UNIDADE 4 DOMÍNIO DAS GRANDES POTÊNCIAS

CAPÍTULO 12 AMÉRICA NO SÉCULO dezenove

O continente americano pode ser dividido em dois grandes conjuntos: América Anglo-Saxônica e América Latina. Essa divisão leva em conta as características das colonizações desses países.

Estados Unidos e Canadá são países que passaram por colonização inglesa e, por isso, fazem parte da América Anglo-Saxônica. Eles detêm cêrca de 80% das riquezas produzidas atualmente no continente. Já a América Latina detém cêrca de 20% do Produto Interno Bruto (Píbi) das Américas.

Neste capítulo, vamos conhecer um pouco da história dos Estados Unidos e aspectos de suas relações com a América Latina no século dezenove.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Por que o termo “americano” costuma ser usado para designar o povo dos Estados Unidos? Converse com os colegas.

Fotografia. Diante de um solo terroso, plano, com vegetação esparsa, três mulheres indígenas lado a lado. À esquerda, sentada, uma mulher idosa de cabelos brancos com um manto de listras coloridas ao redor de seu corpo (nas cores bege, amarela, vermelha, marrom, laranja, verde e preta). No centro, em pé, uma mulher jovem, de cabelos pretos, presos para trás, usando um par de óculos sobre seu rosto, vestindo uma camisa preta de mangas compridas e uma saia longa azul. Ela tem um cinto com detalhes prateados na cintura e usa um colar longo, anel e braceletes de miçangas na cor turquesa. À direita, sentada, uma mulher de cabelos pretos e lisos presos para trás da cabeça. Ela usa um par de óculos sobre seu rosto, veste uma camisa azul, um colar longo de miçangas na cor turquesa e um manto com listras coloridas ao redor de seu corpo (nas cores amarela, vermelha, marrom e preta).
Três gerações de mulheres navarros. Fotografia de 2018. Esse povo indígena vive em uma reserva localizada no nordeste do Arizona e em partes do Novo México e Utah, territórios anexados pelos Estados Unidos no século dezenove.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero oito agá ih dois cinco
  • ê éfe zero oito agá ih dois sete

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão de seu tema, a América no século dezenove, e de assuntos correlatos, como a Marcha para o Oeste, a Corrida do Ouro, a Lei de Terras, a conquista de terras indígenas, o Destino Manifesto, a Guerra de Secessão, a Reconstrução, as leis segregacionistas, a Doutrina Monroe e a política do Big Stick.

  • Estudar a expansão territorial dos Estados Unidos no século dezenove, quando ocorreram a Marcha para o Oeste, a Corrida do Ouro e a promulgação da Lei de Terras.
  • Conhecer os impactos da expropriação das terras indígenas e da doutrina do Destino Manifesto.
  • Analisar as motivações e os desdobramentos da Guerra de Secessão.
  • Refletir sobre a questão racial nos Estados Unidos, a abolição da escravidão e a implementação de leis segregacionistas.
  • Explicar as relações entre Estados Unidos e América Latina no século dezenove, com ênfase na Doutrina Mônrou e na política do Big Stick.

Para começar

Resposta pessoal, em parte. É comum as pessoas utilizarem o termo “americano” como sinônimo de “estadunidense” porque, entre outras coisas, o termo “americano” seria uma espécie de abreviatura do próprio nome do país, que é Estados Unidos da América. Vale lembrar que esse é o único país do continente que incorporou em seu nome a palavra “América”. Além disso, essa autodenominação foi reforçada pelo governo e pelo povo dos Estados Unidos, na medida em que o país adquiria fôrça econômica, cultural e política. A partir dessa atividade, comente que o continente americano é formado por 35 países e que todos os povos que vivem aqui são, por isso, americanos.

Fotografia em preto e branco. Um homem, uma mulher, e uma criança indígenas, lado a lado. Ele, sentado, veste uma camisa escura, tem os cabelos divididos em duas tranças nas laterais da cabeça e um colar de miçangas sobre seu peito. Ela, em pé, veste roupas claras, uma saia longa e um poncho com franjas. A criança, em pé, ao centro, traja um vestido simples.
Chefe apache com sua família. Fotografia de 1897. Naquela época, milhares de indígenas morreram em decorrência da Marcha para o Oeste, tema que estudaremos neste capítulo.
Fotografia. Obra em preto e branco. Sobre um fundo branco, em preto, um mapa com os territórios da América do Norte e Central, conectados com o continente africano (em lugar do que habitualmente seria a América do Sul).
Um lugar para chamar de lar (África-América), instalação de alumínio polido de um quarto polegada com revestimento em pó (dimensões: 203,2 por 167,6 centímetros), de autoria de Hank Willis Thomas, 2009. Perceba que o artista conecta diretamente a América Central e a América do Norte ao continente africano. A África é o berço de grande parte da população americana.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

Naro, Nênci Priscilla S. A formação dos Estados Unidos. São Paulo: Atual, 1985.

A autora trata do expansionismo estadunidense, da formação nacional e da questão da escravidão no país, passando pela Guerra de Secessão e pela conquista de direitos.

Desenvolvimento dos Estados Unidos

Em 1776, os Estados Unidos tornaram-se a primeira colônia da América a proclamar sua independência. A partir daí, o novo país trilhou um longo caminho para se desenvolver, consolidar suas instituições e construir sua identidade nacional.

Ao longo do século dezenove, o território do país, que inicialmente era banhado apenas pelo Oceano Atlântico, foi estendido até o Oceano Pacífico. A população passou de quase 5 milhões de pessoas em 1800 para cêrca de 76 milhões em 1900. Além do crescimento interno, os Estados Unidos receberam milhões de imigrantes até as primeiras décadas do século vinte.

Essas transformações foram impulsionadas por diversos acontecimentos, como a Marcha para o Oeste, a Guerra de Secessãoglossário e a industrialização do país.

Marcha para o Oeste

Os Estados Unidos expandiram seu território por meio de três processos: compra de terras, concessões e conquistas em guerras. Essa expansão ficou conhecida como Marcha para o Oeste.

Atualmente, os Estados Unidos são o quarto maior país do mundo em território, com cêrca de 9,8 milhões de quilômetros quadrados. Grande parte desse território formou-se no século dezenove, quando o país:

  • comprou a Louisiana da França (1803), a Flórida da Espanha (1819) e o Alasca da Rússia (1867);
  • obteve a concessão pacífica do Oregon com o Reino Unido (1845);
  • conquistou áreas do México e diversas terras indígenas por meio de guerras (como estudaremos na próxima página).

A Marcha para o Oeste constitui tema recorrente em filmes do gênero western, criado nos Estados Unidos, que contam a história de homens armados, que andam a cavalo, usam chapéus e botas e lutam contra inimigos. Outros personagens dessas tramas eram “indígenas”, “mocinhas”, “foras da lei” e “xerifes”. Esse gênero cinematográfico também é chamado de faroeste (do inglês far west, que significa “oeste longínquo”) .

Ilustração. Cena de animação com destaque para um homem visto de frente, com cavanhaque no rosto, vestindo uma camisa azul com listras verticais brancas, um colete marrom, e um chapéu marrom com abas na cabeça. Às suas costas, uma menina de cabelos cacheados, escuros e longos. Em segundo plano, diversas casas coloridas de madeira lado a lado.
Cena da animação Spirit: o Indomável, dirigida por Elaine Bogan e Ennio Torresan, 2021. Essa animação é uma releitura dos filmes de faroeste ambientada no mesmo cenário: o oeste dos Estados Unidos no século XIX.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Desenvolvimento dos Estados Unidos”, incluindo seus subitens e o mapa que o acompanha, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá sete, cê ê agá um, cê ê agá dois, cê ê agá cinco. Além disso, trabalha a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete, pois analisa discursos civilizatórios, como a crença no Destino Manifesto, e denuncia a expulsão de vários povos indígenas de seus territórios tradicionais.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre o gênero western escrito por um professor de cinema da Universidade Beira Rio Interior, em Portugal.

