UNIDADE 3 GUERRA FRIA, DESCOLONIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO
CAPÍTULO 8 ÁFRICA E ÁSIA
Até meados do século , vinte diversas regiões da África e da Ásia, incluindo o Oriente Médio, eram ocupadas e colonizadas por potências estrangeiras.
Após a vitória sobre o nazifascismo, uma onda de liberdade e democracia espalhou-se pela Europa e América. Essa onda chocava-se com a opressão do imperialismo na África e na Ásia e também favorecia a construção de um Estado judaico no Oriente Médio; afinal, os judeus foram as principais vítimas do Holocausto.
Nesse contexto, ganharam fôrça os movimentos que lutavam pela emancipação dos africanos, asiáticos e judeus.
responda oralmente
para começar
No mundo atual, que situações sociais você considera incompatíveis com a democracia e a liberdade?
Crise do colonialismo
No século , p dezenoveotências imperialistas controlaram diversas colônias na África e na Ásia. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial, a maioria das colônias conquistou sua independência. Esse processo de emancipação está relacionado a vários fatores, entre os quais destacamos:
- movimentos afro-asiáticos – grupos locais organizaram fórmas de resistência ao imperialismo e lutaram para conquistar sua independência. Muitos desses movimentos construíram seu nacionalismo, valorizando a identidade e a cultura locais;
- crise econômica e moral na Europa – potências europeias tiveram dificuldade em manter seu domínio colonial durante a crise econômica do pós-guerra. Além disso, muitos europeus argumentavam que era uma contradição defender a democracia na Europa e, ao mesmo tempo, explorar e oprimir povos de outros continentes;
- Guerra Fria – os governos dos Estados Unidos e da União Soviética defendiam a descolonização, tendo em vista garantir novas áreas de influência;
- criação da Organização das Nações Unidas ( ônu) – seguindo os objetivos de “desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos”, a ônu tornou-se um fórum internacional contra o colonialismo.
responda oralmente
para pensar
Para conquistar a independência, os povos africanos e asiáticos empreenderam uma série de lutas pela valorização de suas identidades e culturas. Em sua opinião, por que essas lutas foram importantes para conquistar a liberdade? Argumente defendendo seu ponto de vista.
Conferência de Bandung
Em 1955, foi realizada a Conferência de Bandung, na Indonésia, que também contribuiu para os movimentos pela independência. Nessa conferência, representantes de 29 países assinaram um documento que proclamava princípios como: condenação do racismo; respeito à dignidade de todo ser humano, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos; reprovação do colonialismo e defesa da autodeterminação dos povos. Além disso, a Conferência de Bandung defendia que os países recém-independentes se unissem para formar o bloco do Terceiro Mundo.
A expressão “Terceiro Mundo” foi criada para designar os países independentes e subdesenvolvidos que não pertenciam ao Primeiro Mundo (bloco de países capitalistas, liderado pelos Estados Unidos) nem ao Segundo Mundo (bloco de países socialistas, liderado pela União Soviética).
Independências na África
No século , vinte os países africanos conquistaram suas independências por meio de processos que envolveram diferentes grupos da sociedade. A seguir, vamos estudar a emancipação da Argélia, que fez parte do império colonial francês, de Angola, então colônia portuguesa, e o caso da África do Sul, país que foi integrante do Império Britânico.
Observe o mapa que mostra os períodos em que ocorreram as independências das antigas colônias africanas.
Independências na África (século
Pan-africanismo
Na África, as lutas pela independência foram influenciadas por movimentos como o pan-africanismo. Esse movimento nasceu de trocas culturais entre africanos e afrodescendentes que desejavam transformar a situação das populações negras do mundo.
A partir de 1920, o pan-africanismo ganhou destaque em países como Estados Unidos e França. Nessa época, ativistas e intelectuais negros de várias regiões participaram de conferências, fundaram associações, publicaram livros, revistas e jornais. Entre os principais defensores das teses pan-africanistas estavam o estadunidense Uilian Du buá e o jamaicano Marcus gárvei, que defendia o lema: “A África para os africanos, em casa e no exterior”.
Em 1945, foi realizado no Reino Unido o quinto Congresso Pan-africanista, cujos participantes reivindicaram independência imediata para os países africanos.
