.

Integração da América Latina

Bolívar tinha um projeto para integrar as repúblicas hispano-americanas. A língua, o passado histórico comum e os problemas enfrentados sugeriam a possibilidade de formar uma grande nação nos antigos territórios coloniais espanhóis. Bolívar acreditava que, separadas, as novas repúblicas seriam Estados frágeis. Mas o plano de unificação fracassou. Um dos motivos foram as divergências entre as elites locais, que pretendiam manter seus poderes sobre a terra e os trabalhadores. Submeter-se a um governo central diminuiria o poder que tinham em sua região.

Aos poucos, a Grã-Colômbia se desmembrou, formando a Venezuela, o Equador, a Colômbia e, mais tarde, o Panamá. Além disso, nas décadas seguintes, muitos países latino-americanos entraram em conflito.

Bolívar morreu em 1830 na atual Colômbia, recebendo homenagens e honras militares nos países vizinhos. Suas ideias e ações foram contraditórias, tendendo ora para a cooperação, ora para o autoritarismo. Ainda assim, ele é reconhecido como um importante líder militar e político em várias regiões da América Latina, onde é chamado de El Libertador.

Fotografia. Uma nota de cinco bolívares, vista pela frente e pelo verso, em cor vermelha. À frente, destaque para o rosto de dois homens diferentes, um, à esquerda, visto de frente, tem cabelos escuros e curtos, usa um traje militar, e outro,  à direita, visto de perfil, é um homem de cabelos claros e curtos com traje militar. O número cinco aparece nos quatro cantos da nota, e no centro, na parte superior, o texto: 'Banco central de Venezuela'. No verso d anota, destaque para uma construção com duas torres laterais, e uma central, mais alta, com uma entrada central. À esquerda, um brasão, e à direita, o número cinco. Ao centro, na parte superior, o texto: 'Banco central de Venezuela'. Na parte inferior, o texto: 'cinco bolívares'
Nota de 5 bolívares emitida na década de 1970 na Venezuela. O nome da moeda venezuelana homenageia Simón Bolívar. No anverso da cédula, à esquerda, a figura de “Bolívar Libertador”; à direita, Francisco de Miranda, outro importante combatente, precursor da independência. No verso, Panteão Nacional, construído na década de 1870 em Caracas, capital da Venezuela, para servir de mausoléu dos heróis nacionais.
Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

Memorial da América Latina

Disponível em: https://oeds.link/kFCQvm. Acesso em: 3 março 2022.

Galeria de arte virtual que reúne obras de arte contemporânea da América Latina.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Os projetos de Simón Bolívar para promover a integração dos países da América Latina não foram vitoriosos, mas tiveram repercussões inclusive no Brasil. Transcrevemos a seguir o resumo de um artigo sobre esse assunto.

Percepções dos projetos de integração da América Latina

“O projeto de integração latino não é tão atual quanto parece. Ainda no século dezenove, Simón Bolívar fazia a primeira tentativa de integração da América hispânica, que buscava resistir às tentativas de recolonização europeia e que acabou não se consagrando como integração, mas trouxe grande legado para as tentativas posteriores. O presente artigo busca apresentar as percepções brasileiras e latino-americanas sobre o projeto, com ênfase no Congresso do Panamá (1826). Conclui-se que o desaparecimento de um inimigo externo comum às Repúblicas resultou na fragmentação política e dissolução dos princípios do Congresso.”

ASSIS, Caroline Chagas de et al. Percepções do Brasil sobre o plano de integração de Simón Bolívar para a América Latina. Revista Novas Fronteiras, volume 2, número 2, página 6, 2015.

OUTRAS HISTÓRIAS

Mulheres na luta pela independência

As lutas latino-americanas por independência contaram com a presença de mulheres, principalmente da população mais pobre. Leia um texto que trata desse assunto.

