UNIDADE 3 GUERRA FRIA, DESCOLONIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO

CAPÍTULO 7 GUERRA FRIA E CRISE DO SOCIALISMO

Após a Segunda Guerra Mundial, teve início a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Os Estados Unidos lideravam o bloco capitalista e a União Soviética, o bloco socialista. O nome “Guerra Fria” foi dado porque essas superpotências não entraram em conflito direto. Elas mantiveram conflitos indiretos, apoiando lados opostos em guerras regionais, como ocorreu em Cuba e no Vietnã. Além disso, durante mais de 40 anos, as duas superpotências mantiveram rivalidades ideológicas, tecnológicas e econômicas.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

O que você entende pela expressão “Guerra Fria”? Explique.

Fotografia. Cena de um filme retratando um homem visto de costas, com o tronco desnudo, cabelos escuros, lisos e curtos. Seu rosto está voltado para um grande cartaz em segundo plano, de fundo vermelho, com a fotografia de um homem de peito desnudo, com cabelos loiros, curtos e lisos, e dois símbolos idênticos, um de cada lado, retratando uma foice, um martelo e uma estrela de cinco pontas. Entre eles, pessoas aglomeradas, civis e uma banda militar.
Cena do filme róqui quatro, dirigido e estrelado por silvéster istalône, 1985. O personagem estadunidense róqui Balboa (silvéster istalône) observa a imagem de Ivan Drago (dôlf lénd-grên), entre os símbolos soviéticos da foice e do martelo, antes de se enfrentarem em uma luta de boxe marcada pela rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria.
Charge. Um grande urso de pelagem marrom, com um quepe verde em sua cabeça, com a imagem de uma estrela vermelha de cinco pontas. Seus braços e suas patas com garras à mostra envolvem uma cidadela, com o texto 'Berlim', repleta de casas e três bandeiras dos seguintes países: Reino Unido, Estados Unidos e França. Uma estrada de terra conecta a cidadela aos territórios externos, sobre a qual há alguns automóveis.
Berlim na Guerra Fria, charge de D. R. fítz pétric, 1948. Na imagem é representada a intenção da União Soviética, indicada pelo urso usando quepe com a estrela vermelha, de controlar Berlim, excluindo outros países que também ocupavam o território alemão: Estados Unidos, França e Reino Unido.
Fotografia. Duas pessoas vestindo trajes de astronautas, de coloração branca, cobrindo todas as partes de seus corpos e capacetes. Estão em pé, sobre um solo terroso e acinzentado, e entre eles há uma haste vertical com uma bandeira dos Estados Unidos da América.
Tripulantes da nave Apollo 11, os astronautas estadunidenses Nil Armstrong e bâz Aldrin fixam a bandeira dos Estados Unidos em solo lunar. Fotografia de 1969. A chamada conquista do espaço foi um dos episódios da Guerra Fria.

Guerra Fria: início e desdobramentos

Em fevereiro de 1945, antes mesmo da rendição alemã na Segunda Guerra Mundial, os governantes das três principais potências aliadas (Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética) reuniram-se na Conferência de Yalta, na União Soviética.

Fotografia. Três homens vistos de frente, sentados lado a lado em um banco. Da esquerda para a direita: um homem calvo, vestindo um casaco marrom, um homem com cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo uma jaqueta escura sobre um traje cinza, e um homem com um bigode grisalho, vestindo um uniforme militar e um quepe. Atrás do banco, vários homens vestindo ternos escuros, todos em pé. Em segundo plano, fachada de um edifício visto parcialmente, com pilastras verticais unidas em arcos.
Da esquerda para a direita, líderes representantes do Reino Unido, dos Estados Unidos e da União Soviética durante a Conferência de Yalta: tchârtchil, Rusevélt e Stálin, sentados; atrás deles, em pé, estão seus ministros de Relações Exteriores: Eden, istetínius e Molotov. Fotografia de 1945.

Essa conferência definiu as bases da futura Organização das Nações Unidas (ônu) e as condições que seriam impostas aos derrotados na Segunda Guerra Mundial, especialmente alemães e japoneses.

Em julho de 1945, após a rendição da Alemanha, os líderes das potências vitoriosas se reuniram nesse país para a Conferência de Potsdam. Ali, foram estabelecidas:

  • a divisão da Alemanha – consolidação das quatro zonas de ocupação do território alemão: francesa, britânica, estadunidense e soviética;
  • a desnazificação da Áustria e da Alemanha – destruição de símbolos, cartazes, monumentos e veículos de imprensa nazistas;
  • a criação do Tribunal de Nuremberg – tribunal militar internacional para julgar os crimes contra a humanidade cometidos pelos líderes nazistas.

Apesar desses acordos, ficou claro que havia divergências entre a União Soviética e as potências capitalistas. O govêrno dos Estados Unidos temia que os soviéticos expandissem o socialismo para outras regiões do mundo, já que a União Soviética controlava grande parte da Europa Oriental. Assim, começaram as rivalidades da Guerra Fria.

Organização das Nações Unidas (ônu)

A imensa destruição causada pela Segunda Guerra Mundial produziu um consenso de que as divergências entre países não seriam resolvidas pela violência da guerra. Foi com essa motivação que representantes de 51 países, incluindo o Brasil, fundaram, em 24 de outubro de 1945, a Organização das Nações Unidas (ônu), com séde em Nova iórque.

A Organização das Nações Unidas tem como princípio promover a paz, a segurança e a cooperação internacionais por meio de desenvolvimento econômico, social e cultural, bem como do respeito aos direitos humanos.