Negritude
Uma das vertentes do pan-africanismo foi o movimento da negritude, que surgiu na França, na década de 1930. Seus principais representantes foram o martinicano , o guianense e o senegalês sângôr, que desenvolveram ideias favoráveis às independências africanas.
No Brasil, ativistas negros como Solano Trindade e Abdias do Nascimento, ambos artistas e escritores, também se engajaram no pan-africanismo e no movimento da negritude. Solano, que participou dos Congressos Afro-Brasileiros nos anos 1930, fundou o Teatro Popular Brasileiro em 1950. Em 1944, Abdias criou o Teatro Experimental do Negro, que organizou em 1950 o primeiro Congresso do Negro Brasileiro e o Museu de Arte Negra.
Os pan-africanistas atuavam de fórmas diversas, abrindo caminhos para repensar a história africana e combater o racismo. Além disso, influenciaram lideranças do movimento pelos direitos civis dos Estados Unidos, como Mártin Lúter King e Malcolm
Ex-colônias francesas
Em 1960, praticamente todo o império colonial francês na África deixou de existir. Em alguns casos, o govêrno da França tentou negociar fórmas pacíficas de desocupar os territórios que dominava, como Camarões, Senegal, Madagascar, Costa do Marfim e Mauritânia. Em outros, o processo de independência foi marcado pela violência, como na Argélia. A seguir, estudaremos com mais detalhes a independência da Argélia.
Argélia
Desde o início da colonização da Argélia, houve resistência dos povos locais, como os berberes, que não aceitavam perder suas terras nem abandonar seu modo de vida, isto é, sua cultura. Entre as fórmas de resistência adotadas pelos argelinos, destacam-se: associações políticas, publicação de livros, passeatas de protestos e luta armada contra os colonizadores.
Para aliviar os protestos argelinos, o govêrno francês fez reformas superficiais, como, por exemplo, ampliar a participação política de alguns setores da sociedade. No entanto, as insatisfações eram grandes demais. Em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreram graves confrontos pela independência da Argélia. Atos violentos partiram de todas as partes, mas as fôrças militares da França eram muito superiores. Assim, frequentemente, os confrontos vitimavam maior número de argelinos.
dica filme
Bem-vindo a Marly-Gomont (França). Direção de , 2016. 96 minutos
Um médico formado no Congo consegue um emprêgo na pequena localidade francesa de marlí gomôn e se muda para lá com sua família. O filme conta uma sucessão de problemas, causados pelo medo que os moradores locais tinham de se consultar com um profissional negro.
A Frente de Libertação Nacional
Posteriormente, em 1954, os argelinos organizaram a Frente de Libertação Nacional ( éfe éle êne), que reforçou a luta pela independência. Durante as batalhas pela emancipação da Argélia, cêrca de 1 milhão de argelinos foram mortos e 2 milhões ficaram desabrigados.
Em 1961, o presidente francês charle dê gôle (1890-1970) negociou a paz com os líderes da éfe éle êne. No ano seguinte, foi assinado o acôrdo de Évian, que reconheceu a independência argelina e promoveu a volta de mais de um milhão de franceses que viviam na Argélia.
Depois da independência, o país passou por importantes transformações. Entre 1961 e 1978, os argelinos formaram governos de inspiração socialista, sob a presidência de améd Ben Bella (1916-2012) e de (1932-1978). No final da década de 1970, o govêrno argelino procurou se aproximar da França e dos Estados Unidos.
Ex-colônias portuguesas
Durante os governos de António de Oliveira Salazar e seu sucessor Marcelo Caetano, entre 1933 e 1974, Portugal viveu sob uma ditadura. Nesse período, ocorreram diversos protestos contra o govêrno e também pressões anticolonialistas.
Em abril de 1974, a Revolução dos Cravos levou à implementação da democracia em Portugal e ao fim do colonialismo. Após a Revolução dos Cravos, países como Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola conquistaram sua emancipação.
As últimas regiões da África a conquistar a independência foram aquelas dominadas pelos portugueses.
Angola
Angola enfrentou o domínio português durante 500 anos, desde o século quinze até o século . vinte Os colonizadores constituíam uma elite privilegiada que subjugava a maioria da população local. Porém, os povos angolanos não aceitaram passivamente o processo de colonização.
