UNIDADE  1  PRIMEIRA GUERRA, REVOLUÇÃO E REPÚBLICA

CAPÍTULO 2 NASCIMENTO DA REPÚBLICA NO BRASIL

Em 7 de setembro de 1822, a monarquia foi adotada como fórma de govêrno do Brasil independente. Nessa época, o país tinha cêrca de 4,7 milhões de habitantes. O regime monárquico durou 67 anos. Ao seu final, a população do país alcançava mais de 14 milhões de habitantes.

Em 15 de novembro de 1889, foi proclamada a república. Mas o govêrno republicano brasileiro não surgiu do dia para a noite. Ele foi fruto de um processo histórico cujos principais aspectos vamos estudar a seguir.

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para começar

Você sabe explicar a diferença entre monarquia e república? Argumente com os colegas.

Caricatura em preto e branco. Um homem com cabelos e barba grisalhos, vestindo um manto e uma coroa sobre sua cabeça, sentado sobre um trono inclinado, em posição de queda. Atrás do trono, um homem em pé, com cabelos e barba curtos, de óculos, com os braços inclinados para frente, empurra o trono.
Caricatura de Angelo Agostini, publicada na Revista Illustrada, em 1882, representando dom Pedro segundo sendo derrubado do trono.
Gravura. Dois homens ao centro, sentados sobre o dorso de cavalos. Um, à esquerda, veste uma farda azul, com brasões no peito, sentado sobre um cavalo de pelagem marrom, e o outro, à direita, veste um paletó marrom, sentado sobre um cavalo de pelagem branca. Ao redor de ambos, uma multidão de pessoas, com as mãos e os braços levantados. Uma bandeira verde e amarela é carregada por um indivíduo à direita. Nas laterais, casas de dois e três andares e pessoas observando da sacada.
Gravura representando marechal Deodoro da Fonseca e Quintino Bocaiúva na Rua do Ouvidor, Rio de Janeiro, durante a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, de autoria desconhecida, século dezenove.
Pintura. Imagem representando um grupo de pessoas em um cômodo, algumas sentadas em cadeiras, outras sobre o chão. Em destaque, ao centro, uma menina de cabelos claros, curtos e lisos, segura parte de uma grande bandeira do Brasil distribuída sobre o solo. Ao redor, três mulheres costuram a bandeira, enquanto outras duas carregam crianças em seus colos. Uma criança deitada em um travesseiro, no canto direito, tem parte de seu corpo coberto pela bandeira e segura uma estrela branca. Ao fundo, um homem de cabelo e barba grisalhos está sentado em uma cadeira.
A pátria, pintura de Pedro Bruno, 1919. A obra, feita em homenagem à proclamação da república no Brasil, representa a “construção” ou o “nascimento” da “nova pátria”.

A república e seu contexto

Com o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, o movimento republicano tomou impulso. Naquele ano, foi lançado no Rio de Janeiro o Manifesto republicano, que declarava: “Somos da América e queremos ser americanos”. Isso significava que os manifestantes entendiam que o Brasil deveria adotar a república como fórma de govêrno, assim como outros países do continente fizeram (com exceção do México, que adotou a monarquia por curto período). As ideias do Manifesto republicano inspiraram a fundação de jornais e grupos políticos.

Em 1873, foi fundado o Partido Republicano Paulista (pê érre pê), liderado por Prudente de Morais, Bernardino de Campos, Campos Salles, entre outros, e que contava com a participação de fazendeiros de café e profissionais liberais (advogados, médicos, engenheiros). O objetivo do era fundar uma federação republicana, em que o govêrno central conviveria com a autonomia administrativa das províncias (futuros estados). O contava com simpatizantes no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul

Declínio da monarquia

Ao lado da ascensão do movimento republicano, a monarquia enfrentou conflitos específicos com setores da sociedade – os proprietários de escravizados, a Igreja Católica e o exército, como estudaremos a seguir.

  • Conflito com o exército (Questão Militar) – durante o império, a ordem pública dependia mais da Guarda Nacional do que do exército. Porém, com a vitória na Guerra do Paraguai, o exército brasileiro ganhou prestígio dentro da sociedade. O governo monárquico, no entanto, entrou em atrito com o exército quando alguns chefes militares se recusaram a capturar escravizados fugitivos e divulgaram na imprensa opiniões favoráveis à abolição da escravidão. Comandantes do exército, como o marechal Deodoro da Fonseca, não aceitaram punir esses militares abolicionistas. Assim, o exército foi deixando claro que não utilizaria sua fôrça para defender os escravocratas.
  • Conflito com os escravistas (Questão Abolicionista) – a Lei do Ventre Livre (1871) foi mal recebida pelos proprietários de escravizados, que a consideravam uma intromissão do Estado na vida privada. A lei colocou limites à autoridade do senhor e aumentou a chance de os escravizados conquistarem a liberdade. Posteriormente, quando foi assinada a Lei Áurea (1888), que abolia a escravidão, não foi previsto o pagamento de indenização aos senhores, que consideravam os escravizados suas propriedades. Com isso, vários escravistas ficaram descontentes com a monarquia.
Fotografia em preto e branco. Destaque para dois homens, lado a lado, em pé. O da esquerda possui barbicha e bigode escuros e usa farda militar escura, com brasões e insígnias no peito, e um chapéu claro com tecido traseiro que protege o pescoço. O da direita possui barba volumosa e grisalha, e usa farda militar escura, com apenas um brasão no peito, e um chapéu igual ao do homem da esquerda. Ao fundo, outros homens com fardamento militar e chapéu.
Conde d’Eu (em primeiro plano, à esquerda), genro de dom Pedro segundo e marido da princesa Isabel, ao lado de marechal Deodoro da Fonseca durante exercícios militares na Praia Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro. Fotografia de 1885.