“Quando se fala em exército, nesse período, imaginamos sempre homens marchando a pé ou a cavalo, lutando. Esquecemo-nos de que as mulheres, muitas vezes com filhos, acompanhavam seus maridos-soldados; além disso, como não havia abastecimento regular das tropas, muitas trabalhavam – cozinhando, lavando ou costurando – em troca de algum dinheiro. Encontramo-las nos exércitos camponeses de Hidalgo e Morelos, assim como, um século depois, nas fotografias dos exércitos zapatistasglossário da Revolução Mexicana de 1910. Expostas à dureza das campanhas e aos perigos das batalhas, enfrentavam corajosamente os azares das guerras.

reticências Manuela Eras i Gandarilhas e Rossêfa Montessinos, ambas de Cochabamba [na Bolívia] participaram de várias ações armadas. reticências conta-se que Manuela, ao ver aproximar-se um ataque à cidade, notando certa vacilação por parte do pequeno grupo de soldados, teria afirmado: reticências ‘Se não há mais homens, aqui estamos nós, para enfrentar o inimigo e morrer pela pátria’.”

PRADO, Maria Ligia C. América Latina no século dezenove: tramas, telas e textos. São Paulo: êduspi; Bauru, São Paulo: êdúsqui, 1999. página 34-36.

Fotografia. Sob um céu azul com nuvens, sobre um pedestal de pedra fixado em uma coluna, uma estátua  representando  diferentes mulheres. Ao fundo, duas delas expressam uma posição de ataque: uma segura um cajado com um dos braços levantados e a outra segura com as duas mãos um bastão elevado para o alto.  No pedestal o texto, originalmente em espanhol: 'Deus e pátria'. Há trecho de texto ilegível abaixo e a data '27 de maio de 1812'.
Detalhe do monumento às heroínas de Coronilla, em Cochabamba, Bolívia. Fotografia de 2014. Nele foram representadas as mulheres que participaram das ações armadas pela independência do país.

Responda no caderno

Atividade

No texto, são citadas duas fórmas de atuação das mulheres nas lutas pela independência da América espanhola. Quais foram essas fórmas?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “Mulheres na luta pela independência” favorece o desenvolvimento das competências cê gê nove, cê ê cê agá um e cê ê agá três, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih um um, pois trata da atuação de diversas mulheres que participaram das batalhas pela independência.

Outras histórias

As mulheres participaram das lutas acompanhando os soldados e trabalhando para as tropas (como cozinheiras, lavadeiras ou costureiras) e também pegando em armas, como nos casos de Manuela Eras i Gandarilhas e Rossêfa Montessinos, citadas no texto.

Pan-americanismo

As raízes do pan-americanismo estão ligadas a líderes como Bolívar e sãn martín. Trata-se de um movimento para promover a cooperação entre os Estados do continente por meios políticos, econômicos, sociais e diplomáticos. O termo “pan” é de origem grega e tem o sentido de “totalidade”.

Três grandes marcos do pan-americanismo podem ser apontados:

  • Congresso do Panamá (1826) – convocado por Simón Bolívar, pretendia articular a criação de uma confederação de países hispano-americanos independentes. Representantes de México, Grã-Colômbia, Peru e Províncias Unidas da América Central compareceram ao encontro, onde foi planejada a criação de uma assembleia e de fôrças militares formadas por membros desses países. As decisões não foram postas em prática, mas inspiraram projetos posteriores de integração regional;
  • Conferência de Washington (1889) – convocada pelo governo dos Estados Unidos, visava à integração econômica do continente como um todo. Dezoito países enviaram seus representantes. No encontro, foi criada a União Internacional das Repúblicas Americanas, mais tarde chamada de União Pan-Americana. A partir dessa conferência, representantes dos países americanos passaram a se reunir periodicamente;
  • Conferência de Bogotá (1948) – reuniu representantes de 21 países, que assinaram a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e transformaram a União Pan-Americana em Organização dos Estados Americanos (ô ê á).

Os ideais do pan-americanismo também incentivaram projetos de aproximação dos países sul-americanos. Um desses projetos é o Mercosúl, que procura estimular as fôrças econômicas da região. Alguns bons resultados foram alcançados, mas ainda há muito a ser feito para a integração do continente americano.

Página de um livro. Sobre um fundo de papel amarelado, o título 'Pan-Americanismo. Monroe, Bolívar, Roosevelt' e um texto ilegível a reprodução. Há um carimbo de biblioteca no canto direito e um número anotado em azul, à caneta.
Na parte inferior a data: 1907.
Primeira página do livro Pan-americanismo: Monroe, Bolívar, Rusevélt, do escritor e diplomata brasileiro Manuel de Oliveira Lima, publicado em 1907. Nessa obra, ele criticou a postura pan-americanista do governo dos Estados Unidos e também a diplomacia brasileira, que queria estreitar os laços com aquele país.