Em Angola, as guerras pela independência tiveram início em 1961, envolvendo dois grupos principais:
- Movimento Popular pela Libertação de Angola , formado em 1956, reunindo os quimbundos do norte;
- União Nacional para a Libertação Total de Angola ( unita), criada em 1966 pelos ovimbundos do centro-sul.
Em 1975, os partidários do ême pê éle a declararam a independência unilateralmente, nomeando seu líder, Agostinho Neto (1922-1979), o primeiro presidente do país. O ême pê éle a tinha uma orientação socialista e era apoiado pela União Soviética e por Cuba. Isso desagradava ao govêrno dos Estados Unidos, que eram favoráveis à unita, que também recebia apôio do govêrno da África do Sul.
A unita não aceitou o govêrno do ême pê éle a e os dois grupos entraram em guerra civil. Esse conflito somente terminou em 2002, quando morreu o principal líder da unita, Jonas Savimbi (1934-2002).
Calcula-se que o resultado dessas lutas em Angola, desde a independência até o final da guerra civil, provocou a morte de aproximadamente 1 milhão de pessoas.
Ex-colônias britânicas
Nas regiões africanas que compunham o Império Britânico, a emancipação deu-se de fórma violenta em países como Nigéria e de fórma relativamente pacífica em países como África do Sul, Gana, Serra Leoa e Gâmbia. Após as independências, porém, esses países foram palco de conflitos ligados à colonização. A seguir, estudaremos o caso da África do Sul devido aos desdobramentos do regime racista do apartheid, que foi oficializado depois da independência.
África do Sul
Na segunda metade do século , a vinte África do Sul era um Estado africano independente. Porém, a emancipação não significou liberdade para a maioria da população do país, que foi submetida a um conjunto de leis racistas e segregacionistas chamado apartheid. Quem violasse essas leis estava sujeito a multas e prisões.
A partir de 1948, com o apartheid, foram tomadas medidas que:
- proibiam brancos e negros de frequentarem os mesmos espaços públicos;
- destinavam às crianças negras uma educação de qualidade inferior e mais barata quando comparada à educação das crianças brancas;
- obrigavam os negros a andarem com um passaporte interno, para controlar a circulação dessas pessoas;
- autorizavam os negros (aproximadamente 80% da população do país) a adquirir propriedades somente em áreas demarcadas pelo govêrno. Tais áreas correspondiam a apenas 12% do território do país.
Lutas contra o apartheid
Populações negras combateram o apartheid criando organizações como o Congresso Nacional Africano realizando passeatas e envolvendo-se em confrontos físicos. Houve também um imenso esfôrço para fortalecer a autoestima dos negros, que eram sistematicamente inferiorizados pelas elites dominantes. Assim, artistas e intelectuais criaram obras para denunciar o racismo, resistir à imposição cultural dos brancos e valorizar as identidades africanas.
As lutas contra o apartheid foram reprimidas por instituições do Estado, como a polícia. Em um episódio conhecido como Massacre de Sharpeville (1960), a polícia disparou tiros em cêrca de 15 mil pessoas desarmadas que protestavam contra o uso do passaporte interno, causando setenta e duas mortes e 186 feridos. Em outro episódio, chamado Massacre de Soweto (1976), uma onda de protestos e greves foi violentamente sufocada por policiais, resultando em 23 mortes e 200 feridos.
O Estado também perseguiu lideranças importantes, como o advogado Nelson Mandela (1918-2013) e o ativista istív Biko (1946-1977). Em 1962, Mandela, líder do Congresso Nacional Africano, foi preso e condenado à prisão perpétua. Já Biko, que se inspirava nos Panteras Negras estadunidenses, foi preso, torturado e morto pela polícia em 1977.
Diante de tantas brutalidades do Estado sul-africano, a opinião pública internacional passou a emitir notas de repúdio ao apartheid. Nesse contexto, a ônu decretou embargo ao fornecimento de armas para a África do Sul e recomendou que seus membros não vendessem petróleo para o país. Em 1962, a delegação sul-africana foi proibida de participar das Olimpíadas.
Fim do apartheid
A partir de 1986, por pressões internas e internacionais, a minoria branca sul-africana foi forçada a promover reformas no país até que, em 1991, o apartheid foi oficialmente extinto.