O western como narrativa ideológica

“Se existe gênero clássico por excelência, ele é seguramente o western. reticências E a fórma como se impôs na cultura popular é tão mais notável quanto enformou o imaginário de diversas gerações de espectadores, nas mais diversas partes do mundo, ajudando a criar a ideia de uma identidade americana que, na realidade, está longe de corresponder à sua verdade histórica.

O western é, aliás, não mais que um retrato efabulado do Oeste americano, da expansão da fronteira da civilização, da instauração da lei e da ordem, muitas vezes à custa das populações indígenas, tantas vezes deturpadamente retratadas. reticências

Retratado como um lugar de múltiplos e complementares conflitos, o western revelaria um apelo narrativo dificilmente recusável para os espectadores em busca de excitação cinematográfica. O herói impoluto, indomável e implacável conheceu no western a sua mais feliz encarnação nos tempos modernos. De fácil reconhecimento e empatia, o cowboy cativou de igual modo públicos urbanos e rurais, jovens e velhos. Como adversários, surgiam maioritariamente os índiosreticências. Se uma consequência ética e politicamente nefasta se pode apontar ao western é, sem dúvida, o preconceito colonialista com que olhou as populações indígenas e a fórma como brutalizou e vilipendiou a sua imagem. reticências

reticências Em termos narrativos, temos as batalhas, em campo aberto ou nas ruas da cidade, e os duelos, no saloon ou na rua central e única do povoado. O duelo, pela tensão e urgência da sua resolução, tornar-se-ia um dos mais aguardados e excitantes momentos deste gênero. Quanto à iconografia, lá temos o cavaleiro solitário rumo ao pôr do sol, as roupas de vaqueiro ou a farda do exército, as botas pontiagudas e o lenço ao pescoço, o chapéu branco ou o chapéu preto, símbolos do bem e do mal, as pistolas e os cantis. Para não falar na indumentária e maquilhagem características das tribos índias, dos seus gritos de guerra e das suas armas, o arco e a flecha.”

NOGUEIRA, Luís. Manual de Cinema dois: Gêneros Cinematográficos. Covilhã (Portugal): Livros LabCom, 2010. página 41-43.

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responda oralmente

para pensar

Você já assistiu a algum filme western? Qual? Você se lembra da caracterização das personagens e dos cenários? Compartilhe o que sabe com os colegas.

Corrida do Ouro

Em 1830, fazendeiros do sul dos Estados Unidos passaram a comprar propriedades no México. O objetivo era ampliar suas plantações de algodão, nas quais era empregado trabalho escravo. Isso gerou desentendimentos entre os dois países, que entraram em guerra.

O conflito ficou conhecido como Guerra Anglo-Mexicana (1846-1848) e envolveu a disputa pela região que hoje se estende do Texas até a Califórnia. Os Estados Unidos saíram vitoriosos, conquistando uma área equivalente à metade do território mexicano na época.

Logo após a guerra contra o México, jazidas de ouro e prata foram descobertas na Califórnia, em Nevada e no Colorado. Essas descobertas atraíram milhares de pessoas para o oeste dos Estados Unidos, vindas de outras regiões do país, da Europa, do México e até da China. Era o início da Corrida do Ouro.

Fotografia em preto e branco. Em uma estrada de terra, cercada por algumas construções de madeira, homens em carroças puxadas por cavalos. Ao fundo, uma montanha alta.
Goldfield, no estado de Nevada, Estados Unidos. Fotografia de 1927. Essa é uma das últimas cidades fundadas durante a Corrida do Ouro, descoberto na região em meados do século dezenove.

Lei de Terras

Em 1862, o governo dos Estados Unidos promulgou a Lei de Terras (Homestead Act), que concedia lotes de terra a chefes de famílias maiores de 21 anos, mediante o pagamento de uma taxa simbólica de 10 dólares. Atraídos pela oferta, muitos colonos se deslocaram para o oeste. A partir de então, cresceu a quantidade de pequenas propriedades rurais, dedicadas principalmente à agricultura e à criação de gado.

Conquista das terras indígenas

Durante a Marcha para o Oeste, o exército dos Estados Unidos e milhares de colonos entraram em guerra com povos indígenas (apaches, comanches, iroqueses, cherokees, sioux, cheyennes, entre outros). Esses povos tentaram resistir à tomada de suas terras, mas foram derrotados.

Após violentas batalhas, a maior parte da população indígena foi exterminada. No início do século dezenove, mais de um milhão de indígenas viviam entre os Montes Apalaches e o Oceano Pacífico. Em 1860, restavam menos de 300 mil indivíduos.

As comunidades indígenas que sobreviveram foram obrigadas pelo governo dos Estados Unidos a deixar suas terras e a viver em reservas federais. No entanto, os indígenas não tinham nenhum vínculo histórico com essas reservas, que eram bem menores do que suas terras tradicionais. Ao serem deslocados para as reservas federais, milhares de indígenas morreram de fome, frio e doenças.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal. Há desde filmes mais antigos, como os dirigidos por John Ford e protagonizados por Dión Uêini, até o faroeste modernizado das versões de Kévin Cóstner(Dança com lobos, 1990), Clint íst úd (Os imperdoáveis, 1992) e, mais recentemente, irmãos Côen(Balada de Bâster Scróguis, 2018). Há também a série Gódlés (2017), de Scott frênqui , que investe no protagonismo feminino, algo raro no gênero. Se considerar conveniente, reserve tempo para assistir a um filme western com a turma durante as aulas. Para aprofundar a análise desse gênero, sugerimos a leitura do texto O western como narrativa ideológica”, na página 238.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre a conquista das terras indígenas nos Estados Unidos do século dezenove.

A apropriação das terras férteis dos povos originários

“Outro problema enfrentado pelo presidente [Andrew Jackson] foi a situação da localização de nações indígenas. O que fazer com os nativos americanos, uma vez que eram vistos como obstáculos à conquista de territórios e aos interesses de pequenos e grandes proprietários? Os chamados selvagens resistiam como podiam, inclusive com emprego da violência, ao avanço dos ‘brancos’ sobre seus territórios.

reticências éndriu djéquisson reticências, em 1830, promulgou a ‘Lei de Remoção dos Índios’, que previa o deslocamento das comunidades indígenas de seus territórios tradicionais para a região de Oklahoma, onde deveriam se estabelecer em uma reserva determinada pelo governo. Os indígenas foram forçados a marchar para lá e, nessa viagem, ao longo de mil e quinhentos quilômetros, milhares de índios morreram de frio, fome, doenças, na jornada que ficaria conhecida como ‘Trilha das Lágrimas’. Em 1839, outras tantas nações indígenas (como a choctaw, a creek e a chickasaw) foram levadas à fôrça para o Oeste com aprovação do governo federal. Essa remoção abriu cêrca de cem milhões de acres de terras férteis para a agricultura dos brancos. Ao mesmo tempo, condenou milhares de nativos à morte, na viagem ou já nas reservas (onde não se adaptavam bem e estavam sujeitos à desnutrição e doenças), varrendo-os da história americana. As tribos resistentes foram combatidas e várias dizimadas.”

KARNAL, Leandro êti ólHistória dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. São Paulo: Contexto, 2011. página 113-114.

Destino Manifesto

A doutrina do Destino Manifesto foi uma narrativa construída nos Estados Unidos desde a primeira metade do século dezenove. Segundo essa doutrina, os cidadãos estadunidenses haviam sido “escolhidos por Deus” para ocupar grande parte do continente norte-americano e “civilizar” os povos que vivessem nessas terras.

O Destino Manifesto foi utilizado por governantes dos Estados Unidos para justificar a expansão territorial, a invasão de terras indígenas e a anexação de territórios de outros países. Essa doutrina tinha como base a ideologia de que outros povos (como indígenas, portugueses e espanhóis) eram inferiores aos cidadãos brancos, anglo-saxões e protestantes do país.

Em 1858, o presidente Jemiz Buchanan demonstrou sua crença no Destino Manifesto com as seguintes palavras: “É inquestionável que o destino de nossa raça é espalhar-se pelo continente da América do Norte”.