Atualmente, a ônu divide-se em diversos órgãos para implementar seus objetivos. Observe o organograma de alguns de seus principais órgãos.

Esquema. No topo do esquema: Assembleia Geral. Órgão fundamental da ONU, composto dos atuais 193 Estados-membros da organização. Na parte inferior à esquerda, ligado ao topo por uma seta: Secretariado. Entidade que cuida da administração
da própria ONU. Na parte inferior, no centro, ligado ao topo por uma seta: Corte Internacional de Justiça. Órgão encarregado de decidir as questões jurídicas internacionais que são levadas à apreciação da ONU. Na parte inferior à direita, ligado ao topo por uma seta: Conselho de Segurança. Órgão encarregado de promover a paz no mundo. Entre os Estados-membros do Conselho de Segurança, cinco são permanentes: Estados Unidos, França, Reino Unido, República Popular da China e Rússia. Os membros permanentes são os únicos com poder de vetar medidas no Conselho e, assim, conseguem impor seus interesses sobre a maioria das nações.
Fotografia. Fachada de um edifício alto, à sua frente, bandeiras hasteadas de diversos países.
Edifício séde da ônu, projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemáier e pelo francês , na cidade de Nova iórque, Estados Unidos. Fotografia de 2019.

Direitos humanos

Em 1948, a Assembleia Geral da ônu aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essa declaração serviu de base para outros documentos que tratam dos direitos humanos, incluindo normas constitucionais de alguns países. A Constituição Federal do Brasil de 1988, por exemplo, incorporou alguns artigos inspirados nessa declaração.

Apesar de os direitos humanos serem reconhecidos na legislação dos países integrantes da ônu, observamos na vida cotidiana várias violações à dignidade humana. Elas se manifestam, por exemplo, no racismo, nas prisões arbitrárias, nos atos de tortura etcétera Por isso, cabe aos cidadãos lutar para que os direitos humanos sejam efetivamente cumpridos, valorizando instituições voltadas para a defesa desses direitos, como a Anistia Internacional.

Outras Histórias

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Leia alguns artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.

Artigo 1º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.

Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 9º Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 18. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; reticências

Artigo 19. Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão .”

ASSEMBLEIA GERAL DA ônu. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Disponível em: https://oeds.link/jFCPER. Acesso em: 8 abril 2022.

Fotografia. Amplo salão com mesas longas e retangulares ocupadas por muitas pessoas trajando roupa social. Ao fundo, na parede, há representação de dezenas de bandeiras de diferentes países. No centro dessa parede, uma escultura com o brasão que simboliza a Organização Geral das Nações Unidas: uma projeção cartográfica azimutal do mapa mundo centrada no Polo Norte rodeada de ramos de oliveira.
Reunião da Assembleia Geral da ônu em que foi adotada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em Paris, França. Fotografia de 1948.

Responda no caderno

Atividade

Por que os artigos citados acima representam uma reação aos regimes totalitários?

Europa dividida

Entre 1948 e 1951, países da Europa Ocidental como Reino Unido, França, Itália e Alemanha Ocidental receberam ajuda financeira dos Estados Unidos para recuperar suas economias abaladas pela Segunda Guerra Mundial. Conhecida como Plano Marshall, a ajuda visava tornar esses países uma espécie de modêlo de reconstrução econômica capitalista e impedir o avanço do socialismo na Europa.

Já na Europa Oriental, vigorou o socialismo soviético. Para controlar a região, o govêrno da União Soviética apoiou a instalação de governos dirigidos por partidos comunistas únicos. Esse processo atingiu Polônia, Alemanha Oriental, Hungria, Tchecoslováquia, Bulgária, Romênia e Albânia.

Durante a Guerra Fria, também foram construídas alianças militares que dividiram os blocos rivais. Observe a seguir.

  • Bloco capitalista – a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foi formada em 1949, sob a liderança dos Estados Unidos.
  • Bloco socialista – a aliança militar conhecida como Pacto de Varsóvia foi formada em 1955, sob a liderança da União Soviética.

Otan e Pacto de Varsóvia (1949-1989)

Mapa. Otan e Pacto de Varsóvia (de 1949 a 1989). Representação do continente europeu. Em laranja, 'Membros do Pacto de Varsóvia de 1955 a 1989 (influência da União Soviética)', compreendendo os seguintes países: União Soviética, Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Albânia e Bulgária. Em amarelo, 'Membros da Otan de 1949 a 1989 (influência dos Estados Unidos)', compreendendo os seguintes países: Turquia, Grécia, Noruega, Luxemburgo, Alemanha Ocidental, Itália, Países Baixos, Bélgica, França, Espanha, Portugal, Reino Unido e Islândia. Em verde, 'Estados que não pertenciam a nenhuma das alianças militares', compreendendo os seguintes países: Suécia, Finlândia, Áustria, Iugoslávia, Suíça e Irlanda. No canto superior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 410 quilômetros.
Fonte: guílbert, êidrien. Enciclopédia das guerras: conflitos mundiais através dos tempos. São Paulo: M. Books, 2005. página 289.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Na Europa, entre quais países havia fronteira terrestre separando membros da Otan e do Pacto de Varsóvia?

Alemanha dividida

Em 1949, as potências ocidentais (Estados Unidos, Reino Unido e França) unificaram suas zonas de ocupação na Alemanha, fundando um novo país chamado República Federal Alemã (érre éfe a), ou Alemanha Ocidental, com capital em Bonn e sob influência dos Estados Unidos. Já os soviéticos fundaram a República Democrática Alemã (érre dê a), ou Alemanha Oriental, com capital em Berlim e sob influência da União Soviética.