Conflito com a Igreja Católica (Questão Religiosa) – desde o período colonial, a Igreja estava vinculada ao Estado pelo regime do padroado. Por causa disso, as ordens do papa precisavam da aprovação do imperador para vigorar no Brasil. Porém, em 1872, os bispos de Olinda e de Belém decidiram seguir as ordens do papa Pio onze de punir os religiosos maçonsglossário mesmo sem a aprovação do imperador. Dom Pedro dois solicitou aos bispos que suspendessem as punições, mas eles se recusaram e foram condenados a quatro anos de prisão. Em 1875, os bispos foram libertados, mas as relações entre a monarquia e boa parte dos sacerdotes da Igreja ficaram abaladas.

Além desses conflitos específicos, a monarquia não se adequava às transformações econômicas e sociais que ocorriam no país. Como exemplo dessas transformações, podemos citar: o crescimento da urbanização e o avanço da industrialização; a defesa da autonomia das províncias em relação ao govêrno central; a libertação dos escravizados; a imigração; a ascensão das classes médias urbanas.

Proclamação da república

Percebendo a situação difícil em que se encontrava, o govêrno monárquico apresentou à Câmara dos Deputados um programa amplo de reformas que incluía: liberdade religiosa, ampliação do ensino, autonomia para as províncias e mandato temporário para os senadores. Porém, tais propostas chegaram tarde demais.

Em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o comando das tropas que se rebelaram contra a monarquia. À noite, formou-se o govêrno provisório da república do Brasil.

No dia seguinte, dom Pedro segundo recebeu um documento do govêrno republicano, solicitando que ele e sua família saíssem do país. Essa ordem foi cumprida naquela mesma noite. O govêrno republicano tinha pressa em afastar a família imperial do Brasil, temendo possíveis reações favoráveis ao imperador.

Charge em preto e branco. À esquerda, destaque para um homem de barba volumosa, vestindo farda militar, sentado sobre o dorso de um cavalo, empunhando uma espada com uma das mãos. Ao seu redor, homens em pé, segurando várias bandeiras. Um deles segura uma bandeira do Brasil, apoiando seu mastro sobre uma coroa caída no chão. À direita, dois homens vestindo casacas, um homem vestindo um manto e segurando um cetro e uma mulher trajando um longo vestido. Um dos homens de casaca segura uma trouxa de tecido presa a uma haste, a qual apoia sobre seu ombro, enquanto o outro está caído no chão, com os braços abertos, e uma maleta aberta com objetos jogados ao seu lado. Na extremidade, o homem de manto e a mulher portam lenços a frente de seus olhos, e caminham com uma postura curvada para frente e para baixo.
Charge do jornal argentino El Mosquito, de 24 de novembro de 1889, representando a expulsão da família real do Brasil pelo marechal Deodoro da Fonseca.

Negros no início da república

A abolição da escravidão foi um projeto inacabado, pois não foi acompanhada de políticas públicas voltadas para a inserção social dos ex-escravizados. Por exemplo, o governo não criou escolas para os filhos e as filhas de ex-escravizados ou instituições assistenciais para essa população. De modo geral, os negros libertos foram entregues à própria sorte, tendo de enfrentar uma sociedade racista e autoritária.

Para agravar esse desamparo social, as autoridades da república aumentaram as fórmas de contrôle sobre as populações negras. Surgiram leis que restringiam celebrações afro-brasileiras (como batuques, congos e capoeiras) e que proibiam pessoas desempregadas de andar pelas ruas. Aqueles que perambulassem eram considerados vadios.

Logo após a abolição, alguns ex-escravizados procuraram novos locais de trabalho no comércio, na indústria ou em fazendas. Mas boa parte era dispensada, pois os empregadores preferiam contratar imigrantes brancos. Sem opção, muitos homens e mulheres negros permaneceram no mesmo local onde trabalhavam quando escravizados, recebendo um salário miserável, enquanto outros tiveram de sobreviver com trabalhos temporários ou itinerantes.

Para lutar por uma vida melhor, muitos negros fundaram associações de trabalhadores, movimentos sociais e veículos de imprensa. Além disso, criaram expressões artísticas, como o samba.

Fotografia em preto e branco. Destaque para um homem negro, idoso, em pé, visto de lado, vestindo uma blusa, uma calça e um chapéu com abas sobre sua cabeça. Segura uma pequena bolsa em uma de suas mãos.
Retrato de homem negro idoso na Rua São João (atual Avenida São João), na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de cêrca de 1910.