Expansão territorial dos Estados Unidos (século XIX)

Mapa. Expansão territorial dos Estados Unidos. Século dezenove. Mapa representando o território dos Estados Unidos, com áreas destacadas em diferentes cores.
Em amarelo, as “Treze colônias”, compreendendo Geórgia, Carolina do Sul, Carolina do Norte, Virgínia, Virgínia Ocidental, Maryland, Delaware, Nova Jersey, Pensilvânia, Connecticut, Rhode Island, Massachusetts, New Hampshire, Vermont, Massachusetts (Maine) e Nova Iorque. 
Em laranja, “Antigos territórios de França, Reino Unido e Espanha”, compreendendo Flórida, Louisiana, Mississípi, Alabama, Tennesse, Kentucky, Ohio, Michigan, Indiana, Illinois, Missouri, Arkansas, Iowa, Wisconsin, Minnesota, Nebraska, Dakota do Sul, Dakota do Norte, Montana, Idaho, Oregon, Washington e partes do Colorado, do Kansas, de Oklahoma e de Wyoming.
Em roxo, “Antigos territórios mexicanos”, compreendendo Texas, Novo México, Utah, Arizona, Nevada, Califórnia e partes do Colorado, do Kansas, de Oklahoma e de Wyoming.
Em verde, “Antigo território russo”. Destaque para uma pequena área, ampliada no canto inferior esquerdo do mapa, compreendendo o Alasca, a oeste do Canadá.
Em vermelho, “Invadido em 1898”.  Destaque para uma pequena área, ampliada no canto inferior esquerdo do mapa, compreendendo o Havaí, conjunto de ilhas no Oceano Pacífico na altura do paralelo 20 Norte. 
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 340 quilômetros. No mapa do Alasca, escala de 0 a 700 quilômetros. No mapa do Havaí, escala de 0 a 400 quilômetros.
Fontes: ALBUQUERQUE, Manuel M. de et al. Atlas histórico escolar. oitava ediçãoRio de Janeiro: FAE, 1986. página 70; ATLAS Hachette: histoire de l’humanité. Paris: Hachette, 1987. página 221.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Quais territórios atuais dos Estados Unidos pertenciam ao México até o século dezenove?

Um país dividido

Em meados do século dezenove, predominava nos estados do norte dos Estados Unidos a indústria e o trabalho assalariado. Já nos estados do sul prevalecia a agricultura e o trabalho escravo. Essas diferenças socioeconômicas provocavam disputas entre as duas regiões.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Vale a pena mostrar aos estudantes um mapa que represente a migração forçada dos povos indígenas provocada pelo “Ato de remoção dos índios (1830)”, que resultou no episódio conhecido como “Trilha das Lágrimas”, em razão das altas taxas de mortalidade durante esses deslocamentos. Há um bom mapa disponível em: https://oeds.link/t62HZg (acesso em: 15 agosto. 2022). Ao observar os espaços representados, é importante chamar a atenção dos estudantes para o fato de os povos originários afetados terem sido obrigados a abandonar suas terras férteis e arborizadas em troca de viver em terras semiáridas, localizadas no centro dos Estados Unidos. As terras férteis eram estratégicas para o desenvolvimento do país devido ao seu potencial para produção de alimentos.

Orientação didática

A frase proferida pelo presidente Jemiz Buchanan faz parte de um discurso dirigido ao Senado dos Estados Unidos em 7 de janeiro de 1858. A transcrição do discurso completo está disponível, em inglês, na página: https://oeds.link/ECPlB5 (acesso em: 28 junho 2022).

Observando o mapa

Os territórios dos Estados Unidos que pertenciam ao México destacados no mapa são: Califórnia, Nevada, Utah, Arizona, Novo México, Texas e partes do Colorado, do Kansas, de Wyoming e de Oklahoma.

Orientação didática

Para complementar as informações apresentadas no texto “Um país dividido”, comente com os estudantes que o presidente Êibrarram Linkónfoi assassinado pelo sulista Dión Uílcs Buf, que nasceu em 10 de maio de 1838, na região de Bel Air (Maryland), e faleceu em 26 de abril de 1865, na Virgínia, sendo membro de uma proeminente família estadunidense do período. Desde a infância, Djón desenvolveu interesse pelo teatro e desempenhou alguns papéis na Filadélfia até o momento em que ingressou na companhia Chêiquispiariana de Richmond na Virgínia, em 1859.

Na ocasião da Guerra de Secessão, Buf se mostrou um defensor da escravidão e participou da milícia que enforcou o abolicionista Dión Bráum em 1859. Nos anos seguintes, ele começou a planejar atentados contra Lincon junto a outros conspiradores e tentou sequestrar o presidente entre 1864 e 1865. Tais planos não foram, porém, bem-sucedidos. Em 14 de abril de 1865, Buf compareceu a uma apresentação teatral no Ford’s Theatre, em Washington, onde o presidente estava, e o assassinou. Relatos sobre o episódio apontam que, após o atentado, Buf teria gritado o lema do estado da Virgínia (Sic sêmper tiránis, ou “Assim sempre aos tiranos”) e “O sul está vingado!”.

A Marcha para o Oeste agravou essas disputas, pois cada região queria impor seu modelo socioeconômico aos territórios incorporados, que, ao se tornarem estados, teriam representação política no Congresso. Então, o que estava em jogo era: qual modelo político-econômico iria prevalecer no país?

Diferenças entre o norte e o sul dos Estados Unidos (1860)

Norte

Sul

Grupo dirigente

Industriais e grandes comerciantes

Latifundiários

Principal setor produtivo

Indústria (sobretudo têxtil, ferroviária e naval)

Agricultura exportadora (destaque para o algodão e o tabaco)

Sistema de trabalho predominante

Assalariado

Escravo

Política econômica

Defendia tarifas protecionistas para limitar a importação de manufaturados e garantir a venda de seus artigos no mercado interno.

Contra as tarifas protecionistas, pois vendiam seus produtos agrícolas para o exterior e importavam os produtos manufaturados de que necessitavam.


Apesar das diferenças entre o norte e o sul, em ambas as regiões havia o mito da superioridade racial branca. A maioria dos políticos nortistas não era rigorosamente abolicionista, porém, opunha-se à expansão da escravidão para os novos estados.

Nesse clima de tensões, em 1860, Êibrarram Linkón foi eleito presidente dos Estados Unidos. Lincon desejava manter o país unido e era favorável à abolição da escravidão. Assim, sua eleição gerou enorme insatisfação no sul, onde vários estados decidiram se separar da União e fundar um novo país chamado Estados Confederados da América. No entanto, esse novo país não foi reconhecido pelo governo de Lincoln, que representava a União. Esses eventos levaram à Guerra de Secessão.

Gravura. Em uma fábrica, uma mulher vista de costas, sentada sobre um banquinho, em frente a uma máquina de tecer, com faixas longas de tecido na cor rosa.
Trabalhadora manipulando máquina em indústria têxtil, no norte dos Estados Unidos, gravura de autoria desconhecida, década de 1880.
Fotografia. Um grupo de pessoas lado a lado, entre crianças, bebês, homens e mulheres, alguns em pé, alguns sentados, sobre um solo terroso. Ao fundo, uma casa de madeira.
Diferentes gerações de família afro-estadunidense escravizada em fazenda na Carolina do Sul, Estados Unidos. Fotografia colorizada de 1862.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto escrito pelo historiador israelense Iuval Noa Rarari, que aborda alguns aspectos da construção histórico-social do racismo.

Mitos e racismo

“Mitos religiosos e científicos foram utilizados para ajudar a justificar essa divisão [entre senhores brancos e escravizados negros]. Teólogos afirmaram que os africanos descendiam de Caim, filho de Noé amaldiçoado por seu pai, que disse que seus filhos seriam escravos. Biólogos afirmaram que os negros eram menos inteligentes que os brancos e que tinham senso moral menos desenvolvido. Médicos afirmaram que os negros viviam na sujeira e disseminavam doenças – em outras palavras, eram fonte de contaminação.

Esses mitos repercutiram na cultura americana, e na cultura ocidental de modo geral. reticências

No início do século dezenove, o Império Britânico declarou a escravidão ilegal e interrompeu o comércio de escravos no Atlântico, e, nas décadas seguintes, a escravidão foi pouco a pouco sendo proibida em todo o continente americano. É digno de nota que essa foi a primeira e única vez na história que as sociedades escravocratas aboliram a escravidão voluntariamente. Mas, mesmo que os escravos tenham sido libertados, os mitos racistas que justificaram a escravidão persistiram. A separação das raças foi mantida por legislações e normas sociais racistas.”

rarari iuvel noá. Sápiens: uma breve história da humanidade. São Paulo: éleepê ême, 2015. página 148.