A cidade de Berlim também foi dividida em duas partes. A parte ocidental da cidade era controlada pela érre éfe a, enquanto a parte oriental era controlada pela érre dê a.

Entre 1948 e 1952, Berlim Ocidental foi reconstruída com o apôio econômico dos Estados Unidos. A cidade prosperava e atraía os moradores da parte oriental, onde a reconstrução era lenta. Entre 1949 e 1961, aproximadamente 2,5 milhões de pessoas mudaram-se do lado oriental para o lado ocidental de Berlim.

Para impedir essa migração em massa, em agosto de 1961 o govêrno da Alemanha Oriental ergueu uma cêrca de arame farpado de 150 quilômetros, separando os dois lados de Berlim. A partir de 1962, a cêrca foi substituída por um muro de concreto, que depois recebeu torres de vigilância. O Muro de Berlim tornou-se um símbolo da bipolaridade mundial entre os blocos capitalista e socialista.

Fotografia. Um grupo de pessoas vistas de costas, em pé sobre muretas e escadas, observa o que há para além de um muro de tijolos. Em segundo plano, uma construção com uma cúpula de formato arredondado.
Pessoas do lado ocidental do Muro de Berlim olham para o lado oriental da cidade. Fotografia da década de 1960.

Divisão da Alemanha (1961-1989)

Mapa. Divisão da Alemanha (de 1961 a 1989). Território da Alemanha, dividido em 4 setores diferentes. Em amarelo, setor estadunidense, área que engloba a porção sul e sudoeste do território e abrange as cidades de Munique e de Frankfurt; em verde, setor francês, área que engloba a porção sudoeste do território e abrange a cidade de Mainz; em roxo, setor britânico, área que engloba porção norte e nordeste do território e abrange as cidades de Kiel, Hamburgo, Düsseldorf e Bonn. Nesse território, há uma pequena área do setor estadunidense que abrange a cidade de Bremen. Em vermelho, setor soviético, área que engloba a porção leste e nordeste do território e abrange as cidades de Dresden, Berlim e Schewerin. À direita, mapa ampliado de Berlim, separada em Berlim Oriental, totalmente vermelha, e Berlim Ocidental, dividida nos seguintes setores, de cima para baixo, verde, francês, roxo, britânico, amarelo, estadunidense. Identificado por uma linha vermelha, 'Muro de Berlim (1961)', dividindo o território entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 100 quilômetros. No mapa ampliado de Berlim, escala de 0 a 10 quilômetros.
Fontes: Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2006. página 103; REUNIFICAÇÃO alemã – 15 anos. Folha de São Paulo, 30 setembro 2005. Caderno Especial.

Corridas armamentista e espacial

A chamada corrida armamentista levou ao rápido desenvolvimento de armas nucleares. Estados Unidos e União Soviética aceleraram a produção de armas de destruição em massa e, em 1950, as duas superpotências já possuíam bombas atômicas. Conscientes da catástrofe que resultaria de uma guerra nuclear, movimentos pacifistas se organizaram pelo mundo.

Outro exemplo da disputa técnico-científica entre Estados Unidos e União Soviética foi a corrida espacial. Um de seus marcos foi o lançamento pelos soviéticos do primeiro satélite artificial do mundo, em outubro de 1957: o Sputnik um (em russo, a palavra “sputnik” significa “satélite” ). Em 1961, o astronauta soviético Yuri Gagarin (1934-1968) foi o primeiro ser humano a fazer um voo espacial em tôrno da Terra. Nesse voo, Gagarin disse, impressionado: “A Terra é azul”.

Fotografia. Retrato de uma mulher de olhos claros, vestindo capacete e traje laranja de astronauta em uma nave espacial.
Valentina Tereshkova, astronauta da União Soviética. Fotografia de 1963. Tripulante da nave Vostok 6, lançada em junho de 1963, realizou uma viagem de 71 horas no espaço. Posteriormente, algumas mulheres estadunidenses fizeram parte do programa espacial da Nasa, como séli crísten ráid.

Em julho de 1969, os Estados Unidos enviaram a nave Apollo 11 à Lua. O astronauta Nil Armstrong (1930-2012) foi o primeiro ser humano a pisar em solo lunar. Ao dar os primeiros passos na Lua, armstrông afirmou: “Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”.

A partir da década de 1970, os conhecimentos adquiridos durante a corrida espacial foram aplicados em diversas áreas, como telecomunicação e meteorologia, além do aprimoramento de armas militares.

Além disso, foi durante a Guerra Fria, na década de 1960, que cientistas e militares desenvolveram uma rede de comunicações chamada Arpanet. Mais tarde, a Arpanet originou a internet, que hoje conecta milhões de pessoas ao redor do mundo.

Fotografia. Foguete espacial em uma estação  no momento de seu lançamento, expelindo jatos de gás aquecido e fogo pela sua base, ladeada pela fumaça resultante desse processo.
Lançamento da nave Apollo 11 à Lua do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, Estados Unidos. Fotografia de 16 de julho de 1969.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Como você interpreta a frase do astronauta Nil Armstrong? Em sua opinião, qual foi o “grande salto” a que ele se referiu?

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Painel

Jogos Olímpicos na Guerra Fria

Durante a Guerra Fria, os Jogos Olímpicos também foram palco da rivalidade entre os blocos socialista e capitalista. Por meio de competições esportivas, cada bloco queria demonstrar ao mundo sua superioridade.

A ucraniana Larissa latínia é considerada um ícone da ginástica artística mundial. Ela representou a União Soviética nos jogos de 1956, 1960 e 1964, nos quais conquistou 18 medalhas, sendo 9 de ouro.