Movimentos sociais negros

Os movimentos sociais negros prestavam assistência aos seus membros e promoviam atividades culturais e recreativas. Realizavam confraternizações, palestras, reuniões, bailes, festivais literário-musicais etcétera Entre esses movimentos, destacaram-se:

  • Clube 13 de Maio dos Homens Pretos, criado em São Paulo (1902);
  • Sociedade Cultural Ferroviária Treze de Maio, criada no Rio Grande do Sul (1903);
  • Sociedade de Socorros Mútuos Princesa do Sul, formada exclusivamente por mulheres, criada no Rio Grande do Sul (1908);
  • Centro da Federação dos Homens de Cor, organizado no Rio de Janeiro e em São Paulo (1914);

Ao longo do tempo, os movimentos sociais negros se difundiram pelo país. Alguns deram origem a associações de trabalhadores de diversas profissões (ferroviários, portuários etcétera) e lançaram periódicos glossário da imprensa negra.

Imprensa negra

Imprensa negra é o nome dado a jornais e revistas fundados, sobretudo, por afro-brasileiros. O primeiro desses jornais foi O Homem de Cor ou O Mulato, publicado no Rio de Janeiro a partir de 1833, isto é, 55 anos antes da abolição. Esse jornal foi produzido por Francisco de Paula Brito com o objetivo de denunciar o racismo e reivindicar a inclusão social dos negros. Publicava notícias sobre prisões arbitrárias de negros e denunciava as falas preconceituosas de autoridades.

No início da república, surgiram outras publicações da imprensa negra, como A Pátria (1899), O Baluarte (1903), O Combate (1912), O Menelik (1915). Até 1930, a imprensa negra concentrou-se em São Paulo e, depois, espalhou-se por Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul etcétera Além de assuntos políticos, esses jornais divulgavam eventos cotidianos voltados para a população negra, como festas, bailes, concursos de poesia e de beleza.

Samba carioca

Em 1916, a música Pelo telefone foi o primeiro samba gravado em disco. Essa música nasceu na casa de Hilária Batista de Almeida (1854-1924), a Tia Ciata, que era costureira, quituteira e dona de um dos mais famosos tabuleiros de acarajé e cocada do Rio de Janeiro.

Em sua casa, Tia Ciata liderava cerimônias religiosas de candomblé e organizava festas dançantes com rodas de samba, que eram frequentadas por pessoas de diferentes áreas, como intelectuais, artistas, jornalistas e capoeiristas.

Passaram pela casa de Tia Ciata importantes músicos, como Pixinguinha, João da Baiana, Heitor dos Prazeres e Sinhô. Esse fervoroso ambiente cultural foi o berço de diversas manifestações afro-brasileiras.

Fotografia em preto e branco. Retrato de uma mulher negra, vista de frente, com cabelos crespos, trajando uma vestimenta predominantemente clara, colar e um lenço listrado sobre os ombros.
Retrato de Tia Ciata. Fotografia do século dezenove.

govêrno de Deodoro da Fonseca

Liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, o govêrno provisório da república (1889-1891) foi apoiado por diversos grupos sociais, como militares, grandes fazendeiros e profissionais liberais.

Nessa época, as lideranças republicanas apresentavam a proclamação da república como uma “revolução nacional”. Porém, o novo govêrno não tinha planos revolucionários para resolver os graves problemas do país relacionados, por exemplo, a educação, moradia, saúde e inclusão social de negros, indígenas e mulheres.

O principal objetivo do govêrno republicano era preservar as estruturas sociais em vigor, garantindo a ordem pública, o direito dos proprietários e o pagamento das dívidas externas.

Primeiras providências

Durante o governo provisório, várias providências foram tomadas, entre elas:

  • instituição do federalismo – as antigas províncias foram transformadas em estados da federação. Isso dava às Unidades Federativas mais autonomia em relação ao govêrno central. A cidade do Rio de Janeiro tornou-se séde do govêrno federal, ou seja, a capital da república;
  • separação entre a Igreja Católica e o Estado foi extinto o regime do padroado, por meio do qual o Estado controlava a Igreja, e o catolicismo deixou de ser a religião oficial do Brasil. Como consequência, foram criados os registros civis de nascimento, casamento e óbito. Até então, o nascimento era comprovado pela certidão de batismo, e a maioria das pessoas que se casava tinha uma certidão da cerimônia religiosa, emitida pela Igreja Católica;
  • criação de novos símbolos nacionais para substituir os símbolos da monarquia, foram elaborados novos símbolos da república: a bandeira, o hino nacional, o sêlo e o brasão. Além disso, buscou-se construir heróis nacionais, como Tiradentes;
Estátua. Um homem em pé, vestindo uma longa túnica. Possui cabelos compridos e barba volumosa. Carrega uma corda ao redor do pescoço.
Estátua de Tiradentes, escultura de Virgílio Cestari, 1891-1894, localizada na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, Minas Gerais. Fotografia de 2017. Essa escultura começou a ser construída em 1891, por ordem da Assembleia Legislativa mineira.

promulgação da Lei da Naturalização o decreto da grande naturalização, de 1890, estabeleceu que os estrangeiros residentes no Brasil se tornariam cidadãos brasileiros. Quem quisesse manter a antiga cidadania deveria comunicar sua vontade ao govêrno. Um dos objetivos dessa grande naturalização foi amenizar o sentimento de aversão aos portugueses (lusofobia).

Também foi realizada uma reforma financeira e convocada uma Assembleia Constituinte, conforme estudaremos a seguir.