Guerra de Secessão

No início da guerra, em 1861, os exércitos sulistas conseguiram algumas vitórias importantes. Porém, ao longo do conflito, ficou clara a superioridade militar do norte em relação ao sul. Nos estados do norte viviam cêrca de 22 milhões de habitantes, e suas indústrias produziam as armas de que o exército precisava. Já no sul havia cêrca de 9 milhões de habitantes, entre os quais 4 milhões eram escravizados. Além disso, por terem poucas indústrias, os sulistas precisavam importar suas armas. Sabendo dessa necessidade, as fôrças navais do norte bloquearam os portos do sul.

Com o avanço militar das tropas do norte sobre a região sul, muitos escravizados foram libertados e a campanha abolicionista ganhou força. Em 1863, o governo Lincon promulgou a Lei de Emancipação dos Escravos, que, em meio à guerra, não foi implantada nos Estados Confederados. No entanto, essa lei abolicionista alcançou repercussão, contribuindo para transformar essa guerra civil numa batalha contra a escravidão. Por isso, grande número de escravizados, fugindo do sul, alistou-se no exército da União.

A Guerra de Secessão terminou em 1865 com a vitória das fôrças do norte. O fim das batalhas trouxe um alívio para a população que sofria com a fome e a perda de entes queridos. Mas os rancores perduraram. No mesmo ano em que acabou a guerra, Lincon foi assassinado por um sulista defensor da escravidão.

A Guerra de Secessão foi considerada um dos conflitos mais violentos da história dos Estados Unidos. Entre 1861 e 1865, morreram aproximadamente seiscentas mil pessoas e houve imensos prejuízos financeiros.

Fotografia em preto e branco. Homens lado a lado, uns em pé, outros agachados no solo, alguns portando armas de fogo. Em segundo plano, árvores e algumas pequenas cabanas.
Combatentes do 9º Regimento do Mississípi, em acampamento confederado na Flórida, Estados Unidos. Detalhe de fotografia de Diêi Di Éduârd, 1861. Soldados foram recrutados às pressas e voluntários formavam novos regimentos, os quais nem sequer tinham uniformes, como mostra a imagem.

Responda no caderno

para pensar

Guerra civil é um conflito travado entre cidadãos de um mesmo país, uma guerra interna. No Brasil, já ocorreram guerras civis? Pesquise e compartilhe as informações com os colegas.

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro.

dica livro

NORTHUP, Solomon. Doze anos de escravidão. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

Autobiografia de Solomon, homem livre que foi sequestrado no norte dos Estados Unidos e submetido à escravidão no sul do país na década de 1840 por 12 anos, até conseguir provar que era livre.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Guerra de Secessão” contribui para o desenvolvimento das competências cê gê dois, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê agá um e cê ê agá três. Além disso, favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete, pois aborda o mito da superioridade racial branca, denuncia o racismo contra a população negra estadunidense e contextualiza as tensões que envolveram a abolição da escravidão nos Estados Unidos.

Para pensar

Após ouvir as respostas dos estudantes, indique que em vários momentos da história brasileira houve guerras internas, como a Confederação do Equador e a Revolução Farroupilha.

Outras indicações

Algumas obras são importantes para a compreensão da escravidão, da Guerra de Secessão e da abolição da escravatura nos Estados Unidos. Entre elas, podemos citar:

GENOVESE, Eugene. A terra prometida: o mundo que os escravos criaram. volume 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra; Brasília: cê ene pê quê, 1988.

O autor discute o predomínio da ideologia escravista senhorial, ao mesmo tempo que analisa a reinterpretação que os escravizados deram a essa ideologia.

FONER, ériqui. Nada além da liberdade: a emancipação e seu legado. Rio de Janeiro: Paz e Terra; Brasília: cê ene pê quê, 1988.

Essa obra trata dos anseios e das aspirações dos escravizados depois da abolição naquele país.

BERLIN, Ira. Gerações de cativeiro: uma história da escravidão nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: recór, 2006.

Essa obra aborda a história da escravidão nos Estados Unidos, sobretudo pela perspectiva da geração que viveu durante a Guerra de Secessão.

Atividade complementar

1. Quais aspectos ajudam a entender a superioridade militar dos estados do norte durante a Guerra de Secessão?

Resposta: Os estudantes poderão comentar, por exemplo, sobre a produção de armas nos estados do norte, além do grande número de habitantes em relação aos estados do sul.

2. A abolição da escravidão contribuiu para a vitória dos estados do norte na Guerra de Secessão? Justifique sua resposta.

Resposta: Com a abolição da escravidão, os ex-escravizados dos estados do norte foram estimulados a lutar contra os exércitos do sul, o que contribuiu para o aumento do contingente desses exércitos e a vitória desses estados.

OUTRAS HISTÓRIAS

FrederickDouglas

Frédric Douglas (1818-1895) foi uma importante liderança negra do século dezenove nos Estados Unidos. Ele ficou conhecido por sua habilidade literária e excelente oratória.

Douglas era filho de uma escravizada com um homem branco e, por isso, foi considerado escravo. Aos oito anos de idade trabalhava na casa de Ríu Ald e de sua esposa Sofia. Nessa casa, Sofia ensinou Douglas a ler e escrever.

Quando jovem, foi obrigado a trabalhar nas plantações. Mas, diante da violência que sofria, Douglas fugiu para Nova iórque e, depois, para Massachusetts, onde mudou de sobrenome para driblar os caçadores de escravizados e conseguir um emprego.

Em 1841, durante uma convenção antiescravidão, Douglas foi convidado a descrever sua experiência como escravizado. Seu discurso foi tão comovente que ele se tornou agente da Sociedade Antiescravidão de Massachusetts. A partir desse momento, Douglas dedicou-se cada vez mais à causa da abolição.

Durante a Guerra de Secessão, Douglas tornou-se consultor do presidente Abraham Lincoln, sustentando a ideia de que os ex-escravizados fossem armados para lutar na guerra. Quando a guerra terminou, defendeu arduamente os direitos civis dos negros.

Fotografia. Vista de costas, uma mulher em pé, vestindo uma blusa preta e uma longa saia vermelha, a frente de uma parede branca contendo diversos quadros com diferentes retratos de um mesmo homem em exposição.
Retratos de Frédric Douglas exibidos na 34ª Bienal de São Paulo, na cidade de São Paulo. Fotografia de 2021. Frédric Douglas é considerado o estadunidense mais fotografado do século dezenove. Por trás da ideia de ser fotografado, Douglas buscava difundir uma imagem positiva e não estereotipada das pessoas negras, tornando-se símbolo de luta e resistência.

Responda no caderno

Atividade

Histórias como a de Frédric Douglas inspiraram as lutas contra o racismo. Você conhece a história de outras pessoas que também se engajaram nessa luta nos Estados Unidos? Comente.

Orientações e sugestões didáticas

Outras histórias

Resposta pessoal. Entre as pessoas que se engajaram nas lutas contra o racismo nos Estados Unidos, podemos destacar: Uílham Éduard Bi Du Boá (1868-1963), Rosa Parks (1913-2005), Mártin Lúter King (1929-1968), Shirley Chisholm (1924-2005), Mélcolme Équis(1925-1965) e ângela dêivis (1944-).

Em 2019, foi editado no Brasil o livro autobiográfico de Réruiét En Diêicóbs (1813-1897), que foi escravizada nos Estados Unidos, mas conseguiu obter sua liberdade por meio de fuga para o norte. Pode ser uma boa indicação de leitura para os estudantes: Diêicóbs, Réruiét Em. Incidentes na vida de uma menina escrava. São Paulo: Todavia, 2019.

Texto de aprofundamento

Leia, a seguir, um texto que analisa o racismo vigente nos Estados Unidos entre o final do século dezenove e o início do vinte e um.