Fotografia em preto e branco. Uma mulher vestindo um maiô cavado escuro, de mangas compridas, em pé sobre uma trave, com os braços esticados lateralmente e o tronco inclinado diagonalmente para trás. Em segundo plano, uma plateia em arquibancada a observa.
Larissa latínia nas Olimpíadas de Tóquio, Japão. Fotografia de 1964.

O estadunidense tômi smíf destacou-se nas Olimpíadas de 1968 por ter batido o recorde mundial e ganhado a medalha de ouro na prova dos 200 metros rasos. No pódio, ao receber a medalha, tômi fez uma saudação do movimento negro (Black Power), acompanhado por seu colega Djón Carlos, que havia recebido medalha de bronze na mesma prova. A atitude dos atletas era um protesto contra o racismo e a segregação racial nos Estados Unidos. Porém, o gesto causou uma enorme controvérsia por seu caráter político, e os atletas foram banidos dos jogos pelo Comitê Olímpico Internacional.

Fotografia. Um pódio com três posições sobre um campo gramado, cada uma das posições é ocupada por um homem. No primeiro e no terceiro lugar, dois homens negros, vestindo jaquetas escuras, ambos com um dos braços levantados para cima, com luvas, e os punhos fechados.
No pódio, tômi smíf (ao centro) e Djón Carlos (à direita) fazem a saudação do movimento Black Power, com os punhos cerrados e os braços erguidos, nas Olimpíadas da Cidade do México, México. Fotografia de 1968.
Quadro de medalhas olímpicas (1952-1988)

Jogos Olímpicos

Total de medalhas

Estados Unidos

União Soviética

Helsinque, Finlândia (1952)

76

71

Melbourne, Austrália (1956)

74

98

Roma, Itália (1960)

103

71

Tóquio, Japão (1964)

90

96

Cidade do México, México (1968)

107

91

Munique, Alemanha (1972)

99

94

Montreal, Canadá (1976)

94

125

Moscou, União Soviética (1980)

*

195

Los Angeles, Estados Unidos (1984)

174

**

Seul, Coreia do Sul (1988)

94

132


Fonte: HISTÓRICO olímpico em gráficos. Estadão, 2016. Disponível em: https://oeds.link/HjGJOi. Acesso em: 9 junho 2022.

asteriscoOs Estados Unidos e outros países do bloco capitalista boicotaram as Olimpíadas de 1980 em protesto contra a invasão do Afeganistão pelos soviéticos.

dois asteriscos A União Soviética e outros países do bloco socialista boicotaram as Olimpíadas de 1984 em retaliação ao boicote promovido pelos Estados Unidos aos jogos anteriores e às ações militares estadunidenses.

União Soviética: da reconstrução ao fim do socialismo

Depois da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética ficou arrasada. Mais de 20 milhões de pessoas morreram e outras 25 milhões ficaram desabrigadas. Diante disso, o govêrno de Stálin promoveu a reconstrução do país, investindo no abastecimento da população e em obras de infraestrutura.

Em meio a intensa repressão e perseguição aos opositores, a reconstrução da União Soviética envolveu reparos à indústria pesada, aos transportes, às comunicações e ao fornecimento de energia elétrica, bem como esforços para mecanizar a agricultura, expandir as áreas de cultivo, construir grandes usinas hidrelétricas, instalar uma moderna indústria bélicaglossário e ampliar a educação pública.

A partir de meados do século vinte, o socialismo expandiu-se, chegando ao Léste Europeu, à China, à Coreia do Norte, ao Vietnã do Norte e a Cuba. Nos anos 1970, cêrca de um terço da população mundial vivia sob governos socialistas. Ao final do século vinte, os países socialistas passaram por transformações e a União Soviética se desfez.

Era crushóv

Stálin exerceu o poder por 29 anos e, em março de 1953, morreu em decorrência de um derrame cerebral. Após sua morte, houve um período de transição até ter início o govêrno de Nikita crushóv.

Em 1956, crushóv denunciou os crimes stalinistas no vinte Congresso do Partido Comunista. Ali, relatou as perseguições, as prisões e os assassinatos em massa. Essas denúncias repercutiram no mundo inteiro.

No plano internacional, o govêrno de crushóv defendeu a coexistência pacífica entre os blocos socialista e capitalista. Com isso, pretendia evitar uma guerra nuclear. A política de coexistência pacífica e o antistalinismo de crushóv levaram a desentendimentos com os dirigentes da China comunista, que se mantinham fiéis aos princípios stalinistas.

Fotografia em preto e branco. No centro da imagem, dois homens foram retratados dando as mãos. À esquerda, com cabelos curtos e lisos, vestindo um paletó escuro, camisa clara e gravata, e à direita, em menor estatura, calvo, também vestindo um paletó escuro, camisa clara e gravata. Eles estão rodeados por outros homens que também trajam roupa social.
Nikita crushóv (à direita), primeiro-secretário do Partido Comunista, cumprimenta Djón kenedí (à esquerda), presidente dos Estados Unidos, em Viena, Áustria. Fotografia de 1961.

Liberalização política e modernização econômica

A desestalinização promovida pelo govêrno crushóv não foi suficiente para acabar com o socialismo autoritário existente na União Soviética. Até 1985, havia um único partido no país: o Partido Comunista, que se manteve no poder durante os governos Brejnev (1964-1982), Andropov (1982-1984) e Tchernenko (1984-1985).