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  1. Você considera importante separar o Estado da religião? Defenda sua opinião por meio de argumentos.
  2. Você já viu a sua certidão de nascimento? Que informações existem nela?
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Painel

Bandeira, símbolo da república

Com a proclamação da república, ocorreram disputas entre grupos sociais para decidir qual seria a nova bandeira do Brasil. Venceu a bandeira desenhada por Décio Villares, que foi instituída em 1889.

A bandeira da república era parecida com a bandeira do império. Isso porque Décio Villares manteve as fórmas e as cores da bandeira anterior. De certa fórma, preservar esses elementos representava a continuidade e a integridade da pátria.

O brasão imperial foi substituído por um círculo azul com estrelas, cortado por uma faixa branca. As vinte e uma estrelas equivaliam às vinte e uma Unidades da Federação na época (20 estados e o Distrito Federal). Ao longo do tempo, a bandeira sofreu pequenas modificações, passando a ter 27 estrelas, correspondentes aos 26 estados mais o Distrito Federal.

Na faixa branca, está escrito “Ordem e progresso”, lema inspirado no positivismo, uma corrente filosófica que tinha como base as ideias do filósofo francês

A cor verde remetia à Casa Real Portuguesa de Bragança e a cor amarela era uma referência à Casa Imperial Austríaca de Habsburgo. Com o tempo, essas cores foram reinterpretadas pelos brasileiros, que passaram associar o verde à abundância de nossas florestas, e o amarelo, à riqueza do ouro.

Gravura. Bandeira formada por um retângulo verde, um losango amarelo, e ao centro, um brasão rodeado, à esquerda, por um ramo de café, e, à direita, por um ramo de tabaco. No topo do brasão há uma coroa.
Bandeira imperial do Brasil, gravura de Jãn Batiste Dêbret, publicada em sua obra Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, 1834-1839. A bandeira imperial desenhada por debrê foi instituída no Brasil em 1822.
Pintura. Bandeira formada por um retângulo verde, um losango amarelo, um círculo azul, vinte e uma estrelas e uma faixa branca ao centro, escrito: Ordem e progresso.
Bandeira republicana, desenhada por Décio Villares e instituída no Brasil em 19 de novembro de 1889, apenas quatro dias depois da proclamação do novo regime.

Reforma financeira

No início do govêrno provisório, o ministro da Fazenda Rui Barbosa (1849-1923) implantou uma reforma financeira para estimular, sobretudo, o desenvolvimento industrial. Para isso, autorizou que alguns bancos emitissem dinheiro (papel-moeda) e concedessem empréstimos para a fundação de empresas. Porém, essa reforma não atingiu o resultado esperado por três fatores principais:

  • inflação – os bancos emitiram mais dinheiro do que era necessário, gerando uma inflação que aumentou o preço dos produtos;
  • surgimento de empresas-fantasma – o grande volume de dinheiro e a falta de do govêrno possibilitaram que muitas pessoas formassem “empresas-fantasma”, isto é, empresas que não existiam de fato, mas foram criadas para obter crédito fácil nos bancos;
  • especulação financeira – os donos dessas empresas também conseguiam dinheiro vendendo ações (cotas) na Bolsa de Valores. Os especuladoresglossário compravam as ações a preços baixos e esperavam a valorização para vendê-las por um preço maior, assim obtinham lucro fácil. Mas quando esses investidores percebiam que tinham comprado ações de “empresas-fantasma”, corriam desesperados para vendê-las, já que essas ações não valiam nada.

A crise econômica resultante da reforma de Rui Barbosa ficou conhecida como encilhamento. O termo “encilhar” significa arrear o cavalo, preparando-o para a disputa. Dizia-se que a reforma financeira produziu uma corrida tão grande na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro que se assemelhava à corrida de apostas no hipódromo.

A reforma financeira de Rui Barbosa foi criticada por muita gente, como os cafeicultores, que não tinham interesse em medidas que incentivassem mais a indústria do que o café. Pressionado, Rui Barbosa demitiu-se do cargo, em janeiro de 1891.

Charge. Um homem em idade avançada, com cabelos e bigode grisalhos, e a cabeça desproporcionalmente maior que seu corpo. Está agachado, olhando para um livro aberto sobre o chão. Ao redor, pilhas de livros, rolo de papel e uma caneta tinteiro.
Código interminável, charge publicada na revista Arara em 1905. A charge representa Rui Barbosa e satiriza as críticas que ele fez, em 1904, ao projeto do Código Civil em discussão no período. Na parte inferior da imagem, a frase: Ainda tenho que consultar dois mil autores; tenham paciência, meus amigos!
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para pensar

Você lembra o preço que alguns produtos tinham há um ou dois anos? Lembra quanto custava um lanche ou algo que você consumia com frequência? Você acha importante prestar atenção no preço dos produtos e pesquisar os melhores preços? Exponha seus argumentos.

Constituição da república

Em 1890, representantes estaduais eleitos reuniram-se em uma Assembleia Constituinte no Rio de Janeiro e elaboraram a primeira Constituição da república, promulgada em 24 de fevereiro de 1891.