Igualdade entre brancos e negros nos Estados Unidos: um processo em andamento

“Nos estados sulistas a segregação fazia parte do cotidiano: negros e brancos não podiam se misturar ou conviver nos transportes públicos, nas escolas, cemitérios, hospitais, restaurantes e cafés. Os negros ficaram proibidos de frequentar certos lugares públicos e perderam grande parte dos direitos conquistados com o fim da Guerra Civil reticências.

A 15ª emenda de 1870 – que garantiu o direito de voto a qualquer cidadão sem distinção de raça, nascido nos Estados Unidos – foi completamente ignorada no sul por pressão de grupos conservadores, reacionários e ultradireitistas, reforçando um outro foco de conflito que marca a sociedade norte-americana: a tensão racial constante e a profunda revolta de grupos negros com as condições que foram obrigados a aceitar, mesmo depois da abolição da escravidão reticências.

Parte dos negros migrou para as grandes cidades, formando os bairros dos excluídos que conhecemos hoje, como é o caso do Rárlem, na cidade de Nova iórque. Sabe-se que grande parte dos negros só conseguiu, de fato, direito ao voto na década de 1960, com a luta dos grupos engajados nos direitos civis.

Embora os negros tenham conquistado os direitos civis, no século vinte é possível perceber a herança da escravidão e da segregação ainda hoje nos conflitos raciais que explodem constantemente nas cidades dos Estados Unidos.”

JUNQUEIRA, Méri A. Estados Unidos: a consolidação da nação. São Paulo: Contexto, 2001. página 117-118.

Reconstrução e luta contra o racismo

Apesar dos ressentimentos provocados pela guerra, a união do país estava garantida. Restava agora a tarefa de reconstruir o sul, a região mais devastada pelo conflito, enfrentando uma queda expressiva em sua produção agrícola. Em contraste, o norte enriqueceu ainda mais durante a guerra, fortalecendo sua indústria de tecidos, calçados, armas, aço, navios etcétera

Após o final da guerra, foram promulgadas emendas à Constituição dos Estados Unidos, que aboliam a escravidão e garantiam aos cidadãos homens o direito de voto nas eleições, independentemente de “cor, raça, ou condição prévia de servidão”. Entretanto, essas medidas legais não foram plenamente concretizadas, pois sofreram oposição dos grupos racistas.

Em diversos estados do sul, por exemplo, foram criadas leis segregacionistas, que impediam as pessoas não brancas, principalmente as negras, de frequentar os mesmos locais que os brancos, como escolas, hospitais, restaurantes e banheiros. Até os assentos no transporte público eram separados. A segregação era herdeira da escravidão.

O racismo continuou a existir em todo o país, inclusive nos estados do norte. Nesse contexto, os sulistas mais radicais fundaram associações racistas como a Ku Klux Klan, que praticava atos de extrema violência contra pessoas negras: prendia, torturava e matava. A Ku Klux Klan agiu clandestinamente até o século vinte.

Fotografia em preto e branco. Cena noturna. No centro, um crucifixo de madeira em chamas, ao lado de uma bandeira hasteada. Há um homem vestindo uma longa túnica branca, e um capuz pontudo de mesma cor sobre seu rosto, e à sua frente, um homem ajoelhado. Ao redor deles, há outros homens, todos vestindo túnicas e capuzes pontudos brancos.
Cerimônia de iniciação de novos membros da Ku Klux Klan nos Estados Unidos. Fotografia de 1920. Essa organização reunia homens brancos que, usando métodos extremamente violentos, como linchamentos e assassinatos, opunham-se à igualdade de direitos entre negros e brancos.

Em reação às leis segregacionistas e às organizações racistas, as populações negras e os grupos antirracistas promoveram intensas lutas. Em dezembro de 1955, por exemplo, uma mulher negra chamada rosa párquis (1913-2005) recusou-se a ceder seu assento para um homem branco em um ônibus de Montgomery, no estado do Alabama, onde vigorava o regime de segregação. Esse foi o estopim do bem-sucedido movimento Boicote aos Ônibus de Montgomery, organizado pelo movimento negro local, com destaque para a atuação das mulheres e a liderança de Mártin Lúter King (1929-1968).

Fotografia. Escultura feita de metal representando uma mulher sentada sobre um banco de um ônibus. A escultura está dentro de um ônibus antigo, com bancos para duas pessoas com estofado verde escuro e piso de madeira escura.
Escultura dedicada a rosa párquis em ônibus instalado no Museu Nacional dos Direitos Civis, em Memphis, Estados Unidos. Fotografia de 2017. A obra celebra Parcs e sua atitude, considerada um marco na luta pelos direitos civis no país.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Ao final da Guerra de Secessão, as derrotas que os escravistas vinham sofrendo estimularam muitos deles a saírem dos Estados Confederados da América para se estabelecerem em países onde a escravidão não era ilegal.

No final de 1864, o jornal The New York Times noticiou que ricos fazendeiros da Carolina do Sul pretendiam estabelecer-se no Brasil, pois queriam permanecer com escravizados sem serem incomodados.

As estimativas sobre a imigração de senhores escravistas para o Brasil variam de 10 a 20 mil pessoas. Foi o maior processo migratório da história dos Estados Unidos. No Brasil, eles criaram seis núcleos de povoamento. Apenas um não fracassou e deu origem à atual cidade de Americana, no interior do estado de São Paulo.

Texto de aprofundamento

Leia, a seguir, uma reportagem que aborda a visita do então presidente dos Estados Unidos Barack Obama ao ônibus símbolo da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Durante a leitura da reportagem, é interessante destacar os seguintes pontos:

  • a situação emblemática do primeiro presidente negro dos Estados Unidos homenageando a atitude de Rosa Parks, que teve a coragem de protestar contra o racismo em 1955;
  • a importância de preservar memórias como a de Rosa Parks.

Obama visita o “ônibus de Rosa Parks”

“O presidente americano, baráqui Obama, visitou nesta quinta-feira um dos símbolos do movimento pela luta dos direitos civis: o ônibus do qual a ativista rosa párquis foi expulsa décadas atrás. A visita ao museu Henry Ford, onde se encontra o automóvel original, aconteceu durante sua agenda de campanha no estado de Michigan.

Tive a oportunidade de me sentar no ônibus de Rosa Parks. Me sentei ali por um momento e refleti sobre a coragem e a tenacidade que fazem parte de nossa história mais recente, mas que também é parte da longa lista de pessoas, muitas vezes anônimas, que quase nunca entraram nos livros de história, mas que insistiram constantemente em sua dignidade, em sua aposta pelo sonho americano – afirmou Obama durante um ato de campanha, após a visita ao museu.

Pouco depois, a imagem do presidente no ônibus feita pelo fotógrafo oficial Píti Souza já estava no site da Casa Branca. Nela, Obama aparece pensativo, olhando por uma das janelas, em uma pose parecida com a de Rosa Parks.

A ativista negra foi presa em Montgomery, no Alabama, em 1955, após se negar a ocupar um dos assentos da parte de trás do ônibus, que eram reservados aos passageiros negros, para ceder o lugar para um homem branco. O incidente, apontado como um dos momentos chave do movimento, provocou um boicote popular à empresa de transportes [liderado por Mártin Lúter King ], impulsionando a luta pelos direitos civis em vários estados do sul dos Estados Unidos. A movimentação resultou na assinatura da Lei de Direitos Civis de 1964 e da Lei de Direito ao Voto, um ano depois.

reticências O ‘ônibus de Rosa Parks’ ficou abandonado no Alabama durante três décadas até que, em 2001, o museu enri fórd contratou uma empresa para restaurá-lo, ao custo de aproximadamente trezentos mil dólares. Dois anos depois, o veículo passou a fazer parte do acervo do museu.”

OBAMA visita ônibus símbolo da luta pelos direitos civis. El País, 19 abril 2012. Disponível em: https://oeds.link/DyBkid. Acesso em: 15 março 2022.

Industrialização

Nos Estados Unidos, a mudança de uma economia agrária para a industrial começou no século dezoito. Esse processo contou com pesado investimento financeiro do governo e de empresários, além de muitos anos de estudos e pesquisas. Assim, no século dezenove, os Estados Unidos se tornaram uma das maiores potências industriais do mundo.