Além das restrições à liberdade, o país enfrentou uma crise econômica. A produção de alimentos e outros bens de consumo era insuficiente para atender às necessidades da população. As pessoas permaneciam em longas filas para comprar produtos de uso cotidiano. Ao mesmo tempo, a qualidade dos serviços públicos piorava e a corrupção dos governantes aumentava.

Entre 1985 e 1991, Micail gorbatchóv tornou-se o dirigente soviético. Nesse período, o govêrno implementou reformas econômicas e políticas. A reforma econômica, denominada perestroika (do russo, “reconstrução”), procurou modernizar a economia da União Soviética. Já a reforma política, chamada glasnost (do russo, “transparência”), buscou ampliar a liberdade de expressão no país.

Fim da União Soviética

Durante o governo de gorbatchóv, as fôrças políticas se dividiram. Alguns grupos conservadores se opunham às reformas, outros desejavam mudanças rápidas e profundas. Nesse contexto, em agosto de 1991, gorbatchóv foi deposto por um golpe promovido pelos conservadores. Porém, houve resistência dos reformistas liberais liderados por Boris Ieltsin (1931-2007), que era presidente da Federação Russa.

Três dias depois do golpe, as fôrças lideradas por Ieltsin derrotaram os golpistas e gorbatchóv retornou ao govêrno, mas, enfraquecido, não conseguiu impedir a independência de diversas repúblicas que compunham a União Soviética, levando ao seu desmembramento. Em 25 de dezembro de 1991, renunciou ao poder. Era o fim da União Soviética, que existiu por 69 anos.

Em paralelo ao fim da União Soviética, sociedades da Europa Oriental lutavam por democratização e por uma economia aberta. Surgiram repúblicas independentes, como Polônia, Hungria e Romênia.

Fotografia. Destaque para dois homens em pé se cumprimentando com aperto de mão. Um está à esquerda, com cabelos castanhos, curtos e lisos, vestindo um paletó escuro, o outro está à direita, com cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo um paletó escuro. Em segundo plano, duas bandeiras, lado a lado, à esquerda a dos Estados Unidos, e à direita, a da União Soviética.
Os presidentes Diórdi Bûchi (à esquerda) e Micail gorbatchóv (à direita) na Cúpula de Paz, em Moscou, União Soviética. Fotografia de 1991.

Responda no caderno

para pensar

fiódor Dostoiévski (1821-1881), Lev Tolstói (1828-1910) e Anton Tchékhov (1860-1904) foram importantes escritores russos. Você já ouviu falar em algum deles? Já leu alguma de suas obras? Em grupo, pesquisem e transcrevam um pequeno texto de autores russos que tenham chamado a atenção de vocês.

Queda do Muro de Berlim

A partir de 1985, quando começaram as mudanças no govêrno soviético, o sistema político da Alemanha Oriental começou a passar por reformas aceleradas. Nessa época, a mobilização popular ajudou a diminuir o contrôle do Estado sobre a sociedade civil.

Um dos momentos mais marcantes dessa liberalização ocorreu no final do ano de 1989, com o anúncio da abertura das fronteiras entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. A decisão contribuiu para a queda do Muro de Berlim (1989) e a reunificação das duas Alemanhas (1990). A partir de então, os alemães passaram a viver em um único país: a República Federal Alemã.

Fotografia. Em uma via, um muro extenso, repleto de grafites coloridos. Em segundo plano, prédios com vários andares, com sacadas e janelas distribuídas de forma homogênea pela fachada de paredes brancas.
East Side Gallery, em Berlim, Alemanha. Fotografia de 2020. Os trechos do Muro de Berlim que não foram demolidos tornaram-se atrações turísticas, sendo East Side Gallery o trecho mais conhecido. Ele é composto de uma galeria a céu aberto com 1,3 quilômetro de extensão e 101 obras de vários artistas de diferentes países, recebendo cêrca de 3 milhões de visitantes por ano.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Adeus, Lenin! (Alemanha). Direção de Vôlfigan Béquer, 2003. 118 minutos

Pouco antes da queda do Muro de Berlim, em 1989, uma mulher entra em coma. Ao despertar, percebe que a antiga Berlim Oriental está bastante modificada.

China comunista

Em 1911, um movimento liberal liderado por Sun Yatsen (1866-1925) proclamou a república na China. Com isso, chegou ao fim o milenar Império Chinês, que durante séculos foi governado pela mesma dinastia Manchu. A nova República Chinesa não teve estabilidade política, passando por sucessivas intervenções estrangeiras e uma disputa interna pelo poder. Em 1930, havia na China dois grupos rivais:

  • as fôrças do cuomintâng (partido conservador), comandadas pelo general Chiang Kai-shek (1887-1975);
  • as fôrças comunistas, lideradas por Mao tsé tungui (1893-1976).

Os dois grupos enfrentaram-se em uma guerra civil interrompida em 1937, quando ocorreu o ataque japonês à China. Na ocasião, comunistas e conservadores firmaram uma aliança até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando houve a expulsão das fôrças japonesas. Em seguida, recomeçaram as lutas internas pelo contrôle do Estado. Em outubro de 1949, os comunistas venceram e, então, criaram a República Popular da China, liderada por Mao tsé tungui.

Apoiados pelo governo dos Estados Unidos, chiân cái chéqui e seus seguidores fugiram para a Ilha de Formosa (taiuã), onde fundaram a República da China ou China Nacionalista. Essa divisão política se mantém até hoje e o governo da China considera taiuã uma província rebelde.

