UNIDADE  1 PRIMEIRA GUERRA, REVOLUÇÃO E REPÚBLICA

CAPÍTULO 1 PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E REVOLUÇÃO RUSSA

A Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa foram dois grandes acontecimentos que marcaram o comêço do século vinte.

A Primeira Guerra Mundial foi assim chamada por ser um conflito armado que envolveu países de vários continentes. Já a Revolução Russa se distinguiu pelo objetivo de criar o primeiro Estado socialista da história.

Os desdobramentos desses acontecimentos influenciam os debates éticos e políticos até os dias atuais.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para começar

  1. Em sua interpretação, por que existem guerras? Debata esse assunto com os colegas.
  2. O que é uma revolução? Cite outras revoluções que você já tenha estudado nas aulas de História.
Fotografia. Em frente à entrada de uma estação de trem, uma escultura retrata um grupo de sete homens, vestindo fardas militares, em fila indiana. O primeiro da fila apoia seu corpo sobre duas muletas. Atrás dele, cada homem toca o ombro do indivíduo a sua frente. Eles usam faixas à frente dos olhos. Alguns homens carregam flores vermelhas em suas mãos.
Vitória sobre a cegueira, escultura de iorrâna dômque guiô, 2018, exposta em Manchester, Reino Unido. Fotografia de 2018. O monumento em homenagem às vítimas da Primeira Guerra Mundial exibe sete soldados que ficaram cegos em decorrência dos combates.
Pintura. No centro da imagem, que retrata uma cidade de construções baixas com telhados cobertos de neve,  há um homem de tamanho desproporcional, maior que os edifícios ao redor. Em pé, ele veste um casaco marrom, uma calça escura e um cachecol ao redor de seu pescoço. Ele segura a haste de uma longa bandeira vermelha que se espalha pela cidade. Nas ruas, abaixo dele, uma multidão preenche as vias urbanas.
O bolchevique, pintura de 1920. A obra apresenta uma alegoria da Revolução Russa: um bolchevique gigantesco segura uma bandeira vermelha, um dos símbolos da revolução, enquanto caminha entre a multidão.
Fotografia. No centro, um grupo de meninos agachados ao redor de um brinquedo com torres verticais coloridas. Em segundo plano, os destroços de uma construção.
Crianças brincam nas ruínas da Praça Drouet-d´Erlon, durante a Primeira Guerra Mundial, em Reims, França. Fotografia de 1917.

Clima de tensão na Europa

No início do século vinte, diversos países europeus estavam envolvidos em disputas imperialistas e nacionalistas. Essas disputas foram se agravando e resultaram na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Fotografia em preto e branco. Em uma fábrica, três mulheres vestindo macacões escuros estão em pé, inspecionando mísseis que estão suspensos. O chão ao redor delas está coberto por mísseis enfileirados.
Mulheres trabalhando em fábrica de munições no Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial. Fotografia de 1917. Segundo o Museu Imperial da Guerra britânico, o número de funcionárias em fábricas de munição, no Reino Unido, chegou a quase 1 milhão em 1918.

Disputas imperialistas

Desde meados do século dezenove, países europeus disputavam mercados e territórios na África e na Ásia. Entre as principais potências imperialistas da época estavam Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Itália, Portugal e Espanha. De modo geral, cada um desses países protegia seu mercado consumidor e tentava dificultar o crescimento econômico de seus concorrentes.

Entre 1905 e 1911, por exemplo, os governos da França e da Alemanha quase entraram em guerra pelo domínio do Marrocos. Para evitar o confronto, uma conferência internacional foi convocada em 1906. Nela, estabeleceu-se que o Marrocos continuaria sob domínio francês, mas essa decisão não agradou aos alemães. Para aliviar as tensões, o govêrno da França concedeu parte de seus domínios no Congo para a Alemanha.

Capa de jornal. Capa do 'Le Petit Journal'. No centro, há uma ilustração que representa a chegada de uma delegação a um porto. À direita, um grupo de homens desembarca de um navio. Eles vestem túnicas, capas e capuzes brancos. À frente do grupo, um homem vestindo uma túnica preta e um capuz branco. À esquerda, um homem em pé, vestindo um fraque militar escuro e um chapéu com abas e penas. Ele porta uma espada presa à sua cintura e leva o braço direito ao chapéu, em um cumprimento ao homem de túnica preta. Em segundo plano, no porto, no convés do navio ancorado, marinheiros observam a cena. Ao fundo, a baía, edifícios e casas.
Capa do jornal francês Le Petit Journalmostrando a chegada da delegação de Marrocos à Conferência de Algeciras, na Espanha, na qual seria discutido o status colonial do Marrocos, em 1906. Treze nações participaram da conferência e apenas a delegação da Áustria ficou do lado dos alemães.

Disputas nacionalistas

Além das disputas imperialistas, movimentos nacionalistas aumentaram as tensões na Europa. Entre os principais movimentos nacionalistas do início do século vinte, destacam-se: o pan-eslavismo, que desejava unir os povos eslavos da Europa Oriental com apôio da Rússia e da Sérvia; o pangermanismo, que pretendia anexar à Alemanha regiões da Europa Central (onde viviam povos de origem germânica); e o revanchismo francês, que defendia a recuperação da Alsácia-Lorena, a qual a França foi obrigada a entregar à Alemanha após a derrota na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).

Cartaz. No centro de um mapa ilustrado da Europa, um polvo cinza usando capacete militar preto decorado com uma águia dourada estende seus tentáculos sobre a França e a Rússia. À esquerda dele, sobre o território da França, um soldado vestindo casaco cinza, calça e quepe vermelhos fere o polvo com uma baioneta. À direita do polvo, sobre o território da Rússia, um soldado vestindo calças escuras e casaco vermelho e um capacete preto ergue uma espada para ferir o polvo. No alto do cartaz, está escrito, originalmente em língua francesa: Aqui nós lemos A Revanche. Na parte inferior, lê-se: Em todos os lugares, cinco cêntimos o número.
Aqui lemos – A Revanche, cartaz sobre o revanchismo francês,1886. Na imagem, a Alemanha é representada como um polvo que espalha seus tentáculos por diversos territórios.

O objetivo desses nacionalismos era reunir povos de matrizes culturais semelhantes em um mesmo Estado, o que motivou disputas territoriais. Uma importante disputa territorial nacionalista envolveu o domínio, pela Áustria-Hungria, da região da Bósnia-Herzegovina (1908), onde parte da população era eslava. Essa anexação contrariava o projeto da Sérvia de criar uma grande nação eslava. Em reação, os movimentos nacionalistas sérvios passaram a agir com violência contra a Áustria-Hungria.