Entre as principais invenções estadunidenses estão o navio a vapor de Róbert Fúlton (1807), o telégrafo de Sêmiuel Mórse (1830), o telefone de Grem Bél (1876) e a lâmpada elétrica de tômas édiçon (1880).

Em paralelo a tudo isso, ocorreu a mecanização da agricultura, o crescimento da indústria de aço e a ampliação das ferrovias. Em 1860, as estradas de ferro se estendiam por 50 mil quilômetros. Já no começo do século vinte, alcançaram 320 mil quilômetros de extensão.

Apesar da criatividade de alguns famosos inventores estadunidenses, a industrialização não foi impulsionada apenas por talentos individuais, mas por diversas pessoas, em sua maioria anônimas.

Relações entre Estados Unidos e América Latina

Ao longo do século dezenove, os Estados Unidos adotaram políticas imperialistas e se firmaram como a maior potência do continente americano. Isso ficou claro por meio da Doutrina Monroe, lançada em 1823 pelo presidente James Monroe.

A essência dessa doutrina pode ser resumida na frase “A América para os americanos”. Por meio desse lema, os Estados Unidos se posicionaram como “protetores” de todos os países da América e contrários às intervenções europeias no continente.

Agindo de fórma imperialista, os Estados Unidos apoiaram a independência de Cuba e iniciaram uma guerra contra a Espanha em 1898. Além de sua localização estratégica, Cuba era uma importante região produtora de açúcar que mantinha fortes relações comerciais com os estadunidenses.

A guerra contra a Espanha durou poucos meses. Os espanhóis foram derrotados e suas antigas colônias, Cuba, Pôrto Rico e Filipinas, tornaram-se áreas de influência dos Estados Unidos. Até hoje, o governo estadunidense mantém uma base militar em Cuba (Guantánamo). Já Pôrto Rico tornou-se um estado livre associado glossário dos Estados Unidos.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre a busca dos sulistas por um “paraíso escravista” na América do Sul, sobretudo no Brasil, e o espanto causado pela aparente integração racial no país.

A excentricidade das relações raciais no Brasil aos olhos dos imigrantes estadunidenses

“Aparentemente, a despeito do entusiasmo inicial, o desejo de imigrar para o Brasil foi arrefecido diante das dificuldades em falar uma língua muito diferente do inglês, mas sobretudo pela dinâmica das relações raciais do Brasil. Os ‘modos e atitudes’ dos ‘povos de cor’ da América Latina contrariavam os valores sulistas e eram inconciliáveis com o ‘preconceito de cor’, o que fazia prever que estes não se adaptariam a este ‘ambiente estranho’.

As notícias da ‘excentricidade’ das relações raciais no Brasil fortaleceram os argumentos daqueles que levaram para os jornais os aspectos negativos do Brasil e que pretendiam desencorajar a imigração para o país. Através de relatos de viajantes publicados em livros e artigos de jornais da imprensa norte-americana, os autores enfatizavam os pontos negativos do país, como o clima tropical, que tornava as populações pouco dispostas ao trabalho, a grande quantidade de pessoas negras, que fazia as capitais brasileiras mais parecerem metrópoles africanas e, sobretudo, a liberdade excessiva dos libertos. Outro fator seria o pior problema do país, a mistura racial, que produzia uma população degenerada, segundo o vocabulário científico da época.”

BRITO, Luciana da Cruz. Um paraíso escravista na América do Sul: raça e escravidão sob o olhar de imigrantes confederados no Brasil oitocentista. Revista de História Comparada, Rio de Janeiro, volume 9, número 1, página 155, 2015.

Política do Big Stick

O imperialismo dos Estados Unidos em relação aos países latino-americanos foi marcado pelo preconceito e pelo autoritarismo. Influenciado pela Doutrina Monroe, o presidente teodór rúsvelt (1901-1909) propôs uma política externa intervencionista conhecida como Big Stick (em português, “grande porrete”).

Essa política estabelecia que os Estados Unidos podiam intervir militar e economicamente nos países da América Latina sempre que considerasse seus interesses ameaçados. Com base na política do Big Stick, fôrças militares estadunidenses invadiram a República Dominicana (1905), a Nicarágua (1909), o México (1914) e o Haiti (1915).

Além disso, o governo estadunidense apoiou a independência do Panamá, que fazia parte da Colômbia até 1903. Em troca desse apôio, os Estados Unidos adquiriram o direito de construir e administrar um canal para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico.

O Canal do Panamá reduziria a distância entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos. Sem esse canal, as mercadorias tinham de ser transportadas em longas viagens de navio que contornavam toda a América do Sul, ou transportadas de trem, cruzando o amplo território estadunidense.

cêrca de 40 mil pessoas chegaram a trabalhar na construção do Canal do Panamá, inaugurado em 1914. A administração do canal ficou nas mãos do governo estadunidense até 1999, quando foi devolvida ao Panamá.

Construção do Canal do Panamá (1880-1914)

Mapa. Construção do Canal do Panamá (1880-1914). Mapa representando o continente americano, com destaque para Estados Unidos, e as cidades de Nova Iorque e San Francisco; Argentina, com destaque para a capital Buenos Aires, e Brasil, com destaque para a cidade do Rio de Janeiro. 
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.540 quilômetros.
Ampliada no canto superior direito, destaque para uma pequena área na América Central, entre os oceanos Pacífico e Atlântico, evidenciando o canal de Panamá, passando pela Eclusa de Gatún, Eclusa de Pedro Miguel e Eclusa de Miraflores. Possui escala de 0 a 12 quilômetros.
Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32. No mapa estão assinalados dois importantes portos dos Estados Unidos (Nova iórque no Atlântico, e sân Francisco, no Pacífico) e duas das principais escalas dos navios que transportavam mercadorias de uma costa à outra: Rio de Janeiro e buenos áires. Com a construção do Canal do Panamá, o movimento desses dois portos sul-americanos diminuiu.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Política do Big Stick” e a seção “Painel” intitulada “Charge sobre o Big Stick” favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê gê três, cê ê cê agá quatro, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um, cê ê agá dois, cê ê agá cinco. Além disso, contribuem para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois cinco, pois abordam temas como a Doutrina Monroe e a política do Big Stick.

Orientação didática

O Canal do Panamá liga os oceanos Atlântico e Pacífico por meio do istmo do Panamá. Ele é considerado um dos canais mais estratégicos do mundo (ao lado do Canal de Suez), uma vez que possibilita que navios atravessem das costas leste e oeste dos Estados Unidos sem a necessidade de passar pelo Cabo Horn, o que encurta a viagem em até 15 mil quilômetros.

A ideia de construir um canal no istmo do Panamá era antiga, remontando ao início da colonização da América. Séculos mais tarde, com a construção da Ferrovia do Panamá pelos Estados Unidos, essa opção de rota foi finalmente decidida. Uma primeira tentativa de construção foi realizada em 1881 pelo governo colombiano e pela iniciativa privada francesa, sob coordenação de Ferdinán de Lesséps , desenvolvedor do Canal de Suez. Tal empreendimento, todavia, não obteve sucesso, pois as técnicas empregadas desconsideravam características locais como a umidade e a Floresta Tropical do Panamá.

Um novo e bem-sucedido projeto só foi financiado anos mais tarde, após a aprovação da Lei Spooner pelo Congresso dos Estados Unidos, autorizando investimentos no canal e uma negociação com a Colômbia a esse respeito. Essa conjuntura culminou com a independência do Panamá e a influência dos Estados Unidos naquela região.

PAINEL

Charge sobre o Big Stick

Entre os séculos dezenove e vinte, foram produzidas diversas charges criticando a política do Big Stick, implementada de maneira autoritária pelos Estados Unidos em sua relação com os países da América Latina. A seguir, conheça aspectos de uma dessas charges, intitulada O policial do mundo e produzida pelo cartunista estadunidense lôuis darímpôl para ser publicada em 1905 em uma revista satírica.