Essa Constituição estabeleceu o federalismo e o sistema republicano presidencialista. Na federação, os estados tinham autonomia para eleger seu presidente (atual governador) e seus deputados estaduais. Os estados passaram a ter Constituições próprias, que não poderiam contrariar a Constituição Federal. Também foi extinto o Poder Moderador e foram mantidos o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Observe o quadro a seguir.

Constituição de 1824

Constituição de 1891

Forma de governo

Monarquia constitucional

República

Forma de Estado

Unitário: com pouca autonomia para as províncias

Federação: com autonomia para os estados

Sistema de governo

Parlamentarismo

Presidencialismo

Divisão de poderes

Moderador, Executivo, Legislativo e Judiciário

Executivo, Legislativo e Judiciário


Além disso, a nova Constituição aboliu o voto censitário, garantindo o direito ao voto para brasileiros do sexo masculino maiores de 21 anos. Analfabetos, mulheres, mendigos, soldados e membros de ordens religiosas ficaram proibidos de votar. Assim, a maioria dos brasileiros permaneceu excluída das decisões políticas. Isso levou alguns grupos sociais a reivindicar maior participação política.

Em 1920, por exemplo, Bertha Lutz (1894-1976) fundou a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher para lutar pela igualdade de salários e pelo direito das mulheres ao voto. No entanto, as mulheres só conquistaram o direito de votar com o estabelecimento do Código Eleitoral de 1932.

Fotografia em preto e branco. Um grupo de mulheres, lado a lado, distribuídas em duas fileiras. Na fileira da frente, as mulheres estão sentadas sobre cadeiras. Na fileira de trás, elas estão em pé. Todas elegantemente vestidas, trajando vestidos longos e chapéus. Algumas também usam casacos.
Banquete oferecido pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, no Hotel Glória, na cidade do Rio de Janeiro. Fotografia de 1928. O evento aconteceu em homenagem a Júlia Barbosa, a segunda eleitora cadastrada no Brasil.

govêrno Constitucional de Deodoro da Fonseca

Promulgada a Constituição de 1891, a Assembleia Constituinte foi transformada em Congresso Nacional. Coube aos deputados e senadores eleger o presidente e o vice-presidente da república. Nessa primeira eleição, indireta, Deodoro da Fonseca foi escolhido para ocupar o cargo de presidente e o marechal Floriano Peixoto para o de vice-presidente.

Deodoro contava com o apôio dos militares, mas sofria a oposição dos grandes cafeicultores paulistas, que o acusavam de ser autoritário e o responsabilizavam pela crise econômica do encilhamento. Sem conseguir lidar com a oposição, Deodoro mandou fechar o Congresso e prender seus principais líderes em 3 de novembro de 1891. Contudo, esse ato de fôrça desrespeitava a Constituição.

Em protesto contra o autoritarismo do govêrno, os trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil entraram em greve. Ao mesmo tempo, membros da marinha ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro a partir de navios de guerra ancorados na Baía de Guanabara. O episódio ficou conhecido como Primeira Revolta da Armada.

Pressionado pelas oposições, Deodoro renunciou ao cargo em 23 de novembro de 1891 e seu vice, Floriano Peixoto, passou a ocupar a Presidência.

Fotografia em preto e branco. Um navio sobre águas. Possui três mastros, com diversas cordas presas ao topo.
Encouraçado Sete de Setembro, usado na Revolta da Armada, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. Fotografia de 1874.

govêrno de Floriano Peixoto

Entre 1891 e 1894, durante o mandato de Floriano Peixoto, o govêrno reabriu o Congresso Nacional e afastou chefes de govêrno estaduais considerados adversários. Como Deodoro deixou o cargo antes de completar dois anos de mandato, a Constituição estabelecia que novas eleições deveriam ser convocadas. Mas Floriano assumiu a Presidência e lá permaneceu, o que gerou revóltas.

Em relação à economia, o govêrno estimulou a industrialização, facilitando a importação de equipamentos e a concessão de empréstimos. Reformou o sistema bancário, proibindo os bancos particulares de emitir dinheiro. A emissão de moeda tornou-se responsabilidade exclusiva do govêrno federal, que passou a ter mais contrôle sobre o dinheiro em circulação. Além disso, Floriano adotou medidas populares como baixar o preço da carne e dos aluguéis residenciais.

O govêrno de Floriano foi duramente criticado e as oposições promoveram revóltas com o objetivo de convocar novas eleições presidenciais. Em setembro de 1893, ocorreu a Segunda Revolta da Armada no Rio de Janeiro.

Durante essa revolta, navios de guerra ameaçaram bombardear a capital caso o presidente não convocasse novas eleições. Alguns dos mais influentes setores políticos do país temiam que esses confrontos colocassem em risco a estabilidade da república.

Após receber o apôio do Partido Republicano Paulista (que representava os cafeicultores do estado) e de setores do exército, o govêrno conseguiu reprimir a Revolta da Armada.

Fotografia. Fachada de uma igreja vista de frente, com três portões lado a lado, em formato de arco, janelas no piso superior, uma torre central, um sino, e um crucifixo no topo.
Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, no centro da cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2018. Em setembro de 1893, o encouraçado Aquidabã bombardeou a cidade com a intenção de desestabilizar o govêrno. Um tiro de canhão derrubou uma estátua que ficava na torre da igreja.