Corrida armamentista e política de alianças

Diante do risco de uma guerra, as principais potências da Europa estimularam a produção de armas e ampliaram suas fôrças militares, dando início a uma corrida armamentista.

Além das armas militares, os governos perceberam a necessidade de fortalecer seus veículos de comunicação e propaganda, que se tornaram fundamentais na divulgação das versões dos acontecimentos que interessavam a cada país. A guerra de informações não tinha compromisso com a verdade e se baseava, sobretudo, em notícias falsas. Assim, o cinema, o megafone, a telefonia e o telégrafo serviram como instrumentos militares.

Os governos das potências europeias também fizeram alianças que dividiram a Europa em dois grandes blocos a partir de 1907:

  • Tríplice Aliança – inicialmente formada pelas fôrças da Alemanha, da Áustria e da Itália, apoiadas por turcos e búlgaros;
  • Tríplice Ententeglossário inicialmente formada pelas fôrças da França, do Reino Unido e da Rússia, com o apôio de sérvios, belgas, gregos e romenos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, algumas fôrças mudaram de lado, a exemplo da Itália, que passou para o lado da Entente em 1915, depois de receber promessas de compensações territoriais.

Explode o conflito armado

O estopim da Primeira Guerra Mundial foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando (1863-1914), herdeiro do trono austríaco, em 28 de junho de 1914, na cidade de saraiêvo. Essa cidade era a capital da Bósnia-Herzegovina, que estava sob o domínio do Império Austro-Húngaro. O autor do crime, que atirou no arquiduque e em sua esposa Sofia, foi o estudante nacionalista sérvio Gavrilo príncip (1894-1918).

Após o assassinato do arquiduque, a Áustria declarou guerra à Sérvia. Pouco tempo depois, as fôrças militares da Tríplice Entente e da Tríplice Aliança entraram em guerra. Tinha início a Primeira Guerra Mundial.

Observe no mapa a localização dos países e suas alianças nesse conflito bélico.

Europa: política de alianças (1914)

Mapa. Europa: política de alianças (1914). Continente europeu dividido territorialmente em países e impérios. Em verde claro, 'Tríplice Aliança (1822) e aliados', compreendendo a Alemanha (capital Berlim), Áustria-Hungria (capital Viena), Bósnia-Herzegovina, Bulgária (capital Sófia) e Império Turco-Otomano (capital Istambul) (Turquia - 1918) . Em amarelo claro, 'Tríplice Entente (1907) e aliados', compreendendo Reino Unido (capital Londres), França (capital Paris), Portugal (capital Lisboa), Sérvia (capital Belgrado), Império Russo (capital São Petersburgo), Romênia (capital Bucareste) e Grécia (capital Atenas). Em amarelo com listras verdes, 'Maio 1915 - Itália entra na guerra, mas do lado da Tríplice Entente', compreendendo a Itália (capital Roma). Em laranja 'Países neutros', compreendendo a Espanha (capital Madri), Islândia (capital Reikjavik), Noruega (capital Cristiânia), Suécia (capital Estocolmo), Dinamarca (capital Copenhague) e Países Baixos (capital Amsterdã). Em verde escuro, 'Países invadidos pelas forças da Alemanha e da Áustria-Hungria', compreendendo a Bélgica (capital Bruxelas), Albânia (capital Durazzo) e Montenegro (capital Cetinje). Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 430 quilômetros.
Fontes: Atlas historique: l’histoire du monde en 317 cartesParis: Larousse, 1987.página 84; ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de São Paulo/Times Books 1985.página 249.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Quais países faziam parte da Tríplice Aliança e quais faziam parte da Tríplice Entente em 1914? Quais países se mantiveram neutros?

Principais fases do conflito

O início da Primeira Guerra Mundial despertou entusiasmo em muitos europeus. Multidões agitavam bandeiras, assistiam a paradas militares e aplaudiam os soldados embarcando nos trens rumo às batalhas. A maioria acreditava que a guerra seria resolvida em pouco tempo. Porém, a realidade foi outra. A guerra prolongou-se por quatro anos, três meses e 14 dias e mobilizou mais de 60 milhões de combatentes. A euforia inicial transformou-se em desespero diante de tantas mortes provocadas pelos novos armamentos destrutivos.

Os quatro anos da Primeira Guerra Mundial costumam ser divididos em três fases principais:

  • primeira fase (1914-1915) – marcada pela movimentação das fôrças em confronto. Os alemães avançaram sobre os territórios da Bélgica e da França. Os franceses organizaram uma contraofensiva barrando o avanço sobre Paris. A partir daí, nenhum dos lados conseguiu vitórias expressivas, mantendo-se um equilíbrio de fôrças nas frentes de combate;
  • segunda fase (1915-1917) – teve destaque a guerra de trincheirasglossário . Na fronteira entre Bélgica, França e Alemanha, formaram-se linhas de ataque e defesa com trincheiras. Cada lado tentava manter sua posição e evitar que os inimigos avançassem. Essa fase foi penosa e cruel para os soldados. A Batalha do Somme (1916), por exemplo, resultou em mais de 1 milhão de combatentes mortos e feridos, sendo considerada uma das mais sangrentas da guerra;
  • terceira fase (1917-1918) – caracterizada pela entrada dos Estados Unidos no conflito e pela saída da Rússia devido à Revolução de 1917.
Fotografia. Diante de uma parede, quatro soldados de cabelos raspados olham para a câmera. Dois deles estão sentados lado a lado, sobre uma caixa de madeira. Vestem uniformes na cor cáqui e botas. Um deles, à esquerda, usa um chapéu sem abas, de tradição islâmica, na cor vermelha. Há um soldado sentado no chão, vestindo uma camisa branca e uma calça cáqui. Ao lado dele, há um soldado em pé, vestindo uniforme cáqui e botas. Ao fundo armas de fogo; um capacete e uma pá estão encostados na parede.
Soldados senegaleses servindo no exército francês como membros de infantaria descansam em uma sala com armas e equipamentos em Saint-Ulrich na região da Alsácia, França. Fotografia de 1917. A entrada de tropas de países africanos colonizados por europeus aconteceu sobretudo na terceira fase da Primeira Guerra Mundial.