Responda no caderno

para pensar

  1. Quais países formam a América do Sul?
  2. Quais são os dois países da América do Sul que não fazem fronteira com o Brasil?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Pan-americanismo” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá dois e cê ê agá um, bem como da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero nove, pois apresenta características e pensadores do pan-americanismo.

Para pensar

1. São países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. A Guiana Francesa é um departamento ultramarino da França.

2. Chile e Equador não fazem fronteira com o Brasil.

Texto de aprofundamento

Sobre o Congresso do Panamá e o pan-americanismo, sugerimos a leitura do excerto a seguir.

O Congresso do Panamá (1826)

“No total, apenas cinco Estados aceitaram participar do Congresso: Peru, Colômbia, México, República da América Central e Estados Unidos, não comparecendo os representan­tes deste último. O Império do Brasil, embora tenha mostrado inicial interesse, optou por não enviar representantes, ao passo que Chile e Buenos Aires abinichío se recusaram a participar reticências. As Conferências foram ce­lebradas reticências entre os dias 22 de junho a 15 de julho de 1826 reticências. Por que razão as tentativas voltadas para superar a fragmentação herdada do período colonial não tiveram êxito? reticências [V]ários fatores objetivos e subjetivos podem estar associados ao fracasso do Congresso, entre os quais os desdobramentos das fôrças centrífugas dos países his­pano-americanos, junto com a anarquia produto de partidos que demandavam um lugar até então negado por grandes caudilhos in­dependentes. Outros fatores in­vocados pelos autores reticências vão da inércia da fragmentação estrutural hispano-americana à influência de potências estrangeiras; rivalidade e desconfiança entre as novas repúblicas; a hipótese estruturalista segundo a qual o fracasso se deve à dispersão territorial, a variedade de províncias; e, ainda, a hipótese que leva em conta a sabotagem do governo norte-americano e outras relativas à hostilidade do Estado mexicano.”

BUENO, Elen de Paula Bueno; OLIVEIRA, Vítor Arruda Pereira de. O Congresso do Panamá (1826): perspectivas políticas, teóricas e jurídicas nas relações internacionais. Papel Político, Bogotá, volume 20, número 1, página 258, janeiro até junho 2015.

Situação da América Latina pós-independências

Praticamente nenhum governo europeu colaborou com os movimentos de independência. Apenas o Reino Unido foi favorável à emancipação das antigas colônias espanholas e do Brasil, tendo em vista os interesses dos industriais britânicos que defendiam a liberdade de comércio. Essa liberdade significava abolir os monopólios comerciais das antigas metrópoles. Desse modo, após as independências, os mercados consumidores da América Latina foram dominados pelo Reino Unido. A situação mudou no século vinte, quando os Estados Unidos passaram a ser mais influentes na região.

Comércio exterior

Depois das independências, a economia da maioria dos países latino-americanos continuou baseada na exportação de produtos primários. Segundo o economista Celso Furtado, havia três tipos de economia na América Latina:

  • exportadora de produtos agrícolas e pecuários de clima temperado (carne, lã e cereais, como trigo e milho), representada por Argentina e Uruguai;
  • exportadora de produtos agrícolas tropicais (açúcar, fumo, café, cacau, banana), representada por Brasil, Colômbia, Equador, países da América Central e do Caribe e certas regiões do México e da Venezuela;
  • exportadora de produtos minerais (cobre, prata, ouro, estanho), representada por México, Chile, Peru, Bolívia e, a partir de 1920, Venezuela, como exportadora de petróleo.

Autoritarismo e caudilhismo

Outra característica compartilhada pelos países latino-americanos foi o autoritarismo das elites governantes. Ao longo do século dezenove, os governos da região foram dominados por caudilhos, chefes políticos e militares locais que assumiram o poder após as independências e eram, geralmente, ligados às oligarquias rurais. Alguns caudilhos assumiram o poder pelo voto, outros, pela fôrça, mas todos governavam de fórma autoritária.

Após as independências, os líderes políticos latino-americanos não governaram em sintonia com a maioria da população: mantiveram uma aparência democrática (os cidadãos votavam e elegiam seus representantes), mas os governos eram controlados pelos representantes das elites, e não elaboraram projetos políticos para melhorar as condições de vida da população.