Revolução Federalista

Ainda em 1893, começou no Rio Grande do Sul um grave conflito entre duas fôrças políticas. De um lado, o Partido Republicano Gaúcho, liderado pelo presidente do estado Júlio de Castilhos. De outro, o Partido Federalista, liderado por Gaspar Silveira Martins.

Os membros do Partido Republicano Gaúcho, apelidados de pica-paus, defendiam o presidencialismo e apoiavam Floriano Peixoto. Já os membros do Partido Federalista, apelidados de maragatos, queriam um govêrno parlamentarista e contavam com o apôio de setores da marinha. Eles também pretendiam reformar a Constituição gaúcha, expulsar do poder Júlio de Castilhos e o presidente Floriano Peixoto.

A guerra civil entre pica-paus e maragatos espalhou-se pelo Rio Grande do Sul e atingiu Santa Catarina e Paraná. O conflito, que ficou conhecido como Revolução Federalista, provocou cêrca de 10 mil mortes ao longo de mais de dois anos, só terminando em meados de 1895.

Apesar dos confrontos e das críticas, Floriano não cedeu às pressões e ficou no poder até o fim do mandato. Por conta da maneira enérgica de enfrentar os adversários políticos, Floriano ficou conhecido como Marechal de Ferro.

Fotografia. Vista de uma construção com entradas em formato de arcos, telhado triangular e um muro de pedras. É rodeada de árvores e arbustos.
Fortaleza de Santa Cruz na Ilha de Anhatomirim, em Santa Catarina. Fotografia de 2017. Ao final da Revolução Federalista, em 1894, atendendo às ordens de Floriano Peixoto, cêrca de duzentas pessoas foram fuziladas nesse local. Nesse mesmo ano, a Ilha do destêrro, capital do estado, mudou o nome para Florianópolis, em homenagem ao presidente.

Civis no poder

A partir de 1894, com a eleição de Prudente de Morais, o govêrno federal passou a ser ocupado por políticos civis. O período, que vai de 1894 até 1930, ficou conhecido como República dos Coronéis ou República do Café com Leite. Tais nomes enfatizavam o poder dos coronéis e das oligarquias agrárias, especialmente dos estados de São Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (grande produtor de leite).

No entanto, o Brasil não se resumia ao mundo rural e tampouco era dirigido exclusivamente por lideranças paulistas e mineiras. Havia forte influência política de outros estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Além disso, nem sempre paulistas e mineiros concordavam quanto à sucessão presidencial. Em 1910, por exemplo, políticos paulistas queriam eleger Rui Barbosa, enquanto os mineiros preferiam Hermes da Fonseca.

Coronelismo e voto de cabresto

No império, coronel designava o posto mais alto da Guarda Nacional e, também, o chefe político da cidade. Na república, quando a Guarda Nacional perdeu a importância, coronel passou a designar o chefe político de uma região, que geralmente era um fazendeiro. O sistema de dominação e alianças dos coronéis foi chamado de coronelismo.

Durante a Primeira República, o Brasil era predominantemente rural. Nessa época, muitas pessoas que trabalhavam para os coronéis eram exploradas, recebendo pagamentos miseráveis. Por vezes, os coronéis atraíam essas pessoas oferecendo trabalho, alimentos, remédios, roupas, uma vaga na escola ou um leito no hospital. A concessão de favores ficou conhecida como clientelismo.

Em troca desses favores, os coronéis exigiam, por exemplo, que as pessoas votassem nos candidatos de sua preferência. Desse modo, conseguiam eleger prefeitos, governadores, vereadores, deputados, senadores e influenciar a escolha do presidente da república. Quem se negasse a votar nos candidatos dos coronéis perdia seus favores e podia sofrer com a violência dos jagunços armados que trabalhavam para os fazendeiros. Assim, as pessoas que dependiam dos coronéis ficavam numa situação difícil. Como dizia a expressão popular: “os amigos do coronel recebem pão e os inimigos recebem pau”.

Essas pressões eram possíveis porque o voto era aberto, ou seja, os eleitores declaravam publicamente o nome do seu candidato. Com isso, os jagunços pressionavam os eleitores a votar nos candidatos do coronel. Esse voto controlado ficou conhecido como voto de cabresto (instrumento de corda usado para guiar cavalos). Assim, os eleitores eram comparados a animais.

Após o fechamento das urnas eleitorais, também ocorriam fraudes para garantir o sucesso dos candidatos dos coronéis. Exemplos de fraudes eram: a falsificação dos documentos de eleitores, a utilização do nome de eleitores que já tinham morrido, o furto e a violação de urnas.

Charge. Uma mulher de cabelos escuros, curtos e lisos, em pé, trajando uma touca amarela e um vestido marrom no qual está escrita a palavra 'soberania', e um homem visto de lado, usando um par de óculos no rosto, um chapéu com abas, uma calça amarela e um paletó cinza, no qual está escrito a palavra 'político'. Entre eles há uma urna sobre um pedestal. Por meio de um cabresto, o homem conduz um ser com cabeça de burro e corpo humano, que veste um paletó e calça amarelos. No paletó está escrito a palavra 'eleitor'.
As próximas eleições... de cabresto, charge de Alfredo Storni publicada na revista Careta de 1927, fazendo referência ao voto de cabresto.