Fim da guerra

A marinha alemã, utilizando submarinos, afundou alguns navios estrangeiros alegando que essas embarcações levavam armas e alimentos para seus inimigos. Em 1915, submarinos alemães afundaram o navio Lusitânia, que, navegando pelo Atlântico, transportava pessoas e cargas dos Estados Unidos para o Reino Unido.

Esse episódio, somado a outros naufrágios, levou o govêrno dos Estados Unidos a se aliar à Tríplice Entente em 1917. No mesmo ano, o govêrno do Brasil entrou na guerra após um submarino alemão bombardear o navio mercante brasileiro Paraná, que navegava próximo à França, transportando café; três brasileiros da tripulação morreram.

Com seu poder econômico e militar, a entrada dos Estados Unidos na guerra fortaleceu a Tríplice Entente. A partir de 1918, os alemães ficaram isolados em suas fronteiras, sem condições de sustentar os combates. No dia 11 de novembro de 1918, o govêrno da Alemanha assinou um acôrdo de paz (armistício), o que marcou o fim da Primeira Guerra Mundial.

Fotografia em preto e branco. Uma multidão de homens e mulheres sorridentes, lado a lado, portando hastes com bandeiras do Reino Unido.
Comemoração do fim da Primeira Guerra Mundial em Londres, Reino Unido. Fotografia de 1918.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

RRAUARDmáikol Primeira Guerra Mundial. Pôrto Alegre: Ele e Pê ême Editores, 2010.

A obra apresenta o contexto europeu em 1914, o início da guerra, suas principais batalhas e seus impactos ao longo do século vinte.

Impactos da guerra

Ao final da Primeira Guerra Mundial, cenas de destruição formavam a paisagem de diversos lugares da Europa. Os danos atingiram fábricas e plantações, casas e edifícios, pontes e estradas. Os dramas humanos foram imensos: calcula-se que houve aproximadamente, entre civis e militares, 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos.

A guerra provocou escassez de alimentos e miséria. A fome espalhou-se amplamente por vários setores da população. Os governos adotaram medidas de racionamento, restringindo a quantidade de alimentos que cada pessoa podia comprar. Produtos como carne, ovos, cereais, leite, manteiga e batata só eram encontrados no mercado clandestino por preços tão altos que apenas os mais ricos podiam comprá-los.

A população pobre enfrentava diariamente longas filas para conseguir um prato de sopa distribuído pelas organizações militares. Vivendo na miséria, muitas pessoas ficaram desnutridas e vulneráveis a doenças como tuberculose, tifo, cólera e gripe, que provocaram milhares de mortes. Aliás, em 1918, logo após o fim da guerra, espalhou-se pelo mundo a pandemia da chamada gripe espanhola (influenzavirus agá um êne um), que provocou milhões de mortes.

Fotografia em preto e branco. Em um  galpão amplo iluminado por pequenas janelas, diversas pessoas estão deitadas em leitos enfileirados lado a lado. Algumas pessoas estão sentadas sobre seus leitos.
No centro do galpão, há um homem em pé vestindo uniforme militar. Em primeiro plano, um homem sentado ao lado de um leito veste um jaleco claro e toma o pulso de um homem deitado.
Pacientes com gripe espanhola em hospital militar, em Kansas, Estados Unidos. Fotografia de cêrca de 1918.
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para pensar

Em sua opinião, que pessoas são mais prejudicadas em uma guerra? Converse com os colegas, expondo a eles seus argumentos.

Estimativas do número de mortes

Observe o mapa a seguir, que apresenta estimativas do número de soldados mobilizados por país durante a Primeira Guerra Mundial e do número de mortes no decorrer do conflito.

Europa: Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Mapa. Europa: Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Continente europeu dividido territorialmente em países e impérios. Em verde, 'Países da Tríplice Aliança', compreendendo a Alemanha, com 13.250.000 soldados mobilizados e 1.950.000 mortos (estimado); Áustria-Hungria, com 9.000.000 de soldados mobilizados e 1.050.000 mortos (estimado). Em amarelo, 'Países da Tríplice Entente', compreendendo o Império Russo, com 13.000.000 de soldados mobilizados e 1.700.000 mortos (estimado); Sérvia, com 1.000.000 de soldados mobilizados e 322.000 mortos (estimado); França, com 8.200.000 soldados mobilizados e 1.500.000 mortos (estimado); Reino Unido, com 9.500.000 soldados mobilizados e 1.000.000 mortos (estimado); Japão, com 800.000 soldados mobilizados e 2.000 mortos (estimado). Em rosa, 'Países neutros', compreendendo Noruega, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Suíça, Albânia e Espanha. Em lilás, 'Países depois unidos à Tríplice Aliança', compreendendo a Bulgária (1915), com 950.000 soldados mobilizados e 49.000 mortos (estimado); Império Turco-Otomano (1914), com 2.850.000 soldados mobilizados e 325.000 mortos (estimado). Em roxo, 'Países depois unidos à Tríplice Entente' compreendendo Portugal (1916), com 100.000 soldados mobilizados e 7.222 mortos (estimado); Itália (1915), com 5.600.000 soldados mobilizados e 533.000 mortos (estimado); Grécia (1917), com 200.000 soldados mobilizados e 5.000 mortos (estimado); Romênia (1915), com 1.000.000 soldados mobilizados e 158.000 mortos (estimado); Estados Unidos (1917), com 3.800.000 soldados mobilizados e 116.000 mortos (estimado). À direita, rosa dos ventos, na parte inferior escala de 0 a 350 quilômetros.
Fonte: ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha deSão PauloTimes Books 1995.página 248.

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Indique os dois países que tiveram o maior número de mortos durante a Primeira Guerra Mundial.

A luta das mulheres

Durante a guerra, a produção econômica dos países foi direcionada para a fabricação de armas, munições, fardamento, veículos de transporte etcétera Enquanto milhões de homens participavam dos combates, muitas mulheres passaram a trabalhar nas indústrias, especialmente no Reino Unido, na França, na Alemanha e na Itália.

Com o fim do conflito, muitas mulheres continuaram no mercado de trabalho e ampliaram sua luta por direitos. O direito ao voto, por exemplo, foi conquistado pelas mulheres do Reino Unido, da Alemanha e da Áustria em 1918; da Bélgica, em 1919; dos Estados Unidos, em 1920; e do Brasil em 1932.

Fotografia. Cena de filme. Em um espaço aberto, uma multidão de mulheres, lado a lado, a maioria vestindo sobretudos e chapéus com abas. Algumas seguram bandeiras e portam faixas. Elas estão de braços dados, gritando. Ao fundo um policial de bigode, que usa um capacete escuro, observa a multidão.
Cena do filme As sufragistas, dirigido por Sarah gavrôn, 2015. O filme narra a luta das mulheres pelo direito ao voto no início do século vinte no Reino Unido.

Tratado de Versalhes

Após a rendição da Alemanha, os países vencedores (27 nações) realizaram uma série de conferências entre 1919 e 1920 para discutir as regras de um acôrdo de paz. As decisões tomadas nessas conferências resultaram no Tratado de Versalhes, que considerou a Alemanha a principal responsável pela guerra, obrigando os alemães a:

  • reduzir ao mínimo suas fôrças militares;
  • devolver a região da Alsácia-Lorena à França;
  • ceder alguns territórios aos governos da Bélgica, da Dinamarca e da Polônia;
  • dividir seu império colonial entre franceses e britânicos;
  • pagar uma indenização bilionária aos países vencedores.

As condições impostas pelo Tratado de Versalhes foram consideradas injustas, vingativas e humilhantes por muitos alemães. Para agravar a situação, o país atravessava um período de instabilidade política e econômica.

Pouco antes do fim da guerra, em 1918, o imperador alemão Guilherme segundo renunciou ao trono e políticos social-democratas chegaram ao poder, dando início à República de Weimar (1918-1933). O nome Weimar é uma referência à cidade alemã na qual foi elaborada a Constituição Republicana.

Além disso, o pós-guerra alterou profundamente o mapa político da Europa, desmembrando o território dos impérios vencidos e criando novos países. Observe algumas dessas transformações no mapa a seguir.

Europa: divisão política (1922)

Mapa. Europa: divisão política (1922). Continente europeu dividido territorialmente em países. Em verde, 'Novos países', compreendendo a Finlândia (capital: Helsinki); Estônia (capital: Tallin); Letônia (capital: Riga); Lituânia (capital: Kaunas); Polônia (capital: Varsóvia); Tchecoslováquia (capital: Praga); Áustria (capital: Viena); Hungria (capital: Budapeste) e Iugoslávia (capital: Belgrado). Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 410 quilômetros.
Fonte: Atlas historique: l’histoire du monde en 317 cartesLarousse página. 92-93.

Liga das Nações

Em 28 de abril de 1919, os membros da Conferência de Paz de Versalhes aprovaram a criação da Liga das Nações. Esse organismo internacional seria formado por representantes de países de todos os continentes. Sua séde situava-se na cidade de Genebra, na Suíça.

A principal missão da Liga das Nações era buscar a preservação da paz mundial, ideia sugerida por Uodrou Uilsom(1856-1924), presidente dos Estados Unidos à época. No entanto, senadores estadunidenses vetaram a participação do país na Liga das Nações, pois discordavam da fiscalização que os membros dessa entidade poderiam fazer sobre os tratados assinados após a guerra. Assim, os Estados Unidos desligaram-se da Liga das Nações mantendo uma política internacional isolacionista. Além disso, outros países, como a Rússia, afastaram-se da Liga das Nações, enfraquecendo ainda mais o organismo.

Charge. Imagem de um homem em pé, visto de perfil, com cabelos curtos, vestindo terno, gravata e um par de óculos no rosto. Segura um cachimbo com uma das mãos e uma das extremidades do cachimbo toca sua boca. Com a outra mão, ele toca uma bacia contendo um líquido borbulhante e o texto, na lateral, originalmente em inglês, 'Idealismo'. Do cachimbo, surge uma grande bolha de sabão, com o texto originalmente em inglês: 'Liga das Nações'.
Charge sobre a frágil participação de Uodrou Uilsom, então presidente dos Estados Unidos, e do país na Liga das Nações, 1919. Na imagem, Uodrou Uilsomé representado segurando um recipiente cheio de bolhas em que está escrito “idealismo”, enquanto sopra a bolha nomeada “Liga das Nações”.

Império Russo

O Império Russo (1721-1917) tinha um imenso território de 22,4 milhões de quilômetros quadrados, que ocupava parte da Europa e da Ásia. Em 1914, quando o país entrou na Primeira Guerra Mundial, calcula-se que viviam nesse império mais de 150 milhões de pessoas.

No plano político, o Império Russo era uma monarquia absolutista, cujo imperador recebia o título de czar. Em russo, czar significa “césar”, título dos antigos imperadores romanos. Os czares governaram a Rússia do século dezesseis até 1917.

Joia. No alto, uma joia de formato oval, aberta, com o exterior verde, ornamentos dourados e pequenas pedras brilhantes. Diante dessa peça, há uma barra oval de coloração esverdeada com a miniatura de um navio ornamentado também dourado.
Ovo Fabergé, feito com ouro e pedras preciosas, produzido em São pétersbúrgo, Rússia, 1891. Essas joias faziam parte da vida luxuosa dos czares.

No início do século vinte, a economia da Rússia era predominantemente agrícola e 80% de sua população era formada por camponeses (). Até 1861, a maioria dos vivia sob um regime de servidão, que os obrigava a trabalhar em uma propriedade de terra e os impedia de serem proprietários.

A industrialização do país só começou a ser incentivada durante o govêrno do czar Nicolau segundo (1894-1917), com financiamento da França, da Alemanha e da Bélgica. Em centros urbanos populosos, como São pétersbúrgo, Moscou, Odessa e Kiev, formou-se um operariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas. Em geral, os operários russos trabalhavam mais de 12 horas por dia, recebiam salários miseráveis, sofriam maus-tratos e viviam em condições precárias.

Fotografia preto e branco. Fotografia colorida posteriormente. Retrato de sete pessoas. No centro, está sentado um homem com cabelos castanhos e curtos, barba e um denso bigode no rosto. Ele veste um traje verde com detalhes dourados e tem as mãos unidas sobre o colo. À esquerda dele, uma mulher, também sentada, tem os cabelos castanhos presos em um coque. Ela usa uma coroa e segura o rosto com uma das mãos. Trajada com um vestido longo e bordado de cor clara, ela usa colares, brincos e pulseiras. Ao redor do casal, há quatro jovens, todas com cabelos castanhos, vestidos bordados e colares. Duas delas estão sentadas e usam os cabelos soltos. As outras duas estão em pé e usam os cabelos presos. Aos pés do homem, sentado no chão, há um menino de cabelos castanhos, curtos e lisos, apoiando suas mãos sobre um de seus joelhos. Ele veste uma camisa branca com detalhes de listras brancas e azuis nos punhos e na gola.
Retrato da família de Nicolau segundo(1868-1918), o último czar russo. Fotografia colorizada de 1913. Nicolau segundo governou de 1894 até a Revolução de 1917.

Extensão máxima do Império Russo (1900)

Mapa. Extensão máxima do Império Russo (1900). Porção norte dos continentes europeu e asiático. Destacado na cor laranja, o território do Império Russo, que se estende do Mar Báltico, a oeste, aos mares do Leste, Okhotsk, Bering e Oceano Pacífico a leste. Ao norte, o território alcança o Oceano Glacial Ártico e se estende até os mares Negro, Cáspio e de Aral, ao Sul. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 880 quilômetros.
Fonte: Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2006.página 149.

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Atualmente, quais são os cinco maiores países do mundo em extensão territorial? Pesquise.

revóltas populares

Os problemas da população russa aumentavam porque, além da opressão interna, o govêrno czarista envolvia-se em conflitos internacionais, como a guerra contra o Japão (1904). Essa situação agravava as dificuldades econômicas dos mais pobres e gerava revóltas populares.

Em 1905, uma multidão caminhou em direção ao Palácio de Inverno, em São pétersbúrgo, com o objetivo de entregar um abaixo-assinado ao czar reivindicando: reforma agrária, fim da censura e melhores condições de vida. O protesto foi reprimido violentamente pelas tropas czaristas, que mataram centenas de manifestantes. Esse episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento.

Posteriormente, no mesmo ano, os marinheiros do encouraçadoglossário pôtenquín se rebelaram contra os maus-tratos e a péssima alimentação que recebiam. Ancorados na cidade de Odessa, os revoltosos pressionaram o czar a assinar o Tratado de Portsmouth, que pôs fim à guerra contra o Japão. O episódio foi representado no cinema, em 1925, pelo diretor russo Isenstím (1898-1948).

As tensões populares voltaram a crescer após a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1917. Esse conflito provocou a morte de aproximadamente 1,7 milhão de militares russos e a destruição de grande parte dos meios de transporte e da produção agrícola do país. Os preços dos alimentos subiram e a maioria da população passava fome.

Em 1917, setores da população organizaram greves e protestos contra o czarismo e a ordem social vigente. Uma parcela do exército se recusou a reprimir os grevistas, em desobediência ao govêrno.

Fotografia em preto e branco. Cena de filme. Sobre o convés, na proa de um navio no mar, vários homens aglomerados. À direita, boa parte dos homens, veste uniformes de marinheiro e quepes na cor branca. Eles correm em direção à proa, onde há um grupo menor de homens acuados próximos à balaustrada. Os homens desse pequeno grupo vestem casacas escuras, calças e quepes brancos. À esquerda da imagem, um grupo de marinheiros vestidos de branco corre e ataca outro pequeno grupo de homens vestidos com casacos escuros e calças brancas. A cena é vista do alto, a partir de um canhão naval instalado no convés.
Cena do filme O encouraçado pôtenquín, dirigido por 1925. A cena mostra a tripulação se rebelando contra seus oficiais superiores.
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dica livro

. A Revolução Russa. São Paulo: Ática, 1999.

A obra apresenta a sociedade e a economia russas antes da Revolução de 1917, analisando o movimento que levou à queda do czarismo e à ascensão do govêrno social-democrata.

Revolução Russa

Em março de 1917, fôrças políticas socialistas e liberais depuseram o czar Nicolau segundo e tomaram o poder. Esse episódio é considerado o marco inicial da Revolução Russa, que costuma ser dividida em três períodos: Revolução Liberal (março de 1917), Revolução Comunista (novembro de 1917) e Guerra Civil (1918-1921).

Revolução Liberal

Na Revolução Liberal, foi instituído um govêrno provisório, com apôio dos mencheviquesglossário e sob a liderança do socialista moderado alêquissânder Kerensky (1881-1970). O govêrno provisório reduziu a jornada de trabalho diária de 12 para 8 horas; anistiou os presos e os exilados políticos; garantiu a liberdade de expressão e de associação. Contudo, o govêrno manteve a participação russa na Primeira Guerra Mundial e não solucionou os problemas da fome e da concentração de terras. Beneficiado pela permissão da volta dos exilados, o líder bolcheviqueglossário Vladimir íliti ulianóv(1870-1924), conhecido como Lênin, regressou à Rússia em 1917 e passou a defender medidas como: o fim do govêrno de Kerensky; a retirada imediata da Rússia da Primeira Guerra Mundial; a nacionalização da propriedade privada dos bens de produçãoglossário e a formação de uma república dos sovietes (conselhos políticos formados por operários, camponeses e soldados).

Revolução Comunista

Em novembro de 1917, os bolcheviques, liderados por Lênin e Leon Trótsky (1879-1940), partiram para o confronto armado e derrubaram o govêrno de Kerensky. Em seguida, Lênin tornou-se chefe do novo govêrno bolchevista e determinou:

  • a retirada dos russos da Primeira Guerra Mundial e a assinatura de um tratado de paz (Brest-Litovski) com a Alemanha;
  • o confisco de propriedades privadas dos nobres e da Igreja e a distribuição de terras aos camponeses;
  • a intervenção na economia, com a nacionalização de grandes bancos e fábricas e o planejamento econômico feito pelo Estado, definindo metas para os diversos setores produtivos.
Fotografia. Destaque para uma mulher idosa, com cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo uma jaqueta marrom, uma boina de mesmo tom e uma máscara de proteção sobre seu nariz e boca. Ao seu lado, um pequeno cartaz retratando a imagem de um homem em pé, vestindo um paletó escuro,camisa branca e gravata  discursando. Abaixo dele, uma bandeira de fundo vermelho.
Apoiadores do Partido Comunista carregam cartazes de Lênin durante as comemorações do 104º aniversário da Revolução de 1917, em Moscou, Rússia. Fotografia de 2021.

Guerra Civil (1918-1921)

Em 1918, pessoas ligadas à nobreza russa planejaram uma contrarrevolução para derrubar os bolcheviques do poder. Essas pessoas contaram com o apôio econômico e militar de países como Reino Unido, França e Japão.

Em resposta à contrarrevolução, os bolcheviques organizaram uma fôrça militar chamada Exército Vermelho, formada por operários e camponeses e liderada por Trótsky. O Exército Vermelho lutou contra o Exército Branco, que era comandado pelos generais ligados à antiga monarquia czarista.

Durante a Guerra Civil, o govêrno bolchevique adotou o comunismo de guerra, marcado por medidas radicais como: a execução do czar e de sua família; o confisco da produção econômica (industrial, agrícola e comercial) para o abastecimento; a abolição da liberdade de imprensa; a realização de julgamentos sumários de opositores ao govêrno de Lênin.

Em 1921, o Exército Vermelho venceu a Guerra Civil e o Partido Comunista (antigo Partido Bolchevique) consolidou-se no govêrno da Rússia. A partir daí, os governos dos países ocidentais tentaram isolar a Rússia do cenário internacional. Para os grupos capitalistas, o socialismo soviético representava uma ameaça à propriedade privada.

Pintura. No centro da imagem, um homem calvo, com uma densa barba grisalha e comprida, vestindo blusa e calça alaranjadas. Ele segura a haste de uma bandeira vermelha. À esquerda, um feixe de trigo, e em segundo plano, colunas de fumaça azuladas.
Senhor da terra, pintura de serguêi vasílievíti guerazimóv, 1918. A pintura representa um camponês após a revolução: o vermelho da bandeira simbolizava a adesão aos ideais bolcheviques.
Cartaz. No centro da imagem, a silhueta da locomotiva de um trem, na cor preta. Abaixo dela e subindo no trem, silhuetas de figuras humanas na cor vermelha, algumas portando marretas. Na parte inferior do cartaz, uma inscrição em língua russa, utilizando o alfabeto cirílico.
Cartaz de M. tchêrêminíque conclamando as pessoas a aderir à revolução, cerca de. 1920. No cartaz, está escrito: “Quem é contra a fome e a favor de muito pão, pegue alegremente o martelo de modo que nem uma única locomotiva descanse.

Construção da União Soviética

Após a Primeira Guerra Mundial e a Guerra Civil, a Rússia ficou economicamente arrasada. O govêrno, liderado por Lênin, buscou recuperar a economia e, a partir de março de 1921, adotou um programa chamado Nova Política Econômica (êne ê pê).

Algumas medidas da promoveram um retôrno às práticas de iniciativa privada, como: maior liberdade para a negociação de salários, permissão para o funcionamento de pequenas empresas privadas e autorização para os camponeses venderem sua produção agrícola. De acôrdo com a , cabia ao Estado controlar setores vitais, como o comércio exterior, o sistema bancário e as indústrias de baseglossário .

A obteve alguns resultados satisfatórios. Estimativas feitas a partir de 1925 demonstraram que as áreas cultivadas no país foram ampliadas, o que permitiu maiores safras agrícolas e aumento dos rebanhos. Contudo, a produção industrial continuou estagnada em razão da falta de tecnologias modernas, do declínio do comércio exterior e do isolamento da Rússia no cenário internacional.

Cartaz. No centro da imagem, a figura de homem de grande proporção, maior que as fábricas ao redor, na cor vermelha. Seu corpo está inclinado para a frente e, com uma das mãos, ele segura um porrete atrás de seu corpo, tomando impulso para um golpe. Ao redor dele, sobre um fundo preto, diversas fábricas e indústrias com suas chaminés e janelas destruídas. Na parte superior esquerda há uma inscrição em língua russa em alfabeto cirílico.
Cartaz antibolchevique, criado entre 1918 e 1921, com a representação de um monstro vermelho destruindo fábricas na Rússia.

Fundação da União Soviética

Lênin manteve-se como a principal figura do govêrno, apesar de estar gravemente doente desde 1921. Com a piora de sua saúde, ele teve de dividir o poder com outros líderes comunistas, como Trótsky (chefe militar) e Josef Stálin (alto dirigente político). Em abril de 1922, Stálin (1879-1953) foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista, destacando-se por combater as oposições políticas, dentro e fóra do partido. Nesse mesmo ano, foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (u érre ésse ésse), também denominada de União Soviética. Observe o mapa a seguir.

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1922)

Mapa. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1922). Mapa representando a porção norte da Eurásia. 
No centro, em amarelo, a República Socialista Federativa Soviética da Rússia; estendendo-se do Mar Báltico, a oeste, até os mares do Leste e Okhotsk e o Oceano Pacífico a leste. Ao norte, o território alcança o Oceano Glacial Ártico e se estende, ao Sul, até os mares Negro, Cáspio e de Aral, estabelecendo fronteiras com o  Irã, o Afeganistão, a China e a Mongólia.
À oeste, em verde claro, a República Socialista Soviética da Bielorrússia, estabelecendo fronteiras com República Socialista Federativa Soviética da Rússia, a leste; a Letônia, Lituânia e Polônia, à oeste, e a República Socialista Soviética da Ucrânia, ao sul.
Ao norte do Mar Negro, em rosa, a República Socialista Soviética da Ucrânia, estabelecendo fronteiras com a República Socialista Federativa Soviética da Rússia, a leste.
Ao sul da República Socialista Federativa Soviética da Rússia, em verde, destaca-se a República Federativa Socialista Soviética da Transcaucásia, localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 660 quilômetros.
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de êti áli. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: 1986.página 131.

Lênin morreu em 1924 e, a partir desse momento, Trótsky e Stálin começaram a disputar o comando da União Soviética. Cada qual tinha planos diferentes para o país. Trótsky e seu grupo defendiam a construção do socialismo em escala internacional, o que exigiria uma revolução permanente da classe proletária do mundo inteiro. Já Stálin e seu grupo defendiam que a revolução socialista deveria se consolidar primeiro em um só país, no caso, a União Soviética.

Ditadura stalinista

Stálin venceu a disputa pela liderança do Partido Comunista e, em dezembro de 1929, passou a controlar outros órgãos de decisão do Estado (burocracia). Suas ordens ditatoriais eram inquestionáveis.

Seguiu-se, então, a perseguição a Trótsky, que perdeu suas funções de chefe militar do govêrno e foi expulso, em 1929, da União Soviética. Em 1940, quando estava exilado no México, Trótsky foi assassinado a mando de Stálin.

Durante o govêrno de Stálin, a economia foi organizada por meio de planos quinquenais (para cada cinco anos). Esses planos contribuíram para:

  • desenvolver a indústria de base – com destaque para a produção de aço –, que estava associada à exploração das reservas de carvão, ferro e petróleo;
  • transformar as propriedades rurais em terras de uso coletivo (a chamada coletivização do campo), ampliando a rede elétrica e mecanizando a agricultura;
  • promover a educação pública, ampliando o número de estudantes, eliminando o analfabetismo e construindo escolas e universidades.

Dessa fórma, a União Soviética tornou-se uma das maiores potências econômicas do século vinte. Ela influenciou movimentos operários em diversas partes do mundo, inspirou as lutas pela independência de vários países da África e da Ásia, pressionou os países capitalistas a melhorar as condições de vida dos trabalhadores etcétera

O lado negativo do socialismo soviético foi a implantação de uma ditadura de partido único (Partido Comunista), a censura aos meios de comunicação e o contrôle sobre as pessoas. O período mais cruel do regime soviético foi a ditadura stalinista, que perseguiu brutalmente seus opositores.

Entre 1936 e 1938, ocorreram as chamadas depurações stalinistas, cujo objetivo era perseguir pessoas consideradas inimigas do Estado. Durante as depurações, milhares de cidadãos foram presos, torturados ou mortos. No total, estima-se que o terror stalinista matou cêrca de quinhentas mil a 1,2 milhão de pessoas, além de ter prendido e torturado mais de 5 milhões de cidadãos.

Cartaz. No centro da imagem, em destaque, um homem com cabelo e bigode escuros, vestido com um traje militar de gola dobrada e mangas longas. Sobre a cabeça, usa um quepe militar com aba. Ele segura uma roda de leme gravada com as iniciais da União Soviética (em alfabeto cirílico).  À direita, a bandeira da União Soviética hasteada: uma bandeira de cor vermelha, com a imagem de uma foice e um martelo no canto superior esquerdo.
Cartaz de propaganda soviética, 1933. Stálin foi representado segurando o timão, conduzindo a nação com fôrça e direção. À direita, a frase: O capitão do país dos sovietes nos conduz de vitória em vitória. Para fortalecer a autoridade de Stálin, a propaganda oficial promovia o culto de sua personalidade representando-o como “o maior gênio da história”, “amigo e mestre” de todos os trabalhadores.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Atualmente você identifica propostas políticas socialistas? Se sim, o que você pensa a respeito delas? Defenda seu ponto de vista com argumentos.

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livroS

A revolução dos bichos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Romance que denuncia as traições aos princípios bolcheviques cometidas por Stálin. As personagens são animais de uma fazenda que se revoltam contra a dominação a que são submetidos, remetendo a personagens da Revolução Russa.

. A revolução dos bichos. Adaptação e ilustração de Odyr. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

Versão do livro de em história em quadrinhos.

Painel

Arte gráfica russa

As artes gráficas tiveram um papel importante na divulgação das ideias revolucionárias na Rússia, alcançando grande apêlo popular. A seguir, observe algumas obras criadas na época.

Precursores

No período entre o final do século dezenove e o comêço do vinte, nota-se uma mescla de estilos, com elementos de Art Nouveau, gravura japonesa e arte popular russa, além de influências visuais de tradição bizantina, características da Igreja . Em geral, os temas presentes nas representações gráficas desse período são as guerras que afligiam o país.

Cartaz. À esquerda, em preto, um navio tripulado, em águas movimentadas. Há marinheiros no convés. Alguns, ajustando correntes; outros, em fila; outros ainda, olhando para o mar. Ao fundo, colunas de fogo e fumaça. À direita, o mar revolto.
Batalha no mar, cartaz de Dimitri isidorocíti mitroquín, 1914. Nesse ano, começou a Primeira Guerra Mundial e a Alemanha declarou guerra à Rússia.

Revolução e Guerra Civil

Durante a Guerra Civil russa, os artistas foram incentivados a produzir cartazes com estrutura gráfica simples e conteúdo político. Os cartazes, em geral impressos por meios rápidos e baratos, alcançavam grande popularidade.

Cartaz. No centro, em destaque, um homem em pé, visto de frente, com traje e boina vermelhos. Ele aponta uma de suas mãos para o observador e, na outra, porta uma arma de fogo. Em segundo plano, fábricas e usinas na cor vermelha rodeadas de colunas de fumaça. Na parte inferior do cartaz, uma inscrição em russo em alfabeto cirílico.
Cartaz de de 1920, em que se lê: “Você já se alistou como voluntário no Exército Vermelho?”. Tratava-se de uma campanha de incentivo para os russos aderirem ao recrutamento e continuarem a defender a revolução dos ataques de seus inimigos internos e externos.

Construtivismo

Na década de 1920, o construtivismo ganhou fôrça nas artes plásticas, privilegiando o uso de fórmas geométricas e fotomontagens. O construtivismo russo propôs uma arte nova e libertária, a serviço da revolução e das questões próximas da vida das pessoas.

Cartaz. Em um círculo de cor escura na parte esquerda da imagem, destaca-se a fotografia do rosto de uma mulher, que é vista de perfil. Ela tem olhos e cabelos  escuros e usa um lenço amarrado à cabeça. Sua boca está aberta e uma de suas mãos ladeia seus lábios, de onde parte um triângulo, nas cores preta, branca e vermelha, com palavras escritas em alfabeto cirílico. O cartaz é circundado por uma moldura retangular nas cores preta, à esquerda, e vermelha, à direita.
Cartaz criado por alêquissânder rotchênco em 1924 para uma editora estatal soviética. A obra retrata a escritora russa Lilya Brik gritando “Livros, por favor! De todos os assuntos!”.

Realismo socialista

Nos anos 1930, passou a vigorar uma estética oficial da União Soviética: o realismo socialista. Essa fórma de arte fazia propaganda política do Estado soviético e combatia os valores burgueses e capitalistas. As obras dessa corrente artística eram figurativas e descritivas, acessíveis ao povo. Suas personagens centrais eram os operários, camponeses, soldados e heróis nacionais, em geral em situações de trabalho, demonstrando vigor e felicidade na construção do Estado. Nesse período, houve forte censura a outras manifestações culturais e perseguição contra os artistas construtivistas.

Cartaz. No centro, uma ilustração retratando uma mulher em pé, rodeada por um círculo, vestindo uma camiseta regata e uma bermuda, ambas brancas. Ela segura um disco branco com uma das mãos. Atrás dela, agachado no solo, um homem vestindo uma camisa e calça cinzas, segura uma arma de fogo com as mãos, próxima ao seu rosto, mirando. Em segundo plano, um grupo de pessoas em pé, próximas entre si, em posição de corrida; atrás delas, um pequeno grupo de ciclistas.
A fórma física, cartaz de alêquissânder Deineka, 1933. Nesse ano, o poeta, escritor e artista gráfico Vladimir Maiakovski cometeu suicídio, entre outros motivos, pela desilusão com os rumos que tomavam a política e a arte soviéticas, com censura e perseguições.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Sobre a Primeira Guerra Mundial, relacione corretamente, no caderno, as expressões da coluna 1 com as frases da coluna 2.

Coluna 1

Coluna 2

a) Impactos da guerra.
b) Tratado de Versalhes (1919-1920).
c) Blocos de países em conflito.
d) Causas gerais da guerra.
e) Nome de um movimento nacionalista.
f) Estopim da guerra.

I. Disputas imperialistas e nacionalistas.
II. Assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando.
III. Pangermanismo.
IV. Dez milhões de mortos e vinte milhões de feridos.
V. Tríplice Aliança e Tríplice Entente.
VI. Os países vencedores estabelecem regras de um acordo de paz.

  1. Em grupo, escrevam com suas palavras um texto sobre as principais consequências da Primeira Guerra Mundial. Em seu texto, considerem os tópicos: a) os problemas econômicos e sociais; b) as doenças; c) a luta das mulheres; d) as alterações no mapa da Europa; e) a Liga das Nações.
  2. Refletindo sobre o uso militar dos meios de comunicação, procure explicar o sentido da frase: “A primeira vítima da guerra é a verdade”. Ela poderia ser aplicada em outros contextos, no presente, além dos conflitos militares? Em fórma de texto, apresente sua reflexão e seus argumentos sobre o uso dos meios de comunicação para criar propagandas e disseminar notícias falsas, relacionadas tanto à Primeira Guerra Mundial quanto aos dias de hoje e o fenômeno das fake news.
  3. A seguir, identifique as frases incorretas sobre a Revolução Russa. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
    1. No início do século vinte, a Rússia era comandada por um monarca absolutista com o título de czar e tinha uma economia predominantemente agrária, com uma nobreza rural que controlava a população camponesa, sujeita a um sistema de servidão.
    2. A guerra contra o Japão e a participação na Primeira Guerra Mundial contribuíram para amenizar as tensões sociais e políticas na Rússia.
    3. Em 1905, muitos russos se revoltaram contra as opressões que sofriam e foram duramente reprimidos por tropas czaristas em episódios como o Domingo Sangrento e a rebelião do encouraçado pôtenquín.
    4. O govêrno de Kerensky não resolveu os grandes problemas sociais que afligiam os operários e os camponeses russos, como a fome e a concentração de terras.
    5. Após a Guerra Civil, vencida pelo Exército Branco, o govêrno russo expulsou o Partido Comunista e se aliou às potências ocidentais.
  1. Responda ao questionário a seguir sobre a formação da União Soviética.
    1. Quando a União Soviética foi fundada?
    2. Quem disputou a liderança política da União Soviética após a morte de Lênin em 1924? Quem saiu vitorioso?
    3. Qual era a principal divergência entre Trótsky e Stálin em relação à revolução socialista?
    4. Quais avanços econômicos e sociais ocorreram na União Soviética a partir de 1929?
    5. O que foram as depurações stalinistas?

Interpretar texto e imagem

6. A seguir, leia o depoimento de um tenente britânico que lutou na Primeira Guerra Mundial e responda às questões.

“Ao ouvir alguns gemidos quando eu ia para as trincheiras, olhei para um abrigo reticências ao lado e achei nele um jovem alemão. Ele não podia se mover porque suas pernas estavam quebradas. Implorou-me que lhe desse água, eu corri atrás de alguma coisa e encontrei um pouco de café que logo lhe dei para beber. Ele dizia todo tempo reticências ‘Obrigado, camarada, obrigado, obrigado reticências’. Por mais que eu [os] odeie, reticências a primeira reação que ocorre ao vê-los reticências feridos é sentir pena. reticências Na verdade, gentileza e compaixão com os feridos foram talvez as únicas coisas decentes que vi na guerra. Não é raro ver um soldado inglês e outro alemão lado a lado num mesmo buraco, cuidando um do outro reticências.”

, 16 de setembro de 1916. In: MARQUES, Adhemar Martins êti áli. História contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 1994.página 120.

  1. Quando esse depoimento foi produzido? Quem é seu autor?
  2. Qual é o tema desse depoimento?
  3. Você conhece outros exemplos de solidariedade entre pessoas que vivenciam situações difíceis? Reflita.

integrar com Arte

7. Em 1921, o artista russo Micail Adamôvique criou uma pintura sobre um delicado prato de porcelana branca do período imperial. O objetivo do artista era fazer uma propaganda da Revolução Russa e do socialismo. Sobre essa pintura, responda às questões a seguir.

Pintura. Sobre o centro de um prato redondo com bordas brancas, a silhueta de um homem em pé, visto de costas, em coloração vermelha, segurando uma marreta com uma das mãos. Em segundo plano, diversas usinas e fábricas envoltas em nuvens escuras, chamas e fumaça.  No canto inferior direito, uma palavra em alfabeto cirílico escrita na cor amarela.
Pintura de Micail Adamôvique feita sobre um prato de porcelana imperial russo, 1921.
  1. Em que ano essa pintura foi produzida? Qual era a situação política e econômica da Rússia nessa época?
  2. Essa imagem transmite vigor ou fraqueza? Explique utilizando elementos da pintura.
  3. No centro da imagem observamos uma paisagem urbana ou rural? Justifique.
  4. O jovem que aparece em primeiro plano representa qual classe social? Como você chegou a essa conclusão?

Glossário

Entente
: termo que significa acordo ou entendimento entre dois ou mais governos.
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Trincheira
: escavação feita no solo para proteger ou abrigar soldados em combate.
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Encouraçado
: grande navio de guerra fortemente armado e protegido por um revestimento (couraça).
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Menchevique
: em russo, significa “minoria”. Naquele contexto político, designava o grupo que defendia a implantação gradual do socialismo por meio de reformas promovidas com a aliança entre trabalhadores e burguesia liberal.
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Bolchevique
: em russo, significa “maioria”. Naquele contexto político, denominava o grupo que defendia a implantação de um govêrno do proletariado, por meio da luta revolucionária dos trabalhadores.
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Bens de produção
: bens utilizados para produzir bens de consumo. Incluem os instrumentos de produção como máquinas.
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Indústria de base
: setor industrial responsável pela produção de máquinas e transformação de matérias-primas que, posteriormente, são utilizadas por indústrias de bens de consumo. Exemplos de indústria de base: cimento, aço, ferro, alumínio, petróleo, borracha etcétera
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