Em 1994, realizaram-se eleições em que concorreram candidatos negros e brancos. O vencedor foi Nelson Mandela, que, após passar 27 anos na prisão, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Por sua luta em prol da liberdade, justiça e democracia, Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1993.
Atualmente, a África do Sul tem uma população de aproximadamente 60 milhões de pessoas (80% de negros e 8% de brancos). Apesar dos avanços econômicos que ocorreram depois do fim do apartheid, o país ainda é marcado por profundas desigualdades sociais. Em média, os brancos ganham salários seis vezes maiores do que os negros, e o desemprego atinge mais a população negra do que a branca.
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Outras Histórias
Literatura e história africanas
Nos países onde houve dominação colonial, as pessoas buscaram fórmas de lidar com seu passado e renovar suas tradições. Artistas e intelectuais africanos que viveram na época da dominação estrangeira criaram obras que fazem reflexões sobre o impacto das lutas pela independência.
O escritor nigeriano de origem iorubá , por exemplo, que recebeu o Nobel de Literatura em 1986, conheceu a dominação colonial inglesa. Ele estudou literatura em Londres e tornou-se um importante dramaturgo e professor nas universidades de Lagos e Ifé. Uma de suas obras mais conhecidas é The man died: prison notes (O homem morreu: notas da prisão, em português), escrita após passar um longo período encarcerado durante a guerra civil na Nigéria no final dos anos 1960.
Já o historiador, escritor e político Joséf qui zêrbo (1922-2006), nascido em Toma, na atual Burkina Fasso, é considerado um dos mais importantes pensadores da África. Ele escreveu a obra História da África Negra e coordenou um dos oito volumes da coleção História Geral da África, realizada por cêrca de 350 pesquisadores do mundo todo com o objetivo, entre outros, de construir uma história da África do ponto de vista dos próprios africanos.
Hoje, artistas e intelectuais africanos mais jovens, como a escritora nigeriana Chimamanda Nigozi Adichie, produzem obras que discutem aspectos como exclusão social e exploração econômica. Muitas dessas obras são prestigiadas ao redor do mundo.
Responda no caderno
Atividade
Você conhece o trabalho de artistas, escritores e intelectuais africanos? Em grupo, façam uma pesquisa sobre o tema.
Independências na Ásia
Na Ásia, 27 países tornaram-se independentes entre 1943 e 1979. A maioria deles estava sob domínio colonial britânico ou francês. Em muitos casos, o processo de emancipação ocorreu em meio a conflitos que tiveram intervenção estadunidense ou soviética.
A seguir, vamos conhecer os processos de independência da Índia e do Vietnã.
Descolonização na Ásia (século
Índia
Durante a Primeira Guerra Mundial, o govêrno britânico prometeu aos indianos que, caso eles lutassem contra os alemães, teriam autonomia para governar seu próprio país. Porém, com o fim da guerra, a promessa dos britânicos não foi cumprida. Ao contrário, o Reino Unido passou a reprimir violentamente as lutas pela independência da Índia, lideradas pelos advogados jauá-rarlál nêrú (1889-1964) e Marrátma Gândi (1869-1948).
Entre 1920 e 1942, Gândi participou de grandes protestos, transformando-se no principal líder indiano contra a colonização. Ele defendeu e praticou estratégias originais de não violência e desobediência civil. Suas ações incluíam o não pagamento de impostos e o boicote aos produtos industriais do Reino Unido. Além disso, em mais de uma ocasião, fez greve de fome para sensibilizar a população indiana em tôrno de seus ideais.
Em 1930, por exemplo, Gândi organizou uma caminhada de 24 dias em direção ao mar, onde ele estimulou os indianos a produzir seu próprio sal. Com isso, rompeu o monopólio britânico de produção do sal na Índia. O protesto, conhecido como Marcha do Sal, foi duramente reprimido pela polícia, que prendeu milhares de pessoas, incluindo Esse episódio repercutiu pelo mundo, conquistando a simpatia da opinião pública internacional em favor da independência da Índia.
Apesar de sua fôrça política, Gândi não recebia o apôio de todos os indianos. No país, havia, por exemplo, a Liga Muçulmana, que tinha como objetivo fundar um Estado independente e separado dos hindus.