Charge. Com uma parte do globo terrestre ao fundo, pisando sobre uma porção de continente marcado com a sigla 'U. S', um homem, no centro, muito maior que os demais, é destacado pelo número '1'. Ele veste um sobretudo policial azul, um cinto dourado e preto, um capacete, um par de óculos, luvas, e está em pé sobre uma grande faixa de terra atrás da qual há uma miniatura da Casa Branca. Ele segura um documento enrolado embaixo de um de seus braços e, com a outra mão, segura um laço amarrado à um porrete marrom, com o texto originalmente em inglês 'A nova diplomacia',  destacado pelo número '2'.  
À esquerda, sobre uma pequena porção de terra,  um grupo de cinco homens trajando camisas e calças claras e chapéus com abas. Eles apontam para o homem no centro. Há texto não legível em seus chapéus e roupas. O grupo é destacado pelo número '3'.
À direita, sobre uma porção de terra em que está gravado o texto em inglês 'Europa', alguns homens portando espadas, uma miniatura de um navio e documentos. Uns usam trajes formais, outros, trajes militares. Há texto não legível em seus chapéus e objetos.
O policial do mundo, charge de Louis Dalrymple, 1905.
  1. O presidente dos Estados Unidos teodór rúsvelt foi caracterizado como um policial internacional. Sua função seria proteger os interesses dos Estados Unidos no mundo. Em sua cintura, carrega papel com a frase: “Conte seus problemas para o policial”.
  2. Rusevélt arremessa um big stick (“grande porrete”). Nele está escrito, em inglês, “The new diplomacy, que significa “A nova diplomacia”. Por aparecer em um porrete, essa inscrição ironiza a política externa dos Estados Unidos.
  3. As pequenas pessoas que aparecem sob o porrete representam os países da América Latina e as Filipinas, que estava sob o domínio dos Estados Unidos. O Brasil corresponde ao personagem que olha assustado para a ponta do porrete.
  4. Os personagens que aparecem na frente de Rusevélt são representações de alguns países europeus e asiáticos, como a Rússia, o Japão, a França e a Alemanha.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Como a Doutrina Monroe e a política do Big Stick contribuíram para aumentar o poder político e econômico dos Estados Unidos?

Resposta: A Doutrina Monroe (1823) colocou os Estados Unidos como supostos defensores da América, inibindo as pretensões recolonizadoras dos países europeus. Já a política do Big Stick, adotada a partir do governo de teodór rúsvelt, legitimou a intervenção estadunidense nos demais países da América. Intervenções no Panamá e na Nicarágua são exemplos dessa política.

OFICINA DE HISTÓRIA

Responda no caderno

Conferir e refletir

integrar com Arte

  1. A música foi uma das fórmas de resistência à escravidão desenvolvida pelos negros nos Estados Unidos. Muitos senhores permitiam que os escravizados cantassem durante o trabalho. Com frequência, os escravizados utilizavam músicas para transmitir mensagens entre si em código. Essas canções estavam presentes no cotidiano dos cativos e refletiam suas esperanças e medos, seus sonhos e pesadelos. Elas influenciaram profundamente a música nos Estados Unidos, dando origem a gêneros como o jazz, o blues, o rock e o rap.
    1. Forme grupos e pesquisem informações sobre um dos gêneros musicais mencionados no texto.
    2. Apresentem uma música desse gênero aos colegas e expliquem o contexto de sua criação e o que ela representou na época em que foi lançada.
    3. Na opinião de vocês, quais músicas atuais podem ser vistas como fórmas de resistência? Debatam o assunto.

integrar com Língua Portuguesa

2. Crie uma charge inspirando-se em uma das seguintes frases: Pobre México: tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos; A América para os americanos.

Versão adaptada acessível

2. Crie uma charge tátil inspirando-se em uma das seguintes frases: “Pobre México: tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”; “A América para os americanos”. Você pode usar materiais como papéis com diferentes texturas, linhas, botões, palitos, materiais emborrachados, entre outros. Depois, compartilhe com os colegas a sua produção.

Orientação para acessibilidade

Para a construção de uma imagem tátil e o uso de materiais de diferentes texturas para a elaboração da charge, oriente os estudantes, uma aula antes, a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade. Contrastes do tipo liso e áspero, fino e espesso tendem a favorecer a percepção tátil dos estudantes. Dessa forma, podem ser utilizados para criação da charge material emborrachado, diversos tipos de papéis, palitos, linhas, botões, retalhos de tecidos etc. Os contornos das personagens e dos elementos da charge podem ser representados por materiais maleáveis, como linhas de barbante. Pode-se sugerir que os estudantes criem associações entre a textura de determinado material e a personagem ou ideia representada. Caso haja textos, oriente que eles sejam inseridos próximos à charge.  Se considerar pertinente, adapte o nível de complexidade da atividade. Outra possibilidade de trabalho é pedir aos estudantes que descrevam aos colegas a charge criada, favorecendo o exercício da imaginação e da criatividade. Eles podem indicar a caracterização das personagens e suas expressões, o cenário principal, o plano de fundo, os diálogos, entre outros elementos possíveis.

Interpretar texto e imagem

3. A vitória na guerra contra o México, em 1848, levou a uma divisão entre os parlamentares dos Estados Unidos. Parte deles queria anexar todo o país vizinho, enquanto outra parte desejava manter o México como um país independente, sob a influência estadunidense. O senador John Colhoun, por exemplo, se opunha à anexação do território mexicano. Ele usava argumentos racistas para justificar sua posição. Leia a seguir um trecho do pronunciamento feito por ele no Senado.

“Como se pode construir um governo livre no México? reticências Onde está a inteligência no México adequada à construção de um tal governo? Este tem sido o objetivo deles há vinte e poucos anos; seu povo, porém, encontra-se em tal estado de incapacitação para o trabalho, que tem sido um completo fracasso do começo ao fim reticências. Jamais foi nossa intenção incorporar à nossa União qualquer raça que não fosse a caucasianaglossário – a raça branca livre. Incorporar o México seria o mesmo que incorporar uma raça índia, pois mais da metade dos mexicanos são índios reticências. reticênciasOs maiores infortúnios da América espanhola remontam ao erro fatal de colocar estas raças de cor em pé de igualdade com a raça branca.”

CONGRESSIONAL Globe, 4 janeiro 1848. In: SCHOUTL, Lars. Estados Unidos, poder e submissão: uma história da política norte-americana em relação à América Latina. Bauru: Edusc, 2000. página 52.

  1. Aponte frases do pronunciamento que revelam o racismo de John Colhoun.
  2. Identifique semelhanças entre o pronunciamento do senador Dión Côlrrun e a crença no Destino Manifesto.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividades 1 e 4);
  • cê gê dois (atividades 1 e 4);
  • cê gê três (atividades 1, 2 e 5);
  • cê gê sete (atividade 4);
  • cê gê nove (atividades 1, 3 e 4);
  • cê ê cê agá um (atividades 1 e 4);
  • cê ê cê agá dois (atividade 1);
  • cê ê cê agá quatro (atividades 1 e 4);
  • cê ê cê agá sete (atividade 2);
  • cê ê agá três (atividades 1, 3, 4 e 5);
  • cê ê agá quatro (atividades 1, 2, 3, 4 e 5);
  • ê éfe zero oito agá ih dois cinco (atividade 2);
  • ê éfe zero oito agá ih dois sete (atividades 3 e 5).

Oficina de História

Conferir e refletir

  1. Atividade que usa metodologia ativa ao promover o trabalho colaborativo, a pesquisa de fontes musicais, a análise do contexto de sua produção (princípios de análise do discurso) e o posicionamento crítico sobre a música como fórma de resistência social. a), b), e c) Produção pessoal. Sugerimos que a atividade seja realizada em fórma de seminários nos quais os estudantes possam expor o gênero e as canções escolhidos. O blues e o jazz, que surgiram na passagem do século dezenove para o vinte, contaram com artistas como Bi Bi Quin, Róbert Diônsan, Mâdi Uaters, béssi ismíti, Máiols Dêivis, Dión Côltreine, Charlie Parker, Lúis Ármistrong, Aretha Franklin, Esther pílips, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Bíli Rólidei, entre outros. Já o rock’n’roll, que surgiu entre as décadas de 1940 e 1950, teve intérpretes como Tiôc Bérri, Féts Dômino e Líro Ritiárd. E o rap, que foi desenvolvido a partir da década de 1970, contou e conta com músicos como Pôblic Ênemi, Tiupac, Isnup Dóg, Cânie Uést, Diêi Zi, Míssi Éliét, Cardi B, Lil Nas X etcétera Ressalte que há muitos artistas difíceis de enquadrar em um único gênero musical e outros que transitam entre diferentes estilos.
  2. Atividade interdisciplinar com Língua Portuguesa que utiliza metodologia ativa na qual o estudante deverá transpor, de fórma crítica e criativa, uma mensagem verbal para uma linguagem visual criando uma charge.