Fotografia. Fotografia colorizada artificialmente. Em destaque, um grupo de quatro pessoas. Da esquerda para direita: um homem em pé, vestindo camisa de manga longa e calça de cor acinzentada, bota até os joelhos, um lenço vermelho em volta do pescoço e um chapéu de aba larga e circular. Ele tem duas fileiras de cartuchos de balas de armas de fogo formando um 'X' no tórax e apoia uma espada no chão com as duas mãos sobre ela, à frente de seu corpo. À direita dele, uma mulher de cabelos castanhos presos em um coque, vestindo uma saia longa azul e um tecido vermelho envolto em forma de 'X' no peito. À direita dela, um homem sentado, vestindo camisa de manga longa bege, calça marrom, bota até os joelhos e um chapéu de aba larga e circular. Ele tem duas fileiras de cartuchos de balas de armas de fogo formando um 'X' no tórax e segura, com uma das mãos, uma arma de fogo de cano longo. Ao lado dele, à direita, uma mulher em pé, vestindo blusa de manga longa branca, saia longa branca, um tecido vermelho envolto no peito em forma de 'X' e um chapéu claro de aba circular.
Revolucionários mexicanos em fotografia colorizada de cêrca de 1910. Em 1911, um movimento revolucionário no México depôs o caudilho Porfírio Diaz, que governou o país por mais de três décadas de fórma autoritária.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Situação da América Latina pós-independências” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um e cê ê agá um.

Orientação didática

Discuta com os estudantes, ao final do capítulo, sobre as heranças coloniais que os países da América Latina ainda carregam. Apesar da importância dos processos de independência, é importante destacar que as estruturas políticas e sociais do período não se transformaram rapidamente. Entre aspectos herdados do período colonial, podemos destacar as desigualdades sociais e o preconceito racial.

Atividade complementar

Apresente o texto de aprofundamento da página 110 aos estudantes e proponha a seguinte questão: segundo o excerto, quais foram os principais fatores que inviabilizaram o sucesso do Congresso do Panamá?

Resposta: Os estudantes podem destacar: o enfraquecimento das elites urbanas em razão da crise revolucionária; os desdobramentos das fôrças centrífugas dos países hispano-americanos; a dispersão territorial; a variedade de províncias; e, ainda, a hipótese que leva em conta a sabotagem do governo estadunidense e outras relativas à hostilidade do Estado mexicano.

Essa atividade possibilita que os estudantes reflitam, mais uma vez, sobre o pan-americanismo e a dificuldade de viabilizar esse projeto no período, devido a diferentes aspectos sociais e políticos.

Responda no caderno

OFICINA DE HISTÓRIA

Conferir e refletir

  1. A maior parte das colônias da América Latina se libertou de suas metrópoles até a segunda metade do século dezenove. Relacione, no caderno, os líderes dos movimentos de independência a seus ideais.
    1. Miguel Hidalgo e Rossê Maria Morelos.
    2. sãn martín e Simón Bolívar.
    3. tussãn lôvertíur e jãn jaque dêssalíne.
    1. Distribuição de terras e fim do trabalho forçado e dos impostos pagos por indígenas.
    2. Integração entre os países da América Latina, que compartilhavam um mesmo idioma e o passado de exploração colonial.
    3. Abolição da escravidão, distribuição de terras e independência.
  2. Compare a independência do Haiti com os demais processos de independência na América Latina estudados. Depois, aponte as diferenças entre eles.
  3. Quais eram os ideais e as reivindicações dos criollos e das camadas populares na época dos movimentos de independência na América espanhola?

integrar com Arte

  1. Os países da América Latina possuem uma cultura rica que se manifesta nas áreas de música, literatura, pintura, escultura, cinema, dança etcétera Na área da literatura, podemos destacar Gabriela Mistral (Chile), Gabriel García Márquez (Colômbia), Mario Vargas Llosa (Peru), Pablo Neruda (Chile), Jorge Luis Borges (Argentina), entre outros. O que você sabe sobre as produções culturais dos países latino-americanos?
    1. Faça uma pesquisa e selecione músicas, filmes, livros e pinturas produzidos na América Latina. Escolha uma obra e faça uma breve descrição sobre ela.
    2. Pesquise sobre a obra escolhida e a biografia do autor ou autora. Depois, elabore um painel para apresentar esse artista aos colegas.
Versão adaptada acessível