Em 1947, a Índia conquistou sua independência. No entanto, os conflitos na região não terminaram, pois havia grandes divergências entre hindus e muçulmanos. Essas divergências levaram à divisão do país em República da Índia, de maioria hindu, e República do Paquistão (Oriental e Ocidental), de maioria muçulmana. Em 1972, após uma guerra, o Paquistão Oriental separou-se do Ocidental e passou a se chamar Bangladesh.
A Índia contemporânea é o segundo país mais populoso do mundo, com aproximadamente 1,4 bilhão de habitantes. Apesar dos avanços tecnológicos recentes em áreas como informática e produção de vacinas, por exemplo, a maioria da população indiana ainda sofre com a pobreza.
Vietnã
A Indochina é uma região da Ásia que, desde a década de 1860, foi controlada pelos franceses. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Indochina foi ocupada por fôrças japonesas. Com a derrota do Japão, o govêrno francês recuperou o domínio da região, mas precisou enfrentar os movimentos locais que lutavam pela independência.
Em 1946, explodiu a Guerra da Indochina, que terminou com a derrota dos franceses na batalha de diên biên fu (1954) e com a assinatura do acôrdo de Genebra (1954), pelo qual a região foi dividida em três países independentes: Laos, Camboja e Vietnã.
O Vietnã, por sua vez, ficaria temporariamente dividido em duas partes:
- República Democrática do Vietnã, ao norte, com capital em Hanói, liderada por rô chi min (1890-1969) e apoiada pelos governos da China e da União Soviética;
- República do Vietnã, ao sul, com capital em Saigon, liderada por ingô din diên (1901-1963) e apoiada pelo govêrno dos Estados Unidos.
O acôrdo estabelecia que, em 1956, seriam realizadas eleições para a unificação do país. No entanto, o govêrno do Vietnã do Sul impediu as eleições, iniciando as hostilidades contra os vietnamitas do norte.
Em 1960, organizou-se no Vietnã do Sul a Frente de Libertação Nacional , de tendência socialista, que se opunha ao govêrno de Saigon. Os combatentes da éfe éle êne vírgula chamados de viét côngue (de Vietnamese Communists, ou os “Comunistas do Vietnã”; em português: vietcongues), eram apoiados pelos vietnamitas do norte e pelo bloco socialista.
Para defender o govêrno de Saigon, os Estados Unidos resolveram intervir militarmente na região, dando início à Guerra do Vietnã (1964-1975).
Guerra do Vietnã
Durante a guerra, o govêrno dos Estados Unidos enviou mais de 500 mil soldados fortemente armados para o Vietnã. Já os vietcongues, da éfe éle êne, tinham recursos precários e utilizavam táticas de guerrilha. Apesar da disparidade de os vietcongues conseguiram obter várias vitórias, surpreendendo os estadunidenses.
A Guerra do Vietnã alcançou repercussão internacional por meio da imprensa, com a divulgação de cenas violentas do conflito. A opinião pública nos Estados Unidos e no mundo pressionou os governos a buscar o fim da guerra.
Calcula-se que cêrca de 50 mil soldados estadunidenses morreram em combate. Já entre os vietnamitas, as vítimas são estimadas em 1,5 milhão de mortos e 3 milhões de feridos.
Guerra do Vietnã (1967)
responda oralmente
para pensar
O que você entende por “opinião pública”? Discuta com os colegas qual é a importância dela nos debates contemporâneos (políticos, econômicos, ambientais).
A reunificação do país
Após negociações de paz, em 1973, os soldados dos Estados Unidos se retiraram do país. No entanto, a guerra continuou, com o avanço das fôrças do Vietnã do Norte. A rendição do exército sul-vietnamita ocorreu em 1975.
Apoiados pelo Vietnã do Norte, os líderes da éfe éle êne assumiram o poder e unificaram o país, que passou a se chamar República Socialista do Vietnã. Esse país adotou um regime político semelhante ao da União Soviética.
O desfecho da Guerra do Vietnã abalou o orgulho nacional dos estadunidenses. O govêrno dos Estados Unidos decretou um embargo comercial ao Vietnã, levando esse país a uma longa crise econômica nos anos 1980. Reformas introduzidas a partir do fim da Guerra Fria, na década de 1990, acarretaram o término do embargo e do regime comunista de partido único.