Além da separação de taiuã, outra questão polêmica envolvendo a China diz respeito ao Tibete. Até 1950, o Tibete era um país independente, de maioria budista. No entanto, fôrças do regime comunista chinês ocuparam o país naquele ano. Liderados por Dalai-Lama, líder espiritual e chefe de Estado do país, os budistas tibetanos opunham-se à ocupação chinesa. Essa oposição foi duramente esmagada pelos comunistas em 1959, obrigando o Dalai-Lama, Tenzin Gyatso, a exilar-se no norte da Índia.

Fotografia. Um homem visto de frente, calvo, com cabelo ralo, grisalho, vestindo uma túnica vermelha e um par de óculos. Ele está com um microfone próximo aos seus lábios, e a mão direita próxima de seu queixo.
Dalai-Lama responde às perguntas de participantes durante um evento em Tóquio, Japão. Fotografia de 2018.

Versão chinesa do comunismo

Os comunistas chineses liderados por Mao tsé tungui se aliaram aos dirigentes da União Soviética. Contudo, depois da morte de Stálin, em 1953, o relacionamento entre os governantes chineses e soviéticos se enfraqueceu.

Mao tsé tungui discordou do novo líder soviético Nikita crushóv em relação à política de coexistência pacífica entre capitalismo e comunismo. Mao tsé tungui preferia a ideologia stalinista da separação em dois blocos rivais. Além disso, crushóv se recusou a colaborar com o programa atômico chinês. Assim que a China fabricou suas primeiras bombas atômicas, nos anos 1960, tornou-se importante líder no bloco comunista, desafiando a supremacia da União Soviética.

Com a ambição de transformar a China em uma potência industrial, Mao tsé tungui lançou o programa Grande Salto para a Frente (1958-1960). Milhões de camponeses foram forçados a se reunir em comunidades rurais com até 20 mil famílias, onde seriam instaladas escolas, comércios, pequenas fábricas e hospitais. Ao mesmo tempo, pretendia-se instalar indústrias pesadas, como usinas siderúrgicas, em diversas regiões do país.

Esse plano teve resultados desastrosos, provocando fome e morte de milhões de chineses. Com o fracasso do Grande Salto, Mao tsé tungui perdeu poder dentro do Partido Comunista Chinês. Outros líderes comunistas, como dãn chiáo pín (1904-1997), defendiam o programa Quatro Grandes Modernizações, que atingiriam a agricultura, a indústria, as fôrças armadas e a tecnologia.

Em 1966, reagindo a seus opositores, Mao tsé tungui mobilizou a juventude e o exército na chamada Revolução Cultural, um movimento de cunho autoritário com o objetivo de doutrinar os chineses nas teses maoístas. Por todo o país, estimulou-se o culto a Mao tsé tungui e o combate à chamada “influência burguesa ocidental”. Os adversários de Mao tsé tungui foram banidos da cena política.

Cartaz. Dois homens, lado a lado, vistos de lado, ambos estão sorridentes e com o braço esquerdo levantado um livro de capa vermelha. O homem da esquerda, veste camisa azul escuro, porta um rifle nas costas e uma chave de grifo na mão direita. O homem da direita veste uma camisa verde escuro e segura uma foice.  Em segundo plano, edifícios e casas.
Cartaz de 1970 de propaganda da Revolução Cultural chinesa com os dizeres: Celebre os anos de 1970 com novas vitórias da revolução e da produção.

China contemporânea

Após a morte de Mao tsé tungui, em 1976, iniciou-se o processo de “desmaoização” da China. Os novos dirigentes chineses, em especial dãn chiáo pín, retomaram o programa das Quatro Grandes Modernizações e promoveram uma abertura econômica para o mundo capitalista.

Esse programa implementou no país o chamado socialismo de mercado, que consiste, basicamente, na combinação entre forte contrôle estatal e livre mercado à iniciativa privada. Esse modêlo contribuiu para acelerar a produção industrial chinesa.

Apesar do desenvolvimento econômico, a China continuou sob o domínio autoritário do Partido Comunista. Exemplo desse autoritarismo foi o Massacre na Praça da Paz Celestial, em Pequim, no ano de 1989, quando uma manifestação popular, que pedia democracia, terminou sob a mira de tanques de guerra, causando a morte de centenas de pessoas.

No século vinte e um, o govêrno chinês continua impondo obstáculos à livre circulação de informações, censurando a internet e a imprensa no país. Apesar dessas restrições, há sinais de ampliação do espaço de liberdade pessoal, em função das mudanças na economia, como o intenso comércio internacional.

Fotografia. Destaque para uma pessoa em pé, vista de costas, sobre uma via asfaltada, à frente de quatro tanques de guerra com canhões, enfileirados.
Homem diante de uma fileira de tanques de guerra na Praça da Paz Celestial, em Pequim, China. Fotografia de 1989. Em abril de 1998, a revista Times incluiu o homem fotografado entre as cem pessoas mais influentes do século vinte.
Fotografia. Destaque para uma etiqueta com diversas informações, entre elas 'Made in China'.
Componente eletrônico usado na fabricação de notebooks. A grande quantidade de produtos comercializados e consumidos que apresentam a etiqueta made in China indica a crescente participação da economia chinesa em escala mundial atualmente.

Responda no caderno

para pensar

Você usa produtos fabricados na China? Faça uma lista indicando quantos e quais são esses produtos.

Revolução Cubana

Desde sua independência, em 1898, Cuba estava subordinada ao govêrno dos Estados Unidos. Um exemplo dessa subordinação foi a instalação de uma base militar estadunidense em território cubano, na Baía de Guantánamo. A subordinação manteve-se até a ditadura de Fulgêncio Batista, que governou a ilha de 1933 a 1959. O govêrno de Batista era corrupto e autoritário e reprimia violentamente seus adversários.