4. Os países da América Latina possuem uma cultura rica que se manifesta nas áreas de música, literatura, pintura, escultura, cinema, dança etc. Na área da literatura, podemos destacar Gabriela Mistral (Chile), Gabriel García Márquez (Colômbia), Mario Vargas Llosa (Peru), Pablo Neruda (Chile), Jorge Luis Borges (Argentina), entre outros. O que você sabe sobre as produções culturais dos países latino-americanos?

a) Faça uma pesquisa e selecione músicas, filmes, livros e pinturas produzidos na América Latina. Escolha uma obra e faça uma breve descrição sobre ela.

b) Pesquise sobre a obra escolhida e a biografia do autor ou autora. Depois, apresente o resultado da pesquisa oralmente ou elabore um painel tátil para apresentar esse artista aos colegas. Você pode usar materiais emborrachados, palitos, linhas, tipos de papéis com texturas variadas, entre outros.

Orientação para acessibilidade

Para a construção de um painel tátil a partir de materiais de diferentes texturas, uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero, fino e espesso tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados material emborrachado, diversos tipos de papéis, palitos, linhas, botões etc. Auxilie os estudantes durante a seleção e a organização dos materiais. Outra possibilidade de trabalho é pedir aos estudantes que apresentem oralmente o resultado da pesquisa sobre a obra de arte escolhida e a biografia do autor ou autora. Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade.

Interpretar texto e imagem

5. Em 1819, o congresso revolucionário de Angostura, na Venezuela, proclamou a República da Grã-Colômbia. Simón Bolívar foi nomeado presidente do novo país. Leia a seguir trecho do discurso feito por ele na ocasião e responda à questão.

reticências nem todos os homens nascem igualmente aptos para a obtenção de todas as posições; pois todos devem praticar a virtude e nem todos a praticam; todos devem ser valorosos e nem todos o são; todos devem possuir talentos e nem todos os possuem reticências. As leis corrigem esta diferença, porque colocam o indivíduo na sociedade, para que a educação, a indústria, as artes, os serviços, as virtudes lhe deem uma igualdade fictícia, propriamente chamada política e social reticências.”

BOLÍVAR, Simón. Discurso ao Congresso de Angostura, 1819. In: BELLOTO, Manoel L; CORRÊA, Ana Maria M. (organizador). A América Latina de colonização espanhola: antologia de textos históricos (seleção). São Paulo: Ucitéc/êduspi, 1979. página 164.

De acordo com o discurso de Simón Bolívar, qual é a função das leis?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê três (atividades 4, 5, 6 e 7);
  • cê gê nove (atividades 6 e 7);
  • cê ê cê agá dois (atividades 4, 6 e 7);
  • cê ê cê agá quatro(atividades 4, 6 e 7);
  • cê ê agá um (atividades 4, 6 e 7);
  • cê ê agá três (atividades 6 e 7);
  • cê ê agá quatro (atividade 3);
  • ê éfe zero oito agá ih zero oito (atividade 1);
  • ê éfe zero oito agá ih um zero (atividade 2).

Oficina de História

Conferir e refletir

  1. A relação correta é: a. um; b. dois; c. três.
  2. Os revolucionários franceses aboliram a escravidão nas colônias em 1793, mas na época napoleônica o sistema voltou a vigorar. No Haiti, os escravizados revolucionários iniciaram, então, um movimento pela independência para garantir sua liberdade. Nesse processo, derrotaram os franceses e seus aliados e conquistaram a independência do país, ao mesmo tempo que aboliram a escravidão. Ali, as lutas pela independência foram lideradas pelos escravizados. Em outras colônias americanas, também ocorreram revoltas com a participação ativa de escravizados, mas a independência dessas colônias se concretizou sob a liderança de grupos das elites.
  3. Os criollos lutavam pela ampliação de seu poder político e para superar os prejuízos causados pelo monopólio comercial espanhol e contra os altos impostos sobre produtos exportados e importados. Já as camadas populares não tinham os mesmos interesses que as elites coloniais. Indígenas, negros e mestiços reivindicavam igualdade de direitos, distribuição de terras e fim do trabalho forçado.
    1. e b. Atividade experimental e interdisciplinar com Arte. Estimule os estudantes a pesquisarem obras com temas relacionados aos processos de independência da América Latina.

integrar com Arte

6. Roaquim Torres García (1874-1949) foi um importante pintor uruguaio do século vinte. Por meio de seu trabalho, ele buscava uma identidade para o continente latino-americano e procurava desenvolver uma arte original. Observe o desenho América invertida, de sua autoria, e responda à questão a seguir.