RESPONDA NO CADERNO

para pensar

Você conhece políticos que foram eleitos recentemente no Brasil? Sabe o nome de alguns deles, os cargos que ocupam e a duração de seus mandatos? Pesquise.

Política dos Governadores

O coronelismo funcionava por meio de alianças entre os coronéis com o objetivo de eleger os candidatos de suas preferências, como o presidente do estado (governador do estado). Depois de eleito, o governador retribuía o apôio dos coronéis com a nomeação de seus correligionáriosglossário para cargos públicos e o envio de verbas para a construção de obras públicas.

Esse esquema de alianças regionais foi ampliado para o nível federal. Nesse sentido, o fazendeiro paulista Campos Salles (1841-1913) foi um dos responsáveis pela criação da Política dos Governadores. Campos Salles foi o segundo presidente civil da república, ocupando o cargo de 1898 a 1902.

Em linhas gerais, a Política dos Governadores funcionava assim: os governadores de estado apoiavam o govêrno federal, ajudando a eleger parlamentares favoráveis ao presidente da república. Em troca, o presidente concedia mais verbas e favores aos seus aliados.

Ao longo da Primeira República, a troca de favores entre políticos, o clientelismo e a corrupção garantiram a permanência das oligarquias no poder. Nessa época, não existia uma justiça eleitoral independente. O que havia era uma Comissão de Verificação no Congresso que julgava o resultado das eleições, mas era controlada pelas oligarquias. Nessa época, havia a prática de não reconhecer a vitória dos candidatos de oposição, pois o Congresso era dominado por uma maioria governista. Essa prática ficou conhecida como dególa (expressão que significava “cortar o adversário” impedindo-o de tomar posse do cargo).

Charge. Destaque para três homens, todos de chapéus com abas em suas cabeças e segurando cajados. Estão em pé, em uma estrada de terra, ladeando ovelhas pelo caminho, todas de pelagem branca. À frente do caminho, um portão de madeira aberto, com o texto em uma placa na fachada: 'Congresso'. Acima da placa há dois urubus.
O rebanho e os pastores, charge de J. Ramos Lobão publicada na capa da revista O Malho, em maio de 1907, satirizando as dinâmicas políticas da Primeira República. Os parlamentares foram representados como ovelhas, que seguem em direção ao Congresso sob o comando do govêrno federal. Na parte inferior da charge, o texto: Está aberto o aprisco! Que o rebanho entre reticências e não faça lá nenhum estrupício! reticências Muitas vezes uma ovelha má põe o rebanho a perder... é preciso muita vigilância reticências.

Outras Histórias

Política indigenista

Em 1910, o govêrno federal criou o Serviço de Proteção aos Índios (ésse pê ih), dirigido pelo militar Cândido Mariano da Silva rondôn (1865-1958). A criação do ésse pê ih ocorreu no momento em que as atividades econômicas se expandiam pelo interior do país. Por isso, havia muitos conflitos pela posse de terras.

Os povos indígenas lutavam por três direitos básicos: a preservação de suas vidas, de suas terras e de suas culturas, isto é, do seu modo de ser e de viver. Em princípio, o ésse pê ih deveria garantir essas reivindicações indígenas. Porém, na prática, isso não aconteceu. Muitos povos foram expulsos de suas terras e realocados em territórios diferentes, nas chamadas “colônias indígenas”.

Nessa época, ser indígena era considerado uma situação transitória, ou seja, algo que desapareceria com a integração à sociedade nacional. Assim, as políticas públicas na Primeira República tinham o objetivo de, aos poucos, transformar os indígenas em trabalhadores assalariados, consumidores de produtos ê tê cê ponto Não se reconhecia que os indígenas tinham direito à organização social, costumes, línguas, tradições e terras que originalmente ocupavam.

O ésse pê ih funcionou em diversos formatos até 1967 quando, então, foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funái), órgão que existe até hoje.

Fotografia em preto e branco. Dois homens em pé, vestindo camisas de mangas longas, calças e chapéus com abas, conversando com um grupo formado por um homem e diversas mulheres indígenas. Ele tem cabelo liso e curto e usa camisa de manga longa e calça. Elas têm cabelos longos, escuros e lisos, peitos desnudos e colares ao redor de seus pescoços. No centro da imagem, um dos homens, de bigode fino, estende um dos braços apontando para a esquerda. À frente desse homem, uma mulher indígena, em pé, parece conversar com ele.
Cândido rondôn (no centro da imagem, com o braço estendido) conversando com indígenas Paresí no Núcleo Indígena Utiariti, Mato Grosso. Fotografia de 1913.

Grafia dos nomes dos povos indígenas

Nos livros desta coleção, os nomes dos povos indígenas do Brasil foram escritos de acôrdo com a Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais, aprovada na Primeira Reunião Brasileira de Antropologia, em 1953.

Com inicial maiúscula, quando usados como substantivo, e opcional, quando usados como adjetivo.

Sem flexão de número ou de gênero.

Não estendemos esse padrão para os demais povos indígenas americanos e povos africanos.