Oriente Médio
O Oriente Médio é uma região localizada no sudoeste da Ásia e compreende 15 países, além da Palestina, Estado que deveria ter sido criado juntamente com o Estado de Israel, como estudaremos em seguida. Ali, desenvolveram-se sociedades como a mesopotâmica, a persa, a bizantina, a árabe e a turca. A seguir, observe o mapa atual do Oriente Médio.
No início do século , b vinteoa parte dessa região estava sob domínio colonial dos europeus. Logo após a Segunda Guerra Mundial, os povos locais lutaram pela independência. Porém, novas guerras começaram, como os conflitos árabe-israelenses.
Oriente Médio: divisão política atual
Responda no caderno
observando o mapa
Que países fazem parte do Oriente Médio?
Conflitos árabe-israelenses
Na Antiguidade, quando os romanos reprimiram uma revolta hebraica na Palestina, os judeus foram obrigados a se dispersar por outros territórios (diáspora). Com essa dispersão, o povo judeu deixou de habitar uma única região, embora tenha preservado sua identidade cultural.
A situação judaica começou a mudar no final do século dezenove, quando grupos de judeus passaram a adquirir terras na Palestina. Esse movimento, conhecido como sionismoglossário , tinha como objetivo criar um Estado judaico na região.
Incentivados pelo movimento sionista, milhares de pessoas migraram de vários lugares do mundo para a Palestina. Mais tarde, esse movimento migratório aumentou em função das perseguições nazistas ao povo judeu.
Em 1945, a opinião pública internacional ficou abalada com o Holocausto, que provocou a morte de aproximadamente 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. O impacto do Holocausto contribuiu para que os membros da ônu aprovassem a criação de um Estado judeu na Palestina em 1947. Com base na decisão da ônu, o líder judeu davi bem guriôn (1886-1973) proclamou a criação do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948.
A questão Palestina
A decisão da , de 1947, previa também a criação de um ônu Estado palestino na região. Mas isso não se concretizou. Sentindo-se usurpadosglossário pela criação do Estado de Israel, os governos de países vizinhos deram início, em 1948, à Primeira Guerra Árabe-israelense. A guerra terminou em 1949, com a vitória das fôrças de Israel e a ocupação de terras antes destinadas aos palestinos. Diante disso, milhares de palestinos refugiaram-se na Jordânia, na Síria, no Líbano e no Egito e reivindicaram o direito de constituir seu Estado.
A partir daí, ocorreram novos confrontos entre israelenses e povos vizinhos, de maioria muçulmana.
Divisão da Palestina proposta pela ONU (1947)
Criação da ó éle pê
Em 1964, os palestinos fundaram a Organização para a Libertação da Palestina , tendo Yasser Arafat (1929-2004) como um de seus principais líderes.
O líder palestino Arafat e o primeiro-ministro de Israel, itsrrác Rabin (1922-1995), assinaram um primeiro acôrdo de paz em setembro de 1993. Nesse acôrdo, a ó éle pê reconhecia o Estado de Israel, e o govêrno israelense aceitava a formação de um Estado palestino.
Após esse acôrdo, formou-se o primeiro govêrno palestino autônomo (a Autoridade Nacional Palestina), com séde na cidade de rámalá, próxima a Jerusalém. Entretanto, o assassinato de itsrrác Rabin, em 1995, por um judeu fundamentalista fez a negociação retroceder.
Em 2004, Arafat morreu e a Autoridade Nacional Palestina passou a ser presidida por , que retomou o diálogo com os israelenses. Entretanto, as negociações de israelenses e palestinos não avançaram rumo a soluções pacíficas e duradouras.
Um dos pontos principais das desavenças é a situação de Jerusalém, cidade considerada sagrada por judeus, muçulmanos e cristãos. Os palestinos pretendem transformar a parte oriental de Jerusalém na capital de seu futuro Estado. Já os israelenses não querem abrir mão do contrôle sobre toda a cidade e decretaram que Jerusalém é capital de Israel. Porém, essa decisão não recebeu amplo reconhecimento internacional.
Desde 2008, as fôrças israelenses promovem ataques à Faixa de Gaza, onde hoje vivem cêrca de dois milhões de palestinos. A justificativa para esses ataques são os lançamentos de foguetes palestinos contra localidades ao sul de Israel.