Reagindo a essa situação, em 1956, guerrilheiros cubanos comandados por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara formaram um grupo armado para derrubar a ditadura de Batista. Em 1959, esse grupo de guerrilheiros assumiu o poder em Cuba e instituiu o primeiro Estado socialista do continente americano, inspirado no regime soviético. Esse episódio e seus desdobramentos ficaram conhecidos como Revolução Cubana.

Fotografia em sépia. Dois homens em pé, lado a lado, vistos de frente. O da esquerda está vestindo calça, camisa e casaco, tem cabelos cacheados e curtos, e uma densa barba no rosto, portando um chapéu com uma das mãos. O da direita veste farda militar, coturno, tem cabelos curtos e lisos, uma barba curta e um bigode.
Fidel Castro (à esquerda) e Ernesto TiêGuevara (à direita) fotografados durante a Revolução Cubana, Cuba. Fotografia de 1959.

Entre as principais medidas do govêrno socialista estavam a reforma agrária e o confisco de propriedades particulares, incluindo aquelas que pertenciam a estadunidenses. Além disso, o novo govêrno cubano passou a reivindicar a desocupação da Baía de Guantánamo pelas fôrças militares dos Estados Unidos. Posteriormente, os Estados Unidos criaram nessa base militar uma prisão para suspeitos de terrorismo.

Cuba: centros urbanos atuais

Mapa. Cuba: centros urbanos atuais. Território de Cuba, ilha no mar do Caribe. Capital: Havana. Cidades importantes: Pinar del Río, Matanzas, Santa Clara, Cienfuegos, Camagüey, Holguín, Santiago de Cuba e Guantánamo. No canto esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 10 quilômetros.
Fonte: í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 39.

Conflitos com os Estados Unidos

Após a Revolução Cubana, diversas empresas estadunidenses tiveram suas propriedades estatizadas. Havia repressão àqueles que discordavam do govêrno de Fidel Castro com perseguições e assassinatos. Nesse contexto, muitos cubanos emigraram para os Estados Unidos. Ocorreram, então, conflitos entre o governo de Fidel Castro e o dos Estados Unidos, como:

  • Invasão da Baía dos Porcos – em 1961, uma tropa militar composta de exilados cubanos desembarcou na Baía dos Porcos na tentativa de derrubar o govêrno do país. Essa tropa havia sido treinada e financiada pelo govêrno dos Estados Unidos. As fôrças leais a Fidel Castro derrotaram os invasores e o govêrno cubano reforçou sua adesão ao bloco socialista;
  • Bloqueio a Cuba – o govêrno dos Estados Unidos pressionou os países americanos para que apoiassem a decisão de suspender Cuba da Organização dos Estados Americanos (ô ê á), o que ocorreu em 1962. Além disso, os Estados Unidos impuseram um bloqueio econômico, proibindo o comércio com a ilha;
  • Crise dos Mísseis – a aproximação dos cubanos com a União Soviética levou à decisão de instalar em Cuba mísseis nucleares soviéticos com capacidade para atingir os Estados Unidos. Para impedir que os mísseis chegassem a Cuba, o presidente dos Estados Unidos Djón kenedí (1917-1963) ordenou que a marinha do país bloqueasse a ilha cubana. Esse foi um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, pois havia o risco de um confronto direto entre Estados Unidos e União Soviética. Buscando evitar o confronto, os líderes desses países fizeram um acôrdo para que os mísseis soviéticos não fossem instalados em Cuba e os mísseis estadunidenses, que ameaçavam a União Soviética, fossem retirados da Turquia.
Fotografia. Dois navios, lado a lado, vistos de lado, em alto mar. O primeiro, tem o casco acinzentado, o segundo é maior e tem o casco vermelho e preto.
Navio militar dos Estados Unidos (à esquerda) intercepta navio da União Soviética (à direita) que transportava mísseis para Cuba. Fotografia de 1962.

Cuba contemporânea

Durante a Guerra Fria, Cuba foi favorecida pelas relações comerciais com a União Soviética, que comprava cêrca de 60% do açúcar produzido na ilha. Além disso, os soviéticos forneciam aos cubanos uma série de produtos subsidiados, como petróleo, veículos e equipamentos militares. Porém, a partir de 1991, com o fim da União Soviética, a situação econômica de Cuba passou a apresentar dificuldades.

Em busca de alternativas, o govêrno cubano passou a investir na agroecologia e no turismo, e as praias e o patrimônio histórico da ilha passaram a ser as principais atrações. Também foram intensificadas as relações comerciais com a China, a Venezuela e outros países da América Latina.

Depois de décadas no poder, o govêrno cubano conquistou êxitos no campo social, como a eliminação do analfabetismo, a ampliação do acesso à saúde pública e a redução da taxa de mortalidade infantil. Entretanto, o país permanece sob o contrôle do Partido Comunista, com um govêrno ditatorial e personalista, além de enfrentar o sucateamento das instituições e a liberdade política restrita. Fidel Castro ficou à frente do govêrno por 49 anos. Em fevereiro de 2008, transferiu o poder ao seu irmão, o general Raúl Castro (1931). Fidel Castro morreu em novembro de 2016, aos 90 anos de idade.

Raúl Castro exerceu a presidência de Cuba por 10 anos. Durante seu govêrno, reduziu o número de funcionários públicos e promoveu abertura econômica parcial, autorizando os cidadãos a trabalhar em lojas particulares e a abrir pequenos negócios, criando zonas de desenvolvimento para a instalação de empresas estrangeiras. Em dezembro de 2014, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos na época, e Raúl Castro anunciaram a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, depois de 53 anos de afastamento entre as duas nações.