Nessa criação, o artista inverte a maneira habitual de representar o mapa da América do Sul. Há uma famosa frase relacionada a esse desenho: “Nosso norte é o sul”. O que essa frase quer dizer? Reescreva-a com suas palavras.

Desenho em preto e branco. Sobre um fundo branco de papel, em linhas pretas, o contorno da América do Sul representado invertido e dividido em três partes por duas linhas horizontais pretas. Na parte superior da imagem, no centro, o texto 'Polo S'. À sua esquerda, o desenho de um sol e de embarcações à vela. À direita, o desenho de uma meia lua e, abaixo dela, traços em 'x'. A parte central é dividida por duas linhas horizontais e à direita há o desenho de um peixe sobre águas. Na parte inferior da imagem, há uma pequena parte do território sul americano cortado pela linha horizontal onde se lê, em espanhol, 'Equador'.
América invertida, desenho de Roaquim Torres Garcia, 1943.

7. Analise e interprete a frase e a escultura do arquiteto Oscar Niemáier (1907-2012). Depois, responda às questões.

Fotografia. Em uma área aberta e plana, à frente de uma construção de concreto em formato de arco, fechada por vidros escuros, destaque para a escultura de concreto representando uma grande  mão aberta, com os cinco dedos esticados. Do centro da mão até a base da escultura, uma forma de coloração vermelha, com um efeito escorrido.
Mão, escultura de Oscar Niemeyer, 1989. A obra está no Memorial da América Latina, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2015.

“Suor, sangue e pobreza marcaram a história dessa América Latina tão desarticulada e oprimida. Agora urge reajustá-la, uni-la, transformá-la num monobloco intocável, capaz de fazê-la independente e feliz.”

NIEMEYER, Oscar. Mão no Memorial da América Latina. Fundação Oscar Niemáier. Rio de Janeiro, sem data. Disponível em: https://oeds.link/KA4X1d. Acesso em: 30 abril 2022.

  1. Em sua interpretação, o que a fórma em vermelho que se encontra no meio da escultura representa?
  2. Que relações podemos estabelecer entre a obra Mão e a frase de Oscar Niemeyer?
  3. Inspirando-se nas imagens deste capítulo, crie uma representação artística (desenho, música, escultura, montagem com fotografias etcétera) sobre a independência das colônias espanholas e a do Haiti.
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

  1. Atividade que permite desenvolver a leitura inferencial. De acordo com o discurso de Bolívar, as leis servem para corrigir as diferenças entre as pessoas em relação à virtude, aos valores e aos talentos. Para ele, as leis criam uma “igualdade fictícia” para todos os indivíduos que vivem em sociedade.
  2. Atividade interdisciplinar com Arte que permite desenvolver a argumentação. Instigue a observação da imagem. Depois de ouvir as interpretações dos estudantes, explique que “norte”, nesse contexto, deve ser entendido como sinônimo de “objetivo, propósito”. Um dos objetivos da frase é valorizar a América do Sul, em contraposição às ideias eurocêntricas de que a cultura sul-americana seria inferior àquela encontrada na Europa. Ao afirmar que o direcionamento da América do Sul é sua própria identidade e cultura, o artista provavelmente pretende trazer o olhar dos sul-americanos para as características de seu próprio território.
  3. Atividade interdisciplinar com Arte que permite desenvolver a argumentação e a criatividade.
    1. Os estudantes devem ressaltar que o vermelho da mão tem o formato da América Latina e representa o suor e o sangue que marcaram a história dessa região.
    2. É importante que os estudantes percebam as conexões entre a escultura e a frase de Niemáier, referentes ao processo de exploração da América Latina. Apesar da carga dramática que a escultura traz, a frase propõe uma América Latina unida e articulada, de modo a superar tais raízes de exploração.
    3. A atividade visa estimular a criatividade dos estudantes perante os assuntos tratados no capítulo.

Glossário

Exército zapatista
: organização armada liderada por Emiliano Zapata e composta de integrantes das camadas populares e grupos indígenas durante o processo revolucionário mexicano iniciado em 1910.
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