Oficina de história
Responda no caderno
Conferir e refletir
1. Utilize as expressões nos diagramas para preencher, no caderno, os espaços vazios do mapa conceitual a seguir.
integrar com arte
Interpretar texto e imagem
2. Em 1971, Djón lênon (1940-1980), que fôra integrante do grupo musical The Beatles lançou uma das músicas mais famosas de sua carreira: Imagine. A canção tornou-se um hino para a juventude, que vivia insatisfeita com a situação política daquele momento. Leia a seguir um trecho da canção original em inglês e, depois, sua tradução para o português.
imédgin
“Imagine there’s no countries
It isn’t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace
You may say
I’m a dreamer
But I’m not the only one
I hope someday
You’ll join us
And the world will be as one […]”
Tradução
“Imagine que não existam países
Não é difícil fazê-lo
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Você pode dizer
Que sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo será um só reticências”
IMAGINE Intérprete: Compositores: Yoko Ono. In: IMAGINE Intérprete: Universal Music Publishing ême gê bê Brasil limitada, 1972. 1 compacto simples, lado A. [Tradução dos autores].
- Em que contexto histórico essa música foi criada? Utilize o conteúdo do capítulo como argumentação para a sua resposta.
- E você, o que deseja (imagina) para o mundo atual? Crie uma expressão artística sobre o assunto. Pode ser uma fotomontagem, um vídeo, uma letra de música etcétera
3. Em 1930, Marrátma Gândi escreveu uma carta ao vice-rei da Índia britânica. Nela, Gândi anuncia seus planos de desobedecer às leis do sal. A seguir, leia um trecho da carta de Gândi e faça o que se pede.
“ reticências cada vez mais, cresce em mim a convicção de que somente uma autêntica não violência pode acabar com a violência organizada do govêrno britânico. Muitos pensam que a não violência não é uma fôrça ativa. Minha experiência, embora seja indubitavelmente limitada, mostra que a não violência pode ser uma fôrça intensamente ativa. É meu propósito mobilizar essa fôrça contra o violento domínio britânico e contra os grupos que utilizam violência [que também lutam pela independência da Índia].”
Gândi, Márrátima. 62. To viceroy. M. K. Gandhi: selected letters In: TENDULKAR, D. G. Nova Délhi: Ministry of Information and Broadcasting Government of India 1951. volume três [1930-1934], página 20-27.
- Em sua carta, como Gândi caracteriza a estratégia da não violência? O que ele pretendia com essa estratégia?
- Você concorda com a visão de Gândi sobre o uso da não violência ativa como fórma de resistência? Debata o assunto com os colegas.
4. Leia o texto a seguir, escrito em 1965 pelo historiador Eric róbisbáum. Depois, responda às questões.
“ reticências os Estados Unidos desde 1945 têm apostado inteiramente na superioridade de seu poderio industrial, na sua capacidade de usar numa guerra mais máquinas e mais explosivos do que qualquer outro país. Consequentemente, eles ficaram gravemente abalados ao descobrirem que um novo método de ganhar guerras foi desenvolvido em nossa época Trata-se da guerra de guerrilhas, e o número de Golias que tem sido derrubado pelos estilingues dos David já é impressionante: os japoneses na China, os alemães na Iugoslávia os ingleses em Israel, os franceses na Indochina e Argélia.
Atualmente, os próprios Estados Unidos estão sendo submetidos ao mesmo tratamento no Vietnã do Sul. Daí as angustiadas tentativas de lançar bombas e mais bombas contra homens pequenos, escondidos atrás de árvores, ou de descobrir a mágica reticências que permite aos poucos milhares de camponeses mal armados conter o maior poderio militar da Terra. Daí também a simples recusa em acreditar que possa ser assim.”
Eric. O Vietnã e a dinâmica da guerra de guerrilhas. In: Eric. Revolucionários. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. página 165-166.
- De acôrdo com o texto, qual foi o “novo método de ganhar guerras” desenvolvido na segunda metade do século vinte?
- O autor do texto faz referência a Golias e David. Pesquise quem são essas personagens bíblicas e explique o que significa essa referência.
Glossário
- Sionismo
- : termo de origem latina que se refere ao monte Sião, em Jerusalém, onde ficava o Templo de Salomão.
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- Usurpado
- : aquele que sofreu usurpação, isto é, teve algo que lhe pertencia retirado de fórma desonesta.
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