Para elaborar as charges, é importante que os estudantes compreendam o sentido das frases citadas. A primeira está relacionada ao seguinte contexto: em 1848, depois da guerra contra os Estados Unidos, o México perdeu quase metade de seu território e passou a sofrer várias intervenções estadunidenses, facilitadas pela proximidade entre os dois países. Já a segunda relaciona-se à Doutrina Monroe, que, por um lado, afastava as pretensões recolonizadoras europeias e, por outro, colocava os países americanos na esfera de influência dos Estados Unidos.

4. Em 1854, o presidente dos Estados Unidos frãnklin pírce quis comprar terras ocupadas pela aldeia do cacique Ciátou, que teria se pronunciado sobre essa compra. Em grupo, leiam trechos desse pronunciamento e respondam às questões.

“Como podeis comprar ou vender o céu, o calor da terra? A ideia nos parece estranha.

Se não possuímos a frescura do ar e o brilho da água, de que maneira podereis comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada folha cintilante de pinheiro, cada praia arenosa, cada bruma nos bosques escuros, cada clareira, cada zumbido de inseto é sagrado na lembrança e na vivência de meu povo. A seiva que corre dentro das árvores lembra meu povo. reticências As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos, reticências todos pertencem à mesma família.

Assim, quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que quer comprar nossas terras, está pedindo demais a nós. O Grande Chefe manda dizer que colocará à nossa disposição um lugar onde possamos viver confortavelmente.

Ele será nosso pai e, nós, seus filhos. Pensaremos, portanto, na vossa oferta de comprar nossas terras. Mas não será fácil. Pois esta terra, para nós, é sagrada. reticências Sabemos que o homem branco não entende nossos costumes. Um pedaço de terra se parece, para ele, com o pedaço de terra vizinho, pois ele é um estranho que chega, às escuras, e extrai da terra tudo aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga reticências. Ele não se incomoda de abandonar o túmulo de seus pais reticências. Ele trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como mercadorias a serem compradas, pilhadas, vendidas reticências. Pensaremos, portanto, na vossa oferta de comprar nossas terras. Se decidirmos aceitá-la, eu apresentarei uma condição: o homem branco deve tratar os animais selvagens como irmãos reticências.”

GIFFORD, Eli. The many speeches of Seathl: the manipulation of the record on behalf of religious, political and environmental causes. página 235-237. [Tradução dos autores].

  1. A quem a resposta da carta se destinava? Com que objetivo foi escrita?
  2. Por que o cacique Seattle acha muito difícil vender as terras onde vive?
  3. De acordo com o texto, como o homem branco trata a terra? Vocês concordam com essa interpretação do cacique Seattle? Argumentem.
  4. Pensando no Brasil atual, houve avanços na fórma como os seres humanos se relacionam com o meio ambiente? Pesquisem e deem exemplos justificando suas respostas.

integrar com Arte

5. Analise a pintura O progresso da América, de John Gast, 1872. Podemos observar a figura de uma mulher flutuando no centro da pintura. Esta mulher representa a liberdade e divide duas paisagens. Em uma das paisagens, o céu está claro, existem cidades, trens e ferrovias. Na outra, o céu está escuro, aparecem lobos, ursos e indígenas. Além disso, na parte inferior do quadro, colonos se deslocam em direção à parte escura da tela.

Pintura. Uma mulher de cabelos louros, longos e cacheados, vestindo uma túnica branca, levitando sobre uma porção de terra. Ao fundo, abaixo dela, à direita, há um rio com embarcações e, mais à frente,  duas estradas de ferro com  trens.    No centro, homens, carroças e um homem à cavalo. À esquerda, uma manada de búfalos, um grupo de homens sem camisa com adornos de penas sobre a cabeça, portanto lanças, um deles montado à cavalo e, à frente, um urso marrom.  À esquerda, o céu está escuro; à direita, o céu está claro.
O progresso da América, pintura de John Gast, 1872.
  1. Na obra, o que as duas paisagens representam?
  2. O que a personagem central está fazendo? Relacione a obra com os assuntos abordados neste capítulo.
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

    1. Entre as frases consideradas racistas, os estudantes poderão apontar: “Jamais foi nossa intenção incorporar à nossa União qualquer raça que não fosse a caucasiana”; “Incorporar o México seria o mesmo que incorporar uma raça índia, pois mais da metade dos mexicanos são índios, e a outra parte é composta principalmente por uma mistura de tribos”; “Os maiores infortúnios da América espanhola remontam ao erro fatal de colocar estas raças de cor em pé de igualdade com a raça branca”.
  1. As semelhanças entre o pronunciamento do senador e o discurso do Destino Manifesto são, por exemplo, a crença racista de que os cidadãos brancos, no caso, anglo-saxões e protestantes dos Estados Unidos, seriam superiores a outros povos, como indígenas, africanos, portugueses e espanhóis.
  1. Atividade que usa metodologia ativa que, a partir da análise de um texto escrito pelo cacique Seattle, leva os estudantes a pesquisar e refletir sobre a questão ambiental no Brasil contemporâneo.
  1. A carta se destinava ao presidente dos Estados Unidos, frãnklin pírce(referido no documento como Grande Chefe de Washington). Seu objetivo era informar que os povos da região pensariam na oferta de compra de suas terras, no entanto, provavelmente, não a aceitariam.
  2. Para o cacique Seattle, a noção da terra como mercadoria é estranha. Em sua cultura, a natureza (a terra, o céu, o ar, os animais, as plantas etcéteraé sagrada e, por isso, não pode ser vendida e comprada. Além disso, ela está vinculada à história de seu povo.
  3. Resposta pessoal, em parte. De acordo com o texto, para o homem branco, cada pedaço de terra se parece com terras vizinhas; ele não cria vínculos com seu lugar de origem, não considera se seus antepassados estão enterrados no local nem tratam terra e céu como irmãos, entendendo-os apenas como mercadorias. Os brancos exploram a terra seguindo apenas seus desejos, interesses e necessidades. Os estudantes podem apresentar diferentes graus de concordância ou discordância em relação à interpretação do cacique Seattle.
  4. Pesquisando casos que mostram a relação do ser humano com o meio ambiente no Brasil atual, os estudantes podem debater se houve ou não avanços na consciência ambiental e nas políticas de proteção da natureza.
  1. Atividade interdisciplinar com Arte.
  1. A paisagem do lado direito representa o progresso da civilização branca anglo-saxã. Já a paisagem do lado esquerdo representa o suposto mundo selvagem e bárbaro dos indígenas. Assim, a pintura trata de dicotomias como civilização-barbárie, progresso-atraso e luz-trevas.
  2. A personagem central foi representada levando a civilização e o progresso para as terras americanas consideradas selvagens. Ela carrega um fio elétrico e parece guiar os colonos em direção ao oeste (à esquerda). A pintura remete à Marcha para o Oeste e ao discurso do Destino Manifesto. Esse discurso, que se baseava no mito da superioridade racial branca (europeia), foi utilizado para justificar a invasão de terras indígenas e a anexação de territórios de outros países.

Glossário

Secessão
: separação, divisão.
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Estado livre associado
: essa condição de “estado associado” significa que Pôrto Rico não faz parte dos cinquenta estados-membros dos Estados Unidos. Por isso, tem Constituição e governo próprios e os porto-riquenhos não possuem direitos de votar, por exemplo, na eleição para presidente dos Estados Unidos. No entanto, por decisão em plebiscito popular, o governo de Pôrto Rico aceita a autoridade do presidente estadunidense.
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Caucasiano
: refere-se ao Cáucaso, região onde se acreditava que os primeiros seres humanos brancos teriam surgido.
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