Em 2018, Raúl Castro transferiu o cargo de presidente de Cuba para Miguel Díaz-Canel. Depois, em 2021, ao completar 90 anos de idade, Raúl Castro também lhe entregou o comando do Partido Comunista.

Fotografia. Dois homens se cumprimentando com um aperto de mãos. O da esquerda, tem cabelos curtos e grisalhos, veste um terno escuro e uma gravata azul. O da direita, tem cabelos curtos, lisos e grisalhos, e veste um terno cinza. Em segundo plano, duas bandeiras, uma de Cuba e uma dos Estados Unidos.
O então presidente cubano Raúl Castro (à direita) cumprimenta o então presidente estadunidense Barack Obama (à esquerda) em Havana, Cuba. Fotografia de 2016.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Realizem um debate sobre as rivalidades na Guerra Fria. Para isso, organizem-se em três grupos. Cada grupo terá um dos seguintes papéis:

  • grupo 1 – defender os interesses do bloco capitalista;
  • grupo 2 – defender os interesses do bloco socialista;
  • grupo 3 – analisar e avaliar os argumentos construídos pelos grupos 1 e 2.

Todos os grupos deverão apoiar suas falas em argumentos históricos. No fim, o grupo 3 deverá escolher os argumentos que considerou mais consistentes e justificar suas escolhas.

Interpretar texto e imagem

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2. As disputas entre Estados Unidos e União Soviética tornaram-se temas de filmes, livros e histórias em quadrinhos. Um exemplo é o personagem de quadrinhos Capitão América, criado por djôe sáimon e djéqui cârbi, em 1941. Esse personagem é representado como um herói patriota e defensor da liberdade. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a história foi criada, o Capitão América lutava contra alemães e japoneses. Posteriormente, no contexto da Guerra Fria, os vilões do Capitão América passaram a ser os soviéticos. Analise a reprodução da capa da história em quadrinhos e responda às questões.

Capa de revista em quadrinhos. Representação de dois super-heróis lutando contra vários vilões. Destaque para o herói que aparece em primeiro plano vestindo um macacão azul com uma estrela branca com cinco pontas no peito, e listras verticais vermelhas e brancas em seu abdômen, um capacete contendo a letra 'A', luvas e botas vermelhas, além de um escudo circular. Ao seu redor, sobre um convés, homens com armas de fogo e boinas nas cabeças.
Capa da revista de história em quadrinhos Capitão América publicada em 1954. Nela, está escrito: “Capitão América: combatendo os soviéticos!”.
  1. O que inspirou a criação do uniforme e do escudo do Capitão América?
  2. Como os personagens soviéticos foram representados?
  3. Qual é a mensagem expressa pela imagem?

3. Em 1959, os soviéticos pousaram o primeiro foguete não tripulado na superfície lunar, onde fixaram um estandarte da União Soviética. Poucos dias depois, o líder soviético Nikita crushóv visitou duáit aizênrráuer, presidente dos Estados Unidos. Leia, a seguir, trechos do discurso que crushóv fez durante essa visita. Depois, responda às questões.

“Justamente antes de meu encontro convosco, Senhor Presidente, os homens de ciência reticências e trabalhadores soviéticos encheram nossos corações de alegria enviando um foguete à Lua.

Não duvidamos um instante que os notáveis cientistas reticências e trabalhadores dos Estados Unidos, que trabalham na conquista do espaço, conseguirão, por sua vez, plantar seu estandarte na Lua. O estandarte soviético que, naquele momento, será um velho habitante da Lua, receberá o vosso [estadunidense], e os dois viverão em paz e amizade como nós dois deveríamos [viver], juntos em paz e amizade sobre a terra.”

govêrno do Estado de São Paulo. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: Secretaria de Educação, Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, 1979. página 97.

  1. Qual trecho do discurso expressa a defesa de Nikita crushóv da coexistência pacífica?
  2. Qual é o humor presente no discurso de crushóv em relação à corrida espacial?

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  1. A queda do Muro de Berlim tornou-se um dos eventos que simbolizaram o fim do socialismo e a transição para o sistema capitalista na Alemanha Oriental. Sob a orientação do professor, reúnam-se em grupos e assistam ao filme Adeus, Lenin!, do diretor Vôlfigan Béquer (confira mais informações no boxe “Dica” na página 137). Em seguida, façam o que se pede.
    1. Elaborem uma ficha técnica do filme com os seguintes dados: título do filme, país e ano de produção, diretor, atores principais, gênero (drama, comédia, suspense, ficção científica etcétera) e época em que a história se passa.
    2. Pesquisem informações sobre o diretor do filme, como: nacionalidade e outros trabalhos cinematográficos.
    3. Escrevam uma sinopse do enredo do filme.
    4. Criem uma resenha do filme com base nas cenas. Para isso, considerem as perguntas a seguir.
      • O fim do socialismo é abordado de uma maneira cômica, dramática ou mesclando esses gêneros?
      • Como o filme aborda as mudanças no cotidiano das pessoas que viviam na Alemanha Oriental após a queda do Muro de Berlim?
      • De qual aspecto do filme vocês mais gostaram (trilha sonora, atuação, roteiro, figurino, fotografia etcétera)?

e) Escolham e analisem outro filme com temática histórica utilizando os elementos propostos nesta atividade.

Glossário

Indústria bélica
: indústria voltada para a produção de armamentos.
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