Responda no caderno

Atividade

De acôrdo com o texto, no início da república, autoridades políticas acreditavam que os indígenas viviam em uma situação transitória. O que isso significa? Atualmente, essa ideia foi superada? Argumente justificando sua resposta.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. A bandeira nacional, encomendada pelo govêrno republicano, apresenta o lema “Ordem e progresso”. Em sua opinião, os republicanos estavam mais preocupados com a ordem ou com o progresso? Argumente com base em sua interpretação do texto do capítulo.
  2. Pensando nas condições sociais dos negros após a abolição, responda às questões.
    1. Que medidas foram tomadas pelo govêrno para garantir a inclusão social dos negros?
    2. Que medidas foram tomadas pelos negros para conquistar uma vida melhor? Cite exemplos.

integrar com Arte

  1. O samba é uma das manifestações culturais mais representativas do Brasil. Esse estilo musical é uma criação afro-brasileira. Para investigar ainda mais esse assunto, vamos fazer um seminário sobre o samba e seus grandes compositores e intérpretes. Para isso, reúnam-se em grupo e sigam as orientações.
    1. Escolham um intérprete ou compositor de samba. A seguir, observem alguns exemplos:
      • Cartola (Agenor de Oliveira);
      • Paulinho da Viola (Paulo César Batista de Faria);
      • Dona Ivône Lara (Ivône Lara da Costa);
      • Alcione (Alcione Dias Nazareth);
      • Teresa Cristina (Teresa Cristina Macedo Gomes).
    1. Pesquisem informações sobre o sambista escolhido, como:
      • em que ano e local nasceu?
      • essa pessoa se destacou como letrista, instrumentista, compositor ou cantor?
      • quais são seus principais trabalhos na música?
      • que temas aparecem em suas músicas (por exemplo, trabalho, amor, saudade, amizade etcétera
      • que acontecimentos marcaram a sua vida?
    1. Além da música, o samba pode ser ligado a que outros elementos culturais? Pensem em alimentação, dança, roupas etcétera
    2. Quais ideias e significados vocês associam à palavra “samba”? Argumentem explicando os motivos que os levaram a fazer essas associações.
  2. Durante a Primeira República, é possível identificar uma série de práticas político-eleitorais. Relacione, no caderno, essas práticas com suas caracterizações.
    1. coronelismo
    2. clientelismo
    3. voto de cabresto
    4. Política dos Governadores
    5. dególa
  1. Esquema no qual, em troca da concessão de verbas federais, os governadores de estado ajudavam a eleger parlamentares favoráveis ao presidente da república.
  2. Termo que designava o voto controlado pelos coronéis comparando os eleitores a animais.
  3. Sistema de troca de favores entre chefes políticos locais e potenciais eleitores.
  4. Tipo de fraude eleitoral na qual não se reconhecia a vitória dos adversários políticos.
  5. Sistema de dominação e alianças realizadas por chefes políticos locais.

Interpretar texto e imagem

5. Na obra a seguir, líderes republicanos, com o marechal Deodoro da Fonseca à frente, entregam a bandeira nacional a uma mulher. Reúnam-se em duplas, observem a pintura e respondam às questões.

Pintura. Um grupo de homens enfileirados, vestindo roupas escuras e chapéus. À frente, destaque para dois homens trajando fardas militares. Um deles segura um mastro com a bandeira do Brasil; o outro segura um papel com uma das mãos e, com a outra, levanta seu chapéu. Logo à frente deles, uma mulher de cabelos castanhos, trajando um longo vestido, está com uma das mãos estendidas para frente, em direção ao mastro da bandeira. Em segundo plano, diferentes grupos de pessoas conversando e navios sobre águas azuis.
Alegoria da partida de dom Pedro segundo para a Europa após a proclamação da república, pintura de autoria desconhecida, 1890.
  1. Esse quadro também é conhecido como Alegoria da república. Quais os significados da palavra “alegoria”? Se necessário, consultem um dicionário para responder.
  2. No quadro foram representados, em destaque, líderes republicanos tirando seus chapéus e entregando a bandeira nacional para uma mulher. O que a cena simboliza para você? Explique sua interpretação.

6. Observe a charge a seguir, criada por Alfredo Storni e publicada na revista Careta, em 1925, representando o poder dos políticos de São Paulo e de Minas Gerais. Em seguida, responda à questão.

Charge. Dois homens em pé sobre um morro, ao lado de uma poltrona dourada com o texto: 'Presidência da República'. No chapéu de um deles está escrito 'São Paulo' e, no do outro, 'Minas'. Abaixo deles, diversos outros homens com as mãos esticadas para cima tentando escalar o morro. Em suas roupas e chapéus, o nome de outros estados brasileiros: Rio de Janeiro, Alagoas, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Paraná, Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí, Pará e Amazonas.
A fórmula democrática, charge de Alfredo Storni publicada na revista Careta, em 1925. Na parte inferior da charge, a frase: Os Detentores – Tenham paciência, mas aqui não sobe mais ninguém!.

Como a charge representa a “política do café com leite”? Justifique sua resposta com base nos elementos contidos na charge.

Glossário

Maçom
: membro da maçonaria, organização atuante no Brasil desde a independência, que defende os ideais de igualdade e fraternidade e se reúne em locais chamados lojas maçônicas.
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Especulador
: investidor financeiro que, visando a lucros excepcionais, muitas vezes age de má-fé.
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Correligionário
: que compartilha dos mesmos princípios de uma pessoa, grupo ou